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Categoria : Notas

Plantão médico: lista de enfermos é ameaça séria nos playoffs da NBA
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Giancarlo Giampietro

Varejão foi uma das primeiras baixas bastante relevantes da temporada

Varejão foi uma das primeiras baixas bastante relevantes da temporada

Quer uma tradição impregnada nos Playoffs da NBA? Daquelas mais desagradáveis e, ao mesmo tempo, mais importantes para a definição de um título? Que pode ter tanta influência no resultado final de um campeonato como toda a preparação, todo o refinamento tático obtido em uma looooonga temporada? A contagem de feridos. As lesões, mesmo.

E aí que você pode falar também de sorte ou azar, ainda que o trabalho de um técnico e seu estafe médico possam ajudar na prevenção delas…

Mas pegue por exemplo o caso de Tiago Splitter. O pivô foi para as finais da liga por dois anos seguidos. Pode ter dito não a Rubén Magnano em 2013, mas aceitou nova convocação no ano passado, para a Copa do Mundo. Não dá para saber o quanto a carga extra de treinos e jogos, num mês que seria de férias, deixa o atleta em uma situação mais propícia para sentir algo. O que dá para dizer, imagino, é que ajudar, não ajuda, e que o catarinense não conseguiu fazer a pré-temporada ideal, perdeu quase 20 jogos no início da campanha e demorou um tempo para entrar em forma, lidando com problemas musculares na panturrilha (uma área sempre complicada). Sem pressa, com um elenco vasto, o clube texano teve toda a precaução do mundo com ele, como de praxe. Sabemos como Gregg Popovich é extremamente consciente no uso de seus atletas. Mesmo assim, Splitter teve o azar de, a duas semanas dos mata-matas, voltar a sentir dores bem incômodas.

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(Um parêntese importante: não estou dizendo que ele não deveria ter jogado o Mundial. O pivô muito provavelmente ficaria bem irritado só com a mera insinuação, por ser daqueles que só abriu mão da seleção uma única vez, e num torneio que, convenhamos, sua presença era totalmente desnecessária. Só faço a lembrança aqui para percebermos como esse tipo de questão é muito mais complexa do que ser patriota ou fugir da raia – e de como diversos fatores interferem na caminhada de um time de NBA. Do ponto de vista do torcedor brasileiro, tudo ótimo. Agora vá perguntar para os admiradores do Spurs o que eles pensam a respeito.)

Splitter não chega inteiro para o mata-mata contra Jordan

Splitter não chega inteiro para o mata-mata contra Jordan

Por mais formidável que seja o plantel de Pop e RC Buford, talvez o mais vasto da liga, que Aron Baynes tenha comprovado suas virtudes em sua melhor temporada nos Estados Unidos (joga duro demais, bom finalizador, mas um tanto robótico, nada criativo) e que Boris Diaw tenha redescoberto em março a alegria de se jogar basquete, já deu para reparar a importância do pivô na equipe, não? Com Splitter em quadra, a defesa fica bem mais sólida, aumentando a densidade demográfica no garrafão. Algo importante para enfrentar Blake Griffin e DeAndre Jordan, por exemplo. O ataque também funciona com ele, mas sua efetividade vai depender do sistema do adversário. De qualquer forma, pergunte ao seu técnico sobre sua importância. “Gostaríamos jogar com ele o máximo que pudéssemos”, disse antes de a série contra o Clippers começar. “Mas vamos ver.”

Neste domingo, no plantão corujão, pudemos ver, então, o brasileiro em ação, pela primeira vez desde o dia 3 de abril, numa vitória arrasadora contra o Denver Nuggets, quando o Spurs dava indícios de que havia novamente potencializado toda a sua fantástica química em quadra. Com uma escalação decidida apenas no domingo mais cedo, Tiago teve seu tempo controlado: jogou por exatos 9min57s de jogo, terminando com 4 pontos, 3 rebotes e 3 faltas, além de uma assistência e um roubo de bola. Foi máximo que Popovich pôde usá-lo. Afinal, ele só havia feito um treino, e com participação limitada, em 16 dias.

Baynes atuou por 20 minutos. Diaw, por 28. Tim Duncan ficou com sua tradicional meia hora de partida. Quando o veterano foi para o banco, a equipe sentiu. Ali poderia estar Splitter tentando ao menos incomodar uma figura assustadora como DeAndre Jordan – só Andre Drummond tem hoje essa combinação de altura, envergadura, impulsão e ombros largos. Jordan descansou por menos de dez minutos. Blake, por menos de seis. Estavam quase sempre em quadra, sendo muito agressivos, combinando para 35 pontos, 26 rebotes, 7 tocos e 7 assistências. Clippers 1 a 0, com 15 pontos de vantagem.

O torcedor do Spurs, porém, não é o único a se lamentar. Longe disso. Basta pegar o celular e trocar mensagens com a galera do Trail Blazers para sentir o drama. O departamento de infográfico de qualquer emissora de TV precisa estar muito atento nos jogos entre Portland e Memphis. A lista de enfermos é gigante, sempre com o risco de se adicionar mais um – ou de ter atualizar o status deles. Na série Rockets x Mavericks, teve atleta que precisou até mesmo calçar um tênis de numeração maior que a sua para devido a um inchaço no dedão.

E aí? Não há como negar que a temporada de 82 jogos causa um desgaste absurdo. Por mais que os atletas viagem em voos fretados, com acentos personalizados. Por mais que possam pagar um estafe médico e de preparação física por conta própria. Há um limite que o corpo pode aguentar. Dia desses, Rafael Uehara, que já deu sua contribuição valiosa aqui no VinteUm, destacou no Twitter uma passagem interessante no livro Soccernomics, sobre como o excesso de jogos do futebol inglês impede que a seleção do país faça boas campanhas em seus torneios. É uma declaração de Daniele Tognaccini, chefe do departamento atlético do Milan Lab, explicando o que acontece quando um jogador de futebol tem de disputar 60 partidas em um ano: ‘O nível de performance não é otimizado. O risco de lesão é muito alto. Podemos dizer que o risco de lesão em um jogo, depois de uma semana de treino, é de 10%. Se você joga a cada dois dias, o risco cresce para 30 a 40%. Se você joga quatro ou cinco partidas seguidas sem a recuperação certa, o risco de lesão é incrível. A probabilidade de você ter uma performance abaixo de sua capacidade é muito alta”.

Um gráfico que The OC Register preparou na temporada passada para mostrar todas as lesões que Kobe havia sofrido em sua carreira até então

Um gráfico que The OC Register preparou na temporada passada para mostrar todas as lesões que Kobe havia sofrido em sua carreira até então

Agora tente traduzir essa declaração para o mundo da NBA. O jogo de futebol pode ter maior duração (90 minutos x 48), mas vá falar para um ala do basquete ficar encostado na ponta direita da quadra, na sombra, esperando que seus quatro companheiros protejam a cesta do outro lado… Quer dizer: é difícil de dimensionar quais os cálculos que Tognaccini faria. O comissário Adam Silver sabe disso. Tanto que, em sua coletiva após a última reunião com os proprietários de clubes, afirmou que há uma preocupação (enfim!) séria em reduzir os famigerados back-to-back (dois jogos em duas noites consecutivas) e as semanas de quatro partidas em cinco dias.

Pensando nisso, segue a relação dos lesionados. Ou, pelo menos: dos atletas oficialmente lesionados. Aqueles que os clubes se sentem obrigados a informar. Inúmeras ocorrências não vêm a público, como Serge Ibaka nos explicaem uma entrevista bem bacana ao HoopsHype: “Veja, há muitas pessoas, torcedores e aqueles não estão dentro do time, que não sabem o que se passa. Você ouve gente falando que tal cara não está jogando bem. Mas eles não sabem o que está acontecendo. Posso dizer a você o que aconteceu comigo, por exemplo. Meu tornozelo estava doendo a temporada inteira. As costas também. Não é que eu tenha me lesionado apenas no final, que é o que todo mundo sabe. Eu machuquei meu tornozelo jogando com a seleção (espanhola, na Copa do Mundo…) durante o verão, e ele ficou ruim o tempo todo. Tive de tomar pílulas para poder jogar sem dor. Não sou só eu. Muitos dos meus companheiros passaram pelo mesmo problema”.

Também juntei aqui um ou outro caso de atletas que acusaram problemas em quadra ou em entrevistas, ainda que não tenham sido afastados. Sim, a temporada é desgastante demais, e suas consequências podem ser graves:

Atlanta Hawks
Thabo Sefolosha: o ala suíço está fora da temporada devido a uma fratura na perna causada por ação de policiais em uma casa noturna nova-iorquina – sim, essa não teve nada a ver com a quadra. A diretora executiva do sindicato dos jogadores, Michele Roberts, está em cima do caso, cheia de suspeitas. Sem o suíço, Kent Bazemore vai receber minutos importantes numa equipe de playoff pela primeira vez, com a missão de sustentar uma forte defesa no perímetro quando DeMarre Carroll for para o banco. Sefolosha era o nome ideal para a função.

Al Horford e um dedinho

Al Horford e um dedinho

Paul Millsap: jogando com uma camisa que faz compressão, além de uma proteção no ombro direito, depois de sofrer uma torção em jogo contra o Brooklyn Nets, na reta final da temporada. Mike Budenholzer ao menos respirou aliviado, por não ser algo mais grave. De qualquer modo, para um ala-pivô, não é nada legal jogar com o ombro dolorido. Pense nos movimentos que ele precisa executar em quadra.

Mike Scott: o ala perdeu 11 jogos em março devido a uma bipartição e uma torção aguda no osso sesamóide do pé direito. Não, não foi uma fratura. Voltou em abril e sentiu uma contusão nas costas, perdendo treinamentos e mais uma partida.

Al Horford: essa aconteceu na primeira partida da série contra o Nets, mesmo. Coisa de jogo, com o dedinho da mão direita virando para o lado contrário. Não houve fratura, só um deslocamento.

Boston Celtics
– A rotação vasta de Brad Stevens parece render benefícios: seus atletas simplesmente não constam no prontuário médico recente da liga.

Brooklyn Nets
Bem… Deron Williams e Joe Johnson parecem jogar machucados o tempo todo, não?

Mirza Teletovic: considerando a gravidade de sua questão médica, ao ser afastado por conta de uma embolia pulmonar, ter o bósnio de volta aos treinos é uma excelente notícia, na verdade. Mas ele ainda não está liberado para jogar. Já o ala Sergey Karasev está fora de vez, com uma lesão no joelho.

Mirza Teletovic: recuperado de embolia pulmonar

Mirza Teletovic: recuperado de embolia pulmonar

Alan Anderson: o ala-armador reserva perdeu sete partidas em abril devido a uma torção de tornozelo.

Chicago Bulls
Derrick Rose, vocês lembram, passou por mais uma cirurgia no joelho, dessa vez por causa de uma ruptura no menisco, e perdeu 20 partidas entre março e abril. Na primeira partida da série contra o Bucks, jogou demais, e era como se a torcida de Chicago vivesse um sonho. Rose pode ser uma influência para lá de positiva para a equipe. Só é preciso evitar a armadilha de pôr muita responsabilidade nas costas de um atleta que sofreu tanto nas últimas temporadas.

Kirk Hinrich sofreu uma hiperextensão no seu joelho esquerdo na última semana do calendário regular. Há quem despreze tanto o veterano (um cara ainda muito útil na defesa), que essa ausência pode ser até comemorada.

Taj Gibson sofreu um estiramento no joelho direito no primeiro duelo com o Bucks. Por sorte, Nikola Mirotic está pronto para receber mais e mais minutos, no caso de o excepcional defensor estiver abalado.

Joakim Noah, para variar, joga com uma tendinite no joelho esquerdo.

Chicago: adoração e apreensão pela dupla

Chicago: adoração e apreensão pela dupla

Cleveland Cavaliers
– Anderson Varejão
só poderá torcer por seus companheiros, em recuperação de uma cirurgia para reparar o tendão de Aquiles.

Kevin Love (principalmente) e LeBron James foram poupados de treinos e jogos durante todo o campeonato devido a dores nas costas.

Dallas Mavericks
– Chandler Parsons está com uma joelheira direita mais larga que a coxa de Karl Malone. Vem enfrentando inchaço e dores daquelas. Na primeira partida, precisou sair de quadra e ir para o vestiário para receber tratamento. O Mavs precisa de suas habilidades ofensivas, especialmente o arremesso de longa distância, para abrir a quadra para infiltrações de Rondo e Ellis.

Parsons explica a Mark Cuban como está difícil jogar contra o ex-time em Houston

Parsons explica a Mark Cuban como está difícil jogar contra o ex-time em Houston

Devin Harris: o inchaço é no dedão do pé esquerdo. Está tão inchado que o armador reserva enfrentou o Rockets no sábado usando um tênis maior na canhota, para tentar aliviar o desconforto. Sim, é verdade.

Golden State Warriors
David Lee: fora do início da série contra o Pelicans devido a um estiramento muscular nas costas. E ninguém parece nem reparar, tamanho o crescimento de Draymond Green.

Houston Rockets
– Uma ruptura nos ligamentos do pulso esquerdo tirou o armador e excelente defensor Patrick Beverley da temporada. Quem também não joga mais pela equipe nesta jornada é o ala-pivô lituano Donatas Motiejunas, devido a uma lesão nas costas. Duas peças que ganhariam bons minutos. Beverley é um dos melhores marcadores em sua posição, jogando com uma energia descomunal, enquanto Motijeunas ofereceria uma referência no jogo interior mais segura que Josh Smith e Terrence Jones, para os momentos em que Howard for para o banco.

Terrence Jones levou uma joelhada de Kenneth Faried nas costelas em duelo com o Denver Nuggets em março e teve uma perfuração no pulmão. É o mesmo ala-pivô que mal jogou em novembro e dezembro por conta de um problema nevrálgico nas pernas.

Dwight Howard parou por cerca de dois meses para tratar de uma lesão no joelho direito, embora não houvesse nenhuma lesão estrutural. Ainda não está 100%, e seus minutos são vigiados até hoje por Kevin McHale.

– O ala novato KJ McDaniels tem uma lesão no cotovelo, mas dificilmente iria jogar, mesmo.

Los Angeles Clippers
Também está no grupo dos times menos abalados no momento. Jamal Crawford, com uma lesão na panturrilha, era quem mais preocupava, mas parece devidamente recuperado. Blake Griffin também não dá sinais de que sinta algo no cotovelo

Memphis Grizzlies
– Mike Conley Jr.:
ultimamente, só se fala de sua fascite plantar no pé esquerdo, com inflamação e dores, que quase não se comenta o fato de ele também estar jogando com dores no pulso esquerdo durante quase todo o campeonato. “Não acho que vou estar nem perto de 100%, mas nunca pensei que perderia um jogo de playoffs”, afirmou, antes da estreia contra o Blazers. Beno Udrih fez uma bela temporada, mas a equipe precisa demais de seu armador titular, pela defesa e a liderança.

Tony Allen: o pitbull da equipe ficou fora das últimas dez partidas da temporada regular por conta de uma lesão na coxa. Retornou contra Portland e jogou por 25 minutos, ao menos. Está aqui o caso de um atleta que precisa estar bem fisicamente para render (pressionando os adversários de um modo sufocante, não importando a altura e o currículo deles), uma vez que sua habilidade com a bola deixa a desejar.

Marc Gasol sofreu uma torção de tornozelo na penúltima partida da temporada, mas não parece nada grave.

Milwaukee Bucks
Considerado um sério candidato ao prêmio de novato do ano, o ala Jabari Parker teve sua primeira temporada abreviada em dezembro por uma ruptura no ligamento colateral do joelho esquerdo. Khris Middleton aproveitou essa brecha, mas, para o futuro da franquia, é uma pena o atraso no desenvolvimento do número dois do Draft.

A proteção no dedinho esquerdo do Monocelha: nada muito grave, mas incomoda

A proteção no dedinho esquerdo do Monocelha: nada muito grave, mas incomoda

New Orleans Pelicans
Tyreke Evans, um cara que depende muito de seu arranque para a cesta, sofreu uma pancada no joelho esquerdo no primeiro jogo contra o Warriors e foi para o segundo duelo no sacrifício. Talvez tivesse minutos controlados, mas Jrue Holiday não retornou bem de uma reação por estresse na perna direita que o afastou por metade do campeonato.

Anthony Davis está jogando com o dedinho da mão esquerda protegido, depois de tê-lo deslocado. Aparentemente algo simples? Bem, no primeiro jogo ele estava segurando a mão sem parar, claramente desconfortável.

Portland Trail Blazers
Wesley Matthews ficou fora de combate, após uma ruptura no tendão de Aquiles. Recuperado de cirurgia, tenta dar apoio moral aos parceiros no banco de reservas. Arron Afflalo, aquele que seria seu substituto, sofreu um estiramento no ombro em jogo contra o Warriors, no dia 9 de abril. Está fazendo treinos leves e pode retornar no segundo ou no terceiro jogo da série.

LaMarcus Aldridge está jogando desde janeiro com um tendão da mão esquerda rompido. Precisa de cirurgia.

Dorell Wright sofreu uma fratura na mão esquerda no início de abril também, em derrota para o Clippers. Só poderá jogar em maio, se o time estiver em atividade até lá.

Arron Afflalo mal chegou e também se contundiu

Arron Afflalo mal chegou e também se contundiu

– Como se não bastasse, Nicolas Batum (numa temporada para se esquecer) e CJ McCollum (o jovem ala-armador que estava começando a engrenar), se contundiram em jogo contra OKC no dia 13. O problema do francês foi no joelho direito, enquanto McCollum torceu o tornozelo esquerdo.

– Sim, tem mais um: Chris Kaman, limitado por contusão nas costas. E uma temporada que se desenhava muito promissora… ficou complicada demais.

San Antonio Spurs
Tony Parker sofreu uma torção de tornozelo no primeiro jogo contra o Clippers. Teve uma campanha bem fraca para os seus padrões ao lidar com lesão e dores na coxa.

– Sobre Splitter, já falamos o bastante.

Toronto Raptors
– Kyle Lowry mal consegue parar em pé esses dias sem colocar a mão nas costas. É sempre um problema quando o jogador acusa dores ali. Inicialmente, os médicos na metrópole canadense não se mostravam preocupados. Três semanas depois, Dwane Casey já estava dizendo que ele não teria condição de jogar nem se já tivessem chegado aos playoffs. Foi afastado por nove partidas e, quando retornou, definitivamente não era mais o mesmo, acertando apenas 34,4% de seus arremessos nas últimas quatro rodadas, embora a pontaria de três pontos tenha sido elevada em relação a sua média.

Washington Wizards
Para fechar, outro time que está abaixo da média em termos de uso de medicamento. Até mesmo Nenê parece estar bem, na medida do possível.


Temporada especial: relembre grandes momentos da NBA 2014-15
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Giancarlo Giampietro

“Foi uma temporada e tanto.”

A tendência, ao final de uma jornada de 1.230 jogos, é que sempre falemos isso, né? Pois história não falta para contar. Na hora de separar os principais acontecimentos da campanha 2014-2015 da NBA, porém, dá para perceber que realmente testemunhamos um campeonato especial. Claro que muita coisa chata aconteceu, como as lesões de Durant e Kobe, o empurrão de LeBron em David Blatt, goteira em ginásio, as paralisações constantes no final das partidas, o fundo do poço para Lakers e Knicks e mais alguma coisa. Mas vamos nos apegar a boas lembranças, vai? Então, sem mais delongas, seguem alguns momentos que devem – ou deveriam – ficar guardados na memória dos admiradores em geral da liga americana, ou, pelo menos, das torcidas envolvidas.

nba-season-2014-14-highlights

Tem espaço aí no hard drive? ; )

O Retorno
Sim, a temporada já se tornava marcante antes mesmo de seu início, com LeBron James anunciando que o bom filho a casa tornava (sim, surpreendentemente sem crase, mesmo), se desquitando de Dwyane Wade e Pat Riley. Houve romaria em Cleveland, e as lavanderias devem ter lucrado horrores com o tanto de camisa 23 resgatadas do fundo do baú, quiçá até mofadas. Para aqueles que tostaram, rasgaram ou picharam seus antigos uniformes, o jeito era abrir a carteira. Estudos e estudos foram divulgados para mostrar qual seria o impacto para a economia da cidade e de Ohio. A euforia só cresceu quando ficou claro que uma troca por Kevin Love estaria orquestrada. No fim, demorou um pouco para as coisas se acertarem, com o astro fazendo uma primeira metade de campeonato muito aquém do esperado, mas, depois de duas semanas de férias e de duas trocas certeiras, o Cavs decolou. Aqui, vale abrir espaço para dois episódios memoráveis que são consequência direta da mudança de South Beach para Akron. O Rio de Janeiro teve a sorte de sediar um jogo de pré-temporada que colocaria LBJ pela primeira vez contra seus ex-companheiros, enquanto o primeiro jogo oficial acabou reservado, claro, para a tradicional rodada natalina. Orgulhoso que só, Wade jogou demais e conduziu o Miami ao triunfo.

A carta, a volta, o rei

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A estreia de Caboclo e Bebê
A vida é engraçada, né? Dependendo do ponto de vista e do contexto, um jogo aparentemente insignificante entre Toronto Raptors e Milwaukee Bucks, no qual o time canadense trucidou o adversário, pode se tornar especial. Para o público brasileiro, talvez tenha sido a noite de maior algazarra. A história, afinal, era muito legal – desde a seleção do ala do Pinheiros numa surpreendente 20ª posição do Draft. Havia rumores de promessa, mas ninguém imaginava escutar seu nome na primeira rodada. O movimento gerou alta expectativa, tanto dos radicais torcedores do Raptors como no público daqui. E aí que, naquela sexta-feira 21 de novembro, ele foi para a quadra pela primeira vez num jogo oficial (depois de aquecer na Liga de Verão e na pré-temporada). Duas bolas de três pontos, uma ponte aérea maluca para Caboclo, e a loucura instaurada na América-do-Norte-ao-Sul. Lucas Bebê também foi chamado para a festa. A Internet quase quebrou, de tanto frenesi. Um blogueiro varou a madrugada imaginando o diário de um adolescente. Quem viu, viu. No final, porém, essa noite acabou sendo um acontecimento isolado. O gás do Toronto Raptors acabou cedo, as lavadas minguaram, e o ala só teria algum tempo de quadra significativo na D-League, se tanto. Até que a central do zum-zum-zum da liga contou o que estava acontecendo: problemas fora de quadra, com muita imaturidade deixando o caminho para seu desenvolvimento ainda mais intrincado. Bebê ao menos ainda voltaria a jogar também pela D-League, produzindo mais. Mas, ao final da temporada de calouro, o progresso da dupla ainda é um mistério. Mas o YouTube vai ter sempre isto:

Kobe supera Jordan. Literalmente
Foi no dia 14 de dezembro, em Minnesota. Muito melhor teria sido no Staples Center. Mas, enfim. Os deuses do basquete escolheram o ginásio do Timberwolves para esse marco. Com dois lances livres, o já ancião ala-armador do Lakers desbancou Sua Alteza Michael Jordan na lista de cestinhas históricos da NBA,  assumindo o terceiro post, logo abaixo de Kareem Abdul-Jabbar e Karl Malone, com 32.293 pontos. Nada mal, hein? Diga-me com quem andas… Ao menos a torcida e a gerência do Target Center tiveram a grandeza de celebrar o ocorrido, aplaudindo uma lenda viva em quadra. Kobe terminou a partida com 26 pontos, numa vitória por 100 a 94. Foi uma aberração de numa noite em meio a uma temporada deprimente da franquia. (Ah, em mais uma campanha em que as lesões o derrotaram, Kobe também conseguiu um recorde daqueles que já não orgulha tanto: desbancou John Havliceck, o ídolo do Boston dos anos 60 e 70, para se tornar o atleta da NBA que mais desperdiçou arremessos na história. Eram, então, 13.418 chutes errados.)

(Se for para falar de registros históricos, não dá para deixar Dirk Nowitzki de fora, né? De modo bem mais discreto, como de praxe, o alemão também vem subindo a ladeira dos maiores pontuadores que a NBA já viu. Entre 11 de novembro e 5 de janeiro, o genial líder do Mavs deixou passa Hakeem Olajuwon, Elvin Hayes e Moses Malone para trás – curiosamente, três pivôs com passagem pelo Houston Rockets –, para alcançar a sétima posição na lista. Além disso, ao ultrapassar Olajuwon, Dirk se tornou o principal cestinha estrangeiro da liga, em vitória de virada sobre o Sacramento, com um característico chute de média distância. Depois, no dia 24 de março, ao apanhar seu rebote de número 10 mil, o craque inaugurou um clube só seu, tendo também mais de 25 mil ponto. 1.000 tocos e 1.000 cestas de três pontos em sua carreira. Prost!)

Klay Thompson: incendiário
Depois dessa exibição, as mensagens de texto com o seguinte dizer – ALERTA KLAY THOMPSON – ganha um outro sentido. Vai obrigar você a dar pause no Netflix, a abandonar a mesa de jantar, a levantar a coberta, seja o que for, e ligar a TV ou o computador. O que o ala do Warriors fez contra o Sacramento não existe. Ou melhor, não existia até o dia 23 de janeiro. Com as mãos flamejantes e estabelecendo uma série de recordes, deixou toda a liga em estado de choque ao marcar 37 pontos no terceiro período. É difícil de processar isso ainda hoje. Ele finalizou a partida com 52 pontos no geral. Mas um detalhe: apenas 33 minutos. Numa projeção por 48 minutos, teria feito 75. (Para eternizar o apelido de Splash Brothers, Stephen Curry também passou da marca cinquentenária ao fazer 51 contra o Dallas Mavericks menos de duas semanas depois. E os dois se amam, não há rivalidade nenhuma.)

Uncle Drew em quadra
Ou: a noite em que LeBron James teve certeza de que havia tomado a decisão certa. Foi quando Kyrie Irving torturou a defesa do San Antonio Spurs ao marcar 57 pontos naquele que foi um dos melhores jogos do campeonato. Contando o minuto final do tempo regulamentar e a prorrogação, ele marcou 20 pontos – três a mais que toda a equipe texana. O tipo de atuação que também força os jornalistas a fuçar mais uma vez nos livros de recordes e que trouxe o Uncle Drew para uma quadra de verdade. Desta forma, o armador do Cavs terminou com as duas maiores contagens do ano, depois de já ter marcado 55 pontos contra o Portland Trail Blazers, numa partida em que seu companheiro mais famoso estava apenas na plateia.

Aqui, vale gastar mais algumas linhas e segundos para lembrarmos outras atuações magníficas do ano. Entre elas, constam os 50 pontos de James Harden contra o Denver Nuggets no dia 19 de março, dos quais quase a metade vieram em lances livres. O ala-armador do Rockets converteu 22 de 25 lances livres numa partida que é emblemática – não teve fanfarra nenhuma para o Sr. Barba, uma vez que lances livres são, hã, entediantes. Mas muito eficientes, de qualquer maneira. Harden ainda faria 51 pontos em vitória sobre o Kings, com oito bolas de longa distância. Aliás: o Sacramento é uma constante aqui. Também não podemos nos esquecer dos improváveis 52 pontos de Maurice Williams contra o Indiana Pacers.

A tempestade Russell Westbrook
Sem Kevin Durant, o enfezado alienígena de OKC se viu sem amarras nesta temporada, e os críticos tiveram de aturar toda a sua exuberância atlética. Resultado: uma sequência de triple-doubles assustadora. Ao todo, Wess conseguiu 11 jogos dessa natureza, mais que o dobro do segundo colocado na lista, Harden, e mais que o triplo de Michael Carter-Williams, Evan Turner e Rajon Rondo. De 24 de fevereiro a 4 de março, foram quatro em sequência, sendo o primeiro a conseguir essa façanha desde Michael Jordan em 1989. Teve linhas como 49 pontos, 15 rebotes e 10 assistências contra o Sixers e 40 pontos, 13 rebotes e 11 assistências contra o Blazers. Em março, suas médias foram de 30,9 pontos, 10,2 assistências e 8,5 rebotes. Em abril, 32,5 pontos, 8,1 assistências e 8,0 rebotes. Ironicamente, de certo para os mesmos críticos, quando somou 54 pontos (com quase incontáveis 43 arremessos), 9 rebotes e 8 assistências contra o Pacers, o Thunder saiu derrotado, e foi esse o revés que acabou tirando o time dos playoffs.

Mascarado, com marra e muita explosão em quadra

Mascarado, com marra e muita explosão em quadra

Atlanta Hawks, o MVP do mês
Depois de tantas performances individuais destacadas, que tal abrir um espacinho, então, para um esforço coletivo admirável? A NBA teve essa grande ao eleger todo o quinteto titular do Atlanta Hawks para o prêmio de MVP do Leste no mês de janeiro. Most Valuable Players, afinal. Sim, como você vai escolher um atleta num time em que as peças se encaixam perfeitamente? Korver atrai marcadores – e, se eles não comparecem, pune essa mesma defesa na linha de três. Jeff Teague quebra a primeira linha defensiva e passa justamente para Korver. Paul Millsap e Al Horford pontuam por todo o perímetro interno, são confiáveis nos rebotes e solidários. DeMarre Carroll tem de marcar os LeBrons da vida. Com esse conjunto, o Hawks terminou janeiro com 17 vitórias em 17 partidas e se tornou primeiro time da história a concluir um mês invicto.

MVP, MVP, MVP e MVP. Cheio de MVP

MVP, MVP, MVP e MVP. Cheio de MVP

Triplas prorrogações
A terceira semana de dezembro foi a prova máxima da brutalidade do Oeste da NBA, como Gregg Popovich pode confirmar. O Spurs teve dois jogos seguidos com três prorrogações, contra Grizzlies e Blazers. Foram mais de duas horas de basquete, e os atuais são campeões saíram derrotados em ambas. O Grizzlies, na véspera da batalha com o Spurs, havia batido o Golden State Warriors, encerrando uma sequência de 16 triunfos do líder da conferência. Um verdadeiro bangue-bangue.

Cirurgia candelada
LaMarcus Aldridge era para ter aumentado a lista de baixas da temporada. No dia 22 janeiro, o Portland Trail Blazers anunciou que o pivô precisava passar por uma cirurgia na mão esquerda, devido uma ruptura de tendão. A operação o tiraria de quadra por seis a oito semanas. Numa conferência tão competitiva, isso poderia significar uma derrocada para a equipe – sem menosprezar o talento de Damian Lillard, claro. Pois, 48 horas depois, Aldridge surpreenderia a torcida e a liga ao anunciar que ignoraria as recomendações médicas e seguiria em quadra. No mesmo dia, marcou 26 pontos e pegou 9 rebotes em vitória sobre o Washington Wizards. Nos dois jogos seguintes, somou 75 pontos e 22 rebotes. Demais. Wes Matthews, porém, não teve a mesma sorte. Não dá para ignorar uma cirurgia por conta de uma ruptura no tendão de Aquiles. Depois da cirurgia, porém, o aguerrido ala também mostrou como a química em Portland é algo especial: já com alta hospitalar, viu o time vencer o Houston Rockets fardado em casa:

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Vida em trânsito
O último dia para a realização de trocas na temporada foi uma verdadeira loucura, com um recorde de 39 jogadores e 17 times envolvidos, num total de 12 negociações.  Foi, na verdade, uma temporada com muitas mudanças.  Muita gente se antecipou e foi às compras mais cedo. Como o Dallas Mavericks, que acertou uma troca inesperada por Rajon Rondo em dezembro. O Boston Celtics, aliás, agitou geral, despachando sete atletas durante toda a campanha – o que só enaltece o papel do técnico Brad Stevens ao levar essa metamorfose ambulante aos playoffs. A negociação precoce de Rondo gerou um momento bacana também. Apenas duas semanas depois do negócio, Rondo retornou a Boston e recebeu bela homenagem no telão do Garden. Daqueles atletas de coração aparentemente pétreo, Rondo quase chorou. Quaaase:

A serventia da casa
Já Stan Van Gundy não teve paciência para esperar a data final de trocas, numa possível tentativa de encontrar um novo lar para Josh Smith. De forma abrupta, o técnico (e presidente) do Detroit Pistons decidiu demitir o talentoso, mas inconstante ala-pivô. Smith simplesmente não conseguiu se encaixar na rotação com Andre Drummond e Greg Monroe. Chegava a enervar o novo comandante e os torcedores com sua predisposição ao chute de três, sem pontaria alguma, e as diversas partidas com a cabeça nas nuvens. Em vez de procurar interessados, SVG usou sua autonomia total no clube e simplesmente comunicou a Smith que ele estava fora. Na rua, mesmo, causando espanto geral. O ala vai receber o seu salário na íntegra, mesmo prestando serviços para outro clube. De qualquer forma, com o movimento, o Pistons abriu espaço em sua folha salarial na próxima temporada, por ter, digamos, parcelado os vencimentos de Smith. A ver se a moda pega… (O Houston Rockets gostou e o contratou rapidamente. No Texas, tem rendido um pouco mais, sem dar trabalho nenhum dentro e fora de quadra.)

A saideira
Um campeonato desses só poderia terminar com uma noite eletrizante, com muita coisa em aberto. E Anthony Davis enfim conseguiu centralizar as manchetes ao liderar o New Orleans Pelicans a uma grande vitória sobre o San Antonio Spurs para assegurar sua estreia nos playoffs, tirando Westbrook do páreo. Com 31 pontos, 13 rebotes, 3 tocos, 2 assistências e 2 roubos de bola, ainda complicou a vida dos atuais campeões. A comemoração em N’awlins foi como a de um título. Mais que merecida: não só a temporada do jovem ala-pivô pedia mais atenção, como sua diretoria acabou premiada, depois de ver tantas transações questionadas surtirem efeito. Além disso, a classificação do Pelicans deixou a Divisão Sudoeste 100% nos mata-matas. Todos os seus cinco integrantes chegaram lá, sendo apenas a terceira vez na história que isso acontece e a primeira em nove anos. Com uma diferença: foi a primeira vez que todo o quinteto teve aproveitamento superior a 50% na temporada.

Faltou algo? Alguma memória particular?


Pelicans bate Spurs, vai aos playoffs e garante visibilidade a Davis
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Giancarlo Giampietro

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Um primeiro momento marcante para Anthony Davis

O torcedor do Oklahoma City Thunder não vai gostar da frase. Mas paciência: Anthony Davis fez justiça ao liderar o New Orleans Pelicans em uma grande vitória sobre o San Antonio Spurs, por 108 a 103, nesta quarta-feira. Uma vitória que o classifica pela primeira vez aos playoffs.

Antes que Russell Westbrook se irrite, explico: “justiça” aqui tem muito mais a ver com a atenção que o inestimável Monocelha vai receber do fã casual da NBA do que qualquer falta de merecimento dos rapazes de OKC. Ele pode ter sido eleito titular no All-Star Game em votação popular. Mas, estranhamente, não entrou na discussão pelo prêmio de MVP, por exemplo. É como se não contassem o prodígio do Pelicans entre os grandes ainda – somente para a festa. Na marra, ele se insere nesse grupo.

Wess e sua turma batalharam e fizeram sua parte na saideira da temporada, ao esmigalhar a garotada de Minnesota (138 a 111). Numa campanha acidentada, sem Durant e Ibaka, o controverso astro do Thunder também poderia receber uma vaguinha nos mata-matas como recompensa. Mas o alto nível da Conferência Oeste deixa vítimas pelo caminho. Na temporada passada, foi Goran Dragic. Agora… poderia ter sido Davis. Para alívio do gerente geral do Pelicans, Dell Demps, não foi o que aconteceu.

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O cartola tinha em mãos o atleta mais promissor a dar as caras na liga em muito tempo. Em vez de optar por uma construção lenta, gradual e segura, aos moldes do Thunder com Durant, acelerou a formatação de seu elenco ao buscar ‘jovens veteranos’ como Tyreke Evans, Jrue Holiday e Ryan Anderson. Por trás disso, havia uma urgência do proprietário do clube, Tom Benson, de 87 anos.

Para tanto, gastou escolhas de Draft sem pestanejar. A última delas serviu para tirar Omer Asik de Houston. No papel, tinha um bom time, competitivo – mas nada era garantido nessa brutal conferência. De qualquer forma, o Pelicans estava bem posicionado para o caso de a sorte ajudar um pouco. E aí vieram as lesões em OKC e os problemas de vestiário em Phoenix.

A exuberância atlética de Davis. Agora, nos playoffs

A exuberância atlética de Davis. Agora, nos playoffs

Ainda assim, por semanas e semanas, todo mundo se perguntava se a oitava posição ficaria entre Suns e Thunder. Era como se o basquete praticado em New Orleans fosse irrelevante – não era o caso. Um pecado: estavam ignorando uma campanha assustadora de Anthony Davis, o jogador mais eficiente da temporada. Que acabou de completar 22 anos em março. É mais jovem que Lucas Bebê e Jonas Valanciunas.

Então cá está o Monocelha, pronto para receber toda a atenção que o confronto com os darlings do Golden State Warriors vai propiciar. Um garoto, apenas, mas que já teve uma das temporadas estatísticas mais impressionantes da história. E que botou em prática esses talentos múltiplos contra o Spurs, saindo de quadra com 31 pontos, 13 rebotes, 2 assistências, 2 roubos de bola e 3 tocos, em 43 minutos. Tudo nos conformes: durante o campeonato, passou da marca de 30 pontos em 14 partidas; deu três ou mais tocos em 25 rodadas; pegou mais de 10 rebotes 38 vezes. Etc. Difícil entender como um jogador desse potencial e já com esse nível de produtividade pode ser, de certa maneira, ignorado.

Contra o Spurs, aproveitando da energia de sua torcida, sua equipe abriu 34 a 19 logo no primeiro quarto. Chegou a abrir 23 no segundo período e a liderar por 18 no terceiro. A artilharia pesada dos texanos, porém, deu um pouco de emoção ao duelo no período final, quando a vantagem despencou para quatro pontos (86 a 82). Os jovens anfitriões, contudo, resistiram, liderados pelo Davis, dos dois lados da quadra. Depois dessa, de certo não passarão mais despercebidos.

*   *   *

A derrota custou caro ao Spurs. Combinada com as vitórias do Houston Rockets e do Memphis Grizzlies, acabou empurrando os atuais campeões da segunda para a sexta posição no Oeste. No que isso vai dar? Um confronto com o potentíssimo ataque do Los Angeles Clippers. Não que Gregg Popovich, Tim Duncan, Ginóbili, Parker se intimidem com isso. Mas é claramente, hoje, um adversário mais forte, com todas as suas principais peças em quadra. O Rockets ficou com a vice-liderança e terá pela frente o Dallas Mavericks, para delírio daqueles que vibram com a rivalidade Mark Cuban-Daryl Morey, enquanto o Grizzlies subiu para quarto, para encarar o desfalcado Portland Trail Blazers.  Os playoffs ficaram assim:

1º Warriors x 8º Pelicans
4º Trail Blazers x 5º Grizzlies
2º Rockets x 7º Mavericks
3º Clippers x 6º Spurs

(Lembrando sempre que o Grizzlies, com melhores resultados, tem mando de quadra contra Portland.)

*   *   *

No Leste, o Brooklyn Nets deu um jeito de evitar um vexame total. Com a folha salarial mais custosa da liga, a equipe nova-iorquina venceu o Orlando Magic, viu o Indiana Pacers perder para o Memphis e garantiu a oitava e última vaga. O Chicago Bulls venceu o Atlanta Hawks – num duelo em que até mesmo Tom Thibodeau preservou seus atletas – e terminou em terceiro, na chave do Cavs.

Estamos assim, então:

1º Hawks x 8º Nets
4º Raptors x 5º Wizards
2º Cavs x 7º Celtics
3º Bulls x 6º Bucks

Apagadíssimo no início da temporada, o croata Bogdan Bogdanovic foi o grande nome da vitória derradeira dos Nyets, sobre o Orlando Magic (101 a 88), marcando 28 pontos em 34 minutos, tendo desperdiçado apenas cinco de 17 arremessos. Demora, mas os astros europeus se adaptam.

Já o Pacers fica pelo caminho devido a uma derrota para Memphis, por desvantagem no confronto direto com Brooklyn. A equipe de Frank Vogel é a versão do Thunder em sua conferência. Mútliplas lesões, inclusive envolvendo seu principal nome. Batalharam, dependiam apenas de seus próprios esforços nesta quarta, mas simplesmente não tinham armas para derrubar a fortaleza que é a defesa do Grizzlies com Marc Gasol em boa forma (95 a 83).

*   *   *

Não havia como escapar da insanidade. Coisas estranhas, beeem estranhas sempre acontecem na jornada de conclusão da temporada. De modo que Ron Artest certamente madrugou na Itália para conferir os descobramentos pela TV – ou, mais provável, pela grande rede, via League Pass.  Conhecendo o apreço que ala do Cantu tem pelas coisas malucas da vida, deve ter se divertido horrores assistindo a Philadelphia 76ers x Miami Heat. Um jogo bizarro pela natureza dos negócios da NBA, daqueles que ninguém tinha muitos incentivos para ganhar.

Michael Beasley brilha na hora... Errada?

Michael Beasley brilha na hora… Errada?

O Sixers, conforme os deuses do basquete já testemunham há anos agora, não anda tão interessado em obter vitórias imediatas. Contra o Heat, porém, o buraco era mais fundo: dependendo da loteria do Draft, a escolha de primeira rodada do clube da Flórida pode ser encaminhada para a Filadélvia (via Cavs). Para obter esse pick, precisam que ele não fique entre os dez primeiros lugares.

Daí que o time da Flórida entrou em quadra para fechar sua temporada tendo justamente a décima pior campanha da liga. Caso vencesse e o Brooklyn Nets perdesse para o Orlando Magic, os dois ficariam empatados na classificação geral. E aí a ordem seria definida na famosa moedinha. Melhor não depender disso, né? Erik Spoelstra decidiu, então, acionar apenas seis jogadores na partida. Mais: o único reserva a participar foi o veterano Udonis Haslem, por sete minutinhos, rendendo Zoran Dragic, o irmão caçula do Goran. (Para constar: Brett Brown jogou com sete caras, mas os dois reservas, Thomas Robinson e Hollis Thompson, tiveram 26 e 31 minutos.)

De resto, Michael Beasley, Henry Walker, Tyler Johnson e James Ennis jogaram todos os 48 minutos. Ainda assim, esses renegados tiveram perna para segurar uma reação dos adversários no segundo tempo, depois de terem vencido a primeira etapa por 18 pontos. Placar final:105 a 101. Beasley quase pôs tudo a perder, aliás, somando 34 pontos, 11 rebotes, 8 assistências, 2 tocos e 2 roubos de bola, com direito a 27 arremessos de quadra. Spo e Riley devem ter soluçado: “Mas é isso é hora de mostrar serviço?!”

Mas deu tudo, hã, certo. O Brooklyn venceu o Orlando e ainda entrou na zona dos playoffs, caindo para 15º no Draft. O Indiana ficou em 11º, com duas vitórias a mais que Agora… Não quer dizer que a escolha esteja garantida para Miami. Se, por um milagre (para uns) ou uma desgraça (para outros), algum dos times situados entre os 11º e o 14º lugares saltarem para o Top 3 no sorteio, Sam Hinkie vai receber mais um presentinho.


Prepare-se para uma noite insana de NBA. A temporada chega ao fim
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Giancarlo Giampietro

Não vai rolar de ter o Monocelha e o Wess nos playoffs

Não vai rolar de ter o Monocelha e o Wess nos playoffs

É raro, mas a NBA chega a sua última rodada nesta quarta-feira com uma boa carga de emoção para ser despejada na sua televisão – ou computador. Temos duas vagas de playoffs em aberto, uma em cada conferência, e também todo um estratégico posicionamento dos oito primeiros colocados para ser definido. Segue aqui, então, um guia básico do que esperar na saideira e mais algumas notinhas sobre esse desfecho de temporada. Se der tempo, e tem de dar, atualizo isso aqui mais tarde.

Critérios, critérios
Com tantas disputas equilibradas e a possibilidade de empate na classificação geral, o mais importante talvez seja ter em mente quais são os fatores que ordenam a tabela em caso de campanhas iguais. Preparado para copiar e colar?

1) Um campeão da divisão fica acima de outro time que não esteja no topo da sua divisão.
2) Confronto direto entre os envolvidos no empate.
3) Melhor campanha contra times de sua própria divisão (desde que os times sejam da mesma divisão).
4) Melhor campanha contra times da própria conferência.
5) Melhor campanha contra times dos playoffs da própria conferência.
6) Melhor campanha contra times dos playoffs da outra conferência.
7) Melhor saldo de pontos em toda a temporada

PS: no caso de empate tríplice ou quádruplo – e, glup, até isso foi possível um dia! –, os critérios são os mesmos, excluindo apenas o sexto.

O que tem de mais dramático?
A disputa pelo oitavo lugar tanto do Oeste quanto do Leste, claro.

Paul George tenta retornar aos playoffs, de última hora. Revanche contra Atlanta?

Paul George tenta retornar aos playoffs, de última hora. Revanche contra Atlanta?

Do lado do Atlântico, o Boston Celtics já tinha sua vaga certa desde segunda-feira. Nesta terça, ao vencer o Toronto Raptors com uma cesta no fim de Jae Crowder, assegurou que vai ficar em sétimo, agendando encontro com os LeBrons de Cleveland. Na terça, também tivemos o emocionante (ou quase) duelo entre Indiana Pacers e Washington Wizards, com triunfo do Pacers. Um triunfo que eliminou de vez o Miami Heat, atual tetracampeão da conferência. É apenas a segunda vez que Dwyane Wade não participa dos mata-matas em toda a sua carreira. Desde 2003.

O valente Pacers, então, está no páreo contra o Brooklyn Nets, tendo uma vitória a mais. Ambos vão para a quadra nesta quarta. Os rapazes eleitos por Larry Bird vão enfrentar o combalido Memphis Grizzlies, que ainda tentam uma boa posição para os mata-matas. Já o Brooklyn Basketball tem pela frente a garotada do Orlando Magic. Supostamente, a vida dos Nyets é mais fácil, né? Lembrem-se apenas que estamos falando de um time com 37 vitórias e 44 derrotas. Nada é fácil para esses caras.

Quer saber da ironia aqui? Lionel Hollins depende de uma vitória de sua ex-equipe, o Grizzlies, e de seu ex-assistente, Dave Joerger, com quem hoje não mantém das melhores relações. Caso o Indiana vença, está dentro. Se perder, precisa torcer para Elfrid Payton, Nik Vucevic etc., uma vez que o time nova-iorquino conta com a vantagem no desempate por confronto direto.

(Sobre a vitória do Pacers em dupla prorrogação contra o Wizards? Nas palavras de Charles Barkley, foi “o jogo mais entediante sob essas condições na história da NBA”. O placar? Um singelo 99 a 97. Segundo Ben Golliver, da Sports Illustrated, o mínimo que uma equipe havia marcado até esta terça-feira em 58 minutos de basquete eram 107 pontos. Afe. Então tem isso: a briga de Indy está sendo bonita, considerando tudo o que  os caras enfrentaram na temporada, mas ainda estamos falando de um time bastante limitado, que, numa conferência minimamente mais competitiva, estaria fora há tempos.)

Do outro lado do país, temos a briga de foice entre New Orleans Pelicas (hoje em vantagem também devido ao retrospecto no duelo) e Oklahoma City Thunder. Quer dizer: a NBA vai ficar sem Anthony Davis ou Russell Westbrook nos mata-matas para classificar um time capenga do Leste. Detalhe: estivessem na conferência concorrente, tanto Monocelha como Wess veriam seus times posicionados no sexto lugar. Mesmo um Phoenix Suns em plena decadência e o emergente Utah Jazz levariam a melhor. É demais.

O Pelicans é aquele que tem a missão mais difícil da noite, precisando se virar contra o San Antonio Spurs. Ao que tudo indica, Gregg Popovich não vai poupar ninguém, querendo garantir a segunda posição do Oeste – o que não só rende mando de quadra nas duas primeiras rodadas como serve para evitar o Golden State Warriors até uma eventual final de conferência. Já OKC enfrenta a versão fraldinha e D-Leaguer do Minnesota Timberwolves, com Andrew Wiggins e Zach LaVine dominando a bola, escoltados por Justin Hamilton, Lorenzo Brown e afins.

Westbrook depende de uma vitória própria e um triunfo do Spurs. Só não perguntem a ele se ele vai torcer por San Antonio:

E o que mais?
Falta definir o emparelhamento dos playoffs. De garantido, no Oeste, temos: Golden State Warriors primeiro, Portland Trail Blazers quarto e Dallas Mavericks sétimo. E só.

(Dando um tempo para você rir, enquanto assimila a informação…)

Pronto, deu, né?

Faça chuva ou faça sol, o Blazers de LaMarcus entrará nos playoffs em quarto – mas sem mando de quadra

Faça chuva ou faça sol, o Blazers de LaMarcus entrará nos playoffs em quarto – mas sem mando de quadra

O Los Angeles Clippers ocupa hoje a segunda posição da conferência, tendo concluído sua campanha já com 56 vitórias e 26 derrotas, mas precisa esperar o desfecho da rodada. O certo é que, no mínimo, o novo primo rico angelino fica em terceiro. Caso o San Antonio Spurs vença, assume a vice-liderança. Se ambos os texanos vencerem, o Rockets fica em quarto, com o Memphis Grizzlies em quinto. O Rockets pode, porém, passar seu rival texano, dependendo de um tropeço deles contra o Pelicans, subindo para segundo – superando o Clippers por ser campeão de Divisão. Já o Grizzlies torce contra a dupla texana, mesmo, por levar a melhor no desempate contra ambos, podendo subir para terceiro, abaixo de LAC.

Isso, claro, desde que todos esses times pretendam realmente ficar o mais alto possível na tabela. Com tantas lesões que abalam a rotação de Stotts em Portland, de McHale em Houston e de Joerger em Memphis, não duvido que um time ou outro “escolha” o adversário. Enfim. É tudo muito complicado e talvez nem dê para optar por nada. Peguem o Spurs por exemplo: o time cai para terceiro se perder e o Rockets também. Fica em quinto se perder, Rockets vencer e Grizzlies perder. E termina em sexto se perder e os outros dois triunfarem. Vai arriscar o quê?

O posicionamento do Blazers em quarto volta a levantar a discussão em torno da importância dos títulos de Divisão. A organização ainda procura dar valor para isso – jogadores, técnicos, dirigentes e a comunidade em geral parecem que não. E aí temos o único representante do Noroeste garantido nos playoffs em uma situação confortável. Se fosse ranqueado apenas por seus resultados, o time estaria em sexto. Ainda com uma bela campanha de 51 ou 52 vitórias, mas abaixo dos demais concorrentes. Por ter faturado sua Divisão, se posiciona obrigatoriamente entre os quatro cabeças-de-chave – mesmo que não tenha mando de quadra na primeira rodada, já que tem aproveitamento pior que o de Spurs, Rockets e Grizzlies, independentemente do desfecho nesta quarta. Dá para entender? Claro que não. Sua única vantagem é escapar de um confronto logo de cara com os dois primeiros da conferência. Que puxa.

No Leste, as coisas são mais simples: Atlanta em primeiro, Cleveland em segundo, Washington em quinto, Milwaukee em sexto, Boston em sétimo. A terceira posição fica entre Chicago ou Toronto, com o Bulls dependendo apenas de seus esforços – ou de uma derrota do clube canadense. Se perderem, o Raptors garante o terceiro lugar no desempate por ter vencido a Divisão Atlântico desde o início de dezembro. Mas também fica a dúvida: para o Bulls, que se julga candidato ao título, qual caminho é o menos desagradável: ficar na chave de Hawks ou Cavs? Para o Raptors, a impressão é que eles adorariam enfrentar o Wizards, um time que conseguiu domar durante a temporada.

Intocáveis, ou quase
Sim, foi uma conferência novamente brutal. No geral, os times do Oeste tiveram aproveitamento de 58,4% contra os do Leste, com 262 vitórias e 187 derrotas. Por outro lado, muitos de seus supertimes perderam um pouco de fôlego nessa reta final de temporada devido ao excesso de lesões.

Wesley Matthews, Patrick Beverley e Donatas Motiejunas estão definitivamente fora da temporada. Arron Afflalo pode perder uma semana de playoff, ou até mais, dependendo da recuperação. LaMarcus Aldridge já deveria ter feito uma cirurgia por conta de uma ruptura de tendão na mão direita. Se OKC passar, não terá Kevin Durant, enquanto um eventual retorno de Serge Ibaka ainda é um mistério. Fosse início de temporada, com dores no tornozelo e no pulso, Mike Conley Jr. não estaria jogando. Marc Gasol torceu o tornozelo há duas partidas. Tiago Splitter voltou a sentir a panturrilha, ainda que, segundo o Spurs, não é nada grave. Chandler Parsos está novamente fora de ação, com problemas no joelho – também há gente que assegura que o vestiário do Mavs está, hã, fraturado. Do Clippers a gente nem fala, pois é como se Doc Rivers tivesse um banco inteiro de gente lesionada – “só que não”. Apenas o Golden State Warriors parece intactos (ao menos oficialmente intactos).

(Sud)Oeste selvagem
Agora, se a gente for usar uma lupa para observar o desfecho da temporada e o desequilíbrio interconferências, é para notar na hora que a grande responsável pelo desnível na balança é a pesadíssima Divisão Sudoeste. Se os Monocelhas vencerem nesta quarta, os cinco times dessa divisão estarão nos playoffs. Algo que não acontece desde 2006 (Divisão Central), restando duas vaguinhas para a do Pacífico (Warriors, Clippers) e uma para a do Noroeste. Coisa de louco.  No geral, contra o Leste, os times quinteto sustentou um aproveitamento de 68,5% – e 60,5% contra os irmãos do Oeste.


Euroligado: status quo nas quartas de final
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Giancarlo Giampietro

Devin Smith: 28 pontos (7/10 de três) e 7 rebotes para garantir o Maccabi em Berlim

Devin Smith: 28 pontos (7/10 de três) e 7 rebotes para garantir o Maccabi em Berlim

No final, depois de uma boa dose de suspense, a Euroliga chega aos seus playoffs com oito equipes tradicionalíssimas. Oito equipes que qualquer apostador talvez pudesse acertar sem problemas caso registrasse seus palpites no início da temporada. Não houve espaço para surpresas, de fato. Pelo Grupo E, passaram, pela ordem: Real Madrid, Barcelona, Maccabi Tel Aviv e Panathinaikos. Pelo Grupo F, tivemos CSKA Moscou, Fenerbahçe, Olympiakos e Anadolu Efes.

O cruzamento é o tradicional, agora: primeiro contra quarto, segundo contra terceiro, tendo mando de quadra os cabeças-de-chave 1 e 2. Dá o seguinte:

Real x Anadolu
Barça x Olympiakos
CSKA x Panathinaikos
Fener x Maccabi

Só jogaços, mesmo. Difícil até escolher qual a série mais intrigante. A princípio, talvez Barça x Olympiakos. Mas qualquer uma dessas séries pode chegar ao quinto e derradeiro jogo tranquilamente. Ou melhor: nem tão tranquilo assim, né? Com muito estresse para ambas as torcidas.

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Juntos, os oito finalistas somam 31 títulos continentais. Os únicos que não venceram a competição são Fenerbahçe e Anadolu Efes, a dupla turca. Isso pode apontar uma “falta de tradição” em suas camisas, é verdade. Mas não se iludam: são dois dos maiores orçamentos da Europa. Orçamento que valeu para tirar do ostracismo as mentes geniais dos sérvios Zeljko Obradovic e Dusan Ivkovic, técnicos que, por conta própria, somam dez troféus. São oito para “Zoc” e dois para o “Duda”, o aprendiz e o mentor, comandantes respectivamente de Fener e Anadolu.

Como chegamos aqui?

Bem, havia três vagas em aberto na última rodada, vocês sabem. No Grupo E, Maccabi e Panathinaikos se garantiram depois de o clube israelense ter vencido o Alba Berlin, fora de casa, por 73 a 64. Os visitantes, atuais campeões, controlaram o placar praticamente o jogo inteiro, mas tiveram de suar para assegurar o triunfo no quarto final. A quatro minutos do fim, a vantagem era apenas de três pontos. Foi aí que o ala Devin Smith desequilibrou as ações, com chutes de longa distância. O americano, que teve seu contrato renovado, será daqueles que, ao se aposentar, vai poder se estabelecer em Tel Aviv, caso queira, e virar dirigente/embaixador do clube.

Estrela está fora, mas se despede fazendo festa com sua torcida fanática

Estrela está fora, mas se despede fazendo festa com sua torcida fanática

Com o resultado, o Panathinaikos foi para a quadra em Belgrado já classificado. Ufa! Pois, no que dependia de seus próprios esforços, as coisas poderiam ter complicado: os gregos perderam para o jovem e eliminado Estrela Vermelha por 69 a 68. Tivesse o Alba vencido, e o revés na capital sérvia teria resultado em sua eliminação. Mas, ok, damos um desconto aos verdes: a sensação de relaxamento é inevitável – mesmo que eles tenham batalhado até o final da partida e saíram derrotados.

Foi mais uma grande exibição de Boban Marjanovic, com 12 pontos, 16 rebotes e 3 assistências. O gigante sérvio deveria receber o prêmio de MVP do campeonato – mas talvez fique para trás na votação devido ao fato de sua equipe ter parado no Top 16. Resta saber se o Estrela Vermelha vai conseguir manter sua base para a próxima temporada. Marjanovic, Nikola Kalinic (14 pontos e 4 rebotes), Luka Mitrovic (11 pontos, 8 rebotes, 6 assistências e 3 roubos de bola) e Jaka Blazic (11 pontos) são todos caras de muito futuro e que vão certamente chamar a atenção dos clubes mais ricos – ou mesmo da NBA.

Pelo Grupo F, somente a quarta vaga esteve em jogo, e o Anadolu precisou de uma tremenda força do Unicaja Málaga para evitar um vexame. Por mais que Ivkovic anunciasse que seu elenco estava sendo moldado para lutar pelo título daqui a um ano, cair na segunda fase seria um fiasco indiscutível.

No clássico turco, seu time foi derrotado pelo Fenerbahçe por 83 a 72. Foi um duelo muito parelho. O Fener, jogando em casa, abriu 11 pontos no primeiro quarto. Mas o Anadolu chegou a assumir a liderança, por 61 a 59, no quarto período. Acontece que os cestinhas Andrew Goudelock (24 pontos em 26 minutos, sensacional, acertando quase tudo que atirou para a cesta) e Bogdan Bogdanovic, nosso estimado Bogdan-Bogdan, (17 pontos) desequilibraram nos minutos finais. Para anotar: este foi o 37º duelo entre times dirigidos por Obradovic e Ivkovic. “Zoc”, que já foi armador de Ivkovic em seleções iugoslavas dos anos 80, agora leva a melhor no retrospecto, num retrospecto equilibradíssimo: 19 x 18.

Com isso, o Laboral Kutxa tinha a chance de completar sua reação minutos mais tarde. Mas o Málaga de Joan Plaza, lanterna da chave, mostrou caráter e competitividade diante de seus torcedores, vencendo por 93 a 84. O líder da Liga ACB controlou o placar do início ao fim. Ryan Toolson, sobrinho de Danny Ainge, marcou 17 pontos e comandou um ataque solidário, que teve todos os seus 12 jogadores relacionados fazendo ao menos uma cesta. Em grande fase, o ala-armador francês Fabien Causuer somou 21 pontos, 7 rebotes, 2 assistências e 2 roubos de bola em vão. Tivesse vencido, o clube basco avançaria.

Veja as 10 melhores jogadas da fase Top 16:


Georginho encara semana pré-Draft crucial com a concorrência aumentando
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Giancarlo Giampietro

Foi legal ver Georginho, 18, duelando com Guilherme Santos, 17. Talentos que pedem toda a atenção possível

Georginho mostrou serviço pela LDB durante toda a temporada. Agora, chega a Portland para impressionar

Ele já foi observado por pelo menos dez clubes da NBA no Brasil, em quadras brasileiras. Agora, porém, tendo chegado a Portland para a disputa do Nike Hoops Summit no próximo sábado, o jovem armador do Pinheiros vai muito provavelmente ser observado por executivos, treinadores e scouts de todos os clubes da liga norte-americana. “O evento vai ser crucial para ele”, afirma ao VinteUm o executivo de uma equipe, que já o vem observando, mas ainda não o assistiu ao vivo.

Para encarar uma semana dessas, o armador passou um tempo na badalada academia IMG, na Flórida, ao lado do ala Lucas Dias. Teve treinamento do bom e do melhor – e dos mais exigentes –, além de, tão ou o mais importante, fazer um intensivão de inglês. Está preparado. Agora é hora de ir para a quadra e mostrar seus talentos bastante promissores (força física, altura, envergadura e uma fluidez com a bola avançada para alguém de sua idade – características apresentadas já aqui no blog) e os reflexos desse período de treinamento. A expectativa é a de que, concluída as atividades, que ele tenha consolidado e, quem sabe, catapultado seu status como escolha de primeira rodada no próximo Draft da NBA.

>> Apresentando Georginho, o próximo alvo da NBA
>> Lucas Dias: da impaciência ao desenvolvimento
>> Georginho e Lucas Dias vão declarar nome no Draft

Para o alto e avante?
Segundo múltiplas fontes consultadas, gente em constante contato com os treinadores da IMG, as duas semanas de treinos puxados de Georginho foram um sucesso. O brasileiro até mesmo surpreendeu o experiente estafe da academia. A sensação desses treinadores é que sua cotação vai crescer rapidamente após o Hoop Summit. “Ele jogou partidas de 5 contra 5 por lá com alguns americanos já formados e outros atletas de alto nível do high school e era o melhor em quadra”, afirmou um scout da NBA. Em relação ao inglês, a sensação é de que George entende tudo o que é passado para ele, mas que tem dificuldade na hora de se expressar. Lembremos, todavia, que, até mesmo em sua língua nativa, o armador é um garoto de poucas palavras, que costuma ir direto ao ponto.

Sobre Lucas Dias? O ala também pleiteava uma vaga no prestigiado evento para categorias de base, mas a organização limitou toda a América do Sul para uma só vaga. Aí ficou difícil. De qualquer forma, a jovem promessa do Pinheiros também está na mira dos olheiros, fez barulho na Flórida e volta ao clube paulista muito mais confiante e preparado para ajudar o time do técnico Marcel de Souza nos playoffs. Depois, há diversos caminhos a serem seguidos: treinos com as equipes nos Estados Unidos, o adidas Eurocamp em Treviso. Tudo ainda indefinido.

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O importância do Hoop Summit
De um lado, agrupam jogadores dos Estados Unidos. Do outro, a gringaiada – mas também com diversos atletas que já atuam por lá, ainda no High School. George Lucas Alves de Paula entrou nesse grupo, o que já é um privilégio e tanto. A semana de treinos em meio à elite de sua geração será fundamental para as pretensões do versátil atleta de apenas 18 anos. Mais até que a partida do sábado, dizem os scouts.

O diferencial: a turma da NBA é proibida de acompanhar as sessões práticas dos jogadores americanos, devido a regras estabelecidas pela própria liga no contato com jogadores abaixo do limite de idade permitido para o Draft. Os chamados underclassmen. Essa restrição não vale para os europeus, asiáticos, australianos etc. Nem para Georginho, que, desta forma, vai ser analisado em tempo integral por muitos tomadores de decisão dos clubes.

A desenvoltura nos exercícios, nos coletivos, a linguagem corporal, a dedicação e a comunicação com os companheiros… São muitos os fatores para serem avaliados, que você pode sacar muito mais no dia-a-dia de atividades do que em minutos limitados no jogo. Muitos olheiros já o conhecem também desde a Copa América Sub-18 do ano passado, realizada em Colorado Springs, ou do Nike Global Challenge, disputado em Chicago. Mas o contato e a exposição em Portland serão muito maiores, a apenas dois meses e meio do Draft.

Jamal Murray deve ser uma das referências no time internacional

Jamal Murray deve ser uma das referências no time internacional

Em Portland, Georginho vai ter os seguintes garotos como concorrentes diretos na posição de armador: Jamal Murray (Canadá/Athlete Institute, 1,95 m, 1997), um armador que brilhou no Basketball without Borders de Nova York, Federico Mussini (Itália/Reggio Emilia, 1,80m, 1996) e Stefan Peno (Sérvia/Barcelona, 1,98m, 1997). É esse o grupo de atletas que, basicamente, vai dividir as tarefas de armação, criação de jogadas na seleção internacional. O interessante é que esta não será a primeira vez que o brasileiro enfrenta jogadores de ponta internacional. Como ele próprio disse ao VinteUm, a experiência contra os canadenses na Copa América serviu para abrir, e bem, os olhos. Vai estar bem mais preparado – e o período na IMG só facilita essa transição, num trabalho bastante inteligente por parte de seus agentes – Eduardo Resende, da EW Sports, e Alex Saratsis, da Octagon.

Dependendo do grau de sucesso que tiver em quadra, o brasileiro pode se fixar de vez na primeira rodada do Draft e, quiçá, entre os 15, 20 primeiros, ou até mesmo ter que adiar os planos de ingresso na liga norte-americana. Sim, as coisas podem variar a esse ponto. Esses são os extremos, porém. Em meio aos sites especializados, a cotação de Georginho ainda não é consistente. O DraftExpress, referência no segmento, o coloca como o 31º melhor candidato deste ano. Em sua projeção, porém, exclui dois atletas que estariam acima na tabela e não se alistariam neste ano, fazendo com o que ele suba para 29º. Isto é, estaria na chamada “bolha” da primeira rodada.  O ESPN.com, com Chad Ford, o lista apenas como o 74º prospecto.

Porém, basta que um só clube se encante pelo jogador, assim como aconteceu com o Toronto Raptors e Bruno Caboclo no ano passado,  para que tudo mude. Não há dúvida que Georginho tem potencial de monte e existe sempre com a possibilidade de uma “promessa” para acontecer – quando um dirigente se compromete com jogador e agente de que vai selecioná-lo de qualquer forma no recrutamento de calouros. As coisas são muito voláteis e dependem de uma série de outros fatores, porém: se Georginho e seus agentes só vão aceitar uma proposta de primeira rodada; se preferem a segunda ronda, com maior flexibilidade de contrato, podendo optar por uma equipe que até mesmo tenha um plano mais adequado para o garoto; se o time vai querer usá-lo já na próxima temporada em vez de mandá-lo para a Europa ou mantê-lo no Brasil. Etc. etc. etc.

Jerian Grant, quatro anos mais velho que Caboclo e "concorrente"

Jerian Grant, quatro anos mais velho que Caboclo e “concorrente”

Concorrência aumentando
Para se ter uma ideia, contudo, da volatilidade do Draft, basta ver a classe de armadores que deve se candidatar este ano. Se você fosse conversar com os executivos da liga no início da temporada, ou até mesmo há uns quatro meses, poucos se mostrariam animados com as perspectivas de selecionar um ‘baixinho’ neste ano. Isso pesava a favor de Georginho, um garoto cheio de talento para ser explorado e bastante jovem. Acontece que, agora em abril, o cenário mudou bastante. “Exatamente”, diz um scout da liga. “A posição está muito melhor do que parecia antes de a temporada começar.”

Jerian Grant (Notre Dame), Kris Dunn (Providence), Tyus Jones (Duke), Delon Wright (Utah), Cameron Payne (Murray State) e Terry Rozier (Louisville) são os universitários que ganharam (mais) fama. Quem é quem? Esse mesmo scout, que trabalha para uma equipe da Conferência Oeste, nos ajuda a entender quem são os caras mais falados no momento, para a metade da primeira rodada e as posições finais – sobre Emmanuel Mudiay e D’Angelo Russell, nem precisamos nos entender muito, já que são candidatos até mesmo para pick número um.

“Tanto Grant como Wright são seniors já provados e testados, controladores de jogo estáveis que vão ser valorizados por clubes que estejam vencendo neste momento. São meio que apostas seguras”, disse. “Dunn é um nome que está na moda hoje devido a sua capacidade atlética. Já a cotação de Payne está decolando neste momento: ele passa a bola tão bem como qualquer outro armador no Draft”, avalia. O tampinha Tyus Jones está tendo uma grande vitrine no Torneio Nacional da NCAA, ao lado de Jahlil Okafor e Justise Winslow, ambos praticamente garantidos como escolhas top 7 no Draft. Se Duke vencer o título, não teria muito incentivo a retornar para um segundo ano. Já Rozier, bastante explosivo e de pouca leitura de jogo, também foi longe no mata-mata e, segundo Rick Pitino, vem de uma situação familiar muito difícil, que força sua entrada no Draft, ainda que pudesse usar um ano a mais para crescer.

Na opinião de outro scout da Conferência Oeste, não podemos nos concentrar apenas em armadores – afinal, claro, há times que ignoram necessidades em seu elenco e simplesmente optam pelo melhor talento disponível. “A classe em geral deste Draft é muito forte. Talvez melhor que a do ano passado”, avisa. Para ele,  porém, o potencial de Georginho ainda pode fazer a diferença. “Há diversas opções de prospectos para a posição de armador, sim, mas acho que os treinos do Georginho ainda podem impulsioná-lo para uma vaga na faixa entre as 15ª e 30ª posições”, afirmou. “Ele vai para uma equipe com tempo para desenvolvê-lo.”

Efeito Caboclo?

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Estou apurando por aqui, mas não dá para cravar nada. Ainda. Tenho ouvido de fontes envolvidas com o Draft, tanto agentes como scouts, que podemos ter um elevado número de brasileiros declarados neste ano. A contagem pode ser de até cinco – três além de Georginho e Lucas Dias, no caso. Para eles, seria um ‘efeito Bruno Caboclo’, depois de o Raptors ter surpreendido a liga no ano passado ao escolhê-lo na 20ª posição. Não convém ainda divulgar estes nomes, até por não ter nada garantido. Dois deles seriam representados pelo WMG, o Wasserman Media Group, a maior agência no que se refere ao basquete americano.

Fora a especulação, creio que o mais relevante aqui é que o Brasil voltou a entrar no radar da NBA. Os clubes da LDB já se acostumaram com a visita dos olheiros por aqui durante a temporada. É um tema que merece ser explorado em mais detalhes aqui. Vamos esperar a lista oficial de candidatos.

Para constar: apenas os jogadores nascidos entre 1996, como no caso de Georginho), e 1994 podem se inscrever no recrutamento de novatos da NBA. Aqueles que nasceram em 1993, como Leo Meindl e Henrique Coelho, têm participação automática nesse processo, já que vão completar 22 anos agora, que é o limite para os atletas estrangeiros. Leo Meindl, de Franca, e Henrique Coelho, de Minas, se enquadram nesse grupo, por exemplo. A exceção, entre os garotos do NBB, é o pivô Lucas Mariano, que se candidatou no ano passado, mas acabou não sendo selecionado.


NBB 7 termina 1ª fase com líderes mais poderosos e nota de corte menor
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Giancarlo Giampietro

É, amigos, chegamos.

Chegamos à aquela fase do ano em que você fica maluco. Tem muita coisa acontecendo, é difícil dar conta. É mata-mata para tudo que é lado – algo que já vem, claro, das Loucuras de Março. NBA, NBB, Euroliga, Liga ACB, brasileiros se preparando para o Draft… Se o namorado ou a namorada forem novos, melhor avisar com cuidado. Se a relação é de longa data, bem, a fiel companhia, presume-se, sabe o que lhe espera. É um período de reclusão social, conversa com a TV, que provavelmente faz mal à saúde. Ao menos para o coração. No caso de jornalistas, a incidência de tendinite tem um aumento de 870%. Salve-se quem puder.

Então é hora de respirar fundo. Aqui, vamos nos concentrar um pouco no que se passa com o NBB.

O Bauru, de Hettsheimeir, terminou na ponta, com a melhor campanha da história do NBB

O Bauru, de Hettsheimeir, terminou na ponta, com a melhor campanha da história do NBB

A rapaziada ao menos tem, imagino, o resto do feriadão para descansar um pouquinho. Aí é usar a semana para treinar e estudar o adversário. Que, no fim de semana, começam os playoffs, com a interessante forma de dar uma folga prolongada aos quatro melhores da tabela, ao passo que mais times têm sua temporada estendida: os confrontos decisivos começam com cruzamento entre os times situados entre as 5ª e 12ª posições, pela ordem: Minas, Paulistano, Pinheiros, Franca, Palmeiras, Brasília, São José e Macaé. Bauru, Limeira, Flamengo e Mogi das Cruzes vão assistir a tudo.

Ao batermos o olho na classificação final, nota-se, primeiro de tudo, que a nota de corte caiu. O Macaé, com um projeto bonito, que vai muito além adulto, tem de comemorar muito a chance de participar da fase final do NBB pela primeira vez. Mas a verdade é que avançou um aproveitamento baixo, de 30%, com 21 derrotas em 30 jogos. Na edição passada, foram eliminados em 13º, mas 40,6%. Se tivesse mantido o ritmo, neste ano, teriam terminado acima do Brasília, em 10º.

Essa queda de rendimento acompanha os três clubes que estão acima da tabela, aqueles que, num formato mais tradicional, nem teriam jogado a fase decisiva. Os nomes mudaram, mas os 9º, 10º e 11º lugares passaram, respectivamente, de 46,9% para 43,3% e 40% no caso dos últimos dois. Juntos, esses caras haviam conseguido 45 triunfos na sexta edição do campeonato nacional. Dessa vez, ficaram em 37. E, ok: sabe-se que a temporada 2013-2014 teve um clube a mais – por tanto, um adversário a mais para ser batido. Se formos descontar, então, eventualmente, uma derrota de cada um desses três classificados, ainda seriam 42.

Para onde foram essas vitórias? Naturalmente, lá para o topo da tabela. Os ponteiros ficaram mais fortes, capitaneados pela campanha incrível do Bauru, a melhor da história do NBB, com 28 vitórias e 2 derrotas (93,3%). Aliás, aqui também cabe um asterisco: uma dessas derrotas aconteceu na rodada de estreia, para o Brasília, aconteceu com o elenco de ressaca pela conquista da Liga Sul-Americana. Não obstante, o time de Guerrinha ainda estabeleceu um recorde de 25 vitórias seguidas pela competição. Contando a conquista da Liga das Américas, são, na real, 33 jogos de invencibilidade.

O Flamengo viu a concorrência no topo aumentar. Limeira termina em 2º. Crédito: Gilvan de Souza

O Flamengo viu a concorrência no topo aumentar. Limeira termina em 2º. Crédito: Gilvan de Souza

Mas não foram apenas os bauruenses a elevar o patamar. O Limeira, segundo colocado e a segunda equipe a ter batido os líderes, encerrou sua primeira fase com 83,3%, acima dos 71,9% do Paulistano do ano passado. O terceiro lugar subiu de 65,6% do Brasília para 76,7%, do Flamengo, enquanto o quarto foi também dos 65,6% do Limeira para 70% do Mogi. O que isso dá a entender? Que as equipes que passarem pelas oitavas de final vão ter vida muito complicada na fase seguinte.

Esta é uma boa hora, aliás, para  registrar aqueles que mais cresceram de uma temporada para a outra. Reforçado, com excelente química em quadra, o Bauru elevou em 37% seu aproveitamento (para constar: estou comparando aqui diretamente o número final das campanhas, subtraindo 56,3% de 93,3%. Também com um orçamento muito mais robusto, Mogi deu um salto significativo, de 26,2%. O time de Paco García até foi um dos semifinalistas do ano passado, mas lembrem-se que isso aconteceu de modo surpreendente, derrubando favoritos nos mata-matas, para o qual havia se classificado na última posição. Já o Minas retorna aos playoffs com um ganho de 25,4%.

E quais foram os clubes que caíram? O Brasília, tricampeão, despencou 25,6%. O São José, semifinalista do NBB 6, perdeu 19,4%. O Paulistano, 15,2%. Ainda assim, avançaram. O Basquete Cearense, porém, com menos verba, perdeu 20,2 pontos percentuais e flertou com o rebaixamento – o que seria um duro golpe para o campeonato, levando em consideração seu posicionamento estratégico no Nordeste.

O Brasília de Giovannoni se viu numa incômoda posição. Crédito: Brito Júnior

O Brasília de Giovannoni se viu numa incômoda posição. Crédito: Brito Júnior

Em termos de localização geográfica, a galera de São Paulo prevaleceu, assegurando seis dos primeiros oito lugares, com Flamengo e Minas sendo os penetras, e três dos quatro primeiros. Por outro lado, viu a Liga Sorocabana rebaixada. É bom lembrar que nunca um clube paulista foi campeão nacional na fase do NBB, tendo amargado três vices com Franca, São José e Paulistano, respectivamente, em 2011, 2012 e 2014. Nas versões anteriores do campeonato nacional, o estado havia conseguido mais que o dobro de todos os seus concorrentes juntos, com 33 x 15. O último título foi o de Ribeirão Preto, em 2003. Agora vai?

O Bauru é claramente o favorito agora e tem grandes chances de acabar com esse jejum, ainda mais com a final sendo disputada em uma série melhor-de-cinco, em vez de um jogo único. Mas vocês sabem, né? O jogo é jogado, como já disseram os outros. Até lá, tem muita coisa pela frente. Em breve voltamos com uma passarada sobre as primeiras séries.

Isso se a Senhora 21 e a tendinite permitirem.


Rumo ao Draft, Georginho e Lucas Dias treinam intensamente nos EUA
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Giancarlo Giampietro

Em meio a treinos puxados, ainda pode rolar um mimo ou outro para George e Lucas

Em meio a treinos puxados, ainda pode rolar um mimo ou outro para George e Lucas

Tem hora que você sai de quadra exausto, pregado. Mas sabe que, logo mais, daqui a algumas horinhas, vai começar tudo de novo. Você vai repetindo as sessões diariamente, até que chega uma hora que o corpo acostuma e você passa a notar a diferença. Entende para onde está processo está te conduzindo, num momento muito importante, que pode até definir sua carreira.

Se tudo der certo, deve ser isso que passa pela cabeça de qualquer prospecto candidato ao Draft da NBA. A concorrência, todos sabem, é duríssima. Para encarar essa disputa, então, é preciso dar um duro danado. Tem de abraçar a causa, e foi justamente o que Georginho e Lucas Dias fizeram nos últimos dias nos Estados Unidos, acelerando sua preparação para o recrutamento de calouros da liga norte-americana.

As duas revelações do Pinheiros foram liberadas pelo clube para um período de treinamento específico na badalada academia IMG, localizada na Flórida, para fazer um trabalho completo. Seja no aprimoramento de fundamentos, na desenvoltura atlética e também em aulas intensivas de inglês a qualquer hora que estiverem fora de quadra ou da academia. É o tipo de treinamento que conta muito para o Draft – mas que, se bem executado, tem um efeito duradouro para a carreira também.

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>> Georginho e Lucas Dias vão declarar nome no Draft

Não se trata de mágica. Não é que obrigatoriamente os atletas se alistem ao programa e saiam de lá evoluídos. A ideia é que eles recebam instruções valiosas, sim, e reflitam e trabalhem em cima de carências. No mínimo, contudo, o que os jovens jogadores aprendem é sobre o quanto seus limites podem expandir, em termos de intensidade e resistência. Essa nova perspectiva foi o que mais chamou a atenção dos garotos brasileiros em treinos aplicados por um estafe experiente, dirigido por Kenny Natt, técnico de vasta experiência na NBA, e outros treinadores, com destaque para Dan Barto, que, segundo fontes muito qualificadas para falar do processo, é reconhecido como um dos melhores do ramo no desenvolvimento de fundamentos.

As sessões começaram no dia 23 de março e vão durar até este sábado. No domingo, então, vão tomar rumos diferentes. George seguirá para Portland, aonde vai disputar o Nike Hoop Summit, rodeado por alguns dos melhores jogadores de sua geração. Já Lucas pegará o voo de volta a São Paulo para se reintegrar ao Pinheiros e se preparar para os playoffs.

(Antes de mais nada, acho normal a liberação do clube paulistano. É um investimento, na verdade: se os jogadores forem draftados, podem render, juntos, mais de US$ 1 milhão em multa contratual, uma bela grana com o câmbio do jeito que anda. Caso declarem seus nomes e retornem, no mínimo voltarão com uma bagagem maior. Além disso, não é que os dois atletas sejam, hoje, peças integrais na rotação de Marcel de Souza. Pelo contrário. A baixa provavelmente influencia mais na rotina de treinos. Fora isso, não vejo no que a equipe sairia perdendo.)

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Em seu site, a IMG conta um pouco sobre a rotina geral pela qual os prospectos passam: duas sessões de treinos por dia, específicas para a posição e também gerais; um treino mais voltado para a performance atlética; um programa nutricional bem monitorado; psicólogos prontos para trabalhar com os atletas em ‘detalhes’ como concentração e confiança, ajudando-os a encarar a carga pesada de exercícios; análises posteriores de vídeos de suas sessões, para maior didatismo na correção de seus movimentos. Tudo o que você poderia pedir. Sem contar a infraestrutura com duas quadras oficiais de NBA, tanto em termos de medida como em qualidade de piso, divididas em 12 estações para ensino.

Desnecessário dizer que Georginho e Lucas ficaram maravilhados com essa nova realidade, mas sem se deslumbrar. Até porque não dá tempo. A carga é realmente pesada. É intencional, uma vez que, caso precisem passar por sessões privadas com os clubes, os dois jogadores vão ser exigidos realmente ao máximo – no caso, um máximo que desconheciam. Depois de penarem nos primeiros dias, foram respondendo aos poucos, num progresso natural aos aspirantes, mas que nem sempre acontece. Deram duro e colheram os frutos e, ao mesmo tempo surpreenderam os experientes técnicos.

Passar por esse programa, no ano passado, rendeu resultados. Seis ‘alunos’ da IMG foram draftados em 2014 – o que equivale a 10% das vagas abertas. Destaque para o ala Rodney Hood, do Utah Jazz. Claro que isso não serve como garantia e que pode ser mera coincidência. O Draft é muito volátil. Depende de uma série de fatores. Mas é fato que os brasileiros tiveram do bom e do melhor para cumprir mais essa etapa.

Aqui, só uma graça que a IMG postou. Mais uma palinha, mesmo:

PS: aguarde mais sobre o Hoop Summit e o cenário pré-Draft dos brasileiros nos próximos dias.


Escondido dos scouts, Hezonja vira trunfo do Barça em vitória sobre o Real
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Giancarlo Giampietro

Hezonja, a surpresa do clássico. A NBA viu?

Hezonja, a surpresa do clássico. A NBA viu?

No sábado passado, o Barcelona recebeu no Palau Blaugrana o Sevilla, em jogo pelo returno da Liga ACB. Na plateia, foram avistados ao menos os seguintes times da NBA: Grizzlies, Hawks, Kings, Knicks, Lakers, Nets, Pacers, Pelicans, Rockets e Spurs. Todos com representantes para assistir ao três prospectos bem cotados para o próximo Draf: o letão Kristaps Porzingis e o espanhol Wily Hernangómez, pelos visitantes, e o anfitrião Mario Hezonja.

Acontece que, num triunfo por 99 a 83, o técnico Xavier Pascual mal tirou o talentoso croata do banco de reservas. O garoto jogou por apenas 6 minutos e tentou apenas um arremesso e deu uma assistência. Você pode imaginar a frustração dos gringos, né? Ainda mais que o ala tem média de 25 minutos durante a temporada e que o ala espanhol Alejandro Abrines não estava necessariamente pegando fogo em quadra, com 3 pontos em 14 minutos, enquanto Brad Oleson tinha 7 pontos. Ao menos a viagem não foi totalmente em vão, uma vez que Porzingis terminou com 18 pontos e 5 rebotes em 22 minutos, enquanto Hernangómez teve 20 minutos de ação. Paciência.

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Adiantamos a fita, então, para esta quinta. Se algum observador da liga norte-americana decidiu esticar sua estadia na belíssima cidade catalã, se deu bem. Num confronto de muito maior ressonância – justamente o Superclássico espanhol contra o Real Madrid, transmitido no Brasil com exclusividade pelos chapas Rafael Spinelli e Ricardo Bulgarelli, do Sports+ –, Hezonja foi bem aproveitado. E correspondeu para arrebentar com a defesa merengue, anotando 15 pontos em 17 minutos, com direito a cinco arremessos de três pontos.

Isto é: de repente todo mundo entendeu errado. Talvez Pascual não estivesse escondendo o croata dos olhares de John Hollinger, o vice-presidente do Grizzlies que estava na arena, ou de outro dirigente e scout. Talvez a intenção fosse desviar a atenção de Pablo Laso e toda a comissão técnica do Real. ; )

As habilidades de Hezonja não são um segredo na Espanha, claro, muito menos na Europa, aonde é badalado desde os 15, 16 anos como um dos maiores prospectos do continente. No ataque, ele tem basicamente o pacote completo: habilidoso com a bola, bastante atlético e um excelente arremessador. Quando entra em ritmo, melhor sair da frente. Quer dizer: melhor ficar na sua frente e contestá-lo sempre que puder. Os atletas do Manresa podem atestar isso, depois de terem visto o rapaz converter todas as suas oito tentativas de três pontos em confronto pela 19ª rodada da liga espanhola, um recorde.

A defesa do Real, no entanto, não estava preparada para a participação do croata nesta quinta, pela penúltima rodada do Top 16 da Euroliga. Hezonja acertou seus dois primeiros tiros de longa distância nos minutos finais do primeiro tempo, ajudando a virar o marcador a favor da equipe da casa, se tornando seu cestinha com pouco mais de quatro minutos de jogo. Na volta do intervalo, Pascual não seria louco de segurá-lo no banco. Deu mais 12 minutos para o atleta e seu aproveitamento seguiu elevadíssimo, com mais três cestas em quatro bolas (aproveitamento de 83%). Laso obviamente não estava contando com isso – e, numa partida tão equilibrada, decidida apenas nos dois minutos finais com triunfo por 85 a 80, acabou fazendo a diferença.

Hezonja entrou com vontade e respondeu no clássico

Hezonja entrou com vontade e respondeu no clássico

Outra contribuição inesperada? A de Maciej Lampe. Se fosse para os merengues temerem algum de seus ex-jogadores agora barcelonista, 97% falariam, com toda a razão, de Ante Tomic, o habilidoso gigante que, segundo tudo indica, deve dar as caras no Utah Jazz na próxima temporada. Afinal, o grandalhão talvez seja o mais perigoso no jogo interno europeu há um bom tempo, eleito para a seleção da Euroliga nas últimas duas temporadas. Mas, não. O polonês roubou a cena, anotando 12 pontos e 6 rebotes em em 15 minutos bastante agitados, se aproveitando de toda a atenção voltada para Tomic, claro. O croata deu quatro assistências. Para constar, Huertas foi bastante discreto, zerado em 12 minutos.

Na hora de decidir, porém, Lampe ficou no banco. Os técnicos partiram para um duelo de formações bastante baixas, o que ajudou o Barça a acomodar Juan Carlos Navarro e Hezonja no perímetro, deslocando o norte-americano DeShaun Thomas (cujos direitos na NBA pertencem ao Spurs) para o garrafão ao lado de Tibor Pleiss (outro vinculado ao Utah Jazz, coincidentemente, repassado por OKC na troca por Enes Kanter).

A ironia: no fim, o fato de Pascual ter limitado os minutos de Hezonja contra o Sevilla teria apenas aguçado ainda mais o interesse dos scouts. Mas é claro que eles preferiam ver o jogador em quadra, produzindo para eles verem de perto, como aconteceu para frustração do Real.

*   *   *

O placar de Real x Barça nesta temporada? Temos 3 a 2 para o time da capital, por enquanto. A diferença é que, entre essas três vitórias, duas valeram título – Supercopa e Copa do Rei.  Será que vão se enfrentar novamente no Final Four da Euroliga, em Madri? Se acontecer isso e caso repitam a decisão nacional, podemos ter 11 confrontos.

*   *   *

Na era de Xavier Pascual e Pablo Laso, o merengue leva a melhor por 18 a 15. O triunfo desta quinta foi o primeiro de Pascual em um jogo de Euroliga, após três derrotas. De qualquer forma, na tabela do Grupo E, o Real ainda aparece na liderança, devido ao maior saldo de pontos que fez em sua última vitória, pelo primeiro turno (97 a 73).


Vitória sobre Mogi: mais uma prova de como será duro derrubar o Bauru
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Giancarlo Giampietro

Alex barbarizou contra o Mogi no segundo tempo e passou da marca de 4 mil pontos no NBB

Alex barbarizou contra o Mogi no segundo tempo e passou da marca de 4 mil pontos no NBB

Não tem como baixar a guarda: mesmo que um ou outro direto tenha passado em meio ao combate, quem estiver do outro lado vai precisar assimilar o golpe com rapidez. Vai ter de, literalmente, manter a cabeça no lugar, e a cuca pensando naquilo que mais importa em sua estratégia. Não dá para esquecer o que foi combinado na sala de vídeo.

Do contrário, se você decidir partir para o confronto franco, a troca de sopapos no muque, mesmo, a tendência é que o esquadrão do Bauru o leve a nocaute. Foi o que o Mogi das Cruzes percebeu nesta quarta-feira, no Panela de Pressão, na reta final da temporada regular do NBB. Por 24 minutos, o time de Paco García estava plenamente ciente do que fazer em quadra. Quando o cronômetro apontava 6min19s para o fim, os visitantes tinham vantagem de seis pontos (47 a 41). A partir daí, perderam as estribeiras, permitindo uma chuva de bolas de três pontos. Tentaram reagir na mesma moeda muitas vezes. E um jogo que se desenhava bastante equilibrado foi terminar com o placar de 97 a 75.

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Isto é: nos últimos 16 minutos de partida, deu 56 a 34 para os líderes do campeonato nacional, que alcançaram agora a marca de 24 triunfos consecutivos apenas pela competição – igualando recorde do Flamengo na campanha 2008-2009. Se você for por nessa conta as vitórias para a conquista da Liga das Américas, aí chegará a 32 rodadas de invencibilidade. Algo realmente especial, que faz a confiança subir a um nível estratosférico já.

Nesse embate com Mogi, o terceiro quarto terminaria em 65 a 54. Já uma vantagem considerável, mas não impossível de se tirar. O problema foi como aconteceu a virada bauruense. Daquela marca de 6min19s até o estouro da buzina, foram seis bolas de três convertidas pelo time da casa. Sabe quantas haviam caído nessa mesma parcial até então? Nenhuma.

Alex, com 46% nos chutes de 3? Pois é

Alex, com 46% nos chutes de 3? Pois é

Pior: quem foi o cara que fez o maior estrago nesse momento de reviravolta? O veterano Alex. O ala-armador que, convenhamos, nunca foi notório por seu aproveitamento nos tiros exteriores – a média de sua trajetória pelo NBB neste fundamento é de apenas 32,8%. Acontece que, num ataque bem espaçado como o da equipe paulista, com múltiplas armas ofensivas, o Brabo nunca teve tanta facilidade assim para arremessar, tendo, disparado, o melhor aproveitamento da carreira, com elevadíssimos 46,2%. Então, no scout de qualquer oponente, se faz necessária a observação de que ele precisa ser vigiado de perto. Nesta terça, acertou absurdos 7-10, igualando sua melhor marca individual.

No caso específico do Mogi, porém, não dá para espernear muito sobre uma desatenção defensiva em relação a Alex. Duas das quatro bolas que ele converteu nesse terceiro quarto foram de trás da linha da NBA, a partir do drible, com uma confiança desmedida. Os chutes caíram que nem uma bomba psicológica para cima dos forasteiros, que errariam três arremessos de longa distância e nove de quadra no geral, além de cometer um turnover. As coisas descambaram.

No quarto período, foi a vez de Rafael Hettsheimeir queimar a redinha com as conversões do perímetro. E aqui, sim, o sistema defensivo adversário falhou bastante. O pivô é outro que está embalado no fundamento e acabou tendo muita liberdade para chutar de longe – seja com Paulão em quadra (conforme o esperado, neste caso), ou com uma dupla mais ágil como Gerson e Tyrone. Estava tão tranquilo lá fora que chegou a arriscar impensáveis 14 bolas, matando seis delas.

Quer dizer, juntos, os companheiros de seleção garantiram ao Bauru 39 pontos na linha perimetral. Baixou o santo para a dupla, é verdade. Não será todo dia assim. Mas aí Guerrinha pode dizer que, no seu time, sempre vai ter um podendo desembestar, na mais pura verdade. No total, foram 31 pontos para Alex e 28 para Rafael.

Agora: este foi o terceiro duelo entre os dois clubes na temporada, contando aí também a final da Liga Sul-Americana. Coincidentemente, nas três partidas Bauru tentou 38 bolas de fora. Um volume exagerado, mas que também não enfrentou resistência dos oponentes, tendo convertido 50 no geral, com um rendimento de mais de 16 por partida e 43,8%. Então já estamos falando mais de acaso. Se voltarem a se cruzar no mata-mata do NBB, Garcia vai ter de rever sua cobertura e/ou fixá-la na cabeça de seus atletas. Foi mais uma sacolada daquelas.

Potencial para o Mogi não falta, pensando numa eventual semifinal contra um rival que já garantiu a condição de cabeça-de-chave número nos mata-matas. O espanhol tem ao seu dispor um elenco que, em teoria, pode funcionar tão bem num jogo acelerado, com uma formação mais atlética e dinâmica – explorando  Tyrone ao lado de Gerson, mantendo o vigor físico ainda assim –, como num ritmo mais cadenciado, compondo uma linha de frente pesada, talvez com Tyrone, Gerson e Paulão juntos. Essa versatilidade pode ser mais explorada nos playoffs, no jogo de gato-e-rato, ainda que não tenha surtido efeito nesses primeiros três embates. Também não será todo dia que Shamell vai ficar limitado a 9 pontos, com 4/12 nos arremessos. Guilherme Filipin, com 23 pontos em 21 minutos, foi quem assumiu o papel de cestinha. Foi o único a pontuar em dois dígitos, o que é muito pouco, mas não necessariamente algo essencial para se remediar.

Pois não será num tiroteio, num jogo de ataques livres, que a equipe conseguiria fazer frente ao Bauru. Essa é uma mensagem, aliás, que fica mais e mais clara para os concorrentes a meros dias do início dos mata-matas. Ainda mais numa série melhor-de-três: invariavelmente, você vai ficar grogue após ataques fulminantes bauruenses. Vai acontecer, não tem muito jeito. Resta saber apenas qual o seu nível de resistência.