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Mercado da Divisão Noroeste: o enigma OKC e um monte de moleque
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Giancarlo Giampietro

Quem já leu os textos sobre a Divisão Central, a Divisão Pacífico e/ou a Divisão Sudeste, pode pular os parágrafos abaixo, que estão repetidos, indo direto para os comentários clube a clube. Só vale colar aqui novamente para o marujo de primeira viagem, como contexto ao que se vê de loucura por aí no mercado de agentes livres da NBA

Kris Dunn (d) e Jamal Murray: mais caras novas e jovens no Noroeste

Kris Dunn (d) e Jamal Murray: mais caras novas e jovens no Noroeste

As equipes da NBA já se comprometeram em pagar algo em torno de US$ 3 bilhões em novos contratos com os jogadores, desde o dia 1º de julho, quando o mercado de agentes livres foi aberto. Na real, juntos, os 30 clubes da liga já devem ter passado dessa marca. Cá entre nós: quando os caras chegam a uma cifra dessas, nem carece mais de ser tão preciso aqui. Para se ter uma ideia, na terça-feira passada, quarto dia de contratações, o gasto estava na média de US$ 9 mil por segundo.

É muita grana.

O orçamento da liga cresceu consideravelmente devido ao novo contrato de TV. O teto salarial subiu junto. Se, em 2014, o teto era de US$ 63 milhões, agora pode bater a marca de US$ 94 milhões. Um aumento de 50%. Então é natural que os contratos acertados a partir de 1o de julho sejam fomentados desta maneira.

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Vem daí o acordo acachapante fechado entre Mike Conley Jr. e Memphis Grizzlies, de US$ 152 milhões por cinco anos de duração, o maior já assinado na história. Na média anual, é também o mais caro da liga. O que não quer dizer que o clube o considere mais valioso que Durant e LeBron. É só que Robert Pera concordou em pagar ao armador o máximo que a franquia podia (no seu caso, com nove anos de carreira, 30% do teto salarial), de acordo com as novas regras do jogo.

Então é isto: não adianta ficar comparando o salário assinado em 2012 com os de agora. Se Stephen Curry, com US$ 12 milhões, ganha menos da metade de Conley, é por cruel e bem particular conjuntura. Quando o MVP definiu seu vínculo, estava ameaçado por lesões aparentemente crônicas e num contexto financeiro com limites muito mais apertados. Numa liga com toda a sua economia regulamentada, acontece.

O injusto não é Kent Bazemore e Evan Turner ganharem US$ 17 milhões anuais. O novo cenário oferece isso aos jogadores. O que bagunça a cabeça é o fato de que LeBron e afins não ganham muito mais do que essa dupla, justamente por estarem presos ao salário máximo. Esses caras estão amarrados de um modo que nunca vão ganhar aquilo que verdadeiramente merecem segundo as regras vigentes, embora haja boas sugestões para se driblar isso.

Feito esse registro, não significa que não exista mais o conceito de maus contratos. Claro que não. Alguns contratos absurdos já foram apalavrados. O Lakers está aí para comprovar isso. Durante a tarde de sexta-feira, recebi esta mensagem de um vice-presidente de um dos clubes do Oeste, envolvido ativamente em negociações: “Mozgov…  Turner…  Solomon… Sem palavras”. A nova economia da liga bagunça quem está por dentro também. As escorregadas têm a ver com grana, sim, mas pondo em conta o talento dos atletas, a forma como eles se encaixam no time, além da duração do contrato.

Então o que aconteceu de melhor até aqui?

Para constar: o blog ficou um pouco parado nas últimas semanas por motivo de frila, mas a conta do Twitter esteve bastante ativa (há muita coisa que entra lá que não vai se repetir aqui). De qualquer forma, também é preciso entender que, neste período de Draft e mercado aberto, a não ser que você possa processar informações como um robô de última geração como Kevin Pelton, do ESPN.com,  o recomendável não é sair escrevendo qualquer bobagem a cada anúncio do Wojnarowski no Vertical. Uma transação de um clube específico pode ser apenas o primeiro passo num movimento maior, mais planejado. A contratação de Rajon Rondo pelo Chicago Bulls no final de semana muda de figura quando o clube surpreende ao fechar com Dwyane Wade, por exemplo. No caso, fica ainda pior.

Agora, com mais de dez dias de mercado, muita coisa aconteceu, tendo sobrado poucos agentes livres que realmente podem fazer a diferença na temporada, deixando o momento mais propício para comentários:

– Denver Nuggets
Quem chegou: Jamal Murray e Malik Beasley.
Quem ficou: Darrell Arthur.
Quem saiu: DJ Augustin (Magic).

Juancho vai ficar em Denver? Já vale muito, independentemente

Juancho vai ficar em Denver? Já vale muito, independentemente

É como se o Denver Nuggets fosse o Boston Celtics do Oeste, mas como se o ano fosse 2014, sem um técnico chamado Brad Stevens. Com todo o respeito a Mike Malone. Em termos de at jovens jogadores promissores e moedas de troca, porém, o clube do Colorado está abarrotado. Uma hora, vão usar estes ativos em alguma negociação de impacto. Por ora, só precisam de um pouco de paciência. O flerte com Dwyane Wade só valeu para a franquia ao menos se anunciar ao mercado.

O gerente geral Tim Connely explorou novamente os mares abertos para adicionar mais revelações estrangeiras, seguindo a trilha que vem dando tão certo nos últimos dois anos, com Joffrey Lauvergne, Jusuf Nurkic e, principalmente, Nikola Jokic. Mesmo que Juancho Hernángomez (mais preparado) e Petr Cornelie sigam na Europa, são desde já atletas de valor na liga.

Enquanto isso, o canadense Jamal Murray vai reforçar a rotação de armadores de Malone, como ótimo reserva para a dupla Emanuel Mudiay-Gary Harris, podendo os três revezar tranquilamente. Malik Beasley também pode entrar na rotação, dependendo de sua recuperação de cirurgia e do seu aproveitamento nos arremessos de fora.

A diferença para Boston é que Denver está no Oeste, em uma conferência em que a vida para se reconstruir é um pouco mais ingrata. Imagino que o cenário da temporada passada, com o Rockets se classificando aos playoffs com 42 vitórias, foi só uma exceção. E não sei bem como Gallinari e a garotada poderão bater essa meta para entrar na briga.

– Minnesota Timberwolves
Quem chegou: Kris Dunn, Cole Aldrich, Jordan Hill e Brandon Rush.
Quem saiu: Greg Smith (dispensado).

Cole Aldrich: reforço e torcedor para Minnesota

Cole Aldrich: reforço e torcedor para Minnesota

Thibs vai dirigir um elenco de base muito jovem, à qual foi adicionado mais um talento (aparente) de ponta: Kris Dunn. O armador é mais velho que Towns e Wiggins, aos 22. Mas tem um potencial fantástico para se explorar. Como ele vai jogar ao lado de Ricky Rubio, é a grande questão.

Há muito barulho em torno de uma possível troca do espanhol, mas acho que seria um erro. Rubio é um arma quase perfeito para fazer a molecada jogar com sua visão 6D (sim, ele enxerga muito mais dimensões do que a física pode conceber em quadra). Só não é perfeito porque ainda não se tornou um chutador nem mesmo razoável. Mas não é que Dunn seja um Kyrie Irving também. Longe disso.

O que o novato tem de mais especial são suas infiltrações agressividas e explosivas, que botam muita pressão na defesa. De todo modo, a prioridade do ataque do Wolves serão as mais diversas habilidades de Towns. Durante a Summer League de Vegas, Dunn não se mostrou muito preocupado em acionar seus companheiros. Se Rubio ficar, o calouro deve ser usado como um sexto homem pontuador, então.

Em termos de veteranos, com dois pivôs, Thibs dá a entender algumas coisas: a) Kevin Garnett realmente não deu nenhum indício ao clube de que vá jogar; b) o que vier de Nikola Pekovic e seus frágeis pezões seria lucro; c) Gorgui Dieng deve ser mantido no time titular ao lado de Towns; d) Nemanja Bjelica não é muito bem visto pela nova diretoria – o que é uma pena.

A história de Aldrich é muito bacana. O pivô é realmente torcedor fanático do Wolves e retorna à casa com US$ 21 milhões garantidos. Uma baita grana para o cidadão normal americano, mas uma barganha e tanto neste mercado inflacionado. Será um pivô útil para jogar com Towns eventualmente e para consolidar a defesa da segunda unidade.  (Quem diria que essa frase faria sentido três anos atrás?! A lição aqui: nunca é tarde, especialmente para pivôs. Mais: se Sam Presti selecionou um atleta, e, por alguma razão, OKC o dispensou, o restante da liga deve ficar antenado. É o mesmo raciocínio em torno do Spurs, com Ian Mahinmi, George Hill e Cory Joseph podem provar. Então fiquemos de olho em Mitch McGary.)

– Oklahoma City Thunder

E aí, mano?

E aí, mano?

Quem chegou: Victor Oladipo, Domantas Sabonis, Ersan Ilyasova e Alejandro Abrines.
Quem saiu: Kevin Durant (Warriors), Serge Ibaka (Magic) e Randy Foye (Nets).

É, que dureza. Não há nem muito o que escrever sobre OKC sem desafiar a depressão. Também pode ser um exercício desnecessário, enquanto o clube não tomar uma decisão sobre o que fazer com Russell Westbrook. O cara será agente livre ao final do ano. Eles vão correr o risco de perdê-lo por nada, assim com aconteceu com Durant. O Boston Celtics está esperando. Na verdade, pode colocar ao menos um terço da liga nessa. Mesmo com apenas um ano de contrato, ele ainda renderia boas peças para uma reconstrução mais profunda, iniciada já com a saída de Ibaka.

Com Wess, o Thunder ainda vai brigar para chegar aos playoffs. Aconteceu em 2014, quando Durant estava fora de ação e o próprio armador perdeu algumas partidas. O elenco de hoje é melhor que o da época – Steven Adams se tornou uma força no garrafão, Ersan Ilyasova vai poder chutar como Ibaka e Domantas Sabonis chega pronto para brigar no garrafão. Seria interessante, ainda, ver Oladipo ao seu lado, como dois maníacos atléticos agredindo os adversários.

Em tempo: David Pick informa que o clube está contratando o espanhol Alejandro Abrines, um excelente arremessador de 22 anos que já tem sete temporadas como profissional na Europa e já foi aprovado em jogos de Euroliga. ‘Álex’ é a última peça que vem do legado James Harden. Foi com uma uma escolha de segunda rodada adquirida na megatroca do barbudo que Presti o selecionou. O jovem ala seria um baita companheiro de ataque para A Dupla Que Não Foi Campeã – bem melhor que Dion Waiters, creiam. Ainda assim, vale a aposta da franquia em seu basquete. A dinâmica da NBA deve fazer bem a um atleta que ficou por muito tempo de mãos atadas sob a direção de Xavier Pascual em Barcelona.

– Portland Trail Blazers

Um dos contratos mais questionáveis deste mercado

Um dos contratos mais questionáveis deste mercado

Quem chegou: Evan Turner, Festus Ezeli, Shabazz Napier e Jake Layman.
Quem ficou: Allen Crabbe e Meyers Leonard.
Quem saiu: Gerald Henderson (Sixers) e Brian Roberts (Hornets).

Depois de surpreender e causar boa impressão, o Blazers estava numa situação curiosa, com espaço de sobra em sua folha salarial para oferecer mundos e fundos para quem quisesse, tentando adicionar talento em torno da dupla Damian Lillard e CJ McCollum. Seu alvo primordial foi Chandler Parsons, que acabou preferindo fechar com o Memphis Grizzlies. Dependendo do estado de seus joelhos, talvez não tenha sido algo tão ruim assim.

Num mercado que não era dos mais animadores, porém, a dúvida era o que fazer com tanta grana. Esperar uma oportunidade melhor para investir? Quando foi informado que Parsons não estaria a abordo, Neil Olshey preferiu direcionar esforços rapidamente para a contratação de Evan Turner, que vai receber salário de US$ 17 milhões anuais. Hã… sério? Mesmo o melhor basquete de sua carreira, sob o comando de Brad Stevens, foi algo que justifique tanta grana e a promessa de que será titular no Oregon.

Turner é um desses casos exemplares em que os números realmente não dizem tudo. Acumula rebotes e assistências, mas seu volume de jogo não se traduz em eficiência. O ala é polivalente, faz de tudo um pouco – menos arremessar de três pontos, o que só atrapalha, aliás (30,5% na carreira, 24,1% na temporada passada). Não que seja um jogador ruim. Só não é alguém para ser titular numa equipe que tenha muitas pretensões. Em Boston, ele se encaixou por jogar ao lado de caras como Marcus Smart e Avery Bradley, que ainda não conseguem produzir por conta própria. Então a bola ficava com ele, especialmente nos momentos em que Isaiah Thomas ia para o banco. Em Portland, você não vai tirá-la das mãos de Lillard e McCollum. Não é que a dupla estivesse precisando de ajuda para criar jogadas. Na defesa, ao menos suas contribuições ao lado da dupla serão mais positivas.

As implicações financeiras desse acordo ficaram ainda mais delicadas quando o Brooklyn Nets topou pagar US$ 74 milhões pelo ala reserva Allen Crabbe, um dos poucos chutadores que o Blazers tem para assessorar seus fantásticos armadores. Olshey se viu pressionado a cobrir a oferta, com o receio de perder um jovem jogador sem ganhar nada em troca. Logo mais, chegará a hora de renovar com McCollum e,  possivelmente, Mason Plumlee. Saiu tudo muito mais caro do que poderiam imaginar.

Por outro lado, Festus Ezeli, por US$ 16 milhões e dois anos, é uma boa aposta. O nigeriano chega para dar cobertura a Plumlee e Ed Davis, sendo o melhor dos três para proteger o aro. A rotação interior fica mais forte e atlética, por um preço que hoje é uma pechincha. Se o pivô voltar a sentir o joelho, o clube não sentirá tanto, devido ao curto período de duração de seu contrato.

Shabazz Napier? A essa altura, acho que nem LeBron mais acredita nele como opção viável de NBA.

– Utah Jazz

É, Joe Johnson, o tempo passou

É, Joe Johnson, o tempo passou

Quem chegou: George Hill, Joe Johnson e Boris Diaw.
Quem saiu: Trey Burke (Wizards) e Trevor Booker (Nets).

Vejam só quem decidiu dar um passo à frente. O Utah primeiro se atrapalhou com lesões de seus pivôs titulares e, depois, sentiu a pressão na luta pelos playoffs nas semanas derradeiras de temporada. No final, entre 2014 e 2015, sem muito investimento, seu número de vitórias subiu apenas de 38 para 40. A evolução natural de sua jovem base não foi o bastante, nem mesmo num ano em que muitos dos concorrentes não jogaram o que a NBA esperava. Então chegou a hora de o clube de Salt Lake City se mexer para valer, contratando três jogadores bastante experientes, que devem, salvo algo muito grave, enfim, fazer a diferença e levar esse time à casa de 50 vitórias – ou algo muito perto disso – e aos mata-matas.

Sobre George Hill, que custou a 12ª escolha do Draft, escrevi aqui. Ele reforça a defesa da equipe e, no ataque, se não é a figura brilhante que agradava Larry Bird ao máximo, representa uma evolução em relação a Shelvin Mack e Raulzinho, como condutor secundário, ao lado de Gordon Hayward, Rodney Hood e, quiçá, Alec Burks. Enquanto Dante Exum se recupera e vai crescendo, está ótimo.

O segundo alvo foi Joe Johnson, que vai entrar no revezamento com Hood e Hayward, deixando o time sempre com uma boa opção de arremesso nas alas, podendo também fazer as vezes de ala-pivô aberto, dependendo de quem estiverem enfrentando. Com o jovem Trey Lyles progredindo rapidamente, talvez nem seja necessário.

Já Boris Diaw foi quase que um presente de San Antonio. Assim como aconteceu com Tiago Splitter e Atlanta no ano passado, RC Buford e Gregg Popovich tinham de encontrar um clube para assimilar o contrato de Boris Diaw, de olho em Pau Gasol. Ajuda muito ter diversos ex-companheiros de trabalho espalhados pela liga, como Dennis Lindsey, gerente geral do Utah. Se Diaw vai se comportar em Salt Lake e se manter em forma minimamente razoável, não dá para apostar – se decepcionar, o time está muito bem preparado, não há problema. Ele ao menos curte Rudy Gobert.

Muitos questionam a capacidade da franquia para atrair agentes livres. É uma preocupação real, mas Johnson topou. Sem alarde, porém, usando o espaço em sua folha salarial e sem pagar quase nada.

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Kevin Durant é do Warriors, e a NBA fica atônita
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Giancarlo Giampietro

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E aí? Quem se lembra daquele tempo em que o Cleveland Cavaliers comemorava o título da NBA e o fim de um jejum de 50 anos sem título para a cidade? Tipo, há duas semanas, mais ou menos?

Se a sua cabeça está girando com o anúncio de que Kevin Durant vai ser jogador do Golden State Warriors na próxima temporada da liga, bem-vindo ao clube. Imagine como já não está a cuca de 29 coordenadores defensivos da liga, então? Ou a de Harrison Barnes e Andrew Bogut, já entendendo que não vai mais fazer parte de um dos maiores e mais divertidos times da história?

Pois é. Ao anunciar qual o “próximo capítulo” de sua carreira no site chapa branca The Players’ Tribune, o astro provocou um abalo sísmico na estrutura da liga, deixando a conquista do Cavs já como passado distante e tornando toda e qualquer negociação a ser anunciada nos próximos dias como algo insignificante. Pau Gasol vai assinar com o Spurs ou o Raptors? E interessa? É como se fosse um grande vazio existencial, e a reação dos atletas em tempo real está aí para comprovar.

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O Warriors conquistou o título em 2015. Bateu o recorde de vitórias numa temporada regular em 2016. E ficou a um triunfo do bicampeonato, contando com três All-Stars em sua escalação. Agora, não acertou com um jogador qualquer. Mas com o último MVP da liga que não se chama Stephen Curry. O terceiro maior cestinha da história e o maior em atividade, se formos nos concentrar em médias de pontos por jogo. Evoquemos de novo a imagem dos treinadores dedicados ao sistema defensivo: se já era difícil encontrar uma resposta para um pick-and-roll entre Stephen Curry e Draymond Green, imagine agora fazer planejamento com Kevin Durant posicionado do outro lado da quadra? E se for para fazer o jogo em dupla com Durant e Green, mandando Curry e Thompson para o lado oposto? Talvez nem mesmo cinco LeBrons sejam capazes de brecar isso.

Se o Golden State já era encarado como um supertime, qual a definição agora? E a chamada “Escalação da Morte”, que devastou a concorrência basicamente por dois anos? Você vai trocar Barnes por Durant nessa formação. Impressionante.

Lembram aquele papo de LeBron? De encerrar a carreira jogando ao lado dos compadres CP3, Melo e Wade? Seria a única alternativa de competitividade para a liga hoje? Mas é algo que seria possível apenas em 2017, a não ser que 1) Wade já tope jogar por uma mixaria em Cleveland agora; 2) o Knicks trocasse Melo por Kevin Love; 3) o Cavs trocasse Irving por Chris Paul. Difícil, hein?

Lembram aquele papo de LeBron? De encerrar a carreira jogando ao lado dos compadres CP3, Melo e Wade? Seria a única alternativa de competitividade para a liga hoje? Mas é algo que seria possível apenas em 2017, a não ser que 1) Wade já tope jogar por uma mixaria em Cleveland agora; 2) o Knicks trocasse Melo por Kevin Love; 3) o Cavs trocasse Irving por Chris Paul. Difícil, hein?

Quais são os próximos passos agora?

Antes de anunciar o ala oficialmente, a diretoria do Warriors precisa encontrar um novo clube para Andrew Bogut. Tem de limpar salário para poder acomodar um salário de US$ 27 milhões. Como eles têm o australiano em alta conta, não vão simplesmente despachá-lo para o Philadelphia, sem mais nem menos – embora ter o jovem compatriota Ben Simmons por lá pudesse ser uma boa distração ao veterano que, muito antes de o clube ser badalado, foi a primeira contratação de impacto desse ciclo, ajudando a construir essa reputação.

(E aqui fica uma questão engraçada e absurda: e se os 29 concorrentes fizessem um pacto e simplesmente se recusassem a absorver o contrato de Bogut? Fazendo pirraça, mesmo. Aí o Warriors precisaria dispensar seu contrato e parcelar a conta. Além disso, teriam de abrir mão de Shaun Livingston. Mas este cenário não vai acontecer. Nem todos os times entrarão no próximo campeonato com ambição de título. De modo que Bogut, por mais quebradiço que seja, ainda vai despertar o interesse de muita gente com sua capacidade como reboteiro, protetor de aro, passador e muralha em corta-luzes. O Dallas Mavericks já despontaria como favorito, aliás, depois de ser recusado por Hassan Whiteside.)

Ainda no garrafão, Festus Ezeli é mais um que vai precisar encontrar um novo clube. Segundo Marc J. Spears, do Undefeated, o clube não só não vai renovar com o nigeriano como vai abrir mão dos direitos sobre ele. O grandalhão vai virar agente livre pleno, num mercado em que muitos pivôs já se apalavraram. Situação curiosa agora.

Por fim, Harrison Barnes poderá assinar seu contrato de US$ 95 milhões com o Mavs, por quatro anos. Viu como seu desempenho ridículo nas finais contra o Cavs não atrapalhou em nada suas metas financeiras? O mercado de agentes livres não tinha grandes nomes assim para um ano em que o teto salarial subiu 30%.

Esses caras foram valiosos, garantiram um lugar na história do clube, mas a fila anda apressadamente na NBA. Se o Warriors tivesse conquistado o bicampeonato, será que Durant aceitaria jogar no time? Duvido muito. O fato de o time ter sucumbido perante LeBron acabou abrindo caminho, mesmo, para esse acordo bombástico, já que ao ala poderia caber a imagem de “peça que estava faltando”, em vez de um simples “modinha”, caso estivesse sendo incorporado pelos atuais campeões. (Embora, obviamente, isso seja o que Durant mais vá escutar nos próximos meses e jogos. Só não pode ser chamado de “mercenário”, já que vai perder dinheiro, em termos de salário, ao sair de OKC.)

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Outros fatores especiais que proporcionaram essa bomba: b) a própria derrocada do Thunder contra o Warriors nas finais do Oeste; c) o novo acordo televisivo da liga; d) o fato de o sindicato dos jogadores ter recusado uma subida gradativa no teto salarial; e) nesse cenário todo, o contrato de Steph Curry, apenas o quarto mais valioso do elenco, se tornou a maior barganha da paróquia, tendo sido firmado numa época em que falávamos mais sobre seu tornozelo do que sobre seus chutes da saída do túnel, antes de o jogo começar. Elimine qualquer uma dessas alternativas, e o negócio talvez fosse impossível.

Não obstante toda essa conjuntura, também tem o aspecto de relacionamento humano serenamente destacado por Dwyane Wade, em meio ao caos. Durant foi campeão mundial em 2010 pelo Team USA com Curry e Iguodala ao seu lado. Naquela campanha, os três costumavam se reunir constantemente para rezarem juntos, por exemplo. Já Draymond Green recrutou o ala durante a última temporada inteirinha, e até mesmo depois da épica virada pela final de conferência, sendo habilidoso o bastante para não pisar nos calos e ofender o então rival.

Segundo consta, um telefonema de Jerry West – o logo! De novo! – na calada da noite deste domingo teria sido importantíssima na decisão de Durant. Entre tantas mensagens passadas pelo consultor do Warriors, duas teriam se destacado. Uma teve cunho biográfico, com o ex-jogador lembrando o punhado de vezes em que seu Lakers havia morrido na praia, contra a dinastia Russell-Auerbach em Boston. A segunda, mais impactante, foi para reforçar a ideia de que, com Curry, Klay e Draymond, Durant seria apenas mais um. Não teria essa coisa de estrelismo: jogariam todos juntos, de igual para igual. Além disso, teve a fala do gerente Bob Myers: “Sem você, é possível que vençamos um ou dois títulos mais. Sem nós, provavelmente você também ganhe um ou outro. Juntos? Podemos levar vários”. E quem vai discordar?

Acho que nem mesmo um cabeça-dura, orgulhoso e superatlético Russell Westbrook – não consigo deduzir qual teria sido sua reação ao ser informado da mudança. Para OKC, não há muito o que fazer. O proprietário Clay Bennett e o gerente geral Sam Presti estavam na região dos Hamptons ainda nesta segunda-feira – feriado da independência nos EUA –, aguardando a decisão de seu ex-jogador. Desnecessário dizer que cada rojão estourado neste 4 de julho vai explodir dentro dos tímpanos deles. Ao menos a dupla foi mais classuda que Dan Gilbert no momento de perder uma estrela. Pudera: não custa lembrar que Bennett roubou não só Durant de Seattle como um clube inteiro. O carma chegou para acertar, mais ou menos, as contas.

É isso. Seattle talvez seja mesmo, além de Oakland e San Francisco, a única cidade americana a comemorar nesta data, que não pelos motivos patrióticos. De resto, não importando as coordenadas geográficas, os diretores que ainda estiverem reunidos para buscar agentes livres secundários, os técnicos que estejam trabalhando com a molecada das ligas de verão, os atletas que estejam a caminho das ou voltando das Bahamas devem estar todos em estado catatônico, sem nem conseguir pensar o que será da liga na próxima temporada.

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lakers-2012-super-team-coverSupertimes são garantia de sucesso?

O torcedor do Lakers, que nem mesmo pôde ver o clube fazer uma propostinha por Durant neste ano, vai nos atentar para o que aconteceu com o elenco de 2012, quando Dwight Howard e Steve Nash chegaram a Hollywood para contracenar com Kobe e Gasol. Uma sucessão de lesões e intrigas levou aquele badalado elenco ao oitavo lugar do Oeste e a uma varrida pelo Spurs. Certo. Mas não há como comparar os casos aqui: Nash estava nas últimas, Howard voltava de uma cirurgia e Kobe deu uma de Kobe no pior sentido, ateando fogo nas relações, enquanto Gasol se lamuriava pelo esquema de Mike D’Antoni. Ah, e Jimmy Buss não vive em Oakland.

Em Miami, a conquista não saiu de cara, mas vale lembrar que o time ganhou duas vezes a liga e alcançou quatro finais seguidas. Poderia ter sido mais, mas Dwyane Wade estava em outro estágio de carreira também, lidando com dores e travas no corpo todo. Do quarteto do Warriors, Stephen Curry é o mais velho. Com apenas 28 anos…

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O maior receio do acerto de Durant com Golden State? Um novo lo(u)caute já em 2017. Você pode ter certeza de que mais de 50% dos proprietários dos demais 29 clubes estão espumando neste momento, querendo repaginar o acordo trabalhista. A gastança desenfreada que estamos acompanhando, proporcionada pelo abrupto aumento do teto salarial, já valia como um motivo suspeito para uma nova paralisação das atividades da liga. Agora, o suposto desnível de forças praticamente garante esse racha, na visão dos mais pessimistas. Se fosse apostar grana, iria nessa linha. Vai ser um ba-fa-fá que só.

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Um componente interessante dessa transação é a disputa de marcas esportivas. A “Under Armour” conta com Steph Curry como um de seus principais propulsores no mercado global. Agora a “Nike” espera que Durant possa ofuscá-lo.

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Vocês já se cansaram dessa coisa de Durant agente livre? Calma, que em 2017 pode ter mais. O contrato do ala com o Warriors será de dois anos, valendo US$ 54 milhões, mas com uma cláusula ao seu dispor para encerrá-lo já ao final da próxima temporada. Financeiramente, faz todo o sentido: KD vai completar dez anos de liga e poderia assinar um novo contrato valendo 35% do teto salarial, em vez dos 30% de hoje. O contrato de Curry também vai expirar junto. Assim como os de Westbrook, Blake Griffin e Chris Paul, entre outros. Vai ser interessante, com ou sem lo(u)caute.

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A reação de LeBron, na qual uma imagem vale mais do que mil palavras, foi bastante espirituosa:

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Michael. Corleone. Ponto.

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Rose, Ibaka e as trocas da semana – incluindo aquela que não aconteceu
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Giancarlo Giampietro

É bom se acostumar. Novo número, novas cores. Mas um novo jogador?

É bom se acostumar. Novo número, novas cores. Mas um novo jogador?

Pois é, conforme avisado, a temporada dos gerentes gerais e scouts da NBA definitivamente não acabou no momento em que LeBron, comovido, desabou na quadra da Oracle Arena para comemorar o terceiro título de sua carreira e o primeiro de Cleveland em mais de 50 anos. Preparando-se para o Draft desta quinta-feira e para o mercado de agentes livres que será aberto a partir do primeiro segundo do dia 1º de julho, os dirigentes já deram uma boa agitada nesta semana, antes mesmo de o recrutamento de calouros começar.

Neste post, vamos nos concentrar mais nos negócios que envolveram veteranos da liga, sem entrar no mérito sobre quem saiu ganhando ou perdendo do Draft ainda:

Derrick Rose agora é um Knickerbocker
Este foi o negócio de maior repercussão da semana, pelas cidades e franquias envolvidas e, principalmente, por selar o fim da era Derrick Rose em Chicago. Os torcedores do Bulls viveram grandes momentos com o armador, xodó da cidade, desde 2008, quando foi selecionado. Foram os melhores anos da franquia desde a saída de Michael Jordan. Devido a suas constantes lesões e cirurgias, porém, hoje podemos dizer que durou pouco. Considerando todos os desencontros dos últimos dois, três anos, desde a desgraçada ruptura de ligamento em 2012, quando ele, Thibs e uma valente equipe achavam que poderiam derrubar os LeBrons de Miami, talvez fosse a hora, mesmo.

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Mas…

Se o Bulls pensava em reformular seu elenco, talvez fosse o caso de esperar mais uma temporada. O mais interessante aqui não seria dar mais uma chance a Rose para ver o que pode sair dali – isso seria um bônus –, mas simplesmente deixar que seu contrato de US$ 20 milhões expirasse. Desta forma, a dupla John Paxson/Gar Forman poderia abrir espaço para investir num mercado muito mais bombado. Talvez fosse possível encontrar gente mais talentosa que Robin Lopez e Jerian Grant, cujos contratos se estendem para além de 2017 – ainda assim, o clube pode ter mais de US$ 40 milhões para distribuir. Ao que parece, porém, a prioridade era virar a página agora, mesmo. Se a ordem da preferência começa pelo temor de perder Rose por nada e ou de se livrar do jogador, pensando em química do elenco, ninguém vai dizer abertamente.

Lopez fez uma grande segunda metade de temporada em NYC, é daqueles que entrega muito mais do que os números mostram, já havia feito boas campanhas por Suns, Pelicans e Blazers, mas simplesmente não consegue se fixar em um lugar. É estranho demais. Vai acontecer em Chicago? Com média de US$ 14 milhões anuais, por mais três anos, seu salário não é dos mais caros, de fato. Agora cabe ao técnico Fred Hoiberg utilizá-lo da melhor forma, pensando neste custo x benefício. Jerian Grant não mostrou muita coisa pelo Knicks, sendo castigado por Derek Fisher nos primeiros meses, mas tem potencial evidente. Se pode ser um titular, veremos.

Com a chegada do pivô, está claro que o clube também se prepara para dizer adeus a Pau Gasol e, especialmente, Joakim Noah. Ao anunciar a negociação, de todo modo, Forman se referiu ao grandalhão como um “titular”.  Considerando a frustração de JoJo por ter ficado no banco durante o campeonato, acho que meia palavra já bastaria. Além disso, Noah vai receber diversas propostas no mercado. Aliás, não ficaria nem pum pouco surpreso se ele não parasse justamente no Knicks.

Rose, Lopez e Calderón: blockbuster

Rose, Lopez e Calderón: blockbuster

Do ponto de vista de Phil Jackson, James Dolan e Jeff Hornacek, o que vale aqui, de primeira, é a aposta em Rose, mesmo. Eles estavam buscando um armador mais experiente para comandar o ataque acelerado de Hornacek, e não havia tantos agentes livres disponíveis para tanto. OK.

A primeira questão é saber se Rose pode realmente voltar a ser um jogador consistente e, depois, minimamente decente em quadra. Pois não dá para tratar tudo com memória seletiva. O MVP de 2011 não consegue jogar há tempos, sem a menor eficiência por trás de seus 16,4 pontos por partida desta última temporada. As consequências de tantas lesões foram graves para seu jogo. Ele não consegue mais forçar faltas e lances livres e, mesmo sem tanta agressividade, segue cometendo turnovers. Mais: por mais que tenha maneirado nos arremessos de três pontos (entre suas tentativas, o volume de longa distância baixou de 32,5% para 14,3%), seu aproveitamento de quadra foi ainda de 42,7%. Sua produção por minuto foi menor, assim como a qualidade de jogo como um todo, dando menos assistências. Seu impacto foi negativo tanto na defesa como no ataque, inclusive.  Enfim, o Knicks só espera que este recomeço faça bem ao jogador. Que a draga que o arrastava em Chicago tinha mais a ver com psicológico, emocional, e que ele tenha muito mais o que render em um novo cenário.

A segunda questão é se Rose e Carmelo vão conviver bem. Supostamente, eles se dão bem fora de quadra, e o armador até mesmo tentou recrutar ala em 2012 – atividade que ele se recusara a fazer no passado.  Conhecendo o histórico dos dois astros, algo que os jornais de Nova York e Chicago escancararam nos últimos anos, é de se imaginar se o convívio mais próximo vai fazer bem para a relação. Em quadra, uma bola será o bastante? A mentalidade de Carmelo vai e volta quando o assunto é acionar os companheiros. Rose só está acostumado a uma abordagem: atacar e atacar, a despeito duas limitações de hoje. Fora de quadra, fica ainda mais intrigante a dinâmica. Melo não está tão acostumado assim a dividir as luzes de Manhattan – Amar’e Stoudemire e Jeremy Lin podem falar a respeito. Para ser justo, Kristaps Porzingis foi bem acolhido pelo veterano, teve suas semanas de coqueluche por lá, mas, aos olhos do capitão do time, nunca representou uma, digamos, ameaça. Rose, por seu lado, já demonstrou que valoriza bastante seu cultivo de imagem. Agora imaginem colocar um Dwight Howard neste caldeirão? Afe.

Serge Ibaka agora é do Orlando

Ibaka por Oladipo, Ilyasova e Saboninhos. Orlando vai tentando

Ibaka por Oladipo, Ilyasova e Saboninhos. Orlando vai tentando

Havia algum zunido a respeito. Aconteceu bem mais rápido do que poderíamos imaginar. Pressionado enquanto Kevin Durant não se decide sobre seu futuro, o gerente geral Sam Presti agiu à revelia do que vai acontecer com o astro ao despachar Serge Ibaka para o mundo mágico da Disney, recebendo em troca Victor Oladipo, Ersan Ilyasova e um Sabonis, o Domantas, que jogou muito por Gonzaga nos últimos dois anos e foi escolhido em 11º neste Draft.

O lado de OKC é o mais interessante aqui. Pode causar espanto a decisão, a princípio. Mas a verdade é que o Ibaka de 2015-16 quase não lembra em nada o de quatro anos atrás, quando Presti optou pelos seus serviços, deixando James Harden ir embora. O congolês teve a pior temporada de sua carreira na NBA, perdendo a precisão nos arremessos de perímetro e contribuindo cada vez menos na defesa. Durante os playoffs, ele foi apenas o quinto jogador mais produtivo da equipe e ficou totalmente alienado no ataque. O quanto que é a causa e o que é o efeito fica difícil de dizer: mas que Ibaka andava um tanto confuso e desmotivado, não há como negar.

Ao se distanciar o pivô, o Thunder também evita a dor-de-cabeça de ter de negociar com ele um novo contrato daqui a um ano. Dependendo do que Durant e Westbrook quiserem, imaginando que eles vão renovar prontamente o contrato de Adams, ficaria praticamente inviável a permanência do veterano. A não ser que o clube encontrasse um novo lar para Enes Kanter.

Para a sua vaga, Ilyasova e Saboninhos podem fazer um pouco de tudo. Inicialmente, acreditava que o experiente turco seria dispensado, valendo uma economia de cerca de US$ 8 milhões na folha salarial. Mas o gerente geral já disse que ele fica, oferecendo chute de longa distância, bom posicionamento defensivo e flexibilidade. Já o calouro lituano tem como principais recursos a capacidade como reboteiro e a garra para brigar muito no garrafão, nas duas tábuas. A expectativa dos scouts também é de que ele possa desenvolver um bom arremesso de média para longa distância também. Com experiência no basquete espanhol e dois torneios da NCAA nas costas, vindo de uma linhagem real do basquete europeu, Domantas estaria mais preparado do que um novato qualquer para chegar e jogar .

A peça principal, todavia, é Oladipo. Sua parceria com Russell Westbrook promete ser um inferno para qualquer oponente. Os duelos com os Splahs Brotheres prometem ser eletrizantes desde já. Para alguém que foi escolhido como o segundo do Draft de 2012, o ala-armador está longe de se transformar em um franchise player. Para OKC, tendo dois atletas deste quilate em seu elenco, não há pressão ou necessidade para que ele evolua tanto assim. Se continuar com sua constante curva ascendente, já será o suficiente. Oladipo vem melhorando gradativamente nos tiros exteriores e diminuindo o número de turnovers, sem perder a intensidade em quadra. Com ele, a diretoria agora fica bem mais confortável em lidar com Dion Waiters, um agente livre restrito. Por melhor que tenha defendido contra Spurs e Warriors e controlado suas loucuras, o conjunto da obra ainda desperta muita rejeição e certamente não vale um contrato acima de US$ 10 milhões.

Em Orlando, fica uma sensação estranha. Suas principais apostas ainda são muito jovens – os alas Aaron Gordon e Mario Hezonja. Mas a família DeVos não está mais tão disposta assim para esperar o desenvolvimento da rapaziada e tem forçado o gerente geral Rob Hennigan, ex-funcionário de Presti, a se mexer. Nesse contexto, a contratação de Ibaka é positiva. Pensemos assim: poderia ser bem pior. Em um novo contexto, o congolês deve resgatar o ímpeto defensivo e a agressividade no ataque e proteção ao aro. Ao contrário de Rose, ele ainda não sofreu nenhuma lesão grave, estrutural. Sob o comando de Vogel, promete. A dúvida que fica aqui: sua chegada vai resultar em menos minutos para Gordon? Ou Vogel estaria disposto a emparelhá-los por mais tempo, numa rotação com Nikola Vucevic? O suíço-montenegrino é quem se beneficia bastante, tendo a companhia de um pivô superatlético que pode limpar muitas das duas falhas na defesa. Sabonis talvez não fizesse tanta diferença nesse sentido, enquanto Elfrid Payton ganha um voto de confiança, com a saída de Oladipo.

Atlanta enfim despacha Teague, e Utah se sai ainda melhor em troca tripla

Hill e Teague, cada um no seu quadrado

Hill e Teague, cada um no seu quadrado

Essa conversa vem desde fevereiro. O Atlanta nunca demonstrou muita confiança no jogo de Jeff Teague, mesmo nos dias em que Danny Ferry dava as cartas por lá. Não custa lembrar que o armador chegou a assinar com o Milwaukee Bucks como agente livre restrito, para ver a oferta coberta. Teague chegou ao All-Star em 2015, atingiu a marca de 40% nos arremessos de longa distância na última temporada e, ainda assim, se viu novamente envolto por rumores. O Hawks estava disposto a negociá-lo pelo preço certo, e, meses mais tarde, a 12ª escolha do Draft deste ano, via Utah Jazz, foi o suficiente.

O ganho, na cabeça de Mike Budenholzer, presidente e técnico da equipe, é o de dois em um: a promoção de Dennis Schröder a titular e a mais de 30 minutos por partida e o experimento com o ala Taurean Prince, de Baylor. O novato tem um quê de DeMarre Carroll, mas não só por causa do cabelão. Ele tem basicamente o mesmo porte físico e é igualmente atlético, para fortalecer a defesa no perímetro. O arremesso de três está se desenvolvendo ainda, mas não é que Carroll tenha entrado na NBA como um grande gatilho. O Coach Bud deve entender que seu estafe está mais do que preparado para fazer o mesmo tipo de trabalho com Prince. Traumatizado pelos choques com LeBron James nos últimos anos, podendo perder Kent Bazemore no mercado, vale a tentativa.

Teague foi para Indiana, sua terra natal. Lá, terá a missão de acelerar o ataque, algo que Larry Bird queria ver já durante a campanha que acabou com uma derrota para Toronto pela primeira rodada dos playoffs, em sete partidas. Para esse tipo de proposta, as qualidades de Teague são bem mais favoráveis que as de George Hill, que foi parar em Utah. É mais criativo com a bola, mais agressivo e, sim, muuuuito mais rápido. Sua parceria com Monta Ellis, no entanto, é bastante questionável do ponto de vista defensivo.

Em Salt Lake City, o encaixe de Hill tem tudo para devolver o Jazz, enfim, aos playoffs, se a saúde de seus atletas mais jovens assim permitir. Com Gordon Hayward, Rodney Hood e, eventualmente, Alec Burks e Dante Exum, o técnico Quin Snyder conta com atletas  versáteis e bastante ofensivos, mas jovens. Em momentos decisivos de sua fracassada campanha, faltou uma liderança em quadra. Hill não é necessariamente este cara. Mas vai ajudar a dar estabilidade ao time, sem dúvida, sem precisar fazer mais do que sabe. Se Pau George era a referência em Indiana, agora ele faz o papel de escudeiro para Hayward. Por outro lado, a defesa, que já conta com uma parede imensa formada por Rudy Gobert e Derrick Favors, fica ainda mais forte no perímetro.

Thaddeus Young também vai correr em Indiana
Dando sequência ao seu movimento de aceleração de partículas (waka-waka-waka), Bird também acertou uma transação com o Brooklyn Nets, por Young. O ala-pivô é uma peça interessante para a linha de frente do Pacers, ao lado de Paul George e Myles Turner. A equipe ganha em transição ofensiva desde já e, em meia quadra, terá uma dinâmica promissora: Turner pode agir tranquilamente na cabeça do garrafão, com seu belíssimo arremesso, liberado o garrafão para os cortes com ou sem a bola de George e Young. Em Brooklyn, o novo gerente geral Sean Marks dá início ao seu processo de minirreforma. Com um elenco todo arrebentado, não havia muito o que fazer, mesmo. Young era das poucas peças que poderia atrair a concorrência, e ele ganhou a 20ª escolha o Draft nessa, aproveitada com o ala Caris LeVert, de Michigan. LeVert é um talento especial, com mil e uma utilidades, mas está vindo de uma fratura no pé. A ver no que dá. Fato é que Rondae Hollis-Jefferson, um defensor implacável, com vigor físico absurdo, e o ala-pivô Chris McCullough também terão mais chances para jogar ao lado de Brook Lopez. Isso se Lopez ficar por lá, mesmo.

Mais: A Troca Que Não Foi
É… o Chicago Bulls ficou muito perto de apertar o botão de implosão, mesmo. Não só deixaram Rose no passado como quase mandaram Jimmy Butler ao (re)encontro de Tom Thibodeau em Minnesota. Com nova gestão, o Wolves ofereceu um pacote de Kris Dunn, o armador selecionado em quinto neste Draft, e Zach LaVine pelo ala, que é um dos jogadores mais completos da liga. Depois de maturarem, Paxson e Forman recusaram, com razão, ao meu ver, por mais talentoso que Dunn receba dos scouts. A não ser que Butler tenha se tornado realmente uma figura asquerosa nos bastidores, não há motivo para se apressar em uma negociação dessas.

Sem Rose e Noah pelas redondezas, talvez o ala assuma de vez o comando do time, mas de uma maneira positiva. Resta saber como ele vai reagir a uma negociação que vazou por todos os lados e não dá mais para ser negada. Veja o esforço de Forman para tratar do assunto: “Nós nunca fez nenhuma ligação sobre Jimmy Butler. Nós já conversamos sobre isso, valorizamos Jimmy Butler, estamos muito felizes de ter Jimmy Butler. Nós temos um jogador fenomenal, que é um All-Star e um defensor All-NBA, ainda jovem. Obviamente nós o temos sob contrato de longo prazo, e esses são todos positivos. Ele, novamente, é o que queremos para o time. Dissemos isso o tempo todo. Nós gostamos Jimmy Butler, não o colocamos à venda. Se vamos atender o telefone? Claro que sim. Esse é o nosso trabalho, ouvir as chamadas. Recebemos ligações sobre muitos dos nossos jogadores, e isso é coisa que acontece durante todo o campeonato”.

Thibs, agora, precisa ser criativo para fazer uso de dois armadores como Rubio e Dunn, que defendem muito, mas não têm arremesso. A função dos dois é deixar o jogo mais fácil para o fantástico Karl-Anthony Towns e para Andrew Wiggins. Com a quadra mais apertada, não é o caso. (E não que Butler seja um grande chutado também. Se o negócio estivesse fechado, o Wolves precisaria correr atrás de novas peças complementares.)

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Bombardeio continua, e Warriors completa virada contra OKC
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Giancarlo Giampietro

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Você se mata na defesa. Faz uma dobra, vem a ajuda, e um terceiro atleta encontra um jeito de se aproximar e pressionar o adversário após mais um passe. Esse ciclo ia se repetindo a cada posse de bola. Se não houvesse interceptação nesse processo, era provável que saísse um chute de três pontos marcado. Mas esse chute caía. Sem parar. Os Splash Brothers e o ataque do Golden State Warriors voltaram a castigar os marcadores do Oklahoma City Thunder nesta segunda-feira, e os atuais campeões completaram uma inesquecível virada, agora com um triunfo por 96 a 88. Avançam à final da NBA para uma revanche contra o Cleveland Cavaliers.

De todos os 47 arremessos no perímetro interno que o time da casa tentou neste Jogo 7, só 20 foram certeiros (42,5%). Tamanha a intensidade, a coordenação, a capacidade atlética e a envergadura de seus oponentes. Quase não houve bandeja ou enterrada inconteste. OKC fez tudo o que a cartilha mandava e protegeu seu garrafão com ferocidade.

Mas Stephen Curry e Klay Thompson subvertem o jogo com seus disparos de longa distância. Para comandar a virada dentro da virada — a reação num jogão em que os oponentes voltaram a abrir diferença de dígitos duplos no placar –, os atiradores acertaram 13 bolas de três. No geral, lutando contra a eliminação, os dois converteram inacreditáveis 30 arremessos de fora. São 90 pontos neste fundamento. Sabe quantos todo o time do Thunder marcou nestes 96 minutos? Três vezes menos: 10. (No total, seu time acertou 17 de 37 tentativas exteriores, para 45,9%, contando só o jogo desta segunda.)

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E não é que tenham sido disparos completamente livres, gente. Tinha um Serge Ibaka pondo a mão na cara. Tinha um Kevin Durant correndo e saltando para tentar dar o toco. Seguidas vezes, e não importava. Trocando a marcação, fazendo o abafa em dupla, mudando estratégias e defensores. Billy Donovan tentou de tudo e não encontrou uma resposta eficaz. Talvez porque não houvesse, mesmo. Você joga com a matemática, mas os cálculos que funcionam para 99,9% das equipes não batem com aqueles propostos pelos astros do Warriors. Poucas foram fáceis com a última bomba, para demolir de vez as pretensões de um adversário que os levou às cordas:

Curry foi o cara do jogo, num desempenho adequado para uma campanha histórica. Foram 36 pontos e 8 assistências para ele em 40 minutos e 24 arremessos. Klay Thompson dessa vez parou nas seis bolas de três, marcando 21 pontos em 19 arremessos. Seu desempenho despencou em relação ao Jogo 6 (pudera…), mas o ala foi novamente muito importante para frear uma das típicas arrancadas do Thunder no segundo período da série, quando esquentou a mão depois de um primeiro quarto nulo.

Agora, para ao menos acalmar os mais tradicionalistas, naturalistas ou conservadores, não vamos aqui dizer que a quarta e derradeira vitória do Warriors se limitou apenas aos chutes de fora. Não foi um tiroteio. Muito pelo contrário. Foi um jogo duro, físico, enroscado, como o placar abaixo da marca centenária não deixa mentir. E os vencedores também se garantiram do outro lado, cuidando dos rebotes e da proteção de sua cesta mesmo que Andrew Bogut não tenha feito uma boa partida. Foi um esforço coletivo que levou os visitantes a apenas 38,2% de acerto nos arremessos como um todo e a 25,9% de três e que equiparou a disputa nas duas tábuas, concedendo vantagem mínima a OKC (47 a 46). Foram cinco jogadores com pelo menos cinco rebotes, liderados pelos nove de Draymond Green, e sete com pelo menos quatro. Para fechar, se o Warriors só marcou 34 pontos no garrafão de um lado, concedeu ainda menos do outro: 32.

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O terceiro período foi mais um grande exemplo de como Golden State pode ser um time opressor na defesa, uma tecla que tem de ser constantemente batida, até os céticos inveterados assimilarem. O Thunder acertiou apenas 5 de 19 arremessos nesta parcial e zerou em sete disparos de longa distância. A parcial foi vencida por 29 a 12, abrindo caminho para a vitória. Foi nos minutos finais desse período, aliás, que a dupla brasileira enfim conseguiu influenciar o confronto de modo bastante positivo o rumo do confronto. Com 2min34s, Anderson Varejão foi chamado para o lugar de Festus Ezeli. Menos de 20 segundos depois, Leandrinho substituiu Andre Iguodala. Os dois participaram ativamente de uma sequência de sete pontos sem resposta que levaram o placar de 6 para 13 pontos de vantagem.

Bogut estava mal, Draymond, pendurado com faltas e Ezeli, fugindo dos lances livres, enquanto Marreese Speights não era garantia nenhuma de rebote e defesa. Então Kerr chamou Varejão novamente, sem desistir do capixaba. O pivô respondeu com lances de seus bons tempos. Cavou uma falta na defesa. Atirou-se em quadra. E, de bônus, fez uma bela bandeja, partindo com a bola da cabeça do garrafão para finalizar sobre Enes Kanter e deu ainda duas assistências, sendo uma delas para Leandrinho. Os dois jogaram dois minutos apenas, mas roubaram a cena neste limitado tempo. Como fator mais importante, ajudou seu técnico a preservar alguns de seus protagonistas para a batalha que ainda viria no quarto período.

Aqueles que se limitaram a taxar a derrota de OKC pelo Jogo 6 como simples e tosca amarelada talvez possam rever o discurso. Como pode um time com nervos em frangalhos eliminar o Spurs e, depois de uma tremenda decepção, pressionar os atuais campeões até o limite menos de 48 horas depois? Durant e seus companheiros não se renderam e até mesmo tentaram uma reação nos três minutos finais que seria mais espetacular que a do Warriors na partida anterior. A defasagem era de 11 pontos de folga no placar, mas Durant, praticamente sozinho, baixou para quatro, forçando pedido de tempo de Kerr e muito nervosismo da torcida de Oakland. A 1min39s do fim, estava 90 a 86. Mesmo depois de receber instruções de seu treinador, os anfitriões se atrapalharam no ataque, e Draymond teve de mergulhar em quadra para evitar um turnover. Chamou mais um tempo, apenas 17 segundos depois. Aí, na reposição, Ibaka salvou os caras. Com a posse de bola por estourar, o pivô congolês fez uma falta de Curry quando o armador elevava para o arremesso de três. O MVP converteu todos eles.

Falta inegável, da pior maneira possível, mas de certa forma compreensível: não só Ibaka estava completamente fora de seu habitat como havia sido torturado por Curry nas últimas duas partidas, quando Golden State forçava a troca defensiva e deixava o grandalhão no mano a mano com um dos esportistas mais habilidosos do mundo. Essa mesma estratégia fez com que Billy Donovan abrisse mão de Steven Adams nos minutos decisivos, comprando a ideia de um duelo de ‘small ball’ (sendo que o Thunder nunca fica tão baixo assim) com a Ressurrecta Escalação da Morte de Kerr. Houve muitas críticas a respeito, como se a equipe visitante estivesse se adaptando e fugindo de suas principais características. Não dá para esquecer, porém, que o quinteto com Ibaka e Durant na linha de frente havia rendido muito bem até o Jogo 6 e que, oras, colaborou para esta mesma reação nos minutos finais. Não completaram a virada, mas assustaram os campeões uma última vez.

Ao final da partida, Russel Westbrook saiu em disparada para o vestiário sem cumprimentar ninguém, nem mesmo seus chapas. Já Durant se movimentou com calma e classe, abraçando Curry e o saudando, para, depois, abraçar seus companheiros, o gerente geral Sam Presti e até mesmo o proprietário do clube, Clay Bennett. Se foi de despedida, nós e todos os outros 29 clubes da NBA, incluindo o próprio Warriors, vamos ter de esperar para saber. Era a sombra que pairava sobre a equipe nesta temporada. Por ora, jura que não pensou no assunto. A diferença de postura de um astro para a do outro traduz bem seus estilos contrastantes, mas que elevaram o Thunder à condição de superpotência numa conferência absurdamente competitiva.

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Juntos, Durant e Wess aterrorizam qualquer defesa. Teria sido a saideira? Se foi, não de uma forma que os fãs do armador esperavam. O ala ficou em quadra por 46 minutos e ainda teve fôlego para apertar o jogo no final, fechando sua jornada com 27 pontos em 19 arremessos, além de sete pontos e três assistências. No primeiro tempo, o cestinha se esforçou admiravelmente em envolver os demais titulares da equipe no ataque, ciente das críticas que recebeu pelas besteiras que fez pelo Jogo 6. Tentou apenas cinco arremessos e anotou nove pontos antes do intervalo. Funcionou muito bem: cinco atletas tinham cinco ou mais pontos, e fazia todo o sentido: era como se estivesse preparando terreno para uma eventual explosão na segunda etapa. Só que a defesa do Warriors estava preparada e ainda decidida a ignorar os demais se fosse para atrapalhar os astros. KD dessa vez contra-atacou bem. O mesmo não pode ser dito de seu parceiro.

Westbrook jogou por 45 minutos e flertou com novo triple-double, com 19 pontos, 13 assistências e 7 rebotes. Foram poucos turnovers na sua conta (três), mas, no geral, o que dá para dizer é que ele voltou a se perder em quadra, com uma seleção de arremessos terrível e aproveitamento baixíssimo (33,3%, via 7-21). Na real, boa parte de seus chutes equivocados poderia ser considerada até mesmo como desperdício de bola, dada a improbabilidade do acerto. O craque falhou em controlar o tempo de jogo e se descontrolou na pior hora, no terceiro período, quando o Warriors ameaçava deslanchar. Com ele em quadra, sua equipe teve saldo negativo de 14 pontos. Seus números gerais na série foram de 26,7 pontos, 11,3 assistências, 7,0 rebotes e 39,5% nos arremessos, com 31,7% nos tiros de fora em 5,9 tentativas. Você põe aí os 8,7 lances livres, as 3,7 roubadas e os 4,4 turnovers, e tem um resumo absolutamente perfeito do que ele entrega e tira em quadra, negando a evolução que havia demonstrado durante a temporada.

Estamos falando de uma força da natureza, de um dos atletas mais incríveis do mundo, mas que ainda não encontrou a saída, um modo de controlar seus instintos, vá lá, mais selvagens em momentos mais críticos. A gana de vencer a qualquer custo aliada a seus atributos atléticos nos proporcionam um jogador de basquete único e dominante. O cara deve se sentir invencível. E se perde em arroubos. Perde também para Stephen Curry, que jamais vai tirar a respiração de ninguém por piques ou decolagens em quadra. O MVP, na verdade, prefere encantar, com seu drible manhoso que lhe tira de enrascadas e com seu arremesso espetacular. No decorrer do confronto, foi constantemente desrespeitado pelo seu oponente, que inclusive riu em coletiva quando jornalistas perguntavam se o ídolo do Warriors seria subestimado como defensor. Obviamente que isso tudo não passou despercebido. Muito pelo contrário…

Pelas entrevistas e sua postura em quadra, Westbrook parece ter certeza de sua superioridade neste hipotético duelo. Que, se fossem dois pistoleiros do Velho Oeste, não daria a menor chance ao desafiante. Pode até ser, embora, nas últimas três partidas, com três vitórias, Curry tenha dado boa resposta, com 32,6 pontos, 7,6 assistências, 7,3 rebotes e 16 chutes de fora. O que ele precisa entender é que os grandes talentos geralmente predominam em quadra, nos playoffs, mas quase nunca vão ganhar nada sozinhos. E, mesmo tendo um Kevin Durant ao seu lado, agora sem que estivesse atrapalhado por nenhuma lesão inoportuna, seu OKC fica pelo caminho, mesmo tendo três chances para fechar a série, enquanto o Warriors busca o bi.

Essa questão de desrespeito a Curry não é uma novidade, aliás, mesmo que escrever isso não pareça ter nenhum sentido. São vários os veteranos aposentados que dão voz a um grupo ainda aparentemente grande de críticos que não digerem bem o que Curry apronta. “Porque ele parece ter 12 anos”, respondeu Steve Kerr, na coletiva pós-jogo, dando de ombros. O descrédito ao genial armador também se estende ao time como um todo, aliás. Doc Rivers disse que eles tiveram sorte no ano passado rumo ao título, devido a lesões e eliminações inesperadas. As 73 vitórias desta temporada, recorde que vai demorar para ser incomodado, seriam fruto de uma liga esvaziada, sem o talento de 20, 30 ou sabe-se lá quantos anos atrás.

Agora que derrotaram Durant e Westbrook em uma virada marcante, pode ser que tenham um pouco de sossego. Para eles, essa percepção incomoda um pouco, mas não é nada que os atrapalhe em quadra. Eles seguem em frente e buscam o bicampeonato agora novamente contra os LeBrons. Cientes de que, se a coisa ficar feia, entre tantos recursos, têm justamente a arma que mais incomoda essa turma do contra — ou dos descrentes de suas habilidades, talvez seja o melhor termo. Que é essa capacidade de bombardeio que, contra o Thunder, fez toda a diferença.

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Vai ter Jogo 7. Como Durant e Westbrook vão responder?
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Giancarlo Giampietro

Durant e Westbrook: o último jogo da dupla em OKC? Ou só um deslize?

Durant e Westbrook: o último jogo da dupla em OKC? Ou só um deslize?

O Oklahoma City Thunder teve tudo para fechar a série. Agora, até chegar segunda-feira e o Jogo 7 das finais do Oeste, vai ter de conviver com a ameaça da autoflagelação.

O ginásio estava caótico, estridente. Os jogadores do Golden State Warriors tinham mãos inseguras, com exceção de Klay Thompson, consistente do início ao fim. Estavam mais uma vez vulneráveis. Mas desta vez não teve massacre — o máximo que abriu de vantagem foi de 13 pontos. O time da casa e sua infernal torcida não conseguiram degolar seu oponente na primeira chance que tiveram, tal como havia acontecido nas terceira e quarta partidas. O jogo se estendeu nervoso, então, com Thompson e, depois, Stephen Curry mantendo os atuais campeões a uma distância plenamente alcançável para os Splash Brothers, aqueles dos 70 pontos somados e 17 bolas de três convertidas.

A virada aconteceu, em mais um clássico instantâneo estrelado por essas duas equipes. A chamada “Escalação da Morte” de Golden State reviveu (é realmente um trocadilho irresistível, gente). Os caras mostraram do que são capazes, técnica, tática e mentalmente. Quando se confronta um desempenho desses com o colapso de Kevin Durant, Russell Westbrook e companheiros, a coisa fica muito feia para OKC.

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E aí qual o jargão que o torcedor brasileiro vai usar, então? Claro que é a famigerada “amarelada”. Acho curiosa essa mania. Do ponto de vista tupiniquim, parece não existir a possibilidade de falha. Se um atleta ou uma equipe perdem, só a tremedeira explica. Para quem viu o jogo, não dá para dizer que Durant e Westbrook se omitiram. O problema da duplinha é justamente o contrário: eles pecam por excesso. Não foi a primeira vez. Nem a segunda, se vocês me entendem.

Pode-se argumentar preconceito aqui?  Pois Curry e Thompson centralizaram o ataque do Warriors praticamente da mesma forma, com 52 de 87 arremessos (59,7%), contra 58 de 90 (64,4%). “Temos de viver com alguns arremessos malucos, alguns arremessos errados malucos, porque eles os fazem muito mais do que a média”, disse Steve Kerr, em defesa de seus cestinhas. A diferença é o modo como cada time ataca. Quando acossados, Durant e Wess não souberam jogar com o time e nem mesmo como parceiros. Voltou o bumba-meu-boi de cinco anos atrás, o ataque do cada um por si.


Segundo o departamento de estatísticas da ESPN, o Thunder teve 13 posses de bola nos últimos cinco minutos do jogo — o que a NBA considera oficialmente como “crunch time”. Sabe em quantos desses ataques o time da casa fez mais do que um passe? Em apenas UMA oportunidade. No quarto período como um todo, foram seis assistências para Golden State e nenhuma para Oklahoma City. Estarrecedor.

De tão talentosos e atléticos, aberrações ao seu modo, Durant e Westbrook estão acostumados a se impor contra qualquer mortal. Não tomam conhecimento dos marcadores e, ao mesmo tempo, também podem não reconhecer o que está rolando em quadra. Como ocorreu nesse quarto período desastroso.

A cinco minutos do fim, OKC tinha sete pontos de vantagem. Mas perdeu a partir dali por 19 a 5, quando os dois All-Stars fizeram 12 pontos juntos, erraram 11 de 14 arremessos e ainda cometeram cometeram todos os 6 turnovers da equipe. Não dá para ficar muito mais grave que isso. Klay Thompson, sozinho, teve 19 pontos, 6-9 nos chutes, perdendo a bola apenas duas vezes.

Em sua coletiva, então, Westbrook foi obrigado a engolir o riso, ou gargalhada até, das últimas sessões de perguntas e respostas. Se antes fazia questão de manifestar seu desdém até pelo MVP dos últimos dois campeonatos, nesta madrugada só lhe restou a fala monossilábica e o murmúrio.

Westbrook provocou bastante. Agora tem um Jogo 7 para encarar Curry novamente

Westbrook provocou bastante. Agora tem um Jogo 7 para encarar Curry novamente

Está certo que não foi Curry seu principal marcador primário. Thompson foi quem o perseguiu mais vezes. (Mas a verdade, comprovada pelos números, é que, diante do armador do Warriors, Wess não teve tanto sucesso assim quanto supunha, a despeito do placar geral da série.) E não foi só um defensor que cuidou do cara.

Se alguém quiser rever a partida, reparem o tanto de armadilhas que os campeões armaram. Se passava pela primeira linha defensiva, Andrew Bogut não fazia questão nenhuma de se aproximar. Wess se via então com espaço para chutar. Foi o que fez, com uma infinidade de tiros em flutuação. Ponto para Golden State, que não o deixava chegar ao aro. Além disso, nos dois minutos finais, com o Warriors já à frente, o armador se perdeu numa torrente. Se nos confrontos anteriores, o jogo corrido estava favorecendo totalmente OKC, a coisa virou na pior hora. Draymond Green se redimiu de diversas bobagens e forçou dois turnovers de Russell. Dois dos quatro que ele cometeu nesse curto intervalo.

Acontece que Durant nem pôde reclamar muito, já que também falhou muito. Com mais de 2,10m (Dwight Howard jura que se trata de um ‘seven footer’, de 2,13m), o ala pode chutar por cima de qualquer defensor de perímetro da liga. Um recurso vital para que seja esse cestinha. Mas não o único, claro. Tem sua mecânica rápida, sua habilidade no drible superior à de Klay, sua agilidade etc. Iguodala, todavia, e Harrison Barnes fizeram o que podiam para atrapalhá-lo, contando também com seu desgaste, forçado também pelo empenho louvável que vem tendo na defesa. A última cesta de quadra de KD saiu a 5min09s do fim, depois de recuperar a bola ao ser desarmado pelas mãos ágeis de Iggy. Se foi o seu último jogo pela equipe em Oklahoma, foi a pior despedida possível.

A sucessão de erros levou a dupla de estrelas ao descontrole. Pela primeira vez desde o Jogo 2, então, o Warriors virou o agressor em quadra, levando a melhor até mesmo em transição depois de forçar os turnovers. Foi uma inversão do que havia acontecido na última visita a OKC. Vejam esta cena aqui:

Em uma rara investida em que houve interatividade entre os dois astros locais. Durant fez o corta-luz para Westbrook. O problema é que isso deixou o armador com Iguodala… Que roubou a bola.Como bom passador,  tinha duas excelentes opções: Thompson pela direita, Curry pela esquerda. Na retaguarda, Durant, sozinho, vai fazer o quê? Ficou dividido e chegou atrasado para contestar o 11o chute certeiro de Thompson no perímetro. Splash. Foi uma ação (errada) e uma reação (inclemente), para deixar o Warriors três pontos à frente.

Na bola seguinte, ao menos OKC fez uma jogada com corta-luz fora da bola para KD. O ala se afobou, no entanto, em seu movimento e subiu para o chute com Iguodala pronto para contestar. Por aí fomos. Foi uma decisão equivocada sucedida por outra.

Na hora de dissecar a partida, Billy Donovan vai sofrer. Seu discurso no ano todo era o de que o time precisava de paciência, de movimento e, acima de tudo, confiança mútua. Nada disso aconteceu no momento em que seus atletas passaram por dificuldade. Serge Ibaka anotou 12 pontos no primeiro tempo e só um no segundo. Dion Waiters anotou três pontos em 36 minutos. Não teve pick-and-roll com Steven Adams ou Andre Roberson. Enes Kanter era o mais produtivo, mas não teria ninguém para marcar do outro lado. Como o velho Thunder.

O time vai ser capaz de superar isso? O que pesa mais: o ressurgimento desse trauma do passado ou a memória bem mais positiva do início da semana? Ainda tem um jogo pela frente, em que pese a enorme decepção pelo que aconteceu em casa. Ao rever com o elenco o que se passou nos últimos cinco, seis minutos desse histórico Jogo 6, é provável que seu técnico nem precise dizer muita coisa. Durant e Westbrook já ouviram essa fita trezentas vezes. Como vão reagir é o que mais importa. A dupla tem todas as ferramentas para vencer mais uma em Oakland. Resta saber se vão tentar do jeito mais fácil ou do mais difícil.

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Klay Thompson e o Warriors deixam OKC em desespero
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Giancarlo Giampietro

Klay fez mais pontos que Durant e todo o OKC no quarto período

Klay fez mais pontos que Durant e todo o OKC no quarto período

Andrew Bogut saiu exausto de quadra, sem conseguir combater Steven Adams desta vez. Faltam seis minutos, e o Oklahoma City Thunder vencia por seis pontos também. Pouco depois, Draymond Green cometeria sua quinta falta, nesses rompantes dele. Situação delicada para Steve Kerr. Na hora de encerrar ou prolongar sua temporada, o técnico do Golden State Warriors então decidiu ativar sua badalada “Escalação da Morte”, que não vinha sendo efetiva na série. Talvez fizesse todo sentido, mesmo. É a marca registrada do time. Era viver ou morrer com eles, de todo modo.

Eles sobreviveram. O quinteto composto por Steph Curry, Klay Thompson, Andre Iguodala, Harrison Barnes e Draymond Green venceu esta última parcial por 21 a 8 e conseguiu uma virada histórica, por uma vitória por 108 a 101 em OKC, para forçar o Jogo 7 em Oakland, segunda-feira.

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Os Splash Brothers somaram 70 pontos, ou absurdos 64,8% do total da equipe. O show dessa vez ficou por conta de Klay, que teve um desempenho digno de Hall da Fama ao anotar 41 pontos em 30 arremessos e 39 minutos. Nesse processo de fritura, também quebrou o recorde de bolas de três dos playoffs, encaçapando 11 tentativas. Fez mais chutes de fora do que Kevin Durant e Russell Westbrook no geral. Sozinho, o ala também fez mais pontos que o Thunder em todo o quarto período: 19 a 18 (risos). Veja todas as suas cestas de longe:

Ele não fiou satisfeito, claro. “Poderiam ter sido pelo menos 13, já que errei alguns chutes completamente livre”, disse o ala.  Steve Kerr achou tudo isso bobagem: “O que ele fez foi ridículo, uma das melhores atuações arremessando a bola já vistas”, afirmou o técnico, que sabe uma coisa ou outra do fundamento. 

Depois de um primeiro quarto hesitante, nervoso, Curry foi entrando aos poucos no jogo e terminou com 29 pontos – que devem virar 31 pontos, com uma correção dos mesários –, 10 rebotes e 9 assistências, em 41 minutos. Antes da tempestade Thompson, ele manteve o time vivo no duelo com um terceiro período. E o placar de três pontos da noite foi o seguinte: GSW com 47,7% (21-43), OKC com 13% (3-23). Saldo de 54 pontos para os californianos. É viver e vencer com os Splash Brothers.

Mas não foi só de splash que o Warriors viveu. A defesa também apareceu e permitiu ao poderoso sistema ofensivo dos anfitriões apenas quatro pontos nos últimos 4min48s, liderada pelo eternamente subestimado Iguodala. O cara é o atual MVP das finais, mas a gente pode esquecer facilmente o quanto ele joga. O veterano desarmou, sem ajuda nenhuma, Durant e Westbrook em posses de bola nos últimos três minutos. Fez um trabalho fantástico contra KD no geral, ajudando a limitar o cestinha a 29 pontos.

Opa, peraí: o cara fez os mesmos 29 pontos de Curry, e foi pouco? É que o que contou mais aqui foram os 21 arremessos errados por Durant, oito a mais que o armador. Westbrook também teve dificuldade para fazer cestas. Foram 28 pontos em 27 arremessos, com 17 falhas. Ele somou 11 assistências e 9 rebotes, mas também cometeu cinco turnovers em 43 minutos. E quer saber? Quatro desses desperdícios de bola aconteceram nos últimos dois minutos. O pior de Wess voltou a aparecer na pior hora.

Tudo isso configura uma crueldade, na real, já que pode ter sido o último jogo de Durant como atleta do OKC. Por mais que tenha errado na mira e que Barkley e Shaq já o tenham detonado no intervalo, é preciso entender o contexto. O ala talvez nunca tenha se esforçado tanto na defesa também (com muito sucesso, registre-se), e isso vai interferir do outro lado. O mesmo vale para Curry, aliás, que vem fazendo bom papel contra Westbrook na série. Só nesta partida especificamente que não ficou muito tempo como responsável pela contenção do cara.

Um clássico

Um clássico

Não dá para ignorar que esses números todos foram produzidos num jogo tenso demais. Ou eletrizante. Pode escolher seu adjetivo preferido. Os visitantes fizeram um primeiro tempo fraco, no qual a bola parecia estar pegando fogo (no mau sentido, digo). Cometeram nove turnovers, não acertaram 37% se seus arremessos e ainda viam Curry contido, errando até mesmo dois lances livres seguidos (algo que só havia acontecido duas vezes em toda a temporada). Que tenham ido para o intervalo com apenas cinco pontos de desvantagem, foi praticamente uma vitória. Bem diferente do cenário de terra arrasada dos Jogos 3 e 4. A impressão que fica é que OKC deixou sua grande chance escapar aí. Golden State ao menos compensou com defesa e rebote, vencendo essa disputa. Aí, no segundo tempo, os Splash Brothers fizeram mágica.

Foi uma partidaça. Só temos a agradecer a Warriors e Thunder. Quem se lembra daquele jogo de temporada regular, em fevereiro, por acaso?  Com reação de Golden State novamente e bomba do meio da quadra com Curry?  Foi um clássico instantâneo, obviamente. Mas o que dizer deste Jogo 6, então?

Agora que segunda-feira chegue o quanto antes. A dúvida fica toda direcionada para o emocional de OKC. Deve doer demais essa derrota, e eles têm 48 horas para se recompor. O Warriors já deu sua resposta e mostrou do que seu elenco é feito, com uma formação mortal sem pivôs tradicionais, com seus arremessadores incríveis e uma determinação, um senso de urgência impressionantes. Jogaram como campeões. Aquela confiança, aquele status que são tudo o que Durant e Westbrook buscam.

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Warriors faz o jogo sujo com Bogut para sobreviver na final do Oeste
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Giancarlo Giampietro

Stephen Curry foi aquele que finalizou o serviço, não sem o Oklahoma City Thunder incomodar e assustar mais uma vez — ah, se aquele arremesso de Kevin Durant caísse…

Mas não caiu. E aí a imagem que ficou foi a dos gritos do armador do Golden State Warriors para a sua torcida, avisando que eles não estavam prontos para voltar para casa. Depois de sucessivos malabarismos com a bola. Manobras perigosas no drible em meio aos braços enormes de seus oponentes, mas que, ufa, resultaram em bandejas com o aro escancarado, em vez de turnovers.

Curry provou que é muito mais que um mero (?) chutador, e terminou com 31 pontos em 20 arremessos e 37 minutos e comandou a vitória sofrida pela sobrevivência dos atuais campeões. Vamos ao Jogo 6, sábado. A bola agora está com OKC.

Antes das estripolias do bi-MVP, o que teve de fundamental para o Warriors foi a briga ali embaixo do aro, a de quem faria melhor o serviço sujo e prepararia o terreno para os astros brilharem e ganharem suas manchetes. Dessa vez, Andrew Bogut conseguiu, enfim, fazer se notar seu corpanzil. “Ele foi fenomenal”, disse Steve Kerr. “Pegou os rebotes, pontuou, foi agressivo. Foi fantástico. Pegou 14 rebotes, e obviamente a questão do rebote tem sido um problema para todos que enfrentam Oklahoma City.”

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Sim, o gigante australiano apanhou 14 rebotes, tão relevantes quanto os 15 pontos que anotou, um recorde pessoal em jogos de playoffs, acreditem. Além disso, deu dois tocos e conseguiu três roubadas. Ainda assim, talvez o número mais relevante de sua linha estatística tenha sido o de faltas: apenas três, atendendo a uma cobrança prévia de seu técnico. Se continuasse cometendo faltas sem parar, o pivô não pararia em quadra. Dessa vez, conseguiu se aproximar dos 30 minutos. Antes sua média estava em 13 minutos por rodada.

Bogut deu as caras

Bogut deu as caras

“Quando ele está jogando, melhoramos no rebote e ganhamos um passador a partir do garrafão. Queremos jogar mais com Bogut, mas ele precisa ficar em quadra”, clamou Kerr. O pivô atendeu. “Tive quatro jogos de lixo, então tentei ao menos fazer uma boa quinta partida.  Não queria que a temporada terminasse nesta noite”, afirmou Bogut, que adora a autodepreciação. Coisa rara nesses dias.

Sozinho, o australiano não daria conta de trombar com Steven Adams, Serge Ibaka ou Enes Kanter. Draymond Green, ainda desequilibrado no ataque e flertando com uma suspensão (basta mais uma falta flagrante 2 ou mais duas técnicas) se juntou ao combate. Com 13 rebotes e quatro tocos, cuidou daquelas coisas que primeiro lhe garantiram um emprego na NBA e minutos nesse timaço de Oakland, muito antes dos constantes triple-doubles e arremessos de três pontos. Terminou com 11 pontos em 10 arremessos.

No geral, o placar de rebotes terminou com 45 a 45. Adams e Ibaka somaram 18, mas a força atlética de OKC deu um jeito de compensar: Durant, Westbrook e Roberson somaram 20. Para o Warriors, de qualquer forma, esse empate já vale como uma vitória. Até então, a vantagem do Thunder nesse fundamento era impressionante: 196 a 167. Dividido por quatro partidas, era uma média de mais de 7,0.

Quem também contribuiu nessa batalha interna foi Marreese Speights, mas do outro lado da quadra, com 14 pontos. Se o seu repertório tem se limitado cada vez mais a chutes de média para longa distância, neste Jogo 5 ele atacou a zona pintada e pôs pressão na defesa de OKC, pouco incomodada ali dentro até então. Juntos, Bogut, Draymond e Speights somaram 40 pontos e 29 rebotes. Em pontos no garrafão, a vantagem foi enorme também: 48 a 30.

E claro que na NBA de 2016 essa coisa de pontuar perto da tabela não se restringe aos grandalhões, por mais que os nove rebotes ofensivos de Bogut e Draymond tenham ajudado. O maior volume de cestas do Warriors ali veio com Steph Curry, desfilando para bandejinhas. De seus 31 pontos, dessa vez só nove vieram em chutes de fora. Acreditem. Mesmo Klay Thompson foi machucar a defesa de OKC um pouco mais perto da cesta. Para o ala, apenas 6 de 27 pontos saíram em bolas de longa distância. Interessante.

Curry fez splash mais de pertinho pelo Jogo 5

Curry fez splash mais de pertinho pelo Jogo 5

Agora, estamos aqui enumerando alguns fatores positivos e surpreendentes a favor do Warriors, e, para quem não viu o jogo e nem foi ao Google para checar o placar, pode passar a impressão de que foi uma surra. Não foi (120 a 111). Só acabou quando terminou, mesmo, com o Thunder lutando até mesmo quando o time da casa tinha vantagem de 11 pontos (114 a 103) a 55 segundos do fim.

A torcida já fazia festa, os jogadores perderam um tico de concentração, e isso não se faz quando dois cestinhas amedrontadores como Durant e Westbrook são seus oponentes.  Harrison Barnes, numa série pavorosa, cometeu uma falta ao contestar um chute exterior de KD. Caíram os três. Aí Curry se atrapalhou e foi desarmado por Wess. Cesta e falta de Klay. E o que o furacão de OKC fez? Atirou a bola com força no bico do aro, confiante para apanhar o rebote ofensivo. Aberração que é, naturalmente conseguiu, e o placar era de 114 a 108.  Aí Durant teve a chance de fazer uma cesta se três, live, e não conseguiu, quando o relógio marcava 35 segundos. Se tivesse sucesso, a diferença se reduziria a uma posse de bola. Imagine o soluço coletivo num ginásio bastante barulhento.

Os dois All-Stars do Thunder combinaram para 71 pontos, 14 rebotes e 12 assistências. Só não tiveram a jornada mais eficiente em meio a tanto volume de jogo, errando 36 de 59 arremessos (38,9%). Westbrook cometeu ainda sete turnovers, numa jornada desastrosa até o quarto final. Dessa vez, porém, Roberson foi Roberson no ataque (6 pontos em 34 minutos) e Dion Waiters evaporou (zerado em 27 minutos e quatro arremessos). Serge Ibaka, por outro lado, teve uma noite inspirada nos chutes de longe, com 13 pontos em 10 tentativas de mecânica idêntica, no piloto automático até.

Então temos isso. Num jogo em que muita coisa aconteceu a favor do Warriors, os caras ainda tiveram muita dificuldade. Não conseguiram devolver na mesma moeda, e OKC ainda mandou seu recado no final. Por outro lado, para quem não queria ir embora para casa de jeito nenhum, até uma vitória por meio ponto valeria. Só precisavam sobreviver.

Desde a virada em 2012 contra o Spurs que não víamos o Thunder com tanta confiança, firmeza em quadra. Eles acreditam que são o melhor time e mentalmente parecem prontos para o Jogo 6. A ver. Se a pressão não arrastar Durant e Westbrook com força, Golden State vai ter de se desdobrar no sábado para forçar a sétima partida em Oakland. Vão precisar dos cotovelos de Bogut, dos tiros de fora de Curry e muito mais.

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Por que o time de 73 vitórias está a uma derrota da eliminação?
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Giancarlo Giampietro

Durant surge como força defensiva em escalações (nada) pequenas de OKC

Durant, de quase 2,13m, surge como força defensiva em escalações (nada) pequenas de OKC. Enquanto isso, Draymond entra em crise

Nesta terça-feira, pela primeira vez na temporada, o Golden State Warriors perdeu duas partidas seguidas, se vendo em desvantagem de 3 a 1 contra o Oklahoma City Thunder, pela final da Conferência Oeste. O que quer dizer que o  time recordista de 73 vitórias, atual campeão, está a apenas uma derrota da eliminação. Como chegamos até aqui? Após quatro jogos, com desfecho de certa forma surpreendente, dá para fazer uma boa lista. Seguem sete destes fatores:

1) Este não é o mesmo OKC da temporada regular
Acontece. LeBron James sabe muito bem disso, assim como Tim Duncan e Shaquille O’Neal. Todos esses superastros já participaram de grandes equipes que, ao iniciar sua longa jornada em outubro, estavam cientes de que o que valeria, mesmo, seria aquilo que se apresentasse a partir de abril. Nessa linha, as famosas “rodeo trips” do Spurs acabaram se tornando um símbolo deste longevo período vencedor da franquia. Era quando seu ginásio era fechado para as esporas de verdade fazerem uma bagunça, forçando que o time de Gregg Popovich caísse na estrada, já na reta final de temporada, servindo geralmente como um marco na campanha, ligando o turbo.

Nas últimas duas semanas, os rapazes do Thunder estão com seis vitórias e uma derrota, tendo enfrentado nada menos que Golden State Warriors e San Antonio Spurs, os melhores times da temporada. Conseguiram uma vitória em Oakland e duas em San Antonio, cidades que, durante 82 partidas pelo campeonato, viram suas equipes saírem derrotadas de quadra em apenas três ocasiões.Vai dizer que não é uma surpresa?

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Em termos, sim. Ninguém questiona o talento de Kevin Durant e Russell Westbrook. Na maioria dos confrontos, a equipe teria em quadra pelo menos dois dos três melhores jogadores. Com estes dois no elenco, deveriam ser incluídos obviamente em qualquer lista de candidatos ao título. O que pega é que, no início da campanha – ou até mesmo na chegada aos playoffs –, havia dúvidas quanto aos atletas que o cercavam. Além disso, havia a inconsistência, como o próprio Durant reclamava. Estamos falando ainda de um time que perdeu 27 vezes no campeonato, três a mais do que Warriors e Spurs juntos. Que não se colocou nem mesmo entre as 12 melhores defesas da liga. E que agora virou um rolo compressor.

Neste Jogo 3, eles somaram 16 roubos de bola e 8 tocos. Também venceram a disputa de rebotes por 56 a 40 (isso aqui está de acordo com o normal, por terem dominado a estatística durante toda a jornada). Isso joga muita pressão para cima dos oponentes e, assim como aconteceu com o Spurs, em determinados momentos parece que os jogadores do Warriors estão receosos de atacar, de buscar a cesta, intimidados. Podemos falar de um desgaste mental por parte de Golden State, que é dessas coisas muito difíceis de se quantificar. Mas não dá para tirar o papel de seus oponentes nessa equação. Neste vídeo do Coach Nick, do Basketball Breakdown, vemos alguns lances estranhos dos caras:

2) A aclimatação de Billy Donovan
No caso do Thunder, parece claro não estava planejado que isso acontecesse. Digo, não é que eles tenham entrado relaxados nos primeiros meses de campanha, confiantes de que, chegada a hora mais importante, elevariam seu jogo. Os caras nunca haviam ganhado nada para se permitir esse comportamento. Pelo contrário: se as coisas saíssem mal, isso poderia resultar na despedida de Durant – uma sombra que pairou pelo vestiário o tempo todo, aliás, e pode ajudar a explicar seus tropeços. Por melhor que fosse seu elenco, em uma situação de pressão dessas, o técnico Billy Donovan também não poderia se dar ao luxo, em seu ano de estreia na liga, de dosar esforços, poupar atletas e esconder o jogo para os playoffs. (O torcedor dos Gators, porém, pode argumentar que, entre os moleques, o técnico tinha a fama de fazer suas equipes crescerem nos mata-matas. Então vai saber.)

O fato de Donovan ser um, hã, calouro de NBA pode ajudar a entender esta ascensão, de todo modo. Bicampeão universitário, o técnico tem currículo que não pode ser questionado. Sob sua supervisão, o programa do Florida Gators enviou 19 atletas para a grande liga, sendo que dez ainda estão em atividade. Agora, entre o basquete universitário e o profissional, há uma grande diferença. Por isso, em seu estafe estão dois antigos “head coaches” como Maurice Cheeks e Monty Williams. Precisava de ajuda, mesmo, pois essa transição pede um ajuste para qualquer cabeça basqueteira, mesmo a de um vencedor como esse. E aí vale lembrar que, durante a campanha, Cheeks ficou longe por um mês e meio, devido a uma cirurgia no quadril, enquanto Williams se afastou do time depois de perder a mulher em um acidente de carro. Foi um período obviamente muito difícil, no qual um irmão de Dion Waiters e um dos proprietários do clube também morreram, mas no qual o poder de liderança do treinador se manifestou e se fortaleceu.

O treinador vem fazendo agora um trabalho excepcional contra os gigantes da liga e concorrentes formidáveis como Gregg Popovich e Steve Kerr. Peguem a situação de Enes Kanter, por exemplo. O pivô turco foi fundamental no triunfo sobre o Spurs e recebeu 26,3 minutos em média nas últimas três partidas da série, ajudando a equipe a dominar o garrafão. Contra o Warriors, o que Donovan decidiu? Optar por uma formação mais baixa (supostamente) e jogar menos com Kanter, que ficou apenas nove minutos em quadra nesta terça e está com média de 15,0 pela final de conferência. Está dando certo. A rotação também ficou mais enxuta. Nada de Nick Collison, Kyle Singler (inexplicável a queda de rendimento) e do calouro Cameron Payne, que ainda vai dar o que falar, mas não agora.

Donovan, ex-armador do Knicks, assume o controle em OKC

Donovan, ex-armador do Knicks, assume o controle em OKC

3) A “Escalação da Morte” do Warriors não está matando ninguém
Stephen Curry, Klay Thompson, Andre Iguodala, Harrison Barnes e Draymond Green. Vocês sabem, né? Esse quinteto sem pivôs tradicionais se tornou um terror para toda a liga. Nesta temporada, quando o Golden State usou essa formação, conseguiu um incrível saldo de 47,0 pontos por 100 posses de bola. Entre os quintetos que foram utilizados ao menos por 100 minutos, foi disparado o de melhor rendimento, superando, por sinal, outros dois do Warriors. Pois, nos últimos dois jogos em OKC, este time saiu com saldo negativo de 39 pontos em 19 minutos.

É aí que entra a redução no papel de Kanter, ou até mesmo de Steven Adams, que não passou dos 25 minutos pelos Jogos 3 e 4, depois de brilhar na abertura da série em Oakland. Em vez de marretar os campeões com um time mais alto, Donovan vem optando, com muito sucesso, por um quinteto mais flexível (mas que não pode nem a pau ser chamada de “baixa”), com Ibaka e Durant na linha de frente, acompanhados de Andre Roberson, Dion Waiters e Russell Westbrook. Juntos por 14 minutos nesta terça, eles fizeram um saldo de 26 pontos para os anfitriões, com parcial de 46 a 20. Se for para medir também por 100 posses de bola, essa escalação descoberta por Donovan tem vencido por 68,5 pontos (gah!). De novo: sessenta-e-oito-vírgula-cinco-pontos.

4) Draymond Green, caçando borboletas
Se a “Escalação da Morte” não está fazendo efeito, isso tem a ver com a efetividade de seus marcadores, mas também envolve seus próprios integrantes, que não estão produzindo conforme o esperado. Um deles é Draymond Green, que, ao final da partida, deu licença aos jornalistas que cobrem o time a criticá-lo sem dó. Que a coisa foi feia, mesmo. O líder emocional do Warriors até pegou 11 rebotes, mas terminou com o mesmo número de pontos e turnovers: seis. Também errou seis de seus sete arremessos.

Geralmente uma das figuras mais assertivas da NBA, dentro e fora de quadra, daqueles que nunca passa despercebido. Dessa vez ele foi notado desde o início por seus passes desgovernados e a indecisão em geral com a bola, num comportamento bastante estranho, de quem até parecia constrangido pelo fato de não ter sido suspenso após seu entrevero com Steven Adams. Nas duas derrotas em OKC, seu time teve um saldo negativo de 73 pontos nos minutos em que esteve em quadra. Algo totalmente bizarro para o jogador que, na temporada, liderou a liga em plus-minus, com 1.070 pontos de saldo. Pense nesse contraste. “No final das contas, sei que tenho de ir muito melhor no Jogo 5. É tudo ou nada. Trabalhamos muito para sermos eliminado desta forma. Não seria capaz de conviver comigo mesmo durante todo o verão se formos perder assim”, disse. Draymond vai lutar, vai se impor? Ele nos acostumou a isso. No momento, estão todos com dificuldade para entender a apatia da equipe. “Sou a fonte de energia desta equipe, e não tenho feito isso. Acho que nossa energia vai de acordo com a minha, e tenho sido horrível.”

5) Stephen Curry está bem, segundo Kerr. Mas, não
O MVP dos últimos dois campeonatos voltou de uma torção no joelho e deu um show em Portland. Depois, para igualar a série em Oakland, anotou 15 pontos em dois minutos do segundo quarto pelo Jogo 2, numa dessas exibições que não fazem o menor sentido. Então é difícil realmente apontar para sua contusão e dizer que o fraco desempenho nos últimos dois jogos seja resultado daquilo. Afinal, ele já teve seus momentos de brilhantismo nestes playoffs. Segundo Steve Kerr, o armador não está sentindo nada fisicamente. “Ele não está machucado. Está voltando depois do susto, mas não está lesionado. Ele teve apenas uma noite péssima. Acontece, mesmo para os melhores jogadores do mundo”, disse o técnico.

No geral, porém, percebe-se um Curry relativamente fora de sintonia, de acordo com o alto padrão apresentado nos últimos anos. O que mais chama a atenção é o elevado número de turnovers. Desde que retornou ao time, já foram 24 turnovers em seis partidas, ou quatro por jogo. Contra OKC, essa tem sido praticamente a mesma média em assistências (4,5). Depois, é só ver que ele acertou *apenas* 37,1% de seus arremessos de três e que, no geral, seu aproveitamento de quadra é de 41,9%, coisa para Allen Iverson. Nesta terça, ele matou apenas 2-10 de fora, e cinco de seus oito erros foram sem marcação. Não tem sido o melhor Curry contra uma defesa que está fazendo do seu melhor para atrapalhá-lo. Está difícil para agir em meio ao caos que os superatletas do Thunder causam, algo inesperado para um time que adora jogar em alta velocidade. Seus oponentes só são mais rápidos e fortes. O Warriors levou mais de 70 pontos em dois jogos seguidos, e essa hemorragia vem de momentos de descontrole dos atuais campeões, que não conseguiram 1) correr de modo organizado e 2) mudar o ritmo da partida. Isso fica sob responsabilidade de seu armador. “Tenho de melhorar nisso e entender o momento, as situações em que o jogo pode pender de um lado para o outro”, disse. “Nas últimas duas partidas, o jogo fugiu de nós. Muito disso fica sobre meus ombros.”

Pensando nisso, com Curry já pressionado no ataque, é estranha a decisão de Kerr de colocá-lo para marcar uma força da natureza como Westbrook. Por ora, o condutor do Thunder tem sobrado.

6) Andre Roberson não é mais um cone
Steve Kerr fez isso no ano passado com Tony Allen e estava preparadíssimo para repetir a estratégia contra o ala do Thunder: simplesmente ignorá-lo na defesa, para tentar usar cinco defensores contra quatro atacantes. Para quem não se lembra, foi o grande ajuste realizado pelo técnico na série contra o Memphis Grizzlies, colocando Andrew Bogut para ‘marcar’ Allen. Na verdade, o pivô ficava o mais distante possível do ala, ciente de que ele não representava ameaça nenhuma como chutador, ao passo que poderia congestionar o garrafão e oferecer mais resistência a Zach Randolph e Marc Gasol. Para alguém que acertou apenas 31,1% de seus arremessos de três na temporada, Roberson parecia um ótimo candidato a receber o mesmo tratamento. A diferença é que Draymond Green seria o hipotético marcador – na verdade, o ala-pivô ganhou liberdade total para flutuar pelo perímetro interno e tentar se intrometer entre os All-Stars do Thunder e a cesta.

Funcionou apenas no Jogo 2. Desde então, vem sendo uma furada, e a razão não é porque Wess e Durant são muito bons e não se atrapalham com uma dobra, tampouco pelo fato de Roberson ter acertado seis chutes em 11 tentativas na série (54,5% de aproveitamento, mas com volume muito baixo). O maior problema aqui foi a resposta que Donovan deu a essa ousada cartada de Kerr. Em vez de deixar seu titular estacionado na zona morta – como aconteceu contra o San Antonio, em série na qual ele estrangulou o ataque do time –, o técnico agora o envolveu mais no ataque, como verdadeira arma. Sinceramente, foi genial.

O SB Nation publicou um artigo que explica tudo em detalhes, com ótimos vídeos. Mas, basicamente, é o seguinte: o ala tem feito corta-luzes na cabeça do garrafão e mergulhado para ser acionado no pick-and-roll. Quando está do lado contrário, ele corta para a cesta pelo fundo, nas costas da defesa, toda concentrada no que Durant ou Wess vão fazer. O importante é que ele continue se movimentando e que seus companheiros estejam atentos para aproveitar as brechas. Roberson pode não ser um exímio atirador de longa distância, mas é atlético e rápido para ir para a cravada ou uma bandejinha. Fez 17 pontos, seu recorde pessoal, e ainda apanhou 12 rebotes  no Jogo 4, e Donovan se divertiu: “É engraçado. Depois do Jogo 2, as pessoas estavam perguntando se este cara iria até mesmo jogar no restante da série. Mas o Andre é um bom jogador, e acho que por vezes podem ignorar que ele faz jogadas vencedoras”. Aqui está o ala recebendo um passe de beisebol de Adams, sozinho debaixo da tabela:

7) A lobotomia de Dion Waiters
O ala-armador exigiu muita paciência de diretores, técnicos e jogadores em Cleveland. Até que chegou o momento em que ninguém aguentava mais, muito menos LeBron e Kyrie. O gerente geral David Griffin percebeu que precisava chacoalhar as coisas, que David Blatt precisava de reforços, e aí sobrou para o talentoso, mas problemático Waiters, que ainda despertava um pouco de interesse ao redor da liga. Antes tarde, do que nunca, para tirar algum lucro da quarta escolha do Draft de 2012.  O cara é talentoso. A questão sempre foi que ele entendesse quais seus limites em quadra e quem está ao seu redor. Aceitar um papel de coadjuvante sem resmungar pelos cantos, sem perder a intensidade, mantendo uma postura positiva em quadra.

O Thunder já conta com dois cestinhas fantásticos. Ao lado de Durant e Westbrook (como era o caso com o Big 3 de Cleveland…), uma terceira opção ofensiva não precisa carregar muita carga, mas tem de saber o momento certo de atacar e criar. Depois de muito custo, com uma temporada regular nada impressionante, Waiters encontrou seu espaço nestes playoffs. Na defesa, está combatendo quem quer que lhe caiba, depois de pegar gosto pela coisa em sua batalha com Manu Ginóbili. No ataque, parou de forçar a mão, arremessando com eficiência (46,2% de três) e, mais positivo ainda, tem feito a bola girar, dando 3,3 assistências por partida, contra apenas 1,0 turnover.

Essa produção de Waiters, confesso, não estava nas minhas contas. Jamais imaginaria vê-lo render mais que Shaun Livingston na série, por exemplo. Com ele e Roberson desempenhando papéis além da conta, Donovan viu sua rotação se fortalecer para fazer frente a dois timaços. Só KD e Wess não dariam conta.

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OKC atropela Warriors. Tudo dentro da normalidade?
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Giancarlo Giampietro

Chega uma hora em que a graça acaba

Chega uma hora em que a graça acaba

Em público, aconteceu em todos os níveis:

– No banco, os titulares do Golden State Warriors davam risada sabe-se lá do quê.

– Enquanto isso, em sua conta no Twitter, a assessoria de imprensa do time nos informava sobre recordes pessoais de Ira Clark e Brandon Rush no quarto período.

– Pouco depois, já com o placar definido em 133 a 105 definido a favor do Oklahoma City Thunder, Steve Kerr usava seu hilário tom sarcástico para dizer que, com um pouquinho mais de sorte, seu time poderia ter vencido.

Depois de sofrer a pior derrota desta fase mágica, os atuais campeões deram a entender que encaravam a surra levada pelo Jogo 3 da final do Oeste com a maior naturalidade possível. Se foi forçado, ou não, só eles vão saber dizer, intimamente. Como equipe que já se viu nesta situação antes, normal que tenham reagido desta maneira. Até para não deixar seu perigoso oponente ainda mais confiante.

Nesta temporada, o Warriors ainda não perdeu duas partidas consecutivas. Mais: no ano passado, contra Memphis e Cleveland, o time também esteve atrás do placar geral da série por 2 a 1, só para sacar tudo sobre seu adversário, vencer os próximos três jogos e fechar ambas as séries rumo ao título. Além do mais, bastará que superem OKC por meio ponto de diferença para que empatem tudo e recuperem a vantagem do mando de quadra.

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Agora, em nenhum momento destes confrontos do ano passado, eles levaram uma pancada destas, a mais severa que este núcleo já tomou. Em números, a derrota para o Portland Trail Blazers por 32 pontos, em fevereiro, foi maior. Mas, pois então: era fevereiro, na volta do All-Star. Quem se importa com isso na última semana de maio? Nem Damian Lillard.

O que interessa para Steve Kerr é tentar entender o que aconteceu em quadra a partir da marca de 8min10s do segundo período, quando os times estavam empatados por 40 a 40. Nos próximos 20 minutos, OKC venceria por 77 a 40, chegando ao final do terceiro quarto com 117 a 80. Russell Westbrook e Kevin Durant não precisariam jogar mais, e por isso os 28 pontos finais nem valem para nada. Em 36 minutos, a vantagem era de 37 pontos, algo inacreditável. Né, Waiters? “Nem tinha me tocado do que estava acontecendo no placar. Vocêf fica tão envolvido com o jogo. A atmosfera estava incrível. Cara, isso é uma loucura. Nem sabia”, afirmou o ala reserva. Os 117 pontos foram a terceira maior quantia de um jogo de playoffs em 36 minutos, após os 124 feitos pelo Milwaukee contra o Philadelphia em 1970 e os 120 do Dallas contra o Seattle (antigo OKC) em 1987. É coisa para rever o jogo com mais paciência nesta segunda-feira e voltar aqui para explicar melhor. A defesa do time reagiu muito bem a essa formação, caprichando nas trocas, por exemplo, sendo que no ataque não houve problema de espaçamento pelo fato de Roberson não estar ao lado de Adams.

Em 81 posses de bola nos três primeiros quartos, os donos da casa tiveram um índice ofensivo de 144 (uma projeção de 144 pontos por 100 posses, no caso; para dimensionar isso, basta saber que o índice do Warriors pela temporada regular foi de 112,5). No terceiro período especificamente, foram 45 pontos em 26 posses. Índice ofensivo de 173 pontos.

O pior, para Kerr, será constatar que esse placar todo foi construído com Andre Roberson em quadra. O homem que sua defesa supostamente deveria ignorar para se concentrar em gente como Durant e Wess, sabe? Com o ala e os dois astros acompanhados por Dion Waiters e Serge Ibaka, o saldo do Thunder foi de 30 pontos. Diante desses caras, veja como ficou o saldo dos principais integrantes da chamada escalação da morte de Golden State:

Que paulada. Isso é um problema enorme para se resolver,  pois como você certamente já reparou, nem Steven Adams, nem Enes Kanter foram mencionados no trecho acima. O que quer dizer que OKC levou a melhor com uma formação mais baixa, algo inesperado no tabuleiro desta série, depois do que haviam feito contra San Antonio e contra o próprio Warriors pelo Jogo 1 da série. Billy Donovan e seus atletas vão mostrando suas diversas facetas.

Tudo fica bem mais fácil de funcionar quando Durant e Westbrook fazem seu melhor simultaneamente, claro. Em três quartos, eles tinham 63 pontos, 16 rebotes e 14 assistências juntos, com 20 arremessos certos em 34. Dos 117 pontos do time, eles haviam participado de 83 direta ou indiretamente, com cestas e assistências.

O desempenho de Westbrook, aliás, é uma tremenda notícia para Donovan. Se no terceiro período do Jogo 1, o armador foi preponderante para a vitória, no geral, contra este Warriors, o mais normal foi vê-lo amassar o aro. Em oito partidas contra o time dirigido por Kerr até este domingo, segundo levantamento do setorista Ethan Sherwood Strauss, do ESPN.com, ele havia convertido apenas 34% de seus arremessos (61-180).

Se já não fosse dor-de-cabeça demais, Kerr e sua comissão técnica ainda vão precisar esperar pela decisão do comitê disciplinar da liga quanto a Draymond Green, que, enfim, cedeu às tentações de agredir Steven Adams. Ou pelo menos é isso que diretoria, torcida e o pivô do Thunder vão tentar vender após, digamos, o pé do All-Star atingir as partes baixas do neozelandês. Uma falta flagrante foi marcada. “Já havia acontecido antes, cara. Ele é bastante preciso”, disse Adams. Esta imagem:

A enrascada e armadilha maior aqui é que a NBA acabou de suspender Dahntay Jones, o 15o homem da rotação do Cavs, por lance teoricamente parecido contra Bismack Biyombo, no sábado. Vai depender da interpretação, claro, além do aspecto político, inevitável. Uma coisa é dar um gancho em um veterano que nem deveria ter saído da D-League este ano. Outra é num dos melhores jogadores da atualidade.

O técnico do Warriors diz que nem pensa em eventual punição, completando ainda que o certo seria até anular a falta flagrante. Da sua parte, ainda em missão diplomática, Draymond afirmou que à procura de Adams após a partida para pedir desculpas e dizer que não havia sido intencional. Se for suspenso, será o maior toco que o pivô neozelandês poderia ter dado em sua controversa e jovem carreira.

Assim, foi um jogo de impacto, independentemente da condição de Green. O Warriors vai realmente se empenhar em dizer que está tudo bem, conforme seu poder de reação sugere. Passado o furacão, ou melhor, o trovão, vai poder lembrar, inclusive, que o Jogo 2 foi 118 a 91 a seu favor, e que nem faz tanto tempo assim, mesmo para quem vive intensamente o ciclo de 60 segundos por minuto de notícias.

Ah, só para não deixar passar batido: Clark e Rush conseguiram suas melhores marcas de rebotes pelos playoffs, com, respectivamente, sete e quatro cada. Está registrado.

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Steven Adams emerge para causar alvoroço no Oeste
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Giancarlo Giampietro

Não há nem sangramento que segure Adams contra os melhores do Oeste?

Não há nem sangramento que segure Adams contra os melhores do Oeste?

Quando o San Antonio Spurs contratou LaMarcus Aldridge, renovou com Tim Duncan, manteve Boris Diaw e ainda fez questão de fechar com David West e Boban Marjanovic, ficou claro: Gregg Popovich queria voltar aos tempos de jogo pesado no garrafão, para tentar fazer paçoca dos adversários e, ao mesmo, se preparar para um eventual embate com o Golden State Warriors. Não dava para correr, duelar em tiros de três pontos ou flexibilizar com eles, acreditava.

Bom, acontece que sua linha de frente envelhecida não conseguiu lidar com a do Oklahoma City Thunder pelas semifinais da conferência. E o duelo como os veteranos do time texano serviu como um bom aquecimento para Steven Adams e amigos. Ao lado de Serge Ibaka e Enes Kanter, o neozelandês saiu de quadra nesta terça-feira mais uma vez dominante, para conduzir seu time a uma intrigante vitória por 108 a 102, para roubar o mando pela final do Oeste.

O emergente pivô combinou 16 pontos com 12 rebotes e 2 tocos em raríssimos 37 minutos de ação por Billy Donovan, 12 acima de sua média nas últimas duas temporadas. Se o técnico mal tirou o folclórico gigante de quadra, é porque não dava, mesmo. A produção de Adams não o permite: com ele patrulhando o garrafão e finalizando com propriedade, seu time teve saldo favorável de 19 pontos.

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Foi o quarto double-double seguido pata o bigodudo nestes playoffs. Nestes quatro jogos, ele anotou surpreendentes 59 pontos, ou, podemos arredondar, 15,0 por rodada. Em termos de rebotes, se formos levar em conta as seis últimas partidas, foram 73, ou 12,1. Chegou a hora de treinadores adversários se prepararem melhor para marcar o kiwi em seus mergulhos no garrafão. Como se lidar com Kevin Durant e Russell Westbrook não fosse o suficiente.

Depois de bater Tim Duncan com vigorosa facilidade, pelo Jogo 1 da final de conferência foi a vez de fazer Andrew Bogut parecer bem velho, mesmo (só 3 rebotes, 2 tocos e nenhum arremesso tentado em 17 minutos). Quer dizer: Duncan e Bogut estão travadões, mesmo. Para ajudar, besta batalha de monstrengos da Oceania, o gigante australiano está se recuperando de um estiramento no adutor direito, ficando ainda mais limitado em seus deslocamentos.

Adams tenta segurar Curry no perímetro. Antes de declaração infeliz

Adams tenta segurar Curry no perímetro. Antes de declaração infeliz

Adams está se esbaldando em jogadas de pick-and-roll e nos rebotes ofensivos, prevalecendo atleticamente, mas também mostrando mais agressividade e habilidade para pontuar ao redor da cesta. Está claramente mais confiante, desenvolto, ganhando o respeito de seus companheiros. Isso aumenta muito sua cotação, para ir além da imagem de grandalhão atlético, enérgico, bom no rebote, mas marreteiro. De repente, a dupla Durant-Wess ganhou a companhia de um terceiro cestinha, e melhor: alguém cujo estilo se molda adequadamente ao que costumam fazer no ataque. Ao contrário de James Harden, que precisa criar com a bola em mãos.

Sempre o Harden, né? Até porque é difícil apagar uma transação dessas dos registros. Mas a menção aqui não é tão gratuita. O pivô neozelandês é justamente a única peça que veio naquela troca que ainda jogando para valer por OKC — Mitch McGary ficou para depois. Obviamente que Adams não é mais valioso, um jogador superior ao Sr. Barba. E também resta saber como o Warriors vai fazer para marcá-lo daqui para a frente. A série só começou. Mas o gerente geral Sam Presti deve estar se sentindo bem ao ver o desempenho recente do atleta.

Que Adams e Kanter tenham conseguido jogar juntos até contra a “escalação da morte”  dos atuais campeões, sem sofrer na defesa, então, é para fazer o chefinho de OKC pedir aumento. Isso muda tudo no tabuleiro.

No final do primeiro,.Donovan tentou usar Durant e Ibaka em sua linha de frente, numa formação mais leve. De imediato, Steve Kerr também rebaixou seu time, lançando a temível formação com Draymond Green como pivô solitário. Restando 4min04s, os anfitriões ampliaram sua vantagem de seis para 13 pontos.

No segundo tempo, não teve dupla light na zona pintada para Donovan, que voltou a apostar na parceria que deu tão certo pelos períodos finais contra o Spurs: Adams e Kanter. Juntos, os dois jogos pivôs deram saldo de 14 pontos para OKC em 7min45s. No geral, nos 24 minutos após o intervalo, a defesa do time forçou muitos turnovers, soube marcar os arremessos de fora e, completando o serviço, ainda contestou ou amedrontou os perigosos cestinhas do Golden State, que acertaram 8 de 19 arremessos de curta distância, aquela que vão se tornando uma especialidade de Adams. Dominando os rebotes a partir dos erros, tiraram velocidade da partida. No quarto período, o quinteto mortal da casa apanhou, sendo superado por -19,5 pontos por 100 posses, marca que ficaria bem abaixo até mesmo do Philadelphia 76rs no decorrer do campeonato.

Esse tipo de desempenho defensivo, consistente, não deixa de ser surpreendente. Durante a temporada regular, o Thunder intimidava poucos quando tinha de proteger sua cesta. Era o time que nunca tinha uma vantagem absolutamente segura. Como quando perdeu para o Los Angeles Clippers com folga aparentemente inapelável de 17 pontos no Staples Center. À época, Durant reclamou: “Eles tiveram disciplina, nós, não. Se quisermos virar um grande time, do modo como estamos jogando, estamos nos enganando”.

Contra o Warriors, na hora decisiva, foram muito mais sólidos marcando. Foi dessa forma que OKC venceu um jogo em que Durant e Westbrook converteram apenas 17 de 51 arremessos e no qual o time como um todo fez apenas uma cesta em oito tentativas durante o “crunch time”, fora de casa, contra um adversário que teve mais descanso (mas com Steph Curry também à procura de seu melhor ritmo, a despeito do show que havia dado em Portland — 26 pontos em 22 arremessos e sete assistências para sete turnovers).

A defesa fica mais forte com Adams em quadra. Se ele não representasse uma ameaça no ataque, seria muito difícil mantê-lo em um jogo de playoff, por comprometer o espaçamento. Como este terror, que tudo crava, pode, na verdade, contribuir para seus companheiros, puxando a marcação para dentro, como Tyson Chandler fazia por Dallas. Quando questionado durante a série contra o Spurs sobre esse paralelo, o neozelandês se surpreendeu.

À distância, parece natural o desenvolvimento de um pivô de 22 anos que passou a jogar em um grande centro apenas aos 19, quando recrutado pela Universidade de Pittsburgh. “Tudo isso (de progresso) acontece muito devagar. Vai levar um bom tempo ainda para eu chegar ao nível que quero. Estou bem distante, mas estou me esforçando. Estou acostumado com longas jornadas”, afirmou ao jornalista Brian Windhorst, do ESPN.com. “Eu me tornei um viciado em melhorar.”

Vigor de Adams foi importantíssimo para OKC eliminar San Antonio

Vigor de Adams foi importantíssimo para OKC eliminar San Antonio

Foi mais um desses perfis em somos lembrados sobre como Adams tem 17 irmãos e uma deles é bicampeã olímpica como lançadora de peso e sobre como ele vem de uma cidade ao Norte da Nova Zelândia, Rotorua, de 60 mil habitantes que atrai turistas devido a suas atrações termais, com direito a geysers que liberam enxofre. O que, nas palavras do rapaz, faz o local cheirar a… Precisa completar? Sim, infelizmente, para entendemos outra declaração mais polêmica desta terça. “Parece que alguém peida em sua cara o tempo todo”, diz

Quem acompanha o noticiário de OKC sabe que Adams é deste jeito. Não é dos mais recatados, digamos. Então é preciso cuidado antes de julgá-lo racista quando se referiu aos cestinhas do Warriors como “rápidos macaquinhos”. Obviamente que gerou polêmica, e, mais tarde, em entrevista ao USA Today, teve de pedir desculpas. Disse que a frase vinha de um dialeto de sua cidade natal. “Foi uma escolha infeliz de palavras. Não estava pensando direito. Estava tentando apenas expressar o quão difícil é perseguir estes caras. No dialeto, é diferente. Palavras diferentes, expressões diferentes, coisas do tipo. Estou assimilando, cara, ainda tentando descobrir quais os limites, mas eu definitivamente os ultrapassei hoje.”

Então. É o mesmo Adams que, na entrevista a Windhorst, comenta sobre uma refeição que experimentou em Taiwan. “Teve um prato que comi lá cuja tradução do nome é ‘O Monge Pula a Cerca’. É um prato de peixe com todos esses temperos. Era lindo, cara, era poesia. Tinha toda uma história”, disse.

Nem todo mundo está acostumado a pensar ou mesmo ouvir coisas dessas. Mas fique preparado. Quanto mais exibições de alto nível Adams tiver por OKC, maiores as chances de sair frases do tipo. Bem diferente de um Duncan ou de Aldridge. Mas esses caras não passaram. O problema do Golden State ainda é grande do mesmo jeito.

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