Vinte Um

Fla abre luta pelo tri com números inflados de ataque (e defesa)
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Giancarlo Giampietro

Vigiar o Flamengo lá na linha de três: é necessário

Vigiar o Flamengo lá na linha de três: é necessário

A concorrência do Flamengo que fique atenta no NBB7: os atuais bicampeões vão se garantindo, por ora, com base em seu poderio ofensivo. Uma artilharia. Em duas partidas, os rubro-negros flertaram com a marca centenária, tendo média de 98 pontos por partida para vencer Paulistano e Liga Sorocabana, fora de casa.

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Um detalhe: nesses dois triunfos, a equipe carioca matou 25 bolas de longa distância. Somou, então 75 pontos, ou 38,2% do seu total com bombas a partir do perímetro – para quem arremessou da linha da NBA em três amistosos da pré-temporada, parece que ficou mais fácil o fundamento, né? Quem quiser derrubar os caras, então, vai ter de fiscalizar bem no perímetro.

Agora, será que o Fla consegue manter um ritmo assim? Difícil, bem difícil. O mais razoável, na briga por um terceiro título consecutivo, seria encontrar um equilíbrio, ainda mais priorizando uma evolução considerável em sua defesa, que também cedeu mais de 90 pontos para a dupla paulista. Na temporada passada, para constar, o time carioca teve médias de 84,7 pontos pró e 76 contra.

Olho no campeão olímpico trintão...

Olho no campeão olímpico trintão…

Ao menos na contenção dos chutes de longa distância a equipe de José Neto vem bem. Somados, Paulistano e LSB acertaram apenas 15/54 (6/24 e 9/30, respectivamente), para um aproveitamento de 27,7%. Neste caso, não valeu a premissa do toma lá, dá cá.

O cestinha flamenguista nessas duas primeiras partidas foi Walter Herrmann, com 38 pontos no total, contra 33 de Marquinhos e 32 de  Marcelinho. O veterano argentino, ainda um craque ao seu modo, é quem vem mais fazendo estragos nos arremessos de fora, com 8/13 (61,5%). Sua habilidade para puxar um dos pivôs para fora do garrafão vem sendo um problema, então, para os adversários, que vão precisar estudá-lo com mais atenção.

Um detalhe: da parte dos sorocabanos, o ataque também vai funcionando, com média de 94 pontos, acima dos 75,9 do campeonato passado. Mas tem muita coisa para rolar ainda.

Sem conclusões precipitadas, é só um registro de duas contagens anormais para o basquete brasileiro neste princípio de campeonato.

*   *   *

Idem para o Bauru e Jefferson William

Idem para o Bauru e Jefferson William

Assim como Herrmann, outro strecht four que fez chover* bolas de três na segunda rodada foi Jefferson William, pelo Bauru. O ala-pivô anotou 30 pontos, dos quais 15 foram em tiros de fora (em nove tentativas). Eitalaiá. Os scouts ligados ao movimento de estatísticas avançadas da NBA ficariam malucos por aqui. Não é segredo que Jefferson gosta desse tipo de jogada. Mas também não foi marcado: seu aproveitamento é de 52,9%, com 9/17. Não deve ser algo sustentável, porém. Em sua carreira no NBB, a média é de 36,9%. Vamos monitorar, uma vez que o time de Guerrinha não faz questão nenhuma de esconder sua predisposição pelos chutes de longa distância, com até cinco atletas abertos em quadra. Na vitória sobre o Basquete Cearense, eles tentaram 29 bolas de três pontos e 30 de dois. Um (des)equilíbrio ao qual não chegaria perto nem mesmo um time maluco por esse tipo de jogo como o Houston Rockets. Em média, o time texano vem com 73,5 arremessos por partida nesta temporada 2014-2015, com 31,3 tentativas exteriores.

(*Sim, uma indireta ao problema com goteiras no ginásio Panela de Pressão, que fez a partida ser adiada. Algo que acontece, sabemos, não pode deveria mais, né? Da parte da cidade, clube e liga.)

*   *   *

Na estreia do técnico Marcel em um NBB, seu Pinheiros venceu o Rio Claro, fora de casa, por 84 a 70, num jogo um tanto maluco. Também uma novidade neste campeonato nacional, os rioclarenses chegaram a virar a partida no segundo tempo e abrir nove pontos no placar, só para tomar um 24 a 11 na última parcial. Não vi a partida. De todo modo, chama a atenção o quinteto titular usado por Marcel: Paulinho teve a companhia dos irmãos Smith, formação com três armadores bastante agressivos. Eles eram protegidos, digamos assim, por dois atletas muito físicos na linha de frente Marcus Toledo e Douglas Kurtz. O trio Paulo-Joe-Jason terminou com 52 pontos –61,9% do total do time da capital. Não só: foram mais 11 assistências, de 15, para o trio, e oito roubos de bola (sete por parte dos americanos). Epa.


Helinho: “Quero terminar a carreira jogando bem”
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Giancarlo Giampietro

Helinho para o ataque: se aposentando nos seus termos

Helinho para o ataque: se aposentando nos seus termos. Crédito: Newton Nogueira

Aos 39 anos, pode ser que Hélio Rubens Garcia Filho esteja se preparando para se despedir das quadras – mas certamente não do basquete, pretendo estudar para virar treinador. Então falemos em aposentadoria pelo menos como atleta. Se optar por isso, mesmo, não havia lugar mais adequado para fazê-lo do que em Franca, .

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Por mais que tenha ganhado títulos em Uberlândia e no Rio de Janeiro, pelo Vasco, é inevitável associar Helinho à capital da basquete, a cidade aonde nasceu, na qual sua família criou algo que chega bem perto de uma dinastia brasileira. Foi por Franca, aliás, que ele conquistou seus três primeiros campeonatos nacionais, de 1997 a 1999, quando não havia chegado nem aos 25. Depois, ganharia mais três canecos ainda. Na fase de NBB, ainda seria vice-campeão em 2011 e 2013. Hoje, disputa o campeonato como seu segundo jogador mais velho – é exatamente um mês mais jovem que Marcelinho Machado.

Se em abril ele não falava em parar, agora, com o início de mais uma temporada pela frente, o discurso mudou. De modo que fica mais do que apropriado seu segundo retorno ao clube, que defendeu desde a saída das categorias de base nos anos 90 até 2000 e, depois, numa segunda passagem, de 2006 a 2012. ''Acho que vai ser meu último ano de carreira jogando. Quero terminar a carreira me sentindo muito bem, jogando bem, dando minha parcela de contribuição'', afirmou ao VinteUm.

Em 2011, contra o Limeira de Ronald Ramon

Em 2011, contra o Limeira de Ronald Ramon

Está bem cedo ainda para falar de prognósticos, mas Helinho, por enquanto, vem cumprindo com suas expectativas – e o time também, com duas vitórias (sacolada para cima do Basquete Cearense e um jogo duro contra Brasília, ambas em casa). Nas duas primeiras rodadas, ele marcou 25 pontos e matou bolas de tudo que é lado da quadra, com 60% no aproveitamento dos arremessos, de dois ou três pontos. O chute que sempre foi a maior qualidade do atleta, um verdadeiro Steve Kerr brasileiro – a média na carreira apenas em NBBs nos tiros de longa distância é de 41,6%, com a diferença de que o integrante do clã Garcia já criou muito mais por conta própria, a partir do drible (média de 3,92 assistências). Sua liderança e intensidade em quadra também foram sempre subestimadas pelo público em geral.Agora, a bola vai ficar mais nas mãos de Juan Figueroa, um dos argentinos do time, ao lado de Marcos Mata, um grande reforço. A combinação do retorno do veterano e da chegada do ala da seleção argentina só vai inflar a esperança do torcedor francano, que anda sedento por uma conquista. ''Estão todos muito, muito motivados para chegar mais longe do que nos últimos anos. Essa é a nossa expectativa'', afirma.

Helinho, vice-campeão do NBB em 2011 por Franca. Brasília venceu a final por 3-1

Helinho, vice-campeão do NBB em 2011 por Franca. Brasília venceu a final por 3-1

Bom, se for para levar em conta o retrospecto do clube apenas no NBB, temos as seguinte colocações: 7º, 3º, 2º, 10º e 5º. Então Helinho quer e espera ver seu clube brigando pelas primeiras posições. Não chega a falar em título, mas em vagas nas competições continentais, o mínimo que a exigente cidade espera. E algo que caberia bem para sua eventual saideira.

Confira a breve entrevista, na qual o armador relembra bons tempos com Demétrius, avalia o progresso de Leo Meindl e Lucas Mariano e fala sobre o primeiro trabalho com Lula Ferreira em um clube:

21: Como tem sido este novo retorno a Franca e quais os planos daqui para a frente? Ficará na cidade até o fim agora?
Helinho: Estou muito feliz, cara, um momento muito legal, importante. Acho que vai ser meu último ano de carreira jogando. Estou me sentindo muito bem. Quero terminar a carreira jogando bem, dando minha parcela de contribuição. A equipe é boa e já mostrou que tem qualidades. Estão todos muito, muito motivados para chegar mais longe do que nos últimos anos. Essa é a nossa expectativa. Uma vaga na Liga Sul-Americana ou na Liga das Américas tem de ser um objetivo. Mas é claro que outras equipes também estão pensando nisso. Estamos focados nisso, e eu, focado em poder fazer minha parte para alcançar isso.

Se for sua última temporada, mesmo, como imagina que vai ser? Seu papel, a média de minutos, envolvimento com o time etc.
No Campeonato Paulista eu me senti muito bem, joguei bastante tempo e até muitas vezes jogando de 2, uma posição que eu gosto de jogar. Quando tinha um armador que me passava bastante bola igual o Demétrius (risos), ficava mais fácil. Mas é um papel que gosto de fazer também. Neste momento, como disse, eu quero contribuir da forma que puder, dentro e fora da quadra, para que as coisas possam fluir da melhor maneira possível. Estou me sentindo bem, podendo ajudar, mesmo, nesse início de temporada.

Em 2001, aos 26, na melhor fase pela seleção. Partida contra Colômbia pelo Sul-Americano, com o pai ao fundo

Em 2001, aos 26, na melhor fase pela seleção. Partida contra Colômbia pelo Sul-Americano, com o pai ao fundo

(Aqui, uma breve interrupção: a menção a Demétrius Ferraciú não foi gratuita, mas, sim, pela aproximação de seu ex-companheiro de tantas jornadas, seja por clubes ou seleção nacional, hoje treinador do Limeira, aos 41 anos – dois mais velho que Helinho. Demétrius jogou até os 33. Quando ouviu o comentário de mais um representante da família Garcia, Demétrius disse: ''Difícil é achar um desses hoje, né?'', com Helinho consentindo. O repórter, bobão, lembro que aquela era a ''dupla do Goodwill Games'', ao que o armador respondeu: ''É, aquele torneio foi bom''.

E aí vale aquela digressão: estamos falando dos extintos Jogos de Amizade, quando o calendário do esporte mundial ainda permitia eventos do tipo. Em 2001, em Brisbane, na Austrália, o Brasil deu um calor danado numa seleção dos Estados Unidos composta por atletas de NBA. O elenco tinha Baron Davis, Andre Miller, Jason Terry, Mike Miller, Shane Battier, Wally Szczerbiak, Rashard Lewis, Shawn Marion, Marcus Fizer, Kenyon Martin, Calvin Booth (!?) e Jermaine O'Neal. Os dois times se enfrentaram pelas semifinais, e os EUA venceram apenas na prorrogação, por 106 a 98.

Demétrius chegou a ter a bola do jogo nas mãos no tempo regulamentar, mas Baron Davis não o permitiu arremessá-la. A dupla de armadores brasileiros causou estragos naquela partida, acreditem. Foram 24 pontos para cada. Outra anedota: foi nessa competição que um jovem pivô chamado Nenê Hilário primeiro chamou a atenção dos olheiros internacionais, tendo sido bastante elogiado por Jermaine O'Neal, o cestinha deles na partida com 22 pontos e já uma estrela em ascensão pelo Pacers. Em geral, acho que esse é um dos episódios mais interessantes e talvez menos comentados do basquete brasileiro recente. Agora, de volta ao mundo de hoje…)

Sabemos da paixão genuína de Franca pelo basquete. O clube ainda não ganhou um NBB e não conquista um Paulista desde 2007.  Ao mesmo entendem que o time passou por uma renovação nos últimos anos. Para este campeonato, porém, você voltou, tem um cara do nível do Mata chegando. Como anda a cabeça do torcedor nesses dias? Como está a cobrança?
Na cidade sempre teve cobrança, e nada melhor do que ter cobrança para se ter motivação. Quanto mais você é cobrado, mais vai ter força para fazer. Isso acontece muito em Franca, e acho que é um dos nossos segredos. Estamos num momento importante, tentando fechar alguns patrocínios que ainda não estão acertados. Mas estamos empenhados, com um elenco de jogadores de cabeça boa, que sabem das dificuldades que existem no basquete tanto dentro como fora da quadra. O torcedor entende e abraça a equipe mais uma vez.

Essa é a primeira vez que você vai trabalhar com o Lula Ferreira, não? Pelo menos em clubes. Como tem sido a relação, lembrando sempre da rivalidade com Ribeirão Preto na década passada?
Sim, já joguei com ele na seleção, mas em clube é a primeira. Joguei mais contra aquele time do Lula quando estava no Vasco, e, não, por Franca. Mas muita gente na cidade ainda me aborda e fala disso: 'Pô, como perdeu aquele Paulista?!' (Risos) Mas a verdade é que eu não estava naquele time, né?  O Lula é um cara trabalhador, que tem credibilidade e conhecimento da causa. Tem sido um convívio tranquilo. Estou muito feliz, e ele dá liberdade para falar no dia-a-dia. Acho que ele também está sentindo a mesma coisa. Quando você quer ajudar, fazer o bem, naturalmente o bem volta para nós mesmos. A gente se encaixou muito bem.

Helinho, Franca, família Garcia, basquete

Tá em casa

Do ponto de vista nacional, na hora de olhar para o time francano, a curiosidade sempre aguça em relação ao Leo Meindl e o Lucas Mariano. O que você pode nos contar a respeito do progresso deles? O que tem sentido?
São dois jogadores talentosíssimos, que vieram da nossa categoria de base e têm muita confiança no jogo deles. Eu particularmente também aposto muito neles. Acho que no futuro próximo os dois vão estar pegando seleção brasileira. Sinto ainda um crescimento deles nos treinamentos, nos jogos, isso fica nítido. Estamos dando muita força para eles, que serão muito importantes para o clube. Estou sempre falando para eles que os chamo os chamo de 'galudos'. Estão sempre perguntando, pedindo conselhos, querendo melhorar. Isso, acredito,  é a característica de grandes talentos que querem chegar a algum lugar. Eles têm isso.

E o pai, como está?

Está bem, está bem. Quase que ele veio hoje. Deveria ter vindo, aí ficava completo.


O Miami Heat de Spoelstra tenta se reinventar
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Giancarlo Giampietro

30 times, 30 fichas para a temporada 2014-2015

LeBron? Que LeBron?

LeBron? Que LeBron?

É o que dá escrever um texto que era para ser prévia, mas não deu tempo de publicá-lo antes e acaba invadindo a temporada. De todo modo, a minha defesa: mesmo se fosse prévia, a ideia era de que essa ficha se sustentasse como material de apoio para a equipe durante todo o campeonato, e tal. Sim, tamanha era a pretensão.

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Basicamente, o que iria escrever é o seguinte: ainda vamos ver na TV uma equipe muito boa, boa o suficiente para fazer estragos na Conferência Leste, mas que, como candidata ao título, só mesmo se inserida com um tremendo de um azarão. E aí o que acontece? Eles vencem três partidas seguidas na semana de abertura, integrando Luol Deng ao sistema, usando os calouros Shabazz Napier e James Ennis e explorando um Chris Bosh simplesmente sensacional. Era a hora de cair no hype e abraçar a causa? Talvez!?

Aí, pumba, passa o Houston Rockets pela cidade, com Dwight Howard e James Harden demolidores, e acaba com a festa. Ajuda a por as coisas sob perspectiva. O time da Flórida havia vencido basicamente um Washington Wizards desfalcado de Nenê, cumprido tabela com o Philadelphia 76ers e derrotado um competente Toronto Raptors, que, no caso, é um de seus maiores fregueses. Então tá. Serviu para zerar qualquer ruído que o campeonato já em andamento pudesse causar, para que eu resgatasse o ponto original.

Bosh começou o ano de modo muito mais agressivo, como se estivesse em Toronto

Bosh começou o ano de modo muito mais agressivo, como se estivesse em Toronto

O Miami manteve Chris Bosh, Dwyane Wade, Norris Cole, Mario Chalmers, Chris Andersen e Udonis Haslem de sua rotação do bicampeonato. Seis caras, vale por um bom conjunto. Mas, da turma que saiu, bem, como dizer isso? Tinha o tal do LeBron James, né? Acho que vocês ouviram a respeito. Ray Allen faz falta, assim como Mike Miller para os playoffs… Mas seriam substituíveis. Quando você tenta reencontrar seu rumo sem LeBron, aí o desafio é muito maior. Até porque todo o sistema de jogo de Erik Spoelstra estava baseado nas vastas habilidades que o camisa 6 lhe entregava. A defesa pressionada. O ataque veloz e espalhado. Enfim. Todo e qualquer detalhe era pensado em torno do craque.

Então o Miami tinha uma base entrosada mantida, mas também precisaria se reinventar. E aí chegou a hora de Spoelstra realmente mandar um recado para os críticos que só acreditavam no sucesso de sua equipe pela qualidade das estrela que tinha em mãos. Que, com um elenco normalzinho, o treinador não faria nada de mais.

Obviamente não é o caso. Não só o Heat não tem um elenco medíocre hoje – e Chris Bosh vai lembrando a todos o quão mortal é o seu arsenal, com ou sem LBJ –, como Spoelstra é muito mais que um cone do lado da quadra. O treinador vai mexer suas peças com criatividade, sem grilhões, experimentando até encontrar a melhor rotação e quintetos que funcionem para determinadas situações.

Spoelstra vai dar um jeito. Algum jeito pelo menos

Spoelstra vai dar um jeito. Algum jeito pelo menos

A dúvida que realmente fica aqui diz respeito a saúde. Sobre o que aconteceria no caso de Bosh ou, principalmente, Wade se lesionarem. Aí o frágil banco ficaria consideravelmente exposto. A não ser que vocês ainda estejam esperando 20 pontos por jogo de Danny Granger. A temporada nem começou, e ele já está novamente lesionado. Essa estaria na prévia na certa

O time: quando você perde LeBron James, multifundamentado e uma aberração atlética da natureza, você está perdendo um caminhão de possibilidades. Mas acho que o ponto principal a ser coberto é o dinamismo de sua equipe. Em termos de habilidades físicas, todo mundo sabe que são poucos os que podem rivalizar com o craque. Então nem adiantava procurar por isso. Em termos de flexibilidade na quadra, porém, a tática pode resolver. E Spoelstra vem fazendo sua parte.

Quem aí já se acostumou com a imagem de um Luol Deng do Miami Heat?

Quem aí já se acostumou com a imagem de um Luol Deng do Miami Heat?

Reparem que Chalmers, Cole e Shabazz Napier têm ficado em quadra por muito mais tempo. O técnico usa o expediente da dupla armação para manter um time veloz e solidário, com a vantagem de que os dois veteranos da posição são bons marcadores e conseguem manter uma certa pressão no adversário – ainda que uma pressão diferente, e, não, a blitz dos últimos anos. Ainda há o fator Josh McRoberts para ser integrado nessa brincadeira, depois de o ex-Bobcat ter perdido toda a pré-temporada depois de uma cirurgia no dedão do pé.

Além disso, na ala, Luol Deng adiciona inteligência em seu giro pela quadra sem a bola, se esgueirando pelos espaços abertos por um ataque ainda com cinco homens abertos. O calouro James Ennis também vai seguir essa linha e dar mais vitalidade quando for para a quadra. O ataque não vai ser problema. A retaguarda e a proteção ao aro, já frágeis com LeBron por lá, é que inspira mais preocupações, como o Rockets expôs na quarta rodada.

A pedida: uma quinta participação seguida nas finais da NBA?! Só o Boston Celtics de Bill Russell conseguiu algo assim. Mas realmente está cedo para se empolgar.

Olho nele: Josh McRoberts. Escrever sobre Napier já ficou batido, né? Obviamente que o armador é talentoso, que merece mais tempo de jogo e que a solução encontrada por Spoelstra para colocá-lo na rotação parece ótima. Então vamos falar um pouco mais aqui sobre McBob, um cara sobre o qual já escrevi aqui, declarando toda a minha simpatia. O ala-pivô vai amplificar a movimentação de bola da equipe com sua visão de jogo praticamente incomparável para alguém da sua altura, mobilidade e habilidade. Nos momentos em que estiver em quadra com Bosh, o ataque do Heat vai ficar muito, mas muito interessante. E ele nem precisa rasgar camisas para chamar a atenção:

Abre o jogo: ''Ele não precisa tentar ser o jogador que foi em 2008. Isso pode não ser necessariamente importante para nosso time'', Erik Spoelstra, sobre Wade. O bom para o treinador é que Chris Bosh, sim, parece pronto para jogar como era em 2009, em seu último ano como um Raptor, antes da Decisão e todas as suas consequências.

Mr. Shabazz para fazer o ataque se mexer

Mr. Shabazz para fazer o ataque se mexer

Você não perguntou, mas… o novato Napier deixou de seguir LeBron James no Twitter e deletou todas as mensagens que havia mandado para o astro do Heat Cavaliers, desde que o Rei optou por retornar a Cleveland. É engraçado: durante os mata-matas do basquete universitário, LeBron não se cansava de elogiar as atuações do armador por UConn, rumo ao seu segundo título. ''Meu jogador favorito no draft, não tem como alguém selecionar algum armador antes dele e blablabla'', foram as coisas que ele andou falando. Imagine, então, a decepção de Shabazz quando o ala o abandonou. Tadinho. Em sua defesa, o rapaz afirmou que não era ele que controlava sua conta e que não estava sabendo nada disso.

Dwyane Wade, card, Miami Heat rookieUm card do passado: Dwyane Wade. Há 11 anos, o ala-armador entrava na NBA sem tanta badalação – pelo menos considerando o jogador que ele iria virar em Miami. Agora Wade abre uma nova campanha em que há incertezas ao seu redor: depois de tantos problemas físicos, como ele vai reagir novamente com mais responsabilidades ao seu lado? Ao menos seu elenco de 2014-15 é superior ao de 2003, que tinha Caron Butler e Lamar Odom, ainda jovens, e veteranos no fim da carreira como Brian Grant e Eddie Jones. Além deles, Wang Zhizhi, Samaki Walker, Bimbo Coles, Rasual Butler e… Udonis Haslem, claro. O único remanescente ao lado de Wade.


O Indiana Pacers da depressão
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Giancarlo Giampietro

30 times, 30 notas sobre a NBA 2014-2015

Em baixo: Donnie Walsh e o proprietário Herbie Simon. Acima, vocês sabem quem. Todos chatiados

Em baixo: Donnie Walsh e o proprietário Herbie Simon. Acima, vocês sabem quem. Todos #chatiados

Apesar de este ser um blog e de o seu… blogueiro ter uma carreira toda (coff! coff!) construída na internet, venho por meio deste confessar minha ignorância digital. As coisas podem estar bombando na internet há um bom tempo, todo mundo já se matando de rir com a piada da semana, e o cara aqui, boiando geral nas redes sociais, sem entender nada do que está acontecendo. Como nos casos dos constantes ''memês'' – já foi um desafio entender o conceito. Dentre essas ondas, existe a expressão ''da depressão'', né?

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Comunidade Ninja da depressão, pequeno polegar da depressão, ciclone da depressão etc. Esses, pelo menos, já se explicavam pelo nome, ao menos. De qualquer forma, nem sabia a origem do, hã, fenômeno. Coisa que o site da Vejinha SP, num serviço de (in)utilidade pública, nos conta.

Pensava que, a partir do momento que a bola subiu para a temporada 2014-2015, esse tema deveria ser limitado a um só time: o Indiana Pacers. Mas aí a gente vê a tempestade de lesões que abala o Oklahoma City Thunder e o pior início de campanha da história do Lakers, e o clube acabou aumentando por um tempinho. De qualquer forma, o simples fato de dois times surgirem para roubar até mesmo as manchetes negativas do Pacers só aumenta a fossa deles, não?

Quem aí está preparado para muito Donald Sloan na armação? É o que restou

Quem aí está preparado para muito Donald Sloan na armação? É o que restou

Estamos tratando de um clube  que foi sério candidato ao título da NBA nos últimos dois anos. Que, ao final da era LeBron em South Beach, poderia muito bem acreditar que era chegada a hora. Mas aí Paul George se arrebentou num jogo-treino besta da USA Basketball, Lance Stephenson se mandou para Charlotte, e toda a base promissora montada por Larry Bird e Donnie Walsh se ruiu. Sabemos bem que o Pacers tinha dificuldades para pontuar mesmo com os dois jovens alas no time. Sem as suas duas principais forças criativas, sobrou para George Hill, CJ Miles, Chris Copeland e Rodney Stuckey a coordenação e produção ofensiva? Argh.

Com Roy Hibbert ao centro do garrafão apoiado por David West,  George Hill pressionando qualquer armador que passe à sua frente, Solomon Hill batalhando por um futuro na liga nas alas e um sistema já bem engendrado, o Pacers poderia muito bem segurar as pontas pela defesa. Em seus primeiros quatro pontos, nem isso vem acontecendo, porém – não de acordo com o padrão que vimos desde que Frank Vogel foi empossado técnico.

Vogel, contrato renovado, time arrebentado

Vogel, contrato renovado, time arrebentado

Mais aí tem mais aaaargh: West torceu feio o tornozelo na pré-temporada,  G-Hill tem problemas no joelho e CJ Watson, no pé. É um trio que está fora de ação por tempo indeterminado, deixando a equipe num estado de calamidade.

Do ponto de vista de Vogel, demorou, mas ele ao menos teve seu esforço premiado com uma renovação contratual. Entre as boas notícias também consta o ressurgimento obrigatório de Copeland.

De qualquer modo, fazendo as contas aqui de baixas e reforços, o saldo é gravíssimo. Nem mesmo na pálida Conferência Leste dá para sonhar em competir por algo relevante. Muito provavelmente nem pelos playoffs. Então perdoem as lágrimas que escorrem desde Indianápolis. É deprê geral.

O time: mas que time?

A pedida: eles querem ainda uma vaguinha nos mata-matas, mas deveriam se concentrar, mesmo, na loteria do Draft.

(Bom, ok, ok, só para não deixar passar batido: Si Pacers vai tentar defender bem ainda, e para isso vai precisar de um Roy Hibbert muito mais motivado do que esteve no campeonato passado, com a cabeça em ordem. West e Hill precisariam voltar rapidamente, e bem. Copeland tem de de sustentar sua produção de início, acertando os chutes de longa distância ao lado de Miles e do croata Damjan Rudez. Stuckey precisa render vindo do banco. Enfim, são muitos ''ses'' para serem conferidos, gente.)

Chris Copeland, liberado para jogar e chutar. Valeu, Vogel

Chris Copeland, liberado para jogar e chutar. Valeu, Vogel

Olho nele: Chris Copeland. Enquanto muitos apostavam em Stuckey como o cestinha do time, suprindo a ausência de George e Stephenson, quem vem despontando como a principal arma ofensiva é o ala ex-New York Knicks, que tem qualidades interessantes, mesmo: o chute de longa distância bastante elevado combinado com um corpo esguio e veloz. O veterano havia sido posto de castigo por Vogel na temporada passada, meio que inexplicavelmente, para um time que precisava de mais arremessadores – ele poderia não ter a mesma consistência defensiva do resto da trupe, mas aí cabe ao comandante encontrar um equilíbrio entre os dois lados da quadra, não? Essa foi uma das falhas do técnico, que não conseguiu desenvolver uma segunda unidade consistente e produtiva, dependendo demais de seus titulares. Ver Copeland render neste ano é uma boa, mas ao mesmo tempo não deixa de ser mais um ponto deprimente para o clube, uma vez que o torcedor mais amargurado pode muito bem perguntar por que diabos eles tiveram de abraçar Rasual Butler nos playoffs.

Abre o jogo: ''Vamos ser uma das surpresas da NBA. Esta equipe é capaz de fazer seu trabalho. Temos talento o suficiente para cumprir nossas metas e competir com os melhores. Não vamos complicar mais as coisas. Um banco de qualidade será uma grande parte de nosso sucesso este ano'', Frank Vogel, bastante otimista. Mas é preciso dizer: a declaração foi antes das lesões de West, Hill e Watson. A ideia do treinador é a de usar uma rotação mais extensa, com dez atletas, e ele vem fazendo isso, apesar dos desfalques.

Você não perguntou, mas… Roy Hibbert se reuniu com Kareem Abdul-Jabbar durante as férias por motivos de tutelagem, aconselhamento, ombro amigo e… filmes de ninja! Sim, sim. O legendário pivô, o maior cestinha da história da liga e hoje uma espécie de guru espiritual visitou Hibbert em sua casa, e os dois deram um tempo no divã para se divertir com pancadaria. Hibbert infelizmente não revelou os títulos assistidos. A história, todavia, nos remete a…

Jalen Rose, Indiana Pacers, card, 2000Um card do passado: Jalen Rose. Uma curiosidade a respeito do Pacers? Na história da franquia, quatro de seus atletas já foram eleitos aqueles que mais evoluíram numa temporada – o já prêmio de Most Improved Player. Esse quarteto foi apontado desde o ano 2000, com o ala-armador Rose puxando a fila. Na sequência, viriam Jermaine O'Neal (2002), Danny Granger (2009) e Paul George (2013). Hoje um popular comentarista da ESPN, Rose credita sua melhora em quadra exclusivamente ao seu trabalho com Larry Bird, então técnico da equipe que foi derrotada pelo Lakers na decisão (4-2). Para ter qualquer perspectiva de sucesso nesta temporada e justificar o otimismo de Vogel, o Pacers bem que poderia usar mais um salto de qualidade desses para qualquer um de seus atletas.


Houston Rockets lidera a vingança dos nerds na NBA
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Giancarlo Giampietro

30 times, 30 fichas da NBA 2014-2015

Os números não explicam tudo, mas fazem sucesso

Os números não explicam tudo, mas fazem sucesso

Já vimos esse enredo de besteirol umas trocentas vezes na Sessão da Tarde: a revanche dos nerds, os nerds contra-atacam, os nerds ficando com a mocinha bonitinha no final. Os nerds merecem, gente. Antes da popularização e da teorização sobre o bullying, era esse tipo de história da ficção que mais valia como uma vitória pessoal da turminha dedicada aos estudos que, supostamente, não teria bom convívio social na infância e adolescência.

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Agora imaginem quando um supernerd surge do nada – ou melhor, do MIT – para brilhar num ambiente antes dominado por figuras atléticas, robustas, exuberantes? No mundo real. Foi o que Daryl Morey, o gerente geral do Rockets, fez em Houston. Bem no meio do Texas. Cheio de  planilhas, fórmulas e equações, abrindo espaço para seus companheiros matemáticos, estatísticos, cientistas da computação e sabe-se-lá-mais-o-quê numa gestão que se tornaria revolucionária.

A onda de estatísticas analíticas se propagou na NBA como epidemia, e Morey foi informalmente reconhecido como o patrono do movimento. Não só por falar abertamente sobre seus planos e ser um dos executivos da liga mais acessíveis nas redes sociais, mas também pela fama de se dar bem na maior parte das negociações em que se envolveu. Nem sempre dá certo, é verdade, como Jermaine Taylor, David Andersen, Gerald Green e Marcus Morris vão confirmar.

Howard largou o Lakers de Kobe pelo Rockets de Harden

Howard largou o Lakers de Kobe pelo Rockets de Harden

Agora, houve trocas em que ele realmente rapelou a concorrência. Teve também sucesso no draft, com muitas escolhas de segunda rodada acertadas (Chase Budinger, Carl Landry, Chandler Parsons). E, depois de anos e anos de manipulação de sua folha salarial e coleta de trunfos, acabou descolando a sorte grande ao convencer OKC a lhe enviar James Harden. No ano seguinte, com um time mais atraente, convenceu Dwight Howard. E lá estava o Rockets com duas superestrelas.

Esse tipo de retrospecto causa inveja da concorrência, sem dúvida. Ainda mais pela carta branca que Morey ganhou do proprietário Les Alexander. Fundamental para promover táticas pouco usuais, arrojadas de negociação. Até que muita gente achou o máximo quando o dirigente se estrepou nestas férias. Ele foi sedento em direção a Chris Bosh, farejando a possibilidade de tirá-lo do Heat, enquanto LeBron James não se decidia. Estava tão certo de que conseguiria mais um astro para seu tripé, que pagou para o Lakers receber o contrato de Jeremy Lin e deixou Parsons na lista de espera, enquanto não fechava o negócio. O coração e, dãr, a grana pesaram, todavia, e o cara ficou em Miami. Para complicar, o Dallas Mavericks arranjou um jeito de entregar uma oferta cheia de malícia para Parsons que tornou impossível sua permanência em Houston. Em sua política all in de negociação, o cartola saiu de mãos abanando. Na verdade, com prejuízo. Agora era o resto da liga que contra-atacava.

Mas não é que ele tenha sabotado o futuro da franquia também. Ao repatriar um Trevor Ariza mais maneirado e consciente, encontrou um meio de cobrir o buraco deixado por Parsons de modo mais barato. O ala campeão pelo Lakers em 2009, aliás, é muito melhor na defesa e vai fazer uma parceria bastante chata com Patrick Beverley. No ataque, num time em que James Harden e Dwight Howard vão reter a bola, pode se encaixar perfeitamente como atirador de três pontos da zona morta, fundamento no qual evoluiu de maneira impressionante. O único cuidado que se precisa ter: o famoso efeito do último ano de contrato. O cara estava jogando demais em Washington, mas prestes a virar agente livre. Morey, aliás, já havia caído nessa em 2009.

Falar da perda de Omer Asik nem vale. O pivô turco se sentiu simplesmente miserável durante todo o campeonato passado, descontente demais com o posto de reserva de Howard. Não queria ficar por lá mais. Para liberá-lo para o Pelicans, na mesma negociação que lhe trouxe Ariza, o Rockets conseguiu uma escolha de Draft via New Orleans muito mais promissora que a que vai ter de pagar para o Lakers como depósito por Jeremy Lin.

Harden vai para cima, mesmo, no ataque agressivo do Rockets

Harden vai para cima, mesmo, no ataque agressivo do Rockets

Está certo que o banco de reservas de Kevin McHale não inspira muita confiança, assim como o próprio treinador. Há questões sérias para a defesa e para o caso de um dos astros sentir alguma coisa – no momento, tanto Howard e Harden afirmam e aparentam estar em plena forma física e psicológica. E não é que Morey tenha se contentado. Com ele, o balcão de negócios está sempre aberto, e o clube tem margem de manobra. Nas comédias envolvendo esses nerds, melhor sempre esperar para ver quem ri por último.

O time: a correria vai ser mantida. É como se o Rockets quase não tivesse jogada desenhada. A ordem é apertar o ritmo, buscar as bandejas ou lances livres – ou enterradas, no caso de Howard – e os tiros de três, com 11 dos 15 atletas do elenco liberados para se arriscarem no perímetro. No mundo aritmético de Morey, o gráfico de arremessos da equipe não mostraria incidência alguma de chutes de média distância.  Na temporada, essa regrinha rendeu o quarto ataque mais eficiente, muito perto do topo. Na defesa, com Howard, subiram de 16º para 12º – e, no que depender do pivô, o ritmo pode ser ainda mais forte neste ano, já totalmente reabilitado da cirurgia que fez nas costas. Porém, se é para falar de conta, falemos de conta. De acordo com os índices históricos, precisariam avançar consideravelmente nesse aspecto para se colocar no patamar de sérios candidatos ao título. Viu, Sr. Barba?

Papanikolau, um grego que ainda vai aprontar nesta temporada. Grande reforço

Papanikolau, um grego que ainda vai aprontar nesta temporada. Grande reforço

A pedida: realmente acertar a defesa e tentar ir mais longe nos playoffs.

Olho nele: Kostas Papanikolau. Ex-companheiro de Beverley no Olympiakos, bicampeão da Euroliga, o ala tem um estilo de jogo um tanto diferente daquele quando se pensa em alas europeus. O grego de 24 anos é bastante forte, alto agressivo, que vai se encaixando perfeitamente no banco do time, como substituto de Ariza. Se o chute de três da zona morta não estiver caindo, Papanikolau vai colocar a bola no chão e partir para a cesta. Mas sem essa de vaca louca: tem boa leitura de jogo e predisposição para encontrar um companheiro bem posicionado.  Inicialmente, ele havia sido selecionado pelo New York Knicks. Seus direitos acabaram envolvidos numa troca por Raymond Felton, passando para o Blazers. Seu 'passe' foi novamente trocado no ano passado para o Rockets, com Thomas Robinson indo para Portland. Quer dizer: já parece mais uma negociação em que Morey levou a melhor.

Abre o jogo: ''Quando eu o vi entrando, não sabia o que dizer. Você não consegue ver esse tipo de coisa na Europa'', Papanikolau, maravilhado com a chegada de Hakeem Olajuwon a um treino do Rockets na pré-temporada. : )

Tarik Black e sua montanha de músculos numa contratação surpreendente

Tarik Black e sua montanha de músculos numa contratação surpreendente

Você não perguntou, mas… o novato Tarik Black tem uma dessas histórias que serve para todo jogador sonhar grande. O pivô chegou a se graduar mais cedo pela Universidade de Memphis, mas decidiu estender sua carreira como jogador da NCAA por Kansas, pedindo transferência. Ele perdeu uma temporada, mas foi liberado para jogar pelos Jayhawks em 2013-14, um veterano coadjuvante para os calouros Andrew Wiggins e Joel Embiid. Todo scout que fosse aos seus jogos teria as duas sensações como prioridade de avaliação. Ao mesmo tempo, o Black ao menos estava em um time sendo visto por todos. Ele não foi selecionado no draft, mas foi convidado pelo Rockets para seu time de verão da liga de Orlando. O que ele fez foi o suficiente para lhe render mais um convite, dessa vez para o training camp. Até que os amistosos começaram, e ele estava ganhando minutos regulare. Numa prática que já está virando normal para seus padrões, Morey acabou ficando com um número maior de contratos garantidos no clube do que o permitido para a temporada regular. Era esperado, então, que Black apenas cumprisse tabela por lá e fosse dispensado antes de a temporada começar, ainda que estivesse ganhando minutos regulares nos amistosos. Mas que nada. O supernerd optou por despachar Ish Smith e Jeff Andrien, atletas mais experimentados, jogando fora mais de US$ 2,1 milhões em salários para ficar com o  pivô, que vem sendo o principal reserva de Dwight Howard na temporada.

carl-herrera-rockets-cardUm card do passado: Carl Herrera. Este card, pinçado numa página especial toda dedicada ao venezuelano, ainda é de uma época em que os jogadores estrangeiros eram espécies invasoras, mesmo, na liga. Depois de Rolando, Herrera seria o segundo sul-americano a jogar por lá (embora, na verdade, tenha nascido em Trinidad e Tobago!). Coincidentemente, os dois se graduaram pela Universidade de Houston, embora em gerações diferentes. Se Rolando não teve muita sorte em Portland, o ala-pivô conseguiu fazer carreira em Houston, como reserva no elenco bicampeão capitaneado por Olajuwon em 1994 e 95. Aos 29 anos, trocou de clube, mas seguiu no Texas, defendendo o Spurs. Em 199, sua última temporada de NBA foi abalada pelo primeiro lo(u)caute, passando pelo Vancouver Grizzlies e o Denver Nuggets. Herrera ainda jogaria na Venezuela até 2008, com 42 anos. O Rockets ainda teve mais um jogador do país em sua história: o ala Oscar Torres, em 2002-03.


Denver Nuggets: em busca de uma identidade perdida
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Giancarlo Giampietro

30 times, 30 notas para a temporada 2014-2015

Ainda há muitos ponteiros para Brian Shaw acertar em Denver

Ainda há muitos ponteiros para Brian Shaw acertar em Denver

O Denver Nuggets tinha algo especial. Mas decidiu que não era o bastante, já que não estavam se aproximando, materialmente, do título. Deixaram, então, o técnico ir embora, acompanhado pelo gerente geral e por um de seus principais jogadores. Alguns reforços de pouco impacto chegaram, mas boa parte do núcleo central do elenco segue intacta – o que é muito maluco, já que eram atletas contratados pensando no estilo de jogo da gestão anterior, bem diferente do que prega o novo treinador. Por ora, ficou nisso a reformulação do clube. De modo que o que temos para esta campanha é um time perdido no meio do caminho, ainda em busca de identidade.

Em 2012-2013, sob o comando de George Karl, o Nuggets venceu 69,5% de suas partidas na temporada regular. A melhor campanha da história da franquia. Nos playoffs, porém, foram derrubados pelo emergente Golden State Warriors em seis jogos, culminando na quarta derrota seguida logo na abertura dos mata-matas. Com ou sem Carmelo Anthony. Sempre com Karl no comando. Para a família Kroenke, era a hora de dar um basta. Não aguentavam mais tanta frustração, o que dá para entender. Por outro lado, seria mais compreensível o ''basta'' se eles tivessem alguma ideia de qual direção seguir na sequência. Não parece o caso. Nesse ponto, sugiro também a leitura casada sobre a ficha dedicada ao Portland Trail Blazers, que vai curtindo seu próprio período de lua de mel com a torcida, ainda que sem sonhar com o título.

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Os Kroenkes demitiram Karl e, logo em sequência, não fizeram força para segurar o nigeriano Masai Ujiri na chefia das operações de basquete, depois que ele recebeu uma senhora proposta de Toronto. Os dois haviam acabado de serem eleitos técnico e executivo do ano. Os seguidos fracassos na fase decisiva, porém, pesaram mais alto. Sem se importar que, no meio do processo, Ujiri tenha sido obrigado a negociar Carmelo Anthony e, ainda assim, que tenha mantido o time competitivo e, segundo mostram os números, até melhorado. Karl também se adaptou rapidamente à nova formatação do elenco. Outro fator importante: o Nuggets estava e continua no Oeste. Uma conferência brutal em que, basicamente, qualquer um dos oito classificados acha que pode chegar longe, se contar com um pouquinho de sorte. Isso, claro, não quer dizer que qualquer técnico já entra com a prancheta toda rabiscada de desculpas automáticas, que não deva ser cobrado por uma derrota ou outra. Só não dá para considerar inaceitáveis.

Gallo chegou no pacote por Carmelo. De volta de cirurgia, vai ficar ou preparar as malas?

Gallo chegou no pacote por Carmelo. De volta de cirurgia, vai ficar ou preparar as malas?

A saída de Ujiri é ainda mais alarmante. Ele havia retornado ao clube como gerente geral em 2010. Enfrentou toda a turbulência em torno de Melo – e ainda saiu ganhando dessa. Ok, são poucos os cartolas que vão ganhar US$ 3 milhões por temporada, num contrato de cinco anos. É mais que muito jogador por aí. Mas me desculpem se não dá para chorar por uma família com capital superior a US$ 6 bilhões, que controla times também da MLB, da NFL e o Arsenal, na Inglaterra…

O novo manda-chuva do basquete, Tim Connelly, tem uma bucha nas mãos. Seu elenco tem alguns ótimos jogadores e uma vasta maioria de atletas medíocres, cuja combinação é moldada para correr. Ao mesmo tempo, correr com  a bola, em teoria, não os levou a lugar nenhum – mesmo que essa tenha sido a identidade do time por um loooongo tempo, desde os anos 80 com Doug Moe dirigindo Alex English e Dan Issel. A contratação de Brian Shaw, pupilo de Phil Jackson em Los Angeles, peça integral também do sucesso recente do Indiana Pacers, sinalizava uma mudança drástica nessa direção. Acontece que, até o momento, poucas trocas significativas foram feitas para que o técnico ganhasse o tipo de jogador que se adequaria melhor ao que pensa sobre o jogo.

Não é fácil, claro. Os clubes mal haviam terminado de assimilar os meandros do novo acordo trabalhista, e as estruturas da liga já foram sacudidas novamente com a decolagem do valor dos direitos de transmissão das próximas temporadas. Tantas alterações sugerem precaução, conservadorismo nas transações. Algo que não ajuda Connelly em nada: a impressão que a montagem de elenco é a de que ele está obviamente estocando atletas com salário razoável na esperança de concretizar uma megatroca. Nate Robinson, Randy Foye, JJ Hickson, Darrell Arthur, Randy Foye etc… qual seria o ponto senão aglomerar diversos salários de médio porte, todos mais palatáveis ao mercado, para formar um pacote e ir atrás de oportunidades? E quais oportunidades? Essa é uma boa pergunta. Precisa saber quem seria o próximo Kevin Love da vez. Tem de ser esse tipo de estrela, já que o Andre Iguodala não serviu…

Mozgov, um dos jogadores mais cobiçados do elenco, mas que o Denver não quer negociar. Mais um trocado por Melo

Mozgov, um dos jogadores mais cobiçados do elenco, mas que o Denver não quer negociar. Mais um trocado por Melo

O time: Shaw estava determinado a desacelerar o Nuggets em sua primeira temporada no Colorado. Não deu muito certo. Depois, o discurso mudou para algo como: vamos correr ainda – afinal, precisavam explorar a altitude das Montanhas Rochosas de alguma forma –, mas também vamos defender bem e vamos jogar bem em meia quadra quando os atletas assimilarem melhor os conceitos. Vamos ser oportunistas. Não aconteceu nada disso. O Nuggets esteve abaixo da média da liga tanto atacando como defendendo. Enfim, é uma confusão que só. O retorno de Arron Afflalo ajuda, ainda mais enquanto Danilo Gallinari desenferruja. Ty Lawson precisa cuidar do tornozelo, Kenneth Faried tem um novo contrato de US$ 50 milhões para honrar, enquanto Timofey Mogzgov, Jusuf Nurkic e o inigualável JaVale McGee digladiam por minutos. No que vai dar isso tudo? Impossível dizer, enquanto a tal da troca não sai.

A pedida: chegar aos playoffs, amigos, seria pedir demais.

Olho nele: Kenneth Faried. Até porque, quando o cara está em quadra, é difícil desviar o olhar, mesmo. O ala-pivô do Nuggets usou ao máximo a experiência da Copa do Mundo da Fiba para se valorizar e entrar no radar da indústria do marketing esportivo americana, com sua energia aparentemente inesgotável para fazer das suas a impulsão impressionante, a ferocidade na disputa por rebotes a cabeleira chicoteando de um lado para o outro. O pacote todo que justifica o apelido de Manimal. Tudo muito divertido, sem dúvida. O que Faried precisa fazer, todavia, é elevar o seu jogo como um todo a outro patamar. A parte que não aparece nos clipes de melhores jogadas, no caso. Aprimorar seu posicionamento defensivo e o chute de média distância, por exemplo. Prestes a completar 25 anos, o superatleta ainda tem muito o que desenvolver.

Abre o jogo: ''Todo mundo nessa liga pode pular. Mas não há muitos caras fortes'', Jusuf Nurkic, o calouro número 16 do draft, que tem 20 anos apenas, nunca disputou uma Euroliga, mas bate que é uma grandeza. O pivô é um ótimo reboteiro, tem habilidade em seu jogo de pés e potencial para assumir em breve a posição de titular do time, mas, em um primeiro momento, vai ficar conhecido na liga pelos hematomas que causa. Em Denver, já faz sucesso. ''Ele traz a dor, ofensiva e defensivamente'', resume o técnico Shaw.

Shaw e o encapuzado Lawson no treino do Broncos

Shaw e o encapuzado Lawson no treino do Broncos

Você não perguntou, mas… Brian Shaw levou o armador Ty Lawson a um treino do Denver Broncos, no início de outubro, para que o tampinha observasse o quarterback Peyton Manning mais de perto e aprender uma coisa ou outra sobre ser um líder. ''Espero mais dele do que de qualquer outro no nosso time'', afirmou. ''Ele é nossa primeira linha de defesa e de ataque. Conversamos sobre sua liderança. Se ele não for um cara muito falante, tudo bem. Mas você precisa liderar ou de maneira vocal, ou por exemplo. Ele entende isso'', completou. O veterano Manning, uma das grandes personalidades do esporte americano da última década, respondeu a algumas perguntas do armador, com quem se encontrou pela primeira vez. Shaw ele conhecia de Indiana, de seus tempos de Colts.

kiki-vandeweghe-nuggets-cardUm card: Kiki Vandeweghe. O ala foi a 11ª escolha do Draft de 1980. Quatro anos depois, já havia disputado dois All-Star Games pelo Denver, com o time chegando de forma constante aos playoffs, sob o comando de Doug Moe. Foi uma sequência de nove temporadas nos mata-matas, rendendo apenas uma final de conferência em 1985, quando este cestinha de respeito já havia sido mandado para Portland. Aposentado aos 34 anos, em 1993, como jogador do Clippers, Vandeweghe retornou ao Colorado como gerente geral em 2001, após uma boa passagem pelo Dallas Mavericks. Foi com ele que o time retomou o caminho das vitórias, apostando na reconstrução via Draft, que lhes rendeu Nenê e Carmelo – além de Nikoloz Tskitishvili. Dispensado em 2006, assinou com o Nets. Hoje, trabalha nos escritórios da NBA em Nova York.


Steve Kerr e Golden State Warriors ignoram a pressão
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Giancarlo Giampietro

Kerr de roupa nova: grandes expectativas

Kerr de roupa nova: grandes expectativas

O mais comum, quando um técnico acaba de assumir o cargo, é pregar paciência. Que ele vai conhecer o elenco, estudar e preparar o terreno. Colocar em prática seus conceitos, e que leva tempo para isso. Ainda mais no caso de alguém que nunca exerceu a profissão antes. No caso de Steve Kerr e o Golden State Warriors, no entanto, as expectativas são as mais altas possíveis, e não há nenhum desconforto a respeito disso.

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Por quê? O que acontece aqui de tão especial?

Bem, em primeiro lugar, estamos falando de um clube que não vem fazendo a menor questão de falar baixo, desde que o especulador financeiro Joe Lacob assumiu o controle da franquia em novembro de 2010, em sociedade com Peter Gruber. Lacob, porém, é quem tem a voz mais ativa no dia-a-dia da franquia. No ano seguinte, prometeu, por exemplo, aos torcedores que a equipe voltaria aos playoffs e que teria um all-star. Nenhuma das duas aconteceu. Não tirou o pé do acelerador, no entanto. Tentou tirar DeAndre Jordan do Clippers, apostou em Mark Jackson como treinador, contratou Jerry ''O Logo'' West como consultor, acertou com o ex-agente Bob Myers para ser seu gerente geral, despachou Monta Ellis para Milwaukee em troca de um Andrew Bogut desacreditado por lesões etc. Deu uma bela sacudida na estrutura do clube, com ambições desmedidas. Hoje, não vai se contentar com derrotas nem mesmo para potências como Spurs e Clippers nos playoffs.

Do outro lado, o currículo de Kerr é impressionante. O cara foi um vencedor inconteste como jogador – não era protagonista, mas foi peça importante e decisiva em diversas conquistas, tendo sido pentacampeão da NBA, pelo Bulls e pelo Spurs. Ele se aposentou em 2003 e logo virou um popular comentarista de TV nos EUA. Retornou ao Phoenix Suns, o clube que o draftou lá em 1988, como gerente geral em 2007 e ajudou a formar um grande elenco. Desgastado em sua relação com o proprietário Robert Sarver, deixou o clube em 2010 e voltou a trabalhar na TV. com grande sucesso, explicando o jogo com facilidade, humor e vasto conhecimento dos meandros dos bastidores da liga.

Com uma trajetória e personalidade dessas, fora o vínculo do passado, virou o alvo primordial de Phil Jackson para o comando do New York Knicks nesta temporada. O namoro foi longo. O Mestre Zen o queria de qualquer maneira e até já dava o acordo como certo, na verdade. Mas os dias antes da assinatura do contrato acabaram sendo longos demais. O Golden State Warriors se apressou em demitir Mark Jackson e foi com tudo em sua direção. Lacob afirma que eles tinham amigos – e o golfe – em comum. Além do mais, o Warriors tem um elenco muito mais promissor e um dono que consegue suas manchetes, mas está bem distante do patamar de James Dolan.

Ao aceitar o cargo, Kerr fez a lição de casa. Já pegou no batente logo em julho ao dirigir a equipe do Warriors na liga de verão de Las Vegas, para quebrar o gelo. Depois, seguiu num périplo ao redor do mundo para encontrar alguns de seus jogadores, com direito a visitinha a Andrew Bogut na Austrália – onde encontraria também o ex-companheiro de Bulls, Luc Longley, primeiro australiano a jogar na NBA. ''Ele inclusive trouxe um iPad para o almoço e me mostrou alguns clipes do Longley fazendo a mesma função que espera de mim, como um facilitador no sistema de triângulos e que gostaria que eu fosse um pouco mais agressivo ofensivamente, com mais jogadas passando por mim, então isso é sempre bom de ouvir'', afirmou o pivô, do tipo de atleta contestador, inteligente, que não vai aceitar qualquer coisa dita em sua direção.

Ter um Jerry West ao lado nunca faz mal

Ter um Jerry West ao lado nunca faz mal: mudança nas estruturas da franquia

Ao que tudo indica, o contato de Kerr com os jogadores foi um sucesso, com habilidade no trato com pessoas e a autoridade que seu histórico no basquete inspira. E era uma aproximação essencial para o técnico, ainda mais depois da polêmica saída de Mark Jackson, outro ex-armador que estreou como treinador também pelo Warriors, vindo da TV e que virou uma figura realmente venerada pelo atual elenco – embora não fosse uma unanimidade, com Bogut sendo uma exceção declarada. Jackson, por outro lado, criou muitos problemas internos, ganhando a fama de personalista.

De qualquer forma, não era uma decisão fácil de se ter tomada. Após a derrota para o Clippers pelos playoffs passados, Curry, por exemplo, saiu em defesa do antigo mentor de modo enfático. ''Amo o treinador mais do que qualquer um. Ele estar numa situação em que seu trabalho passa por escrutínio e questionamento é totalmente injusto, e seria definitivamente um choque para mim se algo como uma demissão acontecer'', disse o superastro da franquia.

Mark Jackson ficou no passado. Já?

Mark Jackson ficou no passado. Já?

Pois a guilhotina desceu. Para lidar com uma situação dessas, apenas um nome tão badalado como Kerr poderia dar aos diretores a chance de ao menos tentar convencer o armador a rever sua opinião inicial. O contato com Kerr parece já ajudar para isso. ''Ele participou de equipes vencedoras. Já jogou para dois técnicos de Hall da Fama e duas grandes organizações. Ele vai trazer um monte dessas lições, sabedoria e QI de basquete para a mesa'', afirmou Curry. De quebra, o craque ainda lembrou que se trata de outro legendário arremessador da liga – e que talvez pudesse ensinar um truque ou outro para ele também. Opa.

Na hora de sugerir Andre Iguodala como um reserva do time, de modo que ele jogue como o segundo armador da rotação da equipe quando Curry estiver descansando, o novo técnico também mostrou destreza. ''Não sei se ele vai começar os jogos por nós, mas sei que ele vai estar em quadra no final'', assegurou.

São todos ótimos indícios de tino para a coisa que Kerr vem apresentando. Em quadra, o time fez ótima pré-temporada e iniciou o calendário oficial também com apresentações convincentes. A pressão fica para outro.

O time: para um plantel com Curry, Thompson, David Lee, o mais comum de se presumir é que a defesa fosse um problema e que o ataque, moleza. Certo? Acontece que, para o Warriors 2013-2014, foi quase o inverso. Com Mark Jackson, o time chegou a evoluir a ponto de ter a terceira defesa mais eficiente da liga, atrás apenas de Indiana e Chicago. Algo chocante. Por outro lado, seu sistema ofensivo foi apenas o 12º mais produtivo. Kerr vai tentar encontrar mais equilíbrio ao time. A ideia, no ataque, é trocar muito mais passes e apostar menos em  lances individuais com seus cestinhas, tendo em vista sua experiência com Phil Jackson e Gregg Popovich no passado.

A pedida: sucesso nos playoffs e… título.

Olho nele: Leandrinho. O brasileiro já está em sua 12ª temporada. O tempo passa, de fato. E passa ainda mais rápido quando estamos falando do ala-armador que jogou por tanto tempo no Phoenix Suns, mas agora chega a seu quinto clube nas últimas quatro temporadas. O ligeirinho assinou um contrato sem garantias com o Warriors, no qual reencontra Steve Kerr. Sua presença no elenco, todavia, era praticamente certa. Vindo do banco, ele assume o papel que era de Jordan Crawford no campeonato passado. A função é a de sempre, aquela que o consagrou na década passada: reforçar o ataque da segunda unidade com tiro de três pontos e velocidade, sendo ainda bastante efetivo. Mas com menos responsabilidades, com algo em torno de 16 minutos por partida. Um ótimo complemento para Shaun Livingston e Andre Iguodala entre os reservas.

Leandrinho reencontra ex-chefe do Suns na Califórnia

Leandrinho reencontra ex-chefe do Suns na Califórnia

Abre o jogo: ''É um saco sair do banco. Vou ter uma longa conversa com o treinador. Estou cansado disso, e não dá mais para aguentar isso'', Iguodala, sobre seu novo papel de sexto homem do time. Mas, calma: era tudo em tom de brincadeira.

O veterano aceitou numa boa sua nova posição e já disse inclusive que isso lhe permitiria ajudar os companheiros a marcarem mais pontos e ganharem uma graninha maior. ''O Draymond está num ano de contrato vencendo, então vou cuidar de dar a ele um pouco mais. Ele vai fazer um pouco mais de cestas jogando ao meu lado'', disse. ''Estou chocado'', avaliou Leandrinho. ''Não acho que Andre já tenha ficado nesta posição antes em todo esse tempo em que está na NBA.''

Você não perguntou, mas… as medições avançadas de estatísticas que vão tomando conta da NBA encontraram um modo de comprovar que Curry é, sim, o arremessador mais temido destes tempos. É o cara que mais preocupa as defesas fora da bola, segundo aponta o sistema de câmeras que monitoram o comportamento dos atletas em quadra, o SportVU. Os dados avaliados: ''pontuação de gravidade'', que quantifica o quanto um defensor fica grudado ao seu adversário, quando ele não tem a bola em mãos, e ''pontuação de distração'', que mostra o quanto o marcador se distancia de seu oponente para fazer a dobra em cima do atleta que está com a bola. A partir da distância calculada pelas câmeras, o analista Tom Haberstoth, do ESPN.com, fez uma média dos dois índices, e o resultado foi o gatilho do Warriors na ponta, acima de Kyle Korver, Kevin Martin, Kevin Durant e James Harden, pela ordem. ''Sempre ouvimos que você precisa respeitar o arremessador. Agora podemos identificar isso cientificamente'', escreve. ''A ideia não é catalogar os melhores chutadores da NBA, mas, sim, ver quais jogadores puxam mais a defesa fora da bola. O que é fascinante é que essa métrica ignora as estatísticas computadas no jogo e depende somente da medição óptica. Assim está a NBA em 2014.''

latrell-sprewell-wariors-card-1997Um card: Latrell Sprewell. O ala foi um grande cestinha, com um dos primeiros passos mais explosivos que a liga já viu, batendo seus defensores mesmo que eles soubessem que a infiltração era seu carro-chefe, enquanto o chute de três nunca assustou muito. Fora de quadra, se tornou, digamos, um dos personagens mais controversos. No Golden State, ele começou num time promissor. Uma série de lesões e de trocas desastradas – de técnicos e jogadores – e o completo desarranjo da direção, porém, levaram o clube ao fundo do poço na gestão do proprietário Chris Cohan, de 1995 a 2010, período no qual só chegaria aos playoffs em duas ocasiões. O episódio mais triste e assustador dessa era aconteceu em 1997, protagonizado por Sprewell, quando o veterano, descontrolado,  decidiu esganar o técnico PJ Carlesimo durante um treinamento. Literalmente. Carlesimo é daqueles treinadores que não aliviam na hora de apontar erros e correções. Agora imaginem o tamanho da frustração de Sprewell com ele. O pior: depois de agredir o técnico e passar cerca de 20 minutos para o vestiário, o atleta tentou novamente atacá-lo. Ele acabou suspenso por 68 jogos, perdendo US$ 6,4 milhões. O que ela achou excessivo. Em entrevista ao tradicional programa 60 minutes, soltou uma de suas célebres e infelizes pérolas. ''Não o estava enforcando tão forte assim. Ele estava respirando'', afirmou. Esse era o tipo de história que rondava a franquia. Ainda que o lateral fosse aprontar muito mais.

Sprewell nunca mais jogaria pelo Warriors e seria trocado para o Knicks. Em 1999, foi uma das peças fundamentais do time que venceu a Conferência Leste de modo improvável e perderia para o Spurs na decisão. Depois, seria negociado com o Minnesota Timberwolves, ajudando Kevin Garnett a avançar pela primeira vez nos playoffs em 2004. Quando recebeu uma proposta de renovação contratual por US$ 21 milhões em três temporadas, a recusou e disse que ''tinha uma família para alimentar''. Em 2005, acabou se aposentando forçosamente. As ofertas que tinha eram apenas de salário mínimo. Os times ainda se sentiam atraídos por seu talento, mas afugentados pela personalidade. Spurs e Mavericks estavam entre os interessados. Nunca tiveram uma resposta. Em março de 2006, o repórter Chris Sheridan, então do ESPN.com, decidiu ir atrás do ala. O astro o recebeu de cara fechada na porta de sua casa em Milwaukee e simplesmente ameaçou soltar os cachorros para cima do jornalista.


“Era a hora de mudar”, diz Vidal, agora sem Alex e Nezinho
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Giancarlo Giampietro

Vidal, novamente dirigindo o Brasília. Mas agora é outro Brasília

Vidal, novamente dirigindo o Brasília. Mas agora é outro Brasília

Não foi a primeira vez que Alex ou Nezinho deixaram a capital federal. O ala, por exemplo, havia saído até mesmo do país em 2007 para jogar pelo Maccabi Tel Aviv. Nezinho, por sua vez, já havia pegado a estrada para Limeira em 2008. Os dois retornaram, claro, e encheram a gaveta de medalhas. Muitas medalhas conquistadas.  Mas agora parece que é para valer. Que chegou a hora de Brasília seguir em frente com seu basquete sem a veterana dupla paulista.

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Pelo menos é a sensação que o blogueiro teve em um papo agradável com o técnico José Carlos Vidal na cerimônia de abertura do NBB7, na última quinta-feira, no Paulistano – um grande evento, por sinal, muito bem organizado, de deixar qualquer competição brasileira com inveja, e prato cheio para os jornalistas, de tantas as fontes para serem consultadas. No decorrer dos próximos dias e semanas, vamos divulgar esse material coletado.

Começamos com Vidal, ele mesmo que entra no lugar do argentino Sérgio Hernández e vai para sua terceira passagem no comando técnico da equipe candanga, que faz sua estreia no campeonato nacional nesta terça-feira contra o Bauru, às 20h, na Panela de Pressão do interior paulista. Já mais um reencontro com Alex marcado, afinal, com transmissão oficial no site da LNB. É difícil para qualquer clube substituir um jogador como o ala da seleção, ou Nezinho. Especialmente no caso de um Brasília que havia se habituado a conquistar tudo com o núcleo construído em torno da dupla, além de Guilherme Giovannoni e Arthur. Mas, para o treinador, era chegada a hora. ''Já havia um desgaste natural de todos esses anos'', afirma. ''cho que a saída dos dois foi de 50% para cada lado (clube e jogador).''

Eles chegam: Fúlvio, Hobson e Cipolini

Eles chegam: Fúlvio, Hobson e Cipolini

Giovannoni e Arthur ficaram, agora com a companhia de Lucas Cipolini, o dinâmico pivô ex-Uberlândia, do armador Fúlvio e do americano Darington Hobson, que chega com a marca NBA em seu currículo. Os dois últimos, aliás, oferecem ao time um perfil completamente diferente, se comparados com os que partiram. A expectativa é que a equipe tenha mais movimentação de bola como resultado. ''Na meia quadra, a gente aumentou nossa qualidade, de visão, de inclusão de todos no jogo'', diz Vidal. Para ele, no entanto, a prioridade ainda é o jogo de transição, a partir do momento em que o time solucionar algumas questões defensivas, hoje sua maior preocupação.

Foi algo, aliás, preocupante, mesmo, durante a primeira fase da Liga Sul-Americana que o clube disputou há algumas semanas em Bauru, sofrendo para eliminar o Defensor, do Uruguai, e conseguir a classificação. De todo modo, para Vidal, essa não é hora de pensar em renovação, no sentido de abrir espaço para juventude em seu elenco. Jovens como Ronald e Isaac estão nos planos, mas precisam assumir seus papéis. O próprio treinador lembra que ainda tem duas vagas de estrangeiros para serem preenchidas. E sua vontade é que venham atletas para decidir, para levar o clube de volta ao topo.

Após ter disputado as primeiras quatro decisões do NBB, os candangos ficaram fora da festa nas últimas duas edições, abrindo espaço para o Flamengo equilibrar o tabuleiro histórico. ''É um momento de reestruturação, para poder atingir os resultados de que o Brasília precisa. Conseguir títulos e manter o basquete forte'', afirma. ''Não estamos num momento de queda. Vamos reestruturar, mas pensando para cima. Ninguém vai ficar batendo palma para um time em renovação. Já vi isso acontecer com alguns times, quando dá essa abaixada e que uso como exemplo. Você estava levando duas, três quatro mil pessoas e depois abaixa para 400, 500. Não quero que isso aconteça em Brasília. Que continuemos com um time competitivo.''

Confira a entrevista completa:

Vidal: Brasília joga por títulos, e para agora

Vidal: Brasília joga por títulos, e para agora

21: Bom, a primeira pergunta é inevitável: o núcleo de seu time sofreu uma boa reformulação, com a saída de figuras como Alex e Nezinho, que haviam criado uma forte identidade. Quais as perspectivas para esta nova equipe?
José Carlos Vidal: É uma reconstrução difícil, um recomeço. No basquete você tem cinco jogadores titulares e os sete no banco. Quando você perde dois titulares, e importantes, tem uma reconstrução que sabemos que vai demorar um tempo e que estamos tentando fazer da melhor maneira possível. Por outro lado, acho que com aquele grupo já havia um desgaste natural de todos esses anos. O que o Flamengo fez anteriormente, o Brasília também precisava fazer.

Sentia, então, que era era mesmo a hora de mudar?
Era. Os resultados não foram ruins. Nessa última fase, em quatro anos com UniCEUB, ganhamos quatro títulos. Foram duas Ligas Sul-Americanas e dois nacionais. Acho que o que ficou de má impressão foi a derrota do NBB do ano passado, que não foi bom para a equipe e também para os patrocinadores. E aí decidimos mudar por bem ver com quais jogadores queríamos ficar e também quais jogadores queriam sair. Acho que a saída dos dois foi de 50% para cada lado. Acho que eles queriam sair, e a direção do clube também achou que era o momento. Conseguimos manter o Guilherme como um protagonista.

Pelo que vimos da primeira etapa da Liga Sul-Americana, o Giovannoni já foi bastante exigido. O time agora será reconstruído ao redor dele, como um pilar?
Isso, ele acaba sendo esse pilar, o que é importante. Também, perder três jogadores desse nível de uma vez seria complicado (risos). Haja busca por americano. A imprensa de Brasília, então, depois da saída dos dois, já estava falando que o time iria acabar, que acabou o sonho.

O clima ficou um pouco tenso, então?
Ficou tenso, mesmo (risos). Mas aí com a vinda do Fúlvio, para o lugar do Nezinho, acho que são jogadores equivalentes. A substituição do Alex é algo mais complicado. Sabia que seria. Ficamos esperando, aguardando um pouco…

Bom, o perfil dele é raro no Brasil, de ser um cara que joga realmente dos dois lados da quadra, e bem. Que causa um grande impacto.
Sim, não é fácil. Além disso, ele tinha um papel de liderança no grupo. Era o capitão, uma referência. Acho que isso por vezes é até mais difícil, do que uma questão tática ou técnica. Então isso é algo que o Giovannoni está tentando (suprir). E agora estamos com este norte-americano (o ala Darrington Hobson, que jogou a temporada passada em Israel e já passou pela NBA), que faz mais uma função 2 ou 1 e veio para substituir, para ser teoricamente importante. Precisávamos de um jogador dessa posição.

Você o considera um cara que venha para fazer a diferença? É sabido que, dos tempos de universidade em Novo México, que o Hobson atuava muitas vezes como um facilitador, mas não com um perfil de carregar pontuação.
A experiência que ele teve em Israel foi a única fora dos Estados Unidos. Não é aquele americano que vem para (chutar tudo)… Ele até perguntou para mim o que esperava dele. O sonho dele era (fazer carreira) nos Estados Unidos, claro, e parece que já foi alcançado de alguma forma.

Aliás, desculpe, mas como chegaram a ele? Quais informações tinham?
A gente conhecia também o Vandinho, que foi assistente técnico dele lá (referência a Adjalma Vanderlei Becheli Júnior, o Vandinho, brasileiro que trabalhou com Hobson no State University-College of Eastern Utah e que já trabalhou no Paulistano) e falou muito bem dele e disse que já estava recuperado (de cirurgia nos dois lados do quadril). A gente o conheceu primeiro por vídeos. E aí meu assistente encontrou o Vandinho numa clínica em que ele estava aqui no Brasil e ficou sabendo da negociação e disse que já havia jogado com ele. Aí foi melhor ainda. E foi por um outro lado também. Parece um cara intenso e vem com muita expectativa de que fazer uma boa temporada aqui. Ele sabe da pressão que vai ser. Já viu nossos jogos, sabe como é. Agora, é um jogador que não veio para ser um definidor, não é o americano definidor. Aí eu tendo Guilherme, Arthur e Cipollini para isso, que pontuam bem, e ele pode contribuir bem com suas características.

E como está o Fúlvio? Ele obviamente não teve um ano muito fácil em São José, depois de cirurgia por ruptura do cruzado anterior.
Naquela semana da Liga Sul-Americana, ainda tínhamos o Fúlvio a 60%. Não podemos esquecer isso, que ele estava há um ano parado. Foi uma aposta nossa. Eu gosto muito dele. Já havia trabalhado com ele como assistente. Todo técnico precisa ter um jogador de confiança. No meu time é assim, então vamos ter o Fúlvio. Que é armador, e quando você tem um armador assim, facilita o trabalho do técnico.

Alex, agora do outro lado: defesa ainda inspira preocupação. Isaac nos planos

Alex, agora do outro lado: defesa ainda inspira preocupação. Isaac nos planos. Crédito: Henrique Cunha/Paschoalotto/Bauru

Saem Nezinho e Alex, muito agressivos, um estilo que eles têm e com o qual venceram muitos títulos por Brasília. Mas agora chegam atletas de perfil diferente. Fúlvio pode pontuar, claro, mas tem mais vocação para a organização, muito mais passador. E o Hobson também. Você imagina um time mais homogêneo no ataque devido a essas características? O que você imagina de identidade para a equipe nesse sentido?
Não gosto muito de falar de filosofias, mas de estilos de jogo. Penso muito no jogo de transição, desde as categorias de base. E o Hobson também ajuda para esse papel. Ele pode pegar um rebote e levar a bola por conta, atravessando a quadra e dando bom ritmo ao time. Acho que, na meia quadra, a gente aumentou nossa qualidade, de visão, de inclusão de todos no jogo. Pelo Fúlvio e por ele. O Guilherme fazendo mais uma posição de 3, algo que ele fez a vida toda. Sabe se virar ali e está voltando a isso, estou insistindo com ele. É uma função importante para mim e na qual já foi usado no NBB5 e 6. E o Hobson também tem o um contra um, com o drible. Além disso, ainda vamos em busca de pelo menos mais um reforço, precisando alguém ali no poste baixo, mais forte, que pontue e possa fazer as coisas na hora do sufoco. Estamos procurando. Temos mais uma vaga de americano. Agora é esperar. É um time que vai poder jogar mais solto, mais leve e talvez com mais consistência. O problema por enquanto é mais a defesa, é onde temos de melhorar mais, antes de começar a temporada. Nesses três primeiros jogos, vimos que precisamos melhorar bem.

Isso tem mais a ver com ganhar coesão com as novas peças, ou é algo que vem mais das características dos jogadores, que pedem outro sistema defensivo para encaixá-los?
É mais a segunda alternativa, mesmo. Mas estou buscando esse sistema, mudando algumas coisas. Porque por, às vezes, mais que você queira uma coisa, tem hora que as características não são para aquilo que se pede. Mas acho que é um time que pode defender pelo aspecto cognitivo, que é algo que estou sempre falando para os jogadores: que às vezes você pode não ser um grande defensor de físico, individualmente, mas que, se defender conjuntamente, com inteligência, escolher a hora certa, fazer as trocas certas, seguir as regras, pode dar certo. O técnico tem de saber isso: as virtudes de sua equipe, de saber como pode jogar. Como sabia com a equipe anterior, desde 2006 e de quando voltei. Esse time agora é de outra visão, então tem de ter adaptação, mesmo. Explorar nossas virtudes e aceitar nossas deficiências para evoluir a partir daí, para um tipo de defesa que não fazíamos muito e no qual estamos treinando nesses dois meses. Agora é tentar por mais em prática e aí, sim, fazer uma avaliação real. Acho que o jogo contra o Bauru foi um bom jogo para isso. Até o terceiro quarto, estava equilibrado.

Queria perguntar também a respeito de dois dos atletas mais jovens: Ronald e Isaac. Eles já estão integrados à base do time há um tempo. Nessa nova configuração, eles ganham mais responsabilidades?
Acho que são dois jogadores que não podem mais ser considerados esperanças ou promessas, mas que têm que, neste ano, serem realidades. O Isaac quase não jogou no ano passado com o Sergio (Hernández, técnico argentino que dirigiu o time por apenas uma temporada) na rotação. Neste começo de temporada ele deu um pouco de azar, se machucou, mas é um cara que é para ser nosso sétimo jogador. Com o Ronald também. Depois, se eu troxer um 5, pode ser que a coisa mude um pouquinho. Mas o Isaac é um cara com quem conto. Eu o trouxe de Vila Velha, um garoto importante, arremessador, mas que tem de se impor.  Não vou dizer que tenha de ser um protagonista, mas que seja uma peça importante, assumir um papel. Isso tenho cobrado. Conto com ele e o Ronald. E aí tem os subs, que ainda são mais garotos, que nunca tinham jogado no adulto, os subs, o Bruno e o Gustavo. Mas não quero fazer uma renovação total no Brasília. Acredito que o Brasília tem um nome, e que a gente vai ser cobrado por isso. Também vou cobrar dos patrocinadores, que a gente tem vaga para mais dois estrangeiros. A gente tem de ver como começa e correr atrás. De chegar para a disputa. Acho que Limeira… Flamengo… Bauru estão com os elencos mais fortes do NBB. Não é o momento de Brasília ficar pensando em renovação. É um momento de reestruturação, para poder atingir os resultados de que o Brasília precisa. Conseguir títulos e manter o basquete forte.

O tradicional Nilson Nelson já lotou com basquete na capital federal. Pegou?

O tradicional Nilson Nelson já lotou com basquete na capital federal. Pegou?

Como você poderia nos explicar essa forte identificação de Brasília com o basquete? Sabemos que grandes jogadores vieram da capital, mas o que faz a cidade ter essa relação especial? Seria a ausência hoje de um grande clube de futebol? Ou o que mais? Como se desenvolve?
Acho que isso facilitou. Mas tem mais. Comecei a jogar basquete em Brasília em 1973, e aí a gente teve alguns ícones. O próprio Oscar começou a jogar no time em que joguei. Depois cheguei a um nível razoável. Teve o Pipoka, que saiu da minha geração de seleção. Sempre teve internamente quatro ou cinco clubes que tinha um campeonato que chegava a lotar ginásio. Tinha uma história. Eu mesmo lutei pelo Gama, que teve um time com o Gama em 2000, mas aí nunca deu certo. Já existia uma identificação com o esporte, mais do que o vôlei e outros esportes coletivos. Não ter esse time de futebol facilitou. Agora nessa nova fase conseguimos por 20 mil pessoas em jogo em 2006 contra o Flamengo, e daí para a frente a coisa foi evoluindo. Como todo brasileiro, a maioria quer torcer para time que ganha. Se começarmos a perder muito jogo em casa lá, o pessoal começa a cobrar que vai para o ginásio e nunca tinha perdido um jogo (Risos). Aí você fala que também não é bem assim… Então tem tudo isso. Foi crescendo. É por isso que falo com o pessoal, com os patrocinadores que não estamos num momento de queda. Vamos reestruturar, mas pensando para cima. Ninguém vai ficar batendo palma para um time em renovação. Já vi isso acontecer com alguns times, quando dá essa abaixada e que uso como exemplo. Você estava levando duas, três quatro mil pessoas e depois abaixa para 400, 500. Não quero que isso aconteça em Brasília, não. Que continuemos com um time competitivo.


Detroit Pistons: todo o poder a Stan Van Gundy
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Giancarlo Giampietro

30 times, 30 fichas para a temporada 2014-2015 da NBA

Orlando estava muito bem, obrigado, mas...

Orlando estava muito bem, obrigado, mas…

E se você estivesse curtindo uma semiaposentadoria na Flórida, vivendo mais próximo das crianças, acompanhando-as no jogo de futebol no final da tarde de uma terça-feira, respirando e relaxando numa vizinhança tranquila? Depois de passar uns dois bons anos estressantes, tendo de responder diariamente aos mesmos questionamentos, 99% deles ligados a um gigante de 2,11 m e massa muscular assustadora, mas mal crescido em outros aspectos, que muito provavelmente queria sua demissão, mas que, ao mesmo tempo, era sua única aposta para o sucesso?

Para tirar a pessoa de um sossego desses, só com uma oferta irrecusável, mesmo. Como, por exemplo, ter controle total nas operações de basquete de um clube de NBA, respondendo apenas ao bilionário que comprou a franquia. Ter a oportunidade de, basicamente, ser o seu próprio chefe, e ainda ganhando US$ 7 milhões por ano. Só assim, mesmo, para Stan Van Gundy retornar, tendo o Detroit Pistons como seu grande brinquedinho.

O magnata Tom Gores bem que flertou com Phil Jackson no passado. Em 2013, por exemplo, o Mestre Zen fez um frila em Detroit, trabalhando como consultor de Joe Dumars durante o período de mercado aberto para os agentes livres e também para a contratação de (mais) um treinador. Não se sabe exatamente qual foi a influência de Jackson, o quanto Dumars o escutou. Sabemos, no entanto, que as coisas não deram muito certo, resultando no desligamento de Maurice Cheeks antes mesmo que ele concluísse a primeira temporada de seu contrato.

SVG e um novo pivô para desenvolver: até onde pode Drummond chegar?

SVG e um novo pivô para desenvolver: até onde pode Drummond chegar?

Com o time novamente fora dos playoffs, seria, enfim, a gota d'água para Dumars. Chegaria a hora de se despedir do ídolo, bicampeão como jogador e arquiteto do time que derrubou o Lakers nas finais de 2004, retornou às finais em 2005 contra o Spurs e alcançou a decisão da Conferência Leste em seis anos consecutivos. Depois de tanto sucesso, o gerente geral falhou gravemente no processo de reformulação, com muitas apostas caríssimas e furadas, como Allen Iverson e, especialmente, a inesquecível dupla Ben Gordon e Charlie Villanueva. O aproveitamento nas últimas cinco temporadas não passou dos 40%. Para limpar essa bagunça, Jackson, amigo do proprietário, nem topou. Van Gundy aceitou.

O ex-técnico do Orlando Magic e Miami Heat andava comentando alguns jogos da liga para a rede de rádio da NBC e do basquete universitário para a TV. Mas sem tanto compromisso. Diferentemente do acordo que teria com a ESPN, para a qual trabalharia como analista em seus shows pré-jogo e tal, de muita repercussão no dia-a-dia da NBA. Acontece que a equipe de David Stern, ao que tudo indica, não fiou tão entusiasmada assim com a possibilidade de uma figura tão inteligente e desbocada ganhasse esse tipo de plataforma para se expressar.

Desde então, muitos clubes fizeram fila para conversar com o SVG, Clippers e Kings entre eles. Mas as propostas não eram o suficiente para que ele se afastasse da família, ou que os fizesse mudar de cidade novamente. Passado um tempinho, para os garotos avançarem nos estudos, e a autonomia para gerir os negócios, e cá estamos com o retorno de uma figura muito respeitada – menos por Shaquille O'Neal –, que desenvolveu uma série de jogadores em Orlando além de Dwight Howard (Marcin Gortat, Trevor Ariza, Courtney Lee, Ryan Anderson e até mesmo gente rodada como Hedo Turkoglu e Rafer Alston!), formando um time bastante competitivo em torno do pivô.

Agora a expectativa é que ele faça o mesmo com o mastodôntico Andre Drummond, que transborda vigor físico e potencial. As dúvidas? Essa coisa de ele, mesmo, sair contratando suas peças. São poucos os treinadores que ganharam tanto poder na liga. Temos hoje os seguintes casos: Gregg Popovich com o Spurs, Doc Rivers com o Clippers e Flip Saunders com o Timberwolves. Em San Antonio, Pop conta com o inestimável apoio de RC Buford e uma estrutura já enraizada. Rivers e Saunders estão começando nessa aventura.

Meeks foi a primeira contratação de SVG. Pagou caro

Meeks foi a primeira contratação de SVG. Pagou caro

Com um bom espaço para contratações, não dá para dizer que SVG tenha causado boa impressão no mercado. Os valores gastos em veteranos como Jodie Meeks (US$18 milhões por três anos e já afastado por uma lesão nas costas) e Caron Butler (US$ 10 milhões por dois anos) foram, no mínimo, suspeitos e bem acima do que atletas com as mesmas habilidades receberam (Anthony Morrow e o Oklahoma City Thunder fecharam por US$ 10 milhões e três anos). DJ Augustin recebeu um pouco menos, mas a equipe já tinha um armador diminuto e irregular em Brandon Jennings. Além disso, sua versão cartola também falhou em chegar a um acordo com Greg Monroe. Pior: o pivô assinou a oferta qualificatória da franquia e vai se tornar um agente livre sem restrições ao final da temporada.

Resultado: Van Gundy, o técnico, vai ter de arrumar isso. Um tanto esquizofrênico isso? Pois é. Acontece quando você é o seu próprio patrão. Não tem com quem reclamar. O brinquedinho é todo dele.

O time: SVG olha para o seu elenco e vê três excelentes homens de garrafão, mas que tiveram sérias dificuldades quando escalados juntos na última temporada. Usar Josh Smith mais afastado da cesta é um convite para uma série de decisões absurdas. É provável que, ao contrário de Cheeks, o novo treinador chegue a uma simples conclusão: fazer um rodízio, mesmo. Sai um, entra o outro, e por aí vai, seguindo sempre com uma dupla forte. Agora, nas alas… Hm…  Temos um problema. Em teoria, Jerebko, Singler, Datome são o mesmo jogador – claro que há características peculiares que os diferenciam, mas as funções exercidas em quadra são basicamente a mesma. No fim, é um trio de atletas promissores, mas que geram  nenhum deles consegue se separar do outro. E aí que Butler só deixa essa rotação mais confusa nesse sentido. Mais uma ala 3/4, para espaçar a quadra, e tal. Na armação, Jennings precisa tomar um rumo na vida: se DJ Augustin mandá-lo para o banco, seria basicamente o fim. Van Gundy costurar tudo isso e fazer um grande conjunto? Seria sua maior obra.

Smith quer a bola. Drummond é o foco

Smith quer a bola. Drummond é o foco

A pedida: um retorno aos playoffs seis anos depois. Mesmo no Leste, um desafio, e tanto.

Olho nele: Kentavious Caldwell-Pope. Alguém com um nome desses precisa fazer um sucesso, né? O ala vai para o seu segundo ano, mais confiante e animado com as mudanças que vê ao redor.  Kentavious é bastante atlético, com capacidade para colocar a bola no chão e atacar a cesta. Além disso, tinha a reputação de ser grande arremessador vindo da universidade, ainda que essa habilidade ainda não tenha aparecido na grande liga (aproveitamento de 30,3% de longa distância até aqui). Aos 21 anos, ainda tem muito o que desenvolver. Fez ótima summer league em Orlando, mas perdeu boa parte da pré-temporada devido a uma torção no joelho. Dependendo do seu progresso, pode fazer as contratações de Butler e Meeks ainda mais banais.

Para que chamá-lo de KCP, quando se tem Kentavious?

Para que chamá-lo de KCP, quando se tem Kentavious?

Abre o jogo: ''Não é um desrespeito com as pessoas que estão trabalhando no clube, mas foi duro para mim chegar a um acordo por mais quatro anos com gente que é nova por aqui. Honestamente, se você for perguntar para qualquer um na rua se eles topariam isso, na área em que trabalham, diriam não.  As pessoas ficam presas ao dinheiro e acham que, se foi oferecido, você é obrigado a aceitá-lo. Nós ganhamos muito dinheiro, mas todo o restante não pode ser relevado por causa disso. Se os jogadores fizessem esse tipo de coisa, seriam infelizes, porque receberiam o dinheiro apenas por receber e não estariam totalmente dedicados'', Greg Monroe, explicando por que não aceitou uma das ofertas de Van Gundy para estender seu contrato e seguir a rota incomum de jogar um ano pela oferta qualificatória. Ao mesmo tempo em que ganha liberdade para decidir seu futuro, o pivô também corre certo risco. Reparem nos malabarismos retóricos que ele precisa fazer para não entrar em conflito com os torcedores do Pistons.

Você não perguntou, mas… o Pistons entrou para o rol dos clubes da NBA que tem sua própria filial na D-League, o Grand Rapids Drive (não, não se trata de trocadilho).  Ex-gerente geral do Orlando Magic, Otis Smith foi agora contratado por seu antigo subordinado para dirigir o time B em quadra. Será a primeira vez que cumprirá a função de técnico. ''Gosto do 'desenvolvimento' que está no nome da liga. Desta forma posso passar mais tempo no desenvolvimento do estafe e dos jogadores, dentro e fora da quadra'', afirma Smith. ''Estar em quadra com os caras, ensinando-os, fazê-los evoluir e serem profisisonais… Isso é o que mais me anima.''

dennis-rodman-pistons-cardUm card do passado: Dennis Rodman. Com menos músculos, sem tatuagens, antes de se relacionar com Madonna e se casar com Carmen Electra, de atuar com Jean-Claude van Damme e Mickey Rourke e virar celebridade mundial, para além do quadrante da NBA, antes de se indispor com David Robinson, de intrigar e vencer mais Phil Jackson e de passar algumas noites mal dormidas na casa de Mark Cuban, Rodman já era um grandessíssimo jogador na Motown, ainda que como coadjuvante de Thomas e Dumars. Em suas últimas duas temporadas por lá, de 1991 a 93, o ala-pivô começou seu impressionante período hegemônico de melhor reboteiro da liga – e talvez da história –, com médias superiores a 18 por jogo. Nos dias de hoje, Andre Drummond é forte candidato a liderar o campeonato neste fundamento.


Euroligado: uma derrota basta para a crise
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Giancarlo Giampietro

São apenas três rodadas, faltam mais sete nesta primeira etapa. Mas, se você for parar um tico para ver o que se passa nos quatro grupos da temporada regular da Euroliga, transmitida no Brasil com exclusividade pelo canal Sports+, vai ver que algumas coisas já vão ficando mais claras. Quer dizer, que alguns clubes já começam a despontar, e, neste caso, você pode falar do Barcelona de Marcelinho Huertas e do CSKA Moscou, que não está nada órfão de Ettore Messina. Os melhores times deste princípio de campeonato. Não só pelas três vitórias em três semanas, mas muito mais pela qualidade de seus resultados. O Real Madrid, por sua vez, depois de sofrer nas duas primeiras partidas, se reencontrou em quadra para atropelar o Nizhny Novgorod em casa, vencendo por 39 pontos e batendo recordes. Enquanto isso, o Fenerbahçe, que novamente promete mundos e fundos…

O jogo da rodada: Panathinaikos 91 x 73 Fenerbahçe

Panathinaikos x Fenerbahçe, 2014-2015, Euroliga

Bom, já dá para ver que foi uma surra, que o time da casa não teve muita dificuldade. Então por que escolher esse? Devido ao simbolismo do sempre especial retorno de Zeljko Obradovic a Atenas e a influência  que o resultado pode ter no decorrer da temporada. Foi mais uma partida do Grupo da Morte, o C, para dar muita confiança ao Panathinaikos, que em tese correria por fora na chave, devido ao orçamento reduzido – a crise é braba, mesmo.

Para os que não estão muito acostumados com o basquete europeu, Obradovic é praticamente a encarnação de um deus grego para a torcida verde. Ele serviu ao clube de 1999 a 2012, conquistando cinco edições da Euroliga e 11 ligas nacionais, incluindo nove em sequência. Depois de um ano sabático, ele foi convencido pelo projeto intere$$ante do Fener a voltar para o torneio. Não foi o primeiro reencontro com o ex-time. Na campanha passada, a recepção foi das coisas mais impressionantes que já vi. Nesta quinta, a farra foi a mesma. O técnico sérvio agradeceu: ''Quero agradecer ao povo do Panathinaikos pelo modo como eles me trataram novamente hoje. É algo especial para mim estar aqui'', disse. Para, depois, começar a desancar sua equipe.

Obradovic em Atenas? Festa só para um lado

Obradovic em Atenas? Festa só para um lado

''Sinto vergonha da imagem deixada por meu time'', disse. ''É minha responsabilidade. Escolhi esses jogadores, e é meu trabalho. Tenho de mudar algumas coisas. Se vai ser possível, ou não, só o futuro vai dizer. Os torcedores estabeleceram um novo recorde de compras de carnês de ingressos na pré-temporada. Eles nos acompanham e realmente se importam com a equipe. O que posso dizer para eles agora?''

Uma observação: o Fener havia vencido suas duas primeiras partidas da chave. É o fim do mundo, né? (Risos.) Mas aí você checa a tabela da cada vez mais competitiva liga turca, e vê que lá eles também sofreram uma derrota em três rodadas, perdendo para o Royal Hali por 70 a 66. O Hali tem quatro americanos de ponta para os padrões europeus, mas foi uma zebra ainda assim. No caso do revés para o Panathinaikos, isso pode custar caro, com Olimpia Milano e Bayern de Munique fungando no cangote, também com ambiciosos planos.

Então, meus amigos, aqui estamos novamente. O Fener torrando aos montes, apostando num técnico legendário e um elenco totalmente abarrotado. O desafio parece ser o mesmo: convencer tantos atletas renovados a sacrificarem seus números, minutos, pontos em prol do time. Fazer a bola rodar mais, encontrando o melhor arremesso – já que opções não faltam. Enfim, transformar egos em um produto de basquete.

Os brasileiros
Marcelinho Huertas – no complicadíssimo Grupo C, o Barcelona teve nesta sexta-feira aquele que supostamente seria a partida mais fácil da chave: duelo com o Turow Zgorzelec, da Polônia, em casa. E foi isso mesmo: vitória por 86 a 67, com placar favorável em todos os quatro períodos. Titular absoluto, Huertas fez um pouco de tudo em quadra, em 26 minutos: 6 pontos (em dois disparos de três), 5 assistências, 6 rebotes e 2 roubos de bola. O ala-pivô Justin Doellman foi o cestinha, com 20 pontos em 25 minutos, para o clube catalão que, ao lado do CSKA, é o que faz a melhor largada na competição até agora.

Huertas pressiona na defesa: Barça larga bem

Huertas pressiona na defesa: Barça larga bem

JP Batista – o Limoges sofreu sua segunda derrota, ao cair por 75 a 69 em Málaga diante do Unicaja – um lugar no qual é muito difícil de se jogar. O pivô pernambucano somou 8 pontos, 5 rebotes e 4 assistências em 21 minutos, convertendo 4-8 arremessos de quadra. Melhor: sua participação foi decisiva nos principais momentos de sua equipe na partida. O campeão francês chegou a abrir seis pontos no início do segundo tempo, mas os anfitriões desembestaram a partir daí anotando 23 pontos contra apenas 2 dos adversários, abrindo vantagem de 13 pontos ao final do terceiro quarto. Na parcial final, resistiram a uma pressão dos visitantes.

JP, e seu tradicional semigancho no garrafão

JP, e seu tradicional semigancho no garrafão

Lembra dele?
Sasha Vujacic (Laboral Kutxa/Baskonia) Depois de destacarmos Andrew Goudelock aqui, na primeira rodada, agora é a vez de outro ex-jogador do Lakers, o ala-armador esloveno que, nos tempos (?) glórios foi inexplicavelmente apelidado de (?) ''A Máquina''. Vujacic, na verdade, virou uma figura cult em Los Angeles por todas as lendas ao seu redor, incentivadas por Phil Jackson, diga-se. Essa história de máquina tem a ver com o aproveitamento que tinha de quadra nos treinamentos. Segundo consta, era um verdadeiro leão de treinos. Não errava um arremesso. Na hora do jogo, as coisas mudavam um pouco, ainda que Sasha, ex-namorado de Maria Sharapova e tal, nunca tenha sido reconhecido como um cara tímido. Pelo contrário, como provou nas finais de 2010, convertendo lances livres importantíssimos no sétimo jogo contra o Celtics.

Vujacic, em dia de maquininha

Vujacic, em dia de maquininha

A verdade é que, em Los Angeles, num time bastante estruturado, com Kobe Bryant, Derek Fisher e outros veteranos tomando conta da posição, não sobrava muito espaço para o atleta que teve média de 14,3 minutos em sua carreira pelo Lakers. Em 2011, foi trocado para o então New Jersey Nets e teve muito mais tempo de quadra. No ano do lo(u)caute, voltou para a Europa, pelo Anadolu Efes. Na temporada passada, teve uma curtíssima passagem pelo Los Angeles Clippers. Agora, fechou com o clube basco, ocupando vaga aberta pela dispensa de Orlando Johnson (ex-Pacers e Kings).

Ele fez sua estreia na sexta-feira e ajudou numa dura vitória sobre o Galatassaray, por 91 a 90, em casa, com 13 de seus 14 pontos no primeiro tempo. O esloveno jogou  por 21 minutos, acertando 50% de seus arremessos de quadra, incluindo 3-6 em três pontos.  O herói de verdade da partida, no entanto, foi o pivô Colton Iverson, que anotou a cesta da vitória a menos de 3 segundos do fim. O pivô americano, que foi draftado pelo Boston Celtics no ano passado e vai para sua segunda temporada na Europa, anotou 17 pontos e pegou seis rebotes em 24 minutos.

Uma jogada: vejam essa combinação espetacular de pick-and-roll entre Jeremy Pargo e Alex Tyus…

São várias coisas para se tomar nota. Uma: reparem em como Tyus parte feito um animal em direção ao aro, depois de fazer o corta-luz. Duas: ele já sabe o que pode (vai?) acontecer. Três: você precisa acelerar, mesmo, cortar com intensidade. Quatro: o passe foi um tanto forte e muito alto. Cinco: o sujeito ainda faz o domínio e desce com essa machada para a cesta. Incrível, e eleita a melhor da semana.

Em números
1.000 –
mais uma semana, mais um registro histórico para Dimitris Diamantidis. O capitão do Panathinaikos ultrapassou a barreira das mil assistências em sua carreira (chegou a 1.009) nesta quinta, dando dez passes para cesta contra o Fener. Só para deixar claro: ele já era o recordista do torneio nesse fundamento. Veja um belo clipe editado pela Euroliga para celebrar a marca, de qualquer maneira:

92,3% – o pivô americano D'Or Fischer, do UNICS Kazan, acertou agora 12 de seus 13 arremessos. O que vale um aproveitamento de 92,3%. Nem Steve Kerr no lance livre conseguia algo assim. Nesta semana, o time russo, dos novos ricos do basquete europeu, venceu o Dínamo Sassari por 85 a 62, em casa. Fischer acertou seis em sete, terminando com 14 pontos e 9 rebotes em 22 minutos.

41 – Vassilis Spanoulis precisou jogar 41 minutos e mais 26 segundos para que seu Olympiakos vencesse o estreante e modesto Neptunas Klaipeda por 85 a  81, na prorrogação, fora de casa, após empate por 76 a 76 no tempo regular. O ídolo grego usou da melhor forma possível seu tempo de ação, com 34 pontos, 7 assistências, 5 rebotes e 11-21 nos arremessos, com direito a 6-11 nos arremessos de longa distância. Craque demais.

Vassilis Spanoulis, MVP da rodada. Sai da frente

Vassilis Spanoulis, MVP da rodada. Sai da frente

34 – foi o índice de eficiência atingido pelo americano Brian Randle na vitória do Maccabi sobre o Alba. Ele marcou 25 pontos em 29 minutos pelo time israelense, o vice-campeão da Copa Intercontinental. Além disso, foram cinco rebotes, três tocos e duas assistências, numa grande exibição, também bastante versátil. Será um cara importantíssimo nesse processo de reconstrução do time.

1,53 – a média de ponto por minuto do americano Jaycee Carroll, uma das muitas armas do Real Madrid, contra os novatos russos no Nizhny. Também com nacionalidade do Azerbaijão, numa dessas bizarrices do mercado da bola – e dos passaportes –, Carroll  barbarizou na quinta-feira, com 32 pontos em 21 minutos, acertando 7-9 de longa distância e 10-14 no geral.

Tuitando:

Cuma!?

O jornalista turco revela essa interessante negociação entre o clube espanhol e o gigante turco. O armador francês Thomas Heurtel se valorizou muito depois da Copa do Mundo e está em seu último ano de contrato. O Baskonia precisa de mais um atleta que crie mais oportunidades de cesta por conta própria, o perfil de Hickman. O problema é que o americano saiu do campeão Maccabi para ganhar uma fortuna em Istambul. Vamos acompanhar essa. O italiano Marco Crespi, técnico do atual Laboral Kutxa, já tem uma história de sucesso com Hickman. Os dois trabalharam juntos na Itália, ganhando uma Leaga Due pelo Scavolini Pesaro.

Quando o Real encaixa seu jogo, é isso, mesmo. Vem recorde por aí, devido ao ritmo da equipe, agredindo constantemente o adversário com atletas talentosos, velozes e um elenco bastante volumoso. Das 33 assistências, nove foram do MVP da edição 2013-2014, Sérgio Rodríguez, enquanto seus companheiros de seleção Rudy Fernández e Sérgio Llull terminaram, respectivamente, com seis e cinco.