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A Fiba Américas agora é da Venezuela e Néstor García. Ou quase isso
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Giancarlo Giampietro

A Fiba Américas agora é da Venezuela. Ou quase isso

Néstor García, o argentino que conquistou a Venezuela

Argentina, Brasil. Brasil, Argentina. Se bipolarização é o nosso esporte, o basquete sul-americano seguiu por muito tempo na mesma. Até que a Venezuela decidiu bagunçar um pouco essa história, com seu primeiro título continental desde o bicampeonato do Trotamundos de 1988-89. Isto é, também o primeiro título com este formato. Além disso, ao derrotar, em sequência, Mogi e Bauru, o Guaros de Lara garantiu ao país a unificação dos dois principais títulos regionais no mundo Fiba,  entre os rapazes. Primeiro haviam chocado a geração NBA do Canadá. Agora puseram fim a uma hegemonia brasileira na competição.

Os clubes brasileiro chegaram ao final four da liga com 75% de chances de título, já que o Flamengo também estava na luta contra os anfitriões. Mas dessa vez não deu, e não dá para dizer que tenha sido uma surpresa. Este Guaros fez de tudo para chegar lá. De gestão gastona, mas elogiada nos bastidores por saber para onde destinar seus investimentos, montou um grande elenco e ainda tinha um treinador competente para orientá-los.

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O detalhe é que o clube venezuelano conseguiu jogar sempre em casa, a cada etapa, se aproveitando de um regulamento que permite tudo e não valoriza critérios técnicos. Em vez de estipular prioridades com algum senso de justiça com com base em resultados, ranking, a Fiba Américas, seguindo o modelo da matriz, simplesmente abre concorrências pouco transparentes e altamente rentáveis. Daí chegamos à ridícula (ou, vá lá, questionável) decisão de, numa festa em que 75% dos representantes eram brasileiros, a minoria foi felicitada.

Quanto os venezuelanos pagaram para superar as candidaturas de Mogi e Rio (que, aparentemente, foi descartada de cara)? Vai saber. Mas deve ser algo substancioso, para se ignorar a possibilidade de reunir três torcidas distintas num mesmo ginásio, em vez somente de um — barulhento, é verdade — público do Guaros.

Alex não pára: Bauru conseguiu grande virada contra o Flamengo para jogar a final

Alex não pára: Bauru conseguiu grande virada contra o Flamengo para jogar a final

De novo: como o processo nunca é detalhado, qualquer observador tem a inclinação a dar asas à imaginação. E vem desse buraco a linha de raciocínio de que talvez fosse a hora de algum outro país levar o caneco. Vai saber. Também por conta de um regulamento esportivo esdrúxulo, tivemos um desfecho estranho no último quadrangular semifinal, no mesmo Domo Bolivariano, que resultou na queda de Brasília. O mesmo Brasília que ao menos havia, um dia antes, vencido o Guaros por conta própria — e que também os havia derrotado pela segunda fase. De todo jeito, o time do DF também tinha a chance de se classificar sem depender dos outros e, quiçá, compor um histórico Final 4 brasileiro, mas complicou ao perder de muito para o Flamengo.

O Guaros fez das suas, se intrometeu na fase decisiva e conseguiu um grande título, sem ser exatamente soberano. Pela semifinal, a equipe anfitriã penou contra Mogi (81 a 73), um adversário que provou que era pura bobagem o empurra-empurra com o Flamengo dias antes. Como consolação, o estreante superou os rubro-negros e garantiu mais que honroso lugar no pódio (73 a 71).

Depois, valendo o título, veio o último golpe de sorte a favor do Guaros. O Bauru teria de buscar o bicampeonato sem dois titulares – Fischer e Hettsheimeir, dois de seus três principais jogadores. Para piorar, o armador suplente, Paulinho, também estava fora. Ainda assim, Bauru fez um jogo duro até o final (84 a 79), com Demétrius dando 17 minutos a um pivô de 19 anos (Wesley Sena, que faz sua primeira temporada realmente efetiva na rotação) e um armador de 18 anos (Guilherme Santos, lançado aos poucos, com 35 minutos no total pelo NBB. Dá para conhecer um pouco mais sobre ele aqui, com scouts da NBA na plateia). Para esses garotos, aliás, estar em quadra com rivais tão experientes, num ambiente como aqueles, já vale como um mês inteiro de cancha.

O Bauru, como se esperava, não teve muita facilidade na articulação de suas jogadas. Especialmente no quarto período em que seus atletas se viam constantemente obrigados a atirar de muito longe, bem marcados e sem equilíbrio algum, antes que a posse de bola estourasse. O belo aproveitamento nos rebotes ofensivos ao menos evitou que seu oponente desgarrasse no placar um pouco antes.

(O ponto positivo é a recuperação de Murilo, se movimentando com confiança e leveza. Se havia um jogador que merecia o título, era o veterano pivô, que passou por muitas dificuldades nas últimas duas temporadas, dentro e fora de quadra, entre lesões graves. Entre a experiência para os garotos, a demonstração de força perante os desfalques e a virada para cima do Flamengo, pela semi, a equipe paulista ganha bons argumentos para voltar para casa de cabeça erguida.)

Wilkins vai curtindo o final de carreira no mundo Fiba

Wilkins vai curtindo o final de carreira no mundo Fiba

Nos minutos finais, porém, uma bola de três pontos de Tyshawn Taylor e uma cesta+falta em Damien Wilkins fizeram a diferença, em sequência. Justamente dois dos ótimos reforços que o clube foi buscar, ao lado de um terceiro americano também produtivo, o ala Zach Graham. Taylor e Wilkins são talentos de NBA, ou quase. O jovem armador foi draftado pelo Nets e dispensado muito cedo – e foi contratado durante o torneio, daqueles movimentos que a Fiba também permite sem o menor controle. O veterano ala tem longa passagem pela liga, teve seus momentos aqui e ali e hoje busca mais alguns trocados mundo afora.

MVP da fase final, Wilkins foi sempre um porto seguro para os venezuelanos como referência ofensiva, matando 6 em 11 lances livres e descolando ainda mais sete pontos em lances livres. Com vasta bagagem, altura, força, personalidade e fundamentos, é o tipo raro de jogador no mundo Fiba que vai conseguir aguentar o tranco e bater o incansável Alex Garcia. Esses gringos se juntaram a uma base bastante experiente, de jogadores que entram e saem da seleção nacional.

Sobre o caráter de Wilkins, falo sobre seu histórico na NBA. O ala tem um sobrenome de peso, mas se virou na liga sem a capacidade atlética que seu tio e seu pai ostentavam. Foi com suor e como boa companhia no vestiário. Se errou lances livres peopositais contra o Flamengo, foi por ordem de seu treinador. Poderia contestar a ordem, claro, mas não é o pedido fosse ilegal. Assim como faltas intencionais em péssimos arremessadores no segundo ou quarto período, está no regulamento e não há muito o que ser feito.

E aí chegamos a Néstor Garcia, que vai chegar ao Rio de Janeiro cheio de moral, como campeão continental em duas esferas. O sujeito se transformou na Venezuela. Se não taticamente, mas pessoalmente, com uma persona que mais parece a de um torcedor do que um técnico na lateral da quadra. Seus trejeitos exagerados, seu uniforme todo amassado e/ou esgarçado gera empatia impressionante com o torcedor (e certo estranhamento por parte de seus americanos, é verdade).

García, o personagem da vez no basquete sul-americano

García, o personagem da vez no basquete sul-americano

Da campanha surpreendente pela Copa América, “Che” é o ponto comum mais óbvio. Daquele elenco, apenas o intrigante e inconstante ala-pivô Windi Graterol foi campeão da Liga das Américas. Em ambas as conquistas, o campeão foi definido aos trancos e barrancos, em jogos apertados, emocionantes, nos quais suas equipes conseguiu se manter equilibrada, consistente em quadra, mas também empurrada pela torcida – tal como aconteceu no México, com os espectadores de público recorde abraçando.os venezuelanos. Será que no Brasil a torcida terá essa boa vontade? Há mais que uma simples conexão latina aqui, sabemos. Será uma nota curiosa entre tantos assuntos olímpicos.

Mas não sei se podemos tirar muitas conclusões aqui. As circunstâncias da Copa América para a Liga das Américas é bem diferente. Na primeira, a Venezuela era uma zebraça. Na segunda, a equipe venezuelana era uma das favoritas. Vale monitorar, mas não indica exatamente um problema para o basquete brasileiro, por exemplo. A mera possibilidade de reunir quatro times num Final 4 seria impensável cinco anos atrás, antes de as conquistas começarem.


Seleção masculina conhece seu grupo olímpico. Está difícil
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Giancarlo Giampietro

Grupos - basquete olímpico

Um grupo de olímpico nunca será exatamente uma moleza. Mas dá para ficar mais complicado também do que Rubén Magnano gostaria. Foi o que aconteceu nesta sexta-feira, quando a Fiba sorteou as chaves do torneio masculino e já reservou ao time anfitrião um senhor desafio logo de cara: conseguir a mera classificação para as quartas de final.

Pois a seleção brasileira vai ter de se virar com Argentina, Espanha, Lituânia, Nigéria e mais um dos vencedores dos três pré-olímpicos mundiais que serão disputados às vésperas da grande competição. E aí você pergunta: quais são as possibilidades? Por cerca de uma hora, ninguém sabia dizer, até que o repórter David Hein, fonte bastante confiável para assuntos europeus do tipo, esclarecer: os três times classificados nessa última peneira serão alocados em um novo sorteio.

Genial, né? Ainda estou para ver um procedimento da federação internacional que não seja confuso. Já não poderiam ter numerado os torneios? Mas, não: tem de fazer mais um evento. Pelo menos precisamos admitir que eles são bons nisso de enrolar e encher linguiça.  De qualquer forma, os três torneios serão disputados em Manila, nas Filipinas, Belgrado, na Sérvia, e Turim, na Itália. Podem vir equipes como França, Canadá, Sérvia, Itália, Grécia, Sérvia… Enfim, será mais uma pedreira, certamente.

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Levando em conta o retrospecto brasileiro na última Olimpíada e na Copa do Mundo de 2014, com vitórias sobre seleções como Austrália, Espanha (*sim, foi polêmica), França, Sérvia e Argentina, não há razão para se desesperar. Se a preparação for a que Magnano julga ideal, o time chegará em condições de enfrentar qualquer um de seus primeiros cinco oponentes, com estreia marcada contra a Lituânia, no dia 7 de agosto.

Mas seria melhor ficar numa chave com Venezuela e China, com o Grupo A? Sim, seria, por mais que os venezuelanos tenham surpreendido o Canadá pela Copa América e que os chineses estejam lançando uma nova geração talentosa e tenham vencido seu torneio continental tranquilamente. Em tese, a Nigéria é mais forte que os asiáticos – mais experiente, certamente.

Do outro lado, é bem possível o Brasil vencer o grupo, bem como ser eliminado de cara, sem avançar aos mata-matas – tem de batalhar, não tem jeito. Mas pensemos assim: do ponto de vista de um time anfitrião, com muitos veteranos em reta final de carreira, faria diferença cair na primeira fase ou nas quartas? Acho que não. Para eles, a essa altura, é medalha, ou medalha. (Veja bem: não estou dizendo que são obrigados a subir ao pódio, mas, sim, que, para os atletas, qualquer resultado diferente será decepcionante igual, independentemente do basquete apresentado no evento).

Tá, e se passar de fase, melhor que não sem em quarto, né? Para evitar os Estados Unidos, que são os favoritos absolutos, indiscutíveis. Depois de tanto penarem, os norte-americanos recuperaram este status. De resto, segue a linha do equilíbrio: Austrália e mais dois campeões de pré-olímpico. Seria chumbo grosso, mas para os dois lados.

Só não dá para avançar muito na análise aqui. Ainda está cedo. São cinco meses até o início dos Jogos, com playoffs de NBA, Euroliga, ACB, NBB e tantas outras ligas. Então tem de ver quais equipes vão exatamente desembarcar no Rio de Janeiro. Quantos Gasols vão jogar pela Espanha? Motiejunas vai fazer companhia a Valanciunas? Ezeli vai aceitar uma convocação? Uma Argentina com Prigioni e, especialmente, Ginóbili é outra história. Quis o sorteio, aliás, que a possível competição de despedida da geração dourada inclua mais um duelo com o Brasil. Não podia faltar. Para Magnano, mesmo que desafiador, seria especial.

A tabela, por ora:

Tabela, basquete olímpico


Nova geração chinesa conquista vaga olímpica. E o que mais rolou na Ásia?
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Giancarlo Giampietro

A festa da garotada chinesa

A festa da garotada chinesa

A China venceu neste sábado a Copa da Ásia/Campeonato Asiático/Torneio da Ásia/AsiaBasket/seja lá qual for o nome da competição. Jogando em casa, venceu todas as suas nove partidas até vencer as Filipinas na final, por 78 a 67, e conseguir a classificação ao Rio 2016. É o nono time garantido, se juntando, vocês sabem, a Argentina, Austrália, Brasil, Espanha, Estados Unidos, Lituânia, Nigéria e Venezuela.

Faltam agora apenas três vagas, que serão decididas no sistema de Pré-Olímpico mundial,  ficando os filipinos, vice-campeões continentais pela segunda vez consecutiva, e o restante da galera à mercê do cofre da Fiba. Ninguém sabe ainda o que a federação está tramando para completar os 12 times das Olimpíadas.

Não consegui ver muito da competição asiática. Então pedi socorro a um scout da NBA que, nas últimas semanas, trabalhou como observador de uma das melhores seleções do torneio. Seu trabalho era estudar os adversários e passar tudo mastigadinho para a comissão técnica. Em seu currículo, também consta serviços para clubes do continente. Então era uma fonte confiável para ajudar a entender o que se passava por lá com mais segurança.

Vamos, então, a algumas notas sobre as seleções:

China
Em constante contato com dirigentes e técnicos chineses, prestando consultoria para as ricas equipes do país, esse scout já tem bastante familiaridade com o elenco reunido para tentar reaver o título asiático, que em 2013 ficou com o Irã. Mesmo que esse plantel tenha uma idade de média bastante baixa, de 24 anos. A mesma do Canadá da Copa América, para comparar. Sua expectativa foi confirmada: a nova geração chinesa tende a dar trabalho nas próximas competições globais da Fiba.

O time tem média de altura de 2,03m. É difícil encontrar um plantel mais espichado que esses. Dando uma zapeada pelo EuroBasket, vemos que atingiram a estatura média da imponente Sérvia. A Croácia e a Grécia tiveram 2,02m. A França, 2,01m. Isso faz diferença, ainda mais na Ásia. Tanta envergadura incomodou demais os oponentes na fase final do Campeonato Asiático. Depois de limitar o Irã a apenas 28,6% nos arremessos pela semifinal, seguraram os filipinos em 35,4% e, principalmente, em 25% na linha de três.

Agora, de nada adianta o tamanho se não há talento para sustentá-lo é o caso da seleção chinesa. O pivô Zhou Qi, de 19 anos, é um autêntico prospecto de NBA. Diversos olheiros estavam rezando para que o garoto ficasse no último Draft e pudessem escolhê-lo no final da primeira rodada. Não foi o caso. Os candidatos chineses têm uma estrutura de apoio maior e mais complexa que a da maioria. Já ganham um bom salário pela liga local e, de um jeito ou de outro, são vistos como embaixadores da nação. Os interesses ao redor deles vão muito além do campo esportivo, digamos.

Na final, Qi somou 16 pontos e 14 rebotes, descolando impressionantes 12 lances livres em 32 minutos. O detalhe é que ele já havia chegado ao double-double no primeiro tempo, com 12 pontos e 10 rebotes em 17 minutos. Foi dominante e ajudou a equipe a assumir o controle da partida antes do intervalo. “Esse garoto é para valer. O único empecilho para ele, hoje, é o corpo magrelo. Mas não me preocupo com isso. Acho que pode fortalecer com o tempo, por ser muito jovem ainda. Em termos de habilidade com a bola, está acima da média”, diz o scout.

Agora o engraçado nesse time chinês é que o papo de “Torres Gêmeas” não cola. Na real, os caras têm todo um verdadeiro condomínio de arranha-céus, escalando outros rapazes como Wang Zheling, de 21 anos e 2,14m, Li Muhao, 23 anos e 2,18m, além do nosso velho conhecido Yi Jianlian, de 2,13m, que faz as vezes de veterano aos… 27 anos.


Esse é um aspecto interessante dessa nova configuração: não se trata mais apenas de dar a bola para Yi ou Yao e deixar que a estrela resolva tudo por conta. Yi ainda é o principal jogador do país, claro. Teve médias de 16,7 pontos e 8,8 rebotes em apenas 26,7 minutos, e está muito bem, obrigado, nesse ritmo. Mas há agora uma sólida base de jogadores ao seu redor para se explorar, como o armador Guo Ailun, de 21 anos e 1,92m, que segurou as pontas na decisão contra os explosivos filipinos Jayson Castro e Terrence Romeo.

Guo teve média de 10,9 pontos e 4,0 assistências, surgindo enfim como uma opção para desbancar Liu Wei (35 anos) do time titular. Já o ala Zhou Peng, de 25 anos, é o gatilho do time, para espaçar a quadra no perímetro. Com 2,06m de altura, fica difícil de bloqueá-lo.

Filipinas
Derrotados pelo Irã na final em casa em 2011, agora repetem a prata. Para um país tão apaixonado pelo basquete, os Smart Gilas têm ficado de coração partido muitas vezes para o meu gosto. Na Copa, por exemplo, para surpresa geral, fizeram jogos duros contra Croácia e Argentina e foram derrotados no finalzinho, caindo na primeira fase. Por fim, somem aí, minha gente, o fato de terem sido preteridos pela Fiba como sede do próximo Mundial (que ficou justamente com a China). Não é bacana vê-los sofrer tanto assim.

A naturalização de Andray Blatche é uma piada do ponto de vista esportivo, mas rende dividendos óbvios. Teve médias de 17,8 pontos, 9,2 rebotes, 1,4 roubo de bola, 1,1 toco e 1,2 assistência, com 2,1 turnovers no torneio, em 25,8 minutos. Tudo isso com um tornozelo torcido no meio da competição. O que talvez possa valer como a tal da bênção em meio a uma desgraça. “A torção o obrigou a jogar mais perto da cesta, o que é mais valioso para a equipe, em vez de ele tentar ser armador, ala e pivô ao mesmo tempo”, diz o scout.

Vale tudo para tentar parar Blatche na Ásia

Vale tudo para tentar parar Blatche na Ásia

De qualquer forma, Blatche não foi o suficiente para fazer os filipinos subirem um degrau no pódio. Na final, contra caras do seu tamanho, marcou 17 pontos em 27 minutos, mas foi pouco efetivo. Quando foi para o perímetro, também deu as suas forçadas usuais, com 1/5 nos arremessos de três. A China tinha meios de lidar com o americano sem precisar desequilibrar sua defesa, podendo vigiar de perto os perigosos atiradores exteriores. Castro e Romeo não conseguiram esquentar a munheca em nenhum momento.

Se formos pensar, as Filipinas são algo parecido com Bauru em termos de abordagem ofensiva, com chutadores espalhados pela quadra sob orientação de Tab Baldwin, um treinador para o qual seu olheiro compatriota chama a atenção. “Muito inventivo e inteligente na hora de explorar as fraquezas dos oponentes. Esse cara é legítimo e devemos ouvir mais sobre ele no futuro”, afirmou.

E agora o que será dos Gilas? Não acho absurda a noção de que eles teriam chance no Pré-Olímpico. Esse olheiro também acredita que é possível que aprontem algo. Mas tudo vai depender dos caminhos desenhados pela Fiba. Fato é que o time ainda vai ficar mais forte com a provável adição de Jordan Clarkson no ano que vem e com o retorno do pivô June Mar Fajardo, de 25 anos e 2,11m, que estava lesionado e é aparentemente o único grandalhão nativo decente para dar alguma folga a Blatche ou para fazer uma dupla mais alta com ele. Outra peça a ser considerada é o ala Bobby Ray Parks, um cestinha fogoso de 22 anos, que passou batido no último Draft, mas vai tentar a sorte na próxima temporada da D-League.

Irã
Teria chegado ao fim o show do Hamedi Haddadi?

(Façam cara de espanto seguida por uma expressão de consternação, por favor.)

O superpivô (asiático, no caso) 11,5 pontos e 7,8 rebotes em 23,6 minutos, com 2,8 turnovers, 1,0 toco. 4,9 lances livres e 50,7% nos arremessos. Esses são números que podem deixar Chris Kaman, Marcin Gortat, Erick Dampier e Vitaly Potapenko orgulhosos, mas não impressionariam Shaquille O’Neal, Kareem Abdul-Jabbar, Tim Duncan, Moses Malone e Wilt Chamberlain, né?

As coisas estão mais difíceis para Haddadi

As coisas estão mais difíceis para Haddadi

Parece que o Senhor Tempo enfim se aproximou de Haddadi com seu recado inevitável. Mas há também outro motivo para entender o que aconteceu nesta copa asiática, segundo o scout. “Os técnicos recrutados pelas seleções estão em geral num nível mais alto também do que nos últimos anos. São mais inteligentes e estão sabendo como lidar com ele. Sempre disse que você precisa dar um jeito de afastá-lo do garrafão, tirá-lo de perto da cesta na defesa. Se fizer isso, o Irã se torna facilmente vencível. Nosso time conseguiu. Desenhamos algumas jogadas que criaram muitos problemas para eles, nesse sentido. Mas muitas equipes fizeram isso, colocando-o no perímetro”, disse.

Além disso, o ala Samad Nikkhah Bahrami jogou no sacrifício e também não conseguiu produzir da forma como se acostumou no continente, com 13,8 pontos, apenas 41,7% nos arremessos, criando pouco também para os companheiros, com 1,6 assistência. Até que desembestou na disputa pelo bronze com o Japão, marcando 35 pontos:

Coreia do Sul
“Não acredito que a Coreia perdeu para o Catar”, foi o que me disse o scout sobre a partida que acabou colocando os sul-coreanos no terceiro lugar do Grupo F, resultando num confronto com o Irã pelas quartas de final. Aí, por mais que os dois principais jogadores adversários estivessem longe da melhor forma, pesou a experiência. Mas o time deixou boa impressão nos olhos deste americano. “Eles estão no caminho de se tornar uma força na Ásia. São supertalentosos. Sua linha de frente está ficando mais alta, jogando duro, e seus armadores são jovens e muito habilidosos. Contra a China, eles foram superiores durante quase toda a partida, mas os juízes roubaram a vitória deles.”

No final, terminaram com a sexta posição, fora até mesmo da zona de classificação para o Pré-Olímpico mundial, para o qual vão também iranianos e japoneses, que foram aqueles que justamente derrotaram o Catar nas quartas de final.

Índia

Mas é essa a pegada do críquete, mesmo?

Mas é essa a pegada do críquete, mesmo?

Galera, ao que tudo indica, este era o time imperdível da competição. Favor não confundir com “imbatível”, pois eles perderam oito de suas 11 partidas, terminando em oitavo, ainda que com uma campanha pior que a das duas equipes que vieram logo em sequência – Jordânia e Palestina.

Vejam o relato do scout: “Foi uma surpresa vê-los. Eles têm alguns pivôs que chamam muito a atenção, por serem grandes, talentosos e atléticos. Os três são provavelmente melhores que o Satnam (Singh, o gigantão  de 19 anos 2,19m de altura, que estava treinando na IMG e acabou draftado pelo Dallas Mavericks. Ele vai jogar pelo Texas Legends, filial do clube na D-League. A opinião majoritária dos scouts é de que ele é muito mais uma jogada de marketing do que um prospecto. Vamos ver.).”

“No jogo contra o Irã, eles estavam jogando pau a pau, porque um desses pivôs (Amritpal Singh, 24 anos e 2,07m) conseguia marcar Haddadi no um contra um. Do outro lado, ele ainda matava os arremessos de média distância, e o Haddadi não conseguia acompanhá-lo. O cara é ágil, ativo, um belo arremessador mesmo e provavelmente poderia ter jogado numa universidade de nível decente nos Estados Unidos se eles o tivessem enviado para cá, em vez do Satnan. Aí que, com cinco minutos para o final do primeiro quarto, esse grandalhão indiano comete a segunda falta.”

“O técnico o deixou em quadra até o final do período, e ele ficou com duas faltas, mesmo, até o final. Com um minuto no segundo período, ele cometeu a terceira, e o técnico não o tirava. Não dava para não rir com aquela situação. E aí, com cinco minutos faltando para o segundo, vem a quarta falta. Foi uma falta boba numa disputa de bola. Aí um dos assistentes chamou um jogador para entrar em quadra. Quando o treinador percebeu, o mandou se sentar, deixando o cara com quatro faltas. A dez segundos do fim, o que acontece? Ele faz a quinta falta no meio da quadra, tentando roubar a bola de um armador. A Índia perdia por uns sete pontos só nesse momento. Não dava para acreditar, mesmo, a gente ficou morrendo de rir. Só para você saber, antes eles tinham um técnico americano que estava trabalhando bem por lá (Scott Flemming), mas eles o dispensaram em maio quando a federação passou por algumas mudanças. Contrataram esse cara que era um treinador de um time juvenil feminino (Sat Prakash Yadav), totalmente inepto.”

Aí eu pergunto se, por acaso, o técnico não vinha do críquete, ou algo assim. A resposta: “Engraçado você mencionar isso. Teve uma jogada no final de um quarto, com 2s8 no cronômetro. Ele pediu tempo. E a ideia dele foi, mesmo, fazer com que seu armador cruzasse a bola por toda a quadra com um lançamento que parecia de críquete, tentando alcançar um de seus pivôs embaixo da cesta. Além disso, o armador deles fazia sempre uma comemoração de críquete quando acertava a cesta”.

Um dos destaques do time foi ooooooutro Singh.  Amjyot Singh, de 2,03m e 23 anos.

Palestina
Essa talvez seja a melhor história. Os palestinos não disputavam um torneio com chancela da Fiba desde 1970, quando ainda competiam pelo Campeonato Africano. Na ocasião, terminaram com a sexta colocação, com um triunfo sobre a Somália, por 104 a 71, e três derrotas, em Alexandria, no Egito. Antes disso, na edição de 1964, terminando em terceiro, com duas vitórias, sobre a Tunísia e o Senegal, e três derrotas, em Casablanca, no Marrocos.

Pois é. São 45 anos de lá para cá, e os caras fizeram uma campanha bem digna, terminando em décimo, mas com seis vitórias e cinco derrotas. O primeiro triunfo aconteceu logo na rodada de estreia contra as Filipinas, algo histórico. Depois, ainda venceram o Kuwait e Hong Kong, pela fase preliminar. Na segunda etapa, pelo Grupo E, porém,  foram superados por Índia, Japão e Irã e acabaram eliminados dos mata-matas.  Ainda bateram o Cazaquistão e foram superados pela Jordânia.

O ala Jamal Abu-Shamala, nascido nos Estados Unidos, foi o líder da seleção, com 21,5 pontos e 8,5 rebotes, descansando menos que três minutos por partida. Formado pela Universidade de Minnesota em 2009, teve teve seu melhor momento como jogador profissional, depois de breve passagem pela D-League e de ter falhado em deixar sua marca no basquete mexicano. “Ele foi um atleta mediano na universidade, mas é bom arremessador e joga com o coração”, diz o scout.


Copa Intercontinental: aquele árbitro, Hettsheimeir, Mineiro e o que mais?
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Giancarlo Giampietro

Passada a ressaca de segunda-feira após quatro dias seguidos de jornada dobrada e visita ao Ginásio do Ibirapuera, vamos lá fazer uso do caderninho de anotações e da repercussão que tem o torneio na Espanha.

*   *   *

Reynaldo Mercedes está de novo no centro das atenções por sua conduta, digamos, pouco inspiradora numa quadra de basquete.

Serio Rodríguez e Real Madrid x Reynaldo Mercedes

O veterano árbitro dominicano tem algumas partidas conturbadas em seu currículo, a começar pela final do Mundial de 2002 entre Argentina e Iugoslávia. Foi um dos homens pinçados para apitar a Copa Intercontinental no final de semana. Foi ele que excluiu Sergio Rodríguez no jogo de domingo. A princípio, vendo o jogo das tribunas, parecia tudo normal, pelo showzinho que deu o armador espanhol:

A bomba que solta em quadra e os gestos de cesta em direção ao árbitro são passíveis, mesmo de falta técnica, e tudo isso veio num contexto em que o Real Madrid já reclamava muito e demonstrava surpreendente nervosismo em quadra. Quando o Real Madrid, porém, conseguiu fazer com que a Euroliga requisitasse à Fiba uma investigação sobre Mercedes, as coisas se tornaram mais sérias. Vejamos: eles haviam sido campeões, estavam prontos para deixar o torneio para trás e voltar para casa, e ainda estavam investidos nisso? Que pasó?

Bom, alguma alma iluminada — ou que estava esperando por um deslize do sujeito — fez o favor de resgatar alguns tweets de sua autoria de 2012, nos quais se assume torcedor do Barcelona (no futebol…) e se alegra com uma derrota do Real. Pode ser pura bobagem. Não há problema que um dominicano tenha uma queda pelo lado catalão da força. Mas… Considerando que os dois clubes são gigantes na modalidade em que ele milita, esperava-se mais bom senso por parte do figura, não? É o que a Euroliga acredita, julgando-o desqualificado para apitar um jogo de basquete. Mas não só era só isso. O jornalista Ricardo González, do diário As, noticia também que Mercedes teria provocado Rodríguez antes dos lances livres, ofendendo e desafiando-o a, pelo menos, converter os arremessos. Viria daí a resposta do “Chacho”.

Em entrevista ao portal elCaribe.com, o dominicano tenta se defender. “É uma situação complicada devido à envergadura da equipe que faz a reclamação, mas é certo dizer que são são reclamações fora de contexto e sem fundamento. Desde quando é pecado ser árbitro de basquete e simpatizar com uma equipe de futebol? Meu comentário foi de anos atrás e era direcionado ao futebol. Não tem nada a ver com o basquete, muito menos com minha atuação dentro da quadra. Tenho fé que a verdade e o raciocínio lógico sobre a situação virá à luz, e que as entidades responsáveis sobre o basquete no continente e no mundo não darão razão a tal protesto. Entendo que as reclamações são do basquete. Agora tenho de esperar pela análise”, afirmou.

*    *   *

O protesto formal contra Mercedes só mostra o quão a sério o Real Madrid levou a Copa Intercontinental, a despeito de suas limitações de momento. No domingo dia 28, estavam erguendo o quinto troféu seguido em São Paulo. No dia 21, seis de seus atletas estavam disputando a final do EuroBasket. Não é fácil. Nesta terça, dando sequência às festividades, e tentando fraturar um troquinho, porque ninguém é de ferro, o clube também pôs à venda uma camiseta comemorativa pela “temporada perfeita” que teve, com 100% de aproveitamento em cinco competições.

Sergio Llull, por sua vez, está nas nuvens:  

No final das contas, além de ter sido um baita chamariz, emprestando seu prestígio e chamando a própria torcida para o ginásio no domingo para ajudar a encher o Ibirapuera, o Real Madrid talvez deixe como maior legado sua dedicação à Copa Intercontinental, que foi disputada pelo terceiro ano seguido. Uma camisa desse peso faz toda a diferença e, imagino, ajuda a consolidar a competição, mesmo que seu formato não seja dos melhores. Essa coisa de duas partidas na decisão não entra na minha cabeça, mas é fato também que há muitos empecilhos de calendário para fazer qualquer alteração significativa. Com a reforma que ambiciona a Fiba, aliás, desconfio que o torneio fique a perigo.

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Sobre o Real, a última, já apontando para o futuro. Que atende pelo nome de Luka Doncic. O garoto esloveno (que, é importante frisar, por enquanto recusa o assédio da federação espanhola para que siga os passos de Nikola Mirotic) foi a grata surpresa dessa decisão. Aos 16 anos, já se vê realmente inserido nos planos de Pablo Laso com o terceiro armador da rotação, atrás dos Sergios. Assume o papel que coube a Facundo Campazzo, que é oito anos mais velho, vejam só. A partir do momento em que Rodríguez foi mandado ao vestiário, o papel do garoto ganharia relevância, ainda mais com Rudy Fernández e Jeffery Taylor fora de combate. Pois o garoto segurou o rojão sem o menor problema, estando em quadra inclusive nos seus minutos decisivos. Primeiro, deu alguns instantes preciosos de respiro ao MVP Llull e, depois, assessorou o espanhol na armação. Com o corpo lânguido, de 1,98m e poucos músculos, também não fugiu do contato num jogo muito físico e aguentou o tranco na defesa com Leo Meindl, por exemplo.

Alex é 19 anos mais velho que Doncic

Alex é 19 anos mais velho que Doncic

Mas é com a bola nas mãos, mesmo que Doncic captura sua atenção. Avança com naturalidade com a bola, a despeito da altura fora do comum para a posição e do biótipo que ainda não lhe favorece contra adversários mais agressivos. De qualquer forma, lidou com tranquilidade com a primeira linha defensiva bauruense e conseguia ganhar terreno em progressão rumo ao garrafão para, aí, mostrar o que tem mais de especial, que é a visão de quadra. O garoto executou alguns passes dificílimos, cruzando a defesa, com velocidade e precisão (e sem olhar, claro). É aí que a altura o favorece, ao menos, podendo passar por cima da montueira de braços que está entre ele e seu alvo. Ao todo, ele jogou 23 minutos e não tentou nenhum arremesso de quadra, mas não se esquivou de infiltrações e descolou seis lances livres. Deu três assistências, cometeu dois turnovers e conseguiu três roubos de bola. Mas esses números não dizem absolutamente nada.

De novo: ele nasceu em 1999 e, quanto mais jogar em alto nível, mais esses instintos vão se aguçar. Tem um potencial tremendo como distribuidor e no corte para a cesta. O que ele precisa melhorar bastante é o arremesso, que não é pouco, convenhamos. A cada final de treino do Real, quando enfim a comissão técnica liberava o acesso de estranhos, era possível ver o garoto chutando, chutando, chutando, e está claro que sua mecânica ainda é inconsistente demais e que vai levar tempo para se ajustar para situações de jogo. Mas, bem, tempo é o que não lhe falta. Não topou conversar ao final do jogo alegando que não pode dar entrevistas. Levando em conta a pouca idade a a rigidez protocolar de seu clube, não duvido, mesmo.

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Sobre o Bauru, o time tem agora alguns dias para recarregar a bateria e se preparar, já no sábado, embarcar rumo a Nova York.

Rafael Hettsheimeir x Real Madrid

Rafael Hettsheimeir tinha uma oferta com o Estudiantes na mesa. Ao que tudo indica, o pivô estava apalavrado com o clube madrilenho (coincidência), segundo o que se falava pela Europa e o que noticiou passo a passo o site Encestando. O técnico Diego Ocampo, que fez ótimo trabalho com Augusto Lima e Raulzinho na última temporada pelo Murcia, falou sobre o assunto: “Falta um jogador para nós contratarmos, e quase todo mundo dá por certo que temos Hettsheimeir, mas eu, enquanto no vir por aqui, não acredito nisso. Mas, sim, queremos esse último jogador, e que venha nesta semana”.

Segundo a diretoria do Bauru, o pivô só não teria multa rescisória no caso de alguma proposta da NBA. Para a Europa, algo deveria ser pago, seja pelo clube interessado ou pelo próprio jogador. Eles não o liberariam e não o liberaram, pelo menos não antes dos amistosos contra New York Knicks e Washington Wizards. Mas a intenção, parece, é segurá-lo por toda a temporada, mesmo. Seria muito difícil para o vice-campeão mundial repor um jogador deste nível, especialmente com o dólar nas alturas. Do lado espanhol, mesmo, o próprio Estudiantes não parece disposto a aguardar mais duas semanas. Ocampo perderia um tempo precioso para integrar essa nova peça ao seu grupo. Esta porte parece ter se fechado. Agora é preciso ver se alguém nos Estados Unidos se anima com o rendimento do pivô.

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Existe também o caso de Rafael Mineiro. Está, no momento, sem clube, aguardando qual o destino do elenco do Limeira. Existe, de fato, a possibilidade de eles jogarem a próxima temporada com a camisa do Vasco, com as negociações em andamento. Não é um trâmite fácil, porém, e a própria liga nacional, presidida pelo patrono limeirense, precisaria ou deveria se certificar de que a parceria seria realmente viável, que tenha garantias financeiras e fôlego para chegar até o fim do campeonato. Afinal, o clube de São Januário não é hoje, infelizmente, uma instituição com de bases tão sólidas assim, ainda mais correndo o risco de novo rebaixamento (e de inerente redução de orçamento para 2016). E não se trata de um elenco barato.

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Mineiro vai com a rapaziada para os Estados Unidos, ocupando a vaga de Murillo na rotação interior. Contra o Real, mesmo desentrosado, mostrou o quão valioso pode ser para qualquer equipe devido aos seus atributos defensivos. Para os que questionam o pivô, favor atentar para o fato de que o basquete é jogado em duas tabelas. Uma você ataca, a outra você protege, e, nessa função, vai ser difícil encontrar um marcador tão hábil quanto Rafael. Sua movimentação lateral é incrível e se traduz até mesmo contra gente como Scola, Ayón, Nocioni, Reyes e Thompkins, como pudemos ver nas últimas semanas. Tem tanta agilidade que o técnico Dedé, mesmo, reitera que, numa situação de corta-luz, até gosta que o espigão fique de frente com um armador. Não é necessária ajuda nenhuma na contenção. No ataque, ele também pode render mais, e aí que a chegada de última hora atrapalha. Mineiro já se aventurou na linha de três pontos, como gostam de fazer Jefferson e seu xará, mas rende muito mais na cabeça do garrafão com os disparos de meia distância e a ameaça constante de que, com um drible, já pode alcançar o aro para finalizar com uma cravada.


Fiba promove revolução no calendário. Sem combinar com ninguém
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Giancarlo Giampietro

Andrew Nicholson, um dos nove jogadores de NBA nesta seleção candense

Pode ter Brasil x Canadá no Maracanã. O difícil é saber que seleção canadense viria… Ou se vai existir uma seleção canadense

A Fiba deu mais detalhes nesta terça-feira sobre seu plano de se revolucionar o calendário de seleções a partir de 2017. O curioso? Eles simplesmente não acharam necessário discutir tais mudanças com as partes mais interessadas: os clubes, que são aqueles que verdadeiramente sustentam a modalidade neste vasto mundo de basquete.

Mas, bem, revoluções, do ponto de vista social, são algo súbito, né? Vai avisar ou acertar quê? Além do mais, as mudanças só estão previstas para daqui a dois anos. Até lá, já deu tempo mais que suficiente para esses lazarentos se acostumarem com a ordem que vem de cima. A NBA, a Euroliga e tudo o mais: que se virem.

(…)

Só que não?

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Numa seção de perguntas e respostas em seu site, a Fiba afirma que as drásticas alterações no seu calendário começaram a ser planejadas em março de 2011. E que, desde então, “um número de seletas confederações foi consultado”, que houve “um estudo de experts internacionais independentes”, que “a informação foi compartilhada com as confederações”, que “três formatos diferentes foram propostos” e, depois de um feedback por parte dessas confederações (Haiti? Lituânia? Austrália? Ilhas Maurício?), houve uma “consulta com a NBA, a Euroliga e as ligas mais fortes da Europa”.

Agora… o que leva, então, a, nesta terça, o chefão da Fiba Europa, Kamil Novak, a dizer, em coletiva durante o EuroBasket, que a participação dos jogadores das principais competições de clubes do mundo é incerta no novo calendário? “Nós esperamos que a Euroliga vá parar (suas atividades durante as datas de seleção). Que os jogadores da Euroliga não vão participar das eliminatórias é pura especulação agora. Já a NBA é um caso diferente”, afirmou. Novak também admitiu em sua entrevista que a Fiba Europa ainda não teve discussões detalhadas com as confederações sobre a nova tabela.

Será que ao menos os jogadores da D-League, como Damien Wilkins, ficariam disponíveis durante a temporada?

Será que ao menos os jogadores da D-League, como Damien Wilkins, ficariam disponíveis durante a temporada?

Espera: então quer dizer que a federação internacional consultou as ligas, mas não necessariamente recebeu ou considerou as respostas? Parece que é o caso. Afinal, ao avançar em suas perguntas e respostas, eles me saem com esta: “Obviamente que o mais desejável é ter jogadores de NBA sempre em ação. Contudo, há vários bons jogadores fora da liga. Além do mais, os jogos classificatórios vão dar a chance para o crescimento de novos talentos, novas estrelas”.

Sei.

Que tal ouvir o que o Canadá tem a respeito?

Independentemente de sua seleção nacional, com nove atletas enebianos listados, ter sido eliminada agora há pouco por uma Venezuela que nem Greivis Vásquez tinha, como a Fiba espera que o país, com sua atual estrutura, monte equipes competitivas? Todos os seus principais talentos estão na 1) NBA, 2) basquete universitário norte-americano e 3) Europa. Não existe uma liga nacional canadense minimamente forte. E aí? Azar? Pode-se argumentar que o calendário internacional, então, serviria de incentivo para o desenvolvimento da modalidade, e que o Canadá só teria a ganhar com um campeonato interno solidificado, e bla-bla-bla. Como se fosse simples uma mudança cultural dessas.

Pois vamos às mudanças propostas: os torneios continentais (Copa América, EuroBasket etc.) passarão a ser disputados de quatro em quatro anos, assim como a Copa do Mundo, em vez de dois em dois. No lugar da disputa bienal com a qual estamos acostumados serão realizadas eliminatórias para o Mundial, assim como acontece no futebol. Basicamente, o basquete está assimilando as chamadas “datas Fifa” ao seu programa. Ficaria assim  (clique aqui se quiser ver o arquivo inteiro, em inglês):

fiba-calendario-2017

Haveria seis janelas de eliminatórias para a Copa do Mundo entre novembro de 2017 e fevereiro de 2019, com o torneio marcado para setembro deste ano. Terminada a Copa, em novembro os times voltariam a se reunir para, então, disputar as eliminatórias para os torneios continentais. À parte destas duas competições Fiba, ainda haveria quatro torneios olímpicos para definir o restante dos países nos Jogos (cujos campeões se juntariam a sete países já previamente qualificados diretamente por meio da Copa do Mundo, sendo duas vagas para os melhores americanos e europeus, uma para o melhor da África, da Ásia e da Oceania)

Se formos reparar nesse calendário, em todas as eliminatórias para a Copa do Mundo, quatro janelas coincidiriam com o calendário da NBA, da Euroliga, da NCAA e das grandes ligas pelo mundo de qualquer forma (os meses de novembro e fevereiro). Partindo do princípio de que a grande liga americana não vai liberar seus atletas para estes meses, você pode imaginar o pandemônio mundo afora para a se convocar as seleções, mesmo que os principais clubes europeus arrefeçam — o que não é garantia de nada. Pensem no futebol novamente: neste exato momento, há um crescente descontentamento por parte das grandes potências europeias com as insistentes demandas do calendário Fiba. Nesse contexto, então, faz muuuuuuuuuuito mais sentido a ofensiva da Fiba para tentar retomar o controle da Euroliga. Ah, claro: e não só os Real Madrids da vida que têm direito a chiar. Há o Bahía Basket, o Bauru, o Flamengo, os Cocodrilos, o Sydney Kings, o Shandong Kingston Lions etc. etc. etc.

Imagine, então, se a liga italiana topa liberar os seus atletas, mas a ucraniana, não? Qual não vai ser a inconsistência na hora de escalar e as situações incômodas decorrentes. Por exemplo: supomos que o Brasil, com a anuência da LNB, conte com os principais nomes em atividade no país para a janela de fevereiro. E eles enfrentam o México desfalcado em jogos de ida e volta. Ganham ambos. Aí, em junho, a turma da NBA se junta à seleção e acaba perdendo duas vezes para o Canadá. (Ou vice-versa). Ainda assim, o time se classifica para a Copa do Mundo. Na hora de selecionar os 12 finais, como fazer?

Mas esse dilema, acreditem, é o de menos, é só para corações moles sofrerem e fichinha perto das certeiras injustiças que teremos a partir do sorteio de grupos e tabela, devido à sua composição randômica. Pois enfrentar a atual Venezuela sem a NBA, como vimos, pode ser complicado — mas e o México sem Ayón e Gutiérrez seria mais fácil, não? Para não dizer os Estados Unidos? E o próprio Brasil? E qual seria a divisão dos grupos? Nem todos os países vão jogar contra todos. Como compensar essa discrepância? Simplesmente impossível no formato proposto.

Benite chegou ao Pan embalado por excelente playoff do NBB

Benite acaba de trocar o NBB pela ACB. No novo mundo Fiba, o ideal seria segurar os talentos. Isso se a LNB topar o calendário

Outro ponto que inspira preocupação: a logística para a realização cada janela da eliminatória. A agenda prevista pela Fiba teria a segunda-feira para viagem. A terça e quarta-feira para viagem e/ou treinamento. A quinta e a sexta para treino e/ou jogo. O sábado para uma nova viagem. O domingo e a segunda para treino e/ou jogo. E a terça seguinte para viagem de volta dos atletas aos seus respectivos clubes. Quantos dias para treinamento e aprimoramento, né?! Imagine o altíssimo nível de cada jogo. É um desperdício de tempo e energia.

De qualquer forma, a federação internacional tenta se blindar dizendo que ampliou o número de vagas para a Copa do Mundo de 2019, saindo de 24 para 32. Seriam 12 postos para a Europa, 7 para as Américas, 5 para a África e inacreditáveis 7 para a Ásia (com Austrália e Nova Zelândia no páreo, integradas), além do país-sede, que é a China. (Bem, com sete países das Américas no páreo,  o Brasil não correria risco de ficar fora do Mundial mais uma vez, né? Hã… Ops, deixa pra lá.)

O maior número de vagas seria uma forma de compensar qualquer injustiça. Não creio. Todas essas mudanças são muito complexas e vão muito além da balela promovida pela Fiba de que “a seleção nacional é a locomotiva para o basquete em cada país” e que, por isso, ela deveria estar acima de tudo e todos.

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A NBA já tem seus jogos globais. Não prece preocupada com o cenário do basquete internacional

Quais as contrapartidas que os cartolas apontam? Primeiro de tudo, pensando na NBA, é a definição de que seus atletas ao menos teriam um verão (setentrional) para descansar, livres de qualquer obrigação com a seleção a cada ciclo olímpico/de Copa do Mundo. Bem… Hoje isso já acontece na prática, não? Ainda que informalmente. De qualquer forma, segundo seus estudos, o sistema de eliminatórias pediria muito menos dias de preparação, com uma redução de 25% no tempo de convocação para os jogadores europeus e de 20% para o restante do mundo.

A Fiba também garante que o seguro para os jogadores será bancado pelos seus cofres, e não mais pelas confederações. Com o formato anunciado, prometem maior visibilidade para as equipes nacionais e um maior contato dela com o torcedor local, já que disputarão jogos oficiais em casa. Esse argumento em específico faz sentido, mas sua viabilização implica nos problemas acima citados. Por fim, seu memorando também indica algo que parece mais chantagem emocional barata a “atual posição econômica do basquete estaria em risco devido à evolução de outros esportes”.

Não me parece que a NBA esteja tão preocupada assim com o vôlei, o handebol ou mesmo o rúgbi, parece? E, se for para falar de países com menos poderio econômico que os EUA, eu diria que a seleção tende a ser apenas uma consequência do produto interno, por mais que aqui em solo tupiniquim tenhamos batido insistentemente na tecla de que só os rapazes de Rubén Magnano podem alavancar a modalidade. Aos poucos, a liga nacional vai tocando seu trabalho e mostrando outro caminho.

Enfim, a Fiba diz ter esses estudos que clamam por esta revolução e que as mudanças seriam benéficas para todas: “uma renda maior e o potencial de crescimento para  a família do basquete podem ser esperados”. ´Mas dá para confiar que uma entidade que permite sem parar a compra de passaportes em todos os cantos do mundo, tirando o seu troco nessas transações, que vende convites para seu Mundial por um milhão de euros e agora deve cobrar uma fortuna pelas sedes dos Pré-Olímpicos mundiais de 2016 esteja zelando pelo bem da família do basquete? Desculpem-me se recebo essa frase de modo ressabiado.

Agora é esperar o posicionamento da Euroliga (que já está fula da vida com a entidade), da NBA, da USA Basketball, da liga nacional e de outras partes. A Fiba pode muito bem colocar em prática sua nova visão de mundo. Os clubes podem bater o pé e emperrar as mudanças. A NBA pode querer aproveitar a brecha e atender aos desejos de sua facção que deseja assumir o controle do Mundial. Enfim. Por ora, o assunto ainda é tratado em banho-maria, mas chegará o dia em que vai explodir, e aí precisa ver se nada será como antes. Ou se ficaremos na mesma.


A Austrália vem aí. Restam 9 vagas para o basquete masculino do Rio 2016
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Giancarlo Giampietro

Conta outra, vai, Bogut...

Conta outra, vai, Bogut…

Primeiro foram os Estados Unidos, campeões mundiais com facilidade. Depois, o Brasil, país-sede com muito orgulho, amor e, principalmente, custo. Agora… a Austrália, que, nesta terça-feira, terminou a série contra a Nova Zelândia e se tornou a terceira seleção a se classificar para o torneio olímpico masculino do Rio 2016.

Qualquer resultado diferente no playoff da Oceania seria uma baita zebra, mas é preciso dizer que os Tall Blacks deram um certo trabalho aos Boomers (nada como a tradição da região em apelidar tudo com muito bom gosto). No jogo de volta, em Wellington, após vitória em Melbourne por 71 a 59, os australianos abriram até 19 pontos de vantagem a sete minutos do fim, mas, seis minutos depois, viram os neozelandeses diminuírem o placar para  apenas cinco (82 a 77). Aí Matthew Dellavedova, o xodó de Cleveland e inimigo público número um da Conferência Leste, acertou uma bola de três da linha da NBA para esfriar as coisas.

Com a confiança lá no alto, aliás, Delly foi o cestinha de sua seleção, com 14 pontos em 25 minutos, depois de ter marcado 15 no primeiro duelo. Andrew Bogut, de volta ao batente pelo basquete Fiba pela primeira vez desde Pequim 2008 (!?), teve um segundo jogo muito mais produtivo que o primeiro, com 10 pontos e 10 rebotes em 20 minutos, além de 3 tocos para se estabelecer como presença intimidadora perto da cesta. Chamado de última hora, por conta da da lesão de infeliz lesão de Dante Exum, Patty Mills teve média de 13,5 pontos, 4,5 rebotes e 4,0 assistências nos dois jogos. O veterano David Andersen teve 14,0 pontos, enquanto o jovem Cameron Bairstow, ala-pivô do Chicago Bulls que agora tem um Cristiano Felício fungando no cangote, somou 9,0 pontos e 6,0 rebotes.

Dellavedova mantém alto rendimento em série contra a Nova Zelândia

Dellavedova mantém alto rendimento em série contra a Nova Zelândia

Em termos de desfalques, além de Exum, os Aussies jogaram sem Aron Baynes, que foi muito bem na última Copa do Mundo, mas teve um comportamento um tanto nojento, por assim dizer, e sem seu outro atleta do Utah Jazz, o ala Joe Ingles, que pediu dispensa para descansar um pouco. Ingles seria o equivalente ao Tiago Splitter deles, tendo batido cartão ano após ano em competições pela seleção, e não deve faltar aos Jogos Olímpicos.

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Vale ficar de olho nessa equipe. Em Londres e na Copa do Mundo, foram um time bastante chato de se enfrentar. Para o Rio, mesmo com uma ou outra ausência, precisam ser respeitados, e não apenas por sua safra recente de NBA. No geral, os caras têm um elenco muito forte fisicamente, versátil e experiente. A maioria de seus homens de rotação atuando também por fortes clubes europeus há um bom tempo. Na verdade, do time listado para enfrentar os Tall Blacks, apenas três jogam pela liga australiana.

    *    *   *

As demais vagas para as Olimpíadas serão distribuídas desta forma: apenas duas diretas para a Europa, duas para as Américas, uma para a Ásia e outra para a África, que inicia seu AfroBasket nesta quarta-feira. O torneio será disputado até 30 de agosto, um dia antes do início da Copa América, que vai até 12 de setembro. O EuroBasket sanguinário vai de 5 a 20 de setembro. Para fechar, o Copa Ásia será realizada apenas de 23 de setembro a 3 de outubro.

Restariam ainda três postos a serem distribuídos no famigerado Pré-Olímpico mundial, que terá outro formato neste ano. Em vez de um só torneio, a Fiba decidiu realizar três, com o campeão de cada um completando a chave do Rio de Janeiro, entre os dias 5 e 11 de julho. Se, por um lado, serão três disputas eletrizantes, por outro lado não dá para ignorar que a federação internacional encontrou mais uma forma de arrancar dinheiro de seus filiados, já que três países precisam se candidatar a sedes do evento – valendo vaga olímpica, imagino que não faltará interessados, especialmente com tantos bons times europeus no páreo. Além disso, com o calendário da modalidade já apertado, é óbvio que os clubes não gostaram nada dessa novidade. Por fim, como será a distribuição de países em cada torneio? A entidade ainda não divulgou e, dependendo dos critérios, algumas injustiças podem ser cometidas em nome da “pluralidade”. A ver.

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Com Valdeomillos e Ayón, México ganhou a Copa América de 2013

Com Valdeomillos e Ayón, México ganhou a Copa América de 2013

Ei, vocês aí, falando mal da CBB sem parar… Experimente curtir basquete no México para ver o que é bom para tosse. Prestes a receber o Pré-Olímpico das Américas, a federação mexicana vai ter de se explicar depois de uma, no mínimo, explosiva entrevista do técnico espanhol Sergio Valdeomillos, que comanda uma emergente seleção nacional, que, sob seu comando, ganhou a Copa América de 2013 e o CentroBasket de 2014. Em uma conversa com a rádio Reloj de 24, o treinador disse o seguinte sobre os dirigentes locais: “O problema é que dentro da federação mexicana existem gângsteres. Não é gente que ama o basquete, mas uns autênticos gângsteres sem vergonha. Algum dia vão ter de dar um jeito nisso, pois estão acabando com o segundo esporte do país. É uma pena. É incompreensível porque, depois de toda essa história, organizam um Pré-Olímpico. Algo inconcebível. É evidente que, diante de tudo isso, alguém está ganhando”.

Bem, do que o treinador está falando? Segundo deixa entender, de uma série de problemas estruturais que abalam a preparação de sua equipe, depois de um bom papel que cumpriram pela Copa do Mundo do ano passado. O último problema foi a falta de uniformes. “Existe uma anarquia de tal modo que todos querem mandar, e isso leva algumas pessoas a fazer coisas que não lhes corresponde. Então está sempre acontecendo uma coisinha aqui e ali. Toda hora tem uma notícia nova”, desabafa. “Nos anos anteriores, houve muitas anedotas e outros problemas desse tipo. Mas temos de superar essas coisas e pensar só no basquete.”

As questões, segundo o treinador, também ultrapassam as fronteiras da federação. Segundo o espanhol, sete dos seus jogadores não receberam sequer um tostão furado durante toda a temporada passada. Para constar: o próprio Valdeomillos chegou a romper com a entidade nacional devido ao atraso do pagamento de seu salário, mas foi convencido a retornar. Sem o treinador, que chegou a tirar dinheiro do próprio bolso na temporada passada, o astro Gustavo Ayón afirmou que não aceitaria a convocação. Novamente aos trancos e barrancos, com Ayón e o armador Jorge Gutiérrez no time, o México vai enfrentar Brasil, República Dominicana, Panamá e Uruguai na primeira fase da Copa América.

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Pitino fechou com Barea em Porto Rico

Pitino fechou com Barea em Porto Rico

Outra seleção que tem passado por alguns percalços nos últimos dias, tanto dentro como fora de quadra, é Porto Rico. Os pivôs Ricky Sánchez e Peter John Ramos se recusaram a jogar pelo time este ano, sem dar muitas explicações. Os dois não estavam lesionados. Carlos Arroyo também está fora, mas por opção do supertécnico Rick Pitino, que, em sua coletiva de apresentação, falou por cima sobre os conhecidos problemas de ego da seleção (é sabido que o veterano e Barea não se bicam…) e que, em sua gestão, não haveria espaço para isso. Além disso, Pitino questionou qual seria a motivação do astro porto-riquenho aos 36 anos de idade.

“Não creio que ele se encaixe nos nossos planos. Não estou seguro se, aos 36, lhe interessa fazer o sacrifício necessário para fazer o que se precisa para estar aqui. Ele já disse também que sua prioridade era voltar a jogar na Europa. E, no meu caso, também prefiro trabalhar com armadores de 32 anos ou menos, para efeitos de se fazer uma boa defesa”, afirmou. Quer dizer, foi um espancamento em praça pública, né? O curioso é que o técnico, depois, admitiu que não havia conversado pessoalmente com o armador. “Certamente não está descartado, mas depende dele.”

Arroyo, claro, não gostou nada das declarações. “Não foi prudente da parte dele”, disse. Por outro lado, em junho, ainda dizia ao jornal Primera Hora que ainda estava indeciso sobre defender, ou não, a seleção.  Agora já está fora, mas o problema é que José Juan Barea tem sido poupado de treinos e amistosos devido a uma lesão não divulgada. Outro jogador que preocupa, do ponto de vista clínico, é o ala John Holland, atleta de primeiro nível, excelente defensor e que ganhou relevância em suas últimas participações. A boa notícia é que o ala Maurice Harkless, agora do Portland Trail Blazers, se apresentou pela primeira vez e está pronto para a Copa, assim como o intempestivo Renaldo Balkman. Ainda assim,  dá para dizer que Pitino talvez tivesse oooutra coisa em mente quando topou abrir mão de suas férias para comandar a equipe, sonhando em treinar uma equipe olímpica pela primeira vez.

*   *   *

O torneio olímpico feminino já conta com cinco times garantidos. A Brasil, Estados Unidos e Sérvia se juntaram, nos últimos dias, o Canadá, campeão com folga da Copa América em que o Brasil deu mais um vexame, e a Austrália, que também não teve dificuldade para superar a Nova Zelândia no torneio da Oceania.

 


Cesta da Jamaica! O novo capítulo da crise com Fiba, e a humilhação da CBB
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Giancarlo Giampietro

Carlos Nunes nos holofotes agora, com o pires na mão

Carlos Nunes nos holofotes agora, com o pires na mão

“Fiba recusa proposta da CBB e seleções de basquete podem até ser suspensas”. A essa altura, vocês já leram a matéria de assinatura tripla aqui do UOL Esporte que revela o mais novo capítulo da saga que agora humilha o basquete brasileiro no mundo inteiro. Jornalistas americanos, espanhóis, argentinos, gregos… Já estão todos repercutindo a pindaíba nacional. A última é que as equipes brasileiras podem ser suspensas de atividades internacionais nos próximos meses. Isso inclui a Copa América e até mesmo a Copa Intercontinental entre Bauru e Real Madrid. Ah, e alguém falou de vaga olímpica?

Se não bastasse o fato de a seleção brasileira ter perdido para Uruguai e Jamaica – não dá realmente para ignorar que todo esse causo tem origem em derrotas históricas em quadra, em 2013 –, agora é a hora de passar carão do ponto de vista de *gestão*, estendendo suas mazelas financeiras para o âmbito internacional, devendo dinheiro justamente para seu, digamos, ‘chefe’. Dá para dizer que não é a atitude mais esperta, ainda mais no atual contexto.

Já escrevi aqui no mês passado: “A CBB escolheu a pior hora para ficar em dívida com a Fiba, que vive um de seus períodos mais agitados nos bastidores, com a ideia de expansão de sua marca (e do basquete, quiçá). A troca do nome de Campeonato Mundial para Copa do Mundo, o deslocamento da competição para um ano ímpar, fugindo de eventual conflito com a Copa do futebol, a trabalhosa proposta de alteração no calendário de seleções, com inclusão de eliminatórias… Tudo com alcance global, em larga escala. Mas as mexidas não param por aí, fazendo um movimento agressivo apara reassumir o controle da Euroliga, sob o comando de um agora incisivo secretário geral Patrick Baumann”. Geralmente acusamos as federações de serem ineptas, inertes. Neste momento, a Fiba está em alvoroço, independentemente da pureza de seus motivos. Eles querem bufunfa, claro. Da CBB, dos clubes europeus e de todo mundo – e os cartolas brasileiros deveriam saber disso.

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A entidade agora exige uma solução (leia-se “pagamento”) até 31 de julho. Afinal, a logística da Copa América (feminina e masculina) depende disso. Uma reunião vai ser realizada durante os Jogos Pan-Americanos, em Toronto, de 21 a 25 de julho, para saber o que se fazer. Até lá, deve acontecer alguma correria por aqui para se levantar o máximo de bufunfa possível, talvez adiantando cotas de patrocínio – prática que só serve para deixar a confederação mais estrangulada no futuro.

Derrota na Copa América de 2013 fica mais e mais cara

Derrota na Copa América de 2013 fica mais e mais cara

O pior: o convite foi vendido para a CBB em janeiro de 2014. Há um ano e meio. Desde então, a confederação simplesmente não encontrou um meio de pagar a quantia de US$ 1 milhão em sua totalidade, se estrepando enquanto o câmbio decolava no ano passado, é verdade. Até agora, pagaram apenas US$ 300 mil. A última proposta foi de parcelar a parcela: os US$ 700 mil restantes (que equivalem a duas prestações do ingresso na Copa do Mundo). De novo: desde fevereiro de 2014, tiveram 17 meses para se preparar, e não o fizeram. É difícil de entender isso.

Será que a intenção era dar um calote, acreditando que tudo passa nessa vida, sem imaginar que a Fiba jamais ameaçaria tirar uma potência (do passado) como o Brasil dos Jogos Olímpicos? Bom, vamos supor que não, pela boa-fé. Até por termos todos os fatos expostos sobre a falência de seu escritório, que hoje já deve R$ 13 milhões na praça, a despeito dos constantes pedidos de socorro ao Governo para custeio das operações de suas equipes em viagens internacionais.

Até por conta dessa penúria, o mais prudente era realmente aceitar a eliminação da Copa do Mundo e tirar o time de quadra, mesmo que a seleção tenha sido competitiva na Espanha. Entrar pela porta dos fundos, só para manter uma sequência de participações nos Mundiais não vale este vexame. Sim, é um vexame, não importando o desfecho desta história. Mesmo que a Fiba arrefeça, não vejamos o sorriso de sempre, como se nada tivesse acontecido. Como se fosse uma vitória. No futebol, convencionou-se a expressão “gol da Alemanha”, certo? Aqui, encerramos com “mais uma cesta da Jamaica”.


Até agosto, o planejamento das seleções brasileiras está em suspenso
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Giancarlo Giampietro

Clima de suspense sobre a vaga brasileira no Rio 2016

Clima de suspense sobre a vaga brasileira no Rio 2016

O companheiro Fábio Aleixo noticia aqui no UOL Esporte: “Fiba adia decisão e Brasil terá de esperar até agosto por vaga olímpica”. Traduzindo: todo o planejamento da CBB para este ano está sequestrado pela federação internacional, e com possíveis repercussões para a conclusão do ciclo olímpico em 2016. Que a Fiba não consiga realizar uma reunião sequer de conselho para definir algo tão simples (e importante) – se o país anfitrião dos Jogos do Rio 2016 terá uma vaga automática – não é culpa dos cartolas brasileiros. Mas não dá para ignorar que a inépcia dos mesmos os empurrou nessa direção.

Foi um efeito dominó, gente, que deixou a seleção brasileira nessa situação ingrata e vexatória. Começou com a campanha horrível no Torneio das Américas de 2013 e a exclusão, por critérios esportivos, da Copa do Mundo. Para não quebrar uma sequência histórica de participações no Mundial, a confederação nacional se comprometeu a pagar um milhão de euros por um (?) convite. Atolada em dívidas, a entidade não conseguiu honrar com seus compromissos no tempo devido e ficou na mão dos dirigentes de lá. Agora toca esperar.

Inicialmente, a Fiba afirmou que tomaria uma decisão a respeito em março. Depois, a reunião foi marcada para o dia 18. Mas já pode mudar isso, pois agora ficou para os dias 7, 8 e 9 de agosto. Só para deixar as coisas mais complicadas, o encontro será realizado no Japão. Quer dizer: vai ter gente madrugando para saber o que será que será.

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As consequências? Que Rúben Magnano muito provavelmente não vai poder dirigir a seleção masculina no Pan Americano, competição bastante valorizada pelo Comitê Olímpico Brasileiro, aquele que banca os vencimentos do treinador. Não que José Neto não possa fazer um bom trabalho, vindo de um tricampeonato do NBB. Mas a expectativa, de bastidores, era outra.  O torneio do Pan termina no dia 25 de julho – antes da reunião em Tóquio. A Copa América começa no dia 31 de agosto. O argentino teria tempo de dirigir o time em Toronto e, na piora das hipóteses, retornaria ainda com mais de um mês de preparação para uma eventual disputa pela vaga olímpica. Mas já disse que, na incerteza, não assumiria nenhum tipo de risco nesse sentido.

Yvan Mainini, presidente da FIBA e Patrick Baumann. Entre eles, Carlos Nunes

Yvan Mainini, presidente da FIBA e Patrick Baumann. Entre eles, Carlos Nunes

A ideia de Magnano era usar a competição continental para investir em mais jogadores jovens, o que seria positivo em duas frentes: 1) dar uma chance a jogadores mais jovens de disputar uma competição relevante e competitiva, podendo avaliar peças para completar o time do Rio 2016 e 2) dar um descanso aos seus veteranos – a geração ‘Nenê’ está vencendo na NBA, mas já passou da casa dos 30 anos.

Requerer os serviços desses caras os deixaria numa situação muito difícil, com o evento terminando no meio de setembro, a menos de um mês da apresentação para o training camp. E cuidado com a sobrecarga – estendendo a temporada por mais um mês, quando o melhor era poupar esforços. Isso, claro, se o Brasil conseguir a vaga, uma vez que só os dois finalistas conseguirão se classificar. Os Estados Unidos, campeões mundiais, estão dispensados da disputa, a Argentina talvez tenha baixas de sua geração dourada, mas basta ter Scola para dar trabalho, enquanto o Canadá vai forte, os mexicanos, anfitriões, estão empolgados, e tudo o mais.

Antes de preocupante, no entanto, essa é uma situação constrangedora, que poderia ter sido evitada com um trabalho melhor de Magnano em 2013, a humildade de aceitar uma campanha fracassada ou uma decisão mais precavida na hora de gastar uma dinheirama que você não tem.

A CBB escolheu a pior hora para ficar em dívida com a Fiba. A federação internacional vive um de seus períodos mais agitados nos bastidores, com a ideia de expansão de sua marca (e do basquete, quiçá). A troca do nome de Campeonato Mundial para Copa do Mundo, o deslocamento da competição para um ano ímpar, fugindo de eventual conflito com a Copa do futebol, a trabalhosa proposta de alteração no calendário de seleções, com inclusão de eliminatórias… Tudo com alcance global, em larga escala. Mas as mexidas não param por aí. A entidade também vem fazendo um movimento agressivo apara reassumir o controle da Euroliga, sob o comando de um agora incisivo secretário geral Patrick Baumann.

Em entrevista ao Mundo Deportivo, Baumann foi questionado sobre o impasse no aproveitamento de jogadores da NBA neste novo modelo de calendário. Em sua resposta, afirmou que a NBA aceitou o fato de que os Estados Unidos precisará eventualmente lutar por sua classificação para os torneios internacionais, independentemente de títulos olímpicos ou mundiais. “A classificação automática já não existirá a partir de 2017”, diz. E se eles decidirem antecipar, tipo, para agora?

Agora o basquete brasileiro se vê envolvido de modo precoce no meio desse turbilhão, sem poder se planejar direito, deixando todo mundo em suspenso: jogadores, jornalistas, técnicos e, infelizmente, o cheque.


Revelação da Jordânia chama a atenção de Ivkovic
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Giancarlo Giampietro

Al Dwairi levou a Jordânia ao quinto lugar na Copa da Ásia, contra o Japão

Al Dwairi levou a Jordânia ao quinto lugar na Copa da Ásia, contra o Japão

Glo-ba-li-za-ção. Já faz tanto tempo que a gente fala e ouve a respeito, que parece coisa do passado, né? Mas no basquete ainda se sente os efeitos dela diariamente. Como quando você acorda, checa as fontes básicas do Twitter e dá de cara com isto aqui, via Sportando:

“Anadolu Efes está interessado no pivô Ahmad Al Dwairi”

Ahmad quem?

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Al Dwairi levanta a galera

Al Dwairi levanta a galera

Pois é: aí taca fazer uma pesquisa rápida, para checar a procedência. E aí descobre-se que se trata de um pivô jordaniano. Considerado um prospecto para as ligas de ponta. Com especulação até de NBA. Vindo da Jordânia. E por que não?

De 21 anos e supostos 2,09 m de altura, Al Dwairi teve médias de 12,7 pontos e 10 rebotes por jogo na última Copa da Ásia. Agora, saibam que não foi muito fácil achar mais informações a respeito do cara. Pudera: não é que seu país esteja plenamente inserido na rede mundial do basquete. O pivô joga pelo Al Ittihad Schools na liga nacional de seu país.

Nem mesmo sua ficha Fiba é muito detalhada. De qualquer forma, seguem aqui seus dados da última copa continental, jogo a jogo. Contra o Irã, adversário brasileiro no Mundial, foi excluído com cinco faltas em apenas 28 minutos, terminando com 14 pontos e 7 rebotes. Bom destacar que o glorioso Hamed Haddadi não jogou. Contra os carismáticos filipinos, sem Andray Blatche, foram 13 pontos, 14 rebotes, 2 tocos e 2 roubos de bola em 30 minutos. A seleção jordaniana terminou com uma honrosa quinta colocação.

Deem uma espiada logo abaixo em um compacto (de melhores momentos, claro) do jogador num torneio amistoso nesta temporada. Obviamente o cara é um atleta de ponta. Por outro lado, não dá para ignorar o baixo nível da concorrência. É um gigante em meio a baixinhos, seguido os passos de Haddadi e Salah Mejri, pivô do Real Madrid.

O Anadolu Efes seria um ótimo clube para o jovem pivô – já até está treinando por lá. Sob o comando de Dusan Ivkovic, o porjeto enfatiza de hoje enfatiza o desenvolvimento de jovens atletas. Além do mais, as particularidades culturais de Istambul podem facilitar sua adaptação fora de casa – impacto muito menor, claro, do que o de uma eventual viagem para os Estados Unidos.  Além disso, sua mãe é truca e ele nasceu nessa metrópole. Vamos monitorar no que vai dar essa história toda. Promessa é dívida.


Clubes brasileiros asseguram domínio inédito nas Américas
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Giancarlo Giampietro

A loucura de Mogi continua. Final inédita para eles

A loucura de Mogi continua. Final inédita para eles

Já contamos aqui como Bauru e Mogi vão disputar nesta quinta-feira o título da Liga Sul-Americana. Um dado relevante, porém, estava escapando: pela primeira vez na história, um país das Américas – o Brasil, no caso – conseguiu dominar por dois anos seguidos as duas principais competições do continente*. Para aqueles que estão antenados só com a NBA, tem #LSB e a Liga das Américas. De 2013 para cá, ambas têm pertencido a clubes brasileiros.

*Asterisco 1: obviamente estamos tratando do continente da Fiba, né? Sem os irmãos ao Norte da fronteira do México. Caímos naquela mesma discussão de Mundial de Clubes x Copa Intercontinental etc.

*Asterisco 2: só entram na conta aqui os torneios organizados pela Fiba desde 1996, de modo consistente. Desde, então, a Liga Sul-Americana só não foi disputada em 2003; em 2009, houve duas edições. A Liga das Américas passou a ser disputada anualmente desde 2007-08.

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De toda forma, os fatos são estes. Quatro títulos brasileiros em sequência. Não faz muito tempo que as mazelas da seleção nacional contra argentinos caminhavam em simbiose com o âmbito clubístico. “Até quando os times daqui vão perder para os de lá?” – era a incômoda indagação que se fazia, e que agora entrou em desuso.

Jay Jay agora já se acostumou com os clubes brasileiros. Todo respeitoso

Jay Jay agora já se acostumou com os clubes brasileiros. Todo respeitoso

O quanto isso tem a ver com uma evolução do basquete brasileiro e/ou a piora do argentino? Pesa mais o que está dentro ou fora de quadra? O quão determinante são os maiores orçamentos dos clubes nacionais para essa virada? O quanto disso é decorrente da estruturação do NBB? Houve alguma guinada/derrocada atlética de um dos lados?

Enfim, o mais fácil é dizer que o cenário econômico é realmente decisivo. Mas há tantos outros tópicos a serem investigados. Tudo isso exige mais parcimônia na ponderação e também mais tempo para ver se esses resultados serão realmente sustentáveis. Afinal, ainda estamos rodeados de problemas, de bastidor ou refinamento técnico.

Nesta terça-feira, enquanto Bauru e Mogi venciam pelas semifinais da Liga Sul-Americana, Flamengo e Pinheiros não conseguiam entrar em quadra para disputar mais uma rodada do NBB7. Quer dizer, eles até entraram em quadra para se aquecer até que veio uma bomba inesperada: o ginásio do Tijuca ainda não estava liberado para receber o duelo. O jogo, que já não contaria nem com público, foi adiado. Não dá para esquecer a situação triste por que passa Franca. Justo Franca.

Orçamento do Bauru de Guerrinha nesta temporada ainda é coisa rara

Orçamento do Bauru de Guerrinha nesta temporada ainda é coisa rara

Um ponto interessante, todavia, vale destaque: são quatro troféus para quatro clubes diferentes nestas duas temporadas, independentemente do desfecho do duelo Bauru x Mogi. Pinheiros e Flamengo ficaram com a Liga das Américas. Brasília faturou a última Liga Sul-Americana. Agora vai ter um campeão continental inédito.

Brasília já viveu seu período de hegemonia por aqui. No momento, o Flamengo é o time a ser batido – não poderia ter conquistado a #LSB2014, aliás, pelo simples fato de não tê-la disputado. Se mantiver o investimento, Bauru tem tudo para assumir a tocha. Citar esses três clubes em sequência já comprova uma alternância de poder bem-vinda e uma independência de uma eventual superpotência.

Como nos mostra Mogi, subindo um degrau depois do outro, partindo de um torneio Novo Milênio em São Paulo até uma decisão continental, com maior aporte financeiro e retorno de público. Mais um exemplo de que dá para fazer, bastando ter paciência e um projeto sólido. Um pouco de sorte no meio da escalada nunca faz mal. Mesmo que o clube não ganhe o título na quinta-feira, trata-se da história mais saudável nessa ascensão brasileira, significando chances maiores de sucesso duradouro.

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Para a Argentina, no biênio 2010-11, para completar quatro títulos continentais seguidos, faltou uma Sul-Americana, a de 2010, que ficou com Brasília, em final brasileira contra o Flamengo. Em 2007-08, faltou aos argentinos uma Liga das Américas, a de 2007. Que não existia ainda, na verdade. Nesse período, conquistaram três títulos com três times diferentes: Libertad de Sunchales e Regatas Corrientes com a Sul-Americana e Peñarol de Mar del Plata com a primeira Liga das Américas.

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O Brasil vai subir para sete títulos da #LSB nesta quinta. Ainda faltam cinco para alcançar a Argentina. Nenhum outro país foi campeão do torneio. Na Liga das Américas, são três títulos para cada. A Argentina tem um vice-campeão a mais (2 a 1). O México tem um título, com o Pioneros de Quintana Roo em 2012.