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Arquivo : Kevin Durant

Klay Thompson e o Warriors deixam OKC em desespero
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Giancarlo Giampietro

Klay fez mais pontos que Durant e todo o OKC no quarto período

Klay fez mais pontos que Durant e todo o OKC no quarto período

Andrew Bogut saiu exausto de quadra, sem conseguir combater Steven Adams desta vez. Faltam seis minutos, e o Oklahoma City Thunder vencia por seis pontos também. Pouco depois, Draymond Green cometeria sua quinta falta, nesses rompantes dele. Situação delicada para Steve Kerr. Na hora de encerrar ou prolongar sua temporada, o técnico do Golden State Warriors então decidiu ativar sua badalada “Escalação da Morte”, que não vinha sendo efetiva na série. Talvez fizesse todo sentido, mesmo. É a marca registrada do time. Era viver ou morrer com eles, de todo modo.

Eles sobreviveram. O quinteto composto por Steph Curry, Klay Thompson, Andre Iguodala, Harrison Barnes e Draymond Green venceu esta última parcial por 21 a 8 e conseguiu uma virada histórica, por uma vitória por 108 a 101 em OKC, para forçar o Jogo 7 em Oakland, segunda-feira.

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Os Splash Brothers somaram 70 pontos, ou absurdos 64,8% do total da equipe. O show dessa vez ficou por conta de Klay, que teve um desempenho digno de Hall da Fama ao anotar 41 pontos em 30 arremessos e 39 minutos. Nesse processo de fritura, também quebrou o recorde de bolas de três dos playoffs, encaçapando 11 tentativas. Fez mais chutes de fora do que Kevin Durant e Russell Westbrook no geral. Sozinho, o ala também fez mais pontos que o Thunder em todo o quarto período: 19 a 18 (risos). Veja todas as suas cestas de longe:

Ele não fiou satisfeito, claro. “Poderiam ter sido pelo menos 13, já que errei alguns chutes completamente livre”, disse o ala.  Steve Kerr achou tudo isso bobagem: “O que ele fez foi ridículo, uma das melhores atuações arremessando a bola já vistas”, afirmou o técnico, que sabe uma coisa ou outra do fundamento. 

Depois de um primeiro quarto hesitante, nervoso, Curry foi entrando aos poucos no jogo e terminou com 29 pontos – que devem virar 31 pontos, com uma correção dos mesários –, 10 rebotes e 9 assistências, em 41 minutos. Antes da tempestade Thompson, ele manteve o time vivo no duelo com um terceiro período. E o placar de três pontos da noite foi o seguinte: GSW com 47,7% (21-43), OKC com 13% (3-23). Saldo de 54 pontos para os californianos. É viver e vencer com os Splash Brothers.

Mas não foi só de splash que o Warriors viveu. A defesa também apareceu e permitiu ao poderoso sistema ofensivo dos anfitriões apenas quatro pontos nos últimos 4min48s, liderada pelo eternamente subestimado Iguodala. O cara é o atual MVP das finais, mas a gente pode esquecer facilmente o quanto ele joga. O veterano desarmou, sem ajuda nenhuma, Durant e Westbrook em posses de bola nos últimos três minutos. Fez um trabalho fantástico contra KD no geral, ajudando a limitar o cestinha a 29 pontos.

Opa, peraí: o cara fez os mesmos 29 pontos de Curry, e foi pouco? É que o que contou mais aqui foram os 21 arremessos errados por Durant, oito a mais que o armador. Westbrook também teve dificuldade para fazer cestas. Foram 28 pontos em 27 arremessos, com 17 falhas. Ele somou 11 assistências e 9 rebotes, mas também cometeu cinco turnovers em 43 minutos. E quer saber? Quatro desses desperdícios de bola aconteceram nos últimos dois minutos. O pior de Wess voltou a aparecer na pior hora.

Tudo isso configura uma crueldade, na real, já que pode ter sido o último jogo de Durant como atleta do OKC. Por mais que tenha errado na mira e que Barkley e Shaq já o tenham detonado no intervalo, é preciso entender o contexto. O ala talvez nunca tenha se esforçado tanto na defesa também (com muito sucesso, registre-se), e isso vai interferir do outro lado. O mesmo vale para Curry, aliás, que vem fazendo bom papel contra Westbrook na série. Só nesta partida especificamente que não ficou muito tempo como responsável pela contenção do cara.

Um clássico

Um clássico

Não dá para ignorar que esses números todos foram produzidos num jogo tenso demais. Ou eletrizante. Pode escolher seu adjetivo preferido. Os visitantes fizeram um primeiro tempo fraco, no qual a bola parecia estar pegando fogo (no mau sentido, digo). Cometeram nove turnovers, não acertaram 37% se seus arremessos e ainda viam Curry contido, errando até mesmo dois lances livres seguidos (algo que só havia acontecido duas vezes em toda a temporada). Que tenham ido para o intervalo com apenas cinco pontos de desvantagem, foi praticamente uma vitória. Bem diferente do cenário de terra arrasada dos Jogos 3 e 4. A impressão que fica é que OKC deixou sua grande chance escapar aí. Golden State ao menos compensou com defesa e rebote, vencendo essa disputa. Aí, no segundo tempo, os Splash Brothers fizeram mágica.

Foi uma partidaça. Só temos a agradecer a Warriors e Thunder. Quem se lembra daquele jogo de temporada regular, em fevereiro, por acaso?  Com reação de Golden State novamente e bomba do meio da quadra com Curry?  Foi um clássico instantâneo, obviamente. Mas o que dizer deste Jogo 6, então?

Agora que segunda-feira chegue o quanto antes. A dúvida fica toda direcionada para o emocional de OKC. Deve doer demais essa derrota, e eles têm 48 horas para se recompor. O Warriors já deu sua resposta e mostrou do que seu elenco é feito, com uma formação mortal sem pivôs tradicionais, com seus arremessadores incríveis e uma determinação, um senso de urgência impressionantes. Jogaram como campeões. Aquela confiança, aquele status que são tudo o que Durant e Westbrook buscam.

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Em meio a trovões de Westbrook, uma vitória minúscula para Popovich
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Giancarlo Giampietro

Banco Spurs, OKC, Popovich

Até pode não dar em nada, mas é por essas e outras que Gregg Popovich merece o título de maior técnico da NBA desde a aposentadoria de Phil Jackson. O truque já é velho, mas não deixa de ser surpreender e admirar, né? Afinal, quantos têm coragem e pachorra para aplicá-lo? Restando ainda quase 20 minutos de um jogo valendo final de conferência, e quem mais sacaria todos seus titulares de quadra para afundá-los no banco de reservas?

O comandante do San Antonio Spurs não estava nada satisfeito com a cacetada que seus velhacos tomavam do Oklahoma City Thunder, nesta terça-feira, e optou por um de seus ardis. Tirou Parker, Duncan e Manu. Kawhi e Green (que depois voltaria). Sobrou até mesmo para o Splitter. E taca Matt Bonner em quadra! Se tivesse autoridade para tanto, certeza que ele mandaria Austin Daye tirar o blazer e jogar também.

Reserva Baynes que se vire com um Westbrook ligado no turbo: 40 pontos, mas em preocupantes 45 minutos; Durant jogou 41 e Ibaka, 35

Reserva Baynes que se vire com um Westbrook ligado no turbo: 40 pontos, mas em preocupantes 45 minutos; Durant jogou 41 e Ibaka, 35. Eles dão conta do recado

Com esse movimento, ele manda uma série de mensagens.

Para seus principais jogadores: “Estou decepcionado”.

Para Boris Diaw: “Mon Dieu, Boris, arremesse com confiança, s’il vous plaît!!!! Eu suplico.”

Para os demais reservas: “As portas estão sempre abertas”

Para a comunidade do basquete: “Sim, é possível”.

Para os repórteres de TV: “Nem vem de garfo que hoje é dia de sopa”.

E, principalmente, para Scott Brooks: “Se viraê com esse presentinho”.

Porque o Spurs já não tinha nada (mais!!!) a perder. A batalha já estava cedida, então, no mínimo, ele tratou de reduzir suas baixas, pensando na guerra, que tem sequência no Jogo 5, de volta ao Álamo, em menos de 48 horas. O técnico passou um pito em seus principais jogadores e, ao mesmo tempo, os preservou, sabendo que, fisicamente, o outro lado tende a levar sempre a vantagem. E não fica apenas  nisso: se desse certo, ainda forçaria que seu concorrente mantivesse Durant, Westbrook e até mesmo o sacrificado Ibaka em quadra.

Bingo.

Com 3min31s restando no quarto período, Bonner (+12 de saldo!) e cavalaria reduziram a antes bombástica diferença do Thunder para 12 pontos, anotando sete em sequência. Cory Joseph ofereceu muito mais que Patty Mills em termos de deslocamento e pegada e ainda botou Ibaka no YouTube (ver mais abaixo), Boris Diaw aceitou o chamado e passou a atacar com agressividade, Marco Belinelli esteve mais solto, e a bola foi girada de um lado para o outro.

Os titulares simplesmente deixaram de praticar esse tipo de basquete após cinco excelentes minutos no primeiro tempo. Deixaram de fazer aquilo que o Spurs deve executar o tempo todo para combater um time muito mais atlético. A turma do fundão do banco deixou claro, então, que dava para encarar aqueles caras. Desde que do modo correto, com um ataque mais equilibrado, que resulta em melhores situações de arremesso (veja tabela abaixo) e diminui as chances de contragolpes mortais.

Reservas do Spurs contra Thunder no Jogo 4: 9/13 no garrafão, a partir de meados do terceiro período

Reservas do Spurs contra Thunder no Jogo 4: 9/13 no garrafão, a partir de meados do terceiro período

“Não jogos de modo inteligente consistentemente, e, de uma hora para outra estávamos tentando ver se Serge poderia dar um toco, ou não. Pensei em distribuir uma foto para eles no banco. Eles sabem quem é Serge. Mas foi realmente, de uma hora para a outra, um basquete pouco inteligente. Em vez de acertar os jogadores livres, começamos a atacar o aro sem inteligência, e isso resulta em tocos. Tivemos sete turnovers no primeiro tempo, mas na verdade foram 14 por causa dos sete tocos. E aí você precipita a diferença de 20 a 0 nos contra-ataques”, afirmou Popovich, durante a coletiva, numa loooonga resposta ao repórter JA Adande, da ESPN, que ficou até emocionado.

“Então você tem de jogar mais espertamente contra grandes atletas. Eles são talentosos, obviamente, mas a capacidade atlética e a envergadura deles é o que causa uma margem pequena de erro, e contra isso não dá para para se atrapalhar tanto como fizemos. E acho que temos de jogar com mais empenho. Eles jogaram com mais determinação que nós nesses dois jogos”, completou.

Claro, contra os reservas, a defesa adversária, cansada e também mais relaxada, já não tinha mais a mesma energia da etapa inicial e nem estava tão familiarizada assim com aqueles oponentes, mas tudo isso está incluído nas contas que Pop fez antes de tomar sua decisão.

E como Brooks responderia? Era um jogo que ele simplesmente não poderia perder. Seria uma catástrofe. Iria de Fisher-Lamb-Jones-Collison-Thabeet nessa? Baita arapuca: não só o quinteto não tem rodagem, como dificilmente apresentaria qualquer coesão. Então, que ficassem os craques, mesmo, para liquidar a futura. Foram substituídos apenas dois minutos depois, aí, sim, com a vitória garantida.

A vitória é de OKC, série empatada em 2 a 2, mas Pop deu um jeito de tirar alguns pequenos triunfos morais dessa. E ele precisava de um empurrão desses – e, se Reggie Jackson, com uma torção no tornozelo não puder jogar, melhor ainda. Estava aquela barulheira infernal no ginásio, Ibaka voltava a influenciar o jogo defensivamente, os cestinhas eram explosivos, Thabo Sefolosha nem tinha dado as caras… Enfim, o confronto ia pendendo perigosamente a favor de seus adversários, numa virada como a de 2012.

Agora, pode muito bem ocorrer de o efeito dessa cartada ser nulo.

Com o turbo acionado, magnífico, Westbrook atropelou os adversários nesta terça, construindo uma das linhas estatísticas mais brilhantes da temporada: 40 pontos, 10 assistências, 5 roubos de bola, 5 rebotes, 12/24 nos arremessos e 14/14 nos lances livres. Mamãe. Vejam só este lance:

Foi até engraçado ao vivo. O armador do Thunder atropelou Tony Parker e foi para a cesta feito um trovão. Depois de alguns minutos, porém, que a equipe da TNT (a melhor transmissão da NBA, tecnicamente) foi reparar que a roubada de bola veio com os dois pés fora da quadra. Em slow-motion, você percebe isso no ato. Quando o lance aconteceu, de tão rápido, ninguém apontou nada.

Ter de conter um sujeito desses já é um problemão. E aí, de repente, a gente vai lembrar que Brooks também pode atacar com aquele tal de Kevin Durant. O MVP da temporada, cestinha da liga em quatro das últimas cinco temporadas, com média de 27,4 pontos por jogo. Durant somou 31-5-5 dessa vez. Juntos, os dois astros contribuíram com 71 (de 105) pontos, 15 (de 22) assistências , 8 (de 12) roubos de bola e 23 (de 37) chutes de quadra certos e 21 (de 24) lances livres convertidos.

Essa dupla de craques não está nem aí para os minutos jogados por Bonner ou Joseph. Agora, os titulares de Popovich deveriam, sim ter tomado nota. Vamos ver na quinta se haverá qualquer tipo de repercussão diferente da parte deles.

Enquanto isso, San Antonio se prepara, de olho na previsão do tempo:

Possível previsão do tempo tenebrosa para o Spurs

Possível previsão do tempo tenebrosa para o Spurs


Notas sobre a NBA: Boozer, Gasol no mercado e mais
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Giancarlo Giampietro

Durant vai subindo na lista de cestinhas. Gervin sabe disso

Durant vai subindo na lista de cestinhas. Gervin sabe disso

Por vezes, a sucessão de fatos pode ser tão atribulada que o trem passa e você não consegue nem se agarrar na última porta do vagão derradeiro. Então vamos apelar aqui, mais uma vez, para o formato de pequenas notas, para tentar dar conta de alguns episódios interessantes da NBA que aconteceram nos últimos dias, período no qual a prioridade foi a definição do pagamento de mais de R$ 2,6 milhões por uma vaga na Copa do Mundo de basquete. Com um aviso, desde já: sobre Andrew Bynum no Indiana Pacers, o assunto é muito importante para a temporada para ser resumido em dois ou três parágrafos. Estou preparando outro texto a respeito, que espero publicar entre quinta e sexta-feira:

Carlos Boozer quer jogar MAIS pelo Chicago
Quando li o pivô do Bulls reclamando de sua ação cada vez mais reduzida nos quarto períodos, não deu para não rir. Que fique claro: não era bem um deboche de alguém chamado Carlos, nascido em Aschaffenburg, numa base militar americana na Alemanha, e que cresceu no Alaska – aliás, essa combinação sempre foi fascinante para mim. Boozer obviamente já não faz por mercer os US$ 15 milhões que fatura por temporada, se é que um dia valeu toda essa bolada. Frustrada por não conseguir contratar nem LeBron, nem Wade e nem Bosh, acabaram pagando uma fortuna por um jogador cheio de limitações. A desatenção, falta de empenho e lentidão do cara na defesa sempre custaram muito caro aos seus times, ainda mais em fase de playoffs. Além do mais, sua voracidade perto da tabela também foi minguando com o decorrer dos anos. Mas, bem, o riso não tinha a ver diretamente com isso, e, sim, com o fato de que uma das maiores críticas que Tom Thibodeau enfrenta na liga é a maneira como explora ao máximo seus principais jogadores, fazendo-os encarar maratonas brutais durante a temporada. E está aqui um caso de cara que, na verdade, está reclamando por jogar de menos.

Carlos Boozer, orgulho do Alaska

Carlos Boozer, orgulho do Alaska

Boozer falou um monte durante a semana, manifestando seu descontentamento pelo fato de ter ficado duas partidas seguidas sentadinho no banco durante a parcial final. “Acho que eu deveria estar na quadra, mas é a escolha dele”, disse. “Eu jogo. Não dirijo. Então ele decide isso. Mas, honestamente, ele tem feito isso desde que cheguei aqui, de não me colocar no quarto período. Tem vezes que vencemos, mais do que perdemos.  Mas é sua escolha.”

Hã… De fato. O Bulls mais vence com Thibs do que perde. Mesmo sem Derrick Rose. Mesmo sem Luol Deng. Mesmo sem… Bozzer no quarto final. Como ele próprio admite. Então… Qual exatamente o problema?

Taj Gibson não só é 49 vezes um melhor defensor que o titular do time (tá vendo como realmente não interessa nada essa coisa de quem começa, ou não, jogando, como Ginóbili já se cansou de nos ensinar?), como também vem evoluindo gradativamente no ataque, de modo que, na hora em que a coisa aperta, a decisão mais simples para o treinador é emparelhá-lo com o JoJo em quadra e fazer de sua retaguarda um pesadelo para a concorrência.

(Para constar, nesta terça, Boozer teve uma noite produtiva contra o Phoenix Suns e teve o prazer de jogar no quarto período por mais de três minutos! Ele substituiu Gibson com 3min46s no cronômetro e cedeu seu lugar para o reserva aos 34s. Booooa, garoto.)

Plantão médico do Los Angeles Lakers informa.
Olha, já é sabido todo o ódio que Mike D’Antoni pode despertar nas pessoas. Em muitas pessoas. Hoje, na esmagadora maioria das pessoas, especialmente aquela que tenham alguma queda por Kobe e o Lakers. Mas como é possível dirigir um time desses com algum sucesso? Um time que em NENHUMA partida da temporada teve todo o seu elenco disponível para bater uma bola?

Justo na hora em que se preparava para acolher dois Steves de uma vez e um Jordan em sua escalação, o técnico perdeu Pau Gasol novamente. O pivô vinha em sua melhor fase em muito tempo, mas vai ficar afastado por sete partidas devido a uma contusão na virilha.

E quem realmente achava que a coisa ia parar por aí?

Que os enfermeiros se preparem, já temos mais enfermos. Blake mal voltou contra o Minnesota Timberwolves e já sofreu uma… Ruptura no tímpano! O veterano armador ainda seguiu jogando, saindo zerado de quadra depois de 31 minutos e apenas dois arremessos tentados. Inacreditável. Além disso, o ala Jodie Meeks, talvez a figura mais estável do time em meio a mais um ano totalmente dominado pelo caos, sofreu uma séria lesão de tornozelo e saiu de quadra num pé só.

Nash, que vai completar 40 anos na sexta-feira e fez apenas seu sétimo jogo no campeonato, somou sete pontos e nove assistências em 25 minutos, dez a mais do que estava combinado para que ele jogasse.

Ainda bem que só faltam uns 150 dias para o próximo Draft.

Gasol no Phoenix Suns? Será?
O ESPN.com deu a história, e depois os jornais locais foram adiante. Está confirmada a negociação entre as duas equipes. O Lakers tentando se livrar de Gasol, para não pagar as pesadas multas do teto salarial, e, ao mesmo tempo, buscando mais alguma(s?) escolha(s?) de Draft para este ano ou próximo. O Suns, que supostamente apenas conduziria a temporada na maciota, de olho em mais algumas revelações no recrutamento de novato, se viu obrigado a mudar sua abordagem, diante de um sucesso inesperado. Qualquer estrela que fique disponível nas próximas semanas, até o dia 20 – o prazo final para trocas este ano –, tende a despertar o interesse da franquia.

Gasol, um belo reforço para o Suns. Ou não?

Gasol, um belo reforço para o Suns. Ou não?

No momento, eles estão na seguinte parte do processo de barganha: o Lakers quer, além de Emeka Okafor (o famoso “expiring contract”), uma ou mais escolhas de Draft de primeira rodada. Do outro lado, já ciente do valor que Okafor teria para as finanças de seus antigos rivais, o Suns bate o pé e diz que não está muito disposto a dar nada de tanto valor assim pelo espanhol. Será que fechariam o negócio se pudessem ceder apenas o pick do Pacers deste ano (muito provavelmente o último da primeira rodada)? Será que envolveriam apenas os de segunda rodada? Isso não está claro.

A diretoria do Arizona também quer aguardar o retorno de Gasol, ainda que os caras em LA digam que sua contusão não é muito séria. Lembrando que o pivô também está no seu último ano de contrato. O Phoenix o “alugaria” até o final do campeonato, na esperança de brigar para valer nos playoffs do Oeste. Kobe diz amar Gasol, mas a relação do atleta com a diretoria e a comissão técnica já está, vá lá, bem esgarçada.

De todo modo, também vale a pergunta: se o espanhol reclamou tanto do sistema de Mike D’Antoni nos últimos meses, como reagiria ao ritmo de jogo do Suns, que segue a mesma linha? Seria simples birra contra o seu atual treinador? Regitre-se que na tabela dos times que mais correm na temporada, o Lakers está em terceiro e o Suns, em sexto. As habilidades de Gasol, sua idade e problemas físicos… Nada disso indicaria que ele seria uma boa combinação para o estilo de jogo que Jeff Hornacek tem promovido. Por outro lado, a mera possibilidade de adquirir alguém tão talentoso (experiente e vitorioso) é tentadora demais, claro.

Vamos esperar pelo desfecho dessa queda-de-braço.

– Kevin Durant, mais que homem de gelo.
Sabe o George Gervin?

Foi um ala que jogou por San Antonio tanto na extinta ABA como na NBA, entre os anos 70 e 80. Segundo consta, foi um dos maiores cestinhas de sua geração. Entre 1977 e 82, foi cestinha em quatro campeonatos. Juntando as duas ligas, ele aparece na 14ª colocação geral entre os matadores. O talento para fazer cestas lhe rendeu o apelido de Iceman. Tinha a ver com o sangue frio para definir as jogadas. Mas o que repercutia em seu jogo não era apenas o faro para pontuar, mas também o modo como ele fazia, com movimentos atléticos e elegantes próximo da cesta. Nos clipes históricos de promoção, ele é quase companhia obrigatória ao legendário Dr. J. Para quem quiser se esbaldar, seguem 30 minutos de lances de um confronto entre os dois, com direito a Bill Russell na transmissão:

Pois o San Antonio Express teve uma saudável ideia de pauta, mesmo que fosse para falar bem daquele oponente que promete aterrorizar Tim Duncan & Cia nos playoffs: gravar uma entrevista com Gervin para falar sobre o maior cestinha dos dias de hoje, Kevin Durant, alguém que ainda precisa anotar 12.813 pontos na NBA para igualá-lo na tabela histórica. Parece e é muito. Mas, no embalo que o jogador de OKC está, seriam necessárias apenas mais cinco temporadas para que isso acontecesse. KD vai fazer apenas 26 anos em setembro. Afe.

Mas, bem, o Express chamou Gervin e ouviu o que (não?) queria: aos 61 anos, Gervin é um senhor admirador de Durant, e já acha bobagem que qualquer um queira compará-lo ao garoto. Nessa ordem, mesmo. Em sua concepção, o cestinha da temporada já o deixou para trás. “Ele é um fenômeno. Um cara de seu tamanho, que pode colocar a bola no chão, arremessar tão bem como ele faz. Isso o torna imarcável. As pessoas o comparam a mim, ouço muito isso. Mas a única razão para isso é porque ele é magro, sabe driblar e pontuar. Ele faz de um jeito diferente do meu. Arremessa mais de longe. É umas três ou quatro polegadas mais alto. Imarcável. O único cara que pode pará-lo é ele mesmo. Eu não era ruim. Mas foi há muito tempo, você sabe. Minha carreira me deixa realmente confortável. Mas ele é especial. Fico feliz de ainda estar por aí e ainda poder ser comparado a ele.”

Ainda sobre Durant, no decorrer de sua grande sequência de jogos com 30 pontos ou mais – que terminou, de verdade, apenas contra o Washington Wizards, uma vez que contra Nets ele nem participou do quarto período, com o jogo já resolvido –, existe na imprensa americana uma busca incessante para encontrar um apelido para Durant. Durantula já foi ventilado, mas é horrível. Agora vieram com “Slim Reaper”, algo como o Ceifeiro Magro. O craque não gostou. Não quer ser identificado com algo que lembre a morte. Prefere simplesmente KD.

Que continuem tentando. Só não vale Iceman.

– Kirilenko e o sucesso. Tudo a ver.
Quem, por milagre e muita paciência, acompanha o blog desde sua última encarnação, sabe da admiração profunda que se tem pelo russo Andrei Kirilenko nos arredores da Vila Bugrão, aonde está fincada a base do conglomerado 21. Aqui está uma prova. Mas, não, não se confirmam os rumores de que a fachada deste imponente edifício esteja tomada por um painel com todos os diferentes e alegres cortes de cabelo do astro.

Antes de a temporada começar, na hora de projetar os atuais times, para mim, a presença de AK-47 no elenco do Brooklyn era tão decisiva como a de um Paul Pierce ou um Kevin Garnett para um ousado Brooklyn que assumia o espírito de tudo ou nada – ainda que tenham pago uma suspeita pechincha para contratar o compatriota do bilionário Mikhail Prokhorov.

O modo como Kirilenko pode influenciar um jogo está expresso em suas estatísticas históricas. Você não encontra com facilidade por aí alguém capaz de sustentar médias de 12,2 pontos, 5,6 rebotes, 2,8 assistências e, mais importante, 1,8 toco e 1,4 roubo de bola. A versatilidade do ala é impressionante. Esse é um caso em que os números traduzem perfeitamente o que ele faz em quadra, com movimentação muito inteligente, capacidade atlética e envergadura que fazem a diferença.

O segredo russo para tudo no Brooklyn Nets?

O segredo russo para tudo no Brooklyn Nets?

Posto isso, na atual campanha, sua primeira pelo Nets, limitado por muitos problemas físicos, ele vem jogando apenas 18,1 minutos. Ele ainda não converteu sequer um chute de três. O lance livre despencou para 66%. Numa projeção por 36 minutos, seu rendimento é inferior ao que apresentou pelo Timberwolves na temporada passada.

Agora… Quer saber um dado instigante? Com Kirilenko fardado, o time de Jason Kidd tem 12 vitórias e 5 derrotas. Sem ele? 9-20. Em termos de aproveitamento, a variação é de 70,5% para 45%. Ou podemos colocar desta forma: é a diferença entre ser terceiro ou oitavo neste patético Leste. E não é que tenham batido só times fracos durante os 17 jogos com o russo (conte aí duas vitórias contra Miami e Atlanta e triunfos também sobre Oklahoma City, Golden State e Dallas).

É uma estatística e tanto, não?

Mas claro que, para avaliar qualquer dado, é preciso um pouco de calma. Kirilenko ficou um longo tempo fora de quadra, tentando entrar em forma, ainda não está 100% e voltou exatamente no momento em que Kidd conseguia encontrar uma identidade para seu time, mesmo com a – ou por causa da – lesão de Brook Lopez, fazendo a eficiência de sua defesa decolar. Nesse sentido, AK-47, ainda que a 60% de sua capacidade já ajuda bastante na defesa, podendo cobrir diversos tipos de oponentes, dando liga nas coisas.

E acreditem: essa é uma opinião imparcial.


Williams, Turner, Thabeet… E a sina dos nº 2 do Draft
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Giancarlo Giampietro

Derrick Williams, ou bust?

Derrick Williams… Para salvar a honra dos primeiros dos últimos como King?

“É uma sensação boa, um novo começo”, diz Derrick Williams, em sua chegada a Sacramento. “É um novo início para mim e para a equipe. Realmente sinto que posso ajudar este time.”

O discurso pode soar repetitivo – essa coisa de zerar o que aconteceu, buscar novos horizontes e yada yada yada –, mas de modo algum pode se questionar sua sinceridade. Acho.

Pois o ala passou por poucas e boas nas últimas temporadas, desde que foi escolhido como o número dois do Draft de 2011. Ele não se achou em quadra, ficou atrás de Kevin Love na rotação, não conseguiu  ganhar a confiança de Rick Adelman e, nesta semana, acabou despachado para o Kings, em troca de Luc Richard Mbah a Moute.

Olha, o camaronês é um ótimo defensor e reboteiro – e um dos melhores amigos de Kevin Love –, mas tem muitas limitações. No ataque, consegue pontuar só quando livre debaixo da tabela. Por esse pacote, ganha mais de US$ 4,4 milhões em média num contrato de mais dois anos. É muito.

Que Williams tenha sido trocado por um jogador desse nível mostra o quanto sua cotação caiu e que o ex-gerente geral da equipe David Kahn não tinha, mesmo, o melhor tino para selecionar novatos.

Outros dois de seus fiascos:

Jonny Flynn, 6º em 2009: ok, teve lesão muito cedo e foi queimado pelos triângulos de Kurt Rambis na sua primeira campanha, mas hoje ele não consegue jogar nem na China… E Stephen Curry, Brandon Jennings, Jrue Holiday, Ty Lawson e Jeff Teague saíram depois dele no Draft).

Wesley Johnson, 4º em 2010. O ala foi mandado para Phoenix no ano passado em troca de… nada. Ou pior: o time, na real, teve de pagar para se livrar do jogador, limpar seu salário e tentar contratar Nicolas Batum de modo frustrado.

Ele acertou com Ricky Rubio… E só. Basicamente isso.

Agora, Williams não só tenta se livrar dessa pecha, como luta contra uma sina ainda mais impactante: a quantidade de segundas escolhas do Draft recentes que têm se mostrado desastrosas.

Não tem aquela história de que o segundo é o primeiro dos últimos? Bem, no caso do recrutamento de calouros da NBA, a partir dos anos 2000, o segundo tem se mostrado o último, mesmo.

Se você quiser saber quais foram todos os draftados número 2 da história, segue um prato cheio, daqueles com uma montanha de arroz. Seria uma loucura falar sobre cada um deles, mas fique à vontade para fazer o serviço. Aqui, vamos nos concentrar apenas nos de 90 para cá – aqueles que vimos jogar, vai –, para estabelecer uma comparação.

Na década do Nirvana, do tetra, do Plano Real e da Guerra do Kosovo, em ordem cronológica, tivemos: Gary Payton, Kenny Anderson, Alonzo Mourning, Shawn Bradley, Jason Kidd, Antonio McDyess, Marcus Camby, Keith Van Horn, Mike Bibby e Steve Francis. Nada mal, hein? Só três deles não foram All-Stars: o pirulão Shawn Bradley, um dos principais alvos de Shaquille O’Neal e de qualquer gente que soubesse enterrar, Keith Van Horn, que começou bem, mas nunca decolou, sentindo a pressão, de ser o (?) próximo Larry Bird; e Camby, que ao menos garantiu um título de melhor defensor do ano em 2007 e foi bem pago a carreira toda.

Em compensação, de 2000 para cá, a coisa ficou feia. Nos primeiros cinco anos, tivemos Stromile Swift, Tyson Chandler, Jay Williams, Darko Milicic e Emeka Okafor. Chandler se tornou um belo pivô, mas levou tempo para que acontecesse. Emeka Okafor defende bem, mas está um degrau abaixo. Os outros três foram desastre: um caiu por ter uma combinação matadora de ego e inconsistência; o outro sofreu um grave acidente de moto e não conseguiu voltar bem; e Darko… Bem, foi o Darko, né? Free Darko!

Depois, em 2005, Marvin Williams conseguiu ser escolhido pelo Atlanta Hawks na frente de Deron Williams e Chris Paul. Palmas! LaMarcus Aldridge fez do Portland Trail Blazers um time bastante esperto em 2007, ensanduichado por Andrea Bargnani e Adam Morrison. Em 2008, Kevin Durant fez do Portland Trail Blazers um time bastante equivocado.

Agora… Depois de dois grandes e saudáveis certos desses, veio a sangria. Cuidado, o conteúdo é forte:

2008: Michael Beasley para o Miami Heat. Leia tudo sobre o caso aqui. Ao menos o ala vai começando bem sua segunda passagem pela Flórida. Conhecendo a peça, todavia, está muuuuuito cedo para comemorar.

2009: Hasheem Thabeet para o Memphis Grizzlies. O ex-proprietário do clube, Michael Heisley se intrometeu no basquete. Deu nisso: ficou encantado com o treino particular do pivô de quase 2,20m de altura e saiu dali convencido de que era a melhor pedida na frente de James Harden, Ricky Rubio e todos os armadores indicados acima ao lado de Wes Johnson.  Pois o único jogador da história da Tanzânia na liga ficou no Tennessee por apenas um ano e meio, até ser trocado com o Houston Rockets. Hoje está em Oklahoma City, com um contrato parcialmente garantido. Pode ser dispensado a qualquer momento.

Thabeet cool

Thabeet, reserva do Thunder, mas acima de James Harden na certa

2010: Evan Turner para o Philadelphia 76ers. O ala saiu logo atrás de John Wall como a promessa de alguém que estava pronto para entrar em quadra e produzir. Nunca se encaixou com Andre Iguodala ou Jrue Holiday e teve três anos de produção abaixo da média. Não teve nenhuma oferta de renovação contratual por parte do Sixers e meio que já sabe que joga neste exato momento por sua sobrevivência na liga. Vai indo relativamente bem, conseguindo seus números para seu agente vender o peixe em 2014, embora não tenha tanta eficiência, sendo um dos campeões de turnover da temporada. Naquele ano, na mesma posição, em nono saiu Gordon Hayward. Em décimo, Paul George. Glup. Em 12º, Xavier Henry. ; )

2011: Derrick Williams, o nosso amigo. É muito simples colocar tudo na conta de Kevin Love. Supostamente, Williams teria como melhor posição – se enquadrado em uma, diga-se – aquela chamada de 4, como um ala-pivô mais atlético que o normal, que supostamente poderia bater seus adversários de frente para a cesta, atacando em velocidade e explorando seu arremesso de três pontos desenvolvido ano a ano na universidade do Arizona.

Derrick Williams x Patrick Patterson

Não pense Williams que Patterson vai dar a chave do carro tão fácil assim

Foi desse jeito que ele deu um trabalhão danado para a Duke do Coach K nos mata-matas da NCAA daquele ano. Num time que já tinha um astro fazendo mais ou menos isso, o novato ficou perdido.

Não conseguiu se encaixar no time, perdido defensivamente. E não engrenou também mesmo quando o astro perdeu quase toda a temporada passada (64 jogos) por conta de fraturas na mão. Williams não conseguiu ser eficiente ou agressivo no ataque e penou na defesa – lento longe da cesta e despreparado para lidar com jogadores mais altos e igualmente atléticos embaixo.

E toca ser trocado por um príncipe aguerrido camaronês. Em Sacramento, ele busca o alardeado recomeço. Mas, acreditem, não é tão simples assim. Patrick Patterson, Jason Thompson e, quando voltar de lesão, Carl Landry têm algo a falar sobre a disputa do posto de parceiro de garrafão de Boogie Cousins. É de se esperar que, nessa segunda chance, o clube faça uma forcinha e tente ver o quanto antes tem em mãos. Os minutos só não serão entregues de graça, com base no status. O técnico Brendan Malone vai exigir um posicionamento defensivo no mínimo alerta do atleta. Algo que ele não conseguiu cumprir em Minnesota.

“Eu digo ara as pessoas: apenas me coloque em quadra, e farei coisas boas”, implora o mais novo King.

A Williams se junta o hiperativo Michael Kidd-Gilchrist, a segunda escolha do ano passado, que tem apenas 20 anos e uma vida toda pela frente. Não dá para julgá-lo de imediato. No entanto, se ele não der um jeito urgente em seu arremesso, ficará difícil de justificar a confiança que recebeu do Charlotte Bobcats. Ainda mais com Andre Drummond atropelando quem quer que apareça a sua frente.

Com tantos casos mal-sucedidos, só fica uma dúvida. Será que é bom passar esse tipo de informação para Victor Oladipo, ou melhor evitar?


Deslize em operação de Westbrook pode acelerar desenvolvimento do Thunder
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Giancarlo Giampietro

Wess, sem palavras

O principal senão da lesão de Westbrook: a chance de vê-lo vestido no banco desta forma

Muitos jogos de basquete já foram decididos por um ponto.

A temporada 2013-2014 do Oklahoma City Thunder nem começou e pode ser definida, mesmo, por “um ponto”, mas de outro tipo.

Lesionado durante os playoffs passados, Russell Westbrook ainda não se sentia pronto para começar a fase de treinos do training camp e foi submetido a uma nova artroscopia para que os médicos pudessem checar como estava seu joelho. Constataram que estava solto um dos pontos feitos após a cirurgia de reparo de um menisco lateral rompido. De modo que o atleta tem de adiar seu retorno. Vai perder agora de quatro a seis semanas do campeonato.

Um mês e meio, aproximadamente, de um gravíssimo desfalque para um time que já havia perdido James Harden no ano passado e, agora, já não conta mais com seu ‘substituto’, Kevin Martin, que assinou com o Minnesota Timberwolves.

Obviamente, o gerente geral Sam Presti e – talvez na marra, por tabela – o técnico Scott Brooks contavam com a evolução de alguns de seus jogadores mais jovens para repartir os 14,0 pontos em média que Martin fez na última temporada, em 27,7 minutos. Agora a verdade é que a nova guarda vai ter de assumir muito mais. São mais 23,2 pontos para incluir na conta.

Lamb, desperto

Jeremy Lamb: cara de sonolento e uma vaga de Kevin Martin/James Harden para assumir

E quer saber? Pode até ser uma boa. Tudo vai depender do otimismo e capacidade de Brooks e sua comissão técnica.

A lesão de Westbrook nos mata-matas expôs limitações táticas do time, muito dependente das investidas no mano-a-mano de seu armador e do supercraque Kevin Durant. Tocar a fase de preparação sem um deles acaba por forçar um plano que trate de envolver os demais atletas. Não só membros regulares da rotação como Thabo Sefolosha, Serge Ibaka e Nick Collison vão ter de produzir mais do que estão habituados. A chave talvez seja o desenvolvimento de Reggie Jackson, Jeremy Lamb e, talvez, Perry Jones.

O estafe do Thunder sempre foi badalado como um dos melhores na hora de trabalhar com seus prospectos, conduzindo seu progresso mesmo durante uma temporada que consome muitos recursos na preparação jogo após jogo. Com talentos de ponta como Durant, Wess e Harden, isso aconteceu naturalmente. Chegou a hora de colocar esse programa de treinamento à prova com outros garotos que foram badalados em sua geração.

De Reggie Jackson, conseguimos ver um pouco do que ele é capaz de produzir nos jogos contra Rockets e Grizzlies. Obrigado a elevar sua média de minutos de 14,2 da temporada regular para 33,5, o armador correspondeu. Em projeções de 36 minutos, conseguiu na fase decisiva até mesmo elevar seu padrão quando comparado ao que vinha fazendo no campeonato, com mais eficiência nos arremessos, sem aumentar sua carga de desperdícios de posse de bola. Agora ele terá mais chance de se entrosar com os titulares, depois de ter dividido a quadra por apenas 19 minutos com eles antes dos playoffs.

Sobre Lamb e Jones é que pairam as maiores dúvidas. Os dois são considerados dois talentos naturais pelos scouts. Os observadores ao mesmo tempo, todavia, questionam a dedicação e a gana da dupla. O primeiro tem fama de soneca. O segundo, além do mais, sofre com problemas no joelho desde cedo.

Na liga de verão de Orlando deste ano, Lamb, 21, mostrou sinal de vida, sendo eleito para o quinteto ideal. O Thunder terminou a semana invicto, com 18,8 pontos do ala – o terceiro cestinha no geral, atrás de Victor Oladipo e… Reggie Jackson, vejam só. Ainda que ele tenha convertido apenas 39,1% de seus arremessos, esse tipo de estatística nem sempre conta toda a história numa competição dessas. Jogando com a equipe principal, o atleta será acionado de forma diferente.

A ele caberá muito provavelmente o papel de Martin no time. O veterano, aliás, em seus bons momentos, serve como um bom modelo ofensivo para o segundanista. Dois jogadores esguios, leves, de boa envergadura. Embora um jogado um tanto anódino em muitos aspectos: é um péssimo defensor e não contribui muito em rebotes ou na criação de lances para os companheiros – ao menos não por conta de seus passes. Por outro lado, sua movimentação fora da bola e os tiros de longa distância ajudavam no espaçamento da quadra (seus 42,6% de três pontos foram lideraram a equipe). Uma característica sua que diminuiu consideravelmente nos últimos dois nos últimos dois anos foi sua habilidade de descolar lances livres. Em 2010-2011, ele batia 8,4 por partida. Em 2012-2013, foram apenas 3,2, bem menos da metade.

Sobre Jones, não há tantos elementos para se investigar. Ainda que tenha disputado mais partidas pelo Thunder do que Lamb em seu ano de novato, seu tempo de quadra foi muito reduzido (7,4), o que inviabiliza até mesmo uma projeção por 36 minutos. Na D-League, suas estatísticas não foram de arromba. Por enquanto, de certo mesmo é que ele já foi um dia um candidato a número um de Draft e que essa cotação despencou devido a sua passividade nos anos de Baylor e também por conta de questões médicas. Aos 22 anos, porém, ainda é mais jovem que Fabrício Melo e não pode ser desprezado, podendo atacar a cesta a partir do drible com rara mobilidade para alguém de sua estatura.

Naturalmente, Kevin Durant se verá sobrecarregado sem a companhia de Westbrook. Mas qualquer progresso que essa trinca possa apresentar já seria valioso para preservar sua principal estrela e manter o time posicionado na briga pelos playoffs no Oeste. Esse é o primeiro ponto. Mas o mais importante para Brooks seria ganhar mais armas em que possa confiar para o que mais conta para os finalistas de 2012:  ganhar o título. De preferência com Westbrook, e nem que seja por um ponto.


Projeto Beasley: Riley aposta na reabilitação de seu próprio refugo
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Giancarlo Giampietro

B-easy? Não mais

Poderia Michael Beasley colocar a cabeça em ordem e deixar o Miami ainda mais forte? NBA aguarda

Garoto-propaganda da Armani por não sei quanto tempo, Pat Riley só pode ser um homem seguro de si. Ajuda também, imagino, o fato de já ter sido campeão da NBA como jogador, técnico e dirigente.

Pois, rumo ao campeonato 2013-2014, em busca do tricampeonato pelo Miami Heat, o presidente da equipe esbanja confiança de um jeito que até assustaria. Daria medo, sim, não contasse existisse no mesmo grupo com um certo LeBron James. Primeiro foi Greg Oden, o lesionado. Depois Michael Beasley, o desmiolado e um refugo da própria franquia da Flórida.

Não dá para dizer qual é o negócio mais arriscado. Para termos uma ideia da fama que o ala construiu com esmero, uma vez que o pivô não pisa em quadra desde 2009. É como se ele tivesse comprado, na loja online da Acme, um manual com o passo-a-passo de como se arranhar a imagem pública de alguém que, em 2008, estava envolvido em um ferrenho debate sobre a escolha número um do Draft, concorrendo com aquele tal de Derrick Rose. Até mesmo o armador sabia disso.

E, acreditem, para muitos olheiros não era nenhum absurdo essa proposição. Beasley, talento puro, fez uma temporada excepcional como calouro na NCAA, segundo qualquer perspectiva. Compare os seguintes números, num exercício de adivinhação que adoram fazer lá fora, especialmente o Sports Guy:

Jogador A: 35,9 min, 25,8 pts, 11, 1 reb, 1,9 blk, 1,9 st, 47,3% FG, 40,4% 3pt.

Jogador B: 31,5 min, 26,2 pts, 12,4 reb, 1,6 blk, 1,3 st, 53,2% FG, 37,9% 3pt.

Em 2013, fica difícil aceitar isso, mas o Jogador A é Kevin Durant, e o B, Michael Beasley. E não é que isso seja uma fraude estatística: um jogando contra as Dukes da vida e o outro, no circuito do Telecurso 2000 Nebraska. Ainda que em anos diferentes, Beasley, por Kansas State, na sequência de Durant, por Texas, os dois produziram essas estatísticas na mesma conferência, a Big 12.

Era esse tipo de craque que muitos esperavam quando o já rodado ala entrou na liga em 2008, com o aval de Riley. Aos poucos, contudo, o alarme foi tocando. Já no primeiro encontro dos calouros, numa semana, digamos, educativa promovida pela equipe de Stern e pelo sindicato dos atletas, Beasley foi multado em US$ 50 mil dólares por violar alguns protocolos ao lado do companheiro Mario Chalmers (e de Darrell Arthur, eternamente coadjuvante). O incidente teria envolvido “mulheres” e “odor de maconha”. A droga apareceria em reportagens de outras três ocorrências policias envolvendo o jogador, tendo a última delas resultado em sua dispensa pelo Phoenix Suns, depois de ser preso em Scottsdale.

“O Suns se dedicou muito pelo sucesso de Michael Beasley em Phoenix,” disse o presidente do clube, Lon Babby, em comunicado. “No entanto, é essencial que exijamos os mais altos padrões de conduta pessoal e profissional à medida que desenvolvemos uma cultura de campeão. A ação de hoje (a dispensa) reflete nosso compromisso com essas normas. O tempo e a natureza desta decisão e de todas as nossas transações recentes são baseadas no julgamento da nossas metas de basquete, assim como na melhor forma de alcançar o nosso objetivo singular de reconstruir e formar uma equipe de elite. “

Pegou?

E a questão aqui não é nem apelar para princípios moralistas. Os problemas vão muito além das questões legais. Em quadra, o jogador ainda não encontrou seu nicho – é um jogador que trabalha melhor do perímetro para dentro, ou do jogo interior para fora? Em meio a essa discussão, promovida pelos diversos técnicos com quem já trabalhou, o ala regrediu em diversos quesitos estatísticos desde seu ano de novato. As quedas mais sensíveis são detectadas no aproveitamento de arremessos de quadra: 47,2% em 2008-2009, 40,5% em 2012-2013 – e se refletem também nas métricas mais avançadas. Em Phoenix, o plano era que ele pudesse expandir seu jogo no ataque, ficando mais com a bola, desde que procurando passá-la um pouco mais, para variar. Meio que deu certo, com o jogador assistindo em 12,5% das cestas que os companheiros (a média de sua carreira é de 9,7%). O efeito colateral? Sua média de turnovers subiu, claro.

De tudo o que já se falou sobre Beasley, um discurso o acompanhou em  uníssono: a de que o jogo parece muito fácil – e parece, mesmo –, mas que ele não faria sua parte, entrando com o mantra do basquete (e do sonho) americano. De que tem de ralar a poupança, respeitando os adversários e o grande jogo, enquanto, ao mesmo tempo, deveria entender as limitações e trabalhar duro em cima delas. Antes de ser demitido, Lance Blanks, ex-gerente geral do Suns, confiava em tudo isso: que seria possível guiar o jogador rumo ao Éden e, com ele, iria o time junto. Nenhum dos dois durou mais de uma temporada a partir da assinatura do contrato. Mesmo com a franquia ainda precisando pagar US$ 12 milhões em salário.

Fim da linha?

Não. Pat Riley resolveu fazer a aposta. Justo ele, o primeiro a abrir mão do atleta em uma negociação com o Minnesota Timberwolves – recebeu, em contrapartida, uma quantia não especificada de dinheiro e duas escolhas de segunda rodada no Draft, pacote conhecido também por “troco de pinga” na NBA. Naquela época, precisava se livrar de qualquer centavo que julgasse supérfluo em sua folha de pagamento, para abrir espaço para a contratação de LeBron e Bosh, além da renovação de Wade. O ala ganharia US$ 4,9 milhões. Então foi “rua!” para ele.

“Estou feliz que ele esteja de volta, e acho que ele é a vela de ignição de que este time precisava do ponto de vista de talento”, afirmou Wade, que acompanhou de perto os altos e baixos do atleta entre 2008 e 2010. “Sempre digo que a grandeza de Michael depende só dele. O quão bom ele quer ser. Agora vamos nós todos ver no que dá.”

Três anos depois, o ala retorna para South Beach. “Todo mundo me acolheu. D-Wade ficou no meu ouvido o tempo todo”, disse Beasley após seu primeiro treino com o time, num início de pré-temporada… Nas Bahamas! Vamos ver se a turma se comporta.

Será que o Miami Heat andava tão entediado assim? Conquistar a NBA estava muito fácil? Era preciso mais emoção? Não, brincadeira. Aí seria muito sádico de sua parte – e não vão se esquecer tão cedo do sufoco que passaram perante Tim Duncan e Tony Parker.

A verdade é que Riley não tinha muito o que fazer, mesmo. Já tinha sido obrigado a anistiar Mike Miller para economizar e evitar as multas pesadas de gestão da liga. De novo foi uma questão de economia. Desta vez Beasley chega com desconto, recebendo o salário mínimo, e ão havia ninguém disponível no mercado com o “potencial” (sempre ele) deste problemático jogador para se adequar a essa mixaria. “Michael teve os melhores anos de sua carreira conosco. Sentimos que ele pode ajudar”, disse o presidente do clube.

Para fechar, porém, só um adendo: o contrato  de Beasley não tem garantia para toda a temporada. Aprontou, dançou. Aí não tem terno bem cortado e currículo vitorioso que passe tanta confiança assim.


EUA reúnem em Las Vegas grupo que deve formar base da seleção no Rio 2016
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Giancarlo Giampietro

Coach K

Palestra (gratuita) do Coach K em Las Vegas: exposição para os jovens selecionáveis

É, Espanha, não tá fácil, não.

Se a geração de Pau Gasol e Juan Carlos Navarro ainda tem alguma ambição de subir ao degrau mais alto de um pódio em qualquer torneio internacional Fiba – se for num Mundial disputado em casa, melhor ainda ; ) –, as notícias que vêm dos Estados Unidos desde o final de semana não são nada animadoras. E, ok, o mesmo vale para Rubén Magnano e qualquer outro técnico de seleção com alguma ambição imediata de título.

Em Las Vegas, o Coach K acaba de reunir 28 jogadores para uma semana de treinamentos, mostrando que o trabalho de Jerry Colangelo na USA Basketball segue sério. Muito sério.

Veja bem: eles não vão disputar nenhuma competição este ano – não precisam jogar a Copa América por já estarem classificados para o Mundial, via Olimpíadas –, mas isso não impediu que o dirigente recrutasse mais de duas dúzias de jovens talentos para alargar as bases de possíveis convocados para as próximas temporadas.

Quem deu as caras por lá? Clique aqui e sinta o drama.

Alguns destaques: John Wall, Kyrie Irving, Ty Lawson, Paul George, DeMarcus Cousins, Anthony Davis, Greg Monroe, entre outros. De todos os jogadores convocados para este período de treinos, o ala-pivô Taj Gibson, do Chicago Bulls, era o mais velho, com 28 anos – mas acabou de ser cortado, devido a uma torção de tornozelo. As outras baixas são o ala Kawhi Leonard, recém-operado, e George Hill. Agora só sobraram jogadores nascidos entre 1987 (Lawson) e 1994 (o armador Marcus Smart, da universidade de Oklahoma State).

Alguns desses jogadores já chegaram ao nível de All-Star na liga norte-americana, outros estão no limiar. E não vai parar por aí. Para jogar o Mundial do ano que vem, a ideia é adicionar alguns “veteranos” da seleção americana, com Russell Westbrook, Kevin Love, James Harden e, claro, Kevin Durant já indicando que pretendem defender seu título. A ideia é essa, então: mesclar sangue novo, pensando adiante, com representantes das campanhas recentes para manter a hegemonia. Tudo sob a orientação precisa e educadora de Mike Krzyzewski, convencido a ficar no cargo.

Com o desgaste acumulado de mais três temporadas de NBA até que sejam realizados os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro 2016, é provável que pouco sobre da base bicampeã em Pequim e Londres para lutar pelo tricampeonato. De modo que muitos desses atletas agrupados em Vegas nesta semana podem dar as caras por cá, daqui a três anos. Hoje, eles ainda podem não ter a grife de seus antecessores, mas vem chumbo grosso de qualquer maneira.

A turma do Coach K

Escolinha do Coach K: passando as mensagens do programa

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Entre os 28 jogadores convocados para esta semana, dois casos reforçam a mentalidade profissional de Colangelo na condução das operações da USA Basketball: o caçula Smart e o ala Doug McDermott, da universidade de Creighton. Smart acabou de ser campeão mundial sub-19 na República Tcheca e McDermott defendeu os EUA na Universíade de Kazan. A presença dos dois entre tantas jovens estrelas da NBA manda uma mensagem: a de que todos teriam chance de fazer parte da seleção norte-americana, bastando cumprir algumas etapas do processo. Quer dizer: se você se “sacrifica” em um verão para, supostamente, jogar competições menores, pode ser premiado no futuro com uma vaga entre a elite.

Smart, por exemplo, é cotado como uma escolha top 5 no próximo Draft da NBA. Jogadores nessas condições já têm uma agenda (em todos os sentidos) cheia e tendem a abrir mão de compromissos com a seleção para acelerar suas classes e, ao mesmo tempo, trabalhar com seus treinadores superprotetores no campus. Na agenda política da NCAA, essas são coisas que pesam bastante. Já McDermott, também considerado um prospecto de NBA, embora em um patamar bem mais baixo, serve como um símbolo para outros atletas do segundo escalão: que mesmo eles podem ser valorizados caso topem jogar em torneios como a Universíade ou o próprio Pan-Americano.

É um modo criativo que Colangelo encontrou para fomentar a competitividade entre as diversas seleções norte-americanas.

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O promissor ala-armador Bradley Beal, do Washington Wizards, é outro que está contundido. Mas Krzyzewski ficou em cima do garoto, ainda adolescente. “O Coach K ainda quer que eu vá. Eles querem que eu compareça mesmo que eu não vá participar dos treinos”, afirmou o jogador, que já foi obrigado a ficar fora da liga de verão de Las Vegas por seu clube.

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A comissão técnica do Coach K para o próximo ciclo olímpico tem duas novidades: Tom Thibodeau, o mestre defensivo do Chicago Bulls, e Monty Williams, o jovem e já badalado técnico do New Orleans Pelicans. O veterano Jim Boeheim, de Syracuse, segue no estafe. Combinando os sistemas de marcação por zona de Boeheim com os conceitos híbridos de This, já dá para imaginar o sofrimento das seleções que tiverem de atacar o Team USA.

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Colangelo fez as pazes com DeMarcus Cousins. O pivô integrou um time de sparrings (o Select Team) no ano passado para ajudar na preparação da seleção olímpica norte-americana e passou a pior impressão possível. Desceu a lenha nos treinamentos, reclamou horrores e deixou os técnicos horrorizados, hehehe. O Boogie de sempre, chamado publicamente de “imaturo” pelo dirigente.  Mas os recursos técnicos do pivô são tão chamativos que… Não há quem aguente estender o castigo, de modo que o jogador do Sacramento Kings ganhou mais uma oportunidade em Las Vegas. “Isso não vai me incomodar de jeito nenhum. Ele me deu mais uma chance para chegar e provar meu valor”, disse o atleta. “É uma grande honra só de ter meu nome aqui.”


Greg Oden tenta, mais uma vez, deixar o limbo. Heat, Spurs e mais três estão interessados
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Giancarlo Giampietro

Greg Oden, prestes a sair do limbo

Greg Oden vai tentar novamente

Miami Heat e San Antonio Spurs vão brigar pelo título.  New Orleans Pelicans e Dallas Mavericks tentam chegar aos playoffs na duríssima Conferência Oeste. E ainda tem o Sacramento Kings, franquia que enfim entra em um processo de reformulação em sua gestão.  O que esses diferentes clubes têm em comum?

Seus dirigentes ainda acreditam.

Que Greg Oden ainda pode ser um pivô de NBA.

Perdido num limbo para lá de melancólico, tentando colocar o corpo em ordem, seis anos depois de ter sido escolhido com o número um do Draft, o pivô negocia com essas cinco franquias (no momento) seu eventual retorno às quadras.

Criado em Indiana, um estado sagrado na produção de craques e no cultivo do grande jogo como um todo, o adolescente Oden parecia destinado a grandes feitos. A ser mais um da linhagem dos superpivôs americanos, dialogando no colegial com gente como Alcindor e Chamberlain. Acreditem, este era o papo que rondava o garotão em seus anos de colegial, badaladíssimo. Não havia dúvidas a respeito.

A ponto de, em 2007, mesmo com algumas questões médicas já levantadas na época, o Portland Trail Blazers o escolher à frente de Kevin Durant, que havia barbarizado a NCAA inteira em seu primeiro ano por Texas. Você simplesmente, na cabeça de muita gente, não podia virar as costas para um grandalhão talentosos desse.

Já sabemos no que deu tudo isso. Uma tragédia.

Oden, queria ser grande

O que aconteceria se Oden…?

Oden só conseguiu disputar dois campeonatos pelo Blazers. Na somatória dessas duas campanhas, chegou a 82 partidas, um número extremamente irônico, já que representa a exata medida de uma temporada regular. Foram diversas contusões e lesões, as mais graves no joelho. Ao todo, o atleta precisou passar por cinco (5!) cirurgias nos joelhos, três delas daquelas mais temidas, as de microfratura. Não disputa uma partida desde 5 de dezembro de 2009 (sim, 2009, muito triste).

Nesse período, o sujeito imergiu em um estado depressivo, assumiu publicamente ter se tornado um alcoólatra e teve muita dificuldade para lidar com a pressão/decepção dos apaixonados torcedores da única franquia profissional de Portland (entre as quatro grandes ligas). Já não bastassem os problemas físicos, ainda teve fotos, digamos, íntimas suas vazadas na rede e perdeu um primo de quem era muito próximo, devido ao câncer. Além disso, ainda viu um cachorro cego, do qual cuidou por quatro anos, cair da varanda do oitavo andar de um hotel. Sem brincadeira.

Por duas pré-temporadas ele se apresentou ao Blazers sem estar 100% reabilitado. Foi apressado para a quadra mesmo assim – e isso obviamente não deu certo. Acabou dispensado em 2012, quando o clube precisava abrir espaço em sua folha salarial para fechar uma troca que, meses depois, lhe renderia o armador Damien Lillard.

Para tirar tudo isso da cabeça, Oden se afastou de quadra por um tempo. Retomou as aulas na universidade de Ohio State, fugiu dos microfones, tentou viver uma vida normal, na medida do possível. Até retomar as atividades em quadra, gradativamente, trabalhando primeiro seu corpo – chegou a passar pelo mesmo tratamento com plasma na Alemanha, um procedimento eternizado por Kobe Bryant e Alex Rodríguez. O fato de ter visitado Portland em abril só pode ser encorajador – aparentemente, não há mais traumas ali a serem revisitados. Pelo menos da sua parte. “Foi como (ver) um fantasma”, disse sem muitas cerimônias o ala-pivô LaMarcus Aldridge, na ocasião. Aldridge que supostamente viria a formar com o rapaz uma nova edição das Torres Gêmeas no Noroeste americano. “Ele pareceu magro. Disse que estava vestindo seus ternos da noite do Draft”, completou. No dia 5, de todo modo, estava lá o grandão na plateia para ver a partida contra o Memphis Grizzlies. Quando foi mostrado no telão do ginásio, ouviu aplausos e vaias. Terapia.

Agora, aos 25 anos, ele tenta um (?)m último retorno. Com todo o cuidado do mundo, abortou qualquer plano de disputar a última temporada, mesmo que estivesse fisicamente apto – e que o assédio dos clubes já tenha sido grande, especialmente por parte de Boston e Cleveland. Mas não tinha motivo para pressa. Ficou treinando por conta, entrando em forma.  Segundo relatos do ala DeShaun Thomas, recém-draftado pelo Spurs e formado na mesma universidade, o jogador está magro, em forma. “Ele parece incrível. Está correndo, puxando peso. Podemos estar diante de um regresso, mesmo”, afirmou.

Difícil dizer o que esperar do jogador nessa situação. Primeiro pela desconfiança quanto a sua durabilidade. Fora isso, o quanto suas habilidades estariam apuradas depois de mais de quatro anos sem jogar uma partida para valer? Mesmo que esteja inteiro, o que ele poderia oferecer hoje? Não há como saber até que um contrato seja assinado e ele passe a ser testado em treinos contra atletas de alto calibre. “Espero que possa contribuir para um bom time. Eu definitivamente me considero este tipo de jogador, mas primeiro tenho de entrar em quadra”, afirma.

O que temos em mãos hoje é muito pouco. Nas 82 partidas que realizou, Oden somou 9,4 pontos, 7,3 rebotes e 1,4 toco. A princípio, nada de outro mundo.  Sua média de minutos, porém, era de apenas 22,1tes. Fazendo as projeções por 36 minutos, então, chegamos a números mais expressivos como 15,3 pontos, 11,9 rebotes e 2,3 tocos. com 57,7% de acerto nos arremessos e um lance livre de dar inveja em Dwight Howard (66,6% no geral e 76,6% em 2009). Para os que não são muito fãs de projeções estatísticas, vale notar, então,que em seus últimos sete jogos antes da lesão do dia 5 de dezembro, ele tinha médias de 15,6 pontos, 9,1 rebotes e 2,4 tocos em apenas 26 minutos. As coisas estavam se encaixando e, para ter uma ideia melhor de seu potencial, vejam os melhores momentos abaixo:

 Os reflexos e explosão física impressionam. Veja o tamanho das mãos do sujeito também. Era para Oden ser uma força da natureza. Mas suas articulações não permitiram. De todo modo, levando em conta as centenas de milhões que a liga americana movimenta, não é de se estranhar que algum  dirigente ainda se sinta disposto – ou impelido – a apostar no jogador. E se dá certo? O dedo coça, mesmo.

Em Miami e San Antonio, Oden encontraria dois times que não dependeriam dele para nada – o que viesse desse investimento seria lucro. Caso se juntasse aos atuais bicampeões, haveria ainda menos cobranças. Se não der certo, Riley ao menos pode dizer que tentou. Por outro lado, para alguém tímido como o pivô, faria bem voltar à liga num time que chama tanta atenção? LeBron certamente o protegeria, mas sua simples presença já atrai holofotes demais. Em San Antonio, tudo isso se dissiparia rapidamente.

Oden, chega de blazer

Oden, chega de Blazer

Agora, se ele estiver realmente confiante e interessado em mais oportunidades para jogar, mostrar serviço, obviamente os outros clubes seriam mais indicados, especialmente o Pelicans, que tem uma lacuna imensa no garrafão a ser preenchida após a ida de Robin Lopez para, veja bem, Portland. Imaginem um cenário desses, que não dói nada. O renovado time de Nova Orleans brigando por vaga nos mata-matas do Oeste com o Blazers, com uma defesa ancorada por Oden? A Rip City entraria em colapso. Além disso, o Pelicans teria mais dinheiro a oferecer que os concorrentes: US$ 3 milhões por um ano. Para alguém que já fez US$ 23 milhões na carreira, será que a grana pesaria agora?

Provavelmente, não.

A essa altura, o pivô já se daria por satisfeito só de poder segurar uma bola de basquete nas mãos, poder dar dois dribles firmes e subir para a cravada. Podendo soltar o aro, cair com os dois pés firmes em quadra e poder voltar para a defesa sem mancar. Feliz só de se dizer um jogador de basquete.

*  *  *

O autor Mark Titus, ex-companheiro de Oden no time de Ohio State, foi o último a fazer uma grande entrevista com o pivô, para o Grantland. Imperdível. O material gerou uma baita repercussão em Portland. Em entrevistas aos sites locais, Titus relatou uma história bastante saborosa, que revela muito do humor que o pivô tem, mas que nunca pôde manifestar em público, devido a tantos contratempos em sua carreira. Os dois foram jantar. Na saída, iriam para a casa de Oden, que dirigia uma van nada luxuosa, “que provavelmente custou US$ 18 mil”, segundo Titus. “O interior estava um pouco trabalhado, mas nada muito maluco. Tinha algumas luzes, um CD player legal, e só. Olhei para ele meio que dizendo: ‘É isso mesmo?’. E ele: “Sim, não quero desperdiçar meu dinheiro em carros luxuosos’. E aí ele continuou: ‘E quer saber de uma coisa? Uma semana depois de ter comprado esta van, descobri que Kevin Durant teve exatamente a mesma van por dois anos’. Eu apenas sorri. E ele: ‘Eu nunca vou conseguir sair da sombra de Kevin Durant’, dando risada.”

*  *  *

O Draft de 2007 deu à NBA muito mais que Durant. Outros dois craques saíram dessa lista: Al Horford, a escolha número três, e Joakim Noah, que saiu apenas em nono, bizarramente atrás de Jeff Green, Yi Jianlian e Brandan Wright. Mike Conley Jr. (o quarto) e Thaddeus Young (12º) foram outros destaques na loteria. Mais adiante na lista apareceram ainda Tiago Splitter (28º) e, epa!, Marc Gasol (48º).


Lesão de Westbrook expõe limitações técnicas e táticas do Thunder
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Giancarlo Giampietro

OKC KO

Kevin Durant, Scott Brooks, e a eliminação

LeBron James entende perfeitamente. Chega uma hora que todo grande talento se depara com um limite.

Bem, obviamente o astro que vemos hoje vestindo o uniforme do Miami Heat é ainda superior àquele do Cleveland Cavaliers. Mais concentrado no jogo interior, com movimentos mais elaborados. Seu aproveitamento nos arremessos, de todos os setores da quadra, só cresce. O número de turnovers diminuiu. O de rebotes e assistências seguem volumosos.

Muito dessa evolução se deve ao seu maior comprometimento com o jogo, ou pelo menos com uma abordagem mais inteligente e agressiva em quadra. Mas não para nisso. Seu crescimento também passa pela criatividade de Erik Spoelstra. E o técnico se sente mais confortável em criar ao chegar para o treino e ver o alto nível dos atletas que Pat Riley reuniu em seu elenco.

Nos tempos de Cleveland, LeBron que se virasse com Larry Hughes, Donyell Marshall, Damon Jones, Eric Williams, Ira Newble e quem mais estivesse disponível de momento. Era uma dureza, um cenário que exigia ao máximo de seu protagonista. Uma situação que Kevin Durant, para surpresa geral, teve de enfrentar nos playoffs deste ano.

Surpreendente pois o Oklahoma City Thunder sempre foi considerado uma das equipes mais talentosas da NBA. Por um lado, seu plantel contava com três dos jogadores mais brilhantes da nova geração. O que estava ao redor deles, porém, talvez nunca tenha sido devidamente questionado ou avaliado. Afinal, estavam lá para complementar os jovens astros. Acontece que o clube primeiro se desfez de James Harden antes de a atual temporada começar, num movimento que hoje é um desastre. Para completar o estrago, Russell Westbrook sofreu uma grave lesão na primeira rodada dos mata-matas contra o Houston Rockets. Sobrou só Durant.

Reggie Jackson x Mike Conley

Reggie Jackson teve de fazer as vezes de Westbrook contra o Grizzlies

Só, mesmo.

O armador Reggie Jackson, substituto de Wess, fez o que pôde a essa altura de sua ainda jovem carreira – 13,8 pontos, 6,2 rebotes, 3,8 assistências e 50% de quadra, com lances que ora evidenciaram seu potencial, ora escancaravam sua inexperiência.

Serge Ibaka desapareceu no ataque por loooongos períodos, ressuscitou nos jogos finais contra o Memphis Grizzlies, mas se provou uma aberração atlética que é ainda muito limitada ofensivamente.

E o Kevin Martin, aquele que deveria suprir a pontuação do Sr. Barba no banco? Venerado pela comunidade estatística, foi bem durante a temporada, mas, nos playoffs, quando mais exigido na hora de a onça beber água, jogou feito um peso pena, no sentido literal e figurativo. Um sujeito com um basquete inócuo, com seu badalado aproveitamento de quadra despencando para 38%, sem bater para a cesta ou criar para seus companheiros.

De Resto? Melhor respirar fundo. A partir do momento em que foi marcado, Derek Fisher, 38, bateu o recorde informal de air balls estabelecido por Jerry Stackhouse pelo Brooklyn Nets – o veterano havia acertado seis de seus primeiros oito arremessos de longa distância contra o Grizzlies, em duas partidas, e terminou com 5 em 20 nas últimas três. Thabo Sefolosha ficou extremamente limitado ao perfil de “defensor-e-atirador-da-zona-morta”, para alguém que, quando despontava na Europa, se projetava como um atleta que faria de tudo um pouco em quadra. Jeremy Lamb e Perry Jones nunca foram acionados. E, se Nick Collison não consegue jogar por conta, o que dizer, então, de Kendrick Perkins e Hasheem Thabeet? Argh. (Perk e Fisher, especialmente, já passaram da hora.)

Kevin Durant x Marc Gasol

Chegou uma hora que Durant cansou de chutar diante da forte defesa de Memphis

Sobrou para o Durant, Por quatro jogos contra o Rockets e dois contra o Grizzlies, ele se virou bem, liderando sua equipe a três vitórias. Nos últimos três jogos da semifinal, porém, o gás foi acabando e a cabeça, pesando. Um cestinha completo, que ataca de todos os pontos da quadra com uma categoria e eficiência impressionantes, começou a amassar o aro, com rendimento completamente aquém de sua capacidade e histórico. Dos seus últimos 27 lances livres, acertou 18 – aproveitamento de 66,6%, algo que deixaria Dwight Howard feliz, mas não satisfaz um jogador que mata 88,4% em sua carreira e matou 90,5% na temporada. Nos tiros de quadra, a queda foi ainda pior: acertou apenas 15 arremessos em 48 tentativas (31,25%), comparando com 47,5% desde 2007-2008 e 51% neste ano.

Pior que é quase inevitável que apareça um herói disposto a criticar Durant, atirando ao vento aquela palavra de sempre: “amarelão”. Alguém que possa ignorar suas médias de 30,8 pontos, 9 rebotes, 6,3 assistências, 1,1 toco e 1,3 roubo de bola e que não descansou um minuto sequer nos jogos 4 e 5 e pôde respirar por 11 minutos entre os jogos 1 e 3. Como ele bem disse durante o confronto: “Acho que assumi mais a responsabilidade de pontuar, facilitar as jogadas e ir para o rebote. Claro que, quando você perde seu All-Star, sente falta. Mas não tem desculpa. Ainda temos de fazer o trabalho”.

Chega uma hora, todavia, que a exaustão é o seu maior oponente.

Mas não o único.

*  *  *

Scott Brooks conseguiu intensificar os esforços defensivos de sua equipe, que teve a quarta melhor retaguarda da temporada. Do outro lado, um rendimento ainda superior: tiveram o segundo ataque mais eficiente, perdendo do Miami Heat nesse quesito por um décimo. Dá para se questionar isso?

Curto e grosso? Sim.

Se o empenho e posicionamento defensivo de sua equipe são realmente invejáveis, o ataque deixa muito a desejar por ser tão rudimentar: passe para o Durant, passe para o Westbrook, e deixe que eles resolvam. Não é à toa que  apenas 16,7% de suas posses de bola durante a campanha 2012-2013 terminaram em uma assistência, a nona pior de toda a liga, enquanto o Miami Heat tem a terceira melhor (18,5%) e o San Antonio Spurs, a melhor (19.2%).

O time aposta tanto em sua duplinha que, por incontáveis minutos, acaba representando… A-ham… Pausa para limpar a garganta… A-ham… Acaba representando a epítome do estilo de jogo individualista que supostamente predominaria na liga. Porque é fácil, mesmo, cair na tentação, quando você tem dois craques como esses no mesmo quinteto. Seria apenas limpar um lado da quadra para deixar os dois monstrinhos agirem. Eles têm estilos diferentes: Wess passa feito locomotiva, Durant tem mais classe. Mas o resultado é mortal, invariavelmente.

Westbrook fez falta

Momento de despedida de Westbrook dos playoffs e uma revelação sobre o Thunder

Na maratona de jogos que é a temporada regular, nem sempre os times, especialmente as dragas de sempre, têm condições ou recursos para se preparar detalhadamente para um oponente. De modo que a capacidade individual de Durant e Westbrook pode desequilibrar e arrebentar com a concorrência facilmente. Quando chegam os mata-matas, a marcação fica mais apertada, os oponentes são estudados de modo minucioso. Para complicar, quando Westbrook foi para a mesa de cirurgia, levou em sua trouxinha 50% do ataque de sua equipe, que não passou dos 100 pontos sequer uma vez diante do Grizzlies.

Aí, ok. É a hora em que você fala que o Thunder estava enfrentado uma das defesas mais sufocantes da NBA. Justamente. Não chega a ser novidade nenhuma que um candidato ao título terá de enfrentar, em algum momento de sua campanha, um time que proteja seu garrafão tão bem como fazem os rapazes de Lionel Hollins (e David Joerger, seu coordenador defensivo, pouco falado).

Talvez com Westbrook as coisas tivessem sido diferentes? Pode ser. Mas, nem mesmo com a queda do armador Brooks resolveu mudar seu plano tático, resolvendo simplesmente substitui-lo por Reggie Jackson, na prática um novato para esse tipo de situação. De novo: ele foi bem, considerando o contexto, mas não representa de modo algum a ameaça que era Wess no mano-a-mano, ainda que apronte coisas desse tipo no contra-ataque (situação nem diferente do jogo cinco contra cinco):

Também podem alegar o seguinte: mas, gente, os caras foram vice-campeões do Oeste no ano passado! Sim, foram. Mas quem se lembra da reviravolta no confronto com o Spurs, na última final de conferência? A molecada do Thunder estava se metendo em uma enrascada, encurralados pelas táticas de Popovich, até que, de supetão assim, resolveram passar a bola.

Veja aqui um depoimento de Nick Collison no ano passado, retirado de um texto de nossa prévia encarnação, que detalhava o processo de crescimento pelo qual a equipe passava: “Temos esses caras que são os melhores no planeta em ir para a cesta, mas as equipes tentam tirar isso de nós, então temos de tomar a decisão certa com a bola. É um equilíbrio tênue entre ser agressivo e tentar pontuar, algo de que precisamos a toda hora, mas também fazer as jogadas certas. Estamos fazendo as jogadas certas nos últimos dois jogos”.

Durant se tornou um passador mais frequente,  ainda mais depois das lições que tomou de LeBron James nas finais, em treinos particulares e nas Olimpíadas. Na última temporada, concluiu 15,5% de suas posses de bola em assistências, bem acima dos 11,6% de 2011-2012 ou dos 9,7% de quando era novato. Quer dizer, o astro está fazendo sua parte. Falta, mesmo, uma proposta tática que incentive mais movimentação fora da bola, troca de passes no coletivo e ataques por ângulos diversificados.

Talvez seja o degrau que falte para o Thunder subir, desde que estejam inteiros e saudáveis. O problema é que nem os times conseguem completar a escalada, ainda mais num ambiente extremamente competitivo com o da NBA.  Um ambiente que pode roubar facilmente de Durant aquele sorriso antes constante e que desapareceu neste mês de maio.

“Nós sentimos a falta dele”, disse o ala, sobre Westbrook. Do Larry Hughes que não seria, mesmo.

*  *  *

Vejam o quadro:

Esses são os percentuais de arremesso de Kevin Durant durante toda a temporada. As cores vermelhas indicam os pontos em que seu rendimento é inferior ao da média da liga, enquanto o setor em amarelo representa algo na média e os verdes, acima.

Agora, no vídeo abaixo, para onde o cestinha caminha – ou é levado – na hora em que tem a bola em mãos, restando pouco menos de dez segundos, e o Grizzlies defendendo uma vantagem de apenas dois pontos?


Prévia dos playoffs da Conferência Oeste da NBA: Parte 1
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Giancarlo Giampietro

1-OKLAHOMA CITY THUNDER x 8-HOUSTON ROCKETS

A história: James Harden, James Harden, James Harden. Ah! E tem ele também: o James Harden. Do ponto de vista do torcedor do Oklahoma City Thunder, talvez o mais fanático da liga hoje, não podia haver um adversário mais dolorido. Mal deu tempo de se esquecerem da troca feita em outubro passado, e aqui está o Sr. Barba de volta, para visitar a cidade para os dois primeiros jogos da série. Sério mesmo que não dava para evitar?

O jogo: o Rockets é a equipe mais jovem dos playoffs na média de idade e pode se dar por satisfeito só por ter chegado aqui? Pode ser, mas… Não vai deixar de se lamentar a perda do sétimo lugar na úuuuultima rodada da temporada regular. Porque sobrou agora um time que, com Durant, Westbrook, Ibaka, Reggie Jackson, Kevin Martin, não vai se importar em nada de correr com os novos amiguinhos de Harden. O Rockets acelera mesmo e busca geralmente dois tipos de investida: a bandeja, enterrada direto ao aro e os tiros de três pontos gerados a partir de infiltrações. Não espere tiros de média distância. Na temporada regular, essa proposta rendeu uma vitória em três duelos. O problema? As duas derrotas foram por 22 e 30 pontos de diferença, dois massacres. Espere pontuações altas.

De dar nos nervos: Serge Ibaka. Como se fosse um jogador de vôlei deslocado, sai dando cortada para tudo que é lado e gosta de berrar no ouvido dos adversários. Muito ágil e atlético para o seu tamanho, está sempre se metendo onde não é chamado. 😉

Olho nele: para o Houston ter alguma chance, vão precisar encontrar algum meio de, pelo menos, incomodar Kevin Durant. Entra em cena Chandler Parsons, jogando leve, alto e atlético, que pode perseguir o cestinha. Na temporada regular, ele marcou 63 pontos nos primeiros dois jogos e apenas 16 no terceiro. Ainda que tenha somado também 12 rebotes e 11 assistências – um absurdo –, foi limitado a 4/13 nos arremessos e cometeu cinco turnovers. Quer dizer: dá para atrapalhar. Do outro lado, Parsons evoluiu bastante desde que saiu da universidade e, como Jeff Van Gundy citou na quarta passada, lembra um pouco Hedo Turkoglu. E, acreditem, a referência é um elogio, pensando na primeira metade da carreira do turco.

Palpite: Thunder em cinco (4-1).

2-SAN ANTONIO SPURS x 7-LOS ANGELES LAKERS

A história: desde que Tim Duncan foi selecionado pelo Spurs em 1998, os times se enfrentaram seis vezes nos mata-matas, com quatro vitórias para o Lakers. Estamos falando, então, de um clássico do Oeste, ao qual, supostamente o Spurs chega como grande favorito, com uma campanha muito superior na temporada regular. Acontece que, em abril, com Ginóbili afastado por lesão e Tony Parker com o tornozelo arrebentado, a coisa desandou um pouco, com seis derrotas nos últimos nove jogos. Não ficou muito claro se era apenas o que dava para se fazer, considerando os problemas físicos, ou se Gregg Popovich permitiu que seu time relaxasse um pouco, mesmo, abrindo mão da disputa por mando de quadra nas etapas decisivas. Do lado do Lakers, certeza que Mike D’Antoni não vai se sensibilizar com os eventuais dilemas de Pop, uma vez que ele não contará com Kobe Bryant e deve ter um Steve Nash jogando no sacrifício.

O jogo: com seu time ideal, o Spurs foi ainda melhor este ano do que na temporad apassada, tornando sua defesa a terceira melhor da liga, combinada com o sétimo melhor ataque, num resultado formidável. Eles vão retomar esse padrão? Se conseguirem se aproximar desse padrão, o Lakers não deve ter muita chance, mesmo que funcione a nova abordagem ofensiva do time, minando os adversários com  Pau Gasol e Dwight Howard no garrafão. Agora, se Parker não estiver bem e não conseguir colocar pressão para cima da retaguarda angelina, as coisas podem mudar um bocado. Tim Duncan se veria obrigado a jogar no mano a mano contra Howard. Danny Green, Gary Neal, Kawhi Leonard e McGrady não teriam tantos arremessos livres, e a dinâmica da partida pode ser outra. Quanto mais lento e físico o jogo, melhor para o Lakers.

De dar nos nervos: estamos diante aqui de um monte de escoteiros e Ron Artest. O #mettaworldpeace jura que não se mete mais em confusão, e faz bastante tempo que a polícia não toca seu interfone ou que os juízes apitem com medo em sua direção. Por outro lado, difícil esquecer que o sujeito é o responsável por isso…

E isso…

 Olho nele: Tiago Splitter vai ter de se virar para fazer uma boa defesa em um redivivo Pau Gasol. Sem Kobe, a bola passa pelas mãos do espanho praticamente em todo ataque do Lakers, e caberá ao catarinense sua cobertura, muitas vezes bastante afastado da cesta, na cabeça do garrafão, ainda mais agora que Boris Diaw está fora de ação. É um baita desafio para Splitter, a não ser que Popovich queira se aventurar com Matt Bonner em seu lugar.

Palpite: Qualquer um em sete jogos ou surra do Spurs em quaro (4-0).