Vinte Um

Arquivo : Croácia

A seleção não encontrou resposta para Bogdanovic
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Giancarlo Giampietro

Bogdanovic quase não foi incomodado

Bogdanovic quase não foi incomodado

Bojan Bogdanovic pega a bola na cabeça do garrafão, ignora o baixinho à sua frente e atropela rumo à bandeja. Bogdanovic pega o rebote defensivo, sai em transição, não é acossado por ninguém e faz a cravada, partindo de um lado para o outro da quadra. Bogdanovic usa um corta-luz fora da bola, se libera por uns instantes e mata o chute de fora. Bogdanovic, Bogdanovic, Bogdanovic. O ala da Croácia aterrorizou a defesa brasileira nesta quinta-feira, liderando uma vitória por 80 a 76, pela terceira rodada do #Rio2016. Na briga por vagas, a equipe balcânica se vê em posição favorável em relação ao Brasil.

Desde o Pré-Olímpico Mundial em Turim, esta configuração croata vem derrubando adversários de maior renome ao apostar tudo em torno de suas principais referências técnicas. A hierarquia de seu ataque está clara: 1) Bodanovic, 2) Dario Saric, 3) Bogdanovic, 4) Saric, 4) Bogdanovic, 6) Saric, (…) 15) Krunoslav Simon, 16) Roko-Leni Ukic, 17) Mario Hezonja, e o restante da equipe. Deu para sacar, né? Para vencer estes caras, vai ter de fazer um bom trabalho em cima de sua dupla de NBA. A seleção infelizmente não os conseguiu incomodar muito dessa vez.

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Bogdanovic anotou 31 pontos quase 38 minutos de jogo. A quantidade de pontos é absurda, mas o que assusta mais é a eficiência por trás de quantidade tão rara para um torneio olímpico. Ele matou 63% de seus arremessos, com apenas 6 falhas em 16 tentativas, com direito a 11 lances livres cobrados e 10 convertidos também. Isso é chocante, digno da memória de Drazen Petrovic, o saudoso irmão do atual treiandor da seleção nacional, Aleksandar, que vem fazendo um grande trabalho. O novo gerente geral do Brooklyn Nets, Sean Marks, está pelo Rio e certamente ficou embasbacado com essa atuação. Já Saric foi um problema com sua versatilidade. O jovem ala-pivô recentemente contratado pelo Philadelphia 76ers acumulou 15 pontos, 7 rebotes, 3 assistências e 45% nos arremessos, em 34min51s.

Ao redor deles, Petrovic escalou operários que entendem muito bem o que precisam fazer em quadra, como peças complementares a suas estrelas. Não sei se aqui no blog, ou durante os comentários pelo Placar UOL Esporte (*), mas é muito bacana de ver nesta seleção croata como por vezes menos realmente significa mais em esportes coletivos. No papel, a Croácia poderia ser ainda mais forte, caso tivesse Ante Tomic no garrafão e pelo menos um dos jovens entre Ante Zizic e Ivica Zubac no banco, além de um de seus possíveis americanos naturalizáveis, digamos. Mas Petrovic não apelou. Não ficou chorando por Tomic ou pela garotada. Seguiu em frente com o que tinha e montou uma equipe muito bem ajustada. Claramente moldada em torno de sua dupla de excepcionais.

(*A cada jogo, o site está narrando os jogos da seleção, com comentários online deste aqui, ou de Fabio Balassiano. Fica o convite para acompanhar, mesmo que a TV esteja ligada na hora do serviço.)

Marcá-los é fácil? Não, definitivamente, não. Se fosse, depois de jogar contra Espanha, Argentina e Brasil, o experiente ala não teria médias de 24,7 pontos, 5,4 rebotes, 2,3 asssitências e 53,3%  nos arremessos. Ou Saric ficaria abaixo de seus 13,0 pontos, 8,0 rebotes, 5,0 assistências.  Mas, hoje, a defesa brasileira, que hoje é o carro-chefe da seleção brasileira, não encontrou respostas contra eles e nem mesmo os incomodou.

Saric, astro emergente do basquete europeu

Saric, astro emergente do basquete europeu

Saric cometeu seis turnovers, mas teve toda a liberdade do mundo para chutar e converter três em cinco tentativas de longa distância, sendo que, nas duas primeiras partidas, ele havia errado suas oito tentativas de fora. Para quem acompanha seu desenvolvimento na Turquia, é sabido que o tiro de fora não é o seu forte. Ainda assim, ele passou da casa de 40% em sua última temporada de Euroliga. Por mais que ele não represente ameaça exterior como um Dirk Nowitzki, você não pode dar tanta liberdade assim para seu chute. Quanto a Bogdanovic, hã… ele fez o que quis. Foram diversas as ocasiões em que a defesa brasileira permitiu que ele usasse os corta-luzes com muita facilidade para ganhar terreno ou forçar os ‘mismatches’, atacando Huertas, Benite ou os pivôs, frontalmente.

As duas faltas cometidas por Alex no primeiro tempo não ajudaram. Por outro lado, Marquinhos poderia ter sido mais utilizado na tentativa de contenção do astro. Ou que fizessem dobras mais agressivas para tirar a bola de suas mãos. Ou que fossem com tudo para cima de Ukic ou Simon, tentando desestabilizar a armação, para a bola chegar mais quente nas mãos do cestinha, como aconteceu no início do terceiro quarto. Enfim. Por muito tempo, a defesa foi passiva diante de um cara que estava endiabrado. Independentemente da presença de Alex em quadra.

Aliás, o ‘Brabo’ dessa vez deveria ter adotado outra estratégia para tentar parar o melhor jogador de perímetro do outro lado. Bogdanovic é muito forte para ser contido na peitada. Com ele, o melhor seria procurar antecipar seus movimentos e tirar o corredor para o corte, com rapidez, em vez de força. Quanto mais faltas fizerem, pior. O cara acertou 91% dos lances livres, com pontos de graça.

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Com Saric, devido a sua combinação de velocidade e estatura, também é complicado encontrar alguém que dê conta. A melhor alternativa brasileira era Augusto Lima, mesmo que o pivô carioca precisasse ficar flutuando pelo perímetro, distante dos rebotes. Pensando em defesa, ele foi bem na empreitada, e ainda conseguiu agredir o carioca do outro lado, correndo pela quadra feito um maluco em transição, atacando perto da cesta com eficiência (11 pontos em 8 arremessos, em 21 minutos). Para Nenê, hoje, Saric já é muito ágil. E você não quer tirar o veterano do Rockets do garrafão, onde fecha muito bem espaços e ainda dá velocidade na saída em transição, uma vez coletado o rebote.

Nesse ponto, vale um questionamento em relação à rigidez de Magnano em seu constante revezamento. Contra os croatas, especificamente, era o caso de ter enxugado um pouco a rotação. Petrovic vai na contramão dos demais companheiros de profissão do torneio ao priorizar os minutos de suas estrelas. De novo: Bogdanovic jogou por 37min56s. Saric, por 34min51s. Deveria haver um ajuste por parte dos adversários para lidar com os caras.

O altíssimo aproveitamento da dupla e da seleção croata como um todo teve impacto direto no ataque brasileiro também. No geral, os balcânicos fizeram mais pontos em transição do que os brasileiros (13 a 8), algo impensável antes. Foram raras as ocasiões em que o time da casa conseguiu atacar seu adversário de modo desestabilizá-lo.

Enfim. O estrago agora já foi feito, e a seleção conheceu sua segunda derrota em três rodadas. Para não depender de contas, precisa vencer Argentina e Nigéria nas próximas rodadas. Nada está definido até o momento. Vai saber se a Espanha vai reagir. Se a Lituânia vai rumo a um aproveitamento de 100%. O Grupo B é uma loucura. Em meio a esse caos, Bogdanovic está sobrando.

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Guia olímpico 21: Austrália e Croácia ainda acreditam
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Giancarlo Giampietro

Pergunta: Vamos agrupar cada equipe olímpica em diferentes escalões, de acordo com seu potencial (na opinião de um só blogueiro enxerido)?

Reposta: Sim, vaaaaamos!

Então aqui estão:

1) EUA
2) Espanha e França
3) Sérvia e Lituânia
4) Argentina, Austrália, Brasil e Croácia
5) Nigéria e Venezuela
6) China

Que fique claro: não é que essas castas sejam imóveis e que haja um abismo de uma para outra – excluindo os Estados Unidos como óbvios indicados ao ouro. Entre os segundo, terceiro e quarto andares, a diferença não é muito grande. São todos candidatos ao pódio. Basta lembrar que a seleção brasileira venceu França e Sérvia pela última Copa do Mundo e também bateu a Espanha em Londres 2012, num jogo muito estranho, mas paciência. E talvez até mesmo a Nigéria possa subir um piso, dependendo de sua lista final.

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Vamos com as seleções que etão faltando no terceiro grupo:

CROÁCIA

Armadores: Roko Ukic, Rok, Stipcevic.
Alas: Bojan Bogdanovic, Krunoslav Simon, Mario Hezonja, Luka Babic e Filip Kruslin.
Pivôs: Dario Saric, Miro Bilan, Darko Planinic, Zeljko Sakic e Marko Arapovic.

Bogdanovic anotou 24,2 pontos pelo Pré-Olímpicoem Turim

Bogdanovic anotou 24,2 pontos pelo Pré-Olímpicoem Turim

– O grupo: No momento em que os três pré-olímpicos mundiais foram definidos, a reação normal foi de certo alívio quando a Croácia foi designada para o grupo brasileiro, em vez de França e Sérvia. Compreensível: era o cenário menos pior. Mas não que fosse motivo para comemorar: os croatas garantiram uma vaguinha no #Rio2016 depois de baterem duas seleções talentosas como Grécia e Itália, com Giannis Antetokounmpo, Danilo Gallinari, Giannis Bourousis, Marco Belinelli e outros destaques em quadra, pelo torneio de Turim.

A final contra os donos da casa foi especialmente dramática, definida só com uma prorrogação. Isto é, estes balcânicos já passaram por duros testes neste ano para se classificar. Do mesmo tipo que vão enfrentar nos próximos dias para tentar entrar na disputa por medalhas.

É uma trajetória interessante para uma equipe desfalcada, que nem mesmo estava conseguindo contratar um técnico e que, depois de apelar nos últimos anos, agora está sem um estrangeiro, após recusa do pivô Justin Hamilton, que brilhou pela Liga ACB e assinou com o Brooklyn Nets. Para a seleção agora comandada por Aleksander Petrovic, irmão do legendário Drazen, porém, talvez valha aquela história de que “menos é mais” e pode ajudar na química.

Um pivô com o talento de Ante Tomic certamente faz bem a qualquer equipe. Mas o cara não quis jogar dessa vez. Sem poder substituí-lo com Hamilton ou mesmo com os jovens Dragan Bender, Ante Zizic e Ivica Zubac, todos draftados neste ano, o técnico poderia ter chorado pacas e jogado a toalha. Mas, não. Montou um time competitivo e aguerrido, com os limitados Miro Bilan e Darko Planinic quebrando um galho.

Isso forçou, de todo modo, que o cestinha Bogdanovic e o plural Saric jogassem mais de 30 minutos em média em Turim. Não é uma situação bacana para nenhum atleta em um calendário destes. O esforço da dupla ao menos valeu a classificação, com a ajuda do talentoso, mas desmiolado Simon.

– Rodagem: muitos dos operários que Petrovic escolheu para escoltar Bogdanovic e Saric são marinheiros de primeira viagem nesse tipo de competição e não estão nem mesmo habituados a grandes jogos por seus clubes.

– Para acreditar: é um time versátil, explorando bem os talentos múltiplos de Saric, que, por um minuto, ser o armador do time e, no outro, ser o único pivô em quadra. Luka Babic e Hezonja também podem se desdobrar em quadra. Bogdanovic é um cestinha perigosíssimo no mundo Fiba, onde não há tantos defensores atléticos assim para lhe incomodar, podendo usar seu tamanho para arremessar sobre a maioria No Pré-Olímpico, os croatas marcaram bem, usando a envergadura de um elenco bastante espichado.

Questões: Hezonja tem o talento, mas ainda é muito inconsistente para esse tipo de torneio; existe uma razão para o fato de o país ter convocado Dontaye Draper e Oliver Lafayette para as últimas competições: Ukic e Stipcevic não são confiáveis na armação. Se a defesa adversária conseguir contestar Bogdanovic, quem vai pontuar?

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AUSTRÁLIA

Armadores: Patty Mills, Matthew Dellavedova, Damian Martin e Kevin Lisch.
Alas: Joe Ingles, Ryan Broekhoff e Chris Goulding.
Pivôs: Andrew Bogut, Aron Baynes, David Andersen, Cameron Bairstow e Brock Motum.

Um grandão e os baixinhos no time mais casca grossa das Olmpíadas

Um grandão e os baixinhos no time mais casca grossa das Olmpíadas

O grupo: é só dar uma espiada na linha de frente acima para perceber que nenhum time vai querer arrumar encrenca em quadra contra os Boomers. Tá louco: é o elenco mais peso pesado do cartel olímpico, sem dúvida nenhuma, mesmo que Bogut não consiga se recuperar a tempo daquela lesão no joelho sofrida durante as finais da NBA – ele não jogava pela seleção desde 2008, até retornar no torneio Fiba Oceania do ano passado (também conhecido como clássico x Nova Zelândia). Motum é o menorzinho deles e tem 2,o8m de altura e 111 kg. Vai encarar?

Esse peso todo cobra seu preço na defesa. Por isso, o treinador Andrej Lemanis usa de diversos expedientes para tentar deixar sua equipe menos vulnerável – ou deixar suas fraquezas menos expostas, melhor dizendo. Talvez seja o time mais disposto a por em prática a marcação por zona. É aqui que o número um do Draft, Ben Simmons, vai fazer muita falta.

Lemanis também traz ao Rio algumas surpresas em sua rotação de perímetro, como o americano naturalizado Kevin Lisch, um dos principais cestinhas e atiradores da liga australiana. Ele assume a vaga que costumeiramente ficava com Adam Gibson, para revezar com Mills, Dellavedova e Goulding – um quarteto bastante agressivo e talentoso, que poderia ser ainda mais intrigante se Dante Exum estivesse apto a participar. Mills gosta de sair em transição, mas imagino que, pela seleção, isso só vai acontecer em situações bem esporádicas. Por outro lado, os anos em San Antonio lhe ensinaram a atacar com paciência, em meia quadra.

Nas alas, Ingles e Broekhoff espaçam a quadra para a criação deles. Ingles o mundo todo já conhece e admira por sua inteligência. Para quem não pôde acompanhá-lo pelo Lokomotiv Kuban, vale prestar a atenção em Broekhoff, todavia. Excelente chutador e um grande competidor na defesa que tornou Brad Newley descartável.

– Rodagem: aqueles tempos de jogadores australianos isolados do globo, tal como as aberrações naturais da grande ilha que abriga o país, já ficaram bem para trás. Hoje seus principais atletas não só estão na NBA, como têm passagens por fortes ligas europeias. Oito dos convocados estiveram na Copa do Mundo de 2014.

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Se não bastassem os gigantes, ainda tem o Delly

– Para acreditar: Mills é um cestinha explosivo no mundo Fiba; Dellavedova, como a Conferência Leste da NBA sabe, vai fazer de tudo em quadra para sua equipe sair vencedora; Bogut, se estiver bem fisicamente, vai vedar o garrafão; é um time com jogadores muito inteligentes, daqueles que agradam a qualquer treinador mais chato e detalhista.

 – Questões: todo esse peso na linha de frente deixa o time vulnerável na transição defensiva; qualquer ala-pivô stretch four com o mínimo de agilidade e talento para o chute exterior lhes vai causar problemas. Como será a fusão entre armadores mais explosivos e pivôs tão lentos? Ingles e Broekhoff não são atléticos para compensar isso.

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Os Mercenários 4: a luta pelo EuroBasket
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Giancarlo Giampietro

Os Mercenários, The Expendables

Uma das séries mais cara-de-pau que você vai encontrar nos cinemas, “The Expendables” — ou “Os Mercenários”, por aqui — já tem seu quarto episódio anunciado e, talvez, em fase de produção, com um ator no mínimo curioso escalado para o papel de vilão: o ex-007 Pierce Brosnan, que definitivamente não tem moral na quebrada, como o esnobado Idris Elba. Não se sabe ainda muito qual será o enredo, mas você não precisa ser muito bidu para deduzir, né? O filme serve apenas para Sylvester Stalonne fazer mais um troco, enquanto enumera piadas com antigos e novos heróis dos filmes de ação, que tanto bombaram nas locadoras dos anos 80.

O VinteUm só vem aqui pedir uma coisa: não dê atenção aos rumores de que a nova trama de Sly possa envolver o EuroBasket a que estamos assistindo agora, mesmo, a despeito dos diversos jogadores de aluguel que as seleções nacionais estão empregando. Vale tudo em busca do título, da vaga olímpica e de uma eventual festa com multidão nas ruas no retorno para casa. Acredite, na Europa isso é possível até mesmo para o basquete. No caso de alguns atletas, porém, a gente só não sabe exatamente para qual casa ele estará voltando.

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O competição europeia está em outro nível, ainda mais quando comparada com a pobrinha Copa América. (Conselho: só não usem esses termos na hora de bater um papo com a turma da CBB, tá? Você vai ferir sentimentos). A França já penou para ganhar da Finlândia, na prorrogação, e quase viu a Polônia também forçar o tempo extra. A Lituânia nem sabe o que dizer depois de perder para a Bélgica neste domingo. Tem sido assim, gente, há um tempo já.

Renfroe nunca jogou na Bósnia. Mas é bósnio

Renfroe nunca jogou na Bósnia. Mas é bósnio

A coisa de não ter mais bobo foi levada ao extremo por lá. E o que acontece quando se vive um campeonato tão competitivo assim? Tal como acontece na NBA — a não ser que estejamos falando do Philadelphia 76ers, claro –, os times vão se desdobrar para tentar levar vantagem em algum detalhe, uma sacada que seja, tentando se distanciar de um largo grupo de concorrentes. É nesse contexto que entram os mercenários, aqueles jogadores contratados naturalizados, que já são a norma no mundo Fiba hoje, em vez da exceção.

Os norte-americanos estão por todos os lados. Tem hora que você pode até mesmo se confundir se não está vendo a própria Copa América, ainda mais quando a Finlândia pode por em seu quinteto titular os seguintes nomes: Erick Murphy, Jamar Wilson e Gerald Lee. Ainda assim, calma. Porque esses três atletas em específico até nos contam histórias que justificam sua presença no selecionado dos #Susijengi. Lee, na verdade, é finlandês. Murphy tem mãe finlandesa. Wilson já jogou por lá. Existem outros atletas que simplesmente acompanham movimentos migratórios que claramente independem do esporte. Há, porém, casos descarados, como o do armador Jerome Randle na Ucrânia, do ala Alex Renfroe na Bósnia-Herzegovina, em que o único vínculo existente é o passaporte expedido, ou comprado, como queiram.

Na Finlândia, tem festa antes mesmo da viagem

Na Finlândia, tem festa antes mesmo da viagem

A Fiba, do seu lado, é extremamente conivente com algumas situações que são vergonhosas e podem causar desequilíbrio e/ou bagunça em suas competições. Basta dar uma olhada na grande piada que é o texto de seus regulamentos a respeito. Chega a ser difícil de entender, já que cada regra aparentemente firme vem quase que obrigatoriamente acompanhada por um “mas” ou “com exceção de”.  Este parágrafo acaba dando o recado geral: “No entanto, em circunstâncias excepcionais, o Secretário Geral pode autorizar que determinado atleta jogue por uma seleção para a qual esteja inelegível se, de acordo com o artigo 3.23 e se essa decisão zela pelo desenvolvimento do basquete nesse país”. Traduzindo: pode tudo. E o mais engraçado é o complemento: “Uma taxa administrativa decida pelo Secretário Geral pode ser paga à Fiba”. A federação, claro, ainda arruma um meio de faturar uma grana. Tudo em prol do progresso da modalidade, claro.

No ritmo do bumba-meu-boi, seguem, então, os mercenários do EuroBasket, devidamente catalogados. De 24 seleções nacionais, apenas Eslovênia, Estônia, Islândia, Itália, Letônia, Lituânia, Rússia e Sérvia (sem contar os jogadores nascidos em territórios balcânicos fronteiriços…) não estão fazendo uso de reforços estrangeiros:

Anton Gavel, versão eslovaca

Anton Gavel, versão eslovaca

Alemanha: Anton Gavel, armador.
País de origem: Eslováquia
Categoria: homem de duas pátrias.
Jogou por outra seleção? Sim.
Vínculo: ele mora em território alemão desde 2000. Ganhou o passaporte em janeiro de 2013. Embora tenha defendido a seleção eslovaca em 2005, 2007, 2009, 2011 (sempre pela Segunda Divisão do EuroBasket) e até mesmo dois anos atrás, na qualificação para o torneio, pediu à Fiba para que pudesse mudar de nacionalidade em competições internacionais. “Já joguei por meu país nativo no passado, mas gostaria de jogar pela Alemanha, o país que virou minha segunda casa”, afirmou o atleta do Bayern de Munique. Em agosto, recebeu o sinal verde da federação.

Com a modalidade em franca expansão em seu território, é de se imaginar que a confederação germânica não vá apelar a esse tipo de expediente num futuro próximo, mesmo que Dirk Nowitzki esteja nas últimas. Chris Kaman já foi um desses reforços meio mambembes no passado, depois que descobriram que um de seus avós era alemão. Bom defensor, Gavel tem média de 25,5 minutos pela seleção alemã em duas partidas até o fechamento deste texto. Acertou apenas quatro de 12 arremessos de quadra e 1 de 8 de longa distância. A ironia é que, soubesse o técnico norte-americano Chris Flemming que teria tantos desfalques em sua linha de frente, talvez o país fosse procurar algum pivô para naturalizar.

Bélgica: Matt Lojeski, ala
País de origem: Estados Unidos.
Categoria: pagou pedágio.
Vínculo: antes de se transferir para o poderoso Olympiakos, Lojeski jogou no basquete belga por seis temporadas, período no qual obteve cidadania. Foi pelo Oostende que ele arrebentou:  Nesse período, levando em conta seu sobrenome, é de se deduzir que algum país do Leste europeu deu bobeira. conquistando duas copas e dois campeonatos belgas, sendo eleito MVP de ambas as competições em 2013.

Americano pouco badalado nos tempos de universitário, Lojeski se tornou um cestinha de primeira linha na Europa e é importantíssimo para a seleção belga. Na verdade, é seu melhor jogador, com média de 16,3 pontos, 4,0 rebotes e 3,3 assistências em três rodadas e aproveitamento de 59,4% nos arremessos de quadra, incluindo 50% dos três. No domingo, protagonizou um dos grandes momentos da competição até o momento, fazendo a cesta da incrível vitória sobre a Lituânia, que deixou o Grupo D bastante embolado.

E o que mais? A Bélgica ainda conta com três jogadores nascidos no Congo: o armador Jonathan Tabu, o ala Wen Mukubu e o pivô Kevin Tumba. Tabu foi revelado pelo Charleroi e Tumba, pelo Mons-Hainaut. Já Mukubu cresceu nos Estados Unidos, jogando high school e no basquete universitário. Aos 33 anos, já rodou o mundo e só em 2011 chegou à Bélgica.

Bósnia-Herzegovina: Alex Renfroe, armador
País de origem: Estados Unidos.
Categoria: mercenário.
Vínculo: hã… Nenhum, gente. Hoje atleta do Bayern de Munique, aos 29 anos, Renfroe construiu seu currículo aos poucos na Europa, à qual chegou em 2009, via Letônia. Passou por Croácia, Itália, Espanha, Alemanha, Rússia, voltou à Espanha e, na temporada passada, regressou à Alemanha, onde fez bela temporada pelo Alba Berlin. Nunca defendeu um clube de seu novo país e, ainda assim, recebeu o passaporte bósnio neste ano para poder jogar o EuroBasket, desbancando o compatriota Zach Wright, que havia disputado o torneio em 2013.

Num time sem Mirza Teletovic e Jusuf Nurkic, não havia muito o que fazer, mesmo. De todo modo, para justificar seu passaporte, Renfroe topou se matar por Dusko Ivkovic nos treinos. Titular na armação, tem médias de 9,3 pontos, 5,3 assistências e 5,0 rebotes, matando 71,4% dos arremessos de fora. É um armador que não estrela jogadas espalhafatosas, mas dá estabilidade ao ataque.

Croácia: Dontaye Draper, armador
País de origem: Estados Unidos.
Categoria: pagou pedágio.
Vínculo: Draper foi outro que viajou bastante antes de conhecer a Croácia de perto. Jogou pelo Cedevita Zagreb de 2010 a 2012 e durante esse período ganhou a cidadania. Pelo clube croata, fez sucesso e foi MVP da Eurocup 2011. Sua cotação subiu tanto que, de lá, saiu para o Real Madrid. Hoje ganha uma bolada pelo Lokomotiv Kuban, da Rússia. Jogou os últimos dois EuroBaskets.

Draper, um dos dois armadores americanos para a seleção croata

Draper, um dos dois armadores americanos para a seleção croata

Aqui, talvez a maior heresia. A seleção croata importando um armador dos Estados Unidos. E só piora: na verdade, Draper dessa vez foi chamado de última hora. Sua vaga seria ocupada por Oliver Lafayette, que se lesionou durante a fase de preparação e defendeu o país na última Copa do Mundo. Ao contrário do compatriota, Lafayette jamais jogou por um clube croata. O mais perto que chegou do país foi pelo Partizan Belgrado. Ai. Ainda assim, teve sua nacionalização bancada pelo comitê olímpico croata, com base em “interesses esportivos”. Então tá. Curiosamente, Draper teve média de apenas 13 minutos por partidas nas duas primeiras rodadas. Precisava?

Espanha: Nikola Mirotic, ala-pivô
País de origem: Montenegro.
Categoria: homem de duas pátrias.
Vínculo: olha, é difícil descrever em detalhes a novela espanhola da qual faz parte Mirotic, que se mudou para Madri, para jogar pela base do real em 2005, aos 14 anos. Somente em 2010, porém, que foi naturalizado. Quando os dirigentes já sabiam que estavam lidando com um craque, diga-se, sendo obrigado a renunciar a seu passaporte montenegrino. Naquele ano, foi destaque do EuroBasket Sub-20, levando a medalha de bronze. Voltaria a jogar pelo torneio em 2011, sendo dominante.  Desde, então, porém, chegou a bater boca publicamente com os dirigentes espanhóis, afirmou que voltaria a Montenegro e tudo o mais, enciumado pela preferência dada a Serge Ibaka em verões passados. Não deixa de ser vergonhoso que um país que se orgulhe tanto de sua produção de talentos desde as Olimpíadas de 1992 apele desta maneira.

Mirotic, MVP do EuroBasket sub-20 em 2011. Sem barba

Mirotic, MVP do EuroBasket sub-20 em 2011. Sem barba

Com Ibaka afastado por divergências esportivas, digamos, Mirotic enfim foi convocado para uma competição internacional. Está a serviço de uma grande seleção, porém, com minutos controlados numa rotação que inclui seu companheiro de Chicago, Pau Gasol, e seu ex-parceiro de Real, Felipe Reyes. Demora um pouco para ele se soltar, mas é de se esperar que um talento desse nível eventualmente vá causar grande impacto pela seleção espanhola. Para um futuro sem Gasols, deve se tornar a referência do time.

Finlândia: Erik Murphy, ala-pivô, e Jamar Wilson, armador
País de origem: Estados Unidos.
Categorias: descendente e pagou pedágio.
Vínculo: a história de Murphy, ex-jogador do Chicago Bulls e hoje no Beskitas, é simples: sua mãe, Päivi, é finlandesa. Por isso, no futuro, dependendo de seu conturbado desenvolvimento na NCAA, pode ser que o irmão caçula, Alex Murphy, também entre para essa alcateia. Erik já disputou no ano passado a Copa do Mundo. Natural do Bronx, Wilson se formou por Albany em 2007 e partiu para a Europa. Jogou na Bélgica de 2007 a 2010, quando migrou para a Finlândia. Ficou uma só temporada na liga escandinava, jogando pelo Honka Espoo Playboys. : ) Talvez traumatizado com o frio, arrumou as malas e se mandou para a Austrália, onde jogou até este ano. Agora, assinou com o Rouen, da França.

Murphy já virou O Cara. Como se escreve isso em finlandês?

Murphy já virou O Cara. Como se escreve isso em finlandês?

Depois de um ano de adaptação, Murphy já se tornou o cestinha finlandês, com 16,7 pontos, e também o principal reboteiro, com 9,0, em 32 minutos. Wilson joga exatamente a metade, mas ajuda Petteri Loponen na armação, com 9,7 pontos e 2,0 assistências.

Geórgia: Jacob Pullen, armador
País de origem: Estados Unidos.
Categoria: mercenário.
Vínculo: fora o passaporte, nenhum. Não fosse a lesão sofrida por Ricky Hickman pelo Fenerbahçe, talvez nem estivesse aqui, embora já tenha disputado a edição de 2013. Estrela de Kansas State de 2007 a 2011, Pullen foi bem examinado pelos scouts americanos, mas não teve propostas da NBA. Está vagando pela Europa há um tempo, então, tendo descolado inclusive um contrato do Barcelona. Ficou pouco tempo, porém, na Catalunha e, após o EuroBasket, vai defender o Cedevita Zagreb.

Pullen é um belo arremessador, mas não acertou quase nada nas duas primeiras partidas. Foram apenas duas cestas de quadra em 12 tentativas. Zaza Pachulia e a Geórgia obviamente esperam que ele renda mais para que tentem se recuperar no torneio e alcançar a fase de mata-matas.

Grécia: Nick Calathes, armador, e Kosta Koufos, pivô
País de origem: Estados Unidos.
Categoria: descendentes.
Vínculo: os bisavós de Calathes emigraram da Grécia para os Estados Unidos. Seu avô nasceu já nasceu em Nova York em 1926. Já um jogador de destaque pela Universidade da Flórida, o armador se aproveitou da facilidade de se obter a cidadania grega e se mandou para a Europa em 2007, assinando com um clube do porte do Panathinaikos. Com altos e baixos na NBA, sempre numa luta ferrenha por tempo de quadra, decidiu voltar ao clube para a próxima temporada, num contrato que vai lhe pagar, líquido, US$ 7 milhões. Presença constante na seleção helênica. Já Koufos tem pais gregos e talvez represente minha trívia predileta. Ele nasceu em Ohio e e fez o circuito básico de um prospecto americano. Nunca jogou por um clube europeu, tendo recusado uma proposta do Olympiakos de 5 milhões de euros por três anos. O pivô não defendia a seleção desde 2011, mas também participou de torneios de base pelo país.

A presença de Calathes e de Koufos faz da Grécia um dos elencos mais completos e vastos do EuroBasket. O excesso de jogadores ajuda que tenham minutos controlados. O armador ficou 41 minutos em quadra nas duas primeiras rodadas, enquanto Koufos jogou 37. O pivô, em especial, é um grande reforço, sendo um defensor muito mais atento e eficiente que Bourousis. Além disso, tem arremesso de média distância.

Holanda: Nicolas de Jong e Robin Smeulders, pivôs
Origem: França e Alemanha.
Categorias: descendentes e o mais puro samba do crioulo doido.
Vínculo: ah, a Europa, e suas múltiplas fronteiras e curtas distâncias. Temos aqui um time cheio de “estrangeiros”, mas que, na verdade, têm escalação mais coerente do que a da maioria dos atletas aqui listados. Vamos lá: Nicolas de Jong nasceu na França, com pai holandês, e fez carreira por lá. Já Smeulders tem mãe austríaca e pai holandês, mas nasceu em Muenster, na Alemanha. Por isso, tem tripla nacionalidade. Para complicar, passou a infância entre terras germânicas e holandesas, fez colegial no Havaí e se formou pela Universidade de Portland em 2010. Como profissional, jogou sempre na Alemanha e hoje defende o Oldenburg. Para completar, o ala Worthy de Jong e o armador Charlon Kloof vieram do Suriname, então nem contam, enquanto  Mohamed Kherrazi nasceu no Marrocos, mas emigrou cedo. E eu, inicialmente, achando que o armador Leon Williams era o gringo aqui. Apesar do nome, nasceu na Holanda, mesmo.

Smeulders tinha três países para escolher em sua carreira Fiba

Smeulders tinha três países para escolher em sua carreira Fiba

Numa equipe surpreendentemente competitiva, esses caras jogam todos. Kloof foi o cestinha nas duas primeiras rodadas, com 31 pontos em 28 arremessos. Um baita de um fominha, pelo jeito. De resto, os números e os minutos são bem divididos entre dez homens de rotação.

Israel: D’Or Fischer, pivô
Origem: Estados Unidos.
Categoria: pagou pedágio.
Vínculo: o pivô revelado pela tradicional Universidade de West Virginia em 2005 tem contrato assinado com o Hapoel Jerusalem para a próxima temporada. Mas esta não será sua primeira passagem pela liga israelense. Por dois anos, entre 2008 e 2010, ele jogou pelo Maccabi Tel Aviv. Seu passaporte, porém, só saiu no ano passado, garantindo participação no torneio de classificação para o EuroBasket.

Num país sem muita mão-de-obra qualificada, Fischer aparece como peça de apoio valiosa ao trio Casspi, Mekel e Eliyahu, especialmente num setor muito carente como o garrafão. Sua contribuição é na proteção de aro, jogando na cobertura de alas talentosos ofensivamente, mas que nunca tiveram a defesa como ponto forte. No ataque, depende da criação dos outros e costuma produzir com eficiência, mas sem muito volume. Não é algo que faça falta nessa seleção.

Macedônia: Richard Hendrix, pivô
Origem: Estados Unidos.
Categoria: mercenário.
Vínculo: ao sair do high school, o pivô natural do Alabama era considerado umas das principais apostas de sua geração. Embora tenha sido muito produtivo na universidade, viu sua cotação com os scouts profissionais se esvair aos poucos. Draftado em 2008, foi mandado para diretamente para a D-League. Em 2009, cruzou o Atlântico em busca de salários mais compatíveis com o seu talento. Mas, não: assim como o armador Bo McCalebb, que pediu folga este ano, nunca jogou por um clube da Macedônia.

Sem McCalebb e sem Pero Antic, o técnico Marijan Srbinovski optou pela nacionalização de um pivô. Hendrix pode fazer de tudo um pouco pela seleção, embora seja no rebote em que ele se destaca mais. De todo modo, seu rendimento no EuroBasket vem sendo bastante tímida, longe de justificar sua contratação.

Polônia: AJ Slaughter, ala
Origem: Estados Unidos.
Categoria: mercenário.
Vínculo: É… Mais um que, se pisou na Polônia antes de receber o passaporte, foi para jogar como visitante, já que defendeu clubes da Itália, da França e, por último, o Panathinaikos em uma carreira europeia que se iniciou em 2010. Agora vai jogar pelo Banvit, emergente turco. Ocupa a vaga que já foi do veterano David Logan.

Slaughter fez seu nome no mercado europeu como um cestinha atlético e agressivo, de primeiro passo explosivo rumo ao aro. Pelo Panathinaikos, porém, em sua estreia pela Euroleague, não teve das campanhas mais produtivas. Em uma seleção que já conta com cestinhas fogosos e jovens como Adam Waczynski e Mateusz Ponitka, parece ter sido um reforço um tanto redundante.

República Tcheca: Blake Schilb
Origem: Estados Unidos.
Categoria: pagou pedágio.
Vínculo: Schilb ao menos usou o basquete tcheco para se inserir no mercado europeu, quando deixou quando deixou a Universidade de Loyola (Illinois) para jogar pelo CEZ Nymburk, principal equipe do país. Foi bicampeão tanto da liga como da copa em 2008 e 2009. Saiu, então, para a França, onde jogou por seis anos. Acabou de assinar com o Galatasaray.

Schilb está na seleção tcheca para arremessar

Schilb está na seleção tcheca para arremessar

Schilb é uma das contratações que mais deu certo nesta primeira fase. Dá poder de fogo e aparece como uma terceira força muito bem-vinda à seleção que, hoje, conta com basicamente dois atletas na elite europeia: Jan Vesely e Tomas Satoransky. David Jelinek não vingou como o esperado e Jiri Welsch e Lubos Barton já estão bem próximos da aposentadoria.

Turquia: Bobby Dixon, armador
Origem: Estados Unidos.
Categoria: pagou pedágio.
Vínculo: Você pode chama-lo de Robert Lee Dixon, Bobby ou, agora, de Ali Muhammed, desde que retirou seu passaporte turco há questão de semanas. O baixinho e veterano de 32 anos já está na Europa desde 2006, tendo alternado basicamente passagens por França e Itália. Foi na Turquia, todavia, em que se encontrou como estrela, vestindo a camisa do Pınar Karşıyaka, mais uma equipe que vem fazendo sucesso por aquelas bandas, se classificando para a Euroliga. Vindo de ótimas campanhas, foi contratado pelo Fenerbahçe.

Dixon, mas também pode chamar de Muhammed

Dixon, mas também pode chamar de Muhammed

Entre todos esses reforços, é sem dúvida aquele que está causando maior impacto, assumindo as rédeas de uma seleção cheia de alas e pivôs talentosos e experimentados, mas que tinha armação no mínimo suspeita. Vem pecando nas finalizações, mas consegue acelerar o ataque de Ergin Ataman com bom controle de bola, colocando Ilyasova, o jovem Cedi Osman e o irregular Semih Erden para jogar.

Ucrânia: Jerome Randle, armador
Origem: Estados Unidos.
Categoria: mercenário.
Vínculo: depois de ser dispensado pelo Dallas Mavericks em 2011, Randle circulou por aí. A Turquia foi seu destino mais frequente, mas a Ucrânia não esteve entre suas escalas.  Em entrevista ao Deadspin, o baixinho deixa bem claro o que está em jogo para ele no EuroBasket: sem contrato, quer ganhar projeção internacional e um salário generoso na próxima temporada. Quem sabe na NBA, sua obsessão?

Sem Jeter, Alex Len, Gladyr, Mykhailiuk, Pecherov e Kravtsov, a seleção ucraniana não entrou em quadra com as melhores perspectivas. Com tantos desfalques, incluindo Eugene “Pooh” Jeter – que foi, inclusive, um dos responsáveis por sua contratação –, Randle sabe que vai ter minutos e espaço suficiente num grande palco para tentar impressionar os scouts. No ataque, a prioridade é toda de Randle, que vem liderando o time em pontos, arremessos, assistências – e turnovers. É o suficiente para impressionar alguém?

Por isso, topou jogar de graça por um país abalado pela guerra interna. “Não há dinheiro investido na seleção nacional este ano porque eles têm muito mais com o que se preocupar. As coisas que ouvi dos jogadores… É algo muito ruim. Quando falam a respeito, você percebe a tristeza. Então, para mim, levo isso como um desafio pessoal. Quero tentar animá-los de alguma forma”, afirmou. Ao menos isso, né?


EuroBasket vai começar: sete apostas, a legião da NBA e os desfalques
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Giancarlo Giampietro

A França venceu as últimas duas contra a Espanha. Na Copa, doeu para Gasol

A França venceu as últimas duas contra a Espanha. Na Copa, doeu para Gasol

Existem pré-olímpicos e existe o EuroBasket.

Realizado a cada dois anos, o torneio europeu, para muitos de seus integrantes, vale talvez até mais que um Mundial, por questões de orgulho nacional e rivalidades regionais. É só ver a festa que a França fez na última edição, na Eslovênia, ao enfim derrotar a poderosa Espanha pela semifinal, num jogo daqueles mais dramáticos que se vai encontrar por aí. Para eles, foi a glória maior, ratificada, então, numa decisão bem mais tranquila contra a Lituânia.

Tem de comemorar, mesmo. Pois não é fácil chegar lá. Essa é disparada a competição continental mais dura no circuito Fiba, em que pese as loucuras que temos visto na Copa América. Ainda assim, ao avaliar o que tem acontecido nos últimos anos, é possível detectar algum padrão.

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A Espanha impressiona por sua consistência, graças a uma geração fenomenal liderada por Pau Gasol. Os ibéricos fizeram parte dos últimos quatro pódios. Ficaram entre os três primeiros em cinco de seis torneios desde 2001. Só em 2005 dançaram. Nomes importantes como Jorge Garbajosa, Carlos Jiménez, Raul López e Fran Vázquez já ficaram pelo meio do caminho. Juan Carlos Navarro e José Calderón estão no fim da linha também. Mas segue uma potência a ser temida.

Desempenho os amistosos

Desempenho os amistosos

Ainda assim, a França é a seleção do momento, o time a ser batido, com um elenco vasto, experiente, atlético, e tendo ainda a vantagem de ser a anfitriã dos mata-matas, para o qual deve passar como a primeira colocada do Grupo A. Confira aqui todas as chaves, com uma ressalva: respire fundo antes de espiar o que acontece no Grupo B.

Como disse em texto dedicado à Itália (que mais parece o Brasil), é o anúncio de uma carnificina. Pense em Walking Dead, Jogos Mortais, Game of Thrones, Kill Bill Vol 1. Um sorteio que põe Espanha, Sérvia, Itália, Turquia e Alemanha no mesmo grupo é qualquer coisa de sádico. (Só foi possível graças aos deslizes de italianos, turcos e alemães em tempos recentes – o ranking Fiba não reconhece que a Azzurra tenha hoje Gallinari & Cia, ou que a Alemanha conta com Dirk e Schröder dessa vez). Coitada da valente Islândia, que não tem nada a ver com essa história, enfrentando cinco times que chegam a Berlim com pretensões reais de vaga olímpica. E o que vai sair disso? Bem, um deles já será eliminado de cara. Outro vai passar em quarto e terá de se virar com a França logo de cara. Quem cair nas oitavas também não terá mais como vir ao Rio de Janeiro.

É assim: os dois finalistas asseguram classificação automática, enquanto as equipes que ficarem entre terceiro e sétimo ganham uma segunda chance no Pré-Olímpico mundial. Então você tem de dar um jeito de chegar às quartas, entre os oito primeiros. Mesmo os derrotados nessa fase ainda terão de encarar um torneio de consolação mais valioso que o habitual, tendo inclusive uma “final” pelo sétimo lugar.

Ignorando qualquer noção de prudência, devido ao desequilíbrio entre grupos, segue, então, meus palpites de vagas – tanto as para valer, como as alternativas:

Tony Parker quer o bicampeonato europeu. Tá na cara

Tony Parker quer o bicampeonato europeu. Tá na cara

1 – França
Os atuais campeões, e com um time que chega muito perto de sua força máxima, com o retorno de Tony Parker para fazer um trio estelar com Boris Diaw e Nicolas Batum, os dois que lideraram o time rumo ao Bronze na Copa do Mundo. Se há uma seleção que pode compensar ausências como as de um Joakim Noah e um Alexis Ajinça, é a francesa, contando com o emergente Rudy Gobert para afugentar os atacantes adversários do garrafão. Noah, a essa altura, já não parece uma peça com a qual se possa contar. Ajinça seria um reserva de luxo para Gobert.

É um elenco vasto, de capacidade atlética incrível e muita versatilidade, que pode ser medido por sua nota de corte: dois jogadores da NBA vão assistir de fora (Kevin Seraphin e Ian Mahinmi), assim como jogadores cobiçados no mercado europeu como o ala Edwin Jackson, ex-Barça, hoje no Unicaja, e o ala-pivô Adrien Moerman, do Banvit, e o armador Thomas Heurtel, tirado do Baskonia a peso de ouro pelo Anadolu Efes. Nem mesmo depois de Antoine Diot se lesionar na reta final de preparação, Heurtel conseguiu a vaga. O reserva de Tony Parker será o espichado Leo Westermann, cujos direitos pertencem ao Barcelona, que ainda não o aproveitou. Joga pelo Limoges, em casa.

Selo NBA: Tony Parker, Boris Diaw, Nicolas Batum, Rudy Gobert, Evan Fournier e Joffrey Lauvergne.
Desfalques: Joakim Noah, Alexis Ajinça, Antoine Diot e Fabien Causeur (que teria dificuldade para entrar no grupo final, de qualquer forma). 
Reforço estrangeiro? Para quê!? 

2 – Sérvia
Talento não falta aqui, obviamente. Nunca faltou. Ainda assim, nas últimas cinco edições, o país conseguiu apenas uma medalha: a prata em 2009, levando uma surra da Espanha na final. O problema é a inconstância de seus jogadores, que muitas vezes se permitem levar por intrigas extraquadra e uma ciumeira que só. O vice-campeonato na última Copa do Mundo, porém, sinalizou uma geração mais unida, guiada com firmeza e carisma pelo ex-armador Aleksandar Djordjevic.

Se essa organização for mantida, a aposta é que a combinação da categoria e jogo cerebral de Milos Teodosic, o arrojo de Bogdan-Bogdan e Nikola Kalinic e o pacote completo de Bjelica possa fazer a diferença, ainda mais escoltados por pivôs muito físicos. Não é fácil trombar com Raduljica e Nikola Milutinov, o jovem recém-contratado pelo Olympiakos e draftado pelo Spurs. Não bastassem os pesadões, Djordjevic ainda tem um Zoran Erceg com grande confiança nos disparos de longa distância e Ognjen Kuzmic, ex-Warriors, já mais atlético.

Selo NBA: Nemanja Bjelica (bem-vindo!).
Desfalques: Nenad Krstic e Boban Marjanovic.
Reforço estrangeiro: coff! coff! Foi até engraçado que, antes do Final Four da Euroliga, Milos Teodosic e Bogdan Bogdanovic foram questionados sobre a possibilidade de o país, vice-campeão mundial, naturalizar algum norte-americano para brigar pelo ouro olímpico. Responderam que, se acontecesse, não jogariam mais pela seleção. 

3 – Espanha

A dupla do Bulls - e da Espanha

A dupla do Bulls – e da Espanha

O palpite mais conservador colocaria os espanhóis entre os dois primeiros, fato. Estivesse Marc Gasol no páreo, seria difícil seguir outro rumo. Mas o pivô quis férias, para descansar a cabeça e cuidar tranquilamente da renovação com o Memphis. Desta forma, aumenta a carga sobre Pau Gasol. O já legendário pivô fez grande temporada pelo Chicago Bulls, mas vai correr um risco ao encarar a pressão do EuroBasket sendo tanto a principal referência ofensiva da seleção como sua maior esperança para se ter uma defesa consistente. Faz como? Serge Ibaka faz falta nesse sentido, mas as desavenças do passado afastaram o congolês. Suas habilidades, em tese, seriam mais relevantes que as de Nikola Mirotic nessa equipe em específico.

No papel, ainda estamos falando de um timaço. Os torcedores do Bauru vão ficar ligadaços no núcleo madridista de Sergio Rodríguez, Sergio Llull, Rudy Fernández e Felipe Reyes. Estão entrosados e revigorados pelo título da Euroliga. Mas, mesmo dentro da Espanha, a sensação é de que a transição da geração Gasol para a próxima ainda se pauta pela incerteza, a despeito do retorno de Sergio Scariolo. São muitas peças valiosas, mas que talvez não se encaixem perfeitamente.

Selo NBA: Pau Gasol, Nikola Mirotic. 
Desfalques: Marc Gasol, Juan Carlos Navarro, José Calderón, Ricky Rubio e Alejandro Abrines. 
Reforço estrangeiro? Nikola Mirotic, que assumiu a vaga de Serge Ibaka.

4 – Lituânia
Em termos de continuidade, o trabalho de Jonas Kazlauskas está à frente do que os gregos têm para oferecer, e isso pode fazer a diferença. Caras como Jankunas, Javtokas, Kalnietis, Maciulis e Seibutis estão na estrada há um tempo e sabem o que precisa ser feito. É curioso até: em termos de grife ou badalação, ninguém dá muita bola para eles. Mas estão sempre chegando. Mesmo que não tenham a armação mais segura ou elucidativa.

Se a troca de guarda ainda está demorando para acontecer, a boa notícia para esse país devoto ao basquete é que seu principal jogador hoje é justamente um dos mais jovens: Jonas Valanciunas. Pela seleção, o companheiro de Caboclo e Bebê é uma figura muito mais influente e difícil de ser barrada. Em termos de sangue novo, também vale ficar de olho em Domantas Sabonis, que tem sangue real, vem numa curva de desenvolvimento acelerada desde que se inscreveu na universidade de Gonzaga e foi o último a se estranhar com Matthew Dellavedova:

Selo NBA: Jonas Valanciunas.
Desfalques: Donas Motiejunas. (Se alguém estiver se perguntando sobre Linas Kleiza, é que o veterano foi muito mal na última temporada pelo Olimpia Milano e, depois de inúmeras lesões no joelho, não é sombra daquele jogador que já aterrorizou o mundo Fiba).
Reforço estrangeiro? Ainda não cometeram esse sacrilégio — embora as primeiras seleções lituanas da história fossem compostas quase na íntegra por norte-americanos descendentes. 

5 – Grécia
Assim como Parker retorna à França, a seleção helênica acolhe calorosamente Vassilis Spanoulis entre os 12 do EuroBasket. Em torno do craque grego também geram as mesmas questões, no entanto: qual a sua forma física? Ele terá estabilidade e pique para poder ficar em quadra nos momentos decisivos (que não o amedrontam de modo algum)? Se a resposta for positiva, a Grécia ganha um trunfo enorme para tentar retornar ao pódio pela primeira vez desde 2009.

O conjunto de Calathes, Zisis, Sloukas e Mantzaris ao menos está lá para preservar o camisa 7. Em termos de quantidade, ninguém tem uma relação de armadores que se equipare a essa, aliás. O desafio do técnico Fotis Katsikaris, que vai dirigir Augusto e Benite no Murcia, será distribuir minutos entre tantos atletas de ponta. Ou afagar aquele que eventualmente fique fora da rotação. Embora o garotão Giannis Antetokounmpo seja um Vine ambulante, este não é o time mais atlético. A expectativa aqui é de que os fundamentos, a experiência e o espírito vencedor de muitos de seus jogadores compensem isso. Para chegar à disputa por medalhas, porém, terão de derrubar muito provavelmente ou a Espanha ou a Sérvia nas quartas. Ai.

Selo NBA: Giannis Antetokounmpo, Kosta Koufos, Kostas Papanikolau (por ora).
Desfalques: Dimitris Diamantidis (ele já se aposentou da seleção, mas está em forma, caminhando para a última temporada como profissional). Sofoklis Schortsanitis não foi convocado e, creio, não deve mais jogar pela equipe. 
Reforço estrangeiro? Bem… Nick Calathes e Kosta Koufus nasceram, respectivamente, na Flórida e em Ohio. Os sobrenomes entregam a ascendência, de todo modo. 

6 – Croácia
Sim, sim… Talvez eles estejam numa posição muito baixa. Podem muito bem ser os campeões. Mas a mera possibilidade de pensar essa fornada croata como a sexta força continental só mostra o quão difícil pode ser um EuroBasket. O que sabemos é que os caras chegam muito otimistas à competição, por conta de dois fatores mais relevantes que o fato de terem vencido todos os seus amistosos preparatórios.

Saric e Hezonja, só o começo

Saric e Hezonja, só o começo

O primeiro é o progresso dos garotos, rodeados por jogadores muito rodados. Dario Saric e Mario Hezonja têm mais três ciclos olímpicos pela frente e já estão prontos para render em alto nível, sem precisar assumir obrigatoriamente o protagonismo. A prioridade em quadra ainda merece ficar com dois veteranos que estão no auge e encantam pela perfeição de seus movimentos, sem distinção entre eles: o gigante Ante Tomic, que não deve jogar na NBA, mesmo, e o classudo Bojan Bogdanovic, que se soltou um pouco ao final de sua primeira temporada pelo Brooklyn Nets e que, no mundo Fiba, é um cestinha letal. O segundo fator que os empolga é a presença de Velimir Perasovic no banco. O croata de 50 anos vem de grandes campanhas pelo Valencia e chega à seleção com estofo e moral para comandar um elenco ardiloso.

Selo NBA: Bojan Bogdanovic, Mario Hezonja e Damjan Rudez. 
Desfalque: Oliver Lafayette.
Reforço estrangeiro? Na falta de um armador norte-americano, apela-se a outro: Dontaye Draper. A Croácia cometeu a heresia que a Sérvia até o momento evita.

7 – Itália
Simone Pianigiani tem ao seu dispor a seleção que talvez tenha o maior poderio ofensivo, ao menos em termos de arremesso. Gallinari, Bargnani, Gentile, Datome, Belinelli… É artilharia pesada, que pode torturar qualquer defesa. Ainda assim, isso não é garantia de nada. Até porque são belos atacantes, mas que, do outro lado da quadra, não inspiram tanta confiança assim. Além do mais, já estamos cansados de ver seleções com muitos nomes naufragarem devido à tormenta de egos. Vamos ver se eles terão coesão e consciência para encarar um grande desafio, precisando render em alto nível logo de cara, nesse grupo dificílimo.

Selo NBA: Danilo Gallinari, Andrea Bargnani, Marco Belinelli. 
Desfalques: Luca Vitali. 
Reforço estrangeiro? Daniel Hackett nasceu na Itália, filho de ex-jogador norte-americano, e se formou como jogador na Califórnia. Mas é italiano e joga por clubes do país desde 2009. Não conta. 

Batendo à porta
Pode parecer um tremendo desrespeito a Dirk Nowitzki… Mas, aos 37 anos, o legendário cestinha precisaria fazer um de seus melhores torneios para levar a Alemanha adiante, mesmo estando acompanhado pelo sensacional Dennis Schröder e por mais uma opção ofensiva de elevada qualidade como Tibor Pleiss. Acontece que o excelente treinador Chris Flemming, americano que fez carreira no basquete alemão e agora será assistente no Denver, perdeu muitos jogadores em seu elenco de apoio, especialmente na linha de frente. Entre Maik Zirbes, Maximilian Kleber, Elias Harris e Tim Ohlbrecht, teria opções de sobra (e muito vigor físico) para dosar os minutos de Dirk.

A saideira de Nowitzki?

A saideira de Nowitzki?

É ainda mais difícil deixar a Turquia fora do grupo acima. Mas algum país terá de ser a vítima no Grupo B. É a minha escolha. Na Copa do Mundo, a seleção chegou às quartas de final. Jogando em Berlim, ao menos vai ter a vantagem de praticamente jogar em casa. É certo que o ginásio vai bombar devida à imensa colônia que está na capital alemã. Ainda assim, Omer Asik faz muita falta na proteção defensiva, com todo o respeito a Semih Erden e Oguz Savas. Olho, de todo modo, nos jovens Cedi Osman e Furkan Korkmaz. Para Tóquio 2020, devem ser dois atletas temidos em cenário internacional.

Sem chances?
A Eslovênia está sem Goran Dragic, o que equivale a 80% de sua força criativa. O país parece encarar o torneio como a chance de dar bagagem à garotada, listando  cinco atletas nascidos na década de 90. Zoran Dragic terá a oportunidade de tirar a ferrugem, de tanta piscina e praia que tenha pegado em Phoenix e Miami. Jaka Blazic, do Estrela Vermelha, é um atleta que sempre dá gosto de ver. Canhoto agressivo, inventivo rumo à cesta que me passa a impressão de ainda ter potencial ainda a ser explorado.

A Bósnia-Herzegovina poderia apresentar uma linha de frente para lá de enjoada, caso contasse com Mirza Teletovic, e Jusuf Nurkic. Teletovic costuma ser uma figura constante em torneios europeus, mas pediu folga, para cuidar de sua preparação para a NBA, entrando num ano importante pelo Phoenix Suns em busca de um contrato longo e polpudo na próxima temporada. Para o promissor pivô do Nuggets, o motivo é a recuperação de lesão e cirurgia no joelho. O tresloucado Dusko Ivanovic, todavia, vai fazer com que o time se mate em quadra a cada rodada.

A Geórgia tem um elenco interessante: Zaza Pachulia, um bom reserva para ele em Giorgi Shermadini e dois matadores de bola em Jacob Pullen e Manuchar Markoishvili, além do energético Tornike Shengelia, orientados por Igor Kokoskov. É um time com bom potencial ofensivo e que, jogando num grupo mais fraco, deve ir aos mata-matas. Mas dificilmente passarão das oitavas.

Potencial de zebra
A Finlândia não deve ser a Finlândia da vez, se é que vocês me entendem. Entre os scouts europeus, a Bélgica é apontada como uma seleção que pode surpreender, com três jogadores de ponta no continente (o armador Sam van Rossom, o ala Matt Lojeski e o ala-pivô Alex Hervelle) e um grupo que dosa juventude e experiência ao redor deles.

Velhos conhecidos da NBA
Só para constar, vai: a Polônia terá Marcin Gortat, Israel vai de Omri Casspi e Gal Mekel, a República Tcheca aposta muito em Jan Vesely (Vine sempre atentos também, por favor!).

Mais caras que fazem falta
Alexey Shved, Timofey Mozgov e Sasha Kaun (Rússia), Eugene Jeter, Serhiy Gladyr, Alex Len e Sviatoslav Mykhailiuk (Ucrânia), Maciej Lampe (Polônia), Pero Antic (Macedônia), Kristaps Porzingis e Davis Bertans (Letônia).


Notas de um fim de semana de estrelas: parte 1
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Giancarlo Giampietro

Já é sábado, mas essas são notas sobre uma looooonga sexta-feira de puro amor basquete em Nova York, longe da Senhora 21 em pleno Valentine’s Day, mas ao lado de um monte de gente enorme, que te faz parecer totalmente insignificante. Sério: se quiserem passar o dia perto de jogadores de basquete, é preciso primeiro sentar no divã na véspera. Ou fazer um semestre de coaching. Cada um na sua.

Existe toda uma dificuldade logística que não permite que um blogueiro brasileiro atualize tudo em cima do lance, como pedem os tempos de 60/24/7/365. Os eventos são bem espaçados, a conexão sem fio nem sempre funciona etc. etc. etc. E as informações vão se acumulando. Coisa que não justifica um post único aqui para este espaço, mas que, juntas, podem valer alguma coisa. Então é hora de soltar algumas notas e impressões sobre o primeiro dia de atividades, hã, oficiais do All-Star Weekend da NBA:

– Num universo paralelo, a liga americana também está organizando, com ajuda da Fiba, mais uma edição do Basketball without Borders, o camp que reúne a garotada do mundo todo. Neste ano, são mais de 40 inscritos, vindo de mais de 20 países, incluindo dois brasileiros: o armador Guilherme Santos e o pivô Yuri Sena, ambos de 17 anos e do Bauru. Eles estão reunidos no ginásio do Baruch College, no Midtown nova-iorquino, cercados de olheiros por todos os lados. Segue abaixo um vídeo que dá um panorama da área de trabalho com treinadores:

Aqui está Guilherme, que chama a atenção por seu porte físico e capacidade atlética – mas ainda é muito cedo para tirar qualquer conclusão:

Guilherme trabalhando com armadores sob orientação de Jama Mahlalela, do Raptors

Guilherme trabalhando com armadores sob orientação de Jama Mahlalela, do Raptors

E aqui está um vídeo curtinho com Yuri, que lembra, e muito, seu irmão Wesley, que já recebe tempo de quadra aqui e ali pelo time principal bauruense. Dá para ver o tipo de exercício que ficam executando, até trabalhar movimentação de bola e se agruparem para coletivos ao final da sessão:

– O principal nome entre as dezenas de inscritos é a sensação croata Dragan Bender, que vai fazer 18 anos apenas em novembro. Então vale sempre a menção atenuante para termos como “principal” e “sensação”. De qualquer forma, o jogador de 2,13 m de altura chama, mesmo, a atenção. O modo como se movimenta com a bola é impressionante, para alguém de sua idade e pouca experiência. Está claro que ainda precisa fortalecer a base, para ganhar mais equilíbrio, mas tem potencial enorme. Já está sob contrato com o Maccabi Tel Aviv há quase um ano, num movimento inovador do gigante israelense, que vinha investindo pouco em jovens talentos. O Maccabi inclusive enviou seu gerente geral para a festa: Nikola Vujcic, compatriota de Bender que se consagrou como jogador da equipe israelense na década passada. Foi um craque, mesmo. Aqui está o reencontro dos dois gigantes croatas, rodeados por uma criançada do Maccabi, que assistia aos exercícios com muita atenção:

Uma lenda croata (d) e uma aposta do país, para se juntar a Saric e Hezonja

Uma lenda croata (d) e uma aposta do país, para se juntar a Saric e Hezonja

– O BwB começou com atraso, o que me impediu de acompanhar os coletivos até o fim. Tive de sair correndo em direção ao hotel que acolheu os protagonistas do fim de semana: os integrantes das seleções do Leste e do Oeste. Quando cheguei ao Sheraton, na Times Square, foi aquele choque pelo volume de profissionais de mídia presentes – como já relatei em texto sobre Tim Duncan. A NBA estima que 600 estiveram presentes para entrevistas nesta sexta. LeBron, Carmelo e Stephen Curry foram os mais concorridos, claro. Mas surpreendeu também o volume de gente em volta dos irmãos Gasol, cada um ao seu tempo (primeiro falou a turma do Oeste, depois veio a do Leste).

– Ah, sobre entrevistas… Foi engraçado notar que, em meio ao caos, a estação de Russell Westbrook até que estava bem tranquila. Na hora, imaginei: é por que ele não está falando nada. E foi isso, mesmo. Wess apelou a sua rotina de sempre, respondendo as perguntas mais pertinentes ou birutas com quatro ou cinco palavras. Isso quando não se limitava a dizer apenas “não”. Então, ao contrário do que aconteceu com Marc Gasol, ao menos era possível vê-lo. Não perdi tempo – e o respeito próprio, aliás – para me aproximar, mas deveria ter filmado a cena. #FailGeral

"Ambos os times executaram muito bem seus planos de jogo"

“Ambos os times executaram muito bem seus planos de jogo”

– Outro que atrai multidões: Rudy Gobert, com diversos franceses em sua cola durante os eventos em torno do jogo das estrelas ascendentes. Tanto em atividade descontraída na quinta, como no pós-jogo desta sexta. São muitos os jornalistas europeus credenciados para a cobertura, com poloneses, croatas e mais. Para os franceses, faz muito sentido, já que são dez seus representantes na liga americana. O Brasil, em compensação, com seis jogadores, tem, que eu tenha visto, apenas quatro jornalistas confirmados, sendo que três vieram a convite do Canal Space, como o caso deste blogueiro. A galera da Espanha, com cinco atletas, causa um alvoroço. Para constar.

C'est un monstre! Gobert encontrou diversos compatriotas na zona mista

C’est un monstre! Gobert encontrou diversos compatriotas na zona mista

– Por falar em Gobert… Mon Dieu! Se em quadra ele consegue intimidar um Mason Plumlee, imagine lado a lado na sala de entrevistas? O mais espigão do dia. Durante o jogo, proporcionou realmente excelentes momentos, com tocos assustadores, mesmo para cima de Mason P, um pivô de 2,11 m, ágil e experiente já. O jovem pivô francês veio para ficar, acostumem-se. Foi prudente da parte do agente de Enes Kanter abrir uma campanha para tirar o turco de lá.

– Imagino só um time de verdade com Exum, Wiggins, Giannis, Mirotic e Gobert, como vimos em alguns momentos nessa sexta. Nas mãos do Jason Kidd. Seria demais. Envergadura é pouco. Potencial para uma defesa sufocante – uma versão turbinadíssima do que o Milwaukee Bucks faz hoje –, além da versatilidade no ataque, com chute, arranque para a cesta, presença física no garrafão e muita velocidade. Afe.

– Zach LaVine é muito mais explosivo que Andrew Wiggins – e, ao que tudo indica, vai deixar sua marca no torneio de enterradas deste sábado. Mas a leveza como o canadense se desloca pela quadra é cativante. Parece que está andando sobre a água, flutuando na verdade.


 -Presenciamos também o momento histórico em que um integrante da família Plumlee dividiu a quadra com um Zeller. Os Plumlee, vocês sabem, são uma dinastia da Universidade de Duke, tendo o Coach K como conselheiro. Miles, Mason e agora o Marshall por lá. No ex-jogo dos novatos, Mason P, que é o filho do meio em seu clã, teve como companheiro o Cody Z, o caçula da outra gangue. Ficaria estranho, mesmo, se a companhia fosse de Tyler Zeller, que teve uma carreira produtiva pela Universidade de North Carolina – o ala-pivô do Hornets jogou em Indiana. Ao menos os deuses do basquete universitário nos pouparam dessa.

– Contagem de consumo até aqui:

11 viagens de metrô
1 corrida de táxi
1 carona de ônibus, com Rick Rox e Brent Barry, emperrado no trânsito
1 cheeseburguer (juro!)
4 donuts
8 chocolates quentes


O 7º dia da Copa do Mundo: Zebras de folga
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Giancarlo Giampietro

Uma, duas, três e quatro franquias da NBA representadas na foto. EUA também têm torcida na Espanha

Uma, duas, três e quatro franquias da NBA representadas na foto. EUA também têm torcida na Espanha

Ufa. Depois da maratona em sua primeira semana, neste sábado a tabela da Copa do Mundo pegou bem mais leve com esses pobres jornalistas. Quatro joguinhos, nada simultâneo, e a chance de apreciar melhor o que se passa em quadra. Embora, quem esteja tentando enganar? Aquela avalanche de jogos dos grupos era divertida pacas e nos deixa com abstinência. Difícil até digitar aqui, de tanto tremelique. Mas vamos lá: depois de alguns sustos na fase de grupos, não temos nada de surpresas por ora nas oitavas. Os grandes favoritos, Espanha e Estados Unidos, passaram com tranquilidade, para agora enfrentarem, respectivamente, Eslovênia e França nas quartas de final.

O jogo do dia: França 69 x 64 Croácia
Um segundo tempo redentor nos livrou daquele que poderia ter sido o primeiro duelo com menos de 100 pontos no placar. No caso, com os dois ataques somados! A primeira etapa, para se ter uma ideia, teve 48 pontos anotados. Um inacreditável: 23 a 22 a favor dos Bleus, que haviam anotado apenas 7 pontos no primeiro período – quantia igualada pelos balcânicos no segundo quarto. Uma tristeza que só, uma batalha do jogo feio. Na volta do intervalo, para alívio geral, os ataques desafogaram, permitindo que Ucrânia 64 x 58 Turquia ficasse com o justíssimo título de partida mais sonolenta do campeonato.

A vitória francesa ganha este espaço devido aos 20 minutos finais, na disputa mais equilibrada da jornada, e também pela quantidade de jogadores talentosos de ambos os lados. Dario Saric, Ante Tomic, Bojan Bogdanovic, Boris Diaw, Nicolas Batum e mais. Todos de NBA ou em grande parte em potência europeias. Entre eles, Bogdanovic foi quem se destacou, com 27 pontos em 35 minutos, exibindo todos os seus fundamentos que poderiam perfeitamente ilustrar um manual. No ataque, o croata é uma maquininha de cestas, e com um estilo mais classudo impossível.

Bogdanovic deixa pirulão Gobert para trás: rumo a Brooklyn o cestinha croata

Bogdanovic deixa pirulão Gobert para trás: rumo a Brooklyn o cestinha croata

Num tiro de três a 52 segundos do fim, o ala diminuiu uma vantagem francesa que chegou a ser de 11 pontos para apenas dois. No ataque seguinte, Antoine Diot errou um chute de fora na zona morta, e os croatas tinham a chance de virada. Foi aí que a apareceu a outra faceta do “hero ball”, com Bogdanovic se precipitando com uma bola de fora, de muito longe, restando mais de 10 segundos de posse no cronômetro. Nos lances livres, os adversários definiram o placar. Olho neste jogador na próxima temporada da NBA: vai jogar pelo Brooklyn Nets. É um dos principais cestinhas da Europa, mas é preciso ver como irá se a ajustar, já que está habituado a jogar com a bola em mãos, como referência primária (e secundária, hehe) de seus times. Um tanto fominha.

De resto, é de se lamentar o fogo que Batum tem com a bola em diversos momentos, abrindo mão das infiltrações para cômodos disparos de longe (0/6 para ele hoje nos três pontos, 5/7 de dois). Também fica a dúvida sobre como a Croácia demorou para abastecer Tomic no garrafão durante todo o campeonato. No quarto período, hoje ele foi o grande responsável pela reação de seu time, com 17 pontos em 25 minutos (7/10 nos arremessos). O pivô do Barcelona, mesmo assim, ficou no banco nos últimos três minuto.

Quem fez falta: as Filipinas… 🙁
O esforço da atlética seleção de Senegal contra a Espanha foi formidável, especialmente primeiro tempo, mas é difícil de fugir de um devaneio sobre como teria sido o confronto dos anfitriões com as Filipinas nestas oitavas de final. Antes que me acusem de pirado: não, os filipinos não venceriam, não causariam a maior surpresa da história. Mas pode ter certeza de que eles proporcionariam alguns instantes de pura diversão em quadra, deixando Pau Gasol atônito.

Blatche e as Filipinas já partiram, cada um para o seu lado

Blatche e as Filipinas já partiram, cada um para o seu lado

Um causo
Não chega a ser um dramalhão mexicano, mas Gustavo Ayón ainda está desempregado. A despeito de suas diversas qualidades, o pivô não tem contrato para a próxima temporada. Que vergonha, NBA. Neste sábado, contra os Estados Unidos, ele mostrou que tem bola. A melhor vitrine. Será o suficiente para levantar uma proposta? Vejamos. Só não foi suficiente para evitar uma derrota por 86 a 63.

Curry acertou 16 de seus últimos 25 arremessos de 3 pontos no Mundial. Melhor marcar o craque

Curry acertou 16 de seus últimos 25 arremessos de 3 pontos no Mundial. Melhor marcar o craque

Alguns números
35 –
Os “Splash Brothers” do Golden State Warriors anotaram juntos 35 pontos na vitória contra o México.  Stephen Curry foi o cestinha, com 20. Klay Thompson anotou 15. Juntos, eles mataram nove de 18 arremessos de longa distância.

33 – A vitória por 89 a 56 sobre Senegal, por 33 pontos, foi a mais larga da Espanha em um jogo de mata-mata de Mundiais, EuroBasket ou Olimpíadas.

18 – O cestinha da Eslovênia contra a República Dominicana foi um Dragic. Mas Zoran dessa vez. O ala-armador não permitiu que um jogo abaixo do esperado de seu irmão derrubasse a equipe, marcando 18 pontos com 8/15 nos arremessos. Goran ficou com 12 pontos e 6 assistências – mas também cometeu seis desperdícios de posse de bola. Curioso que o astro do Phoenix Suns tenha se atrapalhado contra uma equipe que não é muito conhecida por sua pressão defensiva. Duro agora é se preparar para um embate com os Estados Unidos.

11,1% – Os irmãos Gasol não deixaram Gorgui Dieng se despedir da Copa da melhor maneira. Uma das sensações do campeonato, o pivô senegalês terminou as oitavas de final com 6 pontos, 7 rebotes e 2 assistências, acertando apenas 1 de 9 chutes de quadra (aproveitamento de 11,1%). No geral, ele teve médias de 16 pontos, 10,7 rebotes, 2 assistências e 1,5 bloqueio.

4 x 5 – Para Ricky Rubio, que preencheu a tabela estatística hoje, com pelo menos cinco incidências em quatro categorias diferentes: 7 pontos, 5 rebotes, 6 assistências e 5 roubos de bola em apenas 20 minutos. O armador já não tem a mesma badalação dos tempos de adolescente, mas ainda é um jogador bastante singular quando em forma.

Andray Blatche: acabou a contagem
Vocês sabem, né? O pivô mais filipino da Copa liderou a primeira fase em total de arremessos de quadra. Foi bom enquanto durou. Agora ele já está de volta aos Estados Unidos. Destino: Miami. Para assinar com o Heat, ou simplesmente por que vive lá? A Internet não responde com clareza. Consta apenas que ele não será reaproveitado pelo Brooklyn Nets.

O que Giannis Antetokounmpo fez hoje?
Treinou com seus amigos gregos e estudou o comportamento dos alas da Sérvia. Simples assim.

Tuitando:

O técnico Vincent Collet vem sendo cobrando por muita gente neste torneio sobre os parcos minutos que o ala-armador Evan Fournier, agora do Orlando Magic, vem recebendo no torneio. Contra a Croácia, ele saiu do banco para anotar 13 pontos em apenas 16 minutos, sendo fundamental na reação francesa no segundo período. Mas o treinador não fica muito impressionado, não, depois de ver o jovem atleta arrriscar uma bola de fora precipitada contra marcação por zona. “Ele não conhece o jogo de basquete, pelo menos não o bastante”, disse. Ouch.

Fair play, a gente se vê por aqui. Depois de seus pivôs anularem Gorgui Dieng, o armador entra em contato com seu companheiro de Minnesota Timberwolves com algumas palavras de incentivo.

É com esse espírito que a torcida espanhola vai para as quartas de final.


Mas nem todo mundo é só sorrisos no basquete espanhol. Para vocês verem que não é só jornalista brasileiro quem chateia. ; )


O 6º dia da Copa do Mundo: Tudo conspira para Brasil x Argentina
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Giancarlo Giampietro

Vocês se lembram daquelas jornadas triplas da Copa do Mundo da FIFA, né? Um jogão atrás do outro, dominando sua agenda. Pois bem. Pegue esse agito todo e multiplique por quatro. O resultado é a Copa do Mundo da Fiba. É muito basquete num dia só: 12 partidas! Uma tabela de estatística vai atropelando a outra, os fatos vão se acumulando, e pode ficar difícil de dar conta de tudo. Vamos dar um passada, então, pela última rodada da 1ª fase, depois de uma semi-overdose. Para o básico, deixe de ser preguiçoso e acesse o site oficial da competição, né? Veja lá a classificação final dos grupos e os todos os resultados. Sobre a vitória brasileira sobre o Egito, clique aqui.

Sim, o universo basqueteiro conspirou para isso: que Brasil e Argentina se enfrentem pelo terceiro torneio intercontinental seguido num mata-mata, tal como ocorreu no último Mundial e nas Olimpíadas de 2012. É um longo retrospecto, que precisou da combinação de três resultados nesta quinta-feira: derrota de Senegal para Filipinas, vitória da Croácia contra Porto Rico e o derradeiro revés dos argentinos contra a Grécia. hermanos terminaram, assim, com o terceiro lugar do Grupo B, encarando o segundo do A. O Brasil, claro. Nenhum desses três jogos terminou com uma surpresa, mas não deixa de ser notável que os três desfechos necessários para levar ao clássico tenham ocorrido. Veja abaixo os demais confrontos (nesta sexta, dia de folga geral, vamos abordar cada embate):

Os mata-matas: Parte superior da tabela é sensivelmente mais fraca que a de baixo. EUA têm caminho teoricamente tranquilo até a final

Os mata-matas: parte superior da tabela é sensivelmente mais fraca que a de baixo. EUA têm caminho tranquilo até a final

O jogo do dia: Pode passar?
Falando sério, é muito difícil escolher.

Os Tall Blacks, com Isaac Fotu, eliminam a Finlândia e sua empolgada torcida na #Espanha2014

Os Tall Blacks, com Isaac Fotu, eliminam a Finlândia e sua empolgada torcida na #Espanha2014

Em termos de emoção – e justiça histórica : ) –, poderíamos escolher Filipinas 81  x 79 Senegal. A equipe asiática merecia uma vitóriazinha que fosse, depois de amedrontar Argentina, Croácia e Porto Rico. Ela saiu em sua despedida, na segunda prorrogação que disputaram em cinco partidas. Melhor: nos minutos finais do tempo extra, o pivô contratado naturalizado foi excluído com cinco faltas, e seus nanicos tiveram de se virar contra os africanos, que já estavam classificados, mas tentavam sair do quarto para o terceiro lugar do grupo e escapar da Espanha nas oitavas. Não deu certo. E esta acabou sendo a primeira pedra a cair para levar a este grande Brasil x Argentina.

Mas teve outros tantos momentos intensos e mais relevantes para a continuidade do evento: a Nova Zelândia suou, mas venceu a Finlândia num confronto direto que lhe rendeu a classificação para os mata-matas, em jogo decidido realmente nos últimos segundos. E o que mais? O Irã quase apronta uma para cima da França, sonhando discretamente com a quarta posição do Grupo A. Os campeões europeus venceram por cinco pontos apenas.

A (quase) surpresa: Angola 91 x 83 Austrália
O placar em si foi inesperado. Mas a forma como ele foi construído não chega a surpreender, embora ainda possa deixar indignado quem leve a sério de mais o espírito esportivo. A gente conta essa história com mais detalhe em outro post: a Austrália não vai admitir nunca, mas entregou um jogo para a Angola, manipulando a tabela do Grupo D: terminou com o terceiro lugar. O motivo? Se passar para as quartas de final, não terá os Estados Unidos pela frente. Goran Dragic ficou uma arara, uma vez que sua Eslovênia se deu mal nessa.

Um causo
De manhã, bem cedo, estourou o rumor: os jogadores croatas teriam se rebelado contra o técnico Jasmin Repesa e ameaçavam boicotar o jogo contra Porto Rico se ele não fosse afastado, passando o comando para um de seus assistentes: o ex-pivô Zan Tabak. Depois de uma chocante derrota para Senegal, lembremos, Repesa havia detonado sua equipe: disse que, se pudesse escolher, não teria nascido nos Bálcãs, para não ter de lidar com o tipo de mentalidade que permite uma zebra dessas acontecerem. Antes de a partida começar, Tabak foi o primeiro a se pronunciar a respeito, negando de modo veemente o suposto motim. “Em toda a minha vida no basquete, nunca vou entender essas pessoas que gostam de inventar esse tipo de coisa. Estou surpreso que alguém precise mentir desse jeito”. Mas a maior resposta, mesmo, veio da própria seleção croata em quadra: uma exibição primorosa do início ao fim para eliminar os porto-riquenhos por 103 a 82, com aproveitamento de 57,9% nos arremessos no geral, 45,8% de três. Com Repesa dirigindo o time normalmente e dando bronca: eram 24 pontos de vantagem no segundo tempo e ele esbravejava: “Quem acha que este jogo já acabou? Quem?” – mas, bem, eventualmente acabou , mesmo, e a Croácia asseguraria a segunda colocação do Grupo B.

Uma curiosidade foi a presença na plateia, em Sevilha, do trio Michael Carter-Williams, Nerlens Noel e Joel Embiid, jovens talentos do Philadelphia 76ers que foram ver de perto seu futuro companheiro: Dario Saric, sensação croata que não decepcionou, com 15 pontos, 4 rebotes, 3 assistências e 100% nos arremessos de quadra, em apenas 14 minutos de muita eficiência.

MCW, Noel e Embiid foram bater um papo com Saric em Sevilha

MCW, Noel e Embiid foram bater um papo com Saric em Sevilha

Alguns números
564 –
Luis Scola marcou 17 pontos em derrota para a Grécia e alcançou a terceira colocação na lista histórica de cestinhas da competição, com 564. Acima dele, só Oscar Schmidt (843) e o australiano Andrew Gaze (594). Nesta jornada, o mítico ala-pivô argentino deixou três lendas para trás, entre eles o ala Marcel, agora o quinto nessa relação, com 551 pontos.

Olho na Grécia de Printezis e Bourousis: time está com excelente química e uma linha de frente em forma, assessorada pelo cerebral Nick Calathes. Time não sente ausência de Vasilis Spanoulis e pinta como forte candidato ao pódio, guiado pelo técnico Fotis Katsikaris, nome em alta no mercado europeu

Olho na Grécia de Printezis e Bourousis: time está com excelente química e uma linha de frente em forma, assessorada pelo cerebral Nick Calathes. Time não sente ausência de Vasilis Spanoulis e pinta como forte candidato ao pódio, guiado pelo técnico Fotis Katsikaris, nome em alta no mercado europeu

100% – Três seleções venceram todos os seus compromissos na primeira fase: Estados Unidos, Espanha e Grécia. A melhor campanha foi dos norte-americanos, com 166 pontos de saldo, acima dos 126 dos espanhóis. Os gregos tiveram +63. O Brasil aparece em quarto na tabela geral, acima de Lituânia, Eslovênia e Argentina, vejam só, com saldo de +83. Graças a…

63 – Já destacamos durante o dia, mas não custa alardear novamente: nesta quinta, o Brasil deu sua maior lavada na história dos Mundiais ao vencer o Egito por 63 pontos de vantagem.

45 – Foi o índice de eficiência atingido pelo angolano Yanick Moreira, de 23 anos, contra uma Austrália não muito motivada. O pivô marcou 38 pontos e apanhou 15 rebotes, acertando 17 de 24 arremessos. Uma linha estatística que certamente ganhará destaque em seu currículo, na hora de sair do basquete universitário americano em busca de uma carreira profissional.

2 – A Eslovênia entrou em colapso em seu confronto direto com a Lituânia, de olho na primeira posição do Grupo D. A equipe de Dragic venceu o jogo praticamente de ponta a ponta, mas tomou a virada num quarto período desastroso, em que anotou apenas dois pontos, contra 12 do adversário, numa parcial bastante travada. A equipe caiu deste modo para o segundo lugar, sendo posicionada na chave dos Estados Unidos.

Andray Blatche: contagem de arremessos
86! – O pivô mais filipino da Copa do Mundo se despede do torneio – e, quiçá, do mundo Fiba –, com média de 17,2 arremessos por partida, num esforço comovente.  Scola tentou 75 arremessos na primeira fase e foi aquele que mais chegou perto do grandalhão. O argentino, afinal, não tem o apetite suficiente para competir com Blatche, que efetuou 4,4 disparos de três por confronto, a despeito do aproveitamento de 27,3%. Outra estatística que ele liderou foi a de rebotes: 13,8, acima dos 11,4 de Gorgui Dieng e Hamed Haddadi. Seria realmente o fim de uma era? Esperemos que não. Tomara que não.

O que o Giannis Antetokounmpo fez hoje?

Giannis tentou uma enterrada em rebote ofensivo, mas errou a mira. Seria highlight, na certa

Giannis tentou uma enterrada em rebote ofensivo, mas errou a mira. Seria highlight, na certa

Num jogo valendo a liderança da chave, o ala foi limitado novamente a 12 minutos, saindo zerado de quadra. Poxa. De qualquer forma, pegou seis rebotes e deu um toco em Facundo Campazzo sem nem precisar sair do chão. A linha estatística é fraca, mas você precisa vê-lo em ação para acreditar em seu potencial. O garoto de 19 anos ajuda a levar a bola, fecha espaço na defesa e corta linhas de passe com braços muito longos e agilidade e joga com muita energia. A inexperiência ainda custa alguns erros de fundamentos e a perda de posição . Em geral, porém, ele injeta vitalidade a um time muito bem equilibrado.

Tuitando:

Joel Embiid pode nem jogar na próxima temporada, mas já é disparado o favorito a MVP do Twitter na NBA 2014-15. Depois de flertar com a popstar Rihanna em público, mas virtualmente, o pivô camaronês agora corteja o ala-pivô croata, que foi escolhido pelo Philadelphia 76ers no mesmo Draft e fez bela partida contra Porto Rico. O prodígio, porém, só vai se apresentar ao time provavelmente em 2016, após cumprir dois anos de um robusto contrato com o Anadolu Efes, da Turquia.  

O armador finlandês poderia ter definido a vitória sobre a Turquia na terceira rodada. Teve novamente a chance de matar o jogo contra a Nova Zelândia nesta quinta. Passou em branco em ambas as oportunidades, acabando com a festa da torcida mais animada do Mundia. Vai para casa pouco deprimido o rapaz.

O armador soltou os cachorros para cima dos compatriotas durante a amalucada derrota para o Brasil na quarta-feira. Assistam.

Enquanto isso, na Croácia, o jovem Saric desce o porrete na apresentação da equipe, derrotada na véspera pelos gregos por 76 a 65.


O jornalista espanhol resume tudo isso. Viva os basqueteiros balcânicos!

Relembre o Mundial até aqui: 1º dia, , , e 5º.


O 1º dia da Copa do Mundo de basquete
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Giancarlo Giampietro

Vocês se lembram daquelas jornadas triplas da Copa do Mundo da FIFA, né? Um jogão atrás do outro, dominando sua agenda. Pois bem. Pegue esse agito todo e multiplique por quatro. O resultado é a Copa do Mundo da Fiba. É muito basquete num dia só: 12 partidas! Uma tabela de estatística vai atropelando a outra, os fatos vão se acumulando, e pode ficar difícil de dar conta de tudo. Vamos dar um passada, então, sobre a rodada. Para o básico, deixe de ser preguiçoso e acesse o site oficial da competição, né? Veja lá a situação dos grupos e os todos os resultados. Sobre a vitória brasileira sobre a França, clique aqui.

O jogo do dia: Croácia x Andray Blatches (vulgo Filipinas)
Quem diria, né? O jogo de abertura da Copa do Mundo também foi aquele mais dramático, definido apenas na prorrogação, com as Filipinas dando um senhor susto na Croácia. A equipe balcânica chegou a abrir vantagem de 15 pontos. Venceu o primeiro quarto por 23 a 9, mas permitiu a reação do oponente.  No quarto período, Jeff Chan teve a bola do jogo nas mãos, mas errou um arremesso de três, desequilibrado, no estouro do cronômetro. No minuto final da prorrogação, o classudo Bojan Bogdanovic matou quatro lances livres, chegando a 26 pontos, para afastar a zebra (81 a 78) e esfriar a galera filipina, que lotou a arena em Sevilha. É deste Grupo B que sairá o adversário brasileiro nas oitavas de final.

Jeff Chan, foi quase

Jeff Chan, foi quase

A surpresa
Selem Safar. Aos 27 anos, ala argentino fez sua estreia numa competição de alto nível – sim, a esculhambada Copa América de 2013 não conta – e arrepiou a defesa porto-riquenha ao anotar 18 pontos em 29 minutos. Um terço de seus pontos vieram de tiros de longa distância, com 4/8, número fundamental para abrir a quadra para Scola, Herrmann e Nocioni operarem (50 pontos para o trio + 30 rebotes!!!). O resultado foi uma sacolada inesperada dos hermanos neste clássico latino-americano: 98 a 75. Safar é daqueles arremessadores, digamos, temperamentais. Nas últimas três temporadas da liga argentina, teve, respectivamente, 38,7%, 32,5% e 37,6% de aproveitamento. Quando pega confiança, porém, vira um terror. Raulzinho e Rafael Hettsheimeir, que o enfrentaram no Sul-Americano, sabem. No quarto período, engatou uma sequência de disparos da zona morta que culminou em virada na semifinal.

Selem Safar deu as caras contra Porto Rico

Selem Safar deu as caras contra Porto Rico

A surra
Os Estados Unidos venceram a… Finlândia. Por 114 a 55. Agora espere um pouco, por favor. Vamos fazer umas contas.

(…)

(…)

É, dá mais que o dobro.

Foi a maior contagem de uma equipe na jornada de abertura, acima dos 98 da Argentina. Klay Thompson se esbaldou, com 18 pontos em 22 minutos. Pegava na bola e fazia cesta. Mas sua média fica bem abaixo do que Anthony Davis conseguiu. O monocelha marretou 17 pontos em 14 minutos. Baita apelão. Os 12 atletas norte-americanos pontuaram.

Pau Gasol sobrou contra o Irã

Pau Gasol sobrou contra o Irã

Alguns números
100% –
O pivô Jonas Valanciunas não errou nenhuma de suas oito tentativas de cesta em vitória da Lituânia contra o México por 87 a 74. O curioso é que, com o jogador do Toronto Raptors em quadra,  sua seleção perdeu por -2 pontos.

37,7% – Das equipes que conseguiram vencer neste sábado, o Brasil teve o pior aproveitamento nos arremessos: 37,7%, bastante atrapalhado pela envergadura dos defensores franceses e também por sua própria movimentação de bola deficiente. Mesmo os sacos de pancada Egito e Irã foram superiores neste quesito, com 39% e 38,1%, respectivamente.

34 + 33 – Pau Gasol iniciou de maneira dominante aquele que talvez seja seu último torneio pela Espanha. Contra a frágil equipe do Irã, em vitória por 90 a 60, ele marcou 33 pontos em 29 minutos, acertando 60% dos seus arremessos e 90% nos lances livres. Foi o cestinha da rodada e também o atleta com o maior índice de eficiência (34, contra os 26 do senegalês Gorgui Dieng em derrota por 87 a 64 para a Grécia).

26 – minutos em que Goran Dragic foi aproveitado pela Eslovênia em vitória sobre a Austrália por 90 a 80. O jogo não foi fácil. Então por que o astro do Phoenix Suns ficou 14 minutos no banco de reservas? É que a franquia do Arizona e a federação eslovena chegaram a um acordo: existe um limite de minutos para que o armador seja aproveitado – uma situação que vale monitorar daqui para a frente. Contra os aussies, ele também cometeu quatro faltas, o que também contribui. o Quando jogou, Dragão aproveitou ao máximo, somando 21 pontos, sete rebotes e quatro assistências.

18 – Foi o número de assistências que Pablo Prigioni e Facundo Campazzo somaram. Para contextualizar, apenas dois times no geral deram mais passes para cesta do que os dois armadores argentinos: EUA (20) e Grécia (19). Esta vitória argentina rendeu, viu?

10 – Foram os limitados minutos para Omer Asik na estreia turca. Que coisa. O veterano Keren Gonlum e o jovem Furkan Aldemir começaram como titulares. Mas quem mandou bem, mesmo, no garrafão foi o gigante Ogus Savas, do Fenerbahçe, que anotou 16 pontos em 12 minutos, acertando 5/8 nos arremessos e 6/7 nos lances livres.

Um causo
A Nova Zelândia abriu sua participação na Copa do Mundo da mesma maneira de sempre: fazendo o Haka em quadra. Acontece que a Turquia não deu nem tchum para eles. Foram para o banco bater um papo com o técnico Ergin Ataman. O gesto teria sido considerado ofensivo pelos Kiwis. “A Turquia sempre nos respeitou nas outras vezes que jogamos, mas hoje, não. Eles ofenderam algo que representa nosso país, nossa cultura, nossa tradição. É uma coisa para eles falarem. Nós temos muito orgulho de fazê-lo. É algo que nos une e que seguiremos fazendo no resto do torneio”, afirmou o pivô Frank Casey, de 36 anos, que é americano naturalizado neozelandês. Ataman respondeu: “Respeitamos muito a importância do Haka para a Nova Zelândia, mas queria manter concentrada nossa equipe, porque se tratava de um jogo importante. Se todas as equipes fizerem um ritual histórico de dois minutos anes dos jogos, não nos concentraremos”. A Turquia venceu por 76 a 73. Concentração é tudo.

Dois hippies neozelandeses buscam o rebote, depois do Haka

Dois hippies neozelandeses buscam o rebote, depois do Haka

Andray Blatche: contagem de arremessos
24! – O jogador mais filipino do torneio saiu de quadra todo orgulhoso com seu esforço: tentou 24 dos 79 arremessos do time asiático, que quaaaase derrotou a Croácia. Seu aproveitamento foi de 7/20 nos tiros de dois pontos e 3/4 de longa distância (28 pontos, com mais 12 rebotes). Mas não importa: se os alas Jeff Chan e Marc Pingris não tivessem ousado combinar para 18 arremessos entre eles e feito mais passes para Blatche, quem sabe não teriam vencido o jogo!? Absurdo.

Blatche precisa da bola. Deem uma bola para Blatche

Blatche precisa da bola. Deem uma bola para Blatche

Nueva Zelanda estuvo a punto de dar la sorpresa e imponerse a Turquía en su primer partido en el Mundial. Un choque que estuvo marcado por la tradicional ‘haka’ maorí que los otomanos tuvieron a bien ver desde el banquillo creando una fuerte controversia

“Turquía nos respeto siempre otras veces pero ellos decidieron no hacerlo con nuestra Haka esta ocasión. Ellos eligieron no respetar y ofendieron algo que representa a nuestro país nuestra cultura, nuestro equipo y nuestra tradición. Es cosa de ellos. Nosotros nos sentimos muy orgullosos de ello. Es algo que nos une y seguiremos haciéndolo el resto del torneo”, señaló a MARCA Frank Casey, jugador de Nueva Zelanda.

“Turquía nos respeto siempre otras veces pero ellos decidieron no hacerlo con nuestra Haka esta ocasión. Ellos eligieron no respetar y ofendieron algo que representa a nuestro país nuestra cultura, nuestro equipo y nuestra tradición. Es cosa de ellos. Nosotros nos sentimos muy orgullosos de ello. Es algo que nos une y seguiremos haciéndolo el resto del torneo”,

“Turquía nos respeto siempre otras veces pero ellos decidieron no hacerlo con nuestra Haka esta ocasión. Ellos eligieron no respetar y ofendieron algo que representa a nuestro país nuestra cultura, nuestro equipo y nuestra tradición. Es cosa de ellos. Nosotros nos sentimos muy orgullosos de ello. Es algo que nos une y seguiremos haciéndolo el resto del torneo”,

O que o Giannis Antetokounmpo fez hoje?
Foram 11 pontos em 19 minutos para o prodígio grego, com mais cinco rebotes e três roubos de bola contra o Senegal de Gorgui Dieng. Detalhe: sete pontos saíram na linha de lance livre, numa prova da mentalidade cada vez mais agressiva do ala do Milwaukee Bucks. Agora, se sete pontos saíram desta maneira, sobram apenas quatro para cestas de quadra. Dois deles saíram assim:

   

Tuitando:

Com cinco jogos em seis dias pela primeira fase, tem de se cuidar, mesmo. E será que tem algum jogo em que Varejão não saia estrupiado?

O analista do NBA.com geralmente se apega aos números. No mundo Fiba, solta um pouco seu humor com uma performance dominante de Pau Gasol – contra ala-pivôs iranianos.


Ex-dirigente do Phoenix Suns, hoje colunista do ESPN.com, Amin Elhassan relembra a dificuldade do time em acertar o nome do finlandês Petteri Koponen durante os treinos pré-Draft. Koponen, um armador vigoroso, acabou sendo escolhido pelo Portland Trail Blazers no Draft, antes de ser repassado para o Dallas Mavericks. Mas ele nunca jogou nos Estados Unidos. Hoje defende o Kimkhi, da Rússia.


Brasil e Espanha respiram aliviados em Mundial de desfalques
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Giancarlo Giampietro

Magnano está treinando todos aqueles com que esperava contar. Raridade

Magnano está treinando todos aqueles com que esperava contar. Raridade

O Brasil tem um time rodado, o elenco mais experiente de todos os 24 inscritos na Copa do Mundo de basquete. Com o mesmo grupo, trocando Caio Torres por Rafael Hettsheimeir, terminaram as Olimpíadas de Londres 2012 com o quinto lugar.

São dois pontos importantes para justificar qualquer otimismo que o Basqueteiro da Silva possa sentir em relação ao torneio que começa neste sábado.

Mas saiba que há mais um elemento importante a ser considerado: entre as seleções que afirmam publicamente que jogam por uma medalha neste Mundial, apenas o Brasil e a anfitriã Espanha vão levar para quadra o que no jargão da imprensa esportiva se chama de “força máxima”.

Rubén Magnano, que tanto chiou no ano passado ao final de uma vexatória Copa América, tem agora ao seu dispor a lista que julga ideal. Justamente num campeonato em que seus principais concorrentes estão seriamente avariados.

Se é para falar em desfalque, a lista começa obrigatoriamente com os Estados Unidos da América. O Coach K teve de montar sua lista final sem LeBron James, Kevin Durant, Carmelo Anthony, Russell Westbrook, Paul George… (respirem fundo, que ainda tem mais)… Kevin Love, Blake Griffin e LaMarcus Alridge. Isso para não falar de Michael Jordan, Wilt Chamberlain, Mugsy Bogues, John Isner e os Harlem Globe Trotters. Ainda assim, são candidatos ao ouro, claro – mas sem amedrontar tanto os donos da casa.

A França, campeã europeia, não vai contar com os pontos, assistências e, principalmente, liderança de Tony Parker, seu Macho Alfa. Se já não fosse duro o bastante, ainda perderam seus dois melhores pivôs: Joakim Noah e Alexis Ajinça, duas baixas seriíssimas para sua defesa, além do fogoso e criativo ala-armador Nando De Colo. Resulta que a dupla Boris Diaw e Nicolas Batum vai ter de mostrar do que é feita. Acostumados a vida toda a escoltar Parker – e outras estrelas como Roy, Lillard, Nash, LaMarcus, Duncan, Stoudemire etc. em suas carreiras –, os dois agora têm de canalizar todo o seu talento como referências primárias. Era para os Bleus estarem no topo da pirâmide dos favoritos, mas eles acabam rebaixados ao segundo escalão.

Mesmo nível em que aparece a Lituânia não tinha o estourado ala-pivô Linas Kleiza, cestinha que, quando em forma, pode ajudar qualquer time do mundo. Mas ainda poderia conviver com isso, já que há pivôs de sobra por lá. O problema sério foi ter perdido, de última hora, seu armador Mantas Kalnietis, que deslocou o ombro no último teste da seleção. O cara não é cerebral, não está nem entre os 20 melhores do mundo em sua posição, mas calha de ser o único do país com tarimba para liderar um time desses, a despeito de seus arroubos de loucura aqui e ali. Basicamente: era o jogador que os lituanos não podiam perder.

Šarūnas Vasiliauskas tem as cartas lituanas em mãos: foi o único armador que sobrou no elenco

Šarūnas Vasiliauskas tem as cartas lituanas em mãos: foi o único armador que sobrou no elenco

Na Argentina, a lamentação fica por conta da ausência de Manu Ginóbili, primeiro, e de Carlos Delfino, em segundo. Manu tentou de tudo para se alistar, mas o Spurs disse não, preocupado com a recuperação de uma fratura por estresse na perna. Delfino nem jogou a temporada depois de passar por uma cirurgia no pé direito. Os dois eram basicamente as únicas opções seguras de pontuação no perímetro para Julio Llamas, que agora se vê com um elenco desbalanceado – Scola, Nocioni e Herrmann jogam basicamente na mesma posição hoje em dia.

Já está bom?

Nada, tem muito mais.

Lorbek poideria dar uma baita ajuda para Goran The Dragon não fosse o joelho estourado

Lorbek poideria dar uma baita ajuda para Goran The Dragon não fosse o joelho estourado

A Eslovênia poderia ter um baita time, mas, por motivos diversos, seja de disputas de ego ou lesões, vai com uma equipe remendada para o Mundial. Enquanto Goran Dragic estiver inteiro, eles terão chances. Mas o fato é que sua cotação nas casas de apostas seria mais elevada se o pivô Erazem Lorbek (que não fez uma boa temporada pelo Barcelona, mas ainda é um craque) tivesse pedido dispensa e se Dragic, Beno Udrih e Sasha Vujacic levantassem a bandeira de paz. Boki Nachbar ainda poderia ajudar, caso não tivesse se despedido da seleção.

Por falar em despedidas e seleções balcânicas, bem que o veterano e ainda produtivo Zoran Planinic poderia dar uma forcinha para sua Croácia. Ainda na região, a Sérvia não vai poder contar com o jovem armador Nemanja Nedovic, lesionado, e com o ala Vladimir Micov, que brigou com o técnico. São coadjuvantes, mas estariam entre os 12 num cenário perfeito.

Se a Grécia ttivesse Vassilis Spanoulis entre seus convocados, também teria subido alguns postos na lista de candidatos ao pódio, mesmo que Dimitris Diamantidis siga aposentado de competições Fiba. Kostas Koufos e Sofoklis Schortsanitis também deixariam o garrafão helênico muito mais pesado, com o perdão do trocadilho. A arquirrival Turquia não é confiável, mas se tornaria mais forte com Ersan Ilyasova formando uma bela linha de frente com Preldzic e Asik. Hedo Turkoglu? Nem levaria, mas fica o registro.

Mesmo meu candidato preferido a azarão do Mundial, Porto Rico, tem seus problemas. Há quem julgue que o gigante PJ Ramos não faça falta – é certamente o caso do técnico Paco Olmos, que se recusou a chamá-lo –, mas não há como relevar a baixa do ala John Holland. Americano de ascendência porto-riquenha, ele não tem muito cartaz neste mundão Fiba, mas se tornou um personagem fundamental para o time devido a sua capacidade atlética, apetite pelos rebotes e defesa. “Grande coisa”, poderia responder o técnico Orlando Antígua, da República Dominicana. “Nós perdemos o Al Horford. O Al Horford, meu craque!!!”

Al Horford poderia fazer toda a diferença para os dominicanos

Al Horford poderia fazer toda a diferença para os dominicanos

Do outro lado do planeta, a Austrália ficou sem seus dois principais jogadores: o armador Patty Mills, o explosivo reserva do San Antonio Spurs e também o cestinha das últimas Olimpíadas, operado, e o pivô Andrew Bogut, do Golden State Warriors, que já não tem mais saúde para praticar basquete nas férias.

Se você somar todos os nomes em negrito, vai ver que são mais de 20 jogadores fundamentais fora de combate, além de todas as ausências norte-americanas. Isso tira um pouco do brilho do torneio, mas abre caminho para quem chega inteiro. Mesmo assim, ninguém vai ser insano de dizer ficou “moleza” para Huertas, Splitter, Nenê & Cia. Mas que as chances aumentaram e estão aí, não há dúvida.


A (outra) esquadra americana no Mundial
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Giancarlo Giampietro

Blatche, versão Smart Gilas

Blatche, versão Smart Gilas

No dia 26 de maio, ao final de uma sessão do Senado na capital Manila, o senador filipino Juan Edgardo “Sonny” Angara estava exultante. O projeto de Lei nº 2108 havia sido aprovado de modo unânime, e a seleção nacional de basquete estava muito perto de garantir os serviços de Andray Blatche na Copa do Mundo deste ano. Bastava apenas uma aprovação final do gabinete presidencial. O famoso carimbo.

“Blatche é possivelmente o melhor pivô da NBA que podemos conseguir, que esteja disposto a evitar algumas ofertas mais lucrativas agora e no futuro apenas para integrar nossa equipe”, disse Angara, chefe da comissão de Jogos, Esportes e Lazer do Congresso filipino. “Ter jogadores naturalizados é a regra nas competições internacionais em vez da exceção. É algo bastante aceito. Apenas vamos tirar vantagem dessa regra”, completou.

Pragmaticamente, o digníssimo senador Angara está correto. É a esse o ponto que a Fiba permitiu o jogo de seleções chegasse. Os torneios de seleção viraram, também, uma extensão do balcão de negócios do mercado da bola. Até ganhar um passaporte, Blatche nunca havia pisado por lá, embora jure que tenha sangue filipino.

A regra atual da federação permite que cada seleção conte com um jogador estrangeiro em seu plantel, sem exigência de vínculo algum desse atleta com o país adotivo. Não precisa ter morado por lá, não precisa ter um tio avô do cunhado, nem nada dessas besteiras. A justificativa: aumentar o poder de competitividade. E algo mais.

“O processo de naturalização é permitido pela Fiba para dar a outros países a chance de se igualar em termos de altura e talento. Não há nada errado com isso”, afirma o agente Danny Espiritu nesta matéria aqui, que advoga pela naturalização – haja propaganda. Mas veja bem: se equiparar não só em talento, como em… Altura! Não precisa nem fazer piada a respeito. Para constar: Blatche tem algo em torno de 2,10 m de altura (a gente nunca sabe a medida exata, então ficamos nessa generalização).

Daí que Filipinas, equipe que não joga o Mundial desde 1978, saiu de modo agressivo em busca de um reforço. JaVale McGee chegou a se candidatar publicamente a esta vaga, mas sua temporada avariada por lesões no joelho o tirou do páreo. Então, optaram (ou aceitaram uma oferta?), por Blatche, que fez uma bela campanha pelo Brooklyn Nets.

Marcus Douthit deu para o gasto e agora é substituído por Blatche

Marcus Douthit deu para o gasto e agora é substituído por Blatche

Ele ficou fora dos Jogos Asiáticos, uma vez que a autoridade olímpica do vasto continente exige que, para um atletas naturalizados ser inscrito, ele precisaria ter passado um mínimo de três anos seguidos eu seu novo país. Não que fosse um grande problema, pois o time já contava com outro pivô gringo, Marcus Douthit, que já foi escolhido pelo Lakers na década passada e teve, por exemplo, um double-double de 10 pontos e 22 rebotes em confronto com a China.

Superado o empecilho regional – ainda que no torneio FIBA local, o impacto de gringos também seja descarado –, durante a fase de treinos e amistosos, o pivô filipino norte-americano assumiu o controle de uns 90% dos ataques da equipe. Virou cada Blatche por si, e um Blatche contra todos, basicamente. O cara tem movimentos de costas para a cesta, agilidade para bater os grandalhões no ataque frontal e bom chute de média distância, além de ser bom passador. Fosse um pouco mais dedicado ao condicionamento físico e aos treinos em geral – em Washington, é persona non grata –, teria recursos de sobra para ser um protagonista na NBA. No Mundial, porém, já faz o necessário para brilhar.

Em sua estreia contra a França, em derrota por 75 a 68, ainda fora de sintonia, ele tentou 17 arremessos e 2 lances livres em 26 minutos, acertando cinco. Somou 12 pontos e 7 rebotes. Contra a Austrália, derrota por 97 a 75, no dia seguinte, foram 17 arremessos (sete de três pontos!) e 3 lances livres em 28 minutos, com rendimento superior: 20 pontos e 10 rebotes.

(Para constar: no terceiro dia do quadrangular, foi poupado contra a Ucrânia, e seu time tomou uma sacolada de 114 a 64. Sabe quando será a próxima vez que a Ucrânia vai superar a marca de 100 pontos? Quando colarem aqui na Vila Guarani e enfrentarem o time do bairro. Só assim: no restante dos amistosos, o máximo que conseguiram foram os 73 pontos contra o México. Contra Lituânia e Eslovênia, não chegaram nem a 65 pontos.)

Depois, voltou a jogar contra Angola, em mais uma derrota pro 83 a 74, a despeito de seus 33 pontos e 17 rebotes. Há amistosos contra Egito, País Basco e tudo o mais, mas já deu para sacar, né? Se houvesse uma competição de Fantasy no Mundial, dá para dizer que o passe de Blatche estaria bem cotado.

Não é a primeira vez que os Gilas apelam para jogadores naturalizados. Douthit está aí como prova. Nos anos 80, eles contaram com alguns norte-americanos em seu time, incluindo um nome surpreendente: Chip Engelland, hoje um dos assistentes técnicos mais cobiçados da NBA, devido ao seu trabalho com o San Antonio Spurs. Foi ele que reinventou a mecânica de lance livre de Splitter.

Eles não são os únicos, claro. Um dos maiores ídolos do basquete grego é natural de Union City, Nova Jersey. Estamos falando de Nick/Nikos Galis, já nomeado para o Hall da Fama da Fiba em sua primeira classe, apontado também como um dos 50 melhores da história e da Euroliga. O cestinha se formou por Seton Hall, foi selecionado no Draft de 1979 pelo Boston Celtics, mas foi pelo Aris BC, ao lado de Panagiotis Giannakis, que entraria para o panteão. Ele é dos poucos que realmente merece o apelido de “mito”, ainda mais na Grécia.

Mais recentemente, tivemos um armador americano liderando, oras, a Rússia. JR Holden conseguiu algo que, nos anos 80, pareceria menos provável do que Arvydas Sabonis recusar um copo de cerveja. JR Holden teve seu passaporte providenciado diretamente por Vladimir Putin e ajudou o país a ganhar o Eurobasket de 2007, com David Blatt de técnico.

Importar armadores, aliás, virou uma prática realmente de se abrir os olhos na Europa. No Eurobasket 2013, sete países diferentes, incluindo Croácia e Itália, tiveram de usar essa cartada extra.

Por aí vamos. Em 2008, Chris Kaman resolveu ativar sua cidadania alemã, por conta de seus avós paternos. Nem seu pai, já nascido nos Estados Unidos, aprovou a ideia. “Mas eu não me importo”, disse o pivô, agora do Blazers. “Faço o que quiser, não tenho de agradar a ninguém. Ainda sou um americano. Ainda jogo na NBA. Ainda sou de Michigan. Apenas escolhi seguir minha ascendência de um pouco mais atrás e ver se eles me permitiram jogar pela Alemanha.”

Chris Kaman, neto de alemão com muito orgulho e muito amor, jogou as Olimpíadas de 2008

Chris Kaman, neto de alemão com muito orgulho e muito amor

Simples assim. Num país como os Estados Unidos, de imigração incessante, a fonte se torna praticamente inexaurível. Se a Alemanha já conseguiu que um neto se prontificasse a ajudar Dirk Nowitzki, imagine a facilidade que Porto Rico (território americano, aliás), República Dominicana e outros países caribenhos têm para procurar reforços.

Foi assim com Renaldo Balkman. O ala-pivô jamais poderia sonhar em defender os Estados Unidos. Então sorriu e topou na hora quando a federação “rival” foi procurá-lo. Melhor: sua mãe (cujo ramo familiar era porto-riquenho), diferentemente do caso de Kaman, aprovou tudo. “Ela sempre me disse que eu deveria visitar aqui, e eu finalmente vim. E veja no que deu. Agora estou na seleção. Na primeira vez que vim, achei as coisas diferentes. Agora é por nosso país, pelo nosso orgulho.”

O ala-pivô defende Porto Rico desde 2010 e se tornou uma peça-chave de uma equipe que promete dar um trabalho danado nesta Copa do Mundo. Entre dominicanos, o escolta nova-iorquino James Feldeine foi recrutado mais recentemente, iniciando sua trajetória pela seleção no ano passado. Para o futuro, a aposta fica no jovem ala-pivô Karl Towns, ainda um adolescente, considerado um dos dez melhores recrutados da NCAA este ano, por Kentucky.

Por aí vamos, sem nos esquecermos do bauruense Larry Taylor. Claro que cada caso é um caso. O armador natural de Chicago já passou muitos Carnavais por aqui para contar história.

Começando por ele, então, aqui vão os americanos que defenderão outras nações, com os mais diferentes contextos. Comparando com os torneios de Europa e Ásia do ano passado, até que o povo maneirou:

Larry Taylor (Brasil)
O que para Shamell não aconteceu, para Larry foi até rápido: a naturalização e sua convocação intrínseca para defender o Brasil. Obviamente, Rubén Magnano adora o atleta: desde que foi liberado burocraticamente, o astro do Bauru, um tremendo boa praça, está no grupo de intocáveis do técnico.

Na Espanha, Larry vai ter papel integral na rotação, revezando com Huertas e com os alas, dependendo do adversário. Tal como fez com Goran Dragic em amistoso na semana passada, esperam que ele seja usado para atazanar os armadores oponentes com forte pressão em cima da bola, usando sua velocidade e tenacidade. É algo que consegue executar muito bem, mesmo.

O problema está do outro lado da quadra. Na hora de atacar, não está nada acostumado a jogar sem a bola, por vezes fincando os pés em um lado da quadra, isolado. Rende melhor quando parte no drible, um contra um – algo que na seleção vai acontecer bem menos do que em Bauru. Como arremessador de três pontos, somando Olimpíadas e a última Copa América, acertou apenas duas de 21 tentativas. Ai.

Eugene “Pooh” Jeter (Ucrânia)
A primeira referência que acompanha o armador de 30 anos é o fato de ele ser irmão da velocista Carmelita Jeter, uma das estrelas do atletismo dos Estados Unidos. É um bom dado para qualquer enquete, sem dúvida. Mas o americano já construiu uma respeitável carreira no exterior a ponto de ter reconhecimento próprio.

Vamos colocar desta maneira: se Jeter não tivesse comprado a ideia, os ucranianos jamais teriam se classificado para o Mundia. No Eurobasket passado, era um dos poucos atletas dessa seleção capazes de produzir a partir do drible. Num time que adora gastar a posse de bola, cabia ao baixinho muitas vezes desafiar os oponentes e o relógio para pontuar. Teve médias de 13,5 pontos e 4,1 assistências, com 47,6% nos arremessos de 2 pontos e 35,7% de três. Considerando toda a carga sobre seus ombros, é um desempenho sensacional.

Pooh jogou na China no ano passado e reclama de que nunca teve uma chance real para mostrar seus talentos na NBA, depois de passar apenas um ano como reserva do caótico Sacramento Kings de 2010-11. Ao menos, em seu currículo tem uma passagem pelo basquete ucraniano, tendo defendido o BC Kyiv em 2007-08.

– Oliver Lafayette (Croácia)
Depois de usar Dontaye Draper no Eurobasket, a Croácia agora decidiu investir em Lafayette para compor sua armação no Mundia. Sim, deus do basquete, até a Croácia enfrenta séria dificuldade para produzir um armador local que lhe deixe confortável em competições de ponta.

O convite aconteceu de úuuultima hora. Vejam só: em junho. Dito o sim, o passaporte saiu rapidamente. Assim que se faz. Aos 30 anos, então, o veterano, ainda muito rápido e forte, entra no mundo das seleções, ajudando Roko Ukic, em busca de qualquer entrosamento possível com os novos companheiros.

Lafayette, mais um pontuador do que um organizador, se formou na universidade de Houston em 2005 e vagou pela D-League até assinar com o Boston Celtics em 2010 para fazer precisamente um jogo pelo clube. E não é que foi bem? Anotou sete pontos, um recorde para um atleta nessas condições.

Dali para a frente, com a NBA inscrita em seu currículo, migrou para a Europa e rodou por grandes clubes como Partizan Belgrado, Zalgiris Kaunas e Valencia, na temporada passada – mas nunca por uma agremiação croata. Agora, vai se juntar ao Olympiakos, vindo de boa campanha na Espanha.

Nick Calathes (Grécia)
Com avô grego, Calathes foi um jogador de ponta na NCAA, como estrela de Florida, mas se concentrou em defender os helênicos desde cedo, tal como seu xará Galis. Ele se vestiu de azul e branco já no Eurobasket sub-20 de 2008. Um ano depois, faria sua estreia pela seleção.

Alto, forte, de excelente visão de jogo, o armador se beneficiou da dupla cidadania para assinar um acordo generoso com o Panathinaikos, ignorando, num primeiro momento, a NBA. Seu contrato foi assinado em maio de 2009, antes mesmo do Draft, valendo nada menos que 2,4 milhões de euros limpos por três anos. Sem contar o fato de que tinha residência e carro pagos pelo clube, mais a grana dos patrocínios. Uma bolada.

Quando questionado se a decisão de jogar pela seleção grega estava incluída neste mesmo pacote, Calathes foi enfático em negar, em 2011: “Não, não. Nada disso. É uma honra jogar pela Grécia, por minha ascendência, minha família. Espero poder jogar muito mais pela equipe”.

E aqui está Calathes, como um dos protagonistas da seleção grega – algo que seu irmão mais velho, Pat Calathes, uma vez cotado como um belo prospecto, não realizou. Já liberado depois de cumprir gancho de quatro meses por dar positivo em exame antidoping, vai para o Mundial e cheio de responsabilidades para guiar a seleção que sente a falta de Vassilis Spanoulis.

Renaldo Balkman e Alex Franklin (Porto Rico)
Já escrevi até que bastante sobre o ala-pivô no ano passado, antes da Copa América, e suas encrencas por aí. Para atualizar, vale a menção de que ele arrebentou no torneio continental, com médias de 18,7 pontos e 8,9 rebotes pelos vice-campeões. Com seu vigor físico e mais liberdade no ataque, pode fazer diferença, ainda que contra concorrência mais dura.

Já Franklin, natural da Pensilvânia, faz a sua segunda campanha pela seleção porto-riquenha, herdando a vaga que seria de John Holland. Um ala hiperatlético, Holland havia se tornado peça fundamental da equipe, mas virou desfalque este ano devido a uma lesão. Aprovado no Centrobasket, seu substituto tenta segurar o rojão no perímetro ao lado de Barea e Arroyo. Um ala de 26 anos, jogou pela universidade de Siena, pela qual foi uma estrela. Depois, virou profissional na Espanha e no México, até chegar aos Indios de Mayagüez.

James Feldeine e(República Dominicana)
Feldeine vem de uma vizinhança barra-pesada de Nova York, ao norte de Manhattan. “Washington Heights me fez virar o homem que sou hoje. Foi muito duro crescer em um lugar tão difícil. Havia muita violência por parte das gangues”, conta. Você já imagina todo o cenário, né? E que o basquete, como em diversos casos, serviu de refúgio para o garoto de mãe dominicana.

Dos playgrounds nova-iorquinos, o ala-armador foi para a modestíssima universidade de Quninnipiac, de Hamden. O sonho de NBA ficou longe, mas ele se tornou um jogador de ponta na Espanha, jogando a Liga ACB pelo Fuenlabrada, com médias de 15,9 e 13,9 pontos por jogo em duas temporadas. Nada mal. Agora, tem contrato com o Cantú, da Itália.

Explosivo em suas infiltrações, um bandejeiro de primeira, Feldeine estreou pela República Dominicana no ano passado, na Copa América, com 14 pontos por partida. Seu estilo casa bem com o de Francisco Garcia.

O país ainda poderia contar com Karl Towns, de 18 aninhos,  uma das maiores promessas do basquete universitário americano deste ano. Ao mesmo tempo que o recrutou para Kentucky, John Calipari também o pôs para jogar na seleção caribenha – uma opção surpreendente para um garoto tão badalado desde cedo. Do alto de seus 2,13 m, com envergadura e leveza impressionantes, o pivô ainda está nos primeiros passos de seu desenvolvimento como jogador, mas não jogará na Espanha, vetado por sua universidade.  Pena.

­- Erik Murphy (Finlândia)
Esse o torcedor do Bulls conhece. Pelo menos um pouco. O ala-pivô foi selecionado pela equipe no Draft passado, na onda do stretch 4 da NBA. Graduado pela universidade de Florida, subiu de cotação devido ao seu potencial no arremesso de três pontos. Frágil fisicamente, porém, foi pouco aproveitado por Tom Thibodeau em seu ano de novato. Rapidamente, viu como funcionam os negócios da liga rapidamente.

Para limpar espaço em sua folha salarial e evitar o pagamento de multas, a franquia de Chicago o dispensou antes mesmo de sua temporada de calouro se encerrar. O Utah Jazz aceitou seu contrato, mas nunca chegou a escalá-lo. Em julho deste ano, foi repassado para o Cleveland Cavaliers. Não se sabe se há realmente um interesse em aproveitá-lo ao lado de LeBron James.

Pensando nisso, a Copa do Mundo vem bem a calhar para o atleta de 23 anos – hora de mostrar serviço, com todos observando, afinal. Erik tem passaporte finlandês por parte da mãe, Päivi, que foi jogadora da seleção do país. Aqui, estamos falando, na verdade, de uma família só de basqueteiros: seu pai, Jay Murphy, fez carreira na Europa. O irmão caçula, Alex, começou na NCAA sob o comando do Coach K em Duke, mas pediu transferência para Florida.

“Os garotos vão para a Finlândia a cada verão. Meu irmão ainda está lá, meus sobrinhos. Falamos sobre como seria divertido ele jogar pela seleção. Mas o mais importante é algo que serve de inspiração, e eles estão orgulhosos disso”, conta a mãe em entrevista ao site do Bulls.

Curiosidade: quem também tentou entrar na festa foi o veteranaço Drew Gooden, do Washington Wizards – sua mãe também tem ascendência escandinava. A papelada não foi regularizada a tempo, porém. “Mesmo que não seja possível este ano, ainda vou para a Espanha apoiar o time e os jogadores e começar a construir uma relação para os próximos anos. De qualquer forma, vou conseguir minha dupla cidadania e vou me tornar um cidadão finlandês”, assegurou.

Reggie Moore (Angola)
É, até nossos irmãos entraram na onda. Formado na universidade de Oral Roberts em 2003, Moore jogou em Portugal, Israel e Espanha até migrar para Angola em 2009. Está lá desde então, defendendo hoje o Primeiro de Agosto. Em suma: como se fosse o Larry Taylor angolano.

Sua naturalização gerou um burburinho, mas, em maio de 2013, o presidente da federação do país, Paulo Madeira, simplesmente se defendeu dizendo que a seleção precisava de um pivô, e que Moore havia se oferecido. “O atleta manifestou publicamente interesse em representar a seleção, como fruto dos vínculos familiares que está a criar. E a nós interessa ter um jogador como ele”, disse o dirigente.

Reggie Moore, da Califórnia para Angola

Reggie Moore, da Califórnia para Angola

Moore correspondeu em sua estreia por Angola no Afrobasket do ano passado, com 10,1 pontos e 3,6 rebotes em média, sendo bastante regular na campanha do título. Baixo, com 1,98 m, e forte, com bom arremesso, gosta de atacar a cesta de frente.