Vinte Um

Arquivo : Kidd-Gilchrist

Por que você pode (quase) gostar da briga pelos playoffs no Leste?
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Enquanto a NBA mantém divisão Leste-Oeste, Pacers e Celtics têm chances

Enquanto a NBA mantém divisão Leste-Oeste, Pacers e Celtics têm chances

Não, esta não é uma tentativa de autoplágio, tá?

É que, desde o momento em que este polêeeemico (coff! coff!) artigo foi publicado, as coisas mudaram bastante. E a não-corrida pelas últimas vagas dos playoffs da Conferência Leste se tornou quase uma corrida de verdade, com a ascensão de alguns times que já estariam mortinhos da Silva no Oeste, mas que, no lado oriental dos EUA, sempre tiveram chances.

>> Não sai do Facebook? Curta a página do 21 lá
>> Bombardeio no Twitter? Também tou nessa

Um termo recorrente aqui vai ser o “quase”. Sim, quase dá para gostar do que está acontecendo por lá. Só não dá para curtir de verdade quando você se toca que, enquanto equipes que mais perdem do que ganham sonham com os mata-matas, no Oeste vamos ter pelo menos dois desses caras assistindo tudo de fora: Anthony Davis, Russell Westbrook, Kevin Durant, Serge Ibaka, Dirk Nowitzki, Rajon Rondo, Monta Ellis, ou Tyson Chandler. Isso para não falar de Mitch McGary, Perry Jones, o Terceiro, Luke Babbitt, Alex Ajinça, JJ Barea e do sargento Bernard James.

Muita sacanagem, gente.

Especialmente no caso do Monocelha, que ainda sustenta o maior índice de eficiência da história da liga.

De qualquer forma, aqui estamos. Com o Indiana Pacers, agora em sétimo, tendo uma das melhores campanhas do Leste desde o All-Star Game. Com o Boston Celtics curtindo a segunda maior sequência de vitórias em voga – cinco, atrás apenas das seis do Utah Jazz de Rudy Gobert. Esses dois times (quase) emergentes estão empatados com o Miami Heat, restando 16 partidas para ambos. O atual tetracampeão do Leste vive um sufoco danado para manter a oitava posição. Um pouquinho abaixo, em décimo, com apenas um triunfo a menos, o Charlotte Hornets também vai dizer que tem boas chances nessa. Jesus, até mesmo o Brooklyn Nets ainda acredita.

Assumindo desde já um risco aqui de considerar que o Milwaukee Bucks, mesmo sentindo falta dos chutes de fora de Brandon Knight, ‘está’ classificado. Restariam, então, duas vagas, mesmo. Vamos examinar, então, novamente os candidatos? Por que dá para (quase) gostar deles?

INDIANA PACERS (30-36)

Hill e Vogel: reflexos de uma cultura vencedora

Hill e Vogel: reflexos de uma cultura vencedora


– O que deu errado:
o quinteto vice-campeão do Leste do ano passado jamais poderia ser repetido, uma vez que Lance Stephenson se mandou para Charlotte. E aí o Paul George ainda fraturou a perna. Já era motivo para muita tristeza. Mas Frank Vogel mal podia imaginar que, por conta de mais e mais lesões, nem mesmo o trio George Hill-David West-Roy Hibbert ele poderia escalar por 20 jogos. Muita crueldade.

Como se viraram: Palmas para Frank Vogel, por favor. Mais palmas. Pode até levantar da cadeira. Que o que o técnico fez este ano é de fato admirável. O Pacers ainda marca muito. Desde 1º de fevereiro, tem a segunda defesa mais eficiente, atrás apenas de Utah. A coesão defensiva é e também um testamento da cultura estabelecida pelo treinador nos últimos anos, sempre com a orientação dos senadores Larry Bird e Donnie Walsh. Nunca, jamais subestimem a química, que amplifica o talento em quadra. A ironia é que, devido aos desfalques, Vogel se viu obrigado a buscar diversas soluções, ampliando sua rotação e preservando seus atletas (ninguém passa da casa dos 30 minutos em média). No ataque, Hill vem jogando o melhor basquete de sua carreira, enquanto Rodney Stuckey redescobriu o caminho da cesta, para compensar as diversas noites de aro amassado durante a campanha. Luis Scola também ressuscitou e segue aplicando seus truques para cima dos adversários, mantendo o alto nível no garrafão quando West sai. Viver de Solomon Hill e CJ Miles para pontuar seria impossível.

– Campanha na conferência: 22-18.

Últimos 10 jogos: 7-3.

O que vem por aí: 7 jogos em casa, 9 fora, e adversários com aproveitamento de 51,2% e 4 situações de dois jogos em duas noites seguidas.

MIAMI HEAT (30-36)

erderam um tal LeBron James. De modo que a equipe voltaria a ser de Dwyane Wade. Mas as constantes lesões de Wade, mesmo quando ele era apenas o braço direito de LBJ seriam um problema. Foi o que aconteceu. O entra-e-sai do astro, que já perdeu 18 partidas, atrapalha demais, quebrando o ritmo da equipe. Ainda mais depois de Chris Bosh ter sido afastado por conta de uma embolia pulmonar e de Josh McRoberts mal ter feito sua estreia. Contar com jogadores desgastados como Luol Deng, Chris Andersen e Udonis Haslem na rotação também pesa numa reta final de temporada.

Como se viraram: encontraram Hassan Whiteside perdido por aí. E, claro, fecharam uma troca por Goran Dragic. Vai precisar de mais tempo para o esloveno sacar quais as características peculiares de seus companheiros, mas sua visão de jogo, agressividade e categoria compensam demais. Era isso, ou Norris Cole: escolham. Pat Riley deve ganhar todos os elogios devidos por essa negociação, mas também precisa ser louvado pela atenção que tem com sua filial da D-League, recrutando jogadores mais que úteis – e baratos – como Tyler Johnson e Henry (ex-Bill) Walker para encorpar o banco de Erik Spoelstra.

Últimos 10 jogos: 5-5.

– O que vem por aí: 8 jogos em casa, 8 fora, adversários com aproveitamento de 49,6% e só 2 situações de dois jogos em duas noites seguidas.

BOSTON CELTICS (30-36)

Brad Stevens obviamente saberia como usar os talentos de Thomas

Brad Stevens obviamente saberia como usar os talentos de Thomas


– O que deu errado:
se Indiana e Miami sofreram com lesões, em Boston os desfalques foram “forçados” – pelas constantes trocas de Danny Ainge. Rajon Rondo e Jeff Green, enfim, foram negociados. Brandan Wright, Tayshaun Prince e Jameer Nelson mal chegaram e já foram repassados. Dos que estão fora hoje, só Jared Sullinger foi encaminhado para o departamento médico. Ao todo, Brad Stevens teve 22 jogadores em quadra (mais que quatro quintetos) e 11 titulares diferentes.

– Como se viraram: tal como Vogel, Stevens merece a ovação popular, por ter conseguido manter um senso de unidade e competitividade num elenco itinerante, no qual nenhum jogador parecida estar 100% garantido. Não só isso: soube desenvolver ou aproveitar melhor as diversas peças que recebeu, com um quê de Rick Carlisle nessa. Poderia até ser candidato a técnico do ano em um campeonato mais frágil, mas só vai ganhar, mesmo, menções honrosas em listas lideradas por Steve Kerr e Mike Budenholzer – para não falar de Terry Stotts, sempre subestimado. Está certo que as mudanças não foram sempre para o mal. Isaiah Thomas perdeu os últimos jogos, mas se encaixou perfeitamente num time carente por cestinhas, enquanto Tyler Zeller, contratado em julho, vai surpreendendo como referência na tábua ofensiva. Para não falar de Luigi Datome, o Gigi, já um herói popular em Boston e que mal via a quadra em Detroit.

Campanha na conferência: 18-21.

Últimos 10 jogos: 7-3

– O que vem por aí: 7 jogos em casa, 9 fora, adversários com aproveitamento de 49,8% e 4 situações de dois jogos em duas noites seguidas.

CHARLOTTE HORNETS (29-36)

MKG: um dos maiores malas na defesa, né, Wess?

MKG: um dos maiores malas na defesa, né, Wess?

– Os problemas: para um time cheio de carências no ataque, a contratação de Lance Stephenson foi uma tremenda decepção. O ala-armador só contribuiu para uma coisa: deixar o vestiário conturbado. E aí que, para piorar, Al Jefferson perdeu dez partidas e em algumas de suas incursões estava claramente debilitado. Para completar, Kemba Walker passou por uma cirurgia no joelho. Ficava difícil pensar em fazer pontos. Do outro lado, Michael Kidd-Gilchrist fez muita falta por cerca de 20 jogos.

As soluções: Steve Clifford respirou fundo em um início de campanha horroroso e conseguiu colocar as coisas no trilho, contando com uma senhora ajuda da fragilidade de seus adversários. Quando a defesa encaixou – coincidentemente, com o retorno de MKG, um Tony Allen supersize –, Charlotte já não se preocupava mais com a frequência que a bola estava caindo. Até porque essa fase coincidiu com as melhores semanas de Kemba como profissional, até sua lesão acontecer. De qualquer forma, uma troca totalmente subestimada por Maurice Williams acabou se revelando salvadora. O armador veio do Minnesota para cumprir aquilo que faz melhor: esquentar a munheca aqui e ali oupor um curto período de tempo. Tudo de que o Hornets precisava.

Campanha na conferência: 22-17.

– Últimos 10 jogos: 6-4.

O que vem por aí: 7 jogos em casa, 10 fora, adversários com aproveitamento de 50% e 5 situações de dois jogos em duas noites seguidas.

BROOKLYN NETS (27-38)

Um Thaddeus Young não é o bastane para Brooklyn

Um Thaddeus Young não é o bastane para Brooklyn

– O que deu errado: Um russo bilionário que já teve a ousadia de desafiar Vladmir Putin em uma eleição presidencial ordenou que o time vencesse, e vencesse o título logo de cara? Sim. Seu gerente geral, que já havia se atrapalhado todo com movimentos imediatistas em seu emprego anterior, abraçou a causa? Claro que sim. Para isso, ele torrou escolhas de Draft para contratar estrelas que obviamente já haviam passado de seu auge há um bom tempo? Hmm… SIM! O que será que deu errado, então? Nem sei. Sem contar as constantes trocas de técnico, um ginásio lindo, mas que não pode ser chamado de casa, mais lesões de Brook Lopez etc.

– As soluções: fora Thaddeus Young, a primeira vez na história em que o jogador que eles receberam ser a peça mais jovem numa troca (por Kevin Garnett)? Difícil de achar outra. Ok, talvez o fato de não terem se precipitado ao demitir Lionel Hollins. Nem mesmo o fato de estarem no Leste é tão relevante aqui…

– Campanha na conferência: 11-19.

– Últimos 10 jogos: 4-6.

– O que vem por aí: 11 jogos em casa, 6 fora, adversários com aproveitamento de 52,3%, 4 situações de dois jogos em duas noites seguidas.

Se for pensar, Indiana vive o melhor momento, mas pode ser algo frugal, com uma tabela difícil pela frente. Miami simplesmente não pode pensar em perder Wade (e o cabeça-de-vento Whiteside) por dois ou três jogos, enquanto tem o calendário mais fácil entre esses. Boston está no meio do caminho entre eles e é o time que menos depende de um só atleta. Charlotte precisa resolver o que fazer com a dinâmica Kemba/Mo Williams agora, ao passo que vai jogar muito mais como visitante e tem seis jogos back-to-back, no final do campeonato. Já o Brooklyn nem tem um fator casa verdadeiro para se empolgar com as 11 partidas em seu ginásio. Tudo isso para dizer que não tenho ideia do que vai sair dessa disputa.

A única certeza é a de que o Detroit Pistons já está eliminado, podendo Stan Van Gundy se concentrar no que Reggie Jackson não consegue fazer em quadra. De resto, um palpite mais conservador poderia pender para os finalistas da conferência dos últimos dois anos, não? Se os playoffs já começaram para os cinco clubes acima, a experiência do que sobrou de seus núcleos poderia fazer a diferença. Mas eles obviamente estão numa posição tão frágil como a dos demais. De novo: são times que mais perderam do que venceram durante a campanha. Boa sorte apostando em qualquer um deles. Talvez o melhor fosse realmente virar os olhos para o Oeste e aproveitar os últimos jogos do ano para Wess ou Monocelha. Um deles infelizmente vai ficar no quase.


Charlotte Hornets: Michael Jordan de volta na briga
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

30 times, 30 fichas para a temporada 2014-2015 da NBA

Não, Jordan não precisou voltar para o ex-Bobcats competir

Não, Jordan não precisou voltar para o ex-Bobcats competir

Não precisa ficar falando muito aqui sobre a obsessão que Michael Jordan tinha por essa coisa que, no esporte, a gente chama de vitória. Vencer, vencer, vencer. No pôquer, no golfe, na bolinha de gude, tudo: o sujeito era compulsivo, a ponto de esmurrar Steve Kerr num treinamento. Então como faz quando alguém com um DNA desses vê sua equipe terminar o campeonato da NBA com aproveitamento de 10,6%, 25,6% e 52,4%? Haja charuto cubano para compensar tanta frustração.

Jordan assumiu o controle da franquia em 2010. Desde então, essas foram as campanhas da equipe, com um salto considerável na temporada passada, quando Sua Alteza se cansou de tanta sacolada. Sua gestão abortou os planos de perder, perder e perder, para coletar escolhas altas no draft, seguindo o modelo que deu tanto certo para o Oklahoma City Thunder. A sorte, porém, não esteve ao lado do finado Bobcats. Em 2012, por exemplo, em vez de Anthony Davis, tiveram de se contentar com Michael Kidd-Gilchrist, que jura hoje ter reconstruído seu arremesso.

Daí que o clube achou por bem sair gastando no mercado de agentes livres, apostando no renegado Al Jefferson, que fez talvez a melhor temporada de sua carreira – pelo menos em termos de sucesso da equipe. Junto com o pivô, acertou na mosca ao contratar Steve Clifford, homem tem a benção do clã Van Gundy. Com Clifford, o time se tornou surpreendentemente a sexta defesa mais eficiente e chegou aos playoffs. Melhor momento para essa guinada não tinha, uma vez que o clube havia sido brindado pela direção com o resgate do apelido Hornets, tão popular na cidade nos anos 90 e largado de canto pelo Pelicans.  Agora, com o moral elevado dentro e fora de quadra, Charlotte quer mais, quer avançar nos mata-matas. Entra em cena Lance Stephenson, o grande e controverso reforço da equipe. Um cara de talento indiscutível, que já sabe o que é ir longe nos playoffs. Será que vai agora? MJ conta com isso. Charuto, só se for celebratório.

(PS: o leitor desde já precisa assinar um termo de compromisso: saio aqui em defesa da classe de jornalistas para que qualquer Charlotte Bobcats que escapar não seja válido para errata, ok? A confusão mental ainda é grande.)

É, Gasol, Al Jefferson dá trabalho

É, Gasol, Al Jefferson dá trabalho

O time: se o agora Hornets conseguir manter sua marcação coesa, já tem meio caminho andado. Clifford adotou táticas mais conservadoras, que deram resultado. A ordem era abandonar a disputa do rebote ofensivo, para qual apenas o hiperatlético e arrojado MKG tinha autorização, aqui e ali. Na tábua defensiva, o contrário: todos bem postados para coletar qualquer rebarba (quesito em que foram os melhores). Na hora de defender a cesta, a ordem era recuar os pivôs e fechar o garrafão,  tentando inibir a infiltração, empurrando os adversários para uma das laterais. São princípios que andam em voga na liga e devem ser mantidos, se não sofisticados. Do outro lado, o clube acabou perdendo um de seus atletas mais criativos: o ala-pivô Josh McRoberts, quase um armador na posição de pivô e que contribuía de modo significativo para um ataque já pouco eficiente (o sétimo pior). A expectativa é que Marvin Williams ao menos replique o tiro exterior de quem está substituindo e que Stephenson não emperre a movimentação da bola, que precisa chegar a Jefferson, um pontuador de primeira, cheio de movimentos e com uma munheca de causar inveja e que jogou a melhor temporada de sua produtiva carreira.

A pedida: não há outro cenário admissível que não a classificação entre os oito primeiros. De preferência, entre os quatro, para ter mando de quadra. E quem diria que estaríamos falando de Charlotte nestes termos…

Olho nele: Stephenson, claro. Talvez ele não queira mais soprar na orelha de ninguém. Na verdade, o que Clifford precisa dele é de um sopro de criatividade com a bola. Por outro lado, com o foco do ataque voltado prioritariamente para Jefferson, é preciso ver como o temperamental ala vai reagir. No melhor dos cenários, Stephenson vai saber a hora de agredir e de acionar o pivô em situações de pick and roll, aliviando também a pressão em cima de Kemba Walker, um armador veloz, energético, mas que não tem tanta categoria assim como os torcedores de Connecticut pensam – sua média de conversão no garrafão é uito baixa. Stephenson, nesse sentido, pode chamar mais defensores e dar um pouco mais de liberdade e descanso ao tampinha.

O que vai ser de Stephenson em Charlotte: história para seguir

O que vai ser de Stephenson em Charlotte: história para seguir

Você não perguntou, mas… o time de Charlotte não resgatou apenas o nome Hornets para esta temporada. No pacote, veio também todo o registro histórico da antiga franquia da cidade, de 1988 a 2002, quando aquela encarnação do time foi alocada para Nova Orleans. Esses números se fundem, então, com o do Bobcats, que foi lançado em 2004. Desta forma, o maior cestinha da franquia é o ala Dell Curry, pai do Stephen, com 9.839 pontos marcados.

Abre o jogo: “Jordan é um fã de Lance. Ama sua competitividade, e falou para ele candidamente sobre como o enxergava como um encaixe perfeito para nossa franquia e sobre as coisas… Que Lance poderia controlar melhor”, Steve Clifford, técnico do Hornets, falando sobre o impacto da participação de Jordan na reunião que selou a contratação de Stephenson. Demais a hesitação no meio da frase, né? Na hora de falar sobre as bobagens que o ala aprontou em Indiana, precaução nunca é demais. Além disso, a declaração também mostra o quanto ainda pesa o nome de Jordan, como um atrativo para o clube, compensando o tamanho diminuto do mercado.

Kelly Tripuca, e que cabelo

Kelly Tripuca, e que cabelo

Um card antigo: depois de viver grandes anos com o Detroit Pistons, pelo qual foi inclusive eleito duas vezes para o All-Star Game, o ala Kelly Tripucka foi trocado para o Utah Jazz e rapidamente virou um desafeto de Karl Malone. De modo que, em 1988, ficou disponível para o draft de expansão e acabou selecionado. Em Charlotte, ele teve o privilégio de ser o primeiro cestinha da história da equipe, com 22,6 pontos por jogo. Ele se aposentaria da NBA em 1991, defendendo o Limoges, da França, atual clube de JP Batista, na temporada seguinte.  Tripucka foi um belo cestinha nos seus melhores tempos, mas nunca foi reconhecido como um bom defensor. Então que diabos ele estava pensando ao tentar dar um toco em Michael Jordan!? Pelo menos, merece aplausos pela coragem:


Perguntas para Miami Heat x Charlotte Bobcats
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Vamos tentar abordar neste fim de semana cada uma das oito séries que abrem os playoffs da NBA. Até segunda-feira, pelo menos. A ver:

LeBron x Bobcats=61 pontos

LeBron x Bobcats = 61 pontos

– O que o Bobcats vai fazer com aquele número 6?
Charlotte viu Carmelo e, principalmente, LeBron se esbaldarem durante a temporada regular. O que talvez pouco saibam: o time de Steve Clifford terminou o campeonato como a sexta melhor defesa (atrás dos suspeitos de sempre: Indiana, Chicago, San Antonio e Oklahoma City Thunder e outra presença inesperada, o Golden State, em quarto). Agora, contra os atuais bicampeões, o futuro (e novo) Hornets vai precisar encontrar algum meio de frear a força da natureza #LBJ. LeBron teve média de 38 pontos por jogo nos confrontos, contando a jornada incrível dos 61 pontos. Não há quem possa criticar a dedicação, o empenho do ainda jovem Michael Kidd-Gilchrist, mas ele precisa de ajuda.

 – Oi, Dwyane, tudo bem? Como vai a vida?
Desde o dia 18 de março, o veterano co-piloto do Miami Heat ficou fora de 12 dos 16 jogos do time. Haja precaução com seus combalidos joelhos. Para o sujeito desenferrujar, foi escalado nas últimas três partidas, somando apenas 64 minutos no total. Foi contra Hawks, Wizards e Sixers, em três derrotas, com o time abrindo mão da luta pelo mando de quadra nos playoffs. Aliás, se formos comparar, o clube terminou com a mesma campanha do Houston Rockets e do Portland Trail Blazers. Por essa poucos esperavam. Muito tem a ver com o joga-ou-não-joga de Wade. LeBron ficou sobrecarregado durante a jornada, sem fôlego para ser, ao mesmo tempo, o grande cestinha e o grande defensor noite após noite – de acordo, claro, com os padrões altíssimos estabelecidos pelo superastro. Em fevereiro, no mês em que Wade ficou fora de quadra por apenas duas rodadas, a campanha foi de 10 vitórias em 11 jogos (a única derrota foi o, glup!, Utah Jazz), com o ala-armador somando 21 pontos, 5,6 rebotes, 5,5 assistências e 60,9% de aproveitamento de quadra, em 34 minutos. Spoelstra precisa de um rendimento desses para ter sucesso nos mata-matas. Mas vai ser logo de cara? Ou, contra o Bobcats, o técnico ainda conseguirá preservá-lo?

– Estaria o mundo preparado para se divertir com Josh McRoberts?
Ele já esteve iluminado pelos holofotes. Jogou por Duke. Vestiu a camisa do Los Angeles Lakers. Mas agora deu a sorte de estar do outro lado da quadra em uma série melhor-de-sete-que-precisa-ser-televisionada-por-motivos-de-LeBron. Melhor ainda: talvez calhe de o próprio LeBron ficar na sua cobertura, dependendo da rotação de pivôs que Spoelstra vai usar. Sucesso. Aqui, não conta só o visual, mas principalmente a habilidade do passe do ala-pivô, que caiu como uma luva como o parceiro de Al Jefferson. O Baby Al foi um estrondo durante o campeonato, com 21,8 pontos, 10,8 rebotes e double-doubles que te fazem engasgar na cadeira, mas fiquemos todos de olho no McBob.

– E, por falar, em pivôs, qual vai ser, Spo? Aliás, qual o time?
Em suas duas campanhas de título, o Miami Heat contou com contribuições significativas de Shane Battier, o Sr. Presidente, inteligente que só, alguém que casa bem com o sistema que gira em torno de LeBron, ajudando na defesa e espaçando o ataque. Os minutos do ala têm sido completamente irregulares. Em abril: 6, 0, 31, 20, 24, 3, 0, 15 e 40. Em março: 19, 21, 20, 16, 9, 16, 28, 11, 21, 15, 14, 9, 18, 8, 0, 24, 27, 0. Para comparar, em fevereiro, oscilou entre 17 e 35 (sim, algo ainda discrepante, mas com um tempo mínimo de quadra bem mais razoável). Em janeiro, foi desfalque por cinco noites, mas, quando jogou, ficou entre 19 e 31 minutos (num só jogo isolado, acima de 30, com o restante situado entre 19 e 21). Tudo isso para dizer que, com Battier, o Miami adota seu formato small ball. É o time que dominou a liga. Com Haslem ou Oden, alguns parâmetros mudam sensivelmente. Resta saber se Batier foi outro a ser resguardado, ou se despencou da rotação, mesmo. Rashard Lewis está no aguardo – credo. Mas é isso: foram diversos afastamentos/lesões durante a jornada. O entrosamento, a essa altura, já é algo natural, para quem convive há tanto tempo. Mas, de qualquer forma, fica a observação.

– Gary Neal, recordar é viver?
Ou melhor: longe da máquina azeitada que é o Spurs, será que esse temperamental cestinha tem a manha de marcar 24 pontos em 25 minutos contra o Miami Heat. O torcedor mais fanático da turma de San Antonio, aquele que realmente se preze, obviamente vai conectar o League Pass nos momentos em que Neal sair do banco de reservas, para conferir. Quem não se lembra da erupção do arremessador naquele espancamento que o time texano promoveu no Jogo 3 das históricas finais do ano passado? Na temporada regular, mudando de Milwaukee para Charlotte, Neal sustentou seus números (nada espetaculares, diga-se).

– Por fim, Kembinha, preparado?
É difícil melhorar quando se chama Kemba. Mas “Kembinha” dá conta do recado, né? Um amigão fanático por Fantasy se refere assim ao rapaz. Campeão universitário por Uconn, ele comemorou este ano as estripulias de Shabazzzzzzzz, tirou um sarro do MKG, descansou um pouco na reta final, tudo legal. Agora, vai ter de respirar fundo: nunca é legal para um armador enfrentar a blitz do Heat. Para alguém que fica tanto tempo com a bola, o subestimado armador do Bobcats comete poucos erros. Mas que se prepare, porque lá vem abafa em sua direção.

A diversão acabou, Kembinha. MKG não merecia isso

A diversão acabou, Kembinha. MKG não merecia isso


Williams, Turner, Thabeet… E a sina dos nº 2 do Draft
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Derrick Williams, ou bust?

Derrick Williams… Para salvar a honra dos primeiros dos últimos como King?

“É uma sensação boa, um novo começo”, diz Derrick Williams, em sua chegada a Sacramento. “É um novo início para mim e para a equipe. Realmente sinto que posso ajudar este time.”

O discurso pode soar repetitivo – essa coisa de zerar o que aconteceu, buscar novos horizontes e yada yada yada –, mas de modo algum pode se questionar sua sinceridade. Acho.

Pois o ala passou por poucas e boas nas últimas temporadas, desde que foi escolhido como o número dois do Draft de 2011. Ele não se achou em quadra, ficou atrás de Kevin Love na rotação, não conseguiu  ganhar a confiança de Rick Adelman e, nesta semana, acabou despachado para o Kings, em troca de Luc Richard Mbah a Moute.

Olha, o camaronês é um ótimo defensor e reboteiro – e um dos melhores amigos de Kevin Love –, mas tem muitas limitações. No ataque, consegue pontuar só quando livre debaixo da tabela. Por esse pacote, ganha mais de US$ 4,4 milhões em média num contrato de mais dois anos. É muito.

Que Williams tenha sido trocado por um jogador desse nível mostra o quanto sua cotação caiu e que o ex-gerente geral da equipe David Kahn não tinha, mesmo, o melhor tino para selecionar novatos.

Outros dois de seus fiascos:

Jonny Flynn, 6º em 2009: ok, teve lesão muito cedo e foi queimado pelos triângulos de Kurt Rambis na sua primeira campanha, mas hoje ele não consegue jogar nem na China… E Stephen Curry, Brandon Jennings, Jrue Holiday, Ty Lawson e Jeff Teague saíram depois dele no Draft).

Wesley Johnson, 4º em 2010. O ala foi mandado para Phoenix no ano passado em troca de… nada. Ou pior: o time, na real, teve de pagar para se livrar do jogador, limpar seu salário e tentar contratar Nicolas Batum de modo frustrado.

Ele acertou com Ricky Rubio… E só. Basicamente isso.

Agora, Williams não só tenta se livrar dessa pecha, como luta contra uma sina ainda mais impactante: a quantidade de segundas escolhas do Draft recentes que têm se mostrado desastrosas.

Não tem aquela história de que o segundo é o primeiro dos últimos? Bem, no caso do recrutamento de calouros da NBA, a partir dos anos 2000, o segundo tem se mostrado o último, mesmo.

Se você quiser saber quais foram todos os draftados número 2 da história, segue um prato cheio, daqueles com uma montanha de arroz. Seria uma loucura falar sobre cada um deles, mas fique à vontade para fazer o serviço. Aqui, vamos nos concentrar apenas nos de 90 para cá – aqueles que vimos jogar, vai –, para estabelecer uma comparação.

Na década do Nirvana, do tetra, do Plano Real e da Guerra do Kosovo, em ordem cronológica, tivemos: Gary Payton, Kenny Anderson, Alonzo Mourning, Shawn Bradley, Jason Kidd, Antonio McDyess, Marcus Camby, Keith Van Horn, Mike Bibby e Steve Francis. Nada mal, hein? Só três deles não foram All-Stars: o pirulão Shawn Bradley, um dos principais alvos de Shaquille O’Neal e de qualquer gente que soubesse enterrar, Keith Van Horn, que começou bem, mas nunca decolou, sentindo a pressão, de ser o (?) próximo Larry Bird; e Camby, que ao menos garantiu um título de melhor defensor do ano em 2007 e foi bem pago a carreira toda.

Em compensação, de 2000 para cá, a coisa ficou feia. Nos primeiros cinco anos, tivemos Stromile Swift, Tyson Chandler, Jay Williams, Darko Milicic e Emeka Okafor. Chandler se tornou um belo pivô, mas levou tempo para que acontecesse. Emeka Okafor defende bem, mas está um degrau abaixo. Os outros três foram desastre: um caiu por ter uma combinação matadora de ego e inconsistência; o outro sofreu um grave acidente de moto e não conseguiu voltar bem; e Darko… Bem, foi o Darko, né? Free Darko!

Depois, em 2005, Marvin Williams conseguiu ser escolhido pelo Atlanta Hawks na frente de Deron Williams e Chris Paul. Palmas! LaMarcus Aldridge fez do Portland Trail Blazers um time bastante esperto em 2007, ensanduichado por Andrea Bargnani e Adam Morrison. Em 2008, Kevin Durant fez do Portland Trail Blazers um time bastante equivocado.

Agora… Depois de dois grandes e saudáveis certos desses, veio a sangria. Cuidado, o conteúdo é forte:

2008: Michael Beasley para o Miami Heat. Leia tudo sobre o caso aqui. Ao menos o ala vai começando bem sua segunda passagem pela Flórida. Conhecendo a peça, todavia, está muuuuuito cedo para comemorar.

2009: Hasheem Thabeet para o Memphis Grizzlies. O ex-proprietário do clube, Michael Heisley se intrometeu no basquete. Deu nisso: ficou encantado com o treino particular do pivô de quase 2,20m de altura e saiu dali convencido de que era a melhor pedida na frente de James Harden, Ricky Rubio e todos os armadores indicados acima ao lado de Wes Johnson.  Pois o único jogador da história da Tanzânia na liga ficou no Tennessee por apenas um ano e meio, até ser trocado com o Houston Rockets. Hoje está em Oklahoma City, com um contrato parcialmente garantido. Pode ser dispensado a qualquer momento.

Thabeet cool

Thabeet, reserva do Thunder, mas acima de James Harden na certa

2010: Evan Turner para o Philadelphia 76ers. O ala saiu logo atrás de John Wall como a promessa de alguém que estava pronto para entrar em quadra e produzir. Nunca se encaixou com Andre Iguodala ou Jrue Holiday e teve três anos de produção abaixo da média. Não teve nenhuma oferta de renovação contratual por parte do Sixers e meio que já sabe que joga neste exato momento por sua sobrevivência na liga. Vai indo relativamente bem, conseguindo seus números para seu agente vender o peixe em 2014, embora não tenha tanta eficiência, sendo um dos campeões de turnover da temporada. Naquele ano, na mesma posição, em nono saiu Gordon Hayward. Em décimo, Paul George. Glup. Em 12º, Xavier Henry. ; )

2011: Derrick Williams, o nosso amigo. É muito simples colocar tudo na conta de Kevin Love. Supostamente, Williams teria como melhor posição – se enquadrado em uma, diga-se – aquela chamada de 4, como um ala-pivô mais atlético que o normal, que supostamente poderia bater seus adversários de frente para a cesta, atacando em velocidade e explorando seu arremesso de três pontos desenvolvido ano a ano na universidade do Arizona.

Derrick Williams x Patrick Patterson

Não pense Williams que Patterson vai dar a chave do carro tão fácil assim

Foi desse jeito que ele deu um trabalhão danado para a Duke do Coach K nos mata-matas da NCAA daquele ano. Num time que já tinha um astro fazendo mais ou menos isso, o novato ficou perdido.

Não conseguiu se encaixar no time, perdido defensivamente. E não engrenou também mesmo quando o astro perdeu quase toda a temporada passada (64 jogos) por conta de fraturas na mão. Williams não conseguiu ser eficiente ou agressivo no ataque e penou na defesa – lento longe da cesta e despreparado para lidar com jogadores mais altos e igualmente atléticos embaixo.

E toca ser trocado por um príncipe aguerrido camaronês. Em Sacramento, ele busca o alardeado recomeço. Mas, acreditem, não é tão simples assim. Patrick Patterson, Jason Thompson e, quando voltar de lesão, Carl Landry têm algo a falar sobre a disputa do posto de parceiro de garrafão de Boogie Cousins. É de se esperar que, nessa segunda chance, o clube faça uma forcinha e tente ver o quanto antes tem em mãos. Os minutos só não serão entregues de graça, com base no status. O técnico Brendan Malone vai exigir um posicionamento defensivo no mínimo alerta do atleta. Algo que ele não conseguiu cumprir em Minnesota.

“Eu digo ara as pessoas: apenas me coloque em quadra, e farei coisas boas”, implora o mais novo King.

A Williams se junta o hiperativo Michael Kidd-Gilchrist, a segunda escolha do ano passado, que tem apenas 20 anos e uma vida toda pela frente. Não dá para julgá-lo de imediato. No entanto, se ele não der um jeito urgente em seu arremesso, ficará difícil de justificar a confiança que recebeu do Charlotte Bobcats. Ainda mais com Andre Drummond atropelando quem quer que apareça a sua frente.

Com tantos casos mal-sucedidos, só fica uma dúvida. Será que é bom passar esse tipo de informação para Victor Oladipo, ou melhor evitar?


Michael Jordan abre os cofres e convence Al Jefferson a jogar pelo Bobcats
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Pronto, já podem dar a chave de cidadão de Charlotte para o Baby Al. Não é todo dia que um agente livre topa uma enrascada dessas.

Mas, sem paciência para ver o que o mercado lhe reservaria quando o chorão do Dwight Howard, o pivô ex-Utah Jazz, pouquíssimo badalado considerando os outros nomes que centralizavam as atenções nos primeiros dias de negociatas, topou nesta quinta-feira um contrato de três anos e algo perto de US$ 40 milhões para vestir a camisa de um eterno saco de pancadas.

Al Jefferson

Baby Al, agora do Charlotte

Os dois primeiros anos de vínculo seriam garantidos – e o atleta poderia exercer uma cláusula antes do terceiro. Providencial essa, aliás: embolsa uma boa grana por dois campeonatos e, se as coisas seguirem na mesma para o eterno saco de pancadas, consegue zarpar e, talvez, ir atrás daqueles contratos descarados em busca de um anel.

Outra grande notícia aqui é o fato de Michael Jordan ter assinado o cheque. Obviamente estamos falando de outro que perdeu a paciência – “Que novidade”, pode falar. No ano passado, quando seu time terminava a temporada do lo(u)caute com a pior campanha da história, MJ dizia que tudo bem, que tinha tempo. Convocou uma série de coletivas para dizer que estava de acordo com o plano. Queriam seguir o modelo de OKC: estocar altas escolhas de Draft e formar um time bom e sustentável.

Bem, atiraram toda essa papelada pela janela agora.

Para fechar o negócio (quase) bombástico, o Bobcats terá de anistiar o ala Tyrus Thomas, que tem a honra de resgatar esse termo que já andava em desuso no mercadão da liga. Funciona assim: uma equipe teria o direito de escolher um contrato que considere ingrato em seu elenco para limpá-lo de sua folha salaria. O clube ainda paga os salários do atleta, mas ao menos consegue um respiro para buscar novas contratações sem se enforcar com multas pesadas. Ou seja: Thomas vai embolsar US$ 18 milhões nos próximos dois anos sem precisar pisar em Charlotte tão cedo. Amém.

Na quadra como fica?

O técnico Steve Clifford, outra novidade, ganha um dos pivôs mais talentos ofensivamente de toda a liga – Jefferson pode matar de média distância com regularidade e sabe jogar de costas para a cesta, com jogo de pés criativo e boa munheca. Um sólido reboteiro também. São praticamente 18 pontos e 10 rebotes garantidos por partida. Do outro lado, porém, Bismack Biyombo não poderia ser mais útil, já que seu novo companheiro de garrafão é meio que um peso morto na defesa. Lento, vulnerável em jogadas de pick-and-roll, o recém-contratado também não intimida na hora de proteger o aro. De qualquer forma, o garrafão fica reforçado, ainda mais com o promissor Cody Zeller adicionado via Draft.

Um problema a ser resolvido, porém, é o fraco jogo de perímetro do Bobcats. Para Jefferson poder atuar, precisa-se de arremessadores desesperadamente. Se Michael Kidd-Gilchrist conseguir se apresentar pelo menos como um atacante medíocre nos tiros de média ou longa distância, já ajudaria bastante. Se Ben Gordon também tiver um mínimo de boa vontade, também seria de bom grado.

De qualquer forma, seria recomendável Jordan investir alguns tostões a mais num especialista.  Mas, calma lá também. Em termos de Bobcats, o que eles toparam pagar hoje foi algo já histórico.

PS: os negócios só podem ser oficializados no dia 10 de julho. Até lá, pode ser que o Utah Jazz tope algum negócio paralelo com o Bobcats, que mandaria algo em troca do pivô no esquema “sign-and-trade” (“assina-e-troca”). De todo modo, o time de Salt Lake City está interessado, mesmo, em ver seus dois garotões – Derrick Favors e Enes Kanter – se desenvolverem, e chegou a hora de ver o que eles podem oferecer para valer.


A primeira decisão certa de Michael Jordan? Novo técnico do Bobcats é aclamado
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Steve Clifford, da irmandade

Chegou a vez de Steve Clifford em mais uma aposta de Michael Jordan

Olha, vocês podem até estranhar, ou e assustar, mas, A julgar pela reação despertada pela contratação de Steve Clifford como técnico do Charlotte Bobcats, dessa vez o melhor jogador de todos os tempos e um dos piores dirigentes da história, parece que o cartola Michael Jordan acertou uma.

É sério.

Entre jogadores que já trabalharam com o treinador e outros companheiros de prancheta, como um amigo disse, parecia a maior injustiça do basquete, para não dizer do mundo, que Clifford, assistente toda a vida, ainda não estivesse à frente de uma equipe. Qualquer equipe que fosse. Mesmo que seja o Bobcats.

MKG e Kemba

Kidd-Gilchrist e Kemba Walker são as apostas de Clifford para sonhar em Charlotte. Time que quase nunca festeja

E, bem, tomara mesmo que seja o caso, né?

Afinal, ele será o sexto treinador diferente da franquia desde a temporada 2006-2007. A lista de antecessores: Bernie Bickerstaff, Sam Vincent, Larry Brown, Paul Silas e Minke Dunlap.

Desses, quem teve o melhor rendimento foi o legendário Brown, único treinador a ter sido campeão tanto universitário como da NBA. E, por melhor rendimento, saiba que estamos falando de aproveitamento de 45,8% em duas campanhas. Abaixo da mediocridade, isto é, ainda que, no meio do caminho, tenha garantido pela única vez o Bobcats em uma edição dos playoffs, em 2010, com mais vitórias (44) do que derrotas (38).

Com as constantes trocas que pede e orquestra, ele conseguiu reunir um elenco realmente decente, com Stephen Jackson, Gerald Wallace, Raymond Felton, Boris Diaw, Tyson Chandler, Nazr Mohammed, Tyrus Thomas, Raja Bell, Gerald Henderson e DJ Augustin. Esse não lembra um time de NBA? Quer dizer, pelo menos em 2010, quando Thomas ainda estava vivo e Wallace e Jackson, sem problemas de junta, lembrava, sim.

O problema é que Brown não consegue parar sossegado. A cada mês ele se enamora por um jogador e passa a detestar o outro. E toca mandar mensagem, telefonar, beliscar, cutucar o ombro e fazer sinal de fumaça em direção ao proprietário e o gerente geral para pedir mais e mais negociações. Até que chega aquele momento em que a relação fica (ficou) insustentável.

De acordo com relatos diversos, Jordan não deve ter esse tipo de problema com Clifford. “Acho que ele tem grande habilidade com as pessoas e grande qualidade como um técnico de basquete”, afirmou Jeff Van Gundy, ex-comandante do Knicks e do Rockets, hoje comentarista da ESPN. “Steve é o tipo de cara que pode treinar times jovens em reconstrução, times que estejam beirando os playoffs e times experientes. Eu realmente acredito nisso.”

A irmandade dos técnicos

SVG e Clifford nos tempos de Orlando

Clifford trabalhou com JVG nas duas franquias. Seus laços com a família Van Gundy, então, se estenderam para Stan e o Orlando Magic, com o qual trabalhou de 2007 a 2012 – e as coisas funcionam assim, mesmo, na liga. Os cargos de técnicos são constantemente entregues, distribuídos dentro de uma irmandade. De vez em quando um ou outro escapa, como no próprio caso do novo Bobcat, que esteve com o Lakers no último campeonato, deslocado no estafe de Mike D’Antoni.

A irmandade dos Van Gundy tem Pat Riley como patrono, Erik Spoelstra como o caçula e Tom Thibodeau, outro ex-assistente do Rockets, no meio. Essa turma toda saiu estourando champanhe por aí por esses dias. Thibs mandou mensagem para SVG: “Este é um grande dia para todos nós”.

Sobre o assunto, SVG se tornou a fonte número um para os jornais de Charlotte, uma vez que chefiava a comissão com Clifford por cinco anos em Orlando. “Steve é um grande treinador. Ninguém merecia mais. Ele não tem ponto fraco. É ótimo no riscado e um tremendo professor. Vai deixar seu time preparado todas as noites”, disse.

Agora, os elogios não se resumiram só aos amigos. Diversos jogadores elogiá-lo. Entre eles: JJ Redick, Marcin Gortat, Quentin Richardson e Hidayet Turkoglu, entre eles. “Parabéns! Grande técnico e ótima pessoa! Grande contratação! Adorei trabalhar com ele”, tudo nessa linha. “O Bobcats vai vir forte no ano que vem!”, sublinhou Gortat. Isso não é nada normal, gente. De jogadores falarem em público de um treinador com o qual nem vínculo direto eles têm mais.

Fica a expectativa, então, para o trabalho que vai ser realizado em Charlotte, em sua primeira jornada como treinador principal. “Qualquer bom treinador tem uma boa e clara visão sobre como quer ver seu time treinando e jogando – e eu tenho isso. Já vi que a carga certa de trabalho e de comunicação podem fazer para um time. Sim, sou inexperiente como treinador, mas estou confiante e sei como quero fazer isso”, disse o técnico, que assina contrato de dois anos com um terceiro opcional para a franquia.

Clifford vai herdar uma equipe que venceu apenas 28 partidas e perdeu 120 nos últimas duas temporadas. Um aproveitamento de 18,9% no geral, cacilda. Quer dizer, então, que vai precisar de toda a boa fé do mundo. Quando chegou a parada do All-Star Game, já eram 12 vitórias e 40 derrotas.

*  *  *

No dia 24 de novembro de 2012, o Charlotte Bobcats tinha sete vitórias e cinco derrotas. No início de campanha, bateram Indiana Pacers (veja só!) e Dallas Mavericks. Uma nova era! Que nada: até o dia 29 de dezembro, eles perderam 18 partidas seguidas, e o sonho acabou. Foram terminar o ano com 21 triunfos e 61 reveses, graças a uma inacreditável sequência de três resultados positivos nas últimas rodadas.

*  *  *

É por isso que fica qui, então, uma paródia da música “Don’t Stop Believin'”, da banda Journey, sobre as dificuldades de se jogar pelo Bobcats:

*  *  *

No momento, o processo de mudança de Charlotte Bobcats para o bom e velho Hornets ainda não tem um prazo certo, mas deve acontecer. Pode ser que seja concluído apenas para 2014-2015. Pelo menos essa parte do universo se acerta, né? Se o Jazz não está nem perto de sair de Utah, voltando para New Orleans, que pelo menos a marca Hornets volte para o lugar de onde nunca deveria ter saído.


Em menos de um mês, raçudo Bobcats já iguala número de vitórias da temporada passada
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Kemba tenta o chute em flutuação

Kemba força a mão na infiltração, mas ajuda o Bobcats em surpreendente largada

O calouro Bradley Beal, do Wizards, recebe a bola livrinho da silva na linha de três pontos, restando pouco mais de três segundos no cronômetro. Cotado como o melhor chutador de sua fornada, ele desperdiça o arremesso, mas, com instinto apurado, segue a bola, ciente de que ela “daria bico” (adoro essa) e pega o rebote ofensivo no meio do caminho. Duas mãos nela, e parte para a cesta, entrando no garrafão pela diagonal. Não segurou com firmeza: o armador Kemba Walker apareceu na cobertura e conseguiu desarmá-lo, dando um tapa por cima. Mas a missão do jogador do Bobcats ainda não estava cumprida, e ele se saltou em direção à bola na linha de fundo, alcançando-a para, então, fazer um movimento extremamente atlético e malandro, quando girou no ar para cair de costas no chão e, antes, ganhar tempo. Atirou-a na direção de Nenê, acertando o ombro do pivô brasileiro, que se atirava atrás de alguma rebarba. A bola respinga e sai. A bola era do Bobcats.

Veja: tudo isso aconteceu em dois segundos.

Restava então pouco mais de 1s no cronômetro e a reposição era dos visitantes de Charlotte. Que Byron Mullens tenha acertado apenas um de seus lances livres, que o ala Jeffery Taylor tenha feito a falta em Chris Singleton na posse de bola seguinte, no estouro do relógio, na linha de três pontos, que Singleton tenha convertido dois em três chutes e levado a partida à prorrogação e que, ufa!, tenhamos visto dois tempos extras até se definir o jogo…. Nada disso importa. Pelo menos nesse post, aqui e a agora.

É que a jogada de Walker foi sensacional e mais uma prova clara que no basquete não vence apenas aquele que coloca a bola na cesta. Não vamos seguir aqui a filosovia Parreirista de que “o ponto é só um detalhe”. Eles valem o jogo, claro. Mas os outros 300 mil detalhes de uma partida também contam, e muito.

O próprio Walker talvez gostasse de seguir essa linha depois de ter feito 12 pontos contra o Wizards, mas acertando apenas três de 17 chutes de quadra. Foi um pesadelo para o aguerrido baixinho: ele conseguia fazer todos os movimentos corretos na hora de fintar seu defensor, mas simplesmente não matava nada na hora de se aproximar do aro. Foram diversas bandejas erradas. Por outro lado, sem perder a confiança, ele não deixou de atacar e perturbar a defesa do time da capital e ainda contribuiu com oito assistências e sete rebotes, dois deles na tábua ofensiva, um deles em outro lance capital. Faltavam 12 segundos na segunda prorrogação, e Ramon Sessions errou seu segundo lance livre, deixando o placar em 105 a 103. Aí o armador do Bobcats disse: “Chega!”. Encontrou um meio de bater o combalido Nenê na disputa pelo rebote, sofreu a falta do grandalhão no choque e matou as duas na linha, para alargar a vantagem para quatro pontos. E c’est fini.

*  *  *

As sete vitórias em 12 partidas do Bobcats são certamente a maior surpresa do início da temporada 2012-2013 da NBA, já que igualam em menos de um mês de campanha o total (!!!) do campeonato passado, quando tiveram o pior aproveitamento de toda a história da liga. De modo que Mike Dunlap desponta com um candidato a treinador do ano. Fato: muita gente zombou de Michael Jordan quando ele anunciou o ex-assistente de George Karl e ex-comandante da universidade de St. John’s. Que era um movimento para poupar dinheiro apenas, que o MJ não sabe nada, mesmo, como administrador. Bem, seu retrospecto nesse setor ainda é um horror, mas nessa parece ter acertado. Com um núcleo jovem no time e jogadores pouco habilidosos, instituiu treinamentos bem mais longos do que os de costume na liga, trabalhou com ênfase nos fundamentos e agora vai colhendo resultados surpreendentes. Até o Brendan Haywood aparece bem mais motivado.

*  *  *

MKG é demais

Kidd-Gilchrist luta por bola perdida com Beal e Nenê

Um dos termos mais valorizados e muito utilizados na cobertura do esporte nos Estados Unidos é o winner. Na América, ou você vence, ou está lascado. A ponto de, tamanha a insistência dos jornalistas, corre-se o risco de transformar essa definição num clichê banal. Mas ela tem tudo a ver quando vemos em ação o ala Michael Kidd-Gilchrist, escolha número dois do último Draft e outra influência decisiva em Charlotte.

Os relatos pré-recrutamento indicavam a personalidade e a energia do jovem ala de (!!!, de novo) 19 anos como algo contagiante. Batata. O rapaz não para em quadra, combate na defesa de modo incessante – e tem fundamentos, raça, força e agilidade para defender tanto jogadores mais baixos como mais fortes –, corre feito um maluco no contra-ataque, sabe de suas limitações nos disparos de fora e procura, então, o jogo interior… Dava para ficar o dia todo aqui listando e falando sobre o MKG.

Certamente ele vai voltar a aparecer por aqui muitas vezes. Podem apostar. Talvez para explorar o fato de ele se intimidar diante dos gravadores e microfones, gaguejando, e, ao mesmo tempo, ser o orgulho de qualquer treinador em quadra, como um líder nato, com tão pouca idade. É algo que vem desde os tempos do High School e que ficou bem claro em seu único ano com Calipari em Kentucky, botando fogo em Anthony Davis, Terrence Jones, Marquis Teague e o resto de um elenco badalado ao extremo e que realizou seu potencial para ser campeão.

Muito provavelmente ele se dê muito bem com Walker, alguém que chegou à universidade de Connecticut com pouca badalação em 2008, mas que evoluiu de maneira incrível por lá a ponto de, em sua terceira temporada, liderar os Huskies ao título nacional, sendo eleito o melhor jogador do torneio. Deu um duro danado.

E, como ensina o técnico e analista David Thorpe no ESPN.com, energia, vontade de se ralar e fazer as coisas certas são talentos que deveriam ser observados tanto como impulsão, munheca, velocidade. Tudo isso é parte de um rico e divertidíssimo universo.


Michael Jordan confronta jogadores em Charlotte e cogita volta do Hornets
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Jordan não aguenta mais!

A boa notícia para Michael Jordan: o Charlotte Bobcats ainda não perdeu na temporada 2012-2013 da NBA!

(Também ainda não jogou. Mas sejamos piedosos e deixemos isso de lado por um instante.)

Pick número dois do Draft 2012

O novato Michael Kidd-Gilchrist não está na mira das críticas de Jordan, que o compara a um jovem Pippen pela capacidade defensiva e por “conectar” os atletas em quadra; realmente muito promissor o líder do time de Kentucky campeão universitário neste ano

Talvez motivado pelo fato de o time ainda não ter sido sofrido nenhuma derrota com dois dias de campeonato já para trás, ele afirmou nesta quinta-feira que sua intenção é ser o dono da franquia “por um longo tempo”. O jogador que não tolerava nem mesmo o erro de seus adversários nos treinamentos, chegando a esmurrar Steve Kerr – hoje o melhor comentarista de NBA da paróquia –, ainda não se esgotou das surras que anda tomando.

O que não quer dizer que sua paciência não venha sendo testada bravamente por Tyrus Thomas e amigos.

Mal começou a temporada, e parece que MJ já teve de descer ao vestiário da equipe para cobrar e bater de frente com o elenco. Segundo o próprio craque e magnata revelou, alguns jogadores têm reclamado dos treinos homéricos promovidos pelo novo treinador Mike Dunlap. As sessões têm mais de três horas de duração e em alguns dias chegam a bater quatro, com bastante ênfase nos fundamentos do jogo. Isso, no mundo da NBA, aparentemente seria um absurdo, o que estaria forçando o choramingao pelos cantos do ginásio. Isso no time que, em termos de aproveitamento, protagonizou a pior temporada da história da liga.

“Não dá para dizer que não precisamos desse tipo de coisa. Se fosse assim, nosso time não teria uma campanha de 7-59. É isso que times campeões fazem. Se fizemos isso em Chicago e fomos campeões, por que não faríamos aqui? Se você levanta o nariz para isso, talvez você deva olhar para o espelho e ver que você é parte do problema”, disse Jordan a alguns atletas especificamente, sem revelar nomes ao Charlotte Observer. Para depois completar: “Ou você aceita, está dentro, ou não vai ficar aqui.

Jordan x Zo Mourning

Jordan x Zo: o Hornets de Charlotte chegou a cruzar o caminho do Bulls nos playoffs dos anos 90

O desafio de Jordan de transformar o Bobcats num clube respeitável é enorme.

Talvez seja necessária até mesmo a mudança de nome. O que ele aprovaria, caso o novo do New Orleans Hornets, Tom Benson, siga com seu plano de procurar um novo apelido para sua franquia. Desta forma, o “Hornets” estaria livre para retornar a Charlotte, onde fez tanto sucesso esportivo – Larry Johnson e Alonzo Mourning – e comercial– e quantos bonés verdes e roxos daqueles não foram vendidos por aqui, mesmo em barraca de camelôs – nos anos 90.

Seria uma cartada boa até, para tentar transformar a franquia não só em algo mais atraente para os consumidores como para os jogadores. Difícil de imaginar o recrutamento de uma estrela no mercado de agentes livres, mesmo com todo o apelo da grife Jordan.

No fim, eles não estariam competindo por Jordan. Mas, sim, pelo Bobcats. E, antes de pensar em se cansar de perder, talvez seja melhor nem começar mesmo.


< Anterior | Voltar à página inicial | Próximo>