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Jukebox NBA 2015-16: Houston Rockets, e essa coisa de química
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Giancarlo Giampietro

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Em frente: já estamos nos playoffs e o blog vai tentando fazer uma ficha sobre as 30 franquias da liga, apelando ainda a músicas, fingindo que está tudo bem. A gente se esbalda com o YouTube para botar em prática uma ideia pouco original, mas que pode ser divertida: misturar música e esporte, com uma canção servindo de trilha para cada clube. Tem hora em que apenas o título pode dizer algo. Há casos em que os assuntos parecem casar perfeitamente. A ver (e ouvir) no que dá. Não vai ter música de uma banda indie da Letônia, por mais que Kristaps Porzingis já mereça, mas também dificilmente vai rolar algo das paradas de sucesso atuais. Se é que essa parada existe ainda, com o perdão do linguajar e do trocadilho. Para mim, escrever escutando alguma coisa ao fundo costuma render um bocado. É o efeito completamente oposto ao da TV ligada. Então que essas diferentes vozes nos ajudem na empreitada, dando contribuição completamente inesperada ao contexto de uma equipe profissional de basquete:

A trilha: “I Am Chemistry”, Yeasayer

O Houston Rockets foi para a quadra nesta quarta-feira, em Oakland, sabendo que, de modo mais que improvável, uma grande porta lhe havia sido aberta. Podem até chamá-la de Porta da Esperança, se quiserem. O Golden State Warriors estaria sem Stephen Curry. Nesse quadrante dos playoffs, o cenário ficou ainda mais incerto (e interessante)  devido às desfiguração do Clippers, agora sem Chris Paul e Blake Griffin. Então que tal respirar fundo e tentar uma última vez colocar a casa em ordem? Estava bem em cima da hora, sim, mas dava tempo de reagir e tentar salvar uma temporada que avançou de modo turbulento, desde o training camp.

Qual foi a resposta, então, que eles deram? Contentar-se em apanhar do Warriors desde o tapinha inicial, mesmo. Com 12 minutos de jogo, o time da casa já vencia por 17 pontos, tendo anotado 37. Alguém aí falou em resistência, orgulho e seriedade? Nada: terminou 114 a 81, uma vergonha. E fim de papo, fim de suplício.

Aparentemente, só James Harden tinha interesse no jogo, na metade do jogo que lhe convém: o ataque, ao converter seis de seus primeiros sete arremessos. Àquela altura, seus companheiros haviam simplesmente errado todas suas 12 tentativas de cesta. Aí, meus amigos, com Shaun Livingston inspirado, Klay Thompson bombardeando, Draymond Green e Iguodala fazendo a bola girar, o estrago já era imenso. Foi um desfecho emblemático, aliás. Harden fazendo de tudo, mas por conta própria. E, mais tarde, nos últimos minutos, com a barba de molho, via Dwight Howard em ação, até os últimos segundos, sem a menor chance de reação. Algo até bizarro para a tradição da liga.

São vários pontos aqui:

1) Harden e Howard claramente não são os mais chegados, por mais que neguem publicamente. Diversas fontes, anônimas ou não, apontaram no decorer do ano que, no mínimo, os dois astros não se dão bem. Antes do All-Star Game, aliás, em conversas separadas com a diretoria, um teria pedido a cabeça do outro. Podemos citar aqui David Thorpe, analista do ESPN.com e, principalmente, treinador particular de Corey Brewer e alguém que tem longo relacionamento com a franquia, já que trabalha com Kevin Martin e Courtney Lee também. Outro que não fez muita questão de esconder esse trauma: Jason Terry, o tipo de veterano que sente que já não deve mais nada a ninguém e sai falando sem filtro nenhum. “Não tem química nenhuma neste grupo. É horrível para…”, esbravejou à frente de diversos jornalistas após uma derrota para o Portland, em fevereiro, sem que estivesse dando entrevista, marchando em em direção ao vestiário. Foi o último ano antes do intervalo para o All-Star Game. “Se você olhar bem, vai ver que a química do time não está do modo como gostaria, e espero que o descanso seja o que precisamos. Cada um indo para o seu lugar e se afastando. É como um casamento. Talvez você precise de um tempo distante para se acertar”, disse, pouco depois, mais calmo, mas ainda realista, pouco antes do jogo festivo em Toronto.

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2) Sobre Harden jogando sozinho: não foi assim desde sempre? Depois de fazer um ótimo campeonato em 2014-15, o Sr. Barba entregou novamente números aparentemente maravilhosos, mas em outro contexto, individualista demais, alienando os parceiros, Howard entre eles. Pode-se interpretar de duas formas essa vocação egoísta: o elenco não estava rendendo nada, mesmo, muito abaixo do esperado. Por outro lado, será que essa queda brusca não se deve justamente a uma falta de sintonia com Harden? Virou bola de neve.

Howard já não é mais a mesma figura imponente de cinco anos atrás. Vai ter seus espamos de quando em quando, mas não existe mais garantia de que possa dominar o garrafão diariamente. De todo jeito, é justificável que tenha sido diversas vezes ignorado por completo no ataque?

Harden ao ataque: não dá para resolver sozinho

Harden ao ataque: não dá para resolver sozinho

3) Ainda sobre Harden, recuperando também as informações passadas por Thorpe e que foram confirmadas em diversos relatos anônimos: o astro se apresentou ao training camp com Kevin McHale totalmente fora de forma. Pegou muito mal com boa parte do elenco, claro. Afinal, ele supostamente deveria liderá-los. Não só como um exemplo de conduta, mas essencialmente porque o sistema ofensivo do Rockets depende muito, mas muito mesmo de suas habilidades. Harden é o armador de fato do time e também seu principal cestinha.

Junte as peças: no ano anterior, Harden chegou voando ao time, depois de um papel de destaque pelo Team USA pela Copa do Mundo. Em 2015, ele ganhou as capas doa tablóides ao lado de sua namorada, Khloé Kardashian. Não vou eu julgar a moça, nem dar link para o TMZ, mas o que podemos dizer é que muita gente na NBA via nessas fotos um sinal de perigo. Fato é que, no início de campanha, ele não conseguiu render em alto nível. O time afundou junto. A crise era tão grande nos bastidores que o gerente geral Daryl Morey se sentiu obrigado a demitir McHale, que havia acabado de renovar seu contrato por três temporadas, com apenas 11 (!) partidas disputadas. Foi aquela tentativa básica de se gerar um fato novo e agitar as coisas. Ele se defende dizendo que, de esperasse um pouco mais, poderia ser muito tarde. Com a classificação obtida apenas na última noite da temporada regular, após 37 vitórias e 34 derrotas, pode ser o caso. Ou, numa outra trilha, com Harden recuperado, talvez o time pudesse ter reagido com McHale, mesmo, e jogado ainda mais. Vai saber.

Devido à demissão do to técnico de melhor aproveitamento na história da franquia, com 59,8%, à queda geral desempenho do elenco (alguém se lembra daquele tal de Terrence Jones, por acaso?) e ao desacerto com Ty Lawson, o dirigente foi duramente questionado. A principal linha foi a seguinte: taí o cara dos números se estrepando e aprendendo da pior forma que o basquete, que o esporte se faz na prática, na quadra, no vestiário.

Certo.

Em 2015, o Rockets teve gana e conseguiu virada impossível contra o Clippers. E aí?

Em 2015, o Rockets teve gana e conseguiu virada impossível contra o Clippers. E aí?

Mas como explicar que, praticamente com uma base idêntica, o Houston Rockets tenha chegado à final do Oeste pela temporada passada? Ele não montou aquele belo time seguindo as mesmas práticas? Além disso, o que dizer dos times que quase não dão bola aos números, contratam técnicos boleiros e se dão mal do mesmo jeito? Pois é: não cola esse argumento simplista e, de certa forma, revanchista.

É óbvio que a situação escapou do controle de Morey, McHale e Harden/Howard. O difícil é entender exatamente o que aconteceu. Como é possível que a química de um time se desfazer de forma tão abrupta? Pois é. Pode parecer chavão esportivo para muitos. Mas a harmonia de vestiário vai ser, na maioria dos casos, tão preponderante como o talento de seus jogadores, com números, grana para egos e diferentes currículos para administrar. Pode achar bobagem, mas, mesmo sem Curry, o Warriors avançou com tranquilidade, um ano depois de eles terem se enfrentado em uma final de conferência mais competitiva.

Daí que, além do título óbvio, que Walter White adoraria, a faixa do Yeasayer se encaixa também por sua formação: é mais uma das tantas bandas estabelecidas na onda semi-novo-eletrônica-multicultural-étnica do Brooklyn. Sendo, na minha modesta opinião, mais talentosa e, hã, harmônica do que 90% de seus, hã, pares.

Mas, bem, de volta a Houston. Não dá para colocar tudo na conta de Lawson, a grande novidade, coitado, a despeito de seus problemas pessoais sérios e do fiasco que resultou sua contratação. Em teoria, o baixinho chegaria para aliviar a carga de Harden, como uma segunda opção de criação, também acelerando ainda mais o ataque. Na prática, foi um desastre. Como podemos notar agora que veste a camisa do Indiana, o ex-condutor do Denver não tem conseguido repetir suas melhores atuações. Parece ter virado um armador qualquer. Mesmo se estivesse voando, porém, sua parceria com Harden não funcionou taticamente, e não por um dilema inédito na história do esporte: ambos entregam mais quando estão com a bola. E, por mais que se esperneie, só há uma bola em jogo.

McHale demorou para enfrentar a questão. Poderia ter separado os dois o máximo possível, desde os primeiros jogos. Quando o barbudo fosse descansar, que Lawson fosse acionado para controlar o show. A questão é que, mesmo quando essa estratégia foi posta em prática, não funcionou tão bem. Como quase tudo o que foi tentado durante a campanha: a seleção de Sam Dekker, sabotado por lesões, a queda de McHale, a volta de Josh Smith, a troca vetada de Motijeunas e Thompson com o Detroit, entre outras cortadas. Ao menos, em seu retorno da China, Michael Beasley deu saudável contribuição ao ataque, mesmo que na defesa a história seja outra.

Quase ninguém entende exatamente o que rolou em Houston

Quase ninguém entende exatamente o que rolou em Houston

Foi uma espiral de desencontros. Agora o clube vai ter de juntar os cacos e ver quais as possíveis soluções. Daryl Morey está garantido pelo proprietário, Les Alexander. Mas parece pouco provável que Bickerstaff seja efetivado, mesmo que tenha cumprido sua missão numa situação muito desconfortável, como um interino de um time fragmentado. Jeff Van Gundy, técnico do time de 2003 a 2007, e Luke Walton já foram sondados e serão entrevistados.

Em relação ao vestiário, a primeira dúvida é a permanência de Howard, que vai exercer cláusula contratual e entrar no mercado. Aos 30 anos, não está tão velho assim. Mas não dá relevar seus problemas crônicos nas costas e joelhos, que são resultado de 12 anos de liga. Ou seja: são 30 anos de idade, mas com milhagem de veterano que pulou diretamente do high school para a NBA. Sem contar a reincidência no quesito disciplinar: lidar com Harden, pode não ser fácil, mas o pivô também acumula desafetos ou gente desconfiada desde Orlando. Kobe que o diga.

O Sr. Barba também vai ter de passar seu ano a limpo. Fechar o ano com 29,0 pontos, 7,5 assistências e 6,1 rebotes não é de se fazer desfeita. Com estas médias, veja quem lhe faz companhia. Bateu 837 lances livres, ou 174 a mais que o segundo, Boogie Cousins. Não dá para acusá-lo de omissão. O cestinha, que tanto quis sair da sombra se Durant e Westbrook, precisa entender que nem tudo é sua responsabilidade. Não precisa, nem deve tentar fazer tudo sozinho. Tampouco pode esperar que o controle de 100% das ações no ataque vire 10% de compromisso na defesa, sem achar que o desequilíbrio nessas ações vá gerar consequências. Acho que isso ficou claro na última partida do calendário. Daqui a alguns meses, ele poderá reencontrar os companheiros de seleção e se lembrar de como é que se faz.

“Já lido com isso há bastante tempo. Você vai enfrentar todos os tipos de adversidade. O modo como as enfrenta é o sinal de que tipo de time você tem. Nosso time não foi forte o bastante mentalmente para enfrentar essas adversidades e aprender. Fica uma lição para Harden. Como estrela da equipe, você tem de enfrentar certas questões e ainda ser capaz, mentalmente, de elevar seu jogo junto com seu time e levá-lo até onde você quiser que ele vá”, disse Terry, ainda em Oakland, nesta quarta.

São tantas coisas para o Rockets resolver que nem vai dar tempo de acompanhar o desfecho da temporada. O Trail Blazers vai se aproveitar dos desfalques dos concorrentes? O Warriors vai resistir? O Rockets poderia, mas se recusou a discutir e se envolver com as respostas. Melhor evitar. Antes de se meter em ponderações, nada como o Caribe. Ninguém é de ferro.

A pedida? A essa altura, o clube só espera que possa contratar um técnico que consiga se comunicar com Harden (e Howard?) e tirar o máximo de um dos jogadores que é um dos cinco melhores da liga

A gestão: é… Depois de tanto tempo em que Daryl Morey tripudiou em cima da concorrência — sem tantas provocações, que fique claro, mas rapelando praticamente todo mundo em uma mesa de negociação da liga. Basta revisitar a troca por James Harden. Que tenha pago Kevin Martin, Jeremy Lamb e duas escolhas de Draft (que se transformaram em Steven Adams e Mitch McGary) e uma de segunda, é uma das maiores barganhas que podemos listar aqui.

Morey, dos cartolas mais inquietos da NBA

Morey, dos cartolas mais inquietos da NBA

Mas teve muito mais:

– em 2007, sabendo que Vassilis Spanoulis não queria saber mais dessa brincadeira, mandou seus direitos e uma escolha de segunda rodada e acolheu Luis Scola, quando a lenda argentina enfim deixou o basquete espanhol para se testar contra os melhores atletas do mundo;

– em fevereiro de 2009, em mais uma troca tripla, mandou Rafer Alston para Orlando e recebeu, de Memphis, o ala-pivô Brian Cook e Kyle Lowry.

– em fevereiro de 2010, sabendo a ânsia que o Knicks tinha para limpar salário e correr atrás de LeBron James, Chris Bosh e Dwyane Wade no mercado, conseguiu extorquir Donnie Walsh: mandou o restinho de contrato de um quebrado Tracy McGrady para NYC e recebeu Jordan Hill (ainda visto como um pivô promissor e que renderia dividendos no futuro), Jared Jeffries e uma escolha de primeira rodada (desperdiçada em Royce White, é verdade). Além disso, ainda arrastou o Sacramento Kings para a troca tripla e recebeu Kevin Martin, que era muito mais produtivo que T-Mac àquela época e, depois, seria peça central para receber Harden;

Seu retrospecto na segunda rodada do recrutamento de calouros também é invejável: Steve Novak (número 32, em 2006), Carl Landry (31 em 2007), Chase Budinger (44 em 2009) e Chandler Parsons (38 em 2011), e ainda precisa ver se Sergio Llull (34 em 2009) vai aceitar um dia se despedir de Madri. Se você acha pouco, basta fazer uma pesquisa, ano a ano, para ver o quanto se aproveita na segunda metade dos Drafts… Em relação à primeira rodada, Aaron Brooks (26 em 2007 e que, mais tarde, renderia Goran Dragic e uma escolha de Draft), Patrick Patterson (14 em 2010) e Clint Capela (25 em 2010) foram alguns sucessos. Terrence Jones ainda é uma incógnita, enquanto Marcus Morris não foi bem aproveitado.

(Agora, claro que o cara não é infalível. Uma troca equivocada em 2010 foi quando mandou uma escolha de primeira rodada para o Nw Jersey Nets para apostar em mais um cabeça-de-vento como o ala Terrence Williams. No mesmo ano, trocou Trevor Ariza por Courtney Lee. Depois, mandou Courtney Lee para Boston sem receber nada de valor em troca, a não ser uma escolha de segunda rodada – que, de todo modo, também foi no pacote por Harden e se transformou em Alejandro Abrines. O fato de ter ido atrás de Ariza depois mostra arrependimento. A aquisição dos direitos de Jermaine Taylor e Joey Dorsey pela segunda rodada do Draft também não colou. Royce White foi um fiasco no Draft de 2012.)

Se for para filtrar toda essa enxurrada de transações, o saldo é bem positivo. Tudo parecia correr direitinho. No ano passado, o projeto com Harden-Howard rendeu ao time sua primeira final de conferência desde a era Olajuwon. Um ano depois, porém, está à procura de novas respostas.  Vamos ver no que dá. Não esperem que ele fique parado.

Olho nele: Patrick Beverley

Beverley, de novo

Beverley, de novo

Temos aqui um caso que desafia qualquer nomenclatura: na defesa, o camisa 2 vai defender armadores de um lado e, do outro, vocês sabem, se desloca para o lado, sendo mais um chutador à espera de definições do barbudo. Já que Harden domina a bola, ao seu lado, na backourt, Beverley acaba sendo um complemento perfeito, ainda mais agora que atingiu o aproveitamento de 40% nos tiros de três pontos, ajudando a espaçar a quadra para as infiltrações do craque do time.  Funciona melhor em comparação com Ty Lawson. O que não quer dizer que seja um jogador superior.

Mas seu ganha-pão ainda é a defesa, o que deixa a parceria com Harden ainda mais conveniente em termos táticos. Contumaz, ágil com os pés e as mãos, desperta a ira dos mais esquentadinhos e recebe elogios e respeito daqueles que sabe como essas coisas funcionam para aqueles que nem sempre foram vistos como estrela, como Draymond Green, que foi fazer a escolta de Steph Curry depois de ele e Beverley terem se enroscado no primeiro tempo do Jogo 1. “Você meio que espera isso de um cara como Pat. Foi o modo como ele construiu sua carreira na liga. Agora ele ganhou seu contrato, mas ainda joga do mesmo jeito. E eu o respeito que ele se mantenha fiel ao seu estilo. Ele não foge disso”, disse o ala-pivô.

trading-card-pippen-rockets-1999Um card do passado: Scottie Pippen. Sabe essa história de se montar supertimes, com múltiplos candidatos certeiros ao Hall da Fama? Definitivamente não começou com os superamigos de Miami. nem com o Los Angeles Lakers de Kobe, Gasol, Nash & Howard, aquele fiasco retumbante. São várias as tentativas no decorrer da história da NBA, e o Houston Rockets da temporada 1998-99 (que, na verdade, só foi disputada em 99, mesmo, devido a estes lo(u)cautes da vida…) é um desses casos, lembrando bastante o caos vivido por L.A. em 2012-13.

Pippen não queria ver a diretoria do Chicago Bulls nem mesmo se o gerente geral Jerry Krause estivesse dirigindo um carro-forte cheio de barras de ouro. O ala era a frustração encarnada devido ao seu contrato realmente pífio — e à recusa do clube de renová-lo — e só não havia forçado sua saída da franquia anos antes graças aos apelos de Michael Jordan e Phil Jackson. Quando os dois partiram, o ala foi junto, aceitando uma proposta do Rockets. Lá, jogaria ao lado de Hakeem Olajuwon e Charles Barkley, assumindo a vaga aberta pela aposentadoria de Clyde Drexler. A negociação despertou tanto interesse que rendeu a Pippen uma capa da Sports Illustrated, a única de sua carreira para a qual posou solitário. O time nunca rendeu aquilo que o técnico Rudy Tomjanovich esperava, a despeito das 31 vitórias e 19 derrotas, que renderam apenas o quinto lugar na conferência. Nos playoffs, o Rockets foi eliminado já na primeira rodada por um Lakers ainda pré-Phil Jackson, por 3 a 1. Só não foram varridos devido à melhor atuação de Pippen pelo time, somando 37 pontos e 13 rebotes no Jogo 3.

Pois o hexacampeão nem perdeu tempo. Dias depois da eliminação, comunicou ao clube que não havia mais clima para ele ficar lá. Queria ser trocado, afinal de contas. Barkley não perdoou: “Ele querer sair depois de uma temporada é uma grande decepção. O clube fez de tudo para contratá-lo, os torcedores o trataram tão bem”. Acontece que o que Chuckster não contou foi que ele era justamente a principal razão para o descontentamento de Pippen, que diria: “Não pediria desculpas a Charles Barkley nem mesmo sob a mira de uma arma. Ele jamais poderia esperar desculpas de mim. Na verdade, acho que ele me deve desculpas por ter se apresentado para jogar com sua bunda gorda”. Ouch. Problemas de quê? Relacionamento… Química, claro. Além de gordura localizada, no caso.

Naquele ano, a temporada começou muito tarde. Não foi só Barkley que chegou fora de forma para jogar o campeonato. Foram dezenas de atletas nessas condições, o que arranhou, e muito, a imagem do sindicato, que havia se metido numa briga ferrenha com os proprietários pela divisão de lucros da liga. Por outro lado, segundo dizem por aí, os jogadores do San Antonio, time que ganharia seu primeiro título, chegaram voando. Eles teriam se reunido na cidade mesmo semanas antes da resolução do lo(u)caute, de modo informal — ou “pirata”, mesmo, como você preferir — para treinar com Gregg Popovich. As atividades estavam proibidas.

Pressionado, o Rockets mandou Pippen para Portland, em troca de um pacote que não empolgou muito: Stacey Augmon, Kelvin Cato, Ed Gray, Carlos Rogers, Brian Shaw e Walt Williams. Cato, pelo menos, faria parte do pacote futuro que levaria Tracy McGrady à equipe.

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A bizarra dispensa de Josh Smith e um Houston mais forte
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Giancarlo Giampietro

SVG, o técnico, tentou orientar. SVG, o presidente, não soube ponderar

SVG, o técnico, tentou orientar. SVG, o presidente, não soube ponderar

É normal que um técnico, furioso após um treino frustrante, no qual seus atletas não renderam o esperado, suba as escadas em direção ao escritório dos diretores do clube para pedir a cabeça de um jogador.  Ele simplesmente não aguenta mais um cara: considera que ele não se dedica o bastante, que sua postura esculachada pode servir de má influência para o restante do time e que o melhor, mesmo, é mandá-lo para a Sibéria. O gerente geral vai obviamente escutar tudo, tomar notas, conversar com o treinador e, depois de escutar a batida da porta, pode chamar um ou outro assistente para ponderar a respeito e estudar as alternativas para atacar esse mais novo problema. Vão atender ao pedido? Que tipo de mercado poderiam encontrar para o atleta? É algo que pode ser contornado com muita conversa?

Em Detroit, o reino de Stan Van Gundy, porém, esse processo todo está comprometido. Quando o técnico Van Gundy queria reclamar a respeito de Josh Smith, ele teria de conversar com o presidente Stan Van Gundy. E aí faz como? Bem, aí que os ímpetos imediatistas do SVG das quadras prevaleceram, a ponto de causarem espanto na NBA com a dispensa o ala-pivô sem mais, nem menos, numa decisão que, inicialmente, custará cerca de US$ 40 milhões em salários (o deste campeonato mais US$ 27 milhões que teria nas próximas duas temporadas). Dinheirama gasta em um cara banido do clube. Que tal?

Não tem muito como avaliar a barra do substituto de Joe Dumars aqui: foi uma tremenda trapalhada. Foi algo realmente bizarro, fugindo da rota que 99,9% das demais franquias adotaria. O todo-poderoso do Pistons exaurir as possibilidades de troca até 19 de fevereiro, ou tentar negociar uma rescisão contratual com algum desconto até 1º de março (os jogadores dispensados até essa data se mantêm elegíveis para a disputa dos playoffs por outro time).

Smith não deixa saudades na Motown

Smith não deixa saudades na Motown

Van Gundy não quis saber de nada disso. Chamou Smith para seu escritório e soltou a bomba. Nuclear, no caso. É de se imaginar a reação do veterano. Primeiro, uma combinação de susto e, talvez, humilhação. O dirigente-treinador estaria tão insatisfeito com ele a ponto de assinar um cheque polpudo para não vê-lo mais nos arredores da cidade. Depois, passado o baque, talvez tivesse vindo a sensação de liberdade. Desde que assinou com Dumars em 2013, o encaixe, a combinação com a equipe nunca pareceram certos.

Segundo consta, a trupe de SVG sondou o mercado de trocas, sim. Mas não ouviu nada de interessante. O único clube realmente disposto a fazer um negócio foi o Sacramento Kings. Que teria oferecido dois pacotes: o pivô Jason Thompson acompanhado de Derrick Williams e, depois, de Carl Landry. A primeira proposta ele recusou na expectativa de trabalhar com Smith e tentar arrumar as coisas em quadra – projeto que não durou nem três meses. A oferta com Landry foi a última e, nesse caso, a economia de alguns tostões apenas para Detroit. E eles queria uma redução mais drástica na sua folha de pagamento, pensando numa reformulação de verdade ao final do campeonato.

Ao dispensar Smith e esticar o valor restante de seu contrato por cinco anos (Smith vai receber U$ 5,4 milhões por ano, até 2020), eles vão conseguir isso. A opção representa um ganho de US$ 8 milhões no teto salarial em 2015 para dar mais margem de manobra nos futuros negócios. Além disso, segundo as regras do acordo trabalhista da NBA, caso Smith assine com uma nova equipe por um valor acima do salário mínimo, metade desse vínculo será descontada das despesas do Pistons. Quer dizer: aquela conta de US$ 40 milhões pode ser reduzida. Só não esperem, porém, que esse valor despenque de modo considerável.

Smith estava jogando muito mal em Detroit. Com ele em quadra, a equipe era vencida pelos adversários por mais de 12 pontos em média, a cada 100 posses de bola. Para se ter uma ideia, o Philadelphia 76ers tem perdido por 10,6 pontos a cada 100 posses neste campeonato. É um prejuízo danado, então, que ajudou a diminuir a cotação do atleta. Por outro lado, parece claro que a maior dificuldade encontrada por Van Gundy neste caso foi justamente sua urgência para selar uma proposta. Se os dirigentes percebem o desespero e estão cientes sobre o valor astronômico do contrato, entram na negociação com a vantagem toda do seu lado. Muitos deles já pediram logo de cara uma escolha de primeira rodada de Draft, antes de avançar nas conversas.

Mesmo equilibrado, Smith não estava matando nada em Detroit

Mesmo equilibrado, Smith não estava matando nada em Detroit

Esses são, basicamente, os pontos a favor da decisão dramática. Agora… se até um Gilbert Arenas, alguém que levou armas para o vestiário e, sim, defecava sobre o tênis dos companheiros, pôde ser trocado, imagino que dava para ter encontrado uma solução melhor, sim, para Smith. (Ironicamente, aliás, Arenas saiu do Washington Wizards justamente para o Orlando Magic, para jogar com Van Gundy. Pesou aí a memória de treinador (uma vez que Arenas foi um fiasco na Flórida) e, não, a de dirigente.

Quando acertou com Van Gundy e decidiu lhe dar plenos poderes no controle das operações de basquete, Tom Gores, o dono da franquia, deveria estar ciente dos riscos. São raros os casos de personagens que tenham conseguido dar conta de duas funções com mentalidades tão distintas: o técnico se preocupa com o dia de hoje e amanhã; um dirigente precisa cuidar do que vem muito depois disso, ainda mais numa NBA em que a concorrência é predatória.

Pat Riley deu conta disso em Miami, mas de um modo bem diferente: orientou o time com certo sucesso nos anos 90, mas, depois, viu um elenco envelhecido naufragar. Foi só a partir do momento em que ele se concentrou mais na função de gerente que a franquia decolou, ganhando três títulos desde 2006. O primeiro deles, é verdade, foi com o ultravencedor de volta ao banco, ironicamente depois de demitir SVG. A equipe, porém, já estava montada, com Shaq, Wade, Payton, Posey, Haslem, Williams, Walker e muito mais. Naquele caso, o técnico não tinha do que bufar, uma vez que ele mesmo havia reunido aquele grupo de atletas.

Smith foi um contrato herdado por Van Gundy. Joe Dumars, infelizmente, não estava presente para escutar suas lamúrias de quadra.

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Amigo é coisa pra se guardar...

Amigo é coisa pra se guardar…

Ah, a sorte. Ela pode interferir no destino de uma temporada de NBA de modo muito mais decisivo do que os analíticos e os mais racionais podem admitir. Não só por conta das lesões – como o mais novo infeliz acidente em torno de Anderson Varejão nos conta em Cleveland –, mas muito mais por uma série de fatores, de incidentes que podem acontecer durante a jornada, beneficiando um, ferrando com a vida do outro.

Na Conferência Oeste de competitividade absurda, o Houston Rockets pode estar ganhando um presentão com a dispensa de Smith pelo Pistons. O ala já concordou em assinar com o clube texano, por algo em torno de US$ 2 milhões. O gerente geral Daryl Morey precisa apenas abrir uma vaga em seu elenco para assinar a papelada. Ele vai tentando achar uma nova casa para Joey Dorsey, Tarik Black,  Clint Capela, Nick Johnson ou Alexey Shved (os atletas de menor salário e menor papel na equipe, em suma). Atualização: Tarik Black, que não tinha garantias em seu salário para o futuro, acabou dispensado. Do contrário, teria de dispensar outro contrato, lembrando que esse foi um expediente já adotado pelo cartola antes do início da temporada, torrando US$ 2 milhões em Jeff Adrien e Ish Smith.

Em teoria, parece um negócio da China, por um ala-pivô que, embora não castigue mais o aro como nos bons tempos em Atlanta, ainda tem muito talento para oferecer como defensor (ainda está no top 10 de tocos da liga e tem mobilidade e agilidade acima da média para a posição) e um passador cada vez mais apurado.

Não se trata, porém, de um jogador completo, que não cause alguns problemas em quadra. Do contrário, não teria sido dispensado com US$ 40 milhões por receber. Aliás, fosse o caso, talvez o Atlanta Hawks não tivesse permitido nem que entrasse no mercado de agentes livres no ano passado. Que tipo de problemas, então? Bem, já é de conhecimento público suas dificuldades com o arremesso de três pontos. Mais que isso: não só ele é um péssimo arremessador, como não se esquiva de queimar bolas de longa distância com uma frequência alarmante.

Nesta campanha derradeira pelo Pistons, contudo, a penúria se alastrou. Ainda que ele tenha diminuído consideravelmente o volume nos tiros de fora (1,5 a cada 36 minutos), seu aproveitamento geral nos arremessos de quadra despencou para baixo da casa  de 40%, com 39,1%, vindo de um 41,9% na temporada passada – as piores marcas de sua carreira. Uma tendência preocupante e horrorosa. Isto é: ele distribuiu seus arremessos de forma mais apropriada, conforme suas habilidades, mas simplesmente não conseguiu convertê-los. Vejam que calamidade:

josh-smith-shooting-chartA conversão de apenas 44% perto da cesta é assustadora para alguém de sua posição e talvez seja um sério indício de a) o declínio de sua capacidade atlética; b) simplesmente o produto de se jogar num time ruim, com um armador que não sabe o que faz em quadra e cujo garrafão já esteja congestionado com Andre Drummond; c) total desinteresse pela prática do basquete; d) uma combinação desses três fatores. No final das contas, Smith é apenas o segundo jogador na história da liga a ficar abaixo dos 40% de arremesso de quadra e 50% nos lances livres, com um mínimo de 800 minutos em quadra.

O Rockets acredita que o péssimo desempenho do ala-pivô tenha mais a ver com a falta de motivação e encaixe em Detroit. Que seu nível de produção vai subir e os maus hábitos, diminuírem, ao lado de seu compadre Dwight Howard, jogando num time de ponta, com reais pretensões de título. A conferir.

Mesmo com Howard perdendo 11 jogos devido a dores no joelho, o Rockets tem hoje a segunda defesa mais eficiente do campeonato. Imagine o quão sufocante e sólida pode vir a ser com o pivô e Smith em forma para proteger o garrafão? Por outro lado, também cabe a pergunta: será que a presença de Smith faria tanta diferença assim num sistema que obviamente já funciona bem?

Agora, as maiores dúvidas ficam para o ataque, mesmo. O reforço vai comprometer o espaçamento ofensivo? Donatas Motiejunas já não honra sua fama – e sua condição natural de lituano ; ) –, com 28,3% de acerto de fora. Kostas Papanikolau ainda não se ajustou a distância maior da linha de três da liga. Terrence Jones vinha muito bem, mas está afastado por tempo indeterminado das quadras. Com Smith, seria um não-chutador para fechar as linhas de infiltração de James Harden.  A despeito disso, o Rockets é o time que mais chuta do perímetro na liga. Com o técnico Kevin McHale, de contrato renovadíssimo, vai se comprtar com Smith? Vai incentivá-lo a arremessar, não importando os resultados? Você pode estar empurrando a Chapeuzinho Vermelho em direção ao Lobo Mau numa dessas, gente.

É, de qualquer forma, uma aposta de baixo risco para o Rockets, mas que pode fazer grande diferença.

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O Rockets já havia fortalecido seu sistema defensivo com a troca por Corey Brewer. O ala ex-Wolves pode não ser um marcador implacável no mano-a-mano, mas é um tormento para atacar as linhas de passe, com reflexos acima da média, agilidade e envergadura. Junte ele e Trevor Ariza, e o time de McHale tem duas excelentes opções no perímetro para dar um descanso a Harden. O Sr. Barba vinha muito melhor na conenção, mas já gasta muita energia no ataque e precisa ser realmente preservado. Sem ironias.

 

 

 

 

 


Detroit Pistons: todo o poder a Stan Van Gundy
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Giancarlo Giampietro

30 times, 30 fichas para a temporada 2014-2015 da NBA

Orlando estava muito bem, obrigado, mas...

Orlando estava muito bem, obrigado, mas…

E se você estivesse curtindo uma semiaposentadoria na Flórida, vivendo mais próximo das crianças, acompanhando-as no jogo de futebol no final da tarde de uma terça-feira, respirando e relaxando numa vizinhança tranquila? Depois de passar uns dois bons anos estressantes, tendo de responder diariamente aos mesmos questionamentos, 99% deles ligados a um gigante de 2,11 m e massa muscular assustadora, mas mal crescido em outros aspectos, que muito provavelmente queria sua demissão, mas que, ao mesmo tempo, era sua única aposta para o sucesso?

Para tirar a pessoa de um sossego desses, só com uma oferta irrecusável, mesmo. Como, por exemplo, ter controle total nas operações de basquete de um clube de NBA, respondendo apenas ao bilionário que comprou a franquia. Ter a oportunidade de, basicamente, ser o seu próprio chefe, e ainda ganhando US$ 7 milhões por ano. Só assim, mesmo, para Stan Van Gundy retornar, tendo o Detroit Pistons como seu grande brinquedinho.

O magnata Tom Gores bem que flertou com Phil Jackson no passado. Em 2013, por exemplo, o Mestre Zen fez um frila em Detroit, trabalhando como consultor de Joe Dumars durante o período de mercado aberto para os agentes livres e também para a contratação de (mais) um treinador. Não se sabe exatamente qual foi a influência de Jackson, o quanto Dumars o escutou. Sabemos, no entanto, que as coisas não deram muito certo, resultando no desligamento de Maurice Cheeks antes mesmo que ele concluísse a primeira temporada de seu contrato.

SVG e um novo pivô para desenvolver: até onde pode Drummond chegar?

SVG e um novo pivô para desenvolver: até onde pode Drummond chegar?

Com o time novamente fora dos playoffs, seria, enfim, a gota d’água para Dumars. Chegaria a hora de se despedir do ídolo, bicampeão como jogador e arquiteto do time que derrubou o Lakers nas finais de 2004, retornou às finais em 2005 contra o Spurs e alcançou a decisão da Conferência Leste em seis anos consecutivos. Depois de tanto sucesso, o gerente geral falhou gravemente no processo de reformulação, com muitas apostas caríssimas e furadas, como Allen Iverson e, especialmente, a inesquecível dupla Ben Gordon e Charlie Villanueva. O aproveitamento nas últimas cinco temporadas não passou dos 40%. Para limpar essa bagunça, Jackson, amigo do proprietário, nem topou. Van Gundy aceitou.

O ex-técnico do Orlando Magic e Miami Heat andava comentando alguns jogos da liga para a rede de rádio da NBC e do basquete universitário para a TV. Mas sem tanto compromisso. Diferentemente do acordo que teria com a ESPN, para a qual trabalharia como analista em seus shows pré-jogo e tal, de muita repercussão no dia-a-dia da NBA. Acontece que a equipe de David Stern, ao que tudo indica, não fiou tão entusiasmada assim com a possibilidade de uma figura tão inteligente e desbocada ganhasse esse tipo de plataforma para se expressar.

Desde então, muitos clubes fizeram fila para conversar com o SVG, Clippers e Kings entre eles. Mas as propostas não eram o suficiente para que ele se afastasse da família, ou que os fizesse mudar de cidade novamente. Passado um tempinho, para os garotos avançarem nos estudos, e a autonomia para gerir os negócios, e cá estamos com o retorno de uma figura muito respeitada – menos por Shaquille O’Neal –, que desenvolveu uma série de jogadores em Orlando além de Dwight Howard (Marcin Gortat, Trevor Ariza, Courtney Lee, Ryan Anderson e até mesmo gente rodada como Hedo Turkoglu e Rafer Alston!), formando um time bastante competitivo em torno do pivô.

Agora a expectativa é que ele faça o mesmo com o mastodôntico Andre Drummond, que transborda vigor físico e potencial. As dúvidas? Essa coisa de ele, mesmo, sair contratando suas peças. São poucos os treinadores que ganharam tanto poder na liga. Temos hoje os seguintes casos: Gregg Popovich com o Spurs, Doc Rivers com o Clippers e Flip Saunders com o Timberwolves. Em San Antonio, Pop conta com o inestimável apoio de RC Buford e uma estrutura já enraizada. Rivers e Saunders estão começando nessa aventura.

Meeks foi a primeira contratação de SVG. Pagou caro

Meeks foi a primeira contratação de SVG. Pagou caro

Com um bom espaço para contratações, não dá para dizer que SVG tenha causado boa impressão no mercado. Os valores gastos em veteranos como Jodie Meeks (US$18 milhões por três anos e já afastado por uma lesão nas costas) e Caron Butler (US$ 10 milhões por dois anos) foram, no mínimo, suspeitos e bem acima do que atletas com as mesmas habilidades receberam (Anthony Morrow e o Oklahoma City Thunder fecharam por US$ 10 milhões e três anos). DJ Augustin recebeu um pouco menos, mas a equipe já tinha um armador diminuto e irregular em Brandon Jennings. Além disso, sua versão cartola também falhou em chegar a um acordo com Greg Monroe. Pior: o pivô assinou a oferta qualificatória da franquia e vai se tornar um agente livre sem restrições ao final da temporada.

Resultado: Van Gundy, o técnico, vai ter de arrumar isso. Um tanto esquizofrênico isso? Pois é. Acontece quando você é o seu próprio patrão. Não tem com quem reclamar. O brinquedinho é todo dele.

O time: SVG olha para o seu elenco e vê três excelentes homens de garrafão, mas que tiveram sérias dificuldades quando escalados juntos na última temporada. Usar Josh Smith mais afastado da cesta é um convite para uma série de decisões absurdas. É provável que, ao contrário de Cheeks, o novo treinador chegue a uma simples conclusão: fazer um rodízio, mesmo. Sai um, entra o outro, e por aí vai, seguindo sempre com uma dupla forte. Agora, nas alas… Hm…  Temos um problema. Em teoria, Jerebko, Singler, Datome são o mesmo jogador – claro que há características peculiares que os diferenciam, mas as funções exercidas em quadra são basicamente a mesma. No fim, é um trio de atletas promissores, mas que geram  nenhum deles consegue se separar do outro. E aí que Butler só deixa essa rotação mais confusa nesse sentido. Mais uma ala 3/4, para espaçar a quadra, e tal. Na armação, Jennings precisa tomar um rumo na vida: se DJ Augustin mandá-lo para o banco, seria basicamente o fim. Van Gundy costurar tudo isso e fazer um grande conjunto? Seria sua maior obra.

Smith quer a bola. Drummond é o foco

Smith quer a bola. Drummond é o foco

A pedida: um retorno aos playoffs seis anos depois. Mesmo no Leste, um desafio, e tanto.

Olho nele: Kentavious Caldwell-Pope. Alguém com um nome desses precisa fazer um sucesso, né? O ala vai para o seu segundo ano, mais confiante e animado com as mudanças que vê ao redor.  Kentavious é bastante atlético, com capacidade para colocar a bola no chão e atacar a cesta. Além disso, tinha a reputação de ser grande arremessador vindo da universidade, ainda que essa habilidade ainda não tenha aparecido na grande liga (aproveitamento de 30,3% de longa distância até aqui). Aos 21 anos, ainda tem muito o que desenvolver. Fez ótima summer league em Orlando, mas perdeu boa parte da pré-temporada devido a uma torção no joelho. Dependendo do seu progresso, pode fazer as contratações de Butler e Meeks ainda mais banais.

Para que chamá-lo de KCP, quando se tem Kentavious?

Para que chamá-lo de KCP, quando se tem Kentavious?

Abre o jogo: “Não é um desrespeito com as pessoas que estão trabalhando no clube, mas foi duro para mim chegar a um acordo por mais quatro anos com gente que é nova por aqui. Honestamente, se você for perguntar para qualquer um na rua se eles topariam isso, na área em que trabalham, diriam não.  As pessoas ficam presas ao dinheiro e acham que, se foi oferecido, você é obrigado a aceitá-lo. Nós ganhamos muito dinheiro, mas todo o restante não pode ser relevado por causa disso. Se os jogadores fizessem esse tipo de coisa, seriam infelizes, porque receberiam o dinheiro apenas por receber e não estariam totalmente dedicados”, Greg Monroe, explicando por que não aceitou uma das ofertas de Van Gundy para estender seu contrato e seguir a rota incomum de jogar um ano pela oferta qualificatória. Ao mesmo tempo em que ganha liberdade para decidir seu futuro, o pivô também corre certo risco. Reparem nos malabarismos retóricos que ele precisa fazer para não entrar em conflito com os torcedores do Pistons.

Você não perguntou, mas… o Pistons entrou para o rol dos clubes da NBA que tem sua própria filial na D-League, o Grand Rapids Drive (não, não se trata de trocadilho).  Ex-gerente geral do Orlando Magic, Otis Smith foi agora contratado por seu antigo subordinado para dirigir o time B em quadra. Será a primeira vez que cumprirá a função de técnico. “Gosto do ‘desenvolvimento’ que está no nome da liga. Desta forma posso passar mais tempo no desenvolvimento do estafe e dos jogadores, dentro e fora da quadra”, afirma Smith. “Estar em quadra com os caras, ensinando-os, fazê-los evoluir e serem profisisonais… Isso é o que mais me anima.”

dennis-rodman-pistons-cardUm card do passado: Dennis Rodman. Com menos músculos, sem tatuagens, antes de se relacionar com Madonna e se casar com Carmen Electra, de atuar com Jean-Claude van Damme e Mickey Rourke e virar celebridade mundial, para além do quadrante da NBA, antes de se indispor com David Robinson, de intrigar e vencer mais Phil Jackson e de passar algumas noites mal dormidas na casa de Mark Cuban, Rodman já era um grandessíssimo jogador na Motown, ainda que como coadjuvante de Thomas e Dumars. Em suas últimas duas temporadas por lá, de 1991 a 93, o ala-pivô começou seu impressionante período hegemônico de melhor reboteiro da liga – e talvez da história –, com médias superiores a 18 por jogo. Nos dias de hoje, Andre Drummond é forte candidato a liderar o campeonato neste fundamento.


Jennings inaugura polêmicas, desdenha de ex-parceiros e promete vida nova
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Giancarlo Giampietro

E a primeira polêmica oficial da temporada 2013-2014 da NBA ficou por conta de… Brandon Jennings!

Palmas para ele, pessoal!

(Clap-clap-clap-clap-clap! São milhões de aplausos, no clima de Iiiiiirrmãos Benson!)

Muito bem, obrigado, obrigado.

Vocês viram essa? Em Detroit, o mais novo Brandon da Motown – assumindo o cargo que antes pertencia a Knight, numa das trocas mais curiosas do verão – foi elogiar seus novos companheiros, num gesto básico de solidariedade. O problema é que, ao falar bem de uns, decidiu pisar no calo de outros, seus antigos parceiros de Milwaukee.

“Neste ano acho que vocês vão ver um jogador completamente diferente, só de ver todo o talento que tenho ao meu redor, os veteranos neste vestiário”, afirmou, indicando que não praticava um bom e saudável basquete pelo Bucks por ter de fazer demais em quadra, sem ter a companhia adequada. Depois, foi a vez de fazer comentários diretos específicos sobre os grandalhões. “Não pude jogar com um cara que tenha presença de garrafão desde Andrew Bogut, alguém para quem você possa atirar a boa. Agora tenho isso aqui. Caras como Josh, Drummond. Podemos fazer pick-and-rolls. Um monte de opções.”

Daí que o Larry Sanders, que acaba de assinar um contrato gigantesco em Milwaukee, de US$ 11 milhões por quatro temporadas, não gostou muito dessas observações técnicas do armador. E disse que, para os pivôs do Pistons mostrarem o que podem, Jennings “tem de passar a bola para eles primeiro”.

Ouch.

Um raro momento em que os atletas deixam de lado a diplomacia, abrindo mais uma história intrigante para acompanharmos na temporada.

Pensem no seguinte: em maio, o Bucks estava disputando os playoffs, com os dois presentes no quinteto titular. Cinco meses atrás apenas. Não dá para imaginar que, de lá para cá, a apreciação de um pelo outro tenha mudado drasticamente assim… Quer dizer: os dois mal se aturavam, mas isso não podia vir a público de modo algum, para evitar uma crise institucional numa equipe das mais pobrinhas da liga, que se vira do jeito que pode para ser competitiva. E os técnicos e dirigentes que se virem para contornar esse tipo de situação, que, acreditem, se replica em diversos vestiários dos clubes da liga, mas que dificilmente “vaza” devido a um rígido controle de comunicação.

Uma vez, porém, que as temporadas mudem, com jogadores pegando as malas e partindo para outra, é aí que se abrem as portas para que esse tipo de desavença (ou, no mínimo, “desgosto”) seja revelado. O mais novo Piston obviamente não confiava muito nos pivôs que tinha ao seu lado para alimentá-los, e ao menos um desses gigantões esperava muito mais passes de seu armador.

Jennings é realmente uma figura daquelas, que estava escondido em Milwaukee nos últimos anos, esperando mais microfones, luzes. Talvez Detroit, hoje em dia, ainda não seja o palco para isso, mas ele ao menos encontrou algum jeito de chamar a atenção. Segundo consta, na sua primeira parada na NBA, se tornou persona non grata, se comportando como uma suprestrela, embora sua produção em quadra não se justificasse.

Este é outro aspecto que nunca se pode ser ignorado quando se escreve ou comenta a liga norte-americana. Os egos enormes envolvidos. Muitos desses atletas são paparicados desde a adolescência, tratados como reizinhos das mais diversas regiões de um país de proporções continentais. O duro é se ajustar a uma nova realidade, quando, ao seu lado, estão vários atletas que pensam exatamente a mesma coisa. O caso de Jennings é especial neste sentido. Ele saiu do high school direto para a Euroliga, com um contrato bem valioso. Já era patrocinado por um fornecedor esportivo emergente nos EUA quando foi selecionado no Draft de 2009. Chegou a marcar 55 pontos naquela que era apenas sua sétima partida no campeonato. Mas este continua a ser o principal feito de uma carreira que entra em sua quinta temporada.

Quando você o olha em ação, algumas habilidades saltam aos olhos, especialmente seu controle de bola. Jennings se desloca sem a menor dificuldade, com muita desenvoltura no drible, mesmo em alta velocidade – o indefectível Zach Lowe esmiuça seu jogo aqui. Mas não conseguiu em Milwaukee se desvencilhar de péssimos hábitos ofensivos, com poucos passes para cesta (não se enquadrou nem entre os 20 melhores em percentual de assistências por posse de bola, e Nate Robinson foi o 18º…) e uma seleção de arremessos sofrível. Seu aproveitamento nos tiros de quadra até agora é de ridículos 39,4%, algo inaceitável para alguém pouco pontua na linha de lances livres (2,9 na carreira). Vejam aqui seu quadro de 2012-2013:

Em amarelo, a média da liga. Em vermelho, abaixo (o que mostra o quanto sofre nas bandejas. De todo modo, o gráfico indica potencial de crescimento para Jennings de média para longa distância, desde que consiga reduzir o número de arremessos contestados que assume durante as partidas

Nem mesmo nas medições avançadas seus números sobrevivem, ficando abaixo de Iverson, Marbury, Steve Francis e qualquer outro dos anti-heróis que tenha  ouvido gritos e gritos de “fominha” durante as últimas décadas e sido eleito ao menos uma vez para um All-Star. Injusto esse tipo de comparação? Talvez. Desde que o próprio armador entenda em que ponto está sua trajetória no momento.

Veja o que ele também disse em sua chegada a Detroit: “Definitivamente tenho de mudar meu jogo para que este time tenha sucesso. As coisas que eu estava fazendo em Milwaukee eu não precisarei fazer mais aqui: tentar tantos arremessos ruins”. E mais: “Agora eu posso simplesmente ser eu mesmo em quadra, ser o que era cinco anos atrás, quando estava no colegial”.

Então é isso?

Ersan Ilyasova & Cia. estavam segurando o armador, atrapalhando seu potencial? Acompanhado de Greg Monroe, Andre Drummond e Josh Smith, vamos ver o “verdadeiro” Brandon Jennings?

Joe Dumars e Larry Sanders mal podem esperar.


Na tabela 2013-2014 da NBA, os jogos (alternativos) que você talvez queira ver
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Giancarlo Giampietro

Com olançamento sempre adiantadíssimo de tabela, agora da temporada 2013-2014, a NBA já reservou em seu calendário – sem nem consultá-los, vejam só! – algumas noites ou madrugadas de suas vidas. E nem feriado eles respeitam, caramba.

Já é hora, então, de sentar com o noivo, avisar a namorada, checar se não é o dia da apresentação do filho, e que a universidade não tenha marcado nenhuma prova para essas datas: Kobe x Dwight, retorno de Pierce e Garnett com Boston, o Bulls abrindo a temporada contra os amáveis irmãos de Miami, Kobe x Dwight, as tradicionais visitas de LeBron ao povoado de Cleveland, Nets x Knicks, revanche Heat x Spurs, Kobe x Dwight etc. etc. etc. Não precisa nem falar mais nada a respeito.

Mas, moçada, preparem-se. Que não ficaria só com isso, claro. A liga tem muito mais o que oferecer para ocupar seu tempo de outubro a junho. Muito mais. Colocando a caixola para funcionar um pouco – acreditem, de vez em quando isso acontece –, dá para pescar mais alguns jogos alternativos que talvez você esteja interessado em assistir, embora não haja nenhuma garantia de que eles vão ocupar as manchetes ou a conversa de bar – porque basqueteiro também pode falar disso no bar,  sem passar vergonha. Pode, né?

Hora de rabiscar novamente a agenda, pessoal. Mexam-se:

– 1º de novembro de 2013: Miami Heat x Brooklyn Nets
Depois de encarar o Bulls na noite de abertura, de descansar um pouco diante do Sixers, lá vem o Nets para cima dos atuais campeões logo em sequência. Essa turma de David Stern não toma jeito. Querem colocar fogo em tudo. Bem, obviamente esse jogo não é tão alternativo assim, considerando as altíssimas expectativas em torno dos rublos do Nets. Mas há uma historieta aqui para ser acompanhada em meio ao caos: será que Kevin Garnett, agora que não se veste mais de verde e branco, vai aceitar cumprimentar Ray Allen? Quem se lembra aí de quando o maníaco pivô se recusou a falar com o ex-compadre no primeiro jogo entre eles desde que o chutador partiu para Miami? Vai ser bizarro para os dois e Paul Pierce, certamente. Assim como a nova dupla de Brooklyn quando chegar a hora de enfrentar o Los Angeles Clippers de Doc Rivers em 16 de novembro.

No hard feelings? KG x Allen

E o KG nem aí para esse tal de Ray Allen ao chegar a Miami

1º de novembro de 2013:  Houston Rockets x Dallas Mavericks
Sim, uma noite daquelas! Mas sem essa de “clássico texano”. O que vale aqui é o estado psicológico de Dirk Nowitzki e o tamanho de sua barba. Contra o Rockets, o alemão vai poder se perder no tempo, divagando no vestiário sobre como poderiam ser as coisas caso o plano audacioso de Mark Cuban tivesse funcionado: implodir um time campeão para sonhar com jovens astros ao lado de seu craque. Dois astros como Harden e Howard, sabe? Que o Houston Rockets roubou sem nem dar chance para o Mavs, que teve de se virar com um pacote Monta Ellis-Samuel Dalembert-José Calderón e mais cinco chapéus e três botas de vaqueiro para tentar fazer de Nowitzki um jogador feliz.

Hibbert x Gasol

E que tal um Hibbert x M. Gasol?

– 11 de novembro de 2013: Indiana Pacers x Memphis Grizzlies
Vimos nos playoffs: dois times que ainda fazem do jogo interior sua principal força, e daquele modo clássico (pelo menos que valeu entre as décadas de 70 e 90), alimentando seus pivôs, contando com sua habilidade e físico para minar os oponentes*. Então temos aqui David West x Zach Randolph e Roy Hibbert x Marc Gasol. Só faça figas para que eles não esmaguem o Mike Conley Jr. acidentalmente. Candidatos a título, são duas equipes que estão distante dos grandes mercados, mas merecem observação depois do que aprontaram em maio passado.  Não dá tempo de mudar. (*PS: com a troca de Lionel Hollins por Dave Joerger, o Grizzlies deve adotar algumas das diretrizes analíticas de John Hollinger, provavelmente buscando mais arremessos de três pontos, mas não creio que mudem taaaanto o tipo de basquete que construíram com sucesso nas últimas temporadas e, de toda forma, no dia 11 de novembro, talvez ainda esteja muito cedo para que as mudanças previstas sejam totalmente incorporadas pelos atletas.)

– 22 de dezembro de 2013: Indiana Pacers x Boston Celtics
O campos da universidade de Butler está situado no número 4.600 da Sunset avenue, em Indianápolis. De lá para o ginásio Bankers Life Fieldhouse leva 17 minutos de carro. Um pulo. Então pode esperar dezenas e dezenas de seguidores de Brad Stevens invadindo a arena, com o risco de torcerem para os forasteiros de Boston, em vez para o Pacers local, time candidato ao título. Sim, o novo técnico do Celtics é venerado pela “comunidade” de Indianápolis e esse jogo aqui pode ter clima de vigília. (E, sim, mais um jogo do Pacers: a expectativa do VinteUm é alta para os moços.)

– 28 de dezembro de 2013: Portland Trail Blazers x Miami Heat
Se tudo ocorrer conforme o esperado para Greg Oden, três dias depois do confronto com o Lakers no Natal, ele voltará a Portland já como um jogador ativo no elenco do Miami Heat, deixando o terno no vestiário, indo fardado para a quadra. Da última vez em que ele esteve no Rose Garden, foi como espectador, sem vínculo com clube algum, sendo vaiado e aplaudido, tudo moderadamente. E se, num goooolpe do destino, o jogador chega em forma, tinindo, tendo um papel importante nos atuais bicampeões? Imaginem o tanto de corações partidos e a escala de depressão que isso pode – vai? – gerar na chamada Rip City.

– 13 de março de 2014:  Atlanta Hawks x Milwaukee Bucks
O tão aguardado reencontro entre Zaza Pachulia com essa fanática torcida de Atlanta, que faz a Philipps Arena tremer a cada jogo do Hawks. Não dá nem para imaginar como eles vão se comportarem na hora de acolher de volta esse cracaço da Geórgia, ainda mais vestindo a camisa do poderoso Bucks de Larry Drew – justo quem! –, o ex-técnico do Hawks. E, para piorar as coisas, o Milwaukee ainda tentou roubar desses torcedores o armador Jeff Teague. Não vai ficar barato! (Brincadeira, brincadeira.) Na verdade, an 597otem aí o dia 20 de novembro, bem mais cedo no campeonato, que é quando Josh Smith jogará em Atlanta pela primeira vez com o uniforme do Detroit Pistons. Neste caso, os 597 torcedores do Hawks presentes no ginásio e que consigam fazer mais barulho que o sistema de som vão poder aloprar o ala sem remorso algum quando ele optar por aqueles chutes sem-noção de média distância, desequilibrado, com 17 segundos de posse de bola ainda para serem jogados.

Ron-Ron tem um novo amigo agora

Ron-Ron agora vai acompanhar Melo em Los Angeles

– 25 de março de 2014: Los Angeles Lakers x New York Knicks
Já foi final de NBA, Carmelo Anthony seria um possível alvo do Lakers no mercado de agentes livres ao final da temporada, Mike D’Antoni não guarda lembrança boa alguma de seus dias como técnico Knickerbocker. São muitas ocorrências. Mas a cidade de Los Angeles tem de se preparar mesmo é para o retorno de Ron Artest ao Staples Center. Na verdade, o ala já terá jogado na metrópole californiana em 27 de novembro, contra o Clippers, mas a aposta aqui é que apenas quando ele tiver o roxo e o amarelo pela frente que suas emoções vão balançar, mesmo. E um Ron-Ron emocionado pode qualquer coisa. Nesta mesma categoria, fiquem de olho no dia 21 de novembro para o reencontro de Nate Robinson, agora um Denver Nugget, com seus colegas do Bulls, a quem ele jurou amor pleno. Robinson também é uma caixinha de… Fogos de artifício, e não dá para saber o que sai daí. Ele volta a Chicago no dia 21 de fevereiro.

– 12 de abril de 2014: Charlotte Bobcats x Philadelphia 76ers
O Sixers lidera os palpites das casas de apostas a pior time da temporada. O time nem técnico tem hoje – o único nesta condição –, seu elenco tem uma série de refugos do Houston Rockets, eles vão jogar com um armador novato que não sabe arremessar e lá não há sequer um jogador que possa pensar em ser incluído na lista de candidatos ao All-Star Game. Desculpe, Thaddeus Young, nós amamos você, mas tem limite. E, Evan Turner, bem… Estamos falando talvez da última chance. Então, no quarto confronto entre essas duas equipes na temporada, Michael Jordan espera, desesperadamente, que o seu Bobcats esteja beeeeem distante do Sixers na classificação da Conferência Leste. Se não for em termos de posições, que aconteça pelo menos em número de vitórias. Do contrário, é de se pensar mesmo se, antes de o time voltar ao nome Hornets, não era o caso de fechar as portas.

– 16 de abril de 2014: Sacramento Kings x Phoenix Suns
Como!? Deu febre?!? Não, não, tá tudo bem. É que… no crepúsculo da temporada, essa partida tem tudo para ser uma daquelas em que ninguém vai querer ganhar. Embora os torcedores do Kings tenham esperanças renovada com um nova gestão controlando o clube, a concorrência no Oeste ainda é brutal o suficiente para que eles coloquem a barba de molho e não sonhem tanto com playoffs assim. Ou nem mesmo com uma campanha vitoriosa. Fica muito provável que esses dois times da Divisão do Pacífico estejam se enfrentando por uma posição melhor no Draft de Andrew Wiggins (e Julius Randle, Aaron Gordon, Jabari Parker, Dante Exum e outros candidatos a astro). Então a promessa é de muitos minutos e arremessos para os gêmeos Morris em Phoenix, DeMarcus Cousins mandando bala da linha de três pontos, defesas de férias e mais esculhambação.


Prévia dos playoffs da Conferência Leste da NBA: Parte 2
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Giancarlo Giampietro

3-INDIANA PACERS x 6-ATLANTA HAWKS

A história: o Atlanta Hawks aliviou descaradamente em seus últimos jogos da temporada para fugir das quarta e quinta colocações – para supostamente, desta forma, evitar o lado da chave do Miami Heat. Hein?! O técnico Larry Drew se sente tão confortável assim em relação ao seu time para armar uma coisa dessas? E qual o prazer de se enfrentar uma defesa tão física e bem armada como a do Indiana Pacers? Não que a equipe de Frank Vogel tenha feito também a melhor campanha em abril, vencendo apenas um de seus últimos seis compromissos, depois de ter triunfado em 11 de 16 partidas em março. Há quem jure também que eles tiraram o pé, preservando saúde e energia para os playoffs – daí o fato de terem levado  90 pontos ou mais em cada uma de suas partidas no mês final da temporada regular, acima de sua média.

O jogo: com jogadores de muita envergadura e força física, Vogel consegue vedar seu garrafão e forçar os tiros longe da cesta. Mas nem tão longe: o Pacers é a equipe que melhor contestam os disparos de longa distância – e podem ter certeza de que Kyle Korver vai jogar com um alvo nas costas. Quer dizer, sobram propositalmente, então, os disparos de média distância, os de menor eficiência na liga. Josh Smith que vai gostar! O Atlanta Hawks vai precisar correr com a bola sempre que puder, explorando a velocidade de Jeff Teague, Devin Harris, Smith e Al Horford – que, em meia-quadra, é a melhor opção da equipe. Um jogador especial, multitalentoso, ele só não deu, porém, o salto esperado para esta temporada, para ser uma figura dominante na liga.

De dar nos nervos: barbada! O apelido do cara não é Psycho-T por bobeira. Tyler Hansbrough, amigos, passou de queridinho da América no basquete universitário ao branquelo mais odiado da NBA. Vai gostar de uma trombada assim o sujeito, e Vogel adora.” A beleza está nos olhos de quem vê”, diz o técnico. “Eu amo vê-lo esmagar as pessoas. Eu amo fisicalidade ofensiva”, vai adiante. O técnico é um sádico. Então, taí: em vez de se irritarem com Hansbrough, direcionem todo o rancor para o cara que está agitado ao lado da quadra. Ah, e não mexam com o Ben, o irmão do cara:

Olho nele: Kyle Korver, que é daquela turma que faz muito com pouco, tendo uma só grande habilidade para perseverar na liga. Mas que habilidade também, né? Ele acerta 41,9% na carreira na linha de três pontos. Em 2009-2010, ele liderou a temporada com 53,6% de aproveitamento. Neste ano, terminou com 45,7%. Sua mecânica de arremesso é perfeita, sempre com o corpo retinho, e o braço bastante elevado. Mas o mais legal é ver o modo como o ala do Hawks se desloca pela quadra em busca de brechas na defesa para receber o passe e engatilhar. Usando um corta-luz atrás do outro, serpenteando pela defesa, forçando um jogo de gato-e-rato.

Palpite: Indiana Pacers em cinco (4-1).

4-BROOKLYN NETS x 5-CHICAGO BULLS

A história: nos últimos anos o Bulls se firmou como um dos times muito, mas muito combativo sob o comando de Tom Thibodeau. Agora, sem Derrick Rose, com Joakim Noah e Taj Gibson no sacrifício, Luol Deng arrastado por mais de 38 minutos em média em todo o campeonato, vindo de uma dura participação nas Olimpíadas, sobra o que para batalhar? Só não esperem que eles se apeguem a qualquer desculpa. O que seus atletas tiverem eles vão deixar em quadra. E o Brooklyn Nets, com um proprietário que sonha com o título, a presidência da Rússia e o mundo todo, para falar a verdade,  vai ter de usar o talento de Deron Williams, Joe Johnson e Brook Lopez para tentar derrubar essa gente, que veste uma camisa bem mais pesada.

O jogo: meio chocante constatar isso – até melhor você tomar uma água com açúcar antes e depois ficar sentadinho na cadeira, nada de ler isso no celular fazendo esteira! –, mas… A defesa do Bulls hoje é ‘apenas’ a quinta melhor da NBA. Como o Thibs consegue conviver com algo assim?! Existem quatro times na sua frente nesse quesito (Pacers, Grizzlies, Spurs e Thunder). Ok, essa deve ser uma brincadeira que PJ Carlesimo e seu Nets não devem gostar muito, não. Kirk Hinrich, Luol Deng e Jimmy Butler vão testar para valer a boa fase de Deron – que resgatou do nada o seu jogo depois do All-Star Game e é o melhor jogador da série, uma vez que Rose não deve retornar mesmo. Para o Bulls ter alguma chance, porém, Noah e Gibson precisam estar inteiros. Do contrário, ter de anular Deron e Lopez de uma vez fica muito difícil.

De dar nos nervos: há diversos candidatos no elenco do Bulls, mas já falamos bastante deles durante a temporada. Vamos gastar algumas linhas, então, para destacar Reggie Evans, o reboteiro insano do Nets. Se Korver sobreviveu como o arremessador de elite, Evans só se tornou um milionário por sua capacidade de coletar as sobras próximas ao aro tanto no ataque como na defesa. Numa projeção de 36 minutos para sua carreira, Evans tem média de 13,3 rebotes contra apenas 9,0 pontos, roubos de bola, tocos e assistências somados! E, bem, além de rebotes, o pivô já ficou famoso por causa disso aqui. Sem palavras:

Olho nele: Jimmy Butler, o novo orgulho da torcida do Bulls. Inicialmente, quando foi selecionado no Draft de 2011 na 30ª escolha, o ala era mais admirado por sua trajetória comovente – seu pai morreu quando ainda era uma criança, sua mãe o expulsou de casa aos 13 anos porque não gostava de olhar para ele, mudando de uma casa para a outra até encontrar um lar definitivo com um amigo do colegial. Neste ano, porém, em sua segunda temporada, Butler mostra que é muito mais do que uma bela história ou mascote, caminhando para ser um dos melhores defensores de perímetro da liga sob a orientação de Thibodeau e, ao mesmo tempo, melhorando consideravelmente no ataque – versátil, atlético e enérgico, ele tem média de pouco mais de 15 pontos por jogo quando é titular.

Palpite: Nets em sete (4-3).

*PREVIA DO OESTE: Thunder x Rockets e Spurs x Lakers.
*PREVIA DO OESTE:
Nuggets x Warriors e Clippers x Grizzlies.
*PREVIA DO LESTE: Heat x Bucks e Knicks x Celtics


As dez histórias para se acompanhar na reta final da temporada da NBA
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Giancarlo Giampietro

Muito já aconteceu de novembro até aqui, mas isso não quer dizer que não tem muito mais o que se observar na temporada 2012-2013 da NBA. Vale ficar de olho no desenvolvimento das seguintes histórias:

Kobe Bryant x Klay Thompson

Um deslize do Warriors poderia salvar a temporada tortuosa do Lakers de Kobe?

O Lakers, meu Deus, o Lakers!
No que vai dar esse melodrama todo? Um não gosta do outro, que não aprecia o basquete daquele, que ainda não consegue entender as atitudes do fulano, que não para em pé… Depois de tanta troca de farpa, lesões, críticas em público e derrotas humilhantes, será que esse apanhado de estrelas sem a menor coesão vai conseguir ainda uma vaguinha nos playoffs da poderosa Conferência Oeste? Vai ser bem desgastante: o Lakers ocupa hoje a décima colocação, com 25 vitórias e 29 derrotas, precisando passar, no mínimo, o Portland Trail Blazers (nono) e o Houston Rockets (oitavo). O clube texano tem 29 vitórias e 26 derrotas. Nas pouco mais de 25 partidas restantes, então, Kobe Bryant precisaria vencer, no mínimo, cinco jogos a mais do que James Harden para beliscar a oitava colocação. Em sexto e sétimo, aparecem Golden State Warriors (30 vitórias e 22 derrotas) e Utah Jazz (30 e 24), já bem acima. Dificilmente podem ser alcançados, a não ser que…

– O Golden State Warriors vai conseguir se segurar?
Nas semanas que antecederam o All-Star Weekend, o Warriors, até então a Cinderela da temporada, teve a pior campanha, com cinco reveses consecutivos. Quatro dessas derrotas aconteceram fora de casa, é verdade, mas para o técnico Mark Jackson a parada na temporada não poderia ter vindo em melhor hora, á que o time estava se mostrando pouco competitivo, apanhando por alguns placares preocupantes: Oklahoma City Thunder 119 a 98, Dallas Mavericks 116 a 91 e, especialmente Houston Rockets 140 a 109. A defesa do Warriors se apresentou eficiente por boa parte da primeira metade do campeonato, mas perdeu rendimento em janeiro e fevereiro, voltando ao velho padrão de peneira de sempre. Será que Jackson consegue entrosar Andrew Bogut rapidamente com o restante de seus companheiros? Será que o australiano consegue evitar mais uma lesão grave? O progresso do pivô é vital fundamental que o time reencontre seu caminho.

Tim Duncan, de terno não tá legal

O Spurs precisa de Tim Duncan, inteiro, em quadra

– Tim Duncan e a fonte da juventude.
O ex-prospecto de nadador das Ilhas Virgens faz a sua melhor temporada desde 2007, coincidentemente o último ano de título para a turma de Gregg Popovich. (…) Bem, então não é ousadia nenhuma dizer que, para o Spurs ter reais condições nestes playoffs, o veterano vai ter de replicar em quadra o que produziu em seus espetaculares dois primeiros meses de temporada. Coach Pop obviamente sabe administrar o gás de seus jogadores e vai fazer de tudo para preservar Duncan. O problema é que o técnico pode ser o melhor da NBA hoje, mas santo milagreiro não consta em suas especialidades. No sentido de que, aos 36 anos, 15 desses assimilando pancadas de tudo que é lado, o pivô pode estar sujeito a qualquer problema físico quando vai para quadra. Desde 18 janeiro, ele participou de apenas seis jogos em 12 do Spurs. O que não impediu que a equipe vencesse 11 desses embates. Nos mata-matas brutais do Oeste, porém, não há como sobreviver sem esse craque em forma.

As dúvidas em torno dos hoje candidatos a vice-campeão do Leste.
Explicando: talvez seja mais fácil encontrar hoje alguém que aprecie o senso de humor de Dwight Howard do que uma pessoa que acredite na derrota do Miami Heat no Leste, mesmo que eles não estejam defendendo tão bem como fizeram no ano passado. Se for para cogitar, hoje as possibilidades se resumem aparentemente a New York Knicks e Indiana Pacers, segundo e terceiro colocados da conferência. Essas equipes dependem de muitos fatores que devam se alinhar para que possam fazer frente aos atuais campeões. Destacamos dois de cada: a) para o Knicks, a alta dependência nos tiros de três pontos – é o time que mais arrisca do perímetro hoje, com 29 por partida –, e a defesa medíocre: nos playoffs, uma combinação preocupante; b) para o Pacers, como Danny Granger retornará – o quanto isso pode interferir na evolução de Paul George e/ou como pode melhorar o ataque da equipe? – e será que Donnie Walsh e o antes inquieto Kevin Pritchard conseguiriam dar um jeito de melhorar um pouco, nem que seja um tico, seu limitadíssimo banco de reservas?

Boston pride: KG e Pierce

KG e Pierce ainda não estão prontos para se despedir da luta pelo título. Em Boston mesmo

– O Boston Celtics melhor sem Rajon Rondo.
Olha, desde que o armador foi afastado por uma lesão no joelho para ser operado, o Celtics venceu oito de nove partidas, saindo de dois jogos abaixo da marca de 50% para quatro acima, já em condições de evitar um confronto com o Miami Heat e o New York Knicks na primeira rodada dos playoffs. Nem mesmo as baixas de Leandrinho e Jared Sullinger atrapalham o rendimento do time de Doc Rivers, que voltou a ter uma equipe conectada em quadra, marcando muito. Mas o sucesso dos caras de Boston depende muito da mesma questão em torno de Tim Duncan: Garnett e Pierce vão aguentar? Rivers vai ter de dosar o tempo de quadra de seus veteranos e, ao mesmo tempo, manter a dupla inteira. Isso, claro, se Danny Ainge não descolar uma troca maluca despache um dos veteranos.

– Perspectiva de pouca movimentação.
Mas a expectativa em Boston é de que os dois ficarão na cidade. Na verdade, pelo volume baixo de especulações que tivemos no fim de semana em Houston, os setoristas das 30 franquias da liga esperam pouca movimentação nesta semana – lembrando que o prazo para trocas se esgota no dia 21 de fevereiro, quinta-feira, logo mais. Não há muitos clubes por aí dispostos a aumentar sua folha salarial, temendo cair a zona de multas acima do teto salarial. A partir da próxima temporada, as punições e restrições começam a ficar pesadas. O que não é um problema para o senhor…

Fala sério

E aí, Bynum? É isso mesmo?

– Prokhorov, aquele que topa tudo.
Não tem multa ou crise mundial que vá inibir o dono do Brooklyn Nets, um dos homens mais ricos (mesmo) do mundo, de gastar e se divertir. Então cabe ao gerente geral Billy King tentar viabilizar um negócio, qualquer negócio que seja, que o cheque em branco está assinado. O porém: o Nets não tem hoje muitas peças que possam ser consideradas atrativas e que, acumuladas, possam dar ao clube mais um nome de peso – e, de preferência, alguém que produza mais do que o decepcionante par Deron Williams e Joe Johnson. Será possível transformar uma combinação de Kris Humphries, MarShon Brooks, Mirza Teletovic ou os direitos sobre o emergente Bojan Bogdanovic (ala croata do Fenerbahçe) em um, digamos, Josh Smith? A partir do momento em que torraram tanta grana para formar o atual time, é tudo ou nada.

– Derrick Rose e Andrew Bynum.
O destino de Celtics e Nets nos playoffs pode sofrer interferência de outro fator além dos tópicos acima: e se o Derrick Rose o Andrew Bynum resolvem que estão prontos para jogar? No caso do pivô, vai ficando cada vez mais claro que, qualquer chance que o Sixers possa ter de chegar aos playoffs – ocupando hoje o nono lugar no Leste – passa por uma aparição de Bynum em quadra ainda nesta temporada. Se a única atividade esportiva do gigantão nesta temporada se limitar a uma fatídica partidinha de boliche, aí um abraço. Quanto a Rose, por mais nobre que seja a campanha do Bulls neste ano, é difícil imaginar que o time possa prolongar esse sucesso nos playoffs sem seu principal criador de jogadas. Em jogos mais apertados e estudados, não dá para esperar que Luol Deng ou Nate Robinson possam carregar um ataque de um finalista de conferência. Ainda sem conseguir enterrar, sem sentir força plena em seu joelho operado, o armador afirma que aceitaria ficar fora de todo o campeonato. Será que ele aguenta ficar fora mesmo?

Nerlens Noel rompeu o CLA

Lesão do jovem pivô Nerlens Noel enfraquece ainda mais o próximo Draft

Vai entregar por quem?
Agora, não é só de luta pelo topo da tabela que viveu a NBA em suas últimas temporadas, né? Há vários casos de times que, na falta de melhor termo, se matam para ocupar a lanterna do campeonato. Tudo em busca de mais bolinhas no sorteio do próximo recrutamento de novatos. Contudo, talvez não faça muito sentido que esse desgraçado fenômeno se repita agora em 2013, já que, na opinião dos especialistas e dos dirigentes, não há na próxima fornada nenhum supertalento que justifique o entrega-mas-diz-que-não-entrega nas últimas semanas de campanha. Dizem que o Draft vai apresentar um grupo homogêneo, no qual o eventual número um não se diferenciaria tanto de um sexto ou sétimo, e que as escolhas dependeriam muito mais das necessidades de cada equipe do que da distinção do basquete de um ou outro prospecto. Monitoremos: Phoenix Suns, Sacramento Kings, Charlotte Bobcats e outros sacos de pancada. Aquele que time que escalar nos jogos derradeiros um quinteto inteiro importado da D-League é a que vai acusar mais desespero.

March Madness!
Por outro lado, até por essa carência, pode ter certeza de que os olheiros e cartolas vão acompanhar os mata-matas do basquete universitário ajoelhados e fazendo as oferendas mais absurdas aos céus, na esperança de que algum jogador desponte como um salvador da pátria. Quando você usa a primeira escolha do Draft em um Derrick Rose, um Blake Griffin, um Dwight Howard, a sorte de sua franquia muda da noite para o dia. No caso de um Andrea Bargnani, de um Kenyon Martin, de um Andrew Bogut? Nem tanto.


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