Vinte Um

Arquivo : Alemanha

Na (possível?) despedida de Dirk, o brilho e o choro também de Schröder
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Giancarlo Giampietro

Dirk Nowitzki, Germany, NT, National Team, EuroBasket, Berlin

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Dirk Nowitzki, despedida, Alemanha

São fotos que nem precisam de legenda, né?

Então escute:

Aparentemente, Dirk Nowitzki acredita que nunca mais vai jogar pela Alemanha, tendo se despedido em uma derrota para a Espanha de se castigar os nervos, pela última rodada do surreal Grupo B do EuroBasket. Foi 77 a 76, depois que o armador Dennis Schröder errou um lance livre a poucos segundos do fim, perdendo a chance de forçar o tempo extra.

Com a derrota, o time caiu logo na primeira fase, a despeito de ter feito jogos equilibradíssimos também contra Sérvia (bola de Bjelica no último segundo…) e Itália (prorrogação) e perdido ambos. O torneio só classifica diretamente para as Olimpíadas do Rio 2016 seus dois primeiros colocados, enquanto os times posicionados entre terceiro e sétimo serão endereçados a um Pré-Olímpico mundial.

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Dizemos “aparentemente” porque nem mesmo o craque germânico sabe direito. Com essas coisas, melhor sempre deixar o tempo correr, ainda que esteja claro que não restam muitos anos de quadra para a estrela do Dallas Mavericks. “Eu achava que seria o adeus. Mas agora ouvi que é uma chance para a Alemanha conseguir um convite para sedir o torneio Pré-Olímpico. Então temos de esperar e ver, ou nos reunirmos no ano que vem e conversar a respeito. Mas, para mim, na minha cabeça era o fim. Por isso me emocionei. Estava exausto. Deixei tudo o que tinha em quadra, e não conseguimos passar, o que foi muito decepcionante, afirmou. “Se existir uma pequena chance de jogar no próximo ano, se houver um Pré-Olímpico aqui na Alemanha, então com certeza esta seria minha última vez jogando pela seleção.”

Perceba, especialmente por sua segunda frase, que ele não quer cravar nada e que ela é um tanto confusa. Só esclarecendo um ponto: mesmo que não consigam mais se meter entre os sete primeiros, os alemães ainda poderiam entrar num torneio classificatório para o Rio se conseguirem convencer a Fiba, que não se cansa de extorquir suas confederações, a lhe conceder vender uma vaga de país-sede. Vai custar uma nota.

Está meio que implícito que ele tem o desejo de jogar pelo seu país uma última vez. Mas ninguém sabe se vai acontecer: a federação local não tem o costume de se dobrar diante da Fiba — no ano passado, quando desistiram do leilão por um ingresso da Copa do Mundo, disseram que “o processo não era nada viável” para eles. E outra: após sua 18a. temporada, beirando os 38 anos, Nowitzki vai estar inteiro e apto para se apresentar? Sem ele, valeria o esforço e a gastança?

Fossem os alemães um povo conhecido pela emoção excessiva, teríamos uma resposta positiva. Meio que para dar mais uma chance a uma seleção que lutou de modo valente, mas acabou sucumbindo num grupo muito difícil. Em qualquer outra das três chaves do EuroBasket, eles teriam avançado. Isso é certo. Além do mais, se o próprio Dirk está deixando a porta entreaberta, porque não escancará-la de vez? Mas, bem, entre uma ação sentimentaloide e a mais pragmática e racional, o país de Kant, Marx, Nietzsche, Schopenhauer, Arendt, Adorno e Habermas tende a pender para o outro lado. Né?

Até porque, em termos de emoção, talvez o basqueteiro alemão já tenha esgotado a cota de todo um ciclo olímpico nesta quinta-feira.  Primeiro por causa do choro desconsolado de Schröder, que jogou tanto e perdeu seu único lance livre na hora mais dolorida (mais a respeito, logo mais). E aí teve a reverência a um dos maiores jogadores de todos os tempos. O curioso é que, antes de ficar sozinho no centro do ginásio e ser ovacionado, Dirk primeiro cuidou de abraçar seu jovem armador. Depois, ainda deu uma entrevista para a TV local na lateral da quadra. Afinal, tudo tem seu tempo. “Zeeee germanzzzz”, é o que murmuraria o cigano Brad Bitt em algum trecho de Snatch.

“Só fiquei agradecido pela torcida.  Mas o reconhecimento e respeito que eles mostraram por mim, cantando meu nome… Isso significou muito para mim, e me emocionei. Foi um momento fantástico para minha carreira e vou me lembrar para sempre”, disse o astro. Oras, qualquer outro comportamento diferente por parte dos torcedores teria sido ainda mais absurdo do que o grupo em que a seleção alemã caiu. Antes deste EuroBasket, Nowitzki teve médias de 20,3 potnos e 7,2 rebotes em torneios Fiba. Com ele, o país conseguiu os melhores resultados de sua história: o vice-campeonato europeu há 10 anos, perdendo para um esquadrão grego, e uma mais que honrosa medalha de bronze no Mundial de 2002, ficando atrás apenas de Iugoslávia e da geração dourada da Argentina, pela qual foi derrotado na semifinal tomando uma virada de 27 a 18 no último período.

Foi de arrepiar. Para mim, admito, qualquer ovação faz isso. Talvez até mesmo em um torneio escolar. Mas aquela cena berlinense, com 13.600 torcedores agitando, foi mais tocante pelo que havia acabado de assistir em quadra. Se o seu compadre Steve Nash já se foi, as habilidades de Nowitzki estão perto de.  Sua linha estatística na provável saideira entrega: 10 pontos, 7 rebotes e apenas 3-6 nos arremessos em 29 minutos de ação. O craque foi muito bem marcado por Nikola Mirotic, um ala-pivô que é 13 anos mais jovem e ágil, mas a verdade é que isso jamais seria possível em 2011, quando ele guiou o Mavs rumo a uma conquista tão bonita — e emocionante.

O arremesso ainda precisa ser respeitado, claro

O arremesso ainda precisa ser respeitado, claro

Isso foi a apenas quatro temporadas, quando Dirk já não pegava mais a bola em seu garrafão e cruzava a quadra galopando em quatro ou cinco segundos, como uma força revolucionária, um ala-pivô de 2,13m de altura mais habilidoso, fundamentado e coordenado do que 95% dos atletas 10 ou 15 centímetros mais baixo. Rumo ao título, todavia, ele ainda tinha o arranque para sair da linha de três até o garrafão. A mobilidade para cortar os adversários a partir do chute. O camisa 14 do jogo contra a Espanha estava com os quadris travados. Estático em quadra,e  vêm daí seus cinco turnovers. Ele não conseguia colocar a bola no chão. Virou um chutador, e só. Mesmo seus fadeaways e step-backs estavam saindo com dificuldade imensa. Imagine, então, seu deslocamento defensivo.

Pode ser uma avaliação injusta. Afinal, era só uma partida. E ele, veterano, ainda não está nem mesmo em seu ritmo de pré-temporada. Mas não é que seu EuroBasket tenha sido tão diferente assim. Terminou com 13,8 pontos, 7.8 rebotes, 1,6 assistência e apenas 36,4% nos arremessos (33,3% de longa distância). O que ele ainda conseguiu fazer ao menos foi deslocar lances livres, cobrando 28 em cinco partidas. “Tenho certeza de que não fiz um ótimo torneio como todos esperavam, ou como eu mesmo esperava”, resume. Vou dizer: foi triste e doloroso de ver. Esses caras estão indo todos.

Nowitzki, Alemanha, Germany, adeus

*    *    *

Outro grandes pecado que se tira do extremamente tenso e emocional jogo contra a Espanha: o fato de que, em sua trajetória alemã, Nowitzki não tenha visto nem mesmo os resquícios de seu auge técnico se encontrado com Schrödinho, cujos melhores anos ainda estão por vir, por outro lado. A NBA e as demais seleções europeias que se preparem para tanto. Nem deve demorar tanto.

Enquanto seus tempos de dominância não chegam, o jovem armador alemão vai ter de conviver por um tempo com o lance livre que desperdiçou contra a Espanha. Chorou pacas em quadra, e não foi por causa de Dirk. Mas essas são as “dores de se crescer”, pegando emprestada uma expressão inglesa tão bacana. Vejam aqui:

O armador do Atlanta Hawks vinha de 26 pontos, 7 assistências e 6 rebotes, aterrorizando armadores do quilate de Sergio Rodríguez e Sergio Llull. Os dois Sergios do Real Madrid e o sagaz Pau Ribas, recém-contratado pelo Barcelona, tentaram, mas não conseguiram brecar o alemãozinho, que é muito explosivo matreiro com a bola, dias antes de completar 22 anos.

Vem daí o fato de, não sei se repararam, a arbitragem dar uma espécie de “lei da vantagem” em sua arrancada rumo aos fatídicos lances livres. Antes de ser empurrado por Ribas no ato do chute, no meio da quadra, ele já havia sofrido uma falta quando cruzava a quadra. Além do fator casa e da própria adrenalina do momento, sabe o que acho que passou pela cabeça dos árbitros? Algo como: “Esse garoto é tão rápido, mas tão rápido que esses barbudos espanhóis só conseguem pará-lo com falta. E, com a vantagem no placar, eles vão fazer falta, mesmo. Acontece que, nesse contexto, essas faltas são intencionais, mas, no nosso manual, ainda se configuram como ‘de jogo’. Então vamos dar uma chance para esse pestinha passar pela primeira falta e ver o que acontece. É injusta essa vida, especialmente a nossa de árbitro”.

Schroedinho rumo à cesta contra a Sérvia

Schroedinho rumo à cesta contra a Sérvia

Qualquer alemão racional que se preze que ler esse parágrafo com a ajuda do Google Translator obviamente não vai entender nada. Afinal, se a regra é clara, por que quebrá-la? Mas não tenha dúvida de que acontece, gente. É o inverso do raciocínio que levou Shaq a protestar tanto em quadra durante seus anos de Laker. Ele era tamanha aberração que os árbitros simplesmente desconsideravam — ou não conseguiam ver, mesmo — o tanto de pancada que ele tomava. Afinal, por maior o número de hematomas que exibisse no vestiário, O’Neal conseguia finalizar e enterrar tudo o que via pela frente. Claro que ele tinha lances livres a favor. Sabemos muito bem disso. Mas a verdade é que ele poderia ter batido ainda muito mais que os 11.252 que somou em sua carreira.

Nesse duelo com a Espanha, as habilidades de Schrödinho o favoreceram. Se não acredita, se acha que foi mera amarelada da arbitragem num momento capital, é porque não viram a posse de bola anterior da Alemanha, na qual aconteceu a mesma coisa, com uma falta de Llull ignorada ainda no campo de ataque. Na ocasião, o armador conseguiu, então, descer a quadra para, então ser parado de vez.

Os espanhóis decidiram apelar depois que, na antepenúltima posse alemã, o prodígio deu uns 79 giros em sequência, a 100 km/h, deixou todo o ginásio tontinho da silva e ainda teve equilíbrio para passar a bola para trás e encontrar o compatriota Maodo Lo, que superou a vertigem para encaçapar uma de três. (Aliás, olho nesse outro jovem armador alemão, que joga pela prestigiada, academicamente falando, Universidade de Columbia. Atrevido com a bola e belo chutador. Já é mais velho que o titular, porém, caminhando para os 23 anos em dezembro.)

100% carisma

100% carisma

A velocidade e a habilidade de Schröder já são conhecidas desde o seu tempo de Braunschweig. Em Atlanta, o que ele vem treinando bastante é no seu arremesso, e os resultado estão aparecendo. Num jogo tão importante como esse, o rapaz chutou com muita confiança e consistência. Colocou um arco bonito na bola. Durante o torneio, o aproveitamento foi de 31,6%, mas nos lances livres ele matou 83,3%, mostrando que tem potencial para o fundamento.

Por falar em confiança, esse é um aspecto que chama muito a atenção. Há vezes em que o armador parece excessivamente colhudo em quadra, para alguém que ainda não ganhou nada na carreira. Mas é o tipo de comportamento que, acredito, vá levá-lo adiante. Há quem veja nos seu gestos traços de arrogância. Ou talvez ele seja apenas um jovem jogador ciente de sua enorme capacidade e de que há poucos defensores que vão conseguir, nos próximos anos, se manter à sua frente. Num momento em que ainda se precipita constantemente com a bola para chutar ou forçar um passe, ele já soma 21,0 pontos e 6,0 assistências (com 4,2 turnovers, claro) um EuroBasket. O seu primeiro torneio com a seleção adulta, registre-se. Imagine quando estiver no terceiro e com a leitura de jogo afiada.

Se a seleção crescer junto — e tudo indica que vá acontecer, com a liga nacional crescendo a passos largos, à medida que jovens coadjuvantes como o polivalente ala Paul Zipser, o ala-pivô Maximilian Kleber e o pivô Maik Zirbes também despontam –, Schrödinho vai ter muitas oportunidades ainda para compensar o lance livre desperdiçado. Pena que Nowitzki não estará por perto. A não ser que, no ano que vem, os dirigentes alemães confederação nacional se deixem contagiar pelo sentimentalismo.


EuroBasket vai começar: sete apostas, a legião da NBA e os desfalques
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Giancarlo Giampietro

A França venceu as últimas duas contra a Espanha. Na Copa, doeu para Gasol

A França venceu as últimas duas contra a Espanha. Na Copa, doeu para Gasol

Existem pré-olímpicos e existe o EuroBasket.

Realizado a cada dois anos, o torneio europeu, para muitos de seus integrantes, vale talvez até mais que um Mundial, por questões de orgulho nacional e rivalidades regionais. É só ver a festa que a França fez na última edição, na Eslovênia, ao enfim derrotar a poderosa Espanha pela semifinal, num jogo daqueles mais dramáticos que se vai encontrar por aí. Para eles, foi a glória maior, ratificada, então, numa decisão bem mais tranquila contra a Lituânia.

Tem de comemorar, mesmo. Pois não é fácil chegar lá. Essa é disparada a competição continental mais dura no circuito Fiba, em que pese as loucuras que temos visto na Copa América. Ainda assim, ao avaliar o que tem acontecido nos últimos anos, é possível detectar algum padrão.

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A Espanha impressiona por sua consistência, graças a uma geração fenomenal liderada por Pau Gasol. Os ibéricos fizeram parte dos últimos quatro pódios. Ficaram entre os três primeiros em cinco de seis torneios desde 2001. Só em 2005 dançaram. Nomes importantes como Jorge Garbajosa, Carlos Jiménez, Raul López e Fran Vázquez já ficaram pelo meio do caminho. Juan Carlos Navarro e José Calderón estão no fim da linha também. Mas segue uma potência a ser temida.

Desempenho os amistosos

Desempenho os amistosos

Ainda assim, a França é a seleção do momento, o time a ser batido, com um elenco vasto, experiente, atlético, e tendo ainda a vantagem de ser a anfitriã dos mata-matas, para o qual deve passar como a primeira colocada do Grupo A. Confira aqui todas as chaves, com uma ressalva: respire fundo antes de espiar o que acontece no Grupo B.

Como disse em texto dedicado à Itália (que mais parece o Brasil), é o anúncio de uma carnificina. Pense em Walking Dead, Jogos Mortais, Game of Thrones, Kill Bill Vol 1. Um sorteio que põe Espanha, Sérvia, Itália, Turquia e Alemanha no mesmo grupo é qualquer coisa de sádico. (Só foi possível graças aos deslizes de italianos, turcos e alemães em tempos recentes – o ranking Fiba não reconhece que a Azzurra tenha hoje Gallinari & Cia, ou que a Alemanha conta com Dirk e Schröder dessa vez). Coitada da valente Islândia, que não tem nada a ver com essa história, enfrentando cinco times que chegam a Berlim com pretensões reais de vaga olímpica. E o que vai sair disso? Bem, um deles já será eliminado de cara. Outro vai passar em quarto e terá de se virar com a França logo de cara. Quem cair nas oitavas também não terá mais como vir ao Rio de Janeiro.

É assim: os dois finalistas asseguram classificação automática, enquanto as equipes que ficarem entre terceiro e sétimo ganham uma segunda chance no Pré-Olímpico mundial. Então você tem de dar um jeito de chegar às quartas, entre os oito primeiros. Mesmo os derrotados nessa fase ainda terão de encarar um torneio de consolação mais valioso que o habitual, tendo inclusive uma “final” pelo sétimo lugar.

Ignorando qualquer noção de prudência, devido ao desequilíbrio entre grupos, segue, então, meus palpites de vagas – tanto as para valer, como as alternativas:

Tony Parker quer o bicampeonato europeu. Tá na cara

Tony Parker quer o bicampeonato europeu. Tá na cara

1 – França
Os atuais campeões, e com um time que chega muito perto de sua força máxima, com o retorno de Tony Parker para fazer um trio estelar com Boris Diaw e Nicolas Batum, os dois que lideraram o time rumo ao Bronze na Copa do Mundo. Se há uma seleção que pode compensar ausências como as de um Joakim Noah e um Alexis Ajinça, é a francesa, contando com o emergente Rudy Gobert para afugentar os atacantes adversários do garrafão. Noah, a essa altura, já não parece uma peça com a qual se possa contar. Ajinça seria um reserva de luxo para Gobert.

É um elenco vasto, de capacidade atlética incrível e muita versatilidade, que pode ser medido por sua nota de corte: dois jogadores da NBA vão assistir de fora (Kevin Seraphin e Ian Mahinmi), assim como jogadores cobiçados no mercado europeu como o ala Edwin Jackson, ex-Barça, hoje no Unicaja, e o ala-pivô Adrien Moerman, do Banvit, e o armador Thomas Heurtel, tirado do Baskonia a peso de ouro pelo Anadolu Efes. Nem mesmo depois de Antoine Diot se lesionar na reta final de preparação, Heurtel conseguiu a vaga. O reserva de Tony Parker será o espichado Leo Westermann, cujos direitos pertencem ao Barcelona, que ainda não o aproveitou. Joga pelo Limoges, em casa.

Selo NBA: Tony Parker, Boris Diaw, Nicolas Batum, Rudy Gobert, Evan Fournier e Joffrey Lauvergne.
Desfalques: Joakim Noah, Alexis Ajinça, Antoine Diot e Fabien Causeur (que teria dificuldade para entrar no grupo final, de qualquer forma). 
Reforço estrangeiro? Para quê!? 

2 – Sérvia
Talento não falta aqui, obviamente. Nunca faltou. Ainda assim, nas últimas cinco edições, o país conseguiu apenas uma medalha: a prata em 2009, levando uma surra da Espanha na final. O problema é a inconstância de seus jogadores, que muitas vezes se permitem levar por intrigas extraquadra e uma ciumeira que só. O vice-campeonato na última Copa do Mundo, porém, sinalizou uma geração mais unida, guiada com firmeza e carisma pelo ex-armador Aleksandar Djordjevic.

Se essa organização for mantida, a aposta é que a combinação da categoria e jogo cerebral de Milos Teodosic, o arrojo de Bogdan-Bogdan e Nikola Kalinic e o pacote completo de Bjelica possa fazer a diferença, ainda mais escoltados por pivôs muito físicos. Não é fácil trombar com Raduljica e Nikola Milutinov, o jovem recém-contratado pelo Olympiakos e draftado pelo Spurs. Não bastassem os pesadões, Djordjevic ainda tem um Zoran Erceg com grande confiança nos disparos de longa distância e Ognjen Kuzmic, ex-Warriors, já mais atlético.

Selo NBA: Nemanja Bjelica (bem-vindo!).
Desfalques: Nenad Krstic e Boban Marjanovic.
Reforço estrangeiro: coff! coff! Foi até engraçado que, antes do Final Four da Euroliga, Milos Teodosic e Bogdan Bogdanovic foram questionados sobre a possibilidade de o país, vice-campeão mundial, naturalizar algum norte-americano para brigar pelo ouro olímpico. Responderam que, se acontecesse, não jogariam mais pela seleção. 

3 – Espanha

A dupla do Bulls - e da Espanha

A dupla do Bulls – e da Espanha

O palpite mais conservador colocaria os espanhóis entre os dois primeiros, fato. Estivesse Marc Gasol no páreo, seria difícil seguir outro rumo. Mas o pivô quis férias, para descansar a cabeça e cuidar tranquilamente da renovação com o Memphis. Desta forma, aumenta a carga sobre Pau Gasol. O já legendário pivô fez grande temporada pelo Chicago Bulls, mas vai correr um risco ao encarar a pressão do EuroBasket sendo tanto a principal referência ofensiva da seleção como sua maior esperança para se ter uma defesa consistente. Faz como? Serge Ibaka faz falta nesse sentido, mas as desavenças do passado afastaram o congolês. Suas habilidades, em tese, seriam mais relevantes que as de Nikola Mirotic nessa equipe em específico.

No papel, ainda estamos falando de um timaço. Os torcedores do Bauru vão ficar ligadaços no núcleo madridista de Sergio Rodríguez, Sergio Llull, Rudy Fernández e Felipe Reyes. Estão entrosados e revigorados pelo título da Euroliga. Mas, mesmo dentro da Espanha, a sensação é de que a transição da geração Gasol para a próxima ainda se pauta pela incerteza, a despeito do retorno de Sergio Scariolo. São muitas peças valiosas, mas que talvez não se encaixem perfeitamente.

Selo NBA: Pau Gasol, Nikola Mirotic. 
Desfalques: Marc Gasol, Juan Carlos Navarro, José Calderón, Ricky Rubio e Alejandro Abrines. 
Reforço estrangeiro? Nikola Mirotic, que assumiu a vaga de Serge Ibaka.

4 – Lituânia
Em termos de continuidade, o trabalho de Jonas Kazlauskas está à frente do que os gregos têm para oferecer, e isso pode fazer a diferença. Caras como Jankunas, Javtokas, Kalnietis, Maciulis e Seibutis estão na estrada há um tempo e sabem o que precisa ser feito. É curioso até: em termos de grife ou badalação, ninguém dá muita bola para eles. Mas estão sempre chegando. Mesmo que não tenham a armação mais segura ou elucidativa.

Se a troca de guarda ainda está demorando para acontecer, a boa notícia para esse país devoto ao basquete é que seu principal jogador hoje é justamente um dos mais jovens: Jonas Valanciunas. Pela seleção, o companheiro de Caboclo e Bebê é uma figura muito mais influente e difícil de ser barrada. Em termos de sangue novo, também vale ficar de olho em Domantas Sabonis, que tem sangue real, vem numa curva de desenvolvimento acelerada desde que se inscreveu na universidade de Gonzaga e foi o último a se estranhar com Matthew Dellavedova:

Selo NBA: Jonas Valanciunas.
Desfalques: Donas Motiejunas. (Se alguém estiver se perguntando sobre Linas Kleiza, é que o veterano foi muito mal na última temporada pelo Olimpia Milano e, depois de inúmeras lesões no joelho, não é sombra daquele jogador que já aterrorizou o mundo Fiba).
Reforço estrangeiro? Ainda não cometeram esse sacrilégio — embora as primeiras seleções lituanas da história fossem compostas quase na íntegra por norte-americanos descendentes. 

5 – Grécia
Assim como Parker retorna à França, a seleção helênica acolhe calorosamente Vassilis Spanoulis entre os 12 do EuroBasket. Em torno do craque grego também geram as mesmas questões, no entanto: qual a sua forma física? Ele terá estabilidade e pique para poder ficar em quadra nos momentos decisivos (que não o amedrontam de modo algum)? Se a resposta for positiva, a Grécia ganha um trunfo enorme para tentar retornar ao pódio pela primeira vez desde 2009.

O conjunto de Calathes, Zisis, Sloukas e Mantzaris ao menos está lá para preservar o camisa 7. Em termos de quantidade, ninguém tem uma relação de armadores que se equipare a essa, aliás. O desafio do técnico Fotis Katsikaris, que vai dirigir Augusto e Benite no Murcia, será distribuir minutos entre tantos atletas de ponta. Ou afagar aquele que eventualmente fique fora da rotação. Embora o garotão Giannis Antetokounmpo seja um Vine ambulante, este não é o time mais atlético. A expectativa aqui é de que os fundamentos, a experiência e o espírito vencedor de muitos de seus jogadores compensem isso. Para chegar à disputa por medalhas, porém, terão de derrubar muito provavelmente ou a Espanha ou a Sérvia nas quartas. Ai.

Selo NBA: Giannis Antetokounmpo, Kosta Koufos, Kostas Papanikolau (por ora).
Desfalques: Dimitris Diamantidis (ele já se aposentou da seleção, mas está em forma, caminhando para a última temporada como profissional). Sofoklis Schortsanitis não foi convocado e, creio, não deve mais jogar pela equipe. 
Reforço estrangeiro? Bem… Nick Calathes e Kosta Koufus nasceram, respectivamente, na Flórida e em Ohio. Os sobrenomes entregam a ascendência, de todo modo. 

6 – Croácia
Sim, sim… Talvez eles estejam numa posição muito baixa. Podem muito bem ser os campeões. Mas a mera possibilidade de pensar essa fornada croata como a sexta força continental só mostra o quão difícil pode ser um EuroBasket. O que sabemos é que os caras chegam muito otimistas à competição, por conta de dois fatores mais relevantes que o fato de terem vencido todos os seus amistosos preparatórios.

Saric e Hezonja, só o começo

Saric e Hezonja, só o começo

O primeiro é o progresso dos garotos, rodeados por jogadores muito rodados. Dario Saric e Mario Hezonja têm mais três ciclos olímpicos pela frente e já estão prontos para render em alto nível, sem precisar assumir obrigatoriamente o protagonismo. A prioridade em quadra ainda merece ficar com dois veteranos que estão no auge e encantam pela perfeição de seus movimentos, sem distinção entre eles: o gigante Ante Tomic, que não deve jogar na NBA, mesmo, e o classudo Bojan Bogdanovic, que se soltou um pouco ao final de sua primeira temporada pelo Brooklyn Nets e que, no mundo Fiba, é um cestinha letal. O segundo fator que os empolga é a presença de Velimir Perasovic no banco. O croata de 50 anos vem de grandes campanhas pelo Valencia e chega à seleção com estofo e moral para comandar um elenco ardiloso.

Selo NBA: Bojan Bogdanovic, Mario Hezonja e Damjan Rudez. 
Desfalque: Oliver Lafayette.
Reforço estrangeiro? Na falta de um armador norte-americano, apela-se a outro: Dontaye Draper. A Croácia cometeu a heresia que a Sérvia até o momento evita.

7 – Itália
Simone Pianigiani tem ao seu dispor a seleção que talvez tenha o maior poderio ofensivo, ao menos em termos de arremesso. Gallinari, Bargnani, Gentile, Datome, Belinelli… É artilharia pesada, que pode torturar qualquer defesa. Ainda assim, isso não é garantia de nada. Até porque são belos atacantes, mas que, do outro lado da quadra, não inspiram tanta confiança assim. Além do mais, já estamos cansados de ver seleções com muitos nomes naufragarem devido à tormenta de egos. Vamos ver se eles terão coesão e consciência para encarar um grande desafio, precisando render em alto nível logo de cara, nesse grupo dificílimo.

Selo NBA: Danilo Gallinari, Andrea Bargnani, Marco Belinelli. 
Desfalques: Luca Vitali. 
Reforço estrangeiro? Daniel Hackett nasceu na Itália, filho de ex-jogador norte-americano, e se formou como jogador na Califórnia. Mas é italiano e joga por clubes do país desde 2009. Não conta. 

Batendo à porta
Pode parecer um tremendo desrespeito a Dirk Nowitzki… Mas, aos 37 anos, o legendário cestinha precisaria fazer um de seus melhores torneios para levar a Alemanha adiante, mesmo estando acompanhado pelo sensacional Dennis Schröder e por mais uma opção ofensiva de elevada qualidade como Tibor Pleiss. Acontece que o excelente treinador Chris Flemming, americano que fez carreira no basquete alemão e agora será assistente no Denver, perdeu muitos jogadores em seu elenco de apoio, especialmente na linha de frente. Entre Maik Zirbes, Maximilian Kleber, Elias Harris e Tim Ohlbrecht, teria opções de sobra (e muito vigor físico) para dosar os minutos de Dirk.

A saideira de Nowitzki?

A saideira de Nowitzki?

É ainda mais difícil deixar a Turquia fora do grupo acima. Mas algum país terá de ser a vítima no Grupo B. É a minha escolha. Na Copa do Mundo, a seleção chegou às quartas de final. Jogando em Berlim, ao menos vai ter a vantagem de praticamente jogar em casa. É certo que o ginásio vai bombar devida à imensa colônia que está na capital alemã. Ainda assim, Omer Asik faz muita falta na proteção defensiva, com todo o respeito a Semih Erden e Oguz Savas. Olho, de todo modo, nos jovens Cedi Osman e Furkan Korkmaz. Para Tóquio 2020, devem ser dois atletas temidos em cenário internacional.

Sem chances?
A Eslovênia está sem Goran Dragic, o que equivale a 80% de sua força criativa. O país parece encarar o torneio como a chance de dar bagagem à garotada, listando  cinco atletas nascidos na década de 90. Zoran Dragic terá a oportunidade de tirar a ferrugem, de tanta piscina e praia que tenha pegado em Phoenix e Miami. Jaka Blazic, do Estrela Vermelha, é um atleta que sempre dá gosto de ver. Canhoto agressivo, inventivo rumo à cesta que me passa a impressão de ainda ter potencial ainda a ser explorado.

A Bósnia-Herzegovina poderia apresentar uma linha de frente para lá de enjoada, caso contasse com Mirza Teletovic, e Jusuf Nurkic. Teletovic costuma ser uma figura constante em torneios europeus, mas pediu folga, para cuidar de sua preparação para a NBA, entrando num ano importante pelo Phoenix Suns em busca de um contrato longo e polpudo na próxima temporada. Para o promissor pivô do Nuggets, o motivo é a recuperação de lesão e cirurgia no joelho. O tresloucado Dusko Ivanovic, todavia, vai fazer com que o time se mate em quadra a cada rodada.

A Geórgia tem um elenco interessante: Zaza Pachulia, um bom reserva para ele em Giorgi Shermadini e dois matadores de bola em Jacob Pullen e Manuchar Markoishvili, além do energético Tornike Shengelia, orientados por Igor Kokoskov. É um time com bom potencial ofensivo e que, jogando num grupo mais fraco, deve ir aos mata-matas. Mas dificilmente passarão das oitavas.

Potencial de zebra
A Finlândia não deve ser a Finlândia da vez, se é que vocês me entendem. Entre os scouts europeus, a Bélgica é apontada como uma seleção que pode surpreender, com três jogadores de ponta no continente (o armador Sam van Rossom, o ala Matt Lojeski e o ala-pivô Alex Hervelle) e um grupo que dosa juventude e experiência ao redor deles.

Velhos conhecidos da NBA
Só para constar, vai: a Polônia terá Marcin Gortat, Israel vai de Omri Casspi e Gal Mekel, a República Tcheca aposta muito em Jan Vesely (Vine sempre atentos também, por favor!).

Mais caras que fazem falta
Alexey Shved, Timofey Mozgov e Sasha Kaun (Rússia), Eugene Jeter, Serhiy Gladyr, Alex Len e Sviatoslav Mykhailiuk (Ucrânia), Maciej Lampe (Polônia), Pero Antic (Macedônia), Kristaps Porzingis e Davis Bertans (Letônia).


Cartola sinaliza que Scott Machado só será aproveitado a longo prazo pelo Rockets
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Giancarlo Giampietro

Scott Machado na D-League

Scott Machado, por enquanto, vai com o unfirome do Vipers, mesmo

O aproveitamento de Scott Machado pelo Houston Rockets não deve acontecer tão cedo, a julgar por uma entrevista do vice-presidente de operações de basquete, Gersson Rosas, ao blog “Ridiculous Upside”, o armador ainda é encarado como um projeto de longo prazo.

O Rockets tem deixado o brasileiro nova-iorquino permanentemente com sua filial na D-League, o Rio Grande Valley Vipers, onde por vezes tem a companhia de mais dois calouros do, digamos, time de cima: os alas-pivôs Terrence Jones e Donatas Motiejunas. Esse par o cartola julga mais preparado para encarar uma concorrência de alto nível. Por outro lado….

“Machado é um caso diferente”, conta. Para, então, abrir o jogo sobre o que esperam do rapaz nos próximos meses, elencando uma espécie de (loooonga) lista de tarefas de casa que Scott tem de cumprir.

“Ele não foi draftado, e, sendo um armador, ele joga na posição mais difícil de se fazer a transição da universidade para a NBA. Estamos investindo muito tempo e nossos esforços ao permitir que ele conduza um time. Queremos que ele faça um bom trabalho coordenando o ataque, fazendo boas jogadas e colocando seus companheiros nos lugares certos para que tenham sucesso. Melhorar do outro lado da quadra como um defensor também é importante. Na D-League, Scott também está em posição de se tornar um marcador melhor. Tudo se resume a aprender como defender melhor os pick-and-rolls, ser um reboteiro consistente na defesa e apenas entender o jogo dos dois lados. O que estamos fazendo é desenvolver um cara que pode causar impacto como um armador reserva.”

Olha, em princípio, não são os comentários mais animadores, não? Nada como a boa e sumida franqueza. Na opinião de um dos três ou quatro principais tomadores de decisão do Rockets,  o brasileiro ainda tem muito arroz e feijão para comer antes de se tornar uma presença regular no elenco de Kevin McHale.

Na D-League, os números do armador ainda se mostram pouco eficientes, chamando a atenção especialmente o baixo aproveitamento nos arremessos de quadra e o elevado número de desperdício de posse de bola, e justificam o discurso exigente e, ao mesmo tempo, paciente de Rosas – que, a propósito, esteve no Brasil em 2007 para observar os jogos do Pan do Rio de Janeiro. Creiam.

Agora, um ponto a ser destacado nesse extenso comentário é o fato de a franquia texana estar realmente jogando suas fichas no progresso do rapaz. De modo que enxergam muito potencial para ser explorado. Lembrando: diversos jogadores veteranos foram dispensados no início do ano, já com seus salários garantidos, para que pudessem manter Scott sob sua alçada.

Assim como fizeram com o pivô Greg Smith no ano passado. O jogador, que também passou batido pelo Draft, foi aproveitado em pouquíssimas partidas na temporada passada, ficou um tempão na D-League – onde foi dominante, diga-se – e neste ano emergiu como um excelente reserva para Omer Asik. Sua trajetória é um evidente exemplo que deve servir para motivar qualquer atleta relegado ao campeonato de desenvolvimento. Grupo a que Scott, no momento, pertence.

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As avaliações sobre o desempenho de qualquer jogador na D-League também merecem cuidado: o cotidiano de seus clubes pode ser caótico, por diversos motivos: a rotação constante dos elencos, as idas e vindas dos jogadores da NBA, muita gente querendo mostrar serviço de qualquer forma e a qualquer preço,  viagens mais complicadas, menores salários e mais. No caso do Vipers, ainda há a segurança de que seu departamento de basquete é inteiramente gerido pela direção do Rockets. Ainda assim, ser um armador puro, organizador, nesse contexto, não é fácil.

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Um atleta interessante de se observar no elenco do Vipers nesta temporada é o alemão Tim Ohlbrecht, de 24 anos. Ele já foi considerado pelos olheiros europeus como uma grande aposta, mas teve um início de trajetória como profissional um pouco frustrante, com sua dedicação sendo questionada em diversas ocasiões. Pelas poucas partidas do sujeito assistidas no QG 21, seu talento como reboteiro e arremessador é realmente instigante. A opção por deixar a Europa e encarar a “Segundona” da NBA é bem incomum e quiçá sinalize que o alemão tenha caído na real e esquecido os comentários de “próximo-Dirk-Nowitzki”, buscando endireitar a carreira.


MVP do Bulls, Thibodeau renova e encara seu maior desafio
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Giancarlo Giampietro

 

O talento de Derrick Rose é explendoroso, mas aqui saio da moita para dizer que o verdadeiro MVP do Chicago Bulls, no caso um MVC, é o  coach Tom Thibodeau, mesmo. Sem Rose, sua equipe pena para fazer cesta. E este seria o nome do jogo. Mas na atual versão da equipe globalizada por Michael Jordan, é a defesa que manda. E isso vem diretamente de seu técnico.

Tom Thibodeau, técnico do Bulls

Thibodeau: Hollywood só para ver o Bulls enfrentar o Lakers

Então nada mais justo que ele recebesse, enfim, sua extensão contratual, valendo a partir da temporada 2013-13. Vai ganhar um pouco mais de US$ 4 milhões por mais quatro anos desse novo vínculo, quantia que pode chegar a US$ 20 milhões no total, dependendo de algumas metas.

Na realidade de uma liga bilionária que muitas vezes assusta os pobres mortais com suas cifras astronômicas, a verdade é que ‘Thibs’ vale cada centavo. Nos últimos dois anos, jogadores e repórteres de Chicago não se cansaram de repetir que não há um cara que “trabalhe mais duro” do que o comandante do Bulls.

Por exemplo: quando chega a virada de janeiro para fevereiro, a piada mais óbvia para os setoristas do time é perguntar, ou especular qual seria o filme da corrida para o Oscar em que o técnico estaria mais interessado. Afinal, ele não saía da frente do telão para ver DVD atrás de DVD, na estrada ou em Chicago. Mas, na verdade, não havia Leonardo Di Caprio ou Marion Cotillard (ai, ai) que pudesse distraí-lo dos VTs de sua equipe ou do próximo adversário.

A ponto de em suas preleções, treinos, reuniões com dirigentes, assistentes ou atletas, Thibodeau parece saber de tudo e tudo o que deve ser feito, arrumado ou deixado de lado no seu livro tático. Uma preparação que o levou a ser o treinador que mais rápido somou 100 vitórias em sua carreira, em menos de dois anos – e com um campeonato reduzido por locaute. Seu aproveitamento é de 75,7% até agora, altíssimo, padrão Phil Jackson.

Numa temporada em que pode passar sem Derrick Rose, que ainda se recupera da trágica lesão no joelho sofrida na abertura do confronto com o Philadelphia 76ers nos playoffs, com Luol Deng ainda mais baleado por sua lesão na munheca – sacrificada em Londres-2012 –, Thibodeau tem de fazer seus jogadores defenderem como nunca.

Isso com um elenco renovado, que acabou pagando caro pelo sucesso das últimas duas campanhas e perdeu peças importantes no último mercado. Saíram CJ Watson, Ronnie Brewer, Kyle Korver e Omer Asik, caras que não eram brilhantes, mas que haviam se entendido muito bem por conta. Chegaram Kirk Hinrich (xodó em Chicago), o novato Marquis Teague (promissor, mas muito cru), Nate Robinson (contrato sem garantia), Marco Belinelli, Vladimir Radmanovic e Nazr Mohammed. Será que nesse grupo se consegue replicar a química da rotação anterior?

Independentemente dessa resposta, vai ser difícil, quase impossível de repetir o título simbólico das últimas duas temporadas regulares e brigar pelo troféu.

Mas uma coisa é certa: fácil também não será derrotar o Bulls.

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Carlos Boozer, my friend, prepare-se.

Carlos Boozer, Bulls

Boozer: mais pressão em Chicago

Os torcedores mais fanáticos do Bulls não engolem mais o ala-pivô nascido em Aschaffenburg, na Alemanha, e educado no Alasca – sim, é bizarro desta maneira mesmo. Queriam que ele fosse anistiado neste ano para que se investisse a dinheirama que ele ganha em outro jogador. Levando em conta, porém, que o chefão Jerry Reinsdorf já demorou um tanto de tempo para renovar com Thibodeau, ele não pagaria Boozer sem usá-lo de jeito maneira.

Então sobra para o ala-pivô. Se repetir a apática atuação que teve contra o Sixers nos mata-matas e patinar, vai ouvir um monte. Eles vaiam, mesmo. Sem Rose, Thibodeau precisa que ele produza em alto nível e mantendo a intensidade defensiva da equipe.

O problema, cá entre nós, é que Boozer nunca valeu os US$ 13 milhões de seu salário. Números ele sempre teve, mas seu jogo se torna muito vulnerável quando confrontado com pivôs mais altos e atléticos. Nos playoffs, quando o plano tático endurece, suas fraquezas são expostas e exploradas e suas estatísticas despencam (clique aqui).

 


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