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Guia olímpico 21: a seleção brasileira, as questões e os 12 jogadores
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Giancarlo Giampietro

A partir da definição dos 12 jogadores da seleção brasileira nesta quarta-feira, iniciamos aqui uma série sobre as equipes do torenio masculino das Olimpíadas do #Rio2016.

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– O grupo
Qualquer corte deve ser muito complicado para cada treinador, ainda mais para um cara como Rubén Magnano, que dá claro valor aos atletas que o acompanharam nos últimos anos pela seleção brasileira. Na hora de definir um grupo olímpico, em casa ainda, era para ser uma tremenda dor-de-cabeça.

Mas, devido a circunstâncias diversas, o sacrifício não foi tão grande. Inicialmente, o técnico pretendia convocar 16 jogadores. Cristiano Felício, porém, recusou, enquanto Tiago Splitter estava se recuperando de uma cirurgia nas costas. Depois, foi a vez de Vitor Faverani abortar a missão, devido a uma lesão no joelho, praticamente definindo o garrafão. Aí restou apenas um atleta para ser excluído. Ficou entre os armadores Rafael Luz e Larry Taylor. Sobrou para Taylor, com o anúncio nesta quarta-feira.

O americano de Bauru (ou seria brasileiro de Chicago) não fez a temporada que Mogi esperava. Teve alguns lampejos, mas lhe faltou a consistência de alguns anos atrás. Física e atleticamente ele não é mais o mesmo. Ainda marca bem, pressiona a bola, e talvez isso fosse o suficiente para um 12º homem. Mas é provável que Rafael dê conta disso da mesma maneira, sendo ainda mais alto e mais forte. Além disso, o ex-flamenguista tem um jogo mais cadenciado, faz a bola rodar mais, oferecendo algo de diferente para o time. Por fim, ainda é jovem e segue como um prospecto para a equipe para o futuro.

E aí que temos esses 12 caras aqui relacionados para o #Rio2016: Huertas, Raulzinho, Rafael, Benite, Leandrinho, Alex, Marquinhos, Giovannoni, Varejão, Hettsheimeir, Augusto e Nenê.

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– Rodagem
É um grupo de vasta experiência. Todos os atletas ou estão no exterior, ou já tiveram experiência significativa lá fora, seja na Europa ou nos Estados Unidos, incluindo os cinco que jogaram o último NBB (Rafael, Alex, Marquinhos, Givoannoni e Hettsheimeir, sendo que o armador já está de contrato assinado com o Baskonia, de volta ao basquete espanhol).

Não pensem que isso é uma coincidência. Uma das coisas evidentes que o convívio com o Magnano desde 2009 nos passa é que ele infelizmente não bota muitas fichas em atletas que disputam o campeonato nacional, ao passo que valoriza demais quem já passou um bom tempo nas principais ligas.

– Para acreditar
Não há nenhuma novidade aqui. Todos os 12 jogadores foram listados competiram por Magnano em pelo menos duas competições anteriores. Se, por um lado, o argentino talvez não estivesse tão disposto a dar chances ou a fazer apostas em gente mais nova, por outro temos como consequência o entrosamento de uma base, a despeito da eventual ausência de um ou outro atleta.

No final, a média de idade é de 30,3 anos, certamente uma das mais altas do torneio olímpico, se não a mais alta. Isso deveria valer para afastar o suposto fator “pressão”. É aquilo: quem joga em casa tem motivações adicionais, tem a torcida a seu favor, mas também precisa manipular essa turma a seu favor. Mesmo os jogadores mais jovens do time – Raulzinho, Rafael e Augusto – têm extensa quilometragem de basquete europeu e já vestiram muitas vezes a camisa da seleção para, em tese, não se impressionarem tanto assim.

Nos últimos dois grandes torneios, Olimpíada e Copa, a seleção jogou de igual para igual com grandes equipes, venceu times como França e Sérvia, e mostrou que dá para brigar.

– Questões
A que mais me preocupa, há um tempo já: se na hora de definir sua rotação, Magnano iria/vai priorizar nomes e currículos, em vez do que está acontecendo em quadra agora, em julho, agosto de 2016. Ao separar alguns veteranos do NBB para o Sul-Americano e fazer uma convocação enxuta, o argentino meio que deu uma resposta parcial. Que ficou ainda mais facilitada devido aos desfalques de Felício e Faverani. Ainda assim, entre os 12 que sobraram, pode haver um encontro de forças, entre jogadores em ascensão e estrelas em declínio. Como o argentino vai encarar esse choque natural é algo vital para as chances do grupo, pensando em produção dentro de quadra e química fora.

De 2012 (Londres) ou mesmo de 2014 (Copa do Mundo) para cá, o tempo que se passou aparentemente valeu mais do que quatro ou dois anos. Hã… Como assim? Calma, explico. Não se trata exatamente de uma aplicação da Teoria da Relatividade. Mas também não é apenas um mero exercício de se virar as folhinhas do calendário. Nesse período, muita coisa aconteceu em torno do núcleo central de Magnano. Foram anos intensos, por assim dizer, em termos de mudança. Peguem, por exemplo, nossos pivôs.

Houve um tempo em que Varejão e Nenê eram dois dos pivôs mais ágeis que a gente poderia encontrar por aí. Os dois grandalhões não têm a impulsão de um Dwight Howard ou um Anthony Davis, mas foram atletas bastante especiais quando no auge, devido à mobilidade e à agilidade fora do comum. Hoje, em 2016, já não é mais o caso, devido ao desgaste de longas, milionárias e vitoriosas carreiras de NBA, além do acúmulo de diversos problemas físicos.

Esse desgaste gera dilemas. A combinação da dupla de pivôs não me parece tão simples assim; quando foram lançados no início da década passada, a gente poderia imaginar Nenê e Varejão formando uma parceria que duraria anos e anos. Mais de 16 anos depois dos Goodwill Games na Austrália, cá estamos. Por diversas razões, essa combinação não foi realizada muitas vezes assim pela seleção. Não sei se é o caso de repeti-la agora, tanto por razões ofensivas como por defensivas.

No ataque, nenhum deles desenvolveu um chute de três pontos confiável, embora possam matar bolas de média distância tranquilamente. Isso interfere no espaçamento, podendo obstruir infiltrações dos armadores e dos alas. Há coisa de cinco, seis anos atrás, o dinamismo dos pivôs poderia compensar a falta de chute, desde que o sistema brasileiro não fosse modorrento e incentivasse a movimentação de todas as peças. Esse deslocamento está agora mais arrastado. O que, de novo, não é uma crítica: é apenas uma consequência natural do esporte.

Depois tem a defesa: se Nenê e Varejão foram premiados com tanta grana assim nos Estados Unidos, a capacidade de cada um deles de conter jogadas em pick-and-roll foi dos principais motivos para tanto. Os dois brasileiros eram casos raros de pivôs que poderiam aceitar a troca de marcação num corta-luz e lidar muito bem, obrigado, com esse teórico impasse. A movimentação lateral dos dois era quase implacável. O pick-and-roll vem sendo cada vez mais e mais utilizado mundo afora, especialmente quando as seleções não conseguem treinar tanto assim. Os dois serão inevitavelmente atacados a partir do perímetro, assim como acontecerá com Gasol na Espanha, Gobert na França, Cousins nos EUA etc. Como será o desempenho neste caso? Para Augusto Lima, para quem o acompanhou bem nos últimos anos de Liga ACB, isso não seria um problema.

De resto, para esse capítulo sozinho não tomar proporções bíblicas, vamos em pílulas: 1) a aposta ainda será na marcação alta, com abafa, e saída em velocidade em transição? 2) em meia quadra, a bola vai girar no ataque, certo? Tal como aconteceu no Pan. Ou vamos ver investidas óbvias e/ou forçadas como as da Copa América? 3) Magnano pensa em eventualmente usar Marquinhos como um stretch four, para ganhar em agilidade, mesmo que os demais alas da seleção não sejam tão altos assim, podendo o rebote ficar vulnerável?

>> OS ELEITOS

Marcelinho Huertas
Armador, 33 anos
Clube: Lakers
Torneios: Olimpíadas 2012; Copa do Mundo 2006, 2010, 2014; Copa Améria 2005, 07, 09, 11, 13; Sul-Americano 2004; Pan 2007.

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Magnano não escondeu sua preocupação com a situação que Huertas enfrentava em Los Angeles, perdido em meio ao caos da gestão Byron Scott. O armador não conseguia entrar em quadra, enquanto Lou Williams e Nick Young alienavam os atletas mais jovens e promissores do elenco. De março em diante, porém, para alívio do argentino, ele participou das últimas 21 partidas do time californiano, o que dá dois terços de uma temporada de Liga ACB, por exemplo. No final das contas, em termos de preparo físico, talvez o chá de cadeira que levou no início tenha vindo para o bem. Sua média ficou em 16,4 minutos.

Em sua primeira temporada de NBA, em meio aos grandes atletas da modalidade, o brasileiro ficou basicamente dentro do esperado. Visão de quadra não foi um problema para ele, se envolvendo em alguns highlights próprios com belas assistências – por mais que as redes sociais tenham valorizado muito mais os lances desfavoráveis. Huertas sabe ditar o ritmo de jogo e funciona muito mais no pick and roll ou em transição. Mas teve dificuldades para pontuar, indo poucas vezes ao lance livre e acertando apenas 26,2% dos tiros exteriores numa linha de três pontos mais distante. Por outro lado, quando se aproximou da cesta, usando seu clássico arremesso em flutuação, o brasileiro ao menos teve um aproveitamento de acordo com a média da liga. Na defesa, foi agressivo, mas vulnerável.

Veja suas estatísticas no mundo Fiba e na NBA.

Raulzinho
Armador, 24 anos
Clube: Utah Jazz
Torneios: Olimpíadas 2012; Copa do Mundo 2010, 2014; Copa América 2013; Sul-Americano 2014.

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Também um estreante na NBA, mas em estágio completamente diferente na carreira. A princípio, Raul chegaria a Salt Lake City para brigar por espaço na rotação. A lesão do australiano Dante Exum, porém, mudou tudo. Para surpresa geral, o calouro começou a temporada como titular. E não foi necessariamente devido ao seu senso de organização de jogo, mas, sim, por sua presença defensiva, que conquistou o técnico Quin Snyder, desbancando a decepção chamada Trey Burke.

Como armador, porém, o jogador não teve a oportunidade de se soltar muito. As ações do ataque do Jazz ficavam concentradas nos alas Gordon Hayward e Rodney Hood, com o brasileiro jogando afastado da bola. Ao menos cumpriu seu papel quando chamado, ao converter 39,5% de seus chutes de três e 44,4% de média para longa distância. No meio do campeonato, ainda assim, viu o clube contratar o competente, mas inexpressivo Shelvin Mack para assumir seu posto.

Na seleção, é de se esperar que sua criatividade com a bola será mais exigida. Depois de fazer boa Copa do Mundo em 2014, não competiu no ano passado pela equipe, naquela que poderia ser uma campanha de afirmação.

Veja suas estatísticas no mundo Fiba e na NBA

Rafael Luz
Armador, 24 anos
Clube: Baskonia/ESP (saindo do Flamengo)
Torneios: Copa América 2011, 13 e 15; Sul-Americano 2012 e 14; e Pan 2015.

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Se você for se apegar apenas aos VTs de melhores momentos, aos lances de Vine etc., dificilmente vai apreciar o que Rafael traz para a quadra, como um armador de jogo controlado no ataque e forte pegada defensiva, usando sua envergadura para causar impacto nas linhas defensivas e para pressionar o oponente. São características que justificam a escolha por ele, em detrimento de Larry. Como peça complementar, oferece algo a mais para Magnano, considerando que não deva ser um dos primeiros a sair do banco de reservas durante os Jogos.

Sua participação com a seleção na temporada passada deve ter sido decisiva também para sua manutenção no elenco olímpico. Confira um scout detalhado sobre o que o armador fez na conquista do ouro pan-americano. Foi muito bem como o condutor de um ataque poderoso.

Depois, a passagem pelo Flamengo foi de altos e baixos – como os duríssimos playoffs contra Mogi e Bauru mostraram –, talvez por jogar num time cujos preceitos táticos não lhe favoreciam tanto assim. Ainda assim, participou da conquista do NBB antes de receber boa oferta para defender um clube de ponta como o Baskonia, pela Euroliga e pela Liga ACB.

Veja suas estatísticas no mundo Fiba e pelo NBB

Vitor Benite
Armador, 26 anos
Clube: Murcia/ESP
Torneios: Copa América 2011, 13, 15; Pan 2015; Sul-Americano 2012, 14.

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A transição do NBB para a Liga ACB foi um tanto custosa a Benite, principalmente a serviço de um clube pequeno que se meteu a brigar por uma vaga nos playoffs espanhóis, o que seria uma façanha e tanto para o Murcia. Seu tempo de quadra basicamente flutuou de acordo com sua pontaria nos tiros exteriores. Quando teve bom aproveitamento, seus minutos dispararam. No geral, acertou 35% de seus disparos, o que não foi o suficiente para lhe dar mais que 17 minutos, na avaliação do ótimo técnico grego Fotios Katsikaris, que registrou as dificuldades de adaptação do atleta, tanto do ponto de vista defensivo como na tomada de decisões no ataque.

Ainda assim, os serviços prestados em 2015 lhe garantem um posto na seleção, quando foi o cestinha no Pan e na Copa América, sendo uma ameaça na linha perimetral. O importante é que ele entre com confiança e agressividade, sem pedir passagem, mas também ciente da melhor oportunidade para atacar.

Veja suas estatísticas pelo mundo Fiba e pela Liga ACB

Leandrinho
Ala, 33 anos
Clube: Phoenix Suns (saindo do Warriors)
Torneios: Olimpíadas 2012; Copa do Mundo 2002, 06, 10 e 14; Copa América 2003, 05, 07, 09; Pan 2003.

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O ligeirinho teve seus minutos limitados num timaço como o do Golden State Warriros. Ainda assim, quando foi chamado por Steve Kerr, correspondeu, quanto mais no momento mais crítico: a decisão da NBA. Jogou tão bem, com tanta confiança que o treinador foi justamente questionado por não lhe dar mais tempo de quadra no derradeiro Jogo 7 em Oakland.

Está aqui um cara que desafiou o Passar do Tempo. Aos 33, depois de uma cirurgia no joelho, Leandrinho segue como um dos caras mais velozes da NBA de uma ponta da quadra à outra. Também rende muito bem em cortes em linha reta para a cesta quando não precisa se esgueirar entre defensores, abusando da tabela com finalizações em arcos improváveis.

De todo modo, a cancha que ganhou em 13 anos de liga também não fez dele um melhor preparador, armador ou criador. Leandrinho ainda pode ser um pontuador de mão cheia, mas apenas em determinadas situações, sem que lhe deva ser entregue a bola em momentos de desespero, para que ele crie uma situação no mano mano, sem nenhuma jogada trabalhada – uma armadilha que ele assumiu, ou que lhe foi sugerida em diversas passagens pela seleção.

Veja suas estatísticas pelo mundo Fiba e pela NBA

Alex
Ala, 36 anos
Clube: Bauru
Torneios: Olimpíadas 2012; Copa do Mundo 2002, 06, 10, 14; Copa América 2003, 05, 07, 09, 11, 13; Pan 2003, 07; Sul-Americano 2003.

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Alex é o jogador mais velho da seleção, com três meses a mais que Giovannoni. Se for para se concentrar em vigor físico e capacidade atlética, porém, ninguém vai acreditar nisso. O condicionamento do veterano ainda é veterano. Pensem que, com 1,92m, ele ainda teve média de 5,0 rebotes na última temporada do NBB, que é basicamente aquela de sua carreira.

Também estamos falando ainda do melhor marcador individual do país ainda, dando conta de segurar toda sorte de oponente, incluindo alas-pivôs bem mais altos. Tudo isso é uma prova de sua seriedade, ou da notória “brabeza” pela qual é conhecido desde os tempos em que era uma revelação por Ribeirão Preto.

Em alguns aspectos, o Alex de hoje é bem melhor que o de dez anos atrás. Sua visão de jogo se aprimorou de acordo com o que se espera da idade, a ponto de ele se tornar efetivamente um segundo armador em quadra. Sem Ricardo Fischer, assumiu as rédeas do ataque do Bauru neste ano, e o time alcançou as decisões da liga nacional e da Liga das Américas novamente.

A ausência de Fischer – e do sistema espaçado e criativo de Guerrinha – só interferiu em seu arremesso de três pontos. Alex não sobrou mais tão inconteste no perímetro, e seu percentual caiu de 40,8% para 31,2%, que é basicamente o normal para ele. Esse chute pode fazer falta.

Veja suas estatísticas pelo mundo Fiba e pelo NBB

Marquinhos
Ala, 32 anos
Clube: Flamengo
Torneios: Olimpíadas 2012; Copa do Mundo 2010, 14; Copa América 2007, 11 e 15; Pan 2007.

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MVP de um NBB em ano em que a concorrência foi forte, livre de lesões, habituado a ser campeão pelo Flamengo, liderando a equipe em quadra… Por mais que Magnano não dê tanta abertura assim a atletas do campeonato brasileiro, acho que não há muita dúvida que, em termos de protagonismo e momento técnico, o ala se apresenta na melhor forma.

O veterano é hoje a melhor opção de criação brasileira, com opção tanto para finalizar como servir aos companheiros, sem egoísmo. É um ala alto e habilidoso, cujos fundamentos se impõem até mesmo em nível internacional. Se quisesse, Marquinhos poderia estar frequentando as grandes ligas europeias há anos. Mas fez suas escolhas, optando pelo conforto do lar, e talvez seja subestimado por isso.

Em momentos de aperto, vai aceitar assumir maior parcela de responsabilidade? É a hora para tal, em comparação aos últimos dois torneios, pelos quais invariavelmente deu um passo atrás, deixando as decisões para seus companheiros mais prestigiados. De todo modo, essa não é uma pregação para que o time seja de Marquinhos. A seleção só vai a algum lugar realmente se jogar bem coletivamente, assim como aconteceu em alguns momentos da Copa do Mundo, especialmente a partir da defesa. Na hora do aperto, porém, que o flamenguista pode ser mais bem explorado.

Veja suas estatísticas pelo mundo Fiba e pelo NBB

Guilherme Giovannoni
Ala-pivô, 36 anos
Clube: Brasília
Torneios: Olimpíadas 2012; Copa do Mundo 2002, 06, 10, 14; Copa América 2003, 05, 07, 09, 11, 13, 15; Pan 2003, 11.

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É uma pergunta que se escuta muito por aí: Guilherme ainda é jogador de seleção brasileira? Aos 36 anos, a resposta segue a mesma: sim.

Havia outros concorrentes para a posição, como Rafael Mineiro e Olivinha. Cada um deles poderia ser bastante valioso por características singulares: Mineiro é um excelente defensor em sua posição, com agilidade nos pés e verticalidade, enquanto Olivinha é o guerreiro que a torcida rubro-negro venera, daqueles que não desiste da bola nunca, botando em prática também sua inteligência para ajudar nesse tipo de empreitada.

Mas Giovannoni concede ao grupo uma habilidade que, como vimos até aqui, está em falta: arremesso. Algo, digamos, importante num jogo de basquete, certo? Chutadores nunca são demais. E o experiente ala-pivô converte 40,3% em sua carreira no NBB, chegando aos 42,9% na última temporada, assessorado pela dupla Fúlvio-Deryk.

Agora, não é que ele se reduza a isso. Acho curioso como o empenho de Olivinha pelos rebotes é justamente elogiado, mesmo com suas limitações atléticas, enquanto Giovannoni ainda segue dando duro nas duas tabelas e seja visto só como um gatilho. No basquete nacional, ao lado de Alex e Marquinhos, ele vem sendo um dos jogadores mais consistentemente produtivos.

Veja suas estatísticas pelo mundo Fiba e pelo NBB

Rafael Hettsheimeir
Pivô, 30 anos
Clube: Bauru
Torneios: Copa do Mundo 2014; Copa América 2005, 11, 13; Pan 2015; Sul-Americano 2014.

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A efetividade de Hettsheimeir hoje em jogos de alto nível está diretamente ligada à sua eficácia nos disparos de longa distância. O pivô até pode pontuar mais próximo da cesta com seu gancho de direita, mas, na atual configuração da seleção, este espaço estará ocupado.

Desde que passou a se dedicar ao fundamento com mais ênfase na Espanha, os resultados têm sido inconsistentes a serviço da seleção. Só lembrar o que aconteceu em 2014, quando o grandalhão arrebentou em jogos amistosos, mas foi anulado durante a Copa do Mundo. Rafael precisa de um certo espaço para matar. Durante a campanha do Pan, com ótima movimentação de bola, seu rendimento foi de 46,2% em mais de 5 tentativas por partida. Excelente. Magna o obviamente conta com esse chute em seu plano tático.

O problema está do outro lado, quando o pivô, forte que só, pode ser desafiado por alas-pivôs muito mais ágeis e flexíveis – enquanto pelo Bauru e pela seleção pan-americana, lhe restaram alguns “cincões” (ou qualquer coisa perto disso no atual cenário da modalidade), nas imediações do garrafão, tarefa para a qual está mais bem equipado.

Veja suas estatísticas pelo mundo Fiba aqui e aqui e pelo NBB

Anderson Varejão
Pivô, 33 anos
Clube: Golden State Warriors
Torneios: Olimpíadas 2012; Copa do Mundo 2002, 06, 10, 14; Copa América 2003, 05, 09; Pan 2003.

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Varejão é, para mim, a grande incógnita desse grupo, devido ao tempo bastante limitado de quadra que teve durante a temporada. Se teve seus momentos positivos na série contra OKC, seu desempenho no geral, pontuado pela última partida, não foi dos melhores. Pelo Jogo 7 das finais contra o Cavs, o capixaba parecia disposto tão somente a tentar cavar faltas, sem que a arbitragem caísse na sua, causando impacto lamentavelmente negativo para seu time.

Será que, depois de tantas dificuldades físicas e de saúde que enfrentou nos últimos cinco anos, restaram somente as artimanhas para o cabeleira? Seu corpo quebrou? Ou o que vimos por Cleveland e Golden State é apenas fruto dos minutos reduzidos, causando certa ferrugem? É o que estamos prestes a descobrir nas próximas semanas. Se estiver em forma, ninguém duvida do que Anderson pode entregar a uma equipe: domínio dos rebotes, flexibilidade defensiva, arremesso de média distância, boa movimentação ofensiva e passes espertos e precisos.

Se o Cavas não hesitou em dispensá-lo durante o campeonato, ao menos o Warriors agora concordou em contratá-lo por mais um ano, n numa prova de confiança do técnico Steve Kerr. Ficamos no aguardo ansiosamente por uma resposta positiva, então.

Veja suas estatísticas pelo mundo Fiba e pela NBA

Augusto Lima
Pivô, 24 anos
Clube: Real Madrid
Torneios: Copa América 2011, 15; Pan 2015; Sul-Americano 2012, 14.

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Augusto estourou pela seleção no ano passado, com um perfil muito semelhante ao de Anderson Varejão em diversos quesitos, como agilidade, empenho e feeling para os rebotes. É um finalizador mais atlético perto do aro, mas não passa tão bem a bola. Fazendo as contas, temos um ótimo contribuinte para anos e anos – e já preparado para receber seus minutos olímpicos. Em termos de marcação contra o pick-and-roll, é provavelmente a melhor opção de Magnano.

Em termos de ritmo de jogo, porém, sua temporada também sofreu um certo acidente. De tão bem que atuou pelo Murcia nas últimas campanhas, foi contratado neste ano pelo Real Madrid, time que certamente poderia usar todas as suas ferramentas defensivas. Em meio a Felipes Reyes, Gustavos Ayóns e Andrés Nocionis, não foi tão utilizado.

Pior: no mercado, a superpotência espanhola ainda contratou mais dois homens de garrafão (Anthony Randolph e Othello Hunter), de modo que o destino do brasileiro parece ser um empréstimo. Isso não quer dizer necessariamente que ele tenha desagradado. Talvez só não tenha recebido uma devida chance. Com milhões de euros para investir, o Real faz disso. Acontece com a equipe de futebol direto. A vantagem de Augusto é a sua juventude para a retomada de um condicionamento ideal para encarar uma Olimpíada.

Confira um scout detalhado do pivô depois de sua participação decisiva na conquista do ouro pan-americano.

Veja suas estatísticas pelo mundo Fiba e pela NBA

Nenê
Pivô, 33 anos
Clube: Houston Rockets (saindo do Wizards)
Torneios: Olimpíadas 2012; Copa do Mundo 2014; Copa América 2003, 07; Pan 2003.

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Por diversos anos, os semiganchos de Tiago Splitter foram uma espécie de bola de segurança da seleção. Já suas tramas no pick-and-roll com Huertas eram um verdadeiro carro-chefe. Além de sua liderança e serenidade, seus recursos técnicos são uma referência em quadra. Pois, num ato cruel, quis o destino que o catarinense não jogasse o torneio olímpico em casa.

Entra em cena Nenê. O pivô injustamente vaiado pela torcida antes de amistoso contra Chicago no Rio de Janeiro e perseguido por figuras como Oscar. A reposta pode vir agora – não que ele precise provar nada para ninguém. Sua carreira na NBA não foi a de um All-Star, mas foi de imenso sucesso, recompensado por dezenas de milhões de dólares. Somente as fossem as desafortunadas lesões e sua abordagem por vezes altruísta ao extremo o desviam de uma aclamação crítica.

Seu físico acaba se tornando hoje um dos fatores vitais para as pretensões da seleção. O grandalhão tem todos múltiplos recursos acima da média (munheca, força, arranque, bloqueio, passe e mãos e pés ágeis) para desafiar a maioria de seus adversários de garrafão, passando por Luis Scola e Jonas Valanciunas.

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Mercado da Divisão Pacífico: o Lakers ficou pequeno
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Giancarlo Giampietro

Para quem já leu o texto sobre a Divisão Central, pode pular os parágrafos abaixo, que estão repetidos. Só vale colar aqui novamente para o marujo de primeira viagem, como contexto ao que se vê de loucura por aí no mercado de agentes livres da NBA

Mozgov é imenso, mas não do tamanho do Lakers

Mozgov é imenso, mas não do tamanho do Lakers

As equipes da NBA já se comprometeram em pagar algo em torno de US$ 3 bilhões em novos contratos com os jogadores, desde o dia 1º de julho, quando o mercado de agentes livres foi aberto. Na real, juntos, os 30 clubes da liga já devem ter passado dessa marca. Cá entre nós: quando os caras chegam a uma cifra dessas, nem carece mais de ser tão preciso aqui. Para se ter uma ideia, na terça-feira passada, quarto dia de contratações, o gasto estava na média de US$ 9 mil por segundo.

É muita grana.

O orçamento da liga cresceu consideravelmente devido ao novo contrato de TV. O teto salarial subiu junto. Se, em 2014, o teto era de US$ 63 milhões, agora pode bater a marca de US$ 94 milhões. Um aumento de 50%. Então é natural que os contratos acertados a partir de 1o de julho sejam fomentados desta maneira.

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Vem daí o acordo acachapante fechado entre Mike Conley Jr. e Memphis Grizzlies, de US$ 152 milhões por cinco anos de duração, o maior já assinado na história. Na média anual, é também o mais caro da liga. O que não quer dizer que o clube o considere mais valioso que Durant e LeBron. É só que Robert Pera concordou em pagar ao armador o máximo que a franquia podia (no seu caso, com nove anos de carreira, 30% do teto salarial), de acordo com as novas regras do jogo.

Então é isto: não adianta ficar comparando o salário assinado em 2012 com os de agora. Se Stephen Curry, com US$ 12 milhões, ganha menos da metade de Conley, é por cruel e bem particular conjuntura. Quando o MVP definiu seu vínculo, estava ameaçado por lesões aparentemente crônicas e num contexto financeiro com limites muito mais apertados. Numa liga com toda a sua economia regulamentada, acontece.

O injusto não é Kent Bazemore e Evan Turner ganharem US$ 17 milhões anuais. O novo cenário oferece isso aos jogadores. O que bagunça a cabeça é o fato de que LeBron e afins não ganham muito mais do que essa dupla, justamente por estarem presos ao salário máximo. Esses caras estão amarrados de um modo que nunca vão ganhar aquilo que verdadeiramente merecem segundo as regras vigentes, embora haja boas sugestões para se driblar isso.

Feito esse registro, não significa que não exista mais o conceito de maus contratos. Claro que não. Alguns contratos absurdos já foram apalavrados. O Lakers está aí para comprovar isso. Durante a tarde de sexta-feira, recebi esta mensagem de um vice-presidente de um dos clubes do Oeste, envolvido ativamente em negociações: “Mozgov…  Turner…  Solomon… Sem palavras”. A nova economia da liga bagunça quem está por dentro também. As escorregadas têm a ver com grana, sim, mas pondo em conta o talento dos atletas, a forma como eles se encaixam no time, além da duração do contrato.

Então o que aconteceu de melhor até aqui?

Para constar: o blog ficou um pouco parado nas últimas semanas por motivo de frila, mas a conta do Twitter esteve bastante ativa (há muita coisa que entra lá que não vai se repetir aqui). De qualquer forma, também é preciso entender que, neste período de Draft e mercado aberto, a não ser que você possa processar informações como um robô de última geração como Kevin Pelton, do ESPN.com,  o recomendável não é sair escrevendo qualquer bobagem a cada anúncio do Wojnarowski no Vertical. Uma transação de um clube específico pode ser apenas o primeiro passo num movimento maior, mais planejado. A contratação de Rajon Rondo pelo Chicago Bulls no final de semana muda de figura quando o clube surpreende ao fechar com Dwyane Wade, por exemplo. No caso, fica ainda pior.

Agora, com mais de dez dias de mercado, muita coisa aconteceu, tendo sobrado poucos agentes livres que realmente podem fazer a diferença na temporada, deixando o momento mais propício para comentários:

– Golden State Warriors

Deu o que falar já

Deu o que falar já

Quem chegou: Zaza Pachulia, Patrick McCaw, Damian Jones, David West. Ah, e Kevin Durant.
Quem ficou: Ian Clark e James Michael-McAdoo.
Quem saiu: Andrew Bogut (Mavs), Harrison Barnes (Mavs), Leandrinho (Suns), Brandon Rush (Wolves), Festus Ezeli (Blazers) e Mareese Speights (Clippers).

Como vemos, o elenco do Warriors já não é mais o mesmo. E essas mudanças foram o suficiente para mudarmos tudo o que pensávamos sobre a NBA até o temporada passada. Ainda há muito o que escrever sobre a estarrecedora transferência de Kevin Durant para o clube, mas por ora ficamos com os dois textos já publicados por aqui, incluindo também o impacto que ele já causou e ainda pode causar na vida de muita gente da liga.

A partir do momento que ouviu o “sim” de Durant, o desafio do gerente geral Bob Myers era montar um elenco, pois a grana ficaria curta. Zaza Pachulia recebeu a exceção salarial de US$ 2,9 milhões. O pivô Damian Jones está preso à escala salarial dos calouros. Para o restante, só salários mínimos poderiam ser oferecidos. E aí reservas como Leandrinho, Rush e Speights foram embora.

Agora… vocês acham que isso é um drama? Os caras ainda têm Curry, Klay, Draymond, Iguodala e Livingston na rotação. Ria nervosamente, mas ria. Pachulia já representa uma boa ajuda, assim como David West. Jones certamente tem a presença física e atlética para dar cobertura a tantos craques e veteranos. A dúvida é saber se ele tem condições emocionais e psicológicas para contribuir em sua primeira temporada como profissional. Recuperando-se de lesão, o pivô ainda não jogou pela equipe de verão. Por outro lado, o ala McCaw vem causando ótima impressão em Las Vegas, como um cara versátil, inteligente e atlético que marca bem, arremessa e ainda é capaz de por a bola no chão para criar para os companheiros. Vale ficar de olho, mas pode ter sido um achado na segunda rodada.

Ainda restam duas vagas para serem preenchidas no elenco. É de se imaginar que a diretoria busque mais um pivô com perfil semelhante ao de Ezeli para completar a rotação interior e talvez mais um armador, dependendo de quem sobrar no mercado. Ou isso, ou os rumores em torno de Ray Allen poderiam se concretizar. O experiente chutador quer retomar sua carreira, tendo como alvo, além do Warriors, o Cavs, o Clippers e o Spurs.

– Los Angeles Clippers

Sonharam com Durant, terminaram com Mo Buckets

Sonharam com Durant, terminaram com Mo Buckets

Quem chegou: Marreese Speights, Brice Johnson, Diamond Stone e David Michineau (*).
Quem ficou: Jamal Crawford, Austin Rivers, Wesley Johnson e Luc-Richard Mbah a Moute.
Quem saiu: Jeff Green (Magic) e Cole Aldrich (Wolves).

Se fosse para apostar em qual seria o estado anímico de jogadores e Doc Rivers neste momento, acho que daria para arriscar “depressivo”. Porque se não bastasse o fim de campanha lamentável da equipe, com Paul e Griffin afastados, o clube ainda vê o Warriors se reforçar desta maneira, com um Kevin Durant que eles mesmo sonharam em contratar. Aí faz como?

 Com seu armador e seu principal homem de garrafão encaminhados para o mercado de agentes livres no ano que vem, será que não era a hora, então, de buscar novos rumos? O discurso de Rivers e seus esforços mostram que não. Que a franquia pretende manter seu núcleo e tentar mais uma vez. Vai que KD arrume confusão em Oakland? Vai que três dos quatro All-Stars do Warriors se lesionam. Vai que… Hã… Haja otimismo.

Sem Green e Matt Barnes, Doc agora precisa procurar, novamente, pelo quinto verão seguido, algum ala que possa ao menos tentar incomodar Durant na defesa. Wesley Johnson, por mais atlético que seja, não é a resposta aqui. Nem mesmo Mbah a Moute, que só seria alguém indicado para a missão uns cinco anos atrás, antes das lesões.

Além disso, o banco segue bastante duvidoso. Speights é uma boa opção para revezar com DeAndre Jordan, pensando no ataque, já que ajudaria a espaçar a quadra para o pick-and-roll de Paul e Griffin. Mas a defesa vai sentir horrores – muita gente pode ter aloprado Cole Aldrich durante sua carreira, mas o pivô havia se encaixado perfeitamente no time, nesse sentido. A segunda unidade vai depender muito de evolução interna de Austin Rivers e dos calouros Brice Johnson (extremamente atlético e mais preparado do que a média) e Diamond Stone (muito talentoso, mas como projeto de longo prazo). Já Michineau é um prospecto que não deve fazer a transição agora. Se é que algum dia isso vai acontecer. É limitado fisicamente, não pontua muito e foi uma surpresa no Draft.

– Los Angeles Lakers

Quando renovar com Jordan Clarkson é um dos poucos consolos

Quando renovar com Jordan Clarkson é um dos poucos consolos

Quem chegou: Brandon Ingram, Luol Deng, Timofey Mozgov, José Calderón e Ivica Zubac.
Quem ficou: Jordan Clarkson, Marcelinho Huertas e Tarik Black.
Quem saiu: Kobe Bryant (vida) e Roy Hibbert (Hornets).

Tá, vamos resolver logo de cara a frase polêmica do título: sim, o Los Angeles Lakers, a caminho da temporada 2016-17 da NBA, ficou pequeno. O torcedor mais orgulhoso que nos desculpe. Nada vai apagar a história construída por Mikan, West, Baylor, Wilt, Kareem, Magic, Worthy, Shaq, Kobe, Gasol e, claro, Artest, entre outros. A franquia ainda é uma marca global, que vale bilhões. Mas esse pacote todo não vale absolutamente nada nesta nova economia. Não quando o time vem das duas piores campanhas da história e tem uma gestão que não inspira nenhuma confiança.

Kevin Durant não precisa jogar e morar em Los Angeles para ser um dos atletas mais ricos e populares do mundo. Por isso, não se deu nem ao trabalho de marcar uma reunião com o clube neste feriado de 4 de julho, algo que aconteceu com o Boston Celtics. Ele não tinha interesse de ouvir nada que viesse de Kupchak e Buss. Nem com a possibilidade que o clube tinha de assinar dois jogadores de contratos máximos – que era o que o Celtics e o Thunder pretendiam, com Al Horford sendo o segundo alvo.

Durant não foi o único a fechar a porta na cara, a desligar o telefone abruptamente. Até mesmo o ex-cigano Hassan Whiteside os excluiu da lista de candidatos, assim como o próprio Horford. Um ala como Kent Bazemore preferiu renovar com o Atlanta por menos dinheiro. E vai saber quem mais os deixou do outro lado da linha numa espera interminável. (Para não falar do rolo com LaMarcus Aldridge no ano passado, quando Kupchak conseguiu marcar uma segunda reunião apenas para apagar um incêndio, já que, num primeiro encontro, os representantes do clube falaram muito mais sobre negócios, dinheiro do que de basquete.)

O que restou ao clube, então? Despejar dinheiro nos cofres de Timofey Mozgov e Luol Deng. O pivô recebeu 64 milhões por quatro anos. O ala, 72 milhões pelas mesmas quatro temporadas. Um baita estrago. O valor é exorbitante, sim, mesmo neste atual mercado.

Daqui a três anos, contrato de Luol Deng pode ser um fardo

Daqui a três anos, contrato de Luol Deng pode ser um fardo

No caso específico de Mozgov, não dá para entender a pressa em fechar o negócio. Uma vez que a franquia estava fora da pauta dos principais agentes livres, de que lhe interessa entrar na briga pelo segundo escalão, caindo em leilão, quando o preço fica mais inflacionado ainda? O acerto precoce com  russo – o primeiro de todo o ciclo de contratações da liga! –, com tantos pivôs disponíveis no mercado, é  de deixar qualquer observador mais imparcial perplexo. O grandalhão vai receber o dobro do que o Portland concordou em pagar para Festus Ezeli, em termos de salário anual. No pacote total, é quatro vezes mais. Sim, 400%. Sendo que Ezeli, por pior que tenha jogado nas finais, é muito mais jovem. E tem isso também: ele ao menos foi para a quadra, ao contrário do Mozgov.

Acreditem: o negócio fica ainda pior devido aos quatro anos de contratos para o pivô – e também para Deng. Hoje, friamente, o que o Lakers tem de positivo para apresentar ao seu torcedor? O fato de ter uma boa quantia de jovens atletas talentosos no elenco. Quase adolescentes. Em tese, daqui a três ou quatro anos, eles estarão prontos ou perto de ficarem prontos para voos maiores, se a comissão técnica liderada por Luke Walton conseguir desenvolvê-los adequadamente. Se for para o time voltar a ser relevante, essa me parece a única via, aliás. Supondo que aconteça, você realmente quer esses dois contratos enormes acompanhando Ingram, Russell, Randle e Clarkson? Deng, bastante desgastado por campanhas duríssimas com Thibs em Chicago, e Mozgov aos 34 anos, com capacidade atlética reduzida e problemas no joelho? Isso é inteligente?  Foram contratações visionárias? Se a produção despencar, como é natural esperar, os dois veteranos simplesmente vão obstruir o processo de reconstrução da equipe.

Além do mais, cabe também questionar se, mesmo num vácuo, ignorando valores e duração dos contratos, Deng e Mozgov são boas opções para o time agora. O sudanês-britânico e o russo, sejamos justos, servem desde já como figuras exemplares no vestiário, para ajudar a controlar e impulsionar a molecada. Em quadra, porém, há questões sérias.

Deng vem de boa temporada pelo Miami, mas jogando como ala-pivô aberto, fazendo a função de “stretch 4” a partir do momento em que Bosh foi afastado. Duas das peças promissoras do Lakers atendem por Julius Randle e Larry Nance Jr. Como Walton vai distribuir minutos? Agora, o maior problema é se o veterano foi contratado para navegar pelo perímetro — afinal, o primeiro alvo do clube foi Bazemore. Se for isso, mesmo, aí fica tudo mais duro de entender. Talvez não tenham estudado o veterano com tanta atenção assim. Em 2010, Deng era um dos alas mais competentes da liga, atacando e defendendo. O tempo passou e hoje ele já tem mais dificuldade para lidar com gente mais jovem e rápida. Quanto a Mozgov, a despeito de todas as ressalvas acima, considero bom jogador. O lance é que ele sofreu uma cirurgia no joelho em 2015, sendo que seu vigor físico, velocidade e explosão são seus principais recursos como jogador de NBA.

Em suma: pode ser um desastre. É uma diretoria sem rumo, pressionada, lembrando que Jim Buss está agindo sob um ultimato, tendo prometido colocar o clube nos trilhos até 2017.

De resto, no Draft, o clube teve uma jornada feliz. Por sorte, conseguiram manter a segunda escolha, para acolher um prospecto muito promissor como Ingram. Franzino que só, deve demorar um tempinho para que ele se firme como cestinha e defensor na liga. Mas é uma grande pedida. Na segunda rodada, o clube também pode ter conseguido um pivô de muito futuro com o croata Zubac, que é simplesmente fanático pelo clube. Também não dá para esperar que ele se imponha no garrafão para já, mas eventualmente o rapaz de 19 anos e 2,16m talvez já possa contribuir na segunda metade da temporada, dependendo o quanto ganhar de massa muscular.

Outra boa negociação foi a de Calderón. Por mais que o veterano seja redundante para um clube que já tem Huertas, ao menos o clube recebeu duas escolhas de segunda rodada de Draft para absorver seu contrato. É o tipo de ativo que pode ajudar em trocas futuras ou para que a franquia já consiga despachar Nick Young antes de o campeonato começar.

– Phoenix Suns
Quem chegou: Dragan Bender, Marquese Chriss, Tyler Ullis, Leandrinho e Jared Dudley.
Quem saiu: Mirza Teletovic (Bucks) e Jon Leuer (Pistons).

Bender: talento de ponta para crescer ao lado de Booker

Bender: talento de ponta para crescer ao lado de Booker

Robert Sarver tirou o pé. Depois de algumas campanhas frustrantes, que mantiveram o clube na loteria do Draft, o proprietário permitiu que o gerente geral Ryan McDonough agisse pensando no futuro, em vez de um oitavo lugar no Oeste. Aí entram em cena os calouros Bender e Chriss, que, ao lado do emergente Devin Booker, que está destruindo Las Vegas neste exato momento, representam uma esperança para uma franquia que não soube muito bem o que fazer nos últimos anos, perdida entre reconstrução e ambição.

Se os dois, escolhidos no top 10 do Draft, supostamente jogam na mesma posição, isso não é questão para agora – estão entre os mais jovens da liga, e vai levar tempo para que possam pensar em protagonismo na liga. Minha aposta é Bender, um jogador com muitos fundamentos, versatilidade e visão de quadra que pode ser brilhante. Chriss é um atleta de primeiro nível, mas com bagagem tática defasada – deve ficar um bom tempo na filial de D-League da franquia.

Para completar os novatos, McDonough foi atrás de dois veteranos que são bastante populares em Phoenix. Leandrinho e Dudley estão de volta para compor rotação, serem embaixadores fora do ginásio – numa cidade que tem se distanciado de sua equipe cada vez mais – e ainda contribuir para a adaptação dos mais jovens, aliviando um pouco a barra de um até então isolado Tyson Chandler. E ainda custaram pouco (US$ 30 milhões em três anos para Dudley, US$ 8 milhões para o brasileiro em dois anos, o segundo sendo opcional). Alex Len, Archie Goodwin e TJ Warren estão devidamente amparados, então. O quanto podem render ninguém sabe ainda. Falta consistência. Outra adição a esse núcleo jovem é o baixinho Ullis, um armador de verdade, que inicia bem sua trajetória pelas ligas de verão.

– Sacramento Kings

Papagiannis: mais uma decisão questionável de Divac

Papagiannis: mais uma decisão questionável de Divac

Quem chegou: Arron Afflalo, Matt Barnes, Garrett Temple, Anthony Tolliver, Georgios Papagiannis, Malachi Richardson, Skal Labissiere e Isaiah Cousins.
Quem saiu: Rajon Rondo (Bulls), Seth Curry (Mavs), Marco Belinelli (Hornets), Duje Dukan e Caron Butler.

 Segue a ciranda de Vivek Ranadive em Sacramento: ano novo, cara nova para o clube, agora apostando principalmente em veteranos de forte caráter e em pirulões, a comando do técnico Dave Joerger. Vlade Divac ao menos continua no comando do departamento de basquete, o que não é necessariamente uma boa notícia.

Em uma rara sequência de duas boas tacadas, o sérvio conseguiu orquestrar trocas com o Phoenix Suns e o Charlotte Hornets que transformaram Marco Belinelli e a oitava escolha do Draft em três seleções de primeira rodada, além de ter dado ao clube os direitos sobre Bogdan Bogdanovic. Legal. O problema é o  que ele fez a partir daí.

Ninguém entendeu muito bem quando o gerente geral elegeu o jovem Papagiannis em 13º, muito menos Boogie Cousins. A cotação do grego de 2,16m de altura estava subindo, é verdade, mas jamais foi visto pelos olheiros europeus como um candidato ao grupo dos 15 primeiros do Draft,  especialmente no atual contexto de uma liga que vem priorizando cada vez mais jogadores mais ágeis e flexíveis no garrafão. Por fim, no ano anterior, Divac já havia selecionado um pivô, Willie Cauley-Stein, que teve de brigar por espaço em uma rotação com Cousins e Kosta Koufos.

Com o jogador  tem apenas 19 anos, o gerente geral pode dizer que sua contratação não serve ao time para já, mas como um projeto de longo prazo. Essa tese, porém, não combina tanto com a urgência que a diretoria anuncia, tentando por fim a um jejum de dez anos sem playoff. Fato é que, se Koufos for trocado – os rumores dizem que ele e Rudy Gay estão sendo oferecidos NBA afora –, Papagiannis não estaria pronto para assumir seus minutos. O mesmo vale para o haitiano Labissiere, que, de jogador cotado ao primeiro lugar do recrutamento de novatos há um ano, quase caiu para a segunda rodada. O Sacramento tem estrutura hoje para desenvolver os dois pivôs ao mesmo tempo? A ver.

Entre os agentes livres, a expectativa é que o pacote com Afflalo, Barnes, Tolliver e Temple dê alguma estabilidade ao vestiário e ajudem na defesa e no espaçamento ofensivo, compondo um time mais sóbrio e coeso ao redor de Cousins. Eu não ficaria tão otimista assim.

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Virada inédita encerra maldição e ratifica LeBron entre os maiores
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Giancarlo Giampietro

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Todo Jogo 7, valendo título, é especial. Mas a partida deste domingo tinha isso e muito mais. Ao Golden State Warriors, estava sugerida a chance de concluir uma campanha única, depois das 73 vitórias pela temporada regular. Tivessem ganhado o bicampeonato, você só teria o Chicago Bulls de 1996 ao lado dos caras. Mas não aconteceu, porque LeBron James simplesmente não deixou.

O craque do Cavs fez mais um triple-double, deu um dos tocos mais espetaculares e importantes da história da NBA e liderou sua equipe numa vitória dramática por 93 a 89 em Oakland, para fechar levar esse papo de façanhas para o outro lado. Este Cavs se tornou o primeiro time das #NBAFinals a vencer uma série após ter ficado atrás no placar por 3 a 1. E também encerrou a tal da maldição esportiva que pairava pelas cidade, que não comemorava um título pelas grandes ligas americanas desde 1964.

Coube a LeBron por um fim nisso. Melhor desfecho hollywoodiano – e para o marketing da liga – ninguém poderia roteirizar. O veterano foi simplesmente devastador desde o Jogo 5 e terminou o confronto com médias desproporcionais de 29,7 pontos, 11,3 rebotes, 8,9 assistências, 2,3 tocos, 2,6 roubos e 49,4% nos arremesso, em incansáveis 42,0 minutos. No jogo decisivo, foram 27 pontos, 11 rebotes, 11 assistências em 47 minutos (!), mais duas roubadas e três tocos, o terceiro deles valendo provavelmente como a grande jogada da década. Ele foi uma força indestrutível dessa vez, por mais que defensores do nível de Andre Iguodala e Draymond Green se esforçassem em pará-lo. Toda a dificuldade que ele teve contra esses marcadores ficou esquecida em algum quarto ou saguão de embarque nestas idas e vindas pela decisão.

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Aos mesmos saudosistas que adoram menosprezar o que o Warriors fez durante todo o ano, vale também a mesma missiva em relação a LeBron: desistam. Num contexto histórico, esse comportamento tende a ser ridicularizado. Para ser sincero: independentemente do do resultado destas finais, James já, segundo meus botões, já estava ali no primeiríssimo escalão. Mas agora não há mais o que se ponderar aqui. Fato é que ele está entre os maiores.  A gente pode se perder entre posicionamento, naquele exercício fútil de sempre. E só, por mais que, nestes 13 anos de liga, aqui e ali, sua conduta extraquadra não tenha sido sempre das mais inspiradoras.

Aquele torcedor mais apegado ao astro – e que teve a paciência de acompanhar o blog nos últimos anos – sabe de toda as restrições aqui registradas nesse sentido. De como, com toda sua voracidade, ultrapassou alguns limites para o meu gosto. Se nos momentos difíceis coube a crítica, não dá para fugir do registro mais ou menos elogioso agora na festa. Se LBJ forçou a barra na construção desse Cavaliers, ao menos vê sua visão premiada, enfim, com as memórias de David Blatt ficando bem distantes. Com um dos All-Stars escolhidos a dedo por ele Kyrie Irving, fazendo a cesta da vitória – depois de ter jogado apenas uma partida na decisão do ano passado. E o outro, Kevin Love, ao menos se aliviando com seu melhor desempenho pelas finais neste domingo, com 9 pontos e 14 rebotes, ajudando a manter o time no jogo em um primeiro tempo perigoso. Com o ala-pivô em quadra, os visitantes tiveram saldo de 19 pontos.

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Irving marcou 26 pontos em 23 arremessos. Não foi a partida mais eficiente destes playoffs para ele. Também só deu uma assistência no jogo todo – o tipo de estatística que realmente tirou LeBron do sério durante a temporada, não nos esqueçamos. Mas ninguém vai falar nada, e nem deveria. Pois o solitário passe para a cesta tem a ver com a dinâmica adotada pelo Cavs como um todo. Aquela de dar a bola na mão do veterano na esmagadora maioria das posses de bola e de, sim, confiar nas investidas de um contra um de seu ‘armador’ para cima de Stephen Curry ou mesmo de Klay Thompson, que teve uma noite miserável. Se foram 23 arremessos para o jovem nascido em Melbourne, o 23º é aquele que já pode definir sua carreira.

No pedido de tempo de Lue, a gente não sabe qual foi a ordem. Vamos ver se os repórteres in loco vão extrair essa informação, aliás. Mas desconfio que a prioridade fosse realmente atacar quem quer que sobrasse com Curry. Que LeBron tenha permitido, louve-se. Pois lá foi Irving dançar para a frente do bi-MVP e partir para um chute de longa distância daqueles que o mundo todo do basquete poderia considerar “maluco”. Mas que nas mãos de alguém tão talentoso assim parece coisa simples, fácil. A bola caiu, e o Cavs tinha três pontos de vantagem.  O tipo de lance que Curry fez com toda a liga nas últimas duas temporadas, aliás. Na sua cara. Acontece, segue o jogo. Segue a NBA.

No caso, o jogo seguiu por mais duas posses de bola para o Warriors, com Curry levando para o pessoal. Mas dessa vez o armador do Warriors não conseguiu se desvencilhar dos marcadores e também não conseguiu a cesta ‘impossível’. Depois de um lance livre de LeBron, a equipe que teve o ataque mais poderoso da NBA desde 2014 falhou novamente. E aí James pôde desabar imediatamente em quadra, caindo em lágrimas comoventes, que, de novo, nenhum marqueteiro poderia instruir. Sua audaciosa promessa naquela carta publicada pela Sports Illustrated estava cumprida. Há quem especule que o craque possa estudar, em julho, mais uma reviravolta em sua carreira e eventualmente buscar um novo clube. Seria bizarro, mas muito menos cruel, depois de um título desses, derrubando o supostamente invencível Golden State.

O Warriors se despede da temporada com 88 vitórias. Ficou faltando realmente a de número 89, aquela que os livros históricos e seus grandes atletas realmente vão dizer que era a que importava. Depois de uma virada dessas, é de se perguntar se o proprietário Joe Lacob ainda acredita que seu clube está anos-luz distante da concorrência.

Muito do que levou a equipe californiana a sua segunda final consecutiva não funcionou neste domingo. A começar pelos Splash Brothers, novamente sufocados em seus zigue-zagues pelo perímetro. Curry e Thompson anotaram 31 pontos em 36 arremessos. Um horror. De longa distância, foram apenas 6-24 (25%). Não obstante, ainda cometeram sete turnovers. Um final de temporada decepcionante e melancólico, mas que diz muito sobre como o Cavs elevou seu jogo. Se Draymond Green os deixou na mão ao ser suspenso do Jogo 5, dessa vez os chutadores falharam com o ala-pivô, que somou 32 pontos, 15 rebotes e 9 assistências também em 47 minutos.

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Que Kerr tenha mantido Draymond em quadra por tanto tempo nos mostra o quão fundamental é o All-Star para este clube. Desta forma, o torcedor do Warriors poderia até levantar a mão e dizer que, numa realidade alternativa em que ele não tivesse estourado o limite de faltas flagrantes nos playoffs, a série não teria passado da quinta partida. Mas este “se” não existe. O acúmulo de infrações faz parte de todo o pacote de um jogador especial. Assim como, por mais que se possa reclamar de uma ou outra marcação no sexto jogo, Curry também se permitiu se perder com faltas desnecessárias que complicaram a equipe como um todo. Não era só o caso de abalar seu ataque, mas também de bagunçar com as rotações de Steve Kerr.

Por falar nisso, temos aí outros dois pontos que deram errado: o modo como o brilhante treinador manipulou suas peças num Jogo 7, um jogo de exceções, e também a forma como alguns de seus coadjuvantes (não) responderam em quadra. Comecemos por dois titulares inócuos: Festus Ezeli e Harrison Barnes, dupla cuja escalação no retorno ao segundo tempo pode ter custado o título. A equipe da casa tinha sete pontos de vantagem. Em 3min05s de jogo, o placar estava empatado.

Barnes, em determinado momento, antes de ser substituído, estava numa terrível sequência de 3-28 nos arremessos de quadra, metade deles sem contestação nenhuma por parte de Cleveland. Se voltou um pouco mais produtivo mais tarde, isso não apagou mais uma linha estatística paupérrima, de 10 pontos e 2 rebotes, com sete chutes errados em dez tentativas, em 29 minutos. O ala entrou numa espiral terrível, daquelas que pode bagunçar com toda uma carreira. Agente livre restrito a partir de julho, seu nome se torna desde já um dos mais intrigantes para o mercado de transações da liga.

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O nigeriano Ezeli, aliás, está no mesmo barco. Elevado ao posto de titular para fazer as vezes de Bogut, o pivô foi um desastre. Se, nos primeiros minutos, ainda segurou as pontas no centro da garrafão como âncora defensiva, seus sucessivos erros no ataque (0-4) e a inabilidade para dominar rebotes (apenas um em 11 minutos) foram um fardo. No primeiro jogo parelho da série, esse ‘desfalque’ saiu caro demais. Em defesa do pivô, vale lembrar apenas que ele passou por uma cirurgia no joelho neste campeonato.

E aí não deu para entender também as decisões do próprio Kerr. Em pleno quarto período, talvez querendo dar algum respiro a Barnes, o técnico julgou que voltar com o gigantão, uma segunda vez, era a melhor solução. Não deu para entender. Passou da fronteira do absurdo, especialmente quando LeBron passou a puxar o pivô para o perímetro para atacá-lo sem clemência. Quando Ezeli saiu substituído, o placar estava 89 a 89, é verdade. Mas poderia ter saldo positivo para um time que ficou com menos espaço para atacar.

Está certo também que, com Andrew Bogut afastado, Anderson Varejão não ajudou seu comandante. O brasileiro, num dos jogos mais importantes de sua carreira – com todo o conflito de emoções por ver o Cavs do outro lado –, foi muito mal em sua participação. Não há pachequismo que possa amenizar.  Em oito minutos, o capixaba basicamente só fez faltas: foram três, mostrando que a arbitragem estava preparada para lidar com suas artimanhas. Agora fica a pergunta: será que Dan Gilbert vai autorizar a entrega de um anel de campeão ao brasileiro?

Também não é pachequismo questionar Kerr pelos minutos reduzidos de Leandrinho nesta jornada. Quando o Warriors abriu sete pontos de vantagem ao final do primeiro tempo, estava lá, novamente, o ala-armador em quadra. Dessa vez o ligeirinho anotou apenas três pontos, mas porque só teve dois chutes em suas mãos também. Não dá para entender o excesso de confiança em Ezeli e a falta de, quando o assunto foi Leandrinho. O processo de toda uma temporada não pode ser descartado de uma hora para a outra. Mas aqui estamos falando de um Jogo 7. Hora de matar ou morrer, de priorizar o que estava dando certo de imediato.

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De qualquer forma, mesmo que seja inegável que Leandrinho estivesse rendendo muito mais que Barnes e Livingston, por exemplo, talvez o brasileiro não fosse mudar a história. Não quando os Splash Brothers pouco efetivos daquela maneira. Num cenário ideal, os dois astros ficariam o máximo possível em quadra para fazer a diferença. Não aconteceu nem mesmo com os dois recebendo, juntos, 15 minutos de descanso. Outra estratégia duvidosa. Kerr e sua fizeram um ótimo trabalho em controlar os minutos de seus principais jogadores, mesmo numa campanha de 73 vitórias. Se eles foram preservados em partidas em dezembro, janeiro e março, não era justamente para fazer um sacrifício num Jogo 7 destes?

Enfim, agora entrando em férias, há um bom material para os integrantes do clube se torturarem, tamanha a decepção pela derrota, num campeonato desses. É o tipo de dúvidas e reflexões que atormentaram LeBron por anos e anos. Em 2007, ele ainda era muito jovem, e seu Cavs era fraquíssimo. Depois, o Celtics de Pierce e Garnett virou um fantasma para ele, impedindo que ele voltasse à final até que se mudasse para South Beach, para ver diversos torcedores do clube de Ohio atear fogo em suas camisas. Em 2011, tão bem acompanhado por Wade e Bosh, a virada do Dallas foi dolorosa pacas. Em 2014, mais uma pancada. Em 2015, outra!

Entre tantas decepções, parece que os críticos tinham facilidade para esquecer os dois títulos que já havia ganhado. Mesmo quem os tivesse em conta, também era capaz de sair com aquela: “Só dois?”, desdenhando. De novo: boa parte desse sentimento se deve também a atitudes do craque também, como a promessa de uma dinastia em Miami. De qualquer forma, depois do que acabamos de testemunhar agora, esse rolo todo fica para trás, como anedota de um passado distante. Daqui para a frente, LeBron vai ser conhecido pela história da NBA como este do Cavs de 2016, o líder de uma virada inédita, com uma vitória num Jogo 7 fora de casa, sobre um time que parecia destinado ao panteão da liga. Um dos grandes. Ponto.

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LeBron volta a reinar, e Cavs vai ao Jogo 7 crendo em virada inédita
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Giancarlo Giampietro

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O Golden State Warriors fez uma vez. Por que o Cleveland Cavaliers também não pode?

Parece que já passou um século já, mas foi há questão de semanas apenas que os atuais campeões completaram uma virada incrível para cima do Oklahoma City Thunder pela decisão do Oeste, quando estava perdendo por 3 a 1. Pois é. Era a mesma desvantagem que o Cavs enfrentava pelas #NBAFinals, e cá estamos: após mais um massacre jogando em casa, triunfando por 115 a 101 nesta quinta-feira, o a série está empatada, caminhando para um sétimo jogo realmente proibido para cardíacos, como diria o outro, no domingo.

Primeiro foi um quarto arrasador para abrir os trabalhos, vencido por 31 a 11. Depois, teve a cabeça fria para lidar com duas reações dos perigosos visitantes. E aí veio um LeBron James soberano no segundo tempo, para marcar 41 pontos pelo segundo jogo seguido e fazendo de tudo em quadra. Após uma grande partida, sem dúvida, seu time chega a Oakland acreditando ser plenamente plausível sua missão de ser o primeiro time a sair do 3 a 1 contrário para levar o título.

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Além dos 41 pontos, foram 11 assistências, 8 rebotes, 4 roubos de bola e 3 tocos para LBJ, em 43 minutos, com um saldo de 26 pontos. Ele acertou 16 de 27 arremessos, com 3-6 no perímetro. Sozinho, ele conseguiu o mesmo número de passes para cesta, recuperações e bloqueios que os cinco titulares do Warriors somaram. Impressionante. Acho que, a não ser no caso de um dos Splash Brothers marcar 60 pontos na sétima partida, com vitória, não dá para imaginar um cenário em que o troféu de MVP da decisão não vá para o camisa 23. Nos últimos dois jogos, ele tem 82 pontos, 24 rebotes, 18 assistências, 7 roubos e 6 tocos, com 7-14 de longa distância, algo que faz toda a diferença.

A gente pode falar de “cabeça fria” para o Cavs, sem problema. Porque não é fácil manter a compostura quando um time como o Warriors vem para cima. Kevin Durant e Russell Westbrook que o digam. Mas o coração dos caras estava a mil, desde o tapinha inicial, com mil batimentos por segundo, mesmo, de tanta energia que levaram para quadra, como num repeteco do Jogo 3. Foram oito pontos seguidos, e não pararam por aí. Cesta após cesta, enquanto, do outro lado, fechavam a porta na cara de todos, permitindo apenas o moribundo Harrison Barnes arremessar.

Steve Kerr parou o jogo e, o pior: não havia nem mesmo um Andrew Bogut para substituir e uma “Escalação da Morte” para ativar. Na verdade, sem o pivô australiano, que não volta mais nesta temporada, o técnico já havia começado o duelo com seu melhor quinteto, que havia terminado as finais do ano passado com 42 pontos de saldo. Em seus primeiros minutos, essa escalação saiu perdendo por oito. Em nenhum momento, conseguiram assumir o controle da partida como a unidade que se tornou a mais temida da liga desde a decisão de 2015.

A primeira parcial terminou com placar de 31 a 11. Os 11 pontos do Warriors não eram só a pior marca da equipe nesta temporada em um quarto inicial como foi a pior de toda a história das finais na era de posse de bola cronometrada. Isso aconteceu com a receita básica de defesa + transição. Nos três jogos mais acelerados destas finais, o Cavs saiu vencedor, numa reviravolta muito interessante. O Cavs realmente marcou demais, especialmente na hora de contestar Klay Thompson, que não encontrava espaço nenhum para chutar e, frustrado, passou a se precipitar, e Draymond Green. Sim, ele estava de volta e, por um período que fosse, não fez diferença nenhuma no plano geral.

Green saiu com um saldo negativo de 12 pontos. Curry, com -11. Thompson, com -22. Foi feia a coisa. Eles foram dominados, por mais que tenham em duas ocasiões, nos segundo e terceiro períodos, encurtado seu déficit, para um só dígito, tendo posses de bola extra para encostar de vez. Mas não conseguiram. E não só pelos méritos de LeBron, que anotou 17 pontos no quarto final.

Curry se perdeu em faltas e perdeu a cabeça em sequência. Rara expulsão

Curry se perdeu em faltas e perdeu a cabeça em sequência. Rara expulsão

O Warriors, por conta, também cometeu erros tolos, para além dos chutes bizarros de Thompson. Os mais custosos foram as faltas, novamente, desnecessárias de Stephen Curry. O acúmulo o tirou de quadra cedo e depois o deixou em posição precária para marcar um cara como Kyrie Irving. E que, a 4min22s do fim, o levaram a uma rara exclusão, quando seu time perdia apenas por 12 pontos, algo que não acontecia desde dezembro de 2013. E, sim, 12 pontos entra na conta do “apenas” quando é o Warriors que está em quadra. Se a sexta falta foi bastante duvidosa, as outras cinco, não achei – para Kerr, foram três. O problema é maior por ser recorrente e por ter atrapalhado uma noite em que havia chegado a 30 pontos em 20 arremessos e 35 minutos. (Steph, aliás, converteu seis bolas de longa distância e quebrou o recorde de Danny Green numa série final. Como se estivesse valendo algo agora…)

FINAIS DA NBA
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>> Jogo 2: Não é só o Warriors 2 a 0. Mas como aconteceu
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Mais: Draymond suspenso. A festa do Warriors também?
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Mais: Convergência perfeita para o Cavs. É sustentável?

Ao seu lado, Thompson demorou quase 30 minutos para esquentar a mão. Fez estragos no terceiro período em mais uma investida preocupante do Warriors, que tornou a baixar seu déficit para um dígito, mas aí LeBron estancou tudo. O ala terminou com 25 pontos em 21 arremessos, e apenas 30% de acerto em 10 tentativas. Ao menos reencontrou o rumo da cesta para não voltar para casa tão perturbado assim.

O mesmo não pode ser dito sobre Harrison Barnes, que teve mais um jogo de doer, saindo zerado de quadra em oito arremessos. Ainda no quinteto inicial, Draymond Green ficou em oito pontos. Já Andre Iguodala sentiu um desconforto lombar logo no início da partida e se arrastou pela quadra. Recebeu tratamento especial quando era substituído, bateu o pé com a comissão técnica para seguir atuando e simplesmente não conseguiu ser efetivo. Marcou cinco pontos e deu três assistências. Produção muito baixa.

As mazelas dos atuais campeões não se limitaram ao seu poderoso, mas agora irregular ataque. Sua defesa permitiu novamente que o Cavs conseguisse ótimos índices de acerto, com 51,9% nos arremessos. Sofreram tanto nos tiros de longa distância (37%, com 10-27) como no garrafão, levando 42 pontos na zona pintada. Ao menos impediram que Thompson engolisse a tabela ofensiva, com muito suor de Draymond  – ainda assim, foram 15 pontos e 15 rebotes para o pivô canadense. No geral, o Cavs conseguiu oito rebotes na tábua do aversário.

A coisa seria ainda mais feia não fosse mais uma bela apresentação de Leandrinho. Um dos destaques pelo Jogo 1, o ala brasileiro entrou muito bem no segundo período, com firmeza, decidido, e anotou 14 pontos em 18 minutos, com 50% de acerto. O ligeirinho merece mais minutos na sétima partida, ainda mais se Barnes não retornar do Ártico. Anderson Varejão também teve boa participação e, na partilha dos minutos de Bogut,  deveria ter prioridade em relação a Ezeli. Não por serem convocados de Magnano. Mas pela produção recente, mesmo.

Ah, o Jogo 7… Vai demorar um tanto para chegar o domingo. Em sua entrevista, tentando manter a cabeça erguida, Kerr lembrou que foi para isso que eles detonaram na temporada regular: para ter o mando de quadra. Isso é fato. Ninguém vai tirar isso do Warriors, e o retrospecto é todo favorável aos anfitriões. Das 18 séries que acabaram na sétima partida, o time da casa saiu vencedor em 15 delas. Agora, o mesmo Warriors sabia que jogava contra os números ao aprontar para cima de OKC. Naquela ocasião, o Cavs estava descansando, tomando nota. Pelo fato de terem estendido o confronto, já foi uma proeza. Essa é apenas a terceira vez na história em que um time se recupera de uma derrota parcial por 3 a 1. O último havia sido o Lakers de 1966, para termos uma ideia. E nunca esse time chegou a completar a virada. Após duas grandes vitórias, podem ter certeza de que, na cabeça dos LeBrons, esse retrospecto não vai dizer nada.

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Não é apenas o 2 a 0 para o Warriors. Mas como aconteceu
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Giancarlo Giampietro

Draymond, o MVP da série em Oakland

Draymond, o MVP da série em Oakland

Depois de um jogo desses, as finais da NBA se tornam o conto de dois times. O Golden State Warriors exuberante, exultando confiança voltando a justificar todos os seus recordes e seu lugar na história, após triunfar por 110 a 77 pelo Jogo 2, neste domingo, e abrir 2 a 0 na série. Do outro lado, um Cleveland Cavaliers desmoralizado, em frangalhos, tendo que assimilar a surra que tomou e controlar seu vestiário para evitar uma autoimplosão.

LeBron James, Tyronn Lue e Kyrie Irving vão ter que pensar em muita coisa até esta segunda-feira de manhã, quando vão pegar o voo de volta para Ohio. E aí é usar o trajeto de retorno para pensar mais um pouco. Chegando lá, tem mais vídeo para analisar, muitas coisas para acertar nos treinos até quarta-feira. E talvez nem esse tempo todo seja suficiente? É a conclusão mais precipitada que a que poderíamos chegar após um segundo tempo chocante em Oakland, vencido por 58 a 33. Isso com Stephen Curry fora de quadra, devido ao excesso de faltas, quase tendo uma convulsão no banco de reservas de tanto vibrar e curtir cada jogada maravilhosa de seus companheiros.

Os Splash Brothers conseguiram fazer mais do que 20 pontos, juntos, mas não é que tenham chegado ao nível das apresentações que perturbaram o Oklahoma City Thunder na reta final do Oeste. Dessa vez Curry e Klay Thompson acumularam 35 pontos. Uma quantia que seria excelente para qualquer dupla do Philadelphia 76ers, mas que, falando de quem estamos falando, poderia ter sido atingida em um só quarto, se tanto. E a série está 2 a 0.

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O Cavs está contra a parede, precisando lidar com o fato de que, nas últimas 16 decisões da liga em que viu uma equipe com duas vitórias em duas partidas, esta equipe saiu campeã 15 vezes. O último clube a levar um tombo desses foi o Dallas Mavericks em 2006, contra o Miami. Na história, o aproveitamento é de 28 títulos em 31 finais nesse contexto.

Para tentar ser o quarto a buscar a virada, os campeões do Leste não precisam só corrigir uma defesa porosa, que, ao final de 96 minutos de basquete, não é capaz ainda de entender quais as rotações necessárias após se fazer uma dobra contra Curry ou Thompson. Não é apenas isso. Seu ataque também despencou perante uma defesa opressora do Warriors.

Steph se divertiu no banco. Mais uma vitória sem precisar de Curry brilhante

Steph se divertiu no banco. Mais uma vitória sem precisar de Curry brilhante

Os visitantes ficaram abaixo da crítica, ou dos 40% de aproveitamento nos arremessos novamente, com 51 erros em 79 tentativas (35,4%). Também foram mais 17 turnovers, contra 15 assistências. Kyrie Irving anotou apenas 10 pontos e converteu só 35,7%. Na série, está com 33,3%. Kevin Love tinha apenas 5 pontos em 21 minutos, até sair de quadra com sintomas de concussão. JR Smith e Channing Frye, aqueles que colocaram fogo nos playoffs do Leste, não estão produzindo nada também. Mas não é só o elenco de apoio que está em falta, ainda que devendo muito mais. LeBron James acumulou seus números, todos eles – os do bem (19 pontos, 9 assistências, 8 rebotes e 4 roubos de bola) e os do mal (10 arremessos desperdiçados em 17 tentativas e 7 turnovers).

Não vai adiantar LeBron carregar esse time das costas. Ele já fez isso no ano passado, e deu no que deu. Mais: não parece que o craque, hoje, esteja em condição de assumir uma tarefa hercúlea dessas. Andre Iguodala não sai do seu pé quando está em quadra. O Cavs pode forçar a troca defensiva, e Klay Thompson também está fazendo um bom trabalho em mano a mano. É aqui que faz falta o arremesso de longa distância para LBJ. As opções estão limitadas. Ele tem de abaixar a cabeça (metaforicamente ou não) e atacar, tentar ganhar terreno com os músculos. Funciona em uma sequência ou outra, mas, no geral, o Warriors vem fazendo ajustes, sabendo como tirá-lo dos trilhos. Esse parágrafo, nos próximos dias até o Jogo 3, vai ter de ganhar seu próprio espaço como um artigo mais abrangente.

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Mais: Leandrinho voltou a ser um vulto. Na melhor hora

Pelo Warriors, já citamos com os Splash Brothers não passaram dos 40 pontos, e ainda assim a equipe californiana chegou a 110 pontos, com um extenso gargabe time no quarto final. Como? Bem, começa com um Draymond Green impossível, em sua versão cestinha desta feita, com 28 pontos em 34 minutos e 20 arremessos, com cinco chutes de longa distância convertidos. Como o jogador completíssimo que se tornou – é craque, sim –, ainda contribuiu com sete rebotes e cinco assistências. Passados oito quartos de finais, deve ser o favorito ao prêmio de MVP das finais.

Mas teve mais, como 26 assistências. Dos 12 jogadores utilizados por Steve Kerr nesta noite, só Brandon Rush não pontuou. Leandrinho foi mais uma vez fogoso que só e oportunista, para chegar aos 10 pontos, depois de converter seus cinco primeiros arremessos. O ligeirinho estava com 10-10 na série, até então, até errar os últimos dois chutes. Andre Iguodala, Shaun Livingston e até Ian Clark, no garbage time, somaram 7 pontos. Por aí foram, rumo 54,3% de quadra e 45,5% de três, com 15 conversões. Só Varejão não participou.

Talvez nem precisasse de tantos pontos assim. Quer dizer: obviamente não precisava – não quando seu adversário parou em 77. Mesmo que o Cavs tivesse acertado dois ou três chutes a mais, não teria feito diferença nenhuma, assim como seus 20 turnovers.  Aí Steve Kerr está mais do que certo em dizer, a cada entrevista, que o sucesso nessas duas primeiras partidas se deve a sua defesa. Com agressividade, esforço e consciência, de quem precisa ser contestado, de quem pode cortar para um lado e para o outro, não. Seu time seclassificou para a final com uma herança bendita entregue por OKC. Kevin Durant, Russell Westbrook, Steven Adams & Cia. testaram esses caras ao limite. Depois do sufoco que passaram, acuados, espremidos em quadra, tudo parece um pouco mais fácil.

Estaria David Blatt acompanhando tudo? No ano passado, a equipe voltou para Cleveland com um empate de 1 a 1, sendo que sua derrota aconteceu na prorrogação, em mais um daqueles últimos suspiros do Warriors, evitando a derrota certa. Ficaram muito perto de ver esse placar geral de 2 a 0 a seu favor.  Agora, não são apenas duas derrotas, mas 48 pontos de desvantagem em dois jogos, com todos tentando entender o que aconteceu

Em sua coletiva, ao menos, LeBron assumiu sua parte, seus erros. Não teve dedo apontado para Irving, reservas, Blatt, nem nada. É o primeiro passo para o Cleveland tentar uma reação. Em sua jornada pelo Leste, sempre foram seus inimigos mais perigosos. Nas três primeiras rodadas dos playoffs, não foi problema nenhum. Tem de ver se a fogueira de vaidades não vai se acender. É tudo de que não precisam agora, já que estão enfrentando muito mais do que qualquer adversidade interna. Tem um timaço na oposição, se havia dúvida ainda.

Ao final do Jogo 2, em 2015, a Oracle Arena não estava tão festiva assim

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Leandrinho voltou a ser um vulto em quadra. Na melhor hora
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Giancarlo Giampietro

Leandro Barbosa, Warriors, Game 1, NBA Finals

Antes de se mandar para New Orleans, Alvin Gentry havia nos dito como Leandrinho era uma figura importante no vestiário do Golden State Warriors. Ethan Sherwood Strauss, setorista do Warriors para o ESPN.com, também fez um perfil nesse sentido, falando sobre como o ala é adorado pelos seus companheiros, de como, numa temporada longa como a da NBA, faz bem ter um boa praça desses por perto, para desanuviar o ambiente em tempos mais tensos – se é que a coisa fica tensa para este timaço. Quando víamos Stephen Curry ensaiar, na lateral da quadra, passos que, talvez, em sua cabeça, parecessem os de samba, depois de uma cesta do brasileiro, era a confirmação visual de tudo isso.

Esse expediente não seria novo. É só pensar nos elencos do hexacampeonato do Chicago Bulls nos anos 90 e pinçar os anciões que se sentavam lá no final do banco. James Edwards, Robert Parish, Bill Wennington, mesmo. Jack Haley, John Salley… São vários personagens escolhidos a dedo por Jerry Krause e/ou Phil Jackson como ombro amigo, figuras sóbrias, que já haviam visto de tudo pela liga e davam uma força para os treinadores, ajudavam na condução dos negócios, digamos. O papel que cabe a um Kendrick Perkins ou um Nazr Mohammed hoje, por exemplo.

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Na quinta-feira, porém, pela abertura das finais da NBA, Leandrinho mostrou que tem mais o que oferecer para os atuais campeões do que a simpatia, o humor e a harmonia interna. Para um reserva, com 11 pontos em 11 minutos, acertando todos os cinco arremessos, viveu uma noite perfeita numa noite em que os Splash Brothers não jogaram nada, sendo fundamental na vitória sobre o Cleveland Cavaliers.

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Foi uma jornada como a dos bons e, glup!, já velhos tempos de Brazilian Blur, o Vulto Brasileiro, quando “Barbosa” estava construindo sua fama pelo inesquecível Phoenix Suns de Nash, Marion, Stoudemire, D’Antoni e, principalmente, de Sete Segundos ou Menos. Naquele tempo, antes mesmo de Russell Westbrook, Derrick Rose e John Wall entrarem na liga, era difícil encontrar jogador mais veloz.

Lembro sempre de uma manhã na redação do UOL Esporte, ‘abrindo’ o site – quando chegam os primeiros redatores caçando as primeiras notícias –, e sempre haveria um relato da NBA para se fazer. E teve um jogo desses entre Suns e Houston Rockets em que o cara arrebentou. Tracy McGrady, do outro lado, estava maravilhado. Na tentativa de qualificar o brasileiro, o astro o chamou de “Speedy Gonzalez”, que, vocês sabem, é o Ligeirinho na adaptação do desenho por aqui. Foi antes de “Brazilian Blur” ser oficializado. Valeu, T-Mac. Desde então, “ligeirinho”, em caixa baixa, virou adjetivo obrigatório para mim na hora de escrever qualquer texto sobre Leandrinho.

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Como Matthew Dellavedova pôde ver, o ala ainda tem, sim, arranque para pontuar nos grandes jogos. É só ver na sequência de clipes abaixo do texto. Foram algumas infiltrações completamente insanas, nas quais voltou a mostrar sua habilidade para encontrar ângulos improváveis para a finalização. Fazia tempo, confesso, que não via dessas bolas um tanto malucas, mas que funcionaram durante toda a sua carreira. Muito provavelmente em um desses lances, aliás, sentiu algum desconforto nas costas, que o obrigou a ir ao vestiário mais cedo para ser examinado. Por sorte, dele, de Kerr e dos Splash Brothers, não era nada grave.

Para cima de Delly

Para cima de Delly

“LB foi ótimo. Ele ainda é muito rápido. Talvez não tão rápido como era cinco anos atrás, mas ainda é um cara que adora correr para cima e para baixo. Ele entrou e nos deu uma grande força”, disse Steve Kerr, que foi seu gerente geral em Phoenix. “Conseguiu algumas bandejas de primeira, umas bandejas difíceis, e embalou. E aí ele fez aquela de três na zona morta. Simplesmente teve um jogo excelente. Com 11 pontos em 11 minutos e meio, dá para dizer que foi uma produção bem boa.”

Em toda a temporada, Leandrinho passou da marca de 10 pontos em 12 partidas apenas (?). Ele não chegava a dígitos duplos há quase dois meses. A última havia sido no dia 3 de abril, com 13 pontos em vitória sobre o Portland Trail Blazers, por 136 a 111, com seis cestas em oito tentativas e 23 minutos de ação. Seu recorde no campeonato foi de 21 pontos sobre o Suns, claro, no dia 27 de novembro, com oito cestas em nove tentativas, também ficando 23 minutos em quadra em triunfo por 135 a 116.

Reparem nos minutos e nos placares. Foram duas das tantas surras que o Warriors aplicou durante a temporada, abrindo espaço para a entrada e produção de seus reservas. Bem diferente de um Jogo 1 das #NBAFinals. Quem imaginava? Talvez nem Kerr, ainda mais quando ele havia feito apenas 14 pontos no total contra OKC pelas finais do Oeste. No final, fez os mesmos 11 pontos de Curry e dois a mais que Thompson.

LeBron James também não estava contando com isso. Quando Leandrinho acertou um chute em flutuação e elevou a vantagem do Warriors para 14 pontos nos dois primeiros minutos do quarto período, o craque do Cavs estava preparado para voltar ao jogo e sorria nervosamente, talvez incrédulo. Pois, Leandrinho, sozinho, havia superado todos os reservas de Cleveland em pontuação. Depois,  para variar, James detonaria a segunda unidade de seu time (caras que têm jogado tão tem o campeonato inteiro, diga-se), afirmando ser “inadmissível” que o banco do Warriors tenha vencido o embate por 45 a 10. “Quando isso acontece e você ainda cede 25 pontos em 17 turnovers, não importa o que alguém faça ou deixe de fazer, vai ser difícil vencer, especialmente fora de casa. “Não importa o que você faz com Steph, Klay ou Draymond. Permita 45 pontos ao banco e 25 pontos via turnovers, na estrada, e você não tem um bom ingrediente para vencer.”

Essa sequência arrasadora do Golden State foi propulsionada por Leandrinho, Shaun Livingston (um dos nomes do jogo), Andre Iguodala (taí o outro nome da partida…) e dois titulares: Draymond e Harrison Barnes. Uma formação alternativa de seus quintetos mais baixos, sem Festus Ezeli ou Marreese Speights para acompanhar os demais reservas. Mais uma boa cartada de Kerr, que não perdeu a confiança em seus suplentes, mesmo quando sua equipe enfrentava tamanha pressão contra OKC. “Ele vai muito bem na hora de sentir nossa temperatura e encontrar quais são os duelos favoráveis para nós e nos colocar em uma posição em que possamos brilhar”, afirmou Livingston, sobre o técnico.

No caso do ligeirinho brasileiro, o duelo nem era tão favorável assim. Dellavedova é uma desgraça (em muitos sentidos…) quando persegue alguém. Só ficou complicado para o australiano correr atrás de um vulto. Se, por acaso, o tivesse atingido, aí teria de se ver com furiosos oponentes. No banco do Warriors, melhor não mexer com Leandrinho.

*   *   *

Aqui estão as cinco cestas de quadra do ala, numa cortesia do Coach Nurse, do BBALLBREAKDOWN, estrela do Twitter em noite de grandes partidas.  Vocês têm de seguir o cara.

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Leandrinho! Livingston! É a final da NBA com reservas ditando o jogo
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Giancarlo Giampietro

(Atualizado às 9h)

Shaun Livingston=Curry e Thompson, por uma noite

Shaun Livingston = Curry e Thompson, por uma noite

Ok, podem falar, sabichões: todo mundo sabia que, com LeBron James, Stephen Curry, Klay Thompson, Kyrie Irving e Kevin Love em quadra, o Jogo 1 das finais da NBA seria decidido por Shaun Livingston e Leandrinho. Estava óbvio isso. Não adianta ficar se gabando por aí na reunião de trabalho ou no balcão da padaria.

(…)

Pois é. Tivemos uma noite de quinta-feira de subversão com o Golden State Warriors vencendo o Cleveland Cavaliers por 104 a 89, em casa. Na qual Shaun Livingston, sozinho, marcou o mesmo número de pontos dos Splash Brothers: 20. Sim, o Warriors venceu um jogo totalmente estranho de #NBAFinals em Curry e Thompson acertaram apenas 8 de 27 arremessos em conjunto. Graças a uma grande atuação defensiva e à contribuição decisiva da segunda unidade de Steve Kerr no quarto período.

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Depois de sofrer contra Dion Waiters (!) pela final do Oeste, Livingston retomou a boa forma da temporada regular e acertou praticamente tudo o que tentou da sua zona preferida de quadra, à meia distância (80%, com 8-10). Leandrinho também botou fogo no jogo ao converter todos os seus cinco arremessos e terminar com 11 pontos em 11min25s, numa média incrível. O brasileiro acertou chutes em flutuação, de média e longa distância e até contestado pelo árbitro Kenny Mauer (abaixo). Foi uma de suas melhores apresentações em muito tempo, na melhor hora. Ruben Magnano tomou nota. Os dois certamente não sentem falta dos braços enormes dos atletas de OKC ao redor na contenção.

No geral, os reservas do Warriors marcaram 45 pontos contra 10 dos suplentes do Cavs, a maior diferença em uma partida pelas finais em 50 anos. Sim, Leandrinho, por conta própria, marcou um ponto a mais que a concorrência. Ainda nessa linha bizarra de estatísticas, Curry e Thompson não constaram nem entre os quatro cestinhas do Golden State nesta noite, com Draymond Green (16 pontos),  Harrison Barnes (13) e Andre Iguodala (12) à frente. Curry anotou 12, empatando com o ligeirinho brasileiro. Klay parou nos 9. Sem os chutadores em quadra, foram 11 minutos de jogo para o Warriors e 12 cestas em 17 chutes, com 12 pontos de saldo.

“Temos falado sobre a profundidade de nosso elenco pelos últimos dois anos. Nós contamos com um monte de pessoas. Usamos um monte de pessoas, e sentimos que temos muito talento no banco que pode entrar e pontuar quando precisamos. Então foi um grande sinal que possamos vencer nas finais sem que nossos dois caras tenham grandes jogos. Mas não é realmente tão surpreendente assim para nós. Esse tem sido o nosso time por dois anos”, afirmou Kerr, que realmente tirou essa lição de suas experiências com Phil Jackson e, principalmente, Gregg Popovich.

Desta forma, os atuais campeões se tornaram a primeira equipe desde o Detroit Pistons de 2005 a ter sete atletas a ter sete atletas com 10 ou mais pontos em uma partida pelas finais. Irônico isso, considerando que o Detroit é reconhecido como a exceção da regra da liga, como um time que se sagrou campeão sem uma superestrela (no ano anterior, diga-se).

Claro que o Warriors não seria grande coisa sem Steph Curry. Mas o time não vive só dos arremessos e jogadas maravilhosas do armador, isso está claro. Que o diga Andre Iguodala, que teve mais uma dessas atuações que tende a ficar em segundo plano na manchete, mas que talvez tenha sido ainda mais importante.

Leandrinho fez um ponto por minuto

Leandrinho fez um ponto por minuto

 Não é por acaso que o ala tenha saído de quadra com o maior saldo de pontos da noite, com +22, um pouco acima se Livingston (+20) e Green (+18), que também fez uma bela exibição. O veterano cuidou de LeBron James do jeito que dá. O craque do Cavs quase acumulou um triple-double (23 pontos, 12 rebotes e 9 assistências em 21 arremessos e quase 41 minutos). Mesmo se tivesse alcançado a marca lindona com mais um passe para a cesta, seria basicamente um ouro de tolo. Na hora em que o jogo desandou, Iggy estava lá para importunar. Ele terminou 22 posses de bola como o marcador de LeBron, e o astro do Cavs tentou apenas dois arremessos nessas ocasiões, acertando um. Do outro lado, ainda deu 6 assistências. Você põe na balança os sete rebotes também, e entende como é possível um reserva ser eleito o MVP das finais.

Em tempo: acho que Matthew Dellavedova enfim descobriu que, com Iguodala, não é para mexer. O australiano, cujo fã-clube conta com minha inscrição, exagerou, digamos, em sua competitividade ao dar um soco nas partes baixas do ala, no terceiro período, iniciando, quase sem querer, uma arrancada dos campeões do Oeste. “Temos alguns caras que têm de jogar um pouco sujo e fisicamente para ganhar a vida com isso e alimentar a família. Então tenho de respeitar isso”, ironizou o ala do Warriors.

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>> Relembre como foi a vitória do Warriors em 2015

Em que pese a atuação firme de Iguodala, LeBron foi um tanto passivo na noite, é verdade, além de também ter ido mal em duelos com Draymond Green, contra quem só acertou um de sete arremessos. Dava a impressão de que a prioridade de LBJ era inserir Kyrie Irving e Kevin Love se primeira na série, dada a expectativa gerada pela participação de ambos, devido à ausência do ano passado. Compreensível, aliás. Nenhum dos cestinhas foi bem. Irving liderou o jogo com 26 pontos, mas errou 15 de 22 arremessos e teve nove possas de bola em que o time inteiro o viu cruzar a linha de quadra e arremessar, sem efetuar sequer um passe. Compensou tanto aro, tanto bico, em tese, ao matar 11 lances livres. Já Love fez 17 pontos em 17 arremessos, pegou 12 rebotes e não conseguiu punir a defesa do Warriors quando marcado por atletas mais baixos no garrafão. Em suma: dá para visualizar um camisa 23 mais agressivo no domingo.

Do outro lado, não sei bem o que aconteceu. Os Splash Brothers não jogaram absolutamente nada, e, sinceramente, não dá para apontar um grande mérito da defesa do Cavs. Não é que tenham oferecido mais resistência do que OKC apresentou pela final do Oeste. Se foi ressaca, salto alto, distração, só eles vão saber dizer.

O que limpa a barra da dupla é que o Warriors como um todo defendeu muito mais, o que não é novidade. Os visitantes cometeram 17 turnovers e só acertaram 38,1% dos arremessos e 33,3% de fora. As panes que o Cavs têm na hora de marcar são o suficiente para que sejam punidos até mesmo pelos reservas do Warriors. São muitos lapsos em trocas de marcação que deixam os oponentes na cara da cesta. Isso tem a ver com sistema de um e a falta de para o outro. Cleveland vai ter de marcar muito mais se quiser conquistar o primeiro título da história da cidade na liga.

Tudo vermelho (ou quase) para o Cavs na abertura das finais

Tudo vermelho (ou quase) para o Cavs na abertura das finais

Em seu camarote, cercado por milionários do Vale do Silício, o proprietário do Warriors, Joe Lacob, após sua desastrada bravata à revista do New York Times, deve ter sorrido, nervosamente. Não deixa de ser um testemunho sobre a cultura vencedora propagada pelo clube. Mérito aqui também especialmente para Kerr, pela confiança no elenco mesmo nas horas de maior aperto.

O Cavs desperdiçou uma grande chance. Mas foi apenas o Jogo 1, e bizarro. No qual os técnicos foram conservadores em suas escalações, respeitando basicamenteas rotações da temporada regular. No qual os atletas pareciam se testar por muito tempo – por mais que estudem o oponente em detalhes, há muitas teorias que só vão ser comprovadas em quadra, mesmo. No qual o Warriors sempre esteve no controle, com exceção daquele momento em que no terceiro período em que a apatia de seus titulares levou Kerr a um ato de fúria, quebrando prancheta com uma investida que deixaria o mestre Pai Mei orgulhoso. E, por fim, no qual não teve bombardeio de três, com ambos os times chutando abaixo de sua tórrida média dos mata-matas: apenas 16 se 48 tentativas. Pouco para os dois times que lideraram a temporada em cestas de longe.

O que vimos, de todo modo, é a confirmação dos temores quanto à defesa do Cavs e a diferença geral do elenco. Com múltiplos jogadores que atuam com firmeza dos dois lados da quadra, o Warriors está equipado para vencer qualquer tipo de partida. Mesmo aquela em que seus astros não estão bem dispostos assim.

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Brasileiros do Warriors estavam prontos no Jogo 7. Mas e as finais?
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Giancarlo Giampietro

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Quando Steve Kerr se mostra disposto a iniciar com os reservas um quarto período de um jogo que pode resultar na eliminação e no fim da luta pelo bicampeonato, o recado para o elenco do Golden State Warriors é simples: estejam prontos. Uma hora pode ser que chegue a sua vez.

Na pedreira que foi a final do Oeste, os brasileiros do time californiano tiveram de se apegar a esse mantra. Tenha fé. Com o passar do duro confronto com o Oklahoma City Thunder, o técnico foi enxugando sua rotação, e os minutos de Leandrinho e Anderson Varejão ficaram mais escassos.

O ala foi para a quadra nos sete confrontos e teve 2,0 pontos, em 6,1 minutos, com 46,2% de aproveitamento em 1,9 chute. pivô participou das últimas seis partidas, mas foram apenas 21 minutos, ou 3,5 em média, com seis pontos e seis rebotes no total. Ele pôde tentar três arremessos e converteu dois deles.

Até que, num Jogo 7, mesmo depois de a tática dar errado na partida anterior, Kerr voltou a arriscar, ainda que numa posição mais confortável e com um certo ajuste. Bem, em vez de correr atrás do placar, o Warriors estava liderando por sete pontos. Além disso, o técnico procurou antecipar a entrada dos reservas. Em vez de abrir o quarto final, entraram para fechar o terceiro período no qual a equipe da casa estava esmagando o rival. Com 2min34s, Anderson Varejão foi para o lugar de Festus Ezeli. Menos de 20 segundos depois, Leandrinho substituiu Andre Iguodala.

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Acompanhando o jogo também por Twitter, a reação da mídia americana foi de surpresa geral. Que o treinador estaria ousando demais. Num instante, porém, foram obrigados a rir de si mesmos. A vantagem pulou de seis para 13 pontos, com sete anotados em sequência pelo quinteto alternativo de Kerr.

Varejão cavou uma falta ofensiva, fez uma bela bandeja e ainda deu duas assistências, sendo uma delas para Leandrinho. Isso não é coisa de outro mundo, claro. São jogadores de NBA, afinal, nã? Mas, para quem estava jogando e entregando tão pouco, foi como uma tempestade perfeita, mesmo.

O que dá para tirar de positivo dessa história é que Leandro e Anderson estavam prontos e animados para contribuir. Isto é, se comportaram como profissionais, sem se deixar levar pela frustração de ver alguns jogaços daqueles pelo banco, depois de terem vivido, os dois, grandes momentos pelos playoffs. Há coisa de seis, sete anos, que seja. Essa reação é parte da explicação para que a dupla esteja há tanto tempo na liga já — o ala desde 2003 e o pivô, 2004.

Se eles serão aproveitados durante a decisão contra o Cavs? Provavelmente não terão muitos minutos, não. Vai depender do andamento do confronto. Na cabeça de Kerr, o ideal é que Stephen Curry e Klay Thompson não beirem os 40 minutos de ação. Shaun Livingston não foi nada bem contra OKC. A brecha para Leandrinho vai vir daí. Ajuda muito o fato de o Cleveland não ter nenhum ala tão alto no perímetro em seu elenco de apoio. Pelo contrário. O ligeirinho costuma jogar ao lado de Iguodala e Livingston, que seriam os condutores de bola primários. Se as inserções de Iggy mudarem drasticamente, devido à missão LeBron, isso também poderia afetar a situação do companheiro.

Já Varejão vai ficar basicamente à espera das faltas de Andrew Bogut, Festus Ezeli e Draymond Green. Marreese Speights só vai interferir aqui se o Warriors estiver precisando de espaçamento no ataque. Também precisa ver qual o plano de Tyronn Lue. Mozgov será reativado? Ou ele vai manter sua rotação de pivôs com Love, Thompson, Frye e LeBron/Jefferson? Quanto mais alto o time, melhor. Para o capixaba, a ansiedade deve ser imensa, por razões óbvias. É uma revanche toda distorcida.

Sobre a situação inédita que vive o pivô: conforme vocês já devem ter lido umas 400 vezes já nesta terça, segundo pesquisa do salvador Elias Sports Bureau, o veterano é o primeiro a ter jogado na mesma temporada pelos dois finalistas da liga. Por isso, em tese, já pode ser considerado o primeiro campeão, antes mesmo de a bola subir nesta quinta-feira.

Varejão cava falta de ataque no Jogo 7. Passou confiança para Kerr?

Varejão cava falta de ataque no Jogo 7. Passou confiança para Kerr?

Mas não é exatamente assim. Pelo menos não por enquanto. Na eventualidade de o Cavs se vingar, o clube teria de decidir se presentearia seu ídolo (é tão recente a saída dele, que não dá nem para escrever “antigo” ou “ex”). O regulamento da liga não determina, nem sugere um caminho. Teria de ser um gesto de cortesia por parte do proprietário Dan Gilbert. Levando em conta o prestígio do veterano por lá, é de se supor que não se recusariam. Mas vai saber. Eles têm ainda uma série toda pela frente, e obviamente que o brasileiro preferiria ganhar um por conta própria, pelo que vai fazer agora, não pelo que fez até fevereiro.

Imagine, na próxima semana, quando voltar a Cleveland às vésperas do Jogo 3, o tanto de microfones que não estarão à sua frente. “Como foi entrar no vestiário de visitantes? Como é se ver novamente como adversário de LeBron? Gostaria de voltar ao clube? Ainda fala regularmente com os companheiros? Vai comemorar se fizer gol?”…

Em 12 anos de estadia na cidade, se tornou o jogador mais popular da franquia que não se chame LeBron. Fazendo as coisas que o Brasil, país em que a imagem do cestinha (ainda) é cultuada, demorou para apreciar. Do tipo: se atirar por cima da primeira fileira de cadeiras para resgatar uma bola, brigar desesperadamente por rebotes, correr a quadra feito um louco, e a cabeleira sacudindo, aceitar sacrificar o corpo para receber a carga de alguém de mais de 120kg. Por aí.

Após período vencedor em Cleveland, Varejão volta a ser oposição a LBJ

Após período vencedor em Cleveland, Varejão volta a ser oposição a LBJ

Quem não vai querer, sinceramente, contar com um jogador desses? O cara que não só está predisposto a fazer o serviço sujo, como faz isso muito bem.  Cavs concordou em lhe pagar mais de US$ 70 milhões em contratos.

Mas por que ele não está mais lá? Justamente por estes 12 anos se serviços prestados, que cobram seu preço. Outro preço, como as constantes lesões. Torções, fraturas, e por aí vamos. Quando LeBron retornou em 2014, trouxe Kevin Love de carona e ainda tinha um Tristan Thompson para agenciar. O brasileiro não teve nem tempo para se adaptar ao novo elenco. Em dezembro, sofreu uma ruptura no tendão de Aquiles que encerrou sua temporada.

Quando o Cavs, já com Timofey Mozgov no garrafão, se peparava para enfrentar o Warriors pelas finais, o pivô tinha esperança de ser liberado pelos médicos, mas foi convencido a se resguardar. Para a atual temporada, se apresentou em forma, mas não conseguiu entrar na rotação. Em fevereiro, então, foi envolvido em troca tripla, indo para Portland. Como eles dizem lá: nada pessoal, são apenas os negócios. Sua vaga foi assumida por Channing Frye, que deu boa contribuição nos playoffs e terá um papel relevante na revanche. Dificilmente poderíamos escrever o mesmo sobre Anderson se ele tivesse continuado no primeiro clube americano.

Como vimos, porém, Varejão também não vem sendo aproveitado em Oakland. A questão é ter paciência, aguardar o chamado e fazer o máximo, muito mais o que se viu pelo Jogo 7 do que no restante da série contra OKC, mesmo que em um minuto e meio. Para o torcedor do Cavs, certamente seria uma experiência bastante estranha.

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Lesão de Curry: não é o pior dos cenários, mas aflige o Warriors
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Giancarlo Giampietro

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Pegue aí qualquer uma dessas frases prontas, de efeito, que você provavelmente ouviu primeiro de seu avô, do coordenador pedagógico do ginásio ou no balcão da padaria, enquanto o sanduba não sai da chapa: “A vida é injusta”, “nada dura para sempre”, “na vida, você tem de brigar por aquilo que é seu”, e por aí vamos.

Quando um jogador como Stephen Curry se lesiona, talvez seja o caso de se apegar a este tipo de mensagem, mesmo, já que “a vida não pode parar”. Depois de escorregar em quadra em Houston e torcer o joelho, o MVP da temporada 2015-16 da NBA foi submetido a uma ressonância magnética nesta segunda-feira, e o diagnóstico tem efeito, no mínimo, ambíguo. Não foi o pior dos cenários para o Golden State Warriors. Mas foi o suficiente para ameaçar seriamente a campanha rumo ao bicampeonato. O que deu? Uma distensão no ligamento colateral medial do joelho direito, que liga o osso da coxa ao da canela. Como foi de primeiro grau, isso geralmente significa que houve dano mínimo a algumas fibras do ligamento — a de terceiro grau significaria a ruptura total. Você em geral nem sente dor quando se aperta, mas há inchaço e incômodo, uma falta de estabilidade. Haja compressa de gelo, almofada, anti-inflamatório e afins.

De acordo com o anúncio oficial, estima-se que Curry precise de aproximadamente de duas semanas para ser reavaliado. Uma pessoa se recupera em ritmo diferente da outra, mas é preciso cuidado, para que o jogador não volte de modo precoce às quadras, com o risco de sofrer algum dano permanente. Zeloso do jeito que o Golden State Warriors é, difícil que aconteça, mesmo que numa situação de angústia e pressão como essa. Ainda mais quando estamos falando de uma figura transcendental como Steph. A NBA não vai encerrar suas atividades em junho. Por outro lado, existe a vontade do jogador, que não quer virar as costas para seus “irmãos”, que acredita que qualquer lesão é superável e que talvez até mesmo dependa dessa autoconfiança para atingir o nível que atingiu, depois de duas cirurgias de tornozelo. Complicado julgar qualquer coisa, mas a cautela, quando o assunto é saúde, parece sempre o melhor caminho, mesmo que o duelo sorte x azar sempre esteja por aí, não importando o quão competente é o seu departamento de basquete.

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Alheios, de momento, a essas questões, o gerente geral Bob Myers, o técnico Steve Kerr e cada membro do estafe e do elenco obviamente torcem para que sua reabilitação seja rápida. Também há toda uma estrutura e um orgulho dentro da franquia para que isso não vire uma enorme distração ou uma desculpa. Agora, claro, quanto mais demorar a série entre o Los Angeles Clippers e o Portland Trail Blazers, melhor. Embora ninguém vá dizer isso em público, Jogo 7 no confronto é o que há, para Golden State.

Dois All-Stars, pré-convocados para o Team USA, com bom retrospecto como dupla na temporada regular. Mas serão testados

Dois All-Stars, pré-convocados para o Team USA, com bom retrospecto como dupla na temporada regular, quando Curry esteve fora. Mas serão testados para valer nas próximas semanas

De qualquer forma, para muitos dos jogadores do Warriors, esse infeliz deslize de Curry representa mais uma oportunidade para provarem seu valor, de tanto que se sentiram desrespeitados antes de o campeonato começar. Não pensem que Draymond Green não está martelando esse conceito na cabeça de seus companheiros, a cada intervalo de treino ou de análise de análise de vídeo. Eles têm mais dois All-Stars, afinal, para assumir mais responsabilidades, e um elenco de apoio que se alternou em diversos momentos salvadores desde 2014. E muito mais:

– Andre Iguodala não vai poder mais ser um sexto homem de luxo, marcando o principal jogador adversário sabendo que vai respirar no ataque. No domingo, contra Houston, já deu uma espécie de resposta, anotando 22 pontos, 5 rebotes e 4 assistências, convertendo 9 de 11 arremessos. Mas, de novo, era o Rockets do outro lado, com um esforço patético. Em abril, voltando após 13 jogos, anotou, no total,  19 pontos no total, em cinco jogos. Durante a temporada, chegou aos 20 pontos em apenas três rodadas. A questão não é exatamente pontuar, mas também criar para os companheiros. “Play-making” geral.

– Shaun Livingston terá sua eficiência testada, com maior volume de jogo e mais atenção de defensores mais gabaritados que os de segunda unidade que se acostumou a encarar. Nestes playoffs, já vem com média de 9,5 arremessos por confronto, quase o dobro dos 4,9 que teve pela temporada, e segue com aproveitamento altíssimo (52,6% — de novo, contra o Rockets).

– Draymond Green também vai ter de operar muitas vezes com o condutor primário de bola, dessa vez sem a distração que Curry representa. Conseguirá ser um passador tão eficaz assim se as linhas estiverem mais congestionadas, ou se seu drible for atacado mais vezes por marcação dupla? Sem contar a energia que obrigatoriamente gasta do outro lado, algo necessário mesmo diante do Houston, para segurar um cara do porte físico de Dwight Howard.

– Klay Thompson não vai poder se contentar apenas com os chutes de fora. Também vai precisar botar a bola no chão e atacar as defesas. Tentar, no mínimo, sacudi-las, desequilibrá-las, e, para tanto, vai contar com a ajuda de um sistema que flui por conta própria, mesmo, com a bola girando rapidamente e sucessivos corta-luzes.

– Harrison Barnes poderia provar que, no ataque, é mais do que um chutador do lado contrário? Dois anos atrás, sob o comando de Mark Jackson, quando era acionado em diversas situações de isolamento, não deu muito certo. Conseguiu expandir seus movimentos, ou simplesmente curte a vida com a rebarba dos Splash Brothers?

Para os pivôs, não dá para pedir muito mais do que executam hoje. Bogut e Ezeli estão limitados a cestas de rebote ofensivo, mesmo, ou eventuais assistências na cara da cesta. Marreese Speights oferece chute, mas precisa de espaço para encaçapar. Vindo do banco, Leandrinho ainda pode produzir por conta própria em situações específicas, mais do que Ian Clark, mas o americano vem ganhando espaço com Kerr e tem sido ligeiramente mais eficiente.

Há números que apontam que o Warriors se saiu bem — muito bem, na verdade — nos  minutos que teve Draymond e Thompson em quadra, com Curry fora. Mas é muito complicado mergulhar nestes números. É trabalho para um analista muito mais capacitado e experiente no assunto, como Kevin Pelton, do ESPN.com. Foram 6,3 pontos por 100 posses de bola para esse tipo de combinação. Para comparar, isso é mais do que o Cavs conseguiu pela temporada regular e quase se equivale ao rendimento de OKC. O problema: estamos falando de 296 minutos, o que dá coisa de 6 jogos. Antes disso, mais importante é que aconteceu em temporada regular, algo totalmente diferente de um cenário de playoffs, com jogadores, jogadas e sistemas dissecados por cada vasta comissão técnica. Por fim, nem sempre eles estavam enfrentando os melhores quintetos adversários.

Um escorregão

Um escorregão

Também não dá para fazer muito mais drama. Está certo que é difícil encontrar paralelos com o drama que Golden State vive agora, já que estamos tratando do atual bi-MVP, o símbolo da franquia e de uma revolução, que acabou de concluir uma das campanhas mais espetaculares da história da franquia. Sim, Curry é tudo isso, e não há como, racionalmente, ser do contra aqui. Mas esta lesão acaba sendo só mais uma lista muito longa de desfalques na pior hora possível. Aqui está uma relação de dez casos do tipo, passando pela quase trágica ruptura de ligamento que Derrick Rose sofreu em 2012, numa série supostamente fácil, molezinha contra Philly, assim como é a do Warriors contra o Rockets hoje. Não precisa nem recuar tanto no tempo assim. O mesmo Warriors enfrentou um Cavs todo desfalcado no ano passado – ainda que não haja como comparar Curry com Irving e Love… Seria o mesmo que o Cavs ir para a final com estes dois (valendo por Draymond e Klay, em tese), mas sem LeBron.

 Agora, antes de qualquer outra coisa, os atuais campeões precisam eliminar o Rockets nesta quarta-feira. Houve quem sugerisse que o próprio time pudesse prolongar sua série. Praticantes do lunatismo, claro, por diversos motivos, sendo os principais deles a mera possibilidade de se abrir uma porta para James Harden e o desgaste desnecessário de Draymond, Klay e demais titulares. Além do mais, se estiverem na pior, um retorno de Curry, a essa altura, não é garantia de que ele possa salvar a equipe — como bem observou Tim Grover, “trainer” de Jordan, Kobe e Wade –, é possível que o armador volte, mas muito longe de sua forma ideal. “Na recuperação de Curry, o condicionamento físico vai importar porque seu jogo passa muito pela rápida mudança de direção. Uma fraqueza no tornozelo também pode ser um fator”, afirmou.

Não deixa de ser curiosa a espera, para ver como este timaço vai se comportar sem o melhor jogador do campeonato. Por mais cruel que seja escrever isto, também não deixa de ser irônico, depois que o proprietário do clube, Joe Lacob, teve a infeliz ideia de dizer à revista do New York Times que sua gestão estava “anos-luz à frente” da concorrência em termos de estrutura e estilo de jogo. Num perfil bastante elogioso, em que se gaba de muitas coisas, Lacob chegou muito perto de dizer que Curry seria um mero detalhe para o sucesso do time, algo que não pegou bem com o jogador, claro. Arrependido, o magnata se mexeu e, antes mesmo da publicação de grande reportagem, entrou em contato com o superastro para tentar se explicar. Agora, sua tese vai ser testada.

Nessa linha de colocações infelizes e eventualmente irônicas, também lembramos o que Doc Rivers disse no ano passado ao avaliar o título do Warriors. Basicamente, disse que eles haviam tido muita “sorte” não só por terem evitado lesões como por terem visto sua chave de playoff se enfraquecer sensivelmente devido à eliminação precoce dos times que mais os ameaçavam — como se a virada vexatória que o Clippers tomou Rockets fosse um acidente, e, não, incompetência de sua parte. Agora, desde que façam sua parte contra Portland, em uma série que não está nada definida, este núcleo terá uma boa chance para justificar parte da lógica de seu técnico-presidente. Do contrário, com uma hipotética derrota nesse ainda hipotético confronto num hipotético cenário sem Curry, reclamariam, chorariam do quê?

Aqui, a ideia não é censurar a liberdade de expressão e defender aquilo que é de mais extremo e chato dentro do universo politicamente correto. Acontece que, numa liga tão competitiva e exigente como a NBA, há momentos em que você deve medir suas palavras. Quem sabe a melhor saída não é apelar ao ditado popular da vez, do tipo: “A vida é longa. Nunca se sabe o dia de amanhã”?

: )

E vida que segue.

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Magnano se preocupa com panorama nebuloso para os brasileiros da NBA
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Giancarlo Giampietro

Huertas, Magnano, Felício e poucos minutos

Huertas, Magnano, Felício e poucos minutos

Não é hora para pânico. Ainda. Pois as Olimpíadas serão disputadas em agosto, daqui a menos de seis meses. Mas que é alarmante o contexto da seleção brasileira masculina, não há dúvida.

As semanas da opressora temporada regular da NBA avançam, e o panorama da volumosa legião brasileira por lá segue nebuloso. Nenhum deles é protagonista – mas isso não vem de agora. O problema é o tempo de quadra consideravelmente reduzido, pelas mais diversas razões. Raulzinho é o único que tem mais de 20 minutos em média por partida (20,5), mas menos da metade do tempo regulamentar da liga.

O que leva Rubén Magnano a coçar a cabeça, ao retornar de seu giro pelos Estados Unidos, para falar tête-à-tête com a trupe. Em conversa com Fábio Aleixo, aqui do UOL Esporte, citando Marcelinho Huertas e Anderson Varejão como “os que mais preocupam”. O argentino chegou a sugerir a eles que procurassem novos clubes, para que pudessem jogar mais, pensando na forma física no momento em que forem convocados para as Olimpíadas. O prazo para trocas na NBA se encerra no dia 18 de fevereiro, próxima quinta.

“Eles sabem disso. Vamos ver como fica esta história [de troca de times, que acontece anualmente no meio da temporada]. Seria muito bom se conseguissem algo. Dei o meu parecer e a minha ideia, tivemos uma conversa muito aberta. Mas não sou eu que vou fechar o negócio”, afirmou. “Todos sabem como funcionam as coisas na NBA.”

Magnano se encontrou com Splitter mais uma vez nos Estados Unidos. Diz que as visitas "não têm preço". Será? Com a CBB endividada, fica a dúvida sobre a real importância dessa visita. Houve um tempo em que a seleção estava distante dos atletas. Mas o constante contato nas últimas temporadas já deveria ter bastado para se criar uma cultura. Além do mais, era realmente necessário que o treinador conversasse com eles, pessoalmente, para falar sobre a importância de se jogar uma Olimpíada? E mais: do ponto de vista prático, fevereiro ainda é muito cedo para uma temporada da NBA. Um "sim" dito agora pode não ter valor nenhum daqui a quatro ou oito semanas, com muitos jogos importantes pela frente. Peguem a situação de Splitter como exemplo: se a necessidade de uma cirurgia se confirmar, muda tudo em relação ao bate-papo dos dois. São muitas variáveis em jogo. Enfim...

VALE A VISITA? – Magnano se encontrou com Splitter mais uma vez nos Estados Unidos. Diz que as visitas “não têm preço”. Será? Com a CBB endividada, fica a dúvida sobre a real importância dessa visita. Houve um tempo em que a seleção estava distante dos atletas. Mas o constante contato nas últimas temporadas já deveria ter bastado para se criar uma cultura. Além do mais, era realmente necessário que o treinador conversasse com eles, pessoalmente, para falar sobre a importância de se jogar uma Olimpíada? E mais: do ponto de vista prático, fevereiro ainda é muito cedo para uma temporada da NBA. Um “sim” dito agora pode não ter valor nenhum daqui a quatro ou oito semanas, com muitos jogos importantes pela frente. Peguem a situação de Splitter como exemplo: se a necessidade de uma cirurgia se confirmar, muda tudo em relação ao bate-papo dos dois. São muitas variáveis em jogo. Enfim…

Sim, o desejo de Magnano não conta quase nada perante o plano de cada uma das 30 franquias da liga americana, ou de Lakers e Cavaliers, no caso. Os rumores pelos bastidores indicam que o Cavs até vem sondando o quanto Varejão desperta de interesse do mercado. Mas o assunto não está pegando fogo.

De qualquer forma, na frase do técnico da seleção, acho que a ênfase deve ficar em “mais”: aqueles que mais preocupam. Não quer dizer que a situação dos demais brasileiros seja tranquila. Aliás, pelo contrário. As notícias envolvendo Tiago Splitter são ainda alarmantes. Como o Atlanta acaba de admitir, o catarinense pode passar por uma cirurgia no quadril. Nenê teve sua campanha sabotada, desta vez, por conta da panturrilha. Enquanto isso, em Toronto, Lucas Bebê voltou a sumir de quadra com o retorno de Jonas Valanciunas, enquanto Bruno Caboclo segue como um projeto de longo prazo, com a D-League servindo como laboratório. Cristiano Felício tampouco joga pelo Bulls.

E aí?

Bem, antes de julgar, é importante entender o que se passa com eles – pois já dá para ver por aí os comentários oportunistas – ou, digamos, bastante “desapegados aos fatos” –, prontos para desqualificar esses atletas, sem entender diferentes particularidades que os cercam. O fato de essa galera não estar jogando muito agora não significa de modo algum que não sirvam. Antes de abordar cada situação especificamente, há um ponto em comum que une Splitter, Varejão e Nenê e outro para Felício, Bebê e Caboclo.

O primeiro trio é composto por trintões, não podemos nos esquecer. Isso não quer dizer que estejam acabados. Eles têm muita lenha para queimar ainda. Só não são os mesmos jogadores de quatro ou cinco anos atrás, principalmente do ponto de vista atlético. Não há como brigar contra isso, e até um Kobe Bryant se mostra mortal.

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Já a segunda trinca está do outro lado do espectro: jovens talentos garimpados pelos scouts da liga, ainda em formação. O leitor mais crítico pode observar que, ao 23, Felício e Bebê são três anos mais velhos que calouros superprodutivos como Karl-Anthony Towns, Kristaps Porzingis e Jahil Okafor. Ou que têm a mesma idade de Kyrie Irving, Victor Oladipo, Harrison Barnes, Jordan Clarkson, Jared Sullinger, Valanciunas, entre outros. Mas é injusto comparar. Cada um caminha no seu ritmo. Bebê saiu cedo para a Europa, perdeu quase um ano entre negociações com Atlanta, problemas no joelho e o retorno ao Estudiantes. Na temporada passada, também só treinou. Felício passou pelo Oregon por um ano e, no Flamengo, mal tinha a bola para atacar. E por aí vai. São crus para o jogo em alto nível, mas ainda vistos como atletas de potencial por suas franquias.

“Temos jogadores jogando muito pouco e que são muito importantes. Pode ser que isso mude a partir de agora. Quero que os atletas cheguem com uma boa minutagem, e isso é o que mais preocupa. Não é tão fácil trocar o chip de uma hora para outra. Temos de colocar todos na mesma sintonia”, diz.

Contra o LAkers, na quarta, Varejão recebeu 19 minutos e somou oito pontos e seis rebotes, cometendo quatro faltas. Kevin Love saiu de quadra com uma contusão no ombro, e aí abriu-se espaço na rotação. Chance para os olheiros das outras equipes verem o que Anderson ainda tem para vender

Contra o Lakers, Varejão recebeu 19 minutos e somou oito pontos e seis rebotes, cometendo quatro faltas. Love saiu de quadra com uma contusão no ombro, e aí abriu-se espaço na rotação. Chance para os olheiros das outras equipes verem o que Anderson ainda tem para vender

Essas questões interferem na convocação do time de Magnano, ou deveriam interferir, se me permitem opinar. Lesões, falta de ritmo… Você não tem garantia de que, em 40 dias de treinos e testes, vai superar isso. Talvez o mais prudente, então, na hora de elaborar a lista, seja pensar em mais nomes, algo mais amplo. Em sua rotina extremamente exigente de treinos, o técnico tem de botar esses caras para correr, mas sem quebrá-los. Desenferrujar não é a única questão. Tem mais: você precisa de alternativas e de competição para definir os 12 olímpicos.

Do seu lado, contudo, o argentino não parece tão inclinado a isso. Não dá para esperar novidades. “Agora não vou fechar nomes ou possibilidades. Mas claro que hoje tenho bem definido um grupo de jogadores que posso chamar pensando não apenas na seleção do Brasil neste momento, mas também o que podem representar no futuro”, analisou.

É um dilema, sem dúvida. Convocar por currículo, por nome, ignorando temporada pouco produtiva, não deveria ser a regra. Mas, a essa altura, também pode soar como loucura advogar por mudanças drásticas na relação, pensando na experiência acumulada pelo núcleo usual de Magnano. Só é preciso respeitar as condições de jogo de cada um, do ponto de vista físico, médico.

Em sua entrevista, o treinador fala que quer o Brasil jogando sempre no mesmo horário durante as Olimpíadas, que já assegurou a presença de uma comitiva de familiares nas arquibancadas e um pouco mais sobre o planejamento até o #Rio2016. Pode conferir lá. Abaixo, vamos tentar entender o que se passa com os brasileiros da NBA:

Anderson Varejão
Vai chegar ao torneio olímpico beirando os 34 anos
Na temporada:
31 jogos, 10,0 minutos, 2,6 ppj e 2,9 rpj
Projeção por 36 min: 9,3 ppj, 10,6 rpj, 2,3 apj, 1,3 roubo
O capixaba está numa das rotações interiores mais congestionadas da NBA, em tempos em que os pivôs vão perdendo espaço para jogadores mais flexíveis. Quer dizer: não só tem de brigar por espaço com Kevin Love, Tristan Thompson e Timofey Mozgov, como verá LeBron James ocupar minutos por ali, assim como o veterano Richard Jefferson. Se você for pegar os números projetados, Anderson tem entregue, em tempo limitado, mais ou menos aquilo que apresentou durante toda a sua carreira. A dúvida que fica, mais séria, é sobre sua mobilidade, que sempre foi um de seus grandes diferenciais, assim como o instinto e a inteligência. O pivô se recuperou de uma cirurgia no tendão de Aquiles no ano passado, o que é um desafio (independentemente do que Kobe Bryant e Wesley Matthews façam em Los Angeles ou Dallas). Fica difícil. Conforme já dito, o Cavs faz sondagens de mercado para se há um negócio interessante pelo brasileiro. Caso fique em Cleveland, é grande a chance de que esteja envolvido com a liga até o início de junho, época das finais. http://www.basketball-reference.com/players/v/varejan01.html#per_minute::none

Leandrinho
Fez 33 anos em novembro passado
Na temporada:
39 jogos, 14,9 minutos 6,6 ppj, 1,4 apj, 1,4 rpj, 36,5% de 3pt
Projeção por 36 min: 15,9 ppj, 3,4 apj e 3,8 rpj

Leandro, e seu novo visual. Mas o papel no time é o mesmo do ano passado

Leandro, e seu novo visual. Mas o papel no time é o mesmo do ano passado

O ligeirinho está toda hora na TV e até os marcianos sabem que ele é uma peça complementar num dos melhores times da história do basquete, tendo a confiança dos treinadores e um respaldo imenso no vestiário. Não é o foco no ataque da segunda unidade, como em seu auge pelo Phoenix Suns, mas ainda põe fogo em quadra e se encaixa perfeitamente numa proposta intensa de jogo. A dúvida aqui é saber até quando vai se estender a jornada do Warriors. Ao que tudo indica, estarão jogando no início de junho, sendo que as Olimpíadas começam no dia 6 de agosto. A despeito da ascensão de Brandon Rush e de uma torção no ombro, ele tem hoje a mesma média de minutos da temporada passada. Seus números por 36 minutos também são muito semelhantes aos que produz desde que entrou na liga em 2003.

Marcelinho Huertas
Completará 33 anos em maio
Na temporada: 29 js, 11,4 mpj, 2,7 ppj, 2,4 apj, 1,1 turnover, 29,6% de 3 pts
Projeção por 36 minutos: 8,5 ppj, 7,7 apj, 1,4 roubo, 3,6 turnovers
O Lakers tem um elenco fraco. Está na cara isso. Mas as posições perimetrais contam com um certo sr. Bryant e dois garotos que são as grandes apostas para logo mais. E ainda tem o Lou Williams, fominha que só, mas um cestinha oportuno. O brasileiro foi contratado, em tese, para ajudar Russell e Clarkson e, eventualmente, colaborar com a organização da segunda unidade. Durante a pré-temporada, Byron Scott se empolgou com sua capacidade de liderança em quadra. Essa empolgação não durou muito… Mesmo com o time totalmente desfragmentado, o brasileiro vem sendo utilizado de maneira esporádica. (E, por favor, essa história de toco, roubo de bola, drible… Torcida pode gostar disso, mas, em discussões mais sérias, não cabe.)

Nenê é relevante para o Wizards. Mas está limitado pelo corpo

Nenê é relevante para o Wizards. Mas está limitado pelo corpo

Nenê
Completará 34 anos em setembro
Na temporada: 28 js, 18,8 mpj, 8,8 ppj, 4,4 rpj, 1,4 apj, 53,6% nos arremessos
Projeção por 36 minutos: 16 ppj, 8,3 rpj, 2,7 apj, 1,8 roubo e 1,0 toco
Como podemos ver, o são-carlense ainda segue muito eficiente, fazendo um pouco de tudo em quadra. Suas estatísticas, por 36 minutos, são praticamente idênticas ao que produziu na carreira. O grande problema é que o técnico Randy Wittman simplesmente não sabe quando pode contar com os seus serviços, e aqui acho que nem vale citar uma ou outra lesão específica – a panturrilha é o que mais incomoda neste campeonato. Nenê já enfrentou tantos problemas físicos nos últimos anos, que o baque pode ter um foco ou outro numa semana, mas o baque é geral. Por isso, tem seus minutos controlados e é poupado em ocasiões de duas partidas em duas noites. Não obstante, a ideia para o time neste ano era adotar uma formação mais baixa, com três alas ao redor de Marcin Gortat. Outro ponto: Nenê vai ser agente livre ao final do campeonato. A questão de seguro ficará ainda mais cara e complicada.

Raulzinho
Vai fazer 24 anos em maio
Na temporada: 51 js, 20,5 mpj, 6,2 ppj, 2,5 apj, 1,5 rpj, 39,6% de 3 pts
Projeção por 36 minutos: 10,9 ppj, 4,3 apj, 2,7 rpj, 1,5 roubo.
Vamos deixar Magnano falar um pouco a respeito? “Com certeza em seis anos que estou na seleção você nunca me escutou falar de titulares. Tem jogadores que abrem o jogo, outros que terminam. Eu não tenho nenhuma preocupação quanto a isso. A minha única preocupação é que o cara renda na hora do jogar. Tenho exemplos muito claros disso e um deles é o próprio Raulzinho, que contra a Argentina, na Copa do Mundo, entrou e teve ótima atuação”, afirmou o argentino, a Aleixo, quando questionado sobre um quinteto inicial.

Tudo isso para dizer que, sim, é surpreendente e bacana que Raul tenha conseguido o posto de titular em sua campanha de calouro, com um papel bem definido na rotação, fazendo a bola girar, abrindo para o chute. Mas o brasileiro, que vem se soltando nas últimas rodadas, também está ciente de que a criação de jogadas do Utah cabe, na verdade, a Gordon Hayward, Rodney Hood, Alec Burks (quando retornar) e até mesmo a Trey Burke, seu suplente, que foi para o banco para ganhar mais liberdade na segunda unidade. Mesmo tendo disputado duas partidas a menos, Burke recebeu mais de 100 minutos de jogo na temporada. E não podemos nos esquecer da lesão de Dante Exum.

Raul, o único titular. Mas por circunstâncias

Raul, o único titular. Mas por circunstâncias

Tiago Splitter
Fez 31 anos há pouco, em janeiro
Na temporada: 36 js, 16,1 mpj, 5,6 ppj, 3,3 rpj
Projeção por 36 minutos: 12,5 ppj, 7,5 rpj, 2,2 apj, 1,1 roubo e 1,1 toco
O início mais tímido de Splitter em Atlanta, com poucos minutos, poderia sugerir as dificuldades normais de adaptação a um novo time e elenco, mesmo que houvesse uma lacuna clara no garrafão. Em tese, o encaixe com Horford e Millsap era perfeito. Mas não era só isso. Ele perdeu sete jogos entre novembro e dezembro. Mais quatro entre dezembro e janeiro. Agora, em fevereiro, aí que a coisa ficou mais séria, com mais seis jogos fora. Finalmente, o clube revelou o que se passava com o catarinense, e a notícia não é boa: as dores no quadril são tão fortes que podem pedir até uma cirurgia. Ao final deste período prolongado de descanso e tratamento, será reavaliado. Mike Budenholzer e Magnano, claro, esperam que não seja necessário. Pois, limitado nos movimentos, o pivô ainda foi útil ao Hawks, causando ótimo impacto defensivo.

Caboclo, Bebê e Felício
Os mais inexperientes até agora não somaram nem 160 minutos de jogo. Desta cota passageira, Bebê é responsável por 85,3%, e, nas poucas chances que teve, foi bem. Desde a virada do ano, porém, só foi acionado sete vezes por Dwane Casey. Só contra Denver, em 1º de fevereiro, que ganhou 14 minutos, quando seus companheiros foram destroçados por Nikola Jokic no primeiro tempo, e o treinador se viu obrigado a buscar novas opções.

Para Caboclo, isso já representaria um recorde, ainda assim. A maior rodagem que o ala ganhou até agora foi, conforme o esperado, na D-League. Entre idas e vindas entre o Raptors A e o B, acumula 797 minutos em 24 partidas,com 32,5 por rodada. Médias de 13,6 pontos, 5,8 rebotes, 1,5 assistência e 1,8 toco, matando 34,4% de três pontos e apenas 38% dos arremessos no geral. É preciso cuidado na hora de avaliar esses números, já que as estatísticas da liga são infladas pela natureza peladeira de 95% de seus jogos. Além disso, no caso do ala brasileiro, é difícil encontrar o equilíbrio entre prepará-lo para um eventual papel reduzido que possa ter na NBA o quanto antes e, ao mesmo tempo, lhe dar liberdade para expandir seus talentos ofensivos, aprendendo com erros e acertos em quadra. Lucas, por seu lado, teve mais 179 minutos com a equipe de baixo em sete partidas.

Em Chicago, Felício entrou em um vestiário lotado de ótimos pivôs. Por isso, mais treinava do que qualquer outra coisa. Sem uma franquia na D-League, o Bulls demorou um pouco para enviá-lo. Quando a chance chegou, a revelação do Minas Tênis se esbaldou, mostrando que os treinos ao menos foram proveitosos. A lesão sofrida por Joakim Noah e a cirurgia complicada por que passou Nikola Mirotic deixam o time enfraquecido e a perigo. Será que, em um momento complicado, o brasileiro vai para quadra? Não é tão simples assim. Cameron Bairstow e Bobby Portis ainda estão na fila.