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Arquivo : Turquia

Os Mercenários 4: a luta pelo EuroBasket
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Giancarlo Giampietro

Os Mercenários, The Expendables

Uma das séries mais cara-de-pau que você vai encontrar nos cinemas, “The Expendables” — ou “Os Mercenários”, por aqui — já tem seu quarto episódio anunciado e, talvez, em fase de produção, com um ator no mínimo curioso escalado para o papel de vilão: o ex-007 Pierce Brosnan, que definitivamente não tem moral na quebrada, como o esnobado Idris Elba. Não se sabe ainda muito qual será o enredo, mas você não precisa ser muito bidu para deduzir, né? O filme serve apenas para Sylvester Stalonne fazer mais um troco, enquanto enumera piadas com antigos e novos heróis dos filmes de ação, que tanto bombaram nas locadoras dos anos 80.

O VinteUm só vem aqui pedir uma coisa: não dê atenção aos rumores de que a nova trama de Sly possa envolver o EuroBasket a que estamos assistindo agora, mesmo, a despeito dos diversos jogadores de aluguel que as seleções nacionais estão empregando. Vale tudo em busca do título, da vaga olímpica e de uma eventual festa com multidão nas ruas no retorno para casa. Acredite, na Europa isso é possível até mesmo para o basquete. No caso de alguns atletas, porém, a gente só não sabe exatamente para qual casa ele estará voltando.

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O competição europeia está em outro nível, ainda mais quando comparada com a pobrinha Copa América. (Conselho: só não usem esses termos na hora de bater um papo com a turma da CBB, tá? Você vai ferir sentimentos). A França já penou para ganhar da Finlândia, na prorrogação, e quase viu a Polônia também forçar o tempo extra. A Lituânia nem sabe o que dizer depois de perder para a Bélgica neste domingo. Tem sido assim, gente, há um tempo já.

Renfroe nunca jogou na Bósnia. Mas é bósnio

Renfroe nunca jogou na Bósnia. Mas é bósnio

A coisa de não ter mais bobo foi levada ao extremo por lá. E o que acontece quando se vive um campeonato tão competitivo assim? Tal como acontece na NBA — a não ser que estejamos falando do Philadelphia 76ers, claro –, os times vão se desdobrar para tentar levar vantagem em algum detalhe, uma sacada que seja, tentando se distanciar de um largo grupo de concorrentes. É nesse contexto que entram os mercenários, aqueles jogadores contratados naturalizados, que já são a norma no mundo Fiba hoje, em vez da exceção.

Os norte-americanos estão por todos os lados. Tem hora que você pode até mesmo se confundir se não está vendo a própria Copa América, ainda mais quando a Finlândia pode por em seu quinteto titular os seguintes nomes: Erick Murphy, Jamar Wilson e Gerald Lee. Ainda assim, calma. Porque esses três atletas em específico até nos contam histórias que justificam sua presença no selecionado dos #Susijengi. Lee, na verdade, é finlandês. Murphy tem mãe finlandesa. Wilson já jogou por lá. Existem outros atletas que simplesmente acompanham movimentos migratórios que claramente independem do esporte. Há, porém, casos descarados, como o do armador Jerome Randle na Ucrânia, do ala Alex Renfroe na Bósnia-Herzegovina, em que o único vínculo existente é o passaporte expedido, ou comprado, como queiram.

Na Finlândia, tem festa antes mesmo da viagem

Na Finlândia, tem festa antes mesmo da viagem

A Fiba, do seu lado, é extremamente conivente com algumas situações que são vergonhosas e podem causar desequilíbrio e/ou bagunça em suas competições. Basta dar uma olhada na grande piada que é o texto de seus regulamentos a respeito. Chega a ser difícil de entender, já que cada regra aparentemente firme vem quase que obrigatoriamente acompanhada por um “mas” ou “com exceção de”.  Este parágrafo acaba dando o recado geral: “No entanto, em circunstâncias excepcionais, o Secretário Geral pode autorizar que determinado atleta jogue por uma seleção para a qual esteja inelegível se, de acordo com o artigo 3.23 e se essa decisão zela pelo desenvolvimento do basquete nesse país”. Traduzindo: pode tudo. E o mais engraçado é o complemento: “Uma taxa administrativa decida pelo Secretário Geral pode ser paga à Fiba”. A federação, claro, ainda arruma um meio de faturar uma grana. Tudo em prol do progresso da modalidade, claro.

No ritmo do bumba-meu-boi, seguem, então, os mercenários do EuroBasket, devidamente catalogados. De 24 seleções nacionais, apenas Eslovênia, Estônia, Islândia, Itália, Letônia, Lituânia, Rússia e Sérvia (sem contar os jogadores nascidos em territórios balcânicos fronteiriços…) não estão fazendo uso de reforços estrangeiros:

Anton Gavel, versão eslovaca

Anton Gavel, versão eslovaca

Alemanha: Anton Gavel, armador.
País de origem: Eslováquia
Categoria: homem de duas pátrias.
Jogou por outra seleção? Sim.
Vínculo: ele mora em território alemão desde 2000. Ganhou o passaporte em janeiro de 2013. Embora tenha defendido a seleção eslovaca em 2005, 2007, 2009, 2011 (sempre pela Segunda Divisão do EuroBasket) e até mesmo dois anos atrás, na qualificação para o torneio, pediu à Fiba para que pudesse mudar de nacionalidade em competições internacionais. “Já joguei por meu país nativo no passado, mas gostaria de jogar pela Alemanha, o país que virou minha segunda casa”, afirmou o atleta do Bayern de Munique. Em agosto, recebeu o sinal verde da federação.

Com a modalidade em franca expansão em seu território, é de se imaginar que a confederação germânica não vá apelar a esse tipo de expediente num futuro próximo, mesmo que Dirk Nowitzki esteja nas últimas. Chris Kaman já foi um desses reforços meio mambembes no passado, depois que descobriram que um de seus avós era alemão. Bom defensor, Gavel tem média de 25,5 minutos pela seleção alemã em duas partidas até o fechamento deste texto. Acertou apenas quatro de 12 arremessos de quadra e 1 de 8 de longa distância. A ironia é que, soubesse o técnico norte-americano Chris Flemming que teria tantos desfalques em sua linha de frente, talvez o país fosse procurar algum pivô para naturalizar.

Bélgica: Matt Lojeski, ala
País de origem: Estados Unidos.
Categoria: pagou pedágio.
Vínculo: antes de se transferir para o poderoso Olympiakos, Lojeski jogou no basquete belga por seis temporadas, período no qual obteve cidadania. Foi pelo Oostende que ele arrebentou:  Nesse período, levando em conta seu sobrenome, é de se deduzir que algum país do Leste europeu deu bobeira. conquistando duas copas e dois campeonatos belgas, sendo eleito MVP de ambas as competições em 2013.

Americano pouco badalado nos tempos de universitário, Lojeski se tornou um cestinha de primeira linha na Europa e é importantíssimo para a seleção belga. Na verdade, é seu melhor jogador, com média de 16,3 pontos, 4,0 rebotes e 3,3 assistências em três rodadas e aproveitamento de 59,4% nos arremessos de quadra, incluindo 50% dos três. No domingo, protagonizou um dos grandes momentos da competição até o momento, fazendo a cesta da incrível vitória sobre a Lituânia, que deixou o Grupo D bastante embolado.

E o que mais? A Bélgica ainda conta com três jogadores nascidos no Congo: o armador Jonathan Tabu, o ala Wen Mukubu e o pivô Kevin Tumba. Tabu foi revelado pelo Charleroi e Tumba, pelo Mons-Hainaut. Já Mukubu cresceu nos Estados Unidos, jogando high school e no basquete universitário. Aos 33 anos, já rodou o mundo e só em 2011 chegou à Bélgica.

Bósnia-Herzegovina: Alex Renfroe, armador
País de origem: Estados Unidos.
Categoria: mercenário.
Vínculo: hã… Nenhum, gente. Hoje atleta do Bayern de Munique, aos 29 anos, Renfroe construiu seu currículo aos poucos na Europa, à qual chegou em 2009, via Letônia. Passou por Croácia, Itália, Espanha, Alemanha, Rússia, voltou à Espanha e, na temporada passada, regressou à Alemanha, onde fez bela temporada pelo Alba Berlin. Nunca defendeu um clube de seu novo país e, ainda assim, recebeu o passaporte bósnio neste ano para poder jogar o EuroBasket, desbancando o compatriota Zach Wright, que havia disputado o torneio em 2013.

Num time sem Mirza Teletovic e Jusuf Nurkic, não havia muito o que fazer, mesmo. De todo modo, para justificar seu passaporte, Renfroe topou se matar por Dusko Ivkovic nos treinos. Titular na armação, tem médias de 9,3 pontos, 5,3 assistências e 5,0 rebotes, matando 71,4% dos arremessos de fora. É um armador que não estrela jogadas espalhafatosas, mas dá estabilidade ao ataque.

Croácia: Dontaye Draper, armador
País de origem: Estados Unidos.
Categoria: pagou pedágio.
Vínculo: Draper foi outro que viajou bastante antes de conhecer a Croácia de perto. Jogou pelo Cedevita Zagreb de 2010 a 2012 e durante esse período ganhou a cidadania. Pelo clube croata, fez sucesso e foi MVP da Eurocup 2011. Sua cotação subiu tanto que, de lá, saiu para o Real Madrid. Hoje ganha uma bolada pelo Lokomotiv Kuban, da Rússia. Jogou os últimos dois EuroBaskets.

Draper, um dos dois armadores americanos para a seleção croata

Draper, um dos dois armadores americanos para a seleção croata

Aqui, talvez a maior heresia. A seleção croata importando um armador dos Estados Unidos. E só piora: na verdade, Draper dessa vez foi chamado de última hora. Sua vaga seria ocupada por Oliver Lafayette, que se lesionou durante a fase de preparação e defendeu o país na última Copa do Mundo. Ao contrário do compatriota, Lafayette jamais jogou por um clube croata. O mais perto que chegou do país foi pelo Partizan Belgrado. Ai. Ainda assim, teve sua nacionalização bancada pelo comitê olímpico croata, com base em “interesses esportivos”. Então tá. Curiosamente, Draper teve média de apenas 13 minutos por partidas nas duas primeiras rodadas. Precisava?

Espanha: Nikola Mirotic, ala-pivô
País de origem: Montenegro.
Categoria: homem de duas pátrias.
Vínculo: olha, é difícil descrever em detalhes a novela espanhola da qual faz parte Mirotic, que se mudou para Madri, para jogar pela base do real em 2005, aos 14 anos. Somente em 2010, porém, que foi naturalizado. Quando os dirigentes já sabiam que estavam lidando com um craque, diga-se, sendo obrigado a renunciar a seu passaporte montenegrino. Naquele ano, foi destaque do EuroBasket Sub-20, levando a medalha de bronze. Voltaria a jogar pelo torneio em 2011, sendo dominante.  Desde, então, porém, chegou a bater boca publicamente com os dirigentes espanhóis, afirmou que voltaria a Montenegro e tudo o mais, enciumado pela preferência dada a Serge Ibaka em verões passados. Não deixa de ser vergonhoso que um país que se orgulhe tanto de sua produção de talentos desde as Olimpíadas de 1992 apele desta maneira.

Mirotic, MVP do EuroBasket sub-20 em 2011. Sem barba

Mirotic, MVP do EuroBasket sub-20 em 2011. Sem barba

Com Ibaka afastado por divergências esportivas, digamos, Mirotic enfim foi convocado para uma competição internacional. Está a serviço de uma grande seleção, porém, com minutos controlados numa rotação que inclui seu companheiro de Chicago, Pau Gasol, e seu ex-parceiro de Real, Felipe Reyes. Demora um pouco para ele se soltar, mas é de se esperar que um talento desse nível eventualmente vá causar grande impacto pela seleção espanhola. Para um futuro sem Gasols, deve se tornar a referência do time.

Finlândia: Erik Murphy, ala-pivô, e Jamar Wilson, armador
País de origem: Estados Unidos.
Categorias: descendente e pagou pedágio.
Vínculo: a história de Murphy, ex-jogador do Chicago Bulls e hoje no Beskitas, é simples: sua mãe, Päivi, é finlandesa. Por isso, no futuro, dependendo de seu conturbado desenvolvimento na NCAA, pode ser que o irmão caçula, Alex Murphy, também entre para essa alcateia. Erik já disputou no ano passado a Copa do Mundo. Natural do Bronx, Wilson se formou por Albany em 2007 e partiu para a Europa. Jogou na Bélgica de 2007 a 2010, quando migrou para a Finlândia. Ficou uma só temporada na liga escandinava, jogando pelo Honka Espoo Playboys. : ) Talvez traumatizado com o frio, arrumou as malas e se mandou para a Austrália, onde jogou até este ano. Agora, assinou com o Rouen, da França.

Murphy já virou O Cara. Como se escreve isso em finlandês?

Murphy já virou O Cara. Como se escreve isso em finlandês?

Depois de um ano de adaptação, Murphy já se tornou o cestinha finlandês, com 16,7 pontos, e também o principal reboteiro, com 9,0, em 32 minutos. Wilson joga exatamente a metade, mas ajuda Petteri Loponen na armação, com 9,7 pontos e 2,0 assistências.

Geórgia: Jacob Pullen, armador
País de origem: Estados Unidos.
Categoria: mercenário.
Vínculo: fora o passaporte, nenhum. Não fosse a lesão sofrida por Ricky Hickman pelo Fenerbahçe, talvez nem estivesse aqui, embora já tenha disputado a edição de 2013. Estrela de Kansas State de 2007 a 2011, Pullen foi bem examinado pelos scouts americanos, mas não teve propostas da NBA. Está vagando pela Europa há um tempo, então, tendo descolado inclusive um contrato do Barcelona. Ficou pouco tempo, porém, na Catalunha e, após o EuroBasket, vai defender o Cedevita Zagreb.

Pullen é um belo arremessador, mas não acertou quase nada nas duas primeiras partidas. Foram apenas duas cestas de quadra em 12 tentativas. Zaza Pachulia e a Geórgia obviamente esperam que ele renda mais para que tentem se recuperar no torneio e alcançar a fase de mata-matas.

Grécia: Nick Calathes, armador, e Kosta Koufos, pivô
País de origem: Estados Unidos.
Categoria: descendentes.
Vínculo: os bisavós de Calathes emigraram da Grécia para os Estados Unidos. Seu avô nasceu já nasceu em Nova York em 1926. Já um jogador de destaque pela Universidade da Flórida, o armador se aproveitou da facilidade de se obter a cidadania grega e se mandou para a Europa em 2007, assinando com um clube do porte do Panathinaikos. Com altos e baixos na NBA, sempre numa luta ferrenha por tempo de quadra, decidiu voltar ao clube para a próxima temporada, num contrato que vai lhe pagar, líquido, US$ 7 milhões. Presença constante na seleção helênica. Já Koufos tem pais gregos e talvez represente minha trívia predileta. Ele nasceu em Ohio e e fez o circuito básico de um prospecto americano. Nunca jogou por um clube europeu, tendo recusado uma proposta do Olympiakos de 5 milhões de euros por três anos. O pivô não defendia a seleção desde 2011, mas também participou de torneios de base pelo país.

A presença de Calathes e de Koufos faz da Grécia um dos elencos mais completos e vastos do EuroBasket. O excesso de jogadores ajuda que tenham minutos controlados. O armador ficou 41 minutos em quadra nas duas primeiras rodadas, enquanto Koufos jogou 37. O pivô, em especial, é um grande reforço, sendo um defensor muito mais atento e eficiente que Bourousis. Além disso, tem arremesso de média distância.

Holanda: Nicolas de Jong e Robin Smeulders, pivôs
Origem: França e Alemanha.
Categorias: descendentes e o mais puro samba do crioulo doido.
Vínculo: ah, a Europa, e suas múltiplas fronteiras e curtas distâncias. Temos aqui um time cheio de “estrangeiros”, mas que, na verdade, têm escalação mais coerente do que a da maioria dos atletas aqui listados. Vamos lá: Nicolas de Jong nasceu na França, com pai holandês, e fez carreira por lá. Já Smeulders tem mãe austríaca e pai holandês, mas nasceu em Muenster, na Alemanha. Por isso, tem tripla nacionalidade. Para complicar, passou a infância entre terras germânicas e holandesas, fez colegial no Havaí e se formou pela Universidade de Portland em 2010. Como profissional, jogou sempre na Alemanha e hoje defende o Oldenburg. Para completar, o ala Worthy de Jong e o armador Charlon Kloof vieram do Suriname, então nem contam, enquanto  Mohamed Kherrazi nasceu no Marrocos, mas emigrou cedo. E eu, inicialmente, achando que o armador Leon Williams era o gringo aqui. Apesar do nome, nasceu na Holanda, mesmo.

Smeulders tinha três países para escolher em sua carreira Fiba

Smeulders tinha três países para escolher em sua carreira Fiba

Numa equipe surpreendentemente competitiva, esses caras jogam todos. Kloof foi o cestinha nas duas primeiras rodadas, com 31 pontos em 28 arremessos. Um baita de um fominha, pelo jeito. De resto, os números e os minutos são bem divididos entre dez homens de rotação.

Israel: D’Or Fischer, pivô
Origem: Estados Unidos.
Categoria: pagou pedágio.
Vínculo: o pivô revelado pela tradicional Universidade de West Virginia em 2005 tem contrato assinado com o Hapoel Jerusalem para a próxima temporada. Mas esta não será sua primeira passagem pela liga israelense. Por dois anos, entre 2008 e 2010, ele jogou pelo Maccabi Tel Aviv. Seu passaporte, porém, só saiu no ano passado, garantindo participação no torneio de classificação para o EuroBasket.

Num país sem muita mão-de-obra qualificada, Fischer aparece como peça de apoio valiosa ao trio Casspi, Mekel e Eliyahu, especialmente num setor muito carente como o garrafão. Sua contribuição é na proteção de aro, jogando na cobertura de alas talentosos ofensivamente, mas que nunca tiveram a defesa como ponto forte. No ataque, depende da criação dos outros e costuma produzir com eficiência, mas sem muito volume. Não é algo que faça falta nessa seleção.

Macedônia: Richard Hendrix, pivô
Origem: Estados Unidos.
Categoria: mercenário.
Vínculo: ao sair do high school, o pivô natural do Alabama era considerado umas das principais apostas de sua geração. Embora tenha sido muito produtivo na universidade, viu sua cotação com os scouts profissionais se esvair aos poucos. Draftado em 2008, foi mandado para diretamente para a D-League. Em 2009, cruzou o Atlântico em busca de salários mais compatíveis com o seu talento. Mas, não: assim como o armador Bo McCalebb, que pediu folga este ano, nunca jogou por um clube da Macedônia.

Sem McCalebb e sem Pero Antic, o técnico Marijan Srbinovski optou pela nacionalização de um pivô. Hendrix pode fazer de tudo um pouco pela seleção, embora seja no rebote em que ele se destaca mais. De todo modo, seu rendimento no EuroBasket vem sendo bastante tímida, longe de justificar sua contratação.

Polônia: AJ Slaughter, ala
Origem: Estados Unidos.
Categoria: mercenário.
Vínculo: É… Mais um que, se pisou na Polônia antes de receber o passaporte, foi para jogar como visitante, já que defendeu clubes da Itália, da França e, por último, o Panathinaikos em uma carreira europeia que se iniciou em 2010. Agora vai jogar pelo Banvit, emergente turco. Ocupa a vaga que já foi do veterano David Logan.

Slaughter fez seu nome no mercado europeu como um cestinha atlético e agressivo, de primeiro passo explosivo rumo ao aro. Pelo Panathinaikos, porém, em sua estreia pela Euroleague, não teve das campanhas mais produtivas. Em uma seleção que já conta com cestinhas fogosos e jovens como Adam Waczynski e Mateusz Ponitka, parece ter sido um reforço um tanto redundante.

República Tcheca: Blake Schilb
Origem: Estados Unidos.
Categoria: pagou pedágio.
Vínculo: Schilb ao menos usou o basquete tcheco para se inserir no mercado europeu, quando deixou quando deixou a Universidade de Loyola (Illinois) para jogar pelo CEZ Nymburk, principal equipe do país. Foi bicampeão tanto da liga como da copa em 2008 e 2009. Saiu, então, para a França, onde jogou por seis anos. Acabou de assinar com o Galatasaray.

Schilb está na seleção tcheca para arremessar

Schilb está na seleção tcheca para arremessar

Schilb é uma das contratações que mais deu certo nesta primeira fase. Dá poder de fogo e aparece como uma terceira força muito bem-vinda à seleção que, hoje, conta com basicamente dois atletas na elite europeia: Jan Vesely e Tomas Satoransky. David Jelinek não vingou como o esperado e Jiri Welsch e Lubos Barton já estão bem próximos da aposentadoria.

Turquia: Bobby Dixon, armador
Origem: Estados Unidos.
Categoria: pagou pedágio.
Vínculo: Você pode chama-lo de Robert Lee Dixon, Bobby ou, agora, de Ali Muhammed, desde que retirou seu passaporte turco há questão de semanas. O baixinho e veterano de 32 anos já está na Europa desde 2006, tendo alternado basicamente passagens por França e Itália. Foi na Turquia, todavia, em que se encontrou como estrela, vestindo a camisa do Pınar Karşıyaka, mais uma equipe que vem fazendo sucesso por aquelas bandas, se classificando para a Euroliga. Vindo de ótimas campanhas, foi contratado pelo Fenerbahçe.

Dixon, mas também pode chamar de Muhammed

Dixon, mas também pode chamar de Muhammed

Entre todos esses reforços, é sem dúvida aquele que está causando maior impacto, assumindo as rédeas de uma seleção cheia de alas e pivôs talentosos e experimentados, mas que tinha armação no mínimo suspeita. Vem pecando nas finalizações, mas consegue acelerar o ataque de Ergin Ataman com bom controle de bola, colocando Ilyasova, o jovem Cedi Osman e o irregular Semih Erden para jogar.

Ucrânia: Jerome Randle, armador
Origem: Estados Unidos.
Categoria: mercenário.
Vínculo: depois de ser dispensado pelo Dallas Mavericks em 2011, Randle circulou por aí. A Turquia foi seu destino mais frequente, mas a Ucrânia não esteve entre suas escalas.  Em entrevista ao Deadspin, o baixinho deixa bem claro o que está em jogo para ele no EuroBasket: sem contrato, quer ganhar projeção internacional e um salário generoso na próxima temporada. Quem sabe na NBA, sua obsessão?

Sem Jeter, Alex Len, Gladyr, Mykhailiuk, Pecherov e Kravtsov, a seleção ucraniana não entrou em quadra com as melhores perspectivas. Com tantos desfalques, incluindo Eugene “Pooh” Jeter – que foi, inclusive, um dos responsáveis por sua contratação –, Randle sabe que vai ter minutos e espaço suficiente num grande palco para tentar impressionar os scouts. No ataque, a prioridade é toda de Randle, que vem liderando o time em pontos, arremessos, assistências – e turnovers. É o suficiente para impressionar alguém?

Por isso, topou jogar de graça por um país abalado pela guerra interna. “Não há dinheiro investido na seleção nacional este ano porque eles têm muito mais com o que se preocupar. As coisas que ouvi dos jogadores… É algo muito ruim. Quando falam a respeito, você percebe a tristeza. Então, para mim, levo isso como um desafio pessoal. Quero tentar animá-los de alguma forma”, afirmou. Ao menos isso, né?


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Giancarlo Giampietro

A França venceu as últimas duas contra a Espanha. Na Copa, doeu para Gasol

A França venceu as últimas duas contra a Espanha. Na Copa, doeu para Gasol

Existem pré-olímpicos e existe o EuroBasket.

Realizado a cada dois anos, o torneio europeu, para muitos de seus integrantes, vale talvez até mais que um Mundial, por questões de orgulho nacional e rivalidades regionais. É só ver a festa que a França fez na última edição, na Eslovênia, ao enfim derrotar a poderosa Espanha pela semifinal, num jogo daqueles mais dramáticos que se vai encontrar por aí. Para eles, foi a glória maior, ratificada, então, numa decisão bem mais tranquila contra a Lituânia.

Tem de comemorar, mesmo. Pois não é fácil chegar lá. Essa é disparada a competição continental mais dura no circuito Fiba, em que pese as loucuras que temos visto na Copa América. Ainda assim, ao avaliar o que tem acontecido nos últimos anos, é possível detectar algum padrão.

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A Espanha impressiona por sua consistência, graças a uma geração fenomenal liderada por Pau Gasol. Os ibéricos fizeram parte dos últimos quatro pódios. Ficaram entre os três primeiros em cinco de seis torneios desde 2001. Só em 2005 dançaram. Nomes importantes como Jorge Garbajosa, Carlos Jiménez, Raul López e Fran Vázquez já ficaram pelo meio do caminho. Juan Carlos Navarro e José Calderón estão no fim da linha também. Mas segue uma potência a ser temida.

Desempenho os amistosos

Desempenho os amistosos

Ainda assim, a França é a seleção do momento, o time a ser batido, com um elenco vasto, experiente, atlético, e tendo ainda a vantagem de ser a anfitriã dos mata-matas, para o qual deve passar como a primeira colocada do Grupo A. Confira aqui todas as chaves, com uma ressalva: respire fundo antes de espiar o que acontece no Grupo B.

Como disse em texto dedicado à Itália (que mais parece o Brasil), é o anúncio de uma carnificina. Pense em Walking Dead, Jogos Mortais, Game of Thrones, Kill Bill Vol 1. Um sorteio que põe Espanha, Sérvia, Itália, Turquia e Alemanha no mesmo grupo é qualquer coisa de sádico. (Só foi possível graças aos deslizes de italianos, turcos e alemães em tempos recentes – o ranking Fiba não reconhece que a Azzurra tenha hoje Gallinari & Cia, ou que a Alemanha conta com Dirk e Schröder dessa vez). Coitada da valente Islândia, que não tem nada a ver com essa história, enfrentando cinco times que chegam a Berlim com pretensões reais de vaga olímpica. E o que vai sair disso? Bem, um deles já será eliminado de cara. Outro vai passar em quarto e terá de se virar com a França logo de cara. Quem cair nas oitavas também não terá mais como vir ao Rio de Janeiro.

É assim: os dois finalistas asseguram classificação automática, enquanto as equipes que ficarem entre terceiro e sétimo ganham uma segunda chance no Pré-Olímpico mundial. Então você tem de dar um jeito de chegar às quartas, entre os oito primeiros. Mesmo os derrotados nessa fase ainda terão de encarar um torneio de consolação mais valioso que o habitual, tendo inclusive uma “final” pelo sétimo lugar.

Ignorando qualquer noção de prudência, devido ao desequilíbrio entre grupos, segue, então, meus palpites de vagas – tanto as para valer, como as alternativas:

Tony Parker quer o bicampeonato europeu. Tá na cara

Tony Parker quer o bicampeonato europeu. Tá na cara

1 – França
Os atuais campeões, e com um time que chega muito perto de sua força máxima, com o retorno de Tony Parker para fazer um trio estelar com Boris Diaw e Nicolas Batum, os dois que lideraram o time rumo ao Bronze na Copa do Mundo. Se há uma seleção que pode compensar ausências como as de um Joakim Noah e um Alexis Ajinça, é a francesa, contando com o emergente Rudy Gobert para afugentar os atacantes adversários do garrafão. Noah, a essa altura, já não parece uma peça com a qual se possa contar. Ajinça seria um reserva de luxo para Gobert.

É um elenco vasto, de capacidade atlética incrível e muita versatilidade, que pode ser medido por sua nota de corte: dois jogadores da NBA vão assistir de fora (Kevin Seraphin e Ian Mahinmi), assim como jogadores cobiçados no mercado europeu como o ala Edwin Jackson, ex-Barça, hoje no Unicaja, e o ala-pivô Adrien Moerman, do Banvit, e o armador Thomas Heurtel, tirado do Baskonia a peso de ouro pelo Anadolu Efes. Nem mesmo depois de Antoine Diot se lesionar na reta final de preparação, Heurtel conseguiu a vaga. O reserva de Tony Parker será o espichado Leo Westermann, cujos direitos pertencem ao Barcelona, que ainda não o aproveitou. Joga pelo Limoges, em casa.

Selo NBA: Tony Parker, Boris Diaw, Nicolas Batum, Rudy Gobert, Evan Fournier e Joffrey Lauvergne.
Desfalques: Joakim Noah, Alexis Ajinça, Antoine Diot e Fabien Causeur (que teria dificuldade para entrar no grupo final, de qualquer forma). 
Reforço estrangeiro? Para quê!? 

2 – Sérvia
Talento não falta aqui, obviamente. Nunca faltou. Ainda assim, nas últimas cinco edições, o país conseguiu apenas uma medalha: a prata em 2009, levando uma surra da Espanha na final. O problema é a inconstância de seus jogadores, que muitas vezes se permitem levar por intrigas extraquadra e uma ciumeira que só. O vice-campeonato na última Copa do Mundo, porém, sinalizou uma geração mais unida, guiada com firmeza e carisma pelo ex-armador Aleksandar Djordjevic.

Se essa organização for mantida, a aposta é que a combinação da categoria e jogo cerebral de Milos Teodosic, o arrojo de Bogdan-Bogdan e Nikola Kalinic e o pacote completo de Bjelica possa fazer a diferença, ainda mais escoltados por pivôs muito físicos. Não é fácil trombar com Raduljica e Nikola Milutinov, o jovem recém-contratado pelo Olympiakos e draftado pelo Spurs. Não bastassem os pesadões, Djordjevic ainda tem um Zoran Erceg com grande confiança nos disparos de longa distância e Ognjen Kuzmic, ex-Warriors, já mais atlético.

Selo NBA: Nemanja Bjelica (bem-vindo!).
Desfalques: Nenad Krstic e Boban Marjanovic.
Reforço estrangeiro: coff! coff! Foi até engraçado que, antes do Final Four da Euroliga, Milos Teodosic e Bogdan Bogdanovic foram questionados sobre a possibilidade de o país, vice-campeão mundial, naturalizar algum norte-americano para brigar pelo ouro olímpico. Responderam que, se acontecesse, não jogariam mais pela seleção. 

3 – Espanha

A dupla do Bulls - e da Espanha

A dupla do Bulls – e da Espanha

O palpite mais conservador colocaria os espanhóis entre os dois primeiros, fato. Estivesse Marc Gasol no páreo, seria difícil seguir outro rumo. Mas o pivô quis férias, para descansar a cabeça e cuidar tranquilamente da renovação com o Memphis. Desta forma, aumenta a carga sobre Pau Gasol. O já legendário pivô fez grande temporada pelo Chicago Bulls, mas vai correr um risco ao encarar a pressão do EuroBasket sendo tanto a principal referência ofensiva da seleção como sua maior esperança para se ter uma defesa consistente. Faz como? Serge Ibaka faz falta nesse sentido, mas as desavenças do passado afastaram o congolês. Suas habilidades, em tese, seriam mais relevantes que as de Nikola Mirotic nessa equipe em específico.

No papel, ainda estamos falando de um timaço. Os torcedores do Bauru vão ficar ligadaços no núcleo madridista de Sergio Rodríguez, Sergio Llull, Rudy Fernández e Felipe Reyes. Estão entrosados e revigorados pelo título da Euroliga. Mas, mesmo dentro da Espanha, a sensação é de que a transição da geração Gasol para a próxima ainda se pauta pela incerteza, a despeito do retorno de Sergio Scariolo. São muitas peças valiosas, mas que talvez não se encaixem perfeitamente.

Selo NBA: Pau Gasol, Nikola Mirotic. 
Desfalques: Marc Gasol, Juan Carlos Navarro, José Calderón, Ricky Rubio e Alejandro Abrines. 
Reforço estrangeiro? Nikola Mirotic, que assumiu a vaga de Serge Ibaka.

4 – Lituânia
Em termos de continuidade, o trabalho de Jonas Kazlauskas está à frente do que os gregos têm para oferecer, e isso pode fazer a diferença. Caras como Jankunas, Javtokas, Kalnietis, Maciulis e Seibutis estão na estrada há um tempo e sabem o que precisa ser feito. É curioso até: em termos de grife ou badalação, ninguém dá muita bola para eles. Mas estão sempre chegando. Mesmo que não tenham a armação mais segura ou elucidativa.

Se a troca de guarda ainda está demorando para acontecer, a boa notícia para esse país devoto ao basquete é que seu principal jogador hoje é justamente um dos mais jovens: Jonas Valanciunas. Pela seleção, o companheiro de Caboclo e Bebê é uma figura muito mais influente e difícil de ser barrada. Em termos de sangue novo, também vale ficar de olho em Domantas Sabonis, que tem sangue real, vem numa curva de desenvolvimento acelerada desde que se inscreveu na universidade de Gonzaga e foi o último a se estranhar com Matthew Dellavedova:

Selo NBA: Jonas Valanciunas.
Desfalques: Donas Motiejunas. (Se alguém estiver se perguntando sobre Linas Kleiza, é que o veterano foi muito mal na última temporada pelo Olimpia Milano e, depois de inúmeras lesões no joelho, não é sombra daquele jogador que já aterrorizou o mundo Fiba).
Reforço estrangeiro? Ainda não cometeram esse sacrilégio — embora as primeiras seleções lituanas da história fossem compostas quase na íntegra por norte-americanos descendentes. 

5 – Grécia
Assim como Parker retorna à França, a seleção helênica acolhe calorosamente Vassilis Spanoulis entre os 12 do EuroBasket. Em torno do craque grego também geram as mesmas questões, no entanto: qual a sua forma física? Ele terá estabilidade e pique para poder ficar em quadra nos momentos decisivos (que não o amedrontam de modo algum)? Se a resposta for positiva, a Grécia ganha um trunfo enorme para tentar retornar ao pódio pela primeira vez desde 2009.

O conjunto de Calathes, Zisis, Sloukas e Mantzaris ao menos está lá para preservar o camisa 7. Em termos de quantidade, ninguém tem uma relação de armadores que se equipare a essa, aliás. O desafio do técnico Fotis Katsikaris, que vai dirigir Augusto e Benite no Murcia, será distribuir minutos entre tantos atletas de ponta. Ou afagar aquele que eventualmente fique fora da rotação. Embora o garotão Giannis Antetokounmpo seja um Vine ambulante, este não é o time mais atlético. A expectativa aqui é de que os fundamentos, a experiência e o espírito vencedor de muitos de seus jogadores compensem isso. Para chegar à disputa por medalhas, porém, terão de derrubar muito provavelmente ou a Espanha ou a Sérvia nas quartas. Ai.

Selo NBA: Giannis Antetokounmpo, Kosta Koufos, Kostas Papanikolau (por ora).
Desfalques: Dimitris Diamantidis (ele já se aposentou da seleção, mas está em forma, caminhando para a última temporada como profissional). Sofoklis Schortsanitis não foi convocado e, creio, não deve mais jogar pela equipe. 
Reforço estrangeiro? Bem… Nick Calathes e Kosta Koufus nasceram, respectivamente, na Flórida e em Ohio. Os sobrenomes entregam a ascendência, de todo modo. 

6 – Croácia
Sim, sim… Talvez eles estejam numa posição muito baixa. Podem muito bem ser os campeões. Mas a mera possibilidade de pensar essa fornada croata como a sexta força continental só mostra o quão difícil pode ser um EuroBasket. O que sabemos é que os caras chegam muito otimistas à competição, por conta de dois fatores mais relevantes que o fato de terem vencido todos os seus amistosos preparatórios.

Saric e Hezonja, só o começo

Saric e Hezonja, só o começo

O primeiro é o progresso dos garotos, rodeados por jogadores muito rodados. Dario Saric e Mario Hezonja têm mais três ciclos olímpicos pela frente e já estão prontos para render em alto nível, sem precisar assumir obrigatoriamente o protagonismo. A prioridade em quadra ainda merece ficar com dois veteranos que estão no auge e encantam pela perfeição de seus movimentos, sem distinção entre eles: o gigante Ante Tomic, que não deve jogar na NBA, mesmo, e o classudo Bojan Bogdanovic, que se soltou um pouco ao final de sua primeira temporada pelo Brooklyn Nets e que, no mundo Fiba, é um cestinha letal. O segundo fator que os empolga é a presença de Velimir Perasovic no banco. O croata de 50 anos vem de grandes campanhas pelo Valencia e chega à seleção com estofo e moral para comandar um elenco ardiloso.

Selo NBA: Bojan Bogdanovic, Mario Hezonja e Damjan Rudez. 
Desfalque: Oliver Lafayette.
Reforço estrangeiro? Na falta de um armador norte-americano, apela-se a outro: Dontaye Draper. A Croácia cometeu a heresia que a Sérvia até o momento evita.

7 – Itália
Simone Pianigiani tem ao seu dispor a seleção que talvez tenha o maior poderio ofensivo, ao menos em termos de arremesso. Gallinari, Bargnani, Gentile, Datome, Belinelli… É artilharia pesada, que pode torturar qualquer defesa. Ainda assim, isso não é garantia de nada. Até porque são belos atacantes, mas que, do outro lado da quadra, não inspiram tanta confiança assim. Além do mais, já estamos cansados de ver seleções com muitos nomes naufragarem devido à tormenta de egos. Vamos ver se eles terão coesão e consciência para encarar um grande desafio, precisando render em alto nível logo de cara, nesse grupo dificílimo.

Selo NBA: Danilo Gallinari, Andrea Bargnani, Marco Belinelli. 
Desfalques: Luca Vitali. 
Reforço estrangeiro? Daniel Hackett nasceu na Itália, filho de ex-jogador norte-americano, e se formou como jogador na Califórnia. Mas é italiano e joga por clubes do país desde 2009. Não conta. 

Batendo à porta
Pode parecer um tremendo desrespeito a Dirk Nowitzki… Mas, aos 37 anos, o legendário cestinha precisaria fazer um de seus melhores torneios para levar a Alemanha adiante, mesmo estando acompanhado pelo sensacional Dennis Schröder e por mais uma opção ofensiva de elevada qualidade como Tibor Pleiss. Acontece que o excelente treinador Chris Flemming, americano que fez carreira no basquete alemão e agora será assistente no Denver, perdeu muitos jogadores em seu elenco de apoio, especialmente na linha de frente. Entre Maik Zirbes, Maximilian Kleber, Elias Harris e Tim Ohlbrecht, teria opções de sobra (e muito vigor físico) para dosar os minutos de Dirk.

A saideira de Nowitzki?

A saideira de Nowitzki?

É ainda mais difícil deixar a Turquia fora do grupo acima. Mas algum país terá de ser a vítima no Grupo B. É a minha escolha. Na Copa do Mundo, a seleção chegou às quartas de final. Jogando em Berlim, ao menos vai ter a vantagem de praticamente jogar em casa. É certo que o ginásio vai bombar devida à imensa colônia que está na capital alemã. Ainda assim, Omer Asik faz muita falta na proteção defensiva, com todo o respeito a Semih Erden e Oguz Savas. Olho, de todo modo, nos jovens Cedi Osman e Furkan Korkmaz. Para Tóquio 2020, devem ser dois atletas temidos em cenário internacional.

Sem chances?
A Eslovênia está sem Goran Dragic, o que equivale a 80% de sua força criativa. O país parece encarar o torneio como a chance de dar bagagem à garotada, listando  cinco atletas nascidos na década de 90. Zoran Dragic terá a oportunidade de tirar a ferrugem, de tanta piscina e praia que tenha pegado em Phoenix e Miami. Jaka Blazic, do Estrela Vermelha, é um atleta que sempre dá gosto de ver. Canhoto agressivo, inventivo rumo à cesta que me passa a impressão de ainda ter potencial ainda a ser explorado.

A Bósnia-Herzegovina poderia apresentar uma linha de frente para lá de enjoada, caso contasse com Mirza Teletovic, e Jusuf Nurkic. Teletovic costuma ser uma figura constante em torneios europeus, mas pediu folga, para cuidar de sua preparação para a NBA, entrando num ano importante pelo Phoenix Suns em busca de um contrato longo e polpudo na próxima temporada. Para o promissor pivô do Nuggets, o motivo é a recuperação de lesão e cirurgia no joelho. O tresloucado Dusko Ivanovic, todavia, vai fazer com que o time se mate em quadra a cada rodada.

A Geórgia tem um elenco interessante: Zaza Pachulia, um bom reserva para ele em Giorgi Shermadini e dois matadores de bola em Jacob Pullen e Manuchar Markoishvili, além do energético Tornike Shengelia, orientados por Igor Kokoskov. É um time com bom potencial ofensivo e que, jogando num grupo mais fraco, deve ir aos mata-matas. Mas dificilmente passarão das oitavas.

Potencial de zebra
A Finlândia não deve ser a Finlândia da vez, se é que vocês me entendem. Entre os scouts europeus, a Bélgica é apontada como uma seleção que pode surpreender, com três jogadores de ponta no continente (o armador Sam van Rossom, o ala Matt Lojeski e o ala-pivô Alex Hervelle) e um grupo que dosa juventude e experiência ao redor deles.

Velhos conhecidos da NBA
Só para constar, vai: a Polônia terá Marcin Gortat, Israel vai de Omri Casspi e Gal Mekel, a República Tcheca aposta muito em Jan Vesely (Vine sempre atentos também, por favor!).

Mais caras que fazem falta
Alexey Shved, Timofey Mozgov e Sasha Kaun (Rússia), Eugene Jeter, Serhiy Gladyr, Alex Len e Sviatoslav Mykhailiuk (Ucrânia), Maciej Lampe (Polônia), Pero Antic (Macedônia), Kristaps Porzingis e Davis Bertans (Letônia).


Duelo com a Sérvia escancara buraco na base brasileira
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Giancarlo Giampietro

Raduljica, sete anos depois, volta a enfrentar Brasil no mata-mata

Raduljica, sete anos depois, volta a enfrentar Brasil no mata-mata

Quando a bola subir na quarta-feira, pelas quartas de final da Copa do Mundo, não será a primeira vez que o armador Stefan Markovic e o pivô Miroslav Raduljica vão enfrentar o Brasil num mata-mata de torneio Fiba. Sete anos atrás, ainda adolescentes, no Mundial Sub-19 eles levaram a melhor contra em uma semifinal que acabou em vitória tranquila dos balcânicos, 89 a 74.

Para quem clicou imediatamente no link acima, já deu para ver os dois ficaram, respectivamente, 26 e 23 minutos, em quadra, contribuindo com 12 pontos, 7 assistências e 6 rebotes. Números regulares. Mas vale o destaque, mesmo, estatístico daquele jogo é a quantidade de brasileiros presentes na seleção nacional que derrubou a Argentina no domingo passado: 0. Isso mesmo: ze-ro.

José Neto está na seleção principal em 2014. Dos garotos, poucos chegaram perto

José Neto está na seleção principal em 2014. Dos garotos, poucos chegaram perto

Quer dizer, se formos considerar o assistente técnico José Neto, temos ao menos um – ele era o treinador daquele time. Daquela geração era de 1988-89, dos quais foram pinçados os 12 representantes para aquela campanha (?) histórica, hoje todos eles com 25 e 26 anos,  nenhum jogador conseguiu se desenvolver a ponto de entrar na lista final de Rubén Magnano para competir por uma medalha na Espanha.

Quem chegou mais perto disso foi o ala-pivô Rafael Mineiro, que disputou o Campeonato Sul-Americano deste ano, como peça integral da rotação, com médias de 6,2 pontos e 4,8 rebotes. Da seleção B, Raulzinho e Rafael Hettsheimeir foram chamados para compor o grupo principal.

Embora não tenha conseguido dar o grande salto, o talentoso Mineiro é um caro caso de atleta que conseguiu alguma continuidade em sua carreira internacional desde o Mundial Sub-19. Desde, então, ao menos conseguiu jogar três Sul-Americanos, mais que o grande nome daquela categoria: Paulão Prestes. O pivô participou só de um Sul-Americano – ironicamente, em 2006, anterior ao torneio de base. Os problemas físicos de Paulão estão bem documentados, guiando uma trajetória de altos e baixos. Foi muito bem cotado na Espanha, acabou draftado pelo Minnesota Timberwolves (algo muito difícil e não pode se perder de perspectiva), mas se lesionou demais e teve problemas com a balança. Chegou a ser pré-convocado por Magnano em duas ocasiões e hoje é a grande aposta do Mogi, ao lado de Shamell.

De resto, temos o ala Betinho em São José, com média de 13,6 pontos, 2,0 assistências e 32,5% nos três pontos em sua carreira no NBB, o ala-pivô Rodrigo César no Uberlândia e o pivô Romário no Macaé. Outro que chega ao NBB agora é o armador Carlos Cobos, de dupla nacionalidade (Espanha e Brasil), criado na base do Unicaja Málaga ao lado de Paulão, e que também não conseguiu se firmar na Liga ACB. Ele acabou de acertar com o Franca de Lula Ferreira, que ao menos vai fazendo esse trabalho de prospeção, tentando recuperar alguns dos garotos espalhados por aí.

Contando: foram citados, então, seis atletas daquele time sub-19, 50%. O restante, para termos uma ideia, é até difícil de rastrear. Luiz Gomes, que hoje é um dos motores por trás do Mondo Basquete – um site bem bacana para você visitar –, fez esse trabalho hercúleo no ano passado, já constando uma geração verdadeiramente perdida.

Thomas Melazzo, fora do basquete

Thomas Melazzo, fora do basquete

Cauê Freias, autor da cesta da vitória contra a Austrália de Patty Mills nas quartas de final, e Bruno Ferreira, o Biro, estão no Caxias do Sul e devem disputar a Liga Ouro, Segunda Divisão do NBB. Houve quem tenha parado e largado o esporte: o ala Thomas Melazzo, que tinha um potencial absurdo, hoje é personal trainer, aparentemente vivendo em Salt Lake City, terra do Utah Jazz. Se alguém souber do paradeiro dos demais, por favor, caixa de comentários aberta abaixo.

Dia desses, no Twitter, o mesmo Luiz Gomes estava especulando a respeito, apontando algumas promessas  de então e hoje na elite. Muitos deles classificados para os mata-matas de uma Copa do Mundo, na elite. A Sérvia já escalou o ala-pivôs Marko Keselj e Milan Macvan na fase decisiva do Mundial de 2010, para se ter uma ideia. No time de hoje, tem Markovic e Raduljica e ainda conta com mais cinco jogadores que teriam idade para disputar aquele torneio, mas só ganhariam visibilidade mais tarde.

Já a França apresenta quatro nomes de seu time sub-19 que bateu o Brasil na disputa pelo bronze: o armador Antoine Diot, o ala Edwin Jackson, o pivô Kim Tillie e um certo Nicolas Batum. O pivô Alexis Ajinça certamente estaria na Copa do Mundo, não tivesse pedido dispensa. Até mesmo os Estados Unidos, com sua produção de talentos incomparável, tem um representante de 2007 aqui: Stephen Curry! Daquele elenco, destacam-se também nomes como DeAndre Jordan (Clippers), Patrick Beverley (Rockets) e Michael Beasley (Marte).

Entre os demais quadrifinalistas da Copa, para ser justo, é preciso dizer que a Espanha só tem um atleta daquela jornada: o ala Victor Claver. Lituânia e Turquia? Nenhum. A Eslovênia não havia se classificado.Mas também é preciso dizer uma coisa sobre os lituanos: sua atual seleção conta com cinco jogadores nascidos depois de 1988 (o ano-limite para inscrição naquele Mundial): Adas Juskevicius, Sarunas Vasiliauskas, Mindaugas Kuzminskas, Donatas Motiejunas e Jonas Valanciunas – os dois últimos simplesmente as maiores apostas dessa tradicional potência. Já os turcos têm três: o caçula Cedi Osman, de apenas 19, além de Furkan Aldemir (cujos direitos na NBA pertencem ao Sixers) e Baris Hersek.

Nessa categoria, de atletas de 26 anos ou mais jovens, também se enquadram os argentinos Facundo Campazzo, Nícolas Laprovíttola, Tayavek Gallizzi, Matías Bortolín e Marcos Delía. A Austrália contou com seis: Dante Exum (19), Brock Motum, Cameron Bairstow (23), Matthew Dellavedova, Ryan Broekhoff (24) e Chris Goulding (25, este convocado para aquele Mundial Sub-19). Já os Estados Unidos possuem apenas um jogador nascido antes de 88: Rudy Gay, e só.

No Brasil, com 22 anos, Raulzinho é a figura solitária. Rafael Luz acabou preterido no último corte, enquanto Augusto Lima dançou já no Sul-Americano. Uma decisão bastante sensata poupou Bruno Caboclo dessa. Já Lucas Bebê foi deixado na geladeira, depois da escapada do ano passado. Ao menos o filho do Raul vem sendo utilizado com regularidade por Rubén Magnano, contribuindo para valer hoje – e ao mesmo tempo ganhando uma experiência extremamente valiosa para o futuro. Agora, fora isso, a seleção que joga na Espanha, a mais velha do Mundial, é apenas para agora e agora.

Obviamente que a base do elenco de Magnano é fortíssima, não sobram vagas. Como acontece com a Espanha. Agora, na periferia do plantel, será que não dava para encaixar? Depois de uma vitória contra a Argentina, na iminência de um confronto com a Sérvia, pode ter gosto de chope aguado todas essas lembranças. Nesta semana, as preocupações dos envolvidos com o jogo ficam realmente direcionadas só para a quadra. Fora dela, porém, nos escritórios da CBB, o tema já deveria estar na mesa há tempos. Sem precisar que a figura até folclórica de Raduljica, nesta quarta-feira, servisse como recado.


O 5º dia da Copa do Mundo: Agora afunilou
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Giancarlo Giampietro

Vocês se lembram daquelas jornadas triplas da Copa do Mundo da FIFA, né? Um jogão atrás do outro, dominando sua agenda. Pois bem. Pegue esse agito todo e multiplique por quatro. O resultado é a Copa do Mundo da Fiba. É muito basquete num dia só: 12 partidas! Uma tabela de estatística vai atropelando a outra, os fatos vão se acumulando, e pode ficar difícil de dar conta de tudo. Vamos dar um passada, então, pela rodada. Para o básico, deixe de ser preguiçoso e acesse o site oficial da competição, né? Veja lá a situação dos grupos e os todos os resultados. Sobre a vitória brasileira sobre a Sérvia, clique aqui.

Luis Scola (22 pontos, 14 rebotes, 29 minutos) não se importunou com os atletas senegaleses. E agora?

Luis Scola (22 pontos, 14 rebotes, 29 minutos) não se importunou com os atletas senegaleses. E agora?

Quatro de cinco rodadas da fase de grupos já foram disputadas. Muitos sustos, poucas sacoladas, e sete vagas ainda abertas para que a chave do mata-mata seja preenchida. Foi um dia cheio de jogos, com todas as seleções novamente em quadra, resultando em 12 partidas, muitas delas simultâneas, para tornar qualquer resumo insuficiente. Fazemos aqui nosso melhor (humilde) esforço. Depois de ter chorado com os filipinos.

As contas
A essa altura do campeonato, todo mundo quer saber, mesmo, de quem vai enfrentar quem nas oitavas de final. Bom, conforme dito na croniqueta da vitória brasileira sobre a Sérvia, o time de Magnano assegurou a segunda posição do Grupo A, atrás da Espanha. O que quer dizer que vai enfrentar o terceiro do Grupo B. A partir daí, a segunda pergunta que – dá para sentir – muita gente está fazendo é: vai dar Argentina, ou não? Olha, pode acontecer, mas precisa de uma combinação tripla de resultados: que Luis Scola & Cial percam para a Grécia + vitória da Croácia sobre Porto Rico + vitória das Filipinas contra Senegal. Hoje, o adversário seria o time africano, mesmo. Os senegaleses assegurariam o terceiro lugar com uma vitória sobre os filipinos, ou se Porto Rico superar a Croácia.  Pode dar Croácia, se eles vencerem Porto Rico e… a) a Argentina vencer a Grécia e as Filipinas, Senegal ou b) a Grécia derrotar a Argentina e Senegal, as Filipinas. A Fiba mostra os cenários, mas o site Eurohoops vai além.

O jogo da rodada: Turquia 77 x 73 Finlândia
Com 15 segundos no relógio, o armador Petteri Koponen tinha dois lances livres para bater, com a chance de garantir mais uma vitória histórica – lideravam por 68 a 65, afinal. O líder do time escandinavo, porém, errou os dois arremessos. Tempo pedido. Na reposição de bola, a Finlândia decidiu pagar para ver o que os turcos podiam, sem fazer a falta e jogar um adversário para a linha de lance livre – talvez abalados pelas falhas de seu atleta. Aí que o ala Cenk Akyol, que já foi tido como uma grande promessa do basquete europeu, foi draftado pelo Atlanta Hawks e hoje é um medíocre ala do Galatasaray, acabou matando uma bomba de longa distância, aproveitando passe de Emir Preldzic, a quatro segundos do fim, forçando a prorrogação (Koponen ainda erraria uma bola de dois antes do estouro do cronômetro). No tempo extra, Preldzic passou de organizador a definidor, anotando cinco de seus 13 pontos, incluindo suas únicas duas cestas de quadra, para garantir a vitória. Ele ainda contribuiu com 8 rebotes e 5 assistências. Destaque também para os incríveis 22 pontos (com oito lances livres desperdiçados) de Omer Asik, que virou, de uma hora para a outra, uma força ofensiva no Mundial. O resultado ainda não garante a classificação turca, mas praticamente elimina os finlandeses: para eles avançarem ao mata-mata, precisam derrotar a Nova Zelândia (plausível) e torcer para que a Ucrânia vença… os EUA (atchim!).

Asik e Gonlum consolam Koponen. Coisa linda

Asik e Gönlum consolam Koponen. Coisa linda

A surpresa: Manimal!!!
Vamos lá: ninguém ganha esse apelido de bobeira. Ele é o Manimal simplesmente por fazer coisas que valham o nome. O pivô mexe com um jogo de diversas maneiras. Em sua linha estatística, deveriam constar também itens como: “bolas perdidas recuperadas sem ninguém perceber”, “atropelamentos sem falta”, “saltos”, “chicotadas com o cabelo”, entre outras. Isso tudo o torcedor do Denver Nuggets sabia. Agora, o alcance de sua influência era desconhecido até mesmo pelo público geral americano.  Após quatro jogos, ele aparece como o segundo cestinha do time, com média de 14,8 pontos por jogo e aproveitamento de 78,4% nas tentativas de cesta. Afe.. Por mais que tenha refinado seu arremesso, com os pés plantados ou em progressão, por mais energia que leve para a quadra, ninguém contava com isso. “Espere o inesperado”, ele mesmo resume, após liderar o ataque americano com 16 pontos em controlados 17 minutos, tendo errado três de seus 11 chutes. Credo.

Alguns números
1.000 – O confronto entre EUA e República Dominicana foi o milésimo na história dos Mundiais.

17 – Foram os reduzidos minutos de Goran Dragic contra a Angola nesta quarta, não importando que os africanos tenham feito um jogo parelho por mais de três quartos. Quando a parcial final começou, aliás, os eslovenos perdiam por um ponto (66 a 65). Ainda assim os eslovenos maneiraram no tempo de quadra de sua estrela, que marcou 14 pontos e cometeu 3 faltas. Nenhum jogador do time, na verdade, passou  da marca de 25 pontos (Dormen Lorbek, cestinha com 17 pontos).  Aí tem coisa? Não sei: não faria sentido entrega-entrega, uma vez que o líder do Grupo D escaparia de um duelo com Estados Unidos e Espanha nas semifinais.

14 – Contra a enchouriçada linha de frente de Senegal, Scola apanhou 14 rebotes, seu recorde nesta competição. Mesmo sem mal sair do chão, o pivô argentino é o quarto em média nesse fundamento, com 9,8 por jogo. Acima dele aparece justamente um adversário com quem lidou durante o dia: o pivô Gorgui Dieng (média de 10,8, a segunda), mas que não conseguiu se destacar contra os hermanos. Marcado por Nocioni no início, teve seu pior jogo, disparado: 11 pontos, 8 rebotes e 5 turnovers, com 4/11 nos arremessos. Dessa vez não deu para os supreendentes africanos, atropelados por 81 a 46.

2 – No duelo dos sacos de pancada do Grupo A, o Irã venceu o Egito por 88 a 73, com 23 pontos, 15 rebotes e 4 assistências de Hamed Haddadi. Foi apenas seu segundo triunfo em um Mundial, novamente contra uma seleção do norte africano. Em 2010, eles haviam batido a Tunísia, arquirrival egípcia, por 71 a 58.

O Irã de Haddadi ainda tem chances remotas no grupo do Brasil: precisam vencer a França e torcer para uma vitória da Sérvia contra a Espanha. Qual é a mais difícil de acontecer?

O Irã de Haddadi ainda tem chances remotas no grupo do Brasil: precisam vencer a França e torcer para uma vitória da Sérvia contra a Espanha. Qual é a mais difícil de acontecer? Se vencerem a França por mais de 8 pontos, não importaria se a Espanha derrotasse a Sérvia. Tenha fé!

0 – A Lituânia arrasou a Coreia do Sul: 79 a 49. E aí que você pode tentar matar a charada: “Dãr, chance zero de os sul-coreanos vencerem”. Sim, a resposta se sustenta. Mas o mais curioso e bizarro, mesmo, é que a vitória aconteceu sem nenhum lance livre convertido – ou batido!!! – pelos bálticos. Sim, todos os 79 pontos lituanos aconteceram em chutes com a bola em jogo (26 de dois pontos, 9 de três). Fair play dos coreanos, né? Donatas Motiejunas, pivô do Houston Rockets, foi o nome do jogo, com 18 pontos, 7 rebotes e 5 assistências em 29 minutos. Depois de sofrer com a forte marcação australiana na véspera, o armador Adas Juskevicius sorriu com 20 pontos em 21 minutos.

Andray Blatche: contagem de arremessos
67! – Em um jogo de matar ou morrer contra Porto Rico, Blatche ficou no meio do caminho. Não varou a casa dos 20 arremessos, mas ultrapassou os 10. Terminou com 16 – 10 de dois pontso e 6 de longa distância. Para quem viu a partida, porém, sabe que poderia ter sido mais. O pivô, na verdade, enxergou A Luz e passou a respeitar de verdade seus companheiros, fazendo a bola girar do jeito que dava (com um ou meia dúzia de turnovers no meio do caminho), em vez de encarar a marcação por vezes tripla dos porto-riquenhos. Ele terminou com duas assistências, mas buscou muito mais passes decisivos do que os estatísticos puderam computar. O basquete enobrece, uma coisa linda. Além do mais, ele ainda mantém uma distância confortável para a concorrência no quesito: Luis Scola é quem chega mais perto, com 57 tentativas de cesta.

O que o Giannis Antetokounmpo fez hoje?
Hoje foi dos dias em que o treinador grego não deu muita bola para o menino – com a vitória sobre a Croácia por 76 a 65, assegurou a primeira ou segunda posição do Grupo B, dependendo do confronto desta quinta com a Argentina. Giannis ficou em quadra por 12 minutos, como se fosse um quarto de NBA, anotando dois pontos na sua única investida próxima da cesta. Uma enterrada cortando por trás da defesa, que a Fiba gravou e exibe no vídeo abaixo. Coisa pouca para os padrões dele, né? Fora isso, o futuro craque do Bucks errou dois arremessos de três e pegou quatro rebotes. Amanhã, ele vai ter Andrés Nocioni pelo caminho. Cuidado!

Tuitando:

Nove das 16 vagas nas oitavas de final estão preenchidas.


A galera do Mondo Basquete tem publicado as estatísticas avançadas de cada jogo do Brasil no Mundial. Leia-se: os números que vão além dos números divulgados nas tabelas mais simples, medindo o impacto qualitativo – que nem sempre é reproduzido fielmente pelo quantitativo – do desempenho de cada jogador. Tiago Splitter foi destaque contra os sérvios.

 

Sem um miniclipe do Vine, não tem graça. Lá vai o companheiro de Bruno Caboclo e Lucas Bebê para a enterrada: DeRozan jogou 18 minutos contra os dominicanos e anotou 11 pontos (mas cometeu cinco desperdícios de bola).


O 2º dia da Copa do Mundo: coisas estranhas acontecem
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Giancarlo Giampietro

Vocês se lembram daquelas jornadas triplas da Copa do Mundo da FIFA, né? Um jogão atrás do outro, dominando sua agenda. Pois bem. Pegue esse agito todo e multiplique por quatro. O resultado é a Copa do Mundo da Fiba. É muito basquete num dia só: 12 partidas! Uma tabela de estatística vai atropelando a outra, os fatos vão se acumulando, e pode ficar difícil de dar conta de tudo. Vamos dar um passada, então, pela rodada. Para o básico, deixe de ser preguiçoso e acesse o site oficial da competição, né? Veja lá a situação dos grupos e os todos os resultados. Sobre a vitória brasileira sobre o Irã, clique aqui.

Neste domingo, o Mundial flertou um pouco mais com acontecimentos estranhos. Enquanto o Brasil treinava contra o Irã, Senegal derrotava Porto Rico, para conquistar sua primeira. Por 20 minutos, nossos irmãos angolanos davam uma canseira na Lituânia, até que arrefeceram no segundo tempo. E a Turquia… Bem, a Turquia nos deu o…

O jogo da rodada: EUA tomam um beliscão
Ao final do primeiro tempo, com os turcos vencendo por 35 a 30, ficava aquela sensação no ar: será que vai acontecer isso, mesmo? Será que o Team USA pode realmente perder logo na segunda rodada da Copa, para a Turquia, mesmo? A equipe de Ergin Ataman conseguiu amarrar o jogo nos 20 minutos iniciais, dominando os rebotes, desacelerando as ações em quadra e movimentando bastante a bola. Na defesa, salpicou uma zoninha aqui e ali, que confundia os impacientes norte-americanos.

Na volta do intervalo, porém, veio o atropelo: 63 a 37 para os rapazes de Coach K, que voltaram do vestiário babando de raiva. Pressionado, o treinador, aliás, manteve seu quinteto inicial por muito mais tempo – segurando no banco, por exemplo, um Derrick Rose pior que nulo.  Houve um lance no início do terceiro período em que três atletas ao mesmo tempo fizeram falta em Asik. Era ianque caindo de um lado para o outro no tablado, num esforço que derrubou o ataque adversário. Os desarmes e contestações resultaram em contragolpes e desafogo. James Harden também assumiu o controle do ataque, na sua melhor forma: quando joga de modo agressivo, mas seguro ao mesmo tempo (14 pontos + 7 assistências). É habilidoso demais no drible, e ninguém do outro lado estava preparado para brecá-lo. Kenneth Faried e Anthony Davis passaram a dominar o garrafão. Os dois ágeis pivôs terminaram com 41 pontos, enterrando tudo e qualquer coisa por cima dos grandalhões mais pesados da Turquia.  Com todos correndo de modo alucinado, saía uma atrás da outra:

A surpresa: Senegal vence

Maurice Ndour sobe para a bandeja: 8 pontos

Maurice Ndour sobe para a bandeja: 8 pontos

Bom, para vocês terem uma ideia do tamanho da surpresa neste recinto, tinha os porto-riquenhos como candidatos a azarões nesta Copa do Mundo. Sabe-tudo, né? A lição que fica: nunca aposte suas fichas  em Porto Rico. A segunda: nem leve muito a sério o que está sendo escrito aqui. Óbvio.

Depois de levarem marretada da Argentina na primeira rodada, José Juan Barea e Carlos Arroyo foram praticamente eliminados logo no segundo dia com uma derrota por 82 a 75. Não assisti. Seria meio difícil entender como uma seleção com dois armadores tão talentosos poderia perder para uma equipe que basicamente não tem armação. Mas aí já encontramos uma causa: os 11 minutos de jogo para Arroyo. O veterano, que fez uma temporada excepcional na Europa e estava, enfim, se entendo bem com Barea em quadra, sofreu uma grave torção de tornozelo, indo parar no hospital. Pode ser que nem jogue mais no torneio.

Além disso, os senegaleses oprimiram os caribenhos atleticamente. Ganharam a disputa nos rebotes (38 a 33), cobraram mais lances livres (27 a 17) e permitiram um acerto de apenas 43,8% nos arremessos de dois. Sem muito o que fazer perto da cesta, Porto Rico desandou a disparar de três, como culturalmente gostam: 29 chutes de fora, contra 42 no perímetro interno. Em sua estreia em competições Fiba, Gorgui Dieng segue impressionante: 18 pontos, 13 rebotes, 2 tocos e 2 assistências em 34 minutos.

Essa foi apenas a terceira vitória de Senegal nos Mundiais, a primeira contra um time de fora da Ásia e a primeira também numa partida que não seja pelo “torneio de consolação” – nos tempos em que se disputava o 15º lutar etc. Antes, o país havia batido a China por 89 a 79 em 1978 e superado a Coreia do Sul por 75 a 72 em 1998.

Deve ser legal!

Um causo
“Contra os argentinos beligerantes muito pior pior passou Dario Saric, que está bem conservado Nocionija (11 pontos), mas depois de uma de cotovelo de Argentina perdeu seis dentes, na verdade, implante, então ele procurou a mudança. Eventualmente Dario e tal de volta no jogo para estar nessa linha que selou essa grande vitória. Solução protética temporária para o problema Saric estarão disponíveis o mais tardar amanhã por um dentista local, mas sem ele é que ele será capaz de jogar.” Calma, ninguém saiu bebendo por estas bandas aqui na sede das Organizações 21, na Vila Bugrão paulistana. O parágrafo acima foi redigido pelo Sr. Tradutor Google, com base em relato do diário Vecernji , da Croácia. Se a gente juntar os fragmentos, dá para entender que o jovem Dario Saric teve a infelicidade de se deparar com o cotovelo de Andrés Nocioni num dos primeiros jogos do dia. Perdeu seis (SEIS!) dentes nesse… Acidente. Na verdade, os dentes perdidos já eram de um implante. Então, para ele, ficou elas por elas, de modo que voltou para a quadra e contribuiu na segunda vitória croata em duas rodadas: 90 a 85. Depois, foi ao dentista. Mas deve jogar nesta segunda, sem problema.

Dario Saric ao fundo, bem distante do cotovelo de Nocioni

Dario Saric ao fundo, bem distante do cotovelo de Nocioni

 (Outro causo
Pelo Grupo A, em duelo de rivais diretos pela vaga, a França se meteu em mais um jogo duro, a segunda pedreira em duas rodadas, mas saiu com a vitória sobre a Sérvia: 74 a 73. Um pontinho, convertido pelo pivô Joffrey Lauvergne em lance livre no último segundo. Até aí, normal. Não foi a primeira vez, nem a última em que um jogo de basquete é definido desta maneira. Acontece que, em papo com jornalistas sérvios– ele era jogador do Partizan Belgrado –, fez uma confissão: “Tenho de ser honesto com você, não sofri falta no final da partida”, segundo relato do popular tabloide Večernje Novosti. Será? O pivô Miroslav Raduljica já havia cantado a bola: “Perguntem ao Joffrey, ou para os árbitros. Não seria objetivo se tivesse de dizer algo”. Já o técnico sérvio Aleksandar Djordjevic mal se continha: “Estou irritado, e acho que com razão. Tudo o que foi duvidoso foi marcado contra nós”.)  

Alguns números
30 – A Argentina perdeu para a Croácia, mas não olhem para Luis Scola para tentar entender o que se passou. O pivô argentino marcou 30 pontos na derrota – a sexta vez que chegou a essa marca em um jogo de Mundial. Esse é para a história.  

26 – Na segunda rodada, Goran Dragic repetiu os 26 minutos da estreia. De novo: Phoenix Suns e Eslovênia chegaram a um acordo para limitar a utilização do genial armador. É algo que pode virar tendência para os próximos torneios, dependendo da sensibilidade e empenho na diplomacia de ambas as partes. Contra o México, o astro, que somou 18 pontos e 6 assistências, e nem precisou de mais, graças ao desempenho de seu irmão caçula…  

0 – Estávamos esperando por um grande jogo de Zoran Dragic nesta temporada de seleções, e ele finalmente saiu neste domingo. E foi um estrondo: o ala-armador marcou 22 pontos em 22 minutos num jogo tranquilo contra o México. Mas o destaque, mesmo, fica para sua linha de arremessos: 4/4 nos arremessos de dois pontos, 4/4 nos de três pontos e 2/2 nos lances livres. Sim, ele não perdeu nenhum arremesso na jornada.

Goran Dragic, em raro momento de aperto contra o México: 89 a 68

Goran Dragic, em raro momento de aperto contra o México: 89 a 68

 Andray Blatche: contagem de arremessos
42! – Depois de tentar 24 chutes na estreia contra a Croácia, o pivô mais filipino do Mundial maneirou em nova derrota, agora contra a Grécia: 18 chutes de quadra (6/15 de dois pontos e 0/3 de longa distância). Ele terminou com 21 pontos e 14 rebotes em 33 minutos, enquanto nenhum de seus companheiros tentou mais que sete chutes.  

O que Giannis Antetokounmpo fez hoje?
Não foi muito, não. Foram três pontos, todos em lances livres, em apenas 14 minutos. Em arremessos de quadra, foram 0/3 de longa distância, e só. Curva de aprendizado ainda pela frente para o adolescente grego.

No Twitter:

A Finlândia tomou um vareio contra os Estados Unidos na véspera, mas reagiu prontamente contra a Ucrânia. Para que acabar com a festa? Neste domingão, a farra foi a de sempre, como o armador Petteri Koponen nos mostra. Não importando o que acontecer daqui para a frente, os #Susijengi já levaram para casa o Troféu Joinha de Simpatia.

Miroslav Raduljica, um autêntico bisnagão sérvio,  judia do aro em Granada.


Libertem a fera, quer dizer, o Manimal! O jogador mais pilhado do Mundial – e olha que Anderson Varejão está em ótima forma…

O Team USA posou para a foto oficial no primeiro jogo de agasalho. Não pode. Tiveram de repetir hoje, com uma animação que só.


O 1º dia da Copa do Mundo de basquete
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Giancarlo Giampietro

Vocês se lembram daquelas jornadas triplas da Copa do Mundo da FIFA, né? Um jogão atrás do outro, dominando sua agenda. Pois bem. Pegue esse agito todo e multiplique por quatro. O resultado é a Copa do Mundo da Fiba. É muito basquete num dia só: 12 partidas! Uma tabela de estatística vai atropelando a outra, os fatos vão se acumulando, e pode ficar difícil de dar conta de tudo. Vamos dar um passada, então, sobre a rodada. Para o básico, deixe de ser preguiçoso e acesse o site oficial da competição, né? Veja lá a situação dos grupos e os todos os resultados. Sobre a vitória brasileira sobre a França, clique aqui.

O jogo do dia: Croácia x Andray Blatches (vulgo Filipinas)
Quem diria, né? O jogo de abertura da Copa do Mundo também foi aquele mais dramático, definido apenas na prorrogação, com as Filipinas dando um senhor susto na Croácia. A equipe balcânica chegou a abrir vantagem de 15 pontos. Venceu o primeiro quarto por 23 a 9, mas permitiu a reação do oponente.  No quarto período, Jeff Chan teve a bola do jogo nas mãos, mas errou um arremesso de três, desequilibrado, no estouro do cronômetro. No minuto final da prorrogação, o classudo Bojan Bogdanovic matou quatro lances livres, chegando a 26 pontos, para afastar a zebra (81 a 78) e esfriar a galera filipina, que lotou a arena em Sevilha. É deste Grupo B que sairá o adversário brasileiro nas oitavas de final.

Jeff Chan, foi quase

Jeff Chan, foi quase

A surpresa
Selem Safar. Aos 27 anos, ala argentino fez sua estreia numa competição de alto nível – sim, a esculhambada Copa América de 2013 não conta – e arrepiou a defesa porto-riquenha ao anotar 18 pontos em 29 minutos. Um terço de seus pontos vieram de tiros de longa distância, com 4/8, número fundamental para abrir a quadra para Scola, Herrmann e Nocioni operarem (50 pontos para o trio + 30 rebotes!!!). O resultado foi uma sacolada inesperada dos hermanos neste clássico latino-americano: 98 a 75. Safar é daqueles arremessadores, digamos, temperamentais. Nas últimas três temporadas da liga argentina, teve, respectivamente, 38,7%, 32,5% e 37,6% de aproveitamento. Quando pega confiança, porém, vira um terror. Raulzinho e Rafael Hettsheimeir, que o enfrentaram no Sul-Americano, sabem. No quarto período, engatou uma sequência de disparos da zona morta que culminou em virada na semifinal.

Selem Safar deu as caras contra Porto Rico

Selem Safar deu as caras contra Porto Rico

A surra
Os Estados Unidos venceram a… Finlândia. Por 114 a 55. Agora espere um pouco, por favor. Vamos fazer umas contas.

(…)

(…)

É, dá mais que o dobro.

Foi a maior contagem de uma equipe na jornada de abertura, acima dos 98 da Argentina. Klay Thompson se esbaldou, com 18 pontos em 22 minutos. Pegava na bola e fazia cesta. Mas sua média fica bem abaixo do que Anthony Davis conseguiu. O monocelha marretou 17 pontos em 14 minutos. Baita apelão. Os 12 atletas norte-americanos pontuaram.

Pau Gasol sobrou contra o Irã

Pau Gasol sobrou contra o Irã

Alguns números
100% –
O pivô Jonas Valanciunas não errou nenhuma de suas oito tentativas de cesta em vitória da Lituânia contra o México por 87 a 74. O curioso é que, com o jogador do Toronto Raptors em quadra,  sua seleção perdeu por -2 pontos.

37,7% – Das equipes que conseguiram vencer neste sábado, o Brasil teve o pior aproveitamento nos arremessos: 37,7%, bastante atrapalhado pela envergadura dos defensores franceses e também por sua própria movimentação de bola deficiente. Mesmo os sacos de pancada Egito e Irã foram superiores neste quesito, com 39% e 38,1%, respectivamente.

34 + 33 – Pau Gasol iniciou de maneira dominante aquele que talvez seja seu último torneio pela Espanha. Contra a frágil equipe do Irã, em vitória por 90 a 60, ele marcou 33 pontos em 29 minutos, acertando 60% dos seus arremessos e 90% nos lances livres. Foi o cestinha da rodada e também o atleta com o maior índice de eficiência (34, contra os 26 do senegalês Gorgui Dieng em derrota por 87 a 64 para a Grécia).

26 – minutos em que Goran Dragic foi aproveitado pela Eslovênia em vitória sobre a Austrália por 90 a 80. O jogo não foi fácil. Então por que o astro do Phoenix Suns ficou 14 minutos no banco de reservas? É que a franquia do Arizona e a federação eslovena chegaram a um acordo: existe um limite de minutos para que o armador seja aproveitado – uma situação que vale monitorar daqui para a frente. Contra os aussies, ele também cometeu quatro faltas, o que também contribui. o Quando jogou, Dragão aproveitou ao máximo, somando 21 pontos, sete rebotes e quatro assistências.

18 – Foi o número de assistências que Pablo Prigioni e Facundo Campazzo somaram. Para contextualizar, apenas dois times no geral deram mais passes para cesta do que os dois armadores argentinos: EUA (20) e Grécia (19). Esta vitória argentina rendeu, viu?

10 – Foram os limitados minutos para Omer Asik na estreia turca. Que coisa. O veterano Keren Gonlum e o jovem Furkan Aldemir começaram como titulares. Mas quem mandou bem, mesmo, no garrafão foi o gigante Ogus Savas, do Fenerbahçe, que anotou 16 pontos em 12 minutos, acertando 5/8 nos arremessos e 6/7 nos lances livres.

Um causo
A Nova Zelândia abriu sua participação na Copa do Mundo da mesma maneira de sempre: fazendo o Haka em quadra. Acontece que a Turquia não deu nem tchum para eles. Foram para o banco bater um papo com o técnico Ergin Ataman. O gesto teria sido considerado ofensivo pelos Kiwis. “A Turquia sempre nos respeitou nas outras vezes que jogamos, mas hoje, não. Eles ofenderam algo que representa nosso país, nossa cultura, nossa tradição. É uma coisa para eles falarem. Nós temos muito orgulho de fazê-lo. É algo que nos une e que seguiremos fazendo no resto do torneio”, afirmou o pivô Frank Casey, de 36 anos, que é americano naturalizado neozelandês. Ataman respondeu: “Respeitamos muito a importância do Haka para a Nova Zelândia, mas queria manter concentrada nossa equipe, porque se tratava de um jogo importante. Se todas as equipes fizerem um ritual histórico de dois minutos anes dos jogos, não nos concentraremos”. A Turquia venceu por 76 a 73. Concentração é tudo.

Dois hippies neozelandeses buscam o rebote, depois do Haka

Dois hippies neozelandeses buscam o rebote, depois do Haka

Andray Blatche: contagem de arremessos
24! – O jogador mais filipino do torneio saiu de quadra todo orgulhoso com seu esforço: tentou 24 dos 79 arremessos do time asiático, que quaaaase derrotou a Croácia. Seu aproveitamento foi de 7/20 nos tiros de dois pontos e 3/4 de longa distância (28 pontos, com mais 12 rebotes). Mas não importa: se os alas Jeff Chan e Marc Pingris não tivessem ousado combinar para 18 arremessos entre eles e feito mais passes para Blatche, quem sabe não teriam vencido o jogo!? Absurdo.

Blatche precisa da bola. Deem uma bola para Blatche

Blatche precisa da bola. Deem uma bola para Blatche

Nueva Zelanda estuvo a punto de dar la sorpresa e imponerse a Turquía en su primer partido en el Mundial. Un choque que estuvo marcado por la tradicional ‘haka’ maorí que los otomanos tuvieron a bien ver desde el banquillo creando una fuerte controversia

“Turquía nos respeto siempre otras veces pero ellos decidieron no hacerlo con nuestra Haka esta ocasión. Ellos eligieron no respetar y ofendieron algo que representa a nuestro país nuestra cultura, nuestro equipo y nuestra tradición. Es cosa de ellos. Nosotros nos sentimos muy orgullosos de ello. Es algo que nos une y seguiremos haciéndolo el resto del torneo”, señaló a MARCA Frank Casey, jugador de Nueva Zelanda.

“Turquía nos respeto siempre otras veces pero ellos decidieron no hacerlo con nuestra Haka esta ocasión. Ellos eligieron no respetar y ofendieron algo que representa a nuestro país nuestra cultura, nuestro equipo y nuestra tradición. Es cosa de ellos. Nosotros nos sentimos muy orgullosos de ello. Es algo que nos une y seguiremos haciéndolo el resto del torneo”,

“Turquía nos respeto siempre otras veces pero ellos decidieron no hacerlo con nuestra Haka esta ocasión. Ellos eligieron no respetar y ofendieron algo que representa a nuestro país nuestra cultura, nuestro equipo y nuestra tradición. Es cosa de ellos. Nosotros nos sentimos muy orgullosos de ello. Es algo que nos une y seguiremos haciéndolo el resto del torneo”,

O que o Giannis Antetokounmpo fez hoje?
Foram 11 pontos em 19 minutos para o prodígio grego, com mais cinco rebotes e três roubos de bola contra o Senegal de Gorgui Dieng. Detalhe: sete pontos saíram na linha de lance livre, numa prova da mentalidade cada vez mais agressiva do ala do Milwaukee Bucks. Agora, se sete pontos saíram desta maneira, sobram apenas quatro para cestas de quadra. Dois deles saíram assim:

   

Tuitando:

Com cinco jogos em seis dias pela primeira fase, tem de se cuidar, mesmo. E será que tem algum jogo em que Varejão não saia estrupiado?

O analista do NBA.com geralmente se apega aos números. No mundo Fiba, solta um pouco seu humor com uma performance dominante de Pau Gasol – contra ala-pivôs iranianos.


Ex-dirigente do Phoenix Suns, hoje colunista do ESPN.com, Amin Elhassan relembra a dificuldade do time em acertar o nome do finlandês Petteri Koponen durante os treinos pré-Draft. Koponen, um armador vigoroso, acabou sendo escolhido pelo Portland Trail Blazers no Draft, antes de ser repassado para o Dallas Mavericks. Mas ele nunca jogou nos Estados Unidos. Hoje defende o Kimkhi, da Rússia.


Brasil e Espanha respiram aliviados em Mundial de desfalques
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Giancarlo Giampietro

Magnano está treinando todos aqueles com que esperava contar. Raridade

Magnano está treinando todos aqueles com que esperava contar. Raridade

O Brasil tem um time rodado, o elenco mais experiente de todos os 24 inscritos na Copa do Mundo de basquete. Com o mesmo grupo, trocando Caio Torres por Rafael Hettsheimeir, terminaram as Olimpíadas de Londres 2012 com o quinto lugar.

São dois pontos importantes para justificar qualquer otimismo que o Basqueteiro da Silva possa sentir em relação ao torneio que começa neste sábado.

Mas saiba que há mais um elemento importante a ser considerado: entre as seleções que afirmam publicamente que jogam por uma medalha neste Mundial, apenas o Brasil e a anfitriã Espanha vão levar para quadra o que no jargão da imprensa esportiva se chama de “força máxima”.

Rubén Magnano, que tanto chiou no ano passado ao final de uma vexatória Copa América, tem agora ao seu dispor a lista que julga ideal. Justamente num campeonato em que seus principais concorrentes estão seriamente avariados.

Se é para falar em desfalque, a lista começa obrigatoriamente com os Estados Unidos da América. O Coach K teve de montar sua lista final sem LeBron James, Kevin Durant, Carmelo Anthony, Russell Westbrook, Paul George… (respirem fundo, que ainda tem mais)… Kevin Love, Blake Griffin e LaMarcus Alridge. Isso para não falar de Michael Jordan, Wilt Chamberlain, Mugsy Bogues, John Isner e os Harlem Globe Trotters. Ainda assim, são candidatos ao ouro, claro – mas sem amedrontar tanto os donos da casa.

A França, campeã europeia, não vai contar com os pontos, assistências e, principalmente, liderança de Tony Parker, seu Macho Alfa. Se já não fosse duro o bastante, ainda perderam seus dois melhores pivôs: Joakim Noah e Alexis Ajinça, duas baixas seriíssimas para sua defesa, além do fogoso e criativo ala-armador Nando De Colo. Resulta que a dupla Boris Diaw e Nicolas Batum vai ter de mostrar do que é feita. Acostumados a vida toda a escoltar Parker – e outras estrelas como Roy, Lillard, Nash, LaMarcus, Duncan, Stoudemire etc. em suas carreiras –, os dois agora têm de canalizar todo o seu talento como referências primárias. Era para os Bleus estarem no topo da pirâmide dos favoritos, mas eles acabam rebaixados ao segundo escalão.

Mesmo nível em que aparece a Lituânia não tinha o estourado ala-pivô Linas Kleiza, cestinha que, quando em forma, pode ajudar qualquer time do mundo. Mas ainda poderia conviver com isso, já que há pivôs de sobra por lá. O problema sério foi ter perdido, de última hora, seu armador Mantas Kalnietis, que deslocou o ombro no último teste da seleção. O cara não é cerebral, não está nem entre os 20 melhores do mundo em sua posição, mas calha de ser o único do país com tarimba para liderar um time desses, a despeito de seus arroubos de loucura aqui e ali. Basicamente: era o jogador que os lituanos não podiam perder.

Šarūnas Vasiliauskas tem as cartas lituanas em mãos: foi o único armador que sobrou no elenco

Šarūnas Vasiliauskas tem as cartas lituanas em mãos: foi o único armador que sobrou no elenco

Na Argentina, a lamentação fica por conta da ausência de Manu Ginóbili, primeiro, e de Carlos Delfino, em segundo. Manu tentou de tudo para se alistar, mas o Spurs disse não, preocupado com a recuperação de uma fratura por estresse na perna. Delfino nem jogou a temporada depois de passar por uma cirurgia no pé direito. Os dois eram basicamente as únicas opções seguras de pontuação no perímetro para Julio Llamas, que agora se vê com um elenco desbalanceado – Scola, Nocioni e Herrmann jogam basicamente na mesma posição hoje em dia.

Já está bom?

Nada, tem muito mais.

Lorbek poideria dar uma baita ajuda para Goran The Dragon não fosse o joelho estourado

Lorbek poideria dar uma baita ajuda para Goran The Dragon não fosse o joelho estourado

A Eslovênia poderia ter um baita time, mas, por motivos diversos, seja de disputas de ego ou lesões, vai com uma equipe remendada para o Mundial. Enquanto Goran Dragic estiver inteiro, eles terão chances. Mas o fato é que sua cotação nas casas de apostas seria mais elevada se o pivô Erazem Lorbek (que não fez uma boa temporada pelo Barcelona, mas ainda é um craque) tivesse pedido dispensa e se Dragic, Beno Udrih e Sasha Vujacic levantassem a bandeira de paz. Boki Nachbar ainda poderia ajudar, caso não tivesse se despedido da seleção.

Por falar em despedidas e seleções balcânicas, bem que o veterano e ainda produtivo Zoran Planinic poderia dar uma forcinha para sua Croácia. Ainda na região, a Sérvia não vai poder contar com o jovem armador Nemanja Nedovic, lesionado, e com o ala Vladimir Micov, que brigou com o técnico. São coadjuvantes, mas estariam entre os 12 num cenário perfeito.

Se a Grécia ttivesse Vassilis Spanoulis entre seus convocados, também teria subido alguns postos na lista de candidatos ao pódio, mesmo que Dimitris Diamantidis siga aposentado de competições Fiba. Kostas Koufos e Sofoklis Schortsanitis também deixariam o garrafão helênico muito mais pesado, com o perdão do trocadilho. A arquirrival Turquia não é confiável, mas se tornaria mais forte com Ersan Ilyasova formando uma bela linha de frente com Preldzic e Asik. Hedo Turkoglu? Nem levaria, mas fica o registro.

Mesmo meu candidato preferido a azarão do Mundial, Porto Rico, tem seus problemas. Há quem julgue que o gigante PJ Ramos não faça falta – é certamente o caso do técnico Paco Olmos, que se recusou a chamá-lo –, mas não há como relevar a baixa do ala John Holland. Americano de ascendência porto-riquenha, ele não tem muito cartaz neste mundão Fiba, mas se tornou um personagem fundamental para o time devido a sua capacidade atlética, apetite pelos rebotes e defesa. “Grande coisa”, poderia responder o técnico Orlando Antígua, da República Dominicana. “Nós perdemos o Al Horford. O Al Horford, meu craque!!!”

Al Horford poderia fazer toda a diferença para os dominicanos

Al Horford poderia fazer toda a diferença para os dominicanos

Do outro lado do planeta, a Austrália ficou sem seus dois principais jogadores: o armador Patty Mills, o explosivo reserva do San Antonio Spurs e também o cestinha das últimas Olimpíadas, operado, e o pivô Andrew Bogut, do Golden State Warriors, que já não tem mais saúde para praticar basquete nas férias.

Se você somar todos os nomes em negrito, vai ver que são mais de 20 jogadores fundamentais fora de combate, além de todas as ausências norte-americanas. Isso tira um pouco do brilho do torneio, mas abre caminho para quem chega inteiro. Mesmo assim, ninguém vai ser insano de dizer ficou “moleza” para Huertas, Splitter, Nenê & Cia. Mas que as chances aumentaram e estão aí, não há dúvida.


A nova geração no Mundial: fique de olho
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Giancarlo Giampietro

Garotada do MundialA vontade era chamá-los de caçulinhas. É um termo que agrada muito  ao blog. Mas a verdade é que a faixa etária dos dez jogadores listados abaixo varia de 17 para 24 anos. Estão em diferentes estágios de desenvolvimento, então vamos de “nova geração”, mesmo, algo mais abrangente. Independentemente da idade, o papel de cada um deles sem suas seleções também varia bastante. Alguns são protagonistas. Outros só devem receber uma boa quantidade de minutos quando o jogo estiver definido – contra ou a favor. Vamos lá, então:

Anthony Davis (EUA): 21 anos e cinco meses
É até injusto, né? O Monocelha joga tanto, que não deveria estar nem aqui, abrindo a relação. Fatos são fatos, porém. Ele completou apenas sua segunda temporada na NBA. E foi uma campanha daquelas: 20,8 pontos, 10 rebotes e 2,8 tocos, 51,9% nos arremessos e um jogo em expansão contínua, como vemos neste gráfico de arremessos:

Lembrando: amarelo é a média da liga. Verde, acima.

Lembrando: amarelo é a média da liga. Verde, acima.

Davis tem matado os chutes de média distância com mais frequência. Esses percentuais só tendem a subir, ainda mais quando tiver ao seu lado um time consistente (Jrue Holiday, Ryan Anderson e Eric Gordon penaram todos com lesões). Basicamente, na NBA a sensação é a de que o ala-pivô está destinado a ser o próximo soberano da liga, chegando logo mais para a disputa com LeBron e Durant. Por ora, com tantos desfalques na seleção americana, o garoto tem a chance de dar um grande salto agora já, assim como o cestinha de OKC fez em 2010. Suas responsabilidades aumentaram, e todos creem que ele está pronto para assumi-las – não há pivô lá fora que consiga competir com ele atleticamente. Quando você o vê em ação, entende rapidamente o apelo: muito ágil, inteligente e explosivo para alguém de seu tamanho e envergadura. Faz estragos no pick and roll e também se sente bem confortável com a bola em mãos, driblando em direção ao aro. Deve ser daqueles atletas de tirar o sono quando observado ao vivo. Que o público na Espanha desfrute.

Dario Saric (Croácia): 20 anos e quatro meses
O prodígio croata está há tanto tempo nas relações de prospectos europeus, que soa também já como um veterano. Em 2011, ele venceu o Nike International Junior Tournament ao lado de Mario Hezonja e foi eleito o MVP da competição. Aí pronto: virou parada obrigatória para qualquer scout. Estamos falando de um rapaz de 2,08 m de altura que enxerga a quadra como um armador. Um jogador verdadeiramente único, difícil de se comparar. Claro que, vindo da Croácia, todo mundo já foi citando logo “Toni Kukoc”, mas não sei se é por aí, não. Ao mesmo tempo em que chamou a atenção em quadra, nos bastidores Saric se viu envolto por uma série de situações desagradáveis – e um tanto nebulosas. Assinou com o Bilbao, seu time não o liberou, ficou na geladeira, acabou se transferindo para o KK Cibona, também de Zagreb, brigou com o pai, trocou de agentes… Uma epopeia. De qualquer forma, seu talento é tamanho que, independentemente da confusão ao seu redor, na quadra ele acalmava quaisquer dúvidas. Seu progresso está todo documentado pelo obrigatório DraftExpress.

No final da temporada, o croata liderou seu modesto clube a um inédito título na Liga Adriática, com um desempenho espetacular na fase decisiva (veja abaixo na produção formidável de Mike Schmitz, do DX). Foi o MVP do torneio.  Depois, acertou sua transferência para o Anadolu Efes, clube turco que promete bastante na próxima Euroliga, e enfim se decidiu a respeito do Draft da NBA, sendo selecionado pelo Philadelphia 76ers em 12º. Mesmo que não vá fazer a transição para a liga americana agora, atendendo aos anseios do pai, que pede mais tempo na Europa, para ganhar cancha e se desenvolver, ainda mais sob a orientação do legendário Dusan Ivkovic. Chega ao Mundial já como protagonista numa equipe que conta com astros europeus como Bojan Bogdanovic e Ante Tomic. O mesmo ainda não pode ser dito sobre o ala Mario Hezonja, um cestinha muito habilidoso, mas de pouca rodagem na elite.

Bogdan Bogdanovic (Sérvia): 22 anos e dez dias
O ala-armador, que desbancou esse tal de Giancarlo Giampietro como capitão do time da aliteração nominal, é outro que acabou de se transferir para os milionários clubes da Turquia depois de se destacar nos bálcãs e antes de ser escolhido no Draft da NBA (Phoenix Suns, em 27º). Eleito o melhor jogador jovem da última Euroliga pelo Partizan Belgrado, ele vai jogar pelo apelão Fenerbahçe após o Mundial, substituindo seu xará Bojan Bogdanovic (o croata, acima citado, que migrou para o Brooklyn Nets). Antes de sair do Partizan, deixou sua marca nas finais do campeonato sérvio: com 30,8 pontos, 4,8 rebotes e 4,2 assistências, liderou mais uma vitória contra o arquirrival Estrela Vermelha para conquistar seu quarto título nacional, também o 12º seguido do clube. Deve estar pouco idolatrado por lá…

De coadjuvante na base a estrela em ascensão no profissional, Bogdan-Bogdan é um jogador que evoluiu muito nos últimos dois anos, tendo a liberdade para errar e aprender com a camisa do Partizan, clube que compete na Euroliga, mas sem grana para grandes contratações, dependendo muito do desenvolvimento de atletas mais jovens. No ataque, hoje ele faz um pouco de tudo: ameaça nos tiros de três pontos, parte de modo explosivo para as infiltrações e consegue criar para os companheiros, cometendo alguns turnovers no meio do caminho, é verdade. No clube, era o dono da bola. Agora, na seleção, como um dos mais jovens, precisamos ver como será a integração com um casca-grossa como Milos Teodosic e o quanto ele vai deferir para os pivôs mais experimentados.

– Giannis Antetokounmpo (Grécia): 19 anos e oito meses
O “Greek Freak” preferido de Milwaukee e já de toda a NBA, na real. A história do ala é tão rica, tão fascinante, que não merece ser descrita em quatro ou cinco linhas – ainda mais pelos paralelos com Bruno Caboclo, no que se refere a sua chegada aos Estados Unidos. Vamos explorar do modo devido após o Mundial, antes de a temporada 2014-14 começar. O que dá para dizer é que, há um ano e meio, Giannis estava jogando na segunda divisão grega e estreando pela equipe nacional sub-20. Hoje, é impossível deixá-lo de fora do time adulto, mesmo que ele esteja longe de ser um produto acabado. Não esperem que ele domine a competição – em sua seleção, a prioridade, por enquanto, é de veteranos como Calathes, Printezis, Bourousis e Papanikolau. Não deve chegar nem a 10 pontos ou 25 minutos por jogo. Mas fique atento aos seus flashes de exuberância atlética durante as apresentações helênicas e sua fluidez com a bola, que impressiona Jason Kidd. Na NBA, vocês sabem, né? Depois do que fez em sua primeira temporada, considerando quão inexperiente é, há gente de respeito que crava: vai ser uma superestrela.

Dante Exum (Austrália): 19 anos e um mês
Com todos esses jogadores, é preciso calma. Especialmente com Exum. Estamos falando de outro menino bastante badalado desde muito cedo. O pessoal baba ao falar deste menino e sua velocidade e desenvoltura com a bola. Ele foi o quinto selecionado no último Draft da NBA. Se é tão bom assim, então por que cargas d’água ele fica no banco da seleção australiana, ainda mais sem Patty Mills? Porque os Boomers não têm pressa nenhuma com seu jovem armador, por mais que velocidade seja o forte do atleta. Ainda vai chegar o momento dele. Por enquanto, em seu primeiro campeonato adulto oficial, sua missão é entrar no decorrer da partida e tentar dar mais agressividade ao ataque de um time que terá uma formação inicial bastante pesada, centrada nos pivôs Aaron Baynes e David Andersen, com Matthew Dellavedova, sólido calouro do Cavs, organizando as coisas. Não dá para esperar que ele faça isso aqui (Mundial Sub-19 de 2013):

–  Joffrey Lauvergne (França): 22 anos e 11 meses
   Rudy Gobert (França): 22 anos e dois meses
Gobert nem seria convocado não fossem os diversos desfalques da seleção francesa no garrafão, como Joakim Noah e Alexis Ajinça. Lauvergne seria reserva, se tanto. Ian Manhinmi e Florient Pietrus devem ganhar seus minutos ao lado de Boris Diaw, mas é de se esperar que, com o decorrer da competição, os mais jovens ganhem espaço, por um estilo de jogo que se encaixa melhor com seus companheiros – e também porque já são melhores que os veteranos. Cá estão os dois pivôs com a obrigação de proteger a cesta dos Bleus, que entram no Mundial como os atuais campeões europeus. Quer saber? Os adversários que não os menosprezem.

Draftado e tido em alta conta pelo Denver Nuggets, Lauvergne foi companheiro de Bogdan-Bogdan no Partizan e liderou a Euroliga em rebotes (8,6 por jogo), além de ter marcado 11,1 pontos por jogo em sua segunda campanha pelo torneio continental. Sua presença em quadra é realmente entusiasmante, aprontando um alvoroço diante das tábuas ofensiva e defensiva. Tem um ótimo senso de colocação além de energia e mobilidade – bons complementos para Diaw. Neste ano, vai jogar pelo Kimkhi Moscou, fora da Euroliga. Já Gobert jogou bem menos na temporada passada, esquentando o banco em Utah, mas, a julgar pelo que fez na Summer League de Vegas e nos amistosos, parece pronto para se fixar tanto na rotação de sua seleção como na do Jazz. O pirulão não precisa pontuar muito. Na defesa, é um substituto ideal para Ajinça devido a sua envergadura e habilidade nos tocos. Veja o tamanho do cara:

Cedi Osman (Turquia): 19 anos e quatro meses
Existem armadores altos e existe Osman, de 2,03 m de altura e grande aposta de uma nova safra de jogadores turcos que tem tudo para dar um trabalho danado no próximo ciclo olímpico – junto com os canadenses. Vindo de sua primeira temporada de Euroliga, o adolescente acabou de conquistar o ouro e o prêmio de melhor jogador do Eurobasket Sub-20 deste ano, na Grécia. Brilhou quando valia mais, na reta final do torneio, com 63 pontos, 16 rebotes, 9 assistências e 68,9% nas últimas três partidas (é o canhotinho camisa 8 no vídeo abaixo, um compacto da final). Os jogadores mais experientes da Turquia, Arslan, Tunçeri, Ermis e Guler, são tão inconsistentes, erráticos que não será de se assustar se Osman ganhar tempo de quadra. Ainda mais tendo lado do ala Emir Preldzic, um autêntico point forward, nos moldes de Saric, que será seu companheiro no Anadolu Efes. Tendo os Estados Unidos em seu grupo, vai ser avaliado de perto pela NBA.

Sviatoslav Mykhailiuk (Ucrânia): 17 anos e dois meses
Não custava nada: por mais jovem que Mykhailiuk fosse, não é que Mike Fratello tivesse tanto talento assim ao seu dispor para nem menos convocar a sensação do país para treinar com o time principal. É um gesto recorrente, que Magnano já havia feito por aqui com Raulzinho, por exemplo. Não prometia nada. Pelo contrário: dizia que era muito difícil que o ala-armador, magrelo toda vida, conseguisse uma vaga no grupo do Mundial. Semanas depois, como já adiantamos neste apanhado geral aqui, o moleque vai para o torneio como seu atleta mais jovem. Esse, sim, um caçulinha. Um precoce que já compete na primeira divisão em seu país e chamou a atenção no Nike Hoop Summit deste ano, aos 16, mesmo sendo bem mais jovem que a concorrência. Capacidade atlética acima da média, um arsenal já impressionante de movimentos no ataque, boa leitura de jogo e personalidade a ponto de ser fominha por vezes. Um potencial tremendo, mas que não deve jogar muito nas próximas semanas, não. Ainda é muito frágil fisicamente. Detalhe: já está comprometido em defender a universidade de Kansas na próxima temporada. O técnico Bill Self não conseguiu esconder a (desagradável) surpresa que teve ao ver o adolescente ser convocado. “Estou feliz por ele. Mas fico um pouco preocupado que ele vai chegar atrasado, que é o que vai acontecer. E, sem querer colocar muita pressão nele, eu estava esperando que ele realmente estivesse pronto para ser um grande contribuidor para nós no meio de novembro. Agora pode ser que leve um tempo a mais para ele”, disse. Viram só quanto ele está feliz pelo garoto?

Gorgui Dieng (Senegal): 24 anos e sete meses
Eu sei, eu sei: duas dúzias de vida, no basquete de hoje, pode parecer mais as contas de um veterano do que de um noviço. E o curioso é que “Gorgui”, na língua nativa de Dieng, significa “O Velho”. Mas o pivô do Minnesota Timberwolves é mais um daqueles que começou a jogar tarde, ainda mais num nível minimamente competitivo. Ele chegou aos Estados Unidos apenas em 2009, para jogar pela Huntington Prep School, que já trabalhou com Andrew Wiggins e Carlos Arroyo. Ganhou evidência e acertou com Rick Pitino para jogar (e estudar) por Louisville. Progrediu bastante em três anos com os Cardinals e foi campeão universitário em 2013, fazendo a cobertura de uma defesa sufocante com Russ Smith e Peyton Siva. Na NBA, como calouro, levou alguns meses para ele se aclimatar. Quando Nikola Pekovic sofreu mais uma lesão, passou a ser mais utilizado e estourou a boca do balão, com médias de 11,9 pontos e 10,7 rebotes em nove jogos em abril. Em março, já havia tido jogos de 22+21 e 15+15 e 11+17. É uma presença bastante ativa e intimidadora perto da cesta. No ataque, produz bem no high post, como um passador natural e bom chute de média distância, ainda que tenha sido aproveitado muito mais dentro do garrafão – a flutuação ficava por conta daquele tal de Kevin Love. Ele agora vai fazer sua estreia em competições Fiba por Senegal.


Brasil conhece grupo. Obrigação é bater Irã e Egito para avançar
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Giancarlo Giampietro

Em 2010, o Brasil (com Splitter, diga-se) superou o Irã. Reencontro 4 anos depois

Em 2010, o Brasil (com Splitter, diga-se) superou o Irã. Reencontro 4 anos depois

Extra! Extra! Saíram os grupos da Copa do Mundo de basquete!

O Brasil? Bem, o convidado e gastão Brasil caiu no Grupo A, ao lado de Espanha, França e Sérvia!

Dureza, hein?

Mas calma: Irã e Egito completam a chave. São seis integrantes, dos quais passam quatro para os mata-matas. Então, de cara, o que a gente pode dizer?

Que é obrigação bater Irã e Egito e passar de fase.

Por outro lado, era “o-bri-ga-ção” superar Jamaica e Uruguai na Copa América, e deu no que deu.

Avaliar, hoje, 3 de fevereiro de 2014, a força dos países que vão ao Mundial é nada mais que um exercício hipotético. Não temos a menor ideia de quem vai se apresentar, ou não, para o Mundial.

De certezas, mesmo, o que temos é que os Estados Unidos são os grandes favoritos ao bicampeonato. Mesmo sem LeBron, Kobe, Carmelo, Wade ou Chris Paul. E que não dá para perder do Egito. Por favor.

Um tropeço contra os faraós seria algo inimaginável. E contra o Irã? Bem… Para quem já advogou a favor da Finlândia no fim de semana, mantenho a coerência e recomendo calma, tranquilidade, paz e serenidade na hora de falar dos caras.

Obviamente seria pior ter os finlandeses na chave. Os escandinavos, pelo que praticaram no último Eurobasket, não podem ser considerados de modo algum como galinhas mortas. Agora, dá para dizer também que, entre os países mais fracos, o Irã, que ocupa a 20ª colocação no Ranking da FIBA, é bem mais encardido que Coreia, Filipinas, Nova Zelândia, Senegal e Egito.

O que sabemos sobre os iranianos?

Essa é uma boa hora para recuperar dois posts do ano passado, durante a disputa dos torneios continentais. Na Ásia, o Irã atropelou todo mundo. Foram nove vitórias em nove jogos rumo ao título. Na final, eles bateram os anfitriões filipinos por 85 a 71. Na semifinal, superaram Taiwan (que havia eliminado a China…) por 79 a 60.  Quem lidera a equipe é o pivô Hamed Haddadi, ex-Memphis Grizzlies, Phoenix Suns e Toronto Raptors. Tratado como figura cult na NBA, ele é um cara dominante no mundo Fiba. Na decisão asiática, ele somou 29 pontos, 16 rebotes e 2 tocos, matando 12 de 15 arremessos de quadra, em 29 minutos.

Esses números e o retrospecto na Ásia podem parecer assustadores, mas é preciso se levar em conta que o continente ao oriente não tem nem de perto a mesma competitividade que testemunhamos aqui nas Américas, por exemplo.

Se o Brasil tiver força máxima, ou algo perto disso, espera-se uma vitória tranquila. Como aconteceu no Mundial da Turquia em 2010. Quem se lembra? No começo de trabalho com Magnano, a então revigorada seleção, marcando bem, pressionando a bola, saiu vencedora de quadra na primeira fase por 81 a 65. O elenco tupiniquim era: Huertas, Nezinho, Raulzinho, Alex, Leandrinho, Machado, Marquinhos, Giovannoni, Murilo, Varejão, JP e Splitter. Nenê se apresentou, mas se desligou por motivo de lesão.

Não há motivos para esperar um desfecho diferente no torneio deste ano, na cidade de Granada, ao Sul da Espanha, em território que já foi dominado por uma dinastia islâmica.  Agora, de novo: é preciso quem Magnano vai convocar, aqueles que vão se apresentar e tudo isso.

A gente fala em obrigação, trabalhando na teoria. A vontade é colocar uma aspinha nisso: ‘obrigação’. Na prática, no mundo da CBB, depois dos acontecimentos de 2013, nada é garantido.

*  *  *

Sobre França, Espanha e Sérvia, o que dizer?

Bem, os franceses vão jogar cheios de confiança, como atuais campeões europeus, um título que eles comemoraram muito, mas muito, mesmo, no ano passado. Serviu como terapia para Tony Parker, além do mais. Agora, monitoremos todos como será a temporada do francês pelo Spurs. Jogar dois anos seguidos em competições Fiba, emendadas com longas jornadas na NBA, não é algo simples, fácil de se cumprir. Para a Espanha, como anfitriã, é de se imaginar que eles tenham força máxima, dependendo apenas que a enfermaria não retenha muita gente. Com os irmãos Gasol, seus excepcionais armadores, as bombas de Navarro e um Ibaka ainda melhor no ataque – mas sem abrir o berreiro? –, o time seria a segunda grande força do campeonato. Sacre bleu!, podem exclamar Parker, Batum e Noah, mas é o que acho. Por fim, a Sérvia é um dos times mais imprevisíveis da paróquia. A gente nunca sabe quem vai jogar. É como se eles trocassem de geração a todo momento. E, mesmo que os bambas joguem, controlar os egos dessa turma tem sido um problema desde que Dejan Bodiroga e Peja Stojakovic se foram. Fulanovic vai com a cara de Cicranovic? O talento é inegável, mas a química… Vai saber.

*  *  *

O restante dos grupos segue abaixo:

B – Argentina, Senegal, Filipinas, Croácia, Porto Rico, Grécia.
Os asiáticos deste grupo stão fazendo questão de espalhar pelos quatro cantos: “PROCURA-SE JOGADORES COM ASCENDENCIA FILIPINA DESPERADAMENTE”. No momento, eles estão tentando naturalizar JaVale McGee, o pivô mais insano da NBA, e Andray Blatche, outro cujo cuco também não bate muito bem, ex-companheiro de McGee num time de pirados em Washington, mas muito mais talentoso e que dá trabalho para qualquer um no mano-a-mano. Agora, mesmo com essa dupla, não dá para imaginar que Argentina, Croácia, Porto Rico e Grécia estejam preocupados. Temos aqui o quarteto de favoritos óbvios. O Senegal já forneceu nove jogadores para a NBA (embora pouquíssimos tenham vingado) e eliminou a Nigéria no último torneio africano, além dos donos da casa, a Costa do Marfim, na disputa pela terceira vaga. Então não deve ser desprezado. Mas, em CNTP, ficam pelo caminho.

C – EUA, Finlândia, Nova Zelândia, Ucrânia, República Dominicana, Turquia
Aqui a briga promete pelas vagas de segundo a quarto – já que o primeiro lugar é claramente da Nova Zelândia do sensacional Steven Adams… Então, bem, como vínhamos dizendo, a Turquia supostamente seria a segunda principal força desta chave. Com Omer Asik, Ersan Ilyasova, Emir Preldzic, Semih Erden, Furkan Aldemir, entre outros, porém, o time tem uma linha de frente formidável, mas um jogo de perímetro extremamente instável. Fossem outros tempos, poderíamos dizer que se tratam dos “caribenhos” da Europa. Foram vice-campeões na última edição, mas jogando em casa e com uma ajudinha da arbitragem. Então ficam no mesmo bolo de Ucrânia (um dos times mais modorrentos do últmio Eurobasket, com um basquete arrastado, excessivamente controlado por Mike Fratello, mas que se meteu entre os sete melhores),  Dominicana (Horford consegue se recuperar a tempo? Charlie Villanueva pode estragar tudo!? Será que o Calipari vai ficar tentado??) e Finlândia (o patinho feio que ganhou dos próprios turcos no Eurobasket.

D – Lituânia, Angola, Coreia do Sul, Eslovênia, México, Austrália.
O mesmo cenário se repete aqui. Com a diferença de que a Lituânia, bastante instável nas últimas temporadas – são os atuais vice-campeões europeus, mas precisaram jogar o Pré-Olímpico Mundial para chegar aos Jogos de Londres  –, pode se ver no mesmo pelotão de Eslovênia e Austrália. Mais abaixo talvez o México, depois de chocar as Américas no ano passado, talvez tenha algo a dizer a respeito, enquanto Angola está para a África assim como o Irã, para a Ásia. E a Coreia? Bem, com apenas seis jogadores acima de 1,94 m no elenco, sem chance.

 *  *  *

Os cruzamentos: as seleções do Grupo A batem com as do Grupo B no início dos mata-matas. Logo, é possível, sim, que tenhamos maaaaais um Brasil x Argentina pela frente. Se os nossos vizinhos e algozes tiverem de escolher, muito provavelmente topariam de cara, sem nem saber quem vai jogar por quem. Mas está bem cedo para falar disso. De todo modo, para Rubén Magnano, ficar ao lado de bichos papões na primeira fase não deixa de ser uma boa notícia. Garantia de que eles serão evitados de cara na fase decisiva – de todo modo, se o time pensa em medalha, em boa campanha, uma hora vai ter de enfrentá-los para valer e para vencer. O que a gente também pode tirar daqui é que dificilmente vamos ver a Espanha entregar, ou cogitar entregar qualquer coisa em quadra, como naquele polêmico de Londres 2012. Para escapar de um confronto precoce com os americanos, eles basicamente precisam se classificar na primeira colocação do grupo.


#Susijengi – Gangue dos lobos finlandeses no Mundial
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Giancarlo Giampietro

Finlandeses derrotaram os coirmãos convidados turcos no Europeu. Em 2013

Finlandeses derrotaram os coirmãos convidados turcos no Europeu. Em 2013

#Susijengi.

Era a hashtag mais cultuada do basquete europeu nesta manhã (segundo horário de Brasília).

Não tava entendendo nada. Que raios? Algum mantra chinês?

Nada, quando veio a confirmação oficial da Fiba dos quatro convidados para a Copa do Mundo de basquete, aí as peças foram se juntando. Na verdade, era um texto em finlandês. Porque, sim, a Finlândia vai jogar a próxima edição do Mundial.

Toca pesquisar, passado o susto, a surpresa. É detestável acordar assim, mas o estrago já estava feito.

Não precisou nem dar Google, acreditem. Aos poucos, o Twitter começou a ser inundado pelas mensagens dos jogadores da seleção finlandesa. Todos uivando feito malucos. Auuuuuu! A-uuuuuu! Por todos os lados, eles já haviam nos cercado.

Vejam o Hanno Möttöllä:

Descontrolado.

(Vocês se lembram do cara? Fizemos a mesma pergunta no ano passado, mas tudo bem. É a idade. Möttöllä, de qualquer forma, defendeu o Atlanta Hawks por um tempinho e retornou da aposentadoria em 2008. Vai disputar o Mundial com 38 anos).

Entende-se, então, que susijengi quer dizer gangue dos lobos. A gente podia usar o termo formal, alcateia, mas pra quê, né? Gangue dos lobos é tão mais legal, e tem influência direta aí do linguajar dos “bros” americanos, essa coisa de lobo da rua, ou qualquer coisa nessa linha. Não por acaso, é o nome de um álbum dos rappers do Kapasiteettiyksikkö.  A federação finlandesa também faz questão de nos informar que este é o “nome oficial” de sua seleção.

Susijengi e nóis na fita

Susijengi e nóis na fita

Agora, aguenta.

Ou melhor: agora é apreciar. Não tenham dúvida de que, mesmo com meia dúzia de lobos pingados na arquibancada, eles terão uma das torcidas mais animadas na Espanha. Não pensem que eles não vão dar um duro danado na quadra. Pode espernear até cansar, que a Finlândia está na Copa do Mundo de basquete, e ninguém tasca. E não há nada de absurdo nisso.

A partir do momento em que ficou claro que a Fiba filtraria seus quatro convidados pelo quesito financeiro – e quem duvidava disso? –, não há o que contestar a respeito de nenhum dos convidados.  Poderíamos ter Grécia, Turquia, Rússia e Itália, que seria ridículo igual. Botsuana, Quirguistão, Bolívia e Costa Rica? Na mesma.

O Luiz Gomes, provavelmente atordoado também, fez uma citação daquelas que me deixou fulo de inveja: “Isso não tem nada a ver com merecimento”.

W. Munny, do Missouri. Nada nessa porca vida tem a ver com merecimento

W. Munny, do Missouri. Nada nessa porca vida tem a ver com merecimento

Para quem não sabe, é um trecho do célebre discurso catártico do William “Clint Eastwood” Munny, do Missouri, ao final de “Os Imperdoáveis”. Para quem não viu, um dos melhores filmes da história. Para quem ainda busca redenção divina, corra até a (?) locadora mais próxima.

(E, sim, para os iniciados, todos sabemos que é obrigatória a referência “do Missouri” sempre que falarmos de William Munny. Ele é o William Munny, do Missouri. Fica o esclarecimento para a posterioridade.)

Agora voltando.

Se a grana ditou o jogo, então para que serve esculhambar com a – nem tão– pobre Finlândia? Numa escala de 0 a 10 de quem faz mal para a sociedade, a gente pode dar um belo -7 para eles.

O escândalo não é a Finlândia – ou o Brasil, no caso. O escândalo são os convites.  (Pela lógica: se o inferno são os outros, o escândalo são os convites.)

Mas, se a gente for falar de resultado, e de resultado imediato – por que de que me importa se o Brasil foi bicampeão mundial com Wlamir, se hoje só o temos como comentarista na ESPN?

Nesse quesito, acharia completamente factível que se pegasse apenas o resultado imediato para discutir quem… hã… merecia estar lá. O que aconteceu na campanha rumo ao Mundial.  Que tal recuperarmos a campanha deles no último Eurobasket – 2013 não foi há tanto tempo assim. Acho.

Na Eslovênia, os caras foram a grande sensação da primeira fase do torneio, com quatro vitórias e um revés. Derrotaram, inclusive, dois outros convidados do torneio: Grécia e Turquia. Além disso, venceram Rússia e Suécia (antes de mais nada, com dois jogadores de NBA no quinteto inicial) para avançår.  Na segunda etapa, bateram também os donos da casa, do clã Dragic.

Não tem mais bobo no basquete? (Ou tem de monte?)

Lembrando, sempre com muita úlcera, que o Brasil terminou sua inesquecível campanha na Copa América do ano passado com quatro derrotas em quatro rodadas. Inclusive para Jamaica e Uruguai.

Jamaica > Finlândia?

Finlândia > Uruguai?

Eslovênia > Jamaica?

Fico meio confuso. Mas o fato é que os Homens do Norte aprontaram horrores no torneio europeu e por pouco não foram para as quartas de final. Eles terminaram o Grupo F com a mesma campanha da Espanha. Só caíram no desempate pelo confronto direto. No geral, tiveram cinco vitórias e três derrotas – a França terminou com 8-3, para se ter uma ideia. Para quem eles perderam? Croácia, Espanha e Itália.

Croácia > Jamaica?

Uruguai > Espanha?

Mais confusão para a cabeça.

O jeito é uivar mesmo.

A-UUUUUU!

É nóis na fita e #susigenjiNaCopa.

PS: especificamente sobre a cara-de-pau brasileira nessa coisa toda de convite, foi preciso outro texto.

*  *  *

Angry Birds

Nunca fui muito de videogame. Ok, quando mais novo, perdia o sono com Alex Kid e Black Belt. Depois de um tempo, porém, só ficava com as fitas (sim, ainda eram as fitas) de esporte. SuperMonaco, Lakers x Celtics, os FIFAs… Até chegar agora ao NBA2k. Parei no 12.

De qualquer fora, para mim, videogame sempre foi a coisa do console. Nunca joguei em PC. Na minha cabeça problemática, os dois não combinam.

Logo, jogar no celular parece algo ainda mais descabido.

E o que isso tudo tem a ver com gangues de lobos finlandeses e os absurdos dos convites da Fiba para a Copa de basquete?

É que a empresa Rovio, a responsável pela epidemia mundial que são os Angry Birds, é quem está dando todo o apoio financeiro para o sonho  do país. A própria federação dos caras divulgou release para alardear isso. Não vou eu tentar explicar o que são esses passarinhos estressados para você, né? Só sei que a gente os vê por aí em qualquer banca de camelô ou shopping. São sucessores da abelinha do Charlotte Hornets e do Bob Esponja como estampa de tudo o que se possa imaginar.

São milhões e milhões de pessoas se divertindo com qualquer conteúdo virtual que a Rovio prepare com sua, para seguir na revoada, galinha dos ovos de ouro. No pacote, na proposta que a Finlândia encaminhou para a Fiba, estava a promessa que a empresa fará propaganda gratuita da Copa do Mundo em suas diversas plataformas. Se você não tem cão, caça com passarinho. Ou melhor, não tem audiência de TV, que tal oferecer então visibilidade mundial para um público diversificado?

E aí fica a pergunta. O que é melhor/pior: ser financiado por um jogo online (ou, se preferir, “corporação multimídia que vale bilhões de dólares“) ou pelo bom e velho tesouro público?