Vinte Um

Levantamento comprova Scola como jogador da NBA mais assíduo em torneios Fiba
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Giancarlo Giampietro

 

Scola, Scola, Scola, Scola...

Na Argentina?

Manu Ginóbili não vai, Andrés Nocioni tampouco. Carlos Delfino também vai ficar na poltrona, em casa, assim como Pablo Prigioni. De modo que Julio Llmas vai poder se solidarizar com o compatriota Rubén Magnano quando eles toparem em Las Vegas. Mas só um pouco, tá? Porque o técnico do Brasil está em situação mas delicada no que se refere a contar com os jogadores de NBA à disposição. Ao menos ele vai ter alguém ao seu lado para lhe contar uma fofoca ou outra sobre a liga norte-americana.

Luis Scola, claro.

Fácil lembrar como, durante as Olimpíadas de 2012, milhões e milhões e milhões de brasileiros queriam anunciar a aposentadoria do cabeludo da seleção argentina. Como aquele jogo pelas quartas de final de Londres, que resultaria em mais uma derrota, poderia ser sua despedida das competições internacionais. E não teve nada disso: o número quatro mesmo havia dito na véspera que não entendia de onde vinham tantas perguntas sobre sua suposta saideira. Que seguiria em frente.

E aqui está Scola novamente, cumprindo sua promessa, aos 33 anos.

Ajuda o fato de ele não ter jogado muito na última temporada, quando estava completamente deslocado pelo Phoenix Suns. Jogou apenas 2.184 minutos no total, com média de 26,6, bem inferior à dos quatro anos anteriores, sempre acima de 30 minutos.

Agora, quem estamos querendo enganar? Ele podia ter jogado 47,5 minutos por partida e provavelmente teria se apresentado da mesma forma. É o que indica um levantamento especial feito pelo (santo) site HoopsHype sobre a participação dos jogadores da NBA em torneios por suas seleções desde 2000, com os Jogos de Sydney.

De lá para cá, Scola, novo jogador do Indiana Pacers, só tirou férias, acreditem, em 2005, ano de Copa América em Porto Rico, vencida pelo Brasil – coincidência, hein?

A durabilidade do argentino, aliás, é impressionante. Em seis temporadas na NBA, ele só perdeu oito partidas (de 476 possíveis), todas em 2010-2011, devido a dores no joelho esquerdo. Esse, sim, é um duro na queda. Uma razão para isso é evidente quando o vemos em quadra. É um jogador que não vai pular muito, nem correr feito maluco na quadra. Com os pés no chão, forte fisicamente, não castiga tanto suas articulações.

Longa vida a Scola.

*  * *

Confiram no quadro abaixo os 30 mais do ranking pesquisado pelo HoopsHype – para ver a lista inteira, cliquem aqui, que vale:

Vamos lá, de legenda: os amarelos são olímpicos, moleza; em cinza, os campeonatos mundiais; em marrom, os torneios regionais, com a Copa América, o Eurobasket etc.; de verde, os campeonatos de base, que realmente precisam entrar na conta, já que boa parte dos estrangeiros que entram para a NBA surgem nesses torneios, mesmo, emendando o início de suas carreiras com torneios profissionais, mesmo na Europa.

Logo atrás de Scola estão os irmãos Gasol (Marc vai jogar pela Espanha novamente este ano) e José Calderón. Em quinto estão dois Spurs: o gordote Boris Diaw, da França, e, vejam só, Tiago Splitter, que, até por conta disso, resolveu tirar folga desta vez. Em sétimo, aparece Tony Parker ao lado de uma renca, com destaque para José Juan Barea, que deve também deve defender Porto Rico em Caracas.

Onde estão os demais brasileiros? Leandrinho aparece empatado na 13ª posição desse ranking de assiduidade, empatado com Delfino, Nowitzki, Batum e Goran Dragic – o que dá ao ligeirinho uma boa comparação em termos de patriotismo. Anderson Varejão está em 21º, ao lado de Zaza Pachulia. Nenê? Apenas o 54º, com quatro convocações atendidas desde 2000.

Aliás, esse é um ponto que vale destaque no ranking elaborado pelo site: os jogadores mais jovens tiveram menos chance de marcar presença nas seleções, não? Carreira mais curta, afinal. Há também casos de atletas que entraram na NBA há pouco, tendo menos desgaste (Victor Claver, Luigi Datome, Ricky Rubio, por exemplo).

*  *  *

Lamas vai precisar fazer apenas dois cortes entre os seguintes 14 jogadores para definir sua Argentina: Facundo Campazzo, Nicolás Laprovittola, Juan Fernández, Selem Safar, Diego García, Adrián Boccia, Marcos Mata, Pablo Espinoza, Federico Aguerre, Luis Scola, Leo Mainoldi, Matías Bortolín, Juan Gutiérrez e Marcos Delía.

*  *  *

O Canadá também enfim divulgou sua pré-lista, com 18 nomes, sendo que seis precisam ser cortados. De NBA, os três já citados aqui mais o veterano Joel Anthony, pivô reserva do Miami Heat. O armador Jermaine Anderson, velho de guerra, e Myck Kabongo, os alas Carl English, que teve uma grande temporada pelo Estudiantes na Espanha, e Kris Joseph, ex-Celtics, e o pivô Levon Kendall, companheiro de Rafael Luz no Obradoiro, também da ACB, são outros destaques.

 


Recusa de novato israelense evidencia lobby de times da NBA contra seleções
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Giancarlo Giampietro

Gal Mekel, orgulho israelense

Mekel foi barrado, de alguma forma, pela diretoria do Dallas Mavericks

São poucos os aficionados de NBA que já ouviram de Gal Mekel. Então permitam que o blog faça as honras: é o armador israelense, de 25 anos, recém-contratado pelo Dallas Mavericks, muito criativo com a bola, que vem de uma grande temporada pelo Maccabi Haifa, pelo qual foi campeão nacional e venceu também os prêmios de MVP tanto da temporada regular como das finais.

Mekel jogou demais pelo Mavs de verão em Las Vegas, mostrando de cara ser um armador puro, de verdade, que trata a bola com uma categoria impressionante, sendo muito instintivo em seus movimentos.  Está sempre de cabeça erguida, sem ser muito veloz no drible, mas avançando com seu próprio ritmo,  meio hipnotizante, lembrando muito Steve Nash (em estilo, o que não quer dizer que seja o ''Novo Steve Nash'', ok?).

Pois bem. Foi um achado do Mavs. Ele chega para o banco de José Calderón, sem muita pressão, mas dá para imaginar que já vá ter um impacto em sua primeira campanha, ainda mais largando na frente de outro calouro, Shane Larkin, lesionado.

E, seguindo a lógica desta temporada de seleções, o que é ganho do Mavs significa, parece, obrigatoriamente perda de uma seleção. Israel, que tanto batalha para ter um time competitivo em nível continental, vai ter de encarar o Eurobasket sem seu principal condutor, para ira do técnico Arik Shivek.

Gal Mekel, no Mavs de verão

Mekel, visão de jogo. A serviço do Mavs e só do Mavs

Em entrevistas para a mídia israelense, Shivek saiu, num rompante, a detonar o clube texano, que recomendou a Mekel que ele se apresentasse para treinos em agosto, bem antes da abertura do traning camp oficial. Veja bem: não é que o jogador estivesse proibido de defender seu país na competição de 4 a 22 de setembro. Mas, como diz um o comandante Jair: ''Se puder evitar…''. ; )

''O Mavs disse a Mekel que seria benéfico para ele participar dessas atividades'', disse o técnico israelense, que concentrou seus ataques em Donnie Nelson, o braço direito de Mark Cuban na direção da franquia. Se o Dallas foi uma das principais forças por trás da internacionalização da liga norte-americana, Nelson teve uma grande influência nesse processo. Natural: o filho do malucão Don Nelson foi assistente técnico da seleção lituana por anos e anos, sendo um dos ianques com a cabeça mais aberta para o mundo Fiba. Daí que Israel talvez esperasse um pouco mais de compreensão…

''Falei com Donnie Nelson pelo telefone. Isso me pegou de surpresa. Colocaram Gal em uma situação injusta'', disse Shivek, que questionou o dirigente sobre o que seria melhor para a evolução do armador: duelar com Tony Parker ou perder tempo jogando golfe?

Hehehe.

Aí deu uma exagerada, mas vale sempre o humor corrosivo.

Israel está no Grupo A do Eurobasket, que conta com a França de Parker, mais Grã-Bretanha, Alemanha, Ucrânia e Bélgica. Não são necessariamente os adversários mais fortes, mas a competitividade em si do campeonato europeu talvez já valesse para o atleta.

De todo modo, pensando o outro lado, dá para entender as motivações do Mavs facilmente. Tudo vai ser novidade para o jogador. Cidade, rotina, tática, nível de competição (ele não estaria sozinho em quadra, os mais jovens e alguns veteranos mais abnegados se apresentam e estão sempre rondando o ginásio), e tudo mais. Quanto mais cedo um jogador chegar, mais tempo para se adaptar a isso tudo. Desde que trabalhe sério e desencane dos campos de golfe, claro. O armador apenas diz: ''Ficar afastado do Eurobasket não foi fácil. Mas tomei a decisão certa depois de consultar meu treinador da seleção e os diretores do Mavs''.

É o mesmo processo pelo qual Lucas Bebê vai passar com o Atlanta Hawks. Saca?

Mesmo que ele não vá assinar com a franquia para agora, o gerente geral Ferry o quer por perto pelo maior tempo possível, para acelerar os trabalhos físicos e técnicos com o pivô. Lembrando que o mesmo Ferry já havia criado alguns empecilhos para Anderson Varejão, em seus tempos de chefão do Cleveland Cavaliers.

Esse tipo de impasse acontece há tempos, não vai se encerrar por aqui e, na verdade, só tende a piorar, já que o influxo de jogadores estrangeiros na NBA segue firme, ainda mais com a crise econômica abalando as principais ligas europeias. Apenas os figurões têm autonomia para barganhar.

Por isso é bom que Magnano se familiarize com essa ideia, mesmo. Do contrário, teremos mais e mais convocações nos próximos anos que não terão representatividade alguma.


Scola reforça ainda mais o banco do Indiana Pacers, seu terceiro clube na NBA
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Giancarlo Giampietro

David West & Luis Scola

West e Scola agora são amigos em Indiana. O Pacers vem com tudo, sim

Bem, essa já não é tão discreta, né?

Pelo menos não para nós brasileiros, que sabemos bem dos truques e truques de que um Luis Scola é capaz. Agora ele vai oferecer suas habilidades para o técnico Fran Vogel, em Indiana. O banco do Pacers, seu (grande) ponto fraco da equipe nos últimos playoffs, fica ainda mais forte.

Segundo a mídia americana, a diretoria do Pacers estava namorando há um tempão a ideia de contratar Scola. As negociações esquentaram na semana passada, até que Larry Bird concordou em ceder um pouco mais ao Phoenix Suns para fechar o negócio.

O clube do Arizona, em plena reconstrução, recebeu em troca o ala Gerald Green, o pivô Miles Plumlee e uma escolha de primeira rodada no próximo Draft da NBA, considerado por 100 em 100 especialistas como um dos mais fortes desde 2003 (ano de LeBron, Melo, Wade, Bosh e Darko).

O argentino, Bird já anunciou, chega para ser o reserva imediato de David West. Difícil encontrar um time com alas-pivôs tão talentosos assim na rotação – clique aqui para ver uma detalhada comparação estatística entre os novos companheiros –, embora possamos dizer o mesmo sobre “ala-pivôs nada atléticos”.

Acontece que essa ressalva, sinceramente, pouco importa neste caso. West e Scola não vão castigar tanto o aro ou incomodar seus adversários com tocos, mas têm muito fundamento, inteligência, força e coração para batalhar no garrafão. Dificilmente os dois poderão ficar juntos em quadra, mas ter Scola no elenco se torna um grande luxo, dando a Vogel a chance de regular os minutos de seu titular.

No fim, o Indiana está inserindo Scola no papel que coube a Tyler Hansbrough nos últimos anos. Difícil até de quantificar o que representa essa evolução. Tudo de rebote que a equipe estaria perdendo numa troca do Psyco-T por Chris Copeland acaba zerado agora.

A presença do craque sul-americano também reforça, desta maneira,  indiretamente a rotação exterior, já que Copeland pode ser aproveitado como um reserva de Paul George. Caso Danny Granger esteja em forma, os minutos desse cestinha ficariam bem limitados, mas Vogel só teria o que agradecer ao seus dirigentes – tendo um jogador de bom nível como o décimo ou 11º jogador de sua rotação. Dando tudo certo, as coisas ficariam assim:

– George Hill, CJ Watson, Donald Sloan.
– Lance Stephenson, Orlando Johnson.
– Paul George, Danny Granger, Solomon Hill.
– David West, Luis Scola, Chris Copeland.
– Roy Hibbert, Ian Mahinmi.

(Pensem que atletas como G. Hill, Stephenson, George, Granger, S. Hill e Copeland podem fazer múltiplas funções em quadra, aumentando consideravelmente as alternativas para a comissão técnica.)

Se Copeland e CJ Watson não valeram tantas manchetes, com Scola a história fica diferente.

Erik Spoelstra, Tom Thibodeau, Mike Woodson e (?) Jason Kidd certamente já estão avisados.

*  *  *

O que o Phoenix Suns está ganhando nessa?

(Fora o aumento de confiança na capacidade do novo gerente geral Ryan McDonough…)

O mais importante é a escolha condicional do próximo Draft. A escolha ficará com o Pacers caso eles falhem em se classificar para os playoffs. Algo inimaginável. E, ok, se eles forem para os mata-matas, é bem provável que o clube do Vale do Sol vá ganhar nessa um “pick” por volta da 25ª posição. Historicamente, poucos talentos de primeiro nível são aproveitados nessa altura. Mas há bons valores, de todo modo, para serem descobertos, assim como o ala-armador Archie Goodwin, extremamente promissor, apenas o 29º do recrutamento de calouros.

De resto, não é muita coisa. Mas, para um time processo de remodelação, quanto mais jogadores diferentes para se avaliar, melhor.  Com o plantel do campeonato passado é que eles não poderiam ficar.

Gerald Green já tem 27 anos. O tempo passa. McDonough estava no estafe do Boston Celtics que escolheu o atlético ala no Draft de 2005, quando saiu direto do colegial para a grande liga, ainda adolescente.

O jogador era muito cru tecnicamente, pouco maduro fora de quadra também e naufragou, passando ainda por Minnesota Timberwolves, Houston Rockets e Dallas Mavericks até ser forçado a continuar com sua carreira fora dos Estados Unidos. Passou pela China, pela Rússia, voltou para a D-League e, no fim da temporada 2011-2012, era novamente um jogador de NBA, fazendo uma campanha decente pelo New Jersey Nets (18,4 pontos numa projeção por 36 minutos, 48,1% nos arremessos, 39,1% de três, em 31 jogos). Que bela história! Green havia encontrado seu rumo, enfim! E o Pacers pagou para ver, e não deu muito certo: sua pontaria despencou, sua disciplina defensiva também não condizia com o esperado e, nos playoffs, teve apenas 11,7 minutos. O Suns espera que, num sistema ofensivo mais agressivo, ele possa render mais, ainda que sua posição não seja garantida. Há minutos para serem conquistados, mas tudo vai depender de um jogador muito talentoso, mas bastante inconsistente.

Plumlee é o irmão mais velho dos Irmãos Plumlee (conte aí o calouro Mason, recém-escolhido pelo Nets e o caçulinha Marshall, que ainda joga por Coach K em Duke). Não sei se a gente precisa acrescentar algo depois disso, né? Os Irmãos Plumlee!

Mas, ok, não vamos nos contentar com essa futilidade. Miles é mais um jogador extremamente atlético, especialmente para alguém do seu porte (2,11 m e 115,7 kg), com boa impulsão e agilidade, além de forte. Apesar dos quatro anos sob a tutela de Krzyzewski, ainda é visto como um jogador em desenvolvimento. O que, no caso, é um pouco estranho, considerando que, apesar de partir apenas para sua segunda temporada, já tem 24 anos. Vai ter de mostrar serviço nos treinos a Jeff Hornacek se quiser se intrometer numa rotação com Marcin Gortat, os gêmeos Morris e, talvez, o ucraniano Alex Len, quinta escolha do Draft, mas que vem de cirurgias em ambos os pés.


Sem alarde, Pacers se reforça com as melhores menores contratações da NBA
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Giancarlo Giampietro

Para  o Indiana Pacers ganhar algum destaque neste mês de julho, ainda na ressaca do título do Miami Heat, só mesmo o terrorismo psicológico promovido pela mídia de Los Angeles sobre o possível rapto de Paul George pelo Lakers em 2014, por mais que o ala diga que não tem plano algum para fazer uma mudança, nem que fosse para voltar para casa.

Sem nenhuma megatroca, sem se envolver com nada que se refira a Dwight Howard, num mercado pequeno, é natural que o Pacers não atraia tantas manchetes, mesmo, a despeito do retorno de Larry Bird ao comando de suas operações – e nada que numa soma de ''Bird + competição'' deva ser subestimado.

Mimos até para Chris Copeland

Na hora de cortejar Copeland, o Pacers criou uma revista fake da ESPN para mostrar o quão legal seria sua contratação. Vale tudo para conseguir um agente livre, mesmo aquele que não está no primeiro escalão

De qualquer forma, quietinhos em seu canto, a diretoria do Pacers fez um ótimo trabalho para, primeiro, segurar David West e, depois, reforçar seu elenco, com duas das melhores menores contratações da NBA neste mês de julho. Assim como a franquia em si, Chris Copeland e CJ Watson não têm o maior chamariz na liga ou entre os agentes livres que andavam disponíveis por aí. Mas a chegada deles a Indianápolis faz muito sentido para que seja ignorada e pode ter um tremendo impacto nos playoffs. Acreditem.

Pensem assim: a equipe levou o Miami Heat ao sétimo jogo, chegando a roubar o mando de quadra daqueles que seriam os tricampeões. Eles talvez não tenham chegado tão perto como o Spurs de destronar LeBron James, mas que essa possibilidade existiu na final da Conferência Leste não há dúvida. Erik Spoelstra e suas estrelas ficaram contra a parede. Ou melhor, contra o paredão – valendo o trocadilho, já que a defesa de Frank Vogel era absurda e Roy Hibbert e David West foram uma dupla sensacional no garrafão.

E, dentre as diversas histórias produzidas pelo grande embate entre Pacers e Heat, além da ascensão de George e Hibbert, estava a fraqueza, a completa anemia do banco de reservas esquálido dos vice-campeões da conferência. Lembrando: com seu quinteto titular em quadra, o Pacers ''venceu'' a final. O problema era o complemento das partidas em que qualquer substituto da rotação de Vogel ia para quadra.

DJ Augustin, Sam Young, Tyler Hansbrough e Ian Mahinmi. Gerald Green e Orlando Johnson. Era uma draga daquelas.

Augustin, em especial, foi um horror. Não dá para aliviar. Sem confiança alguma, mal conseguia cruzar a linha divisória da quadra diante da forte pressão que os defensores do Miami Heat colocam na bola. A insegurança era tamanha que Paul George e Lance Stephenson se viam obrigados a levar a bola em diversos ataques.Além disso, quando estabelecidos em meia-quadra, Augustin também não conseguia se desmarcar para arremessar ou criar situações por conta própria. Em 97 minutos nas finais do Leste, ele chutou apenas nove vezes, sendo cinco de três pontos (tendo convertido duas bolas, o que dá um aproveitamento de 40%, que, isolado, pareceria ótimo, mas, neste contexto, não vale nadica de nada). Diminuto, Augustin também era vulnerável na defesa. Basicamente: contribuições nulas num confronto de alto nível.

Trocá-lo por Watson é uma grande evolução. Não que o jogador ex-Nets e Bulls seja um craque. Mas tem muito mais recurso para jogar por conta própria e, ao mesmo tempo, pode dividir a quadra com George Hill sem rebaixar muito a defesa da equipe. Aos números (todos da temporada passada): em média, 16,8% das posses de bola com Augustin terminaram em turnover, comparando com 12,1% de Watson; em assistências, Augustin 'venceu' por 21,6% a 17,2%, um percentual que praticamente é anulado por seu maior volume de desperdícios de bola; nos três pontos, deu Watson por a  41,1% a 35,3%; nos arremessos de quadra, Watson novamente: 41,8% a 35%, o que resulta também em números muito melhores nas métricas avançadas de True Shooting (arremessos de dois, de três pontos e lances livres na conta) e Effective Field Goal % (arremessos de quadra, mas com um peso maior dedicado aos tiros de três, que valem mais).

Já Chris Copeland chega ao Pacers para reforçar, e muito, seu ataque. O calouro de 29 anos, uma das surpresas da temporada passada, cuja história ainda vale seu próprio post, ainda mais depois deste ótimo perfil do SBNation, é um excelente arremessador, especialmente de longa distância. Veja sua pontaria durante a temporada regular:

Chris Copeland em cores

Apenas na zona morta pela direita, no perímetro, em que o ala ex-Knicks esteve abaixo da média da liga. Estranhamente, ali na quina da direita, seu aproveitamento é excepcional. Por outro lado, vemos que o chute de média distância não é lá o seu forte, embora Copeland consiga colocar a bola no chão a partir da finta. Esse, na verdade, é o seu diferencial quando comparado com gatilhos como Steve Novak: as quase 100 cestas na área mais próxima ao aro, oferecendo mais versatilidade a um ataque. Num banco limitado como o do Pacers, essa é uma baita novidade. ''Acho que eles  (os novos companheiros) são muito promissores e que eu serei capaz de fazer algo novo aqui, sendo mais uma peça no quebra-cabeça'', afirmou o ala.

Com o cabeludo, o que Vogel vai perder é a força nos rebotes, ainda mais com a subtração de Hansbrough, um leão nas duas tábuas, especialmente na ofensiva. Em termos defensivos, Hansbrough também tem índices muito superiores aos de Copeland. Agora, fica registrada aqui a crença de que muito disso tem a ver com o próprio sistema do Pacers e que, se bem orientado, o recém-contratado também pode fazer um bom papel na retaguarda. Se não tem a massa física para isso, pode compensar em agilidade e envergadura.

São duas contratações pontuais e providenciais, considerando a carência do plantel. De resto, o forte núcleo desta emergente equipe foi mantido, voltando para a temporada 2013-2014 com ainda mais tarimba e confiança.

*  *  *

Via Draft, o Indiana Pacers deixou graaaaande parte dos especialistas atônitos ao escolher o ala Solomon Hill, da universidade de Arizona, na 23ª posição – sendo que, para boa parte dos sites especializados, ele estava cotado apenas para a segunda rodada do recrutamento. A aposta do gerente geral Kevin Pritchard é a de que ele chegue pronto, maduro ao clube, já preparado para contribuir para Vogel já na abertura da temporada regular. Algo que não aconteceu no ano passado com Miles Plumlee, outro senior que o Pacers escolheu bem antes do que apontavam as projeções.

Hill tem 22 anos e é apenas um ano mais jovem que Paul George, por exemplo.

Tendo iniciado sua carreira em Arizona como um ala-pivô baixo, trabalhou bastante por quatro temporadas para migrar para o perímetro. Durante a liga de verão de Orlando, fez um bom papel como ala, embora seus movimentos não sejam nada naturais, como prova dessa transição em seu jogo. Suas médias foram de 12 pontos, 5,2 rebotes, 2,6 assistências, 0,8 roubos de bola e 0,4 tocos em 28,8 minutos, com pontaria de 55,6% nos três pontos e 48,9% nos arremessos. No geral, foi um sólido desempenho para um atleta de quem não se exigirá muito além de bom posicionamento defensivo e a conversão dos tiros de três. Se tudo certo, ele assumiria os minutos do limitado Sam Young na rotação.

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Danny Granger, em Indiana até quando?

O que esperar de Danny Granger, gente?

Quer dizer, Hill teria espaço se Danny Granger não conseguir recuperar a forma física depois de uma temporada perdida em razão de uma ingrata tendinite no joelho. O veterano fez falta demais nos playoffs, embora sua ausência tenha forçado George e Stephenson a elevarem seu rendimento de modo significativo. Em seu último ano de contrato, Granger pode funcionar tanto como um sério candidato a sexto homem, num cenário ideal.

Caso o ala se apresente bem em quadra, muito vai se especular também sobre uma eventual troca, já que está no último ano de contrato. Para um clube que não dispõe de poucos recursos financeiros, encontrar uma negociação em que Granger fosse liberado seria difícil. O Pacers simplesmente não pode adicionar salários muito robustos para os próximos anos na periferia de seu elenco, uma vez que George já tem encaminhada uma renovação de contrato astronômica. Isso depois de Hibbert e West também acertarem por valores altíssimos.

*  *  *

Revigorado após passar um ano sabático, em casa com a família, Larry Bird está animado para a temporada – com alta expectativa em torno de sua equipe. ''Gostamos disso. É por isso que jogamos. Queremos essas expectativas lá em cima. Queremos jogar bem e estar em um nível de basquete em que possamos competir a cada noite'', afirmou.

 


Recusa de Scott Machado ao Spurs em 2012 ganha outro contexto após duas demissões
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Giancarlo Giampietro

Scott Machado

Não sei bem como me posiciono na hora de falar sobre ''O que aconteceria se… ?'', sobre rotas alternativas, caminhos hipotéticos, saca?

É meio que da ''natureza humana'' (gasp!) ficar repensando as coisas? Remoendo, remexendo? Talvez. Mas é fato também que nem todo mundo age desta forma. São admiráveis também essas pessoas resolutas, que avançam como um trator, só mirando para a frente, sem volta. Desde que tenham um pouco de escrúpulo, claro.

Todo esse papinho filosófico para levantarmos uma pergunta daquelas, envolvendo Scott Machado:

''E se ele tivesse dito sim ao San Antonio Spurs?''

Foi uma lembrança do leitor ''HFavilla'', em nosso post anterior sobre a dispensa do armador pelo Golden State Warriors. A de que o brasileiro nova-iorquino estava prestes a ser selecionado pelo clube texano no Draft do ano passado, na 59ª posição, mas forçou a barra para que Gregg Popovich o deixasse em paz.

Escreveu o ''HFavilla'': ''O erro do Scott aconteceu na noite do Draft, quando desprezou o San Antonio Spurs, que tem um armador que, apesar de estar no seu auge técnico, já é veterano e não possui nenhum reserva consistente ainda, fazendo com que o time procure por muitas alternativas. Passaria uns 2 anos evoluindo na Europa? Sim, provavelmente, mas é assim que as coisas funcionam por lá''.

Lembremos aqui o que Scott falou ao vizinho Balassiano em 2012: ''O San Antonio Spurs me queria, e eu acabei recusando. Disse ao Aylton (Tesch, seu agente na época) que preferia tentar a sorte nas Ligas de Verão, porque sabia que iriam me mandar jogar fora dos Estados Unidos, algo que eu não queria. Foi uma decisão rápida, na hora mesmo, e que acabou dando certo. Logo depois o Houston Rockets me chamou pra jogar''.

Bem, nada na liga norte-americana é definitivo, como Scott agora já sabe bem. O que ''dá certo'' numa semana pode não se sustentar no mês seguinte. Contratado pelo Rockets, demitido pelo Rockets. Contratado pelo Warriors…

Reparem no termo que ele usa: ''Uma decisão rápida, na hora mesmo''. Por ímpeto, claro. Scott cresceu em Nova York como jogador de basquete, uma cidade com muita tradição em seus playgrounds e colegiais, tendo revelado dezenas e dezenas de talentos que viriam a se tornar profissionais, especialmente armadores – Stephon Marbury, Sebastian Telfair, Mark Jackson são alguns exemplos de uma lista vasta. Neste contexto, imagine a expectativa, a pressão (também financeira), a ansiedade de um garoto da megalópole quando ele se aproxima da liga. Embora não tivesse o maior cartaz, o brasileiro fez um bom trabalho pela modesta universidade de Iona, entrou no radar dos scouts e desenvolveu legítima ambição de ser um cara de NBA.

Daí que, quando as coisas não saem conforme o esperado – descolar um contrato garantido na noite do Draft –, por vezes você se sente impelido a tomar um atalho, a querer resolver as coisas na hora. Foi a decisão que o armador tomou. Em vez de se colocar sob a alçada de uma franquia que é notória no desenvolvimento de seus atletas, preferiu se tornar um agente livre para ampliar seu leque de negociações. Fechou rapidamente com o Houston Rockets, mas acabou perdido nos planos do irrequieto gerente geral Daryl Morey.

Agora, as ressalvas. Os calouros selecionados na segunda rodada de um Draft também não têm presença certa na NBA, diga-se. Depende muito da equipe, de suas necessidades imediatas e do quanto gostam de um determinado jogador. Por exemplo: em 2008, o Bulls se empenhou horrores para ter o turcão Omer Asik. O Portland Trail Blazers o escolheu como o número 36 daquele recrutamento, mas foi convencido a repassá-lo para Chicago em troca de três escolhas futuras de segunda rodada. Três! Quer dizer, o gerente geral John Paxson realmente queria Asik.

No caso de Scott e do Spurs, ao fazer a escolha na penúltima posição da lista, não saberemos dizer se o Spurs estava necessariamente enamorado por Scott. Seria o caso de perguntar para Popovich ou RC Buford algum dia desses. Depois da recusa do brasileiro, o time optou pelo ala-armador Marcus Denmon, da universidade de Missouri. E não deu outra: Denmon iniciou sua carreira como profissional no basquete francês, sendo campeão nacional pelo Élan Chalon ao lado do pivô Shelden Williams.

Neste ano, Denmon participou da liga de verão de Las Vegas pelo Spurs. Quer dizer, estão monitorando o rapaz, de 23 anos. Na rotação do time, teve de dividir espaço com Nando De Colo e Cory Joseph, que são prioridade, e terminou com médias de 10,8 pontos, 2,8 assistências e 2,6 rebotes, em 21,8 minutos. O que ele faz de melhor é arremessar de fora, e ele mandou bala da linha de três pontos sem piedade (26 chutes no total, mais de cinco por jogo), que é sua especialidade. Acertou 38,5% desses disparos, um bom aproveitamento para as peladas que são esses confrontos. Pensando em seu progresso, seria um eventual substituto para Gary Neal, sendo moldando da mesma forma (em termo de vocação ofensiva), mas ainda com deficiências no drible. Não está pronto para a grande liga ainda, mas não é o mesmo que Rockets e Warriors acham o mesmo sobre Scott?

Há outros casos de escolhas de segunda rodada de Buford e Popovich que ainda não foram aproveitados no elenco principal. Entre os americanos, o ala-armador Jack McClinton (51 em 2009) e o pivô James Gist (hoje um nome top na Euroliga, 57 em 2008) são dois exemplos recentes. Temos também diversos jovens europeus nessa condição: o húngaro Adam Hanga em 2011 (também 59), o inglês Ryan Richards em 2010 (49), o centro-africano Romain Sato em 2004 (52), entre outros. Mas aí as coisas fazem mais sentido: são os clássicos casos de ''stash picks'', quando as franquias da Europa fazem a seleção com o plano de já deixá-los nas ligas europeias para desenvolvimento.

Enfim, ser selecionado pelo Spurs e virar um jogador de NBA no futuro, então, não é uma ciência exata. Por outro lado, que o brasileiro não estava pronto também para a liga fica claro.

Mas, sabendo o que sabemos hoje, será que ali, nos minutos finais de uma looonga noite de 28 de junho de 2012, quando foi abordado pelos diretores do time texano, será que a resposta seria diferente?

 


Warriors dispensa Scott Machado, que ainda sonha com a NBA: “Não para aqui”
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Giancarlo Giampietro

Scott Machado, e aí?

Scott, sem clube novamente, e, pelo jeito, nada de seleção brasileira

Chega uma hora que é melhor esquecer e seguir em frente com o que você tem, mesmo.*

Scott Machado acaba de ser dispensado pelo Golden State Warriors. ''Sabia que isso iria acontecer'', disse o armador em sua conta de Twitter.

Traduzindo: os sinais eram claros de que Scott não tinha muito futuro com o emergente Warriors na NBA, mas isso não quer dizer que ele esteja pronto para abrir mão do sonho de se firmar na liga.

De todo modo, considerando os últimos acontecimentos, fica a pergunta: será que não chegou a hora de o armador e seus familiares e agente pensarem em outras alternativas? De repente buscar o mercado europeu, a afirmação do atleta em outro cenário para, no futuro, fortalecido, tentar um retorno triunfal?

Hoje as coisas estão assim: Scott gravita numa zona cinzenta e muito difícil de ser superada, a de ''ser bom o suficiente para aspirar ao grande campeonato'', mas ''não ser bom o bastante para descolar um contrato garantido''. Isso quer dizer que, basicamente, o armador teria de se inscrever na D-League novamente e tentar batalhar seu posto. É uma rota ingrata, ainda mais agora que ele não está sob o guarda-chuva de nenhum dos clubes da organização gerida por David Stern – ao contrário do ano passado, quando era um atleta sob contrato com o Rockets ou o Warriors, emprestado para as filiais da liga de desenvolvimento.

Pois, ao dispensá-lo hoje, muito antes do training camp, o Warriors cortou qualquer vínculo com o brasileiro. Com 13 jogadores sob contrato, eles poderiam tê-lo carregado até a pré-temporada tranquilamente. Mesmo que não fossem aproveitá-lo no elenco principal, caso o cortassem antes do início do campeonato, o clube ao menos o manteria sob sua alçada, defendendo o Santa Cruz Warriors. Mas não foi o que fizeram – e daí, das duas uma: 1) ou não tinham interesse, mesmo, ou 2) Scott e seu estafe pediram o corte para que pudessem buscar uma situação mais promissora, pensando em termos de NBA.

A franquia californiana, naturalmente, não elaborou muito a respeito: simplesmente emitiu um comunicado sucinto, direto ao ponto nesta quarta: ''Machado assinou originalmente com o Golden State como um agente livre promovido do Santa Cruz Warriors no dia 7 de abril de 2013. Ele apareceu brevemente me cinco jogos pelo Warriors. Ele também participou de seis jogos com o Houston Rockets na temporada passada e passou um tempo significativo na D-League, com médias de 8,9 pontos, 2,5 rebotes e 5,1 assistências em 28 partidas pelo Santa Cruz e pelo  Rio Grande Valley Vipers''.

Na frieza dos fatos, é isso.

Uma chance foi dada a Scott e ele não causou a impressão suficiente para convencer a diretoria de que poderia ser uma peça relevante na próxima temporada. Os negócios de um clube de NBA simplesmente podem tomar guinadas drásticas. Os fatos vão se sucedendo feito rolo-compressor, não importando quem esteja no caminho.

O Warriors sleecionou no Draft deste ano o armador sérvio Nemanja Nedovic. Ele foi a última escolha da primeira rodada do recrutamento. Importante: era uma escolha que não pertencia ao time. Quando a franquia resolveu investir (milhões de dólares) para entrar na primeira rodada e, depois de fazer a compra, optaram pelo armador ex-Lietuvos Rytas, os indícios eram de que o futuro do brasileiro estava seriamente ameaçado. Semanas depois, então, eles resolveram contratar Toney Douglas como substituto de Jarrett Jack. A rotação básica da posição, então, estava assegurada, com dois suplentes para o craque Stephen Curry.

Para piorar, durante a liga de verão de Las Vegas, o ala Kent Bazemore jogou demais, inclusive como um armador improvisado. O brasileiro nova-iorquino, porém, não fez um bom torneio. Embora tenha feito um bom papel na defesa e mostrado seu talento natural como organizador, Scott penou para fazer cestas. A ponto de, na final contra o Phoenix Suns na última segunda-feira, ter sido enterrado no banco de reservas, perdendo espaço para Ian Clark (que, inclusive, acabou de assinar contrato de dois anos com o Utah Jazz). O brasileiro só entrou em quadra com 49 segundos para o fim, e a partida já decidida. Cruel. Mais um duro golpe em sua jornada.

Ainda via Twitter, contudo, em vez de se mostrar resignado, o rapaz delcarou:''Essa montanha-russa ainda não parou!''

E não para, mesmo.

Só fica a impressão de que, no próximo looping, o brasileiro devesse tomar outra rota.

*  *  *

Seleção brasileira? Parece que essa é outra baixa para Rubén Magnano. O nova-iorquino era aguardado em São Paulo no dia 23 de julho. Leia-se: terça-feira. E aí que, nesta quarta, Scott me solta isso aqui na rede de microblogs: ''Acho que vou conferir alguns jogos de verão de basquete nesta noite'' + ''Os garotos que fazem essas acrobacias nos metrôs de NYC são supertalentosos''. Quer dizer, o armador está de volta a Nova York, enquanto seus compatriotas treinam na capital paulistana de olho na Copa América. Com Huertas, Raulzinho, Rafael Luz e Larry, o argentino ao menos está beeem servido na posição. Segue o jogo.

*PS: sim, propositalmente a mesma frase de abertura do post anterior. Essas novelas tomam um tempo danado.


Saída da Espanha, mudança para acertar, resistência do Boston… Faverani não deve defender a seleção
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Giancarlo Giampietro

Vitor Faverani, adeus, Valência

Adeus, Valência, para Faverani, e um até breve para Magnano

Chega uma hora que é melhor esquecer e seguir em frente com o que você tem, mesmo.

Rubén Magnano já está esperando há dias, e  será que fazer salinha por mais um tempão?

No caso, estamos falando de Vitor Faverani. Com as dispensas de Nenê, Varejão, Splitter e Lucas Bebê, mais a hérnia de Augusto, qualquer ajuda extra para o garrafão da seleção era bem-vinda. Pensando no enigmático pivô ex-Valencia, talvez fosse a hora perfeita para ele se apresentar oficialmente ao basquete brasileiro.

Mas…

O timing simplesmente não ajudou. O paulista acaba de fechar contrato com o Boston Celtics. Está literalmente num período de mudanças. A cabeça vai longe. E, julguem o que quiser, a seleção simplesmente não parece tão prioritária. É a conclusão que tiramos de sua entrevista ao site Basketeria.

Há diversos empecilhos para o pivô se apresentar a Magnano – lembrando que o prazo anunciado pela CBB para uma resposta do convocado era até esta terça-feira.

1) O Boston Celtics não quer liberá-lo para jogar a Copa América. ''Estou esperando o que o Boston fala sobre isso. Eles não estão muito afim que eu vá, por causa da lesão que tive no joelho'', disse.

2) Vitor vai ficar na Espanha por mais uma semana, no mínimo. ''Acho que (vem ao Brasil) no final da semana que vem. Ainda tenho algumas coisas para resolver aqui na Espanha. Assim que der, estou indo para o Brasil ficar um pouco com minha família.''

3) No momento, há muito mais na cabeça do cara. ''Psicologicamente, é o melhor que posso fazer (encontrar a família) antes de começar a nova “guerra” da minha vida'' + ''Quando eu for pro Brasil, agora, tenho que sentar com o Rubén (Magnano), sentar com meu agente e conversar'' + ''O que eu falei para os caras de Boston, no dia que eu assinei contrato, é que nos primeiros dias de setembro eu tinha que estar lá. Vou tentar ir uma semana antes para arrumar as coisas da casa, fazer as coisas de banco, para quando começar a temporada estar bem descansado e tranquilo para trabalhar''.

Ora, façam as contas: o talentoso e enigmático pivô estaria ''livre'' para conversar com o treinador argentino lá pelo dia 2 ou 3 de agosto. A Copa América começa apenas no dia 30. Daria tempo de ele ser integrado. Do ponto de vista mais pragmático, levando em conta a qualidade do jogador, talvez valesse a exceção aberta.

Agora…

E se o Boston se mantiver contrário e fizer de tudo para censurar seu novo contratado?

E que mensagem seria passada a Caio Torres, Rafael Hettsheimeir, Rafael Mineiro e qualquer outro jogador que tenha se apresentado no horário e já esteja treinando, ralando sob a orientação do campeão olímpico?

Para alguém linha-dura como Magnano, chegou a hora de riscar o giz na quadra e abraçar o que ele tem em mãos no momento. São jogadores talentosos, que, bem orientados e treinados, podem mais do que dar conta do recado.

Faverani  ficou para a próxima.


Hawks fecha com pivô macedônio, e minutos para Lucas Bebê ficam ainda mais minguados
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Giancarlo Giampietro

Pero Antic, figuraça

Pero Antic, figuraça e uma contratação no mínimo criativa do Atlanta Hawks

Desde que assumiu o controle das operações de basquete do Atlanta Hawks, o gerente geral Danny Ferry está inspirado. Conseguiu despachar o salário estratosférico de Joe Johnson, não caiu na armadilha de pagar horrores para Josh Smith, fechou um contrato muuuuuito mais palatável com Paul Millsap, achou dois novatos estrangeiros muito promissores no Draft mesmo sem ter uma das 15 primeiras escolhas, manteve um time competitivo e, ao mesmo tempo, com boa possibilidade de crescimento para o futuro.

Missão cumprida? Tudo certo?

Não, o sujeito simplesmente não para.

Em mais um movimento surpreendente, o dirigente está prestes a fechar um contrato com o gigante macedônio Pero Antic, bicampeão da Euroliga pelo Olympiakos. Antic chegaria a Atlanta para, muito provavelmente, ocupar o papel de quarto pivô da rotação do técnico Mike Budenholzer, atrás de Al Horford, Millsap e Elton Brand.

Somem aí também o ala DeMarre Carroll, que também pode marcar alas-pivôs em formações mais baixas, mais o segundanista Mike Scott, em franca progressão, e a conta de minutos disponíveis para Lucas Bebê fica bem minguada para a temporada 2013-2014. I

De acordo com o site espanhol Encestando, o brasileiro estaria disposto, sim, a pagar sua multa rescisória com o Estudiantes para migrar para os Estados Unidos já neste ano. Para se liberar de seu contrato com o clube madrilenho, o pivô precisaria pagar US$ 1 milhão, sendo que o Hawks pode contribuir com até US$ 575 mil na transação.

Sem citar fontes, o texto foi publicado, porém, antes da contratação de Antic. Resta saber se esse negócio pode alterar de alguma forma os planos de Lucas e de seu agente, o ex-jogador Aylton Tesch. Em entrevista à Rádio Bradesco Esportes FM, Aylton havia indicado que esperava que seu atleta tivesse pelo menos algo em torno de cinco a dez minutos por jogo. Nem mesmo essa quantia parece estar disponível agora.

Mas nem isso seria um impedimento também. Se lermos com atenção, nesse mesmo bate-papo, que já destacamos aqui, a preocupação maior para a próxima temporada seria, mesmo, o fortalecimento do atleta. “Se o Atlanta falar que vai dar de cinco a dez minutos de jogo para o Lucas e que, no final do ano, ele vai estar com 15 kg a mais de massa magra muscular e que vão fazer um trabalho extraquadra, de vídeo, para ele poder aprender mais o jogo da NBA, vale mais a pena do que se ele for jogar 25 minutos na Espanha, onde para condicionamento físico eles só querem que os atletas corram'', disse.

Mesmo que o brasileiro jogue pouco, a ideia seria, então, deixá-lo nos Estados Unidos para uma temporada de amadurecimento fora de quadra, que faça parte de um projeto de longo prazo para Bebê, talvez pensando em aproveitá-lo mais no segundo ano na liga norte-americana.  “Ele só vai para a NBA se o time tiver um plano de evolução para ele”, afirmou o agente. “Tem de planejar algo para que eu me sinta bem e o atleta também.”

 Vamos aguardar.

*  *  *

Antic vai fechar contrato (de um ano garantido) nesta quinta-feira em Atlanta.

E quem é Pero Antic?

Estamos falando de um pivô que vai completar 31 anos na próxima semana. Veteranaço, então, de muitas batalhas pelo Olympiakos nas últimas duas temporadas, no melhor momento de uma carreira que era modesta, modesta até brilhar no Eurobasket de 2011. Na ocasião, sua Macedônia desbancou favoritos, liderada pelo americano Bo McCalebb, e causou sensação. Escoltando o gringo, enfim chamou a atenção da elite do continente. Revelado pelo Rabotnicki Skopje, antes de defender o Olympiakos, defendeu o AEK de Atenas, o Estrela Vermelha de Belgrado, o Academic de Sófia, e, na Rússia, o Lokomotiv Kuban e o Spartak de São Petersburgo.

Detalhe: não será a primeira vez do macedônio no basquete norte-americano. Em 2000-2001, ele jogou uma temporada inteira dehigh school.

Em quadra, a despeito do físico – e visual – intimidador, com 2,08 m de altura e cerca de 120 kg, Antic é um jogador que, no ataque, atua muito mais no perímetro, distante da cesta. É um ótimo passador e… Bem, ficamos nisso, embora ele acredite piamente que pode ser uma arma nos chutes de três pontos.

Em sua carreira na Euroliga, o pivô só converteu o 26,7% de seus disparos, algo muito abaixo do aceitável. O que não o impediu de, na última temporada, ter arremessado 115 bolas de longa distância em 31 jogos, tendo matado apenas 26,1%. Nos chutes de dois pontos, o rendimento melhora um pouquinho: 51,5% (embora, no geral, tenha 47,3%). Em lances livres, converteu 67,3% em seis anos.

Na campanha do bicampeonato continental, eve médias de 6,2 pontos e 3,3 rebotes, em 15,7 minutos por partida. Suas contribuições para o Olympiakos, porém, estão muito mais nas intangíveis. O pivô é relativamente ágil para alguém de seu tamanho, se deslocando bem lateralmente para fechar espaços.

É uma contratação no mínimo curiosa de Ferry. Antic tem tudo para virar uma figura cult na NBA.


Na contramão, Canadá deve contar com nova geração da NBA na Copa América
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Giancarlo Giampietro

Kabongo, Thompson, Joseph

Kabongo, Thompson, Joseph: três promissores talentos canadenses chegando

Aviso: este é um posto sobre a seleção canadense de basquete. Mas, antes de chegar lá, começamos a falar um pouco sobre a rotina do jornalismo online.

Só não temos imagens de bastidores! : )

É assim. Por alguns anos, este que vos escreve cumpriu a função de redator da casa maior que abriga o surrado blog, o UOL Esporte. Dentre as tarefas deste espécimes mais do que especiais, os redatores, estão as chamadas ''rondas''. Toca gastar o Google até não poder mais, navegando de site para site, brasileiros e estrangeiros, em busca de alguma bomba ou daquela notinha que pode estar escondida, mas que, dependendo do enfoque, viraria algo. Coisa do tipo: buscar  alguma molecagem de Robinho no portal do diário Marca, em seus tempos de Real Madrid etc. Podem apostar que, nas redações, o Mundo Deportivo e o Sport, de Barcelona, vão bombar agora com 'focas' ávidos por qualquer informação sobre Neymar.

Avançando alguns anos desde aqueles tempos emocionantes – ou, nem tanto –, temos aqui este Vinte Um, que, vocês sabem, é muito mais opinativo do que informativo.

Agora, por mais impertinente que seja o condutor do blog, para dar qualquer pitaco, o jornalista deve estar, antes de tudo… Bronzeado? Bêbado? Envaidecido? Não, seus tontos, deixem disso. Tem de estar ''minimamente lido''.

Para a NBA, fica fácil. Basta digitar HoopsHype.com, e tá lá. Agora, na temporada de seleções nacionais, a coisa muda um pouco de figura. A caça é mais ampla, em territórios por vezes hostis. A ronda precisa ser mais cuidadosa e persistente. As fontes nem sempre são confiáveis, nem mesmo nos sites oficiais das federações – o jornalismo em espanhol, gente, é uma coisa séria. Então fique navegando sem parar, nem que seja madrugada de domingo para segunda-feira, chegando até a conta oficial da Federação Canadense no Twitter. Vale tudo.

Lá eles estão anunciando a venda de ingressos para dois amistosos em Toronto contra a Jamaica – estamos falando, então, de dois adversários da seleção brasileira pela primeira fase da Copa América.

Bem, se o objetivo é vender bilhetes, o promotor do evento precisa de alguma atração, né? Mas como o marketing da federação fará isso se o gerente geral Steve Nash (sempre estranho escrever uma coisa dessas) e o técnico Jay Triano ainda nem anunciaram a convocação canadense? Bom, aí se quebra o protocolo um pouco para antecipar pelo menos alguns nomes. Estes aqui já foram anunciados: @Cory_Joe, @nicholaf44 e @RealTristan1.

Traduzindo: Cory Joseph, armador do San Antonio Spurs, Andrew Nicholson, pivô do Orlando Magic, e Tristan Thompson, ala-pivô do Cleveland Cavaliers. A não ser que a entidade seja processada por falsa propaganda, a equipe norte-americana, então,  vai na contramão de Brasil e Argentina e, entre os seríssimos candidatos a vaga na Copa do Mundo da Espanha 2014, já começa a enfileirar suas tropas de NBA.

E gente de NBA canadense nestes tempos é o que não falta.

Além dos três já listados, os caras têm Joel Anthony em Miami, Matt Bonner (naturalizado) em San Antonio, Kelly Olynyk em Boston, Robert Sacre em Los Angeles e o encrenqueiro Samuel Dalembert em Dallas. O ala Anthony Bennett, mais um do Cleveland, a gente nem cita aqui, por estar se recuperando de uma cirurgia no ombro. Kris Joseph, ala, acabou de ser dispensado pelo Celtics. O armador Myck Kabongo tenta descolar uma vaga em Miami.

Cory Joseph, oh, Canada

Oh, Canada: Cory Joseph está animado

Além disso, há uma turma também se refinando em grandes universidades norte-americanas, com os alas Nik Stauksas, gatilhaço de Michigan, e Dwight Powell, de Stanford, o ala-pivô Kyle Wiltjer, recém-transferido de Kentucky para Gonzaga, os armadores Tyler Ennis, de Syracuse, e Kevin Pangos, também de Gonzaga, e a sensação Andrew Wiggins, de Kansas e favorito disparado a escolha número um do Draft de 2015.

Some-se a esses jovens talentos os veteranos como o ala-pivô Levon Kendall, o ala Aaron Doornekamp e o armador Jermaine Anderson, gente que já disputou os melhores campeonatos na Europa, entre outros, e temos um grupo volumoso, com fartura para se montar uma equipe de 12 jogadores. Para o Canadá, a hora é agora.

''O basquete canadense vem se mostrando irregular há muito tempo. Agora estamos trabalhando sério para levar nosso país de volta ao mapa, e estou certo de que vamos conseguir isso muito em breve'', afirmou Joseph, em recente entrevista ao site da Fiba. ''O próximo passo é ter um grande desempenho na Copa América.''

Diante de uma concorrência enfraquecida, não há motivos para eles não conseguirem isso desde já. Não é preciso mais ronda nenhuma para sacar isso.


Reforçado, Uruguai corre por fora e acredita em disputa por vaga na Copa América
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Giancarlo Giampietro

Mazzarino voltou

Nicolás Mazzarino ainda rende bem aos 37 anos. Cuidado com ele

Nicolás Mazzarino, 37, é daqueles jogadores que, na hora de se formar duas equipes para se disputar uma pelada no parque, muito provavelmente ficaria fora. Tudo por causa do olhômetro: você bate a vista no sujeito, baixinho, o cabelo com boas entradas, e tal. Sai o que daí, diria o preconceito do capitão de ambas as equipes?

Olha, uma coisa com certeza sairia: muitas bolas de três pontos. O veterano uruguaio é um dos maiores atiradores de longa distância que o basquete sul-americano já viu e, depois de sete anos, resolveu aceitar uma convocação, voltando a defender a equipe celeste na Copa América que se inicia no dia 30 de agosto.

Mazzarino não defendia o time desde o Sul-Americano de 2008. Já o ala Emilio Taboada, 31, também decidiu voltar à seleção nacional pela primeira vez desde a Copa América 2009, aquela que a seleção brasileira venceu sob o comando de Moncho Monsalve.

E o que acontece no Uruguai para o Natal ser antecipado tanto assim para o técnico Pablo Lopez?

Bem… Cientes dos desfalques que muitas das potências continentais têm no momento, os uruguaios talvez simplesmente acreditem que possam beliscar uma das quatro vagas para a Copa do Mundo de 2014, na Espanha. Algo que não parece nada exagerado, aliás. Estão farejando sangue e chegarão ligadíssimos à disputa. Aí chamam a cavalaria, ainda que seja a cavalaria uruguaia.

Mazzarino já não é mais o cestinha de mão cheia de meados dos anos 2000, assim como Taboada nunca foi.  O armador/escolta, porém, jogou na forte liga italiana até esta última temporada, sem parar, em clube de ponta, disputando Euroliga e tudo. E não não como simples mascote. Converteu 41% de seus disparos do perímetro, depois de ter matado 45,3%, 44,3% e 45,8% nas campanhas anteriores.

No contexto uruguaio, em que a mão-de-obra não é nada abundante, poder contar com esses dois jogadores, de nível internacional, é um reforço danado.  São duas peças que se somam aos já ''batidos'' Martin Osimani, Leandro Garcia Morales e Mauricio Aguiar, além do sub-23 Bruno Fitipaldo. Estamos diante de um elenco muito talentoso ofensivamente, com artilharia pesada, para espaçar a quadra. Resta saber se Reque Newsome e Esteban Batista estão em condições de pontuar dentro do garrafão para completar o ataque da equipe.

Batista vem em declínio no basquete europeu e, para piorar, sofreu um baita susto durante os treinamentos no Uruguai, ao cair sobre o braço, contundindo o cotovelo e o punho. No elenco uruguaio, porém, é o único que pode causar algum estrago próximo da cesta, para se aproveitar de tantos arremessadores ao seu redor.

Olho neles.

*  *  *

Os veteranos voltaram, mas o Uruguai perdeu um de seus principais jogadores jovens, se não o principal, para a Copa América. É o armador Jayson Granger, formado no basquete espanhol. Ex-Estudiantes, o atleta defendeu o Boston Celtics na liga de verão da NBA em Orlando ao lado de Fabrício Melo este ano e acaba de assinar contrato com o Unicaja Málaga, de Augusto Lima. Para facilitar a adaptação ao novo clube, abriu mão de defender a seleção nacional, pela qual jogou pela primeira vez no Sul-Americano de 2012. Um bom defensor, alto e forte para a posição, Granger ajudaria bastante, mas nessa posição os vizinhos do sul ainda se viram muito bem obrigado com Osimani e o joven Bruno Fitipaldo, um armador muito talentoso ofensivamente.

*  *  *

Sob o comando de López, que assumiu o time no ano passado, a preparação uruguaia já começou no dia 8 de julho e vai ser uma das mais extensas das seleções participantes. O Brasil vai enfrentá-los pela primeira vez no dia 7 de agosto, em São Carlos. As duas seleções também realizarão um Super 4 em Anápolis, entre 10 e 11 de agosto. Em jogos para valer, se enfrentam no dia 2 de agosto já pela Copa América.

*  *  *

Mazzarino não está de volta apenas ao time nacional. Na próxima temporada, ele vai defender o Malvin, tradicional clube de seu país, depois de passar 12 anos na Itália, aonde defendeu o Reggio Calabria e o Cantù . Quer dizer, vai cruzar novamente com as defesas brasileiras nas Ligas Sul-Americanas e das Américas da vida.