Vinte Um

Campeão asiático, Irã está no Mundial. E o que mais sobre o 1º torneio classificatório?
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Haddadi ali com o bração aberto

Irã: WE ARE THE CHAMPIONS! Via @HamedHaddadi

A profecia se fez como previsto: 2013, e Hamed Haddadi lidera o Irã a mais um título do campeonato asiático da Fiba. Como MVP, claro.

Daria para fazer aquela autopromoção básica, né? Sacar aquele bacaninha, supimpa ''conforme antecipamos'', mas isso já está mais batido que a própria rotina de glórias e dominância do pivô no vasto continente. Pensou em basquete de seleções na Ásia, pensou em Haddadi, meus amigos.

Na final, já com a vaga na Copa do Mundo da Espanha 2014 garantida, o iraniano se aproveitou da ausência do americano Marcus Douthit e trucidou os pivôs das Filipinas, os donos da casa, somando 29 pontos, 16 rebotes e 2 tocos, matando 12 de 15 arremessos de quadra, em 29 minutos. Escreveria aqui que ele teve sua jornada de Shaquille O'Neal, mas nem isso vale, já que converteu 71,4% de seus lances livres.

Agora, descentralizando um pouco o post, fugindo da sombra de Haddadi, vale destacar que a final em Manila não foi exatamente um passeio para o país do Oriente Médio. O primeiro tempo terminou com uma vantagem de apenas um ponto (35 a 34) para os visitantes. Até que as parciais de 27 a 19 e 23 a 18 nos quartos seguintes resolveram a parada (85 a 71).

Foi um contraste de duas abordagens ofensivas distintas.

Os filipinos, por Deus!, arremessaram 34 vezes da linha de três pontos, contra 35 de dois. Por uma mísera e infeliz bolinha de dois que eles não conseguem a maioria absoluta das tentativas do meio da quadra. Um pecado certamente lamentado por Porto Rico e muitos patrícios. Não importando de onde dispararam, o fato é que a turma deixou os dois aros significativamente avariados, com uma pontaria de apenas 31,9% no geral – se de fora eles fizeram 29,4%, não dá para dizer que havia uma bola de segurança interna (apenas 34,3%).

Já os iranianos ao menos tinham Haddadi para desequilibrar. Com ele, acertaram 61,4% dos chutes de dois pontos, para compensar os desastrosos 17,6% de longa distância (3/17, uma blasfêmia). Eles também se atrapalharam todos com a bola, cometendo 19 turnovers.

De todo modo, mesmo com essa carência evidente no seu jogo de perímetro, é de se admirar o fato de que o Irã tocou sua campanha sem contar com a ajuda de nenhum estrangeiro, algo cada vez mais raro em competições internacionais. Jogaram, mesmo, e de forma competente, com seus Davoudichegani, Afagh e Jamshidijafarabadi, para pesadelo dos locutores nacionais.

Coreia é bronze!

Coreia do Sul de Eric Sandrin está na Copa também

O mesmo vale, aliás, para a Coreia do Sul, que beliscou a terceira vaga ao bater Taiwan na disputa pelo bronze, por 75 a 57. Quer dizer, se formos levar ao pé-da-letra, havia um estrangeiro no time: o veterano ala-pivô Lee Seung-Jun, de 35 anos, também conhecido como Eric Sandrin, norte-americano filho de uma coreana e que andou jogando até mesmo pelo Brasil na década passada – foi parceiro de Sandro Varejão e Ratto no Brasília. Andarilho, passou também por Luxemburgo e Portugal até se estabelecer lá por perto de Seul. Então é como se ele fosse um Scott Machado veterano.

Para os torcedores saudosistas do Portland Jail Blazers, a nota triste fica pela ausência do gigante Ha Seung-Jin. Xuim. Nesta preliminar, o sul-coreanos ensinaram aos filipinos como se faz, convertendo 45,8% de seus arremessos de três pontos (pontaria superior ao que tiveram de dois, 43,9%). Inicialmente, esse número seria um alívio. Tudo o que gostaríamos de escrever aqui era que, a despeito de toda essa mudança climática e da revolução 2.0, ainda poderíamos respirar em paz sabendo que um time coreano ainda chuta bem de fora. Mas, no geral, eles tiveram rendimento de apenas 34% no campeonato (66/194), algo alarmante. Estamos todos fritos, mesmo.

Quer dizer: todos menos Haddadi.

*  *  *

A China, com todo a grana, astros (ou 'astros', coff, coff!) da NBA importados para sua liga nacional, protagonizou a grande façanha do Campeonato Asiático, ao ficar sem vaga direta para a Copa do Mundo. A equipe passou por um papelão na fase de quartas de final ao perder Taiwan por 96 a 78. Justo para quem! Nessa partida, os chineses venceram o primeiro tempo por dez pontos de vantagem, mas tomaram uma virada escandalosa no terceiro período (31 a 12). Para registrar, o pivô Yi Jianlian perdeu alguns jogos no torneio devido a uma contusão, mas esteve em quadra nos mata-matas. Em cinco jogos, ele teve médias de 17,4 pontos e 6,6 rebotes em apenas 24,6 minutos por partida. Na hora de distribuição dos quatro convites para o torneio, porém, é bem provável que a Fiba lhes reservem um.

*  *  *

Interessante a classificação das Filipinas para o Mundial. O país é doente por basquete, a ponto de entender que JaVale McGee é uma espécie de Deus – vejam que coração bom têm os católicos de lá. Kobe Bryant anda por lá neste momento, enfrentando tempestade e tudo, LeBron James fez uma visita-relâmpago há pouco, e a capital Manila conta com uma arena de primeiro nível, que, depois de receber o torneio continental neste mês, vai acolher um amistoso de pré-temporada entre Rockets e Pacers, no dia 10 de outubro.

Mall of Asia Arena

A Mall of Asia Arena, com capacidade para 16 mil espectadores

*  *  *

Os torneios qualificatórios regionais continuam nesta semana com o clássico entre Austrália e Nova Zelândia, na Oceania. O primeiro jogo será na quarta-feira, em Auckland, e o segundo, domingo, em Canberra. Com Patty Mills, Joe Ingles, David Andersen, Matthew Dellavedova e a revelação Dante Exum no elenco, os Boomers são claramente os favoritos. Pelos Tall Blacks, nada de Steven Adams (jovem pivô selecionado na 12ª posição do Draft da NBA pelo Oklahoma City Thunder) e do veterano Kirk Penney. Destaque para o ala-armador Corey Webster, um cestinha explosivo, e para o ala faz-tudo Tom Abercrombie.


Scola volta a brilhar, mas jogo coletivo argentino predomina em vitória sobre o Brasil
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Bola ao alto!

Ginásio em Anápolis vazio para ver a Argentina bater o Brasil. Acreditem

Não importa: amistoso, fase de grupo, valendo vaga, medalha ou título, Luis Scola há de esculhambar com a seleção brasileira. Dessa vez o (?) privilégio ficou para algumas dezenas de gatos pingados heroicos em Anápolis, que puderam testemunhar a habilidade ofensiva do pivô argentino, cestinha na vitória deles por 85 a 80 no segundo Super 4 do ano. Para constar, foi para caneco, mas esse pouco importa, assim como o conquistado no final de semana passado pelos brasileiros.

Jogando cada vez mais no perímetro, flutuando, o camisa 4 anotou 26 pontos em 29 minutos. Pá-pum. Não só o volume impressiona, mas conta ainda mais a destreza (que neste caso também pode ser lido como ''facilidade'') para ele alcançar esse total: 8/14 nos arremessos (57%), 3/5 nos três pontos (60%) e 7/7 nos lances livres. Apesar de ter apanhado apenas um rebote – logo, não ''ralou'', nem ''se matou'' em quadra, tampouco ''dando o sangue'' – e de ter cometido mais turnovers (quatro) do que assistências (três), sua noite nos arremessos foi tão boa que lhe permitiu ser o segundo jogador mais ''eficiente'' da noite, com 20 pontos neste índice.

O craque do Pacers só ficou atrás de outro pivô argentino nesse quesito, o bom e velho Juan Gutiérrez, com 28, graças aos seus 22 pontos e 7 rebotes e percentual de 100% nos arremessos (9/9). Ai. O grandalhão fez a farra na tábua ofensiva – problema alertado no amistoso contra o Uruguai… –, apanhando quatro rebotes no ataque, devidamente seguidos por cestas fáceis, tranquilas. Daí o ótimo rendimento, ainda que ele também possa converter o chute de média distância, como na última (ou penúltima) bola do jogo para definir (ou quase) o placar.

De todo modo, o que ficou desse amistoso não são as armas argentinas, esses dois jogadores que estariam em quadra mesmo se todos os craques de lá tivessem se apresentado, mas, sim, a maneira como elas foram utilizadas. No ataque, o time de Julio Lamas, pelo menos por ora, mostra muito mais predisposição a compartilhar a bola. Neste caso, os números não fazem justiça ao que vimos em Goiás: 16 assistências contra 12 a favor dos vizinhos? Ok, podem ter sido, mesmo. Só não temos computados os números de passes trocados entre eles durante toda a partida. A bola roda de um lado para outro, volta, trás e frente, direita e esquerda, e por aí vai – ops, por ''aí'', não, agora foi por lá.

Do outro lado, mesmo com dois armadores em quadra, Magnano vai administrando uma ofensiva muito estagnada. Vem sendo drible, drible, drible no centro da quadra, a tentativa de chamar um pick-and-roll (várias vezes negada por uma defesa em colapso) e… Quase nada além disso. Larry Taylor, em especial, está com cola nas mãos. E o relógio correndo, uma movimentação reduzida, e nada de se buscar uma opção melhor de arremesso. Tudo isso em situações de meia-quadra, que são forçadas com mais frequência contra times mais bem estruturados, que conseguem retornar com disciplina para a defesa para impedir os contragolpes, como os argentinos conseguiram fazer hoje. Resultado: foram apenas dois pontos brasileiros no contra-ataque.

Uma prova da estagnação do ataque brasileiro é o baixo número de assistências para aqueles que não se chamam ''Marcelo Huertas''. Dos 12 passes para cesta da seleção, seis foram de seu armador e capitão. Quer dizer, a outra meia dúzia ficou dividida entre 11 atletas. Fica a dúvida: será que há um limite para passes na seleção imposto pelo treinador? Se alguém arriscar um quarto – ou, pior, quinto ou sexto! – passe no mesmo ataque vai para o banco logo em sequência?

Sobrecarregado na hora de criar, com 17 pontos e seis assistências, Huertas acabou cometendo mais da metade dos turnovers brasileiros, 4 de 7. Um número de erros, aliás, bastante limitado. Ao menos isso: estão cuidando da bola.

Trevas? Catástrofe, então?

Ainda não.

Estamos apenas nos amistosos. E uma combinação de adversários inferiores/menos organizados + blitz defensivas + contra-ataques + bola no Hettsheimeir + rotação mais enxuta pode bastar para encaminhar uma classificação, ainda que a conta possa ficar apertada numa noite de azar. Ainda assim, a 18 dias do início da Copa América, a Argentina está na frente. E quem vai estranhar isso?


Na tabela 2013-2014 da NBA, os jogos (alternativos) que você talvez queira ver
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Com olançamento sempre adiantadíssimo de tabela, agora da temporada 2013-2014, a NBA já reservou em seu calendário – sem nem consultá-los, vejam só! – algumas noites ou madrugadas de suas vidas. E nem feriado eles respeitam, caramba.

Já é hora, então, de sentar com o noivo, avisar a namorada, checar se não é o dia da apresentação do filho, e que a universidade não tenha marcado nenhuma prova para essas datas: Kobe x Dwight, retorno de Pierce e Garnett com Boston, o Bulls abrindo a temporada contra os amáveis irmãos de Miami, Kobe x Dwight, as tradicionais visitas de LeBron ao povoado de Cleveland, Nets x Knicks, revanche Heat x Spurs, Kobe x Dwight etc. etc. etc. Não precisa nem falar mais nada a respeito.

Mas, moçada, preparem-se. Que não ficaria só com isso, claro. A liga tem muito mais o que oferecer para ocupar seu tempo de outubro a junho. Muito mais. Colocando a caixola para funcionar um pouco – acreditem, de vez em quando isso acontece –, dá para pescar mais alguns jogos alternativos que talvez você esteja interessado em assistir, embora não haja nenhuma garantia de que eles vão ocupar as manchetes ou a conversa de bar – porque basqueteiro também pode falar disso no bar,  sem passar vergonha. Pode, né?

Hora de rabiscar novamente a agenda, pessoal. Mexam-se:

– 1º de novembro de 2013: Miami Heat x Brooklyn Nets
Depois de encarar o Bulls na noite de abertura, de descansar um pouco diante do Sixers, lá vem o Nets para cima dos atuais campeões logo em sequência. Essa turma de David Stern não toma jeito. Querem colocar fogo em tudo. Bem, obviamente esse jogo não é tão alternativo assim, considerando as altíssimas expectativas em torno dos rublos do Nets. Mas há uma historieta aqui para ser acompanhada em meio ao caos: será que Kevin Garnett, agora que não se veste mais de verde e branco, vai aceitar cumprimentar Ray Allen? Quem se lembra aí de quando o maníaco pivô se recusou a falar com o ex-compadre no primeiro jogo entre eles desde que o chutador partiu para Miami? Vai ser bizarro para os dois e Paul Pierce, certamente. Assim como a nova dupla de Brooklyn quando chegar a hora de enfrentar o Los Angeles Clippers de Doc Rivers em 16 de novembro.

No hard feelings? KG x Allen

E o KG nem aí para esse tal de Ray Allen ao chegar a Miami

1º de novembro de 2013:  Houston Rockets x Dallas Mavericks
Sim, uma noite daquelas! Mas sem essa de ''clássico texano''. O que vale aqui é o estado psicológico de Dirk Nowitzki e o tamanho de sua barba. Contra o Rockets, o alemão vai poder se perder no tempo, divagando no vestiário sobre como poderiam ser as coisas caso o plano audacioso de Mark Cuban tivesse funcionado: implodir um time campeão para sonhar com jovens astros ao lado de seu craque. Dois astros como Harden e Howard, sabe? Que o Houston Rockets roubou sem nem dar chance para o Mavs, que teve de se virar com um pacote Monta Ellis-Samuel Dalembert-José Calderón e mais cinco chapéus e três botas de vaqueiro para tentar fazer de Nowitzki um jogador feliz.

Hibbert x Gasol

E que tal um Hibbert x M. Gasol?

– 11 de novembro de 2013: Indiana Pacers x Memphis Grizzlies
Vimos nos playoffs: dois times que ainda fazem do jogo interior sua principal força, e daquele modo clássico (pelo menos que valeu entre as décadas de 70 e 90), alimentando seus pivôs, contando com sua habilidade e físico para minar os oponentes*. Então temos aqui David West x Zach Randolph e Roy Hibbert x Marc Gasol. Só faça figas para que eles não esmaguem o Mike Conley Jr. acidentalmente. Candidatos a título, são duas equipes que estão distante dos grandes mercados, mas merecem observação depois do que aprontaram em maio passado.  Não dá tempo de mudar. (*PS: com a troca de Lionel Hollins por Dave Joerger, o Grizzlies deve adotar algumas das diretrizes analíticas de John Hollinger, provavelmente buscando mais arremessos de três pontos, mas não creio que mudem taaaanto o tipo de basquete que construíram com sucesso nas últimas temporadas e, de toda forma, no dia 11 de novembro, talvez ainda esteja muito cedo para que as mudanças previstas sejam totalmente incorporadas pelos atletas.)

– 22 de dezembro de 2013: Indiana Pacers x Boston Celtics
O campos da universidade de Butler está situado no número 4.600 da Sunset avenue, em Indianápolis. De lá para o ginásio Bankers Life Fieldhouse leva 17 minutos de carro. Um pulo. Então pode esperar dezenas e dezenas de seguidores de Brad Stevens invadindo a arena, com o risco de torcerem para os forasteiros de Boston, em vez para o Pacers local, time candidato ao título. Sim, o novo técnico do Celtics é venerado pela ''comunidade'' de Indianápolis e esse jogo aqui pode ter clima de vigília. (E, sim, mais um jogo do Pacers: a expectativa do VinteUm é alta para os moços.)

– 28 de dezembro de 2013: Portland Trail Blazers x Miami Heat
Se tudo ocorrer conforme o esperado para Greg Oden, três dias depois do confronto com o Lakers no Natal, ele voltará a Portland já como um jogador ativo no elenco do Miami Heat, deixando o terno no vestiário, indo fardado para a quadra. Da última vez em que ele esteve no Rose Garden, foi como espectador, sem vínculo com clube algum, sendo vaiado e aplaudido, tudo moderadamente. E se, num goooolpe do destino, o jogador chega em forma, tinindo, tendo um papel importante nos atuais bicampeões? Imaginem o tanto de corações partidos e a escala de depressão que isso pode – vai? – gerar na chamada Rip City.

– 13 de março de 2014:  Atlanta Hawks x Milwaukee Bucks
O tão aguardado reencontro entre Zaza Pachulia com essa fanática torcida de Atlanta, que faz a Philipps Arena tremer a cada jogo do Hawks. Não dá nem para imaginar como eles vão se comportarem na hora de acolher de volta esse cracaço da Geórgia, ainda mais vestindo a camisa do poderoso Bucks de Larry Drew – justo quem! –, o ex-técnico do Hawks. E, para piorar as coisas, o Milwaukee ainda tentou roubar desses torcedores o armador Jeff Teague. Não vai ficar barato! (Brincadeira, brincadeira.) Na verdade, an 597otem aí o dia 20 de novembro, bem mais cedo no campeonato, que é quando Josh Smith jogará em Atlanta pela primeira vez com o uniforme do Detroit Pistons. Neste caso, os 597 torcedores do Hawks presentes no ginásio e que consigam fazer mais barulho que o sistema de som vão poder aloprar o ala sem remorso algum quando ele optar por aqueles chutes sem-noção de média distância, desequilibrado, com 17 segundos de posse de bola ainda para serem jogados.

Ron-Ron tem um novo amigo agora

Ron-Ron agora vai acompanhar Melo em Los Angeles

– 25 de março de 2014: Los Angeles Lakers x New York Knicks
Já foi final de NBA, Carmelo Anthony seria um possível alvo do Lakers no mercado de agentes livres ao final da temporada, Mike D'Antoni não guarda lembrança boa alguma de seus dias como técnico Knickerbocker. São muitas ocorrências. Mas a cidade de Los Angeles tem de se preparar mesmo é para o retorno de Ron Artest ao Staples Center. Na verdade, o ala já terá jogado na metrópole californiana em 27 de novembro, contra o Clippers, mas a aposta aqui é que apenas quando ele tiver o roxo e o amarelo pela frente que suas emoções vão balançar, mesmo. E um Ron-Ron emocionado pode qualquer coisa. Nesta mesma categoria, fiquem de olho no dia 21 de novembro para o reencontro de Nate Robinson, agora um Denver Nugget, com seus colegas do Bulls, a quem ele jurou amor pleno. Robinson também é uma caixinha de… Fogos de artifício, e não dá para saber o que sai daí. Ele volta a Chicago no dia 21 de fevereiro.

– 12 de abril de 2014: Charlotte Bobcats x Philadelphia 76ers
O Sixers lidera os palpites das casas de apostas a pior time da temporada. O time nem técnico tem hoje – o único nesta condição –, seu elenco tem uma série de refugos do Houston Rockets, eles vão jogar com um armador novato que não sabe arremessar e lá não há sequer um jogador que possa pensar em ser incluído na lista de candidatos ao All-Star Game. Desculpe, Thaddeus Young, nós amamos você, mas tem limite. E, Evan Turner, bem… Estamos falando talvez da última chance. Então, no quarto confronto entre essas duas equipes na temporada, Michael Jordan espera, desesperadamente, que o seu Bobcats esteja beeeeem distante do Sixers na classificação da Conferência Leste. Se não for em termos de posições, que aconteça pelo menos em número de vitórias. Do contrário, é de se pensar mesmo se, antes de o time voltar ao nome Hornets, não era o caso de fechar as portas.

– 16 de abril de 2014: Sacramento Kings x Phoenix Suns
Como!? Deu febre?!? Não, não, tá tudo bem. É que… no crepúsculo da temporada, essa partida tem tudo para ser uma daquelas em que ninguém vai querer ganhar. Embora os torcedores do Kings tenham esperanças renovada com um nova gestão controlando o clube, a concorrência no Oeste ainda é brutal o suficiente para que eles coloquem a barba de molho e não sonhem tanto com playoffs assim. Ou nem mesmo com uma campanha vitoriosa. Fica muito provável que esses dois times da Divisão do Pacífico estejam se enfrentando por uma posição melhor no Draft de Andrew Wiggins (e Julius Randle, Aaron Gordon, Jabari Parker, Dante Exum e outros candidatos a astro). Então a promessa é de muitos minutos e arremessos para os gêmeos Morris em Phoenix, DeMarcus Cousins mandando bala da linha de três pontos, defesas de férias e mais esculhambação.


Seleção volta a vencer o Uruguai. O que dá para tirar do 3º amistoso?
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Huertas no lance livre

Algumas notas sobre a seleção brasileira depois da terceira vitória em jogos preparatórios para a Copa América, que começa no dia 30 de agosto, em Caracas.  Nesta quarta-feira, a equipe voltou a vencer o Uruguai, em São Carlos, a terra do Nenê, por 83 a 69. Vamos lá:

*  *  *

Do jogo de sábado (triunfo por 92 a 71), mudou o quê?

No selecionado brasileiro, saíram Rafael Mineiro, Raulzinho, Cristiano Felício e Leo Meindl e entraram Lucas Mariano, Scott Machado, Caio Torres e JP Batista. Os vizinhos do Sul vieram reforçados. Esteban Batista, Leandro Garcia Morales e Nicolás Mazzarino, três figuras fundamentais nos planos celestes, aproveitaram a viagem para conhecer o interior paulista e bater uma bolinha. Destes, Mazzarino foi quem menos jogou – é o mais velho também e estava bastante enferrujado nos poucos minutos que teve de ação.

Em termos de padrão estratégico, tático, não houve muita alteração – e nem dá para esperar muita coisa além disso. A seleção marcou muito bem novamente, cobrindo bem as tentativas de jogo de dupla dos uruguaios, desestabilizando um cestinha como Garcia Morales em diversos momentos. Por outro lado, seria necessário checar também o quanto esses atletas que não participaram do Super 4 treinaram com os demais companheiros. Alguns erros cometidos explicitaram uma falta de sintonia entre eles. O quanto disso tem a ver com a disciplina defensiva dos rapazes de Magnano ou o quanto é puro desentrosamento nós só vamos ver mais para a frente.

*  *  *

A CBB improvisou, mas conseguiu disponibilizar as estatísticas do jogo antes do fechamento deste post.

A princípio, escreveria aqui ter uma impressão sobre um volume altíssimo sobre os chutes de média e longa distância da seleção em situações de meia quadra, com muita eficiência, diga-se. (No fim, o scout mostrou 23 arremessos de três no total, com excepcional aproveitamento de 52%. Em arremessos como um todo, o rendimento foi de 53%, também elevado.)

Mas foram poucos ataques desacelerados que terminaram com uma bandeja ou enterrada.

A ofensiva tem girado muito em torno das ações drive-and-kick, seja numa investida de um-contra-um ou num pick-and-roll em que o pivô cortando para a cesta não é acionado. Algo de certa forma compreensível com armadores de drible fácil como Huertas e Larry, por exemplo. Mas, na hora da competição para valer, será que os brasileiros vão ter tanta liberdade assim para matar esses chutes? No primeiro período, Lucas Mariano acertou três consecutivos, de frente para a tabela (mais sobre isso um pouco abaixo). Num torneio em que todos estudam todos, essa bola obviamente passaria a ser marcada. E aí como faz?

O recomendável seria desde já, nos amistosos, buscar mais variações, rodar de um lado para o outro da quadra, apostando também em maior movimentação fora de bola. Maior concentração de passes para pivôs que não se chamam Rafael Hettsheimeir também valem. Ok, são apenas os primeiros jogos, Magnano vem rodando bastante sua equipe, e tal. Mas tem de se tomar cuidado para não se apoiar demais nesse velho vício dos três pontos e não saber o que fazer lá na frente se a defesa apertar.

*  *  *

É o pega-pra-capar. Que deixa mesmo um treinador experiente como Magnano ''confuso'', como ele disse ao SporTV numa rara entrevista pós-jogo. O momento é de ganhar conjunto, identidade coletiva em quadra e, ao mesmo tempo, fazer a peneira para definir os 12 convocados da Copa América. Do que vimos até aqui e, em alguns casos, do já sabíamos há tempos, Huertas, Larry, Alex, Benite (sim), Marquinhos (*se o joelho permitir), Giovannoni e Hettsheimeir já estão lá. Restariam cinco vagas para serem preenchidas, com oito atletas na briga.

*  *  *

Com suas surpreendentes – e meio impensáveis – bolas de três pontos, o garoto Lucas Mariano (4/5 nos tiros de longe, segundo minhas contas não-oficiais) se colocou de modo enfático nessa discussão. O treinador obviamente ficou impressionado com o pivô de Franca, de apenas 19 anos. Agora, não é só um jogo que pode definir uma convocação.

Essa propensão ao arremesso de longa distância, na verdade, já vinha sendo sinalizada desde a Universíade, realizada em julho, na Rússia. Com a diferença de que lá os resultados foram calamitosos: no geral, com aproveitamento de apenas uma cesta em 14 tentativas. No NBB, em toda a sua carreira, ele nunca fez sequer uma cesta de fora.

Então… Será que a mão está tão certeira assim nos treinamentos? E de uma hora para outra? Teve a ver com seus treinamentos personalizados em Los Angeles – ao lado de Raul, Bebê e Augusto no período pré-Draft – ou foi alguma ideia da comissão técnica de Magnano. Para o SporTV, Lucas deu a entender que é coisa de Magnano, de fazê-lo jogar mais aberto, assim como ocorreu com Mineiro no Super 4 argentino. ''Aqui na seleção estou numa posição diferente'', disse o francano.

*  *  *

E lá estava o Scott Machado de verde e amarelo. Mais um calouro na seleção principal, o nova-iorquino jogou por 12 minutos e demonstrou uma ansiedade normal. Penúltimo a se apresentar, com menos treinos com os novos companheiros, assimilando as (incessantes) orientações de Magnano, o jogador, que ainda tenta garantir seu espaço na NBA, cometeu quatro desperdícios de bola e anotou dois pontos. Não foi a melhor estreia, claro, mas seria absurdo concluir qualquer coisa tão cedo.

*  *  *

O Uruguai não é o time com o garrafão mais forte, muito menos atlético que vamos enfrentar em Caracas. De qualquer forma, pudemos ver hoje o estrago que um Esteban Batista (12 rebotes, cinco deles ofensivos, mais da metade do total brasileiro – 23) sem ritmo já pode causar, atacando a tábua quando o Brasil está jogando com um trio como Rafael-Larry-Benite no perímetro. Qualquer quebra defensiva vai gerar um desequilíbrio e uma consequente uma rotação de emergência em quadra. Resulta dessas trocas que um dos ''baixinhos'' pode sobrar com um grandão lá dentro. E, aí, em muitas ocasiões não vai importar o quanto de fundamento tem esse atleta. Dependendo do adversário, por mais que se mantenha um posicionamento adequado para bloqueio de rebote ou de contestação ao arremesso, a diferença de altura pode ser tamanha que saem, mesmo, os dois pontos,  uma falta, ou uma nova posse de bola para o oponente. É de se monitorar se isso vai se repetir nas próximas partidas amistosas. Para ver como esse tipo de situação vai se desenvolver e se o eventual retorno de Marquinhos – não necessariamente o jogador mais vigoroso do país, mas com altura suficiente para atrapalhar mais – pode ajudar. Em São Carlos, os adversários ganharam a disputa nos rebotes por 25 a 23.

*  *  *

Ainda sobre os uruguaios, pensando na Copa América, restando pouco mais de 20 dias para a competição, fica a dúvida se poderão contar com os veteranos Martin Osimani e Mauricio Aguiar em sua equipe. Os dois estão afastados por ora, devido a problemas físicos – Osimani, inclusive, nem teria se apresentado, fazendo tratamento em Buenos Aires. Devido a sua experiência, controle de bola e poderio defensivo, o armador em especial faz/faria/pode fazer toda a diferença nesta equipe, pensando numa disputa por vaga no Mundial. Estivesse o barbudo em quadra, a dinâmica dos dois amistosos seria bem diferente para a seleção brasileira. Seria uma boa chance, bem mais interessante para checar o quanto a marcação pressionada exigida por Magnano poderia incomodar um jogador desta categoria.

*  *  *

Clique aqui para ler o comentário sobre a primeira vitória contra o Uruguai e aqui para o comentário do segundo amistoso, contra o México.


O show de Haddadi: cult na NBA, pivô iraniano é uma estrela dominante no mundo Fiba
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Hamed Haddadi, versão supervô

Haddadi domina, Haddadi destrói: um superpivô no campeonato asiático

Ok, ok. Admito. Tem uma queda pelo termo cult  que pode deixar o Vinte Um algo repetitivo. É uma palavra importada que já apareceu certamente em posts passados e, pode cravar, vai voltar a ser publicada. Mas não tem jeito também, né? O basquete está cheio desses caras O que a gente poderia até fazer era buscar sinônimos, tipo ''figuraça'', mas, para falar de Hamed Haddadi, o gigante iraniano, ficamos com a primeira opção, mesmo.

É apropriado, afinal. Dessa forma que o pivô era tratado nos seus tempos de Memphis. E pudera! O primeiro iraniano da NBA, perdido lá no meio do Tennessee, assimilando a cultura americana ao lado de cavalheiros como Zach Randolph, Tony Allen e tal. Imagine a confusão na cabeça do cara: da criação envolta pelo Islã a uma cidade batalhadora, tomada por caipiras trabalhadores no interior dos Estados Unidos, mas acompanhado da influência hip-hop do vestário da maioria dos clubes da liga. Você aprende primeiro a dizer ''yo!'', depois bom dia. Dá uma salada daquelas.

Daí que não tardou muito para Haddadi ser adotado pelos jogadores e torcedores como um xodó do Grizzlies, aclamado sempre que saía do banco – em caso de extrema urgência ou de uma sacolada de seu time, diga-se, para render Marc Gasol. Mas tudo bem: não é todo dia que você se depara por aí com alguém de 2,18 m de altura, vindo do Irã e com uma predileção para palavrões, pose marrenta e que vai com tudo para cima dos rebotes, que é o que ele faz de melhor, qualidade demonstrada nos Mundiais e Jogos Olímpicos da vida.

Antes de apresentar seu cartão de visitas nesses torneios de primeira, quem haveria de conhecer Haddadi? Ele não jogou na Europa, não foi draftado por nenhum clube americano, nem chegou perto disso, na verdade. Num basquete extremamente globalizado, em que JaVale McGee se torna um ícone nas Filipinas, a relação dos países islâmicos com os principais centros do mundo ainda está pobrinha. Claro que há americanos por lá, treinadores estrangeiros com as seleções ou clubes, mas na contramão não tem muita coisa. Temos o tunisiano Salah Mejri, que já fez testes pelo New York Knicks e que acabou de ser contratado pelo Real Madrid, Haddadi e pouco mais (alguém aí sugere outro exemplo, façavor?).

Então, Haddadi neles.

E aonde queremos chegar?

Tudo isso começou com uma breve checagem no site da Fiba, e a mensagem de que o pivô estava fazendo estragos na Copa Ásia (''Copa da Ásia'', ''Torneio Asiático de Seleções'', ''AsiaBasket'', escolha a nomenclatura que lhe mais fizer a cabeça, por favor) deste ano. Enquanto o Brasil ainda se prepara para sua Copa América, lá do outro lado do hemisfério as forças do basquete já estão se escalpelando há tempos.

No momento, estamos nas quartas de final, e o Irã de Haddadi segue firme e forte rumo a mais uma classificação. Lá, Haddadi é quem manda, galera.

O pivô vem com médias de 17,4 pontos, 8,6 rebotes, 65,3% nos arremessos e 1,8 bloqueio, tendo jogado apenas 101 minutos em cinco partidas. Tá tudo dominado! Considerando ara dar mais emoção até, o cara ainda resolveu atirar uma bola de três pontos – algo que levaria Lionel Hollins à loucura em Memphis – e, a-ham, a converteu.

Sob a liderança do seu grandalhão, o Irã vai descendo marretadas na cabeça dos nanicos que tem enfrentado. Malásia, Coreia do Sul, Índia, Bahrein, é até sacanagem. De qualquer foram, não despreze o Haddadi, tá? No Mundial de 2010, na Turquia, por exemplo, ele teve médias de 20 pontos e 8,6 rebotes, aí contra gente de alto nível.

Mas o que acontece para ele ser um estouro no mundo Fiba e, na NBA, ser conhecido mais feito mascote do que jogador? É que na liga norte-americana suas, digamos, deficiências atléticas ficam muito expostas. Marcar um pivô como Nenê já seria muito difícil para o sujeito. Pensem, então, na hora em que, enfrentando o Wizards, ele precisasse conter um John Wall avançando no mano-a-mano, verticalmente, depois de um corta-luz? Na verdade, impensável.

Não valeria a pena então pensar numa carreira fora dos Estados Unidos? Lembrando: Haddadi no momento está sem contrato na NBA, depois de ter sido trocado na temporada passada de Memphis para Toronto e, depois, para Phoenix, e, dali, para a rua – embora ninguém possa se comover tanto com o iraniano, que desde 2008 já embolsou US$ 7,4 milhões em salários na liga americana.

Em uma liga europeia, aos 27, Haddadi teria tudo para ser uma estrela. Nos Estados Unidos, vai de cult mesmo.


Brasil passeia contra México, mas Magnano não alivia na educação de seus jogadores
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Seleção, campeã do Super 4 de Salta. Ueba.

Para Rubén Magnano, o jogo vale pelos detalhes, mínimos detalhes, mesmo. A seleção brasileira já tinha o título do primeiro Super 4 do ano assegurado, surrando um time mequetrefe do México por mais de 20 pontos, restando uns três ou quatro minutos no cronômetro, quando o jovem Rafael Luz brecou na linha dos três pontos, não viu nenhuma opção clara de passe para a frente, deu uma olhada para trás para ver se não vinha a ajuda e arremessou dali. Deu bico. Mas, nem se caísse, talvez não importasse. O técnico argentino olhou para o banco e pediu a substituição.

Se você avalia o contexto, é compreensível o que o caçulinha da grande família Luz fez: estava zerado no torneio, sua equipe já estava ganhando, minutinhos finais, e que mal haveria tentar aquela cesta? Não foi um chute absurdo. Mas o armador obviamente poderia ter mantido o drible e procurado uma situação melhor de ataque – seja para fins próprios ou para um companheiro. E não é que ele seja um cara egoísta: uma ou duas posses de bolas antes ele havia dado uma bela assistência em contra-ataque para Guilherme Giovannoni. Descendo a quadra a mil, foi acionado no meio do garrafão, tinha espaço para tentar a cesta em flutuação, mas naqueles passes de ''tá-aqui-a-bola-não-tá-máis'' (como num levantamento de vôlei, sabe?), deixou o veterano livre para fazer dois pontos.

Dentro da cultura séria, exigente que Magnano quer implementar na equipe, porém, ele não vai tolerar isso: se o atleta fez a jogada certa, muito bem. Isso só não vai significar que ele tenha crédito para violar o que considera saudável para sua equipe. E aí não importa também o cacife de quem contraria suas regras básicas – um pouco antes, Rafael Hettsheimeir, agora promovido a referência ofensiva, foi sacado de imediato quando forçou um tiro de média distância da zona morta.

Não que o treinador proíba qualquer tipo de iniciativa de seus atletas. Numa ocasião, Rafael Mineiro tentou uma bola de três que saiu bem torta, triscando o aro pela esquerda. Mas ele estava livre, equilibrado. Ganhou aplausos do comandante. Minutos depois foi a vez de Benite ser incentivado depois de errar uma bola de longa distância, saindo por trás de um corta-luz pela quina esquerda. A jogada saiu de acordo com o combinado, e tudo bem.

Esse é o tipo de disciplina que o argentino impôs na seleção que faz toda a diferença. Não é uma questão de usar brinco, moicano ou o que seja. Ele pede apenas o respeito máximo a uma cartilha de bom jogo, não importando as circunstâncias. E o México que pague por isso.

*  *  *

Mais um exemplo do impacto de Magnano? Na hora de erguer a taça em quadra, nenhuma empolgação. Huertas agradeceu, exibiu o troféu para os companheiros, posou para fotos sem nem sorrir direito, e segue a vida. Claro, né? Não representa nada, não deveria nem ter premiação um evento preparatório desses, e os objetivos da seleção são be maiores. Em outros tempos, porém, a farra seria bem maior. Só o estreante Leo Meindl que partiu para uma volta olímpica individual, com um sorrisão daqueles. Aí tudo bem: é sua estreia pelo time e foi um gesto simpático para o público presente, aplaudindo.

*  *  *

Quanto foi o jogo? Brasil 96 x 68 México. Valeu pela surra, pelo controle absoluto da partida a partir do segundo período, mas é muito difícil saber o que se traduz desta pelada para a competição de verdade, a Copa América. Foram inúmeras as bandejas livres, limpinhas, sem nenhum mexicano pela frente – até mesmo em situações de meia quadra. Giovannoni, sem culpa nenhuma diga-se, foi um desses beneficiados, por exemplo, concluindo um monte de contragolpes no quarto final, terminando com 17 pontos em 18 minutos.

O aproveitamento da equipe foi de 54%, positivo, mas o de três pontos ficou em 35% (7/20), a despeito da ausência de contestação por parte dos mexicanos. Se tirássemos Arthur de quadra, aliás, a pontaria de fora cairia para  25 % (4/16). Um pouco disso tem a ver com pernas cansadas pelas primeiras semanas pesadas de treinamentos, a falta de concentração no final do jogo, e tudo mais. Fiquemos de olho nos próximos amistosos para ver como essa situação vai se desenvolver.

*  *  *

Vitor Benite vem sendo usado exclusivamente como um ala, de finalização na seleção. Ele saiu do banco hoje com o mesmo ritmo que havia apresentado na véspera, contra os uruguaios: extremamente confiante no arremesso, usando bem os corta-luzes para se desmarcar e encaçapando um monte de bolas no primeiro tempo. O problema disso é ficar muito acomodado com esse chute de longa distância e esquecer as outras formas de se encarar uma defesa. Para um jogador veloz como o flamenguista, falta invadir o garrafão e atacar a cesta com mais frequência, independentemente de como está a munheca de fora. Seleção de arremessos. Ele terminou com 5/11 de quadra (3/7 de fora) e 16 pontos em 24 minutos.

*  *  *

Cristiano Felício evoluiu consideravelmente em sua temporada nos Estados Unidos. O pivô está muito mais desenvolto em quadra, mostrando um talento para  passar a bola surpreendente e impressionante,. Seja em movimento, quando corta de frente para a cesta, ou girando com a bola de costas para o aro, o mineiro foi muito bem no fundamento, com uma propensão a servir aos companheiros importantíssima para a continuidade de sua carreira. Atlético e forte do jeito que é, ele só vai facilitar sua vida para pontuar se mantiver (e refinar) essa tendência. Na tabela estatística final, só vão constar cinco pontos para ele e uma assistência, mas esses números contam pouco.

*  *  *

Os próximos passos da preparação brasileira: amistoso contra o Uruguai no dia 7 de agosto, em São Carlos; mais um Super 4 nos dias 10 e 11 de agosto, em Anápolis; e, por fim, no dia 13 de agosto, amistoso contra o México em São Paulo.

 


Brasil vence Uruguai em primeiro teste e mostra pegada defensiva em busca de vaga
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Rafael Hettshimeir, dois pontos

Dois pontos para Rafael Hettsheimeir, referência ofensiva brasileira no garrafão

Você não vai querer mostrar tudo tão cedo. Alex não jogou, Marquinhos nem viajou, Huertas saiu do banco, tranquilo. Vai tudo de pouco em pouco. Assim como o Uruguai não contou com com alguns de seus principais (mesmo) jogadores em Osimani, Batista, Aguiar, Garcia Morales e Mazzarino.

De toda forma, a seleção brasileira mostrou suas principais cartas em seu primeiro amistoso na preparação para a Copa América, numa vitória sobre os vizinhos do Sul por 92 a 71, neste sábado, em Salta, na Argentina. O jogo foi válido pelo torneio amistoso tradicionalmente conhecido como Super 4.

E tem problema apresentar essas cartas tão cedo?

No caso do Brasil de Magnano, não.

A essa altura, qualquer procarionte americano sabe qual a proposta de jogo que o time de Magnano vai apresentar em quadra: defesa pressionada para cima da bola, tentativa de interrupção da linha de passe e o rodízio frequente de atletas para não deixar a peteca tocar o solo etc. Grosso modo, é o que o Coach K aplica pelos Estados Unidos ultimamente, e isso não é mera coincidência: com pouco tempo para treinar, desenvolver conceitos mais profundos, você investe no sistema defensivo, sacode seus jogadores e toca esse abafa para cima de adversários menos preparados (ou menos habilidosos).

Aí não importa se Anderson Varejão, Tiago Splitter, Marcelinho Machado, Leandrinho ou fulano se apresentaram. O que importa é a premissa básica de desestabilizar o oponente em busca de cestas mais fáceis para seus jogadores mais atléticos, velozes e explosivos. Eles destroem e saem em velocidade em sequência. Se não sai a bandeja, ao menos um ataque foi desarmado.

É uma receita que virou marca registrada do time de Magnano, e tende a dar certo. Os uruguaios, que se aproximaram no placar no terceiro quarto, foram limitados a 41% nos tiros de quadra, 29% de longa distância e cometeram 16 turnovers.

Mas nem sempre vai ser suficiente, pois depende, sim, de quem está do outro lado. Neste caso, faz uma diferença danada se o adversário vai de Bruno Fitipaldo (um armador talentoso, candidato a NBB para quem estiver de olho, mas jovem e atirado demais) ou Martín Osimani. Na hora de brigar pela vaga, vai ser preciso mais – pegada e diversificação ofensiva.

Mas é isto: o Brasil vai encher o saco dos adversários com esse tipo de postura defensiva. E tentar evoluir no ataque durante as próximas semanas, com os treinos e amistosos pela frente. Alex (nosso maior carrapato na defesa) e Marquinhos (arma do outro lado) ainda vão chegar e o time vai ganhando uma cara melhor desse lado. Esperemos.

*  *  *

Cnsiderando as peças que tem em mãos – último a se apresentar, Scott Machado nem foi –, é mais que natural que Magnano vá investir numa formação com dois armadores. Huertas, Raulzinho, Larry, Rafael e (?) Benite tiveram juntos mais de 62 minutos de ação, somando 11 assistências das 18 da equipe, além de 40 pontos dos 92.

*  *  *

Um dos caçulinhas da seleção, o ala francano Leo Meindl vai seguindo a trilha aberta por  Raulzinho nos anos anteriores de ''jogador convidado'' que força a barra para se meter no grupo principal. Ele converteu 13 pontos em apenas 16 minutos e conseguiu o segundo melhor índice de eficiência da noite, com +13, atrás apenas dos +16 de Larry. O garoto de 20 anos matou 3 de 4 tiros de tiros de três pontos (5-7 nos tiros de quadra no geral) e apanhou dois rebotes. Concorrente, Benite teve 11 pontos, 3 rebotes e 2 assistências em 27 minutos, começando como titular e jogando de modo agressivo durante toda a partida, algo relevante.

*  *  *

Com 24 chutes de três pontos, o Brasil apresentou um vlto volume de jogo no perímetro (com eficiência, 54% de acerto, diga-se).

Na hora do vamo-vê, porém, esperemos que os pivôs sejam mais alimentados, envolvidos em ações de pick-and-roll, ou de isolamento no lado contrário, com rápida troca de passes. Rafael Hettsheimeir, depois de um ano apagado pelo Real Madrid, está com sede de bola e precisa ser saciado. Assim como o jovem Cristiano Felício é atlético em demasia para ser aproveitado perto da cesta. Aos poucos, imagino, Huertas e Raulzinho devem desenvolver a química em quadra com estes novos parceiros, para entender como e para onde cada grandalhão tende a se deslocar, para que aí as coisas possam fluir de melhor maneira. Seria este o ponto benéfico, aliás, de não se ter medalhões escalados: que a bola rode mais e o time tenha uma identidade de ''todos contra um'' (adversário).


Campeonato Paulista dá largada com desfalques e promessa de “disputa no tapa” por espaço
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Lucas, o Tischer

Tischer está de volta ao basquete brasileiro, pelo Bauru: 9 pontos e 7 rebotes na ''estreia''

Geralmente o jornalista vai tentar se antecipar aos fatos, correr atrás da informação e apresentá-la ao leitor antes que as coisas aconteçam. No caso do Campeonato Paulista de basquete masculino, esse procedimento não se faz necessário.

Para constar, a competição supostamente começou nesta quinta-feira com cinco jogos: Bauru 82 x 66 Liga Sorocabana, Limeira 91 x 87 Rio Claro, XV de Piracicaba 71 x 54 Pinheiros, Paulistano 81 x 77 Mogi das Cruzes e São José 61 x 55 Jacareí.

Agora por que diabos você vai escrever ''supostamente'', se está, na tabela oficial da incompetente FPB (Federação Paulista de Basquete), publicado que esta foi, sim, a primeira rodada da competição? Pergunta válida.

Ora, é possível levar a sério um início de campeonato no dia 1º de agosto, quando a temporada de seleções nem mesmo foi aberta? Veja bem: Rubén Magnano reuniu seus convocados há duas semanas em São Paulo, viajou justamente nesta quinta com eles para a Argentina, e sua equipe vai disputar o primeiro amistoso neste sábado. Um ótimo timing, , então, para federação colocar aquele que é o maior (único de verdade?) estadual do país em andamento, não?

Neste momento, três dos grandes destaques da competição – Caio Torres (São José), Larry Taylor (Bauru) e Rafael Mineiro (Pinheiros) – e uma de suas principais promessas – Leo Meindl (Franca) – estão na cidade de Salta. Mas os desfalques não ficam só por conta dos convocados, incluindo aqui mais dois francanos, Lucas Mariano e Paulão, que não embarcaram para o Super 4. Grande parte dos elencos ainda está em fase de preparação, desenferrujando das férias, para não dizer ''em formação''.

Da sua equipe principal, por exemplo, no triunfo sobre Jacareí, o São José contou apenas o armador Fúlvio, enquanto Laws mal voltou dos EUA depois de resolver algumas pendências burocráticas, Jefferson William foi poupado e Dedé ainda se recupera de uma cirurgia no joelho. Para eles, o campeonato começa daqui a pouco só.

O mesmo raciocínio está valendo para o Pinheiros. Escaldado quando o assunto é calendário do basquete nacional (e continental), o time da capital colocou em quadra Paulinho, Morro e Tavernari, acompanhados de alguns de seus promissores garotos e de outros reservas e apanhou do XV. Tensão? Fúria? Nada, o clube simplesmente está pensando bem lá para a frente. ''Diferentemente de outros clubes, os resultados neste inicio do Paulista são o que menos importa para nosso planejamento'', escreveu o diretor João Fernando Rossi, no Twitter. ''Temos jovens valores que precisam de ritmo no adulto… Sem cobrança e sem pressão de ganhar neste momento.''

E há quem ainda precise mostrar suas caras para a torcida, gente. Franca, vejam só, marcou para hoje, sexta-feira, no Pedrocão, a APRESENTAÇAO oficial de seu elenco para a temporada. Estão todos convidados:

Só resta saber se o presidente da FPB, o imortal Toni Chakmati, vai comparecer. Desconfio que não. Em entrevista ao companheiro Alessandro Lucchetti, do Estadão, o cartola, sempre muito simpático, reclamou desta festa ''tardia'' por parte do clube mais tradicional do país. ''Franca pediu para adiar sua estreia, porque quer fazer uma apresentação da equipe um dia após o início do campeonato. Deixam tudo para a última hora'', afirmou.

Bem, talvez Franca tenha demorado ara fazer essa festa.Esse é um ponto.

Mas também podemos falar que faltou criatividade ao time, gente.  Eles poderiam ter feito qualquer catadão de jogadores nas ruas da cidade na semana passada e os enviado para quadra sem remorso, já que essas primeiras rodadas não está valendo nada –  e nem deveriam, mesmo. Quer melhor marketing que esse? ''Franca realiza o sonho de seus fanáticos torcedores'', ''Franca: lugar de torcedor é na quadra'' e por aí iríamos. Até o Globo Esporte embarcaria nessa.

Lucchetti, aliás, faz um serviço ao basquete brasileiro ao gravar o Sr. Chakmati. Fazia tempo que não nos éramos brindados com frases elegantes como esta: ''Se não chegamos num acordo ainda, vamos chegar no tapa''.

Esse é o dirigente falando sobre os eventuais problemas de tabela que teremos lá pelos idos de novembro, quando o NBB vai dar sua largada e dois ou quatro ou mais de seus clubes ainda estarão presos ao Campeonato Paulista. O estadual terá 12 times apenas – contra 16 do ano passado –, mas com um sistema de turno e returno na fase regular, resultando em 22 partidas (!!!) para cada representante, até que cheguemos aos playoffs. Santamãe.

Então ficamos nisso, na bagunça de sempre. Bagunça é a nossa regra, nossa essência.

Voltamos algum dia desses para dar o panorama do campeonato. Só vamos esperar que ele comece de fato.


Chega ao fim a carreira de Kammerichs, o operário argentino e xodó do Flamengo por um ano
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Pesquisando sobre a seleção alternativa da Argentina que Júlio Lamas vai trabalhar para a Copa América, me deparei com esta manchete aqui o site do diário Olé, nosso bom e velho companheiro de tiração de sarro:

''La extinción del Yacaré''

 

Não é possível!

O jacaré?!

Sim, o jacaré Federico Kammerichs. O bigodudo que conquistou a torcida do Flamengo por uma temporada de NBB decidiu se aposentar neste ano, precocemente aos 33 anos. Convocado por Lamas, até pensou em fazer sua saideira em Caracas, mas optou por parar já, deixando o grupo dos atuais quarto colocados das Olimpíadas – e precisava lembrar!? – ainda mais inexperiente na busca pelo título continental e por uma vaga na Copa do Mundo.

Kammerichs, barba completa

O gesto característico de um Yacaré

Sem muita velocidade ou impulsão, mas com inteligência e coração, o ala-pivô teve uma carreira formidável, ainda que não à altura de seus companheiros de geração muito mais laureados. Ficando à sombra de Nocioni, Delfino e Herrmann, não teve lá muitos momentos brilhantes pela seleção, com exceção daquele fatídico Pré-Olímpico de Las Vegas 2007 – e precisava lembrar de novo, cazzo!? –, em que fez todo o serviço sujo necessário, limpando a quadra para Scola brilhar.

De qualquer forma, quando ele ficou aqui pertinho de nós, respirando os ares cariocas, Kammerichs mostrou o quanto podia ser especial em quadra.

Segue abaixo  um texto de nossa encarnação passada, tentando compreender o sucesso que ele desfrutava pelo Flamengo – pontuando bastante, somando double-doubles–, de certa forma surpreendente, para quem o conhecia apenas como um mero operário pela seleção argentina. Para não correr o risco de autoplágio, reproduzo na íntegra, já que não haveria muita coisa para acrescentar a respeito do cara, que fez sua última temporada pelo Regatas, em casa.

Foi publicado em 10 de janeiro de 2012, o que obviamente o inviabiliza desde já a concorrer à categoria de clássico da literatura esportiva nacional, logo depois de uma derrota rubro-negra para o Uberlândia, em dia inspirado do americano Robert Day.

Vamos lá:

''Robert Day acabou roubando a cena. A pauta prévia do VinteUm era assistir ao duelo entre Flamengo e Uberlândia no sábado com olhos fixos (bem, na medida que o enquadramento da TV permitir) em Federico Kammerichs, que vem arrebentando no campeonato nacional. Desviamos um pouco a atenção, mas cá estamos com ele.

Para os que acompanham o bigodudo por anos e anos de confronto com a Argentina, não surpreende que o medalhista olímpico contribua positivamente para o clube carioca e que seja um sucesso no NBB. Só não dava para esperar tamanho êxito, che: Kammerichs vai sustentando médias de 13,9 pontos por jogo, algo que jamais contentaria um Oscar Schmidt, mas é de se destacar num clube que já reuniu na mesma quadra gatilhos como Machado, Leandrinho e David Jackson, em um contexto de salve-se-quem-puder. Nos rebotes, está ainda melhor, com 10 por partida, liderando toda a liga. Além disso, seu aproveitamento nos arremessos de dois pontos é de 69,47%, convertendo basicamente seis por jogo a cada oito ou nove tentativas. Seus números defensivos não são de outro mundo, num reflexo de seu posicionamento correto, em detrimento de  precipitações em busca de roubos de bola ou tocos. Na somatória, noves fora, temos o segundo jogador mais eficiente (estatisticamente) do campeonato.

Aquela noite inesquecível de Las Vegas 2007

Kammerichs, naquela dolorida vitória argentina em Vegas

Um quadro que não condiz, que não bate com o que aprendemos a admirar – ou lamentar, dependendo do grau de envolvimento emocional – em suas partidas pela seleção argentina, na qual é valorizado por sua atenção aos pequenos detalhes do esporte, e, não, como um carro-chefe da equipe, daqueles com volume de jogo (mucho gusto, Scola, Delfino, Nocioni, Ginóbili, Quinteros, Prigioni etc).

Em toda a sua carreira em torneios FIBA com a albiceleste, só teve duplo digíto em pontuação no Sul-Americano de 2003, lá em Campos dos Goytacazes, com 11,2 por partida – época em que sua massa capilar ia muito além do bigodón, compondo um visual setentista daqueles –, e na Copa América de Santo Domingo-2005. Fora esses dois torneios, em competições de alto nível (ou não), ele teve médias de: 3,8, 3,7, 4,4, 0,5, 2, 7,3 e 4,4 pontos. Em quatro ocasiões, teve mais rebotes do que pontos, na verdade.

(Agora uma pausa nem tão breve para rodar o relógio para trás: era 2003 em Campos de Goytacazes, e naqueles dias a cidade fluminense tinha seu próprio clube na elite do basquete brasileiro, dirigido por Guerrinha, usando um modesto ginásio, onde este palpiteiro aqui ficou enfurnado para as finais do Sul-Americano, sentado nas tímidas arquibancadas ao lado de alguns scouts perdidos da NBA – o argentino Lisandro Miranda, do Dallas Mavericks, e dois (vai entender…) do Houston Rockets, BJ alguma coisa, um gigante figuraça, e Melvin Hunt, mais calado e hoje assistente técnico preferido de George Karl no Denver Nuggets, em ascensão notável, depois de ter trabalhado no banco do Cleveland Cavaliers. O principal alvo da trupe era o então jovem Carlos Delfino, que, na decisão, saltou para uma enterrada frontal, no meio do garrafão, diante do imponente Estevam: por alguns segundos, a respiração coletiva do ginásio parou e os olheiros da liga norte-americana levaram as mãos para a cabeça; o tempo se descongelou quando o pivô brasileiro, corajoso e ainda vigoroso, acabou fazendo a falta no ala, que seria selecionado no Draft um ano mais tarde pelo Detroit Pistons. Neste mesmo jogo, num domingo bem quente, Walter Herrmann, um cracaço que fazia a bola parecer de tênis em suas mãos, só não fez chover dentro de quadra. No time brasileiro, lembro que André Bambu havia rendido algumas notas para esses deslocados visitantes da NBA).

Kammerichs e Leandrinho tipo NBB

Leandrinho disparou, e Kammerichs vem atrás de qualquer sobra

Agora voltando: estávamos falando de como Kammerichs construiu sua carreira internacional muito mais como um operário do que como chefe da companhia. E o que acontece, então, para este veterano argentino se sobressair no NBB?

O ala-pivô nunca foi um jogador conhecido por sua capacidade atlética. Mas descolou seu nicho pela capacidade de leitura de jogo. Quase sempre aparece no lugar certo na hora certa para recuperar uma bola perdida, para fazer uma cobertura defensiva, se sacrificar em corta-luzes, capturar um rebote ofensivo, bloquear um pivô por trás. Ele sabe se aproveitar de quebras no sistema, de alguma interrupção no fluxo da partida para dar o bote. E, nos jogos frenéticos e desorganizados que temos visto durante o campeonato nacional, esse tipo de lapso ocorre aos montes, e há poucos concorrentes interessados nesse tipo de ação.

Kammerichs também é daqueles que joga duro o tempo todo. Pode ser lento e não sair do chão, mas  seus rivais não se podem deixar levar pela falsa impressão de estarem diante de um molenga. Especialmente quando confrontado com jogadores pouco móveis ou atléticos, que não consigam se aproveitar de suas deficiências – como Lucas Cipolini e Luis Felipe Gruber fizeram no sábado, aliás –, seu tino pela bola e dedicação podem colocá-lo em vantagem com facilidade. Ele vai correr o contra-ataque e receber a assistência do armador velocista que disparou primeiro. Vai atacar o rebote ofensivo. Vai se posicionar em um buraco defensivo e ter toda a liberdade do mundo para matar seu arremesso de média distância, embora não seja nenhum Léo Gutiérrez em termos de precisão.

Daí o volume maior ofensivo, ainda que nenhuma jogada seja propriamente desenhada para sua prestação de serviços. A cada cesta que faz, ele tem o hábito de cerrar o punho, com o braço flexionado, vibrando consigo de um modo um tanto desengonçado. Nunca em sua vida foi tão fácil atacar assim, então é hora de comemorar e aproveitar mesmo.

Só fica registrada aqui, no fim, a expectativa de que esse esforçado operário possa exercer qualquer tipo de influência em seus concorrentes brasileiros que não pelos seus supostos dotes ofensivos.''

*  *  *

Sabia? Kammerichs também foi draftado na NBA, o Portland Trail Blazers, lá nos idos de 2002, o mesmo ano de Nenê. Ele saiu na posição 51, cinco postos acima de… Luis Scola!. O bigodudo foi testado algumas vezes pela franquia do Oregon, mas nunca assinou contrato.

Na época, ele havia acabado de sair do modesto clube Ourense, hoje na LEB Oro, para o Valencia, ex-clube de Faverani e Splitter (por umas semanas de lo(u)caute). Jogou na Espanha sem muito destaque até 2008, quando retornou para casa, pelo Regatas. Aqui, sua ficha técnica de quando jogou a Eurocup, como se fosse a Liga Europa do futebol, em 2004-2005.


Técnico do Lakers esbanja otimismo ao avaliar reforços e planejar temporada
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Mike D, likes to keep it clean

Mike D'Antoni, visionário ou maluco?

Você, amigo torcedor do Lakers, pode receber as informações abaixo de duas maneiras.

1) Abrindo um sorriso de orelha a orelha.

2) Depois do engasgo, se armar com sarcasmo.

É o seguinte: Mike D'Antoni acabou de dar uma longa entrevista para a rádio ESPN de Los Angeles e se mostrou o sujeito mais otimista da Califórnia. Que seu time tenha terminado a temporada passada varrido pelo Lakers? Que Dwight Howard tenha arrumado a trouxinha e fugido da pressão rumo a Houston? Que o retorno de um Kobe Bryant pleno ainda seja dúvida? Que a torcida tenha se apegado aos cantos de ''We want Phil! We Want Phil!''?

Nada disso importa para abalar a confiança do treinador. ''Vamos ser melhores do que a maioria das pessoas pensa'', disse o treinador, que elogiou o trabalho do vice-presidente Jim Buss e do gerente geral Mitch Kupchak para compor o elenco 2013-2014. ''Estou empolgado com muitos dos jogadores que estão chegando.''

Para os que perderam viagem, o clube já acertou as seguintes contratações: o armador Jordan Farmar, os alas Nick Young e Wesley Johnson, o pivô Chris Kaman, além de ter renovado com o segundanista Robert Sacre e de ter acertado um contrato (sem garantias) com o novato alemão Elias Harris. É isso aí. De resto, ele conta com Steve Nash e Pau Gasol, Steve Blake, Jodie Meeks, Jordan Hill e qualquer coisa que Kobe possa oferecer.''Acho que eles fizeram um ótimo trabalho recarregando da melhor maneira que poderíamos, mantendo o olho no mercado e mantendo nossas opções em aberto, de acordo com as regras da nova CBA (o acordo trabalhista da liga)'', disse.

Maaas…Completou o raciocínio desta forma, com uma singela ressalva nas primeiras frases: ''Precisamos desenvolver alguns deles. Eles precisam ser melhores do que muitos pensam, e acho que podemos fazer isso e surpreender as pessoas. Então veremos. Não dá para descartar nada. Você não pode por um teto para suas expectativas, e estou realmente animado com as contratações''. Uma coisa o técnico tinha ao seu lado em Phoenix: seu sistema ou Nash faziam de jogadores subvalorizados muito bem pagos. Mas isso faz tempo já.

D'Antoni está tão confortável com seu elenco que pretende usar até 11 jogadores em sua rotação durante a temporada. ''Seriam 11 caras com muitos minutos, sendo envolvidos com o time e isso nos permitiria jogar em um ritmo mais acelerado'', afirmou.

E o que mais? Em que termos estaria seu relacionamento com Pau Gasol agora? ''Acho que está bom. Acho que está bom, de verdade. Tivemos de passar por algumas coisas primeiro'', disse, acrescentando que também espera uma das melhores campanhas da carreira do espanhol a partir de outubro. ''Essa é minha meta… Estou extremamente feliz… Ele será uma peça grande do que vamos fazer.''

Para constar, o bigodudo também não acredita que Steve Nash vá largar tudo para ser um jogador de futebol e que também espera um baita campeonato de seu escudeiro.

É isso: as celebridades fazem piquenique em algum parque de Los Angeles, as borboletas voam, coloridas que só, enquanto o céu está azulzinho, não há tensão racial alguma nos subúrbios e Arnold Schwarzenegger topa, sim, fazer um Exterminador 4.

*  *  *

Bom, agora que despejamos suas frases, vamos aos comentários…

Sobre a rotação com 11 jogadores, historicamente, o técnico não está habituado a usar tantos atletas assim. Na temporada, nove jogadores tiveram mais de 20 minutos em média (ou 11 com mais de 14), mas isso se deve muito mais devido a lesões de Gasol, Nash e Blake do que qualquer outra coisa.

Em seus tempos de Knicks, isso não fica muito claro devido ao monte de trocas que Donnie Walsh fechou ano após ano na expectativa de limpar sua folha salarial. Mas, na era de sete segundos ou menos de Phoenix, o número de jogadores escalados com frequência não passava de oito. Em diversas ocasiões o clube trocou suas escolhas de primeira rodada do Draft não só para poupar as reservas de Robert Sarver, mas também por que se dizia que ''Mike não iria jogar com os novatos, mesmo, e ele trabalha com poucos jogadores''. Agora, de repente, ele pensa em usar 11 caras? Será essa sua verdadeira intenção ou está apenas querendo agradar ao chefe, que o protegeu durante um período de críticas pesadas?

Segundo: se ele for colocar a rapaziada correndo feito doida em quadra, como  esperar uma temporada espetacular de Pau Gasol? O espanhol não foi moldado para descer a quadra voando. E, mesmo se fosse o caso, vem lidando com tendinite nos joelhos, fascite plantar aguda e todas as dores que um gigante de 2,13 m pode ter depois de jogar basquete por tanto tempo na vida. Por que você vai pegar seu melhor jogador – e é este o caso, enquanto não sabemos detalhes dos boletins médicos de Kobe – e forçá-lo a se adaptar num sistema que não favorece seus talentos? Já parece uma temeridade desde já, e não dá para imaginar Gasol aceitando bem nada disso. Daí para a troca de farpas via mídia voltar, não demora…

Toda a lógica do parágrafo vale da mesma forma para Chris Kaman, com a enorme diferença de que estamos falando de Chris Kaman e, não, de um dos maiores jogadores dos últimos dez anos.

E quem poderia se beneficiar do ''sistema'' – desde que Nash esteja em forma? Wes Johnson, atlético e que poderia se encaixar como um falso ala-pivô nessa formação, em vez de vagar sem destino no perímetro, e Nick Young, caso ele tope jogar sem a bola.  Jordan Hill, um pivô mais leve e muito mais atlético que Gasol, mas que não convenceu D'Antoni tanto assim em Nova York, e Jordan Farmar, que nunca teve muita oportunidade de jogar solto em sua carreira, também seriam eventuais beneficiários.

Quer dizer: você vai sacrificar um Gasol na esperança de fazer dois alas medíocres e dois reservas melhores?

Não faz muitos sentido, não.

*  *  *

D'Antoni também comentou a surpreendente contratação de Kurt Rambis, um aliado ferrenho do Mestre Zen, como seu assistente para a próxima temporada. ''O Phil põe uma sombra grande para qualquer um, e é assim que deveria ser – mas estou apenas tentando contratar os melhores caras qualificados (para o emprego. A torcida gosta muito dele, mas o fato é que ele sabe como treinar…. Ele vai tornar nosso time melhor''.

Rambis chega com incumbências defensivas. Uma tarefa hercúlea para uma equipe que teve apenas a 18ª retaguarda mais eficiente na última temporada, mesmo com Dwight Howard (ou a ''Carcaça de Dwight Howard'') no garrafão. Uma retaguarda que também perdeu o Ron Artest, velhaco, é verdade, mas ainda seu melhor marcador no perímetro.

''A defesa deles nunca lhes deu realmente uma chance para vencer'', resumiu Rambis. ''Foi muito errática, no melhor dos cenários. Em geral, quando você traz muitos jogadores de sistemas diferentes, leva um tempo para conectar todos e deixá-los na mesma sintonia. Para se defender contra uma miríade de ataques da NBA, gente muito talentosa, isso pede cinco jogadores envolvidos. E para o Lakers, no ano passado, estava claro que eles nunca se conectaram neste lado da quadra.''

''Dava para ver na maioria dos jogos que os caras iriam colocar as mãos para cima, dizendo que não era sua responsabilidade, se perguntando quem deveria estar ali para fazer algo. Então, temos de fazer um trabalho muito melhor para direcioná-los para cobrir uns aos outros''. completou o renomado assistente.

Restou Rambis dizer apenas que o Lakers novamente terá uma penca de jogadores novos para serem trabalhados. Suas habilidades de discípulo Zen serão testadas.

*  *  *

Para fechar, uma última frase de Mike D'Antoni, na direção de Dwight Howard – que não teve coragem de enfatizar isso, mas também não escondeu de ninguém que não respeita seu ex-técnico, sentindo-se subutilizado no ataque: ''É difícil para mim entender por que ele saiu de um lugar como LA. Isso é um pouco incompreensível. Isso está no DNA dele''. Ouch. Até o técnico se sente confortável em questionar o, digamos, estofo do pivô. Mal vemos a hora do próximo Lakers x Rockets.