Vinte Um

Ida imediata de Bebê e Raulzinho para a NBA depende de projetos específicos dos clubes

Giancarlo Giampietro

O agente e a garotada

Aylton e os dois draftados: trabalho sério para desenvolver a rapaziada

Essa talvez seja a pergunta que ronda a cabeça de uma boa parte de vocês, viciados em basquete, que não têm muito mais o que fazer da vida, que ficam vagando por aí chutando pedrinhas e imaginando qual será a rotação de seu time, nesses últimos e nestes próximos dias: será que Lucas Bebê e Raulzinho vão jogar na NBA já na próxima temporada?

Por uma cortesia do companheiro Murilo Borges, antenadíssimo jornalista da Rádio Bradesco Esportes FM, temos aqui algumas respostas que, embora não definitivas, ajudam a elucidar o que está em jogo para os dois promissores brasileiros no momento.

Murilo bateu um longo papo com o ex-jogador da seleção brasileira, Aylton Tesch, hoje um importante agente de atletas internacionais, cuja cartela vai de gente como Anderson Varejão, Nenê e Ricky Rubio até Nikola Mirotic, o astro do Real Madrid. A entrevista vai ao ar na sexta-feira, no programa Sports All the Time (que ele toca ao lado de Ivan Zimmerman).

Desta conversa, o que dá para tirar basicamente: não há ansiedade alguma por parte do agente – que é sócio do temido (pelos dirigentes) Dan Fegan – de levar os garotos para a NBA agora. O que não quer dizer que possa acontecer. Zelando pela carreira dos dois, ele espera que Atlanta Hawks e Utah Jazz tenham algum plano de desenvolvimento pronto para seus clientes, caso os queiram na liga para já.

“Não tem por que fazer uma mudança drástica, nem forçar para que levem este ano, se não tiver um planejamento. É assim que muitas carreiras se perdem”, afirma Aylton. Para ser justo, a resposta se referia apenas a Lucas. Mas dá para imaginar que o processo seja o mesmo para o armador.

Sobre o pivô, em específico, uma das primeiras preocupações se referem, naturalmente, ao seu físico franzino. Qual seria a melhor forma de desenvolver isso – e o quanto ele realmente precisa encorpar? Ao mesmo tempo, não adianta se fortalecer, se não for para jogar. E aí a diretoria do Hawks tem de entregar um projeto satisfatório.

“Se você tem uma franquia por trás, tentando desenvolver o jogador, lá nos Estados Unidos o foco da parte física é outro. Se ele focar em ganhar dez quilos em três meses, ele consegue. Mas ele só vai para a NBA se o time tiver um plano de evolução para ele”, diz o agente. “Tem de planejar algo para que eu me sinta bem e o atleta também. Se for para colocá-lo lá hoje e deixá-lo de lado, melhor deixar jogando na ACB, que é a segunda maior liga do mundo, na qual ele vai jogar mais de 25 minutos.”

Maaaas…

“Se o Atlanta falar que vai dar de cinco a dez minutos de jogo para o Lucas e que, no final do ano, ele vai estar com 15 kg a mais de massa magra muscular e que vão fazer um trabalho extraquadra, de vídeo, para ele poder aprender mais o jogo da NBA, vale mais a pena do que se ele for jogar 25 minutos na Espanha, onde para condicionamento físico eles só querem que os atletas corram.”

Essa declaração acima é crucial. Se Danny Ferry e o técnico Mike Budenholzer estiver de acordo – e não parece nada absurdo, convenhamos –, Lucas deve assinar agora mesmo com o Hawks, pagando sua multa rescisória ao Estudiantes, na Espanha.

O Atlanta contratou nesta segunda-feira o experiente Elton Brand, que chega para fortalecer uma rotação que estava reduzida, até, então, a Al Horford e Paul Millsap. Ter Brand no banco é importante porque tira qualquer pressão do caminho de Bebê – ele não está pronto para ficar muito tempo em quadra por uma equipe que obviamente mira a vaga nos playoffs novamente.

Não dá para descartar que Ferry ainda contrate mais um veterano barato como seu quarto grandalhão na rotação, embora o ala Demarre Carroll possa assumir esse papel, numa formação de small-ball que deve ser empregada por Budenholzer. O segundanista Mike Scott também é um candidato, apresentando um jogo desenvolvido na liga de verão de Las Vegas desta semana. Sobrariam, então, alguns minutinhos para Bebê ou para o outro novato da equipe, Mike Muscala – mais maduro, mas também um pouco frágil fisicamente? Ainda não dá para saber.

“Hoje o que eu tenho em mente: se ele for para a Espanha, tenho essa conversa mais ou menos acertada de que o Atlanta Hawks mandaria um preparador físico para cuidar dele duas ou três vezes na semana. Então estou planejamento para que, aonde quer que ele esteja, ele vai desenvolver, seja na NBA ou na ACB”, assegura Aylton.

Sobre Raulzinho? Bem, o Utah Jazz era identificado por seu time com um clube em potencial para o armador. Afinal, sua posição era uma carência do elenco. A franquia, porém, investiu duas primeiras escolhas de Draft para contar com Trey Burke, o jogador do ano do basquete colegial. Isso muda de modo significativo o encaminhamento dessa negociação.

“Será que é a hora de ir para a NBA agora com dois armadores novatos no mesmo time? Ou será que é a hora de buscar um time (na Europa) um pouco mais forte, pelo qual possa estar jogando talvez na Euroliga ou EuroCup e ACB ao mesmo tempo, fazendo dois jogos (por semana)? É a decisão que agora nos cabe tomar”, diz o agente.

E, neste ponto, ais uma peça do dominó do mercado da liga norte-americana caiu nesta segunda: segundo a ESPN.com, o armador John Lucas III, ex-Bulls e Raptors, já está apalavrado com o Utah e chega como uma espécie de apólice de seguro. Afinal, o badalado Burke viveu dias infernais em Orlando na semana passada, e não foi por causa do calor. O garoto foi muito mal na primeira liga de verão do ano e bombou em muitos quesitos, preocupando muita gente. Mas não será um fiasco desses que fará a franquia desistir do atleta, claro. O que fica claro é qeu ele precisará de muita ajuda de seus treinadores. E, com tanta atenção assim dedicada ao “titular”, talvez não seja o caso de Raul fazer a transição neste ano, mesmo.

Agora, tem muito mais no bate-papo com Aylton. Ele detalha como é o dia de Draft para um agente de atletas, por exemplo. Vale conferir na íntegra na sexta. Aqui está o site da rádio.