Vinte Um

Arquivo : julho 2013

Na contramão, Canadá deve contar com nova geração da NBA na Copa América
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Giancarlo Giampietro

Kabongo, Thompson, Joseph

Kabongo, Thompson, Joseph: três promissores talentos canadenses chegando

Aviso: este é um posto sobre a seleção canadense de basquete. Mas, antes de chegar lá, começamos a falar um pouco sobre a rotina do jornalismo online.

Só não temos imagens de bastidores! : )

É assim. Por alguns anos, este que vos escreve cumpriu a função de redator da casa maior que abriga o surrado blog, o UOL Esporte. Dentre as tarefas deste espécimes mais do que especiais, os redatores, estão as chamadas “rondas”. Toca gastar o Google até não poder mais, navegando de site para site, brasileiros e estrangeiros, em busca de alguma bomba ou daquela notinha que pode estar escondida, mas que, dependendo do enfoque, viraria algo. Coisa do tipo: buscar  alguma molecagem de Robinho no portal do diário Marca, em seus tempos de Real Madrid etc. Podem apostar que, nas redações, o Mundo Deportivo e o Sport, de Barcelona, vão bombar agora com ‘focas’ ávidos por qualquer informação sobre Neymar.

Avançando alguns anos desde aqueles tempos emocionantes – ou, nem tanto –, temos aqui este Vinte Um, que, vocês sabem, é muito mais opinativo do que informativo.

Agora, por mais impertinente que seja o condutor do blog, para dar qualquer pitaco, o jornalista deve estar, antes de tudo… Bronzeado? Bêbado? Envaidecido? Não, seus tontos, deixem disso. Tem de estar “minimamente lido”.

Para a NBA, fica fácil. Basta digitar HoopsHype.com, e tá lá. Agora, na temporada de seleções nacionais, a coisa muda um pouco de figura. A caça é mais ampla, em territórios por vezes hostis. A ronda precisa ser mais cuidadosa e persistente. As fontes nem sempre são confiáveis, nem mesmo nos sites oficiais das federações – o jornalismo em espanhol, gente, é uma coisa séria. Então fique navegando sem parar, nem que seja madrugada de domingo para segunda-feira, chegando até a conta oficial da Federação Canadense no Twitter. Vale tudo.

Lá eles estão anunciando a venda de ingressos para dois amistosos em Toronto contra a Jamaica – estamos falando, então, de dois adversários da seleção brasileira pela primeira fase da Copa América.

Bem, se o objetivo é vender bilhetes, o promotor do evento precisa de alguma atração, né? Mas como o marketing da federação fará isso se o gerente geral Steve Nash (sempre estranho escrever uma coisa dessas) e o técnico Jay Triano ainda nem anunciaram a convocação canadense? Bom, aí se quebra o protocolo um pouco para antecipar pelo menos alguns nomes. Estes aqui já foram anunciados: @Cory_Joe, @nicholaf44 e @RealTristan1.

Traduzindo: Cory Joseph, armador do San Antonio Spurs, Andrew Nicholson, pivô do Orlando Magic, e Tristan Thompson, ala-pivô do Cleveland Cavaliers. A não ser que a entidade seja processada por falsa propaganda, a equipe norte-americana, então,  vai na contramão de Brasil e Argentina e, entre os seríssimos candidatos a vaga na Copa do Mundo da Espanha 2014, já começa a enfileirar suas tropas de NBA.

E gente de NBA canadense nestes tempos é o que não falta.

Além dos três já listados, os caras têm Joel Anthony em Miami, Matt Bonner (naturalizado) em San Antonio, Kelly Olynyk em Boston, Robert Sacre em Los Angeles e o encrenqueiro Samuel Dalembert em Dallas. O ala Anthony Bennett, mais um do Cleveland, a gente nem cita aqui, por estar se recuperando de uma cirurgia no ombro. Kris Joseph, ala, acabou de ser dispensado pelo Celtics. O armador Myck Kabongo tenta descolar uma vaga em Miami.

Cory Joseph, oh, Canada

Oh, Canada: Cory Joseph está animado

Além disso, há uma turma também se refinando em grandes universidades norte-americanas, com os alas Nik Stauksas, gatilhaço de Michigan, e Dwight Powell, de Stanford, o ala-pivô Kyle Wiltjer, recém-transferido de Kentucky para Gonzaga, os armadores Tyler Ennis, de Syracuse, e Kevin Pangos, também de Gonzaga, e a sensação Andrew Wiggins, de Kansas e favorito disparado a escolha número um do Draft de 2015.

Some-se a esses jovens talentos os veteranos como o ala-pivô Levon Kendall, o ala Aaron Doornekamp e o armador Jermaine Anderson, gente que já disputou os melhores campeonatos na Europa, entre outros, e temos um grupo volumoso, com fartura para se montar uma equipe de 12 jogadores. Para o Canadá, a hora é agora.

“O basquete canadense vem se mostrando irregular há muito tempo. Agora estamos trabalhando sério para levar nosso país de volta ao mapa, e estou certo de que vamos conseguir isso muito em breve”, afirmou Joseph, em recente entrevista ao site da Fiba. “O próximo passo é ter um grande desempenho na Copa América.”

Diante de uma concorrência enfraquecida, não há motivos para eles não conseguirem isso desde já. Não é preciso mais ronda nenhuma para sacar isso.


Reforçado, Uruguai corre por fora e acredita em disputa por vaga na Copa América
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Giancarlo Giampietro

Mazzarino voltou

Nicolás Mazzarino ainda rende bem aos 37 anos. Cuidado com ele

Nicolás Mazzarino, 37, é daqueles jogadores que, na hora de se formar duas equipes para se disputar uma pelada no parque, muito provavelmente ficaria fora. Tudo por causa do olhômetro: você bate a vista no sujeito, baixinho, o cabelo com boas entradas, e tal. Sai o que daí, diria o preconceito do capitão de ambas as equipes?

Olha, uma coisa com certeza sairia: muitas bolas de três pontos. O veterano uruguaio é um dos maiores atiradores de longa distância que o basquete sul-americano já viu e, depois de sete anos, resolveu aceitar uma convocação, voltando a defender a equipe celeste na Copa América que se inicia no dia 30 de agosto.

Mazzarino não defendia o time desde o Sul-Americano de 2008. Já o ala Emilio Taboada, 31, também decidiu voltar à seleção nacional pela primeira vez desde a Copa América 2009, aquela que a seleção brasileira venceu sob o comando de Moncho Monsalve.

E o que acontece no Uruguai para o Natal ser antecipado tanto assim para o técnico Pablo Lopez?

Bem… Cientes dos desfalques que muitas das potências continentais têm no momento, os uruguaios talvez simplesmente acreditem que possam beliscar uma das quatro vagas para a Copa do Mundo de 2014, na Espanha. Algo que não parece nada exagerado, aliás. Estão farejando sangue e chegarão ligadíssimos à disputa. Aí chamam a cavalaria, ainda que seja a cavalaria uruguaia.

Mazzarino já não é mais o cestinha de mão cheia de meados dos anos 2000, assim como Taboada nunca foi.  O armador/escolta, porém, jogou na forte liga italiana até esta última temporada, sem parar, em clube de ponta, disputando Euroliga e tudo. E não não como simples mascote. Converteu 41% de seus disparos do perímetro, depois de ter matado 45,3%, 44,3% e 45,8% nas campanhas anteriores.

No contexto uruguaio, em que a mão-de-obra não é nada abundante, poder contar com esses dois jogadores, de nível internacional, é um reforço danado.  São duas peças que se somam aos já “batidos” Martin Osimani, Leandro Garcia Morales e Mauricio Aguiar, além do sub-23 Bruno Fitipaldo. Estamos diante de um elenco muito talentoso ofensivamente, com artilharia pesada, para espaçar a quadra. Resta saber se Reque Newsome e Esteban Batista estão em condições de pontuar dentro do garrafão para completar o ataque da equipe.

Batista vem em declínio no basquete europeu e, para piorar, sofreu um baita susto durante os treinamentos no Uruguai, ao cair sobre o braço, contundindo o cotovelo e o punho. No elenco uruguaio, porém, é o único que pode causar algum estrago próximo da cesta, para se aproveitar de tantos arremessadores ao seu redor.

Olho neles.

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Os veteranos voltaram, mas o Uruguai perdeu um de seus principais jogadores jovens, se não o principal, para a Copa América. É o armador Jayson Granger, formado no basquete espanhol. Ex-Estudiantes, o atleta defendeu o Boston Celtics na liga de verão da NBA em Orlando ao lado de Fabrício Melo este ano e acaba de assinar contrato com o Unicaja Málaga, de Augusto Lima. Para facilitar a adaptação ao novo clube, abriu mão de defender a seleção nacional, pela qual jogou pela primeira vez no Sul-Americano de 2012. Um bom defensor, alto e forte para a posição, Granger ajudaria bastante, mas nessa posição os vizinhos do sul ainda se viram muito bem obrigado com Osimani e o joven Bruno Fitipaldo, um armador muito talentoso ofensivamente.

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Sob o comando de López, que assumiu o time no ano passado, a preparação uruguaia já começou no dia 8 de julho e vai ser uma das mais extensas das seleções participantes. O Brasil vai enfrentá-los pela primeira vez no dia 7 de agosto, em São Carlos. As duas seleções também realizarão um Super 4 em Anápolis, entre 10 e 11 de agosto. Em jogos para valer, se enfrentam no dia 2 de agosto já pela Copa América.

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Mazzarino não está de volta apenas ao time nacional. Na próxima temporada, ele vai defender o Malvin, tradicional clube de seu país, depois de passar 12 anos na Itália, aonde defendeu o Reggio Calabria e o Cantù . Quer dizer, vai cruzar novamente com as defesas brasileiras nas Ligas Sul-Americanas e das Américas da vida.


EUA reúnem em Las Vegas grupo que deve formar base da seleção no Rio 2016
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Giancarlo Giampietro

Coach K

Palestra (gratuita) do Coach K em Las Vegas: exposição para os jovens selecionáveis

É, Espanha, não tá fácil, não.

Se a geração de Pau Gasol e Juan Carlos Navarro ainda tem alguma ambição de subir ao degrau mais alto de um pódio em qualquer torneio internacional Fiba – se for num Mundial disputado em casa, melhor ainda ; ) –, as notícias que vêm dos Estados Unidos desde o final de semana não são nada animadoras. E, ok, o mesmo vale para Rubén Magnano e qualquer outro técnico de seleção com alguma ambição imediata de título.

Em Las Vegas, o Coach K acaba de reunir 28 jogadores para uma semana de treinamentos, mostrando que o trabalho de Jerry Colangelo na USA Basketball segue sério. Muito sério.

Veja bem: eles não vão disputar nenhuma competição este ano – não precisam jogar a Copa América por já estarem classificados para o Mundial, via Olimpíadas –, mas isso não impediu que o dirigente recrutasse mais de duas dúzias de jovens talentos para alargar as bases de possíveis convocados para as próximas temporadas.

Quem deu as caras por lá? Clique aqui e sinta o drama.

Alguns destaques: John Wall, Kyrie Irving, Ty Lawson, Paul George, DeMarcus Cousins, Anthony Davis, Greg Monroe, entre outros. De todos os jogadores convocados para este período de treinos, o ala-pivô Taj Gibson, do Chicago Bulls, era o mais velho, com 28 anos – mas acabou de ser cortado, devido a uma torção de tornozelo. As outras baixas são o ala Kawhi Leonard, recém-operado, e George Hill. Agora só sobraram jogadores nascidos entre 1987 (Lawson) e 1994 (o armador Marcus Smart, da universidade de Oklahoma State).

Alguns desses jogadores já chegaram ao nível de All-Star na liga norte-americana, outros estão no limiar. E não vai parar por aí. Para jogar o Mundial do ano que vem, a ideia é adicionar alguns “veteranos” da seleção americana, com Russell Westbrook, Kevin Love, James Harden e, claro, Kevin Durant já indicando que pretendem defender seu título. A ideia é essa, então: mesclar sangue novo, pensando adiante, com representantes das campanhas recentes para manter a hegemonia. Tudo sob a orientação precisa e educadora de Mike Krzyzewski, convencido a ficar no cargo.

Com o desgaste acumulado de mais três temporadas de NBA até que sejam realizados os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro 2016, é provável que pouco sobre da base bicampeã em Pequim e Londres para lutar pelo tricampeonato. De modo que muitos desses atletas agrupados em Vegas nesta semana podem dar as caras por cá, daqui a três anos. Hoje, eles ainda podem não ter a grife de seus antecessores, mas vem chumbo grosso de qualquer maneira.

A turma do Coach K

Escolinha do Coach K: passando as mensagens do programa

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Entre os 28 jogadores convocados para esta semana, dois casos reforçam a mentalidade profissional de Colangelo na condução das operações da USA Basketball: o caçula Smart e o ala Doug McDermott, da universidade de Creighton. Smart acabou de ser campeão mundial sub-19 na República Tcheca e McDermott defendeu os EUA na Universíade de Kazan. A presença dos dois entre tantas jovens estrelas da NBA manda uma mensagem: a de que todos teriam chance de fazer parte da seleção norte-americana, bastando cumprir algumas etapas do processo. Quer dizer: se você se “sacrifica” em um verão para, supostamente, jogar competições menores, pode ser premiado no futuro com uma vaga entre a elite.

Smart, por exemplo, é cotado como uma escolha top 5 no próximo Draft da NBA. Jogadores nessas condições já têm uma agenda (em todos os sentidos) cheia e tendem a abrir mão de compromissos com a seleção para acelerar suas classes e, ao mesmo tempo, trabalhar com seus treinadores superprotetores no campus. Na agenda política da NCAA, essas são coisas que pesam bastante. Já McDermott, também considerado um prospecto de NBA, embora em um patamar bem mais baixo, serve como um símbolo para outros atletas do segundo escalão: que mesmo eles podem ser valorizados caso topem jogar em torneios como a Universíade ou o próprio Pan-Americano.

É um modo criativo que Colangelo encontrou para fomentar a competitividade entre as diversas seleções norte-americanas.

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O promissor ala-armador Bradley Beal, do Washington Wizards, é outro que está contundido. Mas Krzyzewski ficou em cima do garoto, ainda adolescente. “O Coach K ainda quer que eu vá. Eles querem que eu compareça mesmo que eu não vá participar dos treinos”, afirmou o jogador, que já foi obrigado a ficar fora da liga de verão de Las Vegas por seu clube.

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A comissão técnica do Coach K para o próximo ciclo olímpico tem duas novidades: Tom Thibodeau, o mestre defensivo do Chicago Bulls, e Monty Williams, o jovem e já badalado técnico do New Orleans Pelicans. O veterano Jim Boeheim, de Syracuse, segue no estafe. Combinando os sistemas de marcação por zona de Boeheim com os conceitos híbridos de This, já dá para imaginar o sofrimento das seleções que tiverem de atacar o Team USA.

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Colangelo fez as pazes com DeMarcus Cousins. O pivô integrou um time de sparrings (o Select Team) no ano passado para ajudar na preparação da seleção olímpica norte-americana e passou a pior impressão possível. Desceu a lenha nos treinamentos, reclamou horrores e deixou os técnicos horrorizados, hehehe. O Boogie de sempre, chamado publicamente de “imaturo” pelo dirigente.  Mas os recursos técnicos do pivô são tão chamativos que… Não há quem aguente estender o castigo, de modo que o jogador do Sacramento Kings ganhou mais uma oportunidade em Las Vegas. “Isso não vai me incomodar de jeito nenhum. Ele me deu mais uma chance para chegar e provar meu valor”, disse o atleta. “É uma grande honra só de ter meu nome aqui.”


Faverani tem até esta terça-feira para responder se joga a Copa América; Paulão é convocado
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Giancarlo Giampietro

Vitor Faverani, chegando

O pivô Vitor Faverani tem até esta terça-feira para definir se vai se apresentar ao técnico Rubén Magnano para buscar uma vaga na seleção brasileria que disputará a Copa América a partir do dia 30 de agosto, na Venezuela. O brasileiro e seus agentes estão em Boston e, segundo informação que chegou à CBB, teriam enfim assinado nesta segunda-feira um contrato com a franquia mais vitoriosa da NBA. (Informação confirmada horas depois pela própria franquia.)

Segundo diversos veículos norte-americanos, o vínculo é de US$ 6 milhões por três temporadas de contrato. Ainda não está claro se todos os três anos do negócio são garantidos.

Com a papelada assinada, sendo oficialmente um jogador de NBA, Vitor já teria pedido à diretoria do Celtics a liberação para se apresentar à seleção. Se vão dar o sinal… Hã… Verde, aí são outros quinhentos.

A franquia está em pleno processo de reconstrução, montando uma novíssima comissão técnica que vai trabalhar também com um elenco bastante renovado. Nesse momento, é natural que queriam usar cada dia, cada semana para entrosar essas partes diferentes, enquanto a própria diretoria tenta achar algum negócio que vá limpar seu plantel – resta saber se alguém vai querer Gerald Wallace e Kris Humphries.

Agora, liberar Faverani para jogar com a seleção também poderia ter seus benefícios. Ficar mais de um mês sob o comando de Magnano certamente deixaria o pivô em forma, tinindo. Além disso, se a tese for bem vendida a Danny Ainge, está claro que, com tantos desfalques, o atleta teria um tempo de quadra considerável no torneio continental, e um tempo de quadra relevante, como referência da equipe, ao lado de Rafael Hettsheimeir – seria uma dupla bastante intrigante e versátil, mesmo.

Paulão, em busca do tempo perdido

Paulão ganha nova chance na seleção. Está pronto para aproveitá-la?

Não sei se ajuda ou atrapalha, mas há outro jogador em Boston que deve passar pelo mesmo processo de convencimento: o canadense Kelly Olynyk, 13ª escolha no Draft deste ano.  O talentoso ala-pivô participa do programa de sua seleção nacional há anos e certamente está nos planos do técnico Jay Triano. Ainge teria, então, de abrir as portas para os dois jogarem o torneio.

De qualquer forma, sem poder esperar por muito tempo por uma decisão de Faverani, já com muitas baixas no garrafão, Magnano resolveu se mexer por conta própria, anunciando nesta segunda a convocação do pivô Paulão, que acabou de assinar com o Franca, aonde vai reencontrar Lula Ferreira. “Convocamos o Paulão Prestes porque sofremos muitos pedidos de dispensa para a posição de jogo interior. Ele é um jogador que conheço muito bem, sei a maneira que joga e trabalha. Será importante sua vinda para compor o grupo de jogadores”, disse o argentino.

O novo convocado chegou a trabalhar na seleção com Magnano em 2011, mas foi cortado do grupo que disputou o Pré-Olímpico de Mar del Plata. Na ocasião, foi o último a ser dispensado – Splitter, Caio, Hettsheimeir, Augusto e Giovannoni integraram a lista final.

O talento de Paulão nunca foi discutido. Tem ótima presença próximo da tabela e é um reboteiro fenomenal. O brasileiro, porém, teve muita dificuldade nos últimos anos para se manter em forma, enfrentando diversas graves lesões. Na temporada 2012-2013, ele disputou o último NBB pelo Brasília, com médias de 12,4 pontos e 8,0 rebotes em apenas 23,3 minutos, ainda devendo no condicionamento físico.

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Tanto Paulão como Faverani foram apostas do Unicaja Málaga que não deram muito certo na década passada. Os dois talentosos pivôs foram contratados ainda adolescentes pelo clube espanhol, que tinha a perspectiva de desenvolvê-los aos poucos até que pudessem subir ao seu elenco principal, jogando Liga ACB e/ou Euroliga. Nunca aconteceu, seja pelas constantes lesões de um e pelos problemas disciplinares com o outro ou mesmo pela inabilidade do time em tirar o máximo de talentos de base. Três anos mais jovem, Augusto Lima agora passa pelo mesmo ritual.

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Vocês podem estranhar, mas Paulo Prestes é pouco mais que dois meses mais velho que Vitor Faverani. Os dois são de 1988. Acontece que Paulão chegou a jogar nos campeonatos adultos por aqui, teve participação mais ativa nas seleções brasileiras, passando então uma impressão de que está “há muito mais tempo no basquete”, enquanto Vitor foi bem jovem para a Espanha e demorou um bocado para se firmar nas principais ligas por lá.

 


Greg Oden tenta, mais uma vez, deixar o limbo. Heat, Spurs e mais três estão interessados
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Giancarlo Giampietro

Greg Oden, prestes a sair do limbo

Greg Oden vai tentar novamente

Miami Heat e San Antonio Spurs vão brigar pelo título.  New Orleans Pelicans e Dallas Mavericks tentam chegar aos playoffs na duríssima Conferência Oeste. E ainda tem o Sacramento Kings, franquia que enfim entra em um processo de reformulação em sua gestão.  O que esses diferentes clubes têm em comum?

Seus dirigentes ainda acreditam.

Que Greg Oden ainda pode ser um pivô de NBA.

Perdido num limbo para lá de melancólico, tentando colocar o corpo em ordem, seis anos depois de ter sido escolhido com o número um do Draft, o pivô negocia com essas cinco franquias (no momento) seu eventual retorno às quadras.

Criado em Indiana, um estado sagrado na produção de craques e no cultivo do grande jogo como um todo, o adolescente Oden parecia destinado a grandes feitos. A ser mais um da linhagem dos superpivôs americanos, dialogando no colegial com gente como Alcindor e Chamberlain. Acreditem, este era o papo que rondava o garotão em seus anos de colegial, badaladíssimo. Não havia dúvidas a respeito.

A ponto de, em 2007, mesmo com algumas questões médicas já levantadas na época, o Portland Trail Blazers o escolher à frente de Kevin Durant, que havia barbarizado a NCAA inteira em seu primeiro ano por Texas. Você simplesmente, na cabeça de muita gente, não podia virar as costas para um grandalhão talentosos desse.

Já sabemos no que deu tudo isso. Uma tragédia.

Oden, queria ser grande

O que aconteceria se Oden…?

Oden só conseguiu disputar dois campeonatos pelo Blazers. Na somatória dessas duas campanhas, chegou a 82 partidas, um número extremamente irônico, já que representa a exata medida de uma temporada regular. Foram diversas contusões e lesões, as mais graves no joelho. Ao todo, o atleta precisou passar por cinco (5!) cirurgias nos joelhos, três delas daquelas mais temidas, as de microfratura. Não disputa uma partida desde 5 de dezembro de 2009 (sim, 2009, muito triste).

Nesse período, o sujeito imergiu em um estado depressivo, assumiu publicamente ter se tornado um alcoólatra e teve muita dificuldade para lidar com a pressão/decepção dos apaixonados torcedores da única franquia profissional de Portland (entre as quatro grandes ligas). Já não bastassem os problemas físicos, ainda teve fotos, digamos, íntimas suas vazadas na rede e perdeu um primo de quem era muito próximo, devido ao câncer. Além disso, ainda viu um cachorro cego, do qual cuidou por quatro anos, cair da varanda do oitavo andar de um hotel. Sem brincadeira.

Por duas pré-temporadas ele se apresentou ao Blazers sem estar 100% reabilitado. Foi apressado para a quadra mesmo assim – e isso obviamente não deu certo. Acabou dispensado em 2012, quando o clube precisava abrir espaço em sua folha salarial para fechar uma troca que, meses depois, lhe renderia o armador Damien Lillard.

Para tirar tudo isso da cabeça, Oden se afastou de quadra por um tempo. Retomou as aulas na universidade de Ohio State, fugiu dos microfones, tentou viver uma vida normal, na medida do possível. Até retomar as atividades em quadra, gradativamente, trabalhando primeiro seu corpo – chegou a passar pelo mesmo tratamento com plasma na Alemanha, um procedimento eternizado por Kobe Bryant e Alex Rodríguez. O fato de ter visitado Portland em abril só pode ser encorajador – aparentemente, não há mais traumas ali a serem revisitados. Pelo menos da sua parte. “Foi como (ver) um fantasma”, disse sem muitas cerimônias o ala-pivô LaMarcus Aldridge, na ocasião. Aldridge que supostamente viria a formar com o rapaz uma nova edição das Torres Gêmeas no Noroeste americano. “Ele pareceu magro. Disse que estava vestindo seus ternos da noite do Draft”, completou. No dia 5, de todo modo, estava lá o grandão na plateia para ver a partida contra o Memphis Grizzlies. Quando foi mostrado no telão do ginásio, ouviu aplausos e vaias. Terapia.

Agora, aos 25 anos, ele tenta um (?)m último retorno. Com todo o cuidado do mundo, abortou qualquer plano de disputar a última temporada, mesmo que estivesse fisicamente apto – e que o assédio dos clubes já tenha sido grande, especialmente por parte de Boston e Cleveland. Mas não tinha motivo para pressa. Ficou treinando por conta, entrando em forma.  Segundo relatos do ala DeShaun Thomas, recém-draftado pelo Spurs e formado na mesma universidade, o jogador está magro, em forma. “Ele parece incrível. Está correndo, puxando peso. Podemos estar diante de um regresso, mesmo”, afirmou.

Difícil dizer o que esperar do jogador nessa situação. Primeiro pela desconfiança quanto a sua durabilidade. Fora isso, o quanto suas habilidades estariam apuradas depois de mais de quatro anos sem jogar uma partida para valer? Mesmo que esteja inteiro, o que ele poderia oferecer hoje? Não há como saber até que um contrato seja assinado e ele passe a ser testado em treinos contra atletas de alto calibre. “Espero que possa contribuir para um bom time. Eu definitivamente me considero este tipo de jogador, mas primeiro tenho de entrar em quadra”, afirma.

O que temos em mãos hoje é muito pouco. Nas 82 partidas que realizou, Oden somou 9,4 pontos, 7,3 rebotes e 1,4 toco. A princípio, nada de outro mundo.  Sua média de minutos, porém, era de apenas 22,1tes. Fazendo as projeções por 36 minutos, então, chegamos a números mais expressivos como 15,3 pontos, 11,9 rebotes e 2,3 tocos. com 57,7% de acerto nos arremessos e um lance livre de dar inveja em Dwight Howard (66,6% no geral e 76,6% em 2009). Para os que não são muito fãs de projeções estatísticas, vale notar, então,que em seus últimos sete jogos antes da lesão do dia 5 de dezembro, ele tinha médias de 15,6 pontos, 9,1 rebotes e 2,4 tocos em apenas 26 minutos. As coisas estavam se encaixando e, para ter uma ideia melhor de seu potencial, vejam os melhores momentos abaixo:

 Os reflexos e explosão física impressionam. Veja o tamanho das mãos do sujeito também. Era para Oden ser uma força da natureza. Mas suas articulações não permitiram. De todo modo, levando em conta as centenas de milhões que a liga americana movimenta, não é de se estranhar que algum  dirigente ainda se sinta disposto – ou impelido – a apostar no jogador. E se dá certo? O dedo coça, mesmo.

Em Miami e San Antonio, Oden encontraria dois times que não dependeriam dele para nada – o que viesse desse investimento seria lucro. Caso se juntasse aos atuais bicampeões, haveria ainda menos cobranças. Se não der certo, Riley ao menos pode dizer que tentou. Por outro lado, para alguém tímido como o pivô, faria bem voltar à liga num time que chama tanta atenção? LeBron certamente o protegeria, mas sua simples presença já atrai holofotes demais. Em San Antonio, tudo isso se dissiparia rapidamente.

Oden, chega de blazer

Oden, chega de Blazer

Agora, se ele estiver realmente confiante e interessado em mais oportunidades para jogar, mostrar serviço, obviamente os outros clubes seriam mais indicados, especialmente o Pelicans, que tem uma lacuna imensa no garrafão a ser preenchida após a ida de Robin Lopez para, veja bem, Portland. Imaginem um cenário desses, que não dói nada. O renovado time de Nova Orleans brigando por vaga nos mata-matas do Oeste com o Blazers, com uma defesa ancorada por Oden? A Rip City entraria em colapso. Além disso, o Pelicans teria mais dinheiro a oferecer que os concorrentes: US$ 3 milhões por um ano. Para alguém que já fez US$ 23 milhões na carreira, será que a grana pesaria agora?

Provavelmente, não.

A essa altura, o pivô já se daria por satisfeito só de poder segurar uma bola de basquete nas mãos, poder dar dois dribles firmes e subir para a cravada. Podendo soltar o aro, cair com os dois pés firmes em quadra e poder voltar para a defesa sem mancar. Feliz só de se dizer um jogador de basquete.

*  *  *

O autor Mark Titus, ex-companheiro de Oden no time de Ohio State, foi o último a fazer uma grande entrevista com o pivô, para o Grantland. Imperdível. O material gerou uma baita repercussão em Portland. Em entrevistas aos sites locais, Titus relatou uma história bastante saborosa, que revela muito do humor que o pivô tem, mas que nunca pôde manifestar em público, devido a tantos contratempos em sua carreira. Os dois foram jantar. Na saída, iriam para a casa de Oden, que dirigia uma van nada luxuosa, “que provavelmente custou US$ 18 mil”, segundo Titus. “O interior estava um pouco trabalhado, mas nada muito maluco. Tinha algumas luzes, um CD player legal, e só. Olhei para ele meio que dizendo: ‘É isso mesmo?’. E ele: “Sim, não quero desperdiçar meu dinheiro em carros luxuosos’. E aí ele continuou: ‘E quer saber de uma coisa? Uma semana depois de ter comprado esta van, descobri que Kevin Durant teve exatamente a mesma van por dois anos’. Eu apenas sorri. E ele: ‘Eu nunca vou conseguir sair da sombra de Kevin Durant’, dando risada.”

*  *  *

O Draft de 2007 deu à NBA muito mais que Durant. Outros dois craques saíram dessa lista: Al Horford, a escolha número três, e Joakim Noah, que saiu apenas em nono, bizarramente atrás de Jeff Green, Yi Jianlian e Brandan Wright. Mike Conley Jr. (o quarto) e Thaddeus Young (12º) foram outros destaques na loteria. Mais adiante na lista apareceram ainda Tiago Splitter (28º) e, epa!, Marc Gasol (48º).


Melhor na defesa, sofrendo no ataque, Scott Machado se vê em situação delicada no Warriors
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Giancarlo Giampietro

Scott na luta

Scott batalha, tenta finalizar contra o Mavericks: a quadra e o aro ficaram pequenos em Las Vegas

Armadores precisam fazer de seus companheiros melhores em quadra. Deixar o jogo mais fácil, simples para quem está ao seu redor.

Imagine quantas vezes Scott Machado, ele mesmo um armador purinho da silva, não ouviu esse mantra? Nos playgrounds no Queens, seja ao lado dos companheiros colegiais, desenvolvendo seu jogo na tímida universidade de Iona. É o dever, a missão dele em quadra.

“Sim, senhor.”

Mas e quando você não tem muito o que melhorar ao seu redor? E quando seus companheiros são ruins toda vida, como é que fica? Como no caso do Golden State Warriors de verão, uma dureza. Pelo menos do que assisti na primeira partida da equipe no torneio de Las Vegas, era um time bastante limitado, com pivôs pouco atléticos ou ágeis e uma falta de arremessadores no perímetro. Muitos passes do armador pareciam destinados a assistência, mas o aro acabava não permitindo, se é que vocês me entendem.

Neste triunfo contra o Washington Wizards, a equipe do brasileiro  deu um jeito e venceu por 56 a 52, o placar mais baixo na história das ligas de verão. De alguma forma, porém, esse time conseguiu elevar sua produção para triunfar nas próximas três partidas, anotando 80, 84 e 79 pontos, algo bem mais aceitável nesse tipo de competição (varzeana). Só não me perguntem como.

Scott Machado, no Warriors de verão

Scott tenta deixar a defesa para trás sem sucesso

E como a nova diretoria do Warriors, com uma perspicácia impressionante para montar seu elenco de cima, conseguiu juntar um plantel aparentemente tão frágil assim? Sabemos que seus scouts têm um retrospecto sólido para descobrir talentos – vide o tanto de gente boa que já recrutaram na D-League.

Acontece que, nas ligas de verão, nem sempre interessa a uma franquia juntar um time para ser campeão. Sucesso em julho não quer dizer nada comparando com a ação de verdade que começa em outubro. Em julho, mais vale observar e incentivar o progresso de alguns jogadores-chave, com quem realmente esperam contar  mais para a frente.

De modo que não parece absurda a ideia de que, num catadão de 10 ou 15 atletas , eles não estejam nada preocupados com a qualidade dos atletas periféricos, para exigir mais daqueles que julgam mais importantes em seus planos. Com o armador novato Nemanja Nedovic, que acabou afastado por conta de um tornozelo torcido, o ala Draymond Green, o ala-armador Kent Bazemore e – por que não? – Scott, contratado no finalzinho da temporada passada.

Sem muitos cestinhas talentosos ao seu redor, o armador seria obrigado a assumir mais responsabilidades ofensivas. Expandir o seu jogo.

Por um lado, os cartolas e treinadores do Warriors têm o que comemorar quando o assunto é o sobrenome Machado. Pois, na defesa, o rapaz tem se mostrado uma verdadeira peste, muito agressivo no combate individual, colocando pressão em demasia em cima da bola. Na estreia contra o Wizards, por exemplo, ele desestabilizou por completo um veterano como Sundiata Gaines, que ficou completamente frustrado em quadra e, na partida seguinte, perdeu seu posto de titular.

Acontece que, do outro lado da quadra, a história tem sido bem diferente. De maneira preocupante.

Nos primeiros quatro embates em Vegas, o brasileiro vem sofrendo consideravelmente. Pequeno, sem poder jogar muito em contra-ataques – a sua preferência, explorando sua velocidade –, tem enfrentado muita dificuldade para finalizar, encontrar a cesta. Seu chute de média e longa distância ainda não funciona bem e, sem muito espaçamento ma meia quadra,  acaba contestado com frequência perto da cesta. Até aqui, ele converteu apenas cinco arremessos 31 tentativas, num aproveitamento de 16,1%. Ai. E não é por falta de tentar: contra o Dallas, nesta quinta, foram sete erros em oito chutes, somando apenas três pontos. Sua média na semana é de 4,3 pontos por jogo. Certamente não era o tipo de rendimento que ele esperava.

Kent Bazemore, nome da fera

Bazemore: evolução clara em julho

Ao seu lado, no perímetro, Kent Bazemore vai se saindo muito bem, obrigado.

Bem mais alto e forte que Machado, o ala-armador consegue se virar melhor por conta própria. Enfrenta defesas concentradas com maior sucesso, registrando 18 pontos em média até aqui, com 45,8% de conversão nos arremessos. Também vem fazendo um bom trabalho quando assume a condução do time, como o armador solitário em quadra, num experimento claramente importante para a comissão técnica. Vem orquestrando surpreendentemente bem as ações no pick-and-roll – ainda que a maioria delas terminasse com ele mesmo partindo para a cesta, hehe – e, no geral, parece estar num degrau acima, jogando como alguém já consagrado.

Esse é um ótimo desenvolvimento para o clube, claro, mas não tão saudável para Scott.

Que se vê novamente numa enrascada, em sua luta sem parar para se afirmar como um jogador de NBA – em vez de um aspirante.

Stephen Curry é o titular indiscutível. Nedovic chega com um contrato garantido de primeira rodada no Draft deste ano e é muito mais rodado (jogou Euroliga…) e mais forte atlético – seu apelido pode ser um tanto patético, mas ficou conhecido como o “Derrick Rose europeu”, vejam só. Além disso, assim como na temporada passada, lá vem o Toney Douglas, seu velho conhecido de Houston, cruzar sua vida novamente. Já são, então três armadores (ou quase) aqui, geralmente o número que os times carregam em seu plantel. Bazemore, mais versátil e com prioridade entre os diretores – sendo cultivado há mais tempo pelo atual regime –, também está na frente e se encaixaria melhor na rotação, como possível reserva para Iguodala.

Neste sábado, o Warriors volta a quadra, e Scott tem mais uma chance para ver se endireita a munheca, sem poder deixar sua intensidade diminuir. Para sobreviver na liga, vai precisar dar tudo o que tem e mais um pouco. Principalmente esse “mais um pouco”.  E vai ter de ser sem ajuda, mesmo.


Gangorra muda de lado, e briga forte na seleção fica para os armadores
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Giancarlo Giampietro

Os eleitos, ou quase

Pivô com experiência de Europa, pivô de NBA, pivô extremamente promissor, pivô superatlético, pivô lento de jogo de costas para a cesta, pivô canhoto, pivô mais baixo. Desde a emergência de Nenê, era pivô isso, pivô aquilo na pauta do basquete nacional. Não que seja fácil desenvolver pivôs. Estes postes de 2,10 m de altura estão espalhados por aí para serem descobertos, mas não é qualquer um que tem coordenação para segurar uma bola de basquete, fazer o drible, elevar e estufar a redinha. Ou que vá saber o posicionamento certinho que seus pés precisam ter para girar em torno do adversário e fazer o bloqueio para o rebote. Entre outros tantos e tantos fundamentos da posição.

De todo modo, o Brasil foi exportando pivôs sem parar nos últimos anos. Hipoteticamente, era possível fazer uma seleção brasileira inteira só de grandalhões. Era sempre a maior intriga na cabeça dos basqueteiros – se viesse todo mundo, quem ficaria fora? Qual a melhor composição de rotação? Todo mundo sonhando com a cabeça do técnico.

Rubén Magnano, vocês sabem, está livre desse problema este ano, já que Splitter, Nenê, Varejão e, agora, Bebê, não vêm. Vitor Faverani? Ninguém viu, ouviu, leu, nem psiquigrafou até o momento. Pelo menos no que se refere aos gigantes.

Na mesma tocada em que se festejou a fartura de pivôs, lamentava-se a carência no outro espectro, entre os baixinhos. Hoje, quem diria? Para formar o grupo que vai disputar a Copa América a partir do dia 30 de agosto na Venezuela, o técnico argentino vai ter sua dor-de-cabeça justamente nessa posição.

Huertas chega com o capitão, escoltado por Raulzinho, Rafael Luz, Larry Taylor e, muito provavelmente, Scott Machado. O brasileiro de Nova York ainda está reunido com o Golden State Warriors de verão em Las Vegas e, assim que a campanha chegar ao fim, tem voo marcado para São Paulo. Deve chegar dia 23. (Nesse grupo ainda há quem possa colocar Vitor Benite, mas não parece o caso para esta temporada. Acho que ele se enquadraria no máximo como um “escolta”.)

Quantos armadores Magnano levaria para Caracas? Nos Jogos de Londres, foram três: Huertas, Larry e Raul. Num elenco de 12 jogadores, um trio da posição seria, mesmo, a “configuração clássica”, e estes naturalmente já largariam na frente, considerando o histórico desenvolvido com o treinador.

Mas o técnico já surpreendeu antes e é exigente o suficiente para que ninguém se sinta acomodado com nada. Até porque Rafael e Scott são atletas jovens em progressão e podem mostrar um truque ou outro durante a fase de preparação para entrar na cabeça do selecionador. Ou o selecionador poderia pensar, de repente, num sistema com dupla armação, abrindo mão de um de seus alas para carregar mais um organizador em seu plantel. Algo que não seria de se descartar.

Será que Magnano confia em Benite como um escolta, alguém que possa ser utilizado como um segundo armador diante de uma defesa mais pressionada, para desafogar Huertas? No Pré-Olímpico de 2011, ele exerceu essa função, assim como no Pan desse mesmo ano. Se a resposta for positiva e/ou caso o argentino opte por uma lista mais de acordo com a “regra” – quem a escreveu é que eu não sei –, aí dois jogadores de muito futuro serão cortados.

*  *  *

No grupo do perímetro, Alex e Marquinhos são barbadas, enquanto Arthur e Benite são os outros convocados com essa nomenclatura. Dois bons jogadores, bastante diferentes, mas que não são intocáveis – Arthur oferece um excelente chute de três pontos da zona morta (45,3% no último NBB), se move bem pela quadra sem a bola e tem um pouco mais de altura, embora nunca tenha sido conhecido como um reboteiro (apanhou míseros 2,7 por jogo na liga nacional); Benite dá mais velocidade na saída de contra-ataque, ajuda a conduzir a gorducha e também mata de fora (45,6%, mas tem baixo aproveitamento de dois pontos em 48,7%, um número preocupante considerando sua explosão física). O caçulinha Leo Meindl também se junta ao grupo como convidado, e isso já não quer dizer muita coisa, não. Todos os que estiverem treinando em São Paulo vão ter chances.

*  *  *

Quanto ao garrafão? É provável que Faverani nem venha, então praticamente não há margem para troca. Espere ver doses cavalares de Guilherme Giovannoni jogando como um ala-pivô aberto, mais uma predileção de Magnano demonstrada nos últimos campeonatos – nas quartas de final de Londres 2012 contra a Argentina, ficou um tempão em quadra nessa função, por exemplo, e esse também é um papel que Guilherme cumpre desde a base, inclusive com bons anos na Europa. Caio Torres, vejam só, já é um veterano a essa altura. Rafael Hettsheimeir não teve muitas chances pelo Real Madrid durante a temporada e chega descansado e babando.  Augusto também tem tinha muito o que provar (cortado por conta de uma hérnia de disco, infelizmente), assim como Rafael Mineiro. Por fora vai correr Cristiano Felício, que tem a idade de Augusto, Raul e Luz, mas é muito mais cru e inexperiente. Vem de uma ótima Universíade – foi bem melhor lá do que Lucas Mariano –, é muito forte e tem muito potencial. É de se imaginar que cinco desse grupo estejam na lista final.

*  *  *

Para constar, por enquanto o técnico argentino tem em mãos o seguinte:

Alex Ribeiro Garcia – Ala – 33 anos – 1,91 m
Arthur Luiz Belchior Silva – Ala – 30 anos – 2,00 m
Augusto Cesar Lima – Ala/Pivô – 21 anos – 2,08 m
Caio Aparecido da Silveira Torres – Pivô – 26 anos – 2,11 m
Guilherme Giovannoni – Ala/Pivô – 33 anos – 2,04 m
Larry James Taylor Jr – Armador – 32 anos – 1,85 m
Marcelo Tieppo Huertas – Armador – 29 anos – 1,91 m
Marcus Vinicius Vieira de Souza – Ala – 29 anos – 2,07 m
Raul Togni Neto – Armador – 20 anos – 1,85 m
Rafael Freire Luz – Armador – 21 anos – 1,88 m
Rafael Ferreira de Souza – Ala-pivô – 25 anos – 2,09 m
Rafael Hettsheimeir – Pivô – 27 anos – 2,08 m
Vitor Alves Benite – Ala-armador – 23 anos – 1,90 m

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Scott Michael Machado – Armador – 23 anos – 1,85 m (Ainda por vir
Vitor Luiz Faverani Tatsch – Ala-pivô – 25 anos – 2,10 m (Vai saber)

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Os convidados Cristiano Felício, Leo Meindl e Lucas Mariano.


Há 15 anos, a Espanha descobria Gasol, Navarro e sua geração de ouro no basquete
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Giancarlo Giampietro

Enquanto as últimas peças ainda caem no dominó do mercado da NBA, temos um tempinho para aqui para dar uma pausa nessa maratona.

A foto aí cima já varia um post por conta própria. Só ela, sem preciar dizer mais nada.

Vocês reconhecem alguns dos indivíduos? No centro da foto, quem é aquele garotão ali debaixo do sovaco direito do sujeito (Aparecido! Metido! Só dá ele de agasalho!)? E esse exibidão aí está agarrando seu braço esquerdo no cangote de quem? Do lado desse cangote, olha o pirulão!

Vamos identificando, então, da esquerda para a direita: Drame, López Valera, Berni, Bueno, Herráis, Calderón, Raúl, Germán, Felipe, Pau, Cabezas e Navarro. Esse é o modo como são conhecidos por quem tem afinidade.

Já sacou, né?

Estamos hablando da jovem seleção espanhola sub-20 campeã europeia em 1998, lá numa terra chamada Varna, que fica na Bulgária. Há 15 anos, esse apanhado de molecotes conquistaria um título que abriria uma era dourada para o basquete deles.

O cotovelo esquerdo de Felipe Reyes cobre aquele que viria a ser La Bomba, sem nenhum pelo nenhum na cara. Assim como está limpa a face do pirula Gasol, numa época em que o irmão Marc deveria beirar apenas o 1,95 m de altura, gordotinho que só no quintal da família – tinha 13 anos. Será que já enterrava? O de agasalho é o Raúl López, na época O Futuro Armador da Espanha – esse, sim, escolhido para suceder John Stockton em Utah, mas que teve uma carreira muito acidentada por lesões. Ao seu lado direito, o José Calderón, aquele que viria a liderar seus companheiros no futuro, de fato. Enquanto o Cabezas, penúltimo, seria seu escudeiro. Muita história.

Desse grupo, alguns poucos ficaram pelo caminho.

Souley Drame, ou Souleymane Drame Kamara, foi um deles. Para se ter uma ideia, no site da ACB seu nome estava identificado como “Dramec”, com o “c” sobrando. Foi difícil  encontrá-lo na rede (quer dizer, “difícil”, levou uns cinco hits no Google – aposto que o vizinho da frente do QG 21, de sete anos, faria mais rápido). Ele nasceu na Nigéria e foi desenvolvido nas tradicionais categorias de base do Badalona, de Rubio e Rudy Fernández. Subiu ao profissional pelo clube, mas nunca vingou e vagou pelas divisões abaixo da elite. Aposentou-se em 2011 pelo time B do Barcelona. 🙁

Félix Herráiz nem página na Wikipedia tem. Um texto de 2009 no site da FEB, a CBB deles, que nos ajuda a falar sobre seu paradeiro. A manchete: “O júnior de ouro no esquecimento”. Já viu, né? Nascido nos arredores de Valência, era o camisa 12 e viu sua carreira ser sabotada por uma grave lesão no joelho. Abandonou as quadras em 2002 e virou técnico.

José López Valera se formou na base do Real Madrid, mas também não foi muito longe no profissional, tendo nessa conquista juvenil o maior feito de seu currículo (un junior de oro toda a vida). O pivô Antonio Bueno teve uma carreira sólida na ACB até 2010 (quando sofreu um feio acidente de carro), assim como Berni Rodríguez, que jogou por um tempão na seleção principal. O pivô Germán Gabriel, companheiro de Lucas Bebê no Estudiantes, talvez viva hoje sua melhor fase. O restante dispensa comentários.

Para o basquete espanhol, essa imagem deve ser a mais rica de toda a sua história, aquela mais cheia de significados.

Das dez medalhas que o país conquistou em Eurobaskets, metade foi conquistada de 2001 para cá. As outras cinco saíram entre 1935 e 1999. Mundial? Apenas o ouro de 2006. Olimpíadas? Ok, uma prata em 1984, mas duas em 2008 e 2012.  Dá para ter uma ideia do que foi a Roja antes e depois dessa geração, né?

Quer ver mais fotos deles adolescentes? Aqui no site da Liga ACB.

*  *  *

Pau Gasol, creiam, terminou aquele europeu sub-20 com médias de 6,4 pontos e 3,7 rebotes (veja todas as estatísticas), jogando pouco mais de 12 minutos por partida – jogu menos que Drame, ala atlético, que tinha mais de 20 minutos por embate. Dois anos mais tarde, Pau seria a escolha número três do Draft da NBA, logo atrás de Kwame Brown e Tyson Chandler.

*  *  *

Juan Carlos Navarro foi o cestinha do time espanhol na campanha, com 14,6 pontos por jogo. Durante a campanha, ele atirou em média 4,0 bolas de três pontos por duelo, acertando 43,8% delas. La Biribinha!

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Raúl López acumulou 203 minutos em oito jogos, com 26 assistências. Calderón? Apenas 79 minutos em sete, com apenas dois passes para a cesta.

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No Brasil? Luiz Gomes resgatou no Draft Brasil ainda este ano um artigo antigo de Guilherme Tadeu para falar sobre o fiasco que é o nosso basquete na hora de aproveitar seus talentos da base, mesmo aqueles que conseguem algum sucesso pelas seleçãozinhas. Se tiver estômago, clique nos links acima. Enquanto Guilherme falava de uma turma de 1999, Luiz nem precisou ir muito longe, resgatando a trupe semifinalista do Mundial de 2007 para detectar o quão enferrujada e é a nossa máquina de desperdiçar talentos.


Seleção ‘estudantil’ patina na Universíade, mas Cristiano Felício mostra serviço para Magnano
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Giancarlo Giampietro

Seleção brasileira de novos, vulgo universitária

Chamem os universitários: Cristiano é o terceiro da esquerda para a direita. Crédito: Wander Roberto/CBDU

É bastante complicado escrever um texto sobre uma competição da qual você não assistiu a nenhuma partida sequer. Mas vamos tentar fazer isso, depois de dar uma fuçada nas estatísticas de todas as oito partidas da seleção masculina na Univesíade que se encerrou nesta terça-feira, em Kazan, nos confins da Rússia.

Primeiro um dado, digamos, curioso: na ficha dos 12 atletas inscritos na modalidade pela CBDU (Confederação Brasileira de Desporto Universitário), consta uma e única instituição de ensino superior. A onipresente Faculdade de Tecnologia e Ciências de Salvador, a FTC, nossa velha conhecida dos tempos do Campeonato Nacional organizado pela CBB. Sim, segundo consta no site oficial dos Jogos, a FTC tem 100% de adesão entre nossos basqueteiros. Espero que estejam estudando bastante.

O mais, digamos, interessante é que neste grupo está incluso até mesmo o pivô Rafael Maia, jogador revelado pelo Paulistano e que hoje está em atividade na NCAA, defendendo a prestigiada universidade de Brown, da Ivy League, a elite intelectual do circuito universitário norte-americano. Talvez ele esteja lá só por hobby. Né?

(Detalhe, para os que não estão cientes do grupo: estamos falando de uma parte da chamada seleção brasileira de novos, recém-montada pela CBB, dirigida pelo campeão nacional José Neto, reunindo atletas com idade máxima de 24 anos.)

Deixando essa pequena anedota registrada, falemos de quadra. O Brasil fez uma campanha medíocre: quatro vitórias e quatro derrotas, 50% de aproveitamento. O problema: bateu China, Chile, Finlândia e Noruega. Perdeu para Lituânia (na primeira fase), Canadá (nas quartas) e, aí o bicho pega, Romênia e Estônia (na disputa pelo quinto lugar). Acabou ficando em oitavo. A coisa desandou a partir da eliminação diante dos canadenses, pelo jeito.

O Brasil jogou lá com uma turminha jovem – mas esse era o caso de toda a concorrência. Considerando que só estávamos com profissionais por lá – ok, Rafael Maia está em Brown e Cristiano Felício, numa prep school americana, mas já disputaram os campeonatos para valer daqui –, não dá para escrever outra coisa a respeito do resultado que não “decepcionante”.

De todo modo, deu para pescar um dado positivo: o desempenho do pivô Cristiano Felício. Sabe quem, né? Aquele garoto extremamente promissor revelado pelo Minas Tênis e que pegou as trouxas e partiu para os Estados Unidos, em busca de uma carreira… Universitária. Estava namorando a universidade de Oregon, de certo modo tradicional, mas não se sabe se teve as notas necessárias para ganhar uma bolsa. Agora já diz que pode voltar ao NBB para defender o Flamengo na próxima temporada.

Felício completou 21 anos agora no dia 7 de julho. Então não estamos falando da revelação mais jovem que temos por aí. Mas ele começou tarde no jogo, no interior de Minas Gerais, até chegar a um clube minimamente estruturado para se desenvolver. Muito forte, rápido nos pés, com ótimas mãos, é um talento de enorme potencial. Aparentemente, a temporada que passou nos Estados Unidos ajudou a deixá-lo ainda mais afinado.

Em oito partidas, o pivô teve médias de 15,6 pontos e 7,2 rebotes em 23,5 minutos, em sua terceira participação em um torneio de nível internacional entre, vá lá, adultos – ele também participou da péssima campanha brasileira no Pan de Guadalajara 2011 e disputou o Sul-Americano do ano passado. O mais impressionante foi seu aproveitamento dos arremessos de quadra 70% de acerto, além dos 73% na linha de lance livre. Dominante.

Você pode levantar a mão e falar tranquilamente: poxa vida, mas contra o Chile universitário, até eu, né?

Sim, até você, amigão.

(Para constar, contra os chilenos ele teve 28 pontos em (14/17 FG), 8 rebotes, 3 assistências e 2 roubos de bola em… 18 minutos, hehehe.)

Mas, enfrentando concorrência muito mais dura, o rapaz se saiu bem também. Vejamos contra a Lituânia vencedora do grupo brasileiro na primeira fase: foram 20 pontos (8/13 FG), 12 rebotes, 3 tocos e 2 roubos de bola, em 30 minutos. Naaaada mal também, hein? E que Lituânia era essa? Olha, não vou bancar o estelionatário aqui e arriscar dizer que eram todos craques e tal. Mas eles escalara atletas de ótimas campanhas em torneios de base. E tem outra: lá funciona mais ou menos como o nosso futebol: reúna 12 gatos pingados na rua, e você deve ter um time bom. Contra o Canadá – cujos jogadores tenho uma melhor noção –, sua atuação já não foi das melhores. Teve problemas de falta e foi limitado a apenas 10 pontos (5/7) e 2 rebotes em 20 minutos. Notem, porém, que seu percentual de conversão dos arremessos é sempre altíssimo.

Para uma seleção capenga de pivôs nesta temporada, taí algo para Magnano observar com carinho.


Ida imediata de Bebê e Raulzinho para a NBA depende de projetos específicos dos clubes
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Giancarlo Giampietro

O agente e a garotada

Aylton e os dois draftados: trabalho sério para desenvolver a rapaziada

Essa talvez seja a pergunta que ronda a cabeça de uma boa parte de vocês, viciados em basquete, que não têm muito mais o que fazer da vida, que ficam vagando por aí chutando pedrinhas e imaginando qual será a rotação de seu time, nesses últimos e nestes próximos dias: será que Lucas Bebê e Raulzinho vão jogar na NBA já na próxima temporada?

Por uma cortesia do companheiro Murilo Borges, antenadíssimo jornalista da Rádio Bradesco Esportes FM, temos aqui algumas respostas que, embora não definitivas, ajudam a elucidar o que está em jogo para os dois promissores brasileiros no momento.

Murilo bateu um longo papo com o ex-jogador da seleção brasileira, Aylton Tesch, hoje um importante agente de atletas internacionais, cuja cartela vai de gente como Anderson Varejão, Nenê e Ricky Rubio até Nikola Mirotic, o astro do Real Madrid. A entrevista vai ao ar na sexta-feira, no programa Sports All the Time (que ele toca ao lado de Ivan Zimmerman).

Desta conversa, o que dá para tirar basicamente: não há ansiedade alguma por parte do agente – que é sócio do temido (pelos dirigentes) Dan Fegan – de levar os garotos para a NBA agora. O que não quer dizer que possa acontecer. Zelando pela carreira dos dois, ele espera que Atlanta Hawks e Utah Jazz tenham algum plano de desenvolvimento pronto para seus clientes, caso os queiram na liga para já.

“Não tem por que fazer uma mudança drástica, nem forçar para que levem este ano, se não tiver um planejamento. É assim que muitas carreiras se perdem”, afirma Aylton. Para ser justo, a resposta se referia apenas a Lucas. Mas dá para imaginar que o processo seja o mesmo para o armador.

Sobre o pivô, em específico, uma das primeiras preocupações se referem, naturalmente, ao seu físico franzino. Qual seria a melhor forma de desenvolver isso – e o quanto ele realmente precisa encorpar? Ao mesmo tempo, não adianta se fortalecer, se não for para jogar. E aí a diretoria do Hawks tem de entregar um projeto satisfatório.

“Se você tem uma franquia por trás, tentando desenvolver o jogador, lá nos Estados Unidos o foco da parte física é outro. Se ele focar em ganhar dez quilos em três meses, ele consegue. Mas ele só vai para a NBA se o time tiver um plano de evolução para ele”, diz o agente. “Tem de planejar algo para que eu me sinta bem e o atleta também. Se for para colocá-lo lá hoje e deixá-lo de lado, melhor deixar jogando na ACB, que é a segunda maior liga do mundo, na qual ele vai jogar mais de 25 minutos.”

Maaaas…

“Se o Atlanta falar que vai dar de cinco a dez minutos de jogo para o Lucas e que, no final do ano, ele vai estar com 15 kg a mais de massa magra muscular e que vão fazer um trabalho extraquadra, de vídeo, para ele poder aprender mais o jogo da NBA, vale mais a pena do que se ele for jogar 25 minutos na Espanha, onde para condicionamento físico eles só querem que os atletas corram.”

Essa declaração acima é crucial. Se Danny Ferry e o técnico Mike Budenholzer estiver de acordo – e não parece nada absurdo, convenhamos –, Lucas deve assinar agora mesmo com o Hawks, pagando sua multa rescisória ao Estudiantes, na Espanha.

O Atlanta contratou nesta segunda-feira o experiente Elton Brand, que chega para fortalecer uma rotação que estava reduzida, até, então, a Al Horford e Paul Millsap. Ter Brand no banco é importante porque tira qualquer pressão do caminho de Bebê – ele não está pronto para ficar muito tempo em quadra por uma equipe que obviamente mira a vaga nos playoffs novamente.

Não dá para descartar que Ferry ainda contrate mais um veterano barato como seu quarto grandalhão na rotação, embora o ala Demarre Carroll possa assumir esse papel, numa formação de small-ball que deve ser empregada por Budenholzer. O segundanista Mike Scott também é um candidato, apresentando um jogo desenvolvido na liga de verão de Las Vegas desta semana. Sobrariam, então, alguns minutinhos para Bebê ou para o outro novato da equipe, Mike Muscala – mais maduro, mas também um pouco frágil fisicamente? Ainda não dá para saber.

“Hoje o que eu tenho em mente: se ele for para a Espanha, tenho essa conversa mais ou menos acertada de que o Atlanta Hawks mandaria um preparador físico para cuidar dele duas ou três vezes na semana. Então estou planejamento para que, aonde quer que ele esteja, ele vai desenvolver, seja na NBA ou na ACB”, assegura Aylton.

Sobre Raulzinho? Bem, o Utah Jazz era identificado por seu time com um clube em potencial para o armador. Afinal, sua posição era uma carência do elenco. A franquia, porém, investiu duas primeiras escolhas de Draft para contar com Trey Burke, o jogador do ano do basquete colegial. Isso muda de modo significativo o encaminhamento dessa negociação.

“Será que é a hora de ir para a NBA agora com dois armadores novatos no mesmo time? Ou será que é a hora de buscar um time (na Europa) um pouco mais forte, pelo qual possa estar jogando talvez na Euroliga ou EuroCup e ACB ao mesmo tempo, fazendo dois jogos (por semana)? É a decisão que agora nos cabe tomar”, diz o agente.

E, neste ponto, ais uma peça do dominó do mercado da liga norte-americana caiu nesta segunda: segundo a ESPN.com, o armador John Lucas III, ex-Bulls e Raptors, já está apalavrado com o Utah e chega como uma espécie de apólice de seguro. Afinal, o badalado Burke viveu dias infernais em Orlando na semana passada, e não foi por causa do calor. O garoto foi muito mal na primeira liga de verão do ano e bombou em muitos quesitos, preocupando muita gente. Mas não será um fiasco desses que fará a franquia desistir do atleta, claro. O que fica claro é qeu ele precisará de muita ajuda de seus treinadores. E, com tanta atenção assim dedicada ao “titular”, talvez não seja o caso de Raul fazer a transição neste ano, mesmo.

Agora, tem muito mais no bate-papo com Aylton. Ele detalha como é o dia de Draft para um agente de atletas, por exemplo. Vale conferir na íntegra na sexta. Aqui está o site da rádio.