Vinte Um

Arquivo : Paul Millsap

Mercado da Divisão Sudeste: Pat Riley virou a página
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Giancarlo Giampietro

Quem já leu os textos sobre a Divisão Central ou sobre a Divisão Pacífico, pode pular os parágrafos abaixo, que estão repetidos, indo direto para os comentários clube a clube. Só vale colar aqui novamente para o marujo de primeira viagem, como contexto ao que se vê de loucura por aí no mercado de agentes livres da NBA

riley-wade-miami-heat

As equipes da NBA já se comprometeram em pagar algo em torno de US$ 3 bilhões em novos contratos com os jogadores, desde o dia 1º de julho, quando o mercado de agentes livres foi aberto. Na real, juntos, os 30 clubes da liga já devem ter passado dessa marca. Cá entre nós: quando os caras chegam a uma cifra dessas, nem carece mais de ser tão preciso aqui. Para se ter uma ideia, na terça-feira passada, quarto dia de contratações, o gasto estava na média de US$ 9 mil por segundo.

É muita grana.

O orçamento da liga cresceu consideravelmente devido ao novo contrato de TV. O teto salarial subiu junto. Se, em 2014, o teto era de US$ 63 milhões, agora pode bater a marca de US$ 94 milhões. Um aumento de 50%. Então é natural que os contratos acertados a partir de 1o de julho sejam fomentados desta maneira.

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Vem daí o acordo acachapante fechado entre Mike Conley Jr. e Memphis Grizzlies, de US$ 152 milhões por cinco anos de duração, o maior já assinado na história. Na média anual, é também o mais caro da liga. O que não quer dizer que o clube o considere mais valioso que Durant e LeBron. É só que Robert Pera concordou em pagar ao armador o máximo que a franquia podia (no seu caso, com nove anos de carreira, 30% do teto salarial), de acordo com as novas regras do jogo.

Então é isto: não adianta ficar comparando o salário assinado em 2012 com os de agora. Se Stephen Curry, com US$ 12 milhões, ganha menos da metade de Conley, é por cruel e bem particular conjuntura. Quando o MVP definiu seu vínculo, estava ameaçado por lesões aparentemente crônicas e num contexto financeiro com limites muito mais apertados. Numa liga com toda a sua economia regulamentada, acontece.

O injusto não é Kent Bazemore e Evan Turner ganharem US$ 17 milhões anuais. O novo cenário oferece isso aos jogadores. O que bagunça a cabeça é o fato de que LeBron e afins não ganham muito mais do que essa dupla, justamente por estarem presos ao salário máximo. Esses caras estão amarrados de um modo que nunca vão ganhar aquilo que verdadeiramente merecem segundo as regras vigentes, embora haja boas sugestões para se driblar isso.

Feito esse registro, não significa que não exista mais o conceito de maus contratos. Claro que não. Alguns contratos absurdos já foram apalavrados. O Lakers está aí para comprovar isso. Durante a tarde de sexta-feira, recebi esta mensagem de um vice-presidente de um dos clubes do Oeste, envolvido ativamente em negociações: “Mozgov…  Turner…  Solomon… Sem palavras”. A nova economia da liga bagunça quem está por dentro também. As escorregadas têm a ver com grana, sim, mas pondo em conta o talento dos atletas, a forma como eles se encaixam no time, além da duração do contrato.

Então o que aconteceu de melhor até aqui?

Para constar: o blog ficou um pouco parado nas últimas semanas por motivo de frila, mas a conta do Twitter esteve bastante ativa (há muita coisa que entra lá que não vai se repetir aqui). De qualquer forma, também é preciso entender que, neste período de Draft e mercado aberto, a não ser que você possa processar informações como um robô de última geração como Kevin Pelton, do ESPN.com,  o recomendável não é sair escrevendo qualquer bobagem a cada anúncio do Wojnarowski no Vertical. Uma transação de um clube específico pode ser apenas o primeiro passo num movimento maior, mais planejado. A contratação de Rajon Rondo pelo Chicago Bulls no final de semana muda de figura quando o clube surpreende ao fechar com Dwyane Wade, por exemplo. No caso, fica ainda pior.

Agora, com mais de dez dias de mercado, muita coisa aconteceu, tendo sobrado poucos agentes livres que realmente podem fazer a diferença na temporada, deixando o momento mais propício para comentários:

– Atlanta Hawks
Quem chegou: Dwight Howard e os calouros Taurean Prince e DeAndre Bembry.
Quem ficou: Kent Bazemore.
Quem saiu: Al Horford (Celtics), Jeff Teague (Pacers) e Lamar Patterson (Kings).

Howard chorou em sua coletiva de apresentação

Howard chorou em sua coletiva de apresentação

Se você é torcedor do Atlanta Hawks, melhor não ler este artigo aqui de Zach Lowe. O melhor analista da NBA nos conta qual era o verdadeiro plano de Mike Budenholzer para este mês. A ideia basicamente era renovar com Horford, fazendo nova dupla com Howard, e trocar Paul Millsap.

Mas por que diabos trocariam o melhor jogador do time e um dos melhores alas-pivôs da liga? Por que, em 2017, ele vai virar agente livre, e seu próximo salário pode passar da casa de US$ 35 milhões anuais. Uma coisa é pagar isso a um cara de 30 anos. Outra, para alguém se aproximando dos 35, no finalzinho do contrato. Então eles poderiam repassá-lo agora, descolar de Phoenix, Denver ou Toronto algumas jovens peças e escolhas de Draft, dando um jeito de manter um time ainda bastante competitivo no Leste, ao mesmo tempo em que preparavam uma transição para um novo núcleo. Pois Horford não queria jogar com Howard, queria o máximo de dólares que Atlanta lhe poderia dar, não recebeu, então se mandou para Boston.  Agora Millsap retorna sabendo muito bem que poderia ter mudado de endereço. Um elemento incômodo para a química no vestiário. Bote aí uma também uma criançona como seu novo contratado, e o clima de paz e amor dentro do clube será desafiado.

Vamos ver como o antigo superpivô vai se comportar e jogar. Desde que saiu de Orlando, Howard basicamente só resmunga. Primeiro foi com Kobe. No ano passado, com Harden. Também reclama de técnicos quando a bola não chega e tem dificuldade para se manter em forma – não faz mais sentido recordar seus anos dourados quando sustentava uma forte defesa por conta própria. Enfim, faz tempo que ele dá dor-de-cabeça. Não havia, porém, gente tão boa assim disponível no mercado. Por US$ 23,5 milhões anuais, ele vai ganhar algo em torno de 40% a mais que Timofey Mozgov, sendo ainda muito mais jogador, de todo modo. Para assimilar o pivô, que nunca foi um grande passador e comete muitos turnovers, Budenholzer vai precisar adaptar bem seu sistema.

De resto, os dias de Jeff Teague estavam contados por lá, mesmo. É outro que vai pedir uma boa grana no ano que vem e, neste caso, já havia um substituto preparado. A NBA inteira agora vai ver se Dennis Schröder tem maturidade e bola para ser um titular numa equipe de ponta. O retorno por Teague na troca tripla com Indiana e Utah foi o ala Taurean Prince, um protótipo de DeMarre Carroll. Mesmo sendo mais velho que o novato comum, vindo de quatro anos de universidade, ainda não está pronto para entrar na rotação. O clube confia que sua comissão técnica dê um jeito nisso o quanto antes. A esperança é que ele eventualmente se transforme num defensor que possa incomodar o tal do LeBron. Já Bembry não só vai reforçar o time dos DeAndre na liga, algo sempre muito bem-vindo, como também tende a se encaixar na sinfonia de passes no ataque. Não representa ameaça nenhuma como atirador, mas deve ganhar seus minutos ao lado de Korver, Sefolosha e Bazemore. Pois é, Bazemore disse não ao Lakers e ao Rockets e ficou, ganhando agora mais de US$ 17 milhões por temporada. É um preço salgado, mas esta é a nova economia da liga. E estamos falando de um ala muito útil, que contribui ao time em diversas vertentes e, mesmo aos 26 anos, parece ainda ter potencial para ser explorado.

O Atlanta ainda tem talento para se manter entre os quatro melhores do Leste, desde que Howard produza um pouco mais do que fez em Houston, sem corroer o espírito da equipe, que Schrödinho responda como a franquia espera e que Millsap ignore o ruído das últimas semanas. Mas o elenco não evoluiu nem pensando no agora mesmo, nem para daqui a pouco.

– Charlotte Hornets
Quem chegou: Marco Belinelli, Roy Hibbert, Brian Roberts, Ramon Sessions e Christian Wood.
Quem ficou: Nicolas Batum e Marvin Williams.
Quem saiu: Courtney Lee (Knicks), Al Jefferson (Pacers), Jeremy Lin (Nets) e Troy Daniels (Grizzlies).

Batum é de Charlotte

Batum é de Charlotte, e ninguém tasca

A boa campanha na temporada passada teve seu preço para Charlotte: US$ 174,5 milhões em contratos para Batum e Williams e a perda de peças importantes como Lee, Jefferson e Lin. Considerando todas as possibilidades de mercado e as perdas e danos que o clube teve, Michael Jordan não tem do que reclamar.

O mínimo vacilo, hesitação que a franquia desse, e pode ter certeza que os dois agentes livres que renovaram seus contratos teriam saído. Batum ainda é um dos alas mais completos da liga, mesmo que nunca tenha ativado aquele instinto assassino que todos os seus talentos poderiam empregar muito bem. Já Williams foi um dos atletas que mais evoluiu nos últimos dois anos, se aproximando daquela imagem que muitos scouts projetavam quando ele foi eleito o número dois do Draft de 2005, logo acima de Deron Williams e Chris Paul.

Lee e Lin formaram excelente conjunto com o ala francês e o cestinha Kemba Walker, mas ficaram muito valorizados, sem que o Hornets tivesse condições de bancar seus contratos. A equipe vai sentir a falta de um na defesa e, do outro no ataque. Mas o técnico Steve Clifford foi competente o bastante desde que chegou a Charlotte para a diretoria confiar que o desenvolvimento interno pode compensar, de certa forma, essas baixas. Sob o comando de Gregg Popovich, Marco Belinelli jogou seu basquete mais consistente. No campeonato passado, foi um desastre para Sacramento. Mastalvez possa se recuperar em um time muito mais organizado. (É bom que o faça, já que custou uma escolha de primeira rodada de Draft, com bons prospectos ainda disponíveis.)

Já Al Jefferson, tão importante em 2014, mostrando que a cidade pode ser, sim, um destino para grandes contratações, acabou se tornando supérfluo depois de tantas lesões e de o gerente geral Rick Cho branquelos para o garrafão. Cody Zeller, Frank Kaminsky e Spencer Hawes não têm nem metade da habilidade do veterano para atacar em post ups, mas, coletivamente, podem suprir sua pontuação e contribuir para a movimentação e espaçamento do ataque. E ainda temos aqui Hibbert como alternativa, tentando esquecer o pesadelo que foi sua experiência em Hollywood.

– Miami Heat
Quem chegou: Derrick Williams, James Johnson, Wayne Ellington, Willie Reed, Luke Babbitt e Rodney McGruder.
Quem ficou: Hassan Whiteside, Udonis Haslem e Tyler Johnson.
Quem saiu: Dwyane Wade (Bulls), Joe Johnson (Jazz) e Luol Deng (Lakers).

Quem saiu: Dwyane Wade. Quem chegou: Wayne Ellington. É, meu amigo torcedor do Heat, eu sei que dói. Comparando assim de cara, é até um disparate. Com melhor diplomacia, mais jogo de cintura, Pat Riley poderia ter mantido Wade em Miami, sem dúvida. Agora… E se Riley, hã, por acaso, estiver certo nessa?

Vamos pensar por um instante: ainda que ele tenha disputado mais de 70 partidas de temporada regular pela primeira vez desde 2011, sua eficiência em quadra só vem diminuindo. Algo esperado, gente, para um ala-armador que foi um dos maiores atletas de sua geração e nunca desenvolveu seu arremesso de longa distância para compensar essa coisa infalível chamada envelhecimento.

Sim, Wade ainda é produtivo. Nos playoffs, conseguiu carregar a equipe nas costas uma última vez. E, sim, ele deu alguns descontos para o clube no passado, especialmente em 2010, para que LeBron e Bosh fossem contratados. Mas, veja bem: não é que só o Miami tenha se beneficiado nessa. O próprio Wade foi bem menos exigido com a chegada de mais duas estrelas, em vez de ficar sofrendo para tentar decifrar Michael Beasley.

Aos 34 anos, uma hora o fim vai chegar. E Riley simplesmente não estava disposto a pagar US$ 20 ou 25 milhões por ele. Foi uma traição? Foi desleal? Ou foi simplesmente pensando no melhor para o clube? Ou já nos esquecemos o que foram as últimas temporadas do Lakers com Kobe Bryant? A última campanha, especificamente, é algo que deve atormentar qualquer dirigente mais consciente.  Houve momentos comoventes, divertidos, surreais… E aqui está o Lakers no escuro, desamparado, sem nem mesmo conseguir uma reunião com Hassan Whiteside.

Para o pivô, era Heat ou Mavs. Ficou na Flórida, como um pilar para que a franquia se reconstrua. Sem a sombra de Wade, Goran Dragic vai assumir as rédeas do ataque e jogar mais ao seu estilo. A ameaça de pick-and-roll com Whiteside já é o suficiente para sustentar um bom ataque. Se Chris Bosh conseguir superar os temores por sua saúde e for liberado, é um núcleo para playoff. Se o pivô for barrado, vida que segue, com o clube contando com o progresso contínuo que os jovens atletas vêm apresentando.

Ainda vai levar um tempo para Justise Winslow ameaçar no ataque, mas sua presença em quadra já trás mais pontos positivos que negativos. Josh Richardson foi um tremendo achado no ano passado. Tyler Johnson obviamente não vale hoje os US$ 50 milhões que o Nets o ofereceu, mas tem potencial de sobra para eventualmente justificar o contrato ao final de sua duração. Reed será um ótimo reserva para Whiteside. E estou curioso para ver o que Derrick Williams pode render com Erik Spoelstra, tendo espaço para carregar uma boa carga ofensiva, correndo ao lado de Dragic e Whiteside.

– Orlando Magic
Quem chegou: Serge Ibaka, Bismack Biyombo, Jeff Green, DJ Augustin, Jodie Meeks, CJ Wilcox e Stephen Zimmerman.
Quem ficou: Evan Fournier.
Quem saiu: Victor Oladipo (Thunder), Ersan Ilyasova (Thunder), Brandon Jennings (Knicks), Dewayne Dedmon (Spurs), Andrew Nicholson (Wizards), Jason Smith (Wizards), Devyn Marble (Clippers) e Shabazz Napier (Blazers).

Só está faltando Mutombo de diretor em Orlando para a Conexão Congo ficar completa

Só está faltando Mutombo de diretor em Orlando para a Conexão Congo ficar completa

Está aqui um dos clubes mais enigmáticos da NBA. Com o gerente geral Rob Hennigan espera que Frank Vogel vá distribuir os minutos da linha de frente entre Ibaka, Biyombo, Vucevic, Green e Hezonja, é uma ótima pergunta.

Quando a equipe anunciou sua  troca surpreendente com OKC, já havia questionado o que a chegada do congolês significava para o jogador mais promissor do elenco, que é Gordon. Para mim, me parece claro que o futuro desse superatleta é como ala-pivô explosivo e dinâmico”, em vez de “ala forte, alto, mas muito mecânico, travado com a bola”. Ao adicionar também Biyombo, parece que o objetivo é empurrar o rapaz para o perímetro, mesmo. Mas aí o cara vai e me contrata Jeff Green também? Por US$ 15 milhões por um só ano? Que é mais do que Tobias Harris vai receber neste próximo campeonato? Difícil de entender isso.

Enquanto isso, sua back court está bastante enfraquecida. Ou Elfrid Payton dá um passo adiante, assumindo o controle de fato do ataque, ou talvez não adiante nada ter tantos pivôs e atletas estocados assim, sem que eles possam receber a bola. DJ Augustin encontrou seu rumo na liga, mas como pontuador vindo do banco, e não como o organizador que se esperava quando saiu da universidade. Fournier e Meeks oferecem arremesso de longa distância, mas vão se revezar em quadra, de modo que a quadra pode ficar bastante apertada também. A não ser que Ibaka jogue aberto o tempo todo.

O Orlando vai de técnico em técnico, de plano em plano, como se fosse um Phoenix Suns do Leste, querendo brigar pelos playoffs, mas sem cuidar direito de seus atletas mais jovens também. Com Skiles, a equipe teve seus momentos na temporada passada, mas perdeu rendimento rapidamente. O sargentão já não consegue motivar um grupo nem mesmo por um campeonato que seja. Nesse sentido, o acerto com Vogel não poderia ser mais positivo – os dois são completamente diferentes no trato com os atletas. O ex-treinador do Pacers, porém, será ainda mais testado do que foi na temporada passada. E isso foi com Monta Ellis, Rodney Stuckey, CJ Miles e Jordan Hill recebendo muitos minutos…

Washington Wizards (Atualizado nesta terça-feira, dia 19)
Quem chegou: Ian Mahinmi, Tomas Satoransky, Andrew Nicholson, Jason Smith e Marcus Thornton.
Quem ficou: Bradley Beal.
Quem saiu: Nenê (Rockets), Jared Dudley (Suns), Garrett Temple (Kings) e Ramon Sessions (Hornets).

Mahinmi e Gortat vão dividir a zona pintada no quintal de Obama

Mahinmi e Gortat vão dividir a zona pintada no quintal de Obama

O Wizards foi outro clube que, tal como o Lakers, passou um carão danado ao ser rejeitado de imediato por Kevin Durant, que não quis nem mesmo cogitar a possibilidade de jogar em casa. Isso depois de o clube ter se planejado por três temporadas, no mínimo, para tentar contratá-lo.

Ao levar um fora desses, o clube parece ter ficado um pouco desnorteado. Assinou, então, com Bradley Beal por aproximadamente US$ 130 milhões. Para um atleta que, aos 22 anos, nunca disputou mais do que 73 partidas em quatro temporadas de liga – sem que seu tempo de quadra se aproximasse dos 40 minutos também –, esse é um compromisso, e tanto, hein? Especialmente quando Beal era um agente livre restrito. Isto é, o trunfo era de Washington nesse caso, podendo agir com paciência, para saber qual a temperatura do mercado – mesmo que isso pudesse, a princípio, irritar jogador e agente.

Depois, sem ter mais onde por seu dinheiro, o proprietário Ted Leonsis validou a oferta por Ian Mahinmi (US$ 64 milhões por quatro anos, o mesmo valor de Mozgov & Lakers). O pivô francês é um ano mais jovem que o russo e jogou muito mais na temporada passada. Não foi um contrato descabido. O problema é que, hã, o Wizards já tem um pivô titular bastante competente, e não há como o reforço dividir a quadra com Marcin Gortat. Tanto que o clube se sentiu impelido ainda a investir em Nicholson e Smith, grandalhões que são ótimos arremessadores.

Um reforço mais interessante é o tcheco Satoransky, que chega após quatro depois de seu Draft. O armador de 2,01m de altura chega aos Estados Unidos na hora certa, aos 24 anos, tendo disputado partidas e competições importantes pelo Barcelona. Satoransky empresta versatilidade ao técnico Scott Brooks, podendo vir do banco de reservas para render John Wall, Beal ou mesmo Otto Porter.

Enquanto Wall se recupera de uma cirurgia no joelho (toc-toc-toc), a principal aposta de melhora em quadra talvez seja mesmo Markieff Morris, que pode contribuir ainda mais para o time vindo de training camp completo, desde que esteja com a cabeça no lugar. Vamos ver também como Scott Brooks se sai sem dois dois cinco melhores jogadores da liga em seu time.

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Mercado da Divisão Central: Chicago Bulls é um agito que só
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Giancarlo Giampietro

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A segunda grande bomba do mercado: Wade no Bulls

As equipes da NBA já se comprometeram em pagar algo em torno de US$ 3 bilhões em novos contratos com os jogadores, desde o dia 1º de julho, quando o mercado de agentes livres foi aberto. Na real, juntos, os 30 clubes da liga já devem ter passado dessa marca. Cá entre nós: quando os caras chegam a uma cifra dessas, nem carece mais de ser tão preciso aqui. Para se ter uma ideia, na terça-feira passada, quarto dia de contratações, o gasto estava na média de US$ 9 mil por segundo.

É muita grana.

O orçamento da liga cresceu consideravelmente devido ao novo contrato de TV. O teto salarial subiu junto. Se, em 2014, o teto era de US$ 63 milhões, agora pode bater a marca de US$ 94 milhões. Um aumento de 50%. Então é natural que os contratos acertados a partir de 1o de julho sejam fomentados desta maneira.

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Vem daí o acordo acachapante fechado entre Mike Conley Jr. e Memphis Grizzlies, de US$ 152 milhões por cinco anos de duração, o maior já assinado na história. Na média anual, é também o mais caro da liga. O que não quer dizer que o clube o considere mais valioso que Durant e LeBron. É só que Robert Pera concordou em pagar ao armador o máximo que a franquia podia (no seu caso, com nove anos de carreira, 30% do teto salarial), de acordo com as novas regras do jogo.

Então é isto: não adianta ficar comparando o salário assinado em 2012 com os de agora. Se Stephen Curry, com US$ 12 milhões, ganha menos da metade de Conley, é por cruel e bem particular conjuntura. Quando o MVP definiu seu vínculo, estava ameaçado por lesões aparentemente crônicas e num contexto financeiro com limites muito mais apertados. Numa liga com toda a sua economia regulamentada, acontece.

O injusto não é Kent Bazemore e Evan Turner ganharem US$ 17 milhões anuais. O novo cenário oferece isso aos jogadores. O que bagunça a cabeça é o fato de que LeBron e afins não ganham muito mais do que essa dupla, justamente por estarem presos ao salário máximo. Esses caras estão amarrados de um modo que nunca vão ganhar aquilo que verdadeiramente merecem segundo as regras vigentes, embora haja boas sugestões para se driblar isso.

Feito esse registro, não significa que não exista mais o conceito de maus contratos. Claro que não. Alguns contratos absurdos já foram apalavrados. O Lakers está aí para comprovar isso. Durante a tarde de sexta-feira, recebi esta mensagem de um vice-presidente de um dos clubes do Oeste, envolvido ativamente em negociações: “Mozgov…  Turner…  Solomon… Sem palavras”. A nova economia da liga bagunça quem está por dentro também. As escorregadas têm a ver com grana, sim, mas pondo em conta o talento dos atletas, a forma como eles se encaixam no time, além da duração do contrato.

Então o que aconteceu de melhor até aqui?

Bem, o que podemos dizer que a NBA definitivamente não é a mesma desde o encerramento da temporada passada. Já está muito looooonge de sua versão 2015-16, a começar pela estarrecedora transferência de Kevin Durant para o Golden State Warriors, algo que já causou e ainda pode causar muito impacto na vida de muita gente da liga.

Para constar: o blog ficou um pouco parado nas últimas semanas por motivo de frila, mas a conta do Twitter esteve bastante ativa (há muita coisa que entra lá que não vai se repetir aqui). De qualquer forma, também é preciso entender que, neste período de Draft e mercado aberto, a não ser que você possa processar informações como um robô de última geração como Kevin Pelton, do ESPN.com,  o recomendável não é sair escrevendo qualquer bobagem a cada anúncio do Wojnarowski no Vertical. Uma transação de um clube específico pode ser apenas o primeiro passo num movimento maior, mais planejado. A contratação de Rajon Rondo pelo Chicago Bulls no final de semana muda de figura quando o clube surpreende ao fechar com Dwyane Wade, por exemplo. No caso, fica ainda pior.

Agora, com mais de dez dias de mercado, muita coisa aconteceu, tendo sobrado poucos agentes livres que realmente podem fazer a diferença na temporada, deixando o momento mais propício para comentários.

LeBron ainda não assinou nada, mas ele já disse que não sai de Cleveland, e o discurso tem sido repetido por seu agente quando os outros clubes o procuram, talvez intrigados pela demora no acerto. De resto, temos os seguintes atletas disponíveis por aí: JR Smith (que deve renovar com o Cavs também), Donatas Motiejunas (incógnita, por causa das costas), Terrence Jones (incógnita, por causa da cabeça e do coração), Dion Waiters (boa sorte), Lance Stephenson (idem), Jordan Hill, David Lee… Enfim, deu para sacar. Sullinger é um cara em que talvez valha a aposta, confiando que ele vá se manter em forma. Maurice Harkless, do Portland, é outro. Mas o futuro de nenhuma franquia depende dessas contratações.

Então, vamos lá, em duas partes, começando pelo Leste e pela Divisão Central:

– Chicago Bulls

Rondo vai se comportar em Chicago? É sua quarta cidade em três anos

Rondo vai se comportar em Chicago? É sua quarta cidade em três anos

Quem chegou: Dwyane Wade, Rajon Rondo, Robin Lopez, Jerian Grant, Denzel Valentine.
Quem saiu: Derrick Rose (Knicks), Joakim Noah (Knicks), Pau Gasol (Spurs), Mike Dunleavy Jr. (Cavs), Justin Holiday (Knicks), E’Twaun Moore (Pelicans), Cameron Bairstow (Pistons).
Quem chegou e saiu logo depois: José Calderón (Lakers) e Spencer Dinwiddie.

É… A gente mal se acostumou ainda com a ideia de que Kevin Durant não vai mais jogar ao lado de Russell Westbrook, Pat Riley resolve fazer jogo duro com Dwyane Wade, e o cara se manda para Chicago. A gente poderia dizer que ele jogaria em casa, em sua cidade natal. Mas soa errado usar esse termo, não? Pelo menos depois do tanto de identificação que Wade construiu em Miami. Então essa ideia de casa, agora, fica no mínimo confusa.

Sobre a saída traumática da Flórida e como as coisas chegaram a esse ponto, o assunto precisa de um texto maior. Aqui, vamos nos concentrar sobre o que sua chegada representa para o Bulls. Primeiro de tudo, dá a entender que a franquia jamais imaginava que seria possível fechar com o astro. Sua contratação tem mais a ver com uma vingança de Wade contra Riley do que com um desejo/plano do clube ou mesmo do atleta. Criatividade e flexibilidade são bem-vindas na NBA. O clube, porém, parece estar agindo muito mais de improviso, com remendo. Se a era Derrick Rose-Joakim Noah ficou para trás, o projeto de reformulação também não foi ativado.

E aí sobram questões. A principal delas: se tivesse a mínima suspeita de que seria possível um acordo com um jogador dessa magnitude – mas já bem distante de seu auge –, John Paxson e Gar Forman teriam concordado  em assinar com Rajon Rondo? A segunda: teria feito um esforço maior para renovar com Pau Gasol? Se é para escalar Dwyane Wade no seu quinteto inicial, sua pretensão, em tese, é de competir agora. Para isso, você precisaria de bons arremessadores em quadra. Gasol ajudaria muito no primeiro quesito. Rondo só atrapalha no segundo. Então… Era o caso mesmo de trazer esse futuro membro do Hall da Fama? Sem dúvida ele vai atrair público e mídia. Mas e se for apenas para um circo?

Se Fred Hoiberg idealiza um sistema com a bola girando de um lado para o outro para definições rápidas, com espaçamento, o elenco que a dupla Paxson-Forman vai lhe entregar não poderia ser mais incongruente ao formar um trio com Rondo, Wade e Jimmy Butler. Na temporada passada, com 36,5% de acerto, Rondo teve a melhor pontaria entre os três, o que diz muito. Mas o pior é pensar na movimentação do ataque. Antes de o torcedor mais fanático do Bulls sair disparando por aí as médias de assistências do trio, estamos falando de três caras que retêm demais a bola e tendem a fazer apenas o passe final. Mais uma prova sobre como os números não contam toda a história.
Temos aqui um caso clássico de diretoria que foi atrás de nomes, em vez de peças que se complementem. Se tudo leva a crer que a combinação desses três jogadores em quadra será muito complicada, o que esperar então da química no vestiário? Desde já, logo após o Warriors de Kevin Durant, o Bulls já pode ser considerado o segundo time mais fascinante para se acompanhar na próxima temporada. Os setoristas do Bulls devem se preparar para uma montanha-russa. Nikola Mirotic e Doug McDermott também serão bastante exigidos.
Nesse contexto complicado, mesmo aquilo que já escrevi sobre os jogadores que vieram no pacote por Rose está comprometido. Robin Lopez tem agora a chance de brigar pelo prêmio de melhor reboteiro, porque haja bico. As oportunidades que teve para subir com seu lento, mas eficiente gancho em Nova York também serão reduzidas – por falta de toques na bola e também pelo aperto da quadra. Já a promessa Jerian Grant está relegada ao banco, se tanto.

Comparando com seus quatro concorrentes de divisão, vemos como o Chicago foi provavelmente o que mais agitou nas últimas semanas. Nada menos que nove atletas se mandaram, incluindo um Calderón que nem mesmo posou para foto com a camisa da equipe. Resta saber se dessa hiperatividade toda vai sair o caos ou se, por um milagre, Rondo, Wade e Butler vão encontrar um meio de conviver em paz.

– Cleveland Cavaliers

Diga ao povo de Cleveland que Richard Jefferson fica

Diga ao povo de Cleveland que Richard Jefferson fica

Quem chegou: Mike Dunleavy Jr e Kay Felder (*).
Quem ficou: Richard Jefferson.
Quem saiu: Matthew Dellavedova (Bucks) e Timofey Mozgov (Lakers).

Vamos considerar que logo mais LeBron e JR terão seus contratos renovados. Ponto.

Mozgov foi banido da rotação por Tyronn Lue e não fez falta nenhuma na campanha pelos playoffs, com a rotação interior sendo dominada por LeBron, Love, Thompson e Frye. Para a próxima temporada, o time talvez ainda precisa de um protetor de aro, mas não havia como nem chegar perto da grana que o Lakers deu para o russo. A ver como eles vão lidar com essa lacuna. Não que seja um tópico desesperador para os atuais campeões.

Matthew Dellavedova fará mais falta em longo prazo, devido a sua intensidade defensiva, entrando em quadra pra compensar a passividade frequente de Kyrie Irving – a ver se o título e a sensação de competir com Steph Curry nas finais empurra o talentosíssimo armador a outro patamar em termos de dedicação. Fará falta também do ponto de vista de química no vestiário. Mas é outro que ficou muito valorizado no mercado. O risco aqui é depender de Mo Williams como reserva de Irving. Não que ele ainda não tenha jogo para conduzir uma segunda unidade por 15 minutinhos. O problema é físico (e também defensivo). Aí que precisa ver se o calouro Kay Felder pode entrar nessa disputa.  O baixinho, que, se não me engano, ainda não assinou contrato, vai ser testado na liga de verão de Vegas nos próximos dias. É um prospecto interessante, que tem como comparação mais próxima Isaiah Thomas, do ponto de vista de tamanho e velocidade. Tem menos habilidade com a bola, mas é ainda mais atlético. A conferir.

Em termos de liderança e figura exemplar no dia a dia, ao menos Lue foi agraciado com a mudança de opinião de Richard Jefferson, cuja aposentadoria não durou nem 24 horas. Agora tem uma coisa: por mais que o veterano ala tenha sido um surpreendente trunfo nas finais, não dá para imaginar que ele terá o mesmo impacto em quadra durante um campeonato inteiro aos 36 anos. Uma coisa é se atirar ao chão feito maluco em uma série melhor-de-sete. Outra, por 82 partidas. Nesse sentido, a adição de Dunleavy, num presentão de Chicago – já que não custou nada –, é bastante valiosa. O Cavs ganha mais um jogador maduro e produtivo. O bônus? É um ótimo chutador para deixar a quadra ainda mais espaçada para LeBron operar. O ala, por sinal, era um alvo antigo de LBJ.

O Cavs ainda é disparado o melhor time do Leste. Isso não é problema. A curiosidade fica apenas para ver se vão procurar alguma troca como reação ao acordo firmado entre Durant e o Warriors. Se fosse Kevin Love, ainda não me acostumaria assim com a ideia de que Cleveland virou casa.

– Detroit Pistons

SVG reforça seu banco. Ish Smith é um tampinha isolado em meio a grandões

SVG reforça seu banco. Ish Smith é um tampinha isolado em meio a grandões

Quem chegou: Henry Ellenson, Jon Leuer, Ish Smith, Michael Gbinije, Cameron Bairstow e Boban Marjanovic.
Quem ficou: Andre Drummond.
Quem saiu: Anthony Tolliver (Kings), Jodie Meeks (Magic) e Spencer Dinwiddie (Bulls).

Hã… Legal que tenham cuidado da renovação de Drummond o mais rápido possível. Bacana demais para o time que um talento como Ellenson tenha derrapado até a 18ª posição do Draft. O calouro tem um jogo de frente para a cesta que, se desenvolvido da melhor forma, pode se tornar um complemento perfeito para seu franchise player. Tá. Mas considerando que o clube já tinha Marcus Morris e Tobias Harris como opções de stretch fours, além de um reserva produtivo como Aron Baynes, é muito difícil de entender a contratação de mais três grandalhões para a rotação.

Especialmente no caso de Marjanovic, bota grandalhão e ponto de interrogação nisso. O gigante sérvio era um agente livre restrito e  assinou por US$ 21 milhões e três anos – não havia como o Spurs cobrir essa proposta. Então o que SVG pretende fazer com ele? Será promovido imediatamente ao posto de reserva de Drummond? E Baynes, que mal acabou de terminar seu primeiro ano de contrato? Será trocado? De tantos clubes que poderiam procurá-lo, jamais poderia supor que o Detroit faria a melhor oferta.

Sobre Leuer: não há dúvida de que ele fez um ótimo campeonato pelo Phoenix Suns. Foi dos poucos pontos positivos em uma campanha sofrível do clube do Arizona. Merecia um bom aumento para quem ganhava pouco mais de US$ 1 milhão. Daí a pagar US$ 42 milhões por quatro anos parece um exagero. Meeeeesmo Na Nova Economia da NBA (era melhor adotar uma sigla já para isso). Será que tinha tanta gente apinhada assim para oferecer um contrato destes? Leuer vai ter oportunidade para fazer valer o investimento? Ele arremessa bem de frente para a cesta, pode cortar bem num pick and roll, mas não é exatamente um terror para as defesas, até por não ser um grande passador. Em sua carreira, ele acumulou apenas 171 assistências em 243 partidas. . Jogando ao lado de Drummond, sua movimentação lateral também seria testada contra alas-pivôs mais ágeis. Não parece ser alguém bom o bastante para ser titular numa equipe com pretensões de avançar nos playoffs. Mais de US$ 10 milhões anuais é o novo preço de um reserva?

O que dizer, então, de Bairstow? O australiano, que virá para o #Rio2016, terá dificuldade para ficar no elenco, que veio em troca por Dinwiddie. É um cara que joga duro, inteligente, mas muito limitado do ponto de vista atlético.

Para o banco, Ish Smith parece ótima pedida, acelerando o ataque do Pistons nos momentos de descanso de Reggie Jackson. Dependendo do adversário, os dois também podem jogar juntos, desde que Jackson arremesse com com consistência de longa distância. Aos 24 anos, sendo uma das apostas nigerianas para os Jogos Olímpicos, o versátil Gbinije é um novato bem mais velho que a média e pode eventualmente ganhar espaço no banco.

– Indiana Pacers

Teague vai acelerar o Indiana. (Mas Nate McMillan é o técnico indicado?)

Teague vai acelerar o Indiana. (Mas Nate McMillan é o técnico indicado?)

Quem chegou: Jeff Teague, Thaddeus Young, Al Jefferson, Jeremy Evans e Georges Niang (*).
Quem saiu: George Hill (Jazz), Ian Mahinmi (Wizards) e Solomon Hill (Pelicans).

Já escrevi sobre as adições de Teague e Young. Larry Bird enfim deve ver o Indiana correndo mais, com jogadores bastante velozes e criativos para suas posições ao redor de Paul George. Teague deve tornar a vida do astro bem mais fácil no ataque, botando pressão nas defesas. Young deixa a linha de frente flexível. Foram excelentes contratações – ainda que considere o encaixe com Monta Ellis um tanto suspeito: o ideal seria encontrar um novo destino para esse pouco eficiente cestinha.

Se o intuito era acelerar geral, a contratação de Al Jefferson já parece deslocada, mesmo que ele vá receber menos que Leuer pelos próximos três anos (US$ 30 milhões). Pensando melhor, porém, o Big Al oferece ao técnico Nate McMillan uma segunda via ofensiva, para jogos mais truncados. Se as costas e os joelhos permitirem, o pivô ainda pode ser uma referência esporádica de costas para a cesta, com sua munheca invejável e um repertório ainda considerável de movimentos.

Ainda assim, é curioso que o clube tenha deixado Mahinmi sair, depois do tanto que o francês evoluiu nos últimos dois anos, segurando as pontas na defesa, sem que a saída de Roy Hibbert surtisse efeito nenhum. Pedir proteção de aro e cobertura para Jefferson seria uma piada cruel. O que dá para imaginar então? Que o jovem Myles Turner vai ser bastante exigido como patrulheiro no garrafão. Não está claro que apenas um ano de experiência tenha sido o suficiente para ele, em termos de bagagem tática para arcar com uma responsabilidade dessa. Lembrando que a equipe já vai perder a contenção de George Hill na primeira linha de marcação.

Niang é um caso semelhante ao de Gbinije: calouro, mas bastante rodado. Terá basicamente um ano, com contrato garantido, para provar que é jogador de NBA. Para isso, vai ter de brigar por espaço com Glenn Robinson III (que vem evoluindo gradativamente, vale ficar de olho) e o veterano Jeremy Evans, que também não se achou em Dallas.

Antes de tudo, fica a dúvida também para saber se McMillan é o treinador indicado para conduzir essa mudança de estilo. Em Seattle e Portland, seus times estavam entre os mais lentos e controlados da liga.

– Milwaukee Bucks

Entra Delly, sai Bayless na rotação de Kidd

Entra Delly, sai Bayless na rotação de Kidd

Quem chegou: Matthew Dellavedova, Mirza Teletovic, Thon Maker e Malcom Brogdon.
Quem saiu: Jerryd Bayless (Sixers), Greivis Vasquez (Nets), OJ Mayo, Damian Inglis, Johnny O’Bryant.

Discretamente, o Bucks se reforçou muito bem. Enquanto a NBA inteira se concentra em fazer piadas sobre a idade do calouro Thon Maker, o gerente geral John Hammond (*) deu uma boa força a Jason Kidd ao adicionar dois atletas experientes e excelentes nos arremessos de longa distância como Teletovic e Delly, suprindo a maior carência do elenco, enquanto Giannis Antetokounmpo e Jabari Parker ainda encontram dificuldades no assunto. Como se não bastasse, a dupla também contribui com experiência.

(*O asterisco aqui é para dizer que não dá para saber se o gerente geral nominal ainda está dando as cartas, ou se Jason Kidd é quem tem a decisão final, mesmo. Emulando o que o Golden State Warriors fez com Bob Myers, a franquia já contratou o ex-agente Justin Zanik, que estava em Utah, para ser o seu substituto em 2018, quando Hammond será deslocado para uma posição de consultor.)

Se Giannis vai realmente começar o campeonato como o armador do time, faz todo o sentido ter o australiano ao seu lado, para ajudar na condução e também para marcar o baixinho do outro lado, tal como ele fazia ao lado de LeBron James. Foi uma grande sacada, mesmo que o preço seja salgado (US$ 38 milhões por quatro anos). Teletovic já trabalhou com Kidd em Brooklyn e vai ter a vantagem de jogar ao lado de alas bastante atléticos e polivalentes, que lhe podem dar cobertura na defesa. Custou bem menos que Leuer ao Pistons, o que não dá para entender (US$ 30 milhões por três anos).

Enquanto os jogos de verdade não começam, a liga toda se diverte com Maker, que é praticamente um apátrida (sua família emigrou do Sudão quando ele era criança, indo para a Austrália – que é o país que ele pretende representar internacionalmente. De lá, já como prospecto, ele se mudou para o Canadá e, depois, para os Estados Unidos). Milwaukee causou espanto ao usar a décima escolha do Draft no pivô, que tem 2,16m, é mais uma aberração atlética, mas sem experiência nenhuma em competições minimamente organizadas, vindo direto das prep schools americanas. Em suas primeiras partidas, mostrou como está cru, mas também apanhou dezenas de rebotes e deu alguns tocos impressionantes. Se fosse apenas isso, tudo bem. Três anos atrás, Hammond apostou em um talento cru como Antetokounmpo, que estava na Segundona da Grécia, e deu no que deu. O que pega é que, em vez de 19 anos, o pivô poderia ter até mesmo 23 anos, segundo especulações que vêm de Perth, na Austrália. Daí o bafafá.

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Para o Celtics, não importa se Isaiah Thomas é, ou não, uma superestrela
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Giancarlo Giampietro

Thomas conquistou Boston. É superestrela?

Thomas conquistou Boston. É superestrela?

É meio estranho levantar essa questão depois de o tampinha marcar 42 pontos para liderar o Boston Celtics em sua primeira vitória contra a defesa perturbadora do Atlanta Hawks, diminuindo para 2 a 1 sua desvantagem.

Ao passar dos 40 por um jogo dos playoffs, entrou num clube que tem Larry Bird, Paul Pierce, John Havlicek, JoJo White, Reggie Lewis e outras lendas da franquia mais vitoriosa da NBA. Thomas se recuperou depois de sofrer em Atlanta. Ele retornou à Boston com 43 pontos na conta, mas também com 24 arremessos errados (aproveitamento de 33,3%) e seis turnovers, e 14 pontos de lances livres. Pelo Jogo 3, para comparar, foram 12 cestas em 24 tentativas, 50%, e apenas um desperdício de posse de bola, com 13 pontos na linha. Quer dizer: as somas das duas primeiras partidas valeu a terceira.

Para estourar assim, contou com uma forcinha de seu técnico, o iluminado Brad Stevens. Esse cara é impressionante. Não é que ele tenha feito meros ajustes depois das dificuldades enfrentadas durante a visita à Geórgia. Foram duas trocas no quinteto titular — Evan Turner por Marcus Smart e Jonas Jerebko por Jared Sullinger — que desencadearam uma série de eventos. Para ajudar seu cestinha, ele e seus assistentes observaram até mesmo *fitas* de seus dias pela Universidade de Washington.

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Ambas as substituições tiveram impacto no jogo de Thomas. Com Jerebko, de 39,8% nos arremessos pela temporada regular, a quadra se espaçava muito mais. Sullinger, até hoje, só pensa que pode matar seus chutes de fora. Já a presença de Turner daria outro tipo de liberdade para o baixinho: ele precisou driblar muito menos para buscar a cesta. Turner atuou como o armador de fato por bons minutos, com Thomas agindo fora da bola, sendo acionado em movimento. Com bons corta-luzes, cortes pelo fundo e inversões rápidas de passe, o ataque do Celtics conseguiu dar alguns centímetros ou instantes preciosos para que ele pudesse ganhar ritmo e agredir. Ao final do primeiro período, arrasador (37 a 20), já havia anotado 18 pontos.

Foi um alívio. Suas atuações em Atlanta de certa forma ecoavam o que havia feito contra o Cleveland Cavaliers no ano passado, quando sofreu contra Iman Shumpert e Matthew Dellavedova: ficou limitado a 17,5 pontos, também com aproveitamento baixíssimo de quadra (coincidentemente os mesmos 33,3% dos dois primeiros jogos em Atlanta) e média de 3,5 turnovers em quatro duelos, uma varrida.

E aqui entra outro número que nunca pode ser ignorado quando falamos sobre Thomas: 5-9. De cinco pés e nove polegadas, ou 1,75m, sua altura. Por mais incrível e, vá lá, bonitinho que seja ver o armador sustentar médias de 22,2 pontos e 6,2 assistências na temporada, para chegar ao All-Star, e 17,1 pontos e 5,0 assistênciasna carreira, quando chega a hora de playoff, tudo fica mais complicado para qualquer cestinha. Ainda mais para alguém diminuto assim. Ainda mais contra um sistema como a do Hawks, que que não é fácil de se encarar. Naaada fácil, amizade.

De tudo o que vi até aqui em uma semana de mata-matas, não há defesa mais coordenada e opressora que a do Hawks, gente. Eles não têm um Kawhi Leonard, ou nem mesmo mais um DeMarre Carroll, mas causam danos coletivamente, com agilidade invejável nos pés e nas mãos. Nenhuma bandeja parece ser tão tranquila assim, enquanto o executor não ber a bola passar pela redinha. No meio do caminho, corre-se sempre o risco de um Thabo Sefolosha ou um Kent Bazemore bater sua carteira. Se você passa pelas primeiras armadilhas, ainda vai ter de se virar contra Al Horford e Paul Millsap antes de chegar ao aro. Os dois alas-pivôs estão honrando o espírito de Dikembe Mutombo e Tree Rollins nesta série. Horford tem média de 3,7 tocos, enquanto Millsap, 2,3.

Você passa por vários no perímetro e ainda encontra isso à frente do aro

Você passa por vários no perímetro e ainda encontra isso à frente do aro

Esta solidez ainda faz deles os favoritos na série. Assim como aconteceu para o Celtics no Jogo 1, o Hawks soube reagir, simplesmente por ter um time sólido demais dos dois lados da quadra. Agora virão mais ajustes e contragolpes. Mike Budenholzer vai ter pouco mais de um dia para ver o que fazer a respeito. O fato se seu time já ter reagido em quadra é um bom sinal. Tem mais: pode ser que sua comissão nem precise pensar em Thomas para o Jogo 4. Pois existe a possibilidade de o armador ser suspenso. Está a perigo por ter se envolvido em entrevero com Schrödinho, que, sabemos, é enjoado toda a vida. Parece que rolou tabefe, ou um simples *peba*. Independentemente da intensidade, hoje em dia, não duvido que venha um gancho. Aí não há milagre que Stevens possa fazer.

Para derrubá-los, Thomas tem de ser esse pontuador folgado e fogoso, quando se torna um dos cestinhas mais explosivos da liga. O que deu para notar é que, no mano a mano, em investidas mais simples, não vai funcionar. E aqui chegamos a um ponto importante,  sobre ser superastro, ou não. Que envolve números também.

Quando o tampinha arremessa 8-21, como aconteceu no primeiro jogo, é porque teve dificuldade. Então por que não maneirou? Simplesmente porque no seu contexto, o do Boston Celtics, é necessário que ele seja muito agressivo. O elenco gira em torno dele. Mais ou menos como acontecia com Allen Iverson e o Philadelphia 76ers de 2001, campeão do Leste. O grau de dependência só é um pouco menor: naquele time de Larry Brown, o segundo cestinha era Dikembe Mutombo, com 11,7 pontos por jogo pela temporada regular. Agora, quando você pega Kyrie Irving e o atual Cleveland Cavaliers, com LeBron e Love ao seu lado, o cenário é completamente diferente. Nesse sentido, não há slogan para os mata-matas que supere o do Celtics este ano: “Somos todos uma superestrela”.

Turner e Jerebko foram promovidos para resolver

Turner e Jerebko foram promovidos para resolver

A frase tem autor, aliás, é não se trata de nenhum gênio do marketing. Foi Jae Crowder que a soltou numa coletiva corriqueira, as supostas necessidades da equipe antes de o prazo para trocas se encerrar em fevereiro, quando Danny Ainge, o chefão, estava envolvido em rumores por Kevin Love e o próprio Al Horford, entre outros. “Acabamos de ter um jogador escolhido para o All-Star. Então não sei que outra superestrela você quer. Há todo esse papo de que precisamos de um jogador desses, coisas do tipo. Mas nossos cinco jogadores em quadra estão tão concentrados, tão engajados que somos uma superestrela como um todo”, disse o ala. “Jogamos todos juntos. É assustador quando um time não sabe quem marcar, quem vai brilhar de noite no ataque. E, defensivamente, nós todos brigamos juntos e jogamos juntos também. É uma abordagem assustadora.”

Crowder, aliás, ao meu ver, é o jogador mais valioso do time em relação ao que se passa na liga. Ele joga dos dois lados também, e muito bem. Na defesa, tem garra, agilidade e força para marcar de Jeff Teague a Paul Millsap. O problema é que, contra o Hawks, seu rendimento ofensivo tem sido praticamente nulo, com horrível aproveitamento de 19,4% nos arremessos e 16,7% de longa distância Não é que esteja marcado de maneira implacável. Ele tem aparecido livre em diversos momentos para o disparo de três. Acontece que esse tipo de chute exige pernas descansadas, inteiras. E o ala está jogando com um grande desconforto no tornozelo direito, lesionado no mês passado. Além de ter seu equilíbrio abalado, ele não vai conseguir botar a bola no chão e atacar. (Por que ele não diz nada? Não é de seu feitio. Crowder não vai ficar dando desculpas, choramingando em público. Uma nota a respeito? Quando se destacou pelo Junior College, enfim foi recrutado pelas principais universidades do país. Escolheu Marquette por acreditar que o técnico Buzz Williams era o único que estava sendo totalmente honesto com ele, comentando suas deficiências como jogador, sem fazer falsas promessas. Não à toa, Wes Matthews e Jimmy Butler vieram do mesmo programa.)

Os obstáculos para Stevens vão além. Avery Bradley sofreu um estiramento muscular na perna direita no Jogo 1.Dificilmente poderá participar do restante da série. Kelly Olynyk voltou a sentir dores em seu ombro direito, local onde teve uma separação no início de fevereiro. Está mais perto de jogar. São dois desfalques relevantes. Não só Stevens perdeu seu melhor defensor de perímetro, como alguém que acelera em transição, algo fundamental também para dar um respiro a Thomas, desviando a atenção da defesa: marca 15,2 pontos por partida, num desenvolvimento contínuo de suas habilidades ofensivas. Além disso, Bradley e Olynyk estão entre os três principais gatilhos de três da equipe. O canadense é o líder, com 40,5%, enquanto o ala é o terceiro, com 36,1%.

É uma pena, mas não há o que fazer. Se o Celtics é uma superestrela coletiva, tem de arrumar soluções para compensar essas ausências. Fato que Stevens tem um conhecimento profundo do jogo e das capacidades e limitações de seus atletas. Sabe o que fazer para manter o coletivo forte o bastante para enfrentar um adversário muito bom. Isso passa pelos pontos de Isaiah Thomas. Mas não só.

*   *   *

Sobre Marcus Smart: o dia em que ele aprender a arremessar, se é que vai acontecer, saia da frente. O sujeito é um verdadeiro animal em quadra. A gente fala e lê tanto por aí sobre caras que jogam duro, e tal. Não sei se existe alguém que se esforce tanto como o armador reserva-faz-tudo-ou-quase-isso do Celtics, em seu segundo ano de liga. Não à toa, sua lista de lesões já preocupa.

*   *   *

Jerebko cobriu Okynyk no ataque e ainda fez muito mais ao fechar espaços na defesa, freando alas no perímetro, dobrando ou vindo cobrir pelo lado contrário, especialmente nos minutos finais da partida, quando fazia o papel hipotético do ‘cinco’, sendo o último jogador na linha de proteção da cesta. Estava visivelmente pregado, mas ainda interveio aqui e ali de modo providencial contra uma dupla do porte de Horford e Millsap. O sueco é um jogador muito interessante. O Celtics tem o poder de validar seu salário de US$ 5 para a próxima temporada, uma pechincha. Se não tiver muita convicção de que poderá contratar uma grande figura que possa exercer suas funções, como agente livre ou via Draft, não há por que deixá-lo sair.

*    *    *

Imagine os dois quintetos em quadra: Thomas, Turner, Crowder, Jerebko e Amir Johnson. Teague, Korver, Bazemore, Millsap e Horford. Ok. Agora, pensando na trajetória dessa cambada, algumas perguntas:

1) Quantos chegaram à NBA como escolhas top 10?

2) Quantos mais foram selecionados na primeira rodada do Draft?

3) Quantos saíram na segunda rodada do recrutamento de calouros?

Respostas: 1) só dois, Horford e Turner, respectivamente os números 3 e 2 em 2007 e 2010 ; 2) só Jeff Teague, o 17 em 2009; 3) foram seis! Thomas (que, a propósito, foi o último escolhido em 2011, pelo Celtics), Crowder, Jerebko, Johnson, Korver e Millsap. Para completar, Bazemore nem draftado foi em 2012, quando se formou por Old Dominion.

Quer dizer… Tal como Warriors e Spurs, esses dois belos times são compostos por jogadores que nem sempre foram tão badalados assim. Com o Draft se aproximando, não dá para esquecer isso.

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Jukebox NBA 2015-16: Atlanta Hawks, para não achar que tudo acabou
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Giancarlo Giampietro

jukebox-hawks-crowded

Em frente: a temporada da NBA caminha para o fim, e o blog passa da malfadada tentativa de fazer uma série de prévias para uma de panorama sobre as 30 franquias da liga, ainda  apelando a músicas, fingindo que está tudo bem. A gente se esbalda com o YouTube para botar em prática uma ideia pouco original, mas que pode ser divertida: misturar música e esporte, com uma canção servindo de trilha para cada clube. Tem hora em que apenas o título pode dizer algo. Há casos em que os assuntos parecem casar perfeitamente. A ver (e ouvir) no que dá. Não vai ter música de uma banda indie da Letônia, por mais que Kristaps Porzingis já mereça, mas também dificilmente vai rolar algo das paradas de sucesso atuais. Se é que essa parada existe ainda, com o perdão do linguajar e do trocadilho. Para mim, escrever escutando alguma coisa ao fundo costuma render um bocado. É o efeito completamente oposto ao da TV ligada. Então que essas diferentes vozes nos ajudem na empreitada, dando contribuição completamente inesperada ao contexto de uma equipe profissional de basquete:

A trilha: “Don’t Dream It’s Over”, por Crowded House

A música? Bem, tem uma das letras mais sem pé, nem cabeça que se encontra por aí, e a métrica de seus versos impede que alguém de inglês macarrônico os acompanhe. Começa assim: “ liberdade no interior/Há liberdade sem/Tente pegar um dilúvio em um copo de papel”, e por aí (aonde, exatamente!?) vai. Até que chegamos ao refrão, e nada dessa confusão importa mais. É um hino da Antena 1. Com o radinho ligado a caminho da farmácia, do supermercado, na sala de espera do dentista, quem nunca? 

(…)

Vamos lá, galera, pode levantar a mão sem receio. Sei bem que é o tipo de melodia que todo orgulhoso que se preze vai tentar bloquear da cabeça. Mas é difícil de segurar: “Ei, não sonhe que tenha acabado”.

Boa. E, nesse refrão temos a seguinte frase: “Eles vêm para construir um muro entre nós, e sabemos que eles não vão vencer”, que já faz mais sentido e serve para duas narrativas em torno do Atlanta Hawks.

1) alguém teve a ideia de dividir, desmontar o atual elenco, ou de pelo menos estudar seriamente a possibilidade, a ponto de o time ter virado o epicentro das boatarias sobre eventuais trocas neste ano. Muitos ficaram à espera sobre o que aconteceria com Al Horford e, em menor escala, Jeff Teague. Quais as razões por trás dessa especulações? Uma é simples: Horford vai virar agente livre ao final do campeonato, e parece existir o temor de que ele possa *buscar novos rumos*. Então era melhor ver o que uma troca pelo dominicano poderia proporcionar, para não sair de mãos vazias. Segundo o rescaldo após o prazo para negociações, a diretoria pediu, com razão, um preço altíssimo pelo talentoso pivô, daqueles jogadores que se encaixa muito bem em qualquer sistema. O preço assustou os interessados, que, afinal, também não teriam segurança alguma de renovar com o atleta. Mas há quem diga também que os novos proprietários da franquia estariam cogitando uma transação por não terem a intenção de arcar com um inevitável contrato exorbitante para o veterano. No final das contas, não rolou nada. “Eles não venceram”: sejam os interessados em Horford ou os proprietários. Ok, paremos por aqui, para abrir a segunda narrativa e, depois, deixar que elas se unam.

Horford será um dos agentes livres mais cortejados em julho

Horford será um dos agentes livres mais cortejados em julho

2) mesmo com Tiago Splitter, um excelente marcador, afastado por conta de uma infeliz e complicada lesão no quadril e sem ter o catarinense em plena forma durante o campeonato, Mike Budenholzer conseguiu montar uma das defesas mais fortes da liga. É a segunda mais eficiente no momento, superada apenas por aquela orquestrada pelo chapa Gregg Popovich. Defesa… “Muro”… Pegou, né? Tudo para não deixar o outro time (“eles”) vencer, num fortalecimento providencial para compensar a queda brusca de rendimento no ataque. Aquela belíssima máquina ofensiva despencou da sexta posição para a 15ª neste ano. O time está desequilibrado nesse sentido, virando uma espécie de Chicago Thibs.

Então juntemos os dois pontos acima: há, ou havia, uma certa decepção em torno do Atlanta. Depois da melhor campanha de regular da história do clube, alcançando a marca de 60 vitórias, a equipe regrediu sensivelmente e tem uma projeção de 48 triunfos, de acordo com seu ritmo atual. Triste?

Nem tanto.

Primeiro porque o campeonato não terminou ainda e a equipe vem em seu melhor momento, voltando a se colocar em situação para ter mando de quadra na primeira rodada dos playoffs.  Mas a questão maior é saber se eles não jogaram demais naquela ocasião, se não chegaram perto do limite do atual elenco. Se for o caso, uma queda seria inevitável. Não nos esqueçamos que, em 2013-14, na estreia do Coach Bud, o resultado final foi de 38 vitórias e 44 derrotas. Agora estão praticamente no meio termo entre um ano e outro.

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Pode ser que, na real, o Hawks tenha até mesmo extrapolado seu limite, como naquele mês de janeiro em que se mostrou invencível, algo inédito, forçando inclusive a bem sacada eleição de todo o seu quinteto titular ao prêmio de “melhor(es) do mês”, levando quatro deles também ao All-Star Game. Tudo merecido. De qualquer forma, no trecho final da tabela, não nos esqueçamos que o time teve um aproveitamento medíocre de 11 triunfos e 10 reveses. Por mais que já estivessem garantidos nos mata-matas e que seu técnico leve a sério a filosofia Popovichiana de preservar seus jogadores sempre que puder, a queda foi significativa e um indício de que já estavam perdendo o pique.

(Poderíamos acrescentar a varrida que sofreram do Cleveland Cavaliers, sem Kevin Love, na final do Leste como outro indício de que tinham chegado longe demais até, mas aí é um tanto injusto, uma vez que a equipe tinha seus próprios problemas médicos para resolver. Vários, aliás: Thabo Sefolosha estava fora de combate, devido a uma fratura exposta na perna causada pela polícia nova-iorquina; Kyle Korver perdeu as últimas duas partidas depois de topar com Matthew Dellavedova e lesionar o tornozelo; DeMarre Carroll, com o joelho estourado, foi para o sacrifício; Paul Millsap estava se recuperando de um deslocamento de ombro, enquanto Horford, por fim, deslocou seu dedinho da mão direita, a mão do arremesso. Chega, né? Sem Carroll e Sefolosha para ao menos tentar incomodá-lo, LeBron estraçalhou o oponente e até foi gentil com David Blatt ao erguer o troféu da conferência.)

A lamentável lesão de Carroll ainda abala o ala até em Toronto

A lamentável lesão de Carroll pelos playoffs ainda persegue o ala mesmo em Toronto

Curiosamente, daquele esplêndido time titular de 2015, o único que saiu foi justamente aquele que ficou fora do jogo festivo da liga: Carroll, ganhando uma bolada do Toronto Raptors depois de expandir seu jogo de um modo impressionante em Atlanta (créditos para Bud e Quin Snyder, segundo o ala). A simples partida do ala para o Canadá não explicaria de modo algum as dificuldades encaradas pelo Hawks, até porque seu ponto mais forte era o combate no perímetro, embora tivesse desenvolvido um consistente chute de longa distância. E, bem, marcar não tem sido o problema. O que é uma grata e salvadora surpresa.

Desde o All-Star deste ano, por sinal, a defesa do Hawks é até mais eficiente que a do Spurs, ficando em primeiro na lista, sofrendo baixíssimos 94,6, pontos por 100 posses de bola, e com uma boa vantagem para cima dos texanos (numa amostra pequena de 15 jogos, é verdade, mas enfrentando duas vezes o Warriors e uma vez o Clippers, dois dos ataques mais poderosos da década). Time irregular durante toda a campanha, vem usando esse fortalecimento na contenção para desfrutar de novo momento de subida, vencendo seus últimos cinco jogos e oito dos últimos dez. Durante esta sequência, impediu que seu oponente alcançasse a marca de 100 pontos. No caso de Lakers (77), Jazz (84), Grizzlies (83) e Pacers (75), nem passaram dos 90, na verdade.

Você olha para o elenco em geral e não encontra brutamontes ou jogadores ferozes, intimidadores, certo? Mas se deixar se levar pelas aparências, vai ter uma ingrata surpresa.”A envergadura deles em todas as posições, a capacidade atlética, a velocidade e agilidade, todas tremendas”, afirma Dwane Casey, técnico do Toronto Raptors, e coordenador defensivo do Dallas campeão de 2011 e de alguns grandes times do finado SuperSonics, nos tempos de George Karl.

Homens brancos sabem defender: Korver preenche espaços

Homens brancos sabem defender: Korver preenche espaços

“Eles se parecem muito com o San Antonio, por razões óbvias”, disse Frank Vogel, técnico do Indiana que entende uma coisa ou outra sobre marcação sufocante, depois de ver seu time esmigalhado. “Eles jogam duro para valer. A intensidade e a tenacidade deles é admirável. Eles grudam no seu peito a cada corta-luz. Eles passam por cima de qualquer corta-luz. São dedicados e estão entrelaçados em um bom esquema. Além de ter bons defensores individualmente, como Teague e Millsap com as mãos, Bazemore, a inteligência de Korver, que pode ser criticado por sua mobilidade, mas na verdade é um defensor muito, muito bom. Horford também é forte. Eles têm um talento muito bom para a defesa e são obviamente muito bem treinados.”

Se são dominantes defensivamente, mas não conseguem o sucesso da temporada passada, então a lógica é que o problema esteja localizado no ataque. Aí que, na hora de comparar os números de uma temporada para a outra, encontra-se alguns dados interessantes. Em relação ao time que liderou a conferência em 2015, a versão atual caiu um pouco no aproveitamento geral de arremessos, mas não foi nada drástico: na medição que leva em conta chutes de dois e três pontos mais os lances livres (“True Shooting”), o time caiu de terceiro para sétimo (indo de 56,3% para 55,1%). O quanto representa de queda 1,2% nessa estatística? Na temporada atual, é o que separa o Thunder do Clippers, de terceiro para quinto. Por outro lado, o time segue com uma proposta solidária: é o segundo com mais cestas assistidas na liga, melhorou sua frequência de assistência x turnover e até mesmo acelerou o ritmo, passando de 20º a 10º.

O que acontece, então?

Tem de fuçar mais um pouco até chegar aos tiros arremessos de três pontos, que são obviamente parte integral de seu sistema (estão em sétimo entre aqueles que mais arriscam de fora). Nota-se uma boa diferença, com a equipe caindo de 38% para 34,8%, ou de segundo no geral para 15º, e aí que chega a hora de falar um pouco sobre Kyle Korver.

O ataque de Bud sente a falta da ameaça que o ala representou na temporada passada, quando ficou muito perto do clube dos 50%/40%/90%, chegando ao All-Star Game pela primeira vez na carreira, dias antes de completar 34 anos de idade. Seja pela dificuldade de se recuperar de uma cirurgia no tornozelo, que atrapalhou suas já legendárias atividades físicas no período de férias, ou pelo simples envelhecimento, sua pontaria nos arremessos de fora baixou de 49,2% para 40,3%. Claro que ainda é um ótimo índice. Mas essa queda tirou o líder em aproveitamento no campeonato passado do grupo dos 20 primeiros até a semana passada – agora está em 18º.

Ainda assim, Korver ainda representa uma grande ameaça na cabeça dos defensores e estrategistas. Claro que você não vai deixá-lo livre, só porque ele não mata mais quase 50% de suas tentativas. Né? (Risos). Ainda assim, seu impacto gravitacional é menor este ano. Por gravidade, aqui, entenda o quanto sua presença em quadra interfere no posicionamento de seus oponentes, seja seu marcador específico ou outros atletas que se distraiam para conter sua ameaça. De jogador com o maior saldo de pontos na Conferência Leste em 2014-15 (10,9 por 100 posses de bola, numa das estatísticas mais legais do ano passado, mostrando o quanto o basquete vai além dos highlights), passou a quinto, sendo superado pelo trio LeBron-Love-Irving e Kyle Lowry, com 6,0 pontos. Nada mal, ainda na elite. Mas abaixo do nível espetacular em que havia jogado, quando a simples possibilidade de ele aparecer livre no perímetro significava pleno terror para os oponentes:

Só um adendo: claro também que não cai tudo nas costas de Korver aqui. No perímetro, o time também sente a falta de Carroll (algo que qualquer scout, cinco anos atrás, consideraria uma coisa maluca de se dizer). O ala matou 39,5% de seus chutes de três em sua última temporada pelo Hawks. Em seu lugar na rotação, Kent Bazemore vem convertendo 36,3%. E a vaga de reserva de Bazemore herdada por Tim Hardaway Jr. também valeu uma queda de 36,4% para 33,0%. Millsap também ficou para trás, de 35,6% para 31,1%. Da turma que mais atira, só Teague cresceu, de 34,3% para 40,1%, algo que vinha passando batido, confesso. O armador está logo abaixo de Korver no ranking geral da liga. Além disso, a boa notícia para Budenholzer é que o ala tem esquentado a mão vive em março seu melhor mês nesta campanha, chegando a 53,1% de aproveitamento nos chutes de três, com 4,9 tentativas por partida. Essa guinada coincide justamente com as oito vitórias em dez jogos do Hawks.

Agora é conferir se o Hawks consegue apertar ainda mais o passo e a defesa e carregar sua boa fase rumo aos playoffs, ao contrário do que aconteceu no ano passado. Isso só reforçaria o impasse que a diretoria enfrenta. Se esse núcleo vai ser desmembrado neste campeonato, não sabemos. Enquanto o momento de refletir sobre planos de médio a longo prazo não chega, que eles desfrutem e continue sonhando e, quiçá, cantando.

A pedida? Uma revanche com o Cleveland Cavaliers na final do Leste.

De assistente a todo poderoso em Atlanta

De assistente a todo poderoso em Atlanta

A gestão: ao imprimir em seu cartão de negócios os cargos de presidente e técnico, Mike Budenholzer entrou em um seleto grupo na NBA, ao qual só pertencem hoje Pop, Doc, Stan Van Gundy e… só (#FlipRIP). É impressionante sua ascensão, não? De assistente em San Antonio por 17 anos a todo poderoso em Atlanta em duas temporadas. Pois é: estudar no Institituto Instituto Gregg Popovich & R.C. Buford Spursiano de Basquete por tanto tempo tem suas vantagens, mas não deixa de ser notável que, após duas boas campanhas do time, tenhas ido promovido a chefão das operações esportivas do clube após o afastamento de Danny Ferry (e há quem diga que o antigo chefe, quem lhe ofereceu uma tão demorada e aguardada chance, se ressinta com isso).

SVG vai dando sinais de que é possível em Detroit. Rivers, por outro lado, já tem um número suficientes de trapalhadas em Los Angeles para Steve Ballmer repensar essa decisão. Pop é o presidente do Spurs, mas a divisão de trabalho no escritório talvez seja no máximo de 50/50 com Buford. Não só é raro ver alguém acumular ambos os cargos, como mais difícil ainda que vire um caso de sucesso. Mencionar Red Auerbach ou Pat Riley não vem ao caso. A liga mudou muito de lá para cá e, no caso de Riles, o título de 2006 nem conta, pois foi algo praticamente efêmero, já que ele assumiu o time no meio da jornada e, dois anos depois do título, o Miami já estaria fora dos playoffs.

O Coach (& President) Bud ainda está sob avaliação. A troca de uma escolha de primeira rodada por Tim Hardaway Jr. é bastante questionável, ainda mais com tantos jogadores interessantes disponíveis numa valiosa 15ª posição. Vamos lá: Kelly Oubre Jr., Justin Anderson, Bobby Portis e, meu candidato favorito, Rondae Hollis-Jefferson, para citar só aqueles que estavam bem cotados à época e que preencheriam lacunas no elenco, embora nem sempre você precise fazer uma seleção de impacto iminente. Além disso: não dá para esquecer que essa escolha veio de Brooklyn, como fruto da vantajosa troca de Joe Johnson – isto é, queimaram um cartucho. A troca indireta de Justin Holiday por um aluguel de alguns meses de Kirk Hinrich, que não deve nem jogar, também reflete uma mentalidade imediatista. Como é de praxe: técnicos querem melhorias para já. O futuro? Cuidemos depois.

A absorção do contrato de Tiago Splitter foi uma boa tacada. Só convenhamos que, vindo de San Antonio, foi praticamente um acordo de compadre. Outra negociação que envolve um brasileiro foi positiva: a espera por Kris Humphries no mercado de “buyouts” – em 2016, o ala-pivô é um jogador mais produtivo do que Anderson Varejão, que era visto por diversos scouts consultados pelo blog como “opção natural” para a equipe. De resto, todo o elenco do Hawks é uma herança de Ferry: Bazemore, Sefolosha, Walter Tavares, Schrödinho etc. Vamos ver como eles vão se sair em um verão (setentrional) importantíssimo, no qual terão espaço salarial considerável, ainda mais se Horford partir.

Splitter poderia ter feito muito por Atlanta. Mas o quadril não permitiu

Splitter poderia ter feito muito por Atlanta. Mas o quadril não permitiu

Sobre Bazemore, o Hawks tem outra preocupação para julho. O ala também vai virar agente livre e, de acordo com a expectativa geral de scouts e executivos, vai interesse de muitos clubes, podendo ganhar um aumento de mais de 500% em seu salário de US$ 2 milhões. Sim, na nova NBA um jogador atlético, com chute razoável de fora e que defende múltiplas posições no perímetro, só com restrições a oponentes muito altos e físicos, vai ganhar mais de US$ 10 milhões tranquilamente – é o atual salário de Danny green. Será uma bonança financeira para acolher um número reduzido de atletas no auge da carreira.

E aí há um ponto para se monitorar em futuras operações do clube: tanto Bazemore como seu antecessor no time titular, DeMarre Carroll, foram alvos baratos, de jogadores pouco falados, que se mostraram certeiros, lucrativos. O problema? Os contratos foram muito curtos. Então lá se foi um Carroll, que evoluiu uma barbaridade em Atlanta e foi ganhar uma bolada em Toronto. Paul Millsap quase se mandou. Pode acontecer o mesmo com Bazemore.

Olho nele: Paul Millsap

Desde que saiu de Utah, o ala-pivô foi eleito para a seleção do Leste do All-Star Game em todas as três temporadas seguintes. Antes de renovar seu contrato, recebeu uma oferta de US$ 20 milhões anuais do Orlando Magic. Quer dizer: já se foi o tempo em que Millsap poderia ser considerado “subestimado”. Ele pode não vender carro, navio ou avião. Não é um darling do marketing. Mas os técnicos não estão nem aí para isso.  Pudera: poucos podem igualar o nível de atividade, versatilidade e produtividade do veterano de 30 anos, que contrariou muitos scouts ao se tornar essa estrela.

Nesta temporada, só quatro jogadores têm um mínimo de 15,0 pontos, 8,0 rebotes, 1,0 toco, 1,0 roubo em média: Kevin Durant, Boogie Cousins, Anthony Davis e Millsap. (Se for para acrescentar um filtro de 3,0 assistências por partida, Davis sai da jogada). Não é um fato isolado. Desde 2011, só Anthony Davis, Boogie Cousins e Dwight Howard se juntariam ao veterano. Para um cara que foi escolhido na 47ª posição de seu Draft, nada mal.

dikembe-mutombo-card-hawks-1998-99Um card do passado: Dikembe Mutombo. A última vez que o Atlanta se meteu entre as melhores defesas da NBA foi na temporada 1998-99, ano pós-locaute, quando este distinto senhor congolês tomava conta da tabela, talvez já aos seus 40 anos de idade, segundo a desconfiança da época. Aí fica fácil, né? Com Dikembe Mutombo Mpolondo Mukamba Jean-Jacques Wamutombo (se você tem a chance de escrever o nome completo desta muralha em forma de pessoa, não dá para hesitar), só não defende quem não quer. Seu time teve a segunda defesa mais eficiente da liga, atrás somente do, coincidência, Spurs.

O africano teve média de 2,8 tocos em sua carreira, que se estendeu de 1991 a 2009. No meio do caminho, passou cinco anos em Atlanta, fazendo parte de um time competitivo, mas não o suficiente para se distinguir em uma Conferência Leste pesada, com Bulls lá na frente e Pacers, Knicks e Heat num pelotão intermediário. Das quatro vezes que foi eleito Defensor do Ano, duas aconteceram em Atlanta, numa dobradinha entre 1997 e 1998. Ironicamente, no ano em que o Hawks teve seu melhor rendimento, Alonzo Mourning foi eleito. Para Georgetown, tudo bem: ficou em casa – aliás, entre 1996 e 2001, só deu Mutombo ou Mourning nesse quesito.

Voltando àquele Atlanta, é preciso dizer que Mutombo não estava sozinho. A defesa comandada por Lenny Wilkens tinha o ultra-agressivo Mookie Blaylock para pressionar a bola (seu reserva, Anthony Johnson, também dava trabalho na linha de passe) e três alas-pivôs experientes e centrados para consolidar uma linha de frente muito forte no rebote e de posicionamento: Grant Long, LaPhonso Ellis e Alan Henderson.


Chegou a hora de aceitar o Atlanta Hawks como sério candidato
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Giancarlo Giampietro

Estão aí para ficar

Estão aí para ficar

Há alguns caminhos básicos para aceitar um time qualquer como favorito, ou forte candidato ao título. Cada vez mais se valoriza números e números, dentre os quais o saldo de pontos acumulado durante a campanha se destaca como um grande indicador para além da óbvia comparação entre vitórias e derrotas. O seguidor mais conservador pode se apegar a outros fatores como a quantidade de superestrelas em um elenco e o retrospecto, histórico recente dessa equipe nos mata-matas. Ainda assim, essa abordagem também tem uma base empírica, já que são raríssimos os casos de clubes que conquistaram a NBA sem contar com um craque transcendental em sua formação.

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Tanto que o Detroit Pistons virou a menção obrigatória de exceção dessa regra, com os Wallace que não eram irmãos e a dupla entrosadíssima de Billups e Hamilton. Todos All-Stars, bem acima da média, que se entenderam muito bem e entraram para os livros históricos. Mas nenhum deles vai entrar no panteão. O Spurs de 2014 poderia até entrar nessa lista também, mas vai depender de como você avalia o fato de a equipe contar com Parker, Duncan e Ginóbili, que já não estavam no auge mais, mas cujo currículos causam, de qualquer forma, inveja em muita gente.

Deixemos os atuais campeões de lado, todavia. Ou melhor: nem tanto, já que, para falar sobre o Atlanta Hawks, não dá para ignorar o fator #SpursDoLeste, com um time armado sob os mesmos princípios saudáveis que Gregg Popovich consolidou em San Antonio. Em seu segundo ano de trabalho na Geórgia, Mike Budenholzer vai obtendo resultados incríveis. Nesta quarta, por exemplo, ele já se assegurou como o técnico da seleção do Leste no All-Star Game, com a melhor campanha da conferência, por ora inatingível. Seus atletas venceram 28 das últimas 30 partidas que disputaram, vindo de 14 vitórias seguidas, igualando o recorde da temporada 1993-94. Os falcões estão voando, mesmo, como nunca antes na história da franquia. Ainda assim, guiada por princípios históricos – resumidos na marcante frase de Jordan sobre crianças, homens e playoffs –, a crítica demorou a reconhecê-los como séria ameaça na liga americana. Pode incluir esta besta quadrada aqui nesse pacote. Pode, também, esquecer qualquer preconceito. O Atlanta veio para ficar.

Não quer dizer que o título é deles já, de modo antecipado. Que seja impossível de perder. Qualquer lesão de Al Horford, Jeff Teague, Kyle Korver e Paul Millsap já os deixariam em maus lençóis. O Washington segue jogando de igual para igual com a maioria dos grandes. Mesmo em espiral, Toronto não pode ser desrespeitado. Para não falar de Chicago e Cleveland, esses, sim, os conjuntos estelares, que vão chegar aos mata-matas, independentemente da histeria ao redor de ambos. Importante dizer que todos esses times já foram surrados pelo Hawks. De qualquer modo, muita coisa pode acontecer em 40 partidas, em três meses de temporada regular até a chegada aos mata-matas.

Se tivéssemos, no entanto, a chance de congelar o tempo e deslocar esse Hawks de hoje, 22 de janeiro de 2014, e descolá-lo para os primeiros dias de abril, teríamos no páreo um favorito, e tanto. Favorito e encantador, ainda que sem o sex appeal de um Golden State Warriors comandado por um técnico tão carismático e vitorioso e liderado em quadra por um talento precioso como o de Stephen Curry.

O irônico é que o gerente geral Danny Ferry, ainda afastado por uma gafe-ou-comentário racista, fez de tudo para contratar a chamada superestrela. Alguém da estirpe de Curry – ou do ala-pivô Bob Pettit, que guiou a equipe nos tempos de St. Louis ao título em 1958, desbancando Bill Russell, Red Auerbach e o Celtics. Foi atrás de Chris Paul e Dwight Howard, nativos da Geórgia, quis também se reunir com Carmelo e LeBron. Dikembe Mutombo, Joe Johnson e Isaiah Rider (risos) que nos desculpem, mas o clube não conta com ninguém desse porte desde as cravadas inigualáveis de Dominique Wilkins nos anos 80.

Sefolosha não tem nem 5% do apelo de um LeBron, mas se encaixou bem no banco de reservas, para dar um descanso a Carroll. Ele e Bazemore fortalaceram a rotação de Budenholzer com energia e pegada defensiva

Sefolosha não tem nem 5% do apelo de um LeBron, mas se encaixou bem no banco de reservas, para dar um descanso a Carroll. Ele e Bazemore fortalaceram a rotação de Budenholzer com energia e pegada defensiva

Não rolou, claro. Fechou, então, com Millsap, Korver, DeMarre Carroll, Mike Scott, Pero Antic, Thabo Sefolosha e Kent Bazemore. E não é que deu certo? Com um basquete eficiente, consistente, de movimentação de bola totalmente solidária e arremessadores perigosos para quebrar qualquer sistema defensivo, de Thibs a marcação por zona, a turma de Al Horford está arrebentando. Ênfase em solidariedade, por favor. É um conceito que pode ser banalizado se usado a cada crônica de jogo, a cada análise de uma equipe. Neste caso, contudo, não precisa se preocupar, pois o termo cabe ferfeitamente.

O Atlanta é o segundo time em assistências por jogo, atrás do Golden State. Mas acho que já aprendemos que se basear apenas em números absolutos não cola mais, né? Cada equipe joga num ritmo, produzindo mais ou menos números. O melhor, sempre, é saber o quão eficiente o conjunto se apresenta. Então que tal conferir o ranking de assistências por posse de bola e ver que, nessa medição, eles aparecem em primeiro? Lideram também a coluna de percentual de cestas de quadra que são assistidas – o Spurs, observem, está em terceiro. Esse padrão se mantém para seus chutes de três pontos: apenas 7,1% dos tiros de longa distância decorrem de jogadas individuais, em vez de um passe, contra 9,2% do Spurs. Istoé, Jamal Crawford, Nick Young e JR Smith não teriamm espaço por lá. Nas bolas de dois pontos sem assistências, o percentual sem assistências é maior (39,9%, e aqui entram as infiltrações de Jeff Teague e Dennis Schröder), mas ainda é o menor da liga.  Por fim, na média de assistências para cada turnover, estão em terceiro. Nas últimas sete vitórias, em seis ocasiões eles bateram a marca de 30 assistências. Vamos todos juntos, então, repetir: jo-go so-li-dá-rio. Pode soletrar também, se achar necessário.

A excelente visão de quadra e a predisposição para passar a bola resultam, obviamente, numa bola seleção de arremessos. A equipe é a terceira no aproveitamento efetivo de arremessos, a medição que dá um pouco mais de valor para os arremessos de três pontos, já que… segundo minhas contas, três é maior que dois. Sim, Budenholzer também é um adepto dos arremessos de três como peça integral de uma ofensiva, tendo o segundo melhor aproveitamento da liga nesse quesito (atrás apenas do Golden State). O sistema do ex-assistente do Coach Pop enfatiza o chute de fora, mas não chega a ser obcecado como o Houston Rockets, sendo o nono que mais arrisca, mas com oito tentativas a menos que os texanos). Por ter um excelente rendimento, no entanto, é o quarto time que mais depende da bola de longa distância para gerar pontos.

Parêntese obrigatório aqui para o Sr. Kyle Elliot Korver, nascido no dia 17 de março de 1981, natural de Lakewood, na Califórnia. O que ele está fazendo nesta temporada não existe. Quer dizer: existe, mas é inédito – nunca um atleta terminou a temporada regular com mais de 50% tanto nos arremessos de dois como de dois e 90% nos lances livres. Seus números, respectivamente: 51,8%, 53,5% e 92,2%. Ele lidera a liga no aproveitamento do perímetro pelo segundo campeonato seguido. Sua habilidade neste fundamento faz com que seus companheiros ataquem com 4 contra 4, já que ele não pode ficar livre de modo algum. Ele transformou um chute de três em bandeja, gente. E aí que foi engraçado ver o cara enterrar nesta quarta contra o Indiana Pacers, em transição. Foi sua primeira cravada desde desde 16 de novembro de 2012, contra o Kings! No meio do caminho, ele matou 484 chutes de fora em 198 jogos. Vejam abaixo e, logo depois, seu esmeraldino gráfico de arremessos:

É de se lamentar o péssimo aproveitamento na zona de média distância pela direita do ataque. Tsc, tsc

É de se lamentar o péssimo aproveitamento na zona de média distância pela direita do ataque. Tsc, tsc

Korver merece estar no All-Star. Mas este também é o caso de Teague, jogando seu melhor basquete, Millsap, que vai receber uma bolada no mercado de agentes livres, e Horford, o faz-tudo perfilado por Zach Lowe com a maestria de sempre e que só não tem o status de superestrela por jogar em Atlanta e pelas lesões peitorais bizarras. Dificilmente os técnicos vão encontrar espaço no banco da seleção do Leste para fazer justiça a todos eles.

Ao menos eles não dão a mínima para isso. Millsap ficou todo orgulhoso ao ser selecionado no ano passado, mas vai sobreviver se a façanha não se repetir. O mesmo vale para os outros. Afinal, numa unidade dessas, é muito complicado separar o sucesso de um e o do outro. “Sentimos que temos peças realmente boas que combinam bem, e entendemos que temos de jogar juntos para ter sucesso”, diz o atirador de elite.

Korver e seu arremesso perfeito

Korver e seu arremesso perfeito

Depois de longa consulta nos números, são poucos os pontos fracos a serem apontados para um raro caso de time que está entre os dez melhores no ranking de eficiência ofensiva e defensiva (Golden State, soberano, e Portland são os outros). O máximo que dá para falar é de uma fragilidade nos rebotes. Na tábua defensiva, ocupa apenas a 18ª posição na coleta de rebotes disponíveis, situação da qual Greg Monroe e Andre Drummond tiraram proveito na segunda-feira (juntos, somaram 12 rebotes ofensivos). Além disso, o Hawks é o 19º em contra-ataques: apenas 11,6% de seus pontos saem em transição, contra 18,6% do Warriors, e também o 18º em lances livres (17,1%). Esses pontos, porém, não preocupam tanto, devido a sua excelência na execução em meia quadra. Para os mata-matas, porém, podem fazer falta.

Ah, claro, se for para falar de números, o pior de todos é o de público, o sétimo pior da liga, com 16.327 espectadores em média – 2.500 a mais que o lanterna Timberwolves. O torcedor de Atlanta tem demorado para se interessar pela excelente fase. A despeito do incidente com Ferry, passar os dias sem prestigiar essa equipe é um pecado. Contra o Pistons, no feriado em homenagem a Martlin Luther King, a arena teve capacidade esgotada (19.108). Contra o modorrento time do Pacers, nesta quarta, só 15.045 foram ao ginásio. A baixa audiência só não impede que o valor da franquia tenha subido quase 100% no último ranking divulgado pela Forbes.

Vale mencionar também que o Hawks encarou até o momento a quinta tabela mais fraca da liga. Juntos, seus adversários têm aproveitamento de 48,9,%. Por outro lado, estão empatados com o Bulls nesse quesito. O Wizards, concorrente direto, teve a segunda jornada mais fácil, com 48%. O time de Budenholzer também fez mais jogos fora do que em casa (22 x 21, é verdade).

Então é isso: você precisa se esforçar para encontrar algum senão nessa jornada do Hawks, que se tornou apenas o terceiro time da história do Leste a somar 28 vitórias em um intervalo de 30 jogos. Os outros dois? Miami em 2012-2013 e Chicago em 1995-96, e ambos levaram o título.  Bastam mais três triunfos para que eles igualem as 38 da temporada passada (38). Com aproveitamento de 81,3% na atual campanha, a equipe cresceu até o momento 34,7%, o maior salto.

Recordes? All-Star? Favoritismo? Não que isso tudo valha algo para eles. “Todos nós sabemos de verdade que ainda não conquistamos nada”, disse Korver. “Eu amo quando a melhor equipe vence os melhores jogadores. Foi o que aconteceu nas finais do ano passado para mim.”

A final vencida pelo Spurs. Vocês sabem, o Hawks do Oeste.


Na vaga de Raulzinho, Scott Machado chega à 3ª escala em seu sonho de NBA
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Giancarlo Giampietro

Scott Machado, e aí?

E não é que, mesmo sem Raulzinho, o Utah Jazz pode iniciar a temporada 2013-2014 da NBA com um armador brasileiro em seu elenco? Lá está ele, Scott Machado, já na terceira escala de seu sonho de se firmar como um jogador da liga norte-americana.

A equipe de Salt Lake City inicia formalmente suas atividades para um novo campeonato nesta segunda-feira, com o “Media Day”, no qual os jogadores ficam disponíveis para sessões de fotos e entrevistas com os jornalistas antes do tapinha inicial do training camp. E toca o gaúcho nova-iorquino, um rapaz bastante otimista e batalhador, falar sobre suas ambições como profissional e sobre como esta é uma excelente oportunidade para ele mostrar seu valor.

Mas é mesmo? Qual é o Utah Jazz que ele tenta convencer a lhe empregar nas próximas semanas?

Este é um ano de transição drástica para o clube. Abriram mãos de alguns veteranos consolidados e decidiram investir em jogadores mais jovens, com a expectativa de desenvolver uma base mais forte a longo (ou médio?) prazo.

Algo parecido com o que se passou em quadra ao final da carreira de John Stockton e Karl Malone. Com pequenas diferenças, claro: 1) o grupo anterior, de Al Jefferson, Paul Millsap e alguns resquícios da era Deron-Boozer-Okur, jamais chegou perto da identidade que aqueles chatíssimos, mas eficientes times dos anos 90 tiveram, ainda mais carregados por duas lendas do basquete; 2) a nova guarda de agora tem muito mais talento para oferecer do que os times de Arroyo, Raul López, Sasha Pavlovic, Jarron Collins e Ben Handlogten, a despeito da exuberância de Andrei Kirilenko.

A ideia é investir no núcleo de Trey Burke, Gordon Hayward, Enes Kanter, Derrick Favors (e talvez Alec Burks? Rudy Gobert?). Depois de anos medíocres com Al Jefferson e Paul Millsap, flertando com os playoffs, mas sem ter chance alguma de incomodar, chegou a hora de apostar que um ou vários desses garotões estoure e venha se tornar um líder de maior potencial, pensando em voos mais altos num Oeste ainda muito competitivo.

Nesse sentido, Scott encontra, então, um contexto benéfico para alguém igualmente jovem. Esse é o ponto mais otimista para o brasileiro se equilibrar. Outro: o armador foi o primeiro atleta a ser convidado pelo gerente geral Dennis Lindsey (mais um dos pupilos de Buford e Popovich em San Antonio) para fazer parte dos treinos da pré-temporada. Os alas Mike Harris, ex-Rockets, e Dominic McGuire, ex-Wizards e Warriors, foram os atletas adicionados na sequência – McGuire, um defensor versátil, capaz de segurar as pontas no perímetro e de reforçar o rebote é alguém de que sempre gostei, e seria um bom substituto para o enérgico DeMarre Carroll, que fechou com o Hawks. Por fim, chegaram o ala Justin Holiday (irmão mais velho do Jrue), o veterano ala-pivô Brian Cook (um pesadelo para Phil Jackson), o viajado pivô Dwayne Jones e o armador Nick Covington, da D-League e bom arremessador do perímetro.

Explicando do que se trata o tal do “contrato do training camp”: o jogador assina sem garantias alguma, tal como no ano passado com Houston. Isto é, pode ser dispensado a qualquer momento, sem que a franquia lhe deva muito dinheiro.

Não é o compromisso mais promissor do mundo, mas o fato de ele ter sido o primeiro da lista já conta para alguma coisa. Principalmente pelo fato de a diretoria ter acabado de dispensar Jerel McNeal, armador rodado na D-League e que fechou com a equipe na temporada passada. (Embora ainda não esteja claro se essa atitude teve a mais a ver com um desinteresse do clube, ou se o atleta recebeu alguma proposta mais vantajosa para jogar na Europa ou China.)

Scott terá, então, alguns dias ou semanas para convencer o técnico Tyrone Corbin de que seria útil ao seu time. Em teoria, falta ao elenco do Utah Jazz hoje um terceiro armador, atrás do calouro Burke, nona escolha do Draft deste ano, e de John Lucas III, ex-Raptors, Bulls e tantos outros.

Acontece que Hayward e Burks (não confundir com Burke… Deveria haver uma regra na NBA que proibisse os times de criar esse tipo de confusão para jornalistas e torcedores, não?) também têm o tipo de habilidade no drible e visão de jogo que lhes permite conduzir uma equipe em quadra por alguns minutos. Ainda mais se acompanhados em quadra pelo ala-armador Ian Clark, um baixinho que impressionou durante as ligas de verão, jogando pelo Miami Heat e pelo Golden State Warriors. Clark apresenta o suposto biótipo de um armador, mas não está habituado a criar para os outros. Tem muito mais tino para a finalização, com um excepcional tiro de três pontos. De todo modo, se for para quadra, deve ter alguma responsabilidade na estruturação da equipe.

(A presença de Clark, aliás, no elenco do Jazz não deixa de ser uma ironia e um incentivo para Scott: foi ele quem o colocou no banco no Warriors de veraneio em Las Vegas, praticamente definindo a demissão do brasileiro. Há divergências sobre o tipo de vínculo que ele tem com o clube. Se parcialmente garantido – no sentido de que, se mandado embora, ainda embolsaria pelo menos um cheque de agradecimento – ou se já tem um salário integral assegurado.)

Incluindo o chutador revelado pela universidade de Belmont, o Utah tem 13 jogadores contratados para a temporada, o mínimo necessário para a formação de um elenco, de acordo com as regras da liga. De modo que Scott precisa fazer bons treinos, dando sequência aos testes que realizou nas Montanhas Rochosas durante o mês de setembro, para tentar abrir mais uma vaguinha nesse plantel.

O que causa estranhamento, de certa forma, em seu convite pelo Utah Jazz é a baixa estatura dos armadores já contratados pelo time. Com 1,80 m, Lucas consegue encarar este blogueiro  de olho-pra-olho, assim como o titular Burke, com seu generoso e oficial 1,83 m. Scott teria sido ainda mais abençoado com seu oficial 1,85 m.

É de se esperar que os gerentes gerais procurem diversificar na formação de um time, com peças complementares no banco de reserva. Do ponto de vista físico, Scott não oferece nada de diferente, sofrendo igualmente diante de armadores maiores, mais fortes e mais atléticos – e sabemos que a liga está inundada com este tipo de cara. Ainda que em seus últimos jogos pelo Warriors ele tenha se mostrado combativo na defesa, pressionando com sucesso o drible do adversário, o tipo de adversários que enfrentou em Vegas é bem inferior aos Roses e Walls do mundo.

O que o brasileiro oferece de diferente (beeeem diferente, aliás) é sua visão de jogo, sua maior propensão para o passe, facilitando a vida de seus companheiros no ataque. Lucas é um chutador por vezes descontrolado, enquanto Burke seria um meio termo, dependendo da orientação que tiver de sua comissão técnica.

Além disso, Scott ainda precisa solucionar sua mecânica de arremesso de modo urgente, além de melhorar sua técnica para conversão de bandejas – ainda tem muita dificuldade para encarar pivôs fisicamente intimidadores, e os treinos contra Favors, Kanter e Gobert já serão um duro teste. Sim, o armador persiste, busca novos caminhos para continuar sua carreira, mas as coisas de forma alguma se apresentarão fáceis para descolar um emprego de alto nível.

Uma posição que Raulzinho teria a oportunidade de ocupar este ano, mas que postergou ao tomar a correta decisão de voltar para a Espanha, aonde poderá ficar muito mais minutos para usufruir e evoluir. De lá, nem que seja online ou por meio de algum espião-amigo em Salt Lake City, poderá coletar as informações com o que se passa com seu breve companheiro de seleção, de olho no futuro.


Nets fecha com Kirilenko a maior barganha do mercadão 2013 da NBA
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Giancarlo Giampietro

Andrei. Kirilenko.

Andrei Kirilenko reforça, e muito, o Brooklyn Nets

Primeiro o fato: ao fechar com Andrei Kirilenko por US$ 3,1 milhões por um ano de contrato, o Brooklyn Nets conseguiu a melhor barganha do mercadão 2013 de agentes livres da NBA. Um negócio que tem tudo para dar melhor resultado em termos de custo-benefício, na frente do contrato assinado por Paul Millsap com o Atlanta Hawks.

Vamos colocar em perspectiva: Kirilenko vai ganhar o mesmo salário de Chris Kaman no próximo campeonato. Perguntem a Mike D’Antoni quem ele preferiria assinar em seu time.

Mais: independentemente da loucura de outros dirigentes, uma série de jogadores inferiores ganharam muito, mas muito mais. O próprio Minnesota Timberwolves, ex-time do AK-47, fechou com Kevin Martin (cestinha “eficiente”, que na verdade é supervalorizado pelos estatísticos) por US$ 30 milhões em quatro anos e Chase Budinger (bom atacante, fraco defensor) por US$ 16 milhões em três anos. Zaza Pachulia (lenhador típico, num time já abarrotado de pivôs) vai ganhar o mesmo que Budinger pelo Bucks. Dava pra continuar aqui sem parar. Esses três, porém, já dão uma boa ideia de onde queremos chegar.

Acontece que o dicionário Michaelis oferece como explicação para “barganha” também o seguinte: “Transação fraudulenta; trapaça”. É apenas a quarta definição, ok, mas está lá. E aqui do nosso cantinho, não dá para acusar, cravar nada. Mas que foi uma notícia chocante, foi. Já havia feito algumas, digamos, piadas no Twitter quando eles anunciaram. Havia realmente no ar um clima de surpresa geral. Aí que o jornalista Adrian “Fura o Furo” Wonjarowski  saiu para o front mais uma vez para checar o que diversos cartolas rivais estavam pensando a respeito da transação.

Vou traduzir apenas um trecho de seu artigo. “As insinuações são inequívocas: ao redor da NBA, estão ligando para o escritório do comissário, pedindo para investigar a possibilidade de algum acordo paralelo e de os rublos russos estarem dando a ordem – por ora, acusações infundadas baseadas em circunstância e aparência”, escreveu.

Assim: Kirilenko abriu mão de um salário de US$ 10 milhões para a próxima temporada, pelo Timberwolves, para supostamente ganhar um contrato mais seguro, de longo prazo. Disse que não queria que sua família tivesse de se perguntar sempre sobre aonde o astro jogaria etc. Queria estabilidade, melhor dizendo. E, de repente, ele assina por um terço deste valor – por um só ano – pelo Nets. O clube de propriedade de seu compatriota Mikhail Prokhorov, que também investe uma grana no CSKA Moscou, clube pelo qual o jogador atuou durante a temporada do lo(u)caute da NBA.

Ter Kirilenko, por orgulho russo, no Nets foi sempre uma meta do bilionário, um dos homens mais ricos do mundo (mesmo). No verão passado, porém, seu time não tinha espaço salarial para fazer uma proposta que fosse decente. Não resta dúvida, de que não estavam pensando em assinar por algo abaixo de US$ 5 milhões. Agora conseguiram um desconto.

“É descarado”, “Deveria haver uma sondagem a respeito. O quão óbvio é isso?”, “Vamos ver se a NBA tem alguma credibilidade” foram algumas das respostas que Wojnarowski ouviu em suas entrevistas. A galera está irada.

Kirilenko, Prokhorov e a inveja e fúria da concorrência

Kirilenko, Prokhorov e a inveja e fúria da concorrência

Segundo consta, Kirilenko queria um contrato de no mínimo US$ 8 milhões por três temporadas, algo bem mais adequado ao seu valor em quadra. O San Antonio Spurs teria tentado sua contratação, mas desistiu no meio do caminho. Imagino a cara de Gregg Popovich ao saber do acordo fechado.

Agora vamos ao outro lado da… Hã… Moeda.

Antes de especular sobre qualquer coisa, por exemplo, o analista Kevin Pelton, da ESPN.com, avaliou os piores negócios do ano e inseriu a tentativa fracassada do Spurs na lista. Ele simplesmente considera que o grande erro de Kirilenko foi ter rescindido seu contrato com o Wolves. “Aquele dinheiro (US$ 10,2 milhões) já não estava mais disponível. Os times com os recursos para fazer uma oferta substancial para Kirilenko simplesmente seguiram em outra direção”, escreveu. “A não ser que alguma informação adicional apareça, a noção de que Kirilenko deixou um montão de dinheiro na mesa para jogar pelo Nets é injustificada. Ele cometeu um erro.”

Pode até ser, mesmo, que tenha sido um erro de cálculo do jogador e de seu estafe. Talvez tenham superestimado a inteligência dos gestores da liga. Que ninguém apareceu sinceramente interessado em seus serviços e, considerando as demais opções, tenha escolhido o clube de Prokohorov, pela familiaridade – e sem essa de dinheiro por baixo da mesa.

Sobre os gestores da liga, vale gastar mais um parágrafo. O Milwaukee Bucks, neste caso, gente… Aiaiai. O preço de um Carlos Delfino mais Pachulia teria valido um Kirilenko, por exemplo. Kirilenko + Ilyasova + Sanders seria uma linha de frente instigante, por exemplo. O Hawks poderia ter feito o mesmo ao emparelhar o medalhista de bronze olímpico com Al Horford e Paul Millsap – num time que vai sentir muita falta das habilidades defensivas de Josh Smith, algumas das quais AK poderia suprir. Vai pagar US$ 10 milhões por Monta Ellis, Mark Cuban, com um cara desse nível disponível? Será que, no fim, o Spurs conseguiria convencer o russo a aceitar o dinheiro dividido em Marco Belinelli, Jeff Pendergraph e mais uma peça complementar (algo em torno de US$ 5 milhões)? Enfim, vai entender como chegamos a esse ponto.

Voltando aos fatos: com Kirilenko, o Nets ganha em versatilidade e elenco. O mais reforço permitirá que Kevin Garnett e Paul Pierce tenham seus minutos regulados com mais tranquilidade – assim como a sua própria carga de trabalho. No banco, terão agora, provavelmente, Shaun Livingston, Jason Terry, AK, Andray Blatche e Reggie Evans, para não falar do ostracismo de Mirza Teletovic. O Nets chega para valer na briga, e, quando começar o campeonato, se os veteranos aguentarem em quadra, saudáveis, a concorrência no Leste vai ter muito mais com o que se preocupar além dessa teoria da conspiração.


Faverani, Lucas Bebê, Raulzinho, Alexandre… A quantas anda a ‘invasão brasileira’ na NBA?
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Giancarlo Giampietro

Lucas Bebê e sua turminha nova

Lucas, Schroeder e Muscala aguardam as negociações do Haws para assinar, ou não

Está tudo indefinido no momento. Tudo depende de alguma coisa, ou de várias coisas, na verdade. Mas o contingente brasileiro, de uma hora para outra, poderia saltar de seis para 10 na NBA. Ou ser reduzido para cinco (Leandrinho e Scott Machado). Vai saber: é um período de incertezas, mesmo, com muitos times ainda bem distantes de tomar uma cara, enquanto outros buscam apenas alguns últimos retoques. Nesse furacão, Lucas Bebê, Raulzinho & Cia. são vistos como trunfos (“assets”) das franquias, peças num grande tabuleiro (para ficar numa metáfora mais básica), aguardando a hora de colocar as coisas no papel.

Mas vamos lá, tentar resumir e entender a quantas anda a invasão brasileira na liga. Por tópicos:

Vitor, de Valência para Boston?

Faverani em dupla com Fabrício?

Vitor Faverani (atualizado)
Aos 25 anos, estabelecido como um jogador de ponta na Espanha, Vitor foi testado pelo menos por quatro clubes da NBA – Knicks, Wizards, Celtics e Spurs – nas últimas semanas, mas já tem um bom emprego no Valencia, atraindo o interesse de Real Madrid e Barcelona ano sim, ano não. Não precisa se esgoelar para cruzar o Atlântico.

A boa nova, porém, vem do site Tubasket.com: o Boston estaria interessado em lhe oferecer um contrato. “Dos quatro, o Celtics lhe quer em seu elenco”, afirma a publicação, sem dar muitos detalhes, contudo. Com a megatroca que fechou com o Nets, se despedindo de Pierce e Garnett, Danny Ainge já teria no mínimo 13 jogadores sob contrato – Fabrício Melo entre eles –, restando duas vagas para completar o plantel.

Horas mais tarde, o mesmo site espanhol foi adiante e colocou Faverani “muito próximo” de um acordo para se tornar o terceiro brasileiro a jogar pela histórica franquia. “Com o passar das horas, já temos novidades. Todas elas deixam o jogador cada vez mais próximo de Boston, onde esteve há duas semanas entrevistando dirigentes da franquia. Fontes próximas da operação confirmam ao Tubasket.com que o acordo está quase fechado, quase 100%”, escreveram. “Faltam detalhes, embora no principal exista um entendimento: dois anos de contrato mais um terceiro opcional.

Vitor passou batido no Draft de 2009, a despeito de ser seguido pelos olheiros da NBA por anos, admirados com seu talento, mas preocupados com seu comportamento fora de quadra.  Aos poucos, devarzinho, as coisas foram se ajeitando para o paulista de Paulínia. Aparentemente, duas semanas depois de entrevistado, para os cartolas da Beantown, não resta dúvida sobre seu amadurecimento. Vamos ver se eles fecham a negociação.

“Na parte com o time americano, está tudo praticamente certo. Agora precisamos esperar os dois times entrarem em contato, e isso demora um pouco mais. Eles irão pagar uma multa para ele deixar o Valência”, disse o agente Luiz Martín, ao Lancenet!.

Lucas Bebê
Danny Ferry, gerente geral do Atlanta Hawks, anda bastante ocupado nas últimas semanas. Com mais de US$ 20 milhões em salários para gastar, tentou Dwight Howard em vão, assinou com Paul Millsap, renovou com Kyle Korver, fechou com o operário DeMarre Carroll, vai se sentar com Andrew Bynum nesta semana (talvez até nesta terça) e ainda precisa ver o que fazer com Jeff Teague. Ele pode tanto estender um novo contrato para o pequenino, ou envolvê-lo em uma negociação por Brandon Jennings ou Monta Ellis.

Considerando toda essa movimentação, Ferry tem sob sua alçada nove jogadores – sejam contratados ou apalavrados. Restam quatro vagas para ele preencher um elenco mínimo para a próxima temporada. Uma certamente seria a do armador titular. Outra poderia ser de Bynum, mas precisa ver se há espaço na folha salarial para isso dar certo. Talvez não sobre grana. As outras duas ou três? Neste ponto entrariam Lucas Bebê e o alemão Dennis Schroeder, suas duas escolhas de primeira rodada do Draft deste ano, além de Mike Muscala, pivô apanhado na segunda rodada.Primeiro, trabalham com os agentes livres, depois com os calouros.

Lucas e sua icônica subida ao palco do Draft

Será que Bebê vai jogar na NBA de Stern ou na do próximo comissário?

Pensando primeiro no Hawks, o técnico Mike Budenholzer teria como opções de garrafão hoje o talentosíssimo Al Horford, Millsap, Carroll (numa formação mais baixa) e… só. Zaza Pachulia se foi, algo providencial. Bebê e Muscala, então, completariam a rotação. Mas, olha-lá, considerando sua inexperiência, esse grupo ainda fique muito frágil, por mais que queiram usar de small ball. Se o Hawks ainda mira os playoffs – e a contratação de Millsap só corrobora isso –, os cartolas do clube teriam de confiar muito em seus novatos para toparem batalhar com este elenco.

Agora, está pendente ainda a liberação do pivô brasileiro. Ele renovou seu contrato com o Estudiantes por mais dois anos. Poderia ficar na Liga ACB até 2015, confortável, se desenvolvendo. A renegociação, no entanto, permitiu que sua multa rescisória fosse reduzida, facilitando sua saída. Antes, estávamos falando de cerca de 2 milhões de euros, segundo a mídia espanhola, para que o carioca saísse este ano – em 2014, seria de graça. Para não ficar de mãos abanando, o time de Madri aceitou abaixar o valor pedido para agora, desde que no ano que vem também pudessem receber algo.

Ainda que Bebê não tenha saído entre os 10 ou 15 primeiros, com salário mais alto, sendo a 16ª escolha, ganharia no mínimo $1,371 milhão (o valor poderia chegar até US$ 1,6 milhão, dependendo da boa vontade de Ferry) em sua primeira temporada. Estaria provavelmente em condições de pagar sua multa – lembrando que o Hawks pode contribuir com US$ 550 mil nesta conta. Financeiramente valeria a pena, ainda mais de olho no segundo contrato, costumeiramente mais generoso. Agora, essa remuneração só aumentaria de modo mais significativo desde que Lucas mande bem em quadra. Até agora, em todas suas entrevistas, o jogador manifesta confiança de que estaria pronto, sim, para fazer a transição.

Raulzinho (atualizado)

Raulzinho, ainda sem a farda

Espanha ou NBA? Pergunta importante para evolução, diz Raul

A situação é bem mais instável que a de Lucas. A começar pelo fato de ter sido escolhido na segunda rodada do Draft, o que lhe dá menos prestígio na hora de negociar. Mas, mais importante, é o fato de o Utah Jazz já ter assinado com Trey Burke, o n¡umero 9 do Draft, armador  como ele e eleito o jogador do ano do basquete universitário. Para ficar com Burke, a franquia gastou duas escolhas de primeiro round. Ele chega para ser titular, até que se prove o contrário (seu primeiro jogo não foi dos melhores, mas ainda está MUITO cedo para qualquer avaliação).

Por mais que o clube tenha, enfim, adotado uma rota de rejuvenescimento em seu plantel, permitindo a saída de Al Jefferson e Millsap para abrir espaço para os promissores Derrick Favors e Enes Kanter, seria muito raro o clube iniciar a temporada com dois armadores novatos dividindo o tempo de quadra. Improvável demais. Tanto que, na noite de segunda-feira, seus diretores se reuniram com John Lucas III em Orlando.

Não ajuda em nada Raul não ter conseguido uma liberação da Fiba para disputar a liga de verão de Orlando nesta semana. Ainda com contrato com o Lagun Aro GBC (ou San Sebastián Gipuzkoa BC), Raulzinho precisava de uma licença para participar dos amistosos e mostrar em que estágio está seu desenvolvimento. Demorou um pouco, mas chegou. Nesta terça, já estava apto para jogar contra o Houston Rockets. Com experiência de duas temporadas numa Liga ACB, tem grandes chances de impressionar.

No caso de o Utah fechar com um atleta mais rodado para ajudar Burke, valeria a pena para o brasileiro ser o terceiro armador? Duvido. Seria bem melhor seguir na Espanha como titular, enfrentando veteranos de alto nível, para, no futuro, tentar a NBA ainda mais consolidado.

“Não sei ainda quando sairá essa decisão sobre meu futuro”, afirmou o armador ao ESPN.com.br. “Meu agente Aylton Tesch está em contato com minha equipe na Espanha, assim como com o Utah Jazz, buscando aquilo que for melhor no momento. Mudar para NBA ou não? Não é algo a ser pensado ainda, tenho que pensar o que vai ser melhor para eu continuar evoluindo.”

Ainda sobre Raulzinho, uma coisa: sei que não temos muitas referências sobre Utah, ou Salt Lake City, vá lá… Mas que tal propormos um pacto coletivo e jamais lhe perguntar o que ele pensa sobre jogar no time que tinha John Stockton? Ok, uma lenda. Ok, um dos maiores da história. Ok, Stockton-to-Malone. Mas… A aposentadoria do carteiro do carteiro, já completou 10 anos. Quantos anos o brasileiro tinha quando o o sujeito disse adeus? Só 11. Então… Deixem que os filhos de Stockton, David e Michael, com o sobrenome nas costas e a função de armador em quadra, falem a respeito. É importante colocar isso porque muitas vezes nós, entidade conhecida como mídia, podemos criar uma história que não existe e, depois, cobrar a respeito.

Alexandre Paranhos

Alexandre, ele

Alexandre mal vestiu a camisa do Flamengo em jogos para valer. Dallas observa

Aposta de Leandrinho, o jogador revelado pelo Flamengo está inscrito no elenco de verão do Dallas Mavericks, que vai jogar na semana que vem em Las Vegas. É difícil dizer o que esperar do ala. Fisicamente, estamos falando de um jogador muito talentoso. Forte, vigoroso, com tremenda envergadura. Aparentemente, deu um duro danado nos Estados Unidos na preparação para o Draft e teria valorizado ainda mais esses atributos. Por outro lado, ainda é muito cru nos fundamentos e muito inexperiente – em alto nível,  isso nunca aconteceu; mal jogou no NBB.

Para agravar, faz muito tempo que o rapaz não disputa uma partida de verdade de basquete. Como, então, vai reagir diante da pressão de tentar uma vaguinha no clube texano, enferrujado e ainda enfrentando a famosa barreira da língua? (No Dallas, o atenuante ao menos fica por conta da predisposição histórica da franquia para trabalhar com estrangeiros).

Durante os treinos desta semana e, em Las Vegas, Alexandre deve convencer os técnicos e dirigentes de Mark Cuban de que merece ao menos um chamado para o training camp em outubro. Desta forma, mesmo que não entrasse para o elenco final, poderia seguir sob a tutela de Donnie Nelson na filial do Mavs da D-League, o Texas Legends.

Para constar: na liga de verão, os segundanistas Jae Crowder (ala) e Bernard James (pivô) saem na frente. Assim como o armador Shane Larkin, escolha de primeira rodada, o ala Ricky Ledo, do segundo round, e o israelense Gal Mekel, já com contrato garantido. De resto, o brasileiro teria de trombar com Christian Watford, calouro revelado por Indiana, DJ Stephens, calouro hiperatlético de Memphis, além dos pirulões Hamady N’Diaye, ex-Wizards, e Dewayne Dedmon, formado pela USC.

É uma trajetória surpreendente a de Alexandre, de qualquer maneira, que desperta muita curiosidade, ainda mais pelo simples convite por parte do Mavs.

PS importante: muito do que está explanado acima pode mudar com um sopro. Considerando a loucura que foi a noite do Draft – Raulzinho já experimentou o que é ser trocado – e toda a movimentação da intertemporada, basta um negócio inesperado para se fechar um elenco, abrir vagas etc. Há muita coisa em jogo ainda.


Lakers assume 8ª posição no Oeste; saiba tudo sobre a luta com o Utah pelos playoffs
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Giancarlo Giampietro

Kobe x Paul Millsap

O Lakers de Kobe faz a ultrapassagem. Seguirá na frente?

Atos heróicos de Kobe Bryant, Dwight Howard já canta música para o ala veterano, Pau Gasol não volta, mas também parou de reclamar, e o Lakers, aos trancos e barrancos, deu um jeito de retomar a oitava colocação do Oeste, com uma vitória a mais do que o Utah Jazz Para um clube que acreditava brigar pelo título, pode não parecer muita coisa, mas, considerando o caos que tomou conta de sua campanha, a mera classificação para os playoffs talvez seja comemorada como a conquista do campeonato.

Mas calma lá também, né. Assumir a oitava posição da conferência no dia 10 de março não significa de modo algum que ela será mantida até o meio de abril, quando se encerra a temporada regular. Ou é isso mesmo?

Confira abaixo um apanhado de dados que detalham o confronto direto entre Lakers e Utah pela última vaga dos mata-matas na fração ocidental da NBA, seguidos por algumas considerações, já que os números nem sempre vão dizer tudo:

– Retrospecto do duelo: Utah Jazz 3 a 1, e os times não se enfrentam mais.

– Até o momento, o Lakers enfrentou adversários que venceram 51,2% de seus jogos. Para o Utah, 49,9%

– No último quarto (25%) de tabela, o Lakers encarou oponentes com 50,4% de aproveitamento. Para o Utah, 49,1%

– O Lakers venceu oito de seus últimos dez jogos. O Utah, apenas três.

– O saldo de pontos do Lakers no campeonato todo é de +1,1. Do Utah, -0,6.

– O Lakers disputou 32 jogos dentro de casa e 31 fora. O Utah, 30 e 33, respectivamente.

– Campanha do Lakers na estrada: 11 vitórias e 20 derrotas. Utah: 10 e 23.

– Campanha do Lakers em casa: 22 vitórias e 11 derrotas. Utah: 22 e 8.

– A tabela restante do Lakers: @ Orlando, @ Atlanta, @ Indiana, Sacramento, @ Phoenix, Washington, @ Golden State, @ Minnesota, @ Milwaukee, @ Sacramento, Dallas, Memphis, ‘@’ Clippers, New Orleans, Portland, Golden State, San Antonio, Houston. O aproveitamento médio de seus oponentes restantes é de 47,5%. São 9 fora de casa (embora um deles seja contra o Clippers, em Los Angeles, com torcida mais favorável ao Lakers sempre, independentemente da temporada de darlins dos ex-primos pobres), 9 em casa.

– A tabela restante do Utah: Detroit, @ Oklahoma City, Memphis, Knicks, @ Houston, @ San Antonio, @ Dallas, Philadelphia, Phoenix, @ Portland, Brooklyn, Portland, Denver, New Orleans, @ Golden State, Oklahoma City, Minnesota, @ Minnesota, @ Memphis. O aproveitamento médio de seus oponentes restantes é de 53,2%. São 8 fora de casa, 11 em casa.

Comentando…
Lakers enfrenta adversários mais fracos, mas o Utah conta com a vantagem de jogar mais em casa, onde é consideravelmente melhor – jogar em Salt Lake City ainda é uma das paradas mais difíceis da liga. Agora, tudo isso pode se tornar relativo. Vejamos: a) esse aproveitamento pode mudar de rodada para rodada, claro; b) teoricamente enfrentar o Memphis Grizzlies na última ou o San Antonio Spurs Spurs na penúltima rodada pode ser uma pedreira, ou não, dependendo do que está em jogo para os respectivos clubes e quem vai entrar em quadra; c) o mesmo raciocínio vale também para os jogos fora de casa: o quanto seria difícil jogar contra um time eliminado ou já garantido nos playoffs nessas condições? Quer dizer: esses números servem como um indicativo, mas não podem ser levados para nenhum teste de soro da verdade.

O momento é todo do Lakers agora, mas eles precisam fazê-lo valer em uma sequência de três jogos fora de casa que começa terça contra uma baba como o Orlando Magic – mas que pode se tornar uma arapuca, devido ao fator “Dwight-Howard-reencontra-a-turminha-na-Disneylandia” – e dois times encardidos. Além do mais, antes do triunfo seguro sobre o Chicago Bulls, não dá para esquecer que Mike D’Antoni precisou de duas noites seguidas de milagres por parte de São Kobe Vino Bryant para vencer dois times abaixo da linha da mediocridade como Hornets e Raptors. Por mais espetaculares que tenham sido as jogadas de Kobe, o fato é que o Lakers penou e teve muita sorte para vencê-los. Tudo isso para dizer o seguinte: o Lakers não está exatamente em uma posição em que possa estourar o champanhe ou dizer que qualquer jogo é fácil. Para esse time? Não é, não serão. Mais: Pau Gasol ainda está longe de retornar ainda, e qualquer pancada mais forte no lesionado ombro de Dwight Howard pode por um fim na brincadeira.

Do lado do Utah Jazz, os desfalques eventuais de Paul Millsap e/ou Al Jefferson, o retorno errático de Mo Williams, toda a confusão causada na rotação de Tyrone Corbin, a incapacidade/relutância da diretoria em fechar um negócio este ano, tudo isso num balaio só aponta para um time que viu setrem descarrilar nas últimas rodadas. O que é mais importante agora: dar tempo de quadra aos mais jovens ou conquistar a vaga nos playoffs? (Essa tem resposta: para o lado comercial da franquia, a vaga, que rende grana em pelo menos um confronto de mata-mata e desperta interesse para a temporada seguinte.) Mas…  será que o time já não é melhor com Enes Kanter do que com Al Jefferson? Ou com Derrick Favors jogando ao lado de Paul Millsap? Ou com… Enfim… Vão conseguir reencontrar o rumo e, pelo menos, vencer um jogo a mais que o Lakers, empatar na classificação e assegurar a vaga por confronto direto?

*  *  *

Na reta final, se o Los Angeles Lakers conseguir duas vitórias a mais que o Golden State Warriors, os dois times estarão empatados na tabela. Três derrotas a mais em relação ao Utah Jazz, do Warriors o deixaria atrás do Utah Jazz também. Sim, meu raro amigo sofredor viúvo de Chris Mullin, Mitch Richmond e Tim Hardaway, você também pode ficar preocupado, ainda mais quando sua equipe enfrenta o Lakers mais duas vezes e o Utah, uma.

 


Filho de Stockton ganha chance no Utah Jazz
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Giancarlo Giampietro

Michael Stockton

Michael Stockton devolve o sobrenome aos registros históricos do Utah Jazz

Há um Stockton no elenco do Utah Jazz que disputa a Summer League de Orlando a partir desta segunda-feira. Michael Stockton, no caso, 22 anos e filho do legendário armador que ganha uma oportunidade de mostrar serviço para a franquia em que seu pai se consagrou.

Formado por uma universidade pequena de Salt Lake City – a Westminster College, jogando também futebol americano –, o também armador jogou a última temporada pelo BG Karlsruhe, clube que disputa a segunda divisão da Alemanha e esteve entre os últimos colocados durante todo o ano. Muito pouco? Ele nem se importa.

“Só queria uma chance, não importando onde ou em qual liga. Disse que iria para qualquer lugar”, afirmou o jovem Stockton, que se frustra um pouco por não saber falar alemão. “Há muito espaço para evoluir. Já consegui fazer algumas coisas boas, mas não que tenha nem arranhado a superfície do que posso ser como jogador. Não fiz muitas cestas, não fui espetacular, mas fui sólido.”

Michael não é o único descendente de John Stockton a tentar a carreira de jogador. Seu irmão mais novo, David, joga pela universidade de Gonzaga, pela qual o pai se formou nos anos 80.

John e Paul Millsap

John e Paul Millsap em 2007

Em sua posição, no time de verão do Jazz, Michael não terá vida fácil. Os titulares devem ser Blake Ahearn, veterano da D-League que terminou a temporada passada da NBA no elenco do Jazz, e o talentoso Alec Burks, lottery pick em 2011. O versátil Kyle Weaver também deve ser bastante utilizado.

* * *

Outra curiosidade na lista de jogadores do Jazz: o ala John Millsap, irmão mais velho de Paul, ala-pivô que é um dos destaques da franquia e um dos jogadores mais subestimados da liga. Aos 29 anos, ele tenta novamente cavar um espaço no clube pelo qual treinou em outras ocasiões – na última temporada, defendeu o Guaros da Venezuela, tendo já rodado por República Dominicana, Porto Rico, Argentina e Europa. Outro integrante do clã Millsap, Elijah, também joga profissionalmente, na D-League.


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