Vinte Um

Arquivo : Joel Anthony

A invasão canadense está em marcha, já como ameaça no Rio 2016
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Giancarlo Giampietro

A geração NBA canadense

A geração NBA canadense é vasta

Quando Kelly Olynyk fez sua estreia pela seleção do Canadá, no Mundial de 2010, chamou a atenção. Tinha 19 anos apenas e era um ala-pivô já bastante dinâmico, com 2,11m de altura e flutuando pelo perímetro de modo bastante fluente. Ele foi talvez o único ponto positivo de uma equipe que perdeu todos os seus cinco jogos pela primeira fase, inclusive para o Líbano na estreia. Naquele plantel com predominância de veteranos, Joel Anthony, reserva do Miami Heat, era o único representante da NBA convocado, enquanto o técnico Leo Rautins sonhava com uma possível reapresentação de Steve Nash. Não aconteceria, e o país enfrentava um período em que mesmo a mediocridade em competições Fiba parecia inalcançável.

Para o então atleta da Universidade de Gonzaga, a experiência foi incrível. “Teve uma importância enorme para mim. Foi meu primeiro verão com a seleção adulta, e eu realmente era o mais jovem ou o segundo mais jovem do torneio (PS: era o segundo, mesmo, perdendo para um armador chamado Raul Neto, que tinha 18 anos. Conhecem?). O nível de talento que fui ver ali pela primeira vez foi de abrir os olhos. Era um Mundial. Embora não tenhamos ido bem como coletivo, foi uma competição muito legal e que me ajudou a ganhar confiança para ver que podia enfrentar atletas de ponta, ver que tinha talento para estar ali.”

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Como as coisas mudaram em cinco anos, hein? Na Copa América que se inicia nesta segunda-feira, na Cidade do México, uma coisa está clara: o Canadá é o time a ser batido, como o grande favorito a uma das duas vagas olímpicas que estão em jogo. O próprio Olynyk admite isso. Depois de um longo período de vacas magras,  a presença de Nash, agora gerente do time, nem se faz mais necessária em quadra. Dos 12 atletas que o país inscreveu na competição, nove estão sob contrato com franquias da NBA. Poderiam ser 12, na verdade, não fosse uma lesão sofrida pelo armador Tyler Ennis, do Milwaukee Bucks, a arrastada negociação do pivô Tristan Thompson com o Cleveland Cavaliers, e o fato de o ala Trey Lyles ter acabado de chegar ao Utah Jazz.

“Somos canadenses e agora estamos nos encontrando a todo momento na liga, o que ajuda a reforçar essa conexão. É legal pensar, conversar a respeito, pois é o momento em que poderemos nos unir para representar nosso país, vestir a camisa. É algo que tem de ser encarado de modo especial”, disse o hoje ala-pivô do Boston Celtics, em entrevista ao VinteUm gravada em fevereiro, em Nova York, durante a cobertura do NBA All-Star Weekend.

Em 2010, Olynyk estreava pela seleção ao lado de Sacre (ao fundo)

Em 2010, Olynyk estreava pela seleção ao lado de Sacre (ao fundo)

As origens
No corre-corre de um fim de semana das estrelas da liga norte-americana, o jornalista precisa ficar atento e aproveitar qualquer brecha. Especialmente um forasteiro do Brasil, que não tem tantas oportunidades assim para entrar em contato com os grandes protagonistas de lá, os jogadores. Fui a convite do canal Space, tendo a oportunidade de ficar no mesmo hotel que toda a imensa equipe da Turner, que tem um verdadeiro time dos sonhos em seu elenco de transmissão. Dentre os ex-jogadores, o nome de Rick Fox definitivamente não é dos mais chamativos, se comparado com Barkley, Shaq, Grant Hill, Isiah… Por outro lado, em termos de desenvoltura em frente às câmeras, até por ter sido um ator (de verdade), talvez o ex-ala que dividiu seu tempo simplesmente entre Boston Celtics e  Los Angeles Lakers seja imbatível. Até por isso, naquele domingo, 15 de fevereiro, estava escalado para ser algo como o mestre de cerimônias do Jogo das Estrelas, em pleno Madison Square Garden, diante dos milhares de malas nova-iorquinos presentes e de milhões de espectadores do outro lado da câmera.

Não era o melhor dia para abordar Fox, ainda que fosse pela manhã. Mas foi o instante em que este blogueiro aqui não estava desesperado para sair do hotel e chegar a algum evento a tempo, encarando o frio lá fora e um joelho machucado (a pior combinação possível, veja só). E o cara estava só de roupa esportiva, como se estivesse preparado para um treino leve em quadra — em vez do terno e do casacão que usaria à noite e que, juntos, deveriam valer pelo menos o quíntuplo de toda a minha bagagem. Então você se aproxima do cara e pergunta se dava para falar uns minutinhos.

A seleção do Mundial de 94 tinha Nash (terceiro da esquerda para direita entre os sentados) e Fox (terceiro da direita para a esquerda)

A seleção do Mundial de 94 tinha Nash (terceiro da esquerda para direita entre os sentados) e Fox (terceiro da direita para a esquerda)

Foi coisa bem rápida, mesmo, e o tema era essa invasão recente promovida por seus conterrâneos. Por muito tempo, ele foi O Canadense do pedaço, antes de Steve Nash se soltar pelo Dallas Mavericks e virar um embaixador do outro jogo bonito pelo Suns ou de um pivô limitado e trombador como Jamaal Magloire ser agraciado com uma seleção para o All-Star de 2004. Quando Fox chegou ao Celtics em 1992, apenas dois compatriotas estavam empregados na liga. Não à toa, ambos faziam o perfil de lenhador e, curiosamente, também integraram dois times históricos: Bill Wennington, reserva de Luke Longley no tricampeonato do Bulls de 1996-98, e Mike Smrek, coadjuvante do coadjuvante no showtime bicampeão Do Lakers em 1987 e 88, tendo jogado gloriosos 67 minutos nos playoffs.

Embora, no Lakers de Shaq, Kobe e Mestre Zen, tenha tido papel muito mais relevante que o desses conterrâneos, Fox nunca foi um cestinha explosivo, nem mesmo em seu auge atlético, tendo chegado aos 15,4 pontos por jogo pelo Celtics na temporada 1996-97, aqueles anos depressivos pós-Larry Bird. Com seu jogo de arroz com feijão e habilidades defensivas, o ala não aparecia no SportsCenter, nem nos clipes semanais do NBA Action. Por isso, sorri ao dizer que “bem que gostaria de ter alguma importância” no boom basqueteiro que vive sua cidade, Toronto, e seu país. “Mas não posso assumir nenhum crédito nisso”, afirma.

“Para mim, um cara como Vince Carter foi muito mais importante nesse surgimento sem precedentes de talentos de ponta. Ele era o cara das enterradas, dos grandes momentos que acabam inspirando um monte de crianças a pegar a bola e ir para o parque, ou o quintal de casa. Aquele período do Raptors com ele foi fundamental para isso”, afirma o hoje repórter-apresentador-faz-tudo da TNT. “E aí veio o Steve, com dois prêmios seguidos de MVP, para, talvez, reforçar uma espécie de orgulho nacional na cabeça desses garotos.”

Raptors, de Damon Stoudamire, e Grizzlies, com Blue Edwards e Greg Anthony, no ano de estreia das franquias. Vince Carter chegaria depois, fazendo muito sucesso

Raptors, de Damon Stoudamire, e Grizzlies, com Blue Edwards e Greg Anthony, no ano de estreia das franquias. Vince Carter chegaria depois, fazendo muito sucesso

Jama Mahlalela, assistente técnico do Toronto Raptors que trabalha diariamente com Bruno Caboclo, concorda em partes com seu compatriota. Para ele, mais que indivíduos, foi a criação de dois clubes da NBA no país em 1995 (mesmo quer a vida do Vancouver Grizzlies tenha sido curta, de seis anos) foi determinante. “Acho que ter essas equipes lá foram a fundação que permitiram que esse surgimento de jogadores fosse possível”, diz. Faz sentido. Se realizadas em Oakland, sede do Golden State Warriors, time que originalmente o selecionou no Draft, as acrobacias de Carter talvez não tivessem impacto algum na metrópole canadense.

Fato, hoje, é que, de acordo com o Basketball Reference, 26 jogadores nascidos em solo canadense já atuaram na NBA. Ironicamente, “Steve” — o Nash, no caso — não consta nessa lista, por ter vindo à luz na África do Sul, assim como Robert Sacre, que vem de Baton Rouge, na Luisiana. Samuel Dalembert, haitiano naturalizado, seria outra menção relevante, mas acho que nem a federação do Canadá faz questão de contá-lo, depois de sua desastrosa passagem pela seleção nacional em 2007 e 2008, arrumando encrenca com todos até ser banido do time em pleno Pré-Olímpico mundial de Atenas pelo técnico Leo Rautins, este, sim, considerado uma espécie de pioneiro do país ao draftado na 17a. posição em 1983, pelo Philadelphia 76ers, mas sem ter conseguido levar sua carreira profissional adiante, se desligando da liga já em 1985.

Na temporada passada, estiveram em quadra 13 atletas: Nash e Sacre (Lakers), Olynyk, Andrew Wiggins e Anthony Bennett (pelo Wolves), Nik Stauskas e Sim Bhullar (Kings), Andrew Nicholson (Magic), Cory Joseph (Spurs), Dwight Powell (Celtics e Mavs), Thompson (Cavs), Ennis (Suns e Bucks) e Anthony (Celtics e Pistons), algo bem diferente da liga que Fox encontrou no início dos anos 90. Para o próximo campeonato, essa quantia pode ser mantida, com a saída do gigantão Sim Bhullar, dispensado pelo Kings, e a aposentadoria de Nash, mas com a chegada do ala-pivô Trey Lyles, do Utah Jazz, enquanto o ala Melvin Ejim, convocado para a Copa América, tem um contrato sem garantias com o Orlando Magic, precisando se provar no training camp.

A sensação Andrew Wiggins, em sua estreia pela seleção adulta

A sensação Andrew Wiggins, em sua estreia pela seleção adulta

Chumbo grosso
O selo NBA, goste-se ou não, causa alvoroço. Nem sempre significa qualidade indiscutível, como Sacre e o atlético Ejim podem dizer. Mas a quantidade de atletas na grande liga impressiona, de todo modo, e praticamente garante ao país um time decente ano após ano, mesmo que aconteça uma evasão em massa. Só a família Joseph, com Cory, agora do Raptors, o ala Kris (ex-Celtics) e DeVoe (cortado do grupo final para o Pan) tem três selecionáveis, caceta.

E muito mais virá por aí, com uma horda espalhada pelo basquete universitário dos Estados Unidos. O armador Jamal Murray é o destaque, já prometendo para fazer um grande campeonato por John Calipari em Kentucky. No geral, as seleções de base do país também vêm obtendo bons resultados internacionais. Segundo reportagem da Forbes, o basquete já é mais popular que o hóquei entre os jovens de lá. Segura.

A despeito da quase garantia de novos nomes no futuro, a atual base é jovem o bastante para se entrosar e crescer harmoniosamente de olho em futuras Copas do Mundo e Olimpíadas. Além do mais, com os bastidores sempre turbulentos do mundo Fiba e a crescente tensão de dirigentes da NBA em relação à liberação de seus atletas, melhor aproveitar a chance de reunir um time tão talentoso desde já. Quanto questionado se o técnico Jay Triano, assistente do Portland Trail Blazers, havia usado os encontros com os compatriotas durante a temporada regular como oportunidades de recrutamento, Olynyk disse que isso não era necessário. “Jay é um cara muito legal, está em contato conosco, mas não sei se ele precisa nos recrutar. Afinal, é a seleção nacional. É algo de que supostamente você quer participar. Espero que os caras venham para jogar, que estejamos prontos”.

Cory Joseph está de volta à seleção. Embora jovem, é o líder do time

Cory Joseph está de volta à seleção. Embora jovem, é o líder do time

Mesmo que num nível técnico abaixo, quando estreou pela seleção principal, o atleta do Celtics estava escoltado por veteranos que o ajudaram em sua transição para a seleção nacional e que ainda estão em atividade em sólidos clubes da Europa. “Vários caras foram importantes para nós, ou pelo menos para mim no início, como Joel Anthony, Jermaine Anderson, Denham Brown, Jesse Young, Carl English. São caras que te adotam e mostram o que deve ser feito, ainda mais em competições internacionais e quando você está começando.”

No geral, o grupo canadense  é jovem, com média de 23,8 anos e nenhum trintão. English, que já foi a principal referência ofensiva da seleção por muito tempo, foi cortado precocemente do grupo da Copa América, depois de fazer um Pan-Americano bem apagado, aos 34 anos. Anderson e Anthony dessa vez não foram chamados. Desta forma, ao lado do ala Aaron Doornekamp, de 29 anos,  Olynyk, 24, aparece como uma espécie de veterano da seleção, devido à experiência acumulada em 2010 e à igualmente malsucedida Copa América de 2011. Mesmo em recuperação de uma torção de tornozelo sofrida durante a Copa Tuto Marchand, segue no grupo com uma voz de liderança, ao lado de Joseph.

A inexperiência e os ajustes às regras Fiba talvez sejam os pontos aos quais a concorrência possa mais se apegar na esperança de derrubar um badalado time que, segundo Olynyk, “jogará com um alvo nas costas”.  No torneio amistoso disputado em San Juan, Porto Rico, eles venceram jogos parelhos contra os donos da casa e os dominicanos e atropelaram o Brasil. O jogo contra a seleção brasileira em especial apresentou muitos indícios do potencial de uma equipe extremamente atlética e versátil. Foram amistosos, ok, mas eles passaram invictos. É só o começo de uma geração que pode ter mais e mais representantes em futuros All-Star Games da NBA, em quadra, entrevistados por Fox. Agora, no México, Rubén Magnano vai poder acompanhar de perto quão concreta é essa ameaça para já, pensando no Rio 2016.


Uma troca que pode influenciar a luta por título na NBA
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Giancarlo Giampietro

Jordan Crawford, quem diria, virou reforço importante para o Warriors

Jordan Crawford, quem diria, virou reforço importante para o Warriors

Ao concluir uma troca, todo gerente geral vai se sentar diante dos microfones, um pouco mais alto no palanque, com o banner de sua equipe logo atrás e sorrir e falar sobre como essa negociação vai muito de acordo com o plano  – todos têm planos mirabolantes, ou pelo menos dizem que têm –, e que a negociação os leva diretamente para esta reunião.

No dia, o discurso pode até soar convincente, e as hordas de setoristas vão apoiá-lo, repassando o “peixe vendido” para os leitores. Alguns meses depois, dependendo do contexto, essa mesma negociação pode virar alvo de chacota e até mesmo resultar numa demissão. O olho da rua, a calçada da amargura.

Bem, nesta quarta, dando continuidade a uma temporada que já vai se desenhando agitado nas movimentações de jogadores, Boston Celtics, Golden State Warriors e Miami Heat fecharam uma troca tripla em que, assim de bate-pronto, acredito que influencia positivamente o rumo de ambos os times envolvidos. Nem precisa que Danny Ainge, Pat Riley ou Bob Myers se esforcem tanto para ganharem um joinha.

O negócio, vamos lá: Celtics manda Jordan Crawford e MarShon Brooks para a Califórnia. O Warriors, em contrapartida, se desfaz de Toney Douglas, que embarcano próximo voo para a Flórida. E o Heat repassa Joel Anthony para a Beantown, com mais duas escolhas de Draft (uma de primeira e outra de segunda, mas tem mais um detalhe aqui que vamos abordar um pouco mais abaixo).

É uma toca que, se a princípio, pelos nomes de coadjuvantes envolvidos, não é de assustar tanto, né? Mas ela pode ter, sim,  um impacto imediato na disputa do título deste ano – e dos próximos, diga-se.

Para entender o que cada um está pensando com o negócio:

Boston Celtics: por mais que Brad Stevens se esforce para fazer um bom prato a cada noite, sem ter muitos ingredientes à disposição, Danny Ainge claramente não quer saber de ver seu time competindo por playoff na Conferência Leste. O negócio é o Celtics se fixar entre os piores times da liga – se for entre os três lanterninhas, melhor ainda. Então o que ele fez? Pegou seu melhor jogador na temporada até aqui – Crawford, creiam – e o enviou para bem longe dali. Além disso, Brooks não estava muito satisfeito com a falta de tempo de quadra e com a passagem pela D-League. Um chorão a menos com que se preocupar.

Quem chega é o veterano Anthony. De positivo o que ele pode oferecer? É um jogador bastante inteligente, dedicado, experiente, que serve como mentor para jovens jogadores. Faz tempo que ele não joga, enterrado no vestiário de Erik Spoelstra, mas não podemos nos esquecer que é um bom defensor, atlético, protetor do aro. Algo que Stevens não tem no momento – ou que, pelo menos, ele não julga Vitor Faverani ser. Além disso, ele tira o fardo de Kelly Olynyk de ser o único atleta canadense no elenco esmeraldino. Tem isso. Por outro lado, o pivô tem uma das munhecas mais duras da liga. Ele é praticamente incapaz de converter uma cesta que não seja em enterrada ou na bandeja – e até na bandeja corre o risco de errar (confiram abaixo). Fica a dúvida, então: Stevens precisa de um cara como esses para fortalecer sua defesa. E talvez Ainge esteja salivando para ver Anthony em quadra, apostando que ele, no fim, vai fazer de seu time algo ainda pior. Rajon Rondo retornando bem, ou não.

Agora, o mais importante, mesmo, para o chefão em Boston é a aquisição de duas escolhas de Draft. Trata-se, hoje, da mercadoria mais valiosa no mercado da NBA. Qualquer novato que entre na liga de imediato após o recrutamento, seguindo as regras salariais impostas aos primeiros anos de contrato será um jogador mal pago, comparando com a média (Tiago Splitter e Ricky Rubio, por exemplo, esperaram algum tempo para deixar a Espanha e poder negociar um contrato mais generoso, e Nikola Mirotic segue pela mesma linha). Considerando todas as restrições do novo teto salarial, a importância desse tipo de jogador na composição de um elenco se tornou gigante. É por isso que ele não se incomodou em receber o salário de US$ 3,8 milhões do pivô como contrapartida. Mesmo que a escolha de primeira rodada que ele recebe possa se transformar em duas de segunda rodada. Explicando: é um pick que vem do Philadelhpia 76ers protegido. O Celtics só terá direito a usá-lo na primeira ronda do Draft caso o Sixers faça os playoffs neste ano ou na próxima temporada. Caso não aconteça, se transformará em mais dois do segundo giro. De qualquer forma, estamos falando aqui de commodities,

Ainge pode ou usar as escolhas para a confecção de seu plantel, mesmo, ou pode juntar tudo isso num megapacote futuro em busca de novas estrelas. Basicamente, a mesma estratégia que seguiu anos atrás para atrair Kevin Garnett e Ray Allen para lá. E não duvidem da capacidade de barganha do cara. Lembrem-se que Jordan Crawford foi adquirido no ano passado em troca por um lesionado Leandrinho e Jason Collins. Hoje, ele conseguiu uma compensação muito maior por ele.

Golden State Warriors: Zach Lowe estava perguntando nesta terça-feira a respeito: por que não o Warriors? Por que não incluí-los entre os times com chance de conquistar a NBA nesta temporada? Bem, Bob Myers afirmou ao jornalista do Grantlandi com toda a confiança de uma Golden Bridge que, sim, acredita que seu time é bom o suficiente para competir no duríssimo Oeste e sonhar com o caneco. Nesta quarta, um dia depois da publicação, ele reforçou a pergunta de Lowe. “Sim, por que diabos não o Wariors!?!?”, é como fica agora o título.

Crawford chega para dar um merecido descanso a Stephen Curry e Klay Thompson, dupla que vem acumulando média acima de 37 minutos por jogo nesta temporada. É muita coisa para dois jogadores leves como esses, ainda mais para alguém com tornozelo tão frágil como Curry. E, sem Steph inteirão nos plaoffs, não há chance alguma de o time pensar grande. Com Crawford – e, talvez, Brooks, que também é um belo cestinha nato, mas talvez ainda mais inconsequente nos arremessos que arrisca –, Mark Jackson enfim vai poder dar um respiro para seus jovens astros, sem se preocupar como conseguiria fazer uma cesta usando sua segunda unidade em quadra. Resta saber apenas se Jackson conseguirá administrar sua dupla da mesma forma que Stevens fez em Boston, especialmente JC. Se tiver sucesso, o Warriors ganha mais uma peça para tentar desafiar Spurs e Thunder. Podem ter certeza de que o Coach Pop e Sam Presti anotaram o recado.

Douglas é um defensor melhor que os dois que chegam, mas vinha todo estrumbicado na temporada com lesões, sem contribuir com quase nada para a ótima campanha da equipe.

Miami Heat: Pat Riley, meus amigos e minhas amigas, não brinca em serviço. Fica o aviso: se vocês não têm muita simpatia por tudo o que representa o Miami Heat, se torcem contra os caras, é melhor parar por aqui. Pulem para a próxima, abandonem o navio. Pois, numa negociação supostamente despretensiosa dessas, o Riles deu um jeito de deixar seu clube em situação ainda mais favorável para se bancar como uma dinastia.

E, não, não é pela chegada de Douglas. O ala-armador pode ser uma terceira opção na formação da backcourt com Dwyane Wade e Ray Allen, dependendo da saúde de Mario Chalmers e Norris Cole. Quando em forma, é um jogador atlético, espevitado, que pode se encaixar no sistema de pressão total do Heat. Se tiver matando as bolas de longa distância – um quesito no qual oscila bastante –, melhor ainda. Mas não estranhe nem um pouco se ele já for dispensado de imediato.

Por que? Bem, porque o principal objetivo de Riley era ganhar a tão alardeada “flexibilidade financeira” para sua gestão. Leia-se: dar um respiro para os cofres do proprietário Micky Arison,  que é daqueles que aparece na lista da Forbes, mas certamente aceita um desconto sempre que possível. Ao se livrar do salário Anthony deste ano e, especialmente, do ano que vem, o time vai poupar mais de US$ 10 milhões em pagamentos e multas. De modo que, neste ano ou no próximo, podem investir parte dessa grana em uma nova contratação de respeito – como as de Battier, Allen, Mike Miller etc. –, sem enforcar o contador. Além disso, caso decidam nem inscrever Douglas, uma vaga no elenco desta temporada será aberta. De modo que poderiam contratar Andrew Bynum ou qualquer outro veterano (que venha a ficar disponível) disponível  sem precisar abortar o projeto Greg Oden. Larry Bird não gostou.


Caras da Copa América: Thompson e Nicholson, e as diferentes formas de se formar um garrafão canadense
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Giancarlo Giampietro

A NBA está escancarada para o talento de estrangeiros há tempos. Para alcançar a liga norte-americana, há diversas maneiras. Pergunte aos brasileiros. Temos um Nenê começando a encestar com uma tabela fincada na garupa de um jipe. Temos Leandrinho com treinamentos praticamente militares quando era um infante, um adolescente. Que tal Tiago Splitter saindo de casa aos 15 anos para morar no País Basco? E por aí vamos, com infinitas rotas até conhecer o eldorado.

Para os canadenses, as coisas têm sido um pouco mais fáceis – na verdade, estamos em um ponto que já o fluxo das revelações do país mais ao norte da América (descontado o Alaska) já nem pode ser considerado mais uma tendência, mas, sim, uma realidade irreversível. Agora, entre eles também há diferentes maneiras de se encaminhar uma carreira profissional.

É só comparar as diferentes trajetórias de Andrew Nicholson e Tristam Thompson, duas das principais apostas de uma promissora seleção, dos poucos jogadores da grande liga americana a se apresentar para a disputa da Copa América e que vão desafiar o combalido garrafão brasileiro neste domingo, terceiro dia de disputa do torneio continental.

*  *  *

Tristan Thompson no ataque

Thompson, badalado desde adolescente, destinado a jogar na NBA

Tristan Thompson, segundo tudo indica, foi sempre um destaque atlético, desde os primeiros anos de estudante em Brampton, uma das cidades englobadas pela grande Toronto. Uma significativa influência de carga genética ajuda a contar esta história. Seu irmão mais jovem, Dishawn (demais, né?), é um ala-armador já cobiçado pelas grandes universidades americanas, com previsão para se formar no colegial no ano que vem. Um primo foi destaque na NCAA e na liga de futebol canadense, como tackle defensivo. Embora os pais, de origem jamaicana, não tenham feito dinheiro com o esporte, estiveram sempre envolvidos com esse tipo de prática – o pai jogava futebol, a mãe era uma corredora – até que a necessidade de fazer a vida os levou a deixar a ilha caribenha rumo a Toronto.

Enfim, Tristan nasceu na metrópole canadense, que, vejam só, acabou ficando pequena para seus planos. Com 16 anos, deixou seu país para jogar no circuito colegial dos Estados Unidos. A primeira parada foi na Saint Benedict’s Preparatory School, ao lado do armador Myck Kabongo. Sua cotação explodiu nessa escola, entrando em seu ano de junior (o penúltimo neste nível) como o jogador mais bem ranqueado em todo o país em sua classe. Foi disputado também por muitas das principais universidades, escolhendo jogar na de Texas.

A despeito do sucesso em quadra, deixou St Benedict’s devido aos constantes conflitos com o treinador Dan Hurley. Depois de um bate-boca durante uma partida, foi afastado do time e anunciou que sairia do programa de vez. Um mero acidente de percurso, e  não demorou, claro, para que seu telefone disparasse a tocar, até que mudou-se para a prep school de Findlay. Lá, faria dupla com o armador Cory Joseh,  hoje armador titular da seleção canadense e reserva de Tony Parker no Spurs e com quem fez parceria em Texas.

Na universidade que recentemente revelou Kevin Durant e LaMarcus Aldridge, embora não tenha propriamente arrebentado, ficou apenas um ano e só – o chamado “one and done”, cada vez mais frequente desde que a NBA aumentou suas restrições para a admissão de calouros.  Aos 20, realizou aquele que parecia seu destino, selecionado no Draft de 2011 na quarta colocação pelo Cleveland Cavaliers.

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Andrew Nicholson, a finta e o contato

Andrew Nicholson, um (nerd) físico a serviço do basquete canadense

Até os 16 anos, Andrew Nicholson gostava, mesmo, era de jogar beisebol, talvez escondido dos pais. Mas ele acabou crescendo demais, correndo o risco de ficar um pouco ridículo com a indumentária deste esporte. Começou, então, a praticar basquete para valer no colegial Father Michael Goetz, em Mississauga, também nos arredores de  Toronto.

Quer dizer: “para valer” é relativo. Não está muito claro se o esporte era realmente algo planejado como algo sério para o seu futuro. Pelo menos é o que diz o técnico Mark Schmidt, da universidade de St. Bonaventure, que recrutou o praticamente desconhecido pivô depois de vê-lo em ação após uma viagem de cerca de 260 km da cidade de Olean, no estado de Nova York, para vê-lo em ação em Mississauga.

“Eu sentei com ele e seus pais depois de seu ano de calouro (já na universidade) e disse que ele poderia jogar na NBA. Eles não tinham noção disso. Para eles, era apenas livros, livros e livros. Era o modo como os pais dele encaravam as coisas, e é isso que ele faz. A ideia de uma carreira de basquete realmente nunca ocorreu para nenhum deles, então tive de explicar que havia uma chance legítima para isso”, afirmou o treinador, quando seu pupilo se preparava para o terceiro ano de NCAA, com 20 anos. “Ele calçava mais de 50, tinha mãos enormes do tamanho de uma mesa e não tinha ideia disso.”

A essa altura, os gerentes gerais já ligavam direto para Schmidt, procurando informações sobre aquele emergente jogador, de quem poucos haviam tomado nota até então, algo raro considerando a vasta rede de informações que os clubes da liga conseguem reunir. Embora já pudesse tentar o Draft de 2011, Nicholson optou por cursar o ano de senior, de modo que poderia se completar seu curso de física. A preferência, na verdade, era fazer química, mas ele teve dificuldade para conciliar os horários de estudante-atleta com classes e aulas extra no laboratório. “Ainda assim, foi desafiador”, conta Nicholson. “Mas tive a capacidade para isso. Sou muito, muito, muito bom em dividir meu tempo. Controlo até os milisegundos.”

Opa, então tá. Temos aí um raro caso de jogador profissional que optou por levar os estudos até o fim, sem medo de afetar sua outra carreira (muito mais lucrativa). Em tempos em que vemos Fabrício Melo momentaneamente desempregado, é de se pensar…

Diplomado e ainda badalado pelos scouts, depois de fazer treinos privados por 12 times diferentes em 14 dias, ele foi escolhido pelo Orlando Magic no Draft de 2012, aos 22, na posição 19.

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Um ano e nove meses mais velho que Thompson, Nicholson é um jogador de movimentos refinados no ataque. Consegue girar bem para ambos os lados de costas para a cesta e também ataca muito bem quando de frente para o aro, com um bom chute de média para longa distância, num repertório que já despertou comparações com David West. Para ele chegar a esse nível, porém, falta algo fundamental: a coragem e disposição do sempre subestimado pivô do Indiana Pacers em aceitar o contato físico e brigar pela bola.

Thompson, por outro lado, é pura energia. Embora seu físico, de cara, não passe essa impressão – não estamos falando do jogador mais musculoso –, sua capacidade atlética é acima da média, tem boa envergadura e, com esse pacote todo, é um baita reboteiro. Tecnicamente, contudo, ainda está em progressão. Consegue a maior parte de seus pontos quando servido próximo da cesta ou em rebarbas ofensivas.

(Até por isso, aliás, decidiu revolucionar seu jogo durante as férias: arremessava com a mão esquerda até o final da temporada passada, e agora resolveu que a mão direita tem a melhor munheca. Para os que mal conseguem usar a perna esquerda (ou direita) para subir no busão, morram de inveja: o ambidestro TT é daqueles que assina cheque com a direita, escova os dentes com a esquerda e pode bater lances livres como bem entender. Considerando que 58,6% de suas primeiras  483 tentativas na liga, decidiu tentar com a outra.)

Isto é: numa ótima notícia para o técnico Jay Triano, aumentando e muito o poder de fogo e versatilidade de sua seleção, em quadra eles também não poderiam ser mais diferentes.

Caras da Copa América:


Na contramão, Canadá deve contar com nova geração da NBA na Copa América
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Giancarlo Giampietro

Kabongo, Thompson, Joseph

Kabongo, Thompson, Joseph: três promissores talentos canadenses chegando

Aviso: este é um posto sobre a seleção canadense de basquete. Mas, antes de chegar lá, começamos a falar um pouco sobre a rotina do jornalismo online.

Só não temos imagens de bastidores! : )

É assim. Por alguns anos, este que vos escreve cumpriu a função de redator da casa maior que abriga o surrado blog, o UOL Esporte. Dentre as tarefas deste espécimes mais do que especiais, os redatores, estão as chamadas “rondas”. Toca gastar o Google até não poder mais, navegando de site para site, brasileiros e estrangeiros, em busca de alguma bomba ou daquela notinha que pode estar escondida, mas que, dependendo do enfoque, viraria algo. Coisa do tipo: buscar  alguma molecagem de Robinho no portal do diário Marca, em seus tempos de Real Madrid etc. Podem apostar que, nas redações, o Mundo Deportivo e o Sport, de Barcelona, vão bombar agora com ‘focas’ ávidos por qualquer informação sobre Neymar.

Avançando alguns anos desde aqueles tempos emocionantes – ou, nem tanto –, temos aqui este Vinte Um, que, vocês sabem, é muito mais opinativo do que informativo.

Agora, por mais impertinente que seja o condutor do blog, para dar qualquer pitaco, o jornalista deve estar, antes de tudo… Bronzeado? Bêbado? Envaidecido? Não, seus tontos, deixem disso. Tem de estar “minimamente lido”.

Para a NBA, fica fácil. Basta digitar HoopsHype.com, e tá lá. Agora, na temporada de seleções nacionais, a coisa muda um pouco de figura. A caça é mais ampla, em territórios por vezes hostis. A ronda precisa ser mais cuidadosa e persistente. As fontes nem sempre são confiáveis, nem mesmo nos sites oficiais das federações – o jornalismo em espanhol, gente, é uma coisa séria. Então fique navegando sem parar, nem que seja madrugada de domingo para segunda-feira, chegando até a conta oficial da Federação Canadense no Twitter. Vale tudo.

Lá eles estão anunciando a venda de ingressos para dois amistosos em Toronto contra a Jamaica – estamos falando, então, de dois adversários da seleção brasileira pela primeira fase da Copa América.

Bem, se o objetivo é vender bilhetes, o promotor do evento precisa de alguma atração, né? Mas como o marketing da federação fará isso se o gerente geral Steve Nash (sempre estranho escrever uma coisa dessas) e o técnico Jay Triano ainda nem anunciaram a convocação canadense? Bom, aí se quebra o protocolo um pouco para antecipar pelo menos alguns nomes. Estes aqui já foram anunciados: @Cory_Joe, @nicholaf44 e @RealTristan1.

Traduzindo: Cory Joseph, armador do San Antonio Spurs, Andrew Nicholson, pivô do Orlando Magic, e Tristan Thompson, ala-pivô do Cleveland Cavaliers. A não ser que a entidade seja processada por falsa propaganda, a equipe norte-americana, então,  vai na contramão de Brasil e Argentina e, entre os seríssimos candidatos a vaga na Copa do Mundo da Espanha 2014, já começa a enfileirar suas tropas de NBA.

E gente de NBA canadense nestes tempos é o que não falta.

Além dos três já listados, os caras têm Joel Anthony em Miami, Matt Bonner (naturalizado) em San Antonio, Kelly Olynyk em Boston, Robert Sacre em Los Angeles e o encrenqueiro Samuel Dalembert em Dallas. O ala Anthony Bennett, mais um do Cleveland, a gente nem cita aqui, por estar se recuperando de uma cirurgia no ombro. Kris Joseph, ala, acabou de ser dispensado pelo Celtics. O armador Myck Kabongo tenta descolar uma vaga em Miami.

Cory Joseph, oh, Canada

Oh, Canada: Cory Joseph está animado

Além disso, há uma turma também se refinando em grandes universidades norte-americanas, com os alas Nik Stauksas, gatilhaço de Michigan, e Dwight Powell, de Stanford, o ala-pivô Kyle Wiltjer, recém-transferido de Kentucky para Gonzaga, os armadores Tyler Ennis, de Syracuse, e Kevin Pangos, também de Gonzaga, e a sensação Andrew Wiggins, de Kansas e favorito disparado a escolha número um do Draft de 2015.

Some-se a esses jovens talentos os veteranos como o ala-pivô Levon Kendall, o ala Aaron Doornekamp e o armador Jermaine Anderson, gente que já disputou os melhores campeonatos na Europa, entre outros, e temos um grupo volumoso, com fartura para se montar uma equipe de 12 jogadores. Para o Canadá, a hora é agora.

“O basquete canadense vem se mostrando irregular há muito tempo. Agora estamos trabalhando sério para levar nosso país de volta ao mapa, e estou certo de que vamos conseguir isso muito em breve”, afirmou Joseph, em recente entrevista ao site da Fiba. “O próximo passo é ter um grande desempenho na Copa América.”

Diante de uma concorrência enfraquecida, não há motivos para eles não conseguirem isso desde já. Não é preciso mais ronda nenhuma para sacar isso.


Nash tenta se redimir com canadenses e transformar o país em uma potência
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Giancarlo Giampietro

Steve Nash partiu o coração dos fervorosos torcedores do Toronto Raptors há algumas semanas, ao acertar sua transferência para o Los Angeles Lakers, em vez de um tão aguardado retorno para casa. Snif.

De certa forma, foi mais um ato do armador a frustrar quem gosta do basquete no Canadá, após mais de oito anos de distanciamento da seleção nacional. Se ele tivesse aceitado liderar o Raptors nas próximas temporadas, essas seguidas decepções poderiam ser facilmente esquecidas. Mas não deu. Snif-snif! Abre o berreiro!

Steve Nash, cartola no Canadá

Aos 38, Nash agora tem um outro uniforme para defender o Canadá. Bacana o lenço vermelho, né?

Para justificar esta ausência, Nash afirmava que não poderia mais emendar as férias da NBA com as atividades dos torneios Fiba. Que seu corpo não aguentaria. Tendo em vista sua forma física aos 38 anos, do ponto de vista profissional, pessoal, é complicado questionar sua opção.

Não que ele fosse obrigado a se apresentar, e tal, mas a gente sabe muito bem o quão pesada ficou a barra do Nenê por estas bandas nos últimos anos até ele jogar agora em Londres, né? Agora imagine o nível de apego e dependência dos canadenses com Steve Nash, alguém muito mais qualificado e, pior, insubstituível. A dor é insuportável. Pense nas músicas de Bryan Adams, Alanis Morissette e Avril Lavigne. Agora multiplique por dez. Pesado.

Agora, a partir desta semana, esse genial jogador tenta se redimir de alguma forma com seus patrícios basqueteiros, começando para valer no cargo de gerente geral da seleção masculina, num cargo parecido com o de Vanderlei aqui no Brasil. A primeira decisão foi a contratação de Jay Triano para o cargo de técnico. Triano, hoje assistente do Blazers, não foi muito bem como o comandante do Toronto Raptors na NBA, mas tem muita experiência no mundo Fiba, tendo sido um scout da seleção dos EUA por anos.

Seu desafio maior: aglutinar as hordas e hordas de talento que o país vem produzindo nos últimos anos, para tentar resgatar o respeito que o programa teve no começo da década passada. Tipo, quando o próprio armador entrava em quadra para liderar a equipe.

Para isso, Nash organizou um encontro de alguns de seus principais jogadores e apostas para esta semana. Seria o ponto de partida pensando no Mundial na Copa do Mundo da Espanha em 2014 e nas Olimpíadas do Rio-2016.

A lista inteira de convidados ainda não está clara, mas a imprensa canadense dá como certa ao menos as presenças do ala-pivô Tristan Thompson, do Cleveland Cavaliers, e do armador Cory Joseph, do San Antonio Spurs, além dos adolescentes Tyler Ennis (armador) e do prestigiado Andrew Wiggins (ala). Os dois meninos eram destaques da equipe  sub-18 que esteve em São Sebastião do Paraíso neste ano e que tiveram seus planos de desafiar os Estados Unidos na final frustrados pelo Brasil. Ops.

Andrew Wiggins, Canadá

Andrew Wiggins é a grande aposta canadense

Mas estes são apenas quatro nomes badalados de um grupo muito volumoso e de prestígio em cenário internacional que o Canadá pode contar. Realmente volumoso.  Contem aí veteranos como Joel Anthony, do Miami Heat, e Matt Bonner, o foguete ruivo do Spurs, recém-naturalizado – Sam Dalembert, que aprontou muito em 2007 e 2008, estaria fora. Também pode somar o ala Kris Joseph, companheiro de Fabrício Melo em Syracuse e agora no Boston Celtics. Ou o ala-pivô Andrew Nicholson, do Orlando Magic. Ou os armadores Mick Kabongo e Kevin Pangos, em atividade em times de ponta do basquete universitário norte-americano, respectivamente Texas e Gonzaga, que também revelou o pivô Robert Sacre, draftado em junho pelo Lakers.

Já deu quase um time inteiro só nessa rápida passadela, mas, juntando as peças de relatos de torneios e eventos de base dos últimos anos, teria muito mais para citar. A ponto de, mesmo com eventuais desistências, ser quase certa, ao menos em termos de nomes, a composição de uma grande equipe lá no Norte da América.

Só fica a dúvida sobre qual será o nível exato de ascendência de Nash sobre seus compatriotas. Sabemos que ele é um admirador sério do legendário Wayne Gretzky, ídolo do hóquei canadense e alguém que, suponho, deve deixar Adams, Alanis, Avril e Nelly Furtado no chinelo em termos de popularidade nacional. Nesse nível acho que só o Rush e o Neil Young. Teria o agora cartola esse tipo de influência? Como convencer os jovens recrutas a embarcar numa viagem que ele próprio recusa desde 2003?

Steve Nash, armador canadense

Os bons tempos de Nash vestido de vermelho

A diferença, a seu favor, é que as futuras estrelas da seleção canadense dividiriam responsabilidade, se desgastariam menos. Para quem se lembra do time olímpico de Sydney-2000 ou do Pré-Olímpico de San Juan-2003, a seleção dependia muito da criatividade do armador para jogar de igual para igual contra os principais times do continente. Desta vez, se pelo menos metade do contingente disponível aceitar as convocações, muda o cenário.

Isto é: para quem já comemorava o possível desmonte da República Dominicana sem John Calipari e torce desesperadamente pela aposentadoria dos craques argentinos, melhor começar a reservar desde já algumas horas  de secador também contra os homens de vermelho e Nash.

Por mais que os seguidores do Raptors e da seleção deles já estejam irados de tão tristes.


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