Vinte Um

Arquivo : Ibaka

Mercado da Divisão Nordeste: Boston está chegando lá
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Giancarlo Giampietro

Quem já leu os textos sobre a Divisão Central, a Divisão Pacífico, a Divisão Sudeste e/ou a Divisão Noroeste pode pular os parágrafos abaixo, que estão repetidos, indo direto para os comentários clube a clube. Só vale colar aqui novamente para o marujo de primeira viagem, como contexto ao que se vê de loucura por aí no mercado de agentes livres da NBA

As equipes da NBA já se comprometeram em pagar algo em torno de US$ 3 bilhões em novos contratos com os jogadores, desde o dia 1º de julho, quando o mercado de agentes livres foi aberto. Na real, juntos, os 30 clubes da liga já devem ter passado dessa marca. Cá entre nós: quando os caras chegam a uma cifra dessas, nem carece mais de ser tão preciso aqui. Para se ter uma ideia, na terça-feira passada, quarto dia de contratações, o gasto estava na média de US$ 9 mil por segundo.

É muita grana.

O orçamento da liga cresceu consideravelmente devido ao novo contrato de TV. O teto salarial subiu junto. Se, em 2014, o teto era de US$ 63 milhões, agora pode bater a marca de US$ 94 milhões. Um aumento de 50%. Então é natural que os contratos acertados a partir de 1o de julho sejam fomentados desta maneira.

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Vem daí o acordo acachapante fechado entre Mike Conley Jr. e Memphis Grizzlies, de US$ 152 milhões por cinco anos de duração, o maior já assinado na história. Na média anual, é também o mais caro da liga. O que não quer dizer que o clube o considere mais valioso que Durant e LeBron. É só que Robert Pera concordou em pagar ao armador o máximo que a franquia podia (no seu caso, com nove anos de carreira, 30% do teto salarial), de acordo com as novas regras do jogo.

Então é isto: não adianta ficar comparando o salário assinado em 2012 com os de agora. Se Stephen Curry, com US$ 12 milhões, ganha menos da metade de Conley, é por cruel e bem particular conjuntura. Quando o MVP definiu seu vínculo, estava ameaçado por lesões aparentemente crônicas e num contexto financeiro com limites muito mais apertados. Numa liga com toda a sua economia regulamentada, acontece.

O injusto não é Kent Bazemore e Evan Turner ganharem US$ 17 milhões anuais. O novo cenário oferece isso aos jogadores. O que bagunça a cabeça é o fato de que LeBron e afins não ganham muito mais do que essa dupla, justamente por estarem presos ao salário máximo. Esses caras estão amarrados de um modo que nunca vão ganhar aquilo que verdadeiramente merecem segundo as regras vigentes, embora haja boas sugestões para se driblar isso.

Feito esse registro, não significa que não exista mais o conceito de maus contratos. Claro que não. Alguns contratos absurdos já foram apalavrados. O Lakers está aí para comprovar isso. Durante a tarde de sexta-feira, recebi esta mensagem de um vice-presidente de um dos clubes do Oeste, envolvido ativamente em negociações: “Mozgov…  Turner…  Solomon… Sem palavras”. A nova economia da liga bagunça quem está por dentro também. As escorregadas têm a ver com grana, sim, mas pondo em conta o talento dos atletas, a forma como eles se encaixam no time, além da duração do contrato.

Então o que aconteceu de melhor até aqui?

Para constar: o blog ficou um pouco parado nas últimas semanas por motivo de frila, mas a conta do Twitter esteve bastante ativa (há muita coisa que entra lá que não vai se repetir aqui). De qualquer forma, também é preciso entender que, neste período de Draft e mercado aberto, a não ser que você possa processar informações como um robô de última geração como Kevin Pelton, do ESPN.com,  o recomendável não é sair escrevendo qualquer bobagem a cada anúncio do Wojnarowski no Vertical. Uma transação de um clube específico pode ser apenas o primeiro passo num movimento maior, mais planejado. A contratação de Rajon Rondo pelo Chicago Bulls no final de semana muda de figura quando o clube surpreende ao fechar com Dwyane Wade, por exemplo. No caso, fica ainda pior.

Agora, com mais de 20 dias de mercado, muita coisa aconteceu, tendo sobrado poucos agentes livres que realmente podem fazer a diferença na temporada, deixando o momento mais propício para comentários:

Boston Celtics

Atlanta Hawks v Boston Celtics

Quem chegou: Al Horford e Jaylen Brown.
Quem saiu: Jared Sullinger (Raptors) e Evan Turner (Celtics).

O clube teve sua chance. Kevin Durant, no final das contas, realmente pensou na possibilidade de jogar em Boston. Mesmo que tenha optado pelo Warriors, para choque geral da liga, a mera consideração pelo Celtics deveria deixar o gerente geral Danny Ainge ainda mais encorajado com seu longo plano de reconstrução. Afinal, times como Lakers e Knicks não conseguiram nem mesmo marcar uma reunião com o ala.

E tem outra: não é que Al Horford seja um frustrante prêmio de consolação. Muito pelo contrário. O pivô dominicano se soma a uma base de jogadores competitivos, inteligentes e bem treinados e, sozinho, já vai fazer o produto de Brad Stevens melhorar consideravelmente em quadra, de tantos fundamentos e versatilidade em geral que oferece. Um time que venceu 48 partidas está basicamente trocando Sullinger por um All-Star. Nada mal.

Já a perda de Evan Turner não é algo para se lamentar tanto. A equipe perdeu, sim, seu condutor da segunda unidade, mas acho que dá para acreditar em um salto de qualidade para Marcus Smart e até mesmo para Terry Rozier, compensando. Além disso, a rotação ganha toda a vitalidade e capacidade atlética do número três do Draft, Brown. O jovem ala não está nada pronto como atacante, dependendo basicamente de investidas explosivas rumo ao aro para pontuar, mas já pode ajudar na contenção no perímetro, dando uma força para Jae Crowder contra alas mais altos e fortes.

De todo modo, Ainge não deve parar por aí. O gerente geral ainda busca mais um ou dois negócios, na forma de trocas, tendo ainda uma dúzia de ativos. A franquia obviamente aguarda o que OKC e Russell Westbrook pretendem da vida. Não custa insistir com Vlade Divac sobre DeMarcus Cousins também. Ou quiçá Cleveland já não se importe mais em segurar Kevin Love, precisando de reforços no perímetro devido ao fator Durant. Vai saber. Há sempre um negócio para se fechar por aí, desde que pelo valor certo – esta tem sido a filosofia paciente de Ainge, mesmo depois de um Draft no qual foi obrigado a selecionar seis atletas.

Uma eventual troca vai decidir o futuro de alguns desses jovens jogadores. É certo que Ante Zizic seguirá na Europa. De resto, ninguém sabe ainda o seu destino. O trator francês Guerschon Yabusele impressionou durante as ligas de verão e parece preparado para jogar na liga para já. Por ora, porém, não há espaço no elenco.

Brooklyn Nets

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Quem chegou: Jeremy Lin, Trevor Booker, Luis Scola, Greivis Vasquez, Randy Foye, Anthony Bennett, Justin Hamilton, Joe Harris, Caris LeVert e Isiah Whitehead.
Quem saiu: Thaddeus Young (Nets), Jarrett Jack (Hawks), Willie Reed (Heat), Wayne Ellington (Heat), Sergey Karasev (Rússia), Donald Sloan (China).

Não dá para dizer que Sean Marks esteja recomeçando o projeto do zero, mas é quase perto disso, hein? Considerando o estado em que estava a franquia ao final da temporada passada, é bastante compreensível essa chacoalhada toda. O neozelandês tinha dinheiro para gastar, mas o clube não atrairia grandes nomes. Então optou por apostas em jogadores que ainda teriam potencial para ser explorado, na expectativa de que evoluam com mais tempo de quadra e possam formar um núcleo mais interessante daqui a dois anos, eventualmente. Sim, Jeremy Lin ainda se encaixa nesse perfil, ainda mais agora que ai reencontrar o técnico Kenny Atkinson, uma das principais figuras por trás das semanas de Linsanidade que viveu pelo Knicks há quatro anos.

Outros jogadores nessa linha: Hamilton, um pivô que jogou muita bola pelo Valencia na temporada passada e pode ser considerado um stretch 5, com bom chute da cabeça do garrafão; Bennett, um dos maiores fiascos da história do Draft, mas que ainda é jovem o bastante para não ser descartado de vez; e Harris, que entrou na liga com a reputação de ser um grande chutador de três pontos, mas que não impressionou a serviço do Cavs. Não são nomes que comovem tanto, mas vale a prospecção.

Lembrando também que a ideia inicial de Marks nem era contratar tanta gente assim. Acontece que, quando o Miami Heat e o Portland Trail Blazers decidiram cobrir suas polpudas (e um tanto ousadas) ofertas, respectivamente, por Tyler Johnson e Allen Crabbe, lhe restou dinheiro e poucos alvos no mercado. Aí ele optou pela contratação de veteranos como Scola, Vasquez e Foye, que são caras muito respeitados dentro do vestiário. Pensou em química. Mas será que tantos veteranos assim não podem roubar minutos preciosos dos mais jovens? Caras como Rondae Hollis-Jefferson, Chris McCullough, Sean Kilpatrick e os calouros LeVert e Whitehead deveriam ter a prioridade. Ou Brooklyn acreditaria que um quinteto Lin-Foye-Bogdanovic-Booker-Lopez seria competitivo no Leste?

New York Knicks

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Quem chegou: Derrick Rose, Joakim Noah, Courtney Lee, Willy Hernángómez, Brandon Jennings, Justin Holiday, Mindaugas Kuzminskas, Maurice N’Dour e Marshall Plumlee.
Quem ficou: Lance Thomas e Sasha Vujacic.
Quem saiu: Robin Lopez (Bulls), José Calderón (Bulls/Lakers), Jerian Grant (Bulls), Arron Afflalo (Kings), Derrick Williams (Heat), Langston Galloway (Pelicans) e Tony Wroten (Grizzlies).

É, Phil Jackson também trabalhou bastante nas últimas semanas. Quantas canetas foram necessárias para assinar tanta papelada? Desde a troca surpreendente com o Bulls por Derrick Rose (análise aqui) a contratações de veteranos com histórico de lesão, passando pela busca por talento na Europa, o Mestre Zen fez de tudo um pouco para tentar conduzir o Knicks de volta aos playoffs. Carmelo Anthony não aguentava mais. Agora está empolgadão com os nomes que chegaram. Deveria?

Em tese, Noah e Lee fortalecem bastante a vulnerável defesa da equipe. O Knicks pagou um preço caro por um dos marcadores mais inteligentes e aguerridos do basquete. Ele tem tudo o que Jackson ama em um jogador. Precisa ver apenas se o pivô – um dos meus cinco jogadores prediletos em toda a liga, acreditem – vai ter condições físicas para jogar a temporada toda em alto nível. Do contrário, vai ter de apelar a Hernángómez e Plumlee, que até são mais maduros que a média entre calouros, mas não estão à altura da missão. O espanhol tem força, munheca e movimentos para pontuar, mas não é um grande defensor. Já Plumlee vem com a grife Dukep-Coach K, joga pesado, não vai inventar onda nenhuma, reconhecendo todas as suas limitações com a bola. E bota limitação nisso.

O temor pela enfermaria naturalmente se estende aos armadores. Rose terá a companhia de Jennings, que tentará mostrar que a ruptura no tendão de Aquiles ficou no passado. Registre-se aqui uma curiosidade quase mórbida: vamos ver se os dois vão conseguir passar da marca de 70 jogos e de 40% nos arremessos.

Já Lee acrescenta muito na contenção do perímetro. É um defensor muito mais intenso e capaz que Afflalo, que hoje só tem fama. Também arremessa bem e sabe jogar coletivamente, se movimentando pelo ataque, abrindo espaços, acostumado a jogar em função secundária. Definitivamente não vai brigar com Melo e Rose por arremessos. Baita contratação.

Por fim, completando o elenco, Kuzminskas é um ala que vive de oportunismo no ataque. Não é um cara que cria situações de cesta por conta própria, mas sabe aproveitar muito bem as rebarbas em rebotes ofensivos e cortes para a cesta pelo fundo da quadra. Imagino muitas assistências de Noah e Jennings para ele. Na defesa, é uma negação, e talvez seja superado por Holiday na rotação justamente por isso. N’Dour, o atlético senegalês que mal jogou pelo Real Madrid, deve passar mais tempo com o time da D-League do que com as estrelas.

Se estivéssemos em 2010, as contratações de Phil Jackson seriam bombásticas. Mas o calendário, salvo engano, aponta 2016. Se tirarmos o Warriors da dicsusão, talvez o Knicks seja o time mais interessante para se acompanhar na temporada que vem, pela combinação perigosa de egos, pelo simples fato de Rose e Noah estarem fora de Chicago e pela situação de Carmelo – mais um ano de fracasso, e o ala muito provavelmente vá forçar uma troca.

Philadelphia 76ers

Quem chegou: Ben Simmons, Dario Saric, Sergio Rodríguez, Jerryd Bayless, Gerald Henderson e Timothy Luwawu.
Quem saiu: Ish Smith (Pistons), Isaiah Canaan (Bulls) e Christian Wood (Hornets)
Quem chegou e nem ficou: Sasha Kaun

Pela primeira vez desde 2013, o Sixers vai abrir uma temporada em que o objetivo não são as derrotas. O Processo de Sam Hinkie foi abortado abruptamente na campanha passada, com o Clã Colangelo afanando todos os seus ativos, e agora o metódico, cultuado (por uns) e ridicularizado (por muitos) dirigentes tem de se contentar, de alguma forma, com o fato de que pelo menos a franquia conseguiu uma estrela em torno da qual pode se fortalecer, que é Simmons. Mesmo que ele já não esteja mais por lá para curtir esse desenvolvimento.

O novato australiano já encantou durante as ligas de verão com sua visão de quadra especial, lembrando muito um Jason Kidd de 2,08m de altura. Tal como era o caso do armador, porém, em seus primeiros anos de profissional, Simmons não representa absolutamente nenhuma ameaça como chutador, e isso vai ter um preço em seu ano de novato. Enquanto ele não der um jeito nesse fundamento, não deve entrar na pauta de um All-Star Game, por exemplo.

Com Saric e Rodríguez vindo da Europa, de todo modo, o Sixers certamente será um dos times mais divertidos da liga nas trocas de passe e jogo em transição. Depois de sofrer com armadores abaixo da linha da mediocridade, Brett Brown agora pode chorar de alegria no banco. Ele merece.

Fora isso, Henderson vai contribuir com profissionalismo, defesa e chutes de média distância, jogando em casa, enquanto o francês Luwawu se encorpa e se ajusta a um jogo no qual não será mais a figura mais atlética em quadra, como acontecia na Sérvia.

A missão de Colangelo agora deveria ser encontrar uma nova casa para Jahlil Okafor, cujos talentos ofensivos não se encaixam com o restante do elenco – independentemente, inclusive, do que acontecer com Joel Embiid. A rotação da linha de frente com Robert Covington, Jerami Grant, Simmons, Saric, Nerlens Noel e Richaun Holmes já é interessante o bastante.

Toronto Raptors

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Quem chegou: Jared Sullinger, Jakob Poetl e Pascal Siakam.
Quem ficou: DeMar DeRozan.
Quem saiu: Bismack Biyombo (Magic), Luis Scola (Nets) e James Johnson (Heat).

Masai Ujiri teve a chance de acrescentar Serge Ibaka ao finalista da Conferência Leste, mas não aceitou o preço cobrado por OKC (que era a nona escolha do Draft + Patrick Patterson + Cory Joseph + Norman Powell). Os dois reservas são figuras muito queridas no vestiário e compuseram uma segunda unidade que foi um dos pontos fortes do time canadense na última temporada. Joseph também é adorado em Toronto, um queridinho local. Powell deixou claro seu potencial nas últimas semanas do campeonato. Ainda assim… Por mais salgada que fosse a pedida, se o Raptors pretendia melhorar nessa temporada, talvez valesse a aposta. Ibaka seria um parceiro perfeito para Jonas Valanciunas e ainda supriria a inevitável ausência de Biyombo como protetor de aro.

Outra opção badalada que o clube vislumbrou foi Pau Gasol. Aparentemente, se não fosse a aposentadoria de Tim Duncan em San Antonio, o pivô espanhol estava muito disposto a fechar com Toronto. Taj Gibson também foi cortejado, mas as reviravoltas de mercado em Chicago impediram o negócio. Aí restou ao nigeriano a contratação de Jared Sullinger, por US$ 6 milhões.

Considerando os alvos primários, o ala-pivô não empolga muito. Não é ele que vai aproximar o Raptors do Cavs. Mas foi uma alternativa razoável e barata, para assumir os minutos de Luis Scola. Uma evolução. Sullinger é um reboteiro muito mais eficaz, também sabe passar a bola, embora seja um arremessador no mínimo irregular. Como ele vai se encaixar na equipe depende basicamente de seu condicionamento físico. Em Boston, teve constantes embates com a balança.

Já os calouros Poetl e Siakam entram no programa de desenvolvimento da franquia, que agora está lotado. Para um time que briga para se manter no topo da conferência, são diversos os jovens jogadores que não devem receber muita atenção de Dwane Casey na próxima temporada. Talvez o austríaco possa brigar por posição com Lucas Bebê, valendo a vaga de reserva imediato de Valanciunas.

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Rose, Ibaka e as trocas da semana – incluindo aquela que não aconteceu
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Giancarlo Giampietro

É bom se acostumar. Novo número, novas cores. Mas um novo jogador?

É bom se acostumar. Novo número, novas cores. Mas um novo jogador?

Pois é, conforme avisado, a temporada dos gerentes gerais e scouts da NBA definitivamente não acabou no momento em que LeBron, comovido, desabou na quadra da Oracle Arena para comemorar o terceiro título de sua carreira e o primeiro de Cleveland em mais de 50 anos. Preparando-se para o Draft desta quinta-feira e para o mercado de agentes livres que será aberto a partir do primeiro segundo do dia 1º de julho, os dirigentes já deram uma boa agitada nesta semana, antes mesmo de o recrutamento de calouros começar.

Neste post, vamos nos concentrar mais nos negócios que envolveram veteranos da liga, sem entrar no mérito sobre quem saiu ganhando ou perdendo do Draft ainda:

Derrick Rose agora é um Knickerbocker
Este foi o negócio de maior repercussão da semana, pelas cidades e franquias envolvidas e, principalmente, por selar o fim da era Derrick Rose em Chicago. Os torcedores do Bulls viveram grandes momentos com o armador, xodó da cidade, desde 2008, quando foi selecionado. Foram os melhores anos da franquia desde a saída de Michael Jordan. Devido a suas constantes lesões e cirurgias, porém, hoje podemos dizer que durou pouco. Considerando todos os desencontros dos últimos dois, três anos, desde a desgraçada ruptura de ligamento em 2012, quando ele, Thibs e uma valente equipe achavam que poderiam derrubar os LeBrons de Miami, talvez fosse a hora, mesmo.

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Mas…

Se o Bulls pensava em reformular seu elenco, talvez fosse o caso de esperar mais uma temporada. O mais interessante aqui não seria dar mais uma chance a Rose para ver o que pode sair dali – isso seria um bônus –, mas simplesmente deixar que seu contrato de US$ 20 milhões expirasse. Desta forma, a dupla John Paxson/Gar Forman poderia abrir espaço para investir num mercado muito mais bombado. Talvez fosse possível encontrar gente mais talentosa que Robin Lopez e Jerian Grant, cujos contratos se estendem para além de 2017 – ainda assim, o clube pode ter mais de US$ 40 milhões para distribuir. Ao que parece, porém, a prioridade era virar a página agora, mesmo. Se a ordem da preferência começa pelo temor de perder Rose por nada e ou de se livrar do jogador, pensando em química do elenco, ninguém vai dizer abertamente.

Lopez fez uma grande segunda metade de temporada em NYC, é daqueles que entrega muito mais do que os números mostram, já havia feito boas campanhas por Suns, Pelicans e Blazers, mas simplesmente não consegue se fixar em um lugar. É estranho demais. Vai acontecer em Chicago? Com média de US$ 14 milhões anuais, por mais três anos, seu salário não é dos mais caros, de fato. Agora cabe ao técnico Fred Hoiberg utilizá-lo da melhor forma, pensando neste custo x benefício. Jerian Grant não mostrou muita coisa pelo Knicks, sendo castigado por Derek Fisher nos primeiros meses, mas tem potencial evidente. Se pode ser um titular, veremos.

Com a chegada do pivô, está claro que o clube também se prepara para dizer adeus a Pau Gasol e, especialmente, Joakim Noah. Ao anunciar a negociação, de todo modo, Forman se referiu ao grandalhão como um “titular”.  Considerando a frustração de JoJo por ter ficado no banco durante o campeonato, acho que meia palavra já bastaria. Além disso, Noah vai receber diversas propostas no mercado. Aliás, não ficaria nem pum pouco surpreso se ele não parasse justamente no Knicks.

Rose, Lopez e Calderón: blockbuster

Rose, Lopez e Calderón: blockbuster

Do ponto de vista de Phil Jackson, James Dolan e Jeff Hornacek, o que vale aqui, de primeira, é a aposta em Rose, mesmo. Eles estavam buscando um armador mais experiente para comandar o ataque acelerado de Hornacek, e não havia tantos agentes livres disponíveis para tanto. OK.

A primeira questão é saber se Rose pode realmente voltar a ser um jogador consistente e, depois, minimamente decente em quadra. Pois não dá para tratar tudo com memória seletiva. O MVP de 2011 não consegue jogar há tempos, sem a menor eficiência por trás de seus 16,4 pontos por partida desta última temporada. As consequências de tantas lesões foram graves para seu jogo. Ele não consegue mais forçar faltas e lances livres e, mesmo sem tanta agressividade, segue cometendo turnovers. Mais: por mais que tenha maneirado nos arremessos de três pontos (entre suas tentativas, o volume de longa distância baixou de 32,5% para 14,3%), seu aproveitamento de quadra foi ainda de 42,7%. Sua produção por minuto foi menor, assim como a qualidade de jogo como um todo, dando menos assistências. Seu impacto foi negativo tanto na defesa como no ataque, inclusive.  Enfim, o Knicks só espera que este recomeço faça bem ao jogador. Que a draga que o arrastava em Chicago tinha mais a ver com psicológico, emocional, e que ele tenha muito mais o que render em um novo cenário.

A segunda questão é se Rose e Carmelo vão conviver bem. Supostamente, eles se dão bem fora de quadra, e o armador até mesmo tentou recrutar ala em 2012 – atividade que ele se recusara a fazer no passado.  Conhecendo o histórico dos dois astros, algo que os jornais de Nova York e Chicago escancararam nos últimos anos, é de se imaginar se o convívio mais próximo vai fazer bem para a relação. Em quadra, uma bola será o bastante? A mentalidade de Carmelo vai e volta quando o assunto é acionar os companheiros. Rose só está acostumado a uma abordagem: atacar e atacar, a despeito duas limitações de hoje. Fora de quadra, fica ainda mais intrigante a dinâmica. Melo não está tão acostumado assim a dividir as luzes de Manhattan – Amar’e Stoudemire e Jeremy Lin podem falar a respeito. Para ser justo, Kristaps Porzingis foi bem acolhido pelo veterano, teve suas semanas de coqueluche por lá, mas, aos olhos do capitão do time, nunca representou uma, digamos, ameaça. Rose, por seu lado, já demonstrou que valoriza bastante seu cultivo de imagem. Agora imaginem colocar um Dwight Howard neste caldeirão? Afe.

Serge Ibaka agora é do Orlando

Ibaka por Oladipo, Ilyasova e Saboninhos. Orlando vai tentando

Ibaka por Oladipo, Ilyasova e Saboninhos. Orlando vai tentando

Havia algum zunido a respeito. Aconteceu bem mais rápido do que poderíamos imaginar. Pressionado enquanto Kevin Durant não se decide sobre seu futuro, o gerente geral Sam Presti agiu à revelia do que vai acontecer com o astro ao despachar Serge Ibaka para o mundo mágico da Disney, recebendo em troca Victor Oladipo, Ersan Ilyasova e um Sabonis, o Domantas, que jogou muito por Gonzaga nos últimos dois anos e foi escolhido em 11º neste Draft.

O lado de OKC é o mais interessante aqui. Pode causar espanto a decisão, a princípio. Mas a verdade é que o Ibaka de 2015-16 quase não lembra em nada o de quatro anos atrás, quando Presti optou pelos seus serviços, deixando James Harden ir embora. O congolês teve a pior temporada de sua carreira na NBA, perdendo a precisão nos arremessos de perímetro e contribuindo cada vez menos na defesa. Durante os playoffs, ele foi apenas o quinto jogador mais produtivo da equipe e ficou totalmente alienado no ataque. O quanto que é a causa e o que é o efeito fica difícil de dizer: mas que Ibaka andava um tanto confuso e desmotivado, não há como negar.

Ao se distanciar o pivô, o Thunder também evita a dor-de-cabeça de ter de negociar com ele um novo contrato daqui a um ano. Dependendo do que Durant e Westbrook quiserem, imaginando que eles vão renovar prontamente o contrato de Adams, ficaria praticamente inviável a permanência do veterano. A não ser que o clube encontrasse um novo lar para Enes Kanter.

Para a sua vaga, Ilyasova e Saboninhos podem fazer um pouco de tudo. Inicialmente, acreditava que o experiente turco seria dispensado, valendo uma economia de cerca de US$ 8 milhões na folha salarial. Mas o gerente geral já disse que ele fica, oferecendo chute de longa distância, bom posicionamento defensivo e flexibilidade. Já o calouro lituano tem como principais recursos a capacidade como reboteiro e a garra para brigar muito no garrafão, nas duas tábuas. A expectativa dos scouts também é de que ele possa desenvolver um bom arremesso de média para longa distância também. Com experiência no basquete espanhol e dois torneios da NCAA nas costas, vindo de uma linhagem real do basquete europeu, Domantas estaria mais preparado do que um novato qualquer para chegar e jogar .

A peça principal, todavia, é Oladipo. Sua parceria com Russell Westbrook promete ser um inferno para qualquer oponente. Os duelos com os Splahs Brotheres prometem ser eletrizantes desde já. Para alguém que foi escolhido como o segundo do Draft de 2012, o ala-armador está longe de se transformar em um franchise player. Para OKC, tendo dois atletas deste quilate em seu elenco, não há pressão ou necessidade para que ele evolua tanto assim. Se continuar com sua constante curva ascendente, já será o suficiente. Oladipo vem melhorando gradativamente nos tiros exteriores e diminuindo o número de turnovers, sem perder a intensidade em quadra. Com ele, a diretoria agora fica bem mais confortável em lidar com Dion Waiters, um agente livre restrito. Por melhor que tenha defendido contra Spurs e Warriors e controlado suas loucuras, o conjunto da obra ainda desperta muita rejeição e certamente não vale um contrato acima de US$ 10 milhões.

Em Orlando, fica uma sensação estranha. Suas principais apostas ainda são muito jovens – os alas Aaron Gordon e Mario Hezonja. Mas a família DeVos não está mais tão disposta assim para esperar o desenvolvimento da rapaziada e tem forçado o gerente geral Rob Hennigan, ex-funcionário de Presti, a se mexer. Nesse contexto, a contratação de Ibaka é positiva. Pensemos assim: poderia ser bem pior. Em um novo contexto, o congolês deve resgatar o ímpeto defensivo e a agressividade no ataque e proteção ao aro. Ao contrário de Rose, ele ainda não sofreu nenhuma lesão grave, estrutural. Sob o comando de Vogel, promete. A dúvida que fica aqui: sua chegada vai resultar em menos minutos para Gordon? Ou Vogel estaria disposto a emparelhá-los por mais tempo, numa rotação com Nikola Vucevic? O suíço-montenegrino é quem se beneficia bastante, tendo a companhia de um pivô superatlético que pode limpar muitas das duas falhas na defesa. Sabonis talvez não fizesse tanta diferença nesse sentido, enquanto Elfrid Payton ganha um voto de confiança, com a saída de Oladipo.

Atlanta enfim despacha Teague, e Utah se sai ainda melhor em troca tripla

Hill e Teague, cada um no seu quadrado

Hill e Teague, cada um no seu quadrado

Essa conversa vem desde fevereiro. O Atlanta nunca demonstrou muita confiança no jogo de Jeff Teague, mesmo nos dias em que Danny Ferry dava as cartas por lá. Não custa lembrar que o armador chegou a assinar com o Milwaukee Bucks como agente livre restrito, para ver a oferta coberta. Teague chegou ao All-Star em 2015, atingiu a marca de 40% nos arremessos de longa distância na última temporada e, ainda assim, se viu novamente envolto por rumores. O Hawks estava disposto a negociá-lo pelo preço certo, e, meses mais tarde, a 12ª escolha do Draft deste ano, via Utah Jazz, foi o suficiente.

O ganho, na cabeça de Mike Budenholzer, presidente e técnico da equipe, é o de dois em um: a promoção de Dennis Schröder a titular e a mais de 30 minutos por partida e o experimento com o ala Taurean Prince, de Baylor. O novato tem um quê de DeMarre Carroll, mas não só por causa do cabelão. Ele tem basicamente o mesmo porte físico e é igualmente atlético, para fortalecer a defesa no perímetro. O arremesso de três está se desenvolvendo ainda, mas não é que Carroll tenha entrado na NBA como um grande gatilho. O Coach Bud deve entender que seu estafe está mais do que preparado para fazer o mesmo tipo de trabalho com Prince. Traumatizado pelos choques com LeBron James nos últimos anos, podendo perder Kent Bazemore no mercado, vale a tentativa.

Teague foi para Indiana, sua terra natal. Lá, terá a missão de acelerar o ataque, algo que Larry Bird queria ver já durante a campanha que acabou com uma derrota para Toronto pela primeira rodada dos playoffs, em sete partidas. Para esse tipo de proposta, as qualidades de Teague são bem mais favoráveis que as de George Hill, que foi parar em Utah. É mais criativo com a bola, mais agressivo e, sim, muuuuito mais rápido. Sua parceria com Monta Ellis, no entanto, é bastante questionável do ponto de vista defensivo.

Em Salt Lake City, o encaixe de Hill tem tudo para devolver o Jazz, enfim, aos playoffs, se a saúde de seus atletas mais jovens assim permitir. Com Gordon Hayward, Rodney Hood e, eventualmente, Alec Burks e Dante Exum, o técnico Quin Snyder conta com atletas  versáteis e bastante ofensivos, mas jovens. Em momentos decisivos de sua fracassada campanha, faltou uma liderança em quadra. Hill não é necessariamente este cara. Mas vai ajudar a dar estabilidade ao time, sem dúvida, sem precisar fazer mais do que sabe. Se Pau George era a referência em Indiana, agora ele faz o papel de escudeiro para Hayward. Por outro lado, a defesa, que já conta com uma parede imensa formada por Rudy Gobert e Derrick Favors, fica ainda mais forte no perímetro.

Thaddeus Young também vai correr em Indiana
Dando sequência ao seu movimento de aceleração de partículas (waka-waka-waka), Bird também acertou uma transação com o Brooklyn Nets, por Young. O ala-pivô é uma peça interessante para a linha de frente do Pacers, ao lado de Paul George e Myles Turner. A equipe ganha em transição ofensiva desde já e, em meia quadra, terá uma dinâmica promissora: Turner pode agir tranquilamente na cabeça do garrafão, com seu belíssimo arremesso, liberado o garrafão para os cortes com ou sem a bola de George e Young. Em Brooklyn, o novo gerente geral Sean Marks dá início ao seu processo de minirreforma. Com um elenco todo arrebentado, não havia muito o que fazer, mesmo. Young era das poucas peças que poderia atrair a concorrência, e ele ganhou a 20ª escolha o Draft nessa, aproveitada com o ala Caris LeVert, de Michigan. LeVert é um talento especial, com mil e uma utilidades, mas está vindo de uma fratura no pé. A ver no que dá. Fato é que Rondae Hollis-Jefferson, um defensor implacável, com vigor físico absurdo, e o ala-pivô Chris McCullough também terão mais chances para jogar ao lado de Brook Lopez. Isso se Lopez ficar por lá, mesmo.

Mais: A Troca Que Não Foi
É… o Chicago Bulls ficou muito perto de apertar o botão de implosão, mesmo. Não só deixaram Rose no passado como quase mandaram Jimmy Butler ao (re)encontro de Tom Thibodeau em Minnesota. Com nova gestão, o Wolves ofereceu um pacote de Kris Dunn, o armador selecionado em quinto neste Draft, e Zach LaVine pelo ala, que é um dos jogadores mais completos da liga. Depois de maturarem, Paxson e Forman recusaram, com razão, ao meu ver, por mais talentoso que Dunn receba dos scouts. A não ser que Butler tenha se tornado realmente uma figura asquerosa nos bastidores, não há motivo para se apressar em uma negociação dessas.

Sem Rose e Noah pelas redondezas, talvez o ala assuma de vez o comando do time, mas de uma maneira positiva. Resta saber como ele vai reagir a uma negociação que vazou por todos os lados e não dá mais para ser negada. Veja o esforço de Forman para tratar do assunto: “Nós nunca fez nenhuma ligação sobre Jimmy Butler. Nós já conversamos sobre isso, valorizamos Jimmy Butler, estamos muito felizes de ter Jimmy Butler. Nós temos um jogador fenomenal, que é um All-Star e um defensor All-NBA, ainda jovem. Obviamente nós o temos sob contrato de longo prazo, e esses são todos positivos. Ele, novamente, é o que queremos para o time. Dissemos isso o tempo todo. Nós gostamos Jimmy Butler, não o colocamos à venda. Se vamos atender o telefone? Claro que sim. Esse é o nosso trabalho, ouvir as chamadas. Recebemos ligações sobre muitos dos nossos jogadores, e isso é coisa que acontece durante todo o campeonato”.

Thibs, agora, precisa ser criativo para fazer uso de dois armadores como Rubio e Dunn, que defendem muito, mas não têm arremesso. A função dos dois é deixar o jogo mais fácil para o fantástico Karl-Anthony Towns e para Andrew Wiggins. Com a quadra mais apertada, não é o caso. (E não que Butler seja um grande chutado também. Se o negócio estivesse fechado, o Wolves precisaria correr atrás de novas peças complementares.)

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Bombardeio continua, e Warriors completa virada contra OKC
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Giancarlo Giampietro

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Você se mata na defesa. Faz uma dobra, vem a ajuda, e um terceiro atleta encontra um jeito de se aproximar e pressionar o adversário após mais um passe. Esse ciclo ia se repetindo a cada posse de bola. Se não houvesse interceptação nesse processo, era provável que saísse um chute de três pontos marcado. Mas esse chute caía. Sem parar. Os Splash Brothers e o ataque do Golden State Warriors voltaram a castigar os marcadores do Oklahoma City Thunder nesta segunda-feira, e os atuais campeões completaram uma inesquecível virada, agora com um triunfo por 96 a 88. Avançam à final da NBA para uma revanche contra o Cleveland Cavaliers.

De todos os 47 arremessos no perímetro interno que o time da casa tentou neste Jogo 7, só 20 foram certeiros (42,5%). Tamanha a intensidade, a coordenação, a capacidade atlética e a envergadura de seus oponentes. Quase não houve bandeja ou enterrada inconteste. OKC fez tudo o que a cartilha mandava e protegeu seu garrafão com ferocidade.

Mas Stephen Curry e Klay Thompson subvertem o jogo com seus disparos de longa distância. Para comandar a virada dentro da virada — a reação num jogão em que os oponentes voltaram a abrir diferença de dígitos duplos no placar –, os atiradores acertaram 13 bolas de três. No geral, lutando contra a eliminação, os dois converteram inacreditáveis 30 arremessos de fora. São 90 pontos neste fundamento. Sabe quantos todo o time do Thunder marcou nestes 96 minutos? Três vezes menos: 10. (No total, seu time acertou 17 de 37 tentativas exteriores, para 45,9%, contando só o jogo desta segunda.)

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E não é que tenham sido disparos completamente livres, gente. Tinha um Serge Ibaka pondo a mão na cara. Tinha um Kevin Durant correndo e saltando para tentar dar o toco. Seguidas vezes, e não importava. Trocando a marcação, fazendo o abafa em dupla, mudando estratégias e defensores. Billy Donovan tentou de tudo e não encontrou uma resposta eficaz. Talvez porque não houvesse, mesmo. Você joga com a matemática, mas os cálculos que funcionam para 99,9% das equipes não batem com aqueles propostos pelos astros do Warriors. Poucas foram fáceis com a última bomba, para demolir de vez as pretensões de um adversário que os levou às cordas:

Curry foi o cara do jogo, num desempenho adequado para uma campanha histórica. Foram 36 pontos e 8 assistências para ele em 40 minutos e 24 arremessos. Klay Thompson dessa vez parou nas seis bolas de três, marcando 21 pontos em 19 arremessos. Seu desempenho despencou em relação ao Jogo 6 (pudera…), mas o ala foi novamente muito importante para frear uma das típicas arrancadas do Thunder no segundo período da série, quando esquentou a mão depois de um primeiro quarto nulo.

Agora, para ao menos acalmar os mais tradicionalistas, naturalistas ou conservadores, não vamos aqui dizer que a quarta e derradeira vitória do Warriors se limitou apenas aos chutes de fora. Não foi um tiroteio. Muito pelo contrário. Foi um jogo duro, físico, enroscado, como o placar abaixo da marca centenária não deixa mentir. E os vencedores também se garantiram do outro lado, cuidando dos rebotes e da proteção de sua cesta mesmo que Andrew Bogut não tenha feito uma boa partida. Foi um esforço coletivo que levou os visitantes a apenas 38,2% de acerto nos arremessos como um todo e a 25,9% de três e que equiparou a disputa nas duas tábuas, concedendo vantagem mínima a OKC (47 a 46). Foram cinco jogadores com pelo menos cinco rebotes, liderados pelos nove de Draymond Green, e sete com pelo menos quatro. Para fechar, se o Warriors só marcou 34 pontos no garrafão de um lado, concedeu ainda menos do outro: 32.

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O terceiro período foi mais um grande exemplo de como Golden State pode ser um time opressor na defesa, uma tecla que tem de ser constantemente batida, até os céticos inveterados assimilarem. O Thunder acertiou apenas 5 de 19 arremessos nesta parcial e zerou em sete disparos de longa distância. A parcial foi vencida por 29 a 12, abrindo caminho para a vitória. Foi nos minutos finais desse período, aliás, que a dupla brasileira enfim conseguiu influenciar o confronto de modo bastante positivo o rumo do confronto. Com 2min34s, Anderson Varejão foi chamado para o lugar de Festus Ezeli. Menos de 20 segundos depois, Leandrinho substituiu Andre Iguodala. Os dois participaram ativamente de uma sequência de sete pontos sem resposta que levaram o placar de 6 para 13 pontos de vantagem.

Bogut estava mal, Draymond, pendurado com faltas e Ezeli, fugindo dos lances livres, enquanto Marreese Speights não era garantia nenhuma de rebote e defesa. Então Kerr chamou Varejão novamente, sem desistir do capixaba. O pivô respondeu com lances de seus bons tempos. Cavou uma falta na defesa. Atirou-se em quadra. E, de bônus, fez uma bela bandeja, partindo com a bola da cabeça do garrafão para finalizar sobre Enes Kanter e deu ainda duas assistências, sendo uma delas para Leandrinho. Os dois jogaram dois minutos apenas, mas roubaram a cena neste limitado tempo. Como fator mais importante, ajudou seu técnico a preservar alguns de seus protagonistas para a batalha que ainda viria no quarto período.

Aqueles que se limitaram a taxar a derrota de OKC pelo Jogo 6 como simples e tosca amarelada talvez possam rever o discurso. Como pode um time com nervos em frangalhos eliminar o Spurs e, depois de uma tremenda decepção, pressionar os atuais campeões até o limite menos de 48 horas depois? Durant e seus companheiros não se renderam e até mesmo tentaram uma reação nos três minutos finais que seria mais espetacular que a do Warriors na partida anterior. A defasagem era de 11 pontos de folga no placar, mas Durant, praticamente sozinho, baixou para quatro, forçando pedido de tempo de Kerr e muito nervosismo da torcida de Oakland. A 1min39s do fim, estava 90 a 86. Mesmo depois de receber instruções de seu treinador, os anfitriões se atrapalharam no ataque, e Draymond teve de mergulhar em quadra para evitar um turnover. Chamou mais um tempo, apenas 17 segundos depois. Aí, na reposição, Ibaka salvou os caras. Com a posse de bola por estourar, o pivô congolês fez uma falta de Curry quando o armador elevava para o arremesso de três. O MVP converteu todos eles.

Falta inegável, da pior maneira possível, mas de certa forma compreensível: não só Ibaka estava completamente fora de seu habitat como havia sido torturado por Curry nas últimas duas partidas, quando Golden State forçava a troca defensiva e deixava o grandalhão no mano a mano com um dos esportistas mais habilidosos do mundo. Essa mesma estratégia fez com que Billy Donovan abrisse mão de Steven Adams nos minutos decisivos, comprando a ideia de um duelo de ‘small ball’ (sendo que o Thunder nunca fica tão baixo assim) com a Ressurrecta Escalação da Morte de Kerr. Houve muitas críticas a respeito, como se a equipe visitante estivesse se adaptando e fugindo de suas principais características. Não dá para esquecer, porém, que o quinteto com Ibaka e Durant na linha de frente havia rendido muito bem até o Jogo 6 e que, oras, colaborou para esta mesma reação nos minutos finais. Não completaram a virada, mas assustaram os campeões uma última vez.

Ao final da partida, Russel Westbrook saiu em disparada para o vestiário sem cumprimentar ninguém, nem mesmo seus chapas. Já Durant se movimentou com calma e classe, abraçando Curry e o saudando, para, depois, abraçar seus companheiros, o gerente geral Sam Presti e até mesmo o proprietário do clube, Clay Bennett. Se foi de despedida, nós e todos os outros 29 clubes da NBA, incluindo o próprio Warriors, vamos ter de esperar para saber. Era a sombra que pairava sobre a equipe nesta temporada. Por ora, jura que não pensou no assunto. A diferença de postura de um astro para a do outro traduz bem seus estilos contrastantes, mas que elevaram o Thunder à condição de superpotência numa conferência absurdamente competitiva.

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Juntos, Durant e Wess aterrorizam qualquer defesa. Teria sido a saideira? Se foi, não de uma forma que os fãs do armador esperavam. O ala ficou em quadra por 46 minutos e ainda teve fôlego para apertar o jogo no final, fechando sua jornada com 27 pontos em 19 arremessos, além de sete pontos e três assistências. No primeiro tempo, o cestinha se esforçou admiravelmente em envolver os demais titulares da equipe no ataque, ciente das críticas que recebeu pelas besteiras que fez pelo Jogo 6. Tentou apenas cinco arremessos e anotou nove pontos antes do intervalo. Funcionou muito bem: cinco atletas tinham cinco ou mais pontos, e fazia todo o sentido: era como se estivesse preparando terreno para uma eventual explosão na segunda etapa. Só que a defesa do Warriors estava preparada e ainda decidida a ignorar os demais se fosse para atrapalhar os astros. KD dessa vez contra-atacou bem. O mesmo não pode ser dito de seu parceiro.

Westbrook jogou por 45 minutos e flertou com novo triple-double, com 19 pontos, 13 assistências e 7 rebotes. Foram poucos turnovers na sua conta (três), mas, no geral, o que dá para dizer é que ele voltou a se perder em quadra, com uma seleção de arremessos terrível e aproveitamento baixíssimo (33,3%, via 7-21). Na real, boa parte de seus chutes equivocados poderia ser considerada até mesmo como desperdício de bola, dada a improbabilidade do acerto. O craque falhou em controlar o tempo de jogo e se descontrolou na pior hora, no terceiro período, quando o Warriors ameaçava deslanchar. Com ele em quadra, sua equipe teve saldo negativo de 14 pontos. Seus números gerais na série foram de 26,7 pontos, 11,3 assistências, 7,0 rebotes e 39,5% nos arremessos, com 31,7% nos tiros de fora em 5,9 tentativas. Você põe aí os 8,7 lances livres, as 3,7 roubadas e os 4,4 turnovers, e tem um resumo absolutamente perfeito do que ele entrega e tira em quadra, negando a evolução que havia demonstrado durante a temporada.

Estamos falando de uma força da natureza, de um dos atletas mais incríveis do mundo, mas que ainda não encontrou a saída, um modo de controlar seus instintos, vá lá, mais selvagens em momentos mais críticos. A gana de vencer a qualquer custo aliada a seus atributos atléticos nos proporcionam um jogador de basquete único e dominante. O cara deve se sentir invencível. E se perde em arroubos. Perde também para Stephen Curry, que jamais vai tirar a respiração de ninguém por piques ou decolagens em quadra. O MVP, na verdade, prefere encantar, com seu drible manhoso que lhe tira de enrascadas e com seu arremesso espetacular. No decorrer do confronto, foi constantemente desrespeitado pelo seu oponente, que inclusive riu em coletiva quando jornalistas perguntavam se o ídolo do Warriors seria subestimado como defensor. Obviamente que isso tudo não passou despercebido. Muito pelo contrário…

Pelas entrevistas e sua postura em quadra, Westbrook parece ter certeza de sua superioridade neste hipotético duelo. Que, se fossem dois pistoleiros do Velho Oeste, não daria a menor chance ao desafiante. Pode até ser, embora, nas últimas três partidas, com três vitórias, Curry tenha dado boa resposta, com 32,6 pontos, 7,6 assistências, 7,3 rebotes e 16 chutes de fora. O que ele precisa entender é que os grandes talentos geralmente predominam em quadra, nos playoffs, mas quase nunca vão ganhar nada sozinhos. E, mesmo tendo um Kevin Durant ao seu lado, agora sem que estivesse atrapalhado por nenhuma lesão inoportuna, seu OKC fica pelo caminho, mesmo tendo três chances para fechar a série, enquanto o Warriors busca o bi.

Essa questão de desrespeito a Curry não é uma novidade, aliás, mesmo que escrever isso não pareça ter nenhum sentido. São vários os veteranos aposentados que dão voz a um grupo ainda aparentemente grande de críticos que não digerem bem o que Curry apronta. “Porque ele parece ter 12 anos”, respondeu Steve Kerr, na coletiva pós-jogo, dando de ombros. O descrédito ao genial armador também se estende ao time como um todo, aliás. Doc Rivers disse que eles tiveram sorte no ano passado rumo ao título, devido a lesões e eliminações inesperadas. As 73 vitórias desta temporada, recorde que vai demorar para ser incomodado, seriam fruto de uma liga esvaziada, sem o talento de 20, 30 ou sabe-se lá quantos anos atrás.

Agora que derrotaram Durant e Westbrook em uma virada marcante, pode ser que tenham um pouco de sossego. Para eles, essa percepção incomoda um pouco, mas não é nada que os atrapalhe em quadra. Eles seguem em frente e buscam o bicampeonato agora novamente contra os LeBrons. Cientes de que, se a coisa ficar feia, entre tantos recursos, têm justamente a arma que mais incomoda essa turma do contra — ou dos descrentes de suas habilidades, talvez seja o melhor termo. Que é essa capacidade de bombardeio que, contra o Thunder, fez toda a diferença.

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Vai ter Jogo 7. Como Durant e Westbrook vão responder?
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Giancarlo Giampietro

Durant e Westbrook: o último jogo da dupla em OKC? Ou só um deslize?

Durant e Westbrook: o último jogo da dupla em OKC? Ou só um deslize?

O Oklahoma City Thunder teve tudo para fechar a série. Agora, até chegar segunda-feira e o Jogo 7 das finais do Oeste, vai ter de conviver com a ameaça da autoflagelação.

O ginásio estava caótico, estridente. Os jogadores do Golden State Warriors tinham mãos inseguras, com exceção de Klay Thompson, consistente do início ao fim. Estavam mais uma vez vulneráveis. Mas desta vez não teve massacre — o máximo que abriu de vantagem foi de 13 pontos. O time da casa e sua infernal torcida não conseguiram degolar seu oponente na primeira chance que tiveram, tal como havia acontecido nas terceira e quarta partidas. O jogo se estendeu nervoso, então, com Thompson e, depois, Stephen Curry mantendo os atuais campeões a uma distância plenamente alcançável para os Splash Brothers, aqueles dos 70 pontos somados e 17 bolas de três convertidas.

A virada aconteceu, em mais um clássico instantâneo estrelado por essas duas equipes. A chamada “Escalação da Morte” de Golden State reviveu (é realmente um trocadilho irresistível, gente). Os caras mostraram do que são capazes, técnica, tática e mentalmente. Quando se confronta um desempenho desses com o colapso de Kevin Durant, Russell Westbrook e companheiros, a coisa fica muito feia para OKC.

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E aí qual o jargão que o torcedor brasileiro vai usar, então? Claro que é a famigerada “amarelada”. Acho curiosa essa mania. Do ponto de vista tupiniquim, parece não existir a possibilidade de falha. Se um atleta ou uma equipe perdem, só a tremedeira explica. Para quem viu o jogo, não dá para dizer que Durant e Westbrook se omitiram. O problema da duplinha é justamente o contrário: eles pecam por excesso. Não foi a primeira vez. Nem a segunda, se vocês me entendem.

Pode-se argumentar preconceito aqui?  Pois Curry e Thompson centralizaram o ataque do Warriors praticamente da mesma forma, com 52 de 87 arremessos (59,7%), contra 58 de 90 (64,4%). “Temos de viver com alguns arremessos malucos, alguns arremessos errados malucos, porque eles os fazem muito mais do que a média”, disse Steve Kerr, em defesa de seus cestinhas. A diferença é o modo como cada time ataca. Quando acossados, Durant e Wess não souberam jogar com o time e nem mesmo como parceiros. Voltou o bumba-meu-boi de cinco anos atrás, o ataque do cada um por si.


Segundo o departamento de estatísticas da ESPN, o Thunder teve 13 posses de bola nos últimos cinco minutos do jogo — o que a NBA considera oficialmente como “crunch time”. Sabe em quantos desses ataques o time da casa fez mais do que um passe? Em apenas UMA oportunidade. No quarto período como um todo, foram seis assistências para Golden State e nenhuma para Oklahoma City. Estarrecedor.

De tão talentosos e atléticos, aberrações ao seu modo, Durant e Westbrook estão acostumados a se impor contra qualquer mortal. Não tomam conhecimento dos marcadores e, ao mesmo tempo, também podem não reconhecer o que está rolando em quadra. Como ocorreu nesse quarto período desastroso.

A cinco minutos do fim, OKC tinha sete pontos de vantagem. Mas perdeu a partir dali por 19 a 5, quando os dois All-Stars fizeram 12 pontos juntos, erraram 11 de 14 arremessos e ainda cometeram cometeram todos os 6 turnovers da equipe. Não dá para ficar muito mais grave que isso. Klay Thompson, sozinho, teve 19 pontos, 6-9 nos chutes, perdendo a bola apenas duas vezes.

Em sua coletiva, então, Westbrook foi obrigado a engolir o riso, ou gargalhada até, das últimas sessões de perguntas e respostas. Se antes fazia questão de manifestar seu desdém até pelo MVP dos últimos dois campeonatos, nesta madrugada só lhe restou a fala monossilábica e o murmúrio.

Westbrook provocou bastante. Agora tem um Jogo 7 para encarar Curry novamente

Westbrook provocou bastante. Agora tem um Jogo 7 para encarar Curry novamente

Está certo que não foi Curry seu principal marcador primário. Thompson foi quem o perseguiu mais vezes. (Mas a verdade, comprovada pelos números, é que, diante do armador do Warriors, Wess não teve tanto sucesso assim quanto supunha, a despeito do placar geral da série.) E não foi só um defensor que cuidou do cara.

Se alguém quiser rever a partida, reparem o tanto de armadilhas que os campeões armaram. Se passava pela primeira linha defensiva, Andrew Bogut não fazia questão nenhuma de se aproximar. Wess se via então com espaço para chutar. Foi o que fez, com uma infinidade de tiros em flutuação. Ponto para Golden State, que não o deixava chegar ao aro. Além disso, nos dois minutos finais, com o Warriors já à frente, o armador se perdeu numa torrente. Se nos confrontos anteriores, o jogo corrido estava favorecendo totalmente OKC, a coisa virou na pior hora. Draymond Green se redimiu de diversas bobagens e forçou dois turnovers de Russell. Dois dos quatro que ele cometeu nesse curto intervalo.

Acontece que Durant nem pôde reclamar muito, já que também falhou muito. Com mais de 2,10m (Dwight Howard jura que se trata de um ‘seven footer’, de 2,13m), o ala pode chutar por cima de qualquer defensor de perímetro da liga. Um recurso vital para que seja esse cestinha. Mas não o único, claro. Tem sua mecânica rápida, sua habilidade no drible superior à de Klay, sua agilidade etc. Iguodala, todavia, e Harrison Barnes fizeram o que podiam para atrapalhá-lo, contando também com seu desgaste, forçado também pelo empenho louvável que vem tendo na defesa. A última cesta de quadra de KD saiu a 5min09s do fim, depois de recuperar a bola ao ser desarmado pelas mãos ágeis de Iggy. Se foi o seu último jogo pela equipe em Oklahoma, foi a pior despedida possível.

A sucessão de erros levou a dupla de estrelas ao descontrole. Pela primeira vez desde o Jogo 2, então, o Warriors virou o agressor em quadra, levando a melhor até mesmo em transição depois de forçar os turnovers. Foi uma inversão do que havia acontecido na última visita a OKC. Vejam esta cena aqui:

Em uma rara investida em que houve interatividade entre os dois astros locais. Durant fez o corta-luz para Westbrook. O problema é que isso deixou o armador com Iguodala… Que roubou a bola.Como bom passador,  tinha duas excelentes opções: Thompson pela direita, Curry pela esquerda. Na retaguarda, Durant, sozinho, vai fazer o quê? Ficou dividido e chegou atrasado para contestar o 11o chute certeiro de Thompson no perímetro. Splash. Foi uma ação (errada) e uma reação (inclemente), para deixar o Warriors três pontos à frente.

Na bola seguinte, ao menos OKC fez uma jogada com corta-luz fora da bola para KD. O ala se afobou, no entanto, em seu movimento e subiu para o chute com Iguodala pronto para contestar. Por aí fomos. Foi uma decisão equivocada sucedida por outra.

Na hora de dissecar a partida, Billy Donovan vai sofrer. Seu discurso no ano todo era o de que o time precisava de paciência, de movimento e, acima de tudo, confiança mútua. Nada disso aconteceu no momento em que seus atletas passaram por dificuldade. Serge Ibaka anotou 12 pontos no primeiro tempo e só um no segundo. Dion Waiters anotou três pontos em 36 minutos. Não teve pick-and-roll com Steven Adams ou Andre Roberson. Enes Kanter era o mais produtivo, mas não teria ninguém para marcar do outro lado. Como o velho Thunder.

O time vai ser capaz de superar isso? O que pesa mais: o ressurgimento desse trauma do passado ou a memória bem mais positiva do início da semana? Ainda tem um jogo pela frente, em que pese a enorme decepção pelo que aconteceu em casa. Ao rever com o elenco o que se passou nos últimos cinco, seis minutos desse histórico Jogo 6, é provável que seu técnico nem precise dizer muita coisa. Durant e Westbrook já ouviram essa fita trezentas vezes. Como vão reagir é o que mais importa. A dupla tem todas as ferramentas para vencer mais uma em Oakland. Resta saber se vão tentar do jeito mais fácil ou do mais difícil.

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Plantão médico: lista de enfermos é ameaça séria nos playoffs da NBA
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Giancarlo Giampietro

Varejão foi uma das primeiras baixas bastante relevantes da temporada

Varejão foi uma das primeiras baixas bastante relevantes da temporada

Quer uma tradição impregnada nos Playoffs da NBA? Daquelas mais desagradáveis e, ao mesmo tempo, mais importantes para a definição de um título? Que pode ter tanta influência no resultado final de um campeonato como toda a preparação, todo o refinamento tático obtido em uma looooonga temporada? A contagem de feridos. As lesões, mesmo.

E aí que você pode falar também de sorte ou azar, ainda que o trabalho de um técnico e seu estafe médico possam ajudar na prevenção delas…

Mas pegue por exemplo o caso de Tiago Splitter. O pivô foi para as finais da liga por dois anos seguidos. Pode ter dito não a Rubén Magnano em 2013, mas aceitou nova convocação no ano passado, para a Copa do Mundo. Não dá para saber o quanto a carga extra de treinos e jogos, num mês que seria de férias, deixa o atleta em uma situação mais propícia para sentir algo. O que dá para dizer, imagino, é que ajudar, não ajuda, e que o catarinense não conseguiu fazer a pré-temporada ideal, perdeu quase 20 jogos no início da campanha e demorou um tempo para entrar em forma, lidando com problemas musculares na panturrilha (uma área sempre complicada). Sem pressa, com um elenco vasto, o clube texano teve toda a precaução do mundo com ele, como de praxe. Sabemos como Gregg Popovich é extremamente consciente no uso de seus atletas. Mesmo assim, Splitter teve o azar de, a duas semanas dos mata-matas, voltar a sentir dores bem incômodas.

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(Um parêntese importante: não estou dizendo que ele não deveria ter jogado o Mundial. O pivô muito provavelmente ficaria bem irritado só com a mera insinuação, por ser daqueles que só abriu mão da seleção uma única vez, e num torneio que, convenhamos, sua presença era totalmente desnecessária. Só faço a lembrança aqui para percebermos como esse tipo de questão é muito mais complexa do que ser patriota ou fugir da raia – e de como diversos fatores interferem na caminhada de um time de NBA. Do ponto de vista do torcedor brasileiro, tudo ótimo. Agora vá perguntar para os admiradores do Spurs o que eles pensam a respeito.)

Splitter não chega inteiro para o mata-mata contra Jordan

Splitter não chega inteiro para o mata-mata contra Jordan

Por mais formidável que seja o plantel de Pop e RC Buford, talvez o mais vasto da liga, que Aron Baynes tenha comprovado suas virtudes em sua melhor temporada nos Estados Unidos (joga duro demais, bom finalizador, mas um tanto robótico, nada criativo) e que Boris Diaw tenha redescoberto em março a alegria de se jogar basquete, já deu para reparar a importância do pivô na equipe, não? Com Splitter em quadra, a defesa fica bem mais sólida, aumentando a densidade demográfica no garrafão. Algo importante para enfrentar Blake Griffin e DeAndre Jordan, por exemplo. O ataque também funciona com ele, mas sua efetividade vai depender do sistema do adversário. De qualquer forma, pergunte ao seu técnico sobre sua importância. “Gostaríamos jogar com ele o máximo que pudéssemos”, disse antes de a série contra o Clippers começar. “Mas vamos ver.”

Neste domingo, no plantão corujão, pudemos ver, então, o brasileiro em ação, pela primeira vez desde o dia 3 de abril, numa vitória arrasadora contra o Denver Nuggets, quando o Spurs dava indícios de que havia novamente potencializado toda a sua fantástica química em quadra. Com uma escalação decidida apenas no domingo mais cedo, Tiago teve seu tempo controlado: jogou por exatos 9min57s de jogo, terminando com 4 pontos, 3 rebotes e 3 faltas, além de uma assistência e um roubo de bola. Foi máximo que Popovich pôde usá-lo. Afinal, ele só havia feito um treino, e com participação limitada, em 16 dias.

Baynes atuou por 20 minutos. Diaw, por 28. Tim Duncan ficou com sua tradicional meia hora de partida. Quando o veterano foi para o banco, a equipe sentiu. Ali poderia estar Splitter tentando ao menos incomodar uma figura assustadora como DeAndre Jordan – só Andre Drummond tem hoje essa combinação de altura, envergadura, impulsão e ombros largos. Jordan descansou por menos de dez minutos. Blake, por menos de seis. Estavam quase sempre em quadra, sendo muito agressivos, combinando para 35 pontos, 26 rebotes, 7 tocos e 7 assistências. Clippers 1 a 0, com 15 pontos de vantagem.

O torcedor do Spurs, porém, não é o único a se lamentar. Longe disso. Basta pegar o celular e trocar mensagens com a galera do Trail Blazers para sentir o drama. O departamento de infográfico de qualquer emissora de TV precisa estar muito atento nos jogos entre Portland e Memphis. A lista de enfermos é gigante, sempre com o risco de se adicionar mais um – ou de ter atualizar o status deles. Na série Rockets x Mavericks, teve atleta que precisou até mesmo calçar um tênis de numeração maior que a sua para devido a um inchaço no dedão.

E aí? Não há como negar que a temporada de 82 jogos causa um desgaste absurdo. Por mais que os atletas viagem em voos fretados, com acentos personalizados. Por mais que possam pagar um estafe médico e de preparação física por conta própria. Há um limite que o corpo pode aguentar. Dia desses, Rafael Uehara, que já deu sua contribuição valiosa aqui no VinteUm, destacou no Twitter uma passagem interessante no livro Soccernomics, sobre como o excesso de jogos do futebol inglês impede que a seleção do país faça boas campanhas em seus torneios. É uma declaração de Daniele Tognaccini, chefe do departamento atlético do Milan Lab, explicando o que acontece quando um jogador de futebol tem de disputar 60 partidas em um ano: ‘O nível de performance não é otimizado. O risco de lesão é muito alto. Podemos dizer que o risco de lesão em um jogo, depois de uma semana de treino, é de 10%. Se você joga a cada dois dias, o risco cresce para 30 a 40%. Se você joga quatro ou cinco partidas seguidas sem a recuperação certa, o risco de lesão é incrível. A probabilidade de você ter uma performance abaixo de sua capacidade é muito alta”.

Um gráfico que The OC Register preparou na temporada passada para mostrar todas as lesões que Kobe havia sofrido em sua carreira até então

Um gráfico que The OC Register preparou na temporada passada para mostrar todas as lesões que Kobe havia sofrido em sua carreira até então

Agora tente traduzir essa declaração para o mundo da NBA. O jogo de futebol pode ter maior duração (90 minutos x 48), mas vá falar para um ala do basquete ficar encostado na ponta direita da quadra, na sombra, esperando que seus quatro companheiros protejam a cesta do outro lado… Quer dizer: é difícil de dimensionar quais os cálculos que Tognaccini faria. O comissário Adam Silver sabe disso. Tanto que, em sua coletiva após a última reunião com os proprietários de clubes, afirmou que há uma preocupação (enfim!) séria em reduzir os famigerados back-to-back (dois jogos em duas noites consecutivas) e as semanas de quatro partidas em cinco dias.

Pensando nisso, segue a relação dos lesionados. Ou, pelo menos: dos atletas oficialmente lesionados. Aqueles que os clubes se sentem obrigados a informar. Inúmeras ocorrências não vêm a público, como Serge Ibaka nos explicaem uma entrevista bem bacana ao HoopsHype: “Veja, há muitas pessoas, torcedores e aqueles não estão dentro do time, que não sabem o que se passa. Você ouve gente falando que tal cara não está jogando bem. Mas eles não sabem o que está acontecendo. Posso dizer a você o que aconteceu comigo, por exemplo. Meu tornozelo estava doendo a temporada inteira. As costas também. Não é que eu tenha me lesionado apenas no final, que é o que todo mundo sabe. Eu machuquei meu tornozelo jogando com a seleção (espanhola, na Copa do Mundo…) durante o verão, e ele ficou ruim o tempo todo. Tive de tomar pílulas para poder jogar sem dor. Não sou só eu. Muitos dos meus companheiros passaram pelo mesmo problema”.

Também juntei aqui um ou outro caso de atletas que acusaram problemas em quadra ou em entrevistas, ainda que não tenham sido afastados. Sim, a temporada é desgastante demais, e suas consequências podem ser graves:

Atlanta Hawks
Thabo Sefolosha: o ala suíço está fora da temporada devido a uma fratura na perna causada por ação de policiais em uma casa noturna nova-iorquina – sim, essa não teve nada a ver com a quadra. A diretora executiva do sindicato dos jogadores, Michele Roberts, está em cima do caso, cheia de suspeitas. Sem o suíço, Kent Bazemore vai receber minutos importantes numa equipe de playoff pela primeira vez, com a missão de sustentar uma forte defesa no perímetro quando DeMarre Carroll for para o banco. Sefolosha era o nome ideal para a função.

Al Horford e um dedinho

Al Horford e um dedinho

Paul Millsap: jogando com uma camisa que faz compressão, além de uma proteção no ombro direito, depois de sofrer uma torção em jogo contra o Brooklyn Nets, na reta final da temporada. Mike Budenholzer ao menos respirou aliviado, por não ser algo mais grave. De qualquer modo, para um ala-pivô, não é nada legal jogar com o ombro dolorido. Pense nos movimentos que ele precisa executar em quadra.

Mike Scott: o ala perdeu 11 jogos em março devido a uma bipartição e uma torção aguda no osso sesamóide do pé direito. Não, não foi uma fratura. Voltou em abril e sentiu uma contusão nas costas, perdendo treinamentos e mais uma partida.

Al Horford: essa aconteceu na primeira partida da série contra o Nets, mesmo. Coisa de jogo, com o dedinho da mão direita virando para o lado contrário. Não houve fratura, só um deslocamento.

Boston Celtics
– A rotação vasta de Brad Stevens parece render benefícios: seus atletas simplesmente não constam no prontuário médico recente da liga.

Brooklyn Nets
Bem… Deron Williams e Joe Johnson parecem jogar machucados o tempo todo, não?

Mirza Teletovic: considerando a gravidade de sua questão médica, ao ser afastado por conta de uma embolia pulmonar, ter o bósnio de volta aos treinos é uma excelente notícia, na verdade. Mas ele ainda não está liberado para jogar. Já o ala Sergey Karasev está fora de vez, com uma lesão no joelho.

Mirza Teletovic: recuperado de embolia pulmonar

Mirza Teletovic: recuperado de embolia pulmonar

Alan Anderson: o ala-armador reserva perdeu sete partidas em abril devido a uma torção de tornozelo.

Chicago Bulls
Derrick Rose, vocês lembram, passou por mais uma cirurgia no joelho, dessa vez por causa de uma ruptura no menisco, e perdeu 20 partidas entre março e abril. Na primeira partida da série contra o Bucks, jogou demais, e era como se a torcida de Chicago vivesse um sonho. Rose pode ser uma influência para lá de positiva para a equipe. Só é preciso evitar a armadilha de pôr muita responsabilidade nas costas de um atleta que sofreu tanto nas últimas temporadas.

Kirk Hinrich sofreu uma hiperextensão no seu joelho esquerdo na última semana do calendário regular. Há quem despreze tanto o veterano (um cara ainda muito útil na defesa), que essa ausência pode ser até comemorada.

Taj Gibson sofreu um estiramento no joelho direito no primeiro duelo com o Bucks. Por sorte, Nikola Mirotic está pronto para receber mais e mais minutos, no caso de o excepcional defensor estiver abalado.

Joakim Noah, para variar, joga com uma tendinite no joelho esquerdo.

Chicago: adoração e apreensão pela dupla

Chicago: adoração e apreensão pela dupla

Cleveland Cavaliers
– Anderson Varejão
só poderá torcer por seus companheiros, em recuperação de uma cirurgia para reparar o tendão de Aquiles.

Kevin Love (principalmente) e LeBron James foram poupados de treinos e jogos durante todo o campeonato devido a dores nas costas.

Dallas Mavericks
– Chandler Parsons está com uma joelheira direita mais larga que a coxa de Karl Malone. Vem enfrentando inchaço e dores daquelas. Na primeira partida, precisou sair de quadra e ir para o vestiário para receber tratamento. O Mavs precisa de suas habilidades ofensivas, especialmente o arremesso de longa distância, para abrir a quadra para infiltrações de Rondo e Ellis.

Parsons explica a Mark Cuban como está difícil jogar contra o ex-time em Houston

Parsons explica a Mark Cuban como está difícil jogar contra o ex-time em Houston

Devin Harris: o inchaço é no dedão do pé esquerdo. Está tão inchado que o armador reserva enfrentou o Rockets no sábado usando um tênis maior na canhota, para tentar aliviar o desconforto. Sim, é verdade.

Golden State Warriors
David Lee: fora do início da série contra o Pelicans devido a um estiramento muscular nas costas. E ninguém parece nem reparar, tamanho o crescimento de Draymond Green.

Houston Rockets
– Uma ruptura nos ligamentos do pulso esquerdo tirou o armador e excelente defensor Patrick Beverley da temporada. Quem também não joga mais pela equipe nesta jornada é o ala-pivô lituano Donatas Motiejunas, devido a uma lesão nas costas. Duas peças que ganhariam bons minutos. Beverley é um dos melhores marcadores em sua posição, jogando com uma energia descomunal, enquanto Motijeunas ofereceria uma referência no jogo interior mais segura que Josh Smith e Terrence Jones, para os momentos em que Howard for para o banco.

Terrence Jones levou uma joelhada de Kenneth Faried nas costelas em duelo com o Denver Nuggets em março e teve uma perfuração no pulmão. É o mesmo ala-pivô que mal jogou em novembro e dezembro por conta de um problema nevrálgico nas pernas.

Dwight Howard parou por cerca de dois meses para tratar de uma lesão no joelho direito, embora não houvesse nenhuma lesão estrutural. Ainda não está 100%, e seus minutos são vigiados até hoje por Kevin McHale.

– O ala novato KJ McDaniels tem uma lesão no cotovelo, mas dificilmente iria jogar, mesmo.

Los Angeles Clippers
Também está no grupo dos times menos abalados no momento. Jamal Crawford, com uma lesão na panturrilha, era quem mais preocupava, mas parece devidamente recuperado. Blake Griffin também não dá sinais de que sinta algo no cotovelo

Memphis Grizzlies
– Mike Conley Jr.:
ultimamente, só se fala de sua fascite plantar no pé esquerdo, com inflamação e dores, que quase não se comenta o fato de ele também estar jogando com dores no pulso esquerdo durante quase todo o campeonato. “Não acho que vou estar nem perto de 100%, mas nunca pensei que perderia um jogo de playoffs”, afirmou, antes da estreia contra o Blazers. Beno Udrih fez uma bela temporada, mas a equipe precisa demais de seu armador titular, pela defesa e a liderança.

Tony Allen: o pitbull da equipe ficou fora das últimas dez partidas da temporada regular por conta de uma lesão na coxa. Retornou contra Portland e jogou por 25 minutos, ao menos. Está aqui o caso de um atleta que precisa estar bem fisicamente para render (pressionando os adversários de um modo sufocante, não importando a altura e o currículo deles), uma vez que sua habilidade com a bola deixa a desejar.

Marc Gasol sofreu uma torção de tornozelo na penúltima partida da temporada, mas não parece nada grave.

Milwaukee Bucks
Considerado um sério candidato ao prêmio de novato do ano, o ala Jabari Parker teve sua primeira temporada abreviada em dezembro por uma ruptura no ligamento colateral do joelho esquerdo. Khris Middleton aproveitou essa brecha, mas, para o futuro da franquia, é uma pena o atraso no desenvolvimento do número dois do Draft.

A proteção no dedinho esquerdo do Monocelha: nada muito grave, mas incomoda

A proteção no dedinho esquerdo do Monocelha: nada muito grave, mas incomoda

New Orleans Pelicans
Tyreke Evans, um cara que depende muito de seu arranque para a cesta, sofreu uma pancada no joelho esquerdo no primeiro jogo contra o Warriors e foi para o segundo duelo no sacrifício. Talvez tivesse minutos controlados, mas Jrue Holiday não retornou bem de uma reação por estresse na perna direita que o afastou por metade do campeonato.

Anthony Davis está jogando com o dedinho da mão esquerda protegido, depois de tê-lo deslocado. Aparentemente algo simples? Bem, no primeiro jogo ele estava segurando a mão sem parar, claramente desconfortável.

Portland Trail Blazers
Wesley Matthews ficou fora de combate, após uma ruptura no tendão de Aquiles. Recuperado de cirurgia, tenta dar apoio moral aos parceiros no banco de reservas. Arron Afflalo, aquele que seria seu substituto, sofreu um estiramento no ombro em jogo contra o Warriors, no dia 9 de abril. Está fazendo treinos leves e pode retornar no segundo ou no terceiro jogo da série.

LaMarcus Aldridge está jogando desde janeiro com um tendão da mão esquerda rompido. Precisa de cirurgia.

Dorell Wright sofreu uma fratura na mão esquerda no início de abril também, em derrota para o Clippers. Só poderá jogar em maio, se o time estiver em atividade até lá.

Arron Afflalo mal chegou e também se contundiu

Arron Afflalo mal chegou e também se contundiu

– Como se não bastasse, Nicolas Batum (numa temporada para se esquecer) e CJ McCollum (o jovem ala-armador que estava começando a engrenar), se contundiram em jogo contra OKC no dia 13. O problema do francês foi no joelho direito, enquanto McCollum torceu o tornozelo esquerdo.

– Sim, tem mais um: Chris Kaman, limitado por contusão nas costas. E uma temporada que se desenhava muito promissora… ficou complicada demais.

San Antonio Spurs
Tony Parker sofreu uma torção de tornozelo no primeiro jogo contra o Clippers. Teve uma campanha bem fraca para os seus padrões ao lidar com lesão e dores na coxa.

– Sobre Splitter, já falamos o bastante.

Toronto Raptors
– Kyle Lowry mal consegue parar em pé esses dias sem colocar a mão nas costas. É sempre um problema quando o jogador acusa dores ali. Inicialmente, os médicos na metrópole canadense não se mostravam preocupados. Três semanas depois, Dwane Casey já estava dizendo que ele não teria condição de jogar nem se já tivessem chegado aos playoffs. Foi afastado por nove partidas e, quando retornou, definitivamente não era mais o mesmo, acertando apenas 34,4% de seus arremessos nas últimas quatro rodadas, embora a pontaria de três pontos tenha sido elevada em relação a sua média.

Washington Wizards
Para fechar, outro time que está abaixo da média em termos de uso de medicamento. Até mesmo Nenê parece estar bem, na medida do possível.


EUA definem time com a Espanha na mira
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Giancarlo Giampietro

A ascensão de Mason Plumlee também empurrou Coach K para decisão surpreendente

A ascensão de Mason Plumlee também empurrou Coach K para decisão surpreendente

LaMarcus Aldridge, Blake Griffin e Kevin Love disseram não, obrigado. LeBron e Carmelo, que também quebram um galho por lá, assim como Kevin Durant, também pularam fora. Mas quem disse que o Coach K não conseguiria montar um Team USA grande – ou gigante – para a Copa do Mundo de basquete na Espanha?

Na calada da noite, madrugada de sexta para sábado já no horário de Brasília (sacanagem!!!), o gerentão Jerry Colangelo e o técnico Mike Krzyzewski anunciaram os cortes finais – Damian Lillard, Kyle Korver, Gordon Hayward e Chandler Parsons – para definir seu elenco de 12 atletas. Com muitas surpresas, sendo o estoque de grandalhões a maior delas.

Da turma meio que exclusiva de garrafão, eles terão: Anthony Davis, Kenneth Faried (titulares), Mason Plumlee, DeMarcus Cousins e Andre Drummond. São cinco pivôs, mais o Rudy Gay que pode fazer o papel de strecht 4 pontualmente, dependendo do time que estiver do outro lado. Uma linha de frente abarrotada, , principalmente quando comparamos esta escalação com a de outras temporada. Vejam só:

– 2010: Tyson Chandler, Odom, Love (+ Gay, Granger e Durant)

-2012: Tyson Chandler, Davis, Love (+ LeBron, Carmelo e Durant)

Temos aí a mesma composição: três pivôs mais três “híbridos”, que seguravam as pontas de quando em quando para marcar lá embaixo – ainda que, no sistema promovido pelo Coach K, esse conceito de posições fosse bastante dissipado. Além do mais, caras como Odom, Love e Davis fazem muito mais em quadra do que simplesmente proteger o aro e rebotear. Você pega esses duas listas e vê um esbanjo de versatilidade. No sexteto de 2014, não é bem assim.

Claro que DeMarcus Cousins tem uma habilidade fora do comum para alguém do seu porte. Kenneth Faried é consideravelmente dinâmico e vem expandindo seu raio de ação. Mason Plumlee, que ganhou sua vaga feito um autêntico azarão nos coletivos dos “aspirantes” contra o time principal, também é um excelente passador. Mas não dá para comparar.

Então o que acontece?

Isso se chama respeito. Pela Espanha, basicamente.

Ninguém da USA Basketball vai admitir em público, até para não soar prepotente e não encher de confiança os donos da casa. Mas os americanos entram na competição com um único objetivo: alcançar a final e levar mais ouro para casa. Creem piamente que os irmãos Gasol e o contratado Serge Ibaka estarão do outro lado. Um trio de arromba, que, num jogo travado, físico (e, quiçá, com arbitragem caseira?), pode te carregar de faltas. Daí a mudança de curso.

Hermanos Gasol, estão de olho em vocês

Hermanos Gasol, estão de olho em vocês

“Não consigo reforçar o quanto foi impressionante a dedicação e o comprometimento de cada um dos finalistas”, disse Colangelo. “Desde que assumi a gerência do programa em 2005, esse foi sem dúvida o processo de seleção mais difícil pelo qual passamos. Gostaria de deixar claro que isso não tem a ver apenas com talento. Cada um desses jogadores é incrivelmente talentoso e cada um oferece habilidades únicas. No fim, o que pesou foi a formação da melhor equipe possível, selecionando os caras que sentimos que se encaixariam da melhor forma com o estilo que temos em mente para esta equipe.”

No programa que restaurou a hegemonia ianque no basquete mundial,  a explosão, a velocidade, a capacidade atlética como um todo foram elementos fundamentais em suas seleções Claro, desde que esses atletas também fossem multifundamentados. Ajuda poder contar com Westbrooks, LeBrons, Georges e tudo o mais, né? Aberrações do ponto de vista físico, mas igualmente fenomenais com a bola.

Sem esses caras do primeiro escalão, o Coach K tinha ao seu dispor a ala, digamos, branca que sobrou – Chandler Parsons e Gordon Hayward, que supostamente poderiam quebrar o galho como jogadores híbridos (simplesmente “forwards”). Após Durant pedir dispensa, não demorou, no entanto, para que a federação recorresse a Rudy Gay, um campeão mundial em 2010, mas que nem havia sido convocado para o novo ciclo olímpico que se inicia. Já era uma pista a respeito dos alas de Dallas Mavericks e Utah Jazz.

Já Kyle Korver era visto como o sniper do elenco. Aquele que seria utilizado para derrubar as defesas por zona mais coordenadas, com seu arremesso perfeito – sim, ele também tem um QI acima da média, se mexe como poucos fora da bola, ajuda na coesão defensiva e tem bom passe, mas seu chamariz, em meio a tamanha concorrência, é o chute de três. Num time que já conta com Stephen Curry, Kyrie Irving, James Harden e Klay Thompson, porém, sua especialidade pôde ser sacrificada.  Os recursos atléticos e técnicos de DeMar DeRozan se tornaram mais atraentes.

Derrick Rose: voto de confiança (em seu físico)

Derrick Rose: voto de confiança (em seu físico)

O corte inesperado, mesmo, pensando na primeira lista divulgada, foi o de Damian Lillard. Não só por ser um senhor (e destemido) arremessador, mas principalmente por todas as dúvidas que ainda vão rondar Derrick Rose por um bom tempo. O armador jogou contra o Brasil no domingo e, segundo consta, sentiu dores no corpo inteiro, e, não, apenas nos joelhos operados. Tantas dores que, na quarta-feira, não foi para a quadra para enfrentar a República Dominicana, pulando também os treinos no meio do caminho. Num Mundial com uma sequência desgastante de jogos, como fica essa equação? Não seria prudente levar Lillard? Talvez o simples fato de que Colangelo e Krzyzewski tenham pensado que não seja a melhor notícia que o torcedor do Bulls poderia receber.

Agora, numa Conferência Oeste que já é brutal, os adversários do Portland Trail Blazers que se cuidem, porque Lillard vai ter ainda mais um bom motivo para incendiar cada ginásio que visitar na próxima temporada. John Wall ganhou companhia.

Mas ainda tem chão para os Irmãos Gasol e Ibaka pensarem no quão enfezado Lillard vai estar em quadra. Antes, eles vão acompanhar com curiosidade como os Estados Unidos vão trabalhar com tantos pivôs.


Quando ninguém entende os placares de Spurs x Thunder
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Giancarlo Giampietro

spurs

okc

Durante a temporada regular, o San Antonio Spurs teve o sexto melhor ataque da NBA, seguido bem de perto pelo Oklahoma City Thunder, o sétimo. Era praticamente um empate técnico. Se você quiser filtrar as estatísticas de defesas mais eficientes, verá que o time texano foi o quarto melhor do ano. Em quinto? seu oponente da final do Oeste novamente. Em saldo de sexta, ainda nesta ordem, temos +7,8 pontos x +6,4.

Em termos de aproveitamento dos arremessos de quadra, pode dar 48,6% para o Spurs, em segundo, e 47,1% para o Thunder, em sexto. Na hora de proteger sua cesta, o Thunder limitou seus adversários a míseros 43,6% de acerto, enquanto o Spurs empurrou seus oponentes para um rendimento de apenas 44,4%. Em lances livres, o time da Divisão Noroeste aparece em segundo, com 80,6%, enquanto a equipe da Divisão Sudoeste está em quarto, com 78,5%.

Se for para matar os chutes de três pontos, a franquia de San Antonio foi bem superior, com 39,7% (líder!), contra 36,1% dos rapazes de Oklahoma (14º). Do outro lado da quadra, o time de Gregg Popovich permitiu 35,3% de longa distância aos adversários, enquanto a rapaziada de Scott Brooks, 35,8%.

No ranking de assistências, o Spurs também foi quem mais deu passes para cesta por jogo, com 25,2. O Thunder aparece em 13º, mas com 21,9. E quem força mais turnovers? A galera de Thabo Sefolosha fica em 10º, com 14,5, enquanto os amigos de Kawhi Leonard estão em 25º, mas com 13,3.

Poderíamos ficar listando números e mais números aqui. Mas já deu para sentir mais ou menos o ponto, não? Durante 82 jogos, Spurs e Thunder estiveram na elite da liga. Como candidatos ao título, independentemente de um desfalque aqui (alô, Wess) e outro lá (oui, Parker). Seus números, em termos de colocação geral na concorrência com os outros times, podem destoar um pouco, mas, em geral, o que vimos acima foi muito equilíbrio, com os veteranos do Texas ligeiramente acima.

Então, tudo isso para repetir a pergunta que muitos não conseguem explicar: por que raios ainda não assistimos a uma partida equilibradinha que seja nesta série melhor-de-sete até agora?

Cinco partidas já foram disputadas, e a menor diferença produzida foram os nove pontos a favor de OKC no Jogo 4 – e esse foi um placar ilusório, uma vez que a equipe da casa liderava por 20 pontos quando restavam apenas 3min17s no cronômetro. É a primeira vez que isso acontece nas finais de uma conferência desde os duelos em que Michael Jordan maltratava o coração de Cleveland em 1992. Ou apenas o segundo desde 1988, quando Lakers e Mavericks venceram sempre por mais de 12 pontos.

Steve Kerr já havia falado no ar durante a transmissão que não conseguia entender. Ele, o homem de cinco títulos. Tim Duncan, de 17 temporadas e mais de 200 partidas nos playoffs em seu currículo, soltou esta: “É a série mais maluca em que eu já estive envolvido”.

Um corajoso sujeito foi perguntar para Gregg Popovich na coletiva em San Antonio a respeito. Vejam a transcrição do ocorrido (obs – nenhum boletim de ocorrência foi emitido):

Repórter na coletiva: Cinco jogos, cinco lavadas. Para nós que não entendemos tanto do jogo, como você explica isso?
Gregg Popovich
: Você está falando sério? Você realmente acha que eu posso explicar isso?

Nos termos mais simples (risos). Sei que você pode. A questão é: você vai?
Meu Deus do céu. E eles pagam você, não?

Muito pouco.
Então é por isso a pergunta. Você não vale muito.

Ninguém consegue explicar, aparentemente. Obviamente que o treinador poderia dar uma palavrinha ou outra a respeito. Mas em situações como essa ele prefere apelar ao sarcasmo, seja por impaciência, ou para dar um charme. Deve ser as duas coisas em conjunto, mesmo.

Fica essa coisa no ar.

Aqui, penso numa teoria abelhuda. Não espere, sinceramente, nenhuma tese de mestrado, nada muito científico. É só um palpite.

Mas acho que tem a ver com o contraste de estilos entre os times.

O sistema ofensivo de qualquer equipe é fazer cesta. Dãr. Mas, entre esses finalistas do Oeste, os meios alternam bastante, não?

O Spurs com sua movimentação constante, com apenas um jogador geralmente estacionado na zona morta do outro lado da bola, para alargar a defesa. E olhe lá, dependende das mudanças de direção nas infiltrações de Manu ou Parker. É corta-luz num determinado ângulo, depois em outro, seguido por outro. O passe para o lado, para trás, para a frente, sempre em busca de alguém boa condição para pontuar. A tendência é os elegermos como os guardiões de tudo o que jogo tem de puro e bom.

(Vale o parêntese aqui para uma aspa bem legal de Reggie Jackson, que vai se revelando como uma fonte obrigatória para repercussão: “É por isso que eles são conhecidos (os passes). Não acho que importe quem jogue. Eles poderiam usar cinco pivôs, e ainda encontrariam um jeito de mexer a bola. É o que eles fazem, é o sistema deles, e eles são bons nisso”.)

Já o Thunder pode emendar cinco ataques em que apenas um passe ou dois passes foram trocados, se tanto, e ainda assim ser ameaçador. Graças aos talentos exclusivos de Durant e Wess, que têm recursos atléticos e técnicos para jogar no mano-a-mano até amanhã de manhã, se Brooks deixar (ou quiser). Um pick and pop entre eles aqui, outra combinação de dupla com Ibaka em pitadinhas, e podem ficar muito bem nisso. Não que sejam fominhas. Os caras também fazem a assistência extra. São camaradas. Mas, pela natureza de seus supercraques, a ofensiva tende a ficar bem acomodada com facilidade. Irrita um pouco, mas dá certo na maioria das vezes.

Na defesa, Oklahoma tende a ser mais disruptivo, com atletas muito mais explosivos e de envergadura assustadora, enquanto San Antonio não é muito afeito a botes e riscos, preferindo guardar posição, com um ou outro tendo licença para atacar (Kawhi e Manu, por exemplo, e Mills por teimosia própria).

Uma equipe é harmonia, a outra, caos.

Quando cada um encaixa seu jogo perfeitamente, com confiança, o oposto acaba sendo engolido?

Pode ser? Ou é muito simples, idiota?

Provavelmente.

O difícil realmente é entender como é possível que, em cinco jogos de cinco, de rivais que já se conhecem perfeitamente, cada estilo tenha conseguido se impor de maneira tão clara em coisa de 30 minutos, para que a lavada fosse considerada irreversível..

No caso dos dois primeiros jogos, obviamente que ausência de Serge Ibaka também foi decisiva. O homem pode influenciar, e muito, os rumos de qualquer jogo, como vimos bem em seu retorno. Ainda assim, neste Jogo 5, o time texano conseguiu repetir os números auspiciosos dos dois primeiros confrontos. Por outro lado, não é possível também que não tenha passado pela cabeça de Scott Brooks que Popovich pudesse acionar Matt Bonner nesta quinta-feira e que abrisse mão de atuar com seus dois pivôs tradicionais ao mesmo tempo. Digo: os ajustes são sempre necessários na caminhada das equipes em um playoff. É o que acontece sempre.

Da mesma forma como não se pode relevar o fator emocional, com duas dúzias de atletas estressados, beirando a estafa, tentando resolver em quadra essa pendenga. E aí temos as duas melhores campanhas como visitante no campeonato – 30 vitórias, 11 derrotas para o Spurs longe de seus domínios, algo absurdo, contra 25 e 16 do Thunder. No entanto, sabemos também que a pressão não é lá uma exclusividade do ano de 2014. “Obviamente parece que o mando de quadra dá uma bela motivação para as equipes. Ambas estão confortáveis em casa. Então é por isso que optamos para não ir para OKC”, brincou Popovich.

Vamos ver o que sai daí, tentando sempre entender o que se passa para justificar tanto extremismo. Fato é que o Thunder agora está diante daquela situação de tudo ou nada, mas de volta ao conforto de seus aposentos neste sábado, Jogo 6. O Spurs está a uma vitória da final. Numa hora dessas, qualquer técnico aceitaria de bom grado uma vitória mesmo com meio ponto de diferença.


Nada que se compare a Ibaka na vitória do Thunder
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Giancarlo Giampietro

a

Vamos lá, mais uma vez…

“‘Cause NOOOOOOOTHING compares
Nothing compares 2 U!

Calma, calma.

Não há clima para melodrama, sofrimento nenhum na base 21 aqui nesta manhã de segunda-feira, com o friozinho da zona sul paulistana lá fora. Muito menos em Oklahoma City. Lá o sol vai surgindo cheio de folia, depois do retorno de Serge Ibaka, com todos os retoques heróicos que os torcedores – mais os marketeiros – gostam. E nem dá para ser diferente, neste caso.

Mas que o igualmente histórico vídeo acima corre o risco de virar o clipe oficial da campanha do Thunder nestes playoffs da NBA, ô se corre. Independentemente do destino do time nos próximos dias. Vão virar o jogo contra o Spurs? Perdem na final? Ganham o tão esperado título para a dupla Durant-Wess? Não importa. Vamos todos chutar pedrinhas por aí com essa balada na cabeça, pensando no pivô.

“Se Ibaka jogar nesta série, vou raspar minha cabeça, usar um vestido, adotar um sotaque irlandês e cantar karaokê como Sinead O’Connor.”

Pois foi o que disse Scott Brooks, ainda em San Antonio, num dos blefes mais excêntricos da história da NBA. O técnico tentava de tudo para despistar sobre o possível retorno de seu pivô congolês-espanhol-mutante quando a série retornasse aos confins de Oklahoma. Todo mundo acreditou – menos Gregg Popovich, Tony Parker, Manu Ginóbili, Tim Duncan e o roupeiro do San Antonio.

Mas, que ótimo, né?

Aqui, vamos celebrar sempre quando uma fonte decide quebrar a rotina e mergulhar nas profundezas da cultura pop para dar uns quilates a mais a sua declaração.

Imagine se ele dissesse algo do tipo: “Gente do céu, já falei um milhão de vezes que o Ibaka não joga mais nesta final do Oeste. Chega disso”. Qual seria a graça desse chororô? Se for para chorar, que seja com a Sinead O’Connor.

Fato é que Ibaka se recuperou de seu estiramento na panturrilha – lesão que, segundo os médicos do Thunder, o afastaria do restante dos playoffs. Mesmo mancando em alguns momentos, ele pode ter alterado a série.

Foi o único fator? Claro que não:

1) Os rapazes de OKC notoriamente jogam melhor em casa. Especialmente contra os bandoleiros de San Antonio. Venceram agora os últimos oito confrontos em seu ginásio.

2) Brooks tomou a sábia – e ao mesmo tempo demorada – decisão de tornar seu time mais atlético em quadra. Arrancou Sefolosha e Collison de sua rotação e deu apenas 13 minutinhos para Perk. O experimento só não foi mais radical porque Derek Fisher e Caron Butler seguiram acima de Perry Jones, o Terceiro, na lista do técnico. Não exagera, né? Por mais inteligentes que sejam o ala suíço e o pivô que, ao lado de Durant, é o único remanescente da franquia dos tempos de Seattle, se for para apostar em gente cerebral, a vantagem tende a pender para o outro lado.

Então, com Reggie Jackson entre os titulares e Jeremy Lamb e Steven Adams ganhando mais espaço na segunda unidade, que viesse o caos para quadra, no ataque e, especialmente, na defesa. As linhas de passe ficam mais apertadas, o espaço para bater para a cesta também é reduzido.

Oi, gente, eu me chamo Reggie Jackson e também fui importante na nossa vitória, né? Depois de Sefolosha ter zerado nas duas primeiras partidas, o armador somou 15 pontos e 5 assistências no Jogo 3

Oi, gente, eu me chamo Reggie Jackson e também fui importante na nossa vitória, né? Depois de Sefolosha ter zerado nas duas primeiras partidas, o armador somou 15 pontos e 5 assistências no Jogo 3

De qualquer forma, a influência de Ibaka na partida foi obviamente maior, já pelo que fez num primeiro quarto que não poderia ser escrito nem em contos de fadas. O cara me faz a primeira cesta do time? E vai matando uma atrás da outra? E começa a dar tocos na defesa como se nada tivesse acontecido? Este já fica conhecido como oficialmente como o “O Jogo do Ibaka” nos registros históricos.

Para a autointitulada “Loud City” nem precisa de muito para o ginásio ser tomado pela histeria. Com o pivô aprontando dessas? Era recomendável o uso de protetor auricular. Até as 500 milhas da Indy ficaram mansinhas.

O impacto causado por Ibaka foi emocional inicialmente, mas, com o decorrer do jogo, se tornou ainda mais relevante no tabuleiro tático. Um Ibaka a 70, 80% já é no mínimo cinco vezes mais atlético que seus companheiros de garrafão. É o que se sente em quadra e que vai muito além dos quatro tocos que ele deu em 29 minutos neste Jogo 3, ou dos 2,7 tocos por partida durante a temporada regular (foi o segundo na liga nesse fundamento). Com sua envergadura e mesmo  agoraa limitada mobilidade, o pivô fecha espaços e intimida os adversários.

(Por outro lado, Nick Collison sabe aonde como se posicionar perfeitamente – ano após ano ele está entre os atletas que mais cavam/apanham em faltas de ataque –, mas não é capaz de surpreender um atacante pelo alto. Não vai ser aquele cara a contestar uma cesta quase certa e forçar o erro. O mesmo vale para Perkins. Adams, de 20 anos, vindo da Nova Zelândia, ainda está aprendendo os macetes – embora também tenha feito uma grande partida neste domingo.)

Não é que Ibaka apenas dê tocos e altere a rota de bandejas. Há casos em que seu oponente simplesmente nem vai olhar para a cesta, respeitando demais seus atributos defensivos. E isso vale até mesmo para um armador rápido e maroto como Parker (4-13 nos arremessos, 4 assistências e 4 turnovers), ou para um Tim Duncan (7-17 nos arremessos), com todos os seus anéis, prestígio e fundamentos. Só o Kawhi Leonard que não se importou muito:

Esse foi um caro corte para a cesta que resultou numa cesta fácil para o Spurs (com dois detalhes: talvez só tenha se tornado fácil devido ao arranque explosivo do ala e ao fato de Ibaka não estar 100% – reparem como ele “demora”, segundo seus padrões, para largar Splitter e saltar na cobertura).  O time como um todo terminou o jogo com apenas 39,6% (36-91) nos arremessos, após ter combinado para 53,8% nas duas partidas em casa (91-169). Além disso, cometeu 16 desperdícios de posse de bola, vindo de apenas 9 e 12 em casa.

Esses números têm muito mais a ver com o que aconteceu entre os dois rivais durante a temporada regular, com Ibaka em ação, do que com o que vimos no início do duelo no Texas. Com o congolês-espanhol-mutante, o Thunder segurou o potente ataque de Popovich a 42 pontos no garrafão em média em quatro jogos, com 44% de acerto nos chutes. Sem ele, foram 60 pontos e 54%.

Joga lá para cima, mesmo, Manu, que o Ibaka quer te pegar

Joga lá para cima, mesmo, Manu, que o Ibaka quer te pegar

“A ausência de Serge é muito dura”, afirmou Reggie Jackson antes do Jogo 3. “Você fica até meio preguiçoso ao ter alguém como ele, que apaga tudo, na cobertura, interferindo em um monte de arremessos. Seu corpo começa a dizer algumas coisas: ‘Apenas os direcione no caminho de Serge’.”

Dentre as muitas declarações sobre o terceiro principal jogador do Thunder que li, acho que essa foi a melhor. Há tanta coisa implícita e explícita aqui. Vale destacar, pelo menos, o quão importante é a química que se desenvolve entre os atletas. Algo que você desenvolve com base na repetição diária de treinamentos que definitivamente você não vai reparar em menos de uma semana de treinos nas vésperas de uma final de conferência. A defesa da equipe se comporta de um jeito com Ibaka e de outra forma sem o cara, e não só por causa de sua constituição física assustadora.

Da mesma forma vale para o ataque, no qual marcou 15 pontos, com 6 cestas em 7 tentativas. É inevitável questionar como alguém tão ágil e forte como o pivô não tenha desenvolvido um jogo confiável de costas para a cesta. Acontece que, no ataque de Oklahoma City, todo e qualquer espaço obtido para infiltrações de Westbrook e Durant é bem-vindo. O grandalhão ter desenvolvido o chute de média para longa distância casa perfeitamente com essa proposta.

Nestes playoffs, Ibaka, aliás, tem a melhor média de acerto na média distância, convertendo 51,9%, entre aqueles que tentaram no mínimo 20 arremessos. Durante a temporada, ele matou 46,9% dali, quarto na liga entre os 65 jogadores que arriscaram pelo menos 250 vezes. Bem acima da média. Isto é: essa bola tem de ser respeitada, e a defesa do Spurs que se vire a partir daí – Splitter flutuando mais, em vez de se plantar embaixo da cesta, ou trocas rápidas na jogada de pick-and-pop, ou ajuda vindo da cabeça do garrafão, ou do lado contrário etc.

O Retorno de Ibaka

O Retorno de Ibaka

Claro, se Ibaka for jogar a próxima partida. Dessa vez o intervalo para recuperação é mais curto. Terça-feira já está aí – o que faz dos minutos a mais que ele jogou no domingo um tanto alarmantes: assim que Popovich limpou seu banco e voltou com Bonner, Ayres e Baynes, era o caso de Brooks ter sacado na hora seu pivô, mesmo que ainda restassem mais de cinco minutos.

Agora voltam as perguntas: será que joga? Será que joga e de modo efetivo?

Oklahoma City inteira vai cruzar os dedos em pensamento positivo. Todos eles cantando numa serenata que só para seu pivô: “Nada se compara a você”.


Lesão de Westbrook expõe limitações técnicas e táticas do Thunder
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Giancarlo Giampietro

OKC KO

Kevin Durant, Scott Brooks, e a eliminação

LeBron James entende perfeitamente. Chega uma hora que todo grande talento se depara com um limite.

Bem, obviamente o astro que vemos hoje vestindo o uniforme do Miami Heat é ainda superior àquele do Cleveland Cavaliers. Mais concentrado no jogo interior, com movimentos mais elaborados. Seu aproveitamento nos arremessos, de todos os setores da quadra, só cresce. O número de turnovers diminuiu. O de rebotes e assistências seguem volumosos.

Muito dessa evolução se deve ao seu maior comprometimento com o jogo, ou pelo menos com uma abordagem mais inteligente e agressiva em quadra. Mas não para nisso. Seu crescimento também passa pela criatividade de Erik Spoelstra. E o técnico se sente mais confortável em criar ao chegar para o treino e ver o alto nível dos atletas que Pat Riley reuniu em seu elenco.

Nos tempos de Cleveland, LeBron que se virasse com Larry Hughes, Donyell Marshall, Damon Jones, Eric Williams, Ira Newble e quem mais estivesse disponível de momento. Era uma dureza, um cenário que exigia ao máximo de seu protagonista. Uma situação que Kevin Durant, para surpresa geral, teve de enfrentar nos playoffs deste ano.

Surpreendente pois o Oklahoma City Thunder sempre foi considerado uma das equipes mais talentosas da NBA. Por um lado, seu plantel contava com três dos jogadores mais brilhantes da nova geração. O que estava ao redor deles, porém, talvez nunca tenha sido devidamente questionado ou avaliado. Afinal, estavam lá para complementar os jovens astros. Acontece que o clube primeiro se desfez de James Harden antes de a atual temporada começar, num movimento que hoje é um desastre. Para completar o estrago, Russell Westbrook sofreu uma grave lesão na primeira rodada dos mata-matas contra o Houston Rockets. Sobrou só Durant.

Reggie Jackson x Mike Conley

Reggie Jackson teve de fazer as vezes de Westbrook contra o Grizzlies

Só, mesmo.

O armador Reggie Jackson, substituto de Wess, fez o que pôde a essa altura de sua ainda jovem carreira – 13,8 pontos, 6,2 rebotes, 3,8 assistências e 50% de quadra, com lances que ora evidenciaram seu potencial, ora escancaravam sua inexperiência.

Serge Ibaka desapareceu no ataque por loooongos períodos, ressuscitou nos jogos finais contra o Memphis Grizzlies, mas se provou uma aberração atlética que é ainda muito limitada ofensivamente.

E o Kevin Martin, aquele que deveria suprir a pontuação do Sr. Barba no banco? Venerado pela comunidade estatística, foi bem durante a temporada, mas, nos playoffs, quando mais exigido na hora de a onça beber água, jogou feito um peso pena, no sentido literal e figurativo. Um sujeito com um basquete inócuo, com seu badalado aproveitamento de quadra despencando para 38%, sem bater para a cesta ou criar para seus companheiros.

De Resto? Melhor respirar fundo. A partir do momento em que foi marcado, Derek Fisher, 38, bateu o recorde informal de air balls estabelecido por Jerry Stackhouse pelo Brooklyn Nets – o veterano havia acertado seis de seus primeiros oito arremessos de longa distância contra o Grizzlies, em duas partidas, e terminou com 5 em 20 nas últimas três. Thabo Sefolosha ficou extremamente limitado ao perfil de “defensor-e-atirador-da-zona-morta”, para alguém que, quando despontava na Europa, se projetava como um atleta que faria de tudo um pouco em quadra. Jeremy Lamb e Perry Jones nunca foram acionados. E, se Nick Collison não consegue jogar por conta, o que dizer, então, de Kendrick Perkins e Hasheem Thabeet? Argh. (Perk e Fisher, especialmente, já passaram da hora.)

Kevin Durant x Marc Gasol

Chegou uma hora que Durant cansou de chutar diante da forte defesa de Memphis

Sobrou para o Durant, Por quatro jogos contra o Rockets e dois contra o Grizzlies, ele se virou bem, liderando sua equipe a três vitórias. Nos últimos três jogos da semifinal, porém, o gás foi acabando e a cabeça, pesando. Um cestinha completo, que ataca de todos os pontos da quadra com uma categoria e eficiência impressionantes, começou a amassar o aro, com rendimento completamente aquém de sua capacidade e histórico. Dos seus últimos 27 lances livres, acertou 18 – aproveitamento de 66,6%, algo que deixaria Dwight Howard feliz, mas não satisfaz um jogador que mata 88,4% em sua carreira e matou 90,5% na temporada. Nos tiros de quadra, a queda foi ainda pior: acertou apenas 15 arremessos em 48 tentativas (31,25%), comparando com 47,5% desde 2007-2008 e 51% neste ano.

Pior que é quase inevitável que apareça um herói disposto a criticar Durant, atirando ao vento aquela palavra de sempre: “amarelão”. Alguém que possa ignorar suas médias de 30,8 pontos, 9 rebotes, 6,3 assistências, 1,1 toco e 1,3 roubo de bola e que não descansou um minuto sequer nos jogos 4 e 5 e pôde respirar por 11 minutos entre os jogos 1 e 3. Como ele bem disse durante o confronto: “Acho que assumi mais a responsabilidade de pontuar, facilitar as jogadas e ir para o rebote. Claro que, quando você perde seu All-Star, sente falta. Mas não tem desculpa. Ainda temos de fazer o trabalho”.

Chega uma hora, todavia, que a exaustão é o seu maior oponente.

Mas não o único.

*  *  *

Scott Brooks conseguiu intensificar os esforços defensivos de sua equipe, que teve a quarta melhor retaguarda da temporada. Do outro lado, um rendimento ainda superior: tiveram o segundo ataque mais eficiente, perdendo do Miami Heat nesse quesito por um décimo. Dá para se questionar isso?

Curto e grosso? Sim.

Se o empenho e posicionamento defensivo de sua equipe são realmente invejáveis, o ataque deixa muito a desejar por ser tão rudimentar: passe para o Durant, passe para o Westbrook, e deixe que eles resolvam. Não é à toa que  apenas 16,7% de suas posses de bola durante a campanha 2012-2013 terminaram em uma assistência, a nona pior de toda a liga, enquanto o Miami Heat tem a terceira melhor (18,5%) e o San Antonio Spurs, a melhor (19.2%).

O time aposta tanto em sua duplinha que, por incontáveis minutos, acaba representando… A-ham… Pausa para limpar a garganta… A-ham… Acaba representando a epítome do estilo de jogo individualista que supostamente predominaria na liga. Porque é fácil, mesmo, cair na tentação, quando você tem dois craques como esses no mesmo quinteto. Seria apenas limpar um lado da quadra para deixar os dois monstrinhos agirem. Eles têm estilos diferentes: Wess passa feito locomotiva, Durant tem mais classe. Mas o resultado é mortal, invariavelmente.

Westbrook fez falta

Momento de despedida de Westbrook dos playoffs e uma revelação sobre o Thunder

Na maratona de jogos que é a temporada regular, nem sempre os times, especialmente as dragas de sempre, têm condições ou recursos para se preparar detalhadamente para um oponente. De modo que a capacidade individual de Durant e Westbrook pode desequilibrar e arrebentar com a concorrência facilmente. Quando chegam os mata-matas, a marcação fica mais apertada, os oponentes são estudados de modo minucioso. Para complicar, quando Westbrook foi para a mesa de cirurgia, levou em sua trouxinha 50% do ataque de sua equipe, que não passou dos 100 pontos sequer uma vez diante do Grizzlies.

Aí, ok. É a hora em que você fala que o Thunder estava enfrentado uma das defesas mais sufocantes da NBA. Justamente. Não chega a ser novidade nenhuma que um candidato ao título terá de enfrentar, em algum momento de sua campanha, um time que proteja seu garrafão tão bem como fazem os rapazes de Lionel Hollins (e David Joerger, seu coordenador defensivo, pouco falado).

Talvez com Westbrook as coisas tivessem sido diferentes? Pode ser. Mas, nem mesmo com a queda do armador Brooks resolveu mudar seu plano tático, resolvendo simplesmente substitui-lo por Reggie Jackson, na prática um novato para esse tipo de situação. De novo: ele foi bem, considerando o contexto, mas não representa de modo algum a ameaça que era Wess no mano-a-mano, ainda que apronte coisas desse tipo no contra-ataque (situação nem diferente do jogo cinco contra cinco):

Também podem alegar o seguinte: mas, gente, os caras foram vice-campeões do Oeste no ano passado! Sim, foram. Mas quem se lembra da reviravolta no confronto com o Spurs, na última final de conferência? A molecada do Thunder estava se metendo em uma enrascada, encurralados pelas táticas de Popovich, até que, de supetão assim, resolveram passar a bola.

Veja aqui um depoimento de Nick Collison no ano passado, retirado de um texto de nossa prévia encarnação, que detalhava o processo de crescimento pelo qual a equipe passava: “Temos esses caras que são os melhores no planeta em ir para a cesta, mas as equipes tentam tirar isso de nós, então temos de tomar a decisão certa com a bola. É um equilíbrio tênue entre ser agressivo e tentar pontuar, algo de que precisamos a toda hora, mas também fazer as jogadas certas. Estamos fazendo as jogadas certas nos últimos dois jogos”.

Durant se tornou um passador mais frequente,  ainda mais depois das lições que tomou de LeBron James nas finais, em treinos particulares e nas Olimpíadas. Na última temporada, concluiu 15,5% de suas posses de bola em assistências, bem acima dos 11,6% de 2011-2012 ou dos 9,7% de quando era novato. Quer dizer, o astro está fazendo sua parte. Falta, mesmo, uma proposta tática que incentive mais movimentação fora da bola, troca de passes no coletivo e ataques por ângulos diversificados.

Talvez seja o degrau que falte para o Thunder subir, desde que estejam inteiros e saudáveis. O problema é que nem os times conseguem completar a escalada, ainda mais num ambiente extremamente competitivo com o da NBA.  Um ambiente que pode roubar facilmente de Durant aquele sorriso antes constante e que desapareceu neste mês de maio.

“Nós sentimos a falta dele”, disse o ala, sobre Westbrook. Do Larry Hughes que não seria, mesmo.

*  *  *

Vejam o quadro:

Esses são os percentuais de arremesso de Kevin Durant durante toda a temporada. As cores vermelhas indicam os pontos em que seu rendimento é inferior ao da média da liga, enquanto o setor em amarelo representa algo na média e os verdes, acima.

Agora, no vídeo abaixo, para onde o cestinha caminha – ou é levado – na hora em que tem a bola em mãos, restando pouco menos de dez segundos, e o Grizzlies defendendo uma vantagem de apenas dois pontos?


Trajetória de pivô emergente do Rockets serve de exemplo para Scott Machado
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Giancarlo Giampietro

Greg Smith quem?

Matt Smith? Pat Smith? Jack Smith?

Não, nada disso. É Greg Smith.  E você conhece o Greg Smith?

É o pivô do Houston Rockets, jogando sua segunda temporada na NBA. Reserva do Omer Asik, o turco que você realmente deveria ter destacado em seu caderninho de anotações. (Se não fez, corra para vê-lo em ação. Um baita jogador).

Mas o Smith? Com esse nome tão comum nos EUA que poderia lhe valer a condição de anônimo, jogando 15 minutos em média por um time que não é exatamente a sensação do momento, é bem capaz que ele tenha passado batido mesmo na hora de se vasculhar a liga norte-americana em busca de informação.

De todo modo, para o aficionado brasileiro, a trajetória do grandalhão ajuda a dar um pouco de precioso contexto em torno de Scott Machado, o armador que vive uma situação difícil, já que o gerente geral Daryl Morey acabou de dispensá-lo.

Assim como Machado, Smith não jogou em uma universidade norte-americana de ponta – ele cursou em Fresno State. Assim como Machado, não foi dfraftado –se inscreveu no recrutamento de calouros em 2011, um ano antes do nova-iorquino filho de gaúchos e não teve seu nome chamado. Assim como Machado, foi acolhido prontamente pelo Rockets como um projeto de longo prazo.

Greg Smith x Manu Ginóbili

Mais eficiente que Manu Ginóbili?

Participou do training camp pelo clube texano em 2011, mas foi cortado do elenco principal após ter disputado apenas dois amistosos na pré-temporada – de novo: tudo muito familiar com a trajetória do armador. O jogador teve, então, de se contentar em jogar na D-League, a liga de apoio da NBA na qual o “D” vale por desenvolvimento. E ele realmente se desenvolveu.

Enfrentando veteranos rodados e alguns atletas inexperientes, Smith desfrutou de uma campanha de sucesso pelo Rio Grande Valley Vipers, a filial do Rockets, com 16,6 pontos, 7,8 rebotes e aproveitamento de 66,8% nos arremessos em pouco mais de 28,2 minutos. Foi tão bem que mereceu uma recompensa: um contrato ao final da temporada com o próprio clube de Houston, que, desta forma, conseguiria mantê-lo sob sua alçada. (Funciona assim: o clube oferece um contrato de dois anos para o atleta, no qual geralmente o segundo não tem nada de dinheiro garantido; ainda assim, esse time ao menos garante os direitos sobre o jogador, podendo dispensá-lo a qualquer hora.)

O pivô iniciou o atual campeonato no mesmo  barco de Scott Machado: não tinha um vínculo assegurado, tendo de convencer o técnico Kevin McHale e a direção de que valeria a pena investir mais em seus talentos. Os dois passaram juntos por um momento dramático no final de outubro, quando o Rockets tinha 20 atletas sob contrato e precisaria dispensar cinco deles antes que a competição iniciasse.

No fim, Morey continuou com seus movimentos ousados, manteve a dupla inexperiente e torrou cerca de US$ 6 milhões de salário ao mandar embora alguns veteranos estabilizados na liga. Na semana passada, quando chegou o ala James Anderson, foi a vez de Daequan Cook ser chutado e de mais US$ 3 milhões serem triturados. Agora, para abrir espaço para Patrick Beverley (escrevo mais sobre ele em breve), chegou enfim a vez de Scott. Greg Smith ficou.

Greg Smith, o Mãozão

Greg Smith e o maior par de mãos já medido nos testes físicos pré-Draft da NBA

Com o maior par de mãos já medidos na preparação para o Draft –, ótima envergadura e a cabeça amadurecida após tantos testes o pivô tem seu lugar fixo na rotação de McHale, e o que se escuta vindo de Houston é que o técnico já estuda um meio de abrir mais espaço para o cara em sua escalação, estudando colocá-lo ao lado de Asik.

Pudera: segundo as estatísticas mais avançadas, Smith seria hoje o 27º jogador mais eficiente de toda a NBA. Manu Ginóbili, Serge Ibaka e Paul Pierce são, respectivamente, os 28º, 29º e 30º da lista. (O que não quer dizer que sejam inferiores, claro. Mas é uma avaliação que mostra o potencial do jogador e que tem, em seu topo, pela ordem, as seguintes figuras: LeBron James, Kevin Durant, Chris Paul e Carmelo Anthony. Justa?)

Enfim. Parece até uma fábula. Mas que deveria ser estudada com atenção por Scott Machado. Ser dispensado pelo Rockets definitivamente não é o fim da linha, como você pode ver neste link aqui do DraftExpress.

Nessa entrevista, o antes desconhecido e dispensado Greg Smith diz o seguinte, com muita confiança: “Consigo me enxergar como um ala-pivô ou pivô titular em qualquer equipe da liga, de preferência no Rockets. Seria um bom jogador com o qual você pode contar e que ajudaria um time a vencer. E, daqui a cinco anos, acredito que poderia ser um All-Star”.

*  *  *

 No ano passado, durante o lo(u)caute da NBA, Smith jogou no México, para fazer um troco. Perto de Fresno, na fronteira com os EUA, mas, ainda assim, o México, que não é lá o principal pólo que você vai pensar quando o assunto é basquete. “No primeiro momento eu não queria jogar lá. Havia algo de errado, mas então decidi que iria, sim, e que seria por uns cinco ou seis meses. Quando cheguei, foi difícil, mas eu aprendi muito sobre mim mesmo, crescendo e amadurecendo. Joguei por três ou quatro meses, e aprendi muito enfrentando caras experientes que não se importam com quem você seja, com seu nome ou com qualquer outra coisa. Eles jogavam duro”, diz o pivô.

*  *  *

“É complicado para os jogadores jovens, porque eles estão vindo da universidade ou da Europa, onde estão acostumados a jogar mais de 30 minutos. Vir para cá, em Houston, com tempo limitado de quadra é difícil. Esse é o desafio para eles ao entrar na NBA, procurando se estabelecer. Achamos que a D-League dá a eles uma grande vantagem para continuar jogando e, ao mesmo tempo, trabalhar em suas fraquezas.”

Esse já não é mais o Greg Smith falando, mas, sim, de Gersson Rosas, o vice-presidente de basquete do Rockets, e gerente geral do Rio Grande Valley Vipers.

PS: encontre o Vinte Um no Twitter: @vinteum21.