Vinte Um

Arquivo : NCAA

Austrália é o sexto país a se garantir na Copa do Mundo de basquete masculina
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Giancarlo Giampietro

Impressionante. Dá para acreditar numa coisa destas!?

Na Oceania, a Austrália conseguiu duas vitórias sobre a Nova Zelândia, se sagrou campeã continental e garantiu a sexta vaga na Copa do Mundo de basquete masculina de 2014.

A Formiguinha Atômica

Patty Mills, e tudo numa boa na Oceania

Passado o susto, um breve resumo sobre o que aconteceu na série. Na primeira partida, em Auckland, fora de casa, os Boomers venceram por 70 a 59. Na segunda, deu 76 a 63. Bem, vemos, então, que não chegou a ser uma surra para os australianos mas eles também não chegaram a ter grandes problemas.

Os dois jogos apresentaram um padrão: a Austrália saiu na frente, a Nova Zelândia venceu sempre o segundo quarto (saldo de +19 pontos para eles em 20 minutos, vai entender), e aí que os favoritos voltavam do vestiário dispostos a acabar com a brincadeira, colocando forte pressão em cima da bola, com uma marcação adiantada, desestabilizando os Tall Blacks, que não contam com bons armadores.

“Fiquei bastante satisfeito com a defesa da equipe, em termos de aonde temos de ir, nos posicionar, avançando em quadra e  perturbando”, afirmou o técnico Andrej Lemanis, técnico local que assumiu o comando da seleção no lugar de Brett Brown, ex-assistente de Gregg Popovich e recém-nomeado treinador do Philadelphia 76ers. Lemanis dirigiu o New Zealand Breakers por oito temporadas consecutivas e vem de um tricampeonato na liga australiana.

O cestinha dos Boomers nos dois confrontos foi o armador Patty Mills – e aqui não há nenhuma surpresa também. Disparado o jogador mais perigoso com a bola entre os escalados, ele anotou 41 pontos em 59 minutos no confronto, acertando 50% dos arremessos (66,7% de dois e 38,9% na linha de três pontos).

Vestindo a camisa de sua seleção, Mills tem sinal verde para disparar. O time adota uma configuração interessante para liberar seu matador, com múltiplos jogadores de drible talentoso. Lemanis confiou que Matthew Dellavedova, Adam Gibson e Joe Ingles pudessem levar a bola, ajudando a desafogar o jogo a Formiguinha Atômica do Spurs entrar em ação.

Outro ponto interessante dos confrontos foi a possibilidade de dar cancha ao ala-armador Dante Exum e ao ala Ben Simmons, dois garotos nascidos, respectivamente, em 1995 e 1996. Juntos, eles tiveram 25 minutos nas duas partidas. Exum é considerado uma das maiores promessas do basquete mundial, vindo de um torneio dominante no Mundial Sub-19 deste ano, enquanto o caçula Simmons joga no basquete colegial norte-americano.

Esses são todos atletas versáteis, talentosos e ainda em um ponto de evolução nas suas carreiras, de modo que a Austrália vai chegar ao Mundial bem servida no per≥ímetro. Contra os neozelandeses, os pivôs Andrew Bogut e Aaron Baynes foram desfalques, deixando que o decadente David Andersen segurasse as pontas acompanhado de Luke Nevill e do jovem Cameron Bairstow. Com o garrafão completo, temos aí um time capaz de incomodar muita gente.

E sai para lá, Taiti.

 


EUA reúnem em Las Vegas grupo que deve formar base da seleção no Rio 2016
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Giancarlo Giampietro

Coach K

Palestra (gratuita) do Coach K em Las Vegas: exposição para os jovens selecionáveis

É, Espanha, não tá fácil, não.

Se a geração de Pau Gasol e Juan Carlos Navarro ainda tem alguma ambição de subir ao degrau mais alto de um pódio em qualquer torneio internacional Fiba – se for num Mundial disputado em casa, melhor ainda ; ) –, as notícias que vêm dos Estados Unidos desde o final de semana não são nada animadoras. E, ok, o mesmo vale para Rubén Magnano e qualquer outro técnico de seleção com alguma ambição imediata de título.

Em Las Vegas, o Coach K acaba de reunir 28 jogadores para uma semana de treinamentos, mostrando que o trabalho de Jerry Colangelo na USA Basketball segue sério. Muito sério.

Veja bem: eles não vão disputar nenhuma competição este ano – não precisam jogar a Copa América por já estarem classificados para o Mundial, via Olimpíadas –, mas isso não impediu que o dirigente recrutasse mais de duas dúzias de jovens talentos para alargar as bases de possíveis convocados para as próximas temporadas.

Quem deu as caras por lá? Clique aqui e sinta o drama.

Alguns destaques: John Wall, Kyrie Irving, Ty Lawson, Paul George, DeMarcus Cousins, Anthony Davis, Greg Monroe, entre outros. De todos os jogadores convocados para este período de treinos, o ala-pivô Taj Gibson, do Chicago Bulls, era o mais velho, com 28 anos – mas acabou de ser cortado, devido a uma torção de tornozelo. As outras baixas são o ala Kawhi Leonard, recém-operado, e George Hill. Agora só sobraram jogadores nascidos entre 1987 (Lawson) e 1994 (o armador Marcus Smart, da universidade de Oklahoma State).

Alguns desses jogadores já chegaram ao nível de All-Star na liga norte-americana, outros estão no limiar. E não vai parar por aí. Para jogar o Mundial do ano que vem, a ideia é adicionar alguns “veteranos” da seleção americana, com Russell Westbrook, Kevin Love, James Harden e, claro, Kevin Durant já indicando que pretendem defender seu título. A ideia é essa, então: mesclar sangue novo, pensando adiante, com representantes das campanhas recentes para manter a hegemonia. Tudo sob a orientação precisa e educadora de Mike Krzyzewski, convencido a ficar no cargo.

Com o desgaste acumulado de mais três temporadas de NBA até que sejam realizados os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro 2016, é provável que pouco sobre da base bicampeã em Pequim e Londres para lutar pelo tricampeonato. De modo que muitos desses atletas agrupados em Vegas nesta semana podem dar as caras por cá, daqui a três anos. Hoje, eles ainda podem não ter a grife de seus antecessores, mas vem chumbo grosso de qualquer maneira.

A turma do Coach K

Escolinha do Coach K: passando as mensagens do programa

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Entre os 28 jogadores convocados para esta semana, dois casos reforçam a mentalidade profissional de Colangelo na condução das operações da USA Basketball: o caçula Smart e o ala Doug McDermott, da universidade de Creighton. Smart acabou de ser campeão mundial sub-19 na República Tcheca e McDermott defendeu os EUA na Universíade de Kazan. A presença dos dois entre tantas jovens estrelas da NBA manda uma mensagem: a de que todos teriam chance de fazer parte da seleção norte-americana, bastando cumprir algumas etapas do processo. Quer dizer: se você se “sacrifica” em um verão para, supostamente, jogar competições menores, pode ser premiado no futuro com uma vaga entre a elite.

Smart, por exemplo, é cotado como uma escolha top 5 no próximo Draft da NBA. Jogadores nessas condições já têm uma agenda (em todos os sentidos) cheia e tendem a abrir mão de compromissos com a seleção para acelerar suas classes e, ao mesmo tempo, trabalhar com seus treinadores superprotetores no campus. Na agenda política da NCAA, essas são coisas que pesam bastante. Já McDermott, também considerado um prospecto de NBA, embora em um patamar bem mais baixo, serve como um símbolo para outros atletas do segundo escalão: que mesmo eles podem ser valorizados caso topem jogar em torneios como a Universíade ou o próprio Pan-Americano.

É um modo criativo que Colangelo encontrou para fomentar a competitividade entre as diversas seleções norte-americanas.

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O promissor ala-armador Bradley Beal, do Washington Wizards, é outro que está contundido. Mas Krzyzewski ficou em cima do garoto, ainda adolescente. “O Coach K ainda quer que eu vá. Eles querem que eu compareça mesmo que eu não vá participar dos treinos”, afirmou o jogador, que já foi obrigado a ficar fora da liga de verão de Las Vegas por seu clube.

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A comissão técnica do Coach K para o próximo ciclo olímpico tem duas novidades: Tom Thibodeau, o mestre defensivo do Chicago Bulls, e Monty Williams, o jovem e já badalado técnico do New Orleans Pelicans. O veterano Jim Boeheim, de Syracuse, segue no estafe. Combinando os sistemas de marcação por zona de Boeheim com os conceitos híbridos de This, já dá para imaginar o sofrimento das seleções que tiverem de atacar o Team USA.

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Colangelo fez as pazes com DeMarcus Cousins. O pivô integrou um time de sparrings (o Select Team) no ano passado para ajudar na preparação da seleção olímpica norte-americana e passou a pior impressão possível. Desceu a lenha nos treinamentos, reclamou horrores e deixou os técnicos horrorizados, hehehe. O Boogie de sempre, chamado publicamente de “imaturo” pelo dirigente.  Mas os recursos técnicos do pivô são tão chamativos que… Não há quem aguente estender o castigo, de modo que o jogador do Sacramento Kings ganhou mais uma oportunidade em Las Vegas. “Isso não vai me incomodar de jeito nenhum. Ele me deu mais uma chance para chegar e provar meu valor”, disse o atleta. “É uma grande honra só de ter meu nome aqui.”


Seleção ‘estudantil’ patina na Universíade, mas Cristiano Felício mostra serviço para Magnano
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Giancarlo Giampietro

Seleção brasileira de novos, vulgo universitária

Chamem os universitários: Cristiano é o terceiro da esquerda para a direita. Crédito: Wander Roberto/CBDU

É bastante complicado escrever um texto sobre uma competição da qual você não assistiu a nenhuma partida sequer. Mas vamos tentar fazer isso, depois de dar uma fuçada nas estatísticas de todas as oito partidas da seleção masculina na Univesíade que se encerrou nesta terça-feira, em Kazan, nos confins da Rússia.

Primeiro um dado, digamos, curioso: na ficha dos 12 atletas inscritos na modalidade pela CBDU (Confederação Brasileira de Desporto Universitário), consta uma e única instituição de ensino superior. A onipresente Faculdade de Tecnologia e Ciências de Salvador, a FTC, nossa velha conhecida dos tempos do Campeonato Nacional organizado pela CBB. Sim, segundo consta no site oficial dos Jogos, a FTC tem 100% de adesão entre nossos basqueteiros. Espero que estejam estudando bastante.

O mais, digamos, interessante é que neste grupo está incluso até mesmo o pivô Rafael Maia, jogador revelado pelo Paulistano e que hoje está em atividade na NCAA, defendendo a prestigiada universidade de Brown, da Ivy League, a elite intelectual do circuito universitário norte-americano. Talvez ele esteja lá só por hobby. Né?

(Detalhe, para os que não estão cientes do grupo: estamos falando de uma parte da chamada seleção brasileira de novos, recém-montada pela CBB, dirigida pelo campeão nacional José Neto, reunindo atletas com idade máxima de 24 anos.)

Deixando essa pequena anedota registrada, falemos de quadra. O Brasil fez uma campanha medíocre: quatro vitórias e quatro derrotas, 50% de aproveitamento. O problema: bateu China, Chile, Finlândia e Noruega. Perdeu para Lituânia (na primeira fase), Canadá (nas quartas) e, aí o bicho pega, Romênia e Estônia (na disputa pelo quinto lugar). Acabou ficando em oitavo. A coisa desandou a partir da eliminação diante dos canadenses, pelo jeito.

O Brasil jogou lá com uma turminha jovem – mas esse era o caso de toda a concorrência. Considerando que só estávamos com profissionais por lá – ok, Rafael Maia está em Brown e Cristiano Felício, numa prep school americana, mas já disputaram os campeonatos para valer daqui –, não dá para escrever outra coisa a respeito do resultado que não “decepcionante”.

De todo modo, deu para pescar um dado positivo: o desempenho do pivô Cristiano Felício. Sabe quem, né? Aquele garoto extremamente promissor revelado pelo Minas Tênis e que pegou as trouxas e partiu para os Estados Unidos, em busca de uma carreira… Universitária. Estava namorando a universidade de Oregon, de certo modo tradicional, mas não se sabe se teve as notas necessárias para ganhar uma bolsa. Agora já diz que pode voltar ao NBB para defender o Flamengo na próxima temporada.

Felício completou 21 anos agora no dia 7 de julho. Então não estamos falando da revelação mais jovem que temos por aí. Mas ele começou tarde no jogo, no interior de Minas Gerais, até chegar a um clube minimamente estruturado para se desenvolver. Muito forte, rápido nos pés, com ótimas mãos, é um talento de enorme potencial. Aparentemente, a temporada que passou nos Estados Unidos ajudou a deixá-lo ainda mais afinado.

Em oito partidas, o pivô teve médias de 15,6 pontos e 7,2 rebotes em 23,5 minutos, em sua terceira participação em um torneio de nível internacional entre, vá lá, adultos – ele também participou da péssima campanha brasileira no Pan de Guadalajara 2011 e disputou o Sul-Americano do ano passado. O mais impressionante foi seu aproveitamento dos arremessos de quadra 70% de acerto, além dos 73% na linha de lance livre. Dominante.

Você pode levantar a mão e falar tranquilamente: poxa vida, mas contra o Chile universitário, até eu, né?

Sim, até você, amigão.

(Para constar, contra os chilenos ele teve 28 pontos em (14/17 FG), 8 rebotes, 3 assistências e 2 roubos de bola em… 18 minutos, hehehe.)

Mas, enfrentando concorrência muito mais dura, o rapaz se saiu bem também. Vejamos contra a Lituânia vencedora do grupo brasileiro na primeira fase: foram 20 pontos (8/13 FG), 12 rebotes, 3 tocos e 2 roubos de bola, em 30 minutos. Naaaada mal também, hein? E que Lituânia era essa? Olha, não vou bancar o estelionatário aqui e arriscar dizer que eram todos craques e tal. Mas eles escalara atletas de ótimas campanhas em torneios de base. E tem outra: lá funciona mais ou menos como o nosso futebol: reúna 12 gatos pingados na rua, e você deve ter um time bom. Contra o Canadá – cujos jogadores tenho uma melhor noção –, sua atuação já não foi das melhores. Teve problemas de falta e foi limitado a apenas 10 pontos (5/7) e 2 rebotes em 20 minutos. Notem, porém, que seu percentual de conversão dos arremessos é sempre altíssimo.

Para uma seleção capenga de pivôs nesta temporada, taí algo para Magnano observar com carinho.


Louisville e um dos momentos mais marcantes do ano esportivo desde já
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Giancarlo Giampietro

Os campeões de Louisville

Depois de uma das cenas mais graves, horríveis do ano, vale mesmo ficar com uma das mais bonitas e emocionantes.Pena que, no YouTube, não houvesse nenhum vídeo mostrando os garotos de Louisville erguendo o troféu da NCAA de campeões da região do Meio-Oeste do torneio da NCAA. Que não houvesse a imagem deles segurando a camisa de Kevin Ware em quadra, orgulhosos de mostrar sua número 5, realmente como se fosse a taça mais importante que poderiam ganhar neste domingo.

Agora… A da fratura? Está lá, em todos os ângulos.

Que coisa.

O ala-armador Ware sofreu uma absurda fratura na perna quando tentava fazer o que sabe melhor: defender, tentando contestar um arremesso de três pontos de Duke. Desabou em quadra.

No movimento da câmera, você acompanhava o jovem Tyler Thornton, de Duke, que havia convertido o arremesso, colocar a mão na testa, com uma expressão extremamente desconfortável. A edição, então, mostra, do outro lado da quadra Ware e mais três companheiros caídos. A primeira impressão foi a de que alguma coisa poderia ter caído no ginásio, algum produto ou detrito. Estavam quase todos com a mão no rosto. E aí, enfim, o olho repara no que aconteceu de falta, e os replays seguintes não deixariam nenhuma dúvida.

Fica aquele mal-estar danado e, aos poucos, você vai assimilando o que está acontecendo, comovido junto com os garotos de Rick Pitino, que não conseguiam acreditar, assimilar que um deles passasse por um acidente daquele.

“Não lembro a última vez que chorei. Mas fiquei soluçando. Sem palavras, fiquei sem palavras. Fiquei me perguntando o porquê daquilo. Apenas caí no chão. Chorei, era apenas isso que conseguia fazer. Eu o vi deitado e apenas chorei”, disse o ala Chase Behanan, o amigo mais próximo de Ware e quem correu, depois, com o uniforme do companheiro por toda a quadra em Indianápolis.

“Quando ele pisou no chão, eu ouvi. Ouvi e logo vi o que aconteceu e, imediatamente, apenas percebi que não conseguia mais sentir nada, e que foi realmente difícil para mim me recompor, porque não achava que veria algo assim em um milhão de anos”, afirmou o ultraveloz armador Russ Smith, cestinha do time e que foi para a partida combatendo uma febre daquelas de derrubar.

A reação dos garotos foi impressionante.

Todos eles, incluindo o casca-grossa Rick Pitino, foram surpreendidos, então, quando Ware, ainda estirado em quadra, pediu para seu técnico chamar os demais Cardinals de Lousville. E, apesar de toda a dor que estava sentindo, ainda conseguiu simplesmente pedir para que eles não deixassem, de modo algum, de ganhar aquela partida. O jogo, aliás, estava duríssimo naquela altura, na metade final do primeiro tempo. “Ele estava com tanta, mas tanta dor. Mas eles nos chamou e nos disse para não nos preocuparmos com ele. Ele nem ligava para a perna, ele se impostava conosco. Não sei como ele fez aquilo”, disse Behanan.

Quando Ware foi removido, foi oferecida aos jogadores de Pitino a chance de fazer um novo aquecimento. Eles estavam muito abalados, claro. Mas negaram e foram para a quadra segurando as lágrimas.

Ficou aquele suspense no ar. Como reagiriam? Seguiram disputando cesta a cesta com Duke até o intervalo e, na volta, simplesmente demoliram o time do Coach K, que chegou a ficar mais de 12 minutos sem conseguir uma cesta de quadra.Venceram por 85  para o  a 63 e conseguiram a classificação. “O que importa é como você responde no momento. E eles responderam de um modo inacreditável porque eles tiveram de superar um sério problema com faltas marcadas. Tiveram de superar uma grande equipe. Tiveram de superar a perda de alguém que eles amavam”, disse Pitino.

Em momentos como esse, as frases que, isoladas, poderiam parecer um dramalhão barato e exagerado para o esporte, mas, quando você vê estas fotos aqui em conjunto, fica tudo muito bem compreensível.

E ficamos só nas fotos, mesmo. Por que o vídeo? Mais de um dia depois, seguimos esperando um que mostre a reação, a comemoração de Louisville – digo, realmente um vídeo apenas da comemoração.


Muito além de Jeremy Lin: nerds de Harvard surpreendem e avançam no torneio da NCAA
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Giancarlo Giampietro

Saunders e os nerds contra-atacam!

A revolução nerd está em marcha! Viva a revolução nerd!

Nesta quinta-feira, no início das loucuras de março, a universidade de Harvard mostrou que seu basquete vai muito além da linsanidade, causando uma das maiores surpresas da primeira rodada do Torneio Nacional da NCAA, derrubando New Mexico, cabeça-de-chave número três do quadrante do Oeste, em Salt Lake City: 68 a 62.

É a primeira vitória na história para Harvard neste nível. Esta é a segunda participação seguida do time nos mata-matas da NCAA – no ano passado, perderam para Vanderbilt na rodada de abertura por 79 a 70. Antes de 2012, porém, a última vez em que eles haviam competido nesta fase acontecera em 1946.

Para se comparar, a equipe apelidada de Crimson havia vencido 19 de 28 jogos na temporada regular, com uma campanha de 11 triunfos e 3 naIvy League, na qual enfrenta a elite (intelectual) do circuito universitário norte-americano. Novo Mexico, por outro lado, somou 29 vitórias em 35 partidas no geral, fazendo parte da Mountain West Conference.

Quatro jogadores pontuaram em dígitos duplos na capital mórmon dos EUA: os alas Wesley Saunders (18), Laurent Rivard (17), Christian Webster (11) e o pivô Kenyatta Smith (10). No geral, o time teve aproveitamento excelente de 52,4% nos arremessos de quadra, contra apenas 37,5% dos adversários, a despeito dos esforços do pivô gigante segundanista Alex Kirk, que somou 22 pontos e 12 rebotes, com 9/18 nos chutes.

O próximo adversário da equipe carmesim é a universidade do Arizona, outra instituição bem mais tradicional no basquete, que conta com alguns prospectos de NBA como o pivô Kaleb Tarczewski e o ala Solomon Hill. Eles bateram Belmont com facilidade, por 81 a 64.

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Apenas três atletas que cursaram Harvard entraram para a NBA em toda a história. Fazem companhia a Jeremy Lin nesta lista o armador Saul Mariaschin, que disputou 43 jogos pelo Washington Capitols em 1948, e o ala Ed Smith, que fez 12 partidas pelo New York Knicks em 1953-54.

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Ao preencher sua tabela, o presidente Barack Obama, formado em Harvard, havia apostado nos Lobos de New Mexico, claro.

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A partida serviu como uma espécie de revanche para o técnico Tommy Amaker. Ex-jogador de Duke, ele foi eliminado no torneio de 1987 pela universidade de Indiana, que contava com Steve Alford, hoje treinador de New Mexico, em seu elenco.


Obama faz os seus palpites da NCAA. Seria o presidente dos EUA bom de apostas?
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Giancarlo Giampietro

Barack Obama, o especialista

Obama desafia a crise ao preencher mais uma tabela da NCAA

Já é o quinto ano seguido que ele participa da brincadeira, então realmente não vale mais como novidade. O que também não quer dizer que, aqui na morada do Vinte Um, ainda não seja cool demais ver o presidente dos Estados Unidos da América dedicando alguns minutos do seu tempo para preencher a tabela do torneio nacional da NCAA, dialogando com um especialista da ESPN de lá. Isso, Barack Obama se arriscou de novo na futurologia e apontou as seguintes universidades como candidatas ao Final Four deste ano: Florida, Ohio State, Louisville e Indiana, que é o seu favorito ao título, batendo Louisville na final. Confira aqui todos os palpites do presidente basqueteiro.

Se é o quinto ano seguido, então nada mais do que justo do que averiguarmos como Obama se saiu nas quatro temporadas anteriores. Afinal, se está na chuva, é para se queimar.

No decorrer da história, Barack Hussein Obama II, filiado ao Partido Democrata, 51 anos, casado com Michelle Robinson, pai de Malia e Sasha, advogado, antigo senador por Illinois, presidente dos Estados Unidos da América desde 20 janeiro de 2009, acertou apenas um campeão nacional do basquete universitário daquele país. E foi logo em 2009, em seu primeiro show na ESPN.

Depois de treinar com a garotada dos Tar Heels, o ex-ala-armador fominha e canhoto se deu bem com sua escolha, deixando Michael Jordan – formado lá e outro ícone de Chicago, vejam só – orgulhoso. Aqui entre nós, também não estava muito difícil essa, não: o técnico Roy Williams havia montado um esquadrão, com Ty Lawson, Wayne Ellington, Tyler Hansbrough, Ed Davis e mais, arrasando Michigan State na final: 89 a 72.

Naquele ano, lembremos, o presidente surfava no auge de sua popularidade, iniciando um mandato cheio de esperança. Com o passar dos anos, esse respaldo foi caindo, talvez por conta da crise e do crescente desemprego na América, ou talvez, vai saber, pelos palpites errados em suas chaves, mesmo. Em 2010 e 2011, por exemplo, ele não acertou sequer um time de Final Four, muito menos o campeão, claro. Agora, em 2012, ele ao menos se recuperou, cravando metade dos campeões regionais e semifinalistas (Kentucky e Ohio State), embora tenha novamente votado os Tar Heels como campeões gerais, vendo essa aposta ir por água abaixo nas quartas de final, quando foram derrotados por Kansas. No fim, os Jayhaws perderam para os prodígios de Kentucky na decisão. De todo modo, foi um avanço para Obama, considerando o fiasco dos chutes anteriores. E foi um progresso em momento crucial: o democrata estava buscando a reeleição, em uma disputa muito parelha com Mitt Romney. Acabou vencendo. Coincidência?

Vejam abaixo como Obama se saiu até aqui:

2009
O que o Obama chutou: Pittsburgh, North Carolina, Louisville e Memphis no Final Four. UNC campeã.
O que deu: Michigan State, North Carolina, Villanova e Connecticut no Final Four. UNC campeã!!!

2010
O que Obama chutou: Kansas, Kentucky, Kansas State e Villanova, com Kansas campeã
O que deu: Butler, Michigan State, West Virginia e Duke no Final Four. Duke campeã.

2011
O que Obama chutou:
Duke, Kansas, Ohio State, Pittsburgh no Final Four. Kansas campeã.
O que deu: VCU, Butler, Kentucky, Connecticut no Final Four. UConn campeã.

2012
O que Obama chutou: Kentucky, Ohio State, Missouri, North Carolina no Final Four. UNC campeã.
O que deu: Kentucky, Ohio State, Louisville e Kansas no Final Four. Kentucky campeã.

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Conheça alguns dos candidatos a protagonistas nos mata-matas da NCAA
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Giancarlo Giampietro

As loucuras já vêm de uma ou duas semanas, mas se intensificam a partir desta terça-feira, com o início dos mata-matas da NCAA, o basquete universitário norte-americano. É uma oportunidade para ver de uma leva só uma infinidade de estilos, alguns extremamente contrastantes, com esses diferentes times espalhados em um gigante tabuleiro.

Há equipes como Winsconsin que vão murchar a bola de tanto driblá-la, de um lado para o outro, rodando, rodando, rodando, gastando o cronômetro. Por outro lado, uma equipe como North Carolina só funciona se a aceleração for máxima. Louisville, seguindo os mandamentos de Rick Pitino, não vai parar de pressionar a saída de bola. Syracuse, porém, deixa seu abafa montadinho em sua metade de quadra, com as formações complexas orquestradas por Jim Boeheim, sistemas que são ajudados pela quantia abundante de superatletas em seu elenco. Nem todos os times, porém, conseguem recrutar a nata que sai do colegial e precisam se virar com jogadores mais, digamos, mundanos, e aí os técnicos vão se adaptando.

Mas não são apenas as pranchetas a definir tudo. Os jogadores também têm seu espaço, ainda que poucos deles realmente estejam hoje formados, moldados, física e tecnicamente. Dividindo as horas de treino com estudos, ainda em fase de crescimento, muitos deles estarão completamente diferentes em quadra daqui a alguns anos, enquanto outros nem mais calçarão o tênis para bater uma bola, presos em suas mesas de escritório.

Abaixo, vamos nos concentrar naquelas figuras que esperam movimentar milhões em suas contas bancárias como profissionais de basquete, mesmo, e, no torneio nacional, encaram um momento muito importante, de propulsão para suas carreiras:

Kyle Anderson

Chega de soneca, Kyle

– Kyle Anderson, ala de UCLA, 19 anos, freshman. Estatísticas.
Dos calouros dos Bruins, Anderson não é o mais badalado ou promissor – essas honrarias ficam para o cestinha Shabazz Muhammad, que também tem, disparado, o melhor nome. Mas Anderson é um jogador mais intrigante, para não dizer engraçado. Com sua cabeleira desarrumada e sempre com uma cara e a postura de quem parece ter acordado há pouco, se arrastando pela quadra, mas influenciando a partida de diversas maneiras, especialmente com sua vocação para o passe. De longa envergadura, também pode fazer boas coberturas defensivas, apesar de lento. Seu estilo único desafia os scouts da NBA, que não conseguem encontrar um paralelo na liga para fazer qualquer comparação.

Trey Burke, armador de Michigan, 20 anos, sophomore. Estatísticas.
No ataque é completo, podendo fazer um pouco de tudo, atacando o garrafão com esperteza, habilidade e agilidade, convertendo também 40% dos arremessos de três pontos. É um bom passador, mas pode prender muito a bola também quando não sente confiança em seus companheiros de perímetro. Aliás, se for para ver Burke, já dá para observar de uma vez outros dois jogadores curiosos, de pedigree de NBA: Tim Hardaway Jr., filho do armador brilhante do Golden State Warriors, e Glenn Robinson III, filho do ala que já foi o número um do Draft de 1994 pelo Milwaukee Bucks. Vale também se encantar com o arremesso do ala Nik Stauskas (44,9% de fora).

Doug McDermott, ala de Creighton, 21 anos, junior. Estatísticas.
Todo ano a América profunda (e branca) precisa adotar um darling por quem torcer no torneio, e McDermott talvez seja o principal candidato ao posto já ocupado por Adam Morrison e outros que não o JJ Redick, que fazia as vezes de vilão. Um excelente arremessador, um arma de todos os cantos da quadra, matando 58,9% de dois pontos e sensacionais 49,7% de três. Também tem bons movimentos de costas para a cesta, vai bem nos rebotes, mas peca na defesa, sem a dedicação necessária para compensar sua vulnerabilidade a ataques frontais. E, se for para assistir McDermott, vale também conferir como anda o progresso do pivô Greg Echenique, aposta da seleção venezuelana que deve jogar a Copa América deste ano.

Ben McLemore, honrando a 23

Permissão para decolar conedida, McLemore

Ben McLemore, ala de Kansas, 20 anos, freshman. Estatísticas.
Chegou a uma das universidades mais tradicionais do basquete americano sem muita fama ou fanfarra, ficou afastado do time no ano passado e estreou nesta temporada completamente modificado, mais forte e com um arremesso refinado. Salta e corre demais e, por isso, se apresenta como uma excelente opção na transição. Também se movimenta bem fora da bola, em cortes para a cesta. Criar por conta própria, porém, ainda não é seu forte, com um drible deficiente, sem saída para a esquerda. Na defesa, pode se desconcentrar com facilidade, mas possui os atributos necessários para fazer um bom papel na NBA. Candidato ao primeiro lugar do Draft deste ano.

Victor Oladipo, ala de Indiana, 20 anos, junior. Estatísticas.
Um incendiário, ou algo muito perto disso. Energético, daqueles que não para nunca em quadra, é um defensor excepcional no perímetro que já mereceria uma boa atenção dos olheiros. Para completar, progrediu consideravelmente no ataque este ano, passando a acertar com maior frequência seus arremessos de três pontos. Assim como McLemore, funciona mais em quadra aberta, decolando e enterrando. Em meia quadra, ataca os rebotes ofensivos com voracidade incomum para alguém que vem do perímetro.

Kelly Olynyk, ala-pivô de Gonzaga, 21 anos, junior. Estatísticas.
Líder de uma das melhores equipes dos EUA. Leia mais sobre ele aqui. É um dos inúmeros jovens talentos do Canadá a despontar no circuito universitário. Nesta onda também está seu companheiro de Gonzaga, o armador Kevin Pangos, um jogador cerebral, assim como o ala Anthony Bennett, calouro de UNLV, de 2,01 m, mas um tanque debaixo da cesta e extremamente atlético.

Otto Porter, ala de Georgetown, 19 anos, sophomore. Estatísticas.
Um prospecto inexperiente, mas já consideravelmente sólido, com bons fundamentos de rebote, passe e arremesso, fazendo um pouco de tudo em quadra no ataque, podendo produzir para sua equipe sem necessariamente ser o centro das atenções. Esguio, com os braços longos, é outro com atleta com bastante potencial para a defesa. Top 5 ou 10 no próximo Draft.

Marcus Smart

Um tanque de guerra modelo Smart

– Marcus Smart, armador de Oklahoma State, 19 anos, freshman. Estatísticas.
Fisicamente, este jovem armador parece um homem entre garotos. Extremamente forte, pode atropelar os marcadores na base do contato, abrindo um corredor em direção ao aro, embora nem sempre use este recurso, parando no meio do caminho para arremessos forçados e inconsistentes. Tem um primeiro passo explosivo, mas talvez precise afinar um pouco o corpo para ganhar em velocidade e elasticidade. Na defesa é que mostra maior potencial, com mãos ágeis e muita combatividade para alguém de sua idade. Visto como um potencial candidato a número um do Draft deste ano, ainda como um diamante em estado bruto. Não custa, aqui, olhar para o ala Markel Brown, cestinha bastante atlético, sempre candidato aos melhores momentos da rodada.

– Nate Wolters, armador de South Dakota State, 21 anos, senior. Estatísticas.
É um armador alto que compensa sua velocidade reduzida com muita inventividade no drible, arrumando espaço para infiltrações de passo em passo, tudo no tempo certo, seja no mano-a-mano ou em combinações de pick-and-roll. Controla bem a bola embora seja muito exigido no ataque de sua equipe, que já está satisfeita apenas de ser convidada para a festa, sem ambição alguma de título. Pode não causar a comoção nacional que causou Jimmer Fredette em seus tempos de BYU, mas é constantemente comparado ao armador reserva do Sacramento Kings. Contra Burke, na primeira rodada, ganha a chance de aparecer em uma competição de elite para os scouts da NBA.


Com paridade em destaque, mata-matas da NCAA começam nesta terça
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Giancarlo Giampietro

Por Rafael Uehara*

O NCAA Tournament, competição que decide o campeão universitário do basquete americano, se inicia nesta terça-feira com a paridade entre os times como seu maior destaque. Nenhuma equipe foi indisputavelmente dominante durante a temporada, caso oposto ao ano passado quando o Kentucky Wildcats atropelou a concorrência a caminho do primeiro título nacional da carreira do técnico John Calipari, que serviu de validação ao seu modelo de recrutamento com foco em jogadores que passam apenas um ano jogando basquete colegial e seguem em frente para a NBA.

Mr. Pitino, nem sempre bem lembrado pelos torcedores do Celtics

Pitino e seu terno tentam confirmar posto de cabeça-de-chave número 1 para Lousville

Ma se a fórmula pagou dividendos no ano passado, o tiro saiu pela culatra este ano. Com o time todo reformulado, Kentucky surpreendentemente falhou em se classificar para o torneio, sendo mandado invés para o NIT – competição secundária e considerada humilhante para times do status de Kentucky. Vale a pena mencionar que a lesão do pivô Nerlens Noel – possível primeira escolha no próximo Draft – atrapalhou demais na arrancada final. Porém, o time já decepcionava antes de sofrer com a ausência de Noel.

O Gonzaga Bulldogs chega ao torneio rankeado como o número um em pesquisas da imprensa americana, com 31 vitórias em 33 jogos. Mas o Louisville Cardinals, oitavo nos votos dos jornalistas, é que será o nominal cabeça de chave geral, jogando a primeira fase mais próximo de casa que qualquer outro time. Isso é reflexo de um algoritmo antiquado usado pelo comitê que decide os qualificados e constrói a tabela. A fórmula julga a tabela das conferências chamadas “Power 6” com maior força do que aquela de conferências de menor representação, mesmo que isso não seja verdade absoluta nos tempos de hoje em dia. Por isso o título de campeão da Big East vale mais para Louisville do que da WCC para Gonzaga, nos olhos daqueles que tomam as decisões.

Por outro lado, o Indiana Hoosiers é o clube visto como o principal favorito entre os cabeças de chave. Indiana começou o ano número um na pesquisa entre os jornalistas. O time que chegou ao round das oitavas de final na temporada passada contou com o retorno de Cody Zeller e Victor Oladipo, projetados como top 10 escolhas no próximo Draft, e trouxe uma classe de novatos que preencheu algum dos buracos que o time do ano passado tinha. Os Hoosiers jogam o basquete universitário mais agradável, com um ataque veloz que toma vantagem da capacidade de Zeller de arrancar em contra-ataques, qualidade incomum para pivôs de sua estatura. Para mais detalhes sobre os Hoosiers, aqui segue uma prévia completa sobre eles.

Cody, irmão de Tyler Zeller. E do Luke

Cody Zeller: pivô extremamente veloz de Indiana, lutando pelo título

Não se deve esquecer também do imortal Kansas Jayhawks, de Bill Self, não importando o quão forte a classe anterior foi, se as expectativas para o time  deste ano eram menores, ou se alguém sequer está prestando atenção. Kansas sempre ganhará sua conferência e chegará ao torneio como concorrente a ser levado a sério, e esse é o caso mais uma vez nesta temporada. O grupo que jogou a final do ano passado perdeu seu maior anotador em Tyshawn Taylor e o superatlético Thomas Robinson, mas – como é de regra em Kansas – não perdeu o sono, trocando facilmente suas peças. Liderados pela revelação Ben McLemore, ala que é projetado como top 5 no próximo draft, venceu 29 de seus 34 jogos a caminho da cabeça de chave no lado Sul da tabela.

O Duke Blue Devils, de Mike Kzryzweski, técnico da seleção americana nas últimas duas Olimpíadas, não será cabeça de chave, mas é visto por muitos como o time que mais impressionou quando completo. Devido a lesões do ala-pivô Ryan Kelly e do atirador Seth Curry, Duke tropeçou algumas vezes durante a temporada, mas, quando contaram com força máxima, os Blue Devils perderam apenas para o rival Maryland no torneio da conferência. Um ponto contra é que o time de Kzryzewski é um tanto quanto dependente do tiro de três pontos e pode ser derrubado por qualquer um naquele dia em que nada está caindo de longa distância, como aconteceu no ano passado quando Lehigh mandou os Blue Devils pra casa.

Outros times que merecem atenção: o Saint Louis Billikens é um time muito físico que tem jogado com motivação extra; o técnico do time na temporada passada faleceu pouco antes do início do ano e esse grupo tem jogado em sua honra. Tom Izzo sabe como levar seu Michigan State Spartans o mais longe possível. Bo Ryan e Wisconsin, com seu jeito monolítico, lento que só, procurando limitar o número de posses, bateram Indiana duas vezes esse ano. Porte atlético é que não falta ao New Mexico Lobos e o UNLV Running Rebels. VCU e Butler são programas conhecidos por fazerem as finais em anos recentes com técnicos progressivos. Trey Burke e Ottor Porter podem carregar Michigan e Georgetown nas costas. Florida é letal de fora de arco e protege seu garrafão extremamente bem. Muitos ainda esperam que Shabbaz Muhammed exploda com o UCLA Bruins pelo menos uma vez antes de seguir em frente para a NBA. E o Miami Hurricanes tem o time mais velho do basquete universitário, e nesse nível de competição, idade importa bastante; basta olhar os homens feitos que o Miami põe em quadra e o quão franzino Kyle Anderson do UCLA é, por exemplo.

Mas a melhor parte de “March Madness” é que tudo pode acontecer e todos os 68 times, não os favoritos ou os que chamam maior atenção, tem condições de pegar fogo e fazer história nessas próximas três semanas.

*Editor do blog “The Basketball Post” e convidado do Vinte Um. Você pode encontrá-lo no Twitter aqui: @rafael_uehara.


Depois de ‘férias’, revelação canadense desponta no basquete universitário americano
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Giancarlo Giampietro

Você assistia aos Canadá em ação nas competições Fiba e, ao final da partida, não tinha como não desligar a TV intrigado com Kelly Olynyk. Não só por este nome diferente, mas especialmente pelo tipo de jogador ele poderia ser. Alto, com 2,11m, e bastante ágil e versátil, fez sua estreia na seleção hoje gerenciada por Steve Nash aos 19 anos, direto no Mundial da Turquia-2010, com tempo de quadra consistente, com justiça. Dali realmente poderia sair coisa.

Kelly Olynyk e o potencial

Olynyk, promessa canadense

No ano seguinte, durante a Copa América de Mar del Plata, o ala-pivô começou bem mal o torneio, praticamente esquecido no banco de reservas, até que conseguiu 19 pontos e 12 rebotes num embate (e derrota larga) contra a experiente Argentina. De todo modo, sua produção caiu no geral, mesmo enfrentando concorrência mais fraca. Estava mais pesado, menos enérgico. O que havia acontecido?

Com jovens jogadores, você nunca sabe. Ainda estão aprendendo a lidar com o corpo, em constante mudança. A cabeça, então, nem se fala. Para um adolescente comum, a fase já é braba. Imagine, então, salpicar nesse caldeirão as aflições que o esporte proporciona, da possibilidade de sucesso ou falha numa carreira que pode ser glamourosa e render uma boa grana, mas que também, facilmente, pode ser curta e cheia de frustrações. Uma revelação bem cotada pode desaparecer e um anônimo, pouco badalado, pode explodir de repente.

Uma breve pesquisa na época – segundo semestre de 2011, lembrando, quando o Vinte Um estava nascendo – mostrou que Olynyk estava entrando em parafuso mesmo. Não sabia se continuava jogando na universidade de Gonzaga ou, na verdade, se continuava no basquete mesmo. Chegou a esse ponto.

Gonzaga é uma universidade católica com sede na cidade de Spokane, lá no Noroeste dos Estados Unidos. Sua posição geográfica facilita o recrutamento de muitos talentos canadenses, como o armador Kevin Pangos, que acompanha Olynyk neste ano, e o pivô Robert Sacre, o quebra-galho do Lakers para substituir Howard ou Gasol, no ano passado.

Kelly Olynyk tirou férias

Engravatado Olynyk ficou fora dos jogos, mas não das quadras

A presença do compatriota Sacre e do ala-pivô alemão Elias Harris no elenco dos Bulldogs no elenco 2011-2012 e a insegurança motivaram o ala-pivô a tomar uma decisão drástica e incomum antes da temporada: considerando que não teria muito espaço, ele optou por ser um “red shirt” – o jogador basicamente congela sua temporada de atleta, podendo usar futuramente um ano extra de atividade esportiva pela universidade. Este é um procedimento geralmente adotado por jogadores que tenham sofrido alguma lesão grave. Não foi o caso aqui: o cara ficou treinando com os companheiros, orientado pelos técnicos, mas não participou de uma partida sequer.

Geralmente, para os atletas mais novos, quanto mais jogo melhor. Para Olynyk, a temporada “off” serviu para colocar a casa em ordem. “Acho que qualquer um que não está muito satisfeito começa a pensar nas coisas. Mas eu conversei com os treinadores, e tivemos longas discussões. Fizemos um plano que funcionou no fim. Acho que tomei a decisão certa”, disse.

Voltou com mais vigor físico, a agilidade reabilitad, uma cabeleira hi, e muito mais determinado em fazer suas habilidades predominantes em quadra. Com a graduação de Sacre, havia uma vaga no time titular pronta para ser conquistada. “Não coloquei que queria aproveitar o ano para ganhar peso, estabelecer uma meta. Apenas encarei o ano para ficar mais forte e mais magro, para poder atacar de várias posições de modos diferentes e usar essa essa vantagem. Estava tentando me sintonizar e me tornar mais forte, para não ser empurrado para longe da bola. Definitivamente sinto uma diferença da minha segunda temporada para agora”, afirmou o canadense, agora com 21 anos.

Kelly Olynyk hippie

Kelly Olynyk renovado

Olynyk agarrou a chance e deslanchou, somando nesta temporada 18,1 pontos, 6,7 rebotes em 25,6 minutos por jogo, além de excepcionais 66,2% no aproveitamento dos arremessos e 80,3% nos lances livres. Muitos podem ter ficado surpresos, mas quem acompanhava o atleta de perto sabia de seu potencial. Era só uma questão de encontrar seu lugar, se sentir confortável na equipe e colocar em prática. “Ele não virou um jogador sensacional da noite para o dia só por causa de um ano fora. O talento estava ali. A confiança também existia, vendo por seus jogos com o Canadá. Esses ingredientes combinados com um programa de 12 meses e muita dedicação, com ele se comprometendo a trabalhar mais no garrafão, acabaram transformando-o”, avalia o técnico FranFraschilla, analista da ESPN.

Fraschilla toca num ponto importante. Olynyk tem um bom arremesso de três pontos, é ágil e pode atacar a cesta de frente como um ala. É o tipo de pacote bastante chamativo, mesmo, mas muitos prospectos ficaram pelo caminho na tentativa de colocá-lo à prova em jogos para valer. Digo: é algo muito bonito de se ver em treino ou em lances isolados, mas que nem sempre se valida em campeoantos (Nikoloz Tskitishvili, Martynas Andriuskevicius, Nemanja Alexandrov, Zarko Cabarkapa e muitos outros ficaram pelo caminho…).

O canadense trabalhou bem com a comissão técnica e se conscientizou em primeiro buscar as cestas mais fáceis – ainda mais competindo contra jogadores mais baixos rodada após rodada –, e deixar seus vastos recursos como uma literal reserva técnica, mesmo. Não está proibido de chutar de fora ou atacar os adversários pelo drible. Seria um crime. Mas também não poderia apostar apenas nisso, ainda mais com os pés de dançarino que tem.

O resultado disso tudo, claro, é que Olynyk agora vai subindo consideravemlente nas tabelas pré-Draft. Mantendo o nível até o final da temporada, tem tudo para ser escolhido entre os 30 melhores do recrutamento de novatos da NBA. Mas ele pode deixar isso para mais tarde. Para o ala-pivô, depois de um período de incertezas, o importante é curtir seu potencial agora. Jogando.

PS: encontre o Vinte Um no Twitter: @vinteum21.


Equipes nova-iorquinas ganham ajuda inesperada de ex-aposentados Wallace e Stackhouse
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Giancarlo Giampietro

Ok, oficialmente Jerry Stackhouse não estava aposentado.

Jogou ano passado pelo Atlanta Hawks e tal. Mas, no imaginário coletivo, ganhamos essa licença poética considerando que pouca gente poderia imaginar o ala não só jogando para valer a temporada 2012-2013, sua 19ª, como teria um papel de destaque por um time que, na real, deveria estar arrasando com Joe Johnson e Gerald Wallace no perímetro. Ele mesmo acreditava que estava destinado a virar um assistente técnico.

Nem JJ, nem Crash estão exatamente fazendo jus a uma grande expectativa depo$itada pelo bilionário russo Mikhail Prokhorov, contudo. Então entra em cena Stackhouse, que, com seu salário  (nem tão) mínimo, vem dando uma contribuição significativa na largada do renovado Nets em Brooklyn, anotando cestas importantes em vitórias sobre times de elite como o Boston Celtics e o New York Knicks na última semana.

Era só o que faltava, pensa a juventude da NBA. Se já não fosse o suficiente a reaparição de Rasheed Wallace pelo próprio Knicks, agora vem outro velhinho de bengala tomar o bastão de volta e romper a ordem natural das coisas.

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Stackhouse no ataque

Vejam! Stackhouse no ataque!

Realmente não estava nos planos que Stackhouse fosse jogar. Até que o caminho para entrar em quadra foi aberto por lesão no tornozelo do jovem cestinha MarShon Brooks, dono de um dos nomes mais curiosos da paróquia e um dos grandes imitadores (jogando) de Kobe Bryant que o basquete já viu. Brooks torceu o tornozelo no dia 9 de novembro, no aquecimento para o jogo contra o Orlando Magic. O veterano, então, ganhou sua chance. Desde então, o Nets venceu oito de seus próximo nove jogos.

“Sabia que estava chegando num papel meio que de técnico, porque era isso que queria, pensando na transição para minha próxima carreira. Infelizmente, quando você passa dos 35, os times querem apenas que você cumpra um determinado papel e não permite que os caras compitam. Mas sabia que o Avery (Johnson) tem a cabeça aberta. Sabia que ainda tinha algo para oferecer em quadra e sabia que aqui teria essa oportunidade”, conta o ala, que só é vetado na hora de jogar na segunda noite de uma sequência de dois jogos.

Em uma dobradinha de jogos contra Blazers e Knicks, o técnico de apelido “Pequeno General” tomou a decisão certa ao poupar Stackhouse contra o Blazers, pensando justamente no dérbi nova-iorquino contra o Knicks. (Nada melhor do que se apropriar do jargão futebolísitco, hein?)

Aí, em 22 minutos, ele matou quatro bolas de três pontos, jogando a prorrogação inclusive, com cestas em momentos cruciais. “Que mais posso dizer? Ele estava com um bom ritmo, escolhendo bem o lugar de arremessar. Ele entrou com muita energia. Foi por isso que o descansamos. Mas não sabia que ele estaria pronto desse jeito, não dá para levar o crédito nessa. Todo o crédito vai para Stackhouse”, disse Avery Johnson.

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Sheed ensina defesa

Vejam! É o Rasheed ensinando os mais jovens

“Fiquei dois anos fora da NBA, mas não foram dois anos de férias”, diz Rasheed Wallace, também aos 38 anos.  Na boa campanha que faz o Knicks, a maior surpresa talvez seja mesmo aquele que havia parado de jogar em 2010, época em que já aparentava ter se retirado das quadras dois anos antes e não sabia.

Sua última temporada pelo Boston Celtics foi deprimente, com uma pálida imagem daquele jogador que colocou fogo num time já competitivo do Detroit Pistons, mas que, ao mesmo tempo, nunca chegou a honrar seus talentos ao máximo.

Porque ele podia fazer um pouco de tudo. Jogar de costas para a cesta. Chutar de todos os cantos da quadra até a linha de três pontos. Podia se dedicar apenas a um bom corta-luz, ou poderia atacar seu defensor no mano-a-mano. Se dobrassem, a cobertura precisava ficar atenta com passes simples e precisos. Além do tamanho, Sheed tinha mãos dos sonhos para qualquer jogador de basquete. O que faltava era concentração, determinação e maturidade para aguentar os diversos momentos de pressão e estresse em quadra.

Não é este ala-pivô completo que o Knicks está recebendo agora, obviamente. Em todos os sentidos: se ele já não é mais o supertalentoso dos tempos de Portland, também não é o cabeça-de-vento que servia de capitão dos Jailblazers. “Ele tem feito tudo o que pedimos. Não dá para ele jogar muitos minutos, mas os minutos que ele nos dá são muito positivos”, afirma o técnico Mike Woodson.

De acordo com os jornalistas que seguem o time de perto, a maior repercussão da presença de Sheed acontece nos bastidores, nos vestiários. Ainda um falastrão, o jogador “passa boa parte de seu tempo dividindo pensamentos com os companheiros sobre como agir na defesa, dando dicas”, segundo o New York Times.

“Apenas tento manter todo mundo concentrado no nosso plano de jogo. Você pode receber falta, o árbitro pode não dar nada, mas ainda assim é preciso reagir e continuar jogando. Apenas domine seu adversário do outro lado, e é isso que se mostra no placar. O que digo aos caras mais novos é que minha velocidade e minha agilidade não são mais as mesmas, mas que ainda posso falar. E com isso temos mais um defensor em ação”, avalia.

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Além de suas inesperadas contribuições para dois times que devem disputar os playoffs do Leste nesta temporada, outro tópico pode reunir Wallace e Stackhouse numa mesma sentença: os dois fizeram parte da mesma equipe na universidade de Carolina do Norte, uma famigerada formação que ajudou a acelerar a aposentadoria do catedrátido Dean Smith na instituição.

Stack & Sheed

Stack & Sheed universitários

O ginásio da UNC hoje se chama “Dean Dome”. Em sua apresentação no Hall da Fama, Michael Jordan, seu aluno, soltou esta daqui: “Vocês não poderiam ter visto Michael Jordan jogar não fosse por Dean Smith”.

Sentiu o respeito? Antes de Phil Jackson, Smith foi o treinador que conseguiu se conectar com MJ  (dentro e fora de quadra) de um modo que pudesse amplificar as qualidades de um dos maiores atletas de todos os tempos.

Seu legado no basquete norte-americano é imenso: entre técnicos e jogadores, passaram por suas mãos gente como Larry Brown, George Karl, Bob McAdoo, Billy Cunningham, James Worthy, Sam Perkins, Kenny Smith, Antawn Jamison, Vince Carter, Doug Moe, Roy Williams e John Kuester. É a chamada “Família Carolina”, cujos tentáculos são bem mais abrangentes do que a lista acima.

Dean Smith venceu 879 partidas em sua carreira, atrás apenas de Bob Knight, Coach K e Jim Boeheim na primeira divisão da NCAA. Por 35 anos consecutivos ele mais venceu do que perdeu em uma temporada. Ganhou dois títulos e jogou 11 Final Fours.

No âmbito acadêmico, viu 96.6% de seus jogadores saírem da UNC formados – não só como atletas, mas como profissionais de diversas áreas também.

Ele só não conseguiu controlar Wallace. A personalidade do ala-pivô, já com aquela manchinha no cabelo, foi um desafio e tanto para o treinador que, por um lado, foi o primeiro de uma universidade sulista a escalar um jogador negro em sua equipe, mas, por outro, era avesso a escalar calouros (freshmen) em seus times. Acontece que Sheed, Stack e o por-onde-anda Jeff McInnis, em 1993, estavam destroçando os mais experientes nos treinamentos. A partir daí o séquito de torcedores ao redor dos Tar Heels se dividiu entre os que apoiavam que a tradição fosse mantida, que os mais velhos tivessem prioridade em quadra, mesmo que não fossem tão bons assim (George Lynch e o inesquecível Eric Montross entre eles), e os que sonhavam em ver uma versão pirata do Fab Five de Michigan na Carolina do Norte. “Rasheed Wallace, é claro, se tornou a figura central na guerra civil de Chapel Hill”, escreve o autor Jay Caspia Kang, do magnífico site Grantland, em perfil sobre o ala-pivô – enquanto McInnis e Stackhouse eram recrutas mais tradicionais da universidade.

Sheed já tinha sua bagagem pesada quando chegou ao campus. Durante os treinos, enterrava na cabeça de Montross para depois gritar em quadra que a posição era dele. Foi daí para baixo, supostamente, mas há quem diga também que há exagero nos relatos.

Segundo Kang, o papo de “potencial desperdiçado” por Sheed já fazia parte das rodas de bar na cidade. Segundo ficou para a história, o desgosto de Smith com os problemas  criados pelo jogador serviu como alerta para o treinador pegar o boné e sair de cena. Os tempos eram outros.

PS: Durante dezembro, por motivos de ordem profissional (embora a gente goste mesmo é de férias, o Vinte Um vai ser atualizado num ritmo um pouco mais devagar. Mas também temos uma surpresa que vem por aí. De qualquer forma, voltamos no final do mês com tudo.