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Após 12 anos, Varejão diz tchau para o Cavs. Qual o impacto da troca?
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Giancarlo Giampietro

Anderson Varejão, Cavs

A data final para trocas da temporada 2015-16 da NBA não teve o frenesi do ano passado. Ainda assim, durante a semana, entre terça e esta quinta-feira, mais da metade dos clubes esteve envolvidas em 12 negociações no total, com brasileiro envolvido. Para conferir todas as transações efetuadas, clique aqui. Abaixo, um apanhado do que aconteceu de mais importante. Hoje, vamos nos concentrar no adeus de Anderson Varejão ao Cleveland Cavaliers, certo? Nesta sexta, expandimos o assunto.

Entre os candidatos ao título, o Cavs foi o mais ativo, e de longe, como se esperava. Sobrou para o pivô capixaba, que foi envolvido em um negócio triplo com Orlando Magic (que mandou Channing Frye para Cleveland e recebeu uma escolha de Draft de segunda rodada e o ala-armador Jared Cunningham) e Portland Trail Blazers, sendo enviado para a o Noroeste dos Estados Unidos, para supostamente dar um alô a Damian Lillard. Mas não foi o caso. Ele foi dispensado imediatamente.

Antes de falar do Blazers, porém, vale falar sobre a saída do Cavs. Com 12 anos no clube de Ohio, o pivô era um dos jogadores há mais tempo vestindo uma só camisa. Somente Kobe, Dirk, o trio dourado de San Antonio, Wade e Haslem passaram mais temporadas que ele nessa condição. Por maior que tenha sido o número de lesões e questões médicas de Anderson nas últimas campanhas, o respeito que ele conquistou em Cleveland é dessas coisas únicas nestes dias. Deem uma espiada neste fórum (dica do Flávio Izhaki). Agora, esses torcedores não poderão mais fazer aquela zoeira na famigerada noite das perucas, com todo mundo cabeludo no ginásio – a não ser que a franquia decida fazer a promoção na noite em que o veterano revisitar a cidade.

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Mas como assim ser dispensado? Para um clube que se vê inesperadamente na briga por uma vaga nos playoffs do Oeste, Varejão poderia dar sua contribuição, nem que fosse como uma figura experiente de vestiário. Como um tutor que fosse – ainda que Chris Kaman já esteja por lá para isso. Pois, pensando em quadra, a verdade é que o jogo do brasileiro é uma incógnita hoje. Ele estava sendo pouco utilizado pelo Cavs. Não sabemos se era devido ao excesso de pivôs qualificados da equipe, ou se por ele não ser mais o mesmo, depois de uma lesão no tendão de Aquiles e de tanto desgaste. Ou por um pouco de um e do outro.

Em Portland, Varejão enfrentaria uma concorrência menos prestigiada, mas não são simples assim de se desmontar. Por um motivo: Terry Stotts elaborou uma rotação de grandalhões que se ajeitou bem, tendo Mason Plumlee e o promissor Noah Vonleh no quinteto titular e a dupla Ed Davis (sempre produtivo). Se arranjasse um espaço e produzisse, Anderson teria tudo para conquistar os fãs do Blazers, devido a sua entrega e seu carisma.

Para receber Varejão – e seu salário, de US$ 9,3 milhões na próxima temporada –,  o gerente geral Neil Olshey exigiu uma escolha de primeira rodada do Cavs, de 2018. Pouco? Pelo contrário, na NBA de hoje, a oportunidade de se contratar um jogador jovem e de salário baixo é muito atraente para a construção de um elenco. As escolhas, mesmo no escuro, valem muito na cabeça dos dirigentes. Para Olshey, o preço nem é tão salgado, na verdade, pois o clube tinha uma folha de pagamento tão barata que estava até mesmo abaixo do piso estabelecido pela liga. Se tivessem chegado ao final da campanha “devendo”, teriam de completar a diferença para o piso, dividindo esse montante entre todos do elenco. Isto é: o bilionário Paul Allen teria de assinar um cheque de qualquer maneira, independentemente da chegada e saída do brasileiro.

Varejão ficará disponível por um período de “waiver”, de três dias 48 horas. Dificilmente alguém vai abraçá-lo desta maneira, para não ter de arcar com o restante de seu contrato. Então é muito provável que ele vire um agente livre. A essa altura da carreira, talvez seja o melhor, mesmo. Poderá olhar para o mercado e procurar a melhor situação. Ou a situação que melhor se encaixe com seus objetivos.

Em tese, para um atleta de seu gabarito e rodagem na liga, o mais comum seria assinar com uma equipe com ambição de chegar bem aos playoffs e que também tenha uma vaga no elenco. Lembrando sempre: cada franquia só pode ter 15 jogadores sob contrato. Após a rodada de trocas, clubes como Clippers, Hawks (com a lacuna aberta pelo afastamento de Tiago Splitter, por ironia), Heat e Rockets se enquadram nessa condição. Assim como o Cavs, mas esqueçam um retorno imediato: a regra da NBA afirma que ele só poderia assinar um novato contrato com o clube daqui a seis meses um ano, segundo o acordo trabalhista da liga e a interpretação do especialista Larry Coon. Agora, se for para fechar com um time de ponta, será que ele teria tempo de quadra? Será que não se meteria na mesma situação que estava vivendo em Cleveland? O ideal seria aliar dois fatores: seguir em um time vencedor e ganhar ritmo para as Olimpíadas. Mas e se uma alternativa excluir a outra?

Rubén Magnano, sabemos, prefere que Varejão vá para quadra, que jogue, não importando onde, para ganhar ritmo. Por isso, já havia admitido ao UOL Esporte ter sugerido ao pivô – e a Huertas – que procurasse um novo clube. De alguma forma, teve seu pedido atendido. Mas o desfecho ainda não está 100% de acordo com os seus interesses. O argentino obviamente está com o radar ligado agora, ainda mais depois de ter perdido Splitter (uma baixa imensa para a seleção, em muitos sentidos, assunto o qual tentarei abordar no final de semana, mais em tom de reverência ao catarinense, com calma).

A NBA é assim: interfere, direta ou indiretamente, no cotidiano de seleções, e muito mais. São negócios, afinal, e Varejão foi lembrado a respeito, depois de ter sido adquirido pelo próprio Cavs em uma troca em 2004. Faz tempo. Desde então, marcou época, escoltando LeBron James ao período mais vitorioso do clube, se tornando imensamente popular na cidade. Agora a vida segue, e o capixaba tem decisões importantíssimas para tomar.

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Ele vai chegar para isto

Ele vai chegar para isto

Em tempo: Frye não é o mesmo jogador dos tempos de Phoenix Suns. Em Orlando, sem um armador que realmente chamasse a atenção no pick-and-roll, não conseguiu se encontrar. Não teve consistência. No conjunto da obra, também tem uma carreira inferior à do brasileiro, ao meu ver. Mas, hoje, é uma peça mais proveitosa para o Cavs, devido principalmente à habilidade para acertar os arremessos de longa distância. Sua presença em um quinteto com Love, LeBron, JR e Irving resultaria e estragos gravíssimos às defesas adversárias. E não é que contribua só com o chute: é bom defensor no post up, tem experiência e, segundo todos os relatos que ouvi, exerce excelente influência no vestiário, algo que só pode fazer bem ao time, como David Blatt pode sublinhar.

O Cavs sai ganhando tática e tecnicamente aqui, mesmo tendo pagado por uma peça complementar um preço caro, mas hoje irrelevante para um clube que só pensa, obsessivamente, no sucesso a curto prazo, enquanto LeBron ainda tem perna. Uma observação, no entanto, precisa ser feita em relação ao Warriors. Sempre o Warriors. Numa eventual revanche com Golden State, não sei muito bem como Frye poderia ser útil, uma vez que não poderia marcar de modo nenhum um jogador como Draymond Green, muito menos Andre Iguodala ou Harrison Barnes. Enfim. Por outro lado, a pergunta mais justa talvez seja: quem consegue marcá-los também? Se o adversário for o San Antonio, aí a coisa muda de figura. Antes, porém, precisam chegar lá, claro – mas é inegável que toda e qualquer decisão que a franquia toma nesta temporada tem como objetivo o título, ciente de que, nas finais, o desafio será muito maior. E, com Mozgov caminhando para o mercado de agentes livres, o veterano também serve como uma apólice de seguro.

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Atualizando nesta sexta de manhã: faltou mencionar que, com a troca, Cleveland poupa U$ 9,8 milhões entre salário e multas nesta temporada. É uma boa grana, mesmo para outro bilionário como Dan Gilbert. Vários clubes reduziram seus gastos nesta quinta, aliás.

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Por fim, declaração do gerente geral do Cavs, David Griffin, sobre Varejão, dizendo que foi difícil telefonar para o brasileiro: “Anderson é especial como jogador, companheiro e pessoa. Poucos jogadores conquistaram este respeito, apoio e admiração de toda uma organização, de sua torcida e da comunidade como Andy fez aqui. Tudo isso tornou esta negociação muito difícil de se fazer. Ao mesmo tempo, temos uma obrigação prfounda de fazer aquilo que podemos para alcançar nosso objetivo final, e acreditamos que este negócio melhora nossa equipe e nossa posição para o futuro também. Agradecemos a Andy por seu trabalho duro, dedicação e contribuições ao Cavaliers e nossa comunidade e desejamos a ele e sua mulher, Marcelle, o melhor, realmente o melhor”.

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Desnecessário dizer o quanto LeBron admirava Anderson? O brasileiro chegou a Cleveland apenas um ano depois de o ala ser selecionado como o grande Messias da franquia. Após a vitória sobre o Bulls nesta quinta-feira, o craque admitiu que ainda não havia conversado com o capixaba, porém. “Eu aposto que várias pessoas estão entrando em contato com ele agora. Vou deixar assim, não gosto de procurar imediatamente. Prefiro deixar cozinhar um pouco. Nossa amizade não precisa de uma mensagem de texto”, disse. “Você perde um irmão. Esta é a pior parte do negócio.”

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Um comentário sarcástico inevitável: se o Cavs despachou, num só dia, Varejão e Cunningham (que, segundo os setoristas do Cavs, foi adotado por LeBron nesta temporada), está claro que David Griffin tem autonomia total para conduzir o departamento de basquete e que o camisa 23 não apita nada. Agora não precisa mais de nenhuma prova nesse sentido.

Né?


Portland Trail Blazers: aproveitando ao máximo a boa fase
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Giancarlo Giampietro

LaMarcus e Lillard, bela dupla de um belo time

LaMarcus e Lillard, bela dupla de um belo time

Cada um no seu quadrado. A sabedoria popular brasileira ainda nos oferece esse tipo de pérola, né? Que, neste caso, serve muito bem para os fiéis torcedores do Portland Trail Blazers. Esses caras têm novamente um dos times mais legais da NBA em sua cidade, que voltou aos playoffs, venceu uma série e se meteu com gente grande. Damian Lillard é uma das jovens estrelas mais populares, LaMarcus Aldridge encontrou a paz de espírito. O técnico Terry Stotts foi recompensado com uma renovação de contrato depois de uma campanha brilhante. Tudo muito bacana.

Por outro lado, depois do que o San Antonio Spurs fez com eles nos mata-matas passados, é muito difícil imaginar que, na complicadíssima Conferência Oeste, o Blazers tenha o suficiente para subir mais alguns degraus e lutar pelo título, como nos tempos de Clyde Drexler, Terry Porter e Rick Adelman.

Mas… e daí? Ter um time competitivo, com personagens carismáticos e talentosos não é o suficiente? Talvez para o fã americano mais radical, não, caso ele se deixe levar pelo vencer, vencer e vencer. Em Portland, uma cidade que vive em comunhão com sua única franquia nas quatro grandes ligas esportivas dos EUA, porém, cair nessa seria uma bobagem. São tempos para se curtir ao máximo.

Batum, o francês, bastante confiante

Batum, o francês, bastante confiante

Em termos de reforços, Steve Blake e Chris Kaman são as novidades, e basta perguntar aos rivais do Lakers o que pensam a respeito da dupla. A esperança é acreditar numa evolução contínua de Lillard e Nicolas Batum, que encerrou sua campanha na última Copa do Mundo em grande estilo. Somando a semifinal contra a Sérvia e a decisão pelo bronze contra a Lituânia, o ala acertou 10 de 17 arremessos de três pontos e 19 de 29 arremessos no geral, com média de 32 pontos por partida. Em apenas 35,5 minutos, algo muito raro de se ver em competições Fiba.

Blake é um caso especial da liga: os técnicos o adoram. Para quem vê de fora, porém, é difícil se enamorar. O que ele traz para uma equipe é QI, estabilidade e intensidade. Seu jogo deve combinar melhor com o arrojo de seu jovem armador titular – ao passo que, Mo Williams, embora tenha feito um belo campeonato, seria como uma duplicata do titular. Sobre Kaman? Imagino que a ideia seja reduzir para zero os minutos de Aldridge como o principal pivô em quadra, para preservar o físico da estrela. Para que ele esteja sempre escoltado por um grandalhão, mais com Robin Lopez, de preferência.

Por mais que a cotação de Lillard tenha decolado, o sistema ofensivo ainda depende bem mais de LaMarcus. Quando o pivô caiu de rendimento na segunda metade do campeonato passado, lidando com dores na virilha, a eficiência do time, que chegou a ter a principal artilharia da liga nos primeiros meses, foi junto. As equipes diminuíram a frequência da marcação dupla para cima dele, e os chutadores ficaram mais vigiados, por consequência.

Além disso, pela segunda vez seguida, os titulares do Portland perderam um pouco de rendimento no geral, como reflexo do quanto são exigidos. Eles saíram extenuados da emocionante série contra o Rockets e acabaram atropelados pela turma de San Antonio. Era outro nível de basquete, como a própria turma de Aldridge admitiu. Um nível que pediria um grande salto este ano para ser atingido.

O time: a boa notícia para o Blazers é que, se existe uma razão cristalina para Terry Stotts ter sido considerado um dos melhores treinadores da temporada passada, foi justamente a fabulosa melhora da equipe nos dois lados da quadra. De 2013 para 2014, o Blazers simplesmente subiu de 16º ataque mais eficiente para quinto e da 26ª melhor defesa para a 16ª. Como Phil Jackson sempre enfatizou: é muito provável que uma coisa leve à outra. Um sistema ofensivo balanceado facilita a transição de sua retaguarda, por exemplo. No caso de Stotts, sua contribuição também foi simplificar o tipo de cobertura desenhado para proteger sua cesta. Ele autorizava pouca flutuação em ajuda, recomendando expressamente para que seus atletas de perímetro ficassem grudados em seus respectivos oponentes. A troca em situações de pick-and-roll também era para ser evitada ao máximo. Com a base mantida, estaria o técnico mais confortável para experimentar mais nesta campanha?

Blake e Kaman agora querem sorrir em Portland

Blake e Kaman agora querem sorrir em Portland

A pedida: maaaaaais um time que sonha em avançar nos playoffs.

Olho nele: CJ McCollum. Se os veteranos contratados não levam o povo às ruas de Portland, pode ser que o principal reforço venha de dentro do plantel, mesmo. A melhor aposta nessa linha seria no armador segundanista, o décimo do Draft de 2010. McCollum foi comparado por muitos scouts como um jogador do perfil de Stephen Curry quando atuava pela modesta universidade de Lehigh, graças a sua habilidade como arremessador.  Pode ser um exagero, mas já serve para chamar a atenção. Seu ano de novato por atrapalhado por uma fratura no pé – que, aliás, é a mesma que tira Kevin Durant de ação nas próximas seis semanas, no mínimo: a “Fratura Jones”. Em depoimento ao Basketball Insiders, McCollum afirmou sobre a dificuldade de recuperação. Ele sofreu a primeira lesão jogando por Lehigh, passando por uma cirurgia. Durante o training camp, todavia, se tornou reincidente.  Nesse mesmo texto, imperdível – afinal, McCollum é um formando de jornalismo ; ) –, o atleta dá dicas aos novatos deste ano, sobre como controlar suas finanças, e também é bastante cândido ao falar a respeito dos ajustes necessários em quadra para os mais jovens. “Em vez de pensar nas razões por que o técnico deveria te pôr para jogar mais, honestamente pense nos motivos pelos quais o técnico não o está escalando”, disse. “O próximo passo é trabalhar em cima dessas coisas, melhorar nessas áreas específicas, para haver uma mudança em seu jogo.”

McCollum, o basqueteiro jornalista, conta tudo. Leiam

McCollum, o basqueteiro jornalista, conta tudo. Leiam

Abre o jogo: “Vou definitivamente arremessar mais de três. O técnico vem tentando me fazer arremessá-lo pelos últimos dois anos. Acho que sou o último jogador que não queria chutar de três. Mas só queria esperar até que me sentisse confortável com isso. Definitivamente trabalhei neste verão e me sinto mais confortável para isso. O técnico já me colocou em algumas jogadas em que estarei na zona morta, para fazer de lá. Acho que vai ser uma das coisas que trarei para o time neste ano”, LaMarcus Aldridge, sobre a coqueluche tática da liga com as bolas de longa distância, que tem em Stotts um grande entusiasta. Na mesma entrevista, o pivô assegurou que vai renovar com a equipe no ano que vem, ao final de seu contrato. Só descartou uma extensão porque esse tipo de recurso já não faz mais sentido financeiramente.

Você não perguntou, mas… na enquete com os gerentes gerais da liga promovida pelo NBA.com, os cartolas tiveram de responder sobre o melhor atleta do mundo fora da NBA. Dos três mais votados, dois já defenderam o Blazers no passado e saíram do Oregon para lá de infelizes com o técnico Nate McMillan: o ala Rudy Fernández, número um da lista, e o armador Sérgio Rodríguez, MVP da última Euroliga. Os dois jogam pelo Real Madrid.

rolando-ferreira-portland-blazers-cardUm card do passado: Rolando! O gigante de 2,15 m não só foi o primeiro brasileiro a jogar na NBA, como também foi o primeiro sul-americano, em 1988-89, depois de ter sido selecionado pelo Portland Trail Blazers na 26ª colocação do Draft daquele ano – que equivalia ao primeiro lugar da segunda ronda do recrutamento. Saindo da universidade de Houston, o curitibano teve, no entanto, uma passagem muito curta pela franquia. O chapa Fábio Aleixo conta essa história com muito mais detalhes.  O card ao lado tem uma peculiaridade, que é a marca. Os colecionadores devem se perguntar: que raios de “Franz” é essa? Definitivamente não é uma das grandes do ramo. Na real, é a “Franz Bakery”, uma tradicional rede de padarias de Portland que, em 1984, decidiu criar um set dedicado ao único clube. As figuras eram distribuídas em pacotes de pão: um por paquete. Rolando também entrou nessa.


Mavs e Lakers duelam mais uma vez, e há um time aqui que merece mais a vaga
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Giancarlo Giampietro

Dirk Nowitzki, versão barba

Dallas Mavericks e Los Angeles Lakers se enfrentam nesta terça-feira em um confronto direto valendo vaga nos playoffs do Oeste. Quer dizer, a título de informação, esse embate vale tecnicamente a nona posição da conferência, fora da zona de classificação – com o Utah Jazz reagindo e ocupando o oitavo lugar agora.

Mas, ok, sem se apegar tanto ao pé da letra, dá para dizer que é “um confronto direto pelos playoffs”. E, neste duelo de dois clubes que estranhariam demais assistir aos mata-matas do lado de fora, há claramente um time que merece mais a vaga do que o outro.

De um lado, está um time afeito ao circo, extremamente inconsistente, com uma intriga por semana na mídia, uma defesa porosa e a folha de pagamento mais cara da NBA, que havia sido moldada com um único objetivo, o título, e mais nada. Do outro, uma equipe que não se perde em seus próprios caprichos, não tem um só nome de expressão além de seu capitão – ainda que Shawn Marion mereça diversos elogios, mas em outra esfera –, e de alguma forma soube superar a lesão que tirou Nowitzki do início do campeonato para, desafiando todos os prognósticos, chegar ao mês de abril com chances claras de avançar. “Disso isto para um cara algum dia desses: estamos tentando a maior recuperação da história desde Lázaro”, disse Rick Carlisle.

E o melhor dessa reação é que o Dallas encaminhou tudo com muita discrição, sem alarde ou empolgação nenhuma. Do jeito que o alemão gosta.

Kobe Bryant x OJ Mayo, Shawn Marion

Mayo, de contrato curto, e Marion, ainda um ótimo defensor, vão tentar parar Bryant

Tá certo que Dirk Nowitzki deixou bem claro há alguns meses que não estava nada feliz com a política de contratação de Mark Cuban para este ano. Uma vez que o ricaço dono do Dallas Mavericks não conseguiu convencer Deron Williams a retornar para casa, concordou com sua diretoria liderada por Donnie Nelson em assinar contratos de curto prazo, um ano de duração, com uma série de atletas, Chris Kaman e OJ Mayo entre eles. Geralmente, é o tipo de situação que gera instabilidade e pode dificultar bastante a vida de Carlisle, que até hoje não encontrou uma rotação certeira para sua equipe. (Depois, claro, o alemão disse que ainda confiava na capacidade de Cuban e Nelson de gestão e blablabla.)

Ah, também tem o fato de que Dirk Nowitzki ainda está deixando a barba por crescer. Faz tempo já. Prometeu que só a cortaria quando seu Dallas Mavericks, enfim, alcançasse a marca de 50% de aproveitamento na temporada. E, senhoras e senhores, isso é o máximo de excentricidade que Nowitzki pode cometer.

Sério: o que mais?

Qual foi o último incidente protagonizado pelo Sr. Maverick em quadra? Ou fora? Qual a grande polêmica que tenha envolvido uma carreira que já dura 14 anos, desde que estreou na liga aos 20 anos, no dia 5 de fevereiro de 1999, contra o Sonics, quando Seattle ainda tinha sua franquia e ainda tinha Gary Payton, Detlef Schrempf e Vin Baker em sua escalação inicial. Faz tempo que ele está por aí, e nada de controverso além das discussões de sempre sobre basquete podem ser atreladas a este superastro.

O jovem Dirk Nowitzki

Dirk Nowitzki, versão molecote

Porque Nowitzki só quer saber de jogar, e pronto. Ele pode não ter – ou fazer – o marketing de Kobe, mas é tão dedicado quanto em seus treinamentos, tendo relaxado apenas nos meses que sucederam seu tão esperado título em 2011, envergonhando-se depois da ‘má forma’ e pedindo desculpas. Suas sessões de verão com o mentor Holger Geschwindner já são legendárias, especialmente as que conduziam durante sua adolescência, com práticas heterodoxas para refinar seus fundamentos. Hoje, quando está em casa ou no hotel em viagem pelo país de noite, liga o League Pass e devora qualquer jogo que esteja passando, nem que seja Charlotte Bobcats x Detroit Pistons, como falou em grande entrevista ao obrigatório Zach Lowe, do Grantland. A sessão corujão pode durar mais de três horas.

Em Rick Carlisle, encontrou um treinador igualmente devoto ao jogo, sisudo até demais, depois de anos e anos de maluquices do genial, mas temperamental Don Nelson na década passada. Carlisle já costuma espernear mais, mas volta sua ira com maior frequência para a direção da liga, questionando arbitragens em geral. E qual técnico não faz? Fora isso, o armador Darren Collison ouviu poucas e boas durante a campanha também.

Cuban é o cara que quebra a monotonia, sempre alerta para provocar os adversários – ou Donald Trump – no Twitter, especialmente o próprio Los Angeles Lakers, adorando chamar a atenção. De todo modo, o método como conduz sua franquia é indefectível. Pegou um clube quebrado, sem apelo algum nos anos 90, e conseguiu transformá-lo em um dos mais valorizados da liga, com uma base de torcedores fiel, numa cidade que, antes, parecia ter olhos apenas para o Cowboys, da NFL.

Mas o mais próximo que o magnata se aproxima da quadra é nos assentos atrás do banco de reservas.

Quem joga, mesmo, são Nowitzki e seu Mavs, sem precisar fazer teatro, pirraça ou caso para nada para (tentar) ter resultado. Pode não ter o apelo de manchetes, nem nada. Mas cansa bem menos.


Nowitzki, Love, Stoudemire… As lesões já abalam a NBA antes de seu início
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Giancarlo Giampietro

Estamos ainda a uma semana do início da temporada 2012-2013 da NBA, e já tem um monte gente fora do páreo: as lesões se acumulam e algumas equipes já sofrem um grande impacto em seus planos, com rotações e jogadas combinadas avariadas, sem contar o dano contra a confiança.

O impacto maior vem na Conferência Oeste:

– Dirk Nowitzki está fora por seis semanas no Dallas Mavericks.
E os campeões de 2011 ficam ainda mais distantes do título… Mas o Mark Cuban certamente vai dizer que não tem nada disso. Aliás, aagora já torcem para que o jogador se recupere em três semanas. Tem de apelar para a boa fé, mesmo. Depois do fracasso nas negociações por Deron Williams, que apontou sua ausência nas negociações como algo decisivo em sua opção para ficar com o Nets, o ricaço ficou ainda mais pê da vida e saiu falando aos montes. Sem o alemão ao seu lado, as bravatas perdem muita força. Quando contratou OJ Mayo, Darren Collison e Chris Kaman, Cuban os imaginava como peças complementares a Dirk. Agora os três vão precisar se desdobrar para suprir os 20 e poucos pontos fáceis que o craque proporcionava. O velhaco Elton Brand ganha mais minutos ao lado de Kaman, naquele que pode ser o par de pivôs mais lentos da liga.  Shawn Marion e o novato Jae Crowder – olho neste sujeito aqui, viu? – também devem quebrar um galho por lá. A cuca de Rick Carlisle não poderia ser mais exigida que isso: o técnico vai ter de mostrar toda sua inventividade se quiser manter o Mavs bem posicionado para chegar aos playoffs. Se conseguirem, de alguma forma, flertar com a mediocridade, será um lucro canado.

Kevin Love está fora por seis ou oito semanas no Minnesota Timberwolves.
E a comunidade toda de Mineápolis já achando que o longo afastamento de Ricky Rubio já era problema o bastante… Pumba. Love quebra a mão fazendo musculação em hora extra porque achava que precisava se dedicar mais na pré-temporada. Que fase a dos técnicos chamados Rick, hein? Assim como seu xará no Texas, o mais experiente Adelman precisa sambar um bocado agora. Em primeiro momento, era de se pensar que o ala Derrick Williams fosse herdar os minutos do astro campeão olímpico, mas o treinador já se apressou em dizer que não é bem assim, não, e cogitou que até mesmo Dante Cunningham poderia ser o titular. O que nos leva a deduzir que o calouro número dois do Draft de 2011 não tem tanto prestígio assim como chefe. Atacar com Williams e Kirilenko ao mesmo tempo, com os dois alas amparando Nikola Pekovic, seria uma opção interessante. As esperanças de fazer barulho nesta temporada ficam reduzidas. A não ser, claro, que Brandon Roy tenha voltado no tempo.

Amar’e Stoudemire está fora por duas ou três semanas no New York Knicks.
Sinceramente? Considerando tudo o que vimos nas temporadas passadas, essa aqui nem assusta mais, né. Dessa vez os médicos dos Bockers encontraram um cisto no joelho do ala-pivô – para um ignorante como este blogueiro, essa é uma novidade. Mas enfim. Justo agora que Mike Woodson estava bem animado com o preparo físico do cestinha, aparece um probleminha desses. Intimamente, ou inconscientemente, o ego de Carmelo Anthony deve ter se inflamado: “Abrir mão de 40 pontos por jogo? Passar a bola? Tá maluco?!”… E no fim é como ala-pivô que Melo pode render mais, mesmo. O palpite é que não fará tanta falta assim para o Knicks. O impacto, porém, pode ser sentido mais adiante: Stoudemire vai voltar sem ritmo e precisará ser integrado ao sistema, correndo o risco de que as polêmicas todas da última campanha retornem. O New York Post já tá de olho, fato.


Nowitzki escapa de papelão em Berlim com vitória apertada do Mavs
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Giancarlo Giampietro

Com 1min28s de jogo ainda no contra-ataque, Dirk Nowitzki está livrinho para o contra-ataque. O ala-pivô alemão havia subido para contestar um arremesso da cabeça do garrafão e já saiu em disparada para receber o passe. Era como se ele estivesse em impedimento, numa tremenda de uma banheira, ao dominar a bola.

Aí é o básico: direita, esquerda e… Aro!

O astro errou uma das bandejas mais fáceis de sua carreira, depois de subir todo desajeitado, embora estivesse livrinho da silva.

“Home, sweet home”, brinca o comentarista. Veja:

Pois é: a trapalhada de Dirk aconteceu na frente de seus compatriotas e diante do Alba Berlin, na capital alemã, no segundo confronto entre clubes da NBA e europeus nesta pré-temporada. Ooooops!

No fim, seu Mavs venceu um jogo apertado, por 89 a 84 e livrou o craque de um tremendo de um papelão.

Nowitzki terminou a partida com apenas oito pontos e cinco rebotes em quase 34 minutos de ação, números bem acanhados para seus padrões. Ele errou seis de seus nove chutes de quadra e ainda cometeu três desperdícios de posse de bola. Ai. Haja ferrugem para tirar.

Lembrando que vale a mesma ressalva feita ontem para o Boston Celtics: os jogadores do time texano chegaram a Berlim nesta semana, mal treinaram direito e já foram para quadra na condição de “tudo a perder”. A diferença é que o Alba Berlin está alguns degraus abaixo do Fenerbahce, que bateu o time de Fabrício Melo na véspera, em Istambul.

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Darren Collison, do Dallas Mavericks

Collison, ex-Hornets e Pacers, é o novo armador de Carlisle

Três titulares fizeram sua estreia pelo Mavs: o armador Darren Collison, o ala OJ Mayo e o pivô Chris Kaman. Collison foi muito bem, com 14 pontos e 9 assstências em 34 minutos. Kaman – alemão naturalizado, registre-se – somou 14 pontos,  seis rebotes e dois tocos. Mayo anotou oito pontos e teve a segunda melhor marca de “plus-minus” (saldo de cestas da equipe enquanto jogava) da equipe, com +15.

Rick Carlisle vai precisar de paciênca para integrar tanta gente nova em sua rotação, incluindo Elton Brand e os calouros Jae Crowder, ala que é um defensor de mão cheia, e Bernard James, veterano de guerra no Oriente Médio.


Boston Celtics é o mais novo clube a tentar dar um jeito em Darko
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Giancarlo Giampietro

LeBron James, Darko Milicic, Carmelo Anthony, Chris Bosh, Dwyane Wade.

Os cinco primeiros selecionados, nesta ordem, no Draft de 2003 da NBA.

Histórico, não?

Darko Milicic, Pistons

Darko no dia do Draft de 2003

Não só pelas quatro três estrelas + Bosh que daí saíram como pela presença inusitada do então adolescente e multitalentoso pivô sérvio. No fim, ele não pôde sobreviver na liga para sustentar aquele status – hoje completamente descabido – de que poderia ter mais valor, sim, que Carmelo, Bosh e Wade (e Chris Kaman, Kirk Hinrich, Mickael Pietrus, Nick Collison, David West, Boris Diaw, Carlos Delfino, Kendrick Perkins, Leandrinho e Josh Howard, outros atletas de sólida carreira escolhidos naquele mesmo ano, diga-se).

Mas na época é o que jurava Joe Dumars, o gerente geral do Pistons que bancou Darko, para desespero dos torcedores mais hardcore da Motown. Estes só queriam saber de ver Melo integrado a um fortíssimo elenco que naquela mesma temporada se tornaria campeão da NBA.

Imagina só? Esse é um dos maiores “o que aconteceria se…” da história da liga norte-americana. O Pistons teria sido uma dinastia? Ou a presença de um cestinha e estrela como Anthony apagaria o brilho discreto de veteranos como Billups, Rip Hamilton e Ben Wallace? Eles seriam o mesmo time com a mesma química? Larry Brown iria tratar como o ala de Syracuse? Vai saber.

O que sabemos é que o técnico não tinha nenhuma paciência para lidar com um pivô que mal falava inglês, havia se tornado um milionário da noite pro dia e se deslumbrou com a vida luxuosa da NBA, mesmo que numa cidade industrial como Detroit – para ele, melhor do que qualquer coisa que tinha nos bálcãs, oras.

Darko virou uma piada na cidade – situação para qual o histérico e camaleônico Brown contribuiu muito, aliás – e, em 2006, foi trocado com o Orlando Magic. Por meia temporada, 30 jogos, ele teve seu melhor momento na liga, acreditem. Na reta final daquele campeonato, ao lado de Dwight Howard, mostrou alguns lampejos. Mas essa seria a história de sua carreira: lampejos, trocas, apostas, lampejos, trocas. Passou por Grizzlies, Knicks, Wolves. Agora é Danny Ainge e o Boston que apostam em tentar tirar algo valioso do sérvio, hoje com 27 anos.

O clube vai pagar pouco menos de US$ 900 mil por isso. Para os padrões da NBA, mixaria. Então não há risco nenhum na operação. Mas os torcedores do Wolves certamente aconselhariam os fanáticos de Boston a não se entusiasmarem muito, apesar de seu tamanho e de sua capacidade nos tocos que poderiam ser um bom complemento para a fortíssima defesa do Celtics. Afinal, ele foi dispensado em Minnesota ainda com US$ 10 milhões por receber. De tão apático que foi na última temporada.

O Celtics fez bons trabalhos com gente como Greg Stiemsma e Semih Erden nos últimos anos, então talvez Doc Rivers seja o homem para fazer do sérvio ao menos um pivô decente. O que só conclui uma história triste: pense apenas que houve um dia em que Darko era visto como um prospecto de superpivô. Um cara para 20 pontos, 10 rebotes e muitos tocos e assistências e tiros de fora. Um talento completo, plural.

Era só uma questão de tempo.

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Segundo a imprensa espanhola, Darko recusou uma proposta de US$ 6 milhões por três anos de contrato com o Real Madrid para tentar uma vez mais suas chances na NBA.

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Houve também uma vez que em que vi Darko ser utilizado como o foco do ataque de uma equipe em alto nível, com confiança, e na qual ele brilhou, entregou. Acreditem. Foi pela seleção sérvia no biênio 2006-2007. Primeiro, no Mundial do Japão, ele somou 16,2 pontos e 9,3 rebotes, em seis partidas, com destaque para os 24 pontos e 12 rebotes contra os campeões olímpicos da Argentina e os 18 pontos e 15 rebotes contra os eventuais campeões da Espanha. Podem checar aqui, juro. Depois, no Eurobasket 2007 ele teve 14,7 pontos e 9,3 rebotes, números excelentes para um torneio Fiba. Depois disso? Nunca mais jogou por seu país.

Veja o grandalhão em forma:

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A contratação de Darko é mais um indicativo de que não devemos assistir Fabrício Melo por muitos minutos em Boston na próxima temporada. O jovem brasileiro agora vê três veteranos disputando o posto de reserva imediato de Kevin Garnett – Jason Collins e Chris Wilcox são os outros. O pivô vai precisar de um grande training camp para impressionar Rivers e conseguir seus minutos.


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