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Arquivo : Nowitzki

Personagens dos playoffs: Vince Carter
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Giancarlo Giampietro

Vince Carter, herói das masas e de Nowitzki

Vince Carter, herói das masas – e de Dirk Nowitzki. É isso aí

Quem se lembra de quando havia gente doida o bastante para dizer que o Dirk Nowitzki nem era tudo aquilo que se falava, que ele nunca vencia nada que prestasse, que era apenas um bom arremessador, mas um fracote para triunfar na NBA? Mais um desses euros molengas, que não aguentava o tranco, e tal. Seu jogo só servia para a temporada regular. Na hora do vamovê, tirava da reta, afinava.

Estamos falando aqui dos idos de 2008, mais ou menos, e o alemão ainda não havia conquistado seu anel de campeão, derrubando LeBron James e a cambada de South Beach nas finais. De fato uma loucura. Mas o supercraque ao menos conseguiu assumir o controle da situação, ditando, com talento e, ufa, resultados, qual a percepção em torno de sua carreira, se é que um dia ele vai parar de jogar. Dá para imaginar Nowitzki girando, devagar quase parando, aos 50 anos, atirando a bola bem lá pro alto, e o arco terminando num chuá daqueles.

Agora, e quem se recorda dos tempos em que Vince Carter era o futuro da NBA? O tanto de pôsteres “Vinsanity impressos com cravadas inigualáveis, como aquelas de sua inesquecível exibição no torneio de enterradas de 2000, ou mesmo aquela mais absurda (de todos os tempos) sobre o pobre Fredereic Weiss nos Jogos Olímpicos de Sydney, no mesmo ano. Sem contar os diversos NBA Actions que terminaram com suas jogadas que realmente testavam as mais conservadoras leis da física. Sim, aí voltamos no tempo um pouco mais, mesmo, no início da década passada, quando ainda era possível ter a dúvida sobre quem teria a melhor carreira: Vince ou Kobe.

Dunk of Death, Carter, Weiss

Muita coisa também correu por baixo da ponte desde então. Muuuuuita coisa, neste caso. Carter foi de cidadão honorário a figura mais odiada em Toronto, onde até hoje é vaiado – especialmente por ter forçado sua troca, sabotando por completo seu valor, a ponto de o (incompetente, é verdade) Rob Babcock tê-lo repassado por um pacote de Eric Williams, Aaron Williams, um veteranaço Alonzo Mourning, que se recusou a jogar por lá, e duas escolhas de primeira rodada que viriam a ser Joey Graham e Renaldo Balkman (este para o Knicks). Bateu de frente com Jason Kidd em New Jersey. Não ajudou o Orlando Magic a segurar Dwight Howard. Não foi contagiado pela mágica de Steve Nash em Phoenix. Não, não e mais não. Varou os 30 anos como uma pálida lembrança de alguém que já havia sido extremamente relevante para o marketing da liga. até ser dispensado pelo Suns aos 34. Sim, para diversos críticos (oi!), era o fim.

Agora, no caldeirão que Rick Carlisle remexe e prepara com gosto, tudo parece ter um jeito, uma função. Carter foi mais uma contratação-tampão de Mark Cuban em 2011, depois de o proprietário ter implodido o time campeão, para desespero de Nowitzki. A ideia era adicionar veteranos produtivos, seguir em frente com um elenco minimamente competitivo, até que pudessem dar mais uma grande tacada no mercado – algo que não aconteceu exatamente, por mais que Monta Ellis esteja disputando sua melhor temporada. Nessa toada no ritmo de nós-trupica-mas-não-cai, Carter encontrou um novo nicho. Sem muita pressão, firmou-se na rotação, como um sólido chutador para espaçar a quadra ou assumindo mais responsabilidade quando Dirk está descansando, sem contar o fato de também ter se apresentado surpreendentemente como um valente marcador na primeira linha defensiva. Passou a se sentir tão bem que, ciente do final iminente de seu contrato, afirma já ter feito o suficiente pelo clube para merecer uma renovação. Aos 37 anos.

Depois da sensacional cesta da vitória contra o San Antonio Spurs neste sábado, Cuban vai ter de apelar realmente ao pragmatismo se quiser abrir mão do ala. Não custa rever o lance (até o momento em que o dono do clube invade a quadra para abraçá-lo):

Manu Ginóbili sofreu um leve empurrão e deixou o ala escapar por um instante, o suficiente para que seu oponente pudesse receber o passe. Mas o argentino se recuperou rapidamente e o pressionou no canto da quadra. Carter se contorceu e acertou um arremesso extremamente complicado. Valendo o jogo, a liderança da série. Justo ele, que ganhou, justo ou não, a fama de um dos grandes amarelões durante a década.”Às vezes você erra um arremesso importante, como em 2001, e você tem de liidar com isso por um tempo até receber a oportunidade novamente”, disse o ala, em referência ao chute em que errou em duelo com o Philadelphia 76ers de Allen Iverson nos playoffs de 13 anos atrás, pela semifinais do leste. Naquela ocasião, o ala viajou para a Carolina da Norte para participar de sua cerimônia de formatura durante a série, numa decisão que gerou muita polêmica e o perseguiu, basicamente, para sempre.

Com o jogo na linha, Carlisle não pensou em nada disso. “Ele me disse: ‘Ei, você vai receber a bola e vai matá-la’. Eu disse: ‘OK, sem problema’. Na minha cabeça, eu já havia feito o arremesso antes mesmo de a jogada acontecer. Fico feliz que tenha dado certo”, afirmou o atleta, sem tanta empolgação assim para alguém que havia acabado de voltar ao grande palco da liga, num momento crucial para sua equipe. Gato escaldado, claro. Mas vivo, em busca da redenção que Nowitzki já teve.

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 Aqui, uma compilação de 100 (!?) enterradas de Carter no auge. Imaginem se o YouTube e o Twitter estivessem vivos na época. Blake Griffin não teria chances, convenhamos:

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Seguem duas fotos do lance capital do terceiro jogo da série contra o Spurs, com o Mavs na frente por 2 a 1. Para mim, ainda mais espetaculares que o vídeo, com destaque para a segunda (o calcanhar quase mordiscando a linha e Manu saltando feito um louco):

Vince Carter x Manu Ginóbili, jogo 3, Mavs x Spurs

Mavs vs Spurs, Carter, clutch, Game 3 win

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Por fim, o gráfico de aproveitamento de arremessos de Carter durante a temporada. Na quina esquerda da quadra, justamente o seu ponto preferido:

Vince Carter shot chart, 2013-2014


Pressionado, Fabrício Melo recomeça em Dallas e tenta cumprir promessa
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Giancarlo Giampietro

“Você simplesmente não acha tantos jogadores grandes que sejam tão talentosos como ele. Está na mesma categoria de Al Jefferson e DeMarcus Cousins em termos de seu nível de habilidades ofensivas. Ainda há algum trabalho a ser feito defensivamente e nos rebotes, mas sua evolução é evidente por conta de seu contínuo aprimoramento no condicionamento físico.”

Foi isso o que escreveu Jerry Meyer, analista do Rivals.com – um site especializado no recrutamento de jogadores colegiais nos Estados Unidos –, lá nos idos de 2009, sobre um jovem pivô Fabrício de Melo, que ainda tentava se acostumar a ser chamado de “Fab Melo” por seu mais novo treinador, Adam Ross, na Weston Sagemont Upper School, na Flórida. O brasileiro iniciava sua jornada em quadras norte-americanas e causava uma baita impressão.

Fabrício, tipo Boogie Cousins

Nos tempos de promessa colegial e comparações

Depois de uma avaliação dessas, você pode até duvidar das credenciais de Meyer, mas saiba que ele não estava sozinho nesta barca. Ao concluir sua formação colegial, foi convocado para as principais partidas festivas nesta categoria. Ao lado de Kyrie Irving, Harrison Barnes, Tristan Thompson e outros, por exemplo, disputou o tradicional McDonald’s All-American de 2010.

Três temporadas depois, porém, as comparações com Jefferson e Cousins soam surreais, enquanto o termo “promissor” aparece cambaleante ao lado de seu nome. Embora ainda jovem, aos 23 anos, abrindo apenas sua segunda temporada na NBA, já não seria um exagero dizer que o atleta vê sua carreira a perigo, em uma corrida contra o tempo que se iniciou, na verdade, desde que decidiu tentar a vida de jogador de basquete, mais tarde que o normal para os padrões americanos. Nesta semana, ele abre a pré-temporada como jogador do Dallas Mavericks, mas sem contrato garantido.

“Melo começou aqui (nos Estados Unidos) aos 18. Ele tinha 20 como um calouro de universidade. Faz uma grande diferença em termos de desenvolvimento. Acreditar que ele possa ser um um jogador de NBA agora é uma expectativa injusta”, afirma Amin Elhassan, analista do ESPN.com e ex-integrante de diretorias do New York Knicks e do Phoenix Suns. Para comparar: com os mesmos 20 anos (completados em agosto), Andre Drummond já vai para sua segunda temporada de Detroit Pistons.

De basquete organizado, num ambiente verdadeiramente estruturado, o pivô tem quantos anos? Cinco? Se você for considerar os treinos e jogos colegiais dos Estados Unidos como competição nesse nível, a conta seria essa. Mas Elhassan questiona até mesmo isso. “Ele jogou em Sagemont, no sul da Flórida. Não é que ele estivesse enfrentando jogadores de alta classe”, diz.

E um agravante: no Brasil, passou a encarar o basquete como algo a ser testado para valer aos 15, depois de um ano em que deu bela espichada, ultrapassando os 2 metros de altura. “Como todo brasileiro, eu jogava futebol. Mas reparei que era sempre o último a ser escolhido nas peladas. Aí comecei a jogar basquete e me apaixonei”, disse, com o bom-humor de sempre, em entrevista ao MegaMinas que juro que estava neste link aqui, até ficar fora do ar.

Leva mais tempo para os pivôs desenvolverem seus jogos. Quando eles começam tarde no esporte, esse processo de aprendizado fica ainda mais lento. No caso de Fabrício, ele acabava compensando essa falta de recurso técnico dominando fisicamente os atletas de sua idade em ligas colegiais inferiores da Flórida. Foi o suficiente para inflar seu status, com a NBA aparecendo precocemente como uma plausível meta. “Sei que Fab tem o objetivo pessoal de jogar na NBA. Muitos garotos têm esse sonho e, para a maioria, não é algo razoável. Com ele, hesito em dizer, mas seu objetivo é atingível. Com o tempo, ele será capaz de desenvolver habilidades do nível de NBA”, disse Ross, seu primeiro técnico nos EUA, em janeiro de 2010.

Bem, hoje sabemos que a própria liga reconheceu essas habilidades do pivô, com Danny Ainge lhe dedicando 22ª escolha do Draft de 2012. Mesmo tendo o rapaz passado dois anos na universidade de Syracuse, na qual o técnico Jim Boeheim investe muito na defesa por zona, algo ainda não muito comum na NBA e ainda limitado em suas regras. Quer dizer: era mais um desafio para Melo, fazer sua presença sentir efeito num jogo com espaçamento bem diferente e contra jogadores muito mais experientes e capacitados. “Ele tem algumas ferramentas físicas intrigantes, mas é difícil assimilar a velocidade e as demandas intelectuais do jogo quando não se tem muita experiência. Tem potencial, mas enfrenta dificuldade com o entendimento do jogo”, diz Elhassan.

Para Ainge, chefão do Celtics, essas dificuldades foram tão alarmantes que ele decidiu abortar o projeto apenas uma temporada depois de sua seleção. Fabrício apareceu em apenas seis partidas pelo Celtics na última campanha, acumulando apenas 36 minutos de ação (o equivalente a três quartos de uma partida). No total, foram apenas sete pontos, a mesma quantidade de faltas que cometeu. Na D-League, teve momentos melhores, como na sequência de partidas em que somou 15 pontos, 16 rebotes e um recorde de 14 tocos contra o Erie Bayhawks e 32 pontos, nove rebotes e nove tocos contra o Idaho Stampede. No total, teve médias de 9,8 pontos, 6,0 rebotes e 3,1 tocos (melhor da liga), em apenas 26,2 minutos.

Fabrício Melo, quase dominante na D-League

Pelo Maine Red Claws, alguns minutos, mas sem convencer Ainge

Não foi o suficiente, porém. Toda a paciência recomendada por analistas foi completamente ignorada pelo cartola e por uma crítica e torcida bastante exigentes. “Ele provou ser pouco mais que um projeto a longo prazo, na melhor das hipóteses”, sentenciou o Boston Globe. Duas semanas depois de adquirir o brasileiro, o Memphis Grizzlies também o dispensou, sem nenhuma intenção de desenvolvê-lo sob a tutela de um Marc Gasol. Nenhum clube o recolheu no período de waiver, como destaquei aqui. Seu status caiu tanto, que uma projeção do ESPN.com o apontou como o segundo pior jogador para a temporada 2013-2014.

Agora, em Dallas, Fabrício tem algumas semanas para tentar mudar essa percepção de “fiasco” em torno de seu jogo. Precisa convencer Mark Cuban, Donnie Nelson, o novo gerente geral Gersson Rosas e – por que não? – Dirk Nowitzki de que vale o investimento. É um tipo de experimento em que a franquia texana tem certa experiência. Que o digam DeSagana Diop, DJ Mbenga e Ian Mahinmi, três casos de pivôs fisicamente impressionantes, mas sem muitos recursos técnicos, que foram contratados como jovens agentes livres na gestão de Nelson.

O jeito é pensar a longo prazo, mesmo. Qualquer contribuição do brasileiro para a próxima temporada seria surpreendente (veja mais abaixo), mesmo que a companhia para o astro alemão não seja das mais inspiradoras no garrafão – temos aqui o temperamental Samuel Dalembert, o magricelo Brandan Wright, o frustrado DeJuan Blair e o sargento Bernard James.

Mbenga jogou por sete anos na NBA. Diop talvez tenha se despedido da liga na temporada passada, 11 anos depois de ser draftado. Mahinmi entra em sua quinta campanha, com mais dois anos, no mínimo, de contrato garantido. Será que Fabrício conseguirá ao menos seguir uma trilha dessas?

Pesquisando artigos sobre o início então promissor do mineiro nos Estados Unidos, surgiu também esta frase de seu primeiro treinador, falando sobre o sonho olímpico de seu jovem atleta. “Assim que (a sede de 2016) foi anunciada, ele me telefonou e estava muito empolgado. ‘Coach, o Rio ganhou. Eu vou. Vou estar lá'”, relembrou.

Esta não chega a impressionar tanto como a comparação feita pelo scout, sobre Cousins e Jefferson. Mas, hoje, também está longe.

Acompanharemos qual o desfecho deste conto.

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O Mavs tem no momento 15 jogadores com contratos garantidos. Isto é, para permanecer no elenco texano, Fabrício vai ter de jogar muito em treinos e amistosos para que Mark Cuban e a comissão técnica decidam dispensar alguns destes salários, mesmo tendo que pagá-los na íntegra durante a temporada. Considerando que dez destes atletas acabaram de ser contratados como agentes livres (numa reformulação daquelas), é bem improvável que aconteça. De modo que o brasileiro teria de se contentar em jogar pela filial da D-League, o Texas Legends, que tem Donnie Nelson como um dos proprietários e Eduardo Nájera como técnico, além de Del Harris, Spud Webb e a pioneira Nancy Lieberman na diretoria.

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Os arquivos online também renderam uma anedota de Fabrício em seleções brasileiras de base. Sul-Americano Sub-17 de 2007, em Guanare, na Venezuela. Fabrício foi convocado, ao lado de Augusto Lima, Vitor Benite, Rafael Luz. Todos nas listas recentes de Rubén Magnano. Menos o mineiro, que não foi chamado nem mesmo na pré-lista do argentino para a Copa América. O técnico era José Henrique Saviani, com o ex-armador Cadum como assistente e Lula Ferreira como supervisor. Neste torneio, o pivô foi o que recebeu menos minutos pela seleção, que terminou numa amarga quarta posição. Perderam para Argentina e Uruguai nos mata-matas.


Parker faz terapia com título europeu apenas 3 meses após decepção em Miami
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Giancarlo Giampietro

Tony Parker e os Bleus comemoram

Tony Parker arranjou um bom motivo para celebrar em quadra após a depressão de junho

A gente não sabe como anda a cabeça de Gregg Popovich nestes dias, mas sobre Tony Parker podemos tranquilamente dizer que é, hoje, um dos caras mais felizes do mundo. O armador francês ignorou qualquer tipo de “recomendação” de seu treinador do San Antonio Spurs, decidiu encarar o EuroBasket aos 31 anos, mesmo com todo o desgaste – físico e emocional – que viveu na temporada passada da NBA e viu seu esforço premiado com um saboroso primeiro título continental.

Ok, obviamente esta não foi a primeira grande conquista da carreira do francês, que já ganhou o título da liga norte-americana em três ocasiões, sendo o melhor jogador das finais de 2007. Mas algo que me diz que soa muito melhor para o armador a combinação de “silenciar a fanática torcida eslovena, dominar um batalhão de armadores de espanhóis e fechar a conta contra a Lituânia” do que “entortar os velhacos Eric Snow e Damon Jones” na decisão.

Nos mata-matas, especialmente nas quartas e nas semifinais, Parker aprontou como o diabo em quadra e comandou uma talentosíssima seleção a um merecido e demorado título. Uma tremenda recompensa, considerando o esforço que fez nos últimos dias. Vejamos: dos grandes astros europeus trintões, foi um dos poucos a se apresentar para a disputa, enquanto gente como Dimitris Diamantidis, Juan Carlos Navarro, Pau Gasol e Dirk Nowitzki ficou fora.

Aqui, não se trata de uma crítica a essas craques que já se sacrificaram muito nos torneios Fiba durante a década passada e sofreram bastante com problemas físicos nas últimas temporadas, tendo um ou dois motivos razoáveis para pedir dispensa. Mas, antes disso, vale como uma nota de destaque para o francês, que também tinha tudo para abrir mão da competição, precisando de descanso para as articulações e, especialmente, para a cabeça, após a dolorida derrota para o Miami Heat.

Embora já pareça uma eternidade (né?) desde que testemunhamos os acontecimentos da final histórica da campanha 2012-2013 da NBA, só se passaram três meses e dois dias entre o Jogo 7 em Miami e o duelo França x Lituânia deste domingo. Muito pouco. Mas Parker decidiu fazer terapia em quadra e, ao lado do melhor amigo Boris Diaw e de Nando De Colo, pôde celebrar uma conquista que só pode ser reenergizante, ainda que às vésperas do início de mais um training camp pelo Spurs, na (glup!) Academia da Aeronáutica, pela qual Popovich se formou em 1970, lá numa época em que a Guerra Fria ainda era meio assustadora.

Os treinos pelo clube texano, aliás, recomeçam já na próxima segunda-feira, dia 30 de setembro. Isto é, não sobram nem dez dias para o armador respirar. Por isso, a princípio, Popovich, sempre muito metódico, controlador em sua abordagem de gestor, se manifestava preocupado com o eventual cansaço, para ficar num eufemismo, que poderia arrebatar seu francês favorito.

Agora, por outro lado, deve se sentir intimamente aliviado por não ter forçado a barra para vetá-lo – aliás, seria uma luta em vão também, pois o jogador já fez muito pela franquia, é bem grandinho e tem o direito de se preparar do modo como bem entende. No coração generoso do treinador, deve haver espaço para comemorar o fato de que ao menos três de seus rapazes conseguiram celebrar por alguma coisa relacionada ao basquete. E para Parker obviamente não foi qualquer coisa.

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Parker terminou o EuroBasket com médias de 19 pontos, 3,3 assistências, 2,1 rebotes e 50,7% nos arremessos, sendo eleito o MVP do torneio (veja sua ficha completa aqui). Mas a melhor notícia para Popovich, mesmo, talvez sejam os 29,6 minutos que ficou em quadra. Ainda que tenha disputado 11 partidas, algumas muito estressantes, no geral o astro foi preservado pelo técnico Vincent Collet.

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Ocupando o cargo desde 2009, Collet, 50, que não é treinador exclusivo da seleção francesa, ganhou uma justa renovação de contrato: seu vínculo com a federação agora vai até as Olimpíadas do Rio 2016.

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A enxurrada de franceses que invadiu a NBA durante a última década só serviu para atestar o potencial atlético de seu basquete. A coisa começou com Parker – se preferirem uma abordagem realmente cronológica, teríamos de lembrar o tenebroso Jerome Moiso nos anos 00 –, passou por Diaw, chegou a Batum e, no meio do caminho, envolveu uma sacolada de pivôs crus, mas fisicamente impressionantes. Entre eles, Alexis Ajinça, ele que, em Charlotte, já foi uma das milhares de vedetes de Larry Brown, para ser, pouco depois, prontamente desprezado pelo vitorioso e genioso treinador.

Não há como assistir o esguio pivô em quadra e não ficar impressionado – ele é praticamente a definição do termo “potencial” no basquete. Uma envergadura absurda e muita agilidade para alguém de seu tamanho. Neste EuroBasket, ele entrou na fogueira, cobrindo emergencialmente os desfalques de Joakim Noah, Ronny Turiaf e Ali Traoré e deu conta do recado, com médias de 9,1 pontos, 7 rebotes e 1,3 toco em apenas 19,2 minutos. Sua presença debaixo do aro foi importantíssima para solidificar a defesa dos campeões europeus e, no ataque, ele também se mostrou surpreendentemente eficiente para aproveitar a rebarba do que seus companheiros mais talentosos criavam, convertendo 54,5% de seus arremessos.

Ajinça foi draftado pelo Bobcats em 2008, quando, num destes treinos privados de última hora, encheu os olhos de Brown. A ponto de o técnico torrar o saco de seus patrões para que comprassem uma escolha extra na primeira rodada – a 20ª – para adquiri-lo. No total, em duas temporadas, o jovem pivô acabou jogando apenas 212 minutos pelo time de Charlotte. Trocado para o Dallas Mavericks e, depois, para o Toronto Raptors, teve de voltar para casa em 2011 com a confiança em frangalhos. No EuroBasket, mostrou estar, enfim, no caminho certo. Vale observá-lo na próxima temporada europeia.


Oscar Schmidt e suas histórias maravilhosas no Hall da Fama
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Giancarlo Giampietro

Oscar & Bird

Oscar e seu padrinho Bird no Hall da Fama. História para quem puder ouvir

De uma coisa vocês podem ter certeza: nunca nenhum integrante do Hall da Fama do Basquete treinou tanto para fazer seu discurso de introdução como Oscar Schmidt. Afinal, poucos desses se tornaram um palestrante de mão cheia, e santa, conforme o legendário cestinha brasileiro conseguiu.

Para quem não sabe, distante – ou afastado – do basquete, o ala tem uma das palestras mais concorridas e caras desse circuito que virou uma indústria própria no país e no globo. Os americanos, claro, nem contavam com isso. Daí que, quando aquela figura imensa subiu ao palanque de boina, acompanhado por ninguém menos que Larry Bird, poucos podiam imaginar que se iniciaria um derivado de stand up com duração de 17 minutos.

Quer dizer: como em Indianápolis-1987, novamente Oscar pegou os americanos de surpresa.

Usando de seus seus trejeitos e retórica típicos, treinados por anos e anos e apenas traduzindo para o inglês, Oscar contou alguns dos causos que já havia ensaiado bem durante os anos em que encarou plateias diversas e, além do mais, em suas mais recentes entrevistas. Dominou a sala, usando até Pat Riley como um degrau para suas piadas. Coragem! ; )

O “Mão Santa” falou de como queria ser jogador de futebol até ser convencido pela família a migrar para o basquete, deu suas explicações sobre como não topou jogar na NBA – embora tenha supostamente humilhado Charles Barkley em jogos das ligas de verão de 1984 –, falou com todo o orgulho sobre o ouro no Pan, tirando mais uma lasquinha dos locais, relembrou Marcel, Ary Vidal, Mortari e terminou por agradecer aos familiares, especialmente a esposa, sua “máquina pessoal de rebotes”, arrancando gargalhadas. De como se convenceu de aquela era a “prometida” quando topou por semanas e semanas ajudar em seus legendários treinamentos. “Não tem ninguém que treinou mais”, fala, sem se cansar de repetir.

Tem uma coisa nessa história que é deveras interessante e que supera qualquer fronteira sensorial de tempo-espaço. Assim como nos tempos de quadra, quando superou barreira dos 40 anos perseguindo um recorde aparentemente inatingível – o de maior cestinha do basquete, acima de Kareem Abdul-Jabbar. Não havia limites para a capacidade que tinha para encestar.  Da mesma forma, quiçá, que se aplicam suas histórias hoje.

Para os jornalistas, analistas – com ou sem pedigree, background –, a pior armadilha é se levar apenas pelas memórias e emoção, deixando qualquer senso crítico de lado. Recorrer aos números, aos títulos, aos fatos, ao que rodeou a carreira de um jogador nunca será demais. Nunca.

Oscar ao ataque

No caso do camisa 14 da seleção brasileira (daqueles poucos que roubou, eternizou um número para si no baquete Fiba), tudo isso fica um pouco mais difícil, ainda que, no geral, seus números sejam espetaculares. Como tudo no Brasil nesses dias, há duas facções que se enfrentam quando Oscar é o assunto.

Antes de mais nada: a arte de analisar estatísticas não é concreta, definitiva de modo algum. Mesmo as mais avançadas de hoje, pelo simples fato de que elas não consideram jamais, de maneira total, quem está em quadra com determinado jogador, quem está por ali do outro lado e o que está em jogo em um determinado minuto. Você pode ajustar, conflitar a gama de dados mais larga possível, mas isso nunca vai se tornar uma ciência exata. Ainda mais quando falamos de tempo já tão distantes, como os anos 80, auge do brasileiro.

De modo que o que nos resta são os pontos de vista. Treinadores, companheiros, adversários, jornalistas, torcedores, espectadores. E do próprio Oscar. Em primeira pessoa, Oscar não foi nunca alguém de abaixar a cabeça. Pelo contrário. Dentro e fora de quadra, enfrentou, enfrenta, doendo em quem pudesse doer. Nas últimas entrevistas, tem falado sem hesitação alguma: dominaria na NBA, fazia o que queria em quadra, foi um dos maiorais e poucos podiam contestá-lo.

Por outro lado, as críticas que perduraram durante – e, principalmente, após – a carreira do Mão Santa são também igualmente inesquecíveis: não marcava ninguém, não venceu o que realmente importava, não marcava ninguém, não passava a bola nem sob decreto, não marcava ninguém e não fazia de seus companheiros melhores jogadores em quadra e que, ao ser celebrado apesar de tudo isso, seria responsável por uma herança maldita (hoje traduzido como “legado”). São diversos os registros, internacionais ou nacionais, que o acompanharam nesse sentido.

Para isso tudo, alguns pontos ele próprio encara, dando a cara a tapa. Vamos relembrar suas respostas de costume, com um ou outro comentário:

– Sim, não passava a bola, mesmo, especialmente nos tempos de seleção brasileira de Vidal, quando, alega, jogava sob um “sistema de NBA” no qual ele e Marcel poderiam chutar o que devessem e/ou quisessem, enquanto o restante do time dava conta das outras, digamos, atividades de uma partida. Ele assume,  mas banca com a fama de quem não errava, de que era melhor ele (ou Marcel ou craque X) chutando do que qualquer outra coisa, já que fazia isso muito bem. Não sei se é a melhor abordagem: há times, líderes que venceram assim e outros que preferiram dividir, repartir de uma outra maneira, que o diga Magic Johnson. E, sim, seus números em assistências são paupérrimos, de um senhor mão-de-vaca. Uma coisa não se pode negar, contudo:  Oscar sempre fala de seus companheiros.

Ok, ele fala bastante. Candidato ao senado na chapa de Maluf. Impropérios, berros insanos nacionalistas sem limite – como quando gritava contra um adversário de Diego Hypólito no Pan do Rio 2007, constrangendo o público na Arena…  A despeito desse gigantesco ego (que pode incomodar em muitas ocasiões, embora, na situação que viva hoje, isso passe por lição de humanidade em seu ápice), Oscar, o fominha, não deixa de registrar a importância de seus companheiros para seu sucesso, sempre gastou um tempinho que fosse para elogiá-los, como o leão que era o pivô Israel, um de seus favoritos;

– Sobre o suposto “legado” de que teria incentivado gerações e gerações a fazer o “jogo errado” dos três pontos, isso não pode ser levado a sério como teoria. Um herói televisionado é o suficiente para corromper toda uma cultura esportiva? Não seria um gigantesco problema do basquete brasileiro, então, se foi/fosse esse o caso? Cada vez mais depender de ídolos (indivíduos) do que de estrutura, de paixão dispersa pelo jogo para se sustentar? Uma conta, aliás, que sobrou agora para a turma da NBA, com o pioneiro Nenê eleito como símbolo, pagar.

– Oscar assegura que só marcava quando necessário (ou pedido). Será que isso é uma opção? Há diversos casos mais recentes que  abordam o mesmo tema, por exemplo: o Kobe Bryant dos 81 pontos, Allen Iverson em 2001, Glenn Robinson, Scottie Pippen x Toni Kukoc, Marcelinho Machado, Dirk Nowitzki e a seleção alemã, Milos Teodosic e a nova (e já velha?) seleção sérvia, LeBron James no Cavs … Etc. Etc. Etc. Até onde vai uma responsabilidade e começa a outra? Quem faz as duas coisas sempre e em alto nível com muita pressão? O mais novo membro do “Hall da Fama” jura que, em sua última temporada de Espanha, seu técnico disse que as coisas mudariam de figura no Valladolid e que, a partir daí, precisaria marcar mais. Teria respondido: “Ok, só não me peça para fazer 40 pontos por jogo do outro lado?”. Abaixou sua média no ataque e teria “parado” todos quem enfrentou, conta, um por um. De qualquer maneira,  essas coisas são bem complicadas: só estudando números de adversários ou revendo fitas e fitas para emitir uma opinião concreta;

– Destaca também que nas Olimpíadas de 1988, após uma “inesperada” derrota para a Espanha na primeira fase, acabou sobrando para a seleção a União Soviética nas semifinais (na verdade, quartas de final), com uma derrota por dois pontos apenas (na verdade, cinco); mas ele conta: Sabonis teria feito apenas seu quarto ponto no jogo no minuto final (na verdade, terminou com 12), na penúltima posse de bola, e que o Brasil tinha a chance nas mãos de virar o jogo. Com a coisa “entalada na garaganta” até hoje, conforme disse no seu discurso, acredita que deveria ter optado por um chute de três pontos naquela ocasião, em vez de ter batido para dentro, como fez, sem conseguir converter o arremesso ou ter descolado falta nenhuma. De forma abstrata, sem ter em mente o modo como a defesa soviética se armou nessa específica investida, essa coisa de ir para a cesta tende a dar mais certo: aumenta-se as probabilidades, embora os números do 14 fossem assustadores. Mas, de novo: tudo depende da configuração da defesa. De toda maneira, a seleção terminou com a quinta colocação naquele torneio. A mesma que o país teve em Londres 2012. Por que esta seria boa e a outra, não?

Ah, o mundo hoje é diferente, muito mais equilibrado com a fragmentação de União Soviética e Iugoslávia e a expansão da modalidade por todos os cantos do globo a ponto de estarmos escrevendo algo após vitórias da Jamaica sobre Argentina e Brasil. De fato não há como negar isso. Agora, o outro lado da moeda é que, justamente, a constituição de potências como essas do front socialista da Guerra Fria deixava a aproximação do pódio em grandes torneios como algo bastante complicado. Além disso, mesmo com os universitários, os Estados Unidos da América ainda chegavam como favoritos a cada torneio.

Por aí vamos.

Ao revisitar os nomes do passado, porém, a discussão se amplia de modo significativo. Fica muito fácil falar de Pelé, Wlamir, Garrincha, Amaury – embora não faltem aqueles para problematizar o que é irrefutável. Os títulos, o currículo… Tudo isso impressiona.

Há uma certa condescendência no Brasil de que os ídolos não podem ser atingidos, de que há que se preservá-los não importa o que digam ou o que façam. É de fácil compreensão este tipo de argumento. Numa história tão carente de referências, para que maltratar aqueles que lá chegaram?

Estou no time dos que defendem que ninguém intocável, ao mesmo em que deve se entender que as diferenciações entre sujeito-esportista e sujeito-cidadão. E há exageros, claro. Gustavo Kuerten, por exemplo, era o número um do mundo e, nem por isso, tinha direito a perder numa segunda rodada de Viña del Mar ou Kitzbühel.  Qualquer piloto de Fórmula 1 minimamente competente jamais seria um Ayrton Senna.

No caso de Oscar, o que fazer? Em termos de competição regional, ele e sua seleção foram predadores. Nas grandes competições, o título nunca veio, mas não é que tenham fracassado de modo retumbante – por exemplo, ainda que no início de trajetória pela seleção, num encontro de diversas gerações, Oscar e Marcel Marcel e Oscar conquistaram o bronze do Mundial das Filipinas em 1978, a última medalha do país em alto nível.

Nessas horas, distante da frieza analítica ou do ranço inerente ao personagem, talvez a válvula de escape mais fácil seja apelar para artifícios de retórica clássicos, como aquele de um editor de jornal do filme “O Homem Que Matou o Facínora“, de John Ford – “Quando a lenda é mais interessante que a realidade, imprima-se a lenda”. Ou como no”Peixe Grande” de Tim Burton, filme que sai em defesa de qualquer boa prosa, não importando a exatidão do que se fala.

Não à toa, o próprio Oscar recorre a algo nessa linha durante sua participação no Bola da Vez da ESPN Brasil. Caminhando para o fechamento do programa, ele disse: “O importante não é contar as histórias, é saber contar as histórias”.

Retórica de um profissional. Que não se cansará de surpreender os americanos e de provocar as mais diversas reações por aqui.

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Aqui, o discurso de Oscar na íntegra:

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Aqui, o vídeo oficial para a indicação de Oscar ao Hall da Fama:


Na tabela 2013-2014 da NBA, os jogos (alternativos) que você talvez queira ver
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Giancarlo Giampietro

Com olançamento sempre adiantadíssimo de tabela, agora da temporada 2013-2014, a NBA já reservou em seu calendário – sem nem consultá-los, vejam só! – algumas noites ou madrugadas de suas vidas. E nem feriado eles respeitam, caramba.

Já é hora, então, de sentar com o noivo, avisar a namorada, checar se não é o dia da apresentação do filho, e que a universidade não tenha marcado nenhuma prova para essas datas: Kobe x Dwight, retorno de Pierce e Garnett com Boston, o Bulls abrindo a temporada contra os amáveis irmãos de Miami, Kobe x Dwight, as tradicionais visitas de LeBron ao povoado de Cleveland, Nets x Knicks, revanche Heat x Spurs, Kobe x Dwight etc. etc. etc. Não precisa nem falar mais nada a respeito.

Mas, moçada, preparem-se. Que não ficaria só com isso, claro. A liga tem muito mais o que oferecer para ocupar seu tempo de outubro a junho. Muito mais. Colocando a caixola para funcionar um pouco – acreditem, de vez em quando isso acontece –, dá para pescar mais alguns jogos alternativos que talvez você esteja interessado em assistir, embora não haja nenhuma garantia de que eles vão ocupar as manchetes ou a conversa de bar – porque basqueteiro também pode falar disso no bar,  sem passar vergonha. Pode, né?

Hora de rabiscar novamente a agenda, pessoal. Mexam-se:

– 1º de novembro de 2013: Miami Heat x Brooklyn Nets
Depois de encarar o Bulls na noite de abertura, de descansar um pouco diante do Sixers, lá vem o Nets para cima dos atuais campeões logo em sequência. Essa turma de David Stern não toma jeito. Querem colocar fogo em tudo. Bem, obviamente esse jogo não é tão alternativo assim, considerando as altíssimas expectativas em torno dos rublos do Nets. Mas há uma historieta aqui para ser acompanhada em meio ao caos: será que Kevin Garnett, agora que não se veste mais de verde e branco, vai aceitar cumprimentar Ray Allen? Quem se lembra aí de quando o maníaco pivô se recusou a falar com o ex-compadre no primeiro jogo entre eles desde que o chutador partiu para Miami? Vai ser bizarro para os dois e Paul Pierce, certamente. Assim como a nova dupla de Brooklyn quando chegar a hora de enfrentar o Los Angeles Clippers de Doc Rivers em 16 de novembro.

No hard feelings? KG x Allen

E o KG nem aí para esse tal de Ray Allen ao chegar a Miami

1º de novembro de 2013:  Houston Rockets x Dallas Mavericks
Sim, uma noite daquelas! Mas sem essa de “clássico texano”. O que vale aqui é o estado psicológico de Dirk Nowitzki e o tamanho de sua barba. Contra o Rockets, o alemão vai poder se perder no tempo, divagando no vestiário sobre como poderiam ser as coisas caso o plano audacioso de Mark Cuban tivesse funcionado: implodir um time campeão para sonhar com jovens astros ao lado de seu craque. Dois astros como Harden e Howard, sabe? Que o Houston Rockets roubou sem nem dar chance para o Mavs, que teve de se virar com um pacote Monta Ellis-Samuel Dalembert-José Calderón e mais cinco chapéus e três botas de vaqueiro para tentar fazer de Nowitzki um jogador feliz.

Hibbert x Gasol

E que tal um Hibbert x M. Gasol?

– 11 de novembro de 2013: Indiana Pacers x Memphis Grizzlies
Vimos nos playoffs: dois times que ainda fazem do jogo interior sua principal força, e daquele modo clássico (pelo menos que valeu entre as décadas de 70 e 90), alimentando seus pivôs, contando com sua habilidade e físico para minar os oponentes*. Então temos aqui David West x Zach Randolph e Roy Hibbert x Marc Gasol. Só faça figas para que eles não esmaguem o Mike Conley Jr. acidentalmente. Candidatos a título, são duas equipes que estão distante dos grandes mercados, mas merecem observação depois do que aprontaram em maio passado.  Não dá tempo de mudar. (*PS: com a troca de Lionel Hollins por Dave Joerger, o Grizzlies deve adotar algumas das diretrizes analíticas de John Hollinger, provavelmente buscando mais arremessos de três pontos, mas não creio que mudem taaaanto o tipo de basquete que construíram com sucesso nas últimas temporadas e, de toda forma, no dia 11 de novembro, talvez ainda esteja muito cedo para que as mudanças previstas sejam totalmente incorporadas pelos atletas.)

– 22 de dezembro de 2013: Indiana Pacers x Boston Celtics
O campos da universidade de Butler está situado no número 4.600 da Sunset avenue, em Indianápolis. De lá para o ginásio Bankers Life Fieldhouse leva 17 minutos de carro. Um pulo. Então pode esperar dezenas e dezenas de seguidores de Brad Stevens invadindo a arena, com o risco de torcerem para os forasteiros de Boston, em vez para o Pacers local, time candidato ao título. Sim, o novo técnico do Celtics é venerado pela “comunidade” de Indianápolis e esse jogo aqui pode ter clima de vigília. (E, sim, mais um jogo do Pacers: a expectativa do VinteUm é alta para os moços.)

– 28 de dezembro de 2013: Portland Trail Blazers x Miami Heat
Se tudo ocorrer conforme o esperado para Greg Oden, três dias depois do confronto com o Lakers no Natal, ele voltará a Portland já como um jogador ativo no elenco do Miami Heat, deixando o terno no vestiário, indo fardado para a quadra. Da última vez em que ele esteve no Rose Garden, foi como espectador, sem vínculo com clube algum, sendo vaiado e aplaudido, tudo moderadamente. E se, num goooolpe do destino, o jogador chega em forma, tinindo, tendo um papel importante nos atuais bicampeões? Imaginem o tanto de corações partidos e a escala de depressão que isso pode – vai? – gerar na chamada Rip City.

– 13 de março de 2014:  Atlanta Hawks x Milwaukee Bucks
O tão aguardado reencontro entre Zaza Pachulia com essa fanática torcida de Atlanta, que faz a Philipps Arena tremer a cada jogo do Hawks. Não dá nem para imaginar como eles vão se comportarem na hora de acolher de volta esse cracaço da Geórgia, ainda mais vestindo a camisa do poderoso Bucks de Larry Drew – justo quem! –, o ex-técnico do Hawks. E, para piorar as coisas, o Milwaukee ainda tentou roubar desses torcedores o armador Jeff Teague. Não vai ficar barato! (Brincadeira, brincadeira.) Na verdade, an 597otem aí o dia 20 de novembro, bem mais cedo no campeonato, que é quando Josh Smith jogará em Atlanta pela primeira vez com o uniforme do Detroit Pistons. Neste caso, os 597 torcedores do Hawks presentes no ginásio e que consigam fazer mais barulho que o sistema de som vão poder aloprar o ala sem remorso algum quando ele optar por aqueles chutes sem-noção de média distância, desequilibrado, com 17 segundos de posse de bola ainda para serem jogados.

Ron-Ron tem um novo amigo agora

Ron-Ron agora vai acompanhar Melo em Los Angeles

– 25 de março de 2014: Los Angeles Lakers x New York Knicks
Já foi final de NBA, Carmelo Anthony seria um possível alvo do Lakers no mercado de agentes livres ao final da temporada, Mike D’Antoni não guarda lembrança boa alguma de seus dias como técnico Knickerbocker. São muitas ocorrências. Mas a cidade de Los Angeles tem de se preparar mesmo é para o retorno de Ron Artest ao Staples Center. Na verdade, o ala já terá jogado na metrópole californiana em 27 de novembro, contra o Clippers, mas a aposta aqui é que apenas quando ele tiver o roxo e o amarelo pela frente que suas emoções vão balançar, mesmo. E um Ron-Ron emocionado pode qualquer coisa. Nesta mesma categoria, fiquem de olho no dia 21 de novembro para o reencontro de Nate Robinson, agora um Denver Nugget, com seus colegas do Bulls, a quem ele jurou amor pleno. Robinson também é uma caixinha de… Fogos de artifício, e não dá para saber o que sai daí. Ele volta a Chicago no dia 21 de fevereiro.

– 12 de abril de 2014: Charlotte Bobcats x Philadelphia 76ers
O Sixers lidera os palpites das casas de apostas a pior time da temporada. O time nem técnico tem hoje – o único nesta condição –, seu elenco tem uma série de refugos do Houston Rockets, eles vão jogar com um armador novato que não sabe arremessar e lá não há sequer um jogador que possa pensar em ser incluído na lista de candidatos ao All-Star Game. Desculpe, Thaddeus Young, nós amamos você, mas tem limite. E, Evan Turner, bem… Estamos falando talvez da última chance. Então, no quarto confronto entre essas duas equipes na temporada, Michael Jordan espera, desesperadamente, que o seu Bobcats esteja beeeeem distante do Sixers na classificação da Conferência Leste. Se não for em termos de posições, que aconteça pelo menos em número de vitórias. Do contrário, é de se pensar mesmo se, antes de o time voltar ao nome Hornets, não era o caso de fechar as portas.

– 16 de abril de 2014: Sacramento Kings x Phoenix Suns
Como!? Deu febre?!? Não, não, tá tudo bem. É que… no crepúsculo da temporada, essa partida tem tudo para ser uma daquelas em que ninguém vai querer ganhar. Embora os torcedores do Kings tenham esperanças renovada com um nova gestão controlando o clube, a concorrência no Oeste ainda é brutal o suficiente para que eles coloquem a barba de molho e não sonhem tanto com playoffs assim. Ou nem mesmo com uma campanha vitoriosa. Fica muito provável que esses dois times da Divisão do Pacífico estejam se enfrentando por uma posição melhor no Draft de Andrew Wiggins (e Julius Randle, Aaron Gordon, Jabari Parker, Dante Exum e outros candidatos a astro). Então a promessa é de muitos minutos e arremessos para os gêmeos Morris em Phoenix, DeMarcus Cousins mandando bala da linha de três pontos, defesas de férias e mais esculhambação.


Mavs e Lakers duelam mais uma vez, e há um time aqui que merece mais a vaga
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Giancarlo Giampietro

Dirk Nowitzki, versão barba

Dallas Mavericks e Los Angeles Lakers se enfrentam nesta terça-feira em um confronto direto valendo vaga nos playoffs do Oeste. Quer dizer, a título de informação, esse embate vale tecnicamente a nona posição da conferência, fora da zona de classificação – com o Utah Jazz reagindo e ocupando o oitavo lugar agora.

Mas, ok, sem se apegar tanto ao pé da letra, dá para dizer que é “um confronto direto pelos playoffs”. E, neste duelo de dois clubes que estranhariam demais assistir aos mata-matas do lado de fora, há claramente um time que merece mais a vaga do que o outro.

De um lado, está um time afeito ao circo, extremamente inconsistente, com uma intriga por semana na mídia, uma defesa porosa e a folha de pagamento mais cara da NBA, que havia sido moldada com um único objetivo, o título, e mais nada. Do outro, uma equipe que não se perde em seus próprios caprichos, não tem um só nome de expressão além de seu capitão – ainda que Shawn Marion mereça diversos elogios, mas em outra esfera –, e de alguma forma soube superar a lesão que tirou Nowitzki do início do campeonato para, desafiando todos os prognósticos, chegar ao mês de abril com chances claras de avançar. “Disso isto para um cara algum dia desses: estamos tentando a maior recuperação da história desde Lázaro”, disse Rick Carlisle.

E o melhor dessa reação é que o Dallas encaminhou tudo com muita discrição, sem alarde ou empolgação nenhuma. Do jeito que o alemão gosta.

Kobe Bryant x OJ Mayo, Shawn Marion

Mayo, de contrato curto, e Marion, ainda um ótimo defensor, vão tentar parar Bryant

Tá certo que Dirk Nowitzki deixou bem claro há alguns meses que não estava nada feliz com a política de contratação de Mark Cuban para este ano. Uma vez que o ricaço dono do Dallas Mavericks não conseguiu convencer Deron Williams a retornar para casa, concordou com sua diretoria liderada por Donnie Nelson em assinar contratos de curto prazo, um ano de duração, com uma série de atletas, Chris Kaman e OJ Mayo entre eles. Geralmente, é o tipo de situação que gera instabilidade e pode dificultar bastante a vida de Carlisle, que até hoje não encontrou uma rotação certeira para sua equipe. (Depois, claro, o alemão disse que ainda confiava na capacidade de Cuban e Nelson de gestão e blablabla.)

Ah, também tem o fato de que Dirk Nowitzki ainda está deixando a barba por crescer. Faz tempo já. Prometeu que só a cortaria quando seu Dallas Mavericks, enfim, alcançasse a marca de 50% de aproveitamento na temporada. E, senhoras e senhores, isso é o máximo de excentricidade que Nowitzki pode cometer.

Sério: o que mais?

Qual foi o último incidente protagonizado pelo Sr. Maverick em quadra? Ou fora? Qual a grande polêmica que tenha envolvido uma carreira que já dura 14 anos, desde que estreou na liga aos 20 anos, no dia 5 de fevereiro de 1999, contra o Sonics, quando Seattle ainda tinha sua franquia e ainda tinha Gary Payton, Detlef Schrempf e Vin Baker em sua escalação inicial. Faz tempo que ele está por aí, e nada de controverso além das discussões de sempre sobre basquete podem ser atreladas a este superastro.

O jovem Dirk Nowitzki

Dirk Nowitzki, versão molecote

Porque Nowitzki só quer saber de jogar, e pronto. Ele pode não ter – ou fazer – o marketing de Kobe, mas é tão dedicado quanto em seus treinamentos, tendo relaxado apenas nos meses que sucederam seu tão esperado título em 2011, envergonhando-se depois da ‘má forma’ e pedindo desculpas. Suas sessões de verão com o mentor Holger Geschwindner já são legendárias, especialmente as que conduziam durante sua adolescência, com práticas heterodoxas para refinar seus fundamentos. Hoje, quando está em casa ou no hotel em viagem pelo país de noite, liga o League Pass e devora qualquer jogo que esteja passando, nem que seja Charlotte Bobcats x Detroit Pistons, como falou em grande entrevista ao obrigatório Zach Lowe, do Grantland. A sessão corujão pode durar mais de três horas.

Em Rick Carlisle, encontrou um treinador igualmente devoto ao jogo, sisudo até demais, depois de anos e anos de maluquices do genial, mas temperamental Don Nelson na década passada. Carlisle já costuma espernear mais, mas volta sua ira com maior frequência para a direção da liga, questionando arbitragens em geral. E qual técnico não faz? Fora isso, o armador Darren Collison ouviu poucas e boas durante a campanha também.

Cuban é o cara que quebra a monotonia, sempre alerta para provocar os adversários – ou Donald Trump – no Twitter, especialmente o próprio Los Angeles Lakers, adorando chamar a atenção. De todo modo, o método como conduz sua franquia é indefectível. Pegou um clube quebrado, sem apelo algum nos anos 90, e conseguiu transformá-lo em um dos mais valorizados da liga, com uma base de torcedores fiel, numa cidade que, antes, parecia ter olhos apenas para o Cowboys, da NFL.

Mas o mais próximo que o magnata se aproxima da quadra é nos assentos atrás do banco de reservas.

Quem joga, mesmo, são Nowitzki e seu Mavs, sem precisar fazer teatro, pirraça ou caso para nada para (tentar) ter resultado. Pode não ter o apelo de manchetes, nem nada. Mas cansa bem menos.


As estranhas relações entre duas atrações imperdíveis do Lollapalooza e a NBA
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Giancarlo Giampietro

Shaq Fu

Shaq Fu! Aaaargh

É muito mais fácil ligar o basquete ao rap, ainda mais depois da geração gansta. Existem até mesmo aqueles cestinhas que se meteram a besta como artistas fora de quadra também, e a gente sabe que quase nunca isso vai dar certo. Shaquille O’Neal, Allen Iverson e o nosso lunático anti-herói Ron Artest, justo ele, podem rimar alguma coisa a respeito.

Por outro lado, tem gente que, em outro estilo, mandou muito bem, como o finado Wayman Tisdale, que talvez tenha sido um melhor baixista de funk/jazz do que ala-pivô, embora fosse um habilidoso jogador para pontuar no garrafão – e não muito mais que isso.

Agora, com o festival Lollapalooza chegando a São Paulo com sua edição 2013 neste fim de semana de Páscoa, o blogueiro tem a chance de roubar um pouquinho e falar sobre outra coisa que lhe apetece. Mas, ok, para não soar ofensivo ao batalhador leitor que já podia reclamar do cansaço e da  perda tempo neste espaço, a gente dá um jeito de jogar o basquete no meio dessa história.

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OS PIONEIROS CULTS DE OKLAHOMA CITY

Wayne Coyne

Flaming Lips, de Wayne Coyne, e seu ritual estão prestes a voltar ao Brasil

Kobe Bryant deve ter feito das suas. Alguma bandeja reversa por baixo do aro. Alguma mudança brusca de direção seguida de enterrada. Um arremesso em flutuação na zona morta, com o corpo já atrás da linha da tabela. Qualquer coisa desse tipo que tenha feito o esquisitão Wayne Coyne vibrar na plateia. Atitude que foi imediatamente repreendida.

“Mas aquilo foi maluco! Quem é aquele?”, perguntou o músico. Explicaram de quem se tratava e completaram que ali, na cidade deles, meu chapa, ninguém vai aplaudir alguém que jogue do outro lado, não importa quem ou o que o sujeito tenha feito.

Wayne Coyne, o líder do Flaming Lips, atração do festival paulistano na sexta-feira, é do tipo de pessoa que realmente não sabe quem seja esse tal de Kobe. Sua cabeça já anda bastante ocupada com muita coisa: as trezentas parcerias musicais que podem ser engatilhadas nas próximas semanas, com robôs que aterrorizem a pequena Yoshimi, sobre como os efeitos do ácido podem ser positivos para um ser-humano antes do almoço e de como poderia usar a próxima representação de vagina e/ou bichos de pelúcia em um palco, galeria ou kit para imprensa. É maluco, mas, no universo criado pela banda, acontece tudo de modo muito pueril, acreditem.

(Já entrei nessa isso em duas ocasiões, em 2005 aqui em Sampa, em 2011 em Santiago. É um ritual especial. O sujeito vai entrar em uma bolha de plástico e andar/rolar por cima de centenas no público. O telão sempre trazendo algo surpreendente para a apresentação. Eles vão estourar muitos confetes, serpentinas e balões de plástico. A banda emenda alguns refrões cativantes em sequência. O plano é fazer de tudo para que o show de sexta-feira seja inesquecível. Lendo assim, pode parecer apenas uma festinha tonta para a criançada mal-crescida, e talvez seja isso mesmo. Mas só vendo ao vivo para saber.)

Calha que a banda tem como base a mesma Oklahoma City do Thunder. Muito antes de Kevin Durant tomar conta dos outdoors e ser cultuado – junto com Westbrook e a barba de James Harden –,  Coyne, de 51 anos, e seu grupo eram os que mais chegavam perto de celebridades locais.

"Thunder Up", Coyne!

Wayne Coyne comemora. Resta saber apenas se foi cesta do Thunder

Ao contrário do Thunder com seus jovens superastros, o Flaming Lips nunca foi necessariamente um arrasa-quarteirão de vendas, embora tenham ganhado fama mundial no mesmo período em que sua cidade floresceu. Eles deram uma piscadela para o estrelado com a trilogia “The Soft Bulletin”(1999), “Yoshimi Battles the Pink Robots” (2002) e “At War with the Mystics” (2006), ganhando três Grammys, mas não tardaram em recuar para suas trincheiras obscuras.

Antes desse flerte com o mainstream, por exemplo, haviam gravado um disco quádruplo – “Zaireeka”, de 1997 – cujas partes deveriam ser tocadas simultaneamente numa orquestra do barulho (leiam com a voz do locutor global na cabeça, por favor, anunciando a próxima atração da “Sessão da Tarde”). Você pode entender como uma “coisa-de-lôco”, um lixo irrecuperável, mas eles sinceramente não se importam. Em um projeto mais recente, lançado no ano passado, fizeram um álbum coletivo – “The Flaming Lips and Heady Fwends” –, trocando arquivos de músicas com colaboradores espalhados pelo mundo todo, apresentando gente como Chris Martin, do Coldplay, e Bon Iver, para depois costurar tudo.

Enfim, antes da migração do Supersonics para Okahoma City, quais as referências possíveis da cidade para aqueles fora dos Estados Unidos? Para a maioria, provavelmente apenas o lamentável atendado de 1995,  que resultou na morte de 168 pessoas e em outras 684 feridas. Mas, pelas razões citadas acima, para um pequeno grupo de seguidores, havia também os Lábios Flamejantes.

Hoje, a coisa mudou. Quando o líder do grupo é abordado em turnês pela Europa, Austrália e, de repente, aqui no Brasil, o que ele mais ouve é sobre os fedelhos do Thunder, como as pessoas gostam de assistir aos jogos deles. Durant, Westbrook e, snif! snif!, James Harden haviam ultrapassado sua popularidade.

O time se tornou o símbolo perfeito para a revitalização por qual passou Oklahoma City da década de 90 para cá. De uma terra perdida no meio dos Estados Unidos, onde se encontram diversas formações vegetais, uma área de confluência climática e também de diversas culturas das diferentes regiões que a rodeiam, a cidade se tornou um pólo econômico e criativo.

Embora o grupo de Coyne tenha feito uma música que virou o hino oficial de rock da cidade – a encantadora “Do You Realize???”, do vídeo acima –, o Flaming Lips, com sua psicodelia e provações constantes, nunca seria mesmo um símbolo de nada institucional, muito menos em um território ainda bastante conservador. Um nativo que nunca deixou o local, por mais que Nova York ou Los Angeles pudessem ser muito mais convidativas e cômodas para sua carreira, Coyne reconhece a importância do clube nesse sentido, diante do ressurgimento de Oklahoma City. “Acho que as pessoas gostam da ideia de que, seja o roqueiro malucão ou o jogador de basquete, nós todos temos este espírito da cidade. É algo que eu realmente não acho que existe. Mas o Thunder provavelmente conseguiu unir isso mais do que qualquer um”, disse em entrevista ao New York Times, em abrangente reportagem sobre a relação da equipe e a cidade.

No ano passado, durante os playoffs, o Flaming Lips até regravou um de seus hits – acho que dá para ser classificado como um hit –, “Race for the Prize” como um hino para o time: “Thunder Up!”, sendo tocado minutos antes dos jogos. ‘”Kevin Durant / don’t say he can’t!”, diz um trecho da letra. Veja abaixo a versão atualizada, seguida pela original ao vivo:


Só não peçam que Wayne Coyne entenda alguma coisa de basquete. “Quando você está lá, não é que um jogo seja um evento que siga um script de Steven Spielberg. Fico meio confuso. Será que nós vencemos? Eles venceram? E, quando você olha para o placar, bem, será que o jogo acabou?”, disse ao NYT, se autodescrevendo como o torcedor mais perdido do ginásio e do planeta.

O negócio deles é no palco mesmo, território em que consegue encontrar as similaridades entre o jogo e um show. “É aquela ideia de que está todo mundo focado na mesma coisa, ao mesmo tempo, ficando juntos e fazendo da experiência algo maior. É uma tolice, mas todas as coisas são tolas assim.”

Com o Flaming Lips, é isso aí.

*  *  *

OS RENEGADOS DO GRUNGE

Fundada em meados dos anos 80, mapeada pela indústria musical americana apenas em 1993 com a entrada de “Transmissions from the Satellite Heart” nas paradas, o Flaming Lips poderia ter embarcado na onda grunge que dominava as rádios naqueles tempos, mas seguiram por um caminho absurdo, completamente distante do chamado “som de Seattle”. Ironicamente, Kevin Durant poderia ter sido uma figura totalmente ligada a essa cidade do Noroeste dos Estados Unidos, mas acabou jogando lá por apenas um ano, antes do polêmico deslocamento de sua franquia para Oklahoma City.

Shawn Kemp x Jeff Ament

Jeff Ament em peça publicitária com Shawn Kemp, seu ídolo em Seattle

Foi um movimento amaldiçoado por Jeff Ament, baixista do Pearl Jam e fanático pelo Supersonics, daqueles que compravam carnês de ingressos temporada após temporada junto com o guitarrista Stone Gossard. Os dois são outros que tocam no Lollapalooza, mas no domingo.

Muito antes de conhecer Chris Cornell ou Eddie Vedder, Ament era um armador talentoso no colegial em Montana, interiorzão da América profunda. Foi eleito para seleções estaduais e tudo, a ponto de ser recrutado pela universidade de… Montana (dãr!) como jogador. Entrou para a equipe dirigida por Mike Montgomery, futuro técnico de Stanford, do Golden State Warriors e hoje da universidade de California e, rapidamente, descobriu que, como aspirante a uma carreira no basquete universitário, ele provavelmente tinha mais jeito, mesmo, para o rock. “Os mundos de esportes e música não combinavam, realmente. Onde eu cresci, eu podia ser um esportista e um punk rocker. Quando fui para a universidade, ficou aparente que eu tinha de pertencer somente a um desses grupos”, disse em entrevista interessante à ESPN americana.

Bem, a gente já sabe hoje no que deu isso tudo. O cara se mudou para Seattle, conheceu certas pessoas, as coisas demoraram para se encaixarem, mas de repente ele fazia parte de uma das bandas que se tornaria das mais populares do mundo. No início, na condição de estrela emergente do rock, Ament era obrigado a esconder do público sua outra metade. Afinal, tinha sempre quem importunasse. “Kurt Cobain e Coutrney Love sempre zoaram o fato de que eu jogava basquete. Uma vez eu parei para dizer oi antes de um show e, quando estava indo embora, Courtney gritou: ‘Vá jogar basquete com Dave Grohl!'”, recordou o baixista. Os roqueiros que foram etiquetados como grunge já eram aqueles que a sociedade não queria. Ament conseguiu ser um rejeitado dentro desse universo. 🙂

Jeff Ament, versão basqueteiro

Jeff Ament não tinha a maior pinta de basqueteiro do mundo, de todo modo

Nas turnês, porém, ele confessa que sempre havia uma bola de basquete ou futebol americano por perto. Vedder, segundo seu companheiro, era mais ligado ao beisebol. Hoje, mais maduro e consagrado, não há restrição alguma, claro, em se assumir um basqueteiro – que realmente acompanha a NBA em detalhes, ainda que em Seattle ele não tenha mais nenhum clube profissional pelo qual torcer. “(Se um novo time chegasse,) Acho que teria de namorá-lo por um tempo. Se as coisas dessem certo, poderia checar se alguém gostaria de dividir o carnê de ingressos por alguns anos”, afirma.

Avaliando a possível transferência do Sacramento Kings para Seattle, fica difícil de avaliar qual o comportamento adequado. “Seria a melhor e a pior opção ao mesmo tempo. É a melhor porque eles têm provavelmente o melhor potencial como time de playoff, se o DeMarcus Cousins conseguir entender seu cérebro de alguma forma, ou se eles conseguirem um técnico que possa treiná-lo, ou se o Tyreke Evans der as caras. Mas Sacramento é uma cidade pequena. Se você tira o Kings deles, vão ficar com o quê? Só um time menor de beisebol, algo assim”, diz.

A ligação do Pearl Jam com o basquete, desta forma, é muito mais intensa do que o normal entre os roqueiros, certamente maior que a do Flaming Lips com o Thuder. Desse vínculo, se  destacam duas histórias:

– Ament já escreveu uma canção para citando Kareem Abdul-Jabbar, chamada “Sweet Lew”, do álbum “Lost Dogs” (2003), em referência ao nome de batismo do legendário pivô, Lew Alcindor. Não foi bem uma homenagem: Jabbar foi seu técnico em um jogo de celebridades e o teria ignorado quando foi tentou puxar um papo – a propósito, ele identifica os bateristas Chad Smith, do Red Hot Chilli Peppers, e Steve Gordon, do Black Crowes, como os melhores músicos-jogadores que conheceu.

Mookie Blaylock, ex-Pearl Jam

Mookie Blaylock, ex-armador do Nets e ex-Pearl Jam. Seu número? Dez, ou “Ten”, primeiro álbum da banda que vendeu mais que água nos anos 90

– Um dos primeiros nomes da banda foi “Mookie Blaylock”, aquele armador que defendeu New Jersey Nets, Golden State Warriors, mas teve seu  melhor momento pelo Atlanta Hawks nos anos 90. Como isso aconteceu? O grupo estava em uma lanchonete para fazer sua primeira gravação em um estúdio, com uma diária de uns US$ 10. Ainda assim, conseguiam comprar alguns pacotes de cards. Em um deles, saiu o armador. Ainda não haviam decidido um um nome para o conjunto e colocaram a “figurinha” de Blaylock na capa da fita que gravaram. Depois, saíram em uma turnê de dez dias com o Alice in Chains usando esse nome. Só mais tarde que veio a combinação a ser consagrada.

Há diversas explicações para “Pearl Jam”. Uma fictícia, inventada por Vedder em uma entrevista é de que ele teria uma avó chamada Pearl, que fazia uma geleia inigualável. Outra teoria, que tem seus defensores entre biógrafos e velhos amigos, é de que “Pearl” seria uma referência ao apelido de Earl “The Pearl” Monroe, craque do Knicks e do Bullets nos anos 70, e fantástico nas enterradas. O “Jam” também teria sido unido a “Pearl” depois que os amigos compareceram a um show de Neil Young, e o figurão canadense não parava de esticar suas músicas, em “jam sessions” com os companheiros de palco.

 Por mais fanáticos que sejam, música para o Sonics Jeff Ament e Stone Gossard nunca fizeram. 🙁

*  *  *

Atração do Lollapalooza paulistano de 2012, a Band of Horses, também de Seattle, chegou a gravar uma música intitulada “Detelf Schrempf”. Mas eles juram que não tem inspiração alguma no ex-craque alemão. Investigamos isso na encarnação passada.

*  *  *

#NBAbands

De vez em quando tem dessas brincadeiras no Twitter que divertem, né? Demora, mas acontece. Ótima oportunidade, então, para resgatar alguns dos trocadilhos na fusão de nomes de bandas com jogadores da NBA, a #NBAbands, que foi trending topic há algumas semanas.

– “Durant Durant” = para ficar no tema.

– “Garret Temple of Dog” = o Temple of Dog uniu os integrantes de Pearl Jam e Soundgarden, vizinhos de Seattle. Garret Temple ainda busca se firmar na NBA, fazendo dupla armação com John Wall no Wizards.

– “Rajon Against the Machine” = A fama de esquentadinho de Rajon Rondo poderia ser direcionada contra o sistema, como fez nos anos 90 os revolucionários do Rage Against?

– “30 Seconds Dumars” = Quando Joe Dumars contratou Charlie Villanueva e Ben Gordon de uma só vez, quebranco a banca, muitos torcedores do Pistons se perguntaram certamente se ele estava com a cabeça a “30 Seconds to Mars”, banda do ator Jared Leto.

– “John, Paul George, and Ringo” = Eu realmente nunca havia pensado que o prodígio do Indiana Pacers reunia dois daquele quarteto de Liverpool em um só nome.

– “The Jimmer Fredette Experience” = A experiência de Jimi Hendrix não durou muito, mas deixou um baita legado para a música. Jimmer Fredette, fenômeno univeristário, ainda batalha para deixar sua marca na liga.

– “Bryant Adams” = uma combinação insólita de um dos maiores assassinos em quadra, Kobe Bryant, com um astro pop canadense de letras bem melosas, Bryan Adams.

– “My Darnell Valentine”, “My Bloody Valanciunas” = a banda shoegaze viajandona My Bloody Valentine voltou a lancar um álbum neste ano e serviu de inspiração para dois dos melhores nomes, seja com o ex-armador de Portland Trail Blazers, Cleveland Cavaliers e que terminou a carreira na Itália, ou com o jovem pivô lituano Jonas Valanciunas, aposta do Raptors.

– “Lillard Skynyrd” = Damien Lillard pode ter vindo do interior dos Estados Unidos, mas imagino ser pouco provável que a sensação do Blazers toque em seu iPod algum sucesso setentista do Lynyrd Skynyrd.

–  “Simon & Garnett” = Se Paul Simon já brigava com alguém de voz tão bonita como Art Garfunkel, o que aconteceria se ele fizesse dupla com um psicopata feito Kevin Garnett?

– “The Artist Formally Known as Tayshaun Prince” = hoje no Grizzlies, Tayshaun ao menos quer provar que ainda pode ser uma peça útil nos playoffs, enquanto Prince pirou por completo.

– “Bon Iverson” = Iverson chegou tarde. Bon Iver já tem em Kanye West seu rapper preferido.

– “Ol’ Dirk Bastard” = Nowitzki já é praticamente um texano de Dallas, mas parece estar longe do rap nervoso (e dos pileques) de Ol’ Dirty Bastard, um dos integrantes do histórico grupo de rap Wu Tang Clan.

– “Al Jefferson Airplane” = Os movimentos de costas para a cesta de Al Jefferson são tão criativos como o som psicodélico do Jefferson Airplane? Não chega a tanto.

– “Earth, Wind & Fire Isiah” = nesta versão, a banda favorita de qualquer torcedor radical do New York Knicks que tenha vivido um pesadelo na era Isiah Thomas em Manhattan.

– “Brad Lohaus of Pain” = É do House of Pain uma das músicas mais tocadas na história dos jogos de basquete, “Jump Around”. Para Brad Lohaus, um branquelo pouco atlético, ficar saltando muito por aí, apenas na primeira versão do NBA Jam, pelo Milwaukee Bucks, mesmo.


Armador veterano comanda a reação do Dallas Mavericks em busca pelos playoffs
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Giancarlo Giampietro

Mike James para o chute

Mike James, ele mesmo, pode ajudar Nowitzki a enfim fazer a barba

E quem se lembrava do Mike James?

“Acho que meu nome realmente faz você se perguntar: ‘Quem?”, brinca o jogador. De fato: nome muito comum. Mike James.

Nos tempos de Detroit Pistons, ele foi apelidado de Pitbull por Rasheed Wallace. Era quando saía do banco de reservas mordendo, ao lado de Lindsey Hunter, hoje treinador do Phoenix Suns, para render Chauncey Billups e Rip Hamilton por alguns minutos, colocando muita pressão no perímetro, deixando a defesa de Larry Brown ainda mais insuportável. Conquistaram o título.

Foi certamente o melhor momento da carreira deste veterano, que entrou na NBA apenas aos 26 anos, como agente livre contratado por Pat Riley, em Miami. Da Flórida ele foi para Boston, até ser enviado para a Motown na mesma troca que envolveu Sheed. Depois – não percam a conta – jogou por Milwaukee Bucks, Houston Rockets, Toronto Raptors, Minnesota Timberwolves, New Orleans Hornets, Washington Wizards e Chicago Bulls. Em termos de produção estatística e relevância no elenco, surpreendeu em 2005-2006 quando marcou 20,3 pontos e 5,8 assistências em 79 partidas pelo Raptors, o que lhe rendeu um aumento significativo, praticamente de 100%.

Que mais?

James foi trocado cinco vezes e dispensado outras três. Ficou fora da liga em 2010-2011, aos 35 anos, quando acreditavam que sua trajetória na NBA havia chegado a um fim.

Para sorte de Rick Carlisle, Mark Cuban e Dirk Nowitzki, não era bem assim.

Ingressando na D-League, pela filial do Dallas Mavericks, provou que ainda tinha o que oferecer, mas, não se enganem, foi contratado mais como um quebra-galho, como reserva de Darren Collison, tendo assinado um contrato de apenas dez dias em 8 de janeiro. O titular, no entanto, estava decepcionando, e o veterano acabou assinando até o fim do campeonato, até ser promovido. De modo que, na sistemática abordagem de Carlisle, sem muita correria e com a ajuda de OJ Mayo para conduzir a bola, deu mais que certo.

“Estou como uma criancinha numa loja de doces. Vocês não entendem o quanto estou me divertindo”, afirmou James neste domingo, depois de ter anotado 19 pontos na vitória deste domingo em confronto direto com o Utah Jazz. Foi seu recorde na temporada.”Já que as pessoas dizem que eu não posso mais fazer parte deste jogo, estou curtindo muito esta fase”, completou.

Desde que James entrou para o quinteto inicial no dia 6 de março, o Mavs venceu oito partidas e perdeu três. Agora, com 34 vitórias e 36 derrotas no total, o time se vê novamente com esperanças de chegar aos playoffs, para manter viva uma sequência de participações nos mata-matas que começou em 2001.

Com os próximos três jogos em Dallas, há uma grande chance de o time chegar ao aproveitamento de 50%, algo que não acontece desde 12 dezembro, quando tinha 11 triunfos e 11 reveses, para, enfim, Dirk Nowitzki poder fazer a barba.

Kobe Bryant certamente está observando tudo isso, e, depois das finais de 2004, Mike James pode novamente estragar sua festa.


A renascença de OJ Mayo salva o Mavs enquanto Nowitzki não joga
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Giancarlo Giampietro

OJ Mayo, foi de três

Por Rafael Uehara*

Selecionado com a terceira escolha do Draft de 2008, e trocado por Kevin Love naquela mesma noite, a carreira de OJ Mayo em Memphis foi decepcionante. O ala-armador era projetado como um atirador de top de linha, que complementaria Rudy Gay no perímetro como uma luva e faria dos Grizzlies um time com uma das alas mais letais de toda a liga. Mas isso não se materializou.

Mayo foi tão irrelevante em seus primeiros dois anos e meio com o time que uma vez ele foi trocado por Josh McRoberts e Brandon Rush, exceto pelo fato de que Memphis e Indiana não oficializaram a negociação com o escritório da liga dentro do prazo determinado e a operação foi cancelada. Em sua última temporada, Mayo ainda trouxe algum valor para a franquia, vindo do banco como sexto homem e proporcionando importante espaçamento de quadra como um dos poucos membros do time capaz de acertar tiros de três pontos com alguma consistência.

Mas, ao entrar no mercado com apenas um ano de produção satisfatória em seu currículo, Mayo recebeu poucas ofertas e menos ainda com o valor que tinha em mente. Acabou assinando com o Dallas Mavericks por dois anos e $8,2 milhões de dólares, com uma opção de ir ao mercado novamente na próxima janela de verão caso queira. Desde que ganhou o título quase dois anos atrás, o Dallas tem optado por manter sua flexibilidade financeira como objetivo número um e viu em Mayo uma chance de adicionar um talento relativamente barato que  poderia ajudar agora, enquanto também não danificaria a visão do clube para o futuro.

E Mayo tem sido uma aposta fenomenal. Dirk Nowitzki passou por uma artroscopia no joelho antes do começo da temporada e ainda não jogou nesta campanha. Em sua ausência, Mayo tem se apresentado como líder da equipe dentro de quadra, fazendo o suficiente para mantê-los na briga pelos playoffs, a despeito da ausência de seu principal atleta. O objetivo é esse mesmo: segurar as pontas enquanto Nowitzki não volta.

Mayo está em  uma ótima temporada, atualmente postando 20,9 pontos em média, com um excepcional rendimento de 62,2% em ‘true-shooting’ (estatística que também leva em consideração os lances livres quando calculando o aproveitamento de um jogador em tiros de quadra). Grande parte desse sucesso ocorre porque tem sido muito complicado para os adversários lidarem com sua pontaria incrível de fora do arco: ele vem acertando em média 52,5% de seus tiros de três pontos (contra 38,8% da carreira), isso em 122 tentativas (um número expressivo).

Com Mayo em quadra, o Dallas marca em média um ponto por posse de bola a mais e tem aproveitamento em tiros de quadra 5% melhor do que com ele no banco, de acordo com NBA.com/advancedstats/. Mas talvez a melhor surpresa seja seu impacto no lado do outro lado. Em um time que põe ênfase em defesa coletiva, Mayo tem feito a diferença. Com ele em quadra, os Mavericks tem permitido cinco pontos a menos a cada 100 posses  do que com ele no banco. Seria um padrão de acordo com as melhores defesas da liga.

A renascença de OJ Mayo tem chamado a atenção. Um jovem com muitas expectativas ao sair da faculdade, Mayo parece ter finalmente encontrado o seu melhor basquete em seu quinto ano como profissional. Com o retorno de Nowitzki eminente, Dallas ainda é um time que exige respeito, em grande parte porque tem em Mayo um jogador postando uma das melhores performances em toda a liga.

*Editor do blog “The Basketball Post” e convidado do Vinte Um para este mês. Você pode encontrá-lo no Twitter aqui: @rafael_uehara.

PS: Durante dezembro, por motivos de ordem profissional (embora a gente goste mesmo é de férias, o Vinte Um vai ser atualizado num ritmo um pouco mais devagar. Voltamos no final do mês com tudo.


Nowitzki, Love, Stoudemire… As lesões já abalam a NBA antes de seu início
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Giancarlo Giampietro

Estamos ainda a uma semana do início da temporada 2012-2013 da NBA, e já tem um monte gente fora do páreo: as lesões se acumulam e algumas equipes já sofrem um grande impacto em seus planos, com rotações e jogadas combinadas avariadas, sem contar o dano contra a confiança.

O impacto maior vem na Conferência Oeste:

– Dirk Nowitzki está fora por seis semanas no Dallas Mavericks.
E os campeões de 2011 ficam ainda mais distantes do título… Mas o Mark Cuban certamente vai dizer que não tem nada disso. Aliás, aagora já torcem para que o jogador se recupere em três semanas. Tem de apelar para a boa fé, mesmo. Depois do fracasso nas negociações por Deron Williams, que apontou sua ausência nas negociações como algo decisivo em sua opção para ficar com o Nets, o ricaço ficou ainda mais pê da vida e saiu falando aos montes. Sem o alemão ao seu lado, as bravatas perdem muita força. Quando contratou OJ Mayo, Darren Collison e Chris Kaman, Cuban os imaginava como peças complementares a Dirk. Agora os três vão precisar se desdobrar para suprir os 20 e poucos pontos fáceis que o craque proporcionava. O velhaco Elton Brand ganha mais minutos ao lado de Kaman, naquele que pode ser o par de pivôs mais lentos da liga.  Shawn Marion e o novato Jae Crowder – olho neste sujeito aqui, viu? – também devem quebrar um galho por lá. A cuca de Rick Carlisle não poderia ser mais exigida que isso: o técnico vai ter de mostrar toda sua inventividade se quiser manter o Mavs bem posicionado para chegar aos playoffs. Se conseguirem, de alguma forma, flertar com a mediocridade, será um lucro canado.

Kevin Love está fora por seis ou oito semanas no Minnesota Timberwolves.
E a comunidade toda de Mineápolis já achando que o longo afastamento de Ricky Rubio já era problema o bastante… Pumba. Love quebra a mão fazendo musculação em hora extra porque achava que precisava se dedicar mais na pré-temporada. Que fase a dos técnicos chamados Rick, hein? Assim como seu xará no Texas, o mais experiente Adelman precisa sambar um bocado agora. Em primeiro momento, era de se pensar que o ala Derrick Williams fosse herdar os minutos do astro campeão olímpico, mas o treinador já se apressou em dizer que não é bem assim, não, e cogitou que até mesmo Dante Cunningham poderia ser o titular. O que nos leva a deduzir que o calouro número dois do Draft de 2011 não tem tanto prestígio assim como chefe. Atacar com Williams e Kirilenko ao mesmo tempo, com os dois alas amparando Nikola Pekovic, seria uma opção interessante. As esperanças de fazer barulho nesta temporada ficam reduzidas. A não ser, claro, que Brandon Roy tenha voltado no tempo.

Amar’e Stoudemire está fora por duas ou três semanas no New York Knicks.
Sinceramente? Considerando tudo o que vimos nas temporadas passadas, essa aqui nem assusta mais, né. Dessa vez os médicos dos Bockers encontraram um cisto no joelho do ala-pivô – para um ignorante como este blogueiro, essa é uma novidade. Mas enfim. Justo agora que Mike Woodson estava bem animado com o preparo físico do cestinha, aparece um probleminha desses. Intimamente, ou inconscientemente, o ego de Carmelo Anthony deve ter se inflamado: “Abrir mão de 40 pontos por jogo? Passar a bola? Tá maluco?!”… E no fim é como ala-pivô que Melo pode render mais, mesmo. O palpite é que não fará tanta falta assim para o Knicks. O impacto, porém, pode ser sentido mais adiante: Stoudemire vai voltar sem ritmo e precisará ser integrado ao sistema, correndo o risco de que as polêmicas todas da última campanha retornem. O New York Post já tá de olho, fato.