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NBA: o que curtir ou chiar nos times da Divisão Sudoeste
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Giancarlo Giampietro

Cada equipe tem suas particularidades. Um estilo mais ofensivo, uma defesa mais brutal, um elenco de marmanjos cascudos, outro com a meninada babando para entrar em quadra. Depois das Divisões Sudeste, Atlântico e Central, vamos dar uma passada agora pela Sudoeste, mirando o que pode ser legal de acompanhar e algumas coisas que provavelmente há de se lamentar. São observações nada científicas, estritamente pessoais, sujeitas, então, aos caprichos e prediletos de uma só cabeça (quase) pensante:

DALLAS MAVERICKS
Para curtir:
– Quando Dirk Nowitzki dá aquele passo maroto para trás e, mesmo com um pé só plantado, consegue o equilíbrio necessário para matar um chute de média distância lindo que só.

Rick Carlisle tirando o máximo do que tem disponível.

José Calderón e seu jogo de mínimos erros, sem deixar de botar seus parceiros em boas condições para fazer a cesta.

– E o Gal Mekel, esse israelense surpreendente, aprendendo tudo rapidinho com o espanhol.

Monta Ellis jogando num time vencedor… Quer dizer… Será?!

Shawn Marion ainda encontrando um jeito de apanhar seus rebotes, atrapalhar cestinhas, mesmo que seu nível de capacidade atlética ainda não seja mais o de Keanu Reeves no Matrix.

DeJuan Blair fazendo das suas na tabela ofensiva.

– As decolagens de Brandan Wright.

Para chiar:
– Os efeitos do tempo contra um jogador espetacular como Nowitzki. É desses que deveria durar para sempre.

Samuel Dalembert achando que pode, mas sem proteger direito o garrafão.

Monta roubando arremessos de Dirk na hora de decidir um jogo.

– A fragilidade física de Wright.

HOUSTON ROCKETS
Para curtir:
– O barbeiro de James Harden.

– E, ok, também a inteligência de Harden para atacar a partir do pick-and-roll, partindo para a cesta de modo incessante, carregando os pivôs adversários de faltas.

– Um Dwight Howard saudável.

Jeremy Lin provando que é muito mais que uma andorinha de um só verão.

Patrick Beverley, com seu baixo salário e talento diverso, lembrando a todos o valor de um bom serviço de scout.

– A versatilidade de Chandler Parsons e Omri Casspi nas alas.

– Qualquer instante de Donatas Motjeunas em quadra.

Para chiar:
– Os caprichos e pataquadas de um Howard, saudável ou não.

Omer Asik relegado a segundo plano depois de ótima campanha.

– O percentual combinado no acerto de lances livres entre Asik e Howard.

– Aqueles que ainda não (!?) perdoam Lin pelo que foi a Linsanidade.

MEMPHIS GRIZZLIES
Para curtir:
Marc Gasol, como o melhor pivô da família na NBA, e um pacote de fundamentos completo para um sujeito deste tamanhão todo. Craque.

Tony Allen sem parar, Tony Allen sem parar, Tony Alem sem parar…

Zach Randolph x Blake Griffin.

Mike Miller livre do gelo nas costas e sobrevivendo graças a seu lindo arremesso.

– Acompanhar o desenvolvimento de um time a partir de preceitos analíticos de John Hollinger.

Para chiar:
– A saída de Lionel Hollins.

– O soneca Tayshaun Prince, que já não assusta mais ninguém no ataque.

– A carência no tiro de três pontos para dar mais folga a Z-Bo.

NEW ORLEANS PELICANS
Para curtir:
– Monocelha!

– A evolução de Anthony Davis, que tenta justificar tanto otimismo por parte dos scouts da liga.

– Ver no que dá o experimento Holiday-Gordon-Evans. Em princípio, pode faltar bola para os três. Mas e se eles se ajeitarem, com três bons condutores, atacando de diversas formas?

– O posicionamento defensivo da rapaziada de Monty Williams.

Al-Farouq Aminu correndo a quadra como um doido varrido.

– Os jogos em que Brian Roberts deixa todos seus companheiros bem mais ricos envergonhados.

Para chiar:
– A turma do perímetro esfomear e não passar para o Monocelha.

– Pivôs limitados para fazer companhia a Davis.

– Os dias em que Tyreke Evans pode ser dos jogadores mais frustrantes da liga.

Aminu ainda sem saber direito o que fazer com a bola no ataque.

Austin Rivers relegado a um papel mínimo depois da evolução que apresentou no verão.

SAN ANTONIO SPURS
Para curtir:
Tim Duncan ainda batendo LaMarcus Aldridge em jogadas de transição, encapaçando os ganchinhos de corrida para a direita, protegendo o aro, tentando de tudo em busca de mais um título.

– A velocidade e controle de bola de Tony Parker em modo mais que agressivo.

– Os pick-and-rolls finalizados por Tiago Splitter.

– A evolução, passo a passo, de Kawhi Leonard.

– Entrevista de Gregg Popovich em rede nacional.

– Ver que o sexto sentido de Manu Ginóbili ainda funciona, mesmo que seu corpo já o traia muitas vezes.

– Os passes imprevisíveis de Boris Diaw, Manu e De Colo.

Patty Mills arrebentando em quartos períodos de surras pra o Spurs. E sua disputa contínua com Cory Joseph.

Para chiar:
– Qualquer resfriado que possa afetar a produção de Duncan.

– As inevitáveis diversas lesões de Ginóbili e os momentos em que sua cabeça pede uma coisa, mas a o corpo não responde do modo apropriado.

– Os flagras de Diaw em qualquer hamburgueria de San Antonio.


Notas sobre a pré-temporada: Splitter, Monocelha, Rose, Oladipo e mais
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Giancarlo Giampietro

 – O San Antonio Spurs não resolveu pagar US$ 36 milhões para Tiago Splitter para deixá-lo no banco ou diminuir seu papel no time, né? Para um técnico que pensa tanto a longo prazo como Gregg Popovich, o lema de não levar tão a sério o que acontece nesta época do ano vale ainda mais, certo? Sim, sim. É de se esperar que sim. Pois o catarinense anda um tanto devagar. Depois de passar zerado na partida contra o Atlanta Hawks, na quinta-feira, ele tem apenas 22 pontos e 18 rebotes em quatro partidas até o momento, jogando por 70 minutos. Para comparar, o australiano Aron Baynes acumulou 37 pontos e 26 rebotes pontos nos mesmos 70 minutos. Recém-contratado, Jeff Ayres, ex-Jeff Pendergraph, já ficou em quadra por 73 minutos e vem se mostrando um bom passador, com 10 assistências. Não é que o brasileiro venha sendo preservado pelo treinador: enquanto o pivô disputou os quatro jogos do San Antonio até este sábado, Tim Duncan, Manu Ginóbili e Tony Parker já foram poupados em pelo mens um um deles.

Oh, my...

Sem palavras, Anthony Davis

– Anthony Davis, Anthony Davis, Anthony Davis… O novato número um do Draft de 2012 está voando. Ele marcou mais de 21 pontos em suas primeiras quatro partidas. Na quinta, deixou cair a peteca: foram só 18. Sua média é de 22,6 pontos até aqui. O ala-pivô voltou das férias mais forte e muito mais confiante em seu repertório ofensivo, atacando o aro e também convertendo os chutes em flutuação, enquanto na defesa continua estocando bloqueios e roubadas sem parar. Já estaria pronto o Monocelha para ingressar na elite da NBA? Não faz muito tempo em que o jogador era extremamente cobiçado pelos olheiros da liga, comparado a Tim Duncan e tudo isso. Seu ano de novato não foi ruim de modo algum, mas o excesso de pequenas lesões, a explosão de Damian Lillard em Portland e o gigantismo de Andre Drummond acabaram por ofuscar Davis um pouco. Mas só um pouco. Agora ele pretende justificar toda a badalação que recebeu em Kentucky.

– Ao que tudo indica, as dores no joelho de Derrick Rose não eram tão sérias ou incômodas assim. Acreditem se quiser, então: chegou o dia em que Tom Thibodeau foi precavido ao lidar com seus jogadores! O técnico do Bulls pode ter deixado muita gente frustrada no Rio de Janeiro ao sacar sua estrela do amistoso contra o Wizards, mas para o torcedor mais fanático pelo time de Chicago essa só poderia ser uma ótima notícia, independentemente do quanto o armador renderia no retorno aos Estados Unidos. E o que vimos? Rose arrebentando com Pistons e Pacers. Contra o Detroit, foram 22 pontos em 22 minutos. Contra o Indiana, 32 pontos em 31 minutos. Está bom? Calma, que tem mais: o jogador vem com um desempenho sensacional na linha de três pontos, tendo convertido seis dos últimos dez arremessos nas últimas três partidas, o que dá 60% (dãr). A média em sua carreira? Só 31%. Se o atleta realmente conseguiu melhorar dessa forma seu chute de longa distância durante a última temporada de suplício… Digo, obviamente ele não vai arremessar 60, nem 50% durante o campeonato, mas se beirar os 40% já seria um progresso incrível e um pesadelo para seus marcadores.

– As limitações físicas de Joakim Noah, ainda sofrendo com dores na virilha, são o que mais incomodam Thibodeau, então, neste momento. Taj Gibson é que não vai reclamar de nada. O ala-pivô construiu sua reputação na liga com base em sua capacidade na defesa. A julgar pelo que vem apresentando nestes primeiros jogos em outubro, pode ser que na outra tábua seu jogo também tenha se expandido. Ele pontuou em duplos dígitos nas cinco partidas do Bulls, com média de 15 pontos por jogo (contra 7,9 na carreira e 8,0 na temporada passada) e acertou 62,5% de seus arremessos, muitos deles cravadas de se levantar da cadeira. Qualquer melhorias neste sentido também seria um ganho enorme para Thibs, na hora de o treinador promover sua já tradicional substituição de Boozer por Gibson nos minutos finais das partidas: ele fortaleceria sua retaguarda e não perderia muito no ataque, desde que seu reserva consiga render ofensivamente, especialmente convertendo arremessos de média distância.

– Sobre o Pacers, o que dizer? São cinco jogos, cinco derrotas. Todo mundo vai dizer que pré-temporada não serve para avaliar nada, e tal… Mas o último time a passar batido pela fase de amistosos, sem nenhuma vitoriazinha sequer, foi o Los Angeles Lakers no ano passado. E sabemos muito bem o que saiu daí. Era de se imaginar algumas dificuldades para Frank Vogel, num período em que ele tem de integrar um monte de novos reservas ao seu esquema defensivo e, ao mesmo tempo, precisa tirar o ferrugem do ala Danny Granger. Sua equipe também ainda não enfrentou nenhuma baba (dois duelos com Bulls, dois com Rockets e um com o Mavs). Mas… Nenhum triunfo para o vice-campeão do Leste? A ver. Granger, aliás, não vem muito bem. Ele acertou apenas 14 de seus 44 arremessos de quadra (31,8%). Ao menos de longa distância ele vem matando: 8/17 (47%).

Darren Collison ama Chris Paul

Claver tenta, mas está difícil de parar Darren Collison, o reserva ideal do CP3

– Parece que o negócio de Darren Collison é ficar perto de Chris Paul, não? Até hoje, o armador viveu seus melhores dias na NBA em sua campanha de calouro, em 2009-2010, quando foi selecionado pelo New Horleans Hornets para ser o reserva do superastro. Acontece que CP3 se lesionou bastante naquela temporada, e o jogador revelado pela UCLA acabou ganhando muitos minutos e deu conta do recado de forma surpreendente até, com médias de 18,8 pontos e 9,1 assistências nas partidas em que começou como titular. De lá para cá, porém, não conseguiu repetir esse tipo de números, com dois anos muito irregulares pelo Indiana Pacers, além de uma passagem bastante frustrante pelo Dallas Mavericks, na qual deixou o técnico Rick Carlisle maluco por sua indisciplina defensiva e alguns hábitos indesejados no ataque. Sua cotação caiu tanto que, como agente livre, se viu forçado a assinar pelo mínimo com o Los Angeles Clippers… Para ser reserva de Paul novamente. E o que vemos na pré-temporada? Alguns jogos impressionantes do armador, claro. Nesta sexta, por exemplo, ele somou 31 pontos e seis assistências em derrota para o Portland Trail Blazers – foi tão bem que ficou em quadra por 34 minutos, forçando Doc Rivers a colocá-lo ao lado de seu franchise player. Collison também teve duas partidas com dez assistências, sendo que, contra o Sacramento Kings, no dia 14, terminou com um double-double, anotando 20 pontos em 36 minutos. Se conseguir repetir esse tipo de desempenho nos jogos para valer, o armador pode complicar um pouco a vida de Rivers, mas sem deixar que o técnico lamente a saída do dinâmico Eric Bledsoe.

– Para o Oklahoma City Thunder, outro concorrente de ponta na Conferência Oeste, o importante é a acompanhar como está o desenvolvimento do ala Jeremy Lamb, que, em sua segunda temporada, será obrigado a arcar com muito mais responsabilidades, assumindo o lugar que um dia foi de James Hardem na rotação da equipe. Se sua capacidade atlética e envergadura pode reforçar a defesa de perímetro do time, deixando as linhas de passe ainda mais apertadas (já foram nove bolas recuperadas em quatro jogos…), no ataque sua mira de três pontos está totalmente desarrumada: converteu apenas três chutes em 17 tentados (17,6%). Se o ala não der um jeito de trabalhar esse fundamento, a vida de Kevin Durant no ataque ficará muito mais complicada, com mais jogadores concentrados na ajuda.

– Entre os novatos, o destaque fica, por enquanto, para o ala-armador Victor Oladipo, segunda escolha do Draft, aposta do Orlando Magic. Um competidor feroz, ele vem saindo do banco pelo jovem time da Flórida, mas causando impacto nas partidas com sua capacidade atlética invejável e muita dedicação e versatilidade. Em cinco partidas até aqui, são 14,2 pontos, 5,5 assistências, 6,2 rebotes e 1,8 roubo de bola, isso sem ter jogado mais que (!) 30 minutos em nenhuma ocasião. Olho nele: nunca foi muito badalado quando adolescente, mas, em seus três anos na universidade de Indiana, evoluiu demais para se tornar um prospecto de elite. Tem tudo para se tornar rapidamente um líder em Orlando.

Que mais que vocês vêm reparando?


Parker faz terapia com título europeu apenas 3 meses após decepção em Miami
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Giancarlo Giampietro

Tony Parker e os Bleus comemoram

Tony Parker arranjou um bom motivo para celebrar em quadra após a depressão de junho

A gente não sabe como anda a cabeça de Gregg Popovich nestes dias, mas sobre Tony Parker podemos tranquilamente dizer que é, hoje, um dos caras mais felizes do mundo. O armador francês ignorou qualquer tipo de “recomendação” de seu treinador do San Antonio Spurs, decidiu encarar o EuroBasket aos 31 anos, mesmo com todo o desgaste – físico e emocional – que viveu na temporada passada da NBA e viu seu esforço premiado com um saboroso primeiro título continental.

Ok, obviamente esta não foi a primeira grande conquista da carreira do francês, que já ganhou o título da liga norte-americana em três ocasiões, sendo o melhor jogador das finais de 2007. Mas algo que me diz que soa muito melhor para o armador a combinação de “silenciar a fanática torcida eslovena, dominar um batalhão de armadores de espanhóis e fechar a conta contra a Lituânia” do que “entortar os velhacos Eric Snow e Damon Jones” na decisão.

Nos mata-matas, especialmente nas quartas e nas semifinais, Parker aprontou como o diabo em quadra e comandou uma talentosíssima seleção a um merecido e demorado título. Uma tremenda recompensa, considerando o esforço que fez nos últimos dias. Vejamos: dos grandes astros europeus trintões, foi um dos poucos a se apresentar para a disputa, enquanto gente como Dimitris Diamantidis, Juan Carlos Navarro, Pau Gasol e Dirk Nowitzki ficou fora.

Aqui, não se trata de uma crítica a essas craques que já se sacrificaram muito nos torneios Fiba durante a década passada e sofreram bastante com problemas físicos nas últimas temporadas, tendo um ou dois motivos razoáveis para pedir dispensa. Mas, antes disso, vale como uma nota de destaque para o francês, que também tinha tudo para abrir mão da competição, precisando de descanso para as articulações e, especialmente, para a cabeça, após a dolorida derrota para o Miami Heat.

Embora já pareça uma eternidade (né?) desde que testemunhamos os acontecimentos da final histórica da campanha 2012-2013 da NBA, só se passaram três meses e dois dias entre o Jogo 7 em Miami e o duelo França x Lituânia deste domingo. Muito pouco. Mas Parker decidiu fazer terapia em quadra e, ao lado do melhor amigo Boris Diaw e de Nando De Colo, pôde celebrar uma conquista que só pode ser reenergizante, ainda que às vésperas do início de mais um training camp pelo Spurs, na (glup!) Academia da Aeronáutica, pela qual Popovich se formou em 1970, lá numa época em que a Guerra Fria ainda era meio assustadora.

Os treinos pelo clube texano, aliás, recomeçam já na próxima segunda-feira, dia 30 de setembro. Isto é, não sobram nem dez dias para o armador respirar. Por isso, a princípio, Popovich, sempre muito metódico, controlador em sua abordagem de gestor, se manifestava preocupado com o eventual cansaço, para ficar num eufemismo, que poderia arrebatar seu francês favorito.

Agora, por outro lado, deve se sentir intimamente aliviado por não ter forçado a barra para vetá-lo – aliás, seria uma luta em vão também, pois o jogador já fez muito pela franquia, é bem grandinho e tem o direito de se preparar do modo como bem entende. No coração generoso do treinador, deve haver espaço para comemorar o fato de que ao menos três de seus rapazes conseguiram celebrar por alguma coisa relacionada ao basquete. E para Parker obviamente não foi qualquer coisa.

*  *  *

Parker terminou o EuroBasket com médias de 19 pontos, 3,3 assistências, 2,1 rebotes e 50,7% nos arremessos, sendo eleito o MVP do torneio (veja sua ficha completa aqui). Mas a melhor notícia para Popovich, mesmo, talvez sejam os 29,6 minutos que ficou em quadra. Ainda que tenha disputado 11 partidas, algumas muito estressantes, no geral o astro foi preservado pelo técnico Vincent Collet.

*  *  *

Ocupando o cargo desde 2009, Collet, 50, que não é treinador exclusivo da seleção francesa, ganhou uma justa renovação de contrato: seu vínculo com a federação agora vai até as Olimpíadas do Rio 2016.

*  *  *

A enxurrada de franceses que invadiu a NBA durante a última década só serviu para atestar o potencial atlético de seu basquete. A coisa começou com Parker – se preferirem uma abordagem realmente cronológica, teríamos de lembrar o tenebroso Jerome Moiso nos anos 00 –, passou por Diaw, chegou a Batum e, no meio do caminho, envolveu uma sacolada de pivôs crus, mas fisicamente impressionantes. Entre eles, Alexis Ajinça, ele que, em Charlotte, já foi uma das milhares de vedetes de Larry Brown, para ser, pouco depois, prontamente desprezado pelo vitorioso e genioso treinador.

Não há como assistir o esguio pivô em quadra e não ficar impressionado – ele é praticamente a definição do termo “potencial” no basquete. Uma envergadura absurda e muita agilidade para alguém de seu tamanho. Neste EuroBasket, ele entrou na fogueira, cobrindo emergencialmente os desfalques de Joakim Noah, Ronny Turiaf e Ali Traoré e deu conta do recado, com médias de 9,1 pontos, 7 rebotes e 1,3 toco em apenas 19,2 minutos. Sua presença debaixo do aro foi importantíssima para solidificar a defesa dos campeões europeus e, no ataque, ele também se mostrou surpreendentemente eficiente para aproveitar a rebarba do que seus companheiros mais talentosos criavam, convertendo 54,5% de seus arremessos.

Ajinça foi draftado pelo Bobcats em 2008, quando, num destes treinos privados de última hora, encheu os olhos de Brown. A ponto de o técnico torrar o saco de seus patrões para que comprassem uma escolha extra na primeira rodada – a 20ª – para adquiri-lo. No total, em duas temporadas, o jovem pivô acabou jogando apenas 212 minutos pelo time de Charlotte. Trocado para o Dallas Mavericks e, depois, para o Toronto Raptors, teve de voltar para casa em 2011 com a confiança em frangalhos. No EuroBasket, mostrou estar, enfim, no caminho certo. Vale observá-lo na próxima temporada europeia.


Em seu momento mais frágil, Magnano reforça ofensiva contra jogadores. Entendam o que quiser…
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Giancarlo Giampietro

(Atualização: 15h50, com declarações ao programa Arena SporTV)

Magnano e Splitter, antes ou depois do churrasco?

Magnano e Splitter em abril nos Estados Unidos: sorrisos

É difícil entender aonde Rubén Magnano quer chegar com tudo isso. Se a meta é atingir um suicídio político – intencional ou não –, está encaminhando as coisas muito bem, obrigado.

Na pior hora possível, depois de conduzir um trabalho lamentável na Copa América, o argentino resolveu contestar, bater de frente com os jogadores que pediram dispensa do torneio continental. Está claro que se sente traído por “três ou quatro” desses atletas, que teriam dito que se apresentariam e, depois, mudaram de posição.

“Nem para elogiar nem para criticar sou uma pessoa que cita nomes. Mas em três ou quatro dispensas, eles haviam falado ‘sim’ para mim. Achava que a presença desses três ou quatro jogadores me dava uma condição de segurança interior, de que poderiam pegar a equipe em suas mãos. Não aconteceu assim, por isso fiquei um pouco abatido com isso. São caras que decepcionaram muito a gente”, afirmou durante o desembarque da seleção em São Paulo.

Ainda de cabeça quente e, principalmente, com o orgulho de campeão olímpico duramente ferido por derrotas que não poderia imaginar de forma alguma, o argentino resolveu que seria de bom tom fazer esse tipo de  ataque no saguão de um aeroporto – e, ainda por cima, sem levar sua ofensiva até as últimas consequências. Digo: se é para continuar colocando o dedo na ferida, que falasse, sim, quem seriam aqueles que julga traidores, em vez de generalizar.

Mas, a despeito do mistério, pudor, cuidado, reserva ou “ética” do treinador, eu, você e toda a torcida do Flamengo sabemos que Tiago Splitter é um desses alvos, se não o principal deles. Afinal, o treinador, mesmo, já havia se dito surpreso com sua ausência. Detesto esse tipo de marketing pessoal, da panca de sabe-tudo, mas, ao ler as declarações do técnico na época, a sensação de estranheza foi enorme. Daí a motivação para escrever este post. Ou este aqui: quando chegou a hora de se desentender também publicamente com Marquinhos.

Não pegou nada bem esse tipo de bate-boca naquela ocasião. Agora, depois do vexame que foi a campanha na Venezuela, repetir esse tipo de discurso é de deixar qualquer um pasmo. Inclusive o próprio Splitter, geralmente muito discreto, mas que se sentiu impelido a redigir uma carta pública para rebater “críticas” sem identificar em quem mirava. Em quem será?

“Alguns falaram que a culpa foi dos jogadores que não foram. Lembro que, quando não estava na minha melhor forma e totalmente no sacrifício, fui criticado por jogar abaixo do que podia. Quando nasceu meu filho, fui diretamente aos treinamentos e passei os primeiros dois meses longe da família. Quando minha irmã estava vivendo seus últimos dias de vida, lá estava eu representando meu país”, escreveu Splitter.

E aí temos este  trecho de abrir os olhos: “Na derrota é onde nos conhecemos melhor e nunca qualquer um de nós apontou o dedo para o outro , ao contrário, nos uníamos mais ainda”.

Mensagem recebida.

Anderson Varejão, divulgando seu comunicado em pílulas de 140 caracteres no Twitter, foi um pouco mais brando em sua intervenção. Recuperando-se de uma embolia pulmonar e de mais uma lesão gravíssima, suponho que não era uma atitude tão necessária assim. Mas lá foi ele se justificar. Em sua explanação, contudo, não só contemporizou, como defendeu a continuidade do trabalho. “O momento é de reflexão, de pensar o que se pode tirar de lições dessa campanha ruim e olhar para frente, seguir trabalhando. O Brasil vinha crescendo e esse resultado não pode interromper nossa evolução”, escreveu. “Não pode interromper” é o ponto-chave aqui, atentem.

De qualquer forma, Varejão falou isso ontem. E foi hoje que Magnano veio com sua marreta em punho. Que tipo de situação ele esperava criar com estes comentários? Direcionar as críticas ao seu trabalho para aqueles que não se apresentaram? Está tentando jogar lenha na fogueira para incentivar sua demissão? Ou simplesmente se atrapalha todo quando o momento requer um mínimo de cuidado político?

Sinceramente, difícil julgar agora. Ainda mais quando, na mesma entrevista no saguão de um aeroporto, Magnano afirmou o seguinte:  “Não adianta rancor, a seleção brasileira está acima de todos nós. Não tenho nenhum problema com eles, não temos que criar muito mais polêmica. Temos que trabalhar sobre isso e buscar uma maneira dos jogadores se comprometerem mais. São caras que ainda vão representar em muitas ocasiões a seleção brasileira”.

E quem entende uma coisa dessas? Esse morde e assopra: primeiro detona os caras e, depois, como que se a vida seguisse normalmente, fala em “trabalhar sobre isso e buscar maneiras”, que “não adianta criar muito mais polêmica”. Que loucura. E mais: sabe aquele papo de que não cita nomes e tal? Leiam esta declaração: “Sabia que seria difícil de alguns jogadores que convoquei virem, como o Leandrinho. Fisicamente seria muito difícil ir à competição, mas ele ainda tentou. A convocação foi para que os caras falem ‘não’ e expliquem isso também, porque não iriam”. Hã… O que ele acabou de fazer?

Em meio a essa saraivada, o diretor de seleções Vanderlei não emite nenhum comunicado sequer, não chama a responsabilidade. Muito menos o Carlos Nunes, o presidente Carlinhos da CBB, o mais fiel partidário daquela boa e velha tática da raposa política que só aparece para falar nas vitórias.

Mas não é de se estranhar: numa terra de cegos, Magnano, com seu histórico, fez o que bem entendeu na administração da seleção durante anos e anos, sem tem com quem debater ou quem o controlasse. Por que agora seria diferente?

O problema é que, na sua intempérie e em seu discurso incoerente (ou não…),  o treinador, um cara digno, competente, dos melhores no ramo, derrama mais um balde de óleo numa situação pronta para fritura.

Atualização: Em participação inócua no programa Arena SporTV, Carlos Nunes ao menos afirmou que Magnano segue na seleção até 2016 – e, se quiser, ainda mais. Esqueceu-se que não tem mandato eterno no cargo. De qualquer forma, mesmo que não do modo mais firme, garantiu que não vai ter demissão. Antes, em entrevista gravada, quando questionado se havia pensado em sair, o argentino arregalou os olhos, meio que indicando: “Jamais”. E aí lembrou então o seguinte ditado: “O que não te mata, te endurece”… Quando perguntado se há chance de jogar por medalha no Rio 2016, disse: “Se o Brasil fizer um trabalho mediano e se houver um comprometimento importante, o time tem condições de brigar por medalha”.

Conclusão: que esteja mantido no cargo é uma rara decisão sensata da atual gestão da CBB – mas isso não serve, não pode servir como que estejam assinando embaixo de tudo o que o treinador fez e tem feito. O fiasco esportivo na Copa América não pode ser ignorado de modo algum.

Sobre o fator NBA: obviamente apenas com a equipe completa que a seleção terá chance de brigar por resultados expressivos no futuro imediato. Transferir, porém, toda a responsabilidade para o comprometimento – ou amor – destes atletas ao país não pega nada bem. Aliás, lembremos: em 2011 a vaga olímpica foi conquistada com o vice-campeonato na Copa América, e, de diferente, lá estavam apenas Tiago Splitter (arrebentado e fora de forma), Marquinhos e Marcelinho Machado.

Não obstante, fica ainda mais deslocada sua ofensiva contra os jogadores. Se eles são tão fundamentais assim, Magnano vai precisar de um esforço diplomático nos próximos meses e temporadas com a mesma energia e verve que gastou nas últimas 48 horas, quando partiu para o ataque.

*  *  *

Em seu rompante, Magnano também cometeu um equívoco, ou, no mínimo, uma injustiça histórica ao falar sobre como era mais fácil contar com seus principais jogadores na época de Argentina. Não dá para comparar uma coisa com a outra – e não só pelo distanciamento de 10, 14 anos atrás. “Tive a felicidade treinando a Argentina de, em quatro anos, não ter nenhum pedido de dispensa. Aqui você vê que é muito difícil, temos que trabalhar muito para criar uma consciência de seleção, um orgulho”, afirmou.

Só faltou completar que, no ciclo que o consagrou como campeão olímpico, na base Argentina apenas Manu Ginóbili estava na NBA, tendo chegado ao San Antonio Spurs em 2005. Andrés Nocioni e Carlos Delfino? Fecharam com Chicago Bulls e Detroit Pistons depois dos Jogos de Atenas 2004. Fabricio Oberto se juntou a Manu em 2005. Luis Scola? Assinou com o Houston Rockets apenas em 2007. Por que então eles pediriam dispensa se não havia impedimento algum?

E, lembrem-se: uma vez de contrato assinado nos Estados Unidos, Ginóbili se tornou uma presença bissexta na seleção, assim como Nocioni e, agora, no mais recente caso, Pablo Prigioni.

*  *  *

Fica um registro obrigatório: sem que ninguém divulgasse nada em Caracas, a seleção sofreu com problemas internos de saúde durante a Copa América. “Pouca gente falou nisso [virose], mas nos afetou demais. Isso não é uma desculpa, mas quando um time está em uma situação limite, a ausência de dois ou três jogadores afeta realmente a produção”, disse Magnano. Foi uma crise de virose que abalou, no mínimo, Larry Taylor, Alex, Cristiano Felício e Rafael Luz. Resta saber quantos quilos eles perderam, se estavam febris na hora de ir para quadra etc. E se isso por acaso afetou alguma outra delegação na capital venezuelana.


Austrália é o sexto país a se garantir na Copa do Mundo de basquete masculina
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Giancarlo Giampietro

Impressionante. Dá para acreditar numa coisa destas!?

Na Oceania, a Austrália conseguiu duas vitórias sobre a Nova Zelândia, se sagrou campeã continental e garantiu a sexta vaga na Copa do Mundo de basquete masculina de 2014.

A Formiguinha Atômica

Patty Mills, e tudo numa boa na Oceania

Passado o susto, um breve resumo sobre o que aconteceu na série. Na primeira partida, em Auckland, fora de casa, os Boomers venceram por 70 a 59. Na segunda, deu 76 a 63. Bem, vemos, então, que não chegou a ser uma surra para os australianos mas eles também não chegaram a ter grandes problemas.

Os dois jogos apresentaram um padrão: a Austrália saiu na frente, a Nova Zelândia venceu sempre o segundo quarto (saldo de +19 pontos para eles em 20 minutos, vai entender), e aí que os favoritos voltavam do vestiário dispostos a acabar com a brincadeira, colocando forte pressão em cima da bola, com uma marcação adiantada, desestabilizando os Tall Blacks, que não contam com bons armadores.

“Fiquei bastante satisfeito com a defesa da equipe, em termos de aonde temos de ir, nos posicionar, avançando em quadra e  perturbando”, afirmou o técnico Andrej Lemanis, técnico local que assumiu o comando da seleção no lugar de Brett Brown, ex-assistente de Gregg Popovich e recém-nomeado treinador do Philadelphia 76ers. Lemanis dirigiu o New Zealand Breakers por oito temporadas consecutivas e vem de um tricampeonato na liga australiana.

O cestinha dos Boomers nos dois confrontos foi o armador Patty Mills – e aqui não há nenhuma surpresa também. Disparado o jogador mais perigoso com a bola entre os escalados, ele anotou 41 pontos em 59 minutos no confronto, acertando 50% dos arremessos (66,7% de dois e 38,9% na linha de três pontos).

Vestindo a camisa de sua seleção, Mills tem sinal verde para disparar. O time adota uma configuração interessante para liberar seu matador, com múltiplos jogadores de drible talentoso. Lemanis confiou que Matthew Dellavedova, Adam Gibson e Joe Ingles pudessem levar a bola, ajudando a desafogar o jogo a Formiguinha Atômica do Spurs entrar em ação.

Outro ponto interessante dos confrontos foi a possibilidade de dar cancha ao ala-armador Dante Exum e ao ala Ben Simmons, dois garotos nascidos, respectivamente, em 1995 e 1996. Juntos, eles tiveram 25 minutos nas duas partidas. Exum é considerado uma das maiores promessas do basquete mundial, vindo de um torneio dominante no Mundial Sub-19 deste ano, enquanto o caçula Simmons joga no basquete colegial norte-americano.

Esses são todos atletas versáteis, talentosos e ainda em um ponto de evolução nas suas carreiras, de modo que a Austrália vai chegar ao Mundial bem servida no per≥ímetro. Contra os neozelandeses, os pivôs Andrew Bogut e Aaron Baynes foram desfalques, deixando que o decadente David Andersen segurasse as pontas acompanhado de Luke Nevill e do jovem Cameron Bairstow. Com o garrafão completo, temos aí um time capaz de incomodar muita gente.

E sai para lá, Taiti.

 


Recusa de Scott Machado ao Spurs em 2012 ganha outro contexto após duas demissões
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Giancarlo Giampietro

Scott Machado

Não sei bem como me posiciono na hora de falar sobre “O que aconteceria se… ?”, sobre rotas alternativas, caminhos hipotéticos, saca?

É meio que da “natureza humana” (gasp!) ficar repensando as coisas? Remoendo, remexendo? Talvez. Mas é fato também que nem todo mundo age desta forma. São admiráveis também essas pessoas resolutas, que avançam como um trator, só mirando para a frente, sem volta. Desde que tenham um pouco de escrúpulo, claro.

Todo esse papinho filosófico para levantarmos uma pergunta daquelas, envolvendo Scott Machado:

“E se ele tivesse dito sim ao San Antonio Spurs?”

Foi uma lembrança do leitor “HFavilla”, em nosso post anterior sobre a dispensa do armador pelo Golden State Warriors. A de que o brasileiro nova-iorquino estava prestes a ser selecionado pelo clube texano no Draft do ano passado, na 59ª posição, mas forçou a barra para que Gregg Popovich o deixasse em paz.

Escreveu o “HFavilla”: “O erro do Scott aconteceu na noite do Draft, quando desprezou o San Antonio Spurs, que tem um armador que, apesar de estar no seu auge técnico, já é veterano e não possui nenhum reserva consistente ainda, fazendo com que o time procure por muitas alternativas. Passaria uns 2 anos evoluindo na Europa? Sim, provavelmente, mas é assim que as coisas funcionam por lá”.

Lembremos aqui o que Scott falou ao vizinho Balassiano em 2012: “O San Antonio Spurs me queria, e eu acabei recusando. Disse ao Aylton (Tesch, seu agente na época) que preferia tentar a sorte nas Ligas de Verão, porque sabia que iriam me mandar jogar fora dos Estados Unidos, algo que eu não queria. Foi uma decisão rápida, na hora mesmo, e que acabou dando certo. Logo depois o Houston Rockets me chamou pra jogar”.

Bem, nada na liga norte-americana é definitivo, como Scott agora já sabe bem. O que “dá certo” numa semana pode não se sustentar no mês seguinte. Contratado pelo Rockets, demitido pelo Rockets. Contratado pelo Warriors…

Reparem no termo que ele usa: “Uma decisão rápida, na hora mesmo”. Por ímpeto, claro. Scott cresceu em Nova York como jogador de basquete, uma cidade com muita tradição em seus playgrounds e colegiais, tendo revelado dezenas e dezenas de talentos que viriam a se tornar profissionais, especialmente armadores – Stephon Marbury, Sebastian Telfair, Mark Jackson são alguns exemplos de uma lista vasta. Neste contexto, imagine a expectativa, a pressão (também financeira), a ansiedade de um garoto da megalópole quando ele se aproxima da liga. Embora não tivesse o maior cartaz, o brasileiro fez um bom trabalho pela modesta universidade de Iona, entrou no radar dos scouts e desenvolveu legítima ambição de ser um cara de NBA.

Daí que, quando as coisas não saem conforme o esperado – descolar um contrato garantido na noite do Draft –, por vezes você se sente impelido a tomar um atalho, a querer resolver as coisas na hora. Foi a decisão que o armador tomou. Em vez de se colocar sob a alçada de uma franquia que é notória no desenvolvimento de seus atletas, preferiu se tornar um agente livre para ampliar seu leque de negociações. Fechou rapidamente com o Houston Rockets, mas acabou perdido nos planos do irrequieto gerente geral Daryl Morey.

Agora, as ressalvas. Os calouros selecionados na segunda rodada de um Draft também não têm presença certa na NBA, diga-se. Depende muito da equipe, de suas necessidades imediatas e do quanto gostam de um determinado jogador. Por exemplo: em 2008, o Bulls se empenhou horrores para ter o turcão Omer Asik. O Portland Trail Blazers o escolheu como o número 36 daquele recrutamento, mas foi convencido a repassá-lo para Chicago em troca de três escolhas futuras de segunda rodada. Três! Quer dizer, o gerente geral John Paxson realmente queria Asik.

No caso de Scott e do Spurs, ao fazer a escolha na penúltima posição da lista, não saberemos dizer se o Spurs estava necessariamente enamorado por Scott. Seria o caso de perguntar para Popovich ou RC Buford algum dia desses. Depois da recusa do brasileiro, o time optou pelo ala-armador Marcus Denmon, da universidade de Missouri. E não deu outra: Denmon iniciou sua carreira como profissional no basquete francês, sendo campeão nacional pelo Élan Chalon ao lado do pivô Shelden Williams.

Neste ano, Denmon participou da liga de verão de Las Vegas pelo Spurs. Quer dizer, estão monitorando o rapaz, de 23 anos. Na rotação do time, teve de dividir espaço com Nando De Colo e Cory Joseph, que são prioridade, e terminou com médias de 10,8 pontos, 2,8 assistências e 2,6 rebotes, em 21,8 minutos. O que ele faz de melhor é arremessar de fora, e ele mandou bala da linha de três pontos sem piedade (26 chutes no total, mais de cinco por jogo), que é sua especialidade. Acertou 38,5% desses disparos, um bom aproveitamento para as peladas que são esses confrontos. Pensando em seu progresso, seria um eventual substituto para Gary Neal, sendo moldando da mesma forma (em termo de vocação ofensiva), mas ainda com deficiências no drible. Não está pronto para a grande liga ainda, mas não é o mesmo que Rockets e Warriors acham o mesmo sobre Scott?

Há outros casos de escolhas de segunda rodada de Buford e Popovich que ainda não foram aproveitados no elenco principal. Entre os americanos, o ala-armador Jack McClinton (51 em 2009) e o pivô James Gist (hoje um nome top na Euroliga, 57 em 2008) são dois exemplos recentes. Temos também diversos jovens europeus nessa condição: o húngaro Adam Hanga em 2011 (também 59), o inglês Ryan Richards em 2010 (49), o centro-africano Romain Sato em 2004 (52), entre outros. Mas aí as coisas fazem mais sentido: são os clássicos casos de “stash picks”, quando as franquias da Europa fazem a seleção com o plano de já deixá-los nas ligas europeias para desenvolvimento.

Enfim, ser selecionado pelo Spurs e virar um jogador de NBA no futuro, então, não é uma ciência exata. Por outro lado, que o brasileiro não estava pronto também para a liga fica claro.

Mas, sabendo o que sabemos hoje, será que ali, nos minutos finais de uma looonga noite de 28 de junho de 2012, quando foi abordado pelos diretores do time texano, será que a resposta seria diferente?

 


Greg Oden tenta, mais uma vez, deixar o limbo. Heat, Spurs e mais três estão interessados
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Giancarlo Giampietro

Greg Oden, prestes a sair do limbo

Greg Oden vai tentar novamente

Miami Heat e San Antonio Spurs vão brigar pelo título.  New Orleans Pelicans e Dallas Mavericks tentam chegar aos playoffs na duríssima Conferência Oeste. E ainda tem o Sacramento Kings, franquia que enfim entra em um processo de reformulação em sua gestão.  O que esses diferentes clubes têm em comum?

Seus dirigentes ainda acreditam.

Que Greg Oden ainda pode ser um pivô de NBA.

Perdido num limbo para lá de melancólico, tentando colocar o corpo em ordem, seis anos depois de ter sido escolhido com o número um do Draft, o pivô negocia com essas cinco franquias (no momento) seu eventual retorno às quadras.

Criado em Indiana, um estado sagrado na produção de craques e no cultivo do grande jogo como um todo, o adolescente Oden parecia destinado a grandes feitos. A ser mais um da linhagem dos superpivôs americanos, dialogando no colegial com gente como Alcindor e Chamberlain. Acreditem, este era o papo que rondava o garotão em seus anos de colegial, badaladíssimo. Não havia dúvidas a respeito.

A ponto de, em 2007, mesmo com algumas questões médicas já levantadas na época, o Portland Trail Blazers o escolher à frente de Kevin Durant, que havia barbarizado a NCAA inteira em seu primeiro ano por Texas. Você simplesmente, na cabeça de muita gente, não podia virar as costas para um grandalhão talentosos desse.

Já sabemos no que deu tudo isso. Uma tragédia.

Oden, queria ser grande

O que aconteceria se Oden…?

Oden só conseguiu disputar dois campeonatos pelo Blazers. Na somatória dessas duas campanhas, chegou a 82 partidas, um número extremamente irônico, já que representa a exata medida de uma temporada regular. Foram diversas contusões e lesões, as mais graves no joelho. Ao todo, o atleta precisou passar por cinco (5!) cirurgias nos joelhos, três delas daquelas mais temidas, as de microfratura. Não disputa uma partida desde 5 de dezembro de 2009 (sim, 2009, muito triste).

Nesse período, o sujeito imergiu em um estado depressivo, assumiu publicamente ter se tornado um alcoólatra e teve muita dificuldade para lidar com a pressão/decepção dos apaixonados torcedores da única franquia profissional de Portland (entre as quatro grandes ligas). Já não bastassem os problemas físicos, ainda teve fotos, digamos, íntimas suas vazadas na rede e perdeu um primo de quem era muito próximo, devido ao câncer. Além disso, ainda viu um cachorro cego, do qual cuidou por quatro anos, cair da varanda do oitavo andar de um hotel. Sem brincadeira.

Por duas pré-temporadas ele se apresentou ao Blazers sem estar 100% reabilitado. Foi apressado para a quadra mesmo assim – e isso obviamente não deu certo. Acabou dispensado em 2012, quando o clube precisava abrir espaço em sua folha salarial para fechar uma troca que, meses depois, lhe renderia o armador Damien Lillard.

Para tirar tudo isso da cabeça, Oden se afastou de quadra por um tempo. Retomou as aulas na universidade de Ohio State, fugiu dos microfones, tentou viver uma vida normal, na medida do possível. Até retomar as atividades em quadra, gradativamente, trabalhando primeiro seu corpo – chegou a passar pelo mesmo tratamento com plasma na Alemanha, um procedimento eternizado por Kobe Bryant e Alex Rodríguez. O fato de ter visitado Portland em abril só pode ser encorajador – aparentemente, não há mais traumas ali a serem revisitados. Pelo menos da sua parte. “Foi como (ver) um fantasma”, disse sem muitas cerimônias o ala-pivô LaMarcus Aldridge, na ocasião. Aldridge que supostamente viria a formar com o rapaz uma nova edição das Torres Gêmeas no Noroeste americano. “Ele pareceu magro. Disse que estava vestindo seus ternos da noite do Draft”, completou. No dia 5, de todo modo, estava lá o grandão na plateia para ver a partida contra o Memphis Grizzlies. Quando foi mostrado no telão do ginásio, ouviu aplausos e vaias. Terapia.

Agora, aos 25 anos, ele tenta um (?)m último retorno. Com todo o cuidado do mundo, abortou qualquer plano de disputar a última temporada, mesmo que estivesse fisicamente apto – e que o assédio dos clubes já tenha sido grande, especialmente por parte de Boston e Cleveland. Mas não tinha motivo para pressa. Ficou treinando por conta, entrando em forma.  Segundo relatos do ala DeShaun Thomas, recém-draftado pelo Spurs e formado na mesma universidade, o jogador está magro, em forma. “Ele parece incrível. Está correndo, puxando peso. Podemos estar diante de um regresso, mesmo”, afirmou.

Difícil dizer o que esperar do jogador nessa situação. Primeiro pela desconfiança quanto a sua durabilidade. Fora isso, o quanto suas habilidades estariam apuradas depois de mais de quatro anos sem jogar uma partida para valer? Mesmo que esteja inteiro, o que ele poderia oferecer hoje? Não há como saber até que um contrato seja assinado e ele passe a ser testado em treinos contra atletas de alto calibre. “Espero que possa contribuir para um bom time. Eu definitivamente me considero este tipo de jogador, mas primeiro tenho de entrar em quadra”, afirma.

O que temos em mãos hoje é muito pouco. Nas 82 partidas que realizou, Oden somou 9,4 pontos, 7,3 rebotes e 1,4 toco. A princípio, nada de outro mundo.  Sua média de minutos, porém, era de apenas 22,1tes. Fazendo as projeções por 36 minutos, então, chegamos a números mais expressivos como 15,3 pontos, 11,9 rebotes e 2,3 tocos. com 57,7% de acerto nos arremessos e um lance livre de dar inveja em Dwight Howard (66,6% no geral e 76,6% em 2009). Para os que não são muito fãs de projeções estatísticas, vale notar, então,que em seus últimos sete jogos antes da lesão do dia 5 de dezembro, ele tinha médias de 15,6 pontos, 9,1 rebotes e 2,4 tocos em apenas 26 minutos. As coisas estavam se encaixando e, para ter uma ideia melhor de seu potencial, vejam os melhores momentos abaixo:

 Os reflexos e explosão física impressionam. Veja o tamanho das mãos do sujeito também. Era para Oden ser uma força da natureza. Mas suas articulações não permitiram. De todo modo, levando em conta as centenas de milhões que a liga americana movimenta, não é de se estranhar que algum  dirigente ainda se sinta disposto – ou impelido – a apostar no jogador. E se dá certo? O dedo coça, mesmo.

Em Miami e San Antonio, Oden encontraria dois times que não dependeriam dele para nada – o que viesse desse investimento seria lucro. Caso se juntasse aos atuais bicampeões, haveria ainda menos cobranças. Se não der certo, Riley ao menos pode dizer que tentou. Por outro lado, para alguém tímido como o pivô, faria bem voltar à liga num time que chama tanta atenção? LeBron certamente o protegeria, mas sua simples presença já atrai holofotes demais. Em San Antonio, tudo isso se dissiparia rapidamente.

Oden, chega de blazer

Oden, chega de Blazer

Agora, se ele estiver realmente confiante e interessado em mais oportunidades para jogar, mostrar serviço, obviamente os outros clubes seriam mais indicados, especialmente o Pelicans, que tem uma lacuna imensa no garrafão a ser preenchida após a ida de Robin Lopez para, veja bem, Portland. Imaginem um cenário desses, que não dói nada. O renovado time de Nova Orleans brigando por vaga nos mata-matas do Oeste com o Blazers, com uma defesa ancorada por Oden? A Rip City entraria em colapso. Além disso, o Pelicans teria mais dinheiro a oferecer que os concorrentes: US$ 3 milhões por um ano. Para alguém que já fez US$ 23 milhões na carreira, será que a grana pesaria agora?

Provavelmente, não.

A essa altura, o pivô já se daria por satisfeito só de poder segurar uma bola de basquete nas mãos, poder dar dois dribles firmes e subir para a cravada. Podendo soltar o aro, cair com os dois pés firmes em quadra e poder voltar para a defesa sem mancar. Feliz só de se dizer um jogador de basquete.

*  *  *

O autor Mark Titus, ex-companheiro de Oden no time de Ohio State, foi o último a fazer uma grande entrevista com o pivô, para o Grantland. Imperdível. O material gerou uma baita repercussão em Portland. Em entrevistas aos sites locais, Titus relatou uma história bastante saborosa, que revela muito do humor que o pivô tem, mas que nunca pôde manifestar em público, devido a tantos contratempos em sua carreira. Os dois foram jantar. Na saída, iriam para a casa de Oden, que dirigia uma van nada luxuosa, “que provavelmente custou US$ 18 mil”, segundo Titus. “O interior estava um pouco trabalhado, mas nada muito maluco. Tinha algumas luzes, um CD player legal, e só. Olhei para ele meio que dizendo: ‘É isso mesmo?’. E ele: “Sim, não quero desperdiçar meu dinheiro em carros luxuosos’. E aí ele continuou: ‘E quer saber de uma coisa? Uma semana depois de ter comprado esta van, descobri que Kevin Durant teve exatamente a mesma van por dois anos’. Eu apenas sorri. E ele: ‘Eu nunca vou conseguir sair da sombra de Kevin Durant’, dando risada.”

*  *  *

O Draft de 2007 deu à NBA muito mais que Durant. Outros dois craques saíram dessa lista: Al Horford, a escolha número três, e Joakim Noah, que saiu apenas em nono, bizarramente atrás de Jeff Green, Yi Jianlian e Brandan Wright. Mike Conley Jr. (o quarto) e Thaddeus Young (12º) foram outros destaques na loteria. Mais adiante na lista apareceram ainda Tiago Splitter (28º) e, epa!, Marc Gasol (48º).


Nets fecha com Kirilenko a maior barganha do mercadão 2013 da NBA
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Giancarlo Giampietro

Andrei. Kirilenko.

Andrei Kirilenko reforça, e muito, o Brooklyn Nets

Primeiro o fato: ao fechar com Andrei Kirilenko por US$ 3,1 milhões por um ano de contrato, o Brooklyn Nets conseguiu a melhor barganha do mercadão 2013 de agentes livres da NBA. Um negócio que tem tudo para dar melhor resultado em termos de custo-benefício, na frente do contrato assinado por Paul Millsap com o Atlanta Hawks.

Vamos colocar em perspectiva: Kirilenko vai ganhar o mesmo salário de Chris Kaman no próximo campeonato. Perguntem a Mike D’Antoni quem ele preferiria assinar em seu time.

Mais: independentemente da loucura de outros dirigentes, uma série de jogadores inferiores ganharam muito, mas muito mais. O próprio Minnesota Timberwolves, ex-time do AK-47, fechou com Kevin Martin (cestinha “eficiente”, que na verdade é supervalorizado pelos estatísticos) por US$ 30 milhões em quatro anos e Chase Budinger (bom atacante, fraco defensor) por US$ 16 milhões em três anos. Zaza Pachulia (lenhador típico, num time já abarrotado de pivôs) vai ganhar o mesmo que Budinger pelo Bucks. Dava pra continuar aqui sem parar. Esses três, porém, já dão uma boa ideia de onde queremos chegar.

Acontece que o dicionário Michaelis oferece como explicação para “barganha” também o seguinte: “Transação fraudulenta; trapaça”. É apenas a quarta definição, ok, mas está lá. E aqui do nosso cantinho, não dá para acusar, cravar nada. Mas que foi uma notícia chocante, foi. Já havia feito algumas, digamos, piadas no Twitter quando eles anunciaram. Havia realmente no ar um clima de surpresa geral. Aí que o jornalista Adrian “Fura o Furo” Wonjarowski  saiu para o front mais uma vez para checar o que diversos cartolas rivais estavam pensando a respeito da transação.

Vou traduzir apenas um trecho de seu artigo. “As insinuações são inequívocas: ao redor da NBA, estão ligando para o escritório do comissário, pedindo para investigar a possibilidade de algum acordo paralelo e de os rublos russos estarem dando a ordem – por ora, acusações infundadas baseadas em circunstância e aparência”, escreveu.

Assim: Kirilenko abriu mão de um salário de US$ 10 milhões para a próxima temporada, pelo Timberwolves, para supostamente ganhar um contrato mais seguro, de longo prazo. Disse que não queria que sua família tivesse de se perguntar sempre sobre aonde o astro jogaria etc. Queria estabilidade, melhor dizendo. E, de repente, ele assina por um terço deste valor – por um só ano – pelo Nets. O clube de propriedade de seu compatriota Mikhail Prokhorov, que também investe uma grana no CSKA Moscou, clube pelo qual o jogador atuou durante a temporada do lo(u)caute da NBA.

Ter Kirilenko, por orgulho russo, no Nets foi sempre uma meta do bilionário, um dos homens mais ricos do mundo (mesmo). No verão passado, porém, seu time não tinha espaço salarial para fazer uma proposta que fosse decente. Não resta dúvida, de que não estavam pensando em assinar por algo abaixo de US$ 5 milhões. Agora conseguiram um desconto.

“É descarado”, “Deveria haver uma sondagem a respeito. O quão óbvio é isso?”, “Vamos ver se a NBA tem alguma credibilidade” foram algumas das respostas que Wojnarowski ouviu em suas entrevistas. A galera está irada.

Kirilenko, Prokhorov e a inveja e fúria da concorrência

Kirilenko, Prokhorov e a inveja e fúria da concorrência

Segundo consta, Kirilenko queria um contrato de no mínimo US$ 8 milhões por três temporadas, algo bem mais adequado ao seu valor em quadra. O San Antonio Spurs teria tentado sua contratação, mas desistiu no meio do caminho. Imagino a cara de Gregg Popovich ao saber do acordo fechado.

Agora vamos ao outro lado da… Hã… Moeda.

Antes de especular sobre qualquer coisa, por exemplo, o analista Kevin Pelton, da ESPN.com, avaliou os piores negócios do ano e inseriu a tentativa fracassada do Spurs na lista. Ele simplesmente considera que o grande erro de Kirilenko foi ter rescindido seu contrato com o Wolves. “Aquele dinheiro (US$ 10,2 milhões) já não estava mais disponível. Os times com os recursos para fazer uma oferta substancial para Kirilenko simplesmente seguiram em outra direção”, escreveu. “A não ser que alguma informação adicional apareça, a noção de que Kirilenko deixou um montão de dinheiro na mesa para jogar pelo Nets é injustificada. Ele cometeu um erro.”

Pode até ser, mesmo, que tenha sido um erro de cálculo do jogador e de seu estafe. Talvez tenham superestimado a inteligência dos gestores da liga. Que ninguém apareceu sinceramente interessado em seus serviços e, considerando as demais opções, tenha escolhido o clube de Prokohorov, pela familiaridade – e sem essa de dinheiro por baixo da mesa.

Sobre os gestores da liga, vale gastar mais um parágrafo. O Milwaukee Bucks, neste caso, gente… Aiaiai. O preço de um Carlos Delfino mais Pachulia teria valido um Kirilenko, por exemplo. Kirilenko + Ilyasova + Sanders seria uma linha de frente instigante, por exemplo. O Hawks poderia ter feito o mesmo ao emparelhar o medalhista de bronze olímpico com Al Horford e Paul Millsap – num time que vai sentir muita falta das habilidades defensivas de Josh Smith, algumas das quais AK poderia suprir. Vai pagar US$ 10 milhões por Monta Ellis, Mark Cuban, com um cara desse nível disponível? Será que, no fim, o Spurs conseguiria convencer o russo a aceitar o dinheiro dividido em Marco Belinelli, Jeff Pendergraph e mais uma peça complementar (algo em torno de US$ 5 milhões)? Enfim, vai entender como chegamos a esse ponto.

Voltando aos fatos: com Kirilenko, o Nets ganha em versatilidade e elenco. O mais reforço permitirá que Kevin Garnett e Paul Pierce tenham seus minutos regulados com mais tranquilidade – assim como a sua própria carga de trabalho. No banco, terão agora, provavelmente, Shaun Livingston, Jason Terry, AK, Andray Blatche e Reggie Evans, para não falar do ostracismo de Mirza Teletovic. O Nets chega para valer na briga, e, quando começar o campeonato, se os veteranos aguentarem em quadra, saudáveis, a concorrência no Leste vai ter muito mais com o que se preocupar além dessa teoria da conspiração.


Magnano ignora cansaço de Splitter e se diz “surpreso” por ausência do pivô
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Giancarlo Giampietro

Magnano e Splitter, antes ou depois do churrasco?

Magnano e Splitter em abril: sorrisos

Dá para ler as declarações de Rubén Magnano à Folha de S.Paulo e julgar que houve uma falha de comunicação entre Tiago Splitter e o  argentino. No mundo (des)encantado da CBB, não seria novidade alguma. Considerando os dois personagens envolvidos, contudo, poderíamos seguir o treinador da seleção e nos dizermos “surpresos”: que um assunto que já deveria estar resolvido há semanas tenha agora virado discussão pública.

Primeiro, para quem não clicou no link acima, tem de saber, então, que Magnano afirmou ter sido pego desprevenido com o pedido de dispensa do pivô, principalmente depois da notícia de que ele já ter chegado a um acordo para renovar seu contrato com o Spurs. Se o vínculo for oficializado no dia 10 de julho, haveria tempo de sobra para que se apresentasse para a disputa da Copa América, dia 18, sem burocracia que lhe impedisse.

Ao menos essa era a sensação que o técnico tinha quando voltou dos Estados Unidos, em sua turnê anual atrás dos selecionáveis: uma vez que o papel estivesse assinado, a camisa número 15 da seleção já teria dono garantido. Os dois se encontraram em abril. “Pensava que o único problema do Tiago era somente contratual. Depois, o estafe dele me ligou falando que ele não ia se apresentar. Eu não sabia disso (de cansaço)”, afirmou o treinador. “Pela importância que ele tem na estrutura da seleção, com certeza vai atrapalhar. Agora, eu tenho que fortalecer muito os jogadores que vão jogar o Mundial.”

Na cabeça do argentino, ao menos publicamente, foi uma virada muito drástica. Veja o que ele havia dito, segundo release da CBB, há três meses, depois de se encontrar com o catarinense em San Antonio: “Foi uma conversa muito proveitosa e como sempre Tiago se mostrou pronto para defender a Seleção Brasileira”.

Tiago havia comentado o seguinte: ” Esse tipo de conversa é sempre positiva e a presença dele (Magnano) mostra a seriedade do planejamento da CBB. Depois dos Jogos de Londres, aumenta a nossa responsabilidade e vamos fazer de tudo para classificar o Brasil para o Mundial da Espanha”. Agora, em coletiva durante a semana, o discurso foi bem diferente: “É um ano que permite você ter um descanso. Obviamente se fosse uma Olimpíada ou um Mundial é outra coisa, você faz um esforço. Não quero tirar a importância da Copa América, é importante, mas é um ano de  contrato, estou desgastado física e mentalmente. Tantos anos seguidos de seleção, minha esposa está querendo me matar. Um pouquinho de tudo me fez tomar essa decisão”.

Bem… Contrapondo assim as declarações seria um prato cheio para detonar o jogador, não?

Acontece que, entre esse release e a convocação, o pivô disputou mais 25 partidas, sendo 19 delas pelos playoffs. Encarando uma batalha depois da outra – contra gigantes como os irmãos Gasol, Dwight Howard, Andrew Bogut e Zach Randolph no meio do caminho. Dói, gente, dói – foi disparada a temporada mais desgastante de sua carreira, com tempo de quadra regular estendido até o sétimo sétimo jogo da final, lembrando sempre que ele já havia disputado as Olimpíadas em agosto e que a pré-temporada começa em outubro. Sobrou só o mês de setembro livre.

Então, é natural que, ao conseguir parar para respirar um pouco, nesse regresso ao Brasil, Splitter provavelmente via seu corpo em frangalhos. Para a ESPN Brasil, por exemplo, em entrevista que será veiculada na terça-feira, voltou a apontar dores crônicas no ombro, um problema que o acompanha há anos.  Então, ok. Talvez o catarinense pudesse ter feito a ressalva em abril de que o plano de Gregg Popovich era fazer uma loooonga campanha nos mata-matas de olho no título. E que isso poderia ter um preço custoso.

Por outro lado, Magnano está habituado a lidar com esse tipo de questão há anos – do desgaste e das questões que uma temporada de NBA pode proporcionar. É difícil de imaginar que a recusa do pivô tenha sido uma “surpresa” dessas, mesmo que todos nós tenhamos ficado muito acomodados com os seguidos anos de apresentação à seleção.

Convenhamos, era um problema que estava anunciado há meses e meses, por mais que a breve reunião em San Antonio pudesse indicar o contrário. Acontece com a Argentina há tempos, e eles sempre deram um jeito de garantir sua vaguinha. Agora chegou a hora de o Brasil testar seus recursos sem aquele que sempre foi uma constante – mas que agora merece, enfim, um pouco de descanso. Só esperar que, a despeito de sua conduta rigorosa, um dos alicerces para uma carreira vitoriosa, Magnano possa tirar o pé um pouco em suas declarações. Não me parece justo e, mesmo que politicamente, não faz nada bem questionar um de seus principais jogadores desta forma.


Splitter vai renovar por US$ 36 milhões e quatro anos. Spurs não deu chance para o “se”
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Giancarlo Giampietro

Splitter pra mais dois pontos

Ah, como seria a trajetória de Tiago Splitter na NBA em outra equipe? De repente sem a pedagogia de Gregg Popovich, que o segurou por um ano e meio até que estivesse devidamente adaptado ao que ele espera dos jogadores do Spurs. Ou sem a necessidade de dividir espaço, toques e pontos com um mito chamado Tim Duncan. Parece que a gente nunca mais vai saber.

Nesta terça-feira, Adrian  “Fura o furo” Woynarowski, do Yahoo! Sports, publicou que a franquia texana e o pivô catarinense já encaminharam a renovação de seu contrato – as partes começaram as tratativas na segunda-feira e encaminharam o acordo raaaapidamente. Segundo o renomado jornalista, serão US$ 36 milhões pagos ao catarinense por serviços a serem prestados nas próximas quatro temporadas – ele se tornará, assim, o terceiro brasileiro, mais bem pago da liga, atrás de Nenê e Anderson Varejão.

(Nota: o vínculo ainda não é oficial.  Deve-se respeitar a moratória imposta pela liga até o dia 10 de julho, quando os clubes podem anunciar suas negociações. Até lá, nem dirigentes, nem jogadores podem comentar a respeito.)

Em entrevista coletiva neta terça-feira pela manhã, talvez ciente das conversas adiantadas para sua extensão contratual, Splitter já havia dito que considerava o Spurs “a melhor opção” para sua carreira. “É claro que o basquete é um esporte envolvido por muitos negócios, e nós não sabemos o que vai acontecer. Mas, pelo estilo de jogo, pela oportunidade que tive e por já conhecer o sistema, o técnico e forma de trabalho, o melhor pra mim seria ficar no Spurs.”

Segundo consta na mídia norte-americana, o Portland Trail Blazers, desesperado atrás de um guarda-costas para proteger LaMarcus Aldridge, estaria interessado em enviar uma proposta a Splitter, que era um agente livre restrito – poderia negociar com qualquer equipe, mas o Spurs teria o direito de cobrir uma eventual oferta. Gregg Popovich e RC Buford já logo disseram: “Nem vem, que não tem”. Foi a mesma coisa, aliás, que o Indiana Pacers fez com Roy Hibbert no ano passado – uma vez que o Blazers se engraçou para seu gigantão, o martelo da renovação foi batido prontamente.

Então, agora, temos o seguinte: Splitter segue em San Antonio para render e ajudar Tim Duncan sempre quando necessário, até que o legendário pivô decida pela aposentadoria. Em termos de impacto e manchetes, não foi o desfecho mais atraente, mas é o mais seguro. Já se sabe o que esperar do catarinense no clube texano no próximo ano: defesa, luta por rebotes, finalizações em pick-and-roll com Tony Parker e, possivelmente, Manu Ginóbili, umas cinco ou sete cestas por partida, eficientes corta-luzes e a certeza de que vai entrar em quadra novamente brigando pelo título.

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A despeito da negociação concretizada, o pivô não vai defender a seleção brasileira na Copa América deste ano. Disse que precisava de descanso, independentemente da papelada assinada. Compreensível: seriam suas primeiras férias para acompanhar o filho e respirar um pouco após a temporada mais desgastante que já viveu – lembrem-se que o catarinense jogou as Olimpíadas em agosto do ano passado e que sua temporada se estendeu até junho. De 2005 a 2012, ele se apresentou para a CBB toda vez que foi chamado.

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Não tem jeito: grandalhões são pagos quando chega a hora de entrarem no mercado de agentes livres. Com um pivô talentoso como Splitter, não seria diferente. Seu segundo contrato não deixa também de recompensá-lo pelo desconto que deu para o Spurs no primeiro vínculo: a média anual de cerca de US$ 3,6 milhões não fazia jus ao que o MVP da Liga ACB ganharia no mercado europeu.

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Outro candidato ao título acertou uma renovação contratual importantíssima nesta terça: o Indiana Pacers, segurando David West. O pivô deve ganhar US$ 12 milhões em cada um dos próximos três campeonatos. Um valor que contextualiza bem a bolada que Tiago vai levar no Texas.