Vinte Um

Arquivo : Austrália

O que está por trás da grande campanha da Austrália
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Giancarlo Giampietro

Dellavedova: inteligência não falta aos Boomers

Dellavedova: inteligência não falta aos Boomers

Por Rafael Uehara*

É de se argumentar que a seleção australiana foi a melhor equipe da primeira fase neste #Rio2016. Venceu quatro dos seus cinco jogos, com margem de 21,5 pontos por vitória, e sua única derrota veio para a seleção americana, por meros 10 pontos que não refletem de forma correta o quanto aquele jogo pareceu em aberto até os últimos cinco minutos.

É uma campanha que tem sido considerada um tanto quanto surpreendente, mas provavelmente não deveria ser.

Analisando este elenco, vemos seis jogadores de NBA, três deles parte de times que concorreram ao título na temporada passada, embora todos coadjuvantes. Também não há nenhum protagonista no mais alto escalão do basquete europeu neste grupo. David Andersen já teve seus dias de estrela com o Siena e o Fenerbahçe, mas hoje joga na mediana liga francesa e sua produção lá também não é nada de se encher os olhos.

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Porém, estes sete jogadores, mais o atirador certeiro Ryan Broekhoff e o armador relativamente versátil Kevin Lisch formam uma rotação sem nenhum ponto fraco considerável, e muito bem treinado pelo técnico Andrej Lemanis. Esse time tem mostrado que a força coletiva, quando organizada de forma inteligente, pode compensar à falta de talento individual.

Patrick Mills e Matthew Dellavedova não são criadores de primeiro nível na NBA. Não seria a melhor decisão depender deles para criar contra uma defesa bem armada com freqüência. Mas ambos são extremamente inteligentes e precisam apenas de ligeira vantagem para penetrar o garrafão, forçar rotações e desestabilizar a marcação adversária.

Para proporcioná-los essa vantagem, Lemanis criou um sistema ofensivo com corta-luzes altos, colocando bastante ênfase especialmente no corta-luz em transição. Nem sempre isso resulta em caminho aberto para os armadores partirem pra cima, mas, quando simplesmente forçam trocas, já tiram a defesa fora do seu plano de ação. A seleção americana, em particular, sofreu com esse tipo de ação.

Na meia-quadra, o ataque australiano se movimenta bastante, com os jogadores posicionados na zona morta constantemente fazendo o corta-luz uns para os outros, tentando libertar alguém para um corte pra cesta ou um tiro de três pontos sem marcação. Em cinco jogos, o time tem aproveitamento de 59% em tiros de dois pontos e 36,2% em tiros de três pontos, além de ter registrado média de 26 assistências por jogo.

Lemanis foi submetido a um questionamento público com sua opção de escalar Andrew Bogut e Aron Baynes juntos. Dois pivôs como estes na mesma escalação vai contra os princípios do basquete moderno que prega espaçamento da defesa – não põem medo no adversário quando estão fora do garrafão, sequer com um tiro de meia distância (que Baynes tenta de vez em quando).

Bogut: um terceiro armador de 2,13m de altura

Bogut: um terceiro armador de 2,13m de altura

Mas Bogut tem jogado como quase um terceiro armador, com média de quatro assistências por jogo no torneio, frequentemente facilitando as coisas posicionando-se no topo do arco e somente descendo abaixo da linha de lances livres quando vai ao aro para receber um passe no pick-and-roll ou quando identifica que tem um jogador menor o marcando e pede a bola de costas pra cesta. A constante movimentação tem permitido que o ataque funcione bem mesmo com os dois pivôs juntos, embora há ocasiões em que a presença de Andersen (ala-pivô moderno, que precisa ser marcado no perímetro) é necessária.

Defensivamente, este time é suscetível a sofrer nas mãos de alas potentes, capazes de carregar um time nas costas. Nem Broekhoff, nem Joe Ingles têm porte atlético pra esse tipo de tarefa. É por isso que ainda sim é difícil ver esse time brecando o a seleção americana o suficiente para batê-los.

Mas com Bogut protegendo a cesta, ainda um dos melhores da NBA nesse quesito mesmo que seu corpo continue deteriorando, e Mills e Dellavedova pressionando a bola, com duas verdadeiras pestes que fazem o possível para navegar entre corta-luzes e se manterem vivos no pick-and-roll para limitarem a necessidade de rotações, esse time tem uma base para se impor nesse lado da quadra também contra todos os outros adversários, permitindo apenas média de 67,5 pontos na primeira fase para times que não o americano.

*Rafael Uehara edita o “Basketball Scouting”. Seu trabalho também pode ser encontrado nos sites “Upside & Motor” e “RealGM”, como contribuidor regular. Vale segui-lo no Twitter @rafael_uehara.

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Dez previsões nada ousadas para o Rio 2016
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Giancarlo Giampietro

Boogie Cousins, Team USA

Quando jornalista se mete a dar palpite, está arrumando confusão. Pode ser sobre um confronto Japão x Filipinas pelos Jogos Asiáticos Universitários. Você falou, escreveu, quis cravar? Imediatamente fica sob o risco de queimar a língua. Ou o dedão da mão direita.

A gente tem essa mania de se meter a sabichão, né? De querer se antecipar a quaisquer grupo de deuses que estejam vagando por aí e provar por A + B que sua lógica está infalível no momento. Dois, três dias depois? É bastante provável que vá dar tudo errado. Ainda mais num torneio olímpico cheio de equilíbrio.

Isso tudo não significa que esse tipo de exercício seja pura bobagem. Não estou aqui para pagar de mais sabichão ainda, esnobe, acima das vontades mudanas esportivas. É esporte só. Que, em diversos casos e eventos, obviamente ganha proporções gigantescas pela quantidade de dinheiro que move e por suas implicações político-culturais. Ainda assim, no final das contas, é só esporte. Que envolve paixão (por vezes em intensidade descabida), mas não deveria ser levado tão a sério. Então qual o problema de ficar palpitando? Tem um monte de gente por aí que anda emburrada pacas, querendo reclamar a toda hora. Mas há quem se divirta demais em comparar resultados e discutir depois, numa boa.

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Então o que este blogueiro vai fazer?

Dar alguns palpites, mas sem cravar resultados, para além do ouro olímpico para os Estados Unidos, que isso é coisa para bolão. Não tem nada muito ousado aqui, claro. Alguns dos itens abaixo têm o mesmo valor que dizer que a “Dinamarcá terá um bom goleiro” ou que “os quenianos vão dominar o pódio da maratona”. Coisa de bidu, mesmo. Podem bater:

O Rio 2016 será o Torneio de Boogie Cousins. Kevin Durant é mais jogador. Carmelo Anthony é outro cestinha perfeito para o mundo Fiba. Kyrie Irving vai ter mais oportunidades de arremesso. Mas podem se preparar para uma exibição, digamos, hulkiana do intempestivo DeMarcus. O pivô está enxuto como nunca, ganhando agilidade sem perder sua força física descomunal, prontinho para esmagar seus adversários, tal como o dito “Gigante Esmeralda” nos quadrinhos. Para quem tem desperdiçado alguns bons anos produtivos nos confins de Sacramento, jogar com o Team USA no Rio de Janeiro serve quase como uma experiência terapêutica. Quiçá, o contato com a elite da modalidade pela segunda competição internacional seguida também não motive Boogie a aceitar aquele procedimento básico que se chama amadurecimento. Com a cabeça no lugar, tem tudo para fazer paçoca da concorrência.

hulk-smash-esmaga

– O Grupo B vai ser um tiroteio. Sinceramente, qualquer pessoa pode se gabar aqui e dizer que tem certeza que a Espanha será a primeira colocada dessa chave, seguida por Lituânia, Brasil e Argentina. Tudo bem, pode ir em frente com essa. Mas a real é que ninguém, com o juízo em dia, sabe realmente qual será o desenrolar destas partidas. No meu entender, pelo menos, até a Nigéria tem chances, mesmo que correndo por fora. Isso sem nem levar em conta o que aconteceu nos amistosos. Vai ser uma disputa duríssima, com a seleção brasileira metida no meio. Haaaaaaaja coração. (Agora, pode muito bem que a Espanha não tome conhecimento de ninguém, vença todos e que a Nigéria apanhe – e, no final, restariam três vagas para quatro seleções. Ainda assim seria dramático.)

– Vamos ter um top 10 só com DeMar DeRozan. O ala do Raptors é outra figura de segundo escalão que pode aproveitar a experiência olímpica para expandir sua marca globalmente, como diria o agente de LeBron. Embora já eleito duas vezes para o All-Star Game, não dá para dizer que o jogador desfrute de tanto prestígio assim em todas as cidades da liga que não estejam em território canadense. Então lá vai essa maravilha atlética aproveitar os inúmeros contra-ataques em garbage time que a seleção norte-americana vai ter, para saltar em 720º, se desvencilhar de oito braços compridos chineses no ar e dar suas cravadas. Paul George, Kevin Durant, Jimmy Butler, Harrison Barnes e, principalmente, DeAndre Jordan podem ser todos ignorantes no ataque ao aro. Mas nenhum deles tem a plasticidade de DeRozan em seus movimentos. Ele será o Capitão Vine da Olimpíada, ganhando até de Usain Bolt.



– Nenê não será vaiado. O bom senso, afinal, ainda pode prevalecer. Quatro anos atrás, o pivô foi vaiado de modo deprimente pelo público presente na Arena HSBC, quando a NBA trouxe um amistoso de pré-temporada pela primeira vez ao Brasil. Maybyner Hilário agora retorna ao Rio de Janeiro com um papel importantíssimo pela seleção brasileira, liderando um garrafão 40% renovado após as baixas de Splitter e Varejão. Se for para buzinar no ouvido de alguém, é só procurar as figuras de Gerasime Bozikis e Carlos Nunes pelo ginásio. Eles certamente estarão presentes, em lugares privilegiados.

Guia olímpico 21
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– A Venezuela vai encrespar com França e/ou Sérvia. Eles têm talento para bater de frente com essas seleções europeias? Não. A França foi campeã europeia em 2013, bronze pela Copa do Mundo em 2015 e bronze novamente pelo EuroBasket do ano passado. A Sérvia chegou ao segundo lugar no Mundial. Mas este time aguerrido de Néstor “Che” García parece destinado a aprontar, a fazer mais do que se esperava deles. A classificação olímpica já foi uma façanha, deixando a badalada e numerosa geração canadense pelo caminho (o Canadá está para o mundo Fiba hoje assim como a Bélgica, para o futebol). Mas por que eles se contentariam com isso? Seus armadores são manhosos e o time passou a defender muito bem com Che. Pode ser que consigam cozinhar a partida contra equipes muito mais expressivas.

Venezuela, Nestor Garcia, Copa América, Fiba Américas

– É melhor não se meter em um jogo parelho com a Argentina. Por falar em jogo apertado, eu não gostaria de ter defender contra uma equipe que vá colocar em quadra Manu Ginóbili e Luis Scola ao mesmo tempo numa última posse de bola. É muito talento e respeito em quadra. Cojones e muito mais, claro. Aqui tem a máxima que a mídia americana costuma usar para a NBA, com a qual concordo: é muito provável que o time com os dois, três melhores jogadores em quadra saia vencedor de uma partida. Em 2016, talvez a dupla argentina já não consiga mais ser superior por 40 minutos. Mas, num ataque final, valendo o jogo, com tudo o que eles já experimentaram de sucesso em suas carreiras? Eu gelaria.

Nando De Colo vai fazer muita gente se perguntar por que diabos ele não quis nem negociar direito com as equipes da NBA. É, o francês está jogando muito. O cara tem os números de Euroliga para exibir por aí e também um jogo vistoso demais, que deve ser ainda mais bacana ao vivo. Ele joga em seu próprio ritmo. O mais legal: geralmente consegue chegar aonde quer para finalizar. É nisso que dá sua combinação de drible, altura e fome de bola.

Huertas, Rodríguez e Tedosic vão dar passes para confundir até mesmo seus companheiros. É a turma do sexto sentido. Mais três jogadores que não são os mais explosivos em quadra, mas têm tanta habilidade, coordenação e visão de quadra, que fazem o jogo ficar muito mais rápido e imprevisível. As defesas muitas vezes podem achar que os têm controlados, e aí de repente sai aquele passe (quase) sem olhar para o pivô livre debaixo da tabela. É bom que Augusto Lima, Felipe Reyes, Milan Macvan & Cia. estejam espertos. Posso dizer: é meu tipo de lance favorito.

Olha para um lado, e a bola vai passar pelas costas de Baynes

Olha para um lado, e a bola vai passar pelas costas de Baynes

Matthew Dellavedova vai irritar alguém – ou muita gente, mesmo. Ele sempre arruma uma em quadra, não? Se acontece nos playoffs esvaziados da Conferência Leste, com o Cavs passando por cima de tudo mundo, por que não iria ocorrer em uma Olimpíada, com os ânimos muito mais esquentados? Pior: Delly tem uma baita cobertura. É só olhar o tamanho dos pivôs australianos para compreender uma eventual super-agressividade do armador. Com Andrew Bogut retornando, fazendo uso nada econômico das cotoveladas, é chance quase zero que os Boomers não se metam em pelo menos uma confusão em jogos pelo Grupo A.

– Alguém vai dizer que lance livre ganha jogo. Mas talvez não digam que um rebote, um toco, uma assistência e um arremesso contestado de média distância o façam.

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Rendimento nos amistosos deixa até Magnano feliz. Mas são só testes ainda
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Giancarlo Giampietro

Marquinhos esquentou contra a Lituânia. Crédito: Gaspar Nóbrega/Inovafoto

Marquinhos esquentou contra a Lituânia. Crédito: Gaspar Nóbrega/Inovafoto

Os amistosos vão passando, e a seleção brasileira, vencendo. São cinco jogos-teste até o momento e cinco triunfos,  restando mais uma “pelada” contra a China antes de a coisa ficar séria, seríssima ao chegar o #Rio2016.

Até enfrentar dificuldades contra a Lituânia neste domingo, com uma vitória por 64 a 62 em Mogi das Cruzes, a equipe de Rubén Magnano vinha atropelando a concorrência, com placares de 90 a 45 e 96 a 50 contra a Romênia,  96 a 67 contra a Austrália e 91 a 50 contra a China. Podem fazer as contas aí, que vai dar 42,7 pontos de saldo. Num estalo, não tem como não se empolgar com esse rendimento, certo? Até que chegaram os bálticos, adversários da estreia olímpica, para complicar um pouco as coisas.

Agora, independentemente do que se passou neste penúltimo amistoso em Mogi, não é para se deixar levar por euforia ou preocupação. Sim, testes contra Romênia e China só servem para exercitar a seleção e não provam nada. Austrália e Lituânia são obviamente muito mais competitivas. Ainda assim, estamos falando apenas de partidas preparatórias. Amistosos podem ser traiçoeiros, dependendo do nível de concentração e dedicação dos adversários. Por um lado,  a equipe nacional não tirou o pé e fez jogaram o máximo e atropelaram, sem considerações maiores. Vale dizer que dois dos melhores jogadores chineses, o armador Ailun Guo e o pivô Jianlian Yi, mal jogaram. Ninguém é campeão antes de o torneio começar. Talvez só os Estados Unidos.

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Neste domingo, também vimos claramente a seleção do Leste europeu medindo esforços. Onde estavam Jonas Valanciunas e Mantas Kalnietis no quarto período? E desde quando Jonas Maciulis se transformou num Linas Kleiza para querer arremessar e partir para a cesta toda vez que pegava na bola? Enfim. Naturalmente, Magnano também não mostrou  todas as suas cartas. E por que ele e Kazlauskas o fariam, a poucos dias de se enfrentarem pelas Olimpíadas, num grupo em que cada rodada será basicamente uma decisão? Não é querer ser chato ou desconfiado demais, embora esse seja mais ou menos um pré-requisito jornalístico.

O time tem se apresentado bem. A dúvida que fica é apenas sobre o nível de seriedade que a seleção teve em seus amistosos, comparando com o que os australianos e lituanos mostraram, mesmo que, contra estes, o pau tenha quebrado nas disputas do garrafão. O placar contra o  time da Oceania, por outro lado, impressiona bastante, por mais que não estivessem a todo o vapor.

Os sinais positivos? A pegada defensiva ainda está ali, algo que Magnano reforçou no momento em que chegou. O mais importante também é ver que o elenco, no geral, está muito bem fisicamente, mesmo, voando em quadra, pressionando a bola, saindo em velocidade. No ataque, como aponta Magnano, estamos vendo poucos arremessos forçados e a bola compartilhada. Existe todo um mistério, ou até mesmo drama em torno de quem seria o “go-to guy” da equipe, aquele cara de referência. Como Gasol na Espanha, Bojan Bogdanovic na Croácia, Nando De Colo/Tony Parker na França etc. Se essa fosse uma condição obrigatória, Marquinhos seria meu candidato. Mas, se o Brasil mantiver essa abordagem que vem mostrando nos amistosos, talvez simplesmente não seja necessário. A equipe conta com diversos jogadores talentosos em diferentes posições, que podem partir para o ataque quando chamados, dependendo de quem é o marcador do outro lado. E eles não têm forçado a barra. No final, o arremesso de três está irregular, então também foi bom ver o ala flamenguista despertar em Mogi.

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“Como treinador, tenho que tentar fazer com que os jogadores atinjam a excelência. Alguma coisa sempre falta, mas vimos, por exemplo, 14 assistências, o que quer dizer que a bola rodou, que os jogadores passaram a bola. A solidariedade está presente no jogo, tanto no aspecto ofensivo, quanto no defensivo. Estou muito contente”, afirmou o treinador da seleção, após o triunfo de domingo.

Agora, precisa ver como tudo isso vai ser aplicado quando o jogo estiver valendo. E valendo muito. Magnano, da sua parte, acredita que a partida contra os lituanos serviu para se avaliar isso também.  “Foi um jogo muito interessante porque nos colocou em situações de adversidade. Quatro pontos atrás, três pontos, quatro de novo. E recuperamos. Isso nos dá confiança. Alguns acham que, quando o Brasil cai no buraco, não é capaz de sair. Não é assim. Já mostramos isso em outras situações, e neste jogo aconteceu novamente. Parecia que a Lituânia ia disparar, mas fomos capazes de suportar isso, continuar jogando e passar à frente. Então isso não me preocupa muito porque acho que estamos bem.”

É difícil ver o argentino solto deste jeito. Ainda assim, é mais recomendável ainda evitar o termo “empolgar” ao falar sobre os amistosos e os placares obtidos pela seleção. Se quiser usar “animar”, com o aval do costumeiramente exigente treinador brasileiro, acho que aí fica tudo bem.

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Guia olímpico 21: Austrália e Croácia ainda acreditam
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Giancarlo Giampietro

Pergunta: Vamos agrupar cada equipe olímpica em diferentes escalões, de acordo com seu potencial (na opinião de um só blogueiro enxerido)?

Reposta: Sim, vaaaaamos!

Então aqui estão:

1) EUA
2) Espanha e França
3) Sérvia e Lituânia
4) Argentina, Austrália, Brasil e Croácia
5) Nigéria e Venezuela
6) China

Que fique claro: não é que essas castas sejam imóveis e que haja um abismo de uma para outra – excluindo os Estados Unidos como óbvios indicados ao ouro. Entre os segundo, terceiro e quarto andares, a diferença não é muito grande. São todos candidatos ao pódio. Basta lembrar que a seleção brasileira venceu França e Sérvia pela última Copa do Mundo e também bateu a Espanha em Londres 2012, num jogo muito estranho, mas paciência. E talvez até mesmo a Nigéria possa subir um piso, dependendo de sua lista final.

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Vamos com as seleções que etão faltando no terceiro grupo:

CROÁCIA

Armadores: Roko Ukic, Rok, Stipcevic.
Alas: Bojan Bogdanovic, Krunoslav Simon, Mario Hezonja, Luka Babic e Filip Kruslin.
Pivôs: Dario Saric, Miro Bilan, Darko Planinic, Zeljko Sakic e Marko Arapovic.

Bogdanovic anotou 24,2 pontos pelo Pré-Olímpicoem Turim

Bogdanovic anotou 24,2 pontos pelo Pré-Olímpicoem Turim

– O grupo: No momento em que os três pré-olímpicos mundiais foram definidos, a reação normal foi de certo alívio quando a Croácia foi designada para o grupo brasileiro, em vez de França e Sérvia. Compreensível: era o cenário menos pior. Mas não que fosse motivo para comemorar: os croatas garantiram uma vaguinha no #Rio2016 depois de baterem duas seleções talentosas como Grécia e Itália, com Giannis Antetokounmpo, Danilo Gallinari, Giannis Bourousis, Marco Belinelli e outros destaques em quadra, pelo torneio de Turim.

A final contra os donos da casa foi especialmente dramática, definida só com uma prorrogação. Isto é, estes balcânicos já passaram por duros testes neste ano para se classificar. Do mesmo tipo que vão enfrentar nos próximos dias para tentar entrar na disputa por medalhas.

É uma trajetória interessante para uma equipe desfalcada, que nem mesmo estava conseguindo contratar um técnico e que, depois de apelar nos últimos anos, agora está sem um estrangeiro, após recusa do pivô Justin Hamilton, que brilhou pela Liga ACB e assinou com o Brooklyn Nets. Para a seleção agora comandada por Aleksander Petrovic, irmão do legendário Drazen, porém, talvez valha aquela história de que “menos é mais” e pode ajudar na química.

Um pivô com o talento de Ante Tomic certamente faz bem a qualquer equipe. Mas o cara não quis jogar dessa vez. Sem poder substituí-lo com Hamilton ou mesmo com os jovens Dragan Bender, Ante Zizic e Ivica Zubac, todos draftados neste ano, o técnico poderia ter chorado pacas e jogado a toalha. Mas, não. Montou um time competitivo e aguerrido, com os limitados Miro Bilan e Darko Planinic quebrando um galho.

Isso forçou, de todo modo, que o cestinha Bogdanovic e o plural Saric jogassem mais de 30 minutos em média em Turim. Não é uma situação bacana para nenhum atleta em um calendário destes. O esforço da dupla ao menos valeu a classificação, com a ajuda do talentoso, mas desmiolado Simon.

– Rodagem: muitos dos operários que Petrovic escolheu para escoltar Bogdanovic e Saric são marinheiros de primeira viagem nesse tipo de competição e não estão nem mesmo habituados a grandes jogos por seus clubes.

– Para acreditar: é um time versátil, explorando bem os talentos múltiplos de Saric, que, por um minuto, ser o armador do time e, no outro, ser o único pivô em quadra. Luka Babic e Hezonja também podem se desdobrar em quadra. Bogdanovic é um cestinha perigosíssimo no mundo Fiba, onde não há tantos defensores atléticos assim para lhe incomodar, podendo usar seu tamanho para arremessar sobre a maioria No Pré-Olímpico, os croatas marcaram bem, usando a envergadura de um elenco bastante espichado.

Questões: Hezonja tem o talento, mas ainda é muito inconsistente para esse tipo de torneio; existe uma razão para o fato de o país ter convocado Dontaye Draper e Oliver Lafayette para as últimas competições: Ukic e Stipcevic não são confiáveis na armação. Se a defesa adversária conseguir contestar Bogdanovic, quem vai pontuar?

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AUSTRÁLIA

Armadores: Patty Mills, Matthew Dellavedova, Damian Martin e Kevin Lisch.
Alas: Joe Ingles, Ryan Broekhoff e Chris Goulding.
Pivôs: Andrew Bogut, Aron Baynes, David Andersen, Cameron Bairstow e Brock Motum.

Um grandão e os baixinhos no time mais casca grossa das Olmpíadas

Um grandão e os baixinhos no time mais casca grossa das Olmpíadas

O grupo: é só dar uma espiada na linha de frente acima para perceber que nenhum time vai querer arrumar encrenca em quadra contra os Boomers. Tá louco: é o elenco mais peso pesado do cartel olímpico, sem dúvida nenhuma, mesmo que Bogut não consiga se recuperar a tempo daquela lesão no joelho sofrida durante as finais da NBA – ele não jogava pela seleção desde 2008, até retornar no torneio Fiba Oceania do ano passado (também conhecido como clássico x Nova Zelândia). Motum é o menorzinho deles e tem 2,o8m de altura e 111 kg. Vai encarar?

Esse peso todo cobra seu preço na defesa. Por isso, o treinador Andrej Lemanis usa de diversos expedientes para tentar deixar sua equipe menos vulnerável – ou deixar suas fraquezas menos expostas, melhor dizendo. Talvez seja o time mais disposto a por em prática a marcação por zona. É aqui que o número um do Draft, Ben Simmons, vai fazer muita falta.

Lemanis também traz ao Rio algumas surpresas em sua rotação de perímetro, como o americano naturalizado Kevin Lisch, um dos principais cestinhas e atiradores da liga australiana. Ele assume a vaga que costumeiramente ficava com Adam Gibson, para revezar com Mills, Dellavedova e Goulding – um quarteto bastante agressivo e talentoso, que poderia ser ainda mais intrigante se Dante Exum estivesse apto a participar. Mills gosta de sair em transição, mas imagino que, pela seleção, isso só vai acontecer em situações bem esporádicas. Por outro lado, os anos em San Antonio lhe ensinaram a atacar com paciência, em meia quadra.

Nas alas, Ingles e Broekhoff espaçam a quadra para a criação deles. Ingles o mundo todo já conhece e admira por sua inteligência. Para quem não pôde acompanhá-lo pelo Lokomotiv Kuban, vale prestar a atenção em Broekhoff, todavia. Excelente chutador e um grande competidor na defesa que tornou Brad Newley descartável.

– Rodagem: aqueles tempos de jogadores australianos isolados do globo, tal como as aberrações naturais da grande ilha que abriga o país, já ficaram bem para trás. Hoje seus principais atletas não só estão na NBA, como têm passagens por fortes ligas europeias. Oito dos convocados estiveram na Copa do Mundo de 2014.

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Se não bastassem os gigantes, ainda tem o Delly

– Para acreditar: Mills é um cestinha explosivo no mundo Fiba; Dellavedova, como a Conferência Leste da NBA sabe, vai fazer de tudo em quadra para sua equipe sair vencedora; Bogut, se estiver bem fisicamente, vai vedar o garrafão; é um time com jogadores muito inteligentes, daqueles que agradam a qualquer treinador mais chato e detalhista.

 – Questões: todo esse peso na linha de frente deixa o time vulnerável na transição defensiva; qualquer ala-pivô stretch four com o mínimo de agilidade e talento para o chute exterior lhes vai causar problemas. Como será a fusão entre armadores mais explosivos e pivôs tão lentos? Ingles e Broekhoff não são atléticos para compensar isso.

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Bela vitória sobre a Austrália no primeiro teste sério
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Giancarlo Giampietro

Galera, tem hora que nessa vida online a ordem dos fatores pode ser alterada, né? Tipo escrever um minitexto nas redes sociais em vez de colocar algo direto aqui no blog, saca? Foi o que aconteceu nesta quinta-feira aqui no QG 21, com algumas observações sobre a vitória da seleção brasileira sobre a Austrália de lavada, por 96 a 67, em Mogi das Cruzes.

O time de Magnano jogou muito bem. Ficou boa parte do tempo como uma verdadeira unidade em quadra, com um jogo coeso, balanceado, sem depender excessivamente da transição como aconteceu em muitos carnavais. Nenê está voando em quadra, o que é a melhor notícia dessa fase de preparação, Raulzinho está forte pacas e Benite é o terror de sempre quando há movimentação de bola no ataque. O mínimo espaço que tiver, e lá vai um petardo de fora, sem precisar forçar a barra, com eficiência. As notas todas na íntegra estão na página do blog no Facebook.

Essa é uma deixa para dizer que, durante as Olimpíadas, em função da cobertura maior, não é certo que consiga publicar aqui uma análise imediata após os jogos da seleção. Mas é bem provável que todos os jogos sejam comentados em minha conta de Twitter ou no próprio FB. Fica o convite para que sigam o blog por lá também. Não quer dizer que este espaço ficará inoperante: o Rafael Uehara também vai aparecer por aqui com as análises técnicas detalhadas. Simbora.

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A Austrália vem aí. Restam 9 vagas para o basquete masculino do Rio 2016
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Giancarlo Giampietro

Conta outra, vai, Bogut...

Conta outra, vai, Bogut…

Primeiro foram os Estados Unidos, campeões mundiais com facilidade. Depois, o Brasil, país-sede com muito orgulho, amor e, principalmente, custo. Agora… a Austrália, que, nesta terça-feira, terminou a série contra a Nova Zelândia e se tornou a terceira seleção a se classificar para o torneio olímpico masculino do Rio 2016.

Qualquer resultado diferente no playoff da Oceania seria uma baita zebra, mas é preciso dizer que os Tall Blacks deram um certo trabalho aos Boomers (nada como a tradição da região em apelidar tudo com muito bom gosto). No jogo de volta, em Wellington, após vitória em Melbourne por 71 a 59, os australianos abriram até 19 pontos de vantagem a sete minutos do fim, mas, seis minutos depois, viram os neozelandeses diminuírem o placar para  apenas cinco (82 a 77). Aí Matthew Dellavedova, o xodó de Cleveland e inimigo público número um da Conferência Leste, acertou uma bola de três da linha da NBA para esfriar as coisas.

Com a confiança lá no alto, aliás, Delly foi o cestinha de sua seleção, com 14 pontos em 25 minutos, depois de ter marcado 15 no primeiro duelo. Andrew Bogut, de volta ao batente pelo basquete Fiba pela primeira vez desde Pequim 2008 (!?), teve um segundo jogo muito mais produtivo que o primeiro, com 10 pontos e 10 rebotes em 20 minutos, além de 3 tocos para se estabelecer como presença intimidadora perto da cesta. Chamado de última hora, por conta da da lesão de infeliz lesão de Dante Exum, Patty Mills teve média de 13,5 pontos, 4,5 rebotes e 4,0 assistências nos dois jogos. O veterano David Andersen teve 14,0 pontos, enquanto o jovem Cameron Bairstow, ala-pivô do Chicago Bulls que agora tem um Cristiano Felício fungando no cangote, somou 9,0 pontos e 6,0 rebotes.

Dellavedova mantém alto rendimento em série contra a Nova Zelândia

Dellavedova mantém alto rendimento em série contra a Nova Zelândia

Em termos de desfalques, além de Exum, os Aussies jogaram sem Aron Baynes, que foi muito bem na última Copa do Mundo, mas teve um comportamento um tanto nojento, por assim dizer, e sem seu outro atleta do Utah Jazz, o ala Joe Ingles, que pediu dispensa para descansar um pouco. Ingles seria o equivalente ao Tiago Splitter deles, tendo batido cartão ano após ano em competições pela seleção, e não deve faltar aos Jogos Olímpicos.

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Vale ficar de olho nessa equipe. Em Londres e na Copa do Mundo, foram um time bastante chato de se enfrentar. Para o Rio, mesmo com uma ou outra ausência, precisam ser respeitados, e não apenas por sua safra recente de NBA. No geral, os caras têm um elenco muito forte fisicamente, versátil e experiente. A maioria de seus homens de rotação atuando também por fortes clubes europeus há um bom tempo. Na verdade, do time listado para enfrentar os Tall Blacks, apenas três jogam pela liga australiana.

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As demais vagas para as Olimpíadas serão distribuídas desta forma: apenas duas diretas para a Europa, duas para as Américas, uma para a Ásia e outra para a África, que inicia seu AfroBasket nesta quarta-feira. O torneio será disputado até 30 de agosto, um dia antes do início da Copa América, que vai até 12 de setembro. O EuroBasket sanguinário vai de 5 a 20 de setembro. Para fechar, o Copa Ásia será realizada apenas de 23 de setembro a 3 de outubro.

Restariam ainda três postos a serem distribuídos no famigerado Pré-Olímpico mundial, que terá outro formato neste ano. Em vez de um só torneio, a Fiba decidiu realizar três, com o campeão de cada um completando a chave do Rio de Janeiro, entre os dias 5 e 11 de julho. Se, por um lado, serão três disputas eletrizantes, por outro lado não dá para ignorar que a federação internacional encontrou mais uma forma de arrancar dinheiro de seus filiados, já que três países precisam se candidatar a sedes do evento – valendo vaga olímpica, imagino que não faltará interessados, especialmente com tantos bons times europeus no páreo. Além disso, com o calendário da modalidade já apertado, é óbvio que os clubes não gostaram nada dessa novidade. Por fim, como será a distribuição de países em cada torneio? A entidade ainda não divulgou e, dependendo dos critérios, algumas injustiças podem ser cometidas em nome da “pluralidade”. A ver.

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Com Valdeomillos e Ayón, México ganhou a Copa América de 2013

Com Valdeomillos e Ayón, México ganhou a Copa América de 2013

Ei, vocês aí, falando mal da CBB sem parar… Experimente curtir basquete no México para ver o que é bom para tosse. Prestes a receber o Pré-Olímpico das Américas, a federação mexicana vai ter de se explicar depois de uma, no mínimo, explosiva entrevista do técnico espanhol Sergio Valdeomillos, que comanda uma emergente seleção nacional, que, sob seu comando, ganhou a Copa América de 2013 e o CentroBasket de 2014. Em uma conversa com a rádio Reloj de 24, o treinador disse o seguinte sobre os dirigentes locais: “O problema é que dentro da federação mexicana existem gângsteres. Não é gente que ama o basquete, mas uns autênticos gângsteres sem vergonha. Algum dia vão ter de dar um jeito nisso, pois estão acabando com o segundo esporte do país. É uma pena. É incompreensível porque, depois de toda essa história, organizam um Pré-Olímpico. Algo inconcebível. É evidente que, diante de tudo isso, alguém está ganhando”.

Bem, do que o treinador está falando? Segundo deixa entender, de uma série de problemas estruturais que abalam a preparação de sua equipe, depois de um bom papel que cumpriram pela Copa do Mundo do ano passado. O último problema foi a falta de uniformes. “Existe uma anarquia de tal modo que todos querem mandar, e isso leva algumas pessoas a fazer coisas que não lhes corresponde. Então está sempre acontecendo uma coisinha aqui e ali. Toda hora tem uma notícia nova”, desabafa. “Nos anos anteriores, houve muitas anedotas e outros problemas desse tipo. Mas temos de superar essas coisas e pensar só no basquete.”

As questões, segundo o treinador, também ultrapassam as fronteiras da federação. Segundo o espanhol, sete dos seus jogadores não receberam sequer um tostão furado durante toda a temporada passada. Para constar: o próprio Valdeomillos chegou a romper com a entidade nacional devido ao atraso do pagamento de seu salário, mas foi convencido a retornar. Sem o treinador, que chegou a tirar dinheiro do próprio bolso na temporada passada, o astro Gustavo Ayón afirmou que não aceitaria a convocação. Novamente aos trancos e barrancos, com Ayón e o armador Jorge Gutiérrez no time, o México vai enfrentar Brasil, República Dominicana, Panamá e Uruguai na primeira fase da Copa América.

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Pitino fechou com Barea em Porto Rico

Pitino fechou com Barea em Porto Rico

Outra seleção que tem passado por alguns percalços nos últimos dias, tanto dentro como fora de quadra, é Porto Rico. Os pivôs Ricky Sánchez e Peter John Ramos se recusaram a jogar pelo time este ano, sem dar muitas explicações. Os dois não estavam lesionados. Carlos Arroyo também está fora, mas por opção do supertécnico Rick Pitino, que, em sua coletiva de apresentação, falou por cima sobre os conhecidos problemas de ego da seleção (é sabido que o veterano e Barea não se bicam…) e que, em sua gestão, não haveria espaço para isso. Além disso, Pitino questionou qual seria a motivação do astro porto-riquenho aos 36 anos de idade.

“Não creio que ele se encaixe nos nossos planos. Não estou seguro se, aos 36, lhe interessa fazer o sacrifício necessário para fazer o que se precisa para estar aqui. Ele já disse também que sua prioridade era voltar a jogar na Europa. E, no meu caso, também prefiro trabalhar com armadores de 32 anos ou menos, para efeitos de se fazer uma boa defesa”, afirmou. Quer dizer, foi um espancamento em praça pública, né? O curioso é que o técnico, depois, admitiu que não havia conversado pessoalmente com o armador. “Certamente não está descartado, mas depende dele.”

Arroyo, claro, não gostou nada das declarações. “Não foi prudente da parte dele”, disse. Por outro lado, em junho, ainda dizia ao jornal Primera Hora que ainda estava indeciso sobre defender, ou não, a seleção.  Agora já está fora, mas o problema é que José Juan Barea tem sido poupado de treinos e amistosos devido a uma lesão não divulgada. Outro jogador que preocupa, do ponto de vista clínico, é o ala John Holland, atleta de primeiro nível, excelente defensor e que ganhou relevância em suas últimas participações. A boa notícia é que o ala Maurice Harkless, agora do Portland Trail Blazers, se apresentou pela primeira vez e está pronto para a Copa, assim como o intempestivo Renaldo Balkman. Ainda assim,  dá para dizer que Pitino talvez tivesse oooutra coisa em mente quando topou abrir mão de suas férias para comandar a equipe, sonhando em treinar uma equipe olímpica pela primeira vez.

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O torneio olímpico feminino já conta com cinco times garantidos. A Brasil, Estados Unidos e Sérvia se juntaram, nos últimos dias, o Canadá, campeão com folga da Copa América em que o Brasil deu mais um vexame, e a Austrália, que também não teve dificuldade para superar a Nova Zelândia no torneio da Oceania.

 


Duelo com a Sérvia escancara buraco na base brasileira
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Giancarlo Giampietro

Raduljica, sete anos depois, volta a enfrentar Brasil no mata-mata

Raduljica, sete anos depois, volta a enfrentar Brasil no mata-mata

Quando a bola subir na quarta-feira, pelas quartas de final da Copa do Mundo, não será a primeira vez que o armador Stefan Markovic e o pivô Miroslav Raduljica vão enfrentar o Brasil num mata-mata de torneio Fiba. Sete anos atrás, ainda adolescentes, no Mundial Sub-19 eles levaram a melhor contra em uma semifinal que acabou em vitória tranquila dos balcânicos, 89 a 74.

Para quem clicou imediatamente no link acima, já deu para ver os dois ficaram, respectivamente, 26 e 23 minutos, em quadra, contribuindo com 12 pontos, 7 assistências e 6 rebotes. Números regulares. Mas vale o destaque, mesmo, estatístico daquele jogo é a quantidade de brasileiros presentes na seleção nacional que derrubou a Argentina no domingo passado: 0. Isso mesmo: ze-ro.

José Neto está na seleção principal em 2014. Dos garotos, poucos chegaram perto

José Neto está na seleção principal em 2014. Dos garotos, poucos chegaram perto

Quer dizer, se formos considerar o assistente técnico José Neto, temos ao menos um – ele era o treinador daquele time. Daquela geração era de 1988-89, dos quais foram pinçados os 12 representantes para aquela campanha (?) histórica, hoje todos eles com 25 e 26 anos,  nenhum jogador conseguiu se desenvolver a ponto de entrar na lista final de Rubén Magnano para competir por uma medalha na Espanha.

Quem chegou mais perto disso foi o ala-pivô Rafael Mineiro, que disputou o Campeonato Sul-Americano deste ano, como peça integral da rotação, com médias de 6,2 pontos e 4,8 rebotes. Da seleção B, Raulzinho e Rafael Hettsheimeir foram chamados para compor o grupo principal.

Embora não tenha conseguido dar o grande salto, o talentoso Mineiro é um caro caso de atleta que conseguiu alguma continuidade em sua carreira internacional desde o Mundial Sub-19. Desde, então, ao menos conseguiu jogar três Sul-Americanos, mais que o grande nome daquela categoria: Paulão Prestes. O pivô participou só de um Sul-Americano – ironicamente, em 2006, anterior ao torneio de base. Os problemas físicos de Paulão estão bem documentados, guiando uma trajetória de altos e baixos. Foi muito bem cotado na Espanha, acabou draftado pelo Minnesota Timberwolves (algo muito difícil e não pode se perder de perspectiva), mas se lesionou demais e teve problemas com a balança. Chegou a ser pré-convocado por Magnano em duas ocasiões e hoje é a grande aposta do Mogi, ao lado de Shamell.

De resto, temos o ala Betinho em São José, com média de 13,6 pontos, 2,0 assistências e 32,5% nos três pontos em sua carreira no NBB, o ala-pivô Rodrigo César no Uberlândia e o pivô Romário no Macaé. Outro que chega ao NBB agora é o armador Carlos Cobos, de dupla nacionalidade (Espanha e Brasil), criado na base do Unicaja Málaga ao lado de Paulão, e que também não conseguiu se firmar na Liga ACB. Ele acabou de acertar com o Franca de Lula Ferreira, que ao menos vai fazendo esse trabalho de prospeção, tentando recuperar alguns dos garotos espalhados por aí.

Contando: foram citados, então, seis atletas daquele time sub-19, 50%. O restante, para termos uma ideia, é até difícil de rastrear. Luiz Gomes, que hoje é um dos motores por trás do Mondo Basquete – um site bem bacana para você visitar –, fez esse trabalho hercúleo no ano passado, já constando uma geração verdadeiramente perdida.

Thomas Melazzo, fora do basquete

Thomas Melazzo, fora do basquete

Cauê Freias, autor da cesta da vitória contra a Austrália de Patty Mills nas quartas de final, e Bruno Ferreira, o Biro, estão no Caxias do Sul e devem disputar a Liga Ouro, Segunda Divisão do NBB. Houve quem tenha parado e largado o esporte: o ala Thomas Melazzo, que tinha um potencial absurdo, hoje é personal trainer, aparentemente vivendo em Salt Lake City, terra do Utah Jazz. Se alguém souber do paradeiro dos demais, por favor, caixa de comentários aberta abaixo.

Dia desses, no Twitter, o mesmo Luiz Gomes estava especulando a respeito, apontando algumas promessas  de então e hoje na elite. Muitos deles classificados para os mata-matas de uma Copa do Mundo, na elite. A Sérvia já escalou o ala-pivôs Marko Keselj e Milan Macvan na fase decisiva do Mundial de 2010, para se ter uma ideia. No time de hoje, tem Markovic e Raduljica e ainda conta com mais cinco jogadores que teriam idade para disputar aquele torneio, mas só ganhariam visibilidade mais tarde.

Já a França apresenta quatro nomes de seu time sub-19 que bateu o Brasil na disputa pelo bronze: o armador Antoine Diot, o ala Edwin Jackson, o pivô Kim Tillie e um certo Nicolas Batum. O pivô Alexis Ajinça certamente estaria na Copa do Mundo, não tivesse pedido dispensa. Até mesmo os Estados Unidos, com sua produção de talentos incomparável, tem um representante de 2007 aqui: Stephen Curry! Daquele elenco, destacam-se também nomes como DeAndre Jordan (Clippers), Patrick Beverley (Rockets) e Michael Beasley (Marte).

Entre os demais quadrifinalistas da Copa, para ser justo, é preciso dizer que a Espanha só tem um atleta daquela jornada: o ala Victor Claver. Lituânia e Turquia? Nenhum. A Eslovênia não havia se classificado.Mas também é preciso dizer uma coisa sobre os lituanos: sua atual seleção conta com cinco jogadores nascidos depois de 1988 (o ano-limite para inscrição naquele Mundial): Adas Juskevicius, Sarunas Vasiliauskas, Mindaugas Kuzminskas, Donatas Motiejunas e Jonas Valanciunas – os dois últimos simplesmente as maiores apostas dessa tradicional potência. Já os turcos têm três: o caçula Cedi Osman, de apenas 19, além de Furkan Aldemir (cujos direitos na NBA pertencem ao Sixers) e Baris Hersek.

Nessa categoria, de atletas de 26 anos ou mais jovens, também se enquadram os argentinos Facundo Campazzo, Nícolas Laprovíttola, Tayavek Gallizzi, Matías Bortolín e Marcos Delía. A Austrália contou com seis: Dante Exum (19), Brock Motum, Cameron Bairstow (23), Matthew Dellavedova, Ryan Broekhoff (24) e Chris Goulding (25, este convocado para aquele Mundial Sub-19). Já os Estados Unidos possuem apenas um jogador nascido antes de 88: Rudy Gay, e só.

No Brasil, com 22 anos, Raulzinho é a figura solitária. Rafael Luz acabou preterido no último corte, enquanto Augusto Lima dançou já no Sul-Americano. Uma decisão bastante sensata poupou Bruno Caboclo dessa. Já Lucas Bebê foi deixado na geladeira, depois da escapada do ano passado. Ao menos o filho do Raul vem sendo utilizado com regularidade por Rubén Magnano, contribuindo para valer hoje – e ao mesmo tempo ganhando uma experiência extremamente valiosa para o futuro. Agora, fora isso, a seleção que joga na Espanha, a mais velha do Mundial, é apenas para agora e agora.

Obviamente que a base do elenco de Magnano é fortíssima, não sobram vagas. Como acontece com a Espanha. Agora, na periferia do plantel, será que não dava para encaixar? Depois de uma vitória contra a Argentina, na iminência de um confronto com a Sérvia, pode ter gosto de chope aguado todas essas lembranças. Nesta semana, as preocupações dos envolvidos com o jogo ficam realmente direcionadas só para a quadra. Fora dela, porém, nos escritórios da CBB, o tema já deveria estar na mesa há tempos. Sem precisar que a figura até folclórica de Raduljica, nesta quarta-feira, servisse como recado.


O acusado de entrega-entrega da vez é… a Austrália!
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Giancarlo Giampietro

A Austrália de Lemanis leva o troféu pragmatismo do torneio. Entregou e "ganhou"

A Austrália de Lemanis leva o troféu pragmatismo do torneio. Entregou e “ganhou”

Um torneio Fiba sem a acusação de que alguma seleção tenha feito marmelada e entregado um jogo não teria validade histórica nenhuma. Vocês se lembram do bafafá envolvendo os espanhóis em confronto com o Brasil, nas Olimpíadas de 2012, não? Sempre acontece dessas, mesmo que nunca se comprove. É quando um time dá uma boa espiada na tabela e acaba mexendo seus pauzinhos para pegar o caminho supostamente mais fácil. Na ocasião, os espanhóis, depois de terem sido surpreendidos pela Rússia, teriam feito uma forcinha para cair para a terceira posição do Grupo B, atrás também do Brasil, para escapar de um confronto com os Estados Unidos na semifinal.

Pois bem. Agora é a vez de a Austrália assumir essa bronca, e com sucesso. Nesta quinta-feira, última rodada da primeira fase da Copa do Mundo, os Boomers foram derrotados por Angola por 91 a 83, se posicionaram no terceiro lugar do Grupo D, abrindo mão de brigar pela ponta, e incentivaram um zum-zum-zum que só. Num torneio cheio de jogos parelhos com Filipinas, Senegal e até mesmo a Coreia do Sul, uma zebra dessas não seria de se estranhar tanto assim. O problema, meus amigos, é que hoje é possível ver todas as partidas do torneio nesta Internet. Tem repórter e dedo-duro para tudo que é lado, né? Então, se você vai adotar procedimentos, digamos, estranhos, a chance é de 100% de que alguém vá perceber. Como o irado Goran Dragic. O armador esloveno, cujo time está envolvido na disputa de posições com os australianos, disparou no Twitter:

(Traduzindo: o basquete é um esporte bonito, e esses australianos de uma figa não deveriam estar fazendo corpo mole contra Angola! A Fiba deveria tomar providências e mandar esses caras para as cucuias, isso se não for o caso de mandar para um lugar muito mais quente e um pouco mais abaixo!)

Mexer com os nervos do Goran Dragic desse jeito não é uma coisa legal, gente. Podem perguntar para o Leandrinho o quão simpático é o armador do Phoenix Suns. Eleito para o terceiro quinteto da NBA na temporada passada, na melhor fase da carreira, ele foi um dos poucos jogadores top da liga que se apresentou para bater uma bola no Mundial, e aprontam uma dessas com ele?

Mas, epa, pera lá! “Aprontam”. Dá para insinuar, mesmo, que a Austrália tenha brincado de entrega-entrega hoje?

É, dá. Infelizmente. Vamos a alguns fatos curiosos.

Começa que o ala Joe Ingles (11,8 pontos e 3,5 assistências) e o pivô Aron Baynes (17,2 pontos e 7 rebotes), suas principais figuras uma vez que a formiguinha Patty Mills se lesionou, foram poupados e nem pisaram em quadra. O armador Matthew Dellavedova e o pivô David Andersen, outros dois importantes atletas, também titulares, jogaram quatro minutos cada. Nenhum deles declarou sentir alguma lesão.

O caçulinha – e maior aposta do país – Dante Exum jogou por 31 minutos. Nas quatro partidas anteriores, havia somado 34 (8min30s por confronto). O ala Chris Goulding, que já chegou a marcar 50 pontos na liga australiana e só havia participado de um jogo até aqui, com dez minutos, também encarou os angolanos por 30 minutos. O pivô Nathan Jawai, afastado durante praticamente toda a temporada europeia por conta de dores de uma lesão na coluna, foi outro a jogar 30 minutos cravados, após 26 no total. E por aí vamos, né?

Exum leva a bola, Jawai tenta acompanhar

Exum leva a bola, Jawai tenta acompanhar

São três atletas de talento, que contribuiriam para muitas seleções. Goulding, por exemplo, já foi logo marcando 22 pontos para cima dos angolanos, provavelmente dando um susto – nos seus compatriotas. Mas ele simplesmente não parecia fazer mais parte dos planos do técnico Andrej Lemanis até esta quinta-feira. O mesmo treinador que havia deixado claro também, antes do tapinha inicial do torneio, que Exum ficaria no banco, sem muitas responsabilidades. Foi titular hoje e teve a bola em mãos por longas sequências. A Austrália tinha a chance de assumir a primeira colocação do grupo, e reagiria desta forma?

Ainda assim, os Boomers venceram o primeiro tempo por 42 a 29. Será… Será, então, que todas as contas estavam erradas? Será que, no fim, não haveria risco de eles terminarem com a segunda posição do Grupo D, entre Eslovênia e Lituânia, caindo desta forma na mesma chave dos Estados Unidos (pensando nas quartas de final)? Será que, oras, resolveram adotar a humildade no meio do confronto, pensando que de nada valia fazer planos pelas quartas, se não se concentrassem antes nas oitavas?

Muitas ponderações poderiam ter sido feitas nessa linha, mas não deve ter sido o caso. Na volta do intervalo, tomaram 62 pontos em 20 minutos, com direito a 34 no terceiro período e acabaram perdendo por 91 a 83. Pode parecer prepotência australiana, não? Quem seriam eles para pensar matematicamente, para fugir dos Estados Unidos, sem se importar com a Turquia (seu próximo rival) no meio do caminho? O que pega é o seguinte, porém: abaixo do Team USA e da Espanha,

Quem se consagrou nessa foi o jovem pivô Yanick Moreira, que somou o double-double mais volumoso do torneio até aqui, com 38 pontos e 15 rebotes. Malemolência do adversário  à parte, olho no angolano, hein? Ele vem sendo trabalhado pelo consagrado Larry Brown na South Methodist University e fez também bons jogos contra eslovenos e mexicanos. Só não dá para esperar que seja o futuro superpivô africano, como seus oponentes permitiram acontecer.

Yanick Moreira, nome para acompanhar na NCAA, com Larry Brown

Yanick Moreira, nome para acompanhar na NCAA, com Larry Brown

E por que interessaria aos Aussies a derrapada? Porque, segundo o pragmatismo deles, era mais fácil tentar cair para o terceiro lugar do que tentar o primeiro. Se a Lituânia derrotasse a Eslovênia e, no caso de um triunfo sobre a Angola, os australianos se meteriam num empate tríplice com os europeus, mas com provável desvantagem no saldo de cestas. Então decidiram trucar: assimilaram a segunda derrota e, depois, ficaram na torcida para os lituanos. Deu certo: os bálticos venceram por 67 a 64 e desbancaram os eslovenos da primeira posição com base justamente no confronto direto. Os ex-iugoslavos, com quatro triunfos e um revés, escorregaram para segundo. Caso passem pelas oitavas – em duelo com a República Dominicana –, terão os Estados Unidos pela frente nas quartas. E adeus briga por medalhas.

Agora imaginem Dragic espumando, com dificuldade para dormir até? No seu hotel, os Boomers, todavia, podem sorrir sarcasticamente. Certamente viram o duelo que fechou o grupo. Mas e vocês, rapaziada, como explicar aquele quarto período?”, poderão questionar. É que no quarto período, a Eslovênia marcou míseros dois pontos com seu armador, permitindo a virada. Uma baita entregada. Mas de outro tipo.


O 4º dia da Copa do Mundo: E o rúgbi da Austrália?
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Giancarlo Giampietro

Vocês se lembram daquelas jornadas triplas da Copa do Mundo da FIFA, né? Um jogão atrás do outro, dominando sua agenda. Pois bem. Pegue esse agito todo e multiplique por quatro. O resultado é a Copa do Mundo da Fiba. É muito basquete num dia só. Com metade do evento de folga, a carga diminuiu um pouco, mas, ainda assim, foram 6 partidas! Uma tabela de estatística vai atropelando a outra, os fatos vão se acumulando, e pode ficar difícil de dar conta de tudo. Vamos dar um passada, então, pela rodada. Para o básico, deixe de ser preguiçoso e acesse o site oficial da competição, né? Veja lá a situação dos grupos e os todos os resultados. O Brasil não jogou.

Não foi a rodada mais empolgante, ainda mais considerando os eventos de tirar o fôlego da segunda-feira. Nesse clima relativo quieto – isso, quando os finlandeses não estavam gritando para apoiar seus rapazes –, a Austrália aproveitou a brecha para mostrar o que é capaz. De ganhar no basquete e no rúgbi, segundo a oposição.

O jogo da rodada: Austrália 82 x 75 Lituânia
Acho curioso isso. Para boa parte da mídai europeia, esse resultado foi encarado como uma tremenda zebra. Um eurocentrismo surpreendente neste sentido, pois a seleção australiana vem juntando diversas peças valiosas para formar um conjunto competitivo. Mesmo sem Patty Mills e Andrew Bogut. O trabalho do Instituto Australiano do Esporte dá o pontapé inicial na maioria dessas carreiras e depois os libera, em geral, para o basquete universitário dos Estados Unidos, pela facilidade do idioma. Quando o prospecto é muito talentoso, acaba indo direto para os profissionais, como no caso de Dante Exum, grande aposta do Utah Jazz, ou do ala Joe Ingles, que está há tempos na Europa. Seus atletas podem ainda não ter o cartaz, ou a grife, mas são muito bem preparados. E estão entrosados já.

Em alta na central de especulações da NBA, Ingles marca Jonas Maciulis

Em alta na central de especulações da NBA, Ingles marca Jonas Maciulis

Com essa base, estariam preparados, ao meu ver, para bater de frente com a Lituânia em qualquer circunstância. Ok, os bálticos têm obviamente mais experiência e melhores resultados recentes. Mas daí a considerar uma vitória dos Boomers uma zebra, já me parece exagero. Imagine, então, o susto que a galera tomou quando viu os australianos vencerem o primeiro tempo por 19 pontos de vantagem! Ingles estava fazendo chover em quadra, acertando chutes de longa distância, chutes em flutuação e botando a canhotinha para funcionar em infiltrações. Se algum scout da NBA estivesse tomando notas a seu respeito pela primeira vez, correria a pedir uma oferta por parte de seu gerente geral. Se bobear, de max contract até. Outro que estava muito bem era o brutamontes Aron Baynes, pivô que foi companheiro de Splitter no Spurs nos últimos dois anos e agora está sem contrato. Ele está fazendo ótimo torneio, aliás, acertando mais de 70% de seus arremessos. Aliás, o repórter Marc Stein, o boa praça do ESPN.com, afirma que o Philadelphia 76ers está interessado, entre outros sete ou oito clubes.

Defensivamente, a Austrália adiantou sua defesa e pressionou bastante a condução de bola dos lituanos. Sem seu principal armador, Mantas Kalnieits, a equipe (que era?) candidata ao pódio penou. Sem brincadeira: por vezes seus Juskevicius e Vasiliauskas eram desarmados antes da linha central (mais sobre isso abaixo, uma vez que o treinador JonasKazlauskas chiou bastante da arbitragem).. No geral, terminaram o confronto com 22 desperdícios de posse de bola – contra 14 dos adversários. É muita coisa.

A Lituânia deu o troco, porém, no terceiro quarto ao anotar, em três minutos, dez pontos em sequência. A partir daí, o panorama se alterou. Os Boomers já não demonstravam mais tanta confiança assim. Baynes (14 pontos e 6 rebotes, 5/12 no FG) e Ingles (18 pontos e 4 assistências, 7/11) foram contidos, e restou ao ala Brad Newley, que já foi considerado uma grande promessa na época de juvenil, mas virou um jogador mediano na Liga ACB, carregar o piano, partindo aos trancos e barrancos para a cesta (10 pontos, 4 rebotes e 2 assistências). A despeito da pressão que pôs no adversário, a seleção europeia, com o ala Renalda Seibutis fazendo as vezes de armador – sem inventividade nenhuma, mas com pulso firme –, não conseguiu aproveitar o momento. Em nenhum momento assumiu a liderança do placar e viu o veterano David Andersen matar dois ou três chutes de média distância nos dois minutos finais para garantir a vitória. Os times agora estão empatados com dois triunfos e um revés na zona de classificação do Grupo D. A Eslovênia lidera.

Um causo
Para ficar na seara de beligerância e um país na Oceania, registramos aqui os protestos inflamados do técnico lituano Jonas Kazlauskas após a derrota para a Austrália. Sem delongas, segue o discurso do veterano, que já dirigiu a China: “Já estive na Austrália algumas vezes. Esse é o estilo de basquete que eles jogam. Eu chamo de basquete-rúgbi. O modo como os árbitros apitaram foi favorável para eles. Especialmente contra nossos jovem armadores, que não embalaram. Talvez esse tipo de basquete, no qual por vezes você não entende o que está acontecendo, seja tolerado nos países de onde os juízes são”.

Um dos integrantes do trio de arbitragem era o brasileiro Marcos Benito, ao lado do porto-riquenho Luis Roberto Vazquez e do dominicano Reynaldo Mercedes, que era o principal. Do que vi no jogo, é fato que os australianos jogaram de modo físico, mas não acho que tenham exagerado na dose. No total, para constar, foram marcadas 44 faltas, 23 para os australianos.

E aí? Quem quer brincar de rúgbi com o Nathan Jawai?

E aí? Quem quer brincar de rúgbi com o Nathan Jawai?

A surpresa: Os 20 minutos sul-coreanos de fama
Depois do que Senegal e Filipinas andaram fazendo no Grupo B…. Após fazerem um primeiro tempo totalmente equilibrado contra a Eslovênia… É de se imaginar que os jogadores da Coreia do Sul tenham se reunido no vestiário, todos eles inspirados, falando bastante, discutindo os acontecimentos e, num ápice de emoção, começaram a se questionar: “Por que não? Por que nós também não podemos?”, num elevado tom de voz. Vibrantes. Aí a sirene do ginásio nas Ilhas Canárias tocou, e era hora de eles voltarem para o jogo e despertaram do sonho. Quando voltaram para a segunda etapa, estavam perdendo apenas por 40 a 39. Ao final da partida, o placar foi de 89 a 72, com os eslovenos abrindo já 14 pontos no terceiro quarto. Goran Dragic, sempre ele, marcou 22 pontos em 25 minutos. Foi a terceira derrota da Coreia, mas pelo menos eles nos deixam esta memória: o armador Chan Hee Park usando o quadradinho para acertar seus lances livres.

Alguns números
73 – arremessos foram desperdiçados por ucranianos e turcos nesta jornada. As duas equipes acertaram apenas 43 de 116 tentativas. No fim, a Ucrânia – só ela para nos proporcionar jogos terríveis desses – venceu por 64 a 58 e ficou em boa posição para se classificar no Grupo C.

40 – Ao superar a Angola por 79 a 55, o México ficou muito perto de assegurar a quarta posição do Grupo D. Antes de pensar nisso, porém, vale comemorar sua primeira vitória no Mundial depois de 40 anos. Gustavo Ayón segue levando sua emergente seleção adiante, com 17 pontos e 12 rebotes. Dessa vez, ele contou com valiosa ajuda do ala Héctor Hernández, que marcou 24 pontos, 18 deles em cestas de três.

#Susijengi

#Susijengi

29 – Foi o índice de eficiência do pivô dominicano Eloy Vargas, o maior do dia ao lado do armador Petteri Koponen, obtido em vitória sobre a Finlândia por 74 a 68, num confronto direto pelo Grupo C. Os caribenhos estão vivos na disputa, muito por conta da força do jogador revelado pela universidade de Kentucky, que somou 18 pontos e 13 rebotes, dominante na zona pintada – nenhum finlandês conseguiu pegar mais que seis rebotes. No total, sua equipe pegou 47, contra 28, diferença brutal e suficiente para silenciar o mais caloroso de toda a competição: sim, a torcida do gélido país escandinavo.

19 – O armador ucraniano Olexandr Mishula, 22 anos, basicamente surtou nesta terça, terminando como o cestinha, com 19 pontos. Ele nunca havia marcado mais que 10 pontos num jogo oficial pela seleção principal. Nas duas rodadas anteriores, havia anotado 16 pontos – em minutos reduzidos, é verdade. Com a lesão de Sergii Gladyr, o técnico Mike Fratello precisava desesperadamente de alguém que pudesse pontuar e criar no perímetro, e parece ter suprido essa carência com o jovem atleta, que não fugiu da responsabilidade no quarto período.

4 – Quatro seleções estão invictas ao final de três rodadas: Estados Unidos, Espanha, Grécia e Eslovênia, líderes dos quatro grupos do Mundial.

Outro causo
A gente imaginava que, no dia 2 de setembro de 2014, a história de a Nova Zelândia fazer o Haka antes de seus jogos já não fosse nem mais nota de rodapé. Acontece que, na primeira rodada, a Turquia virou de costas para os oponentes, indo para o banco de reservas atendendo ao chamado do técnico Ergin Ataman. Os Tall Blacks acharam isso um baita desrespeito. Nesta terça, contra os norte-americanos, alardeados por muita gente do contra como “arrogantes”, ficaram lá, na metade da quadra deles, observando tudo. No clipe abaixo, a expressão de Derrick Rose e James Harden está até engraçada. No final, aplaudiram a dança:

O jogo? Hã… Os neozelandeses até que não fizeram tão feio. Quer dizer, perderam por 98 a 71, e tal. Mas vejam só: chegaram a ganhar o terceiro período por 19 a 18! Na primeira parcial, estavam atrás no marcador apenas por 27 a 20. Então não foi de todo o pior, mesmo, não. Anthony Davis e Kenneth Faried barbarizaram novamente no garrafão, com uma capacidade atlética realmente apelativa, com 36 pontos e 20 rebotes em conjunto. Das enterradas eu já perdi a conta, mas foram cenas fortes. Claro que nada tão impressionante como a apresentação inicial os homens de preto.

Andray Blatche: contagem de arremessos
O pivô mais filipino da Copa e seus assessores não foram para a quadra hoje, tendo a chance de repensar toda a emoção que viveram  contra argentinos e croatas, podendo muito bem terem chocado o mundo do basquete. De qualquer forma, mesmo que não tenha jogado, Blatche mantém a liderança no ranking de quem mais chutou no torneio até agora, com 51 tentativas de cesta em três partidas. Pau Gasol é o segundo, com 43. Se os árbitros não o tivessem boicotado na véspera, certeza de que um dos jogadores mais odiados da história do Washington Wizards teria uma liderança confortável neste ranking. Sacanagem.

O que o Giannis Antetkounmpo fez hoje?
Também seu dia de folga,  gente espera que, no seu dia de folga, a revelação grega tenha descansado um pouco, saído de tapas mais tarde e curtido um pouco as ruas de Sevilla – em vez de ficar sentado o dia inteiro no quarto do hotel jogando videogame!

Tuitando:

Na arquibancada da ucraniana, um senhor flagrado constantemente pelas câmeras da Fiba TV. Todos nós assumimos que seja o paí do armador Eugene “Pooh” Jeter, mais um americano naturalizado. Pooh precisava de todo o apoio possível, mesmo. Marcou dez pontos, deu seis assistências, mas foi muito incomodado pela defesa turca, desperdiçando a bola cinco vezes. Além disso, errou oito de seus dez arremessos. Sua equipe venceu, porém. 


Para termos uma ideia do quanto funcionou como sonífero o embate entre Ucrânia e Turquia. Na reta final da partida, o pivô Omer Asik, um excelente reboteiro e defensor, mas um atacante bastante limitado, liderava a tabela dos cestinhas. Algo difícil de acreditar e aturar.

A maré branca para acompanhar os #susijengi na Espanha.

Esse tweet ainda repercute um jogo do Yugobasket (aliás, vai ser difícil encontrar melhor nome de conta que esse) de ontem, mas a declaração é imperdível: “Se eu pudesse escolher, eu nunca teria nascido nos Bálcãs. Devido à nossa mentalidade, sempre sofremos em jogos como esse contra Senegal”, diz o técnico da seleção croata, depois da inesperada derrota para os africanos.

Relembre o Mundial até aqui: 1º dia, e .


Brasil e Espanha respiram aliviados em Mundial de desfalques
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Giancarlo Giampietro

Magnano está treinando todos aqueles com que esperava contar. Raridade

Magnano está treinando todos aqueles com que esperava contar. Raridade

O Brasil tem um time rodado, o elenco mais experiente de todos os 24 inscritos na Copa do Mundo de basquete. Com o mesmo grupo, trocando Caio Torres por Rafael Hettsheimeir, terminaram as Olimpíadas de Londres 2012 com o quinto lugar.

São dois pontos importantes para justificar qualquer otimismo que o Basqueteiro da Silva possa sentir em relação ao torneio que começa neste sábado.

Mas saiba que há mais um elemento importante a ser considerado: entre as seleções que afirmam publicamente que jogam por uma medalha neste Mundial, apenas o Brasil e a anfitriã Espanha vão levar para quadra o que no jargão da imprensa esportiva se chama de “força máxima”.

Rubén Magnano, que tanto chiou no ano passado ao final de uma vexatória Copa América, tem agora ao seu dispor a lista que julga ideal. Justamente num campeonato em que seus principais concorrentes estão seriamente avariados.

Se é para falar em desfalque, a lista começa obrigatoriamente com os Estados Unidos da América. O Coach K teve de montar sua lista final sem LeBron James, Kevin Durant, Carmelo Anthony, Russell Westbrook, Paul George… (respirem fundo, que ainda tem mais)… Kevin Love, Blake Griffin e LaMarcus Alridge. Isso para não falar de Michael Jordan, Wilt Chamberlain, Mugsy Bogues, John Isner e os Harlem Globe Trotters. Ainda assim, são candidatos ao ouro, claro – mas sem amedrontar tanto os donos da casa.

A França, campeã europeia, não vai contar com os pontos, assistências e, principalmente, liderança de Tony Parker, seu Macho Alfa. Se já não fosse duro o bastante, ainda perderam seus dois melhores pivôs: Joakim Noah e Alexis Ajinça, duas baixas seriíssimas para sua defesa, além do fogoso e criativo ala-armador Nando De Colo. Resulta que a dupla Boris Diaw e Nicolas Batum vai ter de mostrar do que é feita. Acostumados a vida toda a escoltar Parker – e outras estrelas como Roy, Lillard, Nash, LaMarcus, Duncan, Stoudemire etc. em suas carreiras –, os dois agora têm de canalizar todo o seu talento como referências primárias. Era para os Bleus estarem no topo da pirâmide dos favoritos, mas eles acabam rebaixados ao segundo escalão.

Mesmo nível em que aparece a Lituânia não tinha o estourado ala-pivô Linas Kleiza, cestinha que, quando em forma, pode ajudar qualquer time do mundo. Mas ainda poderia conviver com isso, já que há pivôs de sobra por lá. O problema sério foi ter perdido, de última hora, seu armador Mantas Kalnietis, que deslocou o ombro no último teste da seleção. O cara não é cerebral, não está nem entre os 20 melhores do mundo em sua posição, mas calha de ser o único do país com tarimba para liderar um time desses, a despeito de seus arroubos de loucura aqui e ali. Basicamente: era o jogador que os lituanos não podiam perder.

Šarūnas Vasiliauskas tem as cartas lituanas em mãos: foi o único armador que sobrou no elenco

Šarūnas Vasiliauskas tem as cartas lituanas em mãos: foi o único armador que sobrou no elenco

Na Argentina, a lamentação fica por conta da ausência de Manu Ginóbili, primeiro, e de Carlos Delfino, em segundo. Manu tentou de tudo para se alistar, mas o Spurs disse não, preocupado com a recuperação de uma fratura por estresse na perna. Delfino nem jogou a temporada depois de passar por uma cirurgia no pé direito. Os dois eram basicamente as únicas opções seguras de pontuação no perímetro para Julio Llamas, que agora se vê com um elenco desbalanceado – Scola, Nocioni e Herrmann jogam basicamente na mesma posição hoje em dia.

Já está bom?

Nada, tem muito mais.

Lorbek poideria dar uma baita ajuda para Goran The Dragon não fosse o joelho estourado

Lorbek poideria dar uma baita ajuda para Goran The Dragon não fosse o joelho estourado

A Eslovênia poderia ter um baita time, mas, por motivos diversos, seja de disputas de ego ou lesões, vai com uma equipe remendada para o Mundial. Enquanto Goran Dragic estiver inteiro, eles terão chances. Mas o fato é que sua cotação nas casas de apostas seria mais elevada se o pivô Erazem Lorbek (que não fez uma boa temporada pelo Barcelona, mas ainda é um craque) tivesse pedido dispensa e se Dragic, Beno Udrih e Sasha Vujacic levantassem a bandeira de paz. Boki Nachbar ainda poderia ajudar, caso não tivesse se despedido da seleção.

Por falar em despedidas e seleções balcânicas, bem que o veterano e ainda produtivo Zoran Planinic poderia dar uma forcinha para sua Croácia. Ainda na região, a Sérvia não vai poder contar com o jovem armador Nemanja Nedovic, lesionado, e com o ala Vladimir Micov, que brigou com o técnico. São coadjuvantes, mas estariam entre os 12 num cenário perfeito.

Se a Grécia ttivesse Vassilis Spanoulis entre seus convocados, também teria subido alguns postos na lista de candidatos ao pódio, mesmo que Dimitris Diamantidis siga aposentado de competições Fiba. Kostas Koufos e Sofoklis Schortsanitis também deixariam o garrafão helênico muito mais pesado, com o perdão do trocadilho. A arquirrival Turquia não é confiável, mas se tornaria mais forte com Ersan Ilyasova formando uma bela linha de frente com Preldzic e Asik. Hedo Turkoglu? Nem levaria, mas fica o registro.

Mesmo meu candidato preferido a azarão do Mundial, Porto Rico, tem seus problemas. Há quem julgue que o gigante PJ Ramos não faça falta – é certamente o caso do técnico Paco Olmos, que se recusou a chamá-lo –, mas não há como relevar a baixa do ala John Holland. Americano de ascendência porto-riquenha, ele não tem muito cartaz neste mundão Fiba, mas se tornou um personagem fundamental para o time devido a sua capacidade atlética, apetite pelos rebotes e defesa. “Grande coisa”, poderia responder o técnico Orlando Antígua, da República Dominicana. “Nós perdemos o Al Horford. O Al Horford, meu craque!!!”

Al Horford poderia fazer toda a diferença para os dominicanos

Al Horford poderia fazer toda a diferença para os dominicanos

Do outro lado do planeta, a Austrália ficou sem seus dois principais jogadores: o armador Patty Mills, o explosivo reserva do San Antonio Spurs e também o cestinha das últimas Olimpíadas, operado, e o pivô Andrew Bogut, do Golden State Warriors, que já não tem mais saúde para praticar basquete nas férias.

Se você somar todos os nomes em negrito, vai ver que são mais de 20 jogadores fundamentais fora de combate, além de todas as ausências norte-americanas. Isso tira um pouco do brilho do torneio, mas abre caminho para quem chega inteiro. Mesmo assim, ninguém vai ser insano de dizer ficou “moleza” para Huertas, Splitter, Nenê & Cia. Mas que as chances aumentaram e estão aí, não há dúvida.