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Euroligado: que comecem as batalhas
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Giancarlo Giampietro

euroleague-playoffs-2014-15

A Euroliga abre nesta terça-feira sua fase de playoffs, sem grandes surpresas entre os oito finalistas. Agora o que isso quer dizer? Que a tendência é que tenhamos alguns confrontos bastante equilibrados na fase de quartas de final, com camisas de peso em quadra – são 31 títulos acumulados entre os participantes.

Mas obviamente não é só isso. Não adianta ter a sala cheia de troféus do passado. E os elencos que vão para a quadra nestes playoffs são, em geral, estelares. São 26 jogadores com experiência de NBA (sem contar os diversos atletas que já foram Draftados e eventualmente farão a transição), além de 29 atletas que disputaram a Copa do Mundo do ano passado.

(Embora aqui valha uma observação: há casos como o do armador americano-croata Oliver Lafayette, que disputou apenas uma só partida pelo Boston Celtics. A NBA está em seu currículo, fato. Mas quem vai dizer que isso significa mais do que todos os prêmios e títulos de uma lenda viva como Dimitris Diamantidis, que nunca pensou em jogar nos Estados Unidos? Enfim, a sigla é valiosa, mas não significa tudo na carreira de alguns caras.)

>> A cobertura da Euroliga 2014-2015 no VinteUm
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Nesta terça, a brincadeira começa com o CSKA e o Fener jogando em casa. Na quarta, entram os gigantes espanhóis em cena, também com mando de quadra. O Sports+, canal 228 da SKY, vai transmitir tudo com exclusividade. Vou comentar a primeira leva de jogos. Como gosta de dizer o companheiro Decimar Leite, é a melhor competição de basquete do mundo. Já que a NBA não conta.

Sem mais delongas, algumas observações sobre as séries:

CSKA MOSCOU X PANATHINAIKOS

– Títulos: 6 para cada um.
Passagem pela NBA: Nando De Colo, Sonny Weems, Andrei Kirilenko, Viktor Khryapa, Demetris Nichols (CSKA); Esteban Batista, DeMarcus Nelson, Antonis Fotsis, Gani Lawal (Panathinaikos).
Na Copa do Mundo: Milos Teodosic (CSKA). PS: a Rússia ficou fora, né? Em Londres 2012, 5 atletas do CSKA foram medalhistas de bronze; já o legendário Dimitris Diamantidis se aposentou da seleção grega.
Campanha: CSKA 22-2; Panathinaikos 12-12.

Como podemos notar pela discrepância entre as campanhas de ambos, dá para dizer que este deve ser o confronto menos equilibrado. Não duvido que pinte uma varrida para o clube moscovita, que só perdeu um jogo para Fenerbahçe e outro para Olympiakos – isto é, perdeu para quem podia, na fase Top 16. É um CSKA muito mais forte que o do ano passado, quando precisou do quinto jogo para despachar o mesmo Panathinaikos pelas quartas de final. É a única revanche aqui.

O time de Dimitris Itoudis chegou a vencer 15 partidas consecutivas nesta temporada. No geral, termina com o melhor aproveitamento da fase de grupos, com impressionantes 91,6%. Tem sido um trabalho excepcional do treinador grego, que, até o momento, perdeu apenas cinco partidas na temporada – as outras três aconteceram pela Liga VTB, o equivalente ao campeonato russo nesses dias, mas com participação especial de tchecos, letãos, estonianos e outro).

Está certo que o técnico tem um timaço ao seu dispor. Basta reparar com mais atenção nos nomes citados acima. É sempre um desafio pegar tantos jogadores de ponta e cuidar da química em quadra. Pegue um cara como Andrei Vorontsevich, por exemplo. O ala-pivô fez um grande campeonato. Na reta final, porém, teve de aceitar o retorno de Andrei Kirilenko, vindo da NBA, e de Victor Khryapa, recuperado de lesão. Apenas os principais nomes do basquete russo hoje, prontos para receber uma boa carga de minutos.

Desta forma, não deixa de ser curioso que o Panathinaikos, justamente o clube que deixou Itoudis escapar de seus domínios, vá agora testar suas habilidades de estrategista num mata-mata. Em Atenas, o grego foi braço direito de Zeljko Obradovic por 13 anos. Não se sabe se o clube grego permitiu sua saída sem muito esforço, ou se o treinador não tinha a intenção de seguir por lá depois de tanto tempo, mesmo que fosse o assistente.

O comandante da vez do Panathinaikos é o sérvio Dusko Ivanovic, bastante experiente e competente. Mas o treinador vai ter de fazer um dos melhores trabalhos de sua carreira para derrubar o CSKA, um time que tem mais velocidade, mais tamanho e mais elenco. Chumbo grosso. Para ter alguma chance, o time grego vai precisar defender demais e ainda converter seus arremessos de três pontos com um aproveitamento superior aos 37,6% que teve até agora – os russos mataram 41%. Pelo menos um entre os jovens Nikos Pappas e Vlantimir Giankovits também deve jogar em alto nível, para fortalecer a rotação de Ivanovic. Pappas, por exemplo, teve uma exibição incrível na melhor partida dos verdes na temporada, quando trucidaram o Real Madrid em Atenas. Duro é repetir esse padrão por pelo menos três partidas na série melhor-de-cinco.

Dimitris Diamantidis ainda tem um truque ou outro para oferecer como marcador, mesmo um passo mais lento. Isso se deve ao seu tamanho, envergadura e, claro, inteligência. Talvez seja o responsável por marcar Milos Teodosic, que faz a melhor Euroliga de sua vida. O sérvio, porém, não é a única força criativa no elenco dos russos. Nando De Colo também curte ótima fase, enquanto Sonny Weems, refugo do Denver Nuggets e do Toronto Raptors, se fixou com um dos grandes alas do basquete europeu. Para não falar do arranque do armador Aaron Jackson.

FENERBAHÇE X MACCABI TEL AVIV

Títulos: 6 para Maccabi, 0 para Fener.
Passagem pela NBA: Andrew Goudelock, Semih Erden, Jan Vesey (Fener); Jeremy Pargo, Joe Alexander (Maccabi).
Na Copa do Mundo: Bogdan Bogdanovic, Nemanja Bjelica, Emir Preldzic, Oguz Savas, Luka Zoric, Nikos Zisis (Fener).
Campanha: Fener 19-5; Maccabi 16-8.

No papel, também é difícil de imaginar o Maccabi fazendo frente ao Fenerbahçe. Por outro lado, este embate talvez sugira aquele debate de sempre sobre o peso da tradição num mata-mata. É muito simples dizer, por exemplo, que no ano passado o Olimpia Milano fraquejado contra os israelenses, caindo nesta mesma fase e abrindo caminho para o título da equipe então dirigida por David Blatt.

Que Blatt tenha acertado sua rotação externa, encontrando o papel ideal para o tampinha Tyrese Rice, que os veteranos Guy Pnini e David Blu tenham esquentado a mão nos arremessos de três pontos e qualquer outra sacada tática parecida não importar. Porque é sempre mais fácil falar de coragem, coração, garra – ou, claro, de amarelar, porque é sempre mais prazeroso, hoje em dia, detonar alguém.

De qualquer forma, o Fener realmente entra pressionado – apenas o Real Madrid tem responsabilidade maior. O clube investe demais há pelo menos três anos para tentar ser o primeiro clube turco a enfim conquistar a Euroliga. Esse é um fator que não pode ser subestimado. Considere que a maior companhia aérea do país é o principal patrocinador da competição. A primeira barreira, no entanto, já foi rompida: a equipe não disputava os playoffs há sete anos.

Foi para isso que eles contrataram Obradovic, o técnico com o assombroso currículo de oito títulos continentais. O sérvio teve carta branca para contratar quem bem entendesse, incluindo o armador Nikos Zisis já durante a temporada. Com o grego no seu elenco, o time ganhou estabilidade e consistência. Especialmente em jogos mais cadenciados. Sua presença se tornou ainda mais importante depois da lesão de Ricky Hickman – justamente o armador ex-Maccabi, o único atleta do elenco que já ergueu a taça. A despeito de o elenco ser caríssimo, a rotação de armadores ficaria seriamente comprometida sem ele. Ainda assim, o jovem Kenan Sipahi, de apenas 19 anos, ainda terá seus nervos testados aqui e ali. Se não estiver bem, é de se imaginar que o faz-tudo Emir Preldzic, um ala de 2,06 m, e Bogdan Bogdanovic conduzam a bola para dar um descanso ao titular.

O Fener continua tendo muita versatilidade em seu jogo. Tem pivôs altos, fortes e rodados como Savas e Erden para trombar com Sofoklis Schortsanitis e também tem espigões flexíveis como Jan Vesely e Nemanja Bjelica, que deverão fazer duelos interessantíssimos com Alex Tyus, Joe Alexander (aquele, ex-Bucks e Bulls) e Brian Randle, três dos homens de garrafão mais explosivos do campeonato. Bjelica merece uma vaga no quinteto ideal da competição, com um empenho notável nos rebotes, para não falar de toda a sua versatilidade no ataque.

Para o Maccabi, a corrida parece o melhor caminho, mesmo. Espaçar a quadra e procurar definições rápidas antes que a agora poderosa defesa turca se estabeleça. Para isso, depende bastante da criatividade e do temperamento do armador Jeremy Pargo. O torcedor do Flamengo se lembra dele, né?

A questão é que o americano perdeu muito do seu rendimento no decorrer da temporada. Por vezes, tenta o lance mais difícil e se atrapalha. Obviamente, o clube israelense espera contar mais com seus altos (quando está agredindo as defesas, invadindo o garrafão e servindo aos pivôs) do que os baixos (quando força a barra nos arremessos de três pontos e ignora os companheiros de modo inexplicável, uma vez que acerta apenas 28% dos chutes de fora). Num duelo com Andrew Goudelock, um cestinha muito mais qualificado, pode se perder caso queira “ralar” em quadra.

Outro embate interessante deve acontecer entre o jovem Bogdan-Bogdan e o veterano Devin Smith, um dos destaques do campeonato. Aos32 anos, o americano disputa a sua melhor Euroliga e teve seu contrato renovado até 2018. Na atual configuração do clube, é um dos poucos remanescentes da rotação que ganhou o título ano passado, ao lado de Schortsanitis, Tyus e do sempre regular Yogev Ohayon. E chega aos mata-matas com a confiança lá em cima, após ter anotado 50 pontos nas últimas duas rodadas para classificar o Maccabi. O ala-armador sérvio, contudo, tem muita personalidade e talento para lhe fazer frente.

A torcida em Tel Aviv está acostumada com grandes e tensas batalhas. A de Istambul, no basquete, nem tanto. Se o Fener perder um dos dois primeiros jogos, como vai reagir? Se depender de seu retrospecto como visitante, não será problema: o clube venceu 10 de 12 partidas fora, ficando cinco meses invicto nessas condições.

BARCELONA X OLYMPIAKOS

– Títulos: 3 Olympiakos, 2 Barça.
Passagem pela NBA: Juan Carlos Navarro, Maciej Lampe, Bostjan Nachbar (Barça); Othello Hunter, Vassilis Spanoulis, Oliver Lafayette (Olympiakos).
Na Copa do Mundo: Alejandro Abrines, Edwin Jackson, Mario Hezonja, Marcelinho Huertas, Ante Tomic, Navarro (Barça); Kostas Sloukas, Vangelis Mantzaris, Georgios Printezis, Lafayette (Olympiakos).
Campanha: Barça 20-4; Olympiakos 18-6.

Do ponto de vista brasileiro, a prioridade aqui é monitorar o desfecho de temporada de Marcelinho Huertas, que foi para o banco do jovem Tomas Satoransky em fevereiro e viu sua produção despencar desde então. Nas últimas oito rodadas, o brasileiro anotou 33 pontos e distribuiu 26 assistências. Seja por baixa confiança ou devido a problemas físicos, acertou nestes mesmos jogos apenas 8 em 22 arremessos de dois pontos e 4 em 22 de longa distância. Individualmente, talvez seja sua pior fase com a camisa blaugrana. Contraditoriamente, depois de ter jogado muito na virada da primeira fase para o Top 16.

A queda de rendimento do antigo titular, porém, não abalou o sistema ofensivo do clube catalão que venceu todas essas oito partidas e só não atingiu a casa de 80 pontos no triunfo sobre o Estrela Vermelha (77 a 73). Com Satoransky, Xavier Pascual ainda ganha um defensor mais ágil e mais comprido em seu perímetro, resguardando Juan Carlos Navarro. Isto é: fica difícil de imaginar uma alteração aqui. Quer um resumo de como foi a temporada do brasileiro?

A grande atuação de Huertas contra o Fenerbahçe

Huertas vai reagir nos playoffs?

Caberá muito provavelmente ao tcheco e ao americano Brad Oleson, aliás, a grande missão da série: brecar Vassilis Spanoulis. Afinal, a importância do armador grego para sua equipe já se tornou um mantra da Euroliga: o Olympiakos só vai até onde o astro puder carregá-lo. Pelo segundo ano seguido, no entanto, o clube de Pireus vê sua grande referência chegar aos mata-matas longe de sua melhor forma. Está afastado das quadras desde o dia 13 de março, mas treinou por uma semana e vai para o jogo em Barcelona. A questão é saber qual o seu estado físico. Terá estabilidade e explosão para coordenar o jogo de pick-and-roll que faz tão bem? Todo o sistema ofensivo depende de seu talento para isso. A ideia é que ele quebre a primeira linha defensiva e vá lá dentro para atacar a cesta, municiar seus pivôs atléticos ou abrir a bola na zona morta para o tiro de três.

Se não conseguir ganhar o garrafão, Spanoulis acaba virando um mortal – ainda com um arremesso perigoso e boa visão de quadra, mas um mortal. Nesse cenário, cresce a relevância do americano-belga Matt Lojeski, um grande chutador (46,3% de três), que deveria até mesmo ser mais envolvido no plano de jogo da equipe. Oliver Lafayette, mais um armador americano-croata, também teria maior responsabilidade, uma vez que Kostas Sloukas não curte seu melhor momento. Fica aqui, de qualquer forma, pelo bem do basquete, a torcida para que o camisa 7 alvirrubro esteja bem. Afinal, pode ser um dos seus últimos duelos com “La Bomba”. Navarro e ele ocupam, respectivamente, as primeira e terceira posições no ranking de cestinhas da Euroliga.


A chave para o Olympiakos parece estar nessa turma de perímetro, mesmo. Que eles conseguirem um rendimento superior ao de seus concorrentes. No garrafão, a despeito da instigante diferença de perfis a estatura, técnica e leveza de Ante Tomic e Tibor Pleiss e a velocidade, força física e impulsão de Bryant Dunston e Othello Hunter, o Barça deve levar vantagem. A tendência é a de jogos amarrados, decididos em meia quadra. O Olympiakos teve a segunda melhor defesa do campeonato, enquanto o Barça teve a quinta.

REAL MADRID X ANADOLU EFES

– Títulos: 8 para Real Madrid, 0 para Anadolu
– Passagem pela NBA: Rudy Fernández, Andrés Nocioni, Sérgio Rodríguez, Gustavo Ayón (Real); Nenad Krstic, Stephane Lasme (Anadolu).
– Na Copa do Mundo: Fernández, Nocioni, Rodríguez, Ayón, Ioannis Bourousis, Sérgio Lllull, Felipe Reyes, Facundo Campazzo, Jonas Maciulis (Real); Cedi Osman, Krstic, Thomas Heurtel, Dario Saric (Anadolu).
– Campanha: Real 19-5; Anadolu 12-12.

Os dois times já haviam se enfrentado na primeira fase, com uma vitória para cada lado. A diferença é que o Anadolu pastou para vencer em seu ginásio, por 75 a 73, com cesta da vitória em tapinha no último segundo de Matt Janning, enquanto, na volta, os espanhóis arrasaram: 90 a 70.


o clube espanhol, basicamente, é aquele que joga mais pressionado. Não só por ser o maior vencedor do campeonato europeu de basquete, com oito títulos, e não levantar uma taça desde 1995, mas também pelo fato de ter perdido as últimas duas e finais e, principalmente, por saber que Madri é a sede do Final Four deste ano. Imagine o desespero merengue num caso de eliminação? Tão questionado – de modo injusto, ao meu ver –, o técnico Pablo Laso não pode nem pensar nisso.

Algo vital: cuidar para que Rudy Fernández esteja inteiro e saudável para o confronto. O genioso e talentoso ala lesionou as costas em jogo contra o Zaragoza e não vai nem enfrentar o Barça no Superclássico de domingo. Se Sergio Rodríguez foi o MVP da temporada passada, na atual é Rudy quem tem dado as cartas pelo time, atacando com eficiência (12,8 pontos, 38,4% nos arremessos de três, 3,3 assistências x 1,3 turnover) e ajudando ainda mais na defesa, pressionando as linhas de passe com muito perigo. Ao dos Sérgios, promovem um abafa no perímetro, buscando a tomada de bola e a saída em velocidade. O Real perdeu Nikola Mirotic, mas ainda é muito eficiente no contra-ataque.

Controlar os turnovers é algo fundamental para o Anadolu de Dusan Ivkovic. Se o jogo fugir do controle, um abraço. O que pega é que o Real também tende a levar a melhor no jogo interior. Quer dizer: tudo vai girar em torno de Nenad Krstic, o veterano do Anadolu que vive excelente momento. Se o sérvio mantiver o pique e não se complicar com faltas, pode até inverter esse panorama. Do contrário, não haverá como competir com as numerosas opções madridistas – outro time que possui pivôs para todos os gostos (Bourousis é alto, forte e chuta de fora; Ayón é dos jogadores mais inteligentes que você vai encontrar em quadra e faz um pouco de tudo, e o mesmo pode ser dito sobre Reyes; Slaughter e Mejri entregam capacidade atlética e vigor).

Rudy Fernández, o líder do Real 2014-2015: mais basquete, menos teatro

Rudy Fernández, o líder do Real 2014-2015: mais basquete, menos teatro

Stephane Lasme pode ter feito boa partida contra o Fener na última rodada, mas claramente não é o mesmo jogador dos tempos de Panathinaikos, com mobilidade reduzida. O jovem Dario Saric, em seu primeiro campeonato de ponta, será testado por Gustavo Ayón e Andrés Nocioni – bons duelos para o Philadelphia 76ers observar. Milko Bjelica vai bem no ataque, com sua capacidade para colocar a bola no chão e atacar o aro, mas não tem muita disposição para os embates defensivos.

O pivô sérvio, ex-CSKA, Thunder, Celtics e Nets, vem com média de 14,6 pontos nas últimas seis rodadas, se tornando a referência ofensiva. Isso, aliás, representa quebra no padrão apresentado até então pelo clube turco, uma vez que, no geral, o ala grego Stratos Perperoglou ainda é o cestinha, com apenas 10,6 pontos. Essa quantia ínfima reforça a noção de uma equipe equilibrada, com diversas opções. Um time perigoso, mas sem tanto poder de fogo também.

Levou um tempo para o armador Thomas Heurtel se entrosar com seus novos companheiros, o que é natural: ele se transferiu do Laboral para o Anadolu em meio ao campeonato. O reforço vai precisar chegar ao auge, mesmo, contra Rodríguez e Llull, dois dos melhores armadores da Europa, que atazanam a vida de qualquer um no ataque e na defesa. Para tanto, conta com a ajuda de Dontaye Draper, ex-Real, ganha uma motivação a mais para ajudar seu companheiro francês. É um excelente defensor e conhece os rivais como poucos. Também por isso, sabe que tem uma tarefa ingrata pela frente. A dupla orquestra o ataque mais solidário da história da Euroliga, com 22,0 assistências em média por partida.

O Anadolu chega aos playoffs capengando, precisando de uma ajudinha do Unicaja Málaga até. Ninguém vai subestimar as capacidades de Ivkovic numa situação dessas. Mas admito que me espantaria ver o Real fora do Final Four. No retrospecto, o clube espanhol venceu 13 dos últimos 14 confrontos.


Euroligado: status quo nas quartas de final
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Giancarlo Giampietro

Devin Smith: 28 pontos (7/10 de três) e 7 rebotes para garantir o Maccabi em Berlim

Devin Smith: 28 pontos (7/10 de três) e 7 rebotes para garantir o Maccabi em Berlim

No final, depois de uma boa dose de suspense, a Euroliga chega aos seus playoffs com oito equipes tradicionalíssimas. Oito equipes que qualquer apostador talvez pudesse acertar sem problemas caso registrasse seus palpites no início da temporada. Não houve espaço para surpresas, de fato. Pelo Grupo E, passaram, pela ordem: Real Madrid, Barcelona, Maccabi Tel Aviv e Panathinaikos. Pelo Grupo F, tivemos CSKA Moscou, Fenerbahçe, Olympiakos e Anadolu Efes.

O cruzamento é o tradicional, agora: primeiro contra quarto, segundo contra terceiro, tendo mando de quadra os cabeças-de-chave 1 e 2. Dá o seguinte:

Real x Anadolu
Barça x Olympiakos
CSKA x Panathinaikos
Fener x Maccabi

Só jogaços, mesmo. Difícil até escolher qual a série mais intrigante. A princípio, talvez Barça x Olympiakos. Mas qualquer uma dessas séries pode chegar ao quinto e derradeiro jogo tranquilamente. Ou melhor: nem tão tranquilo assim, né? Com muito estresse para ambas as torcidas.

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Juntos, os oito finalistas somam 31 títulos continentais. Os únicos que não venceram a competição são Fenerbahçe e Anadolu Efes, a dupla turca. Isso pode apontar uma “falta de tradição” em suas camisas, é verdade. Mas não se iludam: são dois dos maiores orçamentos da Europa. Orçamento que valeu para tirar do ostracismo as mentes geniais dos sérvios Zeljko Obradovic e Dusan Ivkovic, técnicos que, por conta própria, somam dez troféus. São oito para “Zoc” e dois para o “Duda”, o aprendiz e o mentor, comandantes respectivamente de Fener e Anadolu.

Como chegamos aqui?

Bem, havia três vagas em aberto na última rodada, vocês sabem. No Grupo E, Maccabi e Panathinaikos se garantiram depois de o clube israelense ter vencido o Alba Berlin, fora de casa, por 73 a 64. Os visitantes, atuais campeões, controlaram o placar praticamente o jogo inteiro, mas tiveram de suar para assegurar o triunfo no quarto final. A quatro minutos do fim, a vantagem era apenas de três pontos. Foi aí que o ala Devin Smith desequilibrou as ações, com chutes de longa distância. O americano, que teve seu contrato renovado, será daqueles que, ao se aposentar, vai poder se estabelecer em Tel Aviv, caso queira, e virar dirigente/embaixador do clube.

Estrela está fora, mas se despede fazendo festa com sua torcida fanática

Estrela está fora, mas se despede fazendo festa com sua torcida fanática

Com o resultado, o Panathinaikos foi para a quadra em Belgrado já classificado. Ufa! Pois, no que dependia de seus próprios esforços, as coisas poderiam ter complicado: os gregos perderam para o jovem e eliminado Estrela Vermelha por 69 a 68. Tivesse o Alba vencido, e o revés na capital sérvia teria resultado em sua eliminação. Mas, ok, damos um desconto aos verdes: a sensação de relaxamento é inevitável – mesmo que eles tenham batalhado até o final da partida e saíram derrotados.

Foi mais uma grande exibição de Boban Marjanovic, com 12 pontos, 16 rebotes e 3 assistências. O gigante sérvio deveria receber o prêmio de MVP do campeonato – mas talvez fique para trás na votação devido ao fato de sua equipe ter parado no Top 16. Resta saber se o Estrela Vermelha vai conseguir manter sua base para a próxima temporada. Marjanovic, Nikola Kalinic (14 pontos e 4 rebotes), Luka Mitrovic (11 pontos, 8 rebotes, 6 assistências e 3 roubos de bola) e Jaka Blazic (11 pontos) são todos caras de muito futuro e que vão certamente chamar a atenção dos clubes mais ricos – ou mesmo da NBA.

Pelo Grupo F, somente a quarta vaga esteve em jogo, e o Anadolu precisou de uma tremenda força do Unicaja Málaga para evitar um vexame. Por mais que Ivkovic anunciasse que seu elenco estava sendo moldado para lutar pelo título daqui a um ano, cair na segunda fase seria um fiasco indiscutível.

No clássico turco, seu time foi derrotado pelo Fenerbahçe por 83 a 72. Foi um duelo muito parelho. O Fener, jogando em casa, abriu 11 pontos no primeiro quarto. Mas o Anadolu chegou a assumir a liderança, por 61 a 59, no quarto período. Acontece que os cestinhas Andrew Goudelock (24 pontos em 26 minutos, sensacional, acertando quase tudo que atirou para a cesta) e Bogdan Bogdanovic, nosso estimado Bogdan-Bogdan, (17 pontos) desequilibraram nos minutos finais. Para anotar: este foi o 37º duelo entre times dirigidos por Obradovic e Ivkovic. “Zoc”, que já foi armador de Ivkovic em seleções iugoslavas dos anos 80, agora leva a melhor no retrospecto, num retrospecto equilibradíssimo: 19 x 18.

Com isso, o Laboral Kutxa tinha a chance de completar sua reação minutos mais tarde. Mas o Málaga de Joan Plaza, lanterna da chave, mostrou caráter e competitividade diante de seus torcedores, vencendo por 93 a 84. O líder da Liga ACB controlou o placar do início ao fim. Ryan Toolson, sobrinho de Danny Ainge, marcou 17 pontos e comandou um ataque solidário, que teve todos os seus 12 jogadores relacionados fazendo ao menos uma cesta. Em grande fase, o ala-armador francês Fabien Causuer somou 21 pontos, 7 rebotes, 2 assistências e 2 roubos de bola em vão. Tivesse vencido, o clube basco avançaria.

Veja as 10 melhores jogadas da fase Top 16:


Euroligado: são 3 vagas para 5 clubes. Campeão pode sobrar
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Giancarlo Giampietro

Nesta semana, a Euroliga fecha seu Top 16 ainda com três vagas em disputa para os playoffs: duas pelo Grupo E, que estão entre Maccabi Tel Aviv (hoje em 3º), Panathinaikos (4º) e Alba Berlin (5º), e uma pelo Grupo F, entre Anadolu Efes Istambul (4º) e Laboral Kutxa (5º). Aqueles que já estão classificados? Real Madrid, Barcelona, Fenerbahçe, CSKA Moscou e Olympiakos. Só timaços – veja como andam as coisas para eles.

O site Eurohoops detalha (em inglês) todos os cenários possíveis para o emparelhamento das quartas de final. Resumo aqui, porém, o que está em jogo apenas para a definição dos oito melhores da temporada, sem se preocupar exatamente qual a posição que cada um terá. Afinal, para suas torcidas, imagino, o mais importante, mesmo, é assegurar a classificação. Depois, vida nova.

O Alba Berlin de Jamel McLean já bateu o Panathinaikos em sua 1ª final, na semana passada

O Alba Berlin de Jamel McLean já bateu o Panathinaikos em sua 1ª final, na semana passada

Primeiros, os jogos de cada um deles, todos na quinta-feira:

GRUPO E
Alba Berlin x Maccabi Tel Aviv
Estrela Vermelha x Panathinaikos

GRUPO F
Fenerbahçe x Anadolu Efes
Unicaja Málaga

A partir daí, temos o seguinte:

– o Maccabi depende de uma vitória sua ou de uma derrota do Panathinaikos
– o Alba Berlin só avança em caso de vitória em casa
– o Panathinaikos se classifica no caso de sua vitória ou derrota do Alba

– o Anadolu depende de um triunfo no clássico turco. Simples.
– o Laboral Kutxa/Baskonia precisa vencer de qualquer forma e ainda torcer pelo Fener

Olha… Veja bem.

Sinceramente… Hã…

Não tenho a menor idéia do que vai acontecer.

Fico bem confortável aqui em cima do muro: é tudo muito parelho.

Thomas Heurtel jogou demais em vitória sobre o Olimpia Milano: 26 pontos e 5 assistências

Thomas Heurtel jogou demais em vitória sobre o Olimpia Milano: 26 pontos e 5 assistências

O Anadolu Efes, pelo Grupo F, tem vantagem no confronto direto sobre o Laboral – algo que o deixa acima na tabela hoje, mesmo que tenham as mesmas seis vitórias e sete derrotas (venceu como visitante por cinco pontos, perdeu em casa por apenas três… Detalhes, detalhes). Supostamente, então, seria o favorito. Além do mais, em Málaga, seu concorrente não vai ter vida fácil, mesmo que o Unicaja esteja eliminado, com a pior campanha da fase. Mas é amplamente possível a classificação da equipe basca. Um ponto curioso – ou revoltante para a torcida do Anadolu – é que o Fener tomou um vareio justamente contra o Laboral na semana passada, encerrando uma sequência de nove rodadas com vitória. Tivessem vencido, teriam classificado os rivais.

Já a chave E… Afe. O Panathinaikos em teoria também está em situação mais favorável, pois também enfrenta um time que não tem mais pretensão alguma. Agora: fechando sua campanha em Belgrado, o jovem elenco do Estrela Vermelha, liderado pelo monolítico Boban Marjanovic, vai querer brigar. E outra: o próprio plantel da potência grega hoje não é tão forte assim. Não são favas contadas. Enquanto, na capital alemã, esse valente time berlinense, que já bateu de forma dramática o Panathinaikos em sua primeira decisão na rodada passada, tem uma chance de ouro para despachar os atuais campeões – ou fazê-los suarem frio, aguardando o desfecho do jogo de mais tarde.

Detalhe: os jogos não serão disputados simultaneamente. Um tremendo equívoco da organização. Na quinta, o jogo na capital alemã será disputado às 14h (horário de Brasília), enquanto o Panathinaikos encara o Estrela Vermelha às 14h45. Isto é, quando entrar em quadra no segundo tempo, o time grego vai ter, no mínimo, uma boa ideia de sua situação. Isso se já não estiver classificado.

Do outro lado, o clássico em Istambul começa às 14h, enquanto o duelo espanhol está marcado para 15h45 – podendo ser, no final, um amistoso. Vai entender…

No Sports+, vamos transmitir na quinta, ao vivo, Fener x Anadolu. Estou nessa ao lado do companheiro Marcelo do Ó. Imperdível, vai?


Euroligado: Fenerbahçe, o time do momento; Huertas reserva
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Giancarlo Giampietro

CSKA, de Milos, ainda está no páreo, mas Fener é o time da vez

CSKA, de Milos, ainda está no páreo, mas Fener é o time da vez

Entre viagens para o All-Star Game da NBA e o Jogo das Estrelas do NBB, a pausa tradicional para as Copas europeias e o atropelo geral de agenda, estava devendo um resumo sobre o que se passa pela Euroliga, o maior campeonato de basquete do mundo, como gosta de dizer o chapa Decimar Leite, narrador do Sports+. “Porque a NBA é outra coisa, outro esporte, não conta”, diz. É isso aí.Então, aqui, correndo atrás do tempo perdido, vamos com um panorama da competição, em vez de apenas se apegar ao que aconteceu durante a semana.

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É favorito, mesmo?
Sim, os favoritos em geral já encaminharam suas vagas para a fase de quartas de final, a duas rodadas do desfecho do Top 16. Mas isso não quer dizer que a segunda fase tenha sido moleza para eles. E quem são esses clubes, para retomar? As duas superpotências espanholas, Real Madrid e Barcelona, além de CSKA Moscou, Fenerbahçe e o Olympiakos. Eles estão todos garantidos nos mata-matas. Restam, então, três lotes para serem adquiridos. Dois estão no Grupo E, disputados basicamente por Panathinaikos, o atual campeão Maccabi Tel Aviv e o Alba Berlin – o Zalgiris Kaunas até tem chances, mas é mais fácil encher a Cantareira até a boca do que eles se classificarem. Pelo Grupo F, o da Morte, sobrou um, que está entre Anadolu Efes, Laboral Kutxa e Olimpia Milano.

(O quê?)

(Palpites?)

Nada como uma aposta conservadora, né? Panathinaikos, Maccabi e Anadolu devem avançar, a despeito de suas irregularidades.  (Vamos tirar a limpo isso depois.)

Alba tenta desbancar camisas pesadas pelo Grupo E

Alba tenta desbancar camisas pesadas pelo Grupo E

Seria até bacana ver o Alba Berlin criar um fato novo derrubar o clube grego ou o israelense – juntos, esses caras somam 12 troféus, seis para cada. O lado bom aqui é dar mais uma força para o basquete alemão que, gradualmente, vem subindo a ladeira. Os alemães dependem apenas deles, aliás, já que vai enfrentar nas próximas duas rodadas justamente seus dois concorrentes diretos. Se vencer ambos, pode gerar uma situação de empate tríplice. Para os gregos, basta uma vitória em casa, na próxima rodada, contra os alemães. Caso isso aconteça e o Maccabi derrotar o vexatório Galatasaray, aí o Alba está eliminado.

Do outro lado, o Anadolu, de certa forma um candidato ao título no início da campanha, tem a chance de encerrar a reação do Olimpia Milano em um confronto na próxima sexta-feira, em casa. Além do mais, se vencer os italianos e o Fenerbahçe bater o Laboral Kutxa, aí já terá a vaga no papo. Agora, se perder em Istambul, pode se meter numa enrascada, já que que tem seu rival Fener pela frente na última rodada.

E o Fener é o time do momento…

Goudelock: média de 16,8 pontos na temporada

Goudelock: média de 16,8 pontos na temporada

Vocês se lembram do oba-oba para o CSKA Moscou, certo? Quando os caras venceram os primeiros 15 jogos da temporada? De lá para cá eles ainda ganharam um Andrei Kirilenko de presente, além do retorno de seu parceiro de seleção russa, Viktor Khryapa – ambos com a mobilidade bastante comprometida, diga-se. Mas o timaço de Dimitris Itoudis, enfim, perdeu. Duas vezes. E acabou destronado pelo clube turco na liderança. Ambos têm a mesma campanha, mas a equipe de Zeljko Obradovic, o padrinho do Itoudis, leva a melhor no saldo de pontos do duelo.

O Fenerbahçe está no meio de uma sequência de nove triunfos – a segunda maior da competição nesta temporada, atrás apenas do CSKA. O detalhe mais interessante é que, desses nove triunfos consecutivos, cinco foram como visitantes. De má notícias para o irado Obradovic nesse meio-tempo, apenas duas. Eles perderam a final da Copa da Turquia para o Anadolu. Além disso, o armador Ricky Hickman sofreu uma ruptura no tendão de Aquiles nesta quintas, em vitória sobre o Unicaja Málaga. Sendo um atual campeão, poderia ajudar o time nos playoffs. De todo modo, para a sua função, Andrew Goudelock está lá para assimilar os minutos. São atletas diferentes – Hickman busca muito mais a infiltração, enquanto Goudelock é um excepcional arremessador –, mas paciência.

A equipe turca tem um elenco poderoso, isso não é novidade. A diferença é que o treinador octacampeão continental conseguiu enfim uma química respeitável em quadra, usando toda a versatilidade do plantel. Eles podem correr a partir de uma defesa forte, com pivôs bem mais ágeis que o que se encontra por aí – seja com as bandejinhas comportadas de Nemanja Bjelica ou com as trovoadas de Jan Vesely. Mas também têm aquele pivô tipo guarda-roupa que desce a lenha num jogo mais truncado, com Semih Erden e Oguz Savas. A movimentação de bola melhorou com a chegada do grego Nikos Zizis.

Mas pode ficar de olho no Real

Relaxa, Sérgio, tem quem brigue pelo rebote para você

Relaxa, Sérgio, tem quem brigue pelo rebote para você

A mudança de Nikola Mirotic para Andrés Nocioni e Gustavo Ayón leva tempo para assimilar, claro. Conforme os torcedores do Chicago Bulls estão vendo e admirando, o montenegrino de passaporte espanhol tem um pacote raro de velocidade, agilidade para alguém de seu tamanho (2,08 m). Com ele em quadra, ao lado de Rudy Fernández, Sérgio Llull e Sérgio Rodríguez, o Real tinha o arranque de um time de NBA. Corria pela Euroliga sem que ninguém lhe pudesse acompanhar.

Nocioni e Ayón são evidentemente grandes jogadores, mas moldados de outra forma. Hoje, são homens voltados para o jogo de meia quadra, que dão ao clube merengue mais presença física no garrafão e na defesa em geral. Literalmente, o time ganhou corpo e vem sendo eficiente dessa maneira também, abrindo um saldo de 181 pontos em 12 partidas do Top 16 (média de 15,01). As duas derrotas sofridas até o momento vieram contra o Maccabi em Tel Aviv, por apenas quatro pontos, e uma surra contra o Panathinaikos, em Atenas (85 a 69), no jogo do ano para o limitado, segundo seus padrões, elenco grego.

Lembrando: o Final Four deste ano será realizado na capital espanhola. Seria um fiasco tremendo que os caras de Pablo Laso não chegassem lá. A julgar pelo que Anadolu, Baskonia e Milano vêm produzindo nesta fase, se o Real confirmar a condição de cabeça-de-chave número um do Grupo E, não deverá ter problemas para passar pelas quartas e encontrar sua torcida na busca por seu primeiro título continental desde… 1995!

Ainda na Espanha, Huertas vira reserva
Enquanto Juan Carlos Navarro, Brad Oleson e Alejandro Abrines frenquentavam a enfermaria, Marcelinho Huertas teve a incumbência de carregar o Barça em quadra. E jogou tudo o que podia. Quando retornou a cavalaria, o que aconteceu? O armador foi premiado com um lugarzinho no banco. O clube catalão vinha numa trilha de altos e baixos, e Xavier Pascual decidiu promover o jovem Tomas Satoransky ao quinteto inicial, provavelmente de olho em ganho no setor defensivo.Com 2,01 m de altura e agilidade, o tcheco supostamente casa melhor ao lado de Juan Carlos Navarro.

O 'gigante' Satoransky. Gigante, para um armador

O ‘gigante’ Satoransky. Gigante, para um armador

A promoção, que aconteceu durante a Copa do Rei, não foi  pura formalidade: Satoranksy vem acumulando mais minutos desde a 17ª semana de competição, com 25 minutos em média – restando algo em torno de 15 para o brasileiro. Contratado nesta temporada, o jogador respondeu, com média de 11,5 pontos e 5,0 assistências. Mais relevante para a equipe é o fato de que foram seis vitórias seguidas.

Ainda assim, em entrevista para a Radio Catalunya, Huertas revelou estar com negociações abertas para renovar seu contrato com o Barça – o vínculo atual expira ao final da temporada. Se realmente assinar, a perspectiva de uma passada pela NBA se reduz drasticamente. Na mesma entrevista, o brasileiro afirmou que deixou o time titular na Copa do Rei devido a dores no pé. Mas que agora estaria se sentindo muito bem. Para constar, o jornal ABC noticiou após a derrota para o Real que o armador e o treinador teriam discutido no vestiário. Pascual ficou pê da vida com a reportagem e a desmentiu de modo veemente.

A jogada da temporada
Essa, sim, aconteceu na semana passada – por sorte em jogo que transmiti ao lado do Decimar no Sports+. O Fener recebia o Málaga. No desfecho de um primeiro tempo surpreendentemente equilibrado, o garoto Bogdan Bogdanovic recebeu a bola na reposição do fundo da quadra, e…


Euroligado: um quarto inesquecível para Huertas
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Giancarlo Giampietro

Diamantidis, considerado um dos melhores defensores do basquete europeu na história, não conseguiu parar Huertas

Diamantidis, considerado um dos melhores defensores do basquete europeu na história, não conseguiu parar Huertas

Dentre todos os brasileiros que estão em atividade no exterior, o pivô Augusto Lima é aquele que vive a melhor temporada, no geral. Já contamos essa história. Mas aquele que vive a melhor fase é Marcelinho Huertas, conforme notado há algumas semanas também. Nesse excelente momento individual por que passa o armador,  os dez minutos mais vultuosos aconteceram nesta sexta-feira, no terceiro período da vitória providencial do Barcelona sobre o Panathinaikos, por 80 a 76. Foram, talvez, sem exagero, os dez melhores minutos de sua carreira – algo que só ele pode confirmar, claro.

Anotem essa: no confronto transmitido pelo Sports+, com Rafael Spinelli e Ricardo Bulgarelli, o paulistano matou seis bolas de longa distância depois do intervalo, sendo cinco delas de modo consecutivo. A sequência só foi interrompida por um pedido de tempo de Dusko Ivanovic, técnico do time grego e seu comandante por duas temporadas no Baskonia (hoje Laboral Kutxa). O sérvio pode ter tentado “marcar” o ex-pupilo, uma vez que sua defesa não conseguia pará-lo de modo algum, mas não deu certo.

Os dois primeiros arremessos caíram para dar ao Barça a liderança no início do terceiro quarto (45 a 40), depois de fal-e-cesta em cima de Esteban Batista. O americano DeMarcus Nelson converteu uma bandeja em infiltração para descontar. O ataque do Barça teve, então, bela movimentação de bola – destaque aqui para o pivô Ante Tomic, excelente passador a partir de marcações duplas – para encontrar o brasileiro novamente no perímetro. Livre, deu cesta. Na posse de bola seguinte, para desespero de Ivanovic, lá estava Huertas novamente sozinho para encaçapar a quarta, abrindo vantagem de nove pontos. Aí veio o pedido de tempo. O ala Vlantimir Giankovitz acertou um gancho. No ataque seguinte… Nova bomba de três para Huertas,  a quinta em menos de três minutos. Ao final da parcial, no último ataque catalão, ele contou com um pouco de sorte num chute de muito longe, a partir do drible, para fazer a sexta cesta de longe. Saíram, deste modo, 18 de seus 22 pontos.

(O Panathinaikos ainda apertou o jogo e vendeu cara a derrota, ficando a um ponto do empate no finalzinho, mas o time da casa sobreviveu, para somar sua primeira vitória na fase de Top 16.)

Na temporada, Huertas estava com um aproveitamento de 45,1% nos arremessos de fora. Já era o melhor rendimento de sua carreira na Euroliga, superando os 44,2% de 2010-11, pelo Baskonia, justamente sob a orientação de Ivanovic – e bem mais produtivo que os 33,8% do campeonato passado ou que os 35,6% da carreira, por exemplo. Depois da formidável jornada, no entanto, elevou este número para 51,3%. Nos últimos cinco jogos, são 66,6% (12/18).

Quando o armador está com uma pontaria dessas, seu jogo simplesmente vira um pesadelo para a concorrência, já que eles não podem se descuidar de suas infiltrações. Não apenas por sua capacidade para matar aqueles chutes lindos em flutuação, como também pela destreza nos passes, para deixar Tomic e os pivôs do Barça em ótima posição para finalização, ou para encontrar arremessadores como Navarro e Oleson abertos na zona morta. Rubén Magnano deve estar empolgado.

PS: neste domingo, numa partida que a Liga ACB já define como “apoteótica”, o Barça derrotou o Unicaja Málaga por 114 a 110, com mais 19 pontos e 8 assistências de Huertas, em 27 minutos. O jogo foi definido na prorrogação apenas, na Catalunha.)

O jogo da rodada: Anadolu Efes 74 x 70 Unicaja Málaga
Foi daquelas vitórias que deixa o time vencedor em êxtase, ao passo que os perdedores entram em luta contra a depressão. Vindo de uma sequência de cinco reveses pela competição – embora lidere a Liga ACB de forma surpreendente –, a equipe malagueña, com sua proposta de jogo acelerado, venceu o primeiro tempo em Istambul por 15 pontos de vantagem (49 a 34). Mas marcou apenas 21 pontos depois do intervalo, com um desempenho ofensivo tenebroso.

A diferença foi construída com base em bom desempenho dos pivôs Will Thomas e Vladimir Golubovic na linha de frente, assessorados pelo armador Jayson Granger, todos reservas na rotação volumosa de Joan Plaza. No terceiro período, contudo, não houve quem conseguisse superar uma defesa muito bem armada por Dusan Ivkovic, que forçou uma série de chutes desequilibrados de seus oponentes, levando apenas oito pontos em dez minutos. Com múltiplas conversões de três do outro lado, a jovem equipe turca empatou o placar em 57 a 57.

Por mais substituições que fizesse, Plaza não conseguiu encontrar uma resposta, e o Anadolu chegou a abrir 67 a 59 no placar, numa parcial impressionante de 33 a 10 desde o final do primeiro tempo. Foi só com o veterano islandês Jon Stefansson, após um pedido de tempo, que o treinador espanhol ganhou algum suporte em quadra, voltando a equilibrar as coisas para os dois minutos finais, ficando três pontos atrás (69 a 66). O armador naturalizado croata Dontaye Draper, no entanto, foi decisivo nas últimas posses de bola com uma bandeja e um chute de fora para definir o primeiro triunfo do time de Dusan Ivkovic (aquele que não gosta de americanos meia-boca, diga-se) no Top 16.

Dario Saric não teve dos jogos mais empolgados no ataque (5 pontos e 2 assistências em 29 minutos, com 2/4 nos arremessos), mas o jovem ala Cedi Osman voltou a produzir bem, com 12 pontos em 16min54s, matando 5/10.

O que os cartolas pensam
Na segunda parte de sua enquete com os gerentes gerais dos times que disputam o Top 16, a Euroliga se concentrou nos jogadores – algo sempre mais interessante (neste link e neste também). Vamos a alguns dados:

euroleague-survey-mvp-2015-teodosic

– Marcelinho Huertas foi apontado como o quarto melhor armador do campeonato, com 8,3% dos votos, atrás de Milos Teodosic (CSKA, 41,6%), Sérgio Rodríguez (Real Madrid, 25%) e Vassilis Spanoulis (Olympiakos, 16,6%). Páreo duro, mesmo. Na hora de responder sobre quem seria o melhor passador, Huertas voltou a aparecer em quarto, ao lado do francês Thomas Heurtel, do Anadolu, com o mesmo percentual, atrás de Rodríguez (29,1%), Teodosic (25%) e Dimitris Diamantidis (Panathinaikos, 20,3%).

– Teodosic recebeu 33,3% dos votos na hora de palpitar sobre o eventual MVP dessta temporada, superando Boban Marjanovic (20,8%) e Tomic (12,5%). Andrew Goudelock, do Fenerbahçe, Nando De Colo e Sonny Weems, ambos do CSKA, Rudy Fernández, do Real, James Anderson, do Zalgiris, e Spanoulis também foram citados.

– Goudelock foi apontado com o melhor americano da competição, com 33,3%, acima de Weems, Anderson e Keith Langford, do já eliminado UNICS Kazan.

– Os alas-pivôs Stephane Lasme, do Anadolu, e Kyle Hines, do CSKA, foram apontados com os melhores defensores, com 16,6%. Hines ganhou a votação de jogador mais durão, mais chato de se lidar, com 16,1%.

– Agora, se eles tivessem o direito de assinar com qualquer jogador da Euroliga, sem nenhuma restrição, o alvo seria Spanoulis, com 33,3%, seguido por Tomic (12,5%), Bogdan-Bogdan, Weems e De Colo (8,3%).

Lembra dele? Felipe Reyes (Real Madrid)

Reyes, em seu gancho tradicional: fundamento, QI e determinação

Reyes, em seu gancho tradicional: fundamento, QI e determinação

O eterno coadjuvante. Reyes, 34, sempre foi mencionado na segunda linha de todos os textos sobre a era dourada espanhola, depois de Pau Gasol, Navarro, Calderón e até de Garbajosa. Pois o país já praticamente trocou de gerações, e o veterano  ala-pivô do Real se aprofundou na sua condição de coadjuvante. Em termos de esforço, consistência e fundamentos, porém, estamos falando de um craque, realizando uma Euroliga sensacional (sua 11ª!). Em vitória por 93 a 78 sobre o Galatasaray, na quinta, ele marcou 22 pontos e pegou 11 rebotes em apenas 22 minutos, acertando 9 de 13 arremessos, atingindo índice de eficiência de 29, para dividir o prêmio de MVP da jornada com o americano Brian Randle, do Maccabi Tel Aviv. Estraçalhou, num ritmo ainda mais forte do o que vem imprimindo na temporada (médias de 11,3 pontos e 6,1 rebotes em 17 minutos).

Em números

Goudelock fez o que quis no segundo tempo contra o Nizhny: tiros de três, bolas em flutuação, bandejas lindas. O mini Mamba faz estragos na Euroliga e já é considerado pelos cartolas o melhor americano e o melhor shooting guard da competição, além do segundo melhor arremessador, atrás de Jaycee Carroll, do Real

Goudelock fez o que quis no segundo tempo contra o Nizhny: tiros de três, bolas em flutuação, bandejas lindas. O mini Mamba faz estragos na Euroliga e já é considerado pelos cartolas o melhor americano e o melhor shooting guard da competição, além do segundo melhor arremessador, atrás de Jaycee Carroll, do Real

23 – O total de pontos anotados por Goudelock em apenas 24 minutos, na vitória do Fenerbahçe sobre o Nizhny Novgorod, por 78 a 60, guiando uma arrancada do clube turco no segundo tempo. O que vale ressaltar aqui: a flexibilidade que Zeljko Obradovic tem em seu elenco. Sua defesa melhorou muito após o intervalo, quando ele abriu mão de jogar com seus pivôs mais pesados (Savas, Erden e Zoric), emparelhando Jan Vesely, Emir Preldzic e Nemanja Bjelica. Que trio, não? Versáteis, ágeis, espichados, podendo trocar na marcação sem problemas, tapando o garrafão.

12 – O CSKA chegou a 12 triunfos consecutivos, sustentando sua invencibilidade, ao bater o Laboral Kutxa por 99 a 90 – partida que transmiti pelo Sports+. O clube russo claramente jogou para o gasto, ciente de sua superioridade em relação ao time espanhol, aquele que mais trocou peças durante a competição. Juntos, Teodosic e De Colo contribuíram com 35 pontos e 13 assistências, com 10/21 dos arremessos.

1 – Apeas um time do Grupo E conseguiu duas vitórias nas duas primeiras rodadas do Top16: o Real. De resto, temos seis times empatados com 1-1 e o Estrela Vermelha na lantetrna, com 0-2. No Grupo F, Olympiakos, CSKA e Anadolu estão com 2-0, com o time grego liderando a chave com base no saldo de pontos (+32).

Tuitando


Euroligado: uma derrota basta para a crise
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Giancarlo Giampietro

São apenas três rodadas, faltam mais sete nesta primeira etapa. Mas, se você for parar um tico para ver o que se passa nos quatro grupos da temporada regular da Euroliga, transmitida no Brasil com exclusividade pelo canal Sports+, vai ver que algumas coisas já vão ficando mais claras. Quer dizer, que alguns clubes já começam a despontar, e, neste caso, você pode falar do Barcelona de Marcelinho Huertas e do CSKA Moscou, que não está nada órfão de Ettore Messina. Os melhores times deste princípio de campeonato. Não só pelas três vitórias em três semanas, mas muito mais pela qualidade de seus resultados. O Real Madrid, por sua vez, depois de sofrer nas duas primeiras partidas, se reencontrou em quadra para atropelar o Nizhny Novgorod em casa, vencendo por 39 pontos e batendo recordes. Enquanto isso, o Fenerbahçe, que novamente promete mundos e fundos…

O jogo da rodada: Panathinaikos 91 x 73 Fenerbahçe

Panathinaikos x Fenerbahçe, 2014-2015, Euroliga

Bom, já dá para ver que foi uma surra, que o time da casa não teve muita dificuldade. Então por que escolher esse? Devido ao simbolismo do sempre especial retorno de Zeljko Obradovic a Atenas e a influência  que o resultado pode ter no decorrer da temporada. Foi mais uma partida do Grupo da Morte, o C, para dar muita confiança ao Panathinaikos, que em tese correria por fora na chave, devido ao orçamento reduzido – a crise é braba, mesmo.

Para os que não estão muito acostumados com o basquete europeu, Obradovic é praticamente a encarnação de um deus grego para a torcida verde. Ele serviu ao clube de 1999 a 2012, conquistando cinco edições da Euroliga e 11 ligas nacionais, incluindo nove em sequência. Depois de um ano sabático, ele foi convencido pelo projeto intere$$ante do Fener a voltar para o torneio. Não foi o primeiro reencontro com o ex-time. Na campanha passada, a recepção foi das coisas mais impressionantes que já vi. Nesta quinta, a farra foi a mesma. O técnico sérvio agradeceu: “Quero agradecer ao povo do Panathinaikos pelo modo como eles me trataram novamente hoje. É algo especial para mim estar aqui”, disse. Para, depois, começar a desancar sua equipe.

Obradovic em Atenas? Festa só para um lado

Obradovic em Atenas? Festa só para um lado

“Sinto vergonha da imagem deixada por meu time”, disse. “É minha responsabilidade. Escolhi esses jogadores, e é meu trabalho. Tenho de mudar algumas coisas. Se vai ser possível, ou não, só o futuro vai dizer. Os torcedores estabeleceram um novo recorde de compras de carnês de ingressos na pré-temporada. Eles nos acompanham e realmente se importam com a equipe. O que posso dizer para eles agora?”

Uma observação: o Fener havia vencido suas duas primeiras partidas da chave. É o fim do mundo, né? (Risos.) Mas aí você checa a tabela da cada vez mais competitiva liga turca, e vê que lá eles também sofreram uma derrota em três rodadas, perdendo para o Royal Hali por 70 a 66. O Hali tem quatro americanos de ponta para os padrões europeus, mas foi uma zebra ainda assim. No caso do revés para o Panathinaikos, isso pode custar caro, com Olimpia Milano e Bayern de Munique fungando no cangote, também com ambiciosos planos.

Então, meus amigos, aqui estamos novamente. O Fener torrando aos montes, apostando num técnico legendário e um elenco totalmente abarrotado. O desafio parece ser o mesmo: convencer tantos atletas renovados a sacrificarem seus números, minutos, pontos em prol do time. Fazer a bola rodar mais, encontrando o melhor arremesso – já que opções não faltam. Enfim, transformar egos em um produto de basquete.

Os brasileiros
Marcelinho Huertas – no complicadíssimo Grupo C, o Barcelona teve nesta sexta-feira aquele que supostamente seria a partida mais fácil da chave: duelo com o Turow Zgorzelec, da Polônia, em casa. E foi isso mesmo: vitória por 86 a 67, com placar favorável em todos os quatro períodos. Titular absoluto, Huertas fez um pouco de tudo em quadra, em 26 minutos: 6 pontos (em dois disparos de três), 5 assistências, 6 rebotes e 2 roubos de bola. O ala-pivô Justin Doellman foi o cestinha, com 20 pontos em 25 minutos, para o clube catalão que, ao lado do CSKA, é o que faz a melhor largada na competição até agora.

Huertas pressiona na defesa: Barça larga bem

Huertas pressiona na defesa: Barça larga bem

JP Batista – o Limoges sofreu sua segunda derrota, ao cair por 75 a 69 em Málaga diante do Unicaja – um lugar no qual é muito difícil de se jogar. O pivô pernambucano somou 8 pontos, 5 rebotes e 4 assistências em 21 minutos, convertendo 4-8 arremessos de quadra. Melhor: sua participação foi decisiva nos principais momentos de sua equipe na partida. O campeão francês chegou a abrir seis pontos no início do segundo tempo, mas os anfitriões desembestaram a partir daí anotando 23 pontos contra apenas 2 dos adversários, abrindo vantagem de 13 pontos ao final do terceiro quarto. Na parcial final, resistiram a uma pressão dos visitantes.

JP, e seu tradicional semigancho no garrafão

JP, e seu tradicional semigancho no garrafão

Lembra dele?
Sasha Vujacic (Laboral Kutxa/Baskonia) Depois de destacarmos Andrew Goudelock aqui, na primeira rodada, agora é a vez de outro ex-jogador do Lakers, o ala-armador esloveno que, nos tempos (?) glórios foi inexplicavelmente apelidado de (?) “A Máquina”. Vujacic, na verdade, virou uma figura cult em Los Angeles por todas as lendas ao seu redor, incentivadas por Phil Jackson, diga-se. Essa história de máquina tem a ver com o aproveitamento que tinha de quadra nos treinamentos. Segundo consta, era um verdadeiro leão de treinos. Não errava um arremesso. Na hora do jogo, as coisas mudavam um pouco, ainda que Sasha, ex-namorado de Maria Sharapova e tal, nunca tenha sido reconhecido como um cara tímido. Pelo contrário, como provou nas finais de 2010, convertendo lances livres importantíssimos no sétimo jogo contra o Celtics.

Vujacic, em dia de maquininha

Vujacic, em dia de maquininha

A verdade é que, em Los Angeles, num time bastante estruturado, com Kobe Bryant, Derek Fisher e outros veteranos tomando conta da posição, não sobrava muito espaço para o atleta que teve média de 14,3 minutos em sua carreira pelo Lakers. Em 2011, foi trocado para o então New Jersey Nets e teve muito mais tempo de quadra. No ano do lo(u)caute, voltou para a Europa, pelo Anadolu Efes. Na temporada passada, teve uma curtíssima passagem pelo Los Angeles Clippers. Agora, fechou com o clube basco, ocupando vaga aberta pela dispensa de Orlando Johnson (ex-Pacers e Kings).

Ele fez sua estreia na sexta-feira e ajudou numa dura vitória sobre o Galatassaray, por 91 a 90, em casa, com 13 de seus 14 pontos no primeiro tempo. O esloveno jogou  por 21 minutos, acertando 50% de seus arremessos de quadra, incluindo 3-6 em três pontos.  O herói de verdade da partida, no entanto, foi o pivô Colton Iverson, que anotou a cesta da vitória a menos de 3 segundos do fim. O pivô americano, que foi draftado pelo Boston Celtics no ano passado e vai para sua segunda temporada na Europa, anotou 17 pontos e pegou seis rebotes em 24 minutos.

Uma jogada: vejam essa combinação espetacular de pick-and-roll entre Jeremy Pargo e Alex Tyus…

São várias coisas para se tomar nota. Uma: reparem em como Tyus parte feito um animal em direção ao aro, depois de fazer o corta-luz. Duas: ele já sabe o que pode (vai?) acontecer. Três: você precisa acelerar, mesmo, cortar com intensidade. Quatro: o passe foi um tanto forte e muito alto. Cinco: o sujeito ainda faz o domínio e desce com essa machada para a cesta. Incrível, e eleita a melhor da semana.

Em números
1.000 –
mais uma semana, mais um registro histórico para Dimitris Diamantidis. O capitão do Panathinaikos ultrapassou a barreira das mil assistências em sua carreira (chegou a 1.009) nesta quinta, dando dez passes para cesta contra o Fener. Só para deixar claro: ele já era o recordista do torneio nesse fundamento. Veja um belo clipe editado pela Euroliga para celebrar a marca, de qualquer maneira:

92,3% – o pivô americano D’Or Fischer, do UNICS Kazan, acertou agora 12 de seus 13 arremessos. O que vale um aproveitamento de 92,3%. Nem Steve Kerr no lance livre conseguia algo assim. Nesta semana, o time russo, dos novos ricos do basquete europeu, venceu o Dínamo Sassari por 85 a 62, em casa. Fischer acertou seis em sete, terminando com 14 pontos e 9 rebotes em 22 minutos.

41 – Vassilis Spanoulis precisou jogar 41 minutos e mais 26 segundos para que seu Olympiakos vencesse o estreante e modesto Neptunas Klaipeda por 85 a  81, na prorrogação, fora de casa, após empate por 76 a 76 no tempo regular. O ídolo grego usou da melhor forma possível seu tempo de ação, com 34 pontos, 7 assistências, 5 rebotes e 11-21 nos arremessos, com direito a 6-11 nos arremessos de longa distância. Craque demais.

Vassilis Spanoulis, MVP da rodada. Sai da frente

Vassilis Spanoulis, MVP da rodada. Sai da frente

34 – foi o índice de eficiência atingido pelo americano Brian Randle na vitória do Maccabi sobre o Alba. Ele marcou 25 pontos em 29 minutos pelo time israelense, o vice-campeão da Copa Intercontinental. Além disso, foram cinco rebotes, três tocos e duas assistências, numa grande exibição, também bastante versátil. Será um cara importantíssimo nesse processo de reconstrução do time.

1,53 – a média de ponto por minuto do americano Jaycee Carroll, uma das muitas armas do Real Madrid, contra os novatos russos no Nizhny. Também com nacionalidade do Azerbaijão, numa dessas bizarrices do mercado da bola – e dos passaportes –, Carroll  barbarizou na quinta-feira, com 32 pontos em 21 minutos, acertando 7-9 de longa distância e 10-14 no geral.

Tuitando:

Cuma!?

O jornalista turco revela essa interessante negociação entre o clube espanhol e o gigante turco. O armador francês Thomas Heurtel se valorizou muito depois da Copa do Mundo e está em seu último ano de contrato. O Baskonia precisa de mais um atleta que crie mais oportunidades de cesta por conta própria, o perfil de Hickman. O problema é que o americano saiu do campeão Maccabi para ganhar uma fortuna em Istambul. Vamos acompanhar essa. O italiano Marco Crespi, técnico do atual Laboral Kutxa, já tem uma história de sucesso com Hickman. Os dois trabalharam juntos na Itália, ganhando uma Leaga Due pelo Scavolini Pesaro.

Quando o Real encaixa seu jogo, é isso, mesmo. Vem recorde por aí, devido ao ritmo da equipe, agredindo constantemente o adversário com atletas talentosos, velozes e um elenco bastante volumoso. Das 33 assistências, nove foram do MVP da edição 2013-2014, Sérgio Rodríguez, enquanto seus companheiros de seleção Rudy Fernández e Sérgio Llull terminaram, respectivamente, com seis e cinco.


Euroligado: 1ª rodada confirma Grupo da Morte
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Giancarlo Giampietro

Já escrevi durante a Copa do Mundo sobre como essa coisa de Grupo da Morte pode ser meramente um recurso (leia-se “truque) jornalístico fácil para ganhar manchetes, driblar a falta de informação, ou qualquer coisa do tipo. No caso da Euroliga 2014-2015, porém, é impossível escapar deste clichê ao avaliar as equipes emparelhadas no Grupo C. C de morte, mesmo. Na rodada que abriu a temporada, com jogos espalhados entre quarta e sexta-feira, dois dos melhores confrontos aconteceram justamente por esta chave: Fenerbahçe x Olimpia Milano e Barcelona x Bayern de Munique. A eles se juntam o Panathinaikos e o estreante polonês Turów Zgorzelec, este correndo por fora, mas bem por fora, mesmo. De resto, o que temos é o seguinte: um grande time de basquete vai ficar fora do torneio logo na primeira etapa. A julgar pelos elencos e pelos primeiros 4o minutos de ação para o sexteto, os alviverdes gregos, com toda a tradição de seis títulos continentais, que se cuidem. Ao menos, venceram o Turow por sete pontos na estreia. A conferir o desenrolar desta sangria.

O jogo da rodada: Fenerbahçe 77 x 74 Olimpia Milano

Fenerbahçe comemora o triunfo como se fosse até um título

Fenerbahçe comemora o triunfo como se fosse até um título

Dá para advogar a favor do triunfo do Nizhny Novgorod, da Rússia, sobre o Dínamo Sassari, da Itália, por 88 a 86? Claro que dá. Fora de casa, o clube italiano teve uma largada fulminante ao abrir uma vantagem de até 19 pontos no primeiro tempo (26 a 7), mas viu todo esse montante ser derrubado rapidamente. Daí que os anfitriões conseguiram a virada no segundo tempo e pularam eles com dez pontos na frente no princípio do quarto período. Havia tempo, porém, para uma reação dos italianos, que chegaram a ter a última bola em mãos para o empate ou virada. Não rolou.

De qualquer forma, considerando o nível dos times que se enfrentaram em Istambul – dois clubes com pretensões de título na temporada –, comparando com dois estreantes em solo russo, fica-se confortável em seguir este caminho. Depois de o Fener vencer o primeiro quarto com facilidade (26 a 15), o Milano reagiu pelas mãos improváveis do pivô Niccolo Melli (grandalhão que protege o aro na defesa e, no ataque, é basicamente um chutador em evolução de média para longa distância), as equipes travaram uma batalha duríssima. O segundo tempo foi realmente como uma luta franca de boxe, sem que nenhum oponente abrisse uma larga vantagem. Foram incontáveis trocas de liderança entre ambos. Como no finalzinho da terceira parcial em que uma cesta de três do Fener foi respondida por jogada de fal-e-cesta para cima do jamaicano Samardo Samuels, deixando o time visitante na frente por 58 a 57.

O confronto seguiu nesse ritmo até o último minuto quando o armador cestinha americano Andrew Goudelock matou uma bomba de três pontos – daquelas em que você se consagra ou ouve “anta” em turco vindo da arquibancada –, para levar o placar a 76 a 71 para o Fener, com menos de 50 segundos no cronômetro. Falaremos mais a respeito de Goudelock abaixo. Foi, em suma, uma partida já em alto nível, com grandes personagens em quadra (entre draftados e atletas com experiência de NBA em quadra, eram 10), com muita intensidade logo de cara.

JP teve de se virar contra Schortsanitis em seu retorno a um palco de Euroliga

JP teve de se virar contra Schortsanitis em seu retorno a um palco de Euroliga

Os brasileiros
Marcelinho Huertas: em uma vitória bastante dura sobre o Bayern, por 83 a 81, não teve a jornada mais feliz na conclusão de seus tiros em direção ao garrafão (1-6 em chutes de dois pontos), mas conduziu bem o ataque do Barça nos 25 minutos em que esteve em quadra. Foram computadas apenas duas assistências, mas o armador  deu estabilidade ao ataque, alimentando bem o jogo interior para Ante Tomic (15 pontos, 6-7 nos arremessos). Com o tcheco Tomas Satoransky de fora, Juan Carlos Navarro fez as vezes de armador reserva, terminando com oito passes para cesta e 2-10 em bolas de longa distância. Figura.

JP Batista: foi uma estreia bastante produtiva para o pivô com a camisa do Limoges, campeão francês, em jogos de Euroliga, contra o Maccabi Tel Aviv tão bem quisto pelos flamenguistas. O pernambucano marcou 15 pontos em apenas 19 minutos, convertendo 7-16 arremessos, porém. Esta é a terceira edição da competição para João Paulo, que não a disputava desde 2009. O time israelense venceu por 92 a 76, em casa, com um show de sua torcida.

Lembra dele?
Andrew Goudelock (Fenerbahçe)
O torcedor do Los Angeles Lakers mais nerd certamente guarda um espaço em seu coração para este chutador de mão cheia. Revelado pela universidade de Charleston, ele estreou pela franquia angelina na temporada do lo(u)caute, 2011-2012, já sob o comando de Mike Brown. No campeonato seguinte, depois de incendiar a D-League, foi novamente contratado pelo Lakers na reta final. Depois da lamentável lesão de Kobe, acabou recebendo minutos de playoff inesperadamente contra o Spurs, sendo um dos poucos atletas do time capaz de criar alguma coisa por conta própria no perímetro. Com 1,90 m, se tanto, porém, é considerado muito baixo para a posição, a despeito de seu talento ofensivo. Na Europa, isso não foi problema. Jogou demais pelo UNICS Kazan na campanha passada e acabou contratado a peso de ouro pelo Fener. Em seu primeiro jogo de Euroliga, marcou 19 pontos, quatro rebotes e quatro assistências, com 8-16 nos arremessos em 36min53s – o sargentão Zeljko Obradovic simplesmente não conseguia tirá-lo de quadra.

Um vídeo: Berrante
Agora, se Goudelock está com moral com o piradaço e octocampeão da Euroliga sérvio, o mesmo não se pode dizer de Ricky Hickman. Depois de lidar com David Blatt em Tel Aviv, o americano agora vai precisar de protetor auricular. Vejam o esculacho que ele tomou do treinador antes de um pedido de tempo nos minutos finais contra o Milano:

(Outro vídeo: insanidade em Belgrado
A torcida do Estrela Vermelha está que não se aguenta: seu clube disputa a Euroliga, enquanto o arquirrival Partizan, o time hegemônico da Sérvia e da Liga Adriática na última década, vê tudo de fora. Na estreia contra o Galatasaray, os caras sacudiram a Kombank Arena desde 30 minutos antes de a bola subir. Durante o aquecimento, o ginásio estava assim. Imagine quando eles venceram por 29 a 10 no segundo período, para assegurar a primeira vitória? Transmiti o jogo no Sports+ ao lado do chapa Maurício Bonato, e foi de arrepiar.

)

Em números

78,5%– Foi o aproveitamento de quadra do gigante Boban Marjanovic, de 2,21 m, para demolir a defesa do Galatasaray. O sérvio anotou 22 pontos, acertando 11 de seus 14 arremessos, em 27 minutos. Também pegou 10 rebotes. É impressionante a evolução do pivô nos últimos anos. Inicialmente, a tendência era tirá-lo apenas como um herói cult do basquete, por razões óbvias de estatura (aquela coisa de enterrar e dar toco sem saltar etc.). Mas Marjanovic trabalhou duro para se tornar uma arma extremamente perigosa no garrafão.

Boban Marjanovic foi companheiro de Lucas Bebê no time de verão do Atlanta do ano passado e ficou fora da seleção sérvia da Copa do Mundo

Boban Marjanovic foi companheiro de Lucas Bebê no time de verão do Atlanta do ano passado e ficou fora da seleção sérvia da Copa do Mundo

29 – Mardy Collins, ala-armador ex-New York Knicks e Los Angeles Clippers, atingiu este índice de eficiência pelo Turow em duelo com o Panathinaikos. O norte-americano nunca deixou tão feliz o torcedor do Olympiakos, seu clube no campeonato passado, como nesta sexta, ao somar 23 pontos, 9 rebotes e 5 assistências em 29 minutos contra o arquirrival dos Vermelhos.

22 – Dario Saric foi titular e recebeu 21min59s – 22 minutos, vai? – de tempo de quadra do técnico Dusko Ivkovic, pelo Anadolu Efes, na primeira rodada. Por que isso é relevante? É que, durante a semana, o pai do promissor ala-pivô croata, havia esperneado publicamente para reclamar das poucas chances que o garoto vinha recebendo no princípio de temporada. Foi simplesmente bizarro: o clube estava disputando apenas amistosos e uma rodada pelo campeonato turco, e o sujeito já estava sem paciência alguma, ameaçando inclusive tirar Saric de lá. O detalhe: antes do Draft da NBA, o Papai Saric havia comprado uma briga com os antigos agentes do atleta, dizendo que seria a maior burrada da história se o atleta deixasse o Cibona Zagreb direto para a liga norte-americana. Que o melhor era ele primeiro trabalhar em um grande clube europeu, primeiro, para ganhar cancha, se desenvolver.

10 – Muito confiante depois da conquista da medalha de bronze na Copa do Mundo, substituindo Tony Parker, o armador Thomas Heurtel teve uma exibição magnífica na primeira partida do campeonato, quarta-feira, em vitória contra o Neptunas. Foram dez passes para cesta, além de 13 pontos e quatro roubos de bola. Em seu último ano de contrato, Heurtel recebeu proposta do Anadolu Efes, mas optou por ficar no País Basco.

4 x 4 – A primeira partida de Euroliga para Gustavo Ayón deixou claro, mais uma vez, seu talento, sua versatilidade. O Real Madrid adorou. Em um jogo muito mais apertado do que o esperado contra o jovem elenco do Zalgiris, em Kaunas, o mexicano teve um mínimo de quatro tentos em quatro estatísticas diferentes: 10 pontos, 6 rebotes, 4 assistências e 4 roubos de bola, em 24 minutos.

Tuitando

Este é o armador Tyrese Rice, MVP do Final Four da temporada passada pelo Maccabi, elogiando o ala Lucca Staiger, do Bayern de Munique. Nesta sexta, com o apoio de seu ex-companheiro de clube, o alemão matou quatro em oito tiros de três contra o Barça. Staiger, que tem de fato uma bela mecânica, acertou 44,2% na temporada passada – mas apenas 28,8% em três campanhas de Eurocup (a Liga Europa do basquete) pelo Alba Berlim.

Aqui temos o encontro do legendário Sarunas Jasikevicius, hoje assistente do Zalgiris, talvez o melhor armador europeu de sua geração, com o atual melhor armador do continente, Sérgio Rodríguez, o Señor Barba. Tudo de acordo com a nada modesta opinião de um blogueiro, ok.

Recuperado de um glaucoma, que o tirou da Copa Intercontinental contra o Fla, Sofoklis Schortsanitis está de volta. E o pivô grego, um dos nobres protagonistas da Dinastia Baby Shaq, já fez toda a diferença pelo Maccabi, anotando 11 pontos em 11 minutos de jogo, usando óculos – impossível não olhar para ele.

Pesic foi campeão europeu pelo Barcelona em 2003, e os catalães não vão esquecê-lo. A nota bacana para o basquete brasileiro é a presença de Anderson Varejão naquele plantel.


Vai começar: a Euroliga 2014-2015 em números
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Giancarlo Giampietro

O Barcelona conta com um dos brasileiros da Euroliga. Vocês sabem quem, né? Na foto

O Barcelona conta com um dos brasileiros da Euroliga. Vocês sabem quem, né? Na foto

O basqueteiro sabe: quando chega outubro, o que ele mais ouve é: “Vai começar”.

Pois vai começar nesta quarta-feira a Euroliga de basquete, com um monte de jogadores que nos fizeram companhia durante a Copa do Mundo, dois brasileiros e o MarShon Brooks. Abaixo, alguns dados a respeito da segunda principal liga de clubes do mundo, que será transmitida no Brasil com exclusividade pelo canal Sports+, da SKY, time do qual farei parte novamente.  Jajá voltamos aqui com os times e jogadores para se ficar de olho, um contexto maior sobre os dois brasileiros no páreo – Marcelinho Huertas e JP Batista – e qualquer coisa que dê na telha.

Vamos lá, anotando:

76 – São 76 os jogadores dos Estados Unidos inscritos na competição, disparado o país com maior número de participantes no torneio. Em média, são mais de três por elenco. O atual campeão e vítima do Flamengo Maccabi Tel Aviv foi o que mais importou da fonte: oito! Mas nem todos são registrados como ianques, porém. No clube israelense, por exemplo, são três com cidadania local: o ala Sylven Landesberg e os pivôs Alex Tyus e Jake Cohen. Há americanos croatas, americanos bósnios, americanos belgas, e por aí vai.

Teodosic. Quem se lembra dele?

Teodosic. Quem se lembra dele?

66,6% – Da seleção sérvia que derrotou o Brasil pelas quartas de final da Copa, 8 atletas – ou 66,6% – jogam em clubes da Euroliga. O terror Milos Teodosic segue no CSKA Moscou, enquanto o pivô Nenad Krstic deixou a capital russa para jogar pelo Anadolu Efes, da Turquia. Em Istambul ainda aparecem o prodígio Bogdan Bogdanovic e o classudo Nemanja Bjelica, pelo Fenerbahçe. O pivô Vladmir Stimac saiu do Unicaja Málaga para o Bayern de Munique, mas o clube espanhol, por sua vez, completou sua cota com o armador Stefan Markovic. O Estrela Vermelha, único time do país disputando a competição, conta com os outros dois: o armador reserva Stefan Jovic e o atlético ala Nikola Kalinic. De resto? Miroslav Raduljca levou seus talentos, barba e Harleys para a China; Rasko Katic está em Zaragoza, Stefan Bircevic, em Madri (pelo Estudiantes) e Marko Simonovic, na França (pelo Pau-Orthez). O contingente sérvio, claro, não se limita a eles. Fora do Estrela, há mais nove jogadores espalhados pelo continente.

41 – É o número de atletas com experiência de pelo menos uma temporada regular completa na NBA – descartei os jogadores de contratos temporários, não-garantidos, com uma ou outra partida oficial ou amistosos de pré-temporada. Os dois que têm mais rodagem são Andrés Nocioni, nosso bom e velho e amigo, com  12.654 minutos (contando playoffs) e Krstic, com 11.252 minutos. Da safra nova, vale ficar de olho no que vão aprontar os alas MarShon Brooks (aquele mesmo ex-Nets, Celtics, Warriors, Lakers, seguidor de Nick Young, sem o carisma, mas que julga ser tão bom quanto um jovem Kobe Bryant e agora defende o Olimpia Milano), James Anderson (raro caso de talento mal desenvolvido em San Antonio, ex-Sixers, hoje no Zalgiris Kaunas) e Orlando Johnson (ex-Pacers e Kings, no Baskonia/Laboral Kutxa).

33,3% – Um terço dos clubes desta temporada não disputaram a última edição do campeonato: Dínamo Sassari (Itália), Nizhny Novgorod (Rússia), PGE Turow Zgorzelec (Polônia), Neptunas Klaipeda (Lituânia), todos estreantes, além de Limoges (da França, longe do torneio desde 1998), Valência (Espanha, desde 2011), Cedevita Zagreb (Croácia, desde 2013) e UNICS Kazan (Rússia, desde 2012).

Parla, Ginóbili!

Parla, Ginóbili!

13 – Há 13 anos que um clube da Itália, o país mais vencedor do torneio, não ganha leva o troféu para casa. O último foi o Virtus Bologna de um jovem Manu Ginóbili, em 2001, temporada na qual os times acabaram divididos em duas competições – a segunda com o nome de SuproLeague, ainda sob gestão da Fiba, que não foi adiante.

12 – No mapa da Euroliga, uma dúzia de países estão representados. A Espanha apresenta o maior contingente: cinco times (Barcelona, Baskonia/Laboral Kutxa, Málaga, Real Madrid e Valência). Rússia (CSKA Moscou, Nizhny Novgorod e UNICS Kazan) e Turquia (Anadolu Efes, Fenerbahçe e Galatasaray) têm três cada. Depois temos dois da Itália (Olimpia Milano e Dínamo Sassari), dois da Lituânia (Zalgiris Kaunas e Neptunas Klaipeda), 2 da Alemanha (Alba Berlim e Bayern de Munique), 1 da França (Limoges), 1 de Israel (Maccabi), 1 da Croácia (Cedevita Zagreb), 1 da Polônia (Turów Zgorzelec) e da Sérvia (Estrela Vermelha).

9 – A atual edição conta com nove campeões continentais, listados aqui pela ordem cronológica de seus primeiros títulos: CSKA Moscou (1961), Real Madrid (64), Olimpia Milano (66), Maccabi Tel Aviv (77), Limoges (93), Panathinaikos (96), Olympiakos (97), Zalgiris (99) e Barcelona (2003). Detalhe: o campeonato europeu de clubes só passou a ser disputado com o nome de Euroliga em 2001).

8 – Tal como acontece no futebol, o Real Madrid é o clube com mais títulos europeus, com oito. Da mesma forma que também acontecia nos gramados – até levantarem a taça na temporada passada –, os merengues aguardam há tempos, porém, a nona. Não sobem ao degrau do pódio desde 1995. Maccabi, CSKA e Panathinaikos têm seis títulos cada um.

Sergio Rodríguez, Señhor Barba MVP

Sergio Rodríguez, Señhor Barba MVP

5 – A Euroliga ainda tem um quinteto de MVPs em atividade nesta edição. Dificilmente eles poderiam jogar juntos, porém, já que estamos falando de cinco armadores: Juan Carlos Navarro (2009), Milos Teodosic (2010), Dimitris Diamantidis (2011) Vassilis Spanoulis (2013) e Sérgio Rodríguez (2014). Obs: o destaque de 2012 foi Andrei Kirilenko, ex-CSKA, durante a temporada do lo(u)caute da NBA.

3 – Uma tradição da Euroliga é a eleição dos MVPs de cada mês, assim como a NBA faz. O Barcelona tem uma curiosidade em seu plantel: com três prêmios cada um, Navarro e Ante Tomic são os dois recordistas nesse quesito. A longevidade de La Bomba impressiona: seus três troféus estão espalhados entre janeiro de 2006 e janeiro de 2011. Já o talentosíssimo pivô croata arrebentou na edição passada, faturando dois em sequência em fevereiro e março.

2 – Guerra da Cisplatina! Argentina, Brasil e Uruguai têm a mesma quantia de jogadores na Euroliga 2014-15: um par cada. Por essa você não esperava, né? Marcelinho Huertas (Barça) e João Paulo Batista (Limoges) fazem as vezes dos tupiniquins, enquanto Nocioni e o enjoado Facundo Campazzo representam os argentinos pelo Real Madrid. O espírito charrúa fica por conta do imortal Esteban Batista (Panathinaikos) e do armador Jayson Granger (Málaga). Obs: o jovem ala-pivô brasileiro Daniel Bordignon pertence ao Baskonia, mas foi emprestado para o Navarra, da Liga Adecco Oro, segunda divisão espanhola.

0 – O Cedevita Zagreb é o único time de todo o campeonato que não conta com nenhum jogador dos Estados Unidos em seu plantel. Em meio aos croatas, o único estrangeiro sob a orientação de Jasmin Repesa é o bósnio Nemanja Gordic, se é que isso pode ser considerado um forasteiro.


Euroliga: Barça tenta superar lesões para confirmar favoritismo contra Panathinaikos
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Giancarlo Giampietro

Diamantidis x Navarro

Quanto mais Diamantidis x Navarro tivermos, melhor. Beeeeem melhor

O que daria para dizer é que existe um favorito para a conquista: o Barcelona, dono da melhor campanha da temporada regular, com 22 vitórias e apenas duas derrotas (uma em cada fase, para o CSKA Moscou em casa e para o Kimkhi em Moscou). O time de Marcelinho Huertas venceu suas últimas 12 partidas pelo Top 16. Os catalães venceram também 14 partidas com vantagem de duplo dígitos. Com a melhor defesa da Euroliga, seguraram seus adversários abaixo dos 70 pontos em 15 ocasiões, duas abaixo dos 50 pontos – a média geral foi de apenas 67,6 pontos sofridos.

A dificuldade, porém de cravar o Barça como o grande candidato ao título vem pelo fato de Xavier Pascual ter perdido dois alas de uma vez, na reta final do Top 16, incluindo o titular Pete Michael e o jovem Xavi Rabaseda. Mickeal foi afastado devido a embolia pulmonar e não joga mais nesta temporada, enquanto Rabaseda sofreu uma fratura por estresse na perna direita e só retornaria no caso de o clube passar pelo Panathinaikos.

A rotação de Pascual, desta forma, fica bastante danificada. Ele vai ter de contar com atuações vigorosas do australiano Joe Ingles – um talento, mas ainda inconsistente, e sem a pegada defensiva dos dois desfalques – ou apostar mais no garoto Alejandro Abrines, 19 anos, candidato ao “Draft” da NBA deste ano, que marcou 21 pontos em 21 minutos contra o Maccabi Tel Aviv na última rodada, mas ainda muito frágil fisicamente. Outra solução seria jogar com Huertas, Victor Sada e Juan Carlos Navarro ao mesmo tempo no perímetro, mas, por melhor defensor que Sada seja, ficaria difícil para ele bater de frente Jonas Maciulis, do Panathinaikos, por um longo período. Mesmo o vigoroso Michael Bramos já criaria problemas.

De qualquer maneira, coletivamente, o Barcelona tem uma defesa tão sufocante, que, mesmo avariada individualmente e caindo um pouco de rendimento, pode ser ainda o suficiente para brecar o ataque do Panathinaikos. Impressionou durante toda a fase regular a capacidade que o sistema de Pascual tem em empurrar os oponentes para longe da cesta, forçando arremessos de baixo aproveitamento, quase sempre contestados. Entrar no garrafão catalão é sempre um desafio ou uma aventura.

Sobre Huertas? Continua com o brilho de sempre ofensivo, com uma criatividade sem fim nos contra-ataques e muito tino para o jogo de pick-and-roll, facilitando muito a vida de seus pivôs. Seu tempo de quadra depende muito do confronto que a equipe tem. Se o jogo pede muito mais defesa ou a cobertura específica em um craque, dá mais Sada. Agora, se a equipe clama por um pouco de inventividade no ataque, o brasileiro prevalece. Duro que o embate das quartas de final não é dos mais favoráveis, do ponto de vista defensivo. Contra o Panathinaikos, vai ter as mãos cheias na defesa, lidando com o já legendário Dimitris Diamantidis, o croata Roko Ukic e o inconstante Marcus Banks. Provavelmente ele bateria de frente com Ukic, que é extremamente talentoso, mas nem sempre agressivo com a bola.

Outro ponto importante a se destacar no Barcelona é o crescimento de seus pivôs, com uma rotação que se provou muito sólida e versátil. Ante Tomic e Erazem Lorbek compõem a dupla de grandalhões mais talentosa do continente. O brutamontes Nathan Jawai, o Baby Shaq, australiano, e o enérgico CJ Wallace vêm do banco para complementá-los muito bem.

Por fim, fica o enigma em torno de Juan Carlos Navarro. Ninguém vai duvidar da coragem e do talento de La Bomba, que pode acabar, destroçar um adversário por conta própria com seus chutes de três pontos (aproveitamento de 51,1% no Top 16, em 45 tentativas) e constante movimentação ofensiva. Resta saber apenas se o seu corpo vai aguentar o tranco, depois de tanto desgaste na temporada. Ele teve de lidar com problemas no tornozelo e no joelho, perdendo as 12ª, 14ª e 16ª rodadas, e vinha com tempo bastante limitado, controlado por Pascual. O Barça precisa de seu cestinha em forma na melhor forma para encarar uma defesa também bastante forte do Panathinaikos. Ficamos na torcida, aliás, para que Diamantidis, defensor exemplar, seja escalado em sua contenção. Seria um duelo dos sonhos para se acompanhar.


Em desfecho eletrizante, Euroliga define seus confrontos de quartas de final
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Giancarlo Giampietro

Olympiakos, de Papanikolau?

Foi suado, mas os campeões do Olympiakos seguem na briga para defender o título

Tá acabando, gente. Ou quase.

Nesta quinta-feira a Euroliga meio que concluiu sua segunda fase, o Top 16, de maneira eletrizante.

Por que “meio”?

Porque nesta sexta-feira os pangarés da Turquia, Fenerbahçe e Besiktas, ainda se enfrentam em um clássico de Istambul. Mas, como eles só apanharam durante toda essa etapa, o desfecho deste jogo não serve para nada, não exerce nenhuma influência sobre a continuação do campeonato.

Então, ok, dá para dizer que o Top 16 está encerrado, sim, e que foi uma última rodada de tirar o fôlego, e que agora temos de nos preparar para a fase de mata-matas, que tem tudo para pegar emprestada a imprevisibilidade dos Grupos E e F e apresentar confrontos para mexer com algumas das bases de torcedores mais apaixonadas da Europa.

Vamos, então, tentar contar em partes o que aconteceu no segundo maior torneio de basquete do mundo entre clubes.

A começar da notícia, em si: os duelos das quartas de final. Que são…

Barcelona x Panathinaikos
Real Madrid x Maccabi Tel Aviv
CSKA Moscou x Caja Laboral
Olympiakos x Anadolu Efes

Barça, Real, CSKA e Olympiakos têm mando de quadra num formato melhor-de-cinco (2-2-1), e a disputa começa já na próxima semana, com embates de terça a sexta-feira. Segura!

Difícil escolher um confronto mais equilibrado entre os quatro. Vamos analisá-los no decorrer dos próximos dias, a começar pelo supostamente favorito Barcelona (melhor campanha disparada da fase regular, mas com alguns desfalques importantes) contra o Panathinaikos neste sábado.

*  *  *

Esquadrão Barça

Barça, a melhor campanha da fase regular: 22 vitórias e só 2 derrotas

Como chegamos até aqui?

O Grupo E classificou , pela ordem, CSKA, Real, Anadolu e Panathinaikos – pelo caminho ficou o Unicaja Málaga, de Augusto Lima, que teve alguns bons momentos, mas, em geral, foi pouco utilizado em sua temporada pré-Draft da NBA.

Na última rodada, os quatro já estavam classificados, mas o drama era a luta pela segunda posição, valiosíssima, pela vantagem de definir em casa.O Real liderou a chave por diversas rodadas, mas acabou cedendo a ponta com uma derrocada no final, sendo derrotado nas 21ª, 22ª e 23ª jornadas, se recuperando apenas na última jornada, batendo o Anadolu por 20 pontos em Madri. O time terminou com 10 vitórias e 4 derrotas, contra 9 e 5 dos gregos e turcos. Os moscovitas tiveram 11 e 3, respectivamente.

Pelo Grupo F, teve muito mais drama.O Barça, absoluto, já estava classificado, e como líder. De resto, eram cinco times batalhando por três vagas. Maccabi e Olympiakos estavam empatados com 8 vitórias e 5 derrotas. Abaixo vinham Kimkhi Moscou, Caja Laboral e Montepaschi Siena com 7 triunfos e 6 reveses. E que saber do que mais? Havia dois confrontos diretos marcados para esta semana: Caja x Siena e Kimkhi x Olympikaos. Haaaaaja coração, amigo.

Acabou que o Caja, ex-time de Tiago Splitter e Marcelinho Huertas, bateu o Siena em casa por 76 a 64 em Vitória. O polonês Maciej Lampe barbarizou, com 27 pontos e 9 rebotes, acertando 12 de seus 19 arremessos. Vale mencionar também os 13 pontos e 13 rebotes (!) de Andrés Nocioni, sempre um leão. É aquilo: se você vai para a guerra – ou um jogo decisivo, digamos, de vida ou morte –, quem não vai querer um Nocioni ao seu lado? O clube basco, cujo nome original seria Baskonia, liderou de ponta a ponta, apesar dos esforços do armador/escolta americano Bobby Brown, um dos destaques individuais da Euroliga. Seria muito surpreendente se Brown não aparecer no elenco de algum clube da NBA no ano que vem, ou até mesmo neste ano.

O outro duelo imperdível aconteceu entre Olympiakos, atual campeão, e o Kimkhi, em Atenas, com vitória dos vermelhos por 79 a 70, um jogo mais duro, com os atletas do time russo tentando uma recuperação no segundo tempo, em vão. E, não, não foi Vassilis Spanoulis a carregar o time grego desta vez. Mas, sim, o ala Kostas Papanikolau, com 21 pontos e 12 rebotes e seis disparos certeiros em seis tentativas de longa distância. Afe. Para os torcedores do Blazers, olho nele: seus direitos na NBA pertencem ao clube de Portland. Uma derrota poderia ter eliminado o Olympiakos. Com a vitória, conseguiram o segundo lugar, ultrapassando o Maccabi.


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