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Arquivo : Whiteside

Quando os playoffs da NBA chacoalham algumas certezas
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Giancarlo Giampietro

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Dá para escrever sobre qualquer coisa sem ter muitas certezas? Nem que seja sobre basquete?

Pensem bem: é uma pergunta realmente difícil de encarar, e não apenas retórica. Ainda mais nestes tempos em que, a julgar pela Associação dos Comentaristas Online Desunidos, o mundo talvez nunca tenha vivido uma era de tantas absolutas convicções assim. Pelo menos não desde os tempos em que se convencionava que a Terra era plana e o centro do Universo. (E se for para falar de política brasileira contemporânea, pior ainda. Aí o que tenho para recomendar apenas é este artigo, hã, definitivo da Eliane Brum no El País, esse acontecimento surpreendente da mídia tupi-guarani.)

Se a galera toda está cheia de si, ou de saber, como você vai marcar sua opinião? Vai encarar o espírito Alborghetti e bater literalmente o pau na mesa? Deve ser a via mais fácil, mesmo, e a mais usual. Descobrir sua ira e celebridade interiores para babar e brilhar muito. Um outro caminho é assumir que você não sabe de nada. Você, no caso, valendo como “nós todos”. Que a gente deva fuçar, estudar, observar e esperar pela eventual contradição dos fatos com sua opinião. Entendendo que opinião pode variar desde um palpite, uma desconfiança até a tal da certeza irremediável.

Agora, para encurtar essa conversa de louco — como são todas as conversas de butiquim, afinal –, vamos associar o devaneio ao tem de mais tópicos agitados por aí, depois de 1) Dilma x Temer, 2) Audax e 3) Leicester: os playoffs da NBA, claro.

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A primeira certeza balançada foi a da candidatura do Golden State Warriors ao bicampeonato, mas por motivo fortuito, de azar: o escorregão de Steph Curry. De todo modo, no momento em que o Clippers também ruiu com lesões, a trilha do Warriors ficou menos congestionada, ou menos pedregosa. Além disso, Steve Kerr fala com otimismo sobre o retorno de Curry. É possível que aconteça já no próximo sábado, para o Jogo 3 (e a NBA obviamente deu uma forcinha para estender o calendário). Então pode ser que o susto já tenha passado, e nada como topar com o corroído Houston Rockets para apaziguar os ânimos. De resto nada do que aconteceu até agora tira de San Antonio e Cleveland o status de favoritos, ao lado dos atuais campeões.

Mas há outros pontos que podem muito bem ser questionados depois das primeiras semanas de mata-mata:

– Kemba Walker, darling universitário
Olha, dependendo do quanto você valoriza a experiência da NCAA, não há como alterar essa percepção. Se vai valorizar o suposto romantismo do basquete universitário, a pressão de render em tenra idade em rede nacional, ou se não vai conseguir relevar o baixo nível em geral da esvaziada competição em anos recentes, crendo que qualquer jogo de NBA vale mais.

Enfim, depois do que fez por Connecticut em 2011, seria bem difícil para Walker ser mais conhecido pelos seus feitos profissionais. Mas entre usar o título pelos Huskies como principal referência e descartá-lo como séria ameaça na NBA, tem um grande intervalo. Aqui, admito que pendia muito para este segundo grupo. Por mais desconcertante que possa ser seu gingado, estamos falando de um armador tinha dificuldade séria para chegar aos 40% nos arremessos de quadra. Tem limite para assimilar ineficiência. O que mudou este ano é que, por mais que os 42,7% não empolguem tanto, ele passou pela primeira vez da casa dos 34% nos chutes de fora (37,5%). Aí que os defensores, enfim, tinham de grudar nele no perímetro, em vez de recuar e pagar para ver. Isso ajuda demais na hora de bater para a cesta, algo fundamental para alguém que está com a taxa de uso mais alta dos playoffs até o momento (34% das posses do Hornets terminam com uma definição dele, em arremesso ou passe). Contra o Miami, teve dificuldade no início. Mas,  partir do momento em que reencontrou espaços, amparado por uma boa defesa, conseguiu colocar seu time no páreo.

– Jeremy Lin era uma mentira insana
Tão rápido como a NBA abraçou o armador naquelas semanas mágicas de 2012, muita gente também se prontificou a descartá-lo, como uma espécie de one hit wonder. Obviamente, Lin não virou o All-Star que muitos nova-iorquinos pirados cravavam. Mas deu provas em Charlotte que seu jogo físico e corajoso pode muito bem ajudar um time que se declama para os playoffs.

Dá para dizer que, depois das lesões de Kidd-Gilchrist, Batum e Jefferson, antes da chegada de Lee, o armador ajudou a salvar a temporada de uma equipe muito bem preparada e competitiva. Sob a orientação de Clifford, Lin nunca criou tão pouco para os companheiros. Também teve seu pior campeonato no aproveitamento de quadra, mas não pára de atacar, substituindo Kemba ou jogando ao seu lado em quartos períodos. Agredir as defesas parece ser a ordem. Juntos, os dois armadores já bateram 71 lances livres em seis partidas, sendo que 38 estão na conta do jogador de ascendência asiática. Em playoff, isso alivia bastante, ainda mais contra uma defesa que estava visivelmente preocupada em marcar os chutes de três. Ao que parece, deu resultado a reclamação pública sobre arbitragens menos criteriosas quando ele era o atacante. No Jogo 6, ele não foi bem, mas em geral sua contribuição é bastante positiva.

– Whiteside e os grandalhões que não sabem converter lances livres
O pivô do Miami Heat não é nenhum Mark Price. Mas, gente, faz muita diferente quando uma força da natureza como Whiteside beira a marca dos 60% parado diante da linha, ainda mais quando comparado com os indesculpáveis 35,5% de Andre Drummond. Com um rendimento desses, não há como SVG manter seu gigante em quadra num final de jogo equilibrado, ou mesmo quando a vantagem do Detroit é grande e os adversários começam a descer o porrete. Whiteside saltou de 50% pela temporada passada para 65% nesta. Pela série contra o Hornets, vem com 59,3%. Se ele só fica 29,3 minutos em quadra, é porque tem se carregado de faltas, justamente pelos ataques constantes de Kemba e Lin.

Esquisito assim, mas está funcionando

Esquisito assim, mas está funcionando

– Austin, filho do homem
Bom, no ano passado, o jogador já havia vivido bons momentos. O conjunto da obra ainda não justifica exatamente a fama que tinha como colegial, visto como um dos melhores prospectos de sua geração. Ainda assim, sua exibição no derradeiro Jogo 6 em Portland foi mais um indício de que há espaço para ele na liga. O mistão do Clippers deu uma canseira no jovem Blazers, liderado pelo ímpeto do Rivers filho e de Jamal Crawford. Mais que somar 21 pontos e 8 assistências em 31 minutos, impressiona mais a imagem. Quando voltou para a quadra com o olho esquerdo cerrado feito boxer que topou com Mike Tyson no auge e seguiu atacando.

– Myles Turner: novatos não têm vez em playoffs.
(Bônus: o Indiana queria aderir ao small ball)
Aos 19 anos, Turner ainda está aprendendo exatamente como contestar bandejas sem se pendurar em faltas e sem perder o posicionamento adequado à frente do aro. Também está com o corpo claramente em formação e ainda se movimenta com uma postura um tanto estranha.

Com um treinador de orientação mais conservadora, é provável que ele não fosse lançado em uma série tão equilibrada e tensa como esta contra o Toronto Raptors. Mas Frank Vogel, durante a temporada já havia visto bastante: não só não podia barrar seu jovem pivô como afirmou que o Pacers iria até onde ele pudesse levá-lo. Não, ele não é mais jogador que Paul George e George Hill hoje. Mas virou o tal do “x-factor” devido ao impacto que causa em seus melhores dias, tanto na proteção de cesta (ajudando um combalido Ian Mahinmi) como com seu sutil toque perto da cesta e nos chutes elevados, rápidos e impressionantes de média distância. O talento e o desempenho precoce de Turner, aliás, abreviaram a estratégia de Larry Bird e Vogel de usar uma formação mais baixa nesta campanha. O time, na real, ficou com a linha de frente ainda mais alta, mesmo após a saída de Hibbert.

– Vince Carter: amarelão; Matt Barnes: só bravata, encrenqueiro
Sim, já faz tempo que Carter saiu de Toronto pela porta dos fundos, com o filme queimado, especialmente por sua viagem de graduação para a Carolina do Norte em dia de Jogo 7 contra Iverson e o Sixers. As passagens frustradas por Jersey (acompanhando Kidd) e Orlando (com Howard) reforçaram a imagem de que ele seria mais um desses astros desinteressados. Não se atrevam a repetir isso à frente de Dave Joerger.

Carter e Barnes foram as forças por trás do Esquadrão Suicida do Grizzlies, que, francamente, não era para ter chegado aos playoffs de modo algum. Foi o nome de ambos que o treinador citou em uma emocionante coletiva em Memphis, depois de varrida contra o Spurs. Se não pela questão técnica — mesmo que tenham feito o possível depois de o time perder seus dois principais criadores em Gasol e Conley –, mas essencialmente pela liderança durante período em que o time poderia ter basicamente virado um caótico Sacramento Kings.

– Continuidade é tudo na NBA
O gerente geral do Portland Trail Blazers e o técnico Terry Stotts podem erguer o braço para se gabar. Perderam quatro titulares supeevalorizados e ainda abocanharam o quinto lugar do Oeste. Está certo que o Rockets entrou em colapso. Que o Grizzlies e o Pelicans se arrebentaram. Que o Mavs não tinha pernas. E daí?  Utah, Sacramento e Phoenix não souberam aproveitar nada disso, enquanto o Blazers curtia. A comparação com o Utah é interessante. A equipe de Quin Snyder inseriu dois calouros em sua rotação (Raulzinho e Trey Lyles) e, no meio do caminho, foi atrás de Shelvin Mack. Ok. Mas Gordon Hayward, Derrick Favors, Rudy Gobert, Rodney Hood, Joe Ingles, Trey Burke, Trevor Booker e Alec Burks eram os mesmos. Lesões e mudanças na rotação à parte, o Utah largava com vantagem. Foi atropelado no caminho.

Cada série pode ter apresentado suas surpresas (ou quase isso), dependendo do ponto de vista.

Agora chegamos às semifinais de conferência. Depois do massacre que foi o Jogo 1, a cabeça quer pensar que nem vai ter série: 124 a 92? Uau. A última vez que um time conseguiu reverter um prejuízo desse num mata-mata? O Los Angeles Lakers sobre o Boston Celtics na final de 1985, depois de perder fora de casa por 148 a 114. Faz tempo. Da minha parte, não chegou a ser tão assustadora assim assim, considerando o que havíamos acabado de assistir pela primeira rodada. Claro que Durant e Westbrook não vão arremessar sempre tão mal assim (11-34). É de se imaginar que, sozinho, LaMarcus não vá superar a dupla também daqui para a frente (38 a 30), ou que Ibaka (19) será o cestinha da equipe? Mas, se OKC teve suas dificuldades contra Dallas, que se defendia no perímetro com Felton, Deron, Barea e Harris acompanhando de Matthews ou o do novato Anderson, o que aconteceria contra um time dez vezes melhor, com a dupla Kawhi e Green? Billy Donovan e seus astros têm um problemaço para resolver, cheios de incertezas.

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Pat Riley apronta novamente, contrata Joe Johnson e desperta ira na NBA
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Giancarlo Giampietro

O anel que ainda causa barulho na NBA

O anel que ainda causa barulho na NBA

Sem David Stern, se há alguém que chega mais perto do status de um Poderoso Chefão, esse alguém está vivendo em Miami há um bom tempo – sem ter coincidido com o Scarface, diga-se – e que está prestes a completar 71 anos no próximo dia 20. Pat Riley, senhoras e senhores. Ao contratar o veterano Joe Johnson, ele aprontou mais uma vez.

Mas, calma. Não quer dizer que o ala, que estava mofando em Brooklyn, tenha chegado para fazer a torcida festeira do Heat esquecer LeBron. Que ele representa uma evolução, e tanto, comparando com Gerald Green, não há dúvida. Deixa o time mais forte. O exato impacto que terá pelo time ainda está cedo para saber, em que pesem as duas vitórias desde sua estreia.

Por ora, o que chama mais a atenção é a manobra que o clube da Flórida fez para poder acertar com JJ, despertando inveja e, principalmente, a ira de alguns de seus concorrentes. Com uma generosa contribuição de ninguém menos que Beno Udrih, o veterano armador que vai passar por uma cirurgia no pé, não deve jogar mais nesta temporada e, ainda assim, se despediu de South Beach com um gesto que deve fazer dele alguém muito popular na balada.

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Foi assim: o esloveno aceitou encerrar seu contrato com o Miami, na chamada decisão de “buyout”, na qual dirigente e agente negociam a rescisão para que, em geral, o atleta possa buscar uma vaga que lhe apeteça mais, enquanto a franquia tem a chance de, eventualmente, poupar uma grana. Até aí normal.

Acontece que Udrih, com a perspectiva de ficar três meses de molho, não vai jogar por mais nenhum time neste campeonato. Ainda assim, aceitou dar um desconto ao Miami, que não precisaria pagar o restante de seu salário na íntegra. Foi algo em torno de US$ 50 mil a 90 mil. Uma pechincha no mundo da NBA, certo? É, dá para falar que sim. Seja 50 ou 90, o que causa revolta em outras vizinhanças é que esse dinheiro é o suficiente para que o escritório de Riley fuja da temível “luxury tax” (a multa da luxúria, hehe).

Johnson chega ao Miami praticamente de graça. Valeu, Udrih

Johnson chega ao Miami praticamente de graça. Valeu, Udrih

O que isso significa? Um lucro imediato de pelo menos US$ 2,6 milhões para a franquia. São US$ 110 mil de economia em multas mais US$ 2,6 milhões que vai receber daqueles times que estão estourados, acima desse limite. Para o futuro, os ganhos são ainda  imensuráveis, já que se livra de algumas amarras impostas pela liga aos clubes que extrapolam o teto salarial constantemente – o que, em Miami, vinha acontecendo desde os anos LeBron.

Sacou?

O Heat ganhou muito nessa. E Udrih? Literalmente, perdeu dinheiro. E por que ele aceitaria isso?

Pois é. É justamente essa a dúvida que atormenta a concorrência. A dispensa de jogadores nessa fase é mais do que normal. Vimos acontecer com o próprio Johnson.  Varejão nem viajou para Portland e já acertou com o Golden State. David Lee chegou a Dallas para, quem imaginaria, dar um descanso a Zaza Pachulia. Andre Miller agora é do San Antonio. Por aí vamos. Udrih será operado e vai esperar até julho, agosto, setembro… para ter um novo time. Se é que isso vai acontecer. Caso aceite, digamos, uma oferta de salário mínimo garantido do Heat, aí podem esperar que a chiadeira vai aumentar, indicando um acordo por baixo da mesa entre ambas as partes.

O legado Udrih: um bom soldado

O legado Udrih: um bom soldado

“Se isso faz sentido para as pessoas, ou não, é o que Udrih quis fazer, o que ele se sentiu confortável em fazer. Ele ainda é um irmão para nós”, afirmou Dwyane Wade. Foi o famoso “valeu, mermão!”, numa cara-de-pau tremenda.

O plano do Miami, aliás, era ainda mais ambicioso. Eles torciam para que o Philadelphia 76ers, com uma vaga no elenco, recolhessem o esloveno durante o período de “waivers”. Aí a consequência seria de que o Miami iria reduzir ainda mais seus encargos, limpando na íntegra os US$ 2,1 milhões de seu salário, para ganhar margem para contratar mais um jogador pelo salário mínimo – e tudo indicava que já tinha um acordo verbal com o cestinha Marcus Thornton, dispensado pelo Houston Rockets.

O Sixers está abaixo do piso estipulado para a folha salarial, e qualquer que seja a quantia devida teria de ser completada e distribuída entre os 14 atletas do grupo ao final da temporada, com uma vaga sobrando. Caberia ali. Mas Jerry Colangelo e/ou Sam Hinkie não aprovaram essa, claro. Até porque Philly vai receber a escolha de Draft do Heat. Então não seria do interesse deles abrir mais uma brecha para o clube da Flórida melhorar seu elenco.

Ainda assim, por mais que Erik Spoelstra esteja com a rotação enxuta, Riley não vai reclamar de nada, por já ter conseguido quebrar, legalmente, o protocolo da liga para adicionar Johnson sem que isso interferisse nas finanças da franquia para o futuro. Foi uma tacada de mestre de sua equipe. O presidente do clube já afirmou que pretende manter o atleta de 34 anos em sua base na próxima temporada e até que ele decida se aposentar. “A coisa mais importante é que o Pat me disse que isso não é um negócio de curto prazo. Ele gostaria que eu encerrasse minha carreira aqui”, disse o jogador.

A empolgação é geral. O veterano respondeu com 18,0 pontos, 3,5 assistências e 65,2% no aproveitamento de arremessos (15-23)  e 50% de fora (3-6) em 31,5 minutos – só não vamos esquecer que foi contra o Knicks e o Bulls, dois times em desarranjo total. Johnson afirmou que seus dois primeiros jogos pelo Heat o fizeram correr como não havia acontecido nos últimos sete, oito, nove anos. Desde que saiu de Phoenix, basicamente. “Eu me senti rejuvenescido. Estou amando este novo começo”, afirmou. Dá para entender tranquilamente o astral do ala, que escapou de uma situação deprimente em Brooklyn para voltar a brigar pelos playoffs em Miami. Além disso, Johnson afirma que passa as últimas seis férias em Miami e que ficaria feliz em deixar seus filhos de 9 e 2 anos em tempo integral num clima mais quente.

Do ponto de vista esportivo, faz sentido a escolha por Miami, em detrimento de LeBron James. O Cavs tem mais time, muito mais chance de lutar pelo título. Mas os minutos, os arremessos e a participação em geral de Johnson seria mais reduzida por lá. Oras, a divisão de tarefas entre LBJ, Kyrie Irving e Kevin Love já é complicada o bastante para adicionar um veterano que não se vê como sexto, sétimo homem de rotação.

No Oeste, o Oklahoma City certamente receberia JJ de braços abertos, naquele papel que já foi de James Harden um dia, que também teve um Kevin Martin e que hoje está carente, independentemente da autoconfiança de Dion Waiters. Segundo o ala, as conexões que ele tinha com o Heat pesaram mais, citando Dwyane Wade , Amar’e Stoudemire e (!?) Udonis Haslem como caras com quem está mais acostumado. Desconfio que a presença de gigantes como Golden State e San Antonio no Oeste seja outro fator que o tenha influenciado. né?

O Brrooklyn não foi bacana

O Brrooklyn não foi bacana

O quanto Johnson pode render é um mistério. Seria razoável esperar um ritmo desses até o final do ano? Não sei bem. O que também não dá para tirar como padrão é o seu rendimento recente pelo Brooklyn Nets. Ele fazia sua pior temporada desde o ano de novato, em 2001-02, entre Boston e Phoenix. Parecia o fim da linha. Mas temos de entender a conjuntura: ele não é o mesmo jogador de dez anos atrás, claro, quando caminhava para sua primeira seleção para o All-Star, quando fazia, muito bem, um pouco de tudo. Fisicamente ele caiu bastante, não tem como. O aspecto motivacional, todavia, também desmoronou junto, ainda mais nesta campanha em que não havia mais a grife de Deron Williams, Paul Pierce ou Kevin Garnett por perto. Pelo que se pode entender, a dupla Thaddeus Young-Brook Lopez não o comovia tanto assim.

Em Miami, ele pode ser uma arma complementar, com a bola vindo das mãos de Dwyane Wade, dono ainda da quarta maior taxa de uso da liga, e eventualmente de Goran Dragic. Para alguém com tanta milhagem acumulada (quase 40.500 minutos só de temporada regular, mais 3.400 de playoffs), o mais prudente seria Johnson jogar fora da bola e ganhar em eficiência com isso. Só precisa ver o quão rapidamente ele pode se livrar desse cacoete, desenvolvido de modo lastimável em Atlanta, sob o comando de Mike Woodson. Wade não parece preocupado: “Quero que Joe seja Joe”. Ponto.

Por falar em rapidez, desde que Chris Bosh foi afastado pela infeliz reincidência de coágulos sanguíneos, perdendo a versatilidade e habilidade do ala-pivô em meia quadra, Erick Spoelstra resolveu acelerar as coisas em seu time, numa reviravolta mais que bem-vinda. Antes do All-Star Game, o Heat era o segundo time mais lento da NBA. Agora, é o 11º mais rápido, vejam só, num ritmo de jogo que favorece muito mais o estilo de Dragic. Antes, o time era o segundo time que menos arremessava (79,5 por jogo). Agora, é o nono que mais busca a cesta (88,3). São mais oportunidades para os atletas pontuarem, e a partilha também aumenta quando se subtrai o volume de jogo que Bosh concentrava. Dragic (jogando, enfim, como o armador em que se investe US$ 80 milhões), Luol Deng (uma surpresa, com 15,0, 10,0 rebotes nos últimos cinco jogos, mas com menos eficiência nos arremessos, é verdade), Hassan Whiteside (que agora resolveu converter lances livres e, mesmo saindo do banco, rumo a um contrato imenso em julho) e até Wade estão produzindo mais.

No coletivo, o time saltou da 25ª posição no ranking de eficiência ofensiva para a 15ª, sem perder em nada em sua força defensiva, campo no qual subiram do sexto lugar para o quarto, vejam só. De qualquer forma, o asterisco de sempre vale aqui: estamos falando de uma amostra bem menor de jogos. Os adversários vão se preparar mais para essa proposta mais agressiva no ataque, enquanto a tabela de jogos vai se reequilibrar. De qualquer maneira, vale acompanhar com atenção esse processo com muita atenção. O time é muito talentoso.

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Whiteside achou a mão no lance livre e no geral

A questão é se o elenco vai se sustentar, mesmo que o ritmo não seja dos mais frenéticos. No momento, Spoelstra está usando uma rotação de apenas oito homens. Uma rotação de playoff.  Faltam, no entanto, quase dois meses até a fase decisiva começar, e o quinteto titular tem dois jogadores que não são muito conhecidos pela durabilidade. Wade que o diga, com Amar’e lhe fazendo companhia. Qualquer deslize, num Leste muito equilibrado, pode custar a eliminação dos playoffs. O ala-armador dá de ombros novamente: “Essa noção de que possamos correr tanto que eu não seria capaz de acompanhar… é maluca”, diz. É curiosa, nesse sentido, a divisão de forças que Spoelstra tem feito em sua rotação, agrupando os jogadores mais experientes no time que começa as partidas, enquanto Whitside e os promissores calouros Justise Winslow e Josh Richardson saem do banco.

Sem espaço salarial para contratações nem de atletas de salário mínimo, a comissão técnica sabe que esse octeto não deve receber ajuda tão cedo, mesmo com duas vagas abertas – elas só devem ser preenchidas nas últimas duas semanas da temporada regular, para se pagar quase nada em em salário proporcional aos dias restantes no calendário. Gerald Green parece ter entrado em transe – e daí o assédio a Thornton –, Josh McRoberts mal consegue parar em pé e Udonis Haslem já está pronto para assumir algum cargo fora de quadra. Tyler Johnson ainda diz que pode retornar em abril, depois de uma cirurgia no ombro. Bosh não deveria pensar em basquete enquanto não tiver garantia médica de que o jogo não lhe faz mal, ou que não interfere em sua recuperação. É um problema muito sério, que faz do basquete algo menor.

No ano passado, quando Bosh teve uma embolia pulmonar diagnosticada, o Miami desandou e escorregou para fora da zona de classificação dos playoffs. Dessa vez, o time parece mais equipado para suportar a perda de um craque desses, desde que as lesões não se estendam. Esse é mais um testamento da competência de sua diretoria, que se virou como pôde para a montagem de um grupo qualificado, de origem bastante diversificada. Na atual rotação, Wade é o franchise player e Dragic, o agente livre caro, mas adquirido via troca. Luol Deng veio na faixa de US$ 10 milhões. Depois você vai ter Whiteside (desses que justificam a D-League), Stoudemire (fim de carreira, com salário mínimo, mas na melhor forma física dos últimos anos), dois novatos via Draft e Joe Johnson, claro.

Para a próxima temporada, o quadro clínico de Bosh é fundamental, mas Riley terá flexibilidade para poder se intrometer na conversa com os agentes livres mais badalados, dependendo do que decidir sobre Whiteside. Como executivo, ele confia em dois trunfos para tentar atrair caras com a fama de Johnson, mas num ponto ascendente da carreira: o clima e a vida em Miami e, hã, sua própria reputação na liga. São oito títulos de NBA, afinal – um como jogador, cinco na época de técnico e dois como executivo. Desde que chegou a Miami, em 1995, o clube só não foi aos playoffs em quatro anos. Vai argumentar como contra isso? Aí é aturar, mesmo, e conter a inveja.


Os melhores da (metade) da temporada: Conferência Leste
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Giancarlo Giampietro

Escrever uma artigo sobre prêmios de uma temporada qualquer da NBA pode ser um exercício de futilidade, certo? Por outro lado, dá ao blog, inativo por tanto tempo, a chance de recuperar o tempo perdido e abordar um ou outro protagonista da temporada. Então vamos roubar um pouco e dividir essa avaliação toda em duas listas, para cada conferência. Desta forma, ganhamos espaço para falar mais. E, claro, deixa a vida mais fácil na hora de fazer as escolhas:

Melhor jogador: LeBron James

LeBron não está jogando tudo o que pode. Mas ainda reina no Leste

LeBron não está jogando tudo o que pode. Mas ainda reina no Leste

Os acontecimentos recentes de Cleveland quase sugerem que essa escolha aqui deveria ser invalidada. Mas, em termos de bola, por mais que ele tenha relaxado em diversos jogos, desencanando da defesa, em termos de produtividade, ainda não há ninguém no Leste que possa com o dono do Cavaliers, mesmo que ele não esteja sendo tão efetivo como nos tempos de Miami Heat, claramente o auge de sua carreira. Também não importa ainda que ele tenha amassado o aro em suas tentativas de longa distância em novembro e dezembro – em janeiro, o aproveitamento já subiu para 37,3%, que é o mínimo que ele precisa fazer para pressionar as defesas. Com ele em quadra, o Cavs vence seus adversários por 11,3 pontos a cada 100 posses de bola. Sem ele, a equipe tem saldo negativo de 7,7 pontos. Dá um saldo de 19,0 a seu favor, o que é uma diferença absurda para uma equipe que conta com a folha salarial mais cara, e de longe, da liga.
Outros candidatos? Hã… ninguém. Talvez fosse legal falar aqui sobre Paul Millsap, subestimado a carreira toda até receber uma proposta generosa do Orlando Magic durante as férias e que segue hiperprodutivo, fazendo de tudo um pouco para elevar o Atlanta. Paul George começou a temporada numa arrancada sensacional, mas perdeu rendimento despencar de dezembro para cá, chutando abaixo dos 40% e, hoje, se fosse para votar, ficaria atrás também de Kyle Lowry, para mim.

Melhor técnico: Frank Vogel

Vogel tem Paul George e não muito mais que isso

Vogel tem Paul George e não muito mais que isso

O Leste oferece várias opções. David Blatt vai dirigir a seleção do Leste no All-Star e vem fazendo um bom trabalho, mas com o melhor elenco da conferência, de longe. Acho que chegou a hora de Vogel ser aclamado. Que ele tenha perdido Roy Hibbert e David West e mantido o time entre as defesas mais eficientes da liga, é um feito, e tanto. Estão atrás apenas de San Antonio e  praticamente num empate técnico com o Golden State e Boston em segundo, com a ajuda de Ian Mahinmi e Lavoy Allen, que ainda compõem uma dupla de pivôs contra adversários de garrafão mais pesado, pedindo licença ao conceito de small ball que Larry Bird queria por em prática.

O sistema ofensivo, porém, ainda está, de certo modo, emperrado, sendo o 19º mais eficiente da liga – o que, ainda assim, já é um avanço em relação aos últimos dois campeonatos, em que falhou em ficar até mesmo entre os 20 primeiros. Ajudaria se Monta Ellis pudesse jogar um pouquinho mais. Sua contratação foi um fiasco até o momento. Com médias de 43,1% nos arremessos e 27,1% de três, 2,7 turnovers e apenas 2,5 lances livres por jogo, ele faz sua pior temporada desde o ano de novato. O Pacers precisa de uma evolução nesse sentido para se distanciar da concorrência na briga por uma vaga nos playoffs, com a chance de ter mando de quadra – seu saldo de 3,1 pontos por jogo, o terceiro melhor da conferência, abaixo de Cavs e Raptors, já é promissor.

Basicamente, então: Vogel viu muitas trocas no elenco, está mudando o modo como time joga, passando de 19º para o 5º time que mais corre na NBA (!!!) e não perdeu muito em pegada defensiva. Tem um elenco limitado e está tirando muito dele.

Outros candidatos? Stan Van Gundy (repetindo a fórmula de sucesso em Orlando), Dwane Casey (o Raptors deu mais um salto neste ano, mesmo que DeMarre Carroll ainda não tenha contribuído tanto), Scott Skiles (mais aqui) e Steve Clifford (sabotado pela lesão de três titulares).

Melhor defensor: Hassan Whiteside

Assusta

Assusta

Olha… Para quem não estiver tão por dentro assim do que prega a intelligentsia do NBA Twitter, há uma campanha expansiva contra o pivô-surpresa do Miami Heat, alegando basicamente que ele é uma fraude. Campanha que foi reforçada, de maneira nada sutil, pelo ala Evan Fournier, do Orlando Magic. (Segue um resumo: dia desses, Rudy Gobert basicamente manifestou sua frustração sobre a ideia de que os números dizem tudo sobre um jogador de basquete, que não é bem assim e de que há jogadores que caçam estatísticas em quadra. Aí o Nikola Vucevic o interpelou e pediu para que ele citasse nomes, ué. E aí Fournier, amigo de Gobert desde as competições de base e parceiro de Vucevic na Flórida, se intrometeu e achou que estava sendo sutil ao escrever: “Blancoté? Risos”, que, em francês, se tratava de um diretaço em relação ao pivô do Heat. É o tipo de zum-zum-zum que faz da NBA esse universo incrível.)

O principal argumento dessa turma toda é o de que, por mais tocos e rebotes que Whiteside compute, o Miami seria um time pior com ele em quadra. Será? Friamente, existe um número que mostra que o Miami, com ele em quadra, sofre 3,5 pontos a menos por 100 posses de bola quando o pirulão está no banco.  Agora, o que essa conta não indica é que Whiteside está quase sempre em quadra acompanhado por um certo Dwyane Wade (seu companheiro em oito dos dez quintetos que ele já compôs no ano). O astro ainda carrega o piano ofensivamente – mesmo que alienando Goran Dragic no processo –, mas que está hoje entre os marcadores mais ineficazes da liga. Não estou dizendo que Wade afunda o Miami por conta própria. Só não parece justo que tratem Whiteside, líder em tocos na temporada e com uma bagagem de infantilidade, exatamente desta forma.

O índice de “Real Plus-Minus” do ESPN.com,  o coloca como o jogador de número 375, com saldo de -2,05.  O que diabos é o RPM? É uma ferramenta analítica, desenvolvida por Jeremias Engelmann e Steve Ilardi, que faz uma estimativa sobre o impacto de um jogador no desempenho da equipe e é medido em saldo de pontos por 100 posses, levando em conta quem está em quadra tanto ao seu lado como do outro. Não são números exatos, mas servem como um bom indício. Nomes como Tim Duncan, Draymond Green, Andrew Bogut, Kawhi Leonard e Kevin Garnett aparecem entre os dez primeiros colocados nesta temporada, para constar.

Nesta mesma medição, Whiteside está em em 10º, e creio que seus 4,8 tocos por 36 minutos ajudem para tanto – intimidam e o colocam entre os melhores da liga de quase todas as medições de proteção de aro. Em sua conferência, Ian Mahinmi (5º), Andre Drummond (8º) e Pau Gasol (9º) estão acima. Mahinmi é uma grata surpresa pelo Indiana, mas fica ainda menos minutos em quadra (23,8). Em Miami, Whiteside joga por 28,9. O que, para mim, é um mistério. Estaria Spoelstra, com um cochicho de Riley, procurando controlar a produção do pivô que vai virar agente livre? Talvez seja muita conspiração aqui. Talvez ele seja muito indisciplinado, mesmo, e, ao contrário do que acontece com Stan Van Gundy e Drummond em Detroit, Spoelstra acredita ter alternativas para tornar seu time mais produtivo sem um pivô de números . Só é difícil entender, já que Amar’e Stoudemire, Chris Andersen e Udonis Haslem não são mais solução para nada e Josh McRoberts está quebrado. Com Justise Winslow e Gerald Green, as formações de smallball são bem-vindas. Ao redor de um pivô tão atlético, têm potencial para render ainda mais.
Outros candidatos? O próprio Winslow, Nerlens Noel e Bismack Biyombo, que está jogando muito em Toronto.

Melhor novato: Kristaps Porzingis

Nasce uma estrela

Nasce uma estrela

O letão mais popular em Nova York. O letão mais popular no mundo, na verdade, com todo o respeito a Ernests Gulbis. A quarta camisa mais vendida da NBA. Um rapaz carismático e que não fica só nisso. Proporciona os highlights e também substância ao Knicks, dando um refresco para Carmelo Anthony e oferecendo esperança de verdade a sua torcida. O que mais impressiona no pivô é sua agilidade, coordenação e talento em geral para alguém tão comprido, que contribui dos dois lados da quadra. Por outro lado, é de se admirar a maturidade e graça com as quais vem lidando com tanto burburinho e atenção que vem recebendo. Que história. Qualquer scout que tenha cravado para seu gerente geral que Porzingis seria uma estrela na liga deve estar se sentindo muito bem agora.

O garotinho aqui chorou muito quando ouviu o nome de Porzingis pela primeira vez:

Mas agora esse mesmo pirralho deve saber até este rap de cor:


Outros candidatos? Jahlil Okafor, um jogador de fundamentos ofensivos de fato impressionantes para alguém de sua idade e que, enfim, vem conseguindo evitar as páginas do TMZ, e Winslow, que é a antítese de seu companheiro de Duke: faz muito na defesa, mas ainda tem um longo caminho pela frente para se tornar alguém respeitado no ataque. Não dá tempo de Myles Turner entrar nesse papo.

Jogador que mais evoluiu: esse faz mais sentido esperarmos até o final da temporada, né? Mahinmi (ele de novo!), Kemba Walker, os bockers Derrick Williams e Lance Thomas e Kent Bazemore despontam como candidatos.

Melhor executivo: a mesma coisa. Masai Ujiri, Stan Van Gundy e Phil Jackson poderiam levantar a mão por ora.

All-Star: Kyle Lowry, Jimmy Butler, Paul George, LeBron James e Chris Bosh. Mais… John Wall, Kemba Walker, DeMar DeRozan, Jae Crowder, Carmelo Anthony, Pau Gasol e Andre Drummond.
(Aos fãs de Isaiah Thomas, Brook Lopez, Al Horford, Kevin Love: desculpe)


Do MVP à maior decepção. Uma lista de prêmios da NBA 2014-15
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Giancarlo Giampietro

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O começo dos playoffs também coincide com as diversas coletivas de imprensa que a NBA vai marcar para anunciar os vencedores dos prêmios individuais da temporada. Ao divulgar a sede – Oakland, Atlanta, Houston etc. –, a liga já indicará o escolhido. Como leva um tempo para organizar cada anúncio, há anos em que a cerimônia pode até ser meio indigesta, creiam. Corre-se o risco de entregar o troféu para um jogador que acabou de ser despachado nos mata-matas, como aconteceu em 2007 com Dirk Nowitzki. Seu Dallas Mavericks havia voado na temporada regular, aparentemente se recuperando bem da derrota para o Miami Heat nas finais da temporada anterior. Mas aí eles deram de frente com o Golden State Warriors de Don Nelson, seu ex-mentor, e acabaram entrando na história como mais um cabeça-de-chave número um a ser  eliminado pelo oitavo colocado. Se formos pensar no equilíbrio da atual Conferência Oeste, corre-se um sério risco.

Mas não há o que fazer: os mata-matas começam quase que imediatamente após o final da temporada regular. Técnicos e scouts se apressam em preparar o estudo sobre seu adversário, para dirimir tudo e passar aos atletas. E a raça que atende pela alcunha de jornalistas também está apressada, tentando colocar no papel uma série de artigos que se replicam, mas parecem inevitáveis. Como o tradicional para revelar suas escolhas para a votação (aqui, no caso, imaginária) dos melhores da temporada.

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(Um parêntese, apenas: neste ano vamos ter um interessante contraponto entre as escolhas dos jornalistas e a dos jogadores. A associação dos atletas decidiu promover uma votação própria. “Os torcedores e os técnicos escolhem os all-stars. A mídia vota nos prêmios da liga. Nossos membros querem reconhecer as performances sensacionais de seus companheiros também. Os jogadores não têm votado para os prêmios desde 1980”, afirmou a advogada e diretora-executiva da entidade, Michele Roberts, em comunicado oficial divulgado na quinta-feira. Serão 10 categorias nessa seleção paralela, definidas pelos jogadores durante o intervalo do All-Star. “A nomenclatura exata para cada prêmio e o programa ainda estão sendo definidos”, diz. O estranho é que os votos foram dados antes do final da temporada. Como os atletas votaram para algo cujo nome ainda nem foi definido? Houve caras que se recusaram a participar do processo. Como John Wall, que levantou um ponto necessário: “Como jogadores, sabemos quem é quem, mas pode ser que nosso orgulho e nosso ego interfira. Pode ser que você não queira ver determinada pessoa ganhar um prêmio. Vai haver gente dizendo que é o MVP, ou o melhor jogador, então nunca vai ter uma disputa justa, na minha opinião.”)

Posto isso, vamos nessa, mas sem poder se estender muito sobre cada eleito. Cada um merecia um post próprio, mas há ainda muito o que ser digitado. Xô, tendinite..

MVP: James Harden
A disputa com Stephen Curry é muito torturante. Você tem muitos argumentos a favor dos dois, expostos aqui já, além de outros candidatos. Mas parece claro que, a essa altura, o troféu vai para Harden ou Curry. Steph é o melhor jogador no melhor time da liga. Faz coisas incríveis com a bola, seja arremessando, a ponto de comemorar uma cesta quando ela não cai, ou driblando, para descadeirar um CP3. Supera Harden em termos de índice de eficiência. Se quiser brincar com mais números, tudo bem. Em geral vai dar o líder do Warriors (e aqui que a gente precisa tomar cuidado com as estatísticas avançadas: de modo geral, os dados de Curry serão fora de série. E ele é brilhante, não temos dúvida. Mas, em termos de avaliação numérica, é muito difícil separar o que cada jogador faz do conjunto da obra de sua equipe. E o Golden State detonou a concorrência). Ainda assim, vou com Sr. Barba, pela carga pesada que carregou durante o campeonato para manter o Houston Rockets bem posicionado na Conferência Oeste – sem o seu astro, seria difícil até imaginar uma classificação aos playoffs. Foi aquele que ficou mais minutos em quadra e que mais cobrou lances livres. E melhorou consideravelmente sua defesa, marcando até mesmo gente como Z-Bo e Blake Griffin. Mais de uma bíblia já foi escrita a respeito da disputa dos dois, e geralmente os artigos todos têm terminado da seguinte maneira: “Veja bem, ambos merecem o prêmio, e a distância entre eles é mínima”. Não me parece que exista realmente uma “escolha errada” aqui. Mas deve dar Curry. Gostaria de ver Anthony Davis logo abaixo dos dois, e talvez a briga do Pelicans até o fim pelo oitavo lugar do Oeste o ajude. Os outros dois votos ficariam entre Wesbrook, LeBron e Chris Paul.

Melhor defensor: Draymond Green
Andrew Bogut é quem protege a cesta e vai ter um papel essencial nos playoffs para que seu time controle as batalhas mais importantes: aquelas da zona pintada. Qualquer torção de tornozelo ou lesão de ombro dele pode causar danos sérios ao favoritismo do Warriors, é verdade. Mas quem dá o recado, quem dita a intensidade da equipe na hora de parar o adversário. Ele é daqueles que fala horrores – mas que justifica tudo em quadra. Além disso, devido ao seu pacote de força física, inteligência, determinação e estatura mediana para a posição (2,01 m) permite a Steve Kerr confiar num sistema de trocas na defesa. É curioso isso: o fato de ser considerado baixo ao deixar a Universidade de Michigan State fez com que caísse para a segunda rodada do Draft. Hoje, é algo que joga a seu favor de modo único – com sua envergadura e senso de posicionamento, consegue marcar grandalhões. Ao mesmo tempo, é flexível o bastante para brecar as infiltrações de alas e armadores. Sua consistência durante todo o ano acaba valendo mais que os esforços impressionantes de Kawhi Leonard na reta final da temporada. Tivesse o jovem astro do Spurs disputado toda a temporada neste ritmo, acho que não haveria dúvida em apontá-lo aqui. Rudy Gobert seria outra escolha tranquila.

>> Os prêmios do 21 no meio da temporada: Oeste
>> Os prêmios do 21 no meio da temporada: Leste

Melhor 6º homem: Lou Williams
Nos momentos de crise, com DeMar DeRozan ou Kyle Lowry afastados, foi Williams quem carregou o Toronto Raptors. Sua habilidade para gerar oportunidades de pontuar por conta própria é vital num ataque que contradiz o ‘modelo Spur’: ao mesmo tempo que o clube canadense teve o terceiro sistema ofensivo mais eficiente do campeonato, ele foi apenas o antepenúltimo em cestas assistidas. Seus percentuais de arremesso são baixos, mas mudam de figura quando você vê o tipo de chute que lhe cabe em quadra, batendo adversários no mano a mano com velocidade e agilidade. Geralmente marcado no perímetro, tentando desafogar a vida de Dwane Casey. Basta conferir seu gráfico de tentativas de cesta e perceber que ele é ma ameaça constante, por toda o perímetro, interno e externo. É um perfil parecido com o de Isaiah Thomas, no fim. Agora, se o baixinho ajudou a devolver o Celtics aos playoffs, o simples fato de ele ter finalizado sua campanha em Boston já serve como um ponto contrário a sua candidatura – houve uma razão para o Phoenix Suns o liberar no mesmo dia em que havia trocado Goran Dragic, e ao que tudo indica ele dá trabalho no dia a dia. Dennis Schröder, Rodney Stuckey e o eterno Jamal Crawford também merecem consideração.

Jogador que mais evoluiu: Hassan Whiteside
Na temporada passada, ele estava no Líbano e na segunda divisão chinesa. Hoje, está posicionado entre os dez jogadores mais eficientes da liga. Em termos de custo-benefício, foi a melhor contratação da temporada. Acho que não precisa ir muito além disso – embora o próprio fato de ele nem ter jogado a temporada passada levante uma questão técnica sobre o prêmio: é possível comparar o desempenho atual com o de um passado um tanto distante? Caso o Utah Jazz tivesse se livrado de Enes Kanter mais cedo, Rudy Gobert poderia desbancá-lo aqui. Seu crescimento também foi impressionante, com o jogo desacelerando  para permitir que ele usasse seus atributos físicos de modo intimidador. Com o francês titular, sua equipe teve a defesa mais eficiente depois do All-Star Game, e foi de longe. Outros caras que vão ganhar votos justos estão no topo e participaram da festa em Nova York: Jimmy Butler e Klay Thompson, que trabalharam sério na virada de um campeonato para o outro e se tornaram cestinhas de elite.

Melhor novato: Andrew Wiggins
Nikola Mirotic arrebentou nos últimos meses da temporada, especialmente quando Rose e Gibson estavam fora de ação. Tem os números avançados mais qualificados. Teve um papel importante em uma equipe que disputou jogos relevantes o campeonato todo, com ambição de título. Mas há dois pontos contra o montenegrino naturalizado sérvio, a meu ver: 1) não podemos nos esquecer que foi apenas a partir de março que ele ganhou minutos significativos, devido aos desfalques na rotação de Thibs – em fevereiro, por exemplo, jogou apenas 14,3; 2) não me sinto confortável em tratar o talentoso ala-pivô como “novato” – não quando ele já ganhou o prêmio de MVP do campeonato espanhol e vários troféus pelo Real Madrid. Tecnicamente ele é um calouro, sim. Na realidade, já é um “jovem veterano”. Então vamos de Andrew Wiggins, que teve o ano mais consistente entre todos os estreantes. Aliás, deu para perceber um padrão aqui, né? A preocupação de não se deixar levar apenas pelo que aconteceu nas semanas finais de campanha. Pode não ter tido o ano mais eficiente, mas conseguiu produzir em um nível elevado para um garoto só completou 20 anos em fevereiro e que mal teve a assistência de Ricky Rubio, ou de qualquer outro veterano para facilitar sua transição. É difícil ter uma exuberância estatística quando seu time tem um elenco inexperiente e estropiado. De qualquer forma, mostrou uma evolução regular mês a mês e dá toda a pinta de que vai se tornar a estrela cantada por olheiros há dois, três anos. Por isso, nas minhas contas, fica acima de Nerlens Noel, Jordan Clarkson e Elfrid Payton, calouros que jogaram muito, mas apenas depois do All-Star.

Melhor técnico: Steve Kerr
Tá, aqui vamos apelar sensivelmente aos números. O Golden State se despediu da temporada regular com o segundo melhor ataque;  a melhor defesa, embora jogue com o ritmo mais acelerado da liga; o melhor saldo de pontos, disparado, e essa é uma estatística notoriamente influente no resultado dos playoffs; melhor em percentual de arremessos, sem importar qual a medição usada; o segundo melhor rendimento em jogos apertados – nas raras ocasiões em que não conseguia atropelar os adversários; o segundo em cestas assistidas… Você precisa vasculhar bastante toda a magnífica seção de estatísticas do NBA.com para encontrar um ou outro ranking em que eles apareçam mal posicionados. Então tudo bem: em aproveitamento de rebotes, ocupam apenas o 12º lugar, sendo que, naqueles mais importantes, os defensivos, estão em 19º. Está certo que Kerr já assumiu uma base sólida, um grupo que havia disputado as últimas duas edições dos playoffs e que cresceu muito na defesa sob a orientação de Mark Jackson. Mas o fato é que o clube deu um salto de 16 vitórias na classificação geral, e desconfio que isso não se deve à chegada de Shaun Livingston, Leandrinho, Justin Holiday e James Michael McAdoo. Não obstante, o final de temporada um tanto morno do Atlanta Hawks acaba facilitando a escolha entre ele e Mike Budenholzer. O que não quer dizer que o treinador dos campeões do Leste não mereça um robusto pergaminho de elogios, ao por também ter elevado seu mesmo grupo a outro patamar. Terry Stotts, sempre subestimado em Portland, Kevin McHale, que revolucionou a defesa do Rockets mesmo com Dwight Howard no estaleiro, Brad Stevens, um mago ao ter endireitado um Boston Celtics em cosntante mutação,  e Jason Kidd, com uma rotação única por sua extensão e uma retaguarda sufocante com o jovem Bucks, são outros nomes que merecem atenção.

david-griffin-cavs-executivo

David Griffin terminou a temporada sorrindo

Melhor executivo: David Griffin
Os mais chegados a LeBron James garantem que, se fosse para deixar Miami, apenas um retorno para Cleveland seria possível. Não se sabe até hoje o quanto a franquia de Ohio estava informada a respeito disso. E não importa. Quando a possibilidade de acertar a contratação de James se apresentou, o dirigente já havia tomado todos os passos necessários para acolhê-lo, num trabalho nada fácil: saber usar as escolhas de Draft acumuladas durante meses e meses para abrir espaço no teto salarial, tomando cuidado para não sabotar completamente o futuro da franquia se algo desse errado. Está certo que o segundo movimento – a troca por Kevin Love, cedendo uma promessa como Andrew Wiggins – não teve a repercussão (esportiva) esperada, mas não dá para ignorar o fato de que LBJ praticamente exigiu que a transação fosse feita. De qualquer forma, em meio a uma alarmante crise com menos de 50% da temporada disputada, Griffin foi nobre e valente o bastante para chamar uma coletiva e dar um basta aos rumores sobre uma possível demissão de David Blatt. Depois, voltou ao mercado para buscar reforços que salvassem seu treinador e, ao mesmo tempo, satisfizesse os anseios do astro. Agindo sempre sob uma pressão imensurável, tendo um dos proprietários de clube mais impacientes e ativos na sala ao lado. Bravo. O combo Bob Myers-Jerry West-Travis Schlenk-Kirk Lacob também merece aplausos por um entrosamento único na gestão do Warriors, assim como John Paxson e Gar Forman, que estão desgastadíssimos com Tom Thibodeau, mas deram ao técnico um elenco capaz de relevar as constantes lesões de Derrick Rose.

Por fim, alguns itens alternativos:

Melhor jogador sub-23: Anthony Davis, com 22 anos completos em março.  Steph Curry tem 27. Durant e Wess, 26. Harden, 25. Tim Duncan? 38. LeBron? 30. Assimilem isso.

Melhor segundanista: Rudy Gobert. Desculpe, Giannis. : (

Melhor estrangeiro: Pau Gasol, redivivo em Chicago e líder em double-doubles na temporada. Fica acima de seu irmão, que teve dois meses fantásticos na abertura do campeonato, mas depois caiu um tico.

Melhor brasileiro: Leandrinho? A despeito de seu entra-e-sai na rotação do Warriors. Mas convenhamos que não foi uma temporada das mais produtivas para os selecionáveis, com diversas lesões atrapalhando a trinca Splitter-Nenê-Varejão, da mesma forma que Vitor Faverani acabou dispensado por Boston sem poder mostrar serviço. Em Toronto, os caçulas mal jogaram.

Melhor importação da D-League: Whiteside, surrupiado pelo Miami Heat da toca do Memphis Grizzlies, o Iowa Energy. Aliás, Pat Riley foi o executivo que melhor usou a liga de desenvolvimento este ano. Basta ver como Tyler Johnson chegou ‘pronto’ quando foi promovido. Menção honrosa aqui para Robert Covington, um ala de muito potencial por sua habilidade atlética na defesa e o chute de fora no ataque. Veja aqui todos os jogadores que conseguiram elevar consideravelmente sua renda mensal ao serem chamados pela liga maior.

De Tyler Johnson para Whiteside. Dois D-Leaguers

De Tyler Johnson para Whiteside. Dois D-Leaguers

Melhor resultado de troca: se for pensar no curtíssimo prazo, a chegada de Timofey Mozgov ao Cleveland, por propósitos defensivos e também para animar LeBron, que, segundo consta, quase chorou de alegria ao ver o quão gigante o russo é de perto. Vale mencionar também a contratação de Isaiah Thomas pelo Boston. Sim, teve mais impacto que nomes como Rondo, Jeff Green e Goran Dragic. Ou mesmo Quincy Pondexter, que ajudou o Pelicans a estabilizar sua defesa e ainda recuperou seu arremesso de três pontos. Pensando longe, tudo vai depender de renovações de contrato. Dragic vai ficar em Miami, presumimos. Será que Rondo vai se encontrar em Dallas durante os playoffs? Como o Phoenix vai aproveitar tantas escolhas futuras de Draft? Será que Philly vai descolar o pick do Lakers já neste ano? Enfim, tudo em aberto.

Time mais azarado: Oklahoma City e Indiana Pacers têm uma alta conta hospitalar para competir aqui.

Maior decepção: New York Knicks. Phil Jackson prometeu os playoffs em setembro e terminou o ano falando que enfim tinha um plano para reerguer a franquia. O Los Angeles Lakers não fica muito atrás.

O jogador mais desmiolado: Nick Young, com seus devaneios de grandeza. Você quer acreditar que tudo não passa de uma grande piada, mas, quando percebe o conjunto da obra, começa a duvidar disso. Byron Scott não quer reencontrá-lo de modo algum na próxima temporada.

O dirigente mais intempestivo: Vivek Ranadive, dono do Kings, que demitiu Michael Malone depois o melhor início de campanha da equipe em muito tempo, efetivo Tyrone Corbin (um desastre), depois pressionou Chris Mullin a assumir o cargo durante a temporada para depois frustrar seu “consultor” ao contratar George Karl. Se não fosse o bastante, ainda trouxe Vlade Divac de volta para ser o novo chefão das operações de basquete. Com tudo isso, conseguiu sabotar DeMarcus Cousins de uma forma inacreditável, justamente no primeiro ano que o pivô se comportou do início ao fim. Aliás, Boogie também precisa ser incluído na lista de jogadores que mais evoluíram – e talvez seja hoje o jogador mais subestimado, por isso. Loucura geral.

A notícia que pode ter maior impacto a longo prazo: a NBA, depois de sua última reunião com os proprietários das franquias, indicando que o teto salarial pode passar dos US$ 100 milhões em 2017-18.


Por que você pode (quase) gostar da briga pelos playoffs no Leste?
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Giancarlo Giampietro

Enquanto a NBA mantém divisão Leste-Oeste, Pacers e Celtics têm chances

Enquanto a NBA mantém divisão Leste-Oeste, Pacers e Celtics têm chances

Não, esta não é uma tentativa de autoplágio, tá?

É que, desde o momento em que este polêeeemico (coff! coff!) artigo foi publicado, as coisas mudaram bastante. E a não-corrida pelas últimas vagas dos playoffs da Conferência Leste se tornou quase uma corrida de verdade, com a ascensão de alguns times que já estariam mortinhos da Silva no Oeste, mas que, no lado oriental dos EUA, sempre tiveram chances.

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Um termo recorrente aqui vai ser o “quase”. Sim, quase dá para gostar do que está acontecendo por lá. Só não dá para curtir de verdade quando você se toca que, enquanto equipes que mais perdem do que ganham sonham com os mata-matas, no Oeste vamos ter pelo menos dois desses caras assistindo tudo de fora: Anthony Davis, Russell Westbrook, Kevin Durant, Serge Ibaka, Dirk Nowitzki, Rajon Rondo, Monta Ellis, ou Tyson Chandler. Isso para não falar de Mitch McGary, Perry Jones, o Terceiro, Luke Babbitt, Alex Ajinça, JJ Barea e do sargento Bernard James.

Muita sacanagem, gente.

Especialmente no caso do Monocelha, que ainda sustenta o maior índice de eficiência da história da liga.

De qualquer forma, aqui estamos. Com o Indiana Pacers, agora em sétimo, tendo uma das melhores campanhas do Leste desde o All-Star Game. Com o Boston Celtics curtindo a segunda maior sequência de vitórias em voga – cinco, atrás apenas das seis do Utah Jazz de Rudy Gobert. Esses dois times (quase) emergentes estão empatados com o Miami Heat, restando 16 partidas para ambos. O atual tetracampeão do Leste vive um sufoco danado para manter a oitava posição. Um pouquinho abaixo, em décimo, com apenas um triunfo a menos, o Charlotte Hornets também vai dizer que tem boas chances nessa. Jesus, até mesmo o Brooklyn Nets ainda acredita.

Assumindo desde já um risco aqui de considerar que o Milwaukee Bucks, mesmo sentindo falta dos chutes de fora de Brandon Knight, ‘está’ classificado. Restariam, então, duas vagas, mesmo. Vamos examinar, então, novamente os candidatos? Por que dá para (quase) gostar deles?

INDIANA PACERS (30-36)

Hill e Vogel: reflexos de uma cultura vencedora

Hill e Vogel: reflexos de uma cultura vencedora


– O que deu errado:
o quinteto vice-campeão do Leste do ano passado jamais poderia ser repetido, uma vez que Lance Stephenson se mandou para Charlotte. E aí o Paul George ainda fraturou a perna. Já era motivo para muita tristeza. Mas Frank Vogel mal podia imaginar que, por conta de mais e mais lesões, nem mesmo o trio George Hill-David West-Roy Hibbert ele poderia escalar por 20 jogos. Muita crueldade.

Como se viraram: Palmas para Frank Vogel, por favor. Mais palmas. Pode até levantar da cadeira. Que o que o técnico fez este ano é de fato admirável. O Pacers ainda marca muito. Desde 1º de fevereiro, tem a segunda defesa mais eficiente, atrás apenas de Utah. A coesão defensiva é e também um testamento da cultura estabelecida pelo treinador nos últimos anos, sempre com a orientação dos senadores Larry Bird e Donnie Walsh. Nunca, jamais subestimem a química, que amplifica o talento em quadra. A ironia é que, devido aos desfalques, Vogel se viu obrigado a buscar diversas soluções, ampliando sua rotação e preservando seus atletas (ninguém passa da casa dos 30 minutos em média). No ataque, Hill vem jogando o melhor basquete de sua carreira, enquanto Rodney Stuckey redescobriu o caminho da cesta, para compensar as diversas noites de aro amassado durante a campanha. Luis Scola também ressuscitou e segue aplicando seus truques para cima dos adversários, mantendo o alto nível no garrafão quando West sai. Viver de Solomon Hill e CJ Miles para pontuar seria impossível.

– Campanha na conferência: 22-18.

Últimos 10 jogos: 7-3.

O que vem por aí: 7 jogos em casa, 9 fora, e adversários com aproveitamento de 51,2% e 4 situações de dois jogos em duas noites seguidas.

MIAMI HEAT (30-36)

erderam um tal LeBron James. De modo que a equipe voltaria a ser de Dwyane Wade. Mas as constantes lesões de Wade, mesmo quando ele era apenas o braço direito de LBJ seriam um problema. Foi o que aconteceu. O entra-e-sai do astro, que já perdeu 18 partidas, atrapalha demais, quebrando o ritmo da equipe. Ainda mais depois de Chris Bosh ter sido afastado por conta de uma embolia pulmonar e de Josh McRoberts mal ter feito sua estreia. Contar com jogadores desgastados como Luol Deng, Chris Andersen e Udonis Haslem na rotação também pesa numa reta final de temporada.

Como se viraram: encontraram Hassan Whiteside perdido por aí. E, claro, fecharam uma troca por Goran Dragic. Vai precisar de mais tempo para o esloveno sacar quais as características peculiares de seus companheiros, mas sua visão de jogo, agressividade e categoria compensam demais. Era isso, ou Norris Cole: escolham. Pat Riley deve ganhar todos os elogios devidos por essa negociação, mas também precisa ser louvado pela atenção que tem com sua filial da D-League, recrutando jogadores mais que úteis – e baratos – como Tyler Johnson e Henry (ex-Bill) Walker para encorpar o banco de Erik Spoelstra.

Últimos 10 jogos: 5-5.

– O que vem por aí: 8 jogos em casa, 8 fora, adversários com aproveitamento de 49,6% e só 2 situações de dois jogos em duas noites seguidas.

BOSTON CELTICS (30-36)

Brad Stevens obviamente saberia como usar os talentos de Thomas

Brad Stevens obviamente saberia como usar os talentos de Thomas


– O que deu errado:
se Indiana e Miami sofreram com lesões, em Boston os desfalques foram “forçados” – pelas constantes trocas de Danny Ainge. Rajon Rondo e Jeff Green, enfim, foram negociados. Brandan Wright, Tayshaun Prince e Jameer Nelson mal chegaram e já foram repassados. Dos que estão fora hoje, só Jared Sullinger foi encaminhado para o departamento médico. Ao todo, Brad Stevens teve 22 jogadores em quadra (mais que quatro quintetos) e 11 titulares diferentes.

– Como se viraram: tal como Vogel, Stevens merece a ovação popular, por ter conseguido manter um senso de unidade e competitividade num elenco itinerante, no qual nenhum jogador parecida estar 100% garantido. Não só isso: soube desenvolver ou aproveitar melhor as diversas peças que recebeu, com um quê de Rick Carlisle nessa. Poderia até ser candidato a técnico do ano em um campeonato mais frágil, mas só vai ganhar, mesmo, menções honrosas em listas lideradas por Steve Kerr e Mike Budenholzer – para não falar de Terry Stotts, sempre subestimado. Está certo que as mudanças não foram sempre para o mal. Isaiah Thomas perdeu os últimos jogos, mas se encaixou perfeitamente num time carente por cestinhas, enquanto Tyler Zeller, contratado em julho, vai surpreendendo como referência na tábua ofensiva. Para não falar de Luigi Datome, o Gigi, já um herói popular em Boston e que mal via a quadra em Detroit.

Campanha na conferência: 18-21.

Últimos 10 jogos: 7-3

– O que vem por aí: 7 jogos em casa, 9 fora, adversários com aproveitamento de 49,8% e 4 situações de dois jogos em duas noites seguidas.

CHARLOTTE HORNETS (29-36)

MKG: um dos maiores malas na defesa, né, Wess?

MKG: um dos maiores malas na defesa, né, Wess?

– Os problemas: para um time cheio de carências no ataque, a contratação de Lance Stephenson foi uma tremenda decepção. O ala-armador só contribuiu para uma coisa: deixar o vestiário conturbado. E aí que, para piorar, Al Jefferson perdeu dez partidas e em algumas de suas incursões estava claramente debilitado. Para completar, Kemba Walker passou por uma cirurgia no joelho. Ficava difícil pensar em fazer pontos. Do outro lado, Michael Kidd-Gilchrist fez muita falta por cerca de 20 jogos.

As soluções: Steve Clifford respirou fundo em um início de campanha horroroso e conseguiu colocar as coisas no trilho, contando com uma senhora ajuda da fragilidade de seus adversários. Quando a defesa encaixou – coincidentemente, com o retorno de MKG, um Tony Allen supersize –, Charlotte já não se preocupava mais com a frequência que a bola estava caindo. Até porque essa fase coincidiu com as melhores semanas de Kemba como profissional, até sua lesão acontecer. De qualquer forma, uma troca totalmente subestimada por Maurice Williams acabou se revelando salvadora. O armador veio do Minnesota para cumprir aquilo que faz melhor: esquentar a munheca aqui e ali oupor um curto período de tempo. Tudo de que o Hornets precisava.

Campanha na conferência: 22-17.

– Últimos 10 jogos: 6-4.

O que vem por aí: 7 jogos em casa, 10 fora, adversários com aproveitamento de 50% e 5 situações de dois jogos em duas noites seguidas.

BROOKLYN NETS (27-38)

Um Thaddeus Young não é o bastane para Brooklyn

Um Thaddeus Young não é o bastane para Brooklyn

– O que deu errado: Um russo bilionário que já teve a ousadia de desafiar Vladmir Putin em uma eleição presidencial ordenou que o time vencesse, e vencesse o título logo de cara? Sim. Seu gerente geral, que já havia se atrapalhado todo com movimentos imediatistas em seu emprego anterior, abraçou a causa? Claro que sim. Para isso, ele torrou escolhas de Draft para contratar estrelas que obviamente já haviam passado de seu auge há um bom tempo? Hmm… SIM! O que será que deu errado, então? Nem sei. Sem contar as constantes trocas de técnico, um ginásio lindo, mas que não pode ser chamado de casa, mais lesões de Brook Lopez etc.

– As soluções: fora Thaddeus Young, a primeira vez na história em que o jogador que eles receberam ser a peça mais jovem numa troca (por Kevin Garnett)? Difícil de achar outra. Ok, talvez o fato de não terem se precipitado ao demitir Lionel Hollins. Nem mesmo o fato de estarem no Leste é tão relevante aqui…

– Campanha na conferência: 11-19.

– Últimos 10 jogos: 4-6.

– O que vem por aí: 11 jogos em casa, 6 fora, adversários com aproveitamento de 52,3%, 4 situações de dois jogos em duas noites seguidas.

Se for pensar, Indiana vive o melhor momento, mas pode ser algo frugal, com uma tabela difícil pela frente. Miami simplesmente não pode pensar em perder Wade (e o cabeça-de-vento Whiteside) por dois ou três jogos, enquanto tem o calendário mais fácil entre esses. Boston está no meio do caminho entre eles e é o time que menos depende de um só atleta. Charlotte precisa resolver o que fazer com a dinâmica Kemba/Mo Williams agora, ao passo que vai jogar muito mais como visitante e tem seis jogos back-to-back, no final do campeonato. Já o Brooklyn nem tem um fator casa verdadeiro para se empolgar com as 11 partidas em seu ginásio. Tudo isso para dizer que não tenho ideia do que vai sair dessa disputa.

A única certeza é a de que o Detroit Pistons já está eliminado, podendo Stan Van Gundy se concentrar no que Reggie Jackson não consegue fazer em quadra. De resto, um palpite mais conservador poderia pender para os finalistas da conferência dos últimos dois anos, não? Se os playoffs já começaram para os cinco clubes acima, a experiência do que sobrou de seus núcleos poderia fazer a diferença. Mas eles obviamente estão numa posição tão frágil como a dos demais. De novo: são times que mais perderam do que venceram durante a campanha. Boa sorte apostando em qualquer um deles. Talvez o melhor fosse realmente virar os olhos para o Oeste e aproveitar os últimos jogos do ano para Wess ou Monocelha. Um deles infelizmente vai ficar no quase.


Chegou a tempestade Westbrook junto com a bonança
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Giancarlo Giampietro

Mascarado, com marra e muita explosão em quadra

Mascarado, com marra e muita explosão em quadra

Quando OKC anunciou, antes do início da temporada, que Kevin Durant ficaria afastado por algumas semanas devido a uma fratura no pé, a meteorologia detectou, talvez de maneira preventiva, a iminência de uma Tempestade Westbrook que estaria por vir. Era uma previsão do tempo ambígua, tal como acontece hoje em dia em São Paulo e outros cantos do país: em tempos de seca, uma chuvarada trovejante não se equivale necessariamente a má notícia, embora possa causar sempre os estragos paralelos.

Pensando em Westbrook, com Durant enfrentando uma série de percalços após a cirurgia pela qual passou, era de se esperar muitos, mas muitos arremessos, mesmo, para o bem ou para o mal. O Thunder iria depender demais do explosivo jogador. Só restava saber o resultado disso. Ele se perderia nessa situação, com fome de bola, alienando os companheiros, chutando até antes da linha central da quadra, ou ficaria ainda mais confortável como o dono da bola, carregando o time em pontos e como força criativa.

Ao conseguir seu quarto triple-double consecutivo em suada vitória sobre o Sixers por 123 a 118, com prorrogação, acho que já nem precisa mais cair nessa discussão, né? O armador-ala-craque-não-importa-a-definição vive a melhor fase de sua carreira, na hora que a equipe mais precisa, para proteger a oitava colocação na Conferência Oeste.

Quatro triple-doubles seguidos? Isso não acontece desde 1989, quando Michael Jordan causava geral. Até mesmo Sua Alteza do Ar tem de se impressionar com o que Westbrook produziu nesta quarta-feira: 49 pontos, 10 assistências e 16 rebotes, em 42. Muito provavelmente a melhor atuação da temporada, concorrendo com os 52 pontos em 33 minutos de Klay Thompson. “É, definitivamente, uma bênção. Mas o mais importante é que estamos vencendo”, disse.

O curioso? Na ficha estatística da partida, vemos que, com o camisa #0 em quadra, seu time perdeu por 12 pontos. É o tal do +/-, o saldo de pontos. Um número frio que, isolado, obviamente não diz nem 50% do que foi a partida. Talvez só aponte problemas defensivos, visto que o segundanista Isaiah Canaan, recém-saído de Houston, marcou 31 pontos e deu 6 assistências. Mas problemas defensivos gerais, e, não, só de um jogador. Até porque, numa liga que usa e abusa do jogo com bloqueios, os pivôs e os homens que são obrigados a rodar vindo do lado contrário são tão ou mais importantes que o defensor primário em cima da bola.

Além do mais, para alguém com tamanho volume ofensivo, toda a ajuda possível se faz necessária do outro lado da quadra. Por exemplo: nas campanhas de título do Miami Heat, LeBron assumia responsabilidades para marcar os destaques adversários, sim. Mas só nos minutos mais importantes de jogos parelhos. Até lá, tinha um Shane Battier para quebrar um galho danado. (Obviamente, Westbrook, desatento e arrojado demais, nunca foi um defensor tão qualificado como LeBron.)

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Sam Hinkie, gerente geral do Sixers apegado a diversas contas, certamente teria mais observações para fazer a respeito desse saldo de pontos negativo. Claro que a torcida devota de Oklahoma City não está nem aí para isso. Estão curtindo demais as exibições de um de seus queridinhos. Um momento bacana nesse triunfo foi quando, na linha de lance livre, Wess ouviu gritos de “MVP” estrondosos. Básico. O legal é que, no banco, ainda tentando entender exatamente o que acontece em seu pé direito, lá estava Kevin Durant fazendo gestos com os braços pedindo para que a algazarra fosse maior. Por ele, o prêmio de jogador mais valioso nem precisa sair da cidade.

Aqui do meu canto, ainda fico entre Stephen Curry e James Harden, mais regulares durante a temporada (perderam pouquíssimos jogos tanto em termos de resultado como de lesão) e igualmente exuberantes. Agora, por tudo o que vem fazendo recentemente, o superatleta de OKC ao menos aparece acima de LeBron James, também mais ou menos pelo mesmo critério: jogou seis partidas a menos, mas, quando esteve em quadra, arrebentou, enquanto o astro do Cavs tirou uns bons dois meses de folga antes de entrar em duas semanas sabáticas revigorantes. Quem vota ao seu favor vai alegar que ele tem médias de 27,0 pontos, 8,2 assistências e 7,0 rebotes, números maiores que os dos três concorrentes aqui citados.

Pois é, na coluna de cestinhas da liga, Westbrook superou seu ex-companheiro Harden, assumindo a primeira posição. É coisa de um décimo – 27,0 x 26,9 –, mas superou. Por mais que não fale dessas coisas, ou melhor, por mais que não fale muito sobre quase nada, deve estar feliz da vida. Tendo Durant ao seu lado, dificilmente assumiria o topo dessa lista, mesmo que tivesse potencial absurdo para tanto:

E aí? Você ainda fica embasbacado com esse tipo de lance, ou já está acostumado com as jogadas dessa aberração?

(…)

Sim, ficamos todos boquiabertos. Ainda mais quando lembramos que o fenomenal atleta já passou por três cirurgias no joelho nos últimos dois anos. Não faz o menor sentido que alguém, 100%, possa executar um lance deles com tanta velocidade e força. Quanto mais alguém que passou por uma sala de cirurgia tantas vezes em tempos recentes. Que o diga, infelizmente, Derrick Rose.

westbrook-mask-philly-triple-doubleWestbrook ainda tem um arranque devastador, que lhe propicia, por exemplo, a cobrança de 20 lances livres em 42 minutos – contra 14 de seus companheiros. Dá para ter uma ideia do nível de atividade necessário para, sendo armador, cobrar 20 num jogo? Só um cara feroz desta forma, mesmo. Na temporada, ele bate 9,2 em média, maior marca de sua carreira.Essa produção elevada na linha se mantém numa projeção por minutos. O número alto de lances livres o ajuda a atingir também seu melhor índice de eficiência, e de longe, mesmo que esteja falhando nos arremessos de longa distância. Com 27% de acerto nos tiros de fora, é saudável, então, que tenha dado uma maneirada em suas tentativas, comparando especialmente com o que havia feito nas duas temporadas passadas.

É isso.

A tempestade veio, mesmo. Mas já acompanhada pela bonança.

*    *    *

O triple-double de Westbrook ganhou as manchetes na rodada desta quarta, mas não foi um fato isolado. De vez em quando, o universo parece conspirar por uma noite de anomalias estatísticas que só fazem confundir a cabeça. Vamos lá:

– Na vitória dramática sobre o Utah Jazz, com uma cesta de Tyler Zeller no finalzinho, o Boston Celtics cometeu apenas 3 turnovers. Três! Vale com um recorde da franquia. Antes de matar o jogo, Zeller havia sido um dos vilões da noite. Ele, Avery Bradley e Isaiah Thomas desperdiçaram a bola uma vez cada. Lamentável, não é coisa que se faça.

– Num jogo em que acertou apenas 1 de 13 arremessos de quadra, errando inclusive todos seus chutes de três pontos, Damian Lillard encontrou um jeito diferente para contribuir em vitória do Blazers sobre o Clippers na prorrogação: pegou 18 rebotes (17 defensivos). Ele é o primeiro jogador de 1,90 m, ou menos, a conseguir essa marca desde Fat Lever, um dinâmico ex-armador do Denver Nuggets, em 1990. Em sua carreira, o All-Star de Portland tem média de 3,7 rebotes. Na temporada, vem com 4,6.

– Se o assunto é rebote, não tem como fugir dos 25 que Hassan Whiteside coletou contra o Lakers. Sozinho, a revelação do Miami Heat igualou o desempenho de quatro adversários Carlos Boozer, Robert Sacre, Ed Davis e Jordan Hill nesse fundamento. Foi o terceiro jogo nesta temporada em que o sujeito, que tem Líbano e segunda divisão da China em seu currículo, passou da casa de 20 rebotes no ano. Impressionante. Por outro lado, se for pensar, é algo que vem acontecendo até que bastante vezes neste ano, não? O Data21 foi, então, pesquisar: em 19 jogos a marca de 20 rebotes foi superada, sendo que DeAndre Jordan é o líder aqui, com cinco jogos absurdos desses. Contra o Mavs, no mês passado, ele teve 27 rebotes em 39 minutos.

Agora, não dá para falar de Jordan nesta quinta de manhã sem mencionar seu lapso mental no jogo contra o Blazers. Justamente ao se posicionar bem para aproveitar uma rebarba ofensiva, o pivô teria a chance de efetuar um tapinha para buscar a vitória no tempo regular. Não fez e dominou a bola, causando um surto cômico de Chris Paul:

– O ala Jason Richardson marcou 29 pontos na derrota do Sixers para o Thunder. Nos tempos de cestinha do Golden State Warriors das vacas magras, ou municiado por Steve Nash, pelo Phoenix Suns de 2010, isso até que era normal. Porém, depois de ficar dois anos parados, tendo passado por duas cirurgias graves, tem de comemorar. “Pensei que nem voltaria a jogar basquete mais”, disse Richardson, que não ultrapassava a marca de 25 pontos desde o dia 11 de fevereiro de 2012, pelo Orlando, contra o Milwaukee Bucks.

– O tempo de afastamento de Anthony Davis das quadras foi bem mais curto. Ele perdeu cinco jogos seguidos devido a uma contusão no ombro. Retornou de forma providencial contra o Detroit, da dupla Andre Drummond e Greg Monroe. Caras pesados, né? Que, juntos, acumularam 26 pontos, 33 rebotes e 6 tocos. Bela produção. Acontece que Davis, sozinho, teve 39 pontos, 13 rebotes e 8 tocos. Se ele aguentar fisicamente o tranco, meu amigo, prepare-se: a Era Monocelha só está começando.


Prêmios! Prêmios! Os melhores do Leste antes do All-Star
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Giancarlo Giampietro

Estamos na fase de premiação, né? Logo mais o Boyhood deve, precisa, merece ganhar os prêmios mais importantes na cerimônia do Oscar. Bem longe do glamour de Hollywood, aqui na base do conglomerado 21, sediado na Vila Bugrão paulistana, é hora de olhar para o que aconteceu em mais de metade da temporada da NBA e distribuir elogios. Claro que elogios totalmente irrelevantes para os astros da NBA, mas tudo bem.

De primeira, saímos com a Conferência Leste, que é uma tristeza que só, com exceção desta galera aqui:

MVP, MVP, MVP e MVP. Cheio de MVP

MVP, MVP, MVP e MVP. Cheio de MVP

MVP: O quinteto do Atlanta Hawks. Se a NBA pode escolher, oficialmente, os cinco para “Jogador do Mês de Janeiro”, por que um blog raé do Brasil não poderia? Al Horford, com suas múltiplas habilidades, é o principal jogado do líder da conferência, mas não dá para pinçar um, e só, no jogo bonito de Atlanta. A influência de Korver é muito difícil de ser medida em estatísticas, mas obviamente que as defesas entram em pânico diante da possibilidade de ele ficar livre por dois centímetros na linha de três pontos. Paul Millsap, com seu arsenal ofensivo impressionante, dá a Mike Budenholzer muita flexibilidade. Jeff Teague vai resolver as coisas na hora do aperto, entrando no garrafão com facilidade. DeMarre Carroll faz o serviço sujo e ainda desenvolveu seu tiro exterior. Esse time é uma verdadeira máquina.

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Lowry mereceria o prêmio em novembro, dezembro talvez, mas deu uma esfriada. John Wall já o superaria, para mim, devido a sua consistência e imposição física em quadra. Pelo andar da carruagem, porém, um certo Rei de Cleveland deve aparecer aqui ao final da temporada, como o MVP do Leste – mas que dificilmente vai recuperar o terreno perdido, nas minhas contas, para Monocelha, Curry e Harden no geral. LeBron vem jogando muito desde que retornou de sua licença premiada, mas isso significa que, por ora, são apenas algumas semanas de alto nível (para os seus padrões). Antes de sua parada, para botar o corpo e a cuca em dia, o astro reclamou demais e deu contribuição significativa para os tropeços do Cavs. Ah, e Pau Gasol, rejuvenescido longe da sombra de Mike D’Antoni, lidera a liga em double-doubles, com 33 até esta segunda-feira.

Melhor treinador: Mike Budenholzer. Por causa disto tudo aqui. É muito difícil instaurar o tipo de química que vemos em quadra em Atlanta, gente, e o Coach Bud aprendeu direitinho depois de anos e anos como assistente de Gregg Popovich. Jason Kidd, guiando um elenco jovem, valente e extremamente versátil em Milwaukee, seria minha segunda opção. Acho que muitos subestimaram a qualidade do plantel do Bucks. Mas não esperava que fosse encontrá-los com aproveitamento superior a 50% no início de fevereiro. Kidd começou muito mal como chefe do Brooklyn Nets na temporada passada, mas se ajustou no decorrer da campanha e se revela um treinador do tipo que adoro: aquele que sabe aproveitar o que tem em mãos, em vez de forçar os jogadores a se entregarem completamente ao ‘seu’ sistema. Dwane Casey também precisa ser mencionado, pelo excelente trabalho que faz em Toronto há um tempinho já. Outro elenco que rende muito mais por conta de química do que pelo talento individual de suas peças.

Sobra até Derrick Favors para Middleton na defesa

Sobra até Derrick Favors para Middleton na defesa

Melhor defensor: Khris Middleton. Quem? James Khristian Middleton, nascido em Charleston, no dia 12 de agosto de 1991. Ele, mesmo, o ala titular do Milwaukee Bucks que está envolvido diretamente no esquema agressivo orquestrado por Jason Kidd. O técnico quer ver seus atletas trocando a marcação constantemente. Isso requer muita atenção aos detalhes e, ao mesmo tempo, perna firme e resistente. Middleton, aos 2,01 m, é forte e ágil para dar conta de marcar um ala-armador ou um ala-pivô (isso, claro, se não for um brutamontes como David West ou um gigante que nem Pau Gasol… Vai depender de quem estar do outro lado). Na melhor defesa da conferência, ele causa o maior impacto: o Bucks toma 8,9 pontos a mais, a cada 100 posses de bola, quando ele está descansando no banco.

DeMarre Carroll e Al Horford oferecem a mesma versatilidade ao Hawks. John Wall pressiona demais o drible do adversário com agilidade e tamanho, e ainda protege o aro em transição e vindo do lado contrário e comanda a forte defesa do Wizards, com uma boa ajuda de Nenê na cobertura. Quando Michael Kidd-Gilchrist está em forma, o Charlotte Hornets se posiciona entre as dez melhores retaguardas.  É muito estranho escrever este parágrafo sem mencionar Joakim Noah e Taj Gibson, mas, ao que parece, os anos de trabalho puxado com Thibs cobram, invariavelmente, um preço. Os dois não têm conseguido repetir as performances sensacionais do campeonato passado, e acredito que isso tem muito mais a ver com um desgaste físico e mental do que a chegada de Pau Gasol, que lhes rouba minutos e toques.

Melhor sexto homem: Lou Williams. Um Jamal Crawford mais baixinho, mas muuuuito mais eficiente, . A missão de Lou é criar arremessos por conta própria.  Rasual Butler – virge! – já resolveu uma porção de jogos para o Wizards saindo do banco 98,5% das vezes com a mão já pegando fogo. Aaron Brooks se encaixou perfeitamente no módulo de “Armador Tampinha Reserva do Chicago Bulls”, mas ninguém mais parece notar sua existência. Dennis Schröder causa o mesmo impacto pelo Hawks. Em Milwaukee, são diversos reservas qualificados, mas nenhum que desponte.

Em Toronto, é "Loooooooouuuu" sempre que ele pega na bola

Em Toronto, é “Loooooooouuuu” sempre que ele pega na bola

Jogador que mais evoluiu: Hassan Whiteside. Ele jogou o ano passado no Líbano. Hoje, representa uma dor-de-cabeça para 29 equipes que não lhe ofereceram nem mesmo um contrato não-garantido antes de a bola subir. Mais detalhes aqui. O engraçado é que Jimmy Butler, até outro dia desses, parecia a maior barbada de toda a liga nessa categoria, independentemente da conferência. O que o ala do Bulls ralou para elevar seu jogo ao patamar de All-Star vale como exemplo para qualquer jogador subestimado na liga. Talvez seja precipitado indicar Whiteside, pelo fato de ele ter jogado pouco até agora. Vamos ver se dura até o final da temporada. Jeff Teague também deu um belo salto, passando de jogador “ok, muito bom” para “putz grila, excelente”, algo nem sempre fácil de se fazer.

Melhor novato: Nikola Mirotic. O que é uma injustiça, né? De calouro, o montenegrino naturalizado espanhol não tem nada. Muito menos a barba. De qualquer forma, poder qualificar Mirotic “tecnicamente” como novato nos livra a cara aqui, pois seria difícil seguir em outra rota. As lesões não deixaram Jabari Parker, Marcus Smart e Aaron Gordon competir adequadamente aqui. Elfrid Payton é o estreante que joga mais pressionado, com máxima responsabilidade devido a sua posição, e faz um trabalho competente em diversas esferas menos aquela que pede cestas – o mesmo problema para Nerlens Noel.

Primeiro time
Jowh Wall
Kyle Lowry
Jimmy Butler
LeBron James
Al Horford

Segundo time
Jeff Teague
Dwyane Wade
Kyle Korver
Paul Millsap
Pau Gasol

Terceiro time
Kyrie Irving
Brandon Knight
Khris Middleton
Chris Bosh
Greg Monroe

Observações: fiquei entre Kemba Walker e Brandon Knight na terceira formação, e aí preferi decidir pela melhor campanha do Bucks, ainda que Walker tenha levado o Hornets nas costas enquanto Al Jefferson estava lesionado e Lance Stephenson curtia sua piração, até ser afastado por causa de uma cirurgia no joelho. Middleton ganha a vaga que seria de Carmelo Anthony, mas não dá para botar um time com aproveitamento abaixo de 20%. Por números, pode parecer um crime excluir Nikola Vucevic. Se for assim, desde que Josh Smith foi mandado para um breve exílio, Monroe vem abafando – inclusive seu companheiro Andre Drummond. Wade jogou pouco, mas o suficiente para entrar aqui – sem ele, o Miami Heat estaria completamente atolado.

Nesta quarta, sai a lista do Oeste.


Ninguém queria Hassan Whiteside. Nem o Miami Heat
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Giancarlo Giampietro

Uma das 34 enterradas de Whiteside até aqui

Uma das 34 enterradas de Whiteside até aqui

Quando é que chega a hora de dizer que não dá mais, que tal jogador é um caso perdido?

O sucesso de Hassan Whiteside com o Miami Heat, um dos raros pontos positivos de uma temporada muito aquém do esperado para Pat Riley, talvez indique a seguinte resposta: “Nunca”. Ou pelo menos algo do tipo:”Bem, vamos esperar mais um pouco, mais um pouco e mais um pouco. Aí talvez chegue a hora. Um pouco antes de ‘nunca'”.

Aos 25 anos, depois de ser dispensado oficialmente por duas equipes da NBA e ignorado por outras tantas, inclusive pela franquia da Flórida, três temporadas após a Linsanidade, o pivô tem causado espanto por onde passa. Assusta não só os jogadores que o desafiam no garrafão como os técnicos e dirigentes que não conseguem e talvez nem queiram acreditar no que estão vendo.

Em janeiro, ele teve médias de 13 pontos, 10,6 rebotes e 3,4 tocos por jogo. Em apenas 23,6 minutos! Desde que perdeu duas partidas por conta de uma contusão e voltou a jogar no último dia 25, passou a receber mais tempo de quadra e respondeu com 16,6 pontos, 15,5 rebotes e 4,0 tocos. O aproveitamento nos arremessos é de 58%. Quer dizer, ‘arremessos’. É uma enterrada atrás da outra, e sai de baixo.

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Nos últimos anos, muita gente da liga se esquivou de Whiteside, mesmo. A turma do escritório. Fugindo cada um para um canto, no caso, enquanto ele, desempregado, buscava um contrat.

Então o que acontece? Como deixaram passar uma dessas? A trajetória e a atual transformação desse grandalhão, de refugo com estadias na segunda divisão da China e no Líbano para sensação das redes sociais, é mais um grande causo a ser estudado com cuidado. Por dirigentes, treinadores, agentes e, principalmente, por atletas.

DDA
Quando deixou a universidade de Marshall em 2010 para se profissionalizar, durante o período pré-Draft, Whiteside rapidamente desenvolveu um rótulo que, quando pega, é difícil de se livrar: pro-ble-má-ti-co. Na tentativa de impressionar os dirigentes, os prospectos viajam de cidade em cidade, para fazer treinos e bater um papo. Essa coisa de conversar com o então jovem pivô de 20 anos queimou o filme geral.

Um scout da NBA, que acompanhou todo o processo bem de perto, afirmou ao VinteUm que não se tratava exatamente de um desvio de caráter. “Ele é uma pessoa genuinamente boa, um bom sujeito. O problema é que era muito ingênuo e atirado. Falava umas coisas malucas”, afirmou. “Mas sempre disse que ele precisaria primeiro falhar, para depois conhecer o sucesso.”

Não é todo dia que surge um desses

Não é todo dia que surge um desses

Pois essa combinação de ingenuidade e arrojo nas declarações passou aos avaliadores dos clubes a imagem de arrogante, ou algo até pior. Amin Elhassan, hoje analista do ESPN.com, trabalhava na época pelo Phoenix Suns. Digamos que o jogador não causara uma boa impressão. “Se você é um idiota, reparar essa reputação é algo muito difícil. É muito fácil arruinar sua reputação e muito difícil de reconstruí-la. Hassan Whiteside, na falta de uma palavra melhor, era um idiota quando saiu da universidade. Ele estava delirando e dizia coisas que não eram compatíveis com o que jogava”, afirmou em entrevista ao Palm Beach Post, sem preocupação de aliviar em nada.

Recuperando seu arquivo no HoopsHype, encontrei também a seguinte informação compartilhada pelo repórter Sam Amick, do USA Today: “Ele caiu no Draft por “ter um caso seríssimo de DDA”, o famigerado déficit de atenção. Acontece que, segundo o gerente geral do Sacramento Kings, clube que o selecionou na 33ª posição, não constava nada disso nos exames que a franquia recebeu. Provavelmente o olheiro estava falando metaforicamente…

Whiteside acreditava que seria escolhido entre os dez primeiros. Afinal, era um pivô alto, forte, extremamente atlético, uma aberração física. O tipo de prospecto pelo qual os cartolas se apaixonam num piscar de olhos. Eles podem até ter ficado enamorados de supetão. Quando passaram a observá-lo com mais cuidado, porém, pularam fora.

Em um perfil recente sobre o fenômeno do Heat, Tom Haberstroh recuperou um episódio bastante interessante que resultou apenas na primeira das três vezes que o clube da Flórida teve a chance de fechar com o pivô, mas deixou para depois. O espigão foi treinar no ginásio do Heat, uma escala notoriamente difícil para a molecada, devido aos treinos exaustivos que Pat Riley instaurou por lá. No meio da sessão, pregado, o jogador simplesmente saiu de quadra sem dar satisfação a ninguém. Já havia dado para ele. No dia do recrutamento, Riley selecionou Dexter Pittman na 32ª colocação, um posto antes do Sacramento.  Veja só.

Nada deu certo
Em Sacramento, Whiteside supostamente havia encontrado uma casa. Disse que não havia problema em ter saído apenas na segunda rodada e que o clube era um de seus dois favoritos, mesmo. Apostando em seu futuro, o Kings ofereceu um contrato de quatro anos, valendo US$ 3,8 milhões. Apenas as duas primeiras temporadas seriam garantidas, no entanto.

Whiteside, nos tempos improdutivos de Sacramento

Whiteside, nos tempos improdutivos de Sacramento

No primeiro campeonato, visto como um projeto de longo prazo, aos 21, só entrou em quadra uma vez e jogou por apenas dois minutos em vitória sobre o Minnesota Timberwolves. Em março, porém, teve de passar por uma cirurgia no joelho que o afastou do time. Durante a fase de recuperação, afirmou que estava treinando e jogando na D-League lesionado, mas que optara pelo sacrifício justamente pela fama de imaturo que havia ganhado. “Só faltava, então, as pessoas me chamarem de preguiçoso. Não queria que pensassem que estava inventando desculpas. Mas foi um erro. Isso tirou minha explosão em quadra. Digo, conseguia ainda dar tocos, mas isso é basicamente uma questão de timing. Mas minha capacidade atlética estava afetada. Até que soube que não podia mais evitar a operação”, afirmou.

Reabilitado, foi utilizado um pouco mais na temporada 2011-2012, participando de 18 jogos, mas viu novamente sua jornada interrompida por uma lesão grave, dessa vez no tornozelo. Resultado: mal teve tempo de mostrar serviço e de reverter sua má reputação. No momento do Draft daquele ano, em meio a tantas trocas, o Sacramento achou por bem dispensá-lo para abrir espaço em seu elenco.

Hoje, quando questionado sobre seu corte pelo Sacramento, ele afirmou aos jornalistas de Miami que mais nenhuma das pessoas envolvidas com aquela decisão estava no clube. “O quão inteligentes eles foram, então?”, respondeu, de modo retórico. Detalhe: o treinador do Sacramento na época era Keith Smart, hoje assistente de Erik Spoelstra. Em inglês, Smart, vocês sabem, significa… “Inteligente”. Pegou?

Roda viva
Geoff Petrie fez algumas boas bobagens no final de sua gestão no clube californiano. Dispensar Whiteside talvez tenha sido das menores. Afinal, muitos times lhe dariam respaldo informal. Muitos dirigentes chegaram a manifestar interesse no pivô. Nenhum deles teve a coragem ou a visão para fechar um contrato.

O Minnesota foi aquele que mais chegou perto em 2012, ainda liderado por David Kahn. O cara estava procurando um pivô atlético e de boa envergadura para ser o terceiro reserva, atrás de Nikola Pekovic e, sim, Greg Stiemsma na rotação. Conversou bastante com o agente do jovem pivô, mas preferiu mudar de rota e assinar com Anthony Tolliver.

O próprio Miami Heat voltaria a entrar em contato, também recebendo o pivô para mais um treino. Dessa vez ele foi até o fim. Mas não os convenceu. Acabaram contratando o inesquecível Josh Harrelson. Essa era a segunda vez que ele passaria batido por lá. Whiteside, então, se viu fora do mapa da NBA e teve de procurar asilo na Ásia. A China? Tudo bem, claro. Eles pagam uma boa grana. Mas o Líbano?! Digamos que não é o destino mais cobiçado por agentes livres, independentemente da origem. Lá ele defendeu o Al Moutahed Tripoli e teve médias superiores a 20 pontos, 15 rebotes e 4 tocos. Um prenúncio? Mas como alguém iria saber disso? Até o momento não há informações de tradução das estatísticas da liga libanesa para a NBA. Se alguém souber de algo nessa linha, favor entrar em contato com a secretaria.

No final da temporada 2013-2014, o New York Knicks até que flertou com o pivô, talvez bem informado a respeito de suas atuações do outro lado do mundo. Já com Phil Jackson no comando, embora recém-chegado, o clube optou por um acordo que ninguém mais, ninguém menos que Lamar Odom. No que deu essa história? Em nada, claro. Odom sumiu do mapa. Ao menos Cole Aldrich está por lá segurando as pontas, ao lado dos valentes Lou Amundson e Lance Thomas (sem ironia aqui no termo “valente”, tá? São dois caras ótimos de vestiário, que dão um duro danado. Mas quem aí acha que Carmelo Anthony se empolga com suas chances de título ao olhar para o lado e dar de cara com eles?)

Desesperado atrás de uma chance,  Whiteside pediu para seu agente ligar para para quem pudesse, talvez para os 30 times da liga. O Los Angeles Clippers, entre eles. Doc Rivers não quis nem chamá-lo para um treino. Depois despachar Jared Dudley para Milwaukee, assinou com Epke Udoh para a vaga de quinto homem na rotação de grandalhões. Meses mais tarde, no dia 11 de janeiro, já com as turbinas esquentadas, o pivô estaria decolando no Staples Center para somar 23 pontos e 16 rebotes em vitória do Heat. Lá, contou a história: “Eu liguei para marcar um teste, eles disseram não. Todos disseram não, exceto o Heat. O Heat me deu uma chance e o certo é eu dar 110% por eles em quadra. Foi isso que aconteceu”, disse.

Ficou bem como um do Grizzlies?

Ficou bem como um do Grizzlies?

Antes de receber essa chance, todavia, Whiteside havia, enfim, fechado um vínculo com o Memphis Grizzlies, que o escalou durante a pré-temporada. Na hora de definir o plantel oficial, acabou cortando o atleta, que foi endereçado a sua filial na liga de desenvolvimento, o Iowa Energy. Convenhamos que, com Marc Gasol e Kosta Koufos, seu garrafão estava bem protegido. O que deixa a diretoria da equipe maluca, todavia, é que eles chegaram a recrutar novamente o atleta emergencialmente para um duelo com o Toronto Raptors no dia 19 de novembro. Metade do plantel havia sido infectada por uma virose, e o técnico Dave Joerger precisava de reforços. Acabou nem entrando em quadra e seria novamente chutado no dia seguinte. “Pensávamos que talvez, se pudéssemos trabalhar com ele na D-League, ele poderia se tornar um pivô reserva decente. Mas obviamente ninguém viu isso (esse nível de jogo) chegando”, afirmou John Hollinger, vice-presidente do Grizzlies, a Haberstroh.

Udoh, Aldrich, Odom, Stiemsma, Tolliver… Independentemente do desnível já existente entre os nomes aqui citados, são apenas cinco jogadores que a NBA, de modo geral, colou à frente de Whiteside em suas listas de prioridades. Mas a conta é muito maior. E pode incluir Shannon Brown nesse grupo.

Pode riscar
Riley, Spoelstra e os caras em Miami ficaram tensos demais quando o pivô foi chamado pelo Memphis mais uma vez. Na véspera, ele havia feito um terceiro teste pela franquia, dessa vez se saindo de modo excepcional em quadra. Segundo Haberstroh, Spoelstra escreveu a seguinte frase em seu bloco de notas: “Vai ser nosso pivô titular na temporada que vem”. Eles lhe ofereceriam o tão esperado contrato ao amanhecer. De noite, veio a ligação do Grizzlies.

Por sorte, receberam a notícia da dispensa. Quando voltou ao Iowa Energy, dois dias depois, Whiteside enfrentou justamente a filial do Heat na D-League, o Sioux Falls SkyForce. Ele marcou 24 pontos, pegou 16 rebotes e deu quatro tocos. Dessa vez, a papelada para ele assinar ficou pronta mais rapidamente.  Para abrir espaço para a sua chegada, rescindiram com Shannon Brown.

Repararam, porém, que Spoelstra fazia planos para o campeonato 2015-2016, né? Nem Hollinger, nem ele podiam esperar o que estava por vir. Depois de dominar um garrafão que já tinha DeAndre Jordan e Blake Griffin, Whiteside conseguiu um triple-double impressionante de 14 pontos, 13 rebotes e 12 tocos em 25 minutos. Contra quem? O Chicago Bulls, de Joakim Noah, Pau Gasol e Taj Gibson. Na partida seguinte, contra Milwaukee, ele foi promovido ao time titular. Anotação já riscada. “Estou muito contente e encorajado pelo quanto ele cresceu nas últimas semanas, desde que se juntou a nós. Ele tem passado por um plano específico e abraçou o trabalho”, disse Spo, que tem em Juwan Howard seu assistente dedicado aos treinos especiais para o pivô.

O Miami está lucrando horrores nessa, tendo firmado um contrato de dois anos com Whiteside, pagando ‘apenas’ US$ 1,1 milhão na temporada que vem – lembrem-se que Amar’e Stoudemire ganha mais de US$ 20 milhões pela atual campanha.  Tem um porém nessa: o contrato é uma barganha, mas tem curta duração. Apenas dois anos, mesmo: ele vai virar agente livre em 2016. Como notou o South Florida Sun Sentinel, nenhum contrato com duração inferior a três anos pode ser estendido. Ops.

Daqui para a frente
A pergunta é outra: quando é a hora de dizer chega, vamos com calma?

A ascensão de Whiteside em Miami é devastadora. O único exemplo parecido com esse foi justamente a Linsanidade que tomou conta de Manhattan em 2012. Quando um jogador de pouco lastro na NBA surgiu meio que do nada e produziu feito uma superestrela. Hoje, por um motivo e outro, Lin está no banco de Jordan Clarkson em Los Angeles. Uma curiosidade é que, durante a boa fase de Lin, Whiteside havia afirmado: “Já havia dito a todos, na Summer League, que meu chapa Jeremy Lin era bom. Todos estavam vacilando com ele”.

Quando estourou pelo Knicks, Lin teve um índice de eficiência de 23,3 pontos. Whiteside, no momento, tem 27,98. Está abaixo apenas de Anthony Davis. Os demais oito nomes abaixo? Durant, Westbrook, Harden, Curry, James, Cousins, Paul e Aldridge. Afe. Em 36 minutos, seus números projetados ficariam em 18 pontos, 15,2 rebotes e 4,7 tocos. É coisa de maluco.

Dá para pensar numa produção dessas de modo sustentável?

Não é só Blake Griffin que sai do chão: exibição incrível contra Clippers, em jogo que transmiti, pasmo, pelo Sports+

Não é só Blake Griffin que sai do chão: exibição incrível contra Clippers, em jogo que transmiti, pasmo, pelo Sports+

Da sua parte, Whiteside diz que se contenta em ter apenas médias de duplos dígitos em pontos rebotes e de ficar entre os três principais bloqueadores da temporada. Então tá certo. Algo que já o apetece, de toda forma, é ver suas cotações no jogo NBA2 k elevadas – algo com que, pasme, os jogadores da NBA se importam verdadeiramente. Vale a honra. Agora, quer que melhorem também sua produção para o arremesso de média distância, algo que ele mostrou no domingo, contra o Boston, quando os Estados Unidos inteiros estavam assistindo ao Super Bowl. Esse chute de mais longe, porém, ainda aparece de modo tímido em seu repertório (89,1% de suas tentativas de cesta acontecem nos arredores do garrafão).

A eficiência do jogo do pivô se explica dessa maneira. Ele tenta pouco em quadra além de finalizações próximas da cesta, feito Tyson Chandler e Brandon Wright. Praticamente não é envolvido no ataque do Miami em nenhuma circunstância, seja para criar individualmente ou para os demais companheiros. O negócio é fazer o corta-luz e mergulhar no garrafão atrás de um rebote ofensivo ou, melhor, de uma ponte. Ele já lidera o time em cravadas, com 34 em 21 partidas. “Continue enterrando e você vai ganhar US$ 60 milhões”, disse Danny Granger. A NBA vai encará-lo e desafiá-lo mais uma vez. Agora não no jogo dos bastidores, mas em quadra. Os times mais bem preparados vão saber como. Jason Kidd, técnico do Bucks, anunciou: “Entendemos que ele vai entrar buscando tocos. Ele não é mais uma surpresa, está no no radar”.

Ajuda muito o pivô ter um cara como Dwyane Wade ao lado, com a bola em mãos. O astro do time ainda desperta pavor nas defesas e atrai marcadores. Também sabe invadir o garrafão como poucos. Uma combinação que deixa Whiteside na cara da cesta toda hora. “Ele consegue dominar a bola. Ele consegue finalizar. Ele é grande, e eu posso infiltrar. Algo bom vai acontecer a partir daí”, diz Wade, que ainda chama Whiteside de calouro. É como se fosse, mesmo. E agora ele vai ter de se virar sem a companhia do camisa 3, afastado por tempo indeterminado devido a uma lesão muscular.

Só não falta confiança a Whiteside, assim como não faltava quando ele era de fato um novato. Quando questionado pela ESPN Radio sobre qual antigo jogador da NBA ele acha que seu jogo lembra, citou, tranquilamente, David Robinson ou Alonzo Mourning. “Algo perto disso”, afirmou.

É de fazer engasgar, mesmo. No momento, porém, ninguém mais está falando sobre idiotices ou distúrbios. Estão apenas tentando entender o que está acontecendo.


Coisas para se fazer no Leste quando você (não) está morto
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Giancarlo Giampietro

Lance Stephenson, o símbolo da 'corrida' pelos mata-matas do Leste

Lance Stephenson, o símbolo da ‘corrida’ pelos mata-matas do Leste

Na onda tarantinesca do cinema dos anos 90, Coisas para se Fazer em Denver Quando Você Está Morto foi um dos primeiros filhotes. Lançado em 1995, um ano depois de Pulp Fiction, foi um entre uma centena de películas (ainda eram películas, acho) a tirar do submundo alguns criminosos de personalidade singular, tentando sair de enrascadas com humor e violência, nem sempre explícita. Os diálogos obrigatoriamente precisavam conter referências da cultura pop em um mínimo de 67% de suas falas.

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>> 30 times, 30 fichas sobre a NBA 2014-2015

Andy Garcia, o impagável Steve Buscemi, o eterno Dr. Brown Christopher Lloyd e o curinga Christopher Walken que me desculpem, mas este aqui não é um bom filme. Pelo menos não no meu gosto. A melhor coisa era o título. E só. Mas que título, né? Serve para deixar qualquer coluna parecendo muito mais legal do que é na verdade. ; )

Coisas para se fazer em Denver quando você está mortoSe for para tomá-lo emprestado e empregá-lo na NBA, ele nem precisa de adaptação. O Denver Nuggets já está morto nesta temporada faz tempo – algo de que a franquia se demorou a dar conta, mas enfim aconteceu. Mas esse texto não vai perder mais tempo para falar do indeciso time de Brian Shaw. No Leste, tem muito mais gente enterrada. Digo: enterrada, mas viva – numa expressão tão cara ao chapa Ricardo Bulgarelli, do Sports+.

Na conferência banhada pelo Oceano Atlântico, você nunca pode dar uma equipe como falecida nesta temporada, por mais que todos os fatos apontem o contrário. São todas sobreviventes – menos o New York Knicks e o Philadelphia 76ers, claro, que só querem competir hoje por Jahlil Okafor, mesmo.

O Philadelphia se sabota voluntariamente: Sam Hinkie já fez uma série de coisas para matar as chances de resultado positivo para sua equipe. Por outro lado, Phil Jackson começou o ano vendendo uma proposta em Manhattan e vai terminá-lo com outra inversa.

De resto, excluindo o pessoal do topo e o valente e surpreendente Milwaukee Bucks, temos uma extensa lista de times que entraram no campeonato com aspirações de playoffs, mas para os quais quase nada saiu conforme o planejado. Mesmo assim, todos ainda têm chances de classificação. Segue a folha corrida, com os times ordenados de acordo com suas respectivas campanhas e posicionamento até esta segunda-feira, 11h da manhã, horário de Brasília:

7 – Miami Heat (20-24, 45,5%): Pat Riley e Erik Spoelstra anunciavam um mundo pós-LeBron em que o time seguiria fortíssimo e deveria ser encarado se não como candidato ao título, mas pelo menos como candidato a uma quinta final consecutiva. Em sua última entrevista, não conseguiu disfarçar a frustração, embora ainda sustentando a opinião de que vê muito potencial a ser explorado no atual elenco. Se jogassem no Oeste, estariam hoje na 11ª posição, mesmo que enfrentem semanalmente adversários bem mais fracos. Os veteranos Dwyane Wade e Chris Bosh já perderam juntos 18 partidas – Bosh, em particular, estava barbarizando até sofrer uma mardita lesão na panturrilha. Josh McRoberts nem estreou de verdade. Shabazz Napier, bicampeão universitário e senior, não estava tão pronto assim como se imaginava. Mesmo jogando muitas vezes com dois armadores, Spoelstra não se sente confortável mais em colocar sua equipe para correr – o Heat tem o ataque mais lento da liga. As boas notícias: quando joga, Wade ainda é bastante produtivo, mesmo que distante de seu auge. E o fenômeno Hassan Whiteside (mais sobre ele depois). Com tantos problemas, o clube da Flórida ainda é o favorito para se classificar em sétimo.

8 – Charlotte Hornets (19-26, 42,2%): depois de chegar aos mata-matas na temporada passada, Michael Jordan redescobriu o gosto pela coisa. Foi às compras e hoje está com remorso. Não tem um dia em que o HoopsHype não destaque um rumor de negociação envolvendo Lance Stephenson. O Hornets sente que precisa se livrar de Stephenson o quanto antes, a ponto de aceitar discutir com Brooklyn uma troca por Joe Johnson, o segundo jogador mais bem pago da liga. Sim, o JJ mesmo. É de abrir os olhos todo esse esforço: sem o volátil ala-armador, o aproveitamento é de 9-5 (64%). Al Jefferson enfrenta uma incômoda lesão na virilha, que limita seus movimentos e já o tirou de quadra por nove partidas. Kemba Walker joga há tempos com um um cisto no joelho, que passou a preocupar de verdade neste mês, lhe custando três jogos, justo quando vivia seu melhor momento na NBA. Michael Kidd-Gilchrist ainda não sabe o que é um arremesso de três pontos. Marvin Williams é Marvin Williams. Mas não tem tempo ruim, não: o Hornets se vê hoje dentro da zona dos mata-matas, graças a uma defesa que foi a mais implacável neste mês de janeiro. É o bastante. Sofram:

9 – Brooklyn Nets (18-26, 40,9%): Billy King promove neste momento o maior saldão. É chegar e levar! Desde que paguem, e caro. Afinal, ele quer se desfazer da folha salarial mais custosa de toda a liga, com mais de US$ 91 milhões investidos. Então temos aqui o time da vez na central de boatos. Antes de ser afastado por conta de uma fratura na costela, Deron Williams havia virado banco de Jarrett Jack. Brook Lopez, que já perdeu dez jogos, não consegue superar a marca de 6,0 rebotes. Joe Johnson está em quadra, mas a verdade é que o clube vem acobertando lesões no joelho e no tornozelo para tentar vendê-lo. Bojan Bogdanovic é um fiasco até o momento e aquele por quem havia sido substituído, Sergey Karasev, anda curtindo a vida adoidado. Lionel Hollins não consegue mais se conter em entrevistas coletivas, manifestando constante desprezo por sua equipe. Com mais uma vitória, eles voltam a se juntar ao Hornets, para reassumir o oitavo lugar (uma vez que levam a melhor no critério de desempate por confronto direto). Kevin Garnett sorri. Totalmente surtado.

10 – Detroit Pistons (17-28, 37,8%): até o Natal, o presidente e técnico Stan Van Gundy havia testemunhado apenas cinco vitórias dos rapazes da Motown. Em 28 duelos. Tipo um Sixers, mesmo. Foi aí que ele ativou o detonador da bomba e mandou embora Josh Smith, aceitando lhe pagar mais de US$ 30 milhões a troco de nada. Obviamente que o Pistons venceria 12 das próximas 17 partidas e se recolocaria na discussão. O duro é perder Brandon Jennings pelo restante da temporada, devido a mais uma ruptura de tendão de Aquiles nesta campanha. Jennings era outro que praticava o melhor basquete de sua decepcionante carreira. Momento para pânico geral, não? Em qualquer outra circunstância, sim. Mas talvez SVG consiga fazer que DJ Augustin replique sua incrível jornada dos tempos de Chicago. Se não for o caso, resta sempre o caminho de uma troca (Prigioni é o primeiro nome especulado) ou de um milagre vindo da D-League (Lorenzo Brown, ex-Sizers e North Carolina State, também é comentado). Enquanto isso, Greg Monore vai conseguindo a proeza de superar Andre Drummond nos rebotes. Vai que dá!

11 – Boston Celtics (15-27, 35,7%): Danny Ainge trocou Rajon Rondo. Danny Ainge trocou Jeff Green. Danny Ainge trocou Brandan Wright. Danny Ainge trocou até mesmo Austin Rivers. Marcus Smart ainda é só uma promessa. Kelly Olynyk começou muito bem o campeonato e despencou até sofrer uma torção de tornozelo grave. Evan Turner continua acumulando números, mas sem eficiência nenhuma. E o Celtics ainda tem chances, para tornar a vida de Brad Stevens menos miserável. Esse é um dos clubes que tem, hoje, um dos maiores conflitos de interesses entre o que a direção espera (reformulação apostando no próximo Draft) e o técnico prega (tentar vencer a cada rodada, e que se dane). Os caras acabaram de conseguir dois triunfos em um giro pela Conferência Oeste  e de fazer um jogo relativamente duro contra Warriors e Clippers. E aí: Ainge vai trocar Stevens também?

12 – Indiana Pacers (16-30,  34,8%): o time da depressão, mas que não desiste nunca. Só não são brasileiros. Frank Vogel deve ler a relação de lesões acima e gritar em seu escritório: Vocês querem falar de desfalques!? Sério!? Peguem esta, então:” Paul George acompanha o time nas viagens, vai treinando de leve, e só; George Hill só disputou sete de 46 partidas; Hibbert perdeu outras quatro, enquanto West já perdeu 15; CJ Watson ficou fora de 18 jornadas, dez a mais que Rodney Stuckey e oito a mais que CJ Miles; Donald Sloan já tentou 334 arremessos neste campeonato, sendo que, de 2011 a 2014, havia somado 393 chutes; apenas o imortal Luis Scola e Solomon Hill jogaram todas as partidas. E o Pacers ainda deu um jeito de vencer 16 partidas e de se manter entre as dez defesas mais eficientes da liga, superando até mesmo o Memphis Grizzlies. Alguém aí falou em Votel para técnico do ano?

13 – Orlando Magic (15-32, 31,9%): o quê? Você não bota fé!? Não vá me dizer que não leu nada dos parágrafos acima?


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