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Arquivo : Russell Westbrook

Kevin Durant é do Warriors, e a NBA fica atônita
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Giancarlo Giampietro

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E aí? Quem se lembra daquele tempo em que o Cleveland Cavaliers comemorava o título da NBA e o fim de um jejum de 50 anos sem título para a cidade? Tipo, há duas semanas, mais ou menos?

Se a sua cabeça está girando com o anúncio de que Kevin Durant vai ser jogador do Golden State Warriors na próxima temporada da liga, bem-vindo ao clube. Imagine como já não está a cuca de 29 coordenadores defensivos da liga, então? Ou a de Harrison Barnes e Andrew Bogut, já entendendo que não vai mais fazer parte de um dos maiores e mais divertidos times da história?

Pois é. Ao anunciar qual o “próximo capítulo” de sua carreira no site chapa branca The Players’ Tribune, o astro provocou um abalo sísmico na estrutura da liga, deixando a conquista do Cavs já como passado distante e tornando toda e qualquer negociação a ser anunciada nos próximos dias como algo insignificante. Pau Gasol vai assinar com o Spurs ou o Raptors? E interessa? É como se fosse um grande vazio existencial, e a reação dos atletas em tempo real está aí para comprovar.

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O Warriors conquistou o título em 2015. Bateu o recorde de vitórias numa temporada regular em 2016. E ficou a um triunfo do bicampeonato, contando com três All-Stars em sua escalação. Agora, não acertou com um jogador qualquer. Mas com o último MVP da liga que não se chama Stephen Curry. O terceiro maior cestinha da história e o maior em atividade, se formos nos concentrar em médias de pontos por jogo. Evoquemos de novo a imagem dos treinadores dedicados ao sistema defensivo: se já era difícil encontrar uma resposta para um pick-and-roll entre Stephen Curry e Draymond Green, imagine agora fazer planejamento com Kevin Durant posicionado do outro lado da quadra? E se for para fazer o jogo em dupla com Durant e Green, mandando Curry e Thompson para o lado oposto? Talvez nem mesmo cinco LeBrons sejam capazes de brecar isso.

Se o Golden State já era encarado como um supertime, qual a definição agora? E a chamada “Escalação da Morte”, que devastou a concorrência basicamente por dois anos? Você vai trocar Barnes por Durant nessa formação. Impressionante.

Lembram aquele papo de LeBron? De encerrar a carreira jogando ao lado dos compadres CP3, Melo e Wade? Seria a única alternativa de competitividade para a liga hoje? Mas é algo que seria possível apenas em 2017, a não ser que 1) Wade já tope jogar por uma mixaria em Cleveland agora; 2) o Knicks trocasse Melo por Kevin Love; 3) o Cavs trocasse Irving por Chris Paul. Difícil, hein?

Lembram aquele papo de LeBron? De encerrar a carreira jogando ao lado dos compadres CP3, Melo e Wade? Seria a única alternativa de competitividade para a liga hoje? Mas é algo que seria possível apenas em 2017, a não ser que 1) Wade já tope jogar por uma mixaria em Cleveland agora; 2) o Knicks trocasse Melo por Kevin Love; 3) o Cavs trocasse Irving por Chris Paul. Difícil, hein?

Quais são os próximos passos agora?

Antes de anunciar o ala oficialmente, a diretoria do Warriors precisa encontrar um novo clube para Andrew Bogut. Tem de limpar salário para poder acomodar um salário de US$ 27 milhões. Como eles têm o australiano em alta conta, não vão simplesmente despachá-lo para o Philadelphia, sem mais nem menos – embora ter o jovem compatriota Ben Simmons por lá pudesse ser uma boa distração ao veterano que, muito antes de o clube ser badalado, foi a primeira contratação de impacto desse ciclo, ajudando a construir essa reputação.

(E aqui fica uma questão engraçada e absurda: e se os 29 concorrentes fizessem um pacto e simplesmente se recusassem a absorver o contrato de Bogut? Fazendo pirraça, mesmo. Aí o Warriors precisaria dispensar seu contrato e parcelar a conta. Além disso, teriam de abrir mão de Shaun Livingston. Mas este cenário não vai acontecer. Nem todos os times entrarão no próximo campeonato com ambição de título. De modo que Bogut, por mais quebradiço que seja, ainda vai despertar o interesse de muita gente com sua capacidade como reboteiro, protetor de aro, passador e muralha em corta-luzes. O Dallas Mavericks já despontaria como favorito, aliás, depois de ser recusado por Hassan Whiteside.)

Ainda no garrafão, Festus Ezeli é mais um que vai precisar encontrar um novo clube. Segundo Marc J. Spears, do Undefeated, o clube não só não vai renovar com o nigeriano como vai abrir mão dos direitos sobre ele. O grandalhão vai virar agente livre pleno, num mercado em que muitos pivôs já se apalavraram. Situação curiosa agora.

Por fim, Harrison Barnes poderá assinar seu contrato de US$ 95 milhões com o Mavs, por quatro anos. Viu como seu desempenho ridículo nas finais contra o Cavs não atrapalhou em nada suas metas financeiras? O mercado de agentes livres não tinha grandes nomes assim para um ano em que o teto salarial subiu 30%.

Esses caras foram valiosos, garantiram um lugar na história do clube, mas a fila anda apressadamente na NBA. Se o Warriors tivesse conquistado o bicampeonato, será que Durant aceitaria jogar no time? Duvido muito. O fato de o time ter sucumbido perante LeBron acabou abrindo caminho, mesmo, para esse acordo bombástico, já que ao ala poderia caber a imagem de “peça que estava faltando”, em vez de um simples “modinha”, caso estivesse sendo incorporado pelos atuais campeões. (Embora, obviamente, isso seja o que Durant mais vá escutar nos próximos meses e jogos. Só não pode ser chamado de “mercenário”, já que vai perder dinheiro, em termos de salário, ao sair de OKC.)

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Outros fatores especiais que proporcionaram essa bomba: b) a própria derrocada do Thunder contra o Warriors nas finais do Oeste; c) o novo acordo televisivo da liga; d) o fato de o sindicato dos jogadores ter recusado uma subida gradativa no teto salarial; e) nesse cenário todo, o contrato de Steph Curry, apenas o quarto mais valioso do elenco, se tornou a maior barganha da paróquia, tendo sido firmado numa época em que falávamos mais sobre seu tornozelo do que sobre seus chutes da saída do túnel, antes de o jogo começar. Elimine qualquer uma dessas alternativas, e o negócio talvez fosse impossível.

Não obstante toda essa conjuntura, também tem o aspecto de relacionamento humano serenamente destacado por Dwyane Wade, em meio ao caos. Durant foi campeão mundial em 2010 pelo Team USA com Curry e Iguodala ao seu lado. Naquela campanha, os três costumavam se reunir constantemente para rezarem juntos, por exemplo. Já Draymond Green recrutou o ala durante a última temporada inteirinha, e até mesmo depois da épica virada pela final de conferência, sendo habilidoso o bastante para não pisar nos calos e ofender o então rival.

Segundo consta, um telefonema de Jerry West – o logo! De novo! – na calada da noite deste domingo teria sido importantíssima na decisão de Durant. Entre tantas mensagens passadas pelo consultor do Warriors, duas teriam se destacado. Uma teve cunho biográfico, com o ex-jogador lembrando o punhado de vezes em que seu Lakers havia morrido na praia, contra a dinastia Russell-Auerbach em Boston. A segunda, mais impactante, foi para reforçar a ideia de que, com Curry, Klay e Draymond, Durant seria apenas mais um. Não teria essa coisa de estrelismo: jogariam todos juntos, de igual para igual. Além disso, teve a fala do gerente Bob Myers: “Sem você, é possível que vençamos um ou dois títulos mais. Sem nós, provavelmente você também ganhe um ou outro. Juntos? Podemos levar vários”. E quem vai discordar?

Acho que nem mesmo um cabeça-dura, orgulhoso e superatlético Russell Westbrook – não consigo deduzir qual teria sido sua reação ao ser informado da mudança. Para OKC, não há muito o que fazer. O proprietário Clay Bennett e o gerente geral Sam Presti estavam na região dos Hamptons ainda nesta segunda-feira – feriado da independência nos EUA –, aguardando a decisão de seu ex-jogador. Desnecessário dizer que cada rojão estourado neste 4 de julho vai explodir dentro dos tímpanos deles. Ao menos a dupla foi mais classuda que Dan Gilbert no momento de perder uma estrela. Pudera: não custa lembrar que Bennett roubou não só Durant de Seattle como um clube inteiro. O carma chegou para acertar, mais ou menos, as contas.

É isso. Seattle talvez seja mesmo, além de Oakland e San Francisco, a única cidade americana a comemorar nesta data, que não pelos motivos patrióticos. De resto, não importando as coordenadas geográficas, os diretores que ainda estiverem reunidos para buscar agentes livres secundários, os técnicos que estejam trabalhando com a molecada das ligas de verão, os atletas que estejam a caminho das ou voltando das Bahamas devem estar todos em estado catatônico, sem nem conseguir pensar o que será da liga na próxima temporada.

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lakers-2012-super-team-coverSupertimes são garantia de sucesso?

O torcedor do Lakers, que nem mesmo pôde ver o clube fazer uma propostinha por Durant neste ano, vai nos atentar para o que aconteceu com o elenco de 2012, quando Dwight Howard e Steve Nash chegaram a Hollywood para contracenar com Kobe e Gasol. Uma sucessão de lesões e intrigas levou aquele badalado elenco ao oitavo lugar do Oeste e a uma varrida pelo Spurs. Certo. Mas não há como comparar os casos aqui: Nash estava nas últimas, Howard voltava de uma cirurgia e Kobe deu uma de Kobe no pior sentido, ateando fogo nas relações, enquanto Gasol se lamuriava pelo esquema de Mike D’Antoni. Ah, e Jimmy Buss não vive em Oakland.

Em Miami, a conquista não saiu de cara, mas vale lembrar que o time ganhou duas vezes a liga e alcançou quatro finais seguidas. Poderia ter sido mais, mas Dwyane Wade estava em outro estágio de carreira também, lidando com dores e travas no corpo todo. Do quarteto do Warriors, Stephen Curry é o mais velho. Com apenas 28 anos…

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O maior receio do acerto de Durant com Golden State? Um novo lo(u)caute já em 2017. Você pode ter certeza de que mais de 50% dos proprietários dos demais 29 clubes estão espumando neste momento, querendo repaginar o acordo trabalhista. A gastança desenfreada que estamos acompanhando, proporcionada pelo abrupto aumento do teto salarial, já valia como um motivo suspeito para uma nova paralisação das atividades da liga. Agora, o suposto desnível de forças praticamente garante esse racha, na visão dos mais pessimistas. Se fosse apostar grana, iria nessa linha. Vai ser um ba-fa-fá que só.

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Um componente interessante dessa transação é a disputa de marcas esportivas. A “Under Armour” conta com Steph Curry como um de seus principais propulsores no mercado global. Agora a “Nike” espera que Durant possa ofuscá-lo.

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Vocês já se cansaram dessa coisa de Durant agente livre? Calma, que em 2017 pode ter mais. O contrato do ala com o Warriors será de dois anos, valendo US$ 54 milhões, mas com uma cláusula ao seu dispor para encerrá-lo já ao final da próxima temporada. Financeiramente, faz todo o sentido: KD vai completar dez anos de liga e poderia assinar um novo contrato valendo 35% do teto salarial, em vez dos 30% de hoje. O contrato de Curry também vai expirar junto. Assim como os de Westbrook, Blake Griffin e Chris Paul, entre outros. Vai ser interessante, com ou sem lo(u)caute.

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A reação de LeBron, na qual uma imagem vale mais do que mil palavras, foi bastante espirituosa:

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Michael. Corleone. Ponto.

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Bombardeio continua, e Warriors completa virada contra OKC
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Giancarlo Giampietro

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Você se mata na defesa. Faz uma dobra, vem a ajuda, e um terceiro atleta encontra um jeito de se aproximar e pressionar o adversário após mais um passe. Esse ciclo ia se repetindo a cada posse de bola. Se não houvesse interceptação nesse processo, era provável que saísse um chute de três pontos marcado. Mas esse chute caía. Sem parar. Os Splash Brothers e o ataque do Golden State Warriors voltaram a castigar os marcadores do Oklahoma City Thunder nesta segunda-feira, e os atuais campeões completaram uma inesquecível virada, agora com um triunfo por 96 a 88. Avançam à final da NBA para uma revanche contra o Cleveland Cavaliers.

De todos os 47 arremessos no perímetro interno que o time da casa tentou neste Jogo 7, só 20 foram certeiros (42,5%). Tamanha a intensidade, a coordenação, a capacidade atlética e a envergadura de seus oponentes. Quase não houve bandeja ou enterrada inconteste. OKC fez tudo o que a cartilha mandava e protegeu seu garrafão com ferocidade.

Mas Stephen Curry e Klay Thompson subvertem o jogo com seus disparos de longa distância. Para comandar a virada dentro da virada — a reação num jogão em que os oponentes voltaram a abrir diferença de dígitos duplos no placar –, os atiradores acertaram 13 bolas de três. No geral, lutando contra a eliminação, os dois converteram inacreditáveis 30 arremessos de fora. São 90 pontos neste fundamento. Sabe quantos todo o time do Thunder marcou nestes 96 minutos? Três vezes menos: 10. (No total, seu time acertou 17 de 37 tentativas exteriores, para 45,9%, contando só o jogo desta segunda.)

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E não é que tenham sido disparos completamente livres, gente. Tinha um Serge Ibaka pondo a mão na cara. Tinha um Kevin Durant correndo e saltando para tentar dar o toco. Seguidas vezes, e não importava. Trocando a marcação, fazendo o abafa em dupla, mudando estratégias e defensores. Billy Donovan tentou de tudo e não encontrou uma resposta eficaz. Talvez porque não houvesse, mesmo. Você joga com a matemática, mas os cálculos que funcionam para 99,9% das equipes não batem com aqueles propostos pelos astros do Warriors. Poucas foram fáceis com a última bomba, para demolir de vez as pretensões de um adversário que os levou às cordas:

Curry foi o cara do jogo, num desempenho adequado para uma campanha histórica. Foram 36 pontos e 8 assistências para ele em 40 minutos e 24 arremessos. Klay Thompson dessa vez parou nas seis bolas de três, marcando 21 pontos em 19 arremessos. Seu desempenho despencou em relação ao Jogo 6 (pudera…), mas o ala foi novamente muito importante para frear uma das típicas arrancadas do Thunder no segundo período da série, quando esquentou a mão depois de um primeiro quarto nulo.

Agora, para ao menos acalmar os mais tradicionalistas, naturalistas ou conservadores, não vamos aqui dizer que a quarta e derradeira vitória do Warriors se limitou apenas aos chutes de fora. Não foi um tiroteio. Muito pelo contrário. Foi um jogo duro, físico, enroscado, como o placar abaixo da marca centenária não deixa mentir. E os vencedores também se garantiram do outro lado, cuidando dos rebotes e da proteção de sua cesta mesmo que Andrew Bogut não tenha feito uma boa partida. Foi um esforço coletivo que levou os visitantes a apenas 38,2% de acerto nos arremessos como um todo e a 25,9% de três e que equiparou a disputa nas duas tábuas, concedendo vantagem mínima a OKC (47 a 46). Foram cinco jogadores com pelo menos cinco rebotes, liderados pelos nove de Draymond Green, e sete com pelo menos quatro. Para fechar, se o Warriors só marcou 34 pontos no garrafão de um lado, concedeu ainda menos do outro: 32.

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O terceiro período foi mais um grande exemplo de como Golden State pode ser um time opressor na defesa, uma tecla que tem de ser constantemente batida, até os céticos inveterados assimilarem. O Thunder acertiou apenas 5 de 19 arremessos nesta parcial e zerou em sete disparos de longa distância. A parcial foi vencida por 29 a 12, abrindo caminho para a vitória. Foi nos minutos finais desse período, aliás, que a dupla brasileira enfim conseguiu influenciar o confronto de modo bastante positivo o rumo do confronto. Com 2min34s, Anderson Varejão foi chamado para o lugar de Festus Ezeli. Menos de 20 segundos depois, Leandrinho substituiu Andre Iguodala. Os dois participaram ativamente de uma sequência de sete pontos sem resposta que levaram o placar de 6 para 13 pontos de vantagem.

Bogut estava mal, Draymond, pendurado com faltas e Ezeli, fugindo dos lances livres, enquanto Marreese Speights não era garantia nenhuma de rebote e defesa. Então Kerr chamou Varejão novamente, sem desistir do capixaba. O pivô respondeu com lances de seus bons tempos. Cavou uma falta na defesa. Atirou-se em quadra. E, de bônus, fez uma bela bandeja, partindo com a bola da cabeça do garrafão para finalizar sobre Enes Kanter e deu ainda duas assistências, sendo uma delas para Leandrinho. Os dois jogaram dois minutos apenas, mas roubaram a cena neste limitado tempo. Como fator mais importante, ajudou seu técnico a preservar alguns de seus protagonistas para a batalha que ainda viria no quarto período.

Aqueles que se limitaram a taxar a derrota de OKC pelo Jogo 6 como simples e tosca amarelada talvez possam rever o discurso. Como pode um time com nervos em frangalhos eliminar o Spurs e, depois de uma tremenda decepção, pressionar os atuais campeões até o limite menos de 48 horas depois? Durant e seus companheiros não se renderam e até mesmo tentaram uma reação nos três minutos finais que seria mais espetacular que a do Warriors na partida anterior. A defasagem era de 11 pontos de folga no placar, mas Durant, praticamente sozinho, baixou para quatro, forçando pedido de tempo de Kerr e muito nervosismo da torcida de Oakland. A 1min39s do fim, estava 90 a 86. Mesmo depois de receber instruções de seu treinador, os anfitriões se atrapalharam no ataque, e Draymond teve de mergulhar em quadra para evitar um turnover. Chamou mais um tempo, apenas 17 segundos depois. Aí, na reposição, Ibaka salvou os caras. Com a posse de bola por estourar, o pivô congolês fez uma falta de Curry quando o armador elevava para o arremesso de três. O MVP converteu todos eles.

Falta inegável, da pior maneira possível, mas de certa forma compreensível: não só Ibaka estava completamente fora de seu habitat como havia sido torturado por Curry nas últimas duas partidas, quando Golden State forçava a troca defensiva e deixava o grandalhão no mano a mano com um dos esportistas mais habilidosos do mundo. Essa mesma estratégia fez com que Billy Donovan abrisse mão de Steven Adams nos minutos decisivos, comprando a ideia de um duelo de ‘small ball’ (sendo que o Thunder nunca fica tão baixo assim) com a Ressurrecta Escalação da Morte de Kerr. Houve muitas críticas a respeito, como se a equipe visitante estivesse se adaptando e fugindo de suas principais características. Não dá para esquecer, porém, que o quinteto com Ibaka e Durant na linha de frente havia rendido muito bem até o Jogo 6 e que, oras, colaborou para esta mesma reação nos minutos finais. Não completaram a virada, mas assustaram os campeões uma última vez.

Ao final da partida, Russel Westbrook saiu em disparada para o vestiário sem cumprimentar ninguém, nem mesmo seus chapas. Já Durant se movimentou com calma e classe, abraçando Curry e o saudando, para, depois, abraçar seus companheiros, o gerente geral Sam Presti e até mesmo o proprietário do clube, Clay Bennett. Se foi de despedida, nós e todos os outros 29 clubes da NBA, incluindo o próprio Warriors, vamos ter de esperar para saber. Era a sombra que pairava sobre a equipe nesta temporada. Por ora, jura que não pensou no assunto. A diferença de postura de um astro para a do outro traduz bem seus estilos contrastantes, mas que elevaram o Thunder à condição de superpotência numa conferência absurdamente competitiva.

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Juntos, Durant e Wess aterrorizam qualquer defesa. Teria sido a saideira? Se foi, não de uma forma que os fãs do armador esperavam. O ala ficou em quadra por 46 minutos e ainda teve fôlego para apertar o jogo no final, fechando sua jornada com 27 pontos em 19 arremessos, além de sete pontos e três assistências. No primeiro tempo, o cestinha se esforçou admiravelmente em envolver os demais titulares da equipe no ataque, ciente das críticas que recebeu pelas besteiras que fez pelo Jogo 6. Tentou apenas cinco arremessos e anotou nove pontos antes do intervalo. Funcionou muito bem: cinco atletas tinham cinco ou mais pontos, e fazia todo o sentido: era como se estivesse preparando terreno para uma eventual explosão na segunda etapa. Só que a defesa do Warriors estava preparada e ainda decidida a ignorar os demais se fosse para atrapalhar os astros. KD dessa vez contra-atacou bem. O mesmo não pode ser dito de seu parceiro.

Westbrook jogou por 45 minutos e flertou com novo triple-double, com 19 pontos, 13 assistências e 7 rebotes. Foram poucos turnovers na sua conta (três), mas, no geral, o que dá para dizer é que ele voltou a se perder em quadra, com uma seleção de arremessos terrível e aproveitamento baixíssimo (33,3%, via 7-21). Na real, boa parte de seus chutes equivocados poderia ser considerada até mesmo como desperdício de bola, dada a improbabilidade do acerto. O craque falhou em controlar o tempo de jogo e se descontrolou na pior hora, no terceiro período, quando o Warriors ameaçava deslanchar. Com ele em quadra, sua equipe teve saldo negativo de 14 pontos. Seus números gerais na série foram de 26,7 pontos, 11,3 assistências, 7,0 rebotes e 39,5% nos arremessos, com 31,7% nos tiros de fora em 5,9 tentativas. Você põe aí os 8,7 lances livres, as 3,7 roubadas e os 4,4 turnovers, e tem um resumo absolutamente perfeito do que ele entrega e tira em quadra, negando a evolução que havia demonstrado durante a temporada.

Estamos falando de uma força da natureza, de um dos atletas mais incríveis do mundo, mas que ainda não encontrou a saída, um modo de controlar seus instintos, vá lá, mais selvagens em momentos mais críticos. A gana de vencer a qualquer custo aliada a seus atributos atléticos nos proporcionam um jogador de basquete único e dominante. O cara deve se sentir invencível. E se perde em arroubos. Perde também para Stephen Curry, que jamais vai tirar a respiração de ninguém por piques ou decolagens em quadra. O MVP, na verdade, prefere encantar, com seu drible manhoso que lhe tira de enrascadas e com seu arremesso espetacular. No decorrer do confronto, foi constantemente desrespeitado pelo seu oponente, que inclusive riu em coletiva quando jornalistas perguntavam se o ídolo do Warriors seria subestimado como defensor. Obviamente que isso tudo não passou despercebido. Muito pelo contrário…

Pelas entrevistas e sua postura em quadra, Westbrook parece ter certeza de sua superioridade neste hipotético duelo. Que, se fossem dois pistoleiros do Velho Oeste, não daria a menor chance ao desafiante. Pode até ser, embora, nas últimas três partidas, com três vitórias, Curry tenha dado boa resposta, com 32,6 pontos, 7,6 assistências, 7,3 rebotes e 16 chutes de fora. O que ele precisa entender é que os grandes talentos geralmente predominam em quadra, nos playoffs, mas quase nunca vão ganhar nada sozinhos. E, mesmo tendo um Kevin Durant ao seu lado, agora sem que estivesse atrapalhado por nenhuma lesão inoportuna, seu OKC fica pelo caminho, mesmo tendo três chances para fechar a série, enquanto o Warriors busca o bi.

Essa questão de desrespeito a Curry não é uma novidade, aliás, mesmo que escrever isso não pareça ter nenhum sentido. São vários os veteranos aposentados que dão voz a um grupo ainda aparentemente grande de críticos que não digerem bem o que Curry apronta. “Porque ele parece ter 12 anos”, respondeu Steve Kerr, na coletiva pós-jogo, dando de ombros. O descrédito ao genial armador também se estende ao time como um todo, aliás. Doc Rivers disse que eles tiveram sorte no ano passado rumo ao título, devido a lesões e eliminações inesperadas. As 73 vitórias desta temporada, recorde que vai demorar para ser incomodado, seriam fruto de uma liga esvaziada, sem o talento de 20, 30 ou sabe-se lá quantos anos atrás.

Agora que derrotaram Durant e Westbrook em uma virada marcante, pode ser que tenham um pouco de sossego. Para eles, essa percepção incomoda um pouco, mas não é nada que os atrapalhe em quadra. Eles seguem em frente e buscam o bicampeonato agora novamente contra os LeBrons. Cientes de que, se a coisa ficar feia, entre tantos recursos, têm justamente a arma que mais incomoda essa turma do contra — ou dos descrentes de suas habilidades, talvez seja o melhor termo. Que é essa capacidade de bombardeio que, contra o Thunder, fez toda a diferença.

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Vai ter Jogo 7. Como Durant e Westbrook vão responder?
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Giancarlo Giampietro

Durant e Westbrook: o último jogo da dupla em OKC? Ou só um deslize?

Durant e Westbrook: o último jogo da dupla em OKC? Ou só um deslize?

O Oklahoma City Thunder teve tudo para fechar a série. Agora, até chegar segunda-feira e o Jogo 7 das finais do Oeste, vai ter de conviver com a ameaça da autoflagelação.

O ginásio estava caótico, estridente. Os jogadores do Golden State Warriors tinham mãos inseguras, com exceção de Klay Thompson, consistente do início ao fim. Estavam mais uma vez vulneráveis. Mas desta vez não teve massacre — o máximo que abriu de vantagem foi de 13 pontos. O time da casa e sua infernal torcida não conseguiram degolar seu oponente na primeira chance que tiveram, tal como havia acontecido nas terceira e quarta partidas. O jogo se estendeu nervoso, então, com Thompson e, depois, Stephen Curry mantendo os atuais campeões a uma distância plenamente alcançável para os Splash Brothers, aqueles dos 70 pontos somados e 17 bolas de três convertidas.

A virada aconteceu, em mais um clássico instantâneo estrelado por essas duas equipes. A chamada “Escalação da Morte” de Golden State reviveu (é realmente um trocadilho irresistível, gente). Os caras mostraram do que são capazes, técnica, tática e mentalmente. Quando se confronta um desempenho desses com o colapso de Kevin Durant, Russell Westbrook e companheiros, a coisa fica muito feia para OKC.

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E aí qual o jargão que o torcedor brasileiro vai usar, então? Claro que é a famigerada “amarelada”. Acho curiosa essa mania. Do ponto de vista tupiniquim, parece não existir a possibilidade de falha. Se um atleta ou uma equipe perdem, só a tremedeira explica. Para quem viu o jogo, não dá para dizer que Durant e Westbrook se omitiram. O problema da duplinha é justamente o contrário: eles pecam por excesso. Não foi a primeira vez. Nem a segunda, se vocês me entendem.

Pode-se argumentar preconceito aqui?  Pois Curry e Thompson centralizaram o ataque do Warriors praticamente da mesma forma, com 52 de 87 arremessos (59,7%), contra 58 de 90 (64,4%). “Temos de viver com alguns arremessos malucos, alguns arremessos errados malucos, porque eles os fazem muito mais do que a média”, disse Steve Kerr, em defesa de seus cestinhas. A diferença é o modo como cada time ataca. Quando acossados, Durant e Wess não souberam jogar com o time e nem mesmo como parceiros. Voltou o bumba-meu-boi de cinco anos atrás, o ataque do cada um por si.


Segundo o departamento de estatísticas da ESPN, o Thunder teve 13 posses de bola nos últimos cinco minutos do jogo — o que a NBA considera oficialmente como “crunch time”. Sabe em quantos desses ataques o time da casa fez mais do que um passe? Em apenas UMA oportunidade. No quarto período como um todo, foram seis assistências para Golden State e nenhuma para Oklahoma City. Estarrecedor.

De tão talentosos e atléticos, aberrações ao seu modo, Durant e Westbrook estão acostumados a se impor contra qualquer mortal. Não tomam conhecimento dos marcadores e, ao mesmo tempo, também podem não reconhecer o que está rolando em quadra. Como ocorreu nesse quarto período desastroso.

A cinco minutos do fim, OKC tinha sete pontos de vantagem. Mas perdeu a partir dali por 19 a 5, quando os dois All-Stars fizeram 12 pontos juntos, erraram 11 de 14 arremessos e ainda cometeram cometeram todos os 6 turnovers da equipe. Não dá para ficar muito mais grave que isso. Klay Thompson, sozinho, teve 19 pontos, 6-9 nos chutes, perdendo a bola apenas duas vezes.

Em sua coletiva, então, Westbrook foi obrigado a engolir o riso, ou gargalhada até, das últimas sessões de perguntas e respostas. Se antes fazia questão de manifestar seu desdém até pelo MVP dos últimos dois campeonatos, nesta madrugada só lhe restou a fala monossilábica e o murmúrio.

Westbrook provocou bastante. Agora tem um Jogo 7 para encarar Curry novamente

Westbrook provocou bastante. Agora tem um Jogo 7 para encarar Curry novamente

Está certo que não foi Curry seu principal marcador primário. Thompson foi quem o perseguiu mais vezes. (Mas a verdade, comprovada pelos números, é que, diante do armador do Warriors, Wess não teve tanto sucesso assim quanto supunha, a despeito do placar geral da série.) E não foi só um defensor que cuidou do cara.

Se alguém quiser rever a partida, reparem o tanto de armadilhas que os campeões armaram. Se passava pela primeira linha defensiva, Andrew Bogut não fazia questão nenhuma de se aproximar. Wess se via então com espaço para chutar. Foi o que fez, com uma infinidade de tiros em flutuação. Ponto para Golden State, que não o deixava chegar ao aro. Além disso, nos dois minutos finais, com o Warriors já à frente, o armador se perdeu numa torrente. Se nos confrontos anteriores, o jogo corrido estava favorecendo totalmente OKC, a coisa virou na pior hora. Draymond Green se redimiu de diversas bobagens e forçou dois turnovers de Russell. Dois dos quatro que ele cometeu nesse curto intervalo.

Acontece que Durant nem pôde reclamar muito, já que também falhou muito. Com mais de 2,10m (Dwight Howard jura que se trata de um ‘seven footer’, de 2,13m), o ala pode chutar por cima de qualquer defensor de perímetro da liga. Um recurso vital para que seja esse cestinha. Mas não o único, claro. Tem sua mecânica rápida, sua habilidade no drible superior à de Klay, sua agilidade etc. Iguodala, todavia, e Harrison Barnes fizeram o que podiam para atrapalhá-lo, contando também com seu desgaste, forçado também pelo empenho louvável que vem tendo na defesa. A última cesta de quadra de KD saiu a 5min09s do fim, depois de recuperar a bola ao ser desarmado pelas mãos ágeis de Iggy. Se foi o seu último jogo pela equipe em Oklahoma, foi a pior despedida possível.

A sucessão de erros levou a dupla de estrelas ao descontrole. Pela primeira vez desde o Jogo 2, então, o Warriors virou o agressor em quadra, levando a melhor até mesmo em transição depois de forçar os turnovers. Foi uma inversão do que havia acontecido na última visita a OKC. Vejam esta cena aqui:

Em uma rara investida em que houve interatividade entre os dois astros locais. Durant fez o corta-luz para Westbrook. O problema é que isso deixou o armador com Iguodala… Que roubou a bola.Como bom passador,  tinha duas excelentes opções: Thompson pela direita, Curry pela esquerda. Na retaguarda, Durant, sozinho, vai fazer o quê? Ficou dividido e chegou atrasado para contestar o 11o chute certeiro de Thompson no perímetro. Splash. Foi uma ação (errada) e uma reação (inclemente), para deixar o Warriors três pontos à frente.

Na bola seguinte, ao menos OKC fez uma jogada com corta-luz fora da bola para KD. O ala se afobou, no entanto, em seu movimento e subiu para o chute com Iguodala pronto para contestar. Por aí fomos. Foi uma decisão equivocada sucedida por outra.

Na hora de dissecar a partida, Billy Donovan vai sofrer. Seu discurso no ano todo era o de que o time precisava de paciência, de movimento e, acima de tudo, confiança mútua. Nada disso aconteceu no momento em que seus atletas passaram por dificuldade. Serge Ibaka anotou 12 pontos no primeiro tempo e só um no segundo. Dion Waiters anotou três pontos em 36 minutos. Não teve pick-and-roll com Steven Adams ou Andre Roberson. Enes Kanter era o mais produtivo, mas não teria ninguém para marcar do outro lado. Como o velho Thunder.

O time vai ser capaz de superar isso? O que pesa mais: o ressurgimento desse trauma do passado ou a memória bem mais positiva do início da semana? Ainda tem um jogo pela frente, em que pese a enorme decepção pelo que aconteceu em casa. Ao rever com o elenco o que se passou nos últimos cinco, seis minutos desse histórico Jogo 6, é provável que seu técnico nem precise dizer muita coisa. Durant e Westbrook já ouviram essa fita trezentas vezes. Como vão reagir é o que mais importa. A dupla tem todas as ferramentas para vencer mais uma em Oakland. Resta saber se vão tentar do jeito mais fácil ou do mais difícil.

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Warriors faz o jogo sujo com Bogut para sobreviver na final do Oeste
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Giancarlo Giampietro

Stephen Curry foi aquele que finalizou o serviço, não sem o Oklahoma City Thunder incomodar e assustar mais uma vez — ah, se aquele arremesso de Kevin Durant caísse…

Mas não caiu. E aí a imagem que ficou foi a dos gritos do armador do Golden State Warriors para a sua torcida, avisando que eles não estavam prontos para voltar para casa. Depois de sucessivos malabarismos com a bola. Manobras perigosas no drible em meio aos braços enormes de seus oponentes, mas que, ufa, resultaram em bandejas com o aro escancarado, em vez de turnovers.

Curry provou que é muito mais que um mero (?) chutador, e terminou com 31 pontos em 20 arremessos e 37 minutos e comandou a vitória sofrida pela sobrevivência dos atuais campeões. Vamos ao Jogo 6, sábado. A bola agora está com OKC.

Antes das estripolias do bi-MVP, o que teve de fundamental para o Warriors foi a briga ali embaixo do aro, a de quem faria melhor o serviço sujo e prepararia o terreno para os astros brilharem e ganharem suas manchetes. Dessa vez, Andrew Bogut conseguiu, enfim, fazer se notar seu corpanzil. “Ele foi fenomenal”, disse Steve Kerr. “Pegou os rebotes, pontuou, foi agressivo. Foi fantástico. Pegou 14 rebotes, e obviamente a questão do rebote tem sido um problema para todos que enfrentam Oklahoma City.”

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Sim, o gigante australiano apanhou 14 rebotes, tão relevantes quanto os 15 pontos que anotou, um recorde pessoal em jogos de playoffs, acreditem. Além disso, deu dois tocos e conseguiu três roubadas. Ainda assim, talvez o número mais relevante de sua linha estatística tenha sido o de faltas: apenas três, atendendo a uma cobrança prévia de seu técnico. Se continuasse cometendo faltas sem parar, o pivô não pararia em quadra. Dessa vez, conseguiu se aproximar dos 30 minutos. Antes sua média estava em 13 minutos por rodada.

Bogut deu as caras

Bogut deu as caras

“Quando ele está jogando, melhoramos no rebote e ganhamos um passador a partir do garrafão. Queremos jogar mais com Bogut, mas ele precisa ficar em quadra”, clamou Kerr. O pivô atendeu. “Tive quatro jogos de lixo, então tentei ao menos fazer uma boa quinta partida.  Não queria que a temporada terminasse nesta noite”, afirmou Bogut, que adora a autodepreciação. Coisa rara nesses dias.

Sozinho, o australiano não daria conta de trombar com Steven Adams, Serge Ibaka ou Enes Kanter. Draymond Green, ainda desequilibrado no ataque e flertando com uma suspensão (basta mais uma falta flagrante 2 ou mais duas técnicas) se juntou ao combate. Com 13 rebotes e quatro tocos, cuidou daquelas coisas que primeiro lhe garantiram um emprego na NBA e minutos nesse timaço de Oakland, muito antes dos constantes triple-doubles e arremessos de três pontos. Terminou com 11 pontos em 10 arremessos.

No geral, o placar de rebotes terminou com 45 a 45. Adams e Ibaka somaram 18, mas a força atlética de OKC deu um jeito de compensar: Durant, Westbrook e Roberson somaram 20. Para o Warriors, de qualquer forma, esse empate já vale como uma vitória. Até então, a vantagem do Thunder nesse fundamento era impressionante: 196 a 167. Dividido por quatro partidas, era uma média de mais de 7,0.

Quem também contribuiu nessa batalha interna foi Marreese Speights, mas do outro lado da quadra, com 14 pontos. Se o seu repertório tem se limitado cada vez mais a chutes de média para longa distância, neste Jogo 5 ele atacou a zona pintada e pôs pressão na defesa de OKC, pouco incomodada ali dentro até então. Juntos, Bogut, Draymond e Speights somaram 40 pontos e 29 rebotes. Em pontos no garrafão, a vantagem foi enorme também: 48 a 30.

E claro que na NBA de 2016 essa coisa de pontuar perto da tabela não se restringe aos grandalhões, por mais que os nove rebotes ofensivos de Bogut e Draymond tenham ajudado. O maior volume de cestas do Warriors ali veio com Steph Curry, desfilando para bandejinhas. De seus 31 pontos, dessa vez só nove vieram em chutes de fora. Acreditem. Mesmo Klay Thompson foi machucar a defesa de OKC um pouco mais perto da cesta. Para o ala, apenas 6 de 27 pontos saíram em bolas de longa distância. Interessante.

Curry fez splash mais de pertinho pelo Jogo 5

Curry fez splash mais de pertinho pelo Jogo 5

Agora, estamos aqui enumerando alguns fatores positivos e surpreendentes a favor do Warriors, e, para quem não viu o jogo e nem foi ao Google para checar o placar, pode passar a impressão de que foi uma surra. Não foi (120 a 111). Só acabou quando terminou, mesmo, com o Thunder lutando até mesmo quando o time da casa tinha vantagem de 11 pontos (114 a 103) a 55 segundos do fim.

A torcida já fazia festa, os jogadores perderam um tico de concentração, e isso não se faz quando dois cestinhas amedrontadores como Durant e Westbrook são seus oponentes.  Harrison Barnes, numa série pavorosa, cometeu uma falta ao contestar um chute exterior de KD. Caíram os três. Aí Curry se atrapalhou e foi desarmado por Wess. Cesta e falta de Klay. E o que o furacão de OKC fez? Atirou a bola com força no bico do aro, confiante para apanhar o rebote ofensivo. Aberração que é, naturalmente conseguiu, e o placar era de 114 a 108.  Aí Durant teve a chance de fazer uma cesta se três, live, e não conseguiu, quando o relógio marcava 35 segundos. Se tivesse sucesso, a diferença se reduziria a uma posse de bola. Imagine o soluço coletivo num ginásio bastante barulhento.

Os dois All-Stars do Thunder combinaram para 71 pontos, 14 rebotes e 12 assistências. Só não tiveram a jornada mais eficiente em meio a tanto volume de jogo, errando 36 de 59 arremessos (38,9%). Westbrook cometeu ainda sete turnovers, numa jornada desastrosa até o quarto final. Dessa vez, porém, Roberson foi Roberson no ataque (6 pontos em 34 minutos) e Dion Waiters evaporou (zerado em 27 minutos e quatro arremessos). Serge Ibaka, por outro lado, teve uma noite inspirada nos chutes de longe, com 13 pontos em 10 tentativas de mecânica idêntica, no piloto automático até.

Então temos isso. Num jogo em que muita coisa aconteceu a favor do Warriors, os caras ainda tiveram muita dificuldade. Não conseguiram devolver na mesma moeda, e OKC ainda mandou seu recado no final. Por outro lado, para quem não queria ir embora para casa de jeito nenhum, até uma vitória por meio ponto valeria. Só precisavam sobreviver.

Desde a virada em 2012 contra o Spurs que não víamos o Thunder com tanta confiança, firmeza em quadra. Eles acreditam que são o melhor time e mentalmente parecem prontos para o Jogo 6. A ver. Se a pressão não arrastar Durant e Westbrook com força, Golden State vai ter de se desdobrar no sábado para forçar a sétima partida em Oakland. Vão precisar dos cotovelos de Bogut, dos tiros de fora de Curry e muito mais.

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Por que o time de 73 vitórias está a uma derrota da eliminação?
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Giancarlo Giampietro

Durant surge como força defensiva em escalações (nada) pequenas de OKC

Durant, de quase 2,13m, surge como força defensiva em escalações (nada) pequenas de OKC. Enquanto isso, Draymond entra em crise

Nesta terça-feira, pela primeira vez na temporada, o Golden State Warriors perdeu duas partidas seguidas, se vendo em desvantagem de 3 a 1 contra o Oklahoma City Thunder, pela final da Conferência Oeste. O que quer dizer que o  time recordista de 73 vitórias, atual campeão, está a apenas uma derrota da eliminação. Como chegamos até aqui? Após quatro jogos, com desfecho de certa forma surpreendente, dá para fazer uma boa lista. Seguem sete destes fatores:

1) Este não é o mesmo OKC da temporada regular
Acontece. LeBron James sabe muito bem disso, assim como Tim Duncan e Shaquille O’Neal. Todos esses superastros já participaram de grandes equipes que, ao iniciar sua longa jornada em outubro, estavam cientes de que o que valeria, mesmo, seria aquilo que se apresentasse a partir de abril. Nessa linha, as famosas “rodeo trips” do Spurs acabaram se tornando um símbolo deste longevo período vencedor da franquia. Era quando seu ginásio era fechado para as esporas de verdade fazerem uma bagunça, forçando que o time de Gregg Popovich caísse na estrada, já na reta final de temporada, servindo geralmente como um marco na campanha, ligando o turbo.

Nas últimas duas semanas, os rapazes do Thunder estão com seis vitórias e uma derrota, tendo enfrentado nada menos que Golden State Warriors e San Antonio Spurs, os melhores times da temporada. Conseguiram uma vitória em Oakland e duas em San Antonio, cidades que, durante 82 partidas pelo campeonato, viram suas equipes saírem derrotadas de quadra em apenas três ocasiões.Vai dizer que não é uma surpresa?

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Em termos, sim. Ninguém questiona o talento de Kevin Durant e Russell Westbrook. Na maioria dos confrontos, a equipe teria em quadra pelo menos dois dos três melhores jogadores. Com estes dois no elenco, deveriam ser incluídos obviamente em qualquer lista de candidatos ao título. O que pega é que, no início da campanha – ou até mesmo na chegada aos playoffs –, havia dúvidas quanto aos atletas que o cercavam. Além disso, havia a inconsistência, como o próprio Durant reclamava. Estamos falando ainda de um time que perdeu 27 vezes no campeonato, três a mais do que Warriors e Spurs juntos. Que não se colocou nem mesmo entre as 12 melhores defesas da liga. E que agora virou um rolo compressor.

Neste Jogo 3, eles somaram 16 roubos de bola e 8 tocos. Também venceram a disputa de rebotes por 56 a 40 (isso aqui está de acordo com o normal, por terem dominado a estatística durante toda a jornada). Isso joga muita pressão para cima dos oponentes e, assim como aconteceu com o Spurs, em determinados momentos parece que os jogadores do Warriors estão receosos de atacar, de buscar a cesta, intimidados. Podemos falar de um desgaste mental por parte de Golden State, que é dessas coisas muito difíceis de se quantificar. Mas não dá para tirar o papel de seus oponentes nessa equação. Neste vídeo do Coach Nick, do Basketball Breakdown, vemos alguns lances estranhos dos caras:

2) A aclimatação de Billy Donovan
No caso do Thunder, parece claro não estava planejado que isso acontecesse. Digo, não é que eles tenham entrado relaxados nos primeiros meses de campanha, confiantes de que, chegada a hora mais importante, elevariam seu jogo. Os caras nunca haviam ganhado nada para se permitir esse comportamento. Pelo contrário: se as coisas saíssem mal, isso poderia resultar na despedida de Durant – uma sombra que pairou pelo vestiário o tempo todo, aliás, e pode ajudar a explicar seus tropeços. Por melhor que fosse seu elenco, em uma situação de pressão dessas, o técnico Billy Donovan também não poderia se dar ao luxo, em seu ano de estreia na liga, de dosar esforços, poupar atletas e esconder o jogo para os playoffs. (O torcedor dos Gators, porém, pode argumentar que, entre os moleques, o técnico tinha a fama de fazer suas equipes crescerem nos mata-matas. Então vai saber.)

O fato de Donovan ser um, hã, calouro de NBA pode ajudar a entender esta ascensão, de todo modo. Bicampeão universitário, o técnico tem currículo que não pode ser questionado. Sob sua supervisão, o programa do Florida Gators enviou 19 atletas para a grande liga, sendo que dez ainda estão em atividade. Agora, entre o basquete universitário e o profissional, há uma grande diferença. Por isso, em seu estafe estão dois antigos “head coaches” como Maurice Cheeks e Monty Williams. Precisava de ajuda, mesmo, pois essa transição pede um ajuste para qualquer cabeça basqueteira, mesmo a de um vencedor como esse. E aí vale lembrar que, durante a campanha, Cheeks ficou longe por um mês e meio, devido a uma cirurgia no quadril, enquanto Williams se afastou do time depois de perder a mulher em um acidente de carro. Foi um período obviamente muito difícil, no qual um irmão de Dion Waiters e um dos proprietários do clube também morreram, mas no qual o poder de liderança do treinador se manifestou e se fortaleceu.

O treinador vem fazendo agora um trabalho excepcional contra os gigantes da liga e concorrentes formidáveis como Gregg Popovich e Steve Kerr. Peguem a situação de Enes Kanter, por exemplo. O pivô turco foi fundamental no triunfo sobre o Spurs e recebeu 26,3 minutos em média nas últimas três partidas da série, ajudando a equipe a dominar o garrafão. Contra o Warriors, o que Donovan decidiu? Optar por uma formação mais baixa (supostamente) e jogar menos com Kanter, que ficou apenas nove minutos em quadra nesta terça e está com média de 15,0 pela final de conferência. Está dando certo. A rotação também ficou mais enxuta. Nada de Nick Collison, Kyle Singler (inexplicável a queda de rendimento) e do calouro Cameron Payne, que ainda vai dar o que falar, mas não agora.

Donovan, ex-armador do Knicks, assume o controle em OKC

Donovan, ex-armador do Knicks, assume o controle em OKC

3) A “Escalação da Morte” do Warriors não está matando ninguém
Stephen Curry, Klay Thompson, Andre Iguodala, Harrison Barnes e Draymond Green. Vocês sabem, né? Esse quinteto sem pivôs tradicionais se tornou um terror para toda a liga. Nesta temporada, quando o Golden State usou essa formação, conseguiu um incrível saldo de 47,0 pontos por 100 posses de bola. Entre os quintetos que foram utilizados ao menos por 100 minutos, foi disparado o de melhor rendimento, superando, por sinal, outros dois do Warriors. Pois, nos últimos dois jogos em OKC, este time saiu com saldo negativo de 39 pontos em 19 minutos.

É aí que entra a redução no papel de Kanter, ou até mesmo de Steven Adams, que não passou dos 25 minutos pelos Jogos 3 e 4, depois de brilhar na abertura da série em Oakland. Em vez de marretar os campeões com um time mais alto, Donovan vem optando, com muito sucesso, por um quinteto mais flexível (mas que não pode nem a pau ser chamada de “baixa”), com Ibaka e Durant na linha de frente, acompanhados de Andre Roberson, Dion Waiters e Russell Westbrook. Juntos por 14 minutos nesta terça, eles fizeram um saldo de 26 pontos para os anfitriões, com parcial de 46 a 20. Se for para medir também por 100 posses de bola, essa escalação descoberta por Donovan tem vencido por 68,5 pontos (gah!). De novo: sessenta-e-oito-vírgula-cinco-pontos.

4) Draymond Green, caçando borboletas
Se a “Escalação da Morte” não está fazendo efeito, isso tem a ver com a efetividade de seus marcadores, mas também envolve seus próprios integrantes, que não estão produzindo conforme o esperado. Um deles é Draymond Green, que, ao final da partida, deu licença aos jornalistas que cobrem o time a criticá-lo sem dó. Que a coisa foi feia, mesmo. O líder emocional do Warriors até pegou 11 rebotes, mas terminou com o mesmo número de pontos e turnovers: seis. Também errou seis de seus sete arremessos.

Geralmente uma das figuras mais assertivas da NBA, dentro e fora de quadra, daqueles que nunca passa despercebido. Dessa vez ele foi notado desde o início por seus passes desgovernados e a indecisão em geral com a bola, num comportamento bastante estranho, de quem até parecia constrangido pelo fato de não ter sido suspenso após seu entrevero com Steven Adams. Nas duas derrotas em OKC, seu time teve um saldo negativo de 73 pontos nos minutos em que esteve em quadra. Algo totalmente bizarro para o jogador que, na temporada, liderou a liga em plus-minus, com 1.070 pontos de saldo. Pense nesse contraste. “No final das contas, sei que tenho de ir muito melhor no Jogo 5. É tudo ou nada. Trabalhamos muito para sermos eliminado desta forma. Não seria capaz de conviver comigo mesmo durante todo o verão se formos perder assim”, disse. Draymond vai lutar, vai se impor? Ele nos acostumou a isso. No momento, estão todos com dificuldade para entender a apatia da equipe. “Sou a fonte de energia desta equipe, e não tenho feito isso. Acho que nossa energia vai de acordo com a minha, e tenho sido horrível.”

5) Stephen Curry está bem, segundo Kerr. Mas, não
O MVP dos últimos dois campeonatos voltou de uma torção no joelho e deu um show em Portland. Depois, para igualar a série em Oakland, anotou 15 pontos em dois minutos do segundo quarto pelo Jogo 2, numa dessas exibições que não fazem o menor sentido. Então é difícil realmente apontar para sua contusão e dizer que o fraco desempenho nos últimos dois jogos seja resultado daquilo. Afinal, ele já teve seus momentos de brilhantismo nestes playoffs. Segundo Steve Kerr, o armador não está sentindo nada fisicamente. “Ele não está machucado. Está voltando depois do susto, mas não está lesionado. Ele teve apenas uma noite péssima. Acontece, mesmo para os melhores jogadores do mundo”, disse o técnico.

No geral, porém, percebe-se um Curry relativamente fora de sintonia, de acordo com o alto padrão apresentado nos últimos anos. O que mais chama a atenção é o elevado número de turnovers. Desde que retornou ao time, já foram 24 turnovers em seis partidas, ou quatro por jogo. Contra OKC, essa tem sido praticamente a mesma média em assistências (4,5). Depois, é só ver que ele acertou *apenas* 37,1% de seus arremessos de três e que, no geral, seu aproveitamento de quadra é de 41,9%, coisa para Allen Iverson. Nesta terça, ele matou apenas 2-10 de fora, e cinco de seus oito erros foram sem marcação. Não tem sido o melhor Curry contra uma defesa que está fazendo do seu melhor para atrapalhá-lo. Está difícil para agir em meio ao caos que os superatletas do Thunder causam, algo inesperado para um time que adora jogar em alta velocidade. Seus oponentes só são mais rápidos e fortes. O Warriors levou mais de 70 pontos em dois jogos seguidos, e essa hemorragia vem de momentos de descontrole dos atuais campeões, que não conseguiram 1) correr de modo organizado e 2) mudar o ritmo da partida. Isso fica sob responsabilidade de seu armador. “Tenho de melhorar nisso e entender o momento, as situações em que o jogo pode pender de um lado para o outro”, disse. “Nas últimas duas partidas, o jogo fugiu de nós. Muito disso fica sobre meus ombros.”

Pensando nisso, com Curry já pressionado no ataque, é estranha a decisão de Kerr de colocá-lo para marcar uma força da natureza como Westbrook. Por ora, o condutor do Thunder tem sobrado.

6) Andre Roberson não é mais um cone
Steve Kerr fez isso no ano passado com Tony Allen e estava preparadíssimo para repetir a estratégia contra o ala do Thunder: simplesmente ignorá-lo na defesa, para tentar usar cinco defensores contra quatro atacantes. Para quem não se lembra, foi o grande ajuste realizado pelo técnico na série contra o Memphis Grizzlies, colocando Andrew Bogut para ‘marcar’ Allen. Na verdade, o pivô ficava o mais distante possível do ala, ciente de que ele não representava ameaça nenhuma como chutador, ao passo que poderia congestionar o garrafão e oferecer mais resistência a Zach Randolph e Marc Gasol. Para alguém que acertou apenas 31,1% de seus arremessos de três na temporada, Roberson parecia um ótimo candidato a receber o mesmo tratamento. A diferença é que Draymond Green seria o hipotético marcador – na verdade, o ala-pivô ganhou liberdade total para flutuar pelo perímetro interno e tentar se intrometer entre os All-Stars do Thunder e a cesta.

Funcionou apenas no Jogo 2. Desde então, vem sendo uma furada, e a razão não é porque Wess e Durant são muito bons e não se atrapalham com uma dobra, tampouco pelo fato de Roberson ter acertado seis chutes em 11 tentativas na série (54,5% de aproveitamento, mas com volume muito baixo). O maior problema aqui foi a resposta que Donovan deu a essa ousada cartada de Kerr. Em vez de deixar seu titular estacionado na zona morta – como aconteceu contra o San Antonio, em série na qual ele estrangulou o ataque do time –, o técnico agora o envolveu mais no ataque, como verdadeira arma. Sinceramente, foi genial.

O SB Nation publicou um artigo que explica tudo em detalhes, com ótimos vídeos. Mas, basicamente, é o seguinte: o ala tem feito corta-luzes na cabeça do garrafão e mergulhado para ser acionado no pick-and-roll. Quando está do lado contrário, ele corta para a cesta pelo fundo, nas costas da defesa, toda concentrada no que Durant ou Wess vão fazer. O importante é que ele continue se movimentando e que seus companheiros estejam atentos para aproveitar as brechas. Roberson pode não ser um exímio atirador de longa distância, mas é atlético e rápido para ir para a cravada ou uma bandejinha. Fez 17 pontos, seu recorde pessoal, e ainda apanhou 12 rebotes  no Jogo 4, e Donovan se divertiu: “É engraçado. Depois do Jogo 2, as pessoas estavam perguntando se este cara iria até mesmo jogar no restante da série. Mas o Andre é um bom jogador, e acho que por vezes podem ignorar que ele faz jogadas vencedoras”. Aqui está o ala recebendo um passe de beisebol de Adams, sozinho debaixo da tabela:

7) A lobotomia de Dion Waiters
O ala-armador exigiu muita paciência de diretores, técnicos e jogadores em Cleveland. Até que chegou o momento em que ninguém aguentava mais, muito menos LeBron e Kyrie. O gerente geral David Griffin percebeu que precisava chacoalhar as coisas, que David Blatt precisava de reforços, e aí sobrou para o talentoso, mas problemático Waiters, que ainda despertava um pouco de interesse ao redor da liga. Antes tarde, do que nunca, para tirar algum lucro da quarta escolha do Draft de 2012.  O cara é talentoso. A questão sempre foi que ele entendesse quais seus limites em quadra e quem está ao seu redor. Aceitar um papel de coadjuvante sem resmungar pelos cantos, sem perder a intensidade, mantendo uma postura positiva em quadra.

O Thunder já conta com dois cestinhas fantásticos. Ao lado de Durant e Westbrook (como era o caso com o Big 3 de Cleveland…), uma terceira opção ofensiva não precisa carregar muita carga, mas tem de saber o momento certo de atacar e criar. Depois de muito custo, com uma temporada regular nada impressionante, Waiters encontrou seu espaço nestes playoffs. Na defesa, está combatendo quem quer que lhe caiba, depois de pegar gosto pela coisa em sua batalha com Manu Ginóbili. No ataque, parou de forçar a mão, arremessando com eficiência (46,2% de três) e, mais positivo ainda, tem feito a bola girar, dando 3,3 assistências por partida, contra apenas 1,0 turnover.

Essa produção de Waiters, confesso, não estava nas minhas contas. Jamais imaginaria vê-lo render mais que Shaun Livingston na série, por exemplo. Com ele e Roberson desempenhando papéis além da conta, Donovan viu sua rotação se fortalecer para fazer frente a dois timaços. Só KD e Wess não dariam conta.

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OKC atropela Warriors. Tudo dentro da normalidade?
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Giancarlo Giampietro

Chega uma hora em que a graça acaba

Chega uma hora em que a graça acaba

Em público, aconteceu em todos os níveis:

– No banco, os titulares do Golden State Warriors davam risada sabe-se lá do quê.

– Enquanto isso, em sua conta no Twitter, a assessoria de imprensa do time nos informava sobre recordes pessoais de Ira Clark e Brandon Rush no quarto período.

– Pouco depois, já com o placar definido em 133 a 105 definido a favor do Oklahoma City Thunder, Steve Kerr usava seu hilário tom sarcástico para dizer que, com um pouquinho mais de sorte, seu time poderia ter vencido.

Depois de sofrer a pior derrota desta fase mágica, os atuais campeões deram a entender que encaravam a surra levada pelo Jogo 3 da final do Oeste com a maior naturalidade possível. Se foi forçado, ou não, só eles vão saber dizer, intimamente. Como equipe que já se viu nesta situação antes, normal que tenham reagido desta maneira. Até para não deixar seu perigoso oponente ainda mais confiante.

Nesta temporada, o Warriors ainda não perdeu duas partidas consecutivas. Mais: no ano passado, contra Memphis e Cleveland, o time também esteve atrás do placar geral da série por 2 a 1, só para sacar tudo sobre seu adversário, vencer os próximos três jogos e fechar ambas as séries rumo ao título. Além do mais, bastará que superem OKC por meio ponto de diferença para que empatem tudo e recuperem a vantagem do mando de quadra.

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Agora, em nenhum momento destes confrontos do ano passado, eles levaram uma pancada destas, a mais severa que este núcleo já tomou. Em números, a derrota para o Portland Trail Blazers por 32 pontos, em fevereiro, foi maior. Mas, pois então: era fevereiro, na volta do All-Star. Quem se importa com isso na última semana de maio? Nem Damian Lillard.

O que interessa para Steve Kerr é tentar entender o que aconteceu em quadra a partir da marca de 8min10s do segundo período, quando os times estavam empatados por 40 a 40. Nos próximos 20 minutos, OKC venceria por 77 a 40, chegando ao final do terceiro quarto com 117 a 80. Russell Westbrook e Kevin Durant não precisariam jogar mais, e por isso os 28 pontos finais nem valem para nada. Em 36 minutos, a vantagem era de 37 pontos, algo inacreditável. Né, Waiters? “Nem tinha me tocado do que estava acontecendo no placar. Vocêf fica tão envolvido com o jogo. A atmosfera estava incrível. Cara, isso é uma loucura. Nem sabia”, afirmou o ala reserva. Os 117 pontos foram a terceira maior quantia de um jogo de playoffs em 36 minutos, após os 124 feitos pelo Milwaukee contra o Philadelphia em 1970 e os 120 do Dallas contra o Seattle (antigo OKC) em 1987. É coisa para rever o jogo com mais paciência nesta segunda-feira e voltar aqui para explicar melhor. A defesa do time reagiu muito bem a essa formação, caprichando nas trocas, por exemplo, sendo que no ataque não houve problema de espaçamento pelo fato de Roberson não estar ao lado de Adams.

Em 81 posses de bola nos três primeiros quartos, os donos da casa tiveram um índice ofensivo de 144 (uma projeção de 144 pontos por 100 posses, no caso; para dimensionar isso, basta saber que o índice do Warriors pela temporada regular foi de 112,5). No terceiro período especificamente, foram 45 pontos em 26 posses. Índice ofensivo de 173 pontos.

O pior, para Kerr, será constatar que esse placar todo foi construído com Andre Roberson em quadra. O homem que sua defesa supostamente deveria ignorar para se concentrar em gente como Durant e Wess, sabe? Com o ala e os dois astros acompanhados por Dion Waiters e Serge Ibaka, o saldo do Thunder foi de 30 pontos. Diante desses caras, veja como ficou o saldo dos principais integrantes da chamada escalação da morte de Golden State:

Que paulada. Isso é um problema enorme para se resolver,  pois como você certamente já reparou, nem Steven Adams, nem Enes Kanter foram mencionados no trecho acima. O que quer dizer que OKC levou a melhor com uma formação mais baixa, algo inesperado no tabuleiro desta série, depois do que haviam feito contra San Antonio e contra o próprio Warriors pelo Jogo 1 da série. Billy Donovan e seus atletas vão mostrando suas diversas facetas.

Tudo fica bem mais fácil de funcionar quando Durant e Westbrook fazem seu melhor simultaneamente, claro. Em três quartos, eles tinham 63 pontos, 16 rebotes e 14 assistências juntos, com 20 arremessos certos em 34. Dos 117 pontos do time, eles haviam participado de 83 direta ou indiretamente, com cestas e assistências.

O desempenho de Westbrook, aliás, é uma tremenda notícia para Donovan. Se no terceiro período do Jogo 1, o armador foi preponderante para a vitória, no geral, contra este Warriors, o mais normal foi vê-lo amassar o aro. Em oito partidas contra o time dirigido por Kerr até este domingo, segundo levantamento do setorista Ethan Sherwood Strauss, do ESPN.com, ele havia convertido apenas 34% de seus arremessos (61-180).

Se já não fosse dor-de-cabeça demais, Kerr e sua comissão técnica ainda vão precisar esperar pela decisão do comitê disciplinar da liga quanto a Draymond Green, que, enfim, cedeu às tentações de agredir Steven Adams. Ou pelo menos é isso que diretoria, torcida e o pivô do Thunder vão tentar vender após, digamos, o pé do All-Star atingir as partes baixas do neozelandês. Uma falta flagrante foi marcada. “Já havia acontecido antes, cara. Ele é bastante preciso”, disse Adams. Esta imagem:

A enrascada e armadilha maior aqui é que a NBA acabou de suspender Dahntay Jones, o 15o homem da rotação do Cavs, por lance teoricamente parecido contra Bismack Biyombo, no sábado. Vai depender da interpretação, claro, além do aspecto político, inevitável. Uma coisa é dar um gancho em um veterano que nem deveria ter saído da D-League este ano. Outra é num dos melhores jogadores da atualidade.

O técnico do Warriors diz que nem pensa em eventual punição, completando ainda que o certo seria até anular a falta flagrante. Da sua parte, ainda em missão diplomática, Draymond afirmou que à procura de Adams após a partida para pedir desculpas e dizer que não havia sido intencional. Se for suspenso, será o maior toco que o pivô neozelandês poderia ter dado em sua controversa e jovem carreira.

Assim, foi um jogo de impacto, independentemente da condição de Green. O Warriors vai realmente se empenhar em dizer que está tudo bem, conforme seu poder de reação sugere. Passado o furacão, ou melhor, o trovão, vai poder lembrar, inclusive, que o Jogo 2 foi 118 a 91 a seu favor, e que nem faz tanto tempo assim, mesmo para quem vive intensamente o ciclo de 60 segundos por minuto de notícias.

Ah, só para não deixar passar batido: Clark e Rush conseguiram suas melhores marcas de rebotes pelos playoffs, com, respectivamente, sete e quatro cada. Está registrado.

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Quando o prêmio da NBA vem na hora certa. Ou não
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Giancarlo Giampietro

Duas vezes Chef Curry

Duas vezes Chef Curry

Stephen Curry foi aclamado nesta terça-feira como o MVP da NBA 2015-16 de modo unânime. Foi a primeira vez na história que isso aconteceu. Ao receber todos os 131 votos dos jornalistas americanos que participaram da eleição, o astro do Golden State Warriors sobrou mais que o dobro de pontos do segundo colocado, Kawhi Leonard. Michael Jordan, em 1995-96, não por coincidência o ano das 72 vitórias, foi quem mais chegou perto dos 100% de votos: 96,5%.

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Curry também foi o MVP que mais aumentou seu índice de eficiência de uma temporada para a outra, subindo em 3,5 pontos, para alcançar a marca de 31,56 — para comparar, Kevin Durant foi o segundo nesse quesito, com 28,25. Até este ano, o legendário Larry Bird foi quem havia mais crescido, entre 1984 e 85, no auge, quando ganhou 2,3 pontos de eficiência. Quer dizer: não teve título ou fama que fizesse o astro do Warriors se acomodar. Não é tudo o que se espera de um jogador profissional e tal? Nem cabe polêmica aqui, gente. Deixemos de chatice, por mais que aquela célebre frase de Nelson Rodrigues seja engraçada e instigadora.

Dito isso, então não houve melhor data para que Steph tivesse seu prêmio confirmado pela liga americana, já que isso aconteceu apenas algumas horas depois de mais uma exibição incrível do armador. Voltando de uma contusão no joelho e de um baita susto, ele retornou em Portland para livrar o Golden State de um aperto desnecessário antes da final do Oeste. Depois de levar uma bronca de Steve Kerr pelo empenho abaixo do nível pelo Jogo 3, o time surpreendentemente não deu a resposta de imediato na partida seguinte, tomando uma surra do Trail Blazers nos primeiros minutos. E aí que o técnico se viu obrigado a lançar seu principal atleta um pouco mais cedo do que esperava.

Inicialmente, o plano era que Curry ficasse em quadra aproximadamente por 25 minutos. Mas aí aconteceram o péssimo início de partida e, pior, a exclusão de Shaun Livingston (quem diria?!) ao final do primeiro tempo, se o Warriors quisesse fazer frente aos anfitriões e retornar a Oakland em condição confortável, não teria como limitar os minutos d’O Cara assim. Jogou por 37 minutos e, vocês sabem, anotou 40 pontos, 17 dos quais na prorrogação. Foi um soco no estômago dos jovens valentes do Blazers e mais uma atuação mágica do armador nesta temporada. Mais uma na lista encabeçada por aquela exibição inacreditável em OKC.

Acontece que, por alguns minutos, a cerimônia de entrega do prêmio poderia ter ficado um pouco estranha. Não que uma derrota em Portland fosse desmerecer o conjunto da obra. Claro que não. Mas é que o armador estava encontrando dificuldade em seu retorno às quadras, em busca de ritmo de jogo. Ele chegou a errar nove arremessos de três pontos consecutivos, algo impensável neste ano em condições normais, mas muito natural para quem havia parado por tanto tempo. Então imagine se ele não tivesse reencontrado o rumo? Imagine se não houvesse aquela prorrogação incrível? Enfim. Curry ainda seria o MVP unânime, merecidamente. Mas seria chato, ainda assim.

Muito pior, sem dúvida, foi a experiência que Dirk Nowitzki viveu em 2007, quando seu Dallas Mavericks fez a melhor campanha da temporada regular, liderado pelo craque alemão em seu auge técnico-atlético, atingindo invejável marca de 67 vitórias. Só para, durante os playoffs, se tornar um dos casos raros de cabeça-de-chave número um a cair logo na primeira rodada, eliminado pelo Golden State Warriors por 4 a 2. O Mavs foi derrotado por um elenco de atletas explosivos (em todos os sentidos) como Baron Davis, Monta Ellis, Stephen Jackson, Jason Richardson, liderados pelas traquinagens de Don Nelson, seu antigo mentor.

Quando a NBA programou a entrega do troféu para Dirk, o time texano já havia sido eliminado, e a repercussão da época foi humilhante. Lembremos que isso foi quatro anos antes de chegarem ao título. Até 2011, a verdade é que o ala-pivô era visto por muitos como um tremendo de um amarelão (argh!!!), leão de temporada regular que morria sempre na praia. Acho que LeBron James e Dwyane Wade não concordariam com essa versão hoje. De qualquer forma, esta lenda viva do basquete estava simplesmente desmoralizada na hora de dar a coletiva. Foi um episódio deprimente.

*   *   *

O prêmio de MVP é aquele que recebe mais atenção em uma temporada. Muito mais que o de Executivo do Ano, que R.C. Buford recebeu este ano, claro. O gerente geral do San Antonio Spurs, que trabalha em parceria com Gregg Popovich (o presidente do clube) ganhou seu troféu na segunda-feira, um dia antes de Curry e um dia depois da derrota de sua equipe para o Oklahoma City Thunder pelo Jogo 4 das semifinais. A série estava empatada naquele momento. Hoje, depois de mais um jogo muito equilibrado e nervoso, Russell Westbrook e Kevin Durant conseguiram a virada e voltam para casa com a chance de fechar o confronto nesta quinta.

A ameaça da derrota perante OKC não tira o brilho das operações que Buford conseguiu realizar em julho do ano passado, arrumando espaço em sua folha salarial para contratar LaMarcus Aldridge, o principal agente livre no mercado. Ao fechar o negócio, Buford não só deu a Tim Duncan a chance de reeditar essa história de Torres Gêmeas em San Antonio, fazendo do time um candidato ainda mais forte ao título, como também já garantiu ao clube a composição de um núcleo para o futuro, emparelhando o pivô e Kawhi Leonard. A visão de futuro, aliás, é algo que diferencia a celebração do Executivo do Ano das demais votações, que avaliam estritamente a relevância mais urgente dos fatos.

Na temporada regular, em termos imediatistas, o novo San Antonio já foi um sucesso, conseguindo 67 vitórias. Dá para dizer que só não atingiram a marca de 70 triunfos porque, na cabeça de Gregg Popovich, há coisas mais importantes que um números simbólico. Em termos de estatísticas, valoriza-se mais o fato de terem combinado a melhor defesa com o terceiro melhor ataque. Em casa, a equipe sofreu apenas uma derrota em 41 partidas. Tudo redondinho, e não seria o combalido Esquadrão Suicida do Memphis Grizzlies que os incomodaria na primeira rodada dos playoffs. Até que chegou a hora de mais um duelo com o Okalhoma City Thunder…

Negócio surte efeito de curto a longo prazo

Negócio surte efeito de curto a longo prazo

Não tem o que apagar aqui: admito que não imaginava chegar ao dia 11 de maio com o Spurs a uma derrota da eliminação. Um time foi uma máquina e fez uma campanha memorável. O outro tinha dois dos melhores atletas da liga, mas foi bastante inconsistente na temporada, especialmente na hora de proteger sua cesta. Com atletas de alto nível como Serge Ibaka, Steven Adams, Andre Roberson, Kevin Durant, Russell Westbrook e Dion Waiters, Billy Donovan não conseguiu forjar mais do que o 12o. sistema defensivo mais eficiente da liga. O mesmo sistema que deu ao Dallas algumas chances pela primeira rodada.

Acontece que o Thunder apertou os ponteiros. Pensando assim, a vitória arrasadora do Spurs pode ter sido um divisor para este elenco. Basta recuperar as declarações de Durant e Westbrook para ver o impacto. Foi vergonhoso, ainda mais pensando em todo o histórico recente compartilhado por estes núcleos. Excluindo este primeiro resultado, temos um saldo geral de 15 pontos para o Thunder. Está muito parelho, e que OKC tenha vencido três dessas quatro partidas é algo inesperado, mas que nos diz muito sobre a virada de uma equipe, já que, pela primeira fase, esses caras se notabilizaram pela derrocada nos minutos finais. É verdade que a arbitragem cometeu erros absurdos na segunda partida e também nesta terça-feira, ao deixar dr marcar falta de Kawhi Leonard em Russell Westbrook na última posse do adversário. Mas San Antonio teve chances em ambos os casos para triunfar antes e depois dos deslizes e não as aproveitou.

Dos Jogos 2 ao 5, tivemos partidas com dinâmica bastante parecida. O Spurs abrindo alguma vantagem mas primeiras parciais, e o Thunder zerando consistentemente esse prejuízo, e não só por ter dois cestinhas que aterrorizam qualquer marcador. Até o momento, o elenco de apoio a Durant e Wess tem sido determinante. Steven Adams e Enes Kanter têm trucidado seus oponentes na disputa por rebotes. Dion Waiters também está acabando com Manu Ginóbili, a despeito da barbaridade que cometeu no Jogo 2. Randy Foye também pode incomodar quando aberto na zona morta e compete muito mais que Anthony Morrow.

A novidade aqui é o ganho coletivo de OKC. Demorou, precisou que levassem uma sova, mas o time se encaixou. Quando a química funciona, jogadores tendem a se soltar e crescer. Do lado de San Antonio, porém, Buford e Popovich não podem se declarar inteiramente surpreendidos. À parte de LaMarcus, a dupla formou um elenco bastante velho, e o risco de que pudessem penar física e atleticamente, contra o Thunder — ou Warriors, Clippers, Rockets etc. Até o caçula de San Antonio, o ala Kyle Anderson, de apenas 22 anos, fica devendo, por ironia.

Não está fácil a vida de West contra OKC

Não está fácil a vida de West contra OKC

Para diminuir essa possibilidade, Pop administrou mais uma vez muito bem seus minutos. Beirando os 40 anos, Duncan ficou fora de 21 jogos e não poderia passar dos 25 minutos em média, mesmo. LaMarcus tromba mais, mas ficou em 30,6 minutos. Diaw e West receberam 18 minutos. Tony Parker, 27. Danny Green, 26. Eles chegaram descansados, gente. Mas nem isso foi o bastante para que possam equilibrar a disputa com o Thunder. Uma hora a idade poderia pesar, e infelizmente, para Duncan e West, isso parece ter acontecido na pior hora. O resultado: o time tem simplesmente uma enorme defasagem em termos de capacidade atlética, e isso tem interferido diretamente na técnica também. Por vezes parece que Kawhi está lutando sozinho em quadra — que ele, ainda assim, consiga incomodar os caras, só mostra o quanto é excepcional.

Peguem o Jogo 5 novamente. Juntos, Duncan, Diaw e West somaram míseros nove pontos e sete rebotes. Três jogadores para isso. Steven Adams saiu de quadra com 12 pontos e 11 rebotes. Enes Kanter teve 8 pontos e 13 rebotes. Westbrook pegou mais rebotes que Duncan, West e Kawhi juntos, ou mais que LaMarcus e West. Em 19 minutos, Ginóbili só tentou quatro arremessos e anotou três pontos. Waiters anotou o triplo. Por aí vai, saca? Num estalo, tudo o que San Antonio construiu na temporada vai ruindo.  O torcedor e os treinadores da fantástica franquia texana sabem que seu time não vai rejuvenescer em dois dias. Podem sempre jogar mais animados, concentrados, preparados. Mas está complicado.

Se o que vimos até aqui é tudo o que seus veteranos podem oferecer, mesmo, talvez seja a hora de Popovich tentar uma cartada mais ousada nesta quinta-feira. Mesmo que não tenha tantas opções assim. Daí que não dava para entender bem a contratação de Andre Miller durante o campeonato. O que um armador de 39 anos poderia acrescentar a este time de diferente? Kevin Martin ao menos representava uma apólice de seguro para Ginóbili. Miller não teria condições de fazer nada se Tony Parker se lesionasse. Seria improvável que um jogador de D-League pudesse fazer a diferença neste nível. Mas tivemos vários casos recentes de atletas que conseguiram ajudar os times que os valorizaram, nem que tenha sido de modo pontual. Troy Daniels, ex-Rockets, hoje do Hornets, foi um. Tyler Johnson, do Heat, é outro. Mesmo James Michael McAdoo, pelo Golden State, oferece algo de diferente a Steve Kerr.

Quem sabe Boban Marjanovic? Por mais que o gigante tenha ficado mais famoso em seu primeiro ano de NBA como figura cult, ou até uma mascote, não dá para esquecer que ele que ele foi muito produtivo nos poucos minutos que recebeu. Também é um calouro só por nomenclatura. Obviamente que não seria o caso de por o sérvio de titular e para jogar por 40 minutos. Mas vindo do banco no lugar de um dos veteranos?  Por que não? Com 2,22m de altura, pesado, ficará vulnerável em situações de pick-and-roll, e não é que os pivôs utilizados possam impedir infiltrações de Westbrook e Durant, mesmo. Mas Boban pode ao menos bloquear Enes Kanter nos rebotes. Em caso de problema de faltas para Danny Green, talvez valha tentar Jonathon Simmons na vaga de Anderson?  Você abre mão de chute de média distância e passe, mas ganha muito em vigor e explosão.

Seriam as alterações possíveis em relação ao que Pop vem tentando. O fato de todos os últimos quatro jogos terem sido equilibrados talvez pese na cabeça do técnico. De não é momento para chacoalhar a rotação, nem necessário. Pode muito bem ser isso, mesmo. Decisão difícil.

Pelo fato de ter assegurado contrato de LaMarcus para os próximos três anos, perder agora não seria um desastre para o Spurs. Porém, com a possível aposentadoria de Duncan e Ginóbili, o envelhecimento também de Parker e a campanha que fizeram até aqui seria uma dura derrota, maior que qualquer prêmio individual.

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Na série OKC-Spurs, não é só Durant que tenta adiar despedidas
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Giancarlo Giampietro

Tem mais jogo para Durant em OKC

Tem mais jogo para Durant em OKC

Se Kevin Durant vai continuar jogador do Oklahoma City Thunder na próxima temporada, não sabemos. Neste domingo, de todo modo, o ala fez de tudo para que o Jogo 4 contra o San Antonio Spurs não fosse o último pela equipe na condição de anfitrião ao marcar 29 pontos no segundo tempo e liderar uma vitória dramática por 111 a 97 (que marcava 101 a 97 com 2min39s para o final).

Parece redundância falar em dramaticidade, né? É assim que acontece nos #NBAPlayoffs anualmente. Mas o mais recente embate entre Thunder e Spurs teve muito mais tensão do que o normal, por tudo o que estava na mesa, a começar justamente pela narrativa em torno de uma possível saída de Durant, algo que acompanhou o time durante toda a temporada, mesmo que de modo mais tênue do que se esperava. Foi um jogo absolutamente estranho, muito por conta de toda a enorme pressão no ar. Com o Spurs à frente no placar por 53 a 45, no intervalo. Resultava que os últimos 24 minutos eram, provavelmente, os mais importantes da dupla Wess-KD.

O cestinha de OKC reagiu da melhor forma para adiar essa discussão mais um pouco, tomando rédeas da partida, depois de um primeiro tempo pouco chamativo, no qual anotou 12 pontos em 12 arremessos, com 25% de aproveitamento. No quarto período, ele esteve no auge da forma, sem se importar que Kawhi Leonard, melhor defensor das últimas temporadas, estivesse em sua perseguição. Veja o que ele aprontou:

Foi incrível. Durant estava no piloto automático, anotando 15 pontos em cinco arremessos, sendo que quatro deles foram efetuados diante de Leonard. Não houve o que o jovem All-Star de San Antonio pudesse fazer, contestando um ala de 2,11m de altura, com arremesso muito elevado. Ninguém dá conta disso, na verdade. Teria de ser um esforço coletivo, algo que os texanos não conseguiram orquestrar em tempo real.

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“Esta é razão de nossa derrota. Nossa defesa não estava tão boa como nos últimos jogos. Definitivamente, quando uma equipe passa dos 100 pontos, ficará difícil para nós venceremos. Esta tem sido nossa principal ênfase e deve ser a mesma para a próxima partida”, afirmou Boris Diaw, que jamais pode ser considerado como um grande marcador, mas cuja visão de jogo é inquestionável.

Os problemas de San Antonio, no entanto, não se limitam à defesa, a princípios defensivos. Num plano geral, o que vimos nos últimos três jogos foi um time de veteranos tendo muita dificuldade para lidar com um oponente que tem muito mais vitalidade e capacidade atlética, que representou um grande desafio nos últimos anos (quando estavam com força máxima). Se Kawhi e LaMarcus Aldridge estão se virando bem, muitos do elenco do apoio têm produzido muito pouco, e não por se descobrirem incapazes de uma ora para a outra, mas basicamente por estarem oprimidos fisicamente pelos adversários, mesmo.  “Eles foram muito mais durões que nós”, disse Gregg Popovich.

A boa notícia para o Spurs nesse sentido? O Jogo 5 será em casa, ginásio no qual perderam apenas duas vezes neste momento, uma para Golden State e o próprio Jogo 2 contra Thunder. A má? É que a partida já será disputada nesta terça-feira. Não tem muito tempo para descansar, não, e já pudemos ver muita gente parecendo pregada em quadra. OKC exige muito deles e, no último quarto, pareceu estar em quinta, enquanto os visitantes não passavam da terceira marcha:

Como você vai solucionar isso? À parte de Kawhi Leonard, qual seria o jogador que Popovich poderia lançar à quadra para competir com aberrações como Westbrook, Adams e Ibaka? Jonathon Simmons? Obviamente o calouro surpreendente e garimpado pelo Spurs não pode ser considerado como resposta num momento tão crítico assim da temporada. O Spurs pode jogar mais duro, mais compenetrado, mas não tem tantas reservas assim como o Golden State Warriors, criticado pelo seu treinador, Steve Kerr, pelo mesmo motivo, após derrota para o Portland Trail Blazers pelo Jogo 3.

E não é que San Antonio tenha perdido só pela falta de virilidade, gente. Em dois dias, Pop também tem de confabular com sua excelente comissão técnica e tentar entender o que fazer para o time também atacar melhor. Não sei o quanto isso é intencional — os treinadores e jogadores jamais vão abrir o jogo –, ou ou se tem a ver com queda de produção dos jogadores ao redor da dupla, mas é preciso refletir sobre os resultados da dieta de ataque em isolamento com Kawhi ou LaMarcus.

Para ficar claro: os dois All-Stars estão dando conta do recado. Veja o aproveitamento de quadra combinado de ambos durante os playoffs, até este domingo:

Brincando aqui, podemos dizer que basta colocar Danny Green neste quadrante à direita, só para chutar de fora, e que estaria tudo bem, certo? Popovich adoraria que sim, mas no basquete, ainda mais em uma série de playoff deste nível, nada é tão simples assim. Do contrário, já teriam varrido seu rival, em vez de claudicar desta forma. E aí fica a pergunta sobre onde estaria a movimentação de bola tão característica dos últimos anos?

(O jornalista do Yahoo! Sports brinca bem com a inversão de papéis deste Jogo 4: “O ataque de isolamento do Spurs não pode competir com a pontuação mais balanceada do Thunder”, escreveu.)

Quer um número impressionante para atestar essa piada e essa impressão geral? Bem, sozinho, Russell Westbrook deu mais assistências que toda a equipe adversária: 15 x 12. As 12 assistências para 40 cestas de quadra (30% de cestas assistidas, então), também representam a pior marca do Spurs desde 1987. Para comparar, a proporção de assistências para cestas dos três jogos anteriores foi de 39 para 51 (Jogo 1, 76,4%), 19 para 40 (Jogo 2, 47,5%), 19 para 33 (Jogo 3, 57,5%). Repetir o que aconteceu no primeiro confronto seria muito difícil, claro. Aquilo é o ápice que uma equipe atingir em termos de movimentação. As 19 assistências das duas partidas anteriores, porém, não são nada de outro mundo para um conjunto deste nível.

A gente se acostumou a ver o Spurs a vencer compartilhando a bola. Daí a enorme estranheza por seu desempenho. Além da abordagem em cima de dois apenas atletas, chama a atenção que ambos tenham sido acionados diversas vezes em isolamento para cima de um time gigante e atlético. Nem mesmo um pick-and-roll básico entre Kawhi e LaMarcus era utilizado, para tentar explorar a péssima defesa de Enes Kanter em movimentação lateral distante da cesta. Pelo contrário. Era LaMarcus recebendo a bola nas imediações do garrafão, de costas para a cesta, marretando Ibaka ou Kanter, ou Kawhi ciscando com a bola a partir da linha de três, com a quadra relativamente espaçada. Pode funcionar para cada um. Além do mais, o time só foi converter no domingo suas primeiras bolas de longa distância nas últimas duas posses de bola do primeiro tempo. Isso lhes rende muitos números, mas a equipe aos poucos vai minguando.

Matt Moore, da CBS-Sports.com, o jornalista mais hiperativo do Twitter basqueteiro, andou fuçando no software Synery e na vasta planilha de estatísticas do NBA.com e constatou mais alguns dados interessantes: o Spurs está produzindo a segunda menor quantidade de arremessos de três pontos livres pelas semifinais de conferência. Com os pés plantados, abertos na linha de três, seus jogadores estão acertando apenas 35%. Depois de estourar o cronômetro ofensivo apenas uma vez em casa pelos Jogos 1 e 2, isso aconteceu quatro vezes em OKC. Que tal? São três ocorrências que nos mostram que o time está sendo marcado com mais precisão (ou facilidade).

LaMarcus Aldridge acertou em San Antonio 33 de 44 arremessos de quadra, um aproveitamento ridículo de bom (75%). Fora de casa, porém, o número caiu para 16-39 (41%). Pelo Jogo 4, ele converteu 8-18 (44,4%) para 20 pontos, contando com apenas cinco lances livres batidos e seis rebotes. O pivô nunca foi uma maravilha atlética, mas pareceu mais cansado do que o normal. Reflexo da carga excessiva? Ele bate no post up, mas também apanha. Até mesmo uma mistura de Terminator com Matrix como Leonard tem seus limites, fazendo seu pior jogo até o momento, com 21 pontos em 19 arremessos (só 36,8% de acerto) e quatro turnovers, em 40 minutos. O cara ficou em quadra por todo o quarto período, tendo de fazer praticamente de tudo para o Spurs: atacar o rebote ofensivo e as linhas de passe em transição defensiva, criar por conta própria de um lado e perseguir Durant do outro. Haja.

E aqui é a hora de virar o jogo também e apontar o que OKC tem feito de bom. Bastante criticado nos Estados Unidos, Billy Donovan fez um trabalho excepcional no segundo tempo, contando com uma ajudinha se Russell Westbrook, que não sequestrou o ataque do time, mas não deixou de agredir, como havia acontecido pelos primeiros 24 minutos, com uma postura muito passiva. Conforme dito aqui, Wess não pode se descontrolar em quadra, mas também não deve jogar muito controlado — deu 15 assistências, mas errou 13 de seus 18 arremessos, totalmente fora de ritmo, num reflexo claro da autocrítica que fez após o Jogo 3.

No momento em que Durant esquentou a mão, seu parceiro All-Star e demais companheiros não deixaram de acioná-lo. Assim como Kawhi, o ala só descansou no quarto período quando um dos técnicos chamou um tempo e nos últimos 43 segundos, quando foi substituído pelo calouro Cameron Payne. Antou 13 pontos na parcial e ainda deu duas assistências para dois chutes de longa distância, para Randy Foye e Dion Waiters.

Waiters? Sim, aquele doidinho, que talvez tenha feito a melhor partida de sua instável carreira, com 17 pontos, 3 assistências, 3 rebotes e 7-11 nos arremessos, matando suas duas tentativas de fora em 29 minutos. O ala dessa vez ficou em quadra para os minutos finais no lugar de Andre Roberson. Antes tarde do que nunca. Por mais voluntarioso que seja, dedicado à defesa e bom reboteiro, Roberson provoca um tremendo congestionamento no ataque de OKC (em 20 minutos, errou e tentou apenas dois arremessos). De novo: neste nível de jogo, não dá para jogar com um atleta tão limitado assim por muito tempo. Com um companheiro de perímetro, que não tem Russell como primeiro nome, produzindo e matando seus tiros de longa distância, não havia como San Antonio exagerar em dobras para cima de Durant.

(Um parêntese sobre Waiters: seu talento é inquestionável. Desde Syracuse, a gente sabe que ele pode fazer um pouco de tudo em quadra, sendo as infiltrações seu carro-chefe, além do vigor físico. A primeira questão, porém, era juntar os pontos, saber quando fazer o quê. A segunda é ter consistência. Nenhuma delas foi solucionada até agora, o que não lhe dá o direito de agir com tanta marra assim como fez neste domingo. Ele já foi comparado pelos Scouts a Dwyane Wade, quando universitário, mas ainda não fez nada em sua carreira para se comportar assim. Aos 24 anos, está na hora de amadurecer. OKC já perdeu James Harden, Kevin Martin e Reggie Jackson em sua rotação e precisa de um terceiro pontuador, criador para ajudar as estrelas.)

Outro fator que ajudou a liberar o cestinha foi a participação ativa de Steven Adams no primeiro quarto. Sua função primária no ataque é fazer corta-luzes para a dupla Wess-KD. Desta vez, porém, ele começou a sair um pouco antes do contato com o defensor para ‘mergulhar’ no garrafão. Muito mais atlético que os oponentes, enfrentando um Tim Duncan que parece nas últimas, anotou 12 pontos e recebeu três faltas no ato de arremesso no primeiro tempo. Mesmo que não seja nenhum Hakeem Olajuwon, virou mais uma arma a ser vigiada, forçando com que os defensores invertessem a marcação, em vez de ficarem os dois com Durant. Adams  terminando com double-double de 16 pontos e 11 rebotes e uma defesa sempre atenta contra os velhacos do outro lado. Já Durant pôde atacar os grandalhões do Spurs a partir do drible. OKC ganhou as duas batalhas nessa.

Por falar em velhaco, o grande erro de Donovan foi ter colocado Nick Collison em quadra no primeiro quarto. Essa não dá para entender. O pivô é inteligente, claro, sabe se posicionar muito bem na defesa e dificilmente vai cometer alguma bobagem na quadra. Fora isso, não vai produzir mais nada na carreira em jogos relevantes. O veterano não tardou a ser substituído e terminou com saldo negativo de seis pontos em quatro minutos, a pior marca do time. Malandro por malandro, os do Spurs são, hoje, muito melhores. Se for para jogar com um par de pivôs, precisa manter sempre dois entre Ibaka, Adams e Kanter.

O pivô turco foi uma grata surpresa na jornada, aliás. A NBA inteira mal pôde acreditar em sua defesa no mano a mano no quarto período. Contra LaMarcus até! Algo que Ibaka não estava conseguindo tanto. Mais descansado e jovem, aguentou o tranco e mostrou que não é tão incapaz assim na arte de marcar o adversário. Seu problema maior é o posicionamento fora da bola, bastante avoado, e na contenção de baixinhos atacando no pick-and-roll (basicamente atividades que o forcem a pensar e tomar decisões rapidamente em quadra). Donovan apostou no pivô durante o ano todo e colheu os frutos na melhor hora possível. Agora precisa ver se Waiters e Kanter vão conseguir repetir a dose em San Antonio. Confiança não vai faltar.

O fim?

O fim?

A matemática histórica da liga ainda aponta San Antonio como favorito. Em uma série melhor-de-sete empatada em 2 a 2, o time com o mando de quadra passou em 79% das vezes. Mas cada série é uma série, e Gregg Popovich tem algumas dúvidas para tirar, também com alguns pontos bastante sentimentais pesando. Como bem nos alerta o colunista Buck Harvey, do Express News, o é só Kevin Durant que pode estar se despedindo de sua cidade neste confronto. Duncan e Ginóbili, arrisco dizer, estão muito perto da aposentadoria.

Um ano atrás, quando questionado sobre seu legendário pivô, um dos dez maiores de todos os tempos, Pop disse que confiava na renovação de seu contrato, já que, olhando para o jogo, não havia motivos para ele parar, mesmo. Por mais que os texanos tenham perdido muito cedo nos playoffs, naquela série inesquecível contra o Clippers, Duncan havia somado 17,9 pontos, 11,1 rebotes, 3,1 assistências e 2,3 tocos em 35,7 minutos, contra Blake Griffin e DeAndre Jordan, em sete partidas. O técnico disse acreditar que, enquanto seu velho companheiro estivesse se sentindo bem em quadra, não se aposentaria. Neste ano, em oito rodadas, tem 4,4 pontos, 5,0 rebotes, 1,6 assistência e 1,3 toco em 19,5 minutos, acertando apenas 43,8% de suas tentativas de cesta, menor marca da carreira…

Ginóbili tem sido mais produtivo, com 7,4 pontos, 3,0 rebotes e 2,6 assistências em 18,8 minutos, matando 43,8% dos chutes de três nos playoffs. Está mais ou menos de acordo com o que fez no ano passado. Mas vem tendo muita dificuldade quando pressionado por Waiters, sem conseguir escapar da marcação sem a ajuda de um corta-luz, algo impensável para um dos atletas mais elásticos, criativos e determinados que o basquete já viu. Quando o argentino anunciou que disputaria os Jogos do #Rio2016, pareceu a situação perfeita para dar seu adiós.

“Popovich tem um time com talento e veteranos, mas enfrenta uma crise do mesmo modo que o Thunder sente. Em uma semana, afinal, ele pode perder mais que uma série. Pode perder a companhia de trabalho de dois bons amigos”, escreveu Harvey.

Imagine o nível de tensão para o Jogo 5 nesta terça-feira…

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Quando o ‘velho’ Westbrook não consegue domar a fera
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Giancarlo Giampietro

westbrook-contested-spurs-aldridge

Não se trata de uma versão de Jekyll & Hyde. Talvez esteja mais para Bruce Banner, em seus dias mais melancólicos, tentando se afastar de grandes centros urbanos, com o medo de que o Hulk apareça para esmagar tudo. Deve ser assim mais ou menos assim que funciona para Russell Westbrook, tentando domar seu lado mais agressivo em quadra para o bem de seu time. Não que suas explosões em quadra tenham de ser evitadas a qualquer custo. A questão é ter um controle sobre elas, sobre quando e como fazer. Em mais um jogo tenso entre OKC e San Antonio na noite desta sexta-feira, Wess perdeu ambas as batalhas: a interna, que levou ao revés na externa, permitindo que o Spurs recuperasse o mando de quadra e reassumisse a liderança na série pelas semifinais do Oeste.

Westbrook terminou a partida com 31 pontos, oito assistências e nove rebotes. Números fenomenais. Mas que não compensam a parte negativa de sua linha estatística, com 21 de seus 31 arremessos desperdiçados, além de cinco turnovers, três dos quais acontecendo no quarto período. Os últimos dois foram os mais custosos, aos 3min25s e aos 1min55s, a partir dos quais os visitantes texanos conseguiram cinco pontos diretos para reassumir o controle do placar e, aí, não perder mais, triunfando por quatro pontos de diferença, ou 100 a 96.

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Os 21 chutes que Westbrook desperdiçou são três a mais do que Kevin Durant tentou durante toda a partida. KD terminou com 26 pontos em 18 arremessos (1,44 na média). Do outro lado, Kawhi Leonard chegou aos mesmos 31 pontos em 17 arremessos (1,82). Então estamos de volta, né? Aos maus e velhos tempos em que o armador era constantemente achincalhado, muitas vezes com razão, por segurar demais a bola, arriscar chutes tresloucados e ignorar um dos cestinhas mais talentosos que a NBA já viu logo ao seu lado.

Essas críticas andavam abafadas. Primeiro porque Durant mal jogou na temporada passada, e aí sobrou para esse furacão carregar o que restou de time por conta própria. Nesta temporada, porém, reencontrando o cestinha, vimos o melhor de Wess como distribuidor. Ele finalizou sua campanha com recordes pessoais em assistências para todos os gostos: total (834), média (10,4), média por minuto (10,9 por 36) e também em cestas assistidas de seus companheiros (49,6%). Se você clicar nestes links todos, vai reparar também numa tendência: como, desde a campanha 2011-12, na qual foram bicampeões, seus números foram progredindo constantemente. Dos seus 23 aos atuais 27 anos, num amadurecimento mais que natural, mas que os mais tinhosos relutavam em aceitar, sendo tão teimosos como o jogador pode ser em quadra.

Essa atenção maior aos passes e aos parceiros, porém, não o deixou menos agressivo. Ele ainda arriscou 18,1 arremessos por partida e bateu 7,2 lances livres, ainda acima das médias pessoais na carreira. Por minuto — excluindo, claro, a temporada passada de exceção –, seu volume de jogo não destoa muito do que vinha fazendo antes, atacando de maneira incessante. Porque tem isto: você não vai pegar um jogador de capacidade única e tentar transformá-lo em José Calderón. Simplesmente não dá, seja por características técnicas (nunca vai ser um chutador daquele nível), psicológicas (calmaria você não vai ver por aqui) ou dinâmicas, atléticas (seria como comparar um leopardo a um leão marinho solto em terra). O sucesso do Thunder passa por seu jogo nuclear.

Westbrook não deve deixar de atacar nunca, mesmo passando como nunca na carreira

Westbrook não deve deixar de atacar nunca, mesmo passando como nunca na carreira

A questão era encontrar um equilíbrio. Ou melhor:  diminuir o desequilíbrio, entre pensar o sistema ofensivo só como produto para seus arranques inigualáveis e infiltrações devastadoras e passar a olhar com mais cuidado o que está acontecendo ao seu redor. Isso vinha acontecendo, conforme registrado nos números acima, e atingiu o balanço ideal agora, com a menor taxa de uso (posses de bola que terminam com ações individuais dele) desde 2011. Além disso, percebe-se também uma alteração sutil, mas importantíssima em sua seleção de arremessos. Westbrook nunca enterrou tanto em sua vida. Foram 69 cravadas na temporada, contra 59 de seu ano de novato, quando tinha 20 aninhos apenas. Isso significa, sim, que ele disparou em direção ao garrafão muito mais do que nos últimos anos: 37,7% de seus arremessos saíram na região do semicírculo, contra 33,1% de 2013-14, por exemplo. Esse tipo de troca foi consistente, tirando sempre dos tiros de média distância mais indesejáveis (os de dois pontos mais longos, que caíram de 17,1% há dois anos para apenas 10,6%). O que caiu também foi o volume de três pontos, de 27,1% para 23,6%.

Agora, para alguém que chuta tão mal de longa distância, o All-Star ainda tem insistido demais. São 4,3 por jogo, com acerto pífio de 29,6% neste ano. Em sua carreira, ele acertou apenas 30,2% de suas 1.675 tentativas. De acordo com dados do Basketball Reference, apenas Charles Barkley e Ron Harper têm um rendimento pior entre atletas com pelo menos 1.500 disparos, respectivamente com 26,6% e 28,9%. Argh. Eaí chegamos aos dez tiros de três que ele tentou nesta sexta-feira, inexplicáveis ou indesculpáveis, independentemente do contexto.

Quer dizer, o contexto específico do duelo com o Spurs não pode ser ignorado. Justamente por ser algo que Gregg Popovich queira induzir — assim como vários inimigos do Hulk fazem nos quadrinhos e nas telonas, para desestabilizá-lo, mesmo que ativar o monstrão verde seja um perigo danado. A famosa armadilha que seu time já preparou diversas vezes, desde a época em que era forçado a lidar quase que anualmente com um Kobe Bryant no auge atlético. O mesmo foi repetido contra LeBron James em duas finais consecutivas. Contra um OKC que tem dois cestinhas explosivos, a julgar pelo que vimos na sexta, a prioridade de San Antonio é que Kevin Durant não seja o definidor. Por isso, vão atirar dobras para cima dele sempre que possível, tentando desestimulá-lo. Westbrook tem ficado mais no mano a mano, por isso. Se, de 31 tentativas de arremessos de Westbrook, dez virão de longa distância, Pop vai achar o máximo. Pelo Jogo 3, ora, ele teve 30% de acerto, precisamente a média de sua carreira.

Tentando bloquear as linhas de passe para Durant, o Spurs deixou a bola nas mãos do armador do Thunder, e dessa vez ele não soube o que fazer com ela, seja por fome ou por inoperância de sistema contra uma das melhores defesas da história. Levantamento estatístico da ESPN mostra que 21 dos 31 arremessos de Wess nesta sexta aconteceram em posses de bola que ele começou e finalizou sem ter feito um passe sequer.  Quer mais? Desses 21 chutes, apenas dois não foram contestados. Eles sabiam exatamente o que estavam fazendo.

Westbrook ainda ganhou o garrafão, região na qual saíram 17 de suas 31 tentativas de cesta. Com LaMarcus Aldridge, Tim Duncan, David West ou Boris Diaw quase sempre na cobertura, a aberração atlética de OKC dessa vez teve dificuldade para converter suas infiltrações, com 45,9% de seus arremessos. É provável que, ao analisar a gravação do jogo, perceba como os defensores o abordaram em ajuda e que possa encontrar alternativas. Ou talvez ele simplesmente atropele todo mundo como bem entende. O importante é seguir agredindo. Cada arremesso que fizer de média para longa distância será ao gosto da defesa. (O bloqueio defensivo, aliás, não foi apenas contra Westbrook. O armador até bateu oito lances livres na partida. No geral, porém, o Spurs cobrou muito mais do que os donos da casa, com 34 a 24. Apesar de seu baixo percentual, acertou seis a mais, e essa foi a primeira vez nestes playoffs em que OKC foi superado nesse quesito.)

Esse é o tipo de arremesso que Tony Parker não vai ligar de ver

Esse é o tipo de arremesso que Tony Parker não vai ligar de ver

A boa notícia para Kevin Durant, Billy Donovan e seu fiel séquito trovejante é que, em sua coletiva pós-jogo, Wess acusou o golpe. Num gesto de humildade totalmente surpreendente, não se cansou de assumir a culpa pela derrota, talvez até de modo exagerado. Ele não fez uma boa partida, de certo. Mas não é que possa ser responsabilizado pelos atos igualmente ultra-atléticos de Kawhi, por exemplo.

Mas foi interessante que tenha repetido sem parar sua falha na condução do time, citando o verbo “executar” e seus derivados à exaustão. Esse é o termo mais usado em entrevistas da liga, claro, mas o astro de OKC se superou dessa vez. E isso é um bom sinal. Em outros tempos, talvez adotasse uma postura blasé diante das perguntas, apelando ao sarcasmo, se tanto, para prestar contas sobre o que havia acabado de acontecer em quadra. Dessa vez chamou a bronca.

“Execução. Isso começa comigo. Tenho de fazer um trabalho melhor de execução e colocar nossos caras em posição para fazer a cesta, especialmente no final do jogo e contra uma boa defesa. Você tem de encontrar maneiras de fazer a bola rodar, e isso começa comigo”, afirmou, para aí listar seus erros. “Foram muitos arremessos, mesmo. Honestamente, tenho de fazer melhor esse trabalho, de descolar arremessos para os caras, como disse. Steven (Adams) só tentou um chute. Eles precisam ser envolvidos para nós batermos esta equipe. Também desperdicei a bola quando era hora de decidir o jogo. Assumo a responsabilidade quando a bola está em minhas mãos, para criar para os meus companheiros, e não fiz isso. Assumo a culpa.”

Westbrook perdeu o controle do jogo em quadra, e o Thunder, o da série. Para avançar à final da conferência, sua equipe vai precisar vencer três das próximas quatro partidas, sendo duas delas em San Antonio. Tarefa duríssima. Mas tem muito chão pela frente ainda — algo que me surpreende em dizer, confesso.

Depois de uma surra levada na primeira partida, vimos dois confronto muito equilibrados, nos quais o elenco de apoio do Spurs encontrou muita dificuldade para jogar. Tim Duncan (no geral) e Manu Ginóbili (nesta sexta) pareceram tão velhos quanto suas fichas de inscrição mostram, travados, sem conseguir lidar com oponentes muito mais vigorosos. Boris Diaw está marginalizado, e, quando isso acontece, ele mostra seu pior lado: desencana da vida e fica murchinho (metaforicamente falando, que fique claro). Em 13,0 minutos, tem médias de 3,0 pontos, 2,3 assistências, 1,7 rebote. Nos últimos dois jogos, foram apenas três pontos no total, três assistências, um rebote e uma cesta de quadra em 21 minutos. David West vai brigar sempre, não importando se está sendo mimado, ou não. Contra Adams, Serge Ibaka e Enes Kanter, porém, não consegue ser tão efetivo assim mais, com médias de 6,0 pontos, 2,7 rebotes e 44,4% nos arremessos. Até agora, só conseguiu bater dois lances livres. Esses dois pivôs reservas fazem muita falta, ainda mais com Duncan inócuo.

Com tanta gente produzindo abaixo, o Thunder tem conseguido equilibrar as coisas em meia quadra, no coletivo, algo totalmente inesperado depois da série que fizeram contra Dallas. Westbrook entende isso, o que é um tremendo avanço, comparando com sua versão mais jovem. Precisa ver apenas o quanto seu ímpeto, sua força anterior serão maiores que isso neste momento de pressão. O Thunder não pode vencer com ele afastado, é certo. Mas, se perder o controle novamente, as chances de estrago também são enormes.

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OKC vence em San Antonio: dissecando os 13s5 mais loucos dos #NBAPlayoffs
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Giancarlo Giampietro

O que foi tudo aquilo que aconteceu?

Bom, vocês viram. Faltavam 13s5 no cronômetro, e o Oklahoma City Thunder defendia uma vantagem de um ponto, com o direito de repor a bola. Só precisavam colocá-la na mão de Kevin Durant ou Russell Westbrook e esperar pelo melhor — no caso, a conversão de dois lances livres e uma boa defesa para evitar o empate. Dion Waiters surtou, agrediu Manu Ginóbili na cara do ‘seo juiz’ e atirou um balão na direção de Kevin Durant. Danny Green interferiu, Durant cai desequilibrado, e o Spurs tem a chance. Green passa para Patty Mills, que não tem ângulo para finalizar. O australiano aciona Manu Ginóbili. O craque argentino não vai para a cesta e devolve para a formiguinha atômica. Sai um airball da zona morta. Serge Ibaka está lutando pelo rebote sozinho com LaMarcus Aldridge e Kawhi Leonard. Os dois All-Stars do Spurs não conseguem subir coma  bola na cesta. Final de jogo.

Resumido assim, já é uma loucura, né? Tudo em 13,5s frenéticos, envolvendo duas das quatro melhores equipes da temporada regular. Elencos experientes, estrelados, orientados por um técnico cinco vezes campeão pela NBA e outro bicampeão universitário. E nada disso importou em meio à tensão de um jogo de playoff, com o Thunder tentando apagar o vexame que havia passado pelo Jogo 1 e o Spurs tentando validar seu mando de quadra, ciente de que um triunfo por 30 pontos tem o mesmo valor de uma derrota por um pontinho.

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Mas e se a gente fizer (quase) frame a frame? Separar as imagens abaixo terminou de apagar o sinal de “pause” do botão do controle. Por sorte, não o afundou de vez. Tem imagem que você congela para ver uma coisa, e acaba percebendo outra. Simbora:

Spurs x OKC - 2016 playoffs - Game 3

Tudo começou assim. Waiters fazendo a reposição. Os quatro demais jogadores do Thunder (Durant, Westbrook, Ibaka e Adams) posicionados no perímetro interno. A primeira dúvida, mais óbvia, aqui é a escolha de Waiters para fazer a reposição. Não estamos falando do sujeito mais equilibrado emocionalmente, por mais que até viesse com uma boa atuação pelo quarto período. O problema é que talvez não houvesse opção melhor. A presença de dois dos maiores cestinhas da liga no mesmo elenco esconde um problema sério: estamos falando da versão menos talentosa do time desde a saída de James Harden. Uma opção talvez fosse Andre Roberson? Ao menos é mais alto. Para além de Waiters, a grande questão é: o que diabos Steven Adams está fazendo em quadra? Para fazer corta-luz, ok. Ao mesmo tempo, é menos um jogador para receber o passe, com seu aproveitamento de 58,5% nos lances livres. Não à toa, foi marcado por Patty Mills (veja a diferença de tamanho). Pop sabe que ele não vai receber o passe de modo nenhum.

Spurs x OKC - 2016 playoffs - Game 3

Aqui, Manu começa a sassaricar à frente de Waiters, com o juizão fazendo a contagem (1 segundo). Westbrook dispara para o lado contrário, para abrir espaço. Acredito que a ideia foi sempre foi passar para Durant. Adams olha em sua direção, provavelmente para fazer o tal do corta-luz. Acontece que o Spurs tem dois excelentes defensores em sua formação: Danny Green e Kawhi Leonard, podendo colocar cada um deles em uma das superestrelas adversárias. Green, sendo muito mais baixo, faz um ótimo trabalho e não desgruda de Durant.

DSC_0724

O corta-luz de Adams não rolou. Durant já veio para o centro da quadra, ainda pressionado por Green. Além disso, Manu cortou aquela linha. Por outro lado, havia um corredor claro aqui para Ibaka, um chutador de lance livre mais competente (75,2% no ano). De todas as opções de passe que se apresentaram, esta seria a mais segura — mas não a ideal, claro. Além disso, seu posicionamento na lateral da quadra seria muito propício para uma dobra agressiva de Aldridge e Ginóbili. Não precisava fazer a falta de imediato. É fácil falar daqui do sofá, com o controle remoto em mãos. Mas os jogadores fazem isso todo santo dia e têm de estar preparados para tomar a decisão num instante que seja. O juiz segue contando (2 segundos). Westbrook breca e volta em direção à bola com Kawhi em seu cangote.

Waiters, Ginobili, push, offensive foul, inbound

Dion Waiters, que figura. “Nunca vi isso antes”, disse um enervado Chris Webber, comentarista da TNT. Essa frase seria repetida durante toda a noite, madrugada adentro. Talvez Ginóbili estivesse muito perto (convenciona-se uma distância de três pés para a marcação da reposição). Por outro lado, essa coisa de empurrar o defensor com o antebraço, antes de fazer o passe, não existe. Quer dizer: não existia até a noite de segunda-feira. Na cara da arbitragem, claramente de olho no lance. Seja pelo ineditismo do lance, sem saber como proceder naquele momento, ou por pura esquiva, deixaram passar. Enquanto isso, no canto direito, Kawhi permite que Westbrook escape e, por isso, apela, puxando-o pela camisa.

dion-waiters-push-kawhi-hold

Aqui, o puxão de Kawhi fica bem claro. Esse ângulo também nos permite ver o quanto Waiters invadiu a quadra. Ao fundo, pode ser que LaMarcus esteja segurando o braço esquerdo de Ibaka. Dois juízes têm plena visão do lance, a não ser que tenham se distraído com a torcida…

Waiters inbound play, push

Depois do empurrão em Ginóbili (aqui desequilibrado), Waiters comete uma segunda atrocidade: um balãozinho de passe, todo suave, para o centro da quadra, com Danny Green já preparadíssimo para saltar. Não há tanta separação entre ele e Durant.

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Não deu outra. Green contesta Durant antes mesmo de ele alcançar a bola. Mills e Adams estão mais próximos — os dois vão se reencontrar ainda. Ginóbili observa, com Dion Waiters alguns passos preciosos para trás.

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Durant desaba na disputa com Green (ao meu ver, não houve falta ali, foi uma disputa no ar), e o Spurs ataca com três jogadores contra Adams, graças ao avanço de Ginóbili. Reparem na voto de cima de novo e vejam de onde ele saiu. Com 10s3 no cronômetro, era tempo suficiente para realizar o ataque e, olhando este cenário, acho que Gregg Popovich acerta em não pedir o tempo (tinha mais um breque de 20 segundos). Olhando este frame, a dúvida que surge: não teria sido melhor Green respirar por um segundo e acionar Ginóbili pela direita? Entre ele e Mills, estava um pivô superatlético de 2,11m, com alto risco de interceptação. Se a bola fosse para Ginóbili, seria num passe mais rápido também, aproveitando a superioridade numérica, e ele poderia seguir no trilho e se apresentar como nova opção a um novo passe, no caso de contestação do neozelandês contra o argentino. Mais uma decisão fácil de se questionar em slow-motion.

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Para evitar Adams, Green faz o passe muito alto, mesmo. Mills vai receber o passe, mas sem condições de fazer a finalização. Dion Waiters chega bem atrasado, enquanto Durant e Ibaka estão fora do quadro. Do Spurs, só LaMarcus não consta aqui.

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A bola não só demora a chegar, permitindo a recuperação de Westbrook e Waiters, como o deixa numa posição desconfortável. Ginóbili, como sempre, bem posicionado, aparece para o resgate. Restam 8s3 ainda. Seria o caso aí de Gregg Popovich pedir tempo?

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Ginóbili é acionado e tem espaço para atacar. Restando 7s3 no cronômetro, Kawhi e LaMarcus já estão no garrafão, acompanhados por Ibaka, Waiters e Adams. Não era o caso de pelo menos o ala ter estacionado na linha de três pontos para abrir mais espaço? Não era uma situação de desespero, de dois segundos, em que era pegar e chutar. Logo, não eram necessários dois homens posicionados para rebote.

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Ginóbili ataca o garrafão congestionado. Ainda assim, tem espaço para criar. Adams subiria para a contestação na certa. Canhoto, ainda ágil e elástico, afeito a lances improváveis, será que o argentino não poderia ir para um gancho de esquerda? Ou um tiro em flutuação justamente de onde está com a bola? Mills está voltando para quadra, para a zona morta. À esquerda, Durant caça borboletas, e se distancia de Green.

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Manu opta pelo passe para Mills, porém, de costas, por cima do ombro esquerdo, como só alguém de sua categoria, criatividade (e coragem) poderia pensar em fazer. Acontece que a bola não sai com tanta precisão assim. Mills tem de abaixar para fazer a recepção, enquanto Adams já vem feito um louco em sua direção.

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O instante que Mills perdeu para dominar a bola foi o instante que permitiu a aproximação do pivô. Pela foto, não dá para notar, mas tenho quase certeza, olhando atentamente ao vídeo, que Adams consegue dar o toco, nem que tenha sido com a pontinha do dedo. Quer dizer: por vias tortas, Donovan acertou em deixar o grandalhão em quadra. A bola sobe levemente e cai muito antes de chegar à cesta. O detalhe aqui? Vejam como Danny Green está chegando livrinho à linha de três pontos. Um pouco mais de paciência, e talvez o australiano pudesse ter passado para um companheiro que havia matado duas bolaças minutos antes.

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Enquanto LaMarcus tenta subir com a bola lá embaixo da cesta, repare que Adams está imóvel aqui no canto direito, e, não, por estar petrificado como Kevin Durant (enquanto Ginóbili e Green estão abertos para um chute, com 2s2). Mas, sim, pelo fato de um torcedor do Spurs o segurar. O imbecil está coberto pelo placar da TNT aqui.

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A NBA TV depois mostrou. Lamentável. Poderia o Spurs ser multado por isso? É o mínimo.

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Adams, aqui, tenta se desvencilhar do torcedor, enquanto Aldridge tenta subir para a cesta, com marcação dobrada de Waiters e Ibaka. Ele já saltou, mas não conseguiu subir com a bola. A gente vai ver este lance mais de perto:

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Enquanto o chute de Mills ainda estava longe de ser completo, a camisa de Aldridge já é puxada com tudo por Ibaka.

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Quando Aldridge tentou subir com a bola, sua camisa segue esgarçada por Ibaka. Sinceramente? Esse é o tipo de falta de escanteio, que acontece direto. Se a arbitragem não viu, dá para entender. O empurrão de DeMar DeRozan em Ian Mahinmi pelo Jogo 7 de Raptors x Pacers foi muito pior. Assim como o de Waiters em Ginóbili. No meio desse empurra-puxa, os dois segundos se foram.

*   *   *

OKC venceu esta partida no primeiro quarto, muito antes do conturbado final. Entrou em quadra determinado a agredir seu adversário, no bom sentido, e conseguiu, saindo em transição com Westbrook (29 pontos em 25 arremessos, 10 assistências e 3 turnovers), sem permitir que a parede Aldridge-Duncan fosse erguida no garrafão. Abriu vantagem, e, a partir dali, o San Antonio tinha de se virar para correr atrás. Em diversos momentos, no final do segundo período, meio do terceiro e metade final do quarto, conseguiram, mas o Thunder soube responder. Foram 21 pontos em contra-ataques em toda a noite para eles.

Estranhei a passividade com que Kawhi aceitava o corta-luz e a inversão de marcação no segundo tempo, dando a Westbrook a liberdade para atacar um cara pesado como Aldridge. Pelo menos seis pontos foram gerados desta forma. Outra jogada que funcionou bem para os visitantes: a corrida em arco de Durant 28 pontos em 19 arremessos, 4 assistências e 5 turnovers), saindo do fundo da quadra para o centro ou para as alas, aproveitando um corta-luz no meio do caminho para se livrar de Green e subir para matar seu belíssimo arremesso.

Na defesa, no início, o time decidiu que, se fosse para alguém sobrar, que fosse Duncan, e dessa vez deu certo, com o pivô tendo dificuldade para acertar (errou sete de oito arremessos). Os visitantes ainda tiveram suas penas já tradicionais, mas simplesmente viram os jogadores do Spurs desperdiçarem arremessos livres (7-18 para Kawhi, 3-11 para Green e 3-9 para Parker). Kawhi, em particular, estava fora de ritmo, sem confiança no ataque. Como as coisas podem mudar de um jogo para o outro… Agora temos de esperar até sexta-feira pelo Jogo 3. Precisava de tanto descanso assim?

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