Vinte Um

Arquivo : Rasheed Wallace

Armador veterano comanda a reação do Dallas Mavericks em busca pelos playoffs
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Giancarlo Giampietro

Mike James para o chute

Mike James, ele mesmo, pode ajudar Nowitzki a enfim fazer a barba

E quem se lembrava do Mike James?

“Acho que meu nome realmente faz você se perguntar: ‘Quem?”, brinca o jogador. De fato: nome muito comum. Mike James.

Nos tempos de Detroit Pistons, ele foi apelidado de Pitbull por Rasheed Wallace. Era quando saía do banco de reservas mordendo, ao lado de Lindsey Hunter, hoje treinador do Phoenix Suns, para render Chauncey Billups e Rip Hamilton por alguns minutos, colocando muita pressão no perímetro, deixando a defesa de Larry Brown ainda mais insuportável. Conquistaram o título.

Foi certamente o melhor momento da carreira deste veterano, que entrou na NBA apenas aos 26 anos, como agente livre contratado por Pat Riley, em Miami. Da Flórida ele foi para Boston, até ser enviado para a Motown na mesma troca que envolveu Sheed. Depois – não percam a conta – jogou por Milwaukee Bucks, Houston Rockets, Toronto Raptors, Minnesota Timberwolves, New Orleans Hornets, Washington Wizards e Chicago Bulls. Em termos de produção estatística e relevância no elenco, surpreendeu em 2005-2006 quando marcou 20,3 pontos e 5,8 assistências em 79 partidas pelo Raptors, o que lhe rendeu um aumento significativo, praticamente de 100%.

Que mais?

James foi trocado cinco vezes e dispensado outras três. Ficou fora da liga em 2010-2011, aos 35 anos, quando acreditavam que sua trajetória na NBA havia chegado a um fim.

Para sorte de Rick Carlisle, Mark Cuban e Dirk Nowitzki, não era bem assim.

Ingressando na D-League, pela filial do Dallas Mavericks, provou que ainda tinha o que oferecer, mas, não se enganem, foi contratado mais como um quebra-galho, como reserva de Darren Collison, tendo assinado um contrato de apenas dez dias em 8 de janeiro. O titular, no entanto, estava decepcionando, e o veterano acabou assinando até o fim do campeonato, até ser promovido. De modo que, na sistemática abordagem de Carlisle, sem muita correria e com a ajuda de OJ Mayo para conduzir a bola, deu mais que certo.

“Estou como uma criancinha numa loja de doces. Vocês não entendem o quanto estou me divertindo”, afirmou James neste domingo, depois de ter anotado 19 pontos na vitória deste domingo em confronto direto com o Utah Jazz. Foi seu recorde na temporada.”Já que as pessoas dizem que eu não posso mais fazer parte deste jogo, estou curtindo muito esta fase”, completou.

Desde que James entrou para o quinteto inicial no dia 6 de março, o Mavs venceu oito partidas e perdeu três. Agora, com 34 vitórias e 36 derrotas no total, o time se vê novamente com esperanças de chegar aos playoffs, para manter viva uma sequência de participações nos mata-matas que começou em 2001.

Com os próximos três jogos em Dallas, há uma grande chance de o time chegar ao aproveitamento de 50%, algo que não acontece desde 12 dezembro, quando tinha 11 triunfos e 11 reveses, para, enfim, Dirk Nowitzki poder fazer a barba.

Kobe Bryant certamente está observando tudo isso, e, depois das finais de 2004, Mike James pode novamente estragar sua festa.


Scout conta a importância de Jason Kidd para o Knicks em sutis detalhes
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Giancarlo Giampietro

Jason Kiddi em ação

Havíamos escrito aqui sobre a influência positiva que o veterano Jason Kidd já exercia sobre seus novos companheiros Knickerbockers, como um dos componentes por trás forte início do New York Knicks. Para deixar bem claro que influência é essa, nada melhor do que acionar quem entende. Veja o que disse ao jornalista Ric Bucher, ex-ESPN, um scout da liga norte-americana (eles viajam para avaliar os adversários também, e não só atrás de calouros):

“Dê um baita crédito a Jason Kidd por fazer aquelas jogadas sutis, espertas e em prol do time que criam oportunidades e não aparecem no resumo estatístico: correr rapidamente para preencher um espaço no contra-ataque e então se deslocar para o outro lado da quadra para abrir espaço para alguém que venha de trás, por exemplo. Isso força seus companheiros que se importam mais com as estatísticas a serem menos egoístas. Nunca vi um atleta cujas habilidades tenham diminuído tanto, pensando fisicamente, e que ainda peça tanto respeito assim. Ao escalar Kidd com Chandler, o Knicks também ganha a combinação de liderança que esteve por trás do título do Mavs em 2011.”

(A entrevista desse olheiro foi feita bem antes da vitória impressionante do Knicks sobre o Heat nesta quinta-feira.)

Precisa dizer mais?

Não precisaria, mas o scout ainda tem outro comentário a fazer, exclusivamente do ponto de vista tático:

“Além disso, o Knicks tirou uma página do caderninho dos técnicos do Dallas ao colocar Kidd ao lado de outro armador que possa atacar via infiltrações com dribles que ele não consegue fazer mais. Note-se que, do outro lado, o Dallas sente muito sua falta. Eles não têm mais ninguém para organizá-los nos minutos finais. Ele teria se encaixado muito bem com Darren Collison e OJ Mayo.”

É isso: se você consultar os números de Kidd, vai pensar em um jogador decadente – o que de certa forma é verdade, se comparado com aquele dínamo do início da década passada, sempre beirando um triple-double de média. Poucos pontos, poucas aassistências, menos rebotes. Mas ainda um senhor ladrão de bolas e cada vez melhor no tiro de três pontos. De todo modo, numa olhadela rápida, não pareceria para muitos um grande jogador (ignorando o nome).

Que nada. Kidd ainda faz a diferença. Fica o convite para, nos tantos jogos do Knicks transmitidos por aqui, que observem o velhinho fora da bola para se captar esses detalhes sutis de que fala o scout, detalhes que fazem do basquete um jogo maior.

*  *  *

Outros motivos:

– Carmelo Anthony nunca esteve tão engajado assim em quadra. Para não dizer nunca, dá para resgatar seu empenho nos playoffs de 2009, quando, em parceria com Chauncey Billups (outro da estirpe dos “vencedores”), carregou a equipe até as finais da Conferência Oeste, no melhor resultado da franquia desde 1985. O melhor basquete de Carmelo – combativo na defesa, atacando o garrafão com ferocidade, sem se contentar com os chutes de média e longa distância muito mais cômodos –, o melhor resultado do Nuggets em 24 anos. Coincidência?

– É meio bizarro escrever isso, para ver a que ponto chegamos, mas a lesão de Amar’e Stoudemire foi, como eles dizem lá, a benção na desgraça. O ala-pivô tem mais de US$ 60 milhões para ganhar até 2015, mas, devido ao acúmulo de lesões, já não lembra em nada mais aquele furacão ofensivo dos tempos de Suns, perdendo impulsão e explosão. Justiça seja feita, por outro lado: ciente da redução de suas capacidades físicas, para compensar, Stoudemire refinou seu arremesso a um ponto em que não pode ficar livre em nenhum ponto da quadra. O problema: ele parou nessa. Para o jogador, o que vale é bola na cesta e pouco mais. Para alguém que ficou tanto tempo com a bola em mãos durante a carreira, sua média de 1,5 assistência por jogo é patética e se sustenta até mesmo numa projeção por 36 minutos de ação – já que ele nunca foi muito de descansar quando estava apto para atuar. E mais: apenas 7,3% das posses de bola em que foi acionado terminaram em um passe decisivo para um parceiro.

E o que acontece? Quando você coloca lado a lado um fominha destes com um fominha como Carmelo, um competindo com o outro para ver quem é o xerife de Manhattan, não dá muito certo. São dois cestinhas excepcionais, mas que não sabem dividir a bola. Com a chegada de Kidd e uma aparente auto-reflexão de Anthony, as coisas mudaram um tanto. Quando retornar, o astro vai se enquadrar nesta nova realidade da equipe? Vai deixar o ego e o ciúme para lá? Toparia sair do banco de reservas? Em breve os tablóides e torcedores, técnicos e jogadores do Knicks vão saber a resposta.

– Além de Kidd, outros veteranos ajudam, imagino, a manter o restante concentrado em objetivos maiores. Kurt Thomas, Rasheed Wallace e Marcus Camby já aprontaram das suas, e muitas vezes, durante carreiras longínquas, mas hoje devem servir até como assistentes dos treinadores em quadra. Recomendável, de qualquer forma, monitorar o comportamento de Camby, que assinou com a equipe com a perspectiva de ser o terceiro pivô da rotação com Chandler e Stoudemire e hoje mal consegue entrar em quadra devido a atuações surpreendentes de Sheed.

PS: Durante dezembro, por motivos de ordem profissional (embora a gente goste mesmo é de férias, o Vinte Um vai ser atualizado num ritmo um pouco mais devagar. Voltamos no final do mês com tudo.


Equipes nova-iorquinas ganham ajuda inesperada de ex-aposentados Wallace e Stackhouse
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Giancarlo Giampietro

Ok, oficialmente Jerry Stackhouse não estava aposentado.

Jogou ano passado pelo Atlanta Hawks e tal. Mas, no imaginário coletivo, ganhamos essa licença poética considerando que pouca gente poderia imaginar o ala não só jogando para valer a temporada 2012-2013, sua 19ª, como teria um papel de destaque por um time que, na real, deveria estar arrasando com Joe Johnson e Gerald Wallace no perímetro. Ele mesmo acreditava que estava destinado a virar um assistente técnico.

Nem JJ, nem Crash estão exatamente fazendo jus a uma grande expectativa depo$itada pelo bilionário russo Mikhail Prokhorov, contudo. Então entra em cena Stackhouse, que, com seu salário  (nem tão) mínimo, vem dando uma contribuição significativa na largada do renovado Nets em Brooklyn, anotando cestas importantes em vitórias sobre times de elite como o Boston Celtics e o New York Knicks na última semana.

Era só o que faltava, pensa a juventude da NBA. Se já não fosse o suficiente a reaparição de Rasheed Wallace pelo próprio Knicks, agora vem outro velhinho de bengala tomar o bastão de volta e romper a ordem natural das coisas.

*  *  *

Stackhouse no ataque

Vejam! Stackhouse no ataque!

Realmente não estava nos planos que Stackhouse fosse jogar. Até que o caminho para entrar em quadra foi aberto por lesão no tornozelo do jovem cestinha MarShon Brooks, dono de um dos nomes mais curiosos da paróquia e um dos grandes imitadores (jogando) de Kobe Bryant que o basquete já viu. Brooks torceu o tornozelo no dia 9 de novembro, no aquecimento para o jogo contra o Orlando Magic. O veterano, então, ganhou sua chance. Desde então, o Nets venceu oito de seus próximo nove jogos.

“Sabia que estava chegando num papel meio que de técnico, porque era isso que queria, pensando na transição para minha próxima carreira. Infelizmente, quando você passa dos 35, os times querem apenas que você cumpra um determinado papel e não permite que os caras compitam. Mas sabia que o Avery (Johnson) tem a cabeça aberta. Sabia que ainda tinha algo para oferecer em quadra e sabia que aqui teria essa oportunidade”, conta o ala, que só é vetado na hora de jogar na segunda noite de uma sequência de dois jogos.

Em uma dobradinha de jogos contra Blazers e Knicks, o técnico de apelido “Pequeno General” tomou a decisão certa ao poupar Stackhouse contra o Blazers, pensando justamente no dérbi nova-iorquino contra o Knicks. (Nada melhor do que se apropriar do jargão futebolísitco, hein?)

Aí, em 22 minutos, ele matou quatro bolas de três pontos, jogando a prorrogação inclusive, com cestas em momentos cruciais. “Que mais posso dizer? Ele estava com um bom ritmo, escolhendo bem o lugar de arremessar. Ele entrou com muita energia. Foi por isso que o descansamos. Mas não sabia que ele estaria pronto desse jeito, não dá para levar o crédito nessa. Todo o crédito vai para Stackhouse”, disse Avery Johnson.

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Sheed ensina defesa

Vejam! É o Rasheed ensinando os mais jovens

“Fiquei dois anos fora da NBA, mas não foram dois anos de férias”, diz Rasheed Wallace, também aos 38 anos.  Na boa campanha que faz o Knicks, a maior surpresa talvez seja mesmo aquele que havia parado de jogar em 2010, época em que já aparentava ter se retirado das quadras dois anos antes e não sabia.

Sua última temporada pelo Boston Celtics foi deprimente, com uma pálida imagem daquele jogador que colocou fogo num time já competitivo do Detroit Pistons, mas que, ao mesmo tempo, nunca chegou a honrar seus talentos ao máximo.

Porque ele podia fazer um pouco de tudo. Jogar de costas para a cesta. Chutar de todos os cantos da quadra até a linha de três pontos. Podia se dedicar apenas a um bom corta-luz, ou poderia atacar seu defensor no mano-a-mano. Se dobrassem, a cobertura precisava ficar atenta com passes simples e precisos. Além do tamanho, Sheed tinha mãos dos sonhos para qualquer jogador de basquete. O que faltava era concentração, determinação e maturidade para aguentar os diversos momentos de pressão e estresse em quadra.

Não é este ala-pivô completo que o Knicks está recebendo agora, obviamente. Em todos os sentidos: se ele já não é mais o supertalentoso dos tempos de Portland, também não é o cabeça-de-vento que servia de capitão dos Jailblazers. “Ele tem feito tudo o que pedimos. Não dá para ele jogar muitos minutos, mas os minutos que ele nos dá são muito positivos”, afirma o técnico Mike Woodson.

De acordo com os jornalistas que seguem o time de perto, a maior repercussão da presença de Sheed acontece nos bastidores, nos vestiários. Ainda um falastrão, o jogador “passa boa parte de seu tempo dividindo pensamentos com os companheiros sobre como agir na defesa, dando dicas”, segundo o New York Times.

“Apenas tento manter todo mundo concentrado no nosso plano de jogo. Você pode receber falta, o árbitro pode não dar nada, mas ainda assim é preciso reagir e continuar jogando. Apenas domine seu adversário do outro lado, e é isso que se mostra no placar. O que digo aos caras mais novos é que minha velocidade e minha agilidade não são mais as mesmas, mas que ainda posso falar. E com isso temos mais um defensor em ação”, avalia.

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Além de suas inesperadas contribuições para dois times que devem disputar os playoffs do Leste nesta temporada, outro tópico pode reunir Wallace e Stackhouse numa mesma sentença: os dois fizeram parte da mesma equipe na universidade de Carolina do Norte, uma famigerada formação que ajudou a acelerar a aposentadoria do catedrátido Dean Smith na instituição.

Stack & Sheed

Stack & Sheed universitários

O ginásio da UNC hoje se chama “Dean Dome”. Em sua apresentação no Hall da Fama, Michael Jordan, seu aluno, soltou esta daqui: “Vocês não poderiam ter visto Michael Jordan jogar não fosse por Dean Smith”.

Sentiu o respeito? Antes de Phil Jackson, Smith foi o treinador que conseguiu se conectar com MJ  (dentro e fora de quadra) de um modo que pudesse amplificar as qualidades de um dos maiores atletas de todos os tempos.

Seu legado no basquete norte-americano é imenso: entre técnicos e jogadores, passaram por suas mãos gente como Larry Brown, George Karl, Bob McAdoo, Billy Cunningham, James Worthy, Sam Perkins, Kenny Smith, Antawn Jamison, Vince Carter, Doug Moe, Roy Williams e John Kuester. É a chamada “Família Carolina”, cujos tentáculos são bem mais abrangentes do que a lista acima.

Dean Smith venceu 879 partidas em sua carreira, atrás apenas de Bob Knight, Coach K e Jim Boeheim na primeira divisão da NCAA. Por 35 anos consecutivos ele mais venceu do que perdeu em uma temporada. Ganhou dois títulos e jogou 11 Final Fours.

No âmbito acadêmico, viu 96.6% de seus jogadores saírem da UNC formados – não só como atletas, mas como profissionais de diversas áreas também.

Ele só não conseguiu controlar Wallace. A personalidade do ala-pivô, já com aquela manchinha no cabelo, foi um desafio e tanto para o treinador que, por um lado, foi o primeiro de uma universidade sulista a escalar um jogador negro em sua equipe, mas, por outro, era avesso a escalar calouros (freshmen) em seus times. Acontece que Sheed, Stack e o por-onde-anda Jeff McInnis, em 1993, estavam destroçando os mais experientes nos treinamentos. A partir daí o séquito de torcedores ao redor dos Tar Heels se dividiu entre os que apoiavam que a tradição fosse mantida, que os mais velhos tivessem prioridade em quadra, mesmo que não fossem tão bons assim (George Lynch e o inesquecível Eric Montross entre eles), e os que sonhavam em ver uma versão pirata do Fab Five de Michigan na Carolina do Norte. “Rasheed Wallace, é claro, se tornou a figura central na guerra civil de Chapel Hill”, escreve o autor Jay Caspia Kang, do magnífico site Grantland, em perfil sobre o ala-pivô – enquanto McInnis e Stackhouse eram recrutas mais tradicionais da universidade.

Sheed já tinha sua bagagem pesada quando chegou ao campus. Durante os treinos, enterrava na cabeça de Montross para depois gritar em quadra que a posição era dele. Foi daí para baixo, supostamente, mas há quem diga também que há exagero nos relatos.

Segundo Kang, o papo de “potencial desperdiçado” por Sheed já fazia parte das rodas de bar na cidade. Segundo ficou para a história, o desgosto de Smith com os problemas  criados pelo jogador serviu como alerta para o treinador pegar o boné e sair de cena. Os tempos eram outros.

PS: Durante dezembro, por motivos de ordem profissional (embora a gente goste mesmo é de férias, o Vinte Um vai ser atualizado num ritmo um pouco mais devagar. Mas também temos uma surpresa que vem por aí. De qualquer forma, voltamos no final do mês com tudo.


Rasheed Wallace (ainda) quer voltar. E, claro, vai treinar com o Knicks
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Giancarlo Giampietro

Wallace não jogou nada pelo Boston em 2009-2010 e deixou a liga

O “totalmente excelente” (valeu, Bonfá) repórter Ric Bucher, da ESPN, soltou no Twitter: Rasheed Wallace foi visto treinando em ginásio do Knicks neste fim de semana. E o clube de Manhattan está, claro, considerando sua contratação. Afinal, eles já têm Kurt Thomas, Marcus Camby e Jason Kidd…

Não é a primeira vez que ‘Sheed, agora 38, flerta com um retorno à NBA. No ano passado, ele esteve de namorico com Los Angeles Lakers e Miami Heat. Depois de ter supostamente se aposentado pelo Boston Celtics. Só a elite, reparem.

O perigo desse tipo de flerte é o seguinte: para quem não joga para valer desde 2010, Wallace deve estar, sim, se sentindo muito bem com seu corpo agora. Mas vai encarar uma temporada de 82 jogos para ver como fica… Mesmo que ele não jogue muito. Já bastam as incessantes e intermináveis viagens para desgastar bastante.

Para alguém que tinha a língua afiada, um dos temperamentos mais intrigantes e aversivos da liga, não deixa de ser irônica a busca do pivô pelo tempo perdido – justamente ele que foi acusado durante anos e anos de ser daqueles que mais desperdiçava seu talento em quadra com lances descabidos e preguiçosos, sem contar a quantidade de minutos em que ele parecia estar com a cabeça na Lua, em Marte, Vênus ou Mercúrio, mas certamente não no jogo.

“Ball don’t lie” – que a bola não mentiria, não enganaria –, foi uma de suas frases célebres, em referência a erros de arbitragem grosseiros que poderiam influenciar num resultado. Será que Rasheed realmente quer voltar? O que a bola tem a dizer a respeito?

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Rasheed Wallace recebe uma técnica

Sheed era recordista de faltas técnicas nos bons tempos

Rasheedl Wallace foi draftado em 1995 pelo Washington Bullets (saudades!) na quinta posição, depois de acelerar o envelhecimento do legendário Dean Smith em UNC. Ele já tinha aquela manchinha redonda na cabeça. Reserva de Chris Webber e Juwan Howard, só foi mostrar serviço pelo Blazers anos mais tarde. Foi uma grande estrela da era “Jail Blazer” – um dos ‘movimentos’ mais impagáveis da NBA, com uma ficha criminal impressionante. Também com grandes batalhas nos playoffs, diga-se. Mas sua melhor fase técnica durou por pouco mais de uma temporada, entre 2004 e 2004, pelo Detroit Pistons, onde se achou. Cercado por veteranos bem sérios, que o domaram, (Rip, Billups, Big Ben e um técnico maluco em Larry Browon), foi decisivo para a conquista do último título da Motown.

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Nos anos posteriores, quem tirava ‘Sheed do sério era Anderson Varejão. Pistons e Cavs se encontraram muitas vezes nos mata-matas, e as faltas ofensivas que o capixaba conseguia cavar ou descolar irritavam profundamente o rival. Ele achava que aquilo não era basquete.

Na verdade, sua frustração devia ser simplesmente pelo fato de que não conseguia dominar um brasileiro do qual ele nunca havia ouvido falar. Anderson sempre foi um defensor infernal e um veterano desmotivado era presa fácil. Ponto para o Brasil.

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“Cut the check”, risque o cheque, foi outra frase minimalista famosa do pivô. Tipo: me paga aí e não me torre a paciência. Se você riscar o cheque, tá valendo. Outra: “Both teams played hard”, os dois times jogaram sério, para comentar as partidas nas entrevistas obrigatórias ao final do jogo. Ele não queria falar nada.


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