Vinte Um

Arquivo : Caio Torres

Os quatro melhores nas semis do NBB, após muito sufoco
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Giancarlo Giampietro

Hettsheimeir teve médias de 19,2 pontos e 9,2 rebotes contra Franca. Fundamental para a vitória

Hettsheimeir teve médias de 19,2 pontos e 9,2 rebotes contra Franca. Fundamental para a vitória

Essa coisa de fazer previsão, dar palpite… Sei bem que diverte a galera, mas só expõe jornalistas ao ridículo, né?

Vamos lembrar o título: “Após suversão no início, NBB abre quartas com favoritos claros”.

Se fosse para levar em conta o que se passou durante a temporada regular da sétima edição do campeonato, na minha cabeça não havia como acontecer surpresas nas quartas de final, mesmo ciente de que a mera vitória numa série poderia encher de confiança aqueles que desafiariam Bauru, Limeira, Flamengo e Mogi. No final das contas, passaram todos, mas não sem uma boa dose de drama. “Claros”, né?

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Só Limeira conseguiu avançar sem apelar ao Jogo 5 em seus domínios, batendo Brasília em quatro partidas, com direito a dois triunfos na capital federal. Valeu para o time se colocar entre os quatro melhores pela primeira vez, fazendo uso de um elenco de muito mais velocidade e flexibilidade que os candangos, correndo em círculos ao redor da vítima. Suas três vitórias tiveram vantagem de dígito duplo, com saldo de 41 pontos no geral.

A série entre Flamengo e São José também em teoria apresentava ampla superioridade para os atuais bicampeões. Se os deuses do basquete permitirem, dá até para dizer que foi um placar de 3 a 2 enganoso ou injusto – mesmo que isso contrarie a máxima de que, num playoff, não importa se o placar é por 30 ou por 0,3 pontos, tendo o mesmo peso. Descontando as vitórias e derrotas flamenguistas, foram 64 pontos de saldo em cinco jogos (média de 12,8).

O Flamengo sobrou em três jogos. Mas cedeu dois para São José

O Flamengo sobrou em três jogos. Mas cedeu dois para São José

Ainda assim, faltou consistência ao time de José Neto, especialmente no ataque, para fazer valer sua superioridade. Nas duas derrotas, acertou apenas 12 de 51 arremessos de três pontos (23,5% de aproveitamento, um pesadelo). Um ponto em comum nos tropeços também foi a dominância de Caio Torres, em grande fase, com médias de  16,5 pontos, 9,0 rebotes, 6,5 lances livres batidos e 60% nos arremessos de quadra, em 28,5 minutos.

O desequilíbrio parou por aí, todavia. O Mogi ficou muito perto da eliminação diante do Macaé, que valeria como uma tremenda coincidência, já que o clube fluminense tentava reprisar a trajetória de seu oponente, que alcançou a semifinal do NBB 6 como o 12º colocado no geral após a fase de classificação. No Jogo 5, com o ginásio Hugo Ramos, os visitantes entraram no quarto período vencendo por 64 a 61. Faltavam dez minutos para confirmar a zebra, mas sua defesa permitiu 30 pontos na parcial final. Curiosamente, foi uma dinâmica bem parecida com a da primeira partida do confronto, com jogo empatado em 55 após três quartos, com o Macaé liderando desde as primeiras posses de bola.

Mais: Mogi ficou em desvantagem por 2 a 1, passou sufoco, mas contou com a energia de Tyrone Curnell para a virada, com 21 pontos e 9,5 rebotes nas últimas duas partidas. Paulão Prestes também foi muito mais efetivo para mudar a história, com 31 pontos nos Jogos 4 e 5, depois de ter somado apenas 18 nos três primeiros. Shamell marcou 21,4 pontos, mas acertou apenas 33% dos chutes de fora, forçando a barra (11/33). Guilherme Filipin derrapou no duelo decisivo, com 1/6 nos chutes de fora, mas teve rendimento de 48,1% no geral (13/27).

Mogi, de Gerson e Filipin, sofreu um bocado para evitar mais um 12º colocado na semi

Mogi, de Gerson e Filipin, sofreu um bocado para evitar mais um 12º colocado na semi

A grande surpresa, no entanto, ficou reservada para Bauru x Franca. O campeão paulista e das Américas chegou para o duelo com uma sequência de 33 vitórias seguidas, seja pela liga nacional como pelo torneio continental. Na abertura da série, ainda deram uma surra de 27 pontos, vencendo por 82 a 55. Caminhariam para a varrida? Nada disso.

O confronto ficou muito mais interessante no momento em que o time de Lula Ferreira, que sofrera para eliminar o Palmeiras pelas oitavas, roubou o mando de quadra bauruense ao vencer o Jogo 2 por 74 a 71. Era o final de uma sequência de 26 vitórias de seu oponente pelo NBB. Comedido, como sempre, Lula não quis saber muito de comemorar o resultado, mas, em sua entrevista pós-jogo, admitiu a maior preocupação no confronto tático com seu ex-assistente da seleção brasileira: “Quando eles acertam 13 cestas para três pontos é quase impossível de vencê-los. A vitória é maravilhosa”, disse.

Na ocasião, o oponente converteu, sim, 13 chutes de longe, em 34 tentativas, com 38,2%. Um bom rendimento, mas insuficiente para garantir o triunfo. A partir daí, porém, essa artilharia seria limitada a 8 conversões em cada jogo e o aproveitamento, respectivamente, de 33,3%, 29,6% e 30,8% – na temporada, tinham 39,7% de média, propiciando volume de 35,2 pontos a partir da linha perimetral. Se era essa a preocupação de Lula, a defesa funcionou muito bem, obrigado. Veja os números do sistema ofensivo de Guerrinha na série:

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Nas três vitórias, o menor volume de arremessos de três, com ataque mais distribuído entre chutes para dois e/ou lances livres, para compensar o fraco rendimento no perímetro – especialmente comparando com os índices da temporada. Mas mesmo mais próximo da cesta eles tiveram mais dificuldade que o normal

O problema é que, nos Jogos 3 e 5, Bauru conseguiu compensar o baixo rendimento nos tiros exteriores com um volume elevado no jogo interno, batendo 50 lances livres no total para somar 37 pontos na linha (74%). De qualquer forma, a marcação francana foi bem na série, limitando um ataque de tinha média superior a 90 pontos por jogo no campeonato, até então, a 75,0 na série.

Para o próximo confronto, Paco Garcia deve estudar em detalhes o que aconteceu nos últimos quatro jogos – e a defesa de Lula Ferreira como um tudo. Afinal, das míseras sete derrotas que o líder sofreu durante toda a temporada – quando estava com força máxima, isto é, após a Copa do Mundo –, quatro aconteceram nesse clássico paulista (duas agora e outras duas pelas semifinais do Paulista). Sim, desde que Alex, Larry e Hetthsheimeir se apresentaram, o restante do país só bateu a equipe em três ocasiões, e uma dessas vitórias carrega um senhor asterisco: a de Brasília, pela primeira rodada do campeonato nacional, com a equipe paulista de ressaca pela conquista do estadual. Os demais reveses ficam na conta de Limeira: um pela decisão do estadual e outro pelo NBB também. E só. O retrospecto geral, computando também os compromissos internacionais? São 57 vitórias em 65 partidas.

bauru-basket-2015-retrospecto

Por que desde 13 de setembro? Que foi quando o trio da seleção brasileira estreou na temporada, em duelo com Rio Claro, pelos playoffs do Paulista. O completo também merece outro asterisco: o time perdeu o ala-pivô Jefferson William, figura de importância altíssima no sistema ofensivo, durante a campanha

Se isso não significava favoritismo desmedido, então nossos valores estão invertidos. Goste-se ou não do basquete praticado pela equipe de Guerrinha, não haveria como renegar um retrospecto desses, certo? É o que pregaria, ainda hoje, o jornalista desvairado aos sete mares. Mas Franca nos mostrou que há, sim, como contestar a tese.

O que vem por aí?
Para Mogi, é isto: ou o time defende, ou está fora. Não vai ser num tiroteio contra Bauru que eles vão levar a melhor, como os quatro confrontos entre os clubes na temporada mostram. Foram quatro vitórias para a equipe de Guerrinha, sendo duas pelo NBB e duas pela Liga Sul-Americana, inclusive a final continental. No último duelo, Bauru foi testado para valer, é verdade, perdendo o primeiro tempo. Ainda assim, deslanchou no segundo tempo e saiu vencedor, com uma jornada incrível do veterano Alex, que marcou 31 pontos, com 7/10 nos arremessos de longa distância. Veja os números preocupantes dos líderes da fase de classificação do NBB nesses jogos:

Bauru teve média de 39 disparos de três pontos contra a defesa de Mogi, acertando mais de 40% deles. Quando atacou com chutes de dois, também foi muito eficiente

Refazendo: ou o time defende de maneira muito mais eficiente, ou está fora. Bauru teve média de 39 disparos de três pontos contra a defesa de Mogi (algo assustador e desproporcional), acertando mais de 40% deles. Quando atacou com chutes de dois, também foi muito eficiente. Resultado: saldo de 19,0 pontos em média no duelo. Do outro lado, a equipe de Paco vai precisar movimentar a bola e saber dosar o jogo interno com os arremessos de Shamell e Filipin. Os dois alas precisam atacar em movimento, em vez de tentativas isoladas de mano a mano – especialmente quando Alex for o marcador. Encontrar um modo de envolver Tyrone também ajudaria: assim como Paulão, o ala-pivô teve desempenho praticamente nulo nos embates. O favoritismo ainda pende para um lado.

Limeira x Flamengo tem tudo para ser um confronto eletrizante, com dois elencos vastos, versáteis e explosivos frente a frente. Nezinho x Laprovíttola, David Jackson x Marquinhos, Hayes (que fez grande série contra Brasília e agora enfrente seu ex-time) x Olivinha, Fiorotto x Meyinsse, Ramon x Benite, Deryk x Gegê, Teichmann x Herrmann, Dalla x Marcelinho, Mineiro x Felício… Afe, todos embates promissores,  muito instigantes. É uma série que valeria melhor-de-sete, sem dúvida, para a qual não servem muito os números da classificação geral, uma vez que Nezinho não esteve presente na segunda partida, na qual estavam todos já com posição definida na tabela. O mando de quadra pode fazer diferença? Nas quartas, de nada adiantou. A maior rodagem e o sucesso recente flamenguista seriam uma vantagem? Na Liga das Américas, não adiantou. Palpite? Dessa vez passo.


Após suversão no início, NBB abre quartas com favoritos claros
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Giancarlo Giampietro

Brasília de Giovannoni faz um segundo campeonato nos mata-matas

Brasília de Giovannoni faz um segundo campeonato nos mata-matas

As quartas de final do NBB começam hoje. Nas oitavas, para quem perdeu, tivemos pura subversão. Dos quatro times mais bem classificados para essa fase, apenas o Franca passou, e no quinto e último jogo contra o Palmeiras. De resto, a turma de baixo aprontou. Agora, esses azarões partem em direção aos grandes favoritos ao título, de fato. Times que sobraram na fase de classificação, mas que, claro, precisam tomar cuidado com adversários que chegam confiantes. Seria um segundo campeonato? Ou a consistência deles durante o ano pesa mais? Ainda pendo para a segunda alternativa, mas precisa jogar e confirmar em quadra.

Entre os times do topo está, claro, o Bauru, um degrau (ou mais) acima, tendo ainda alguns dias preciosos para descansar um elenco que conquistou até agora três taças em três competições disputadas. Os bauruenses, líderes da temporada regular, terão os francanos pela frente, num clássico do interior paulista. De resto, o Limeira, segundo colocado, encara o emergente Brasília; o Flamengo, em busca do tri, pega os velhos conhecidos de São José; e o Mogi das Cruzes recebe o Macaé, que tenta usar aquela frase que a gente quase não vê mais impressa por aí: “Oi, eu sou você amanhã”.

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É mata-mata que não acaba mais gente. Mas o punho vai resistindo bem por enquanto – sobre a cabeça, melhor nem perguntar, que já está fundida faz tempo. Agradeço a reza, o apoio e o voto de confiança. : D

E simbora:

Bauru (1º) x Franca (8º) – Bauru em 3
Se for perguntar por aí sobre um time que tenha dado mais trabalho para Bauru nesta temporada 2014-2015, os caras de Franca podem levantar a mão. Sim, quem se lembra da fervorosa semifinal do último Campeonato Paulista? O eventual campeão estadual precisou de todas as cinco partidas da série para avançar. Com direito a lamentável quebra-pau no Jogo 3.

Mas isso faz tempo. Era apenas o início da caminhada. Desde então, o time de Guerrinha perdeu somente três jogos. Incrível: uma para Limeira na decisão do Paulista e duas pela fase de classificação do NBB. No momento, contando a Liga das Américas, são 33 triunfos consecutivos. A única baixa realmente a ser lamentada foi a lesão do ala-pivô Jefferson William, fora com uma ruptura no tendão de Aquiles.

Hettsheimeir e o Bauru querem mais

Hettsheimeir e o Bauru querem mais

Além disso, se formos relembrar aquela semi, os jogos que o Franca venceu foram por dois e três pontos. Por outro lado, a equipe de Guerrinha conseguiu 23 pontos e 29 pontos de vantagem. Só o quinto e o derradeiro duelo, com muita tensão, foi parelho (75 a 69).

Enquanto Franca eliminava o Palmeiras, sendo o único time mais bem classificado a passar pelas oitavas de final, o Bauru descansou. Para muitos casos, essa parada poderia ser arriscada, custando ritmo de jogo etc. Para essa equipe especificamente, todavia, creio que foi algo muito bem-vindo, para dar um respiro antes de brigarem pelo quarto título em quatro competições, algo que seria histórico.

Por números, é como o Bauru se fosse o Golden State Warriors do NBB, mas com um nível de dominância ainda mais acentuado. Ataque mais eficiente, melhor defesa, melhor índice de arremessos, terceiro melhor nos rebotes, e por aí vamos. O único quesito no qual os francanos se aproximam de seu rival paulista é na defesa, com a terceira retaguarda mais eficiente (um padrão nos times de Lula Ferreira, aliás). Mas vai ser uma missão difícil.

Dos poucos jovens atletas do NBB que já tiveram chances com Rubén Magnano na seleção, a dupla Leo Meindl e Lucas Mariano tem a oportunidade de mostrar serviço contra adversários de ponta. Meindl, que não jogou o que podia contra o Palmeiras, vai provavelmente ser marcado por Alex e Gui Deodato. Uma dureza. Durante o campeonato, porém, o garoto se saiu bem contra a dupla, anotando 20,5 pontos em média. Já Lucão vai encarar Hettsheimeir e Murilo, vindo de uma de suas melhores atuações da temporada contra o Palmeiras, no quinto jogo. Foi instrumental no fechamento do confronto.

Limeira (2º) x Brasília (10º) – Limeira em 4
Não há o que aliviar aqui: tricampeão do NBB, Brasília foi a maior decepção desta edição. Imaginem assim: se fosse uma competição de pontos corridos, estaria fora da briga pelo título há meses. Se fosse um playoff composto da forma mais tradicional, com apenas os oito melhores classificados, também teria dado adeus mais cedo.

Mas os mata-matas do NBB abraçam mais gente – e tudo bem: é uma forma de manter mais clubes em atividade. Supostamente, isso serviria para ajudar os competidores de menor orçamento, dando mais chances. No fim, um gigante como Brasília acabou se beneficiando dessa brecha e já aproveitou para derrubar o Pinheiros. Contra o Limeira, porém, as coisas complicam. Especialmente para um time que teve a segunda pior defesa da temporada, acima apenas de Macaé, tentando parar o terceiro ataque mais qualificado, com boa movimentação de bola (um ataque solidário, com a maior taxa de assistências do campeonato).

Garoto Deryk é uma das opções aceleradas do Limeira

Garoto Deryk é uma das opções aceleradas do Limeira

Não é só a simples predisposição a passar a bola que torna a equipe dirigida por Dedé Barbosa perigosa. O principal fator, creio, é a velocidade de seus jogadores, em especial no perímetro, com a trinca Nezinho, Deryk e Ronald Ramon, servindo ao MVP do NBB 6 e candidato sério a manter o troféu, David Jackson. São armadores que se movimentam muito e botam pressão no adversário nos dois lados da quadra.

Essa agilidade também se reflete na linha de frente, com caras como Mineiro, Hayes e Teichmann, além de Fiorotto (até mesmo o jovem Dú Sommer segue esse perfil, mas sem tempo de quadra). É um plantel muito coeso nesse sentido. A diferença é que o garrafão candango não fica muito atrás, com um superatleta como Cipolini escoltando a técnica de Giovannoni – são dois dos dez jogadores mais eficientes do campeonato.

Será que eles vão contar com a ajuda de Ronald? O pivô de 23 anos foi um dos grandes responsáveis pelo triunfo contra o Pinheiros, enfim recebendo minutos consistentes (mais de 20 por jogo), respondendo com 11,5 pontos e 6,5 rebotes, acertando 69% de seus arremessos (18/26). A ver se a sua curva ascendente será respeitada.

Obviamente que Limeira vai respeitar seu adversário – aliás, estamos falando curiosamente dos únicos dois times a bater o líder Bauru na fase de classificação. Mas não tem motivos para temê-lo, levando em conta sua ampla superioridade durante toda a temporada, passando também por dois triunfos no confronto direto. Talvez o fato que gere mais preocupação mesmo é o fato de o clube nunca ter vencido uma série de playoff, nem mesmo quando tinha mando de quadra. Foram cinco confrontos, todos perdidos de virada, o que é ainda mais agonizante.

Flamengo (3º) x São José (11º) – Flamengo em 4
Com presença constante na fase decisiva, os dois clubes têm boas histórias para contar. Já são ao todo 27 jogos entre ambos no campeonato nacional, o que configura o duelo mais disputado até aqui. Em termos de playoffs, foram três séries, com os cariocas levando a melhor em duas delas, incluindo a última, pela semifinal do NBB 5 – numa revanche após a quarta edição.

É certo que uma sequência relevante de triunfos vai acabar este ano. O Fla nunca ficou fora das semis. Já o clube do Vale do Paraíba passou pelas quartas nas últimas três temporadas. Bom para dar uma apimentada. Se tiver de apostar, de qualquer forma, os rubro-negros aparecem como favorito indiscutível.

É uma situação interessante, aliás: se você fosse avaliar apenas de orelhada, talvez chutasse que o Fla tenha deixado a desejar, especialmente depois de perder uma semifinal de Liga das Américas, no Maracanãzinho. Mas isso tem muito mais a ver pelo patamar alcançado pelo clube nas últimas campanhas – essa coisa de ser o atual bicampeão nacional e de ter vencido a Copa Intercontinental e tal.

Na última rodada da 1ª fase, Fla de Herrmann venceu bem o Limeira

Na última rodada da 1ª fase, Fla de Herrmann venceu bem o Limeira

Há um desgaste mental quando se passa por tantas decisões. Não há como negar. Ainda assim, a equipe engatou uma boa sequência de nove vitórias para fechar a temporada regular e chegar mais animada para os playoffs. No meio do caminho, um triunfo de virada, por 16 pontos, sobre o Limeira. No geral, não havia muitos motivos para preocupação: tiveram o segundo melhor ataque e a quinta melhor defesa.

No papel, o elenco flamenguista também se impõe. José Neto tem uma linha de frente robusta, com tamanho, agilidade e talento distribuídos entre Marquinhos, Herrmann, Olivinha, Felício e Meyinsse. Do outro lado, o pivô Caio Torres que defendeu o Fla de 2011 a 2013, sendo campeão no NBB 5, fez um grande campeonato, com 14,6 pontos e 9,2 rebotes. Mas a rotação ao seu lado é minguada, com o regular Drudi, de chute de média distância sempre muito perigoso, e o jovem Renan.

Como fazer um jogo controlado se você tende a levar a pior na batalha interna? Por outro lado, querer correr com o próprio Marquinhos, além de Laprovíttola e Vitor Benite do outro lado realmente não parece uma boa opção, de toda forma. Andre Laws parece o único defensor capaz de persegui-los sem perder o fôlego ou a concentração. E aí? Como faz?

As oitavas de final contra o Paulistano – o outro finalista do ano passado – foram um bom treino para jogos mais truncados, com placares baixos, mesmo. Em quatro duelos, a equipe de Zanon foi a única passar da casa de 80 pontos, e apenas uma vez (no Jogo 3, com 85).

É uma tarefa difícil para o clube paulista, a despeito de seu poder de chegada e de, por ora, ignorarem problemas com atraso de pagamento. Além da força de sua torcida, vão precisar defender muito, do início ao fim, e esperar por uma regularidade maior nos arremessos de Baxter, Dedé e/ou Betinho. De preferência os três juntos.

 Mogi das Cruzes (4º) x Macaé (12º)
Agora cabeça-de-chave, o técnico Paco Garcia obviamente não vai subestimar seu adversário. Afinal, sabe muito bem como não importa a posição em que o adversário chegou aos mata-matas – no caso, o Macaé, que garantiu a 12ª e última vaga, justamente a mesma posição que o Mogi tinha no NBB 6, para bater Pinheiros e Limeira em sequência e disputar a semifinal.

De pedra, a equipe do técnico espanhol agora virou vidraça, sustentada por uma das torcidas mais barulhentas do país. Teve um investimento maior e elevou seu padrão de jogo de acordo com o esperado, vencendo 70% de suas partidas (foram 12 triunfos a mais que seu próximo rival) pelo certame nacional, chegando também uma final inédita de Liga Sul-Americana.

É a equipe favorita, mas que vai ter de estar atenta a um oponente que acabou de derrubar a quinta melhor campanha do campeonato, o Minas Tênis. Um resultado surpreendente, mas que já vale como um prêmio para um projeto interessante no litoral norte fluminense, que vai além das quadras e envolve realmente a comunidade.

Se for para falar das quatro linhas, no entanto, não há como fugir do americano Jamaal Smith, um baixinho de 1,75 m, que é uma verdadeira dor-de-cabeça para a oposição. Não só por sua conduta marrenta, mas pelo talento para colocar a bola na cesta. Nas oitavas de final, teve média de 22,7 pontos, acertando 10 de 16 arremessos de três pontos. Sua arma principal, contudo, é a capacidade para cavar faltas.

Jamaal Smith, quem vai parar? Gustavinho se candidata

Jamaal Smith, quem vai parar? Gustavinho se candidata

Encarando a segunda defesa mais eficiente da temporada regular, bateu 39 lances livres em quatro jogos – e, melhor, errou apenas um, garantindo médias de 9,75 arremessos por partida e aproveitamento de 97,5%. Sensacional. São números bastante inflados, claro, mas plausíveis de atingir em mais uma série, pensando no que ele fez durante todo o NBB 7 (6,5 e 88,2%, respectivamente). Foi o arremessador mais eficiente do campeonato.

Aí você faz como? Tem chute de fora e também joga com muita eficiência lá dentro. Não seria o caso de delegar toda a responsabilidade para Elinho ou Alexandre. A boa notícia, porém, é que Gustavinho retornou na última rodada da primeira fase e ainda teve duas semanas para aprimorar o condicionamento físico. Aqui, estamos falando de um armador igualmente baixo, mas bastante ágil, aguerrido e inteligente para desafiar o americano. De qualquer forma, não dá para depender de um só atleta. É preciso de uma preparação defensiva mais ativa, com cobertura.

Contra o jovem elenco do Minas, o Macaé tinha a experiência como vantagem. Agora esse fator desaparece em Mogi. Além disso, vão encarar um adversário mais equilibrado. Se o time de Paco tem uma defesa bem inferior a da montada por Demétrius, por outro lado possui um ataque definitivamente mais poderoso, com um jogo interno diversificado. Esse deve ser o foco, pedindo a Shamell, cestinha do campeonato e aquele que mais se ocupa das posses de bola de seu time, paciência e inteligência na hora de atacar.

As trombadas entre Paulão e Atílio podem causar abalos sísmicos, mas o problema maior do time fluminense vai ser lidar, mesmo, com a agilidade de Gerson e Tyrone. No seu plantel, não há tantos jogadores com pacote atlético (uma combinação de força física e agilidade) para conter essa dupla no mano a mano. Otis George seria uma exceção, mas, de novo, aqui é ação coletiva que poderá remediar as coisas.


20 votos para o Jogo das Estrelas do NBB 2015
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Giancarlo Giampietro

Cabem quantos do Bauru no Jogo das Estrelas?

Cabem quantos do Bauru no Jogo das Estrelas?

A assessoria de comunicação da Liga Nacional de Basquete cometeu a loucura de me estender um convite para participar da votação para o Jogo das Estrelas do NBB7, que vai ser disputado entre os dias 6 e 7 de março, com sede ainda para ser anunciada.

Ao menos essa responsabilidade foi divida entre diversos companheiros de imprensa, assim como os técnicos – e seus assistentes –, capitães e (!) árbitros envolvidos com a competição, além de outras “personalidades” da modalidade. Cada um dos eleitores teve a chance de escolher dez nomes para o time brasileiro e outros dez para a equipe estrangeira. Você precisa dividir cada grupo entre titulares e reservas, e os votos dedicados aos titulares ganham peso maior.  Essa é uma novidade no processo que, creio, ajuda a diminuir a chance de injustiças.

Mas, prepare-se, elas podem acontecer. Veja a repercussão, na NBA, para a exclusão de um enfezado Damian Lillard, que não conseguiu nem mesmo a 13ª vaga e foi ao Instagram protestar, lembrando que havia sido ignorado por torcedores, técnicos e até pelo comissário Adam Silver. Ele merecia a vaga de Kevin Durant? Para mim, sim, levando em conta o fato de que o ala de OKC perdeu metade da temporada norte-americana.

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Esse tipo de polêmica certamente vai aparecer aqui neste espaço, agora que abro minhas 20 escolhas. Inevitável. Mas boa parte das discussões depende de quais critérios cada um vai adotar para escolher sua seleção. Pesa mais o sucesso da equipe ou o rendimento individual de cada atleta? Na dúvida, preferi a solução mais fácil: dosar um pouco de cada caminho. Privilegiei os destaques das melhores campanhas, mas também tentei abrir espaço para caras que estejam numa ótima temporada, ainda que seus clubes decepcionem. Só procurei pensar apenas no que acontece neste ano, e, não, ignorando o conjunto da obra – se o cara é o cestinha histórico do NBB, se é medalhista olímpico, se já passou pela NBA etc.

Mais: você vai segmentar, estratificar os jogadores por posição? Na planilha encaminhada pela LNB, era preciso escolher um armador, dois alas e dois pivôs. Esses conceitos são todos meio relativos, não? Pegue um time como Limeira, uma das gratas notícias do campeonato. Nezinho, Ronald Ramon e Deryk estão revezando constantemente, dividindo a quadra, escoltados pelo gatilho de David Jackson, do jeito que o Paulo Murilo pregou sempre em seu Basquete Brasil – e quando dirigiu o Saldanha da Gama. Tentei ir um pouco além da nomenclatura clássica.

Vamos aos votos do VinteUm, então, seguidos por breves explicações. Os quintetos titulares vão ser escolhidos pelos torcedores:

NBB – Brasil
Titulares
Nezinho (Limeira)
Alex Garcia (Bauru)
Marquinhos (Flamengo)
Jefferson William (Bauru)
Rafael Hettsheimeir

Reservas
Coelho (Minas)
Leo Meindl (Franca)
Giovannoni (Brasília)
Gerson (Mogi das Cruzes)
Caio Torres (reservas)

Jefferson merece o posto de titular: influência tática e técnica

Jefferson merece o posto de titular: influência tática e técnica

O desafio aqui foi evitar de escalar todo o elenco do Bauru, né? Tendo apenas 10 vagas em cada seleção, achei o mais correta a distribuição entre mais clubes, impondo um limite de três atletas para cada agremiação. E aí Ricardo Fischer acabou sendo sacrificado, em detrimento de seus companheiros bauruenses escalados entre os titulares (Alex segue influenciando o jogo dos dois lados da quadra, resistindo ao tempo, Jefferson William é fundamental no sistema de Guerrinha por sua mobilidade e poder de execução, além de um bem-vindo nível de atividade na briga por rebotes e na defesa, e Rafael Hettsheimeir, ainda que deveras enamorado pelo chute de fora, vem sendo bastante produtivo em seu retorno ao país). Nezinho assume a vaga de Fischer, sendo um dos líderes do Limeira, pontuando com muito mais eficiência do que na temporada passada, ainda que frequente menos a linha de lance livre. Para completar, Marquinhos, que ainda não recuperou o ritmo de seu sensacional NBB5, mas tem números que igualam ou superam sua última campanha, em menos minutos, e ainda é um pesadelo para qualquer defesa nacional conter. O Flamengo também não tem sido o mesmo, mas, da mesma forma, continua sendo um time de respeito

Marquinhos: os números não são os do auge, mas a ameaça é a mesma

Marquinhos: os números não são os do auge, mas a ameaça é a mesma

No banco, o jovem Coelho merece reconhecimento: ganhou autonomia em Belo Horizonte e respondeu muito bem, obrigado. Em termos de produção, é o jogador mais eficiente de sua posição entre os brasileiros, com 14,59 por jogo, mais que o dobro de sua carreira – e o mais interessante pode melhorar muito ainda como um armador forte, veloz e agressivo. Confesso: foi uma dúvida brutal optar entre ele e Nezinho na vaga de titular, mas pesou a maior propensão ao passe e o recorde da equipe do veterano. Leo Meindl vem numa curva ascendente em sua carreira, ajudando o Franca a se manter entre os seis primeiros, a despeito dos problemas financeiros. Talvez não no ritmo esperado, mas está subindo enquanto se distancia de uma complicada lesão no joelho. Seu arremesso de três pontos o abandonou nesse campeonato, e talvez fosse mais interessante que ele usasse sua habilidade no drible e o jogo de média distância para buscar a cesta. Giovannoni faz uma temporada que o colocaria na discussão para MVP, mas o fato de o Brasília ser a grande decepção da temporada impede que isso aconteça.  Foi cruel deixar Lucas Cipolini fora, mas não havia como eleger dois atletas do time candango, a despeito de seu ótimo rendimento estatístico. No garrafão, temos então o jovem e hiperatlético Gérson, que faz Mogi crescer cada vez que vai para quadra com seu energia e dedicação extrema, e Caio Torres, em boa forma, vai fazendo a melhor temporada de sua carreira nos rebotes e como referência interior do time que menos arremessa de três no campeonato. Entre ele e Rafael, a dúvida também é grande. Seus números são superiores, mas o bauruense divide a bola com mais gente. A campanha abaixo de 50% do São José também não ajuda.

NBB – Mundo
Titulares
Jamaal Smith (Macaé)
David Jackson (Limeira)
Marcos Mata (Franca)
Tyrone Curnell (Mogi das Cruzes)
Jerome Meyinsse (Flamengo)

Reservas
Kenny Dawkins (Paulistano)
Ronald Ramón (Limeira)
Jimmy Baxter (São José)
Shamell (Mogi das Cruzes)
Steven Toyloy (Palmeiras)

Jamaal, decisivo nas poucas vitórias do Macaé

Jamaal, decisivo nas poucas vitórias do Macaé

A posição de armador estrangeiro, gente, é a mais concorrida de todo o campeonato. Não encontrei lugar aqui para Caleb Brown, limitado a apenas oito jogos em Uberlândia devido a dores lombares), para o jogo clássico do baixinho Maxi Stanic, do Palmeiras, e nem para Nícolas Laprovíttola, que anda muito inconstante. David Jackson, creio, é uma unanimidade como um arremessador letal de todos os cantos da quadra. Já Mata e Tyrone servem como influência mais que positiva para os jovens companheiros devido ao tino para cuidar de pequenas coisas e a conduta exemplar em quadra. Curiosamente, de tanto fundamento que tem, o argentino vira uma arma ofensiva em quadras brasileiras, assim como aconteceu com seu compatriota Frederico Kammerichs. Curnell pode não ser o jogaodor mais refinado, mas seu vigor físico e seu empenho contagiam. Quando faz dupla com Gérson, é melhor sair da frente – uma dupla que representa bem a identidade vibrante do Mogi. Meyinsse é hoje o pivô mais completo em atividade no país, dosando força física e agilidade acima da média.

Toyloy, uma fortaleza difícil de se combater no garrafão

Toyloy, uma fortaleza difícil de se combater no garrafão

Ramón ganha uma vaga pela consistência que dá ao trio de armadores de Limeira, clube cujo rendimento pede também três indicados. Seus números caíram em quantidade, mas subiram em qualidade, ocupando uma vaga que, em nome e números poderia ser do jovem Desmond Holloway. O Paulistano, porém, insere o explosivo Dawkins no quinteto reserva, mesmo que não repita a química obtida no campeonato passado. Baxter tem números inferiores aos de Robbie Collum (em menos minutos também), uma figura importante para o Minas, mas se sobressai pela postura defensiva. Shamell tem passado bem menos a bola, mas ainda se sustenta como um cestinha decisivo nas quadras brasileiras, enquanto Steven Toyloy voltou a ser uma rocha no garrafão depois de um ano em que foi subaproveitado pelo Pinheiros, levando um Palmeiras a uma honrosa sétima posição.
Estão aí. Se for para xingar, que seja com educação, tá?


Seleção vence Canadá no último teste e vai para a Copa América vulnerável, mas na briga
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Giancarlo Giampietro

Magnano orienta. E vai precisar de mais

Rubén Magnano é um ótimo treinador.

Vamos lá, de novo. O Rubén Magnano? Um baita treinador.

Sabia? Campeão olímpico e tudo. Com a Argentina! Vice-campeão mundial, operado na final contra o Bodiroga, o Peja e o Divac. Deu uma cara nova para a seleção brasileira! Conseguiu o quinto lugar nos Jogos Olímpicos de Londres. Ganhou da mesma Argentina lá dentro. Com tantas façanhas, tem o respeito, imagino, irrestrito por parte de seus jogadores. Não há como não confiar num técnico desses.

Satisfeitos?

Se não, vai mais uma vez, sem cinismo algum: Rubén Magnano é um treinador que qualquer time deveria pensar em contratar.

Pronto, acho que deu.

Talvez agora possamos falar sobre a seleção brasileira livres da paranoia. E sem ter background algum no assunto.

A delegação tupiniquim desembarca nesta terça-feira já em Carcas, com a Copa América começando já na sexta. Em sua despedida da Copa Tuto Marchand, uma noite depois de ter sofrido uma derrota apertada contra Porto Rico, o time de – vejam só, ele mesmo! – Magnano venceu a jovem seleção canadense por 77 a 70, terminando sua campanha com dois triunfos e dois reveses. Ao menos, depois do vexame passado contra a Argentina, a intensidade defensiva foi resgatada.

Se, no torneio continental, a equipe conseguir manter esse padrão, essa tocada e evitar tropeços calamitosos, vai se meter entre os quatro primeiros e vai conquistar, na quadra, sua vaga para a Copa do Mundo da Espanha 2014. É simples: na teoria, basta ficar acima de um entre Argentina, Canadá, Porto Rico e República Dominicana. Que se tome cuidado com México, reforçado com Ayón, e a Venezuela, um time doido, jogando em casa, e pronto.

Posto isso, vai ser extremamente difícil me convencer de que Magnano tenha feito uma boa convocação para a temporada. Houve um sério erro de cálculo, e isso está escancarado na quadra. Metade de nosso elenco é baixa e veloz. A outra, nem tão alta assim, mas extremamente pesada. Para fazer isso conectar não vem sendo nada fácil, se é que vai acontecer. Esse descompasso só não vê quem realmente não quiser ou quem realmente ache que, no mundo, é tudo uma questão de “ame” ou “odeie”, preto e branco, e que ou se é “pró”, ou “contra”. Ou talvez esses estejam com a bandeira tapando a cara, distraídos ao tirar do saquinho um punhado de confetes ou qualquer coisa do tipo. Pode ser também.

De qualquer forma, independentemente de ideologia política, educação ou credo, acho que todos concordamos que Facundo Campazzo e José Juan Barea são dois tampinhas muito difíceis de se marcar. Vocês devem se lembrar, por exemplo, do que o porto-riquenho fez contra uma defesa hiperatlética como a do Miami Heat, né? Ele continua o mesmo, embora escondido no Minnesota Timberwolves e sem a companhia de um Jason Kidd para escoltá-lo. Se o Brasil estivesse com Varejão, Splitter e Nenê, três grandalhões de excelente movimentação lateral, a coordenação da defesa de um pick-and-roll já teria de ser perfeitinha, para afastá-lo da cesta.

Agora, quando você está tentando frear Barea numa jogada dessas com Rafael Hettsheimeir envolvido na troca, fica mais difícil. Com JP Batista, apesar de sua inteligência em quadra, não muda muito. Se a segunda ou terceira opção é Caio Torres, ainda mais pesado, complica bastante. E, se o treinador não está confortável em dar mais minutos para o único pivô atlético que tem no elenco, danou-se. É exatamente este o cenário que temos na seleção hoje. Simples. Nossos quatro pivôs experientes são extremamente vulneráveis quando estão afastados da cesta.

Tendo pela frente gente como Luis Scola, Ricky Sánchez, Andrew Nicholson, Hector Romero, Gustavo Ayón e, por vezes, até Jack Martínez e Esteban Batista, o que acha que vai acontecer, e muitas vezes? Os pivôs vão precisar subir e marcar – e importante considerar aqui que não estamos falando apenas de contestar arremessos na linha de três. São raros, bem raros, aliás, o caso de “cincões” que joguem de costas para a cesta, plantados próximos do aro neste torneio. Mas, nem mesmo a presença desses gigantões como Eloy Vargas, dos dominicanos, ou o bom e velho Daniel Santiago anima muito. Por quê? É só ver o impacto que Santiago teve no quarto período, com corta-luzes imensos que garantiam a Barea um posicionamento cara a cara com um pivô/uma avenida. Resultado: bandeja. Neste ponto, fazem falta também jogadores mais atléticos para fazer a cobertura.

Desde que assumiu o cargo, Magnano procurou imprimir na seleção a ideia de que, se quisessem deixar para trás os dias de derrota após derrota, teriam de aceitar e aplicar seu ritmo defensivo extremamente exigente. Por isso a estranheza da lista que ele próprio compôs, com jogadores que não atendem exatamente aos seus princípios, incluindo aqui os dois que chamou a partir do momento em que os comunicados com pedidos de dispensa começaram a se empilhar. Lembram? Antes de João Paulo Batista o argentino já havia chamado Paulão, mais um que nunca foi conhecido por sua explosão em quadra. Veja bem: não é que sejam, individualmente, separados, jogadores ruins. O problema é que eles não batem com as necessidades deste grupo em específico.

Essas questões defensivas ficam ainda mais custosas quando combinadas com a ineficiência dos pivôs também apresentada do outro lado da quadra. Mesmo o talentoso Hettshimeir está com enorme dificuldade para produzir, enferrujado depois de uma temporada inteira no banco do Real Madrid. Caio só vem matando quando completamente livre – sem muita mobilidade, tem sido presa fácil para quem estiver ao seu lado disposto a combater. João Paulo é uma peça complementar, que deve ser mais usada dentro de um sistema do que como referência. Cristiano Felício deveria ter sido mais usado no torneio amistoso, mas não foi o caso.

Desta forma, a seleção fica extremamente dependente dos tiros de fora, que caíram com uma frequência saudável em Porto Rico (em geral, sem forçação de barra), e dos contra-ataques, que saem a partir da pressão na bola que Larry e Alex podem fazer por conta, a despeito da falta de cobertura. Se esses contragolpes não forem concluídos necessariamente com bandejas em linha reta, ao menos o jogo em transição pode proporcionar situações de desequilíbrio para serem aproveitadas com um ou dois passes a mais antes de as defesas se recomporem. Passes esses que, contra Porto Rico e Canadá, começaram a aparecer com maior frequência, ainda que numa frequência tímida. Espera-se que esse movimento ganhe mais força para o torneio que vale.

De resto, temos um Larry mais agressivo com a bola, procurando infiltrar mais do que brecar para os tiros ineficientes de média distância – fundamento o qual não domina. Alex vai fazendo de tudo um pouco. Giovannoni, adorando essa vida de cestinha designado, saindo do banco. Benite parece ter perdido o espaço na rotação – em seu lugar, faz muita falta um jogador vigoroso como Marcus Vinícius Toledo, de Mogi. Raulzinho fica estabelecido como o armador vindo do banco, preocupado mais em melhorar a pegada defensiva da equipe, já que Huertas vem se mostrando bastante frágil quando atacando no um contra um e está, para variar, sobrecarregado em suas responsabilidades ofensivas. Arthur vai ganhar uns minutos aqui e ali, dependendo do excesso de faltas dos companheiros.

Sim, essa seleção tem problemas e sérios. Que talvez pudessem ter sido remediados com uma lista melhor – e, por “melhor”, não é preciso pensar necessariamente em nomes, mas, sim, em características que fossem mais produtivas num coletivo.

Mas o time de – tcha-ram! – Magnano não é o único cheio de pendências para resolver. Porto Rico depende do estado de humor de seus talentosíssimos mas geniais armadores. A República Dominicana tem um banco ainda menor que o brasileiro. O Canadá, com seus talentos de NBA, está apenas em seu estágio inicial de evolução, como se fosse o Brasil de 2003. A Argentina parece mais azeitada, mas, por mais que seu elenco de apoio esteja surpreendendo, ainda estamos diante de um time que depende de Scola para avançar. E todos eles sofrem com os famigerados “desfalques”.

Fato é que, no momento, o Brasil está no meio do bolo. Vai ter de lutar, jogo a jogo, ciente disso, preparada psicologicamente para suportar a pressão. Para lidar com isso, é preciso contar com um comandante renomado e tarimbado.

Inicialmente, Magnano foi contratado com uma missão urgente: encerrar o jejum olímpico de qualquer maneira. Cumprida essa etapa, o basquete nacional pode pedir mais – e que os favores fiquem mais com a parte esportiva da coisa, a despeito de seu status de trunfo político numa gestão totalmente destrambelhada.

Entre o que se espera, está fazer do grupo limitado que ele próprio convocou uma unidade mais forte.

Afinal, é um excelente treinador.

Quem duvida?


Argentina surra o Brasil e deixa a preparação do time de Magnano ainda mais nebulosa
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Giancarlo Giampietro

Mais uma bandejinha pra Campazzo

Facundo Campazzo se esbaldou contra a nada combativa defesa brasileira

Depois da surra que o Brasil tomou da Argentina neste sábado, perdendo por 90 a 70 pela Copa Tuto Marchand, o que resta é fazer especulações, sabe? Como se estivéssemos em meio uma guerra fria, com espionagem e contra-espionagem e apelar para a máxima de que só podem estar “escondendo o jogo”.

Por exemplo: no comecinho do jogo, a seleção conseguiu atacar sem problema alguma defesa por zona adversária, com Marcelinho Huertas invadindo o garrafão para servir a Rafael Hettsheimeir em duas ocasiões. As duas jogadas resultaram em enterradas do pivô, muito bem posicionado para receber o passe, na lateral do garrafão. Evitava os três segundos, estava próximo da cesta e, ao mesmo tempo, posicionado entre dois quintos de uma formação 2-3. Raulzinho faria o mesmo com Caio Torres depois.

Daí que o time de Rubén Magnano pouco – ou, se bobear, nunca mais – repetiu esse tipo de investida até o final da partida. Começaram a sair os tiros de média distância teimosos, as tentativas de se jogar no mano-a-mano começaram a aparecer com frequência, enquanto, do outro lado, a pegada defensiva estava bastante afrouxada, algo raramente visto durante a gestão do argentino. Além disso, Huertas ficou em quadra por apenas 13 minutos. Alex, nem isso. Hettsheimeir jogou por 22 minutos.

Então o que aconteceu lá em Porto Rico? O Brasil entrou para jogar um amistoso, e a Argentina, com o Luis Scola jogando até o final, a despeito de uma vantagem superior a 20 pontos, encarou como clássico? Ou os argentinos já estão num estágio consideravelmente superior em sua preparação? Ou eles foram infinitamente superiores ao menos por uma determinada noite? Os jogadores brasileiros perdem a disciplina no decorrer do jogo e o treinador não consegue administrar, orientar? As próximas partidas contra Porto Rico, neste domingo, e Canadá, na segunda-feira, vão nos ajudar a entender. Quer dizer, podem ajudar a entender.

De qualquer forma, se formos ignorar qualquer tipo de trama mirabolante, o que vimos em quadra preocupa.

A começar pela defesa, que supostamente seria o carro-chefe da seleção com Magnano. Facundo Campazzo, que parece melhor a cada torneio, se esbaldou de tantos cortes pelo fundo que conseguiu, com ou sem a bola. Os marcadores se alternaram, e o tampinha seguiu fazendo bandeja atrás de bandeja (17 pontos, 70% nos arremessos e só um turnover). Scola foi surpreendentemente bem marcado por Caio no primeiro quarto, terminando a parcial com apenas quatro pontos e nenhuma cesta de quadra – depois, caminharia para mais um double-double dominante, com 23 pontos, 11 rebotes e 58% nos arremessos. No perímetro, os argentinos acertaram 8 em 17 tentativas (47%). Além disso, eles cobraram 15 lances livres a mais que os brasileiros.

Nos lances livres, aliás, outro problema: a seleção converteu apenas 33% de seus chutes, um horror horripilante, daqueles horrorosos mesmo, que deixaria até Shaquille O’Neal envergonhado. Foram 12 erros em 18 arremessos. Para se ter uma ideia, o melhor aproveitamento do time na noite foi de Arthur, com 75%. Depois veio Giovannoni, com 66,7%. O restante?  Todos de 50% para baixo. Embora não tenhamos os melhores gatilhos do mundo, também não quer dizer que seja ruim assim a coisa. Das duas, uma? ou estão muito cansados e não tiraram o pé coisa nenhuma nos treinos em Porto Rico, ou foram quebrados mentalmente pela Argentina. As duas são bastante possíveis, ainda mais a segunda, considerando o tanto que reclamaram os brasileiros durante a partida, com um gestual que incomoda – embora, diga-se, Julio Lamas também seja uma prima donna neste quesito.

No ataque, o ritmo também não vai nada bem, mesmo. As trocas de passes, quando ocorrem, são inócuas. O aproveitamento de longa distância segue alto (43%), mas o de dois pontos vai baixo (44,7%) – e, sim, há uma diferença brutal entre chutar 43% de fora e 44% dentro da linha de três pontos.

Fato é que, até o momento, o Brasil não apresenta padrão algum de jogo, num reflexo direto de uma convocação mal feita. Magnano está tentando fundir jogadores baixos e velozes com pivôs lentos, pesados. Partes que não se encaixam, que ainda não conseguiram formar uma unidade em quadra.

Veja o quinteto que iniciou o segundo quarto, por exemplo: Luz, Larry, Benite, Hettsheimeir e Caio. Não faz sentido algum essa formação. O que esperar dela? Como fazer uma defesa agressiva se os dois pivôs, por exemplo, não vão conseguir cobrir um pick-and-roll de maneira apropriada. Para eles, qualquer passe em falso a mais no perímetro significa um argentino cortando com liberdade em direção ao aro – até Juan Gutiérrez se deu bem nessa.É na defesa que Splitter, Varejão e Nenê, os três muito velozes, fazem mais falta.

Além disso, impressiona como o conjunto argentino parece muito mais bem preparado e formado. Os jogadores sabem exatamente seu papel em quadra, e isso faz uma diferença danada. Ajuda para que o jogo tenha mais fluência, seja pelo espaçamento ou pelas decisões que passam a ser simplicadas as partir do momento em que cada atleta tenha suas diretrizes claras. O que não impede que eles improvisem, claro, como Campazzo fez muitas vezes.

Enfim, os desfalques estão de todos os lados, as gerações vão sendo trocadas, o tempo passa, o tempo voa, e a Argentina dá um jeito de seguir por cima.

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Com 5min33s restando no primeiro quarto, Raulzinho entrou no lugar de Marcelinho Huertas. Em seu primeiro ataque, fez o passe para cesta de Caio Torres. Um minuto depois, deu uma assistência para Arthur matar de três pontos. Na posse de bola seguinte, cometeu uma falta ofensiva no enjoado Facundo Campazzo ao tentar se livrar da marcação para receber o fundo bola. Acabou substituído no ato, dando lugar a Rafael Luz. Quando entrou, o jogo estava 10 a 8 Brasil. Quando saiu, após 1min23s (!?!?!), estava 15 a 14. O tipo de substituição do (nosso) argentino que não dá para entender. Educação tem limite?

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Juan Fernández, em quadra, é a cara de Pepe Sánchez. Capazzo, em toda a sua sanha, lembra um pouco Alejandro Montecchia.

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Por que os números não dizem tudo ou podem ser bastante enganosos? Vejamos o total de assistências da partida: 14 para o Brasil e apenas seis para a Argentina. Logo, a dedução de bate-pronto poderia ser a de que os argentinos são individualistas em demasia, não? Não. Como o twitteiro profissional Filipe Furtado falou, isso só mostra o quão facilmente eles estavam batendo a defesa oponente, em jogadas simples de tudo. No geral, porém, ficou evidente que o senso coletivo de nossos vizinhos ao sul, a essa altura, está muito superior.

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Levantamento de Guilherme Tadeu, do Basketeria, aponta que esta derrota foi a maior da seleção sob o comando de Magnano.

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Estar atrás da Argentina, de novo, pode ferir o orgulho de alguns, mas não é o fim do mundo, por enquanto. Para classificar para a Copa do Mundo, a seleção precisa estar entre os quatro melhores na Copa América. Quer dizer, tem de superar, em teoria, pelo menos um entre Canadá, Porto Rico e República Dominicana, ainda que não esteja pronto para descartar o Urutuguai e a anfitriã Venezuela, mesmo sem Greivis Vasquez, mas com o ala americano Donta Smith contratado nacionalizado.


Magnano dispensa Mariano, e restam dois cortes para definir seleção da Copa América
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Giancarlo Giampietro

A seleção brasileira vai avançando etapas – ao menos em termos de calendário –, e Rubén Magnano, definindo seu grupo. Nesta segunda-feira, o técnico argentino dispensou o pivô Lucas Mariano, o caçulinha da equipe. Restam agora 14 jogadores sob seu comando, com mais dois cortes a serem realizados até que tenhamos o plantel da Copa América definido.

Nesta terça-feira, sua equipe volta a enfrentar o fraquinho México, em São Paulo, 19h (horário de Brasília). Se o padrão for mantido, é de se esperar que, ao final do amistoso, mais um atleta seja comunicado de que não vai embarcar para a Venezuela. De modo que viajariam 13 para a disputa da Copa Tuto Marchand, até que sobrem os 12 eleitos.

Lucas Mariano e a bandeja de esquerda

Lucas Mariano para a bandeja no treino: algo que pareceu proibido em jogo

Lucas participou da final do Super 4 de Anápolis contra a Argentina, ficando em quadra por 12 minutos. Marcou três pontos, não pegou nenhum rebote e cometeu um desperdício de bola. Seus três chutes no clássico saíram de longa distância, numa arma que parece ter virado a única no repertório do talentoso jogador durante sua extensa passagem a serviço dos times da CBB.

Na Universíade de Kazan, a revelação francana já havia exagerado um pouco na dose em seus arremessos de fora: ele tentou 14 bolas do perímetro durante todo o torneio para supostos estudantes e converteu apenas uma. Até que, em amistoso contra o Uruguai na semana passada, um aparente milagre aconteceu, quando ele acertou quatro em cinco. Prova de que está praticando o fundamento, sim, mas também um número que sublinha o quanto randômica foi sua atuação. Vamos lá: se formos considerar seus dois testes pelo time de Magnano e todo o torneio “universitário”, Mariano obteve um aproveitamento de apenas 27,7% de três (6/22). Não é da noite para o dia em que um jogador que ainda não matou sequer um chute de fora quando em ação pelo NBB.

Não que ele deva ser proibido de se aventurar distante da cesta. Pelo contrário. Se há a mínima chance de um atleta tão jovem, de 19 anos, desenvolver múltiplas habilidades, que se invista nisso sem freio – Lula Ferreira certamente está ciente do que vem acontecendo. Agora… Conduzir esse experimento numa seleção brasileira e, numa subversão, limitar o rapaz a apenas este papel em quadra não parece a coisa mais produtiva para nenhuma das partes. E assim coube a Lucas nos 33 minutos que teve nos amistosos: com os pés fixos na linha de três pontos, basicamente esperando o desenvolvimento dopick-and-roll da vez para ver se dali sobraria uma rebarba. A ideia, a princípio, faz sentido. Sua presença, desde que como um chutador respeitado, serviria para espaçar a quadra para os companheiros atacarem. Agora, ficar só nisso? Um pecado, considerando o material humano. Guilherme Giovannoni (presença certa) e Rafael Mineiro (acho que ainda na luta por vaga) ficam com essa incumbência daqui para a frente.

Temos o seguinte, então: Huertas, Raul, Rafael Luz, Larry, Benite, Alex, Arthur, Marquinhos, Giovannoni, Mineiro, Felício, JP, Hettsheimeir e Caio.

Quais podem ser os próximos dois cortes?

Depende do que Magnano tem na cabeça. Se ele pretende jogar sempre com dois armadores na rotação, o natural seria manter Luz e dispensar Arthur e um pivô ou dois grandalhões de uma vez (Felício, JP, Mineiro e Caio no páreo), contando com Guilherme como alguém capaz de segurar as pontas lá debaixo. Outro caminho seria abrir mão de Rafael e manter o ala de Brasília no time como uma medida de segurança, deslocando eventualmente Benite para o rodízio de armadores. Mas… Tudo isso se Marquinhos estiver apto para jogar. Até agora, preservado com problemas no joelho, ele ainda não foi para quadra em cinco amistosos.

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Flaquito, sim, o México, mas que deu uma canseira na rapaziada no sábado passado. Este jogo eu não consegui ver, por motivos de Ricardo Darín e de achar que a partida começaria mais tarde, mesmo, mas vocês já sabem, claro, do sufoco que o Brasil passou para derrotá-los em Anápolis. Aqui, as estatísticas do triunfo por 88 a 81, com uma virada por 29 a 17 no último quarto. Uma partida bem diferente daquela de Salta, na Argentina, em que a seleção venceu por 94 a 68.Se na derrota para a Argentina, no domingo, o ataque foi o problema, no inesperado jogo sofrido contra os mexicanos, foi a defesa quem deixou a desejar, fazendo de Magnano um sujeito furioso, com razão. Não dá para tomar 81 pontos de um time desses, ainda mais sem Gustavo Ayón, o herói de Zapotán (cliquem e assistam ao vídeo, por favor), Earl Watson, Eduardo Nájera, Chicharito e Hugo Sánchez. Vamos ver como as equipes se comportarão no terceiro confronto em oito dias. Vou tentar dar uma chegada ao clube para  conferir de perto.


Saída da Espanha, mudança para acertar, resistência do Boston… Faverani não deve defender a seleção
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Giancarlo Giampietro

Vitor Faverani, adeus, Valência

Adeus, Valência, para Faverani, e um até breve para Magnano

Chega uma hora que é melhor esquecer e seguir em frente com o que você tem, mesmo.

Rubén Magnano já está esperando há dias, e  será que fazer salinha por mais um tempão?

No caso, estamos falando de Vitor Faverani. Com as dispensas de Nenê, Varejão, Splitter e Lucas Bebê, mais a hérnia de Augusto, qualquer ajuda extra para o garrafão da seleção era bem-vinda. Pensando no enigmático pivô ex-Valencia, talvez fosse a hora perfeita para ele se apresentar oficialmente ao basquete brasileiro.

Mas…

O timing simplesmente não ajudou. O paulista acaba de fechar contrato com o Boston Celtics. Está literalmente num período de mudanças. A cabeça vai longe. E, julguem o que quiser, a seleção simplesmente não parece tão prioritária. É a conclusão que tiramos de sua entrevista ao site Basketeria.

Há diversos empecilhos para o pivô se apresentar a Magnano – lembrando que o prazo anunciado pela CBB para uma resposta do convocado era até esta terça-feira.

1) O Boston Celtics não quer liberá-lo para jogar a Copa América. “Estou esperando o que o Boston fala sobre isso. Eles não estão muito afim que eu vá, por causa da lesão que tive no joelho”, disse.

2) Vitor vai ficar na Espanha por mais uma semana, no mínimo. “Acho que (vem ao Brasil) no final da semana que vem. Ainda tenho algumas coisas para resolver aqui na Espanha. Assim que der, estou indo para o Brasil ficar um pouco com minha família.”

3) No momento, há muito mais na cabeça do cara. “Psicologicamente, é o melhor que posso fazer (encontrar a família) antes de começar a nova “guerra” da minha vida” + “Quando eu for pro Brasil, agora, tenho que sentar com o Rubén (Magnano), sentar com meu agente e conversar” + “O que eu falei para os caras de Boston, no dia que eu assinei contrato, é que nos primeiros dias de setembro eu tinha que estar lá. Vou tentar ir uma semana antes para arrumar as coisas da casa, fazer as coisas de banco, para quando começar a temporada estar bem descansado e tranquilo para trabalhar”.

Ora, façam as contas: o talentoso e enigmático pivô estaria “livre” para conversar com o treinador argentino lá pelo dia 2 ou 3 de agosto. A Copa América começa apenas no dia 30. Daria tempo de ele ser integrado. Do ponto de vista mais pragmático, levando em conta a qualidade do jogador, talvez valesse a exceção aberta.

Agora…

E se o Boston se mantiver contrário e fizer de tudo para censurar seu novo contratado?

E que mensagem seria passada a Caio Torres, Rafael Hettsheimeir, Rafael Mineiro e qualquer outro jogador que tenha se apresentado no horário e já esteja treinando, ralando sob a orientação do campeão olímpico?

Para alguém linha-dura como Magnano, chegou a hora de riscar o giz na quadra e abraçar o que ele tem em mãos no momento. São jogadores talentosos, que, bem orientados e treinados, podem mais do que dar conta do recado.

Faverani  ficou para a próxima.


Adaptado, Flamengo domina Uberlândia no garrafão e é campeão do NBB
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Giancarlo Giampietro

Título rubro-negro

O Flamengo abriu o NBB 5 como um trovão, com um basquete extremamente veloz, atlético e agressivo. Venceu seus primeiros 20 segundos desta maneira. Na final do campeonato em jogo único, com dois desfalques importantes, se adaptou: parecia outro time, superando o Uberlândia na base de tamanho e força física. Vitória por 77 a 70.

Sem poder contar com Vitor Benite, de ultima hora, e Marcelinho, durante todo o ano, o técnico José Neto teve de mudar por completo sua proposta de jogo para a decisão, apostando numa equipe de maior estatura, a começar pela presença do paraguaio Bruno Zanotti na escalação titular, mas passando muito pela dominância de Caio no garrafão. A equipe mineira não soube como lidar com isso.

Lucas Cipolini e Luis Gruber, carregado precocemente com faltas, tiveram muita dificuldade para conter o jogo interior, especialmente no embate dos ex-pinheirenses Cipolini e Caio. Lucas é mais baixo e mais fraco, mas bem mais atlético e explosivo. Decidiu marcar seu oponente, porém, pelas costas, em vez de tentar se posicionar pela frente, para cortar a linha de passe. Cliquem aqui para ler uma explanação sempre elucidativa do professor Paulo Murilo a respeito dessa técnica, relembrando a marcação do francano Douglas Kurtz sobre Paulão, do Brasília.

Como destac0u no twitter o técnico Gustavo de Conti, do Paulistano e da seleção brasileira, o Uberlândia só equilibrou a partida quando teve em quadra seus postes, como Estevam e Léo, no segundo período. Porque essa dupla, ao menos no físico, dava conta do grandalhão adversário. Eles ficaram em quadra por apenas 17 minutos. Sem esse combate e adotando uma estratégia de marcação simples, básica com pivôs menores, o time de Hélio Rubens foi destroçado no garrafão. (Para piorar, do outro lado, não conseguiram explorar a maior mobilidade, perdendo por completo o jogo de xadrez.)

Caio Terminou com 23 pontos e 10 rebotes, um estrago danado. Matou oito de dez arremessos, com tranquilidade e eficiência incrível, e ainda bateu oito lances livres, convertendo sete deles. Para somar, Olivinha, com a garra de sempre,  somou 10 pontos e 12 rebotes. No total, o Flamengo converteu 22 de 29 bolas de dois pontos, para um aproveitamento de 75,9% – contra 14/36 e horrendos 38,9% de aproveitamento dos mineiros. Uma diferença brutal.

Daria para dizer aqui, olhando os números finais, que “o Uberlândia só conseguiu se manter relativamente próximo no placar graças ao seu bom rendimento na linha de três pontos: 11/27 e 40,7%”. Porém… Se você for descontar o excelente primeiro tempo de Gruber (5/7, 71,4%!!!), a pontaria dos vice-campeões despencaria para 30%.

Mérito aqui para a contestação dos defensores do Flamengo, que ficaram grudados em seus alvos, com pegada forte, se aproveitando também da energia de um ginásio cheio e entusiasmado. Vale aqui o destaque para o próprio Zanotti, uma revelação nesse quesito. Lidando de modo alternado com um dos Roberts – Day ou Collum –, foi muito bem, disciplinado, com postura exemplar. Os dois gringos tiveram uma manhã para ser esquecida: cada um converteu apenas dois chutes em oito de longa distância. Fica, então, uma provocação: precisa vir um paraguaio a nos ensinar a marcar no perímetro?

No fim, a vitória rubro-negra só não foi mais elástica devido a sua própria insistência nos disparos de fora (6/26, 23,1%) – com o garrafão escancarado? Precisava, mesmo? Duda (1/6, o de sempre) e Marquinhos (1/5, uma bobagem, quando é muito, mas muito mais efetivo quando parte para a cesta – vide os 6/6 em dois pontos) não foram nada bem aqui. Seu ataque, apenas com Kojo na armação e o jovem Gegê para dar algum descanso ao titular, também se apresentou de modo destrambelhado em algumas sequências.

Mas isso não foi uma exclusividade dos rubro-negros. No segundo quarto em especial, vimos o caos em quadra, ainda que, na estatística oficial, apenas 11 turnovers tenham sido computados – algo em que realmente é bem difícil de acreditar. A partida se perdeu em diversos momentos, com várias posses de bola que terminavam, basicamente, em nada, sem arremessos de dentro ou fora.

Quando conseguiu se assentar em quadra, porém, invadindo o garrafão com força e volúpia, o Flamengo se impôs. E, no fim, venceu a melhor equipe do campeonato. Ainda que não tenha sido exatamente aquela que dominou a temporada regular.

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Uberlândia não teve pernas também. Valtinho (37min09s) e Collum (36min08s), estavam exaustos e não conseguiam bater nem mesmo os pivôs do Fla quando havia uma inversão na marcação. Fizeram falta aqui os minutos que seriam destinados a Helinho, aparentemente sem condições de jogo depois de ter sofrido uma cotovelada na face durante um treino em abril.

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Hélio Rubens segurou Gruber por muito tempo no banco de reservas, depois de seu ala-pivô cometer a terceira falta no segundo quarto. Voltou para o segundo tempo com Leo em quadra e demorou para acionar o titular, que, quando voltou, estava completamente frio, fora do jogo. Ele marcou 18 pontos em uma atuação brilhante na etapa inicial, mas somou apenas dois depois do intervalo.

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A final com o ginásio lotado, o Flamengo comemorando título em rede nacional, no plim-plim… Certamente foi o melhor momento do NBB em termos de exposição e marketing. Vamos aguardar a audiência. A Globo ter segurado a transmissão ao final por alguns minutos preciosos pode é um bom indício.

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Lula Ferreira falou e disse: a arbitragem foi boa na decisão, discreta, sem aparecer. Como assim deve ser. Ufa.


Análise: Brasília vence jogo tresloucado com defesa sufocante de Alex sobre Marquinhos
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Giancarlo Giampietro

 Olivinha x Isaac

Algumas notas sobre o clássico entre Flamengo e Brasília, aparentemente as duas melhores equipes do basquete brasileiro. Uma vitória dos candangos por 82 a 70, impondo a segunda derrota do rubro-negros na atual edição da liga nacional:

– É claro que vai irritar muita gente, mas não dá para evitar a sugestão: se isso é o que há de melhor hoje no basquete brasileiro, então a coisa está feia, mesmo. Ficando evidente que os times participantes do NBB não conseguem dar aquele salto técnico tão aguardado.

(Pausa para que se digira essa colocação por alguns cucos…)

(Pronto.)

Que o ginásio borbulhando influencia no comportamento dos atletas decididamente – afinal, eles, por mais experientes que sejam, não estão nada habituados a entrar em quadra com tanta gente assim na plateia, mesmo que haja todo aquele espaço azul nas laterais da quadra para separá-los.

Que a rivalidade também contribui para tanto nervosismo. Havia muita tensão no ar, claro.

Mas chega uma hora que você espera que as coisas se assentem em quadra. Que os atletas tenham se aclimatado e passado a se concentrar tão somente no que precisavam executar em quadra, canalizando toda a energia do confronto de modo positivo.

Não foi o que aconteceu, e o que vimos foi um jogo sem ritmo algum: é de atordoar a facilidade para se alternar entre sequências infindáveis de ataques e contra-ataques tresloucados, com um festival de decisões equivocadas, e um jogo travado pelo excesso de faltas duplas, reclamações e tantas explanações didáticas (bem didáticas, tudo explicadinho, direitinho, em prol do basquete, sabe? Bem direitinho mesmo e didático, tintim por tintim, não se enganem). Foram muitos erros de bandeja e em finalizações no garrafão.

– Na NBA, já é recorrente a discussão sobre a eficiência do famigerado “hero ball”: quando o sujeito põe a bola debaixo do braço nos segundos finais, pede para limpar a quadra e parte para o abraço, para as glórias. É ele contra a rapa. Já não é realmente o cenário mais indicado. No confronto desta quinta, vimos isso acontecer muitas vezes: individualismo exacerbado. Com uma diferença: muitas vezes apenas no início de uma posse de bola qualquer no segundo quarto. Ou no primeiro. Ou no fim do terceiro. Enfim…

– O resultando de tanto nervosismo e tentativa de heroísmo na frieza dos números: um aproveitamento muito baixo nos arremessos de quadra. O Brasília matou 30 em 70 tentativas de cesta (42,8%). O Flamengo foi de 22 em 66, o clássico 33,3%. Ugh. E não me venham dizer que foi por causa de duas muralhas defensivas. Muralha, mesmo, tem um nome. Vamos a ele…

– Também não chega a ser novidade, mas é preciso reconhecer mais um esforço louvável de Alex para conter seu companheiro de seleção brasileira, Marquinhos. Não dá para dizer que existe uma rivalidade pessoal entre os dois. Mas ambos sabem que é um duelo diferente, envolvendo dois jogadores de ponta, de seleção. E nós sabemos que esse é o tipo de jogo que Alex adora também. Pois o “Brabo” usou todo o seu vigor físico, aplicação e fundamento para anular um dos jogadores mais talentosos ofensivamente do campeonato.

Alex ainda terminou com 11 pontos, boa parte deles anotados no quarto final, mas a grande influência que ele exerceu sobre a partida foi na marcação, mesmo, se dedicando a arrancar o flamenguista de sua zona de conforto.

– Sobre Marquinhos, realmente foi um jogo bastante decepcionante. O ala não conseguiu reagir contra a defesa sufocante de Alex, se perdendo em quadra. Em vez de encarar o desafio, buscar mais infiltrações – já que o tiro de fora não caía… –, o ala fez o contrário: sucumbiu, recuou em quadra e insistiu em chutes de probabilidade muito menor de acerto. Encerrou sua participação com apenas uma cesta de quadra em dez tentativas.

Quando não brecava para buscar o arremesso, procurava rodar a bola. Mas, aturdido, cometeu uma série de erros. Foram cinco desperdícios no total, sem contar outros passes forçados quase interceptados pelos oponentes. Seria um jogo para esquecer, não fosse a necessidade de rever seu desempenho e tentar tirar uma lição disso.

– Fica a expectativa para que o pivô Paulão consiga dar um jeito em seu físico. Porque do jeito que está não dá. Naturalmente, vocês vão achar que o blogueiro ficou maluco, já que o rapaz somou 17 pontos e 10 rebotes no triunfo, sendo o jogador com melhor índice de eficiência da partida. Agora, tivesse o Flamengo um pivô mais ágil, como ficaria Paulo Prestes em quadra?

– Aliás, esse é um ponto constantemente destacado pelo professor Paulo Murilo em suas análises no Basquete Brasil (leitura obrigatória para avaliar o que se passa, ou não, com a tática no NBB) e que ficou evidente: lentos, Caio e Paulão ficam bastante deslocados em seus elencos, com um estilo que não combina com a vocação do restante dos companheiros. E, por falar em Paulo Murilo, fica uma dica para os basqueteiros cariocas de plantão, ou aqueles que possam dar um pulinho no Rio de Janeiro: o professor vai coordenar uma oficina imperdível de 28 a 31 de março.

– Nezinho: 4 acertos em 11 tentativas de três pontos. Onze. Algumas delas horrorosos, daquelas de tirar as crianças da sala.

– Impressão, ou Alex está saltando ainda mais? O mesmo vale para Giovannoni, que, nos segundos finais, saiu com bastante facilidade do chão para dar duas raras cravadas.

– Sobre a transmissão: ponto para o SporTV por ter enviado sua equipe para o ginásio, dando a chance para que os telespectadores pudessem captar toda a pressão exercida pela torcida. Só uma observação: será que não dava para caprichar mais no cronômetro apresentado na tela? Dependendo do tempo de jogo, a visualização é extremamente difícil – e, sim, meus óculos estão com a lente correta. 🙂

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Jogos na Argentina sinalizam Marquinhos como ponto de desequilíbrio do Flamengo
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Giancarlo Giampietro

Marquinhos sobe para mais dois pontos

Marquinhos, de visual novo, em seu início de trajetória rubro-negra

Se tem algo que chama bastante a atenção quando você assiste a um jogador como Marquinhos ao vivo, de pertinho, em quadra, é como o jogo vem fácil para ele. Como, com 2,05m de altura, muitas vezes ele se mostra mais criativo e habilidoso do que um armador na hora de bater para a cesta. Como seu arremesso parece sair sem força alguma, acima da cabeça, mesmo que a mecânica não seja a mais bonita disponível no mercado.

Enfim, basquete fica parecendo a coisa mais legal do mundo – na verdade, é a coisa mais legal, não? 😉

Não estava em Mar del Plata para ver o Flamengo e o ala em ação tão de perto assim pela Liga Sul-Americana, mas deu para espiar os três jogos aqui do QG 21, mesmo. E arrisco a dizer: o time rubro-negro vai chegar até aonde o ala ex-Pinheiros puder liderá-lo.

No elenco de prestígio que o clube rubro-negro montou para a temporada, Marquinhos é quem tem os melhores predicados para desequilibrar, com facilidade para chegar ao aro, um tiro de média distância raro de se ver e as bolas de três pontos. Além disso e, talvez mais importante, também é um bom e disposto passador – para quem duvida, pergunte ao Olivinha, que já foi o receptor de várias assistências de seu fiel companheiro dos últimos anos. São capacidades raras de se unir num só atleta, ainda mais nos clubes sul-americanos, e, se bem aproveitadas, podem abrir a quadra para os chutes de Marcelinho e Benite e cestas fáceis dos pivôs no garrafão.

São habilidades também que podem fazer um estrago no contra-ataque.  O Bala, nosso vizinho, já havia relatado que o técnico Neto estava dando muita atenção para as saídas em velocidade, forçando o ritmo. Na Argentina, quando puderam, foi isso o que os flamenguistas tentaram mesmo: sair em disparada com três ou até quatro homens, um cenário em que Benite e Kojo podem render bastante, explosivos que são. Mas faz toda a diferença neste plano alguém como Marquinhos. Quando um ala com sua mobilidade e tamanho recebe o último passe na corrida, é complicado para a defesa parar. Ou sai a bandeja, ou vem a falta. Difícil escapar disso.

Agora… Tudo isso aqui não quer dizer que o ala seja um super-homem ou um jogador irrefutável. Não é sempre que ele entra em quadra com a mentalidade agressiva, usando suas habilidades para ser dominante no ataque. Pudemos ver esta oscilação na cidade argentina.

Marquinhos e os novos companheiros

Marquinhos tende a envolver os companheiros quando controla a bola no ataque

No primeiro jogo contra a Hebraica uruguaia, o ala fez um primeiro tempo arrasador – se não me engano, com 16 ou 18 pontos de cara nos 20 minutos iniciais. Ele atacou a cesta com voracidade, intensidade e foi fundamental para garantir uma boa vantagem. A segunda partida contra o chileno Deportes Castro não conta lá muito, mas Marquinhos fez sua parte. Quando entrou em quadra, por fim, contra o Peñarol argentino, tinha já 43 pontos somados. Acabou fechando a primeira fase com 50, tendo anotado apenas sete no principal confronto, agredindo pouco a defesa adversária, e os argentinos viraram o placar no segundo tempo.

Não é questão de incentivar o individualismo. Especialmente no caso de Marquinhos, que realmente compartilha a bola.  O ponto é que, quando ele decide entrar no jogo e tentar domá-lo, a vida de seus parceiros tende a ficar mais fácil. Tenham isso em mente na hora de acompanhar o Fla durante a temporada.

*  *  *

Marcelinho Machado mordeu a isca novamente: contra o Peñarol, enquanto Leo Gutiérrez viva uma noite de folião do outro lado, o veterano brasileiro terminou com péssimo aproveitamento de 11% nas bolas de longa distância, com apenas uma conversão em nove tentativas. Na primeira fase em geral, foram apenas 25%. Uma velha história que fica ainda mais complexa de se assimilar quando levamos em conta que ele foi o jogador que mais deu assistências pelo cube carioca (10), quem mais roubou bolas (7, ao lado de Benite) e o quarto reboteiro (ao lado de Marquinhos, com 15, apenas um a menos que Shilton e dois a menos que Olivinha, mesmo jogando muito mais tempo no perímetro).

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Até agora são três confrontos diretos entre brasileiros e argentinos e três vitórias para nossos vizinhos. Um jogo foi em campo neutro (Obras Sanitarias 88 x 81 Pinheiros), um foi na nossa capital federal (Regatas Corrientes 93 x 91 Brasília) e agora o terceiro foi na quadra deles, com o triunfo do Peñarol. O São José, em meio a suas batalhas pelo Campeonato Paulista, tenta quebrar a série na semana que vem, tendo o Libertad Sunchales pela frente, pelo Grupo D.