Vinte Um

Arquivo : Nando De Colo

Dez previsões nada ousadas para o Rio 2016
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Giancarlo Giampietro

Boogie Cousins, Team USA

Quando jornalista se mete a dar palpite, está arrumando confusão. Pode ser sobre um confronto Japão x Filipinas pelos Jogos Asiáticos Universitários. Você falou, escreveu, quis cravar? Imediatamente fica sob o risco de queimar a língua. Ou o dedão da mão direita.

A gente tem essa mania de se meter a sabichão, né? De querer se antecipar a quaisquer grupo de deuses que estejam vagando por aí e provar por A + B que sua lógica está infalível no momento. Dois, três dias depois? É bastante provável que vá dar tudo errado. Ainda mais num torneio olímpico cheio de equilíbrio.

Isso tudo não significa que esse tipo de exercício seja pura bobagem. Não estou aqui para pagar de mais sabichão ainda, esnobe, acima das vontades mudanas esportivas. É esporte só. Que, em diversos casos e eventos, obviamente ganha proporções gigantescas pela quantidade de dinheiro que move e por suas implicações político-culturais. Ainda assim, no final das contas, é só esporte. Que envolve paixão (por vezes em intensidade descabida), mas não deveria ser levado tão a sério. Então qual o problema de ficar palpitando? Tem um monte de gente por aí que anda emburrada pacas, querendo reclamar a toda hora. Mas há quem se divirta demais em comparar resultados e discutir depois, numa boa.

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Então o que este blogueiro vai fazer?

Dar alguns palpites, mas sem cravar resultados, para além do ouro olímpico para os Estados Unidos, que isso é coisa para bolão. Não tem nada muito ousado aqui, claro. Alguns dos itens abaixo têm o mesmo valor que dizer que a “Dinamarcá terá um bom goleiro” ou que “os quenianos vão dominar o pódio da maratona”. Coisa de bidu, mesmo. Podem bater:

O Rio 2016 será o Torneio de Boogie Cousins. Kevin Durant é mais jogador. Carmelo Anthony é outro cestinha perfeito para o mundo Fiba. Kyrie Irving vai ter mais oportunidades de arremesso. Mas podem se preparar para uma exibição, digamos, hulkiana do intempestivo DeMarcus. O pivô está enxuto como nunca, ganhando agilidade sem perder sua força física descomunal, prontinho para esmagar seus adversários, tal como o dito “Gigante Esmeralda” nos quadrinhos. Para quem tem desperdiçado alguns bons anos produtivos nos confins de Sacramento, jogar com o Team USA no Rio de Janeiro serve quase como uma experiência terapêutica. Quiçá, o contato com a elite da modalidade pela segunda competição internacional seguida também não motive Boogie a aceitar aquele procedimento básico que se chama amadurecimento. Com a cabeça no lugar, tem tudo para fazer paçoca da concorrência.

hulk-smash-esmaga

– O Grupo B vai ser um tiroteio. Sinceramente, qualquer pessoa pode se gabar aqui e dizer que tem certeza que a Espanha será a primeira colocada dessa chave, seguida por Lituânia, Brasil e Argentina. Tudo bem, pode ir em frente com essa. Mas a real é que ninguém, com o juízo em dia, sabe realmente qual será o desenrolar destas partidas. No meu entender, pelo menos, até a Nigéria tem chances, mesmo que correndo por fora. Isso sem nem levar em conta o que aconteceu nos amistosos. Vai ser uma disputa duríssima, com a seleção brasileira metida no meio. Haaaaaaaja coração. (Agora, pode muito bem que a Espanha não tome conhecimento de ninguém, vença todos e que a Nigéria apanhe – e, no final, restariam três vagas para quatro seleções. Ainda assim seria dramático.)

– Vamos ter um top 10 só com DeMar DeRozan. O ala do Raptors é outra figura de segundo escalão que pode aproveitar a experiência olímpica para expandir sua marca globalmente, como diria o agente de LeBron. Embora já eleito duas vezes para o All-Star Game, não dá para dizer que o jogador desfrute de tanto prestígio assim em todas as cidades da liga que não estejam em território canadense. Então lá vai essa maravilha atlética aproveitar os inúmeros contra-ataques em garbage time que a seleção norte-americana vai ter, para saltar em 720º, se desvencilhar de oito braços compridos chineses no ar e dar suas cravadas. Paul George, Kevin Durant, Jimmy Butler, Harrison Barnes e, principalmente, DeAndre Jordan podem ser todos ignorantes no ataque ao aro. Mas nenhum deles tem a plasticidade de DeRozan em seus movimentos. Ele será o Capitão Vine da Olimpíada, ganhando até de Usain Bolt.



– Nenê não será vaiado. O bom senso, afinal, ainda pode prevalecer. Quatro anos atrás, o pivô foi vaiado de modo deprimente pelo público presente na Arena HSBC, quando a NBA trouxe um amistoso de pré-temporada pela primeira vez ao Brasil. Maybyner Hilário agora retorna ao Rio de Janeiro com um papel importantíssimo pela seleção brasileira, liderando um garrafão 40% renovado após as baixas de Splitter e Varejão. Se for para buzinar no ouvido de alguém, é só procurar as figuras de Gerasime Bozikis e Carlos Nunes pelo ginásio. Eles certamente estarão presentes, em lugares privilegiados.

Guia olímpico 21
>> A seleção brasileira jogador por jogador e suas questões
>> Estados Unidos estão desfalcados. E quem se importa?
>> Espanha ainda depende de Pau Gasol. O que não é ruim
>> Argentina tem novidades, mas ainda crê nos veteranos
>> França chega forte e lenta, com uma nova referência

>> Lituânia tem entrosamento; Sérvia sente falta de Bjelica
>> Croácia e Austrália só alargam o número de candidatos
>> Nigéria e Venezuela correm por fora. China? Só 2020

– A Venezuela vai encrespar com França e/ou Sérvia. Eles têm talento para bater de frente com essas seleções europeias? Não. A França foi campeã europeia em 2013, bronze pela Copa do Mundo em 2015 e bronze novamente pelo EuroBasket do ano passado. A Sérvia chegou ao segundo lugar no Mundial. Mas este time aguerrido de Néstor “Che” García parece destinado a aprontar, a fazer mais do que se esperava deles. A classificação olímpica já foi uma façanha, deixando a badalada e numerosa geração canadense pelo caminho (o Canadá está para o mundo Fiba hoje assim como a Bélgica, para o futebol). Mas por que eles se contentariam com isso? Seus armadores são manhosos e o time passou a defender muito bem com Che. Pode ser que consigam cozinhar a partida contra equipes muito mais expressivas.

Venezuela, Nestor Garcia, Copa América, Fiba Américas

– É melhor não se meter em um jogo parelho com a Argentina. Por falar em jogo apertado, eu não gostaria de ter defender contra uma equipe que vá colocar em quadra Manu Ginóbili e Luis Scola ao mesmo tempo numa última posse de bola. É muito talento e respeito em quadra. Cojones e muito mais, claro. Aqui tem a máxima que a mídia americana costuma usar para a NBA, com a qual concordo: é muito provável que o time com os dois, três melhores jogadores em quadra saia vencedor de uma partida. Em 2016, talvez a dupla argentina já não consiga mais ser superior por 40 minutos. Mas, num ataque final, valendo o jogo, com tudo o que eles já experimentaram de sucesso em suas carreiras? Eu gelaria.

Nando De Colo vai fazer muita gente se perguntar por que diabos ele não quis nem negociar direito com as equipes da NBA. É, o francês está jogando muito. O cara tem os números de Euroliga para exibir por aí e também um jogo vistoso demais, que deve ser ainda mais bacana ao vivo. Ele joga em seu próprio ritmo. O mais legal: geralmente consegue chegar aonde quer para finalizar. É nisso que dá sua combinação de drible, altura e fome de bola.

Huertas, Rodríguez e Tedosic vão dar passes para confundir até mesmo seus companheiros. É a turma do sexto sentido. Mais três jogadores que não são os mais explosivos em quadra, mas têm tanta habilidade, coordenação e visão de quadra, que fazem o jogo ficar muito mais rápido e imprevisível. As defesas muitas vezes podem achar que os têm controlados, e aí de repente sai aquele passe (quase) sem olhar para o pivô livre debaixo da tabela. É bom que Augusto Lima, Felipe Reyes, Milan Macvan & Cia. estejam espertos. Posso dizer: é meu tipo de lance favorito.

Olha para um lado, e a bola vai passar pelas costas de Baynes

Olha para um lado, e a bola vai passar pelas costas de Baynes

Matthew Dellavedova vai irritar alguém – ou muita gente, mesmo. Ele sempre arruma uma em quadra, não? Se acontece nos playoffs esvaziados da Conferência Leste, com o Cavs passando por cima de tudo mundo, por que não iria ocorrer em uma Olimpíada, com os ânimos muito mais esquentados? Pior: Delly tem uma baita cobertura. É só olhar o tamanho dos pivôs australianos para compreender uma eventual super-agressividade do armador. Com Andrew Bogut retornando, fazendo uso nada econômico das cotoveladas, é chance quase zero que os Boomers não se metam em pelo menos uma confusão em jogos pelo Grupo A.

– Alguém vai dizer que lance livre ganha jogo. Mas talvez não digam que um rebote, um toco, uma assistência e um arremesso contestado de média distância o façam.

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Guia olímpico 21: a fortíssima França tem nova referência
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Giancarlo Giampietro

A partir da definição dos 12 jogadores da seleção brasileira, iniciamos uma série sobre as equipes do torneio masculino das Olimpíadas do #Rio2016:

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Dois desses talvez estejam se despedindo. O outro virou O Cara

O grupo
Armadores: Tony Parker, Nando De Colo, Antoine Diot, Thomas Heurtel.
Alas: Nicolas Batum, Mickael Gelabale, Charles Kahudi.
Pivôs: Boris Diaw, Florent Pietrus, Kim Tillie, Joffrey Lauvergne e Rudy Gobert.

A França é uma das raras seleções que pode colocar um quinteto em quadra que ao menos não seja esmagado atleticamente pelo Team USA. Mas não que consigam rivalizar, claro. Gobert, un monstre, pode com qualquer um – é um cara agora para fazer a diferença a cada partida. Parker, Diaw e mesmo, discretamente, Batum já viveram dias melhores. Mas ainda tem Kahudi, Pietrus, Gelabale e Lauvergne.

Um dado interessante para se ponderar é que os Bleus vêm para o #Rio2016 com cinco atletas de NBA. O que é bastante, mas não o máximo que poderiam convocar. Não é porque o cara está na melhor liga do mundo que deve ser convocado automaticamente, ainda mais no país que tem a maior produção de jogadores no mundo todo hoje, excluindo o território norte-americano. Na hora de se formar uma equipe, o treinador não deve pensar apenas em nomes, mas no modo como eles se combinam em quadra.

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Há, inclusive, atletas que nem mesmo querem jogar nos Estados Unidos. Acreditem, porque De Colo está aí para contar essa história. Depois de ser aclamado MVP da última Euroliga, evoluindo demais desde que deixou o Toronto Raptors, há dois anos. O cestinha francês certamente receberia uma oferta generosa nesta nova economia da liga americana, mas nem quis saber de conversa, renovando cedinho seu contrato com o CSKA.

A presença do armador alto, de 1,95m, ajuda a entender a exclusão de Evan Fournier entre os 12 finais. O técnico Vincent Collet não estava fechado em torno dos 12 atletas que disputaram o Pré-Olímpico em Manilla. Ao obter a vaga, não hesitou em trocar o talentoso Adrien Moerman, pivô emergente no mercado europeu, por Gobert. Muitos esperavam que o mesmo procedimento seria adotado com Fournier, que já está de contrato assinado com o Orlando Magic.

“Acredito que nossos sete jogadores do perímetro assumiram bem suas funções. Encontramos um grande equilíbrio nesse setor. Pelo contrário: tivemos dificuldades no garrafão, que poderiam se tornar mais graves para o torneio olímpico. Quando as pessoas veem as coisas de fora, podem fazer perguntas. Mesmo eu, antes de viajar para Manilla, acreditava que iria adicionar Fournier depois. Digo isso com tranquilidade, pois acreditava que pelo menos um jogador do perímetro não iria se encontrar, mas não foi o caso”, afirmou o treinador. “Houve um compromisso que assumi com meus jogadores que era o seguinte: se eles jogassem bem, permaneceriam na equipe. Se não honrasse isso, os estaria traindo.”

Agora, o talentoso arremessador se junta a Alexis Ajinça, Ian Mahinmi, Kevin Seraphin e Joakim Noah entre os franceses de NBA que não são olímpicos – embora eu relute a incluir Noah nesse grupo, já que o pivô está mais para cidadão do mundo, do que francês, e que, se estivesse disposto a defender o país, certamente contaria com a boa vontade de Collet. Também não vale mencionar os mais jovens, como Damien Inglis, recentemente descartado pelo Bucks, ou os recém-draftados Guerschon Yabusele, Timothé Luwawu, Isaia Cordinier, Petr Cornelie, que não estão prontos para a empreitada. Desses, apenas Luwawu está garantido na próxima temporada.

O Parker de 2016 está em forma muito melhor o que od e 2015

O Parker de 2016 está em forma muito melhor o que od e 2015

Rodagem
Em termos de quilometragem, a França é uma das três seleções olímpicas que entram nas Olimpíadas um pouco mais entrosadas – mas talvez mais cansadas também –, por ter sido obrigada a disputar o torneio de classificação nas Filipinas. Venceram seus quatro jogos por lá, contra os anfitriões e Nova Zelândia, Turquia e, por fim, Canadá, na hora de disputar a vaga. Somente o triunfo sobre os turcos foi por dígitos duplos. Mas não que pudessem esperar partidas fáceis, mesmo. Agora, entrar no último período do duelo com os neozelandeses com sete pontos de desvantagem também não era algo previsto, né? Já o confronto com o Canadá, que estava bastante desfalcado, foi equilibrado, mas sob controle dos Bleus do início ao fim:

A França tem um dos elencos mas experientes da competição e, assim como no caso de Brasil e Espanha, deve se despedir de algumas de suas principais figuras como os melhores amigos Parker e Diaw, além de Gelabale e Pietrus.

Para acreditar
Estamos falando de uma base que foi medalhista nos últimos três EuroBaskets, com direito a título em 2013, e que também foi bronze no último Mundial. Se fosse para fazer uma bolsa de apostas, esse retrospecto os coloca num segundo patamar entre os favoritos, ao lado da Espanha.

Independentemente da aceleração e impulsão dessa turma, que podem ser abaladas pela idade e ou pela quantidade de cheeseburgers ingeridos, um fator não se altera: a envergadura coletiva da equipe, que faz de sua defesa algo infernal. É muito difícil encontrar espaço ali para fazer uma infiltração em linha reta e simples, por iniciativa individual, sem que os marcadores tenham sido sacudidos com boa movimentação de bola. Esses porte físico também se manifesta em domínio dos rebotes, com uma das linhas de frente mais fortes que vão encontrar por aí.

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Do outro lado, Nando De Colo está no auge. Ele hoje, na real, é a grande referência da equipe, em termos técnicos, vindo de 17,2 pontos, 58,5% de acerto nos arremessos, além de 4,0 lances livres convertidos por partida durante o Pré-Olímpico de Manilla:

Algo providencial para aliviar a carga de Tony Parker, que em muitos torneios se sentia obrigado, ainda que desnecessariamente, a bancar o super-herói – uma tendência que se manifestou mesmo no ano passado, quando estava em péssimas condições físicas. Ao menos agora o armador se apresenta em melhor forma. Os dois ainda serão assessorados por Heurtel, que tem uma visão de quadra especial, e por Diot, mais um passador de mãos seguras, podendo olhar mais para a cesta.

Questões
Para uma seleção com mentes brilhantes como as de Parker, De Colo, Batum, Diaw e Heurtel, a França tende a jogar de modo muito, mas muuuuito lento, o que é um contrassenso, pensando nos atletas que são convocados. Era para essa equipe ser uma das mais divertidas das competições Fiba. Mas é uma das mais chatas.

O técnico Vincent Collet, porém, pode se proteger pelo sucesso recente. Mas fico imaginando como poderiam ser ainda mais perigosos com um maior liberdade para transição e um ataque menos arrastado.Você não precisa abrir mão de eficiência defensiva por um ataque mais criativo, ainda mais para um grupo que não tem tantos chutadores.

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CSKA resiste a pressão sobre establishment e volta a conquistar a Euroliga
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Giancarlo Giampietro

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Foi uma temporada em que os gigantes sofreram, com forte pressão sobre o establishment do continente, mas, no final, a Euroliga 2015-16 ficou com o CSKA Moscou, justamente o clube de maior orçamento do campeonato. Agora, qualquer torcedor do Olympiakos pode muito bem tirar um sarro aqui: e quem disse que o CSKA faz parte da elite? Afinal, estamos falando do clube que não ganhava o título desde 2008, acumulando desde então alguns dos maiores colapsos da história do basquete. E, glup, quase aconteceu de novo.

No Final Four de Berlim, a equipe moscovita passou pelo estreante Lokomotiv Kuban pelas semifinais e bateu o Fenerbahçe pela decisão, de modo dramático: 101 a 96 após prorrogação. Que os dois finalistas tenham ido ao tempo extra parecia algo totalmente improvável ao final do primeiro tempo, quando os russos venciam por 20 pontos de diferença (50 a 30), ou mesmo ao final do terceiro período, quando a vantagem era de 16 (69 a 53). Os turcos venceram a última parcial para inacreditáveis 30 a 14, e aí, meus amigos, parecia a reedição de um novo pesadelo.


No ano passado, o CSKA tinha vantagem de nove pontos sobre o Olympiakos no início do quarto período e arrefeceu. O mesmo havia acontecido contra o mesmo oponente grego em 2012 e 2013, sendo o maior vexame aquele de quatro anos atrás, quando levou a virada depois de abrir 19 pontos no placar. Outro tropeço marcante aconteceu contra o Maccabi em 2014, quando tinha 15 pontos de folga. Que coisa, hein? Então imagine o desespero de Andrey Vatutin, o jovem presidente do clube, aquele que assina um polpudo cheque a cada ano, assistindo a tudo isso novamente à beira da quadra.

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“O fato é que mostramos nossa personalidade. Por exemplo, o que aconteceu em 2012, em Istambul, foi uma catástrofe. Mas agora conseguimos conquistar o título depois de uma reação de nosso adversário. Nós também reagimos. Mas é claro que eu me assustei u m pouco. Mas quer saber? Acho que prefiro assim. É muito melhor do que se tivéssemos vencido com os 20 pontos do primeiro tempo”, afirmou o dirigente, que chegou a ser especulado como candidato a gerente geral do Brooklyn Nets, devido aos óbvios laços com Mikhail Prokhorov, antigo proprietário do CSKA e acionista majoritário da franquia nova-iorquina. Eu, hein? Era melhor evitar uma emoção dessas.

De todo jeito, a reação mais engraçada foi a do técnico Dimitris Itoudis, perto de quem Gregg Popovich parece um monge. O grego, que desbancou seu mestre Zeljko Obradovic pela final, não gostou quando foi questionado se “velhos fantasmas” rondavam seu time durante a virada do Fener. “Isso é só um jogo de basquete, maldição”, disparou. “É apenas um jogo de basquete entre dois grandes clubes e grandes jogadores. Sim, aconteceu um monte de coisas no quarto período. Eles reagiram e assumiram a liderança. Mas estávamos calmos. Mostramos isso aos jogadores. Dissemos para fazer e confiar no que havíamos feito durante toda a temporada, e tivemos sucesso. Muitos de vocês (jornalistas) disseram que éramos os favoritos porque jogamos um basquete atraente, que agradava à maioria das pessoas. Então era para se lembrarem disso. Ficamos sob controle, empatamos o jogo e fomos para a prorrogação.”

Que o CSKA tenha sobrevivido, então, fez-se justiça com alguns dos maiores jogadores de sua geração, como o genial Milos Teodosic e o faz-tudo Victor Khryapa, caras que têm currículos invejáveis, muito talento, mas vinham sendo julgados como perdedores devido aos seguidos fiascos pelo Final Four europeu. Teodosic nunca havia ganhado uma Euroliga, diga-se. Já Khryapa havia chegado à fase decisiva em nove ocasiões e saído vencedor apenas uma vez, em 2008.

O armador sérvio anotou 19 pontos e deu 7 assistências em 34 minutos, matando três bolas de longa distância em seis tentativas, com mais oito lances livres. Foi o jogador mais produtivo da partida. Mais que os números, porém, ele ditou o ritmo de jogo e dessa vez não confundiu a necessidade de liderar sua equipe com heroísmo, como aconteceu em outros momentos da carreira, com alguns arremessos tresloucados.

Veja um de seus passes brilhantes na jogada número 3 abaixo:

Já Khryapa foi detonado pela mídia europeia por alguns lapsos em 2012 e 2014, para um jogador tão versátil e inteligente. Aos 33 anos, mas com o corpo bastante castigado, já não é mais um protagonista do time. Porque não dá mais: participou de apenas dez partidas em toda a campanha. Mas conseguiu encontrar seu melhor jogo na hora mais decisiva, forçando a prorrogação com uma cesta maluca em rebote ofensivo a 1s3 do fim (a jogada número acima). Antes, já havia matado uma bola de três importante. No minuto final do tempo extra, ainda apareceu com um toco providencial, mostrando toda a versatilidade que lhe alçou ao topo na Europa. Tivesse chegado à NBA de hoje com todas as suas habilidades, seria um jogador muito mais relevante do que aquele que acabou desprezado por Blazers e Bulls.

A estrela da campanha, de todo modo, foi o armador Nando de Colo, que cresceu muito nas últimas duas temporadas, desde que se desligou do Toronto Raptors. O francês foi eleito tanto o MVP da temporada como do Final 4. Foram 52 pontos e 11 assistências  em 61 minutos pela fase decisiva, com médias de 19,4 pontos, 5,0 assistências, 3,6 rebotes e 46% nos arremessos de longa distância e 55,6% de dois pontos.

Quase revolução
Ver o CSKA Moscou entre os quatro semifinalistas da Euroliga é o mais distante que temos de uma surpresa. Neste século, os caras só não disputaram duas edições do Final Four (2002 e 2011). Com 22 vitórias e 5 derrotas entre primeira fase, Top 16 e quartas de final, não havia como mudar esse curso.

Mas onde estavam Real Madrid, que defendia o título e havia participado de quatro das últimas cinco edições? O clube espanhol pagou pela exaustão, depois de um ano fantástico. Não teve Maccabi Tel Aviv também, clube que jogou sete vezes desde 2001 e dessa vez nem passou da primeira fase, num tremendo vexame sob o técnico Guy Goodes, demitido. E nada de Barcelona (sete participações, eliminado pelas quartas de final pelo Lokomotiv, por 3 a 2, com graves problemas defensivos e um elenco envelhecido), Panathinaikos (seis, varrido pelo Baskonia pelas quartas, num ano em que investiu mais) e Olympiakos (cinco desde 2009 e que não passou da segunda fase, o Top 16, com Vassilis Spanoulis sofrendo pelo físico).

Enfim, as principais forças dançaram mais cedo.  Assumiram suas vagas o Fenerbahçe, vice-campeão, o Lokomotiv, terceiro colocado, e o Baskonia, que ficou em quarto.

O Fener já havia jogado o F4 do ano passado, tem uma torcida imensa, mas só é reconhecido atualmente como uma superpotência do basquete, tendo investido muita grana nos últimos anos para tentar ser o primeiro clube turco a ganhar a Euroliga, a ponto de convencer um octocampeão Obradovic a abraçar sua causa. O Baskonia tem quatro semifinais neste século, mas todas elas aconteceram entre 2005 e 2008. Desde então, não havia passado das quartas de final. Pior: nas últimas duas temporadas, não passou nem da segunda fase, o Top 16. Já o Lokomotiv é um clube nômade da Rússia que só chegou a Krasnodar em 2009 para assumir a atual formatação. Em anos anteriores, o máximo que poderia apresentar era um vice-campeonato da Copa da Rússia ou da Copa Korac.

Tanto Fener como Loko podem ser considerados novos ricos do basquete. Em tempos de crise (braba, mesmo), era questão de tempo que seus orçamentos fizessem a diferença e que pudessem se intrometer entre os Barças e Panathinaikos da vida. Se você der aquela espiada em seus elencos, vai entender bem.

O clube russo tem três jogadores ex-NBA (Anthony Randolph, Chris Singleton e Victor Claver), além do armador americano mais badalado do continente (Malcom Delaney), de um grande chutador (Matt Janning) e de um australiano olímpico (Ryan Broekhoff), mais três russos que eventualmente possam fazer parte de sua seleção (Evgeny Voronov e Sergey Bykov, dois bons marcadores veteranos, e o ala-pivô Andrey Zubkov, ex-CSKA). Foram orientados por Georgios Bartzokas, campeão europeu pelo Olympiakos em 2013.

Já o clube turco joga com um orçamento que só é superado pelo do CSKA. Importou, então, quatro jogadores da NBA (Jan Vesely, Epke Udoh, Pero Antic e Luigi Datome) e outros quatro de seleções nacionais (os prodígios sérvios Bogdan Bogdanovic, Nikola Kalinic, o americano naturalizado turco Bobby Dixon e o gatilho grego Kostas Sloukas). Algumas promessas nacionais completam a lista, com destaque para o pivô Omer Yurtseven, de apenas 17 anos, cortejado pelas grandes universidades dos EUA e que fechou com North Carolina. É um esquadrão.

Nesta classe de novos ricos, também ouvimos o Khimki Moscou fazer barulho, assim como o Darussafaka Dogus, da Turquia, que agora vai receber Bartzokas. Na primeira fase, O Khimki bateu o Real Madrid duas vezes, contando com uma linha de armadores espetacular (Tyrese Rice, Alexey Shved, Zoran Dragic e Petteri Koponen). Já o Darussafaka, com diversos americanos experientes de Europa, ajudou a eliminar o Maccabi na primeira fase. Ambos caíram no Top 16.

As surpresas não ficaram por conta só de quem tem dinheiro, todavia. Com sete vitórias e sete derrotas, o jovem time do Estrela Vermelha foi longe neste campeonato, deixando Bayern, Anadolu Efes e o  próprio Darussafaka pelo caminho. Com um punhado de revelações sérvias e contratações certeiras de americanos, alcançaram as quartas de final, sem conseguir fazer frente ao CSKA, então. Já o Brose Baskets, da Alemanha, bastante organizado, se meteu em um empate tríplice com Real Madrid e Khimki pela segunda fase, todos com sete vitórias e sete derrotas. O Olympiacos ficou para trás, com seis vitórias e oito derrotas, num grupo duríssimo.

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A lenda de Spanoulis só cresce e agora desafia o Real Madrid
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Giancarlo Giampietro

Ele de novo

Ele de novo

Primeiro foi uma exibição assustadora de um jogador. Depois, entrou em quadra um timaço para definir a final da Euroliga 2014-2015.

Na abertura do Final Four em Madri, Vassilis Spanoulis voltou a torturar o CSKA, com todos os seus craques, torcedores plácidos e dirigentes cheios de careta nos primeiros assentos ao lado da quadra. O Olympiakos alcança sua terceira deicão em quatro temporadas, em busca do terceiro título. Agora, terão pela frente mais um oponente que sonha com a revanche: o time da casa, o Real, que destroçou o Fenerbahçe pela segunda semifinal.

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Lembrando: o clube grego foi bicampeão em 2012 e 2013 com viradas no último jogo para cima de CSKA e Real, respectivamente. Enquanto tiver sob a liderança de Spanoulis, os caras vão chegar.

O que o camisa 7 fez nesta sexta foi algo meio indescritível. Estava comentando a partida no Sports+, ao lado do chapa Rafael Spinelli, e houve uma hora em que fiquei simplesmente sem palavras. Para um analista, ao vivo na TV, parece o fim da picada, né? Mas é que sua exibição foi tão impressionante que por vezes que era de deixar qualquer um perplexo, mesmo. Veja o Luigi Datome, por exemplo:

(Não sei nem o que escrever para descrever Spanoulis. Lenda? História? Ou apenas Spanoulis? Estou totalmente chocado.)

Estamos todos, Gigi. Veja a reação de uma galera, entre atletas de NBA e Euroliga, frente ao que o craque grego fazia.   E foi o quê exatamente? Se você pega a linha estatística final da partida, vitória por 70 a 68, vai ver um atleta com 13 pontos e péssimo aproveitamento de 4-15 (26,6%) nos arremessos de quadra, em 32 minutos. Mais turnovers (quatro) do que assistências, tendo levado três tocos também durante a jornada.Vem cá: o que tem de especial nisso?  

Pois é. Mais uma vez percebe-se como é perigoso espiar uma linha estatística e avaliar que fulano tenha “brilhado”, “dado show” ou “ido mal”. Com esse rendimento numérico ridículo, Spanoulis foi ainda o cara da partida. Depois de errar seus primeiros 11 arremessos de quadra e só converter dois pontos no primeiro tempo na linha de lance livre, de passar em branco no terceiro período, ele voltou para a quadra com seis minutos restando no cronômetro e… Pumba.

   

Por 26 minutos, ele não conseguia fazer nada. De repente, decidiu que era a hora da matança. Fez, então, 11 pontos, seus seus últimos quatro arremessos no jogo, incluindo três arremessos de longa distância, para elevar a contagem do Olympiakos de 54 a 69, com a ajuda de quatro pontinho de Kostas Sloukas. O CSKA vencia por nove pontos a três minutos do fim e novamente entrou em colapso. O que leva um sujeito a ser tão confiante assim? 

O ala-armador francês Nando De Colo, que havia feito um excelente primeiro tempo, acabou descadeirado pelo veterano. É um grande jogador, mas falou um pouco mais do que devia em quadra e tomou a resposta mais dolorida: a de que ainda precisa crescer muito para se colocar num patamar de astro europeu. Foi o mesmo tipo de postura que o tirou de San Antonio, sem aceitar muito bem os minutos limitados com Gregg Popovich e que ainda não se justifica, tendo em base o que faz em quadra. Não há dúvida de que tenha muito talento, mas ainda lhe falta tarimba. Começou a forçar arremessos, cochilou demais na defesa e, ainda assim, foi mantido como referência ofensiva por parte de Dimitris Itoudis. O técnico grego, que fez uma primeira Euroliga formidável,  se atrapalhou em sua rotação nos momentos decisivos, promovendo diversas substituições. Não encontrou resposta para o camisa 7 alvirrubro.

Ele já havia sido eleito pelos dirigentes da Euroliga como o atleta mais temido na hora de partir para uma bola decisiva. Lá foi ele de novo, então. A lenda de Spanoulis só cresce. O Emanuel também está tentando digerir tudo isso:

*   *   *

Ayón guardou o melhor para o fim: exibição completa contra o Fenerbahçe

Ayón guardou o melhor para o fim: exibição completa contra o Fenerbahçe

É essa a figura que vai desafiar o Real Madrid novamente. Os anfitriões venceram o Fenerbahçe, de Zeljko Obradovic, por 96 a 87. O placar conta só um pouco do que foi a partida. O primeiro tempo dos vencedores foi um primor, com 20 pontos de vantagem abertos (55 a 35), 18 assistências, oito bolas de três pontos convertidas e nenhum turnover. Zero. Uma aula ofensiva. Pareceu o Real da temporada passada, com um jogo vistoso, ainda com Nikola Mirotic na formação titular, correndo a quadra com criatividade, velocidade e inteligência – as três podem ser unidas, acreditem. Juntos, os Sergios, Rodríguez e Lllull, tiveram 25 pontos e 16 assistências, contra apenas dois desperdícios de posse de bola.

A surpresa foi ver Gustavo Ayón absolutamente dominar o garrafão. Não por que haja o que duvidar sobre as qualidades do mexicano, mas mais pelo fato de que a expectativa era a de que tivesse uma batalha com os excelentes pivôs  do clube turco. Ayón somou 19 pontos, 7 rebotes, 6 assistências e três roubos de bola. Além disso, converteu 8 de 11 arremessos de quadra, saindo excluído com cinco faltas. Ele contou com a ajuda de 12 pontos, 6 rebotes e muita luta por parte de Andrés Nocioni.

Na busca incessante pela novena, a nona taça continental no basquete, o gigante espanhol só não pode se empolgar tanto. “Não ganhamos nada ainda”, afirma Llull, que sabe que seu time vai ter de apagar um trauma de duas decisões perdidas por virada, a primeira contra o próprio Olympiakos. Revisar esse e outro episódio de seu passado recente pode ajudar o time do técnico Pablo Laso a se preparar da forma apropriada para a decisão. Não custa lembrar que, em 2014, no Final Four de Milão, o Real massacrou o Barcelona por 100 a 62 e acabou derrotado pelo Maccabi na final. Um clube de prestígio incontestável na Europa, mas que era um azarão na ocasião. Agora vão enfrentar um Olympiakos cheio de orgulho também. E com aquele matador. Sérgio Rodríguez sabe o que precisa ser feito: “Temos de tentar limitar Spanoulis”. Mas como lidar com uma lenda?


Euroligado: um quarto inesquecível para Huertas
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Giancarlo Giampietro

Diamantidis, considerado um dos melhores defensores do basquete europeu na história, não conseguiu parar Huertas

Diamantidis, considerado um dos melhores defensores do basquete europeu na história, não conseguiu parar Huertas

Dentre todos os brasileiros que estão em atividade no exterior, o pivô Augusto Lima é aquele que vive a melhor temporada, no geral. Já contamos essa história. Mas aquele que vive a melhor fase é Marcelinho Huertas, conforme notado há algumas semanas também. Nesse excelente momento individual por que passa o armador,  os dez minutos mais vultuosos aconteceram nesta sexta-feira, no terceiro período da vitória providencial do Barcelona sobre o Panathinaikos, por 80 a 76. Foram, talvez, sem exagero, os dez melhores minutos de sua carreira – algo que só ele pode confirmar, claro.

Anotem essa: no confronto transmitido pelo Sports+, com Rafael Spinelli e Ricardo Bulgarelli, o paulistano matou seis bolas de longa distância depois do intervalo, sendo cinco delas de modo consecutivo. A sequência só foi interrompida por um pedido de tempo de Dusko Ivanovic, técnico do time grego e seu comandante por duas temporadas no Baskonia (hoje Laboral Kutxa). O sérvio pode ter tentado “marcar” o ex-pupilo, uma vez que sua defesa não conseguia pará-lo de modo algum, mas não deu certo.

Os dois primeiros arremessos caíram para dar ao Barça a liderança no início do terceiro quarto (45 a 40), depois de fal-e-cesta em cima de Esteban Batista. O americano DeMarcus Nelson converteu uma bandeja em infiltração para descontar. O ataque do Barça teve, então, bela movimentação de bola – destaque aqui para o pivô Ante Tomic, excelente passador a partir de marcações duplas – para encontrar o brasileiro novamente no perímetro. Livre, deu cesta. Na posse de bola seguinte, para desespero de Ivanovic, lá estava Huertas novamente sozinho para encaçapar a quarta, abrindo vantagem de nove pontos. Aí veio o pedido de tempo. O ala Vlantimir Giankovitz acertou um gancho. No ataque seguinte… Nova bomba de três para Huertas,  a quinta em menos de três minutos. Ao final da parcial, no último ataque catalão, ele contou com um pouco de sorte num chute de muito longe, a partir do drible, para fazer a sexta cesta de longe. Saíram, deste modo, 18 de seus 22 pontos.

(O Panathinaikos ainda apertou o jogo e vendeu cara a derrota, ficando a um ponto do empate no finalzinho, mas o time da casa sobreviveu, para somar sua primeira vitória na fase de Top 16.)

Na temporada, Huertas estava com um aproveitamento de 45,1% nos arremessos de fora. Já era o melhor rendimento de sua carreira na Euroliga, superando os 44,2% de 2010-11, pelo Baskonia, justamente sob a orientação de Ivanovic – e bem mais produtivo que os 33,8% do campeonato passado ou que os 35,6% da carreira, por exemplo. Depois da formidável jornada, no entanto, elevou este número para 51,3%. Nos últimos cinco jogos, são 66,6% (12/18).

Quando o armador está com uma pontaria dessas, seu jogo simplesmente vira um pesadelo para a concorrência, já que eles não podem se descuidar de suas infiltrações. Não apenas por sua capacidade para matar aqueles chutes lindos em flutuação, como também pela destreza nos passes, para deixar Tomic e os pivôs do Barça em ótima posição para finalização, ou para encontrar arremessadores como Navarro e Oleson abertos na zona morta. Rubén Magnano deve estar empolgado.

PS: neste domingo, numa partida que a Liga ACB já define como “apoteótica”, o Barça derrotou o Unicaja Málaga por 114 a 110, com mais 19 pontos e 8 assistências de Huertas, em 27 minutos. O jogo foi definido na prorrogação apenas, na Catalunha.)

O jogo da rodada: Anadolu Efes 74 x 70 Unicaja Málaga
Foi daquelas vitórias que deixa o time vencedor em êxtase, ao passo que os perdedores entram em luta contra a depressão. Vindo de uma sequência de cinco reveses pela competição – embora lidere a Liga ACB de forma surpreendente –, a equipe malagueña, com sua proposta de jogo acelerado, venceu o primeiro tempo em Istambul por 15 pontos de vantagem (49 a 34). Mas marcou apenas 21 pontos depois do intervalo, com um desempenho ofensivo tenebroso.

A diferença foi construída com base em bom desempenho dos pivôs Will Thomas e Vladimir Golubovic na linha de frente, assessorados pelo armador Jayson Granger, todos reservas na rotação volumosa de Joan Plaza. No terceiro período, contudo, não houve quem conseguisse superar uma defesa muito bem armada por Dusan Ivkovic, que forçou uma série de chutes desequilibrados de seus oponentes, levando apenas oito pontos em dez minutos. Com múltiplas conversões de três do outro lado, a jovem equipe turca empatou o placar em 57 a 57.

Por mais substituições que fizesse, Plaza não conseguiu encontrar uma resposta, e o Anadolu chegou a abrir 67 a 59 no placar, numa parcial impressionante de 33 a 10 desde o final do primeiro tempo. Foi só com o veterano islandês Jon Stefansson, após um pedido de tempo, que o treinador espanhol ganhou algum suporte em quadra, voltando a equilibrar as coisas para os dois minutos finais, ficando três pontos atrás (69 a 66). O armador naturalizado croata Dontaye Draper, no entanto, foi decisivo nas últimas posses de bola com uma bandeja e um chute de fora para definir o primeiro triunfo do time de Dusan Ivkovic (aquele que não gosta de americanos meia-boca, diga-se) no Top 16.

Dario Saric não teve dos jogos mais empolgados no ataque (5 pontos e 2 assistências em 29 minutos, com 2/4 nos arremessos), mas o jovem ala Cedi Osman voltou a produzir bem, com 12 pontos em 16min54s, matando 5/10.

O que os cartolas pensam
Na segunda parte de sua enquete com os gerentes gerais dos times que disputam o Top 16, a Euroliga se concentrou nos jogadores – algo sempre mais interessante (neste link e neste também). Vamos a alguns dados:

euroleague-survey-mvp-2015-teodosic

– Marcelinho Huertas foi apontado como o quarto melhor armador do campeonato, com 8,3% dos votos, atrás de Milos Teodosic (CSKA, 41,6%), Sérgio Rodríguez (Real Madrid, 25%) e Vassilis Spanoulis (Olympiakos, 16,6%). Páreo duro, mesmo. Na hora de responder sobre quem seria o melhor passador, Huertas voltou a aparecer em quarto, ao lado do francês Thomas Heurtel, do Anadolu, com o mesmo percentual, atrás de Rodríguez (29,1%), Teodosic (25%) e Dimitris Diamantidis (Panathinaikos, 20,3%).

– Teodosic recebeu 33,3% dos votos na hora de palpitar sobre o eventual MVP dessta temporada, superando Boban Marjanovic (20,8%) e Tomic (12,5%). Andrew Goudelock, do Fenerbahçe, Nando De Colo e Sonny Weems, ambos do CSKA, Rudy Fernández, do Real, James Anderson, do Zalgiris, e Spanoulis também foram citados.

– Goudelock foi apontado com o melhor americano da competição, com 33,3%, acima de Weems, Anderson e Keith Langford, do já eliminado UNICS Kazan.

– Os alas-pivôs Stephane Lasme, do Anadolu, e Kyle Hines, do CSKA, foram apontados com os melhores defensores, com 16,6%. Hines ganhou a votação de jogador mais durão, mais chato de se lidar, com 16,1%.

– Agora, se eles tivessem o direito de assinar com qualquer jogador da Euroliga, sem nenhuma restrição, o alvo seria Spanoulis, com 33,3%, seguido por Tomic (12,5%), Bogdan-Bogdan, Weems e De Colo (8,3%).

Lembra dele? Felipe Reyes (Real Madrid)

Reyes, em seu gancho tradicional: fundamento, QI e determinação

Reyes, em seu gancho tradicional: fundamento, QI e determinação

O eterno coadjuvante. Reyes, 34, sempre foi mencionado na segunda linha de todos os textos sobre a era dourada espanhola, depois de Pau Gasol, Navarro, Calderón e até de Garbajosa. Pois o país já praticamente trocou de gerações, e o veterano  ala-pivô do Real se aprofundou na sua condição de coadjuvante. Em termos de esforço, consistência e fundamentos, porém, estamos falando de um craque, realizando uma Euroliga sensacional (sua 11ª!). Em vitória por 93 a 78 sobre o Galatasaray, na quinta, ele marcou 22 pontos e pegou 11 rebotes em apenas 22 minutos, acertando 9 de 13 arremessos, atingindo índice de eficiência de 29, para dividir o prêmio de MVP da jornada com o americano Brian Randle, do Maccabi Tel Aviv. Estraçalhou, num ritmo ainda mais forte do o que vem imprimindo na temporada (médias de 11,3 pontos e 6,1 rebotes em 17 minutos).

Em números

Goudelock fez o que quis no segundo tempo contra o Nizhny: tiros de três, bolas em flutuação, bandejas lindas. O mini Mamba faz estragos na Euroliga e já é considerado pelos cartolas o melhor americano e o melhor shooting guard da competição, além do segundo melhor arremessador, atrás de Jaycee Carroll, do Real

Goudelock fez o que quis no segundo tempo contra o Nizhny: tiros de três, bolas em flutuação, bandejas lindas. O mini Mamba faz estragos na Euroliga e já é considerado pelos cartolas o melhor americano e o melhor shooting guard da competição, além do segundo melhor arremessador, atrás de Jaycee Carroll, do Real

23 – O total de pontos anotados por Goudelock em apenas 24 minutos, na vitória do Fenerbahçe sobre o Nizhny Novgorod, por 78 a 60, guiando uma arrancada do clube turco no segundo tempo. O que vale ressaltar aqui: a flexibilidade que Zeljko Obradovic tem em seu elenco. Sua defesa melhorou muito após o intervalo, quando ele abriu mão de jogar com seus pivôs mais pesados (Savas, Erden e Zoric), emparelhando Jan Vesely, Emir Preldzic e Nemanja Bjelica. Que trio, não? Versáteis, ágeis, espichados, podendo trocar na marcação sem problemas, tapando o garrafão.

12 – O CSKA chegou a 12 triunfos consecutivos, sustentando sua invencibilidade, ao bater o Laboral Kutxa por 99 a 90 – partida que transmiti pelo Sports+. O clube russo claramente jogou para o gasto, ciente de sua superioridade em relação ao time espanhol, aquele que mais trocou peças durante a competição. Juntos, Teodosic e De Colo contribuíram com 35 pontos e 13 assistências, com 10/21 dos arremessos.

1 – Apeas um time do Grupo E conseguiu duas vitórias nas duas primeiras rodadas do Top16: o Real. De resto, temos seis times empatados com 1-1 e o Estrela Vermelha na lantetrna, com 0-2. No Grupo F, Olympiakos, CSKA e Anadolu estão com 2-0, com o time grego liderando a chave com base no saldo de pontos (+32).

Tuitando


Euroligado: após jogaço, estupidez e morte
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Giancarlo Giampietro

Torcida do Galatasaray apoia muito seu clube, mas também aponta para os rivais

Torcida do Galatasaray apoia muito seu clube, mas também aponta para os rivais

O fenômeno da estupidez tem alcance global.

Depois de uma partida histórica em Istambul contra o Galatasaray, um torcedor do Estrela Vermelha acabou morto por uma facada em confronto dos torcedores/paramilitares de sempre nos arredores do ginásio Abdi Ipekçi. Marko Ivkovic tinha 25 anos e foi apunhalado no coração. Ele acompanhava um contingente de centenas de hooligans do clube sérvio – estima-se que 400 viajaram até a Turquia. Trata-se, sabidamente, de um time encrenqueiro, com muitas histórias sangrentas para contar. Foram recebidos dentro da arena por cartazes de mal gosto, bandeiras da Armênia e gritos de “Kosovo” por parte dos anfitriões. Obviamente que nada de positivo poderia sair de uma situação dessas.

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Se o episódio já não cumprisse com toda a cota de tragédia e demência que uma semana esportiva pode pedir, o técnico Ergin Ataman, da seleção nacional turca e do tradicional clube, foi no mínimo imprudente ao declarar em entrevista ainda no ginásio que os seguidores adversários eram todos verdadeiros terroristas – sem, no entanto, dirigir nenhuma palavra contra a torcida de seu próprio clube. Ele soltou a frase antes de tomar nota a respeito da morte do turista e se viu obrigado a pedir desculpas públicas horas depois, sem se livrar de um incidente diplomático. As desculpas que não foram aceitas pelo primeiro ministro sérvio Aleksandar Vucic, que declarou que Ataman não seria mais uma figura bem-vinda nas fronteiras de seu país.

Algumas imagens da confusão:

Foi uma grande rodada da Euroliga, que acaba perdendo em repercussão para esse tipo de incidente que teima em acontecer. Barcelona, CSKA Moscou e Olympiakos seguem invictos e já estão garantidos na fase de Top 16. Restam três vagas, então.

O jogo da rodada: Galatasaray 110 x 103 Estrela Vermelha
Pode corrigir aí: foi o jogo da temporada até o momento. E, a partir daqui, vale o esforço para nos concentrar apenas no que aconteceu em quadra, em partida que tive a sorte de transmitir pelo Sports+, ao lado do Marcelo do Ó. Dupla prorrogação, uma cesta de três pontos quase do meio do quadra para forçar o primeiro tempo extra, um time de veteranos pressionados de um lado, uma das equipes mais jovens da competição do outro, disposta a aprontar.

O contexto do time turco era preocupante. Perderam para o Fenerbahçe no clássico pela liga nacional e, durante a semana, ainda tiveram de lidar com uma briga em treinamento envolvendo Carlos Arroyo e o gigantesco Nathan Jawai. Já o Estrela vinha de sua primeira vitória fora de casa, sobre o Laboral Kutxa, e em grande estilo. Na Liga Adriática, o clube, que tem no americano Marcus Williams, de 29 anos, seu atleta mais velho, estava invicto, fazendo grande campanha, com oito vitórias.

Num terceiro período avassalador, com Williams bastante inspirado na condução da equipe, o Estrela Vermelha venceu por 23 a 9 e chegou a abrir uma liderança de 11 pontos. Os donos da casa, porém, tiveram sangue frio para reagir. Foi um desfecho emocionante, no qual o ala-pivô Zoran Erceg, grande nome da partida, acertou a seguinte bola para empatar a partida contra seus compatriotas:

O Estrela Vermelha não se desesperou, manteve a compostura e contou com boas jogadas do ala Nikola Kalinic e lances livres do gigante Boban Marjanovic para se manter com chances. Os visitantes venciam por 96 a 94 com Marjanovic na linha. Arroyo igualou o marcador, na mesma moeda. Williams buscou uma infiltração no último ataque, mas não conseguiu cavar uma falta e nem completar a bandeja, fazendo um turnover.  Na segunda prorrogação, os veteranos do Galatasaray mostraram que ainda têm muita perna para render. O pivô Keren Gonlum, que completa 37 anos neste sábado, foi um guerreiro nos rebotes. Mas quem cresceu foi Arroyo, que adora esse tipo de confusão, como bem sabemos. Ele converteu três bolas de longa distância para levar sua torcida ao delírio e afastar de vez a garotada sérvia da vitória.

Alguns números desse jogo épico: Erceg terminou com 32 pontos em 41 minutos, sete rebotes, duas assistências, dois roubos de bola e 100% nos lances livres com 14 batidos, para alcançar um índice de eficiência de 41, levando o prêmio de MVP da jornada; aos 35 anos, Arroyo jogou todos os 50 minutos da partida, anotando 26 pontos, 18 deles em chutes de fora (mas com um detalhe: ele arriscou nada menos que 17 tiros de três); Williams estabeleceu um recorde de 17 assistências na competição; Marjanovic foi mais uma vez uma força irresistível no garrafão, com 23 pontos e 17 rebotes (oito ofensivos) e índice de eficiência de 39; o talentoso Kalinic marcou 21 pontos  em 25 minutos e surpreendeu com 3/5 nos arremessos de fora; Luka Mitrovic, de apenas 21 anos, alcançou um recorde pessoal: 30 pontos, em 33 minutos, lidando com problemas de faltas durante todo o segundo tempo.

Carlos Arroyo, quem dirai, viron um Ironman aos 35 anos

Carlos Arroyo, quem dirai, viron um Ironman aos 35 anos

Os brasileiros
Marcelinho Huertas fez sua melhor partida na competição até aqui, dando o tom na tranquilíssima vitória do Barcelona sobre o Bayern de Munique na quinta-feira, na Baviera. O clube alemão jogou com uma intensidade deprimente, sem reação, vendo o time catalão abrir larga vantagem já no segundo período e caminhar para um triunfo por 99 a 77. O armador somou 15 pontos, deu 6 assistências, pegou 4 rebotes e matou 6 de seus 7 arremessos, com ótimo aproveitamento dentro do perímetro (5/6 – para alguém que havia acertado apenas 5/25 no primeiro turno). Huertas esteve agressivo desde o princípio, batendo com facilidade os defensores adversários, abrindo uma porteira para a boiada. O Barça acertou 55,3% de dois pontos, 46,2% de dois e bateu 24 lances livres. Um passeio do líder.

JP Batista foi fundamental numa reação do Limoges contra o Maccabi Tel Aviv, mas, no finalzinho, Jeremy Pargo resolveu jogar para dar aos atuais campeões o triunfo fora de casa: 79 a 73. Com o pernambucano em quadra, o time francês tirou no quarto período uma vantagem de até 11 pontos dos israelenses, chegando a assumir a liderança a quatro minutos do fim. João Paulo não pontuou muito nesse quarto, mas teve papel tático relevante com sua presença física no garrafão, atraindo os defensores e limpando quadra para rebotes, chutes e infiltrações de seus companheiros. O pivô marcou 9 pontos, cinco deles em lances livres, e apanhou três rebotes em 19 minutos. Para diminuir seu impacto, o técnico Guy Goodes se viu obrigado a sacar o ágil Alex Tyus para por em quadra o massa bruta Sofo Schortsanitis. Um movimento irônico, já que, em geral, é o pivô grego que força o ajuste por parte dos oponentes.

De Colo, recomeçando na Rússia

De Colo, recomeçando na Rússia

Lembra dele? Nando De Colo (CSKA Moscou)
O ala-armador francês, ex-Spurs e Raptors, mostrou que está recuperado de uma fratura na mão que o tirou de ação da última Copa do Mundo ao liderar o sexto triunfo seguido para o clube russo, agora arrasando o Alba Berlin em casa, por 95 a 68. De Colo teve mais oportunidades com a bola devido ao desfalque de última hora de Milos Teodosic e aproveitou ao máximo, com 22 pontos em 25 minutos, acertando todos os seus 4 chutes de três pontos e 8/12 no geral.

Em números
88 – O saldo de pontos do CSKA Moscou em seis partidas, com média de 14,6 por confronto. Sob comando de Dimtris Itoudis, o clube russo está voando nessa Euroliga, sem sentir a menor carência de Ettore Messina. Esse é o maior saldo da competição até o momento, acima dos 69 do Barcelona e dos 60 do Real Madrid. Lembrando: em chaves diferentes, eles não tiveram a mesma tabela.

31 – Reconhecido no mercado europeu como um armador que mais serve aos outros do que define as coisas por conta própria, Thomas Heurtel liderou o ataque do Laboral Kutxa com 31 pontos, mas sua equipe perdeu para o Neptunas Klaipeda, fora de casa, por apertadíssimo 80 a 79, ficando numa situação difícil pelo Grupo D. Essa foi a terceira vitória do estreante lituano em seu ginásio, o que, por ora, vai lhe garantindo um lugar no Top 16. Heurtel acertou 80% de seus arremessos, e com um número bastante elevado: impressionantes 8/10. Simas Galdikas fez a cesta da vitória a 13 segundos do fim, depois de seu time ter perdido uma vantagem de até 18 pontos no terceiro quarto.

24,17 – É o índice de eficiência de Marjanovic nesta temporada, sendo disparado o jogador com a produção mais qualificada até aqui. Seu concorrente mais próximo é o armador Taylor Rochestie, do Nizhny Novgorod, que foi o cestinha da vitória do time russo, outro estreante, sobre o Dínamo Sassari por 89 a 82, com 29 pontos. De 29 anos, Rochestie é desses americanos que jogam na Europa já há um bom tempo. Formado em Washington State, disputa sua terceira Euroliga, pelo terceiro clube diferente.

13 – O garoto croata Mario Hezonja recebeu tempo de quadra inesperado na partida contra o Bayern: 13 minutos, escalado até mesmo como titular. O ala de 19 anos só havia jogado 18 minutos em toda a temporada, com duas participações no primeiro turno. Coincidência ou não, o movimento do técnico Xavier Pascual aconteceu depois de o superagente Arn Tellem, um dos representantes de Hezonja, ter feito uma visitinha a Barcelona durante a semana. O croata somou 3 pontos, 3 assistências, 3 rebotes, 1 toco, 1 roubada de bola e 1 turnover.

3 – O Grupo D, no momento, é o mais equilibrado. Se o Olympiakos já está classificado para o Top 16, as outras três vagas estão em aberto. No momento, são três clubes empatados com… 3 vitórias e 3 derrotas: Estrela Veremelha, em segundo com o melhor saldo – e de longe –, Galatasaray, em terceiro, e Neptunas, em quarto. O Laboral aparece em quinto, ainda sonhando, com 2 vitórias e 4 derrotas.

Tuitando

Ataman tentando se justificar

É mais provável que os clubes terminem com as segunda e terceira posições do grupo, mas vai que…

Sinan Guler, um dos ídolos do basquete turco e um verdadeiro guerreiro. Mas só na acepção esportiva do termo.

 Problema generalizado, nas palavras de um site atualizado por gregos.

Para melhorar um pouco o astral, as 10 jogadas da semana.


Parker faz terapia com título europeu apenas 3 meses após decepção em Miami
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Giancarlo Giampietro

Tony Parker e os Bleus comemoram

Tony Parker arranjou um bom motivo para celebrar em quadra após a depressão de junho

A gente não sabe como anda a cabeça de Gregg Popovich nestes dias, mas sobre Tony Parker podemos tranquilamente dizer que é, hoje, um dos caras mais felizes do mundo. O armador francês ignorou qualquer tipo de “recomendação” de seu treinador do San Antonio Spurs, decidiu encarar o EuroBasket aos 31 anos, mesmo com todo o desgaste – físico e emocional – que viveu na temporada passada da NBA e viu seu esforço premiado com um saboroso primeiro título continental.

Ok, obviamente esta não foi a primeira grande conquista da carreira do francês, que já ganhou o título da liga norte-americana em três ocasiões, sendo o melhor jogador das finais de 2007. Mas algo que me diz que soa muito melhor para o armador a combinação de “silenciar a fanática torcida eslovena, dominar um batalhão de armadores de espanhóis e fechar a conta contra a Lituânia” do que “entortar os velhacos Eric Snow e Damon Jones” na decisão.

Nos mata-matas, especialmente nas quartas e nas semifinais, Parker aprontou como o diabo em quadra e comandou uma talentosíssima seleção a um merecido e demorado título. Uma tremenda recompensa, considerando o esforço que fez nos últimos dias. Vejamos: dos grandes astros europeus trintões, foi um dos poucos a se apresentar para a disputa, enquanto gente como Dimitris Diamantidis, Juan Carlos Navarro, Pau Gasol e Dirk Nowitzki ficou fora.

Aqui, não se trata de uma crítica a essas craques que já se sacrificaram muito nos torneios Fiba durante a década passada e sofreram bastante com problemas físicos nas últimas temporadas, tendo um ou dois motivos razoáveis para pedir dispensa. Mas, antes disso, vale como uma nota de destaque para o francês, que também tinha tudo para abrir mão da competição, precisando de descanso para as articulações e, especialmente, para a cabeça, após a dolorida derrota para o Miami Heat.

Embora já pareça uma eternidade (né?) desde que testemunhamos os acontecimentos da final histórica da campanha 2012-2013 da NBA, só se passaram três meses e dois dias entre o Jogo 7 em Miami e o duelo França x Lituânia deste domingo. Muito pouco. Mas Parker decidiu fazer terapia em quadra e, ao lado do melhor amigo Boris Diaw e de Nando De Colo, pôde celebrar uma conquista que só pode ser reenergizante, ainda que às vésperas do início de mais um training camp pelo Spurs, na (glup!) Academia da Aeronáutica, pela qual Popovich se formou em 1970, lá numa época em que a Guerra Fria ainda era meio assustadora.

Os treinos pelo clube texano, aliás, recomeçam já na próxima segunda-feira, dia 30 de setembro. Isto é, não sobram nem dez dias para o armador respirar. Por isso, a princípio, Popovich, sempre muito metódico, controlador em sua abordagem de gestor, se manifestava preocupado com o eventual cansaço, para ficar num eufemismo, que poderia arrebatar seu francês favorito.

Agora, por outro lado, deve se sentir intimamente aliviado por não ter forçado a barra para vetá-lo – aliás, seria uma luta em vão também, pois o jogador já fez muito pela franquia, é bem grandinho e tem o direito de se preparar do modo como bem entende. No coração generoso do treinador, deve haver espaço para comemorar o fato de que ao menos três de seus rapazes conseguiram celebrar por alguma coisa relacionada ao basquete. E para Parker obviamente não foi qualquer coisa.

*  *  *

Parker terminou o EuroBasket com médias de 19 pontos, 3,3 assistências, 2,1 rebotes e 50,7% nos arremessos, sendo eleito o MVP do torneio (veja sua ficha completa aqui). Mas a melhor notícia para Popovich, mesmo, talvez sejam os 29,6 minutos que ficou em quadra. Ainda que tenha disputado 11 partidas, algumas muito estressantes, no geral o astro foi preservado pelo técnico Vincent Collet.

*  *  *

Ocupando o cargo desde 2009, Collet, 50, que não é treinador exclusivo da seleção francesa, ganhou uma justa renovação de contrato: seu vínculo com a federação agora vai até as Olimpíadas do Rio 2016.

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A enxurrada de franceses que invadiu a NBA durante a última década só serviu para atestar o potencial atlético de seu basquete. A coisa começou com Parker – se preferirem uma abordagem realmente cronológica, teríamos de lembrar o tenebroso Jerome Moiso nos anos 00 –, passou por Diaw, chegou a Batum e, no meio do caminho, envolveu uma sacolada de pivôs crus, mas fisicamente impressionantes. Entre eles, Alexis Ajinça, ele que, em Charlotte, já foi uma das milhares de vedetes de Larry Brown, para ser, pouco depois, prontamente desprezado pelo vitorioso e genioso treinador.

Não há como assistir o esguio pivô em quadra e não ficar impressionado – ele é praticamente a definição do termo “potencial” no basquete. Uma envergadura absurda e muita agilidade para alguém de seu tamanho. Neste EuroBasket, ele entrou na fogueira, cobrindo emergencialmente os desfalques de Joakim Noah, Ronny Turiaf e Ali Traoré e deu conta do recado, com médias de 9,1 pontos, 7 rebotes e 1,3 toco em apenas 19,2 minutos. Sua presença debaixo do aro foi importantíssima para solidificar a defesa dos campeões europeus e, no ataque, ele também se mostrou surpreendentemente eficiente para aproveitar a rebarba do que seus companheiros mais talentosos criavam, convertendo 54,5% de seus arremessos.

Ajinça foi draftado pelo Bobcats em 2008, quando, num destes treinos privados de última hora, encheu os olhos de Brown. A ponto de o técnico torrar o saco de seus patrões para que comprassem uma escolha extra na primeira rodada – a 20ª – para adquiri-lo. No total, em duas temporadas, o jovem pivô acabou jogando apenas 212 minutos pelo time de Charlotte. Trocado para o Dallas Mavericks e, depois, para o Toronto Raptors, teve de voltar para casa em 2011 com a confiança em frangalhos. No EuroBasket, mostrou estar, enfim, no caminho certo. Vale observá-lo na próxima temporada europeia.


Lesões voltam a assombrar o Spurs com os playoffs se aproximando
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Giancarlo Giampietro

 

Tony Parker, ai

Tony Parker vai ficar sentado por mais tempo? Pop está preocupadíssimo

Esse filme está virando uma constante na vida de Gregg Popovich. Que tortura!

O técnico encontra e treina operários no mundo todo. Num dos menores mercados da NBA, consegue manter um time extremamente competitivo em quadra desde 1999. Ou melhor: “extremamente competitivo” tem a ver mais com equipes menores lutadoras, valentes, né? O que o Spurs virou nas mãos do Coach Pop foi um rolo compressor, sempre lutando pelo título.

Mesmo nesta temporada, ou na passada, com o relógio avançando rapidamente para Duncan e Ginóbili, o time texano sustentou por um bom tempo a melhor campanha da liga, sendo ultrapassado no mês passado pelo impossível Miami Heat. Agora, com a derrota de ontem para o Thunder, corre o risco também de perder a liderança do Oeste – e, numa eventual revanche contra Durant e Westbrook e os ensandecidos torcedores de Oklahoma City, perder o mando de quadra pode ser fatal.

Agora, mais preocupante que se manter na ponta da tabela, é a repetição dos problemas físicos para seus principais jogadores justamente quando eles se aproximam dos playoffs, por mais que seu treinador controle drasticamente o tempo de quadra deles durante a campanha.

Primeiro foi Manu Ginóbili, que sofreu uma distensão muscular e deve ficar afastado por até quatro semanas, o que o tiraria da primeira rodada dos mata-matas. Agora é Tony Parker quem corre risco. Ele saiu mancando de quadra na derrota para o Thunder, e o Spurs ainda não tem ideia do que está acontecendo.

“Eu o vi voltando para a quadra mancando uma vez, e foi aí que o tirei de quadra. Disse que ele precisava parar, para entendermos o que é. Ele não podia continuar mais”, disse Popovich, que já se assumiu “muito preocupado”. “Acho que é tendinite, alguma coisa em sua canela, ou sei lá onde, pelo que vi no jogo. Pensamos que ele estava meio que se recuperando da torção em seu tornozelo, então esse é um novo problema  em sua perna.”

Aiaiai. Se Popovich estiver certo em seu palpite sobre um eventual problema na canela, o repórter Chris Broussard, da ESPN, traz uma informação que realmente é para deixar qualquer um tenso. Ele consultou um preparador físico que afirmou que é praticamente impossível de se ter tendinite na canela. E, se for lá mesmo, seria bem mais provável uma fratura por estresse.

Sem Ginóbili, com tempo de quadra e influência cada vez mais reduzidos, o Spurs ainda se vira hoje, e muito bem. Neste ano, por exemplo, venceram 71,4% das partidas em que o craque estava afastado, melhorando a marca de 68,8% da temporada anterior, números bem superiores aos 64,2% no geral, desde que o argentino entrou para seu elenco.

Tim Duncan descobriu a fonte da juventude este ano, vem sendo um paredão na defesa, mas as chances do Spurs hoje se baseiam em Parker, que faz o time andar, colocando pressão na defesa sem parar, com um arremesso já confiável, além de ser um contra-ataque de uma pessoa só. Sem ele, por melhores que sejam os jovens Nando de Colo, Patty Mills e Cory Joseph, o Spurs cai de patamar e teria de se virar para passar por Nuggets, Clippers ou Grizzlies.


Tiago Splitter e DeJuan Blair seguem batalhando minutos na rotação do Spurs. Culpa do Pop?
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Giancarlo Giampietro

Nas fronteiras de Pittsburgh já foram cultivados muito mais quarterbacks do que jogadores de basquete para as ligas profissionais do país. Entre os poucos basqueteiros de expressão, ganha destaque o ala Chuck Cooper, o primeiro jogador negro a ser draftado por uma franquia da NBA – em 1950, pelo Boston Celtics. De lá para cá nem a cidade, nem sua principal universidade, que leva o mesmo nome, revelaram muitos atletas para a elite (o famigerado Charles Smith, do Knicks nos anos 90, é um deles). O mais recente dessa esporádica safra foi o pivô DeJuan Blair.

O mais baixo de seus irmãos, meio gordote, Blair aprendeu os macetes da modalidade num centro recreativo administrado por seu tio. Aos poucos, foi crescendo no jogo até se tornar uma sensação local. Pela Schenley High School, teve um retrospecto de 103 vitórias e 16 derrotas, com direito a 57 vitórias em 57 jogos na liga municipal. Levou sua equipe a um título estadual em 2007, o primeiro de uma equipe colegial da cidade desde 1978. Até que chegou a hora de partir para a universidade, uma época difícil em que, pressionado,quebrou seu celular ao atirá-lo na parede. Que raiva! Não paravam de ligar: ele recebeu proposta de 18 (!) agremiações. Enquanto os pais achavam melhor que ele mudasse de ares, pesou a opinião da vovó por parte de mãe, que teve grande influência em sua criação. Ficou em casa, mesmo.

Blair, "Pitt it is"

O orgulho de Pittsburgh

De modo, então, que seria mais do que justificado se a reduzida fração dos amantes do bola ao cesto em Pittsburgh não for muito com a cara de um certo Gregg Popovich, aquele técnico multicampeão pelo San Antonio Spurs.

Quem ele pensa que é?

Oras, o que Blair precisa fazer mais para ganhar o tempo de quadra devido pelo clube texano? Já está em seu quarto ano na liga, pagou o que devia no banco de reservas e hoje ainda não consegue mais que 17,1 minutos de ação, a despeito das diversas batalhas em que ajudou Tim Duncan no garrafão. Quando recebe suas chances, costuma corresponder.

Aos 23 anos, ainda tem muito o que desenvolver e contribuir. Só falta o treinador duro-na-queda abrir a porteira e deixar esse touro arrebentar…

(Pausa para reflexão…)

(O café já tá quentinho…)

(Agora sim:)

Entenderam as semelhanças com Tiago Splitter?

Pode ser, na verdade, que ninguém em Pittsburgh se importe com o que se passa com Blair, desde que o Steelers continue bem-sucedido na NFL. Mas, no nicho dos basqueteiros, certamente Blair haverá de ser apreciado. Agora, se a gente inverter a linha de raciocínio, não é capaz que algum cara de lá pense o mesmo sobre os brasileiros? Que ninguém aqui vai se importar com Tiago Splitter, desde que o futebol esteja levantando Copas do Mundo? Contudo, como temos acompanhado nos últimos anos, existem, sim, aqueles que acompanham os passos do catarinense são acompanhados bem de perto, e com sangue nos olhos.

Splitter já se aqueceu

De agasalho não fica legal, Popovich

É normal que se fiscalize o trabalho do vitorioso Popovich e seu modo de gerir o Spurs, tendo em vista que isso afeta diretamente o progresso de Splitter, um dos poucos brasileiros a entrar na NBA e um dos principais jogadores do basquete nacional. É preciso entender, por outro lado, que na cabeça do técnico o pivô talvez seja só mais uma ótima peça para o time – e os dirigentes e scouts da franquia têm trabalhado regularmente para que não faltem ótimas peças para Pop escalar, vide, por exemplo, as sorrateiras contratações de Danny Green, Kawhi Leonard, Nando de Colo, Cory Joseph e Patty Mills.

Será que o fato de o catarinense estar no banco e jogar pouco é realmente fruto de uma birra pessoal? Ou tem mais a ver com o fato de ele fazer parte de uma das melhores equipes da NBA? Não se esqueçam: com Splitter em seu elenco, o Spurs não foi campeão, mas venceu 161 partidas de temporada regular e perdeu apenas 69, bom para um aproveitamento de 70%. Sete vitórias em cada dez jogos. Quer dizer: se a marcha do clube texano vai bem obrigado, por que a vida do treinador seguiria de outra forma? Considerando esses resultados, onde estão as injustiças? Splitter merece mais tempo para mostrar serviço? Talvez. E quanto a DeJuan Blair?

As médias da carreira do brutamonte são de 8,4 pontos, 6,3 rebotes e 52,6% nos chutes de quadra. Splitter tem, respectivamente, 6,9 pontos, 4,2 rebotes e 58,1%.

– Ah, mas o Tiago jogou bem menos!

Então seguem as projeções por 36 minutos de cada um: a) Blair aparece com 15,1 pontos, 11,3 rebotes; b) Splitter, com 15,9 pontos e 9,6 rebotes. Nos playoffs, as contas também são bem semelhantes: 15,1 pontos e 12,4 rebotes para o americano e 15,9 pontos e 8,3 rebotes para o brasileiro. Em termos de índice de eficiência, o catarinense leva a melhor por 0,8 (18,3 contra 17,5). É tudo muito parelho.

– Ah, mas número não quer dizer tudo!

O superlotado banco de Popovich

Splitter, Blair e Bonner: todos no banco ao mesmo tempo. E aí, Pop?

Justamente. É preciso ver do que Popovich necessita – ou pensa necessitar – em quadra em seu esquadrão. Quem se encaixa melhor com quem? O deslocamento e a defesa de Splitter são mais qualificados? Mas o dia em que ele converter um chute a quatro ou cinco metros da cesta pode ser também o primeiro de sua breve trajetória na NBA. Vale mais, então, ter um reboteiro do porte de Blair para acompanhar Duncan? Mas o pivô de 2,01 m é bem vulnerável quando confrontado com pivôs talentosos ofensivamente (por isso Splitter começou sua única partida como titular este ano contra o Los Angeles Lakers).

Tanto um como o outro possuem qualidades valorizadas ao seu modo e seriam cobiçados no mercado, mas que não se manifestam, por enquanto, como o parceiro ideal ao complementar quem ainda é, de fato, a estrela da companhia: Tim Duncan. Enquanto nenhum deles se separar do outro, para Popovich o que resta é tirar proveito de dois ótimos jogadores da forma que achar melhor, ainda mais que seu Spurs não para de vencer

*  *  *

Splitter e Blair estão ligados de outra maneira: ambos deveriam ter sido escolhidos muito antes em seus respectivos Drafts, mas acabaram despencando no dia do recrutamento. Quando caíram nos braços do Popovich, toda a concorrência exclamou ao mesmo tempo, muito bem ensaiado: “Sempre o Spurs”, “Que sorte!”, “Os ricos cada vez mais ricos” etc. Como se não tivessem deixado os caras passarem. Vai entender.

O catarinense foi escolhido na posição 28, em 2007, uma vez que as demais franquias não teriam a paciência para esperar seu contrato com o Baskonia, da Espanha, vencer – algo que só aconteceria três anos mais tarde. Detalhe: nenhum atleta que saiu entre as 15ª e 27ª escolhas segue em seu clube de origem, e quatro deles já não estão nem mais empregados na liga.

Blair caiu ainda mais longe: foi apenas a 37ª escolha de 2009, quando rumores sobre a suposta condição precária de seus joelhoes assustou boa parte dos times. Até o momento, ele ficou for de apenas quatro partidas de 238 possíveis em sua carreira. LeBron James não ficou nada contente ao ver o Cleveland Cavaliers deixar o prestigiado pivô passar na 30ª posição para apostar no ala Christian Eyenga , outro que já está sem clube.

*  *  *

Falamos aqui de brasileiros e nativos de Pittsburgh. Imaginem, então, como não devem estar furiosos os moradors da pequenina cidade de Concord, no estado de New Hampshire, com o que vem acontecendo com Matt Bonner?! Ao ala-pivô, conhecido iconicamente como Foguete Ruivo, foram relegados míseros dez minutos por partida neste ano, mesmo com ele acertando 63,6% de seus arremessos de três pontos nas sete primeiras partidas (melhor marca do ano). Ele é o único – reforçando: o único! – jogador nascido em New Hampshire a ter pisado em uma quadra da NBA. Pop, então, que não ouse levar sua vara de pescar para os lagos da região.

 


Tony Parker desenha jogada da vitória do Spurs e quer o cargo de Popovich
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Giancarlo Giampietro

Nando de Colo para a vitória

Nando de Colo para a vitória

O jogo estava empatado em 99 a 99, e a posse de bola era do San Antonio Spurs, com o Atlanta Hawks na defesa. O que a equipe da Conferência Leste não contava era que Tony Parker ia fazer as vezes de Gregg Popovich para desenhar uma jogada mortal – ou quase – e vencer o jogo.

Sem escrúpulos, o armador francês desenhou a jogada para seu compatriota Nando De Colo, novato importado para esta temporada. De Colo recebe, então, a bola na cabeça do garrafão, dá alguns dribles e… Caçapa!

Parker ficou todo-todo e aproveitou, com muita coragem, para tirar um sarro de seu comandante. “É fácil fazer o trabalho de Pop. Ele ganha um pouco mais do que merece (a little bit overpaid), acho. É apenas minha opinião”, afirmou, provavelmente com aquela piscadela. O veterano agora que se prepare para levar o troco de seu treinador, que faz cara de mal, mas também consegue ser espirituoso quando inspirado.

Não é a primeira vez, aliás, que isso acontece no Spurs. Manu Ginóbili já fez as vezes de estrategista da prancheta, tendo seus 15 segundos extra de fama, flagrado pelas câmeras e tudo. Tim Duncan deve ter feito também em algum momento, se é que tem paciência para isso.

Veja o resultado da jogada desenhada por Parker (bem simples, por sinal):

E aqui a cena do técnico Ginóbili planejando a jogada da vitória contra o Clippers num amistoso no México, se a memória não falha:

*  *  *

Ter Parker e Manu como seus assistentes provisórios é engraçado até, considerando a horda de profissionais encubados na estrutura do Spurs que hoje apitam em todos os cantos da liga. Sam Presti pelo Thunder, Rob Hennigan e Jacque Vaughn pelo Magic, Danny Ferry pelo Hawks, Dennis Lindsey pelo Jazz,  Mike Brown pelo Lakers e mais uma porção deles.