Vinte Um

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Euroligado: status quo nas quartas de final
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Giancarlo Giampietro

Devin Smith: 28 pontos (7/10 de três) e 7 rebotes para garantir o Maccabi em Berlim

Devin Smith: 28 pontos (7/10 de três) e 7 rebotes para garantir o Maccabi em Berlim

No final, depois de uma boa dose de suspense, a Euroliga chega aos seus playoffs com oito equipes tradicionalíssimas. Oito equipes que qualquer apostador talvez pudesse acertar sem problemas caso registrasse seus palpites no início da temporada. Não houve espaço para surpresas, de fato. Pelo Grupo E, passaram, pela ordem: Real Madrid, Barcelona, Maccabi Tel Aviv e Panathinaikos. Pelo Grupo F, tivemos CSKA Moscou, Fenerbahçe, Olympiakos e Anadolu Efes.

O cruzamento é o tradicional, agora: primeiro contra quarto, segundo contra terceiro, tendo mando de quadra os cabeças-de-chave 1 e 2. Dá o seguinte:

Real x Anadolu
Barça x Olympiakos
CSKA x Panathinaikos
Fener x Maccabi

Só jogaços, mesmo. Difícil até escolher qual a série mais intrigante. A princípio, talvez Barça x Olympiakos. Mas qualquer uma dessas séries pode chegar ao quinto e derradeiro jogo tranquilamente. Ou melhor: nem tão tranquilo assim, né? Com muito estresse para ambas as torcidas.

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Juntos, os oito finalistas somam 31 títulos continentais. Os únicos que não venceram a competição são Fenerbahçe e Anadolu Efes, a dupla turca. Isso pode apontar uma “falta de tradição” em suas camisas, é verdade. Mas não se iludam: são dois dos maiores orçamentos da Europa. Orçamento que valeu para tirar do ostracismo as mentes geniais dos sérvios Zeljko Obradovic e Dusan Ivkovic, técnicos que, por conta própria, somam dez troféus. São oito para “Zoc” e dois para o “Duda”, o aprendiz e o mentor, comandantes respectivamente de Fener e Anadolu.

Como chegamos aqui?

Bem, havia três vagas em aberto na última rodada, vocês sabem. No Grupo E, Maccabi e Panathinaikos se garantiram depois de o clube israelense ter vencido o Alba Berlin, fora de casa, por 73 a 64. Os visitantes, atuais campeões, controlaram o placar praticamente o jogo inteiro, mas tiveram de suar para assegurar o triunfo no quarto final. A quatro minutos do fim, a vantagem era apenas de três pontos. Foi aí que o ala Devin Smith desequilibrou as ações, com chutes de longa distância. O americano, que teve seu contrato renovado, será daqueles que, ao se aposentar, vai poder se estabelecer em Tel Aviv, caso queira, e virar dirigente/embaixador do clube.

Estrela está fora, mas se despede fazendo festa com sua torcida fanática

Estrela está fora, mas se despede fazendo festa com sua torcida fanática

Com o resultado, o Panathinaikos foi para a quadra em Belgrado já classificado. Ufa! Pois, no que dependia de seus próprios esforços, as coisas poderiam ter complicado: os gregos perderam para o jovem e eliminado Estrela Vermelha por 69 a 68. Tivesse o Alba vencido, e o revés na capital sérvia teria resultado em sua eliminação. Mas, ok, damos um desconto aos verdes: a sensação de relaxamento é inevitável – mesmo que eles tenham batalhado até o final da partida e saíram derrotados.

Foi mais uma grande exibição de Boban Marjanovic, com 12 pontos, 16 rebotes e 3 assistências. O gigante sérvio deveria receber o prêmio de MVP do campeonato – mas talvez fique para trás na votação devido ao fato de sua equipe ter parado no Top 16. Resta saber se o Estrela Vermelha vai conseguir manter sua base para a próxima temporada. Marjanovic, Nikola Kalinic (14 pontos e 4 rebotes), Luka Mitrovic (11 pontos, 8 rebotes, 6 assistências e 3 roubos de bola) e Jaka Blazic (11 pontos) são todos caras de muito futuro e que vão certamente chamar a atenção dos clubes mais ricos – ou mesmo da NBA.

Pelo Grupo F, somente a quarta vaga esteve em jogo, e o Anadolu precisou de uma tremenda força do Unicaja Málaga para evitar um vexame. Por mais que Ivkovic anunciasse que seu elenco estava sendo moldado para lutar pelo título daqui a um ano, cair na segunda fase seria um fiasco indiscutível.

No clássico turco, seu time foi derrotado pelo Fenerbahçe por 83 a 72. Foi um duelo muito parelho. O Fener, jogando em casa, abriu 11 pontos no primeiro quarto. Mas o Anadolu chegou a assumir a liderança, por 61 a 59, no quarto período. Acontece que os cestinhas Andrew Goudelock (24 pontos em 26 minutos, sensacional, acertando quase tudo que atirou para a cesta) e Bogdan Bogdanovic, nosso estimado Bogdan-Bogdan, (17 pontos) desequilibraram nos minutos finais. Para anotar: este foi o 37º duelo entre times dirigidos por Obradovic e Ivkovic. “Zoc”, que já foi armador de Ivkovic em seleções iugoslavas dos anos 80, agora leva a melhor no retrospecto, num retrospecto equilibradíssimo: 19 x 18.

Com isso, o Laboral Kutxa tinha a chance de completar sua reação minutos mais tarde. Mas o Málaga de Joan Plaza, lanterna da chave, mostrou caráter e competitividade diante de seus torcedores, vencendo por 93 a 84. O líder da Liga ACB controlou o placar do início ao fim. Ryan Toolson, sobrinho de Danny Ainge, marcou 17 pontos e comandou um ataque solidário, que teve todos os seus 12 jogadores relacionados fazendo ao menos uma cesta. Em grande fase, o ala-armador francês Fabien Causuer somou 21 pontos, 7 rebotes, 2 assistências e 2 roubos de bola em vão. Tivesse vencido, o clube basco avançaria.

Veja as 10 melhores jogadas da fase Top 16:


Euroligado: são 3 vagas para 5 clubes. Campeão pode sobrar
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Giancarlo Giampietro

Nesta semana, a Euroliga fecha seu Top 16 ainda com três vagas em disputa para os playoffs: duas pelo Grupo E, que estão entre Maccabi Tel Aviv (hoje em 3º), Panathinaikos (4º) e Alba Berlin (5º), e uma pelo Grupo F, entre Anadolu Efes Istambul (4º) e Laboral Kutxa (5º). Aqueles que já estão classificados? Real Madrid, Barcelona, Fenerbahçe, CSKA Moscou e Olympiakos. Só timaços – veja como andam as coisas para eles.

O site Eurohoops detalha (em inglês) todos os cenários possíveis para o emparelhamento das quartas de final. Resumo aqui, porém, o que está em jogo apenas para a definição dos oito melhores da temporada, sem se preocupar exatamente qual a posição que cada um terá. Afinal, para suas torcidas, imagino, o mais importante, mesmo, é assegurar a classificação. Depois, vida nova.

O Alba Berlin de Jamel McLean já bateu o Panathinaikos em sua 1ª final, na semana passada

O Alba Berlin de Jamel McLean já bateu o Panathinaikos em sua 1ª final, na semana passada

Primeiros, os jogos de cada um deles, todos na quinta-feira:

GRUPO E
Alba Berlin x Maccabi Tel Aviv
Estrela Vermelha x Panathinaikos

GRUPO F
Fenerbahçe x Anadolu Efes
Unicaja Málaga

A partir daí, temos o seguinte:

– o Maccabi depende de uma vitória sua ou de uma derrota do Panathinaikos
– o Alba Berlin só avança em caso de vitória em casa
– o Panathinaikos se classifica no caso de sua vitória ou derrota do Alba

– o Anadolu depende de um triunfo no clássico turco. Simples.
– o Laboral Kutxa/Baskonia precisa vencer de qualquer forma e ainda torcer pelo Fener

Olha… Veja bem.

Sinceramente… Hã…

Não tenho a menor idéia do que vai acontecer.

Fico bem confortável aqui em cima do muro: é tudo muito parelho.

Thomas Heurtel jogou demais em vitória sobre o Olimpia Milano: 26 pontos e 5 assistências

Thomas Heurtel jogou demais em vitória sobre o Olimpia Milano: 26 pontos e 5 assistências

O Anadolu Efes, pelo Grupo F, tem vantagem no confronto direto sobre o Laboral – algo que o deixa acima na tabela hoje, mesmo que tenham as mesmas seis vitórias e sete derrotas (venceu como visitante por cinco pontos, perdeu em casa por apenas três… Detalhes, detalhes). Supostamente, então, seria o favorito. Além do mais, em Málaga, seu concorrente não vai ter vida fácil, mesmo que o Unicaja esteja eliminado, com a pior campanha da fase. Mas é amplamente possível a classificação da equipe basca. Um ponto curioso – ou revoltante para a torcida do Anadolu – é que o Fener tomou um vareio justamente contra o Laboral na semana passada, encerrando uma sequência de nove rodadas com vitória. Tivessem vencido, teriam classificado os rivais.

Já a chave E… Afe. O Panathinaikos em teoria também está em situação mais favorável, pois também enfrenta um time que não tem mais pretensão alguma. Agora: fechando sua campanha em Belgrado, o jovem elenco do Estrela Vermelha, liderado pelo monolítico Boban Marjanovic, vai querer brigar. E outra: o próprio plantel da potência grega hoje não é tão forte assim. Não são favas contadas. Enquanto, na capital alemã, esse valente time berlinense, que já bateu de forma dramática o Panathinaikos em sua primeira decisão na rodada passada, tem uma chance de ouro para despachar os atuais campeões – ou fazê-los suarem frio, aguardando o desfecho do jogo de mais tarde.

Detalhe: os jogos não serão disputados simultaneamente. Um tremendo equívoco da organização. Na quinta, o jogo na capital alemã será disputado às 14h (horário de Brasília), enquanto o Panathinaikos encara o Estrela Vermelha às 14h45. Isto é, quando entrar em quadra no segundo tempo, o time grego vai ter, no mínimo, uma boa ideia de sua situação. Isso se já não estiver classificado.

Do outro lado, o clássico em Istambul começa às 14h, enquanto o duelo espanhol está marcado para 15h45 – podendo ser, no final, um amistoso. Vai entender…

No Sports+, vamos transmitir na quinta, ao vivo, Fener x Anadolu. Estou nessa ao lado do companheiro Marcelo do Ó. Imperdível, vai?


Euroligado: muito aperto, Real x Barça e a queda do invicto
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Giancarlo Giampietro

Rudy Fernández foi o MVP da rodada. Mais que merecido

Rudy Fernández foi o MVP da rodada. Mais que merecido

É, amigos, haaaaaja coração, expressaria o Galvão.

Foi uma semana de infartar na Euroliga, a 16ª da competição continental, e a sexta em sua segunda fase, o Top 16. A semana mais especial da temporada, sem dúvida. Das oito partidas disputadas, quatro foram decididas por três pontos ou menos no placar, enquanto outras três a vantagem do time vencedor não superou a barreira dos nove pontos, com direito, aqui, a um triunfo do Olypiakos sobre o CSKA Moscou, por 85 a 76, encerrando a invencilidade. A única sacolada? Foi justamente no superclássico espanhol, com o Real Madrid atropelando o Barcelona por 97 a 73, em casa. Alguns pitacos, então:

– Começando pelo duelo Real x Barça, o terceiro desta temporada 2014-2015. Cada um dos arquirrivais havia vencido uma vez, e os merengues levaram esse primeiro tira-teima com autoridade. Rudy Fernández jogou uma barbaridade. O ala primeiro deu o tom de uma defesa pressionada que desestabilizou o jogo exterior de um oponente que já não contava com Juan Carlos Navarro e Brad Oleson. O abafa permitiu que sua equipe jogasse em transição, do modo como adora fazer. Quando o Real encaixa seu contra-ataque, já deu para perceber que a atual configuração do Barcelona simplesmente vai comer poeira. Os catalães simplesmente não conseguem acompanhá-los – em contrapartida, numa partida mais truncada, de meia quadra, tendem a levar a melhor graças ao poderio de Ante Tomic. Rudy marcou demais e brilhou também no ataque, somando 22 pontos, 9 rebotes, 5 assistências e 3 roubos de bola em apenas 28 minutos. Os dois Sergios, Rodríguez e Llull, acompanharam o ritmo e acumularam 34 pontos e 10 assistências, dando um trabalho danado a Marcelinho Huertas, que se despediu de quadra com oito pontos e seis turnovers em 23 minutos. A única nota positiva para o Barça foi o desempenho do jovem Mario Hezonja, com 22 pontos em 28 minutos, matando cinco bolas de três pontos. O garoto de 19 anos, da Croácia, está com a confiança lá em cima. Veja alguns dos melhores momentos da partida que transmiti ao lado de Mauricio Bonato pelo Sports+:

– O desfecho mais polêmico valeu para Galatasaray 94 x 97 Maccabi Tel Aviv, definido na prorrogação. A equipe turca não se conforma com um toco do pivô Alex Tyus, do Maccabi, para cima do armador Erden Arslan, a seis segundos do final do tempo extra. Para eles, se tratou de uma bola claramente na descendente. A arbitragem validou o bloqueio. Em release divulgado na sequência, o Galatasaray escreve com todas as palavras: “A vitória nos foi roubada injustamente”. Confira o lance o vídeo abaixo – é um lance muito difícil, mesmo em slow… Ainda acho que a arbitragem acertou em sua marcação, todavia. Detalhe: com quatro segundos restantes no quarto período, o ala-pivô sérvio Zoran Erceg desperdiçou um lance livre que já poderia ter dado o triunfo ao clube turco, que teve uma grande reação na parcial. Outra: mesmo que a bola de Arslan tivesse caído, o Maccabi ainda teria a posse de bola e Jeremy Pargo poderia ter feito, da mesma forma, sua cesta heróica. Por fim: o técnico Ergin Ataman, que tanto protestou em quadra e durante a coletiva, não recebe salário há sete meses (se-te!!!!!!!) e estuda rescindir seu contrato, cansado de promessas não cumpridas. Já destacamos aqui que o Gala perdeu três jogadores ao final da primeira fase por conta de problemas de pagamento. Antes de atacar a organização da competição por um lance no máximo duvidoso, poderiam cuidar de suas próprias dívidas, né?

– Limitado a apenas dois pontos em derrota para o Anadolu Efes, Vassilis Spanoulis reagiu ao seu melhor estilo ao marcar 19 no importantíssimo triunfo do Olympiakos sobre o CSKA, que encerra sua sequência vitoriosa na Euroliga em 15. Os dois times agora estão empatados na liderança do Grupo F – terminar na liderança pode ser algo essencial, dependendo, claro, da classificação do Barcelona, que hoje está justamente em quarto do outro lado da chave e cruzaria com o líder aqui. Mas a expectativa é que o clube espanhol reencontre o rumo no segundo turno do Top 16 e consiga, pelo menos, ultrapassar o Panathinaikos na tabela e, quiça, o Maccabi, que está empatado com o Real na ponta (5-1). Em casa, os gregos perderam o primeiro quarto por 17 a 11, mas conseguiram assumir o controle do placar já no segundo período (vencido por 32 a 20). A estratégia foi não dar espaço algum para Milos Teodosic nas jogadas de pick-and-roll, cortando o mal pela raiz: os ágeis pivôs como Dunston e Hunter dobravam para cima do armador, sem tirando o arremesso e a linha de passe, num empenho irrepreensível. Do outro lado, também procuraram explorar as deficiências defensivas do sérvio sempre que possível – fez falta, então, para os russos o americano Aaron Jackson. Não há mais invictos agora na Euroliga.

– Na derrota custosa para o Zalgiris Kaunas, por 70 a 68, em casa, o Estrela Vermelha errou todos os 19 arremessos que tentou de três pontos. Todos, mesmo, inclusive o último, com o armador Marcus Williams buscando a consagração na última bola. Os caras já haviam desperdiçado 18 chutes de longa distância e ainda assim foram para a bola matadora. Peserverança: a gente se vê por aqui. O americano, aliás, errou cinco disparos, deixando seu aproveitamento na temporada cair para 30,1%. Tá ok! Seu compatriota Charles Jenkins desperdiçou outras quatro. Ao menos, tantos erros proporcionaram 17 rebotes ofensivos no geral para o time e mais um double-double de Boban Marjanovic, o último dos dinossauros, que marcou 17 e 10 em 27 minutos. O engraçado é que os visitantes lituanos acertaram apenas 3 bolas de três na partida. Mas só em 14 tentativas. James Anderson fez 22 pontos para eles.

– Se não há mais invictos, também temos agora ao menos uma vitória para cada participante do Top 16. O lanterninha Unicaja Málaga foi o que mais demorou para comemorar, batendo o Nizhny Novgorod por 85 a 76. O armador Jayson Granger, um jogador que cresceu demais nos últimos dois anos, fez 29 pontos em 25 minutos, acertando 9 de 13 arremessos de quadra e 9 de 10 lances livres. Pouco eficiente o uruguaio, né?

Devido ao adiantado da hora, a sessão vai ter um texto mais econômico hoje, ok?


É Boban Marjanovic contra a teoria da evolução no basquete
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Giancarlo Giampietro

Gustavo Ayón, de 2,08m, vira só mais um baixinho

Gustavo Ayón, de 2,08m, vira só mais um baixinho

A natureza – e o basquete – sempre dão um jeito de se reinventar, não?

(E que tal começar filosofando assim numa sexta-feira?)

No mundo todo, há muita gente pelo menos 35 vezes mais inteligente que um mero blogueiros que já tenha declarado a extinção dos dinossauros. Ou melhor, a extinção do pivô-cincão-gigante-jogando-de-costas-para-a-cesta-lento-toda-a-vida-mas-que-faz-estragos. Você pega o Miami Heat bicampeão da NBA em 2012-2013, os texanos Mavs e Spurs nas outras pontas (2011 e 2012), a seleção norte-americana reassumindo o controle das competições Fiba, o Flamengo, o Bauru… Enfim, são diversos os casos que comprovariam essa tese. Eles listam, sim, pirulões em seus elencos, mas são caras extremamente ágeis, explosivos, dinâmicos (como Tyson Chandler, Jerome Meyinsse, Mason Plumlee, Tiago Splitter etc., cada um na sua). A velocidade é o que manda em quadra.

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>> 30 times, 30 fichas sobre a NBA 2014-2015

Só não dá para aplicar a teoria evolucionista assim tão friamente, gente. Ao menos não no esporte – que o diga Barcelona, com todos os seus tampinhas encantadores, subvertendo um darwinismo que parecia exigir de um jogador de futebol um mínimo de 1,85 m de estatura. No basquete, não seria diferente. Para cada ação, há uma reação. E, mesmo isoladamente, vão surgir casos que desafiam a regra vigente. Aí chega a hora de apresentar para o basqueteiro brasileiro mais incauto a figura imensa que se chama Boban Marjanovic, do Estrela Vermelha.

Para quem está ligado nas transmissões semanais de Euroliga no Sports+, o pivô não é novidade alguma. Agora, como ele não jogou a última Copa do Mundo e anda afastado da seleção sérvia, não foi draftado por nenhum time da NBA e só defendeu o Atlanta Hawks numa liga de verão ao lado de Lucas Bebê, pode ser que Marjanovic ainda seja um anônimo em geral. Urge, então, apresentá-lo.

Marjanovic nasceu na cidadezinha de Inđija, que tem área de 384 km² e cuja população não passa dos 50 mil habitantes. Foi revelado nas pelo Hemofarm, um tradicional clube de base da Sérvia – Darko Milicic também saiu de lá. Completou 26 anos em agosto passado. Ah, e e estava esquecendo já: ele tem 2,21 m de altura. Ou 2,22m. Ou 2,23 m, dependendo da fonte. Ele, vocês entenderam, é IMENSO. E não deveria ter espaço no basquete de hoje. Não só conseguiu se manter em quadra, porém, como é o jogador mais produtivo do segundo principal campeonato de clubes do mundo.

O sérvio lidera a competição em índice de eficiência tanto na medição normal, como por minuto. É o oitavo cestinha, com média de 15,7 pontos, o principal reboteiro, com 9,9, acerta 63,2% de seus arremessos de dois pontos (sendo o 13º) e sofre 3,85 faltas por jogo (o 13º também). Alguns detalhes, antes de seguirmos adiante: as equipes da Euroliga têm tabelas diferentes, então os números vêm com um asterisco; sobre as faltas: seriam muito mais, pode ter certeza, não fosse pelo fato de ele converter 74,6% de seus lances livres. Não é inteligente tentar parar o pivô na marra, então, embora muitas vezes seja a única alternativa quando o cara recebe a bola a um raio de cinco metros do aro, em situação de isolamento. Isso causa problemas sérios.

“Marjanovic é um dos jogadores mais dominantes da competição. É um jogador que proporciona muitíssima dificuldade para todas as equipes, porque temos pouca solução tática para enfrentá-lo, devido a sua maneira de finalizar e a capacidade que ele tem”, avalia o técnico Xavi Pascual, do Barcelona, que vai tentar parar o pivô nesta sexta (estou nessa transmissão ao lado de Rafael Spinelli). “Há poucos jogadores que dão identidade ao seu time nesta competição, e ele dá um estilo ao seu.”

Isso não deixa de ser uma ironia. Afinal, foi da Europa que a NBA pegou a gripe do strecht four, que tem Dirk Nowitzki como seu principal agente. Os dirigentes estão vasculhando todo e qualquer canto do mundo em busca de um pivô minimamente competente no arremesso de longa distância. A ideia é espaçar a quadra e facilitar as infiltrações de armadores e alas numa liga que não permite mais o contato de mão por parte dos defensores. Quanto mais espaçada a quadra, as figuras mastodônticas tendem a se complicar na defesa – como perseguir os jogadores mais rápidos no perímetro? Causa e efeito.

Na Europa, porém, Marjanovic tem a marcação por zona como sua aliada. Ainda que a liga americana permita defesas flexíveis hoje, existe ainda a restrição de três segundos para o marcador se distanciar de seu oponente. Claro que muitas vezes eles conseguem roubar dois ou três segundos a mais que o permitido, mas essa preocupação já interfere o bastante. Faz muita diferença, na real.

De modo que o pivô não precisa ser utilizado apenas de modo pontual, como acontece com o Maccabi Tel Aviv e Sofoklis Schortsanitis, por exemplo. Ele tem média de 27 minutos por jogo, enquanto a jamanta grega só fica em quadra por 14 minutos. Isso também diz muito a respeito do condicionamento físico do sérvio. O cara tem mais de 2,2o m de altura e pesa mais de 130 kg. Joga normalmente, e numa equipe que está cheia de alas jovens, fogosos que partem feito malucos para o contra-ataque – destaque para Nikola Kalinic (já bastante elogiado aqui), Jaka Blazic (um assessor dos irmãos Dragic na Eslovênia), o hiper-atlético Nemanja Dangubic (draftado pelo Spurs no ano passado) –, todos coordenados pelo arrojado armador Marcus Williams (ex-Nets, Warriors e Grizzlies).

O renovado elenco do Estrela vai correr sempre quando pode, especialmente quando joga em Belgrado, empurrados por sua torcida fervorosa. Marjanovic, claro, não é o primeiro a chegar ao ataque, mas consegue de certa forma acompanhá-los em transição. Além disso, não é sempre que seu time vai conseguir uma enterrada ou bandeja tranquila no contragolpe. Aí chega a hora de jogar em 5 x 5. Aí é bola no Marjanovic. E seu impacto ofensivo é enorme, com o perdão do trocadilho.

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Pega leve aí, Boban! Não vá machucar ninguém

Seu compatriota é lento, se comparado com Pau Gasol, Ante Tomic e outros espigões talentosos. Mas, considerando em seu tamanho, ele se mexe com relativa desenvoltura. Para os antenados com a NBA, não se trata de um Nikola Pekovic muito mais espichado, alguém que prevalece, sim, no garrafão devido ao físico avantajado, sem se esquecer da técnica para complementar o pacote. Debaixo do ar, dãr, só sai cravada. Mas ele tem excelente chute de média distância e gira bem, ainda que geralmente para a finalização com o braço direito, por cima do ombro esquerdo.

Na primeira fase da Euroliga, enfrentando Olympiakos, Laboral Kutxa, Valencia, Galatasaray e Neptunas Klaipeda, Marjanovic fez pelo menos 11 pontos em todas as dez partidas. Num jogo eletrizante de prorrogação dupla contra o Gala em Istambul, somou 23 pontos e 17 rebotes em 34 minutos, tendo cometido apenas duas faltas. Foi o mais volumoso de seus sete double-doubles. No primeiro duelo com o clube turco, matou 11 de 14 arremessos de quadra. Na segunda partida contra o estreante lituano Neptunas, o aproveitamento foi de 11-13. Uma vez que recebe a bola, ninguém vai movê-lo dali – por isso, a melhor forma de marcá-lo e atacar a fonte. O Real Madrid o limitou a 9 pontos (4-6), em 20 minutos, na abertura do Top 16 ao usar o americano Marcus Slaughter em marcação frontal, inibindo as linhas de passe. Contra o Maccabi, que tem em Alex Tyus um jogador similar, terminou com 10 pontos e 4-10, em 28 minutos.  Além disso, ambos os clubes possuem em Rodríguez, Lllull, Ohayon e Pargo armadores que pressionam, e muito, no perímetro. No reencontro com o Galatasaray, porém, voltou a arrasar, com 18 pontos (7-10) em 24 minutos.

Nem sempre foi assim, porém. Marjanovic sempre foi bem cotado como prospecto na Europa, tendo sido campeão mundial sub-19 em 2007, ao lado de Miroslav Raduljica, trombando com Paulão Prestes nas semifinais, aliás. Em 2010, depois de passar batido pelo Draft da NBA (estava no radar dos scouts, porém), se consolou com um belo contrato de três anos com o CSKA Moscou. A superpotência russa nunca o aproveitou, porém. Quando Dusko Vujosevic foi demitido, acabou dispensado, depois de ter sido emprestado para o Zalgiris Kaunas, pelo qual teve médias de 5,2 pontos e 3,5 rebotes em apenas seis partidas. Em 2011-2012, teve uma campanha praticamente perdida, passando pelo Nizhny Novgorod, da Rússia, e de volta aos Bálcãs, pelo Radnicki Kragujevac.

Foi só em 2012-2013 que o gigante se acertou, jogando pelo Mega Vizura. Virando referência no jogo interno, desabrochou com 16,9 pontos por jogo e 11,6 rebotes, aproveitamento de 68,9% nos arremessos e 85,4% nos lances livres para ser eleito o MVP da liga sérvia. O projeto estava recuperado. Na temporada seguinte, assinou com o Estrela Vermelha. Foi muito bem em 2012-2013, mas não foi o suficiente para descolar uma vaga na seleção nacional (Raduljica e Nenad Krstic foram escolhidos… A concorrência é braba). De qualquer forma, elevou seu jogo para outro patamar na atual campanha. Dificilmente ficará fora da próxima convocação.

A pergunta que fica: Marjanovic teria espaço na NBA hoje? Valeria o teste? Seria necessário, no entanto, encontrar um clube realmente interessado, que valorize muito suas peculiares características. Não existe em solo americano um jogador com seu tamanho, com porte físico. Roy Hibbert seria aquele que chega mais perto, com 2,18 m e mais de 130 kg também. Agora, até até o pivô que um dia defendeu a Jamaica em torneio Fiba Americas parece mais ágil que o sérvio (ao mesmo tempo, também é mais… baixo!). E Hibbert, não nos esqueçamos, joga num time que rema contra a maré, ainda apostando num jogo interior de pesos pesados, opressor – capitaneando uma das melhores defesas dos últimos anos, enquanto o principal recurso do sérvio é o ataque.

Se for apenas para oferecer o salário mínimo ou um contrato sem garantias, não tem por que Boban topar, economicamente. Ao final da temporada, seu agente vai poder barganhar tranquilamente um contrato milionário no basquete europeu. O que já é uma grande conquista. Ao menos esse dinossauro aqui já sobreviveu.


Euroligado: após jogaço, estupidez e morte
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Giancarlo Giampietro

Torcida do Galatasaray apoia muito seu clube, mas também aponta para os rivais

Torcida do Galatasaray apoia muito seu clube, mas também aponta para os rivais

O fenômeno da estupidez tem alcance global.

Depois de uma partida histórica em Istambul contra o Galatasaray, um torcedor do Estrela Vermelha acabou morto por uma facada em confronto dos torcedores/paramilitares de sempre nos arredores do ginásio Abdi Ipekçi. Marko Ivkovic tinha 25 anos e foi apunhalado no coração. Ele acompanhava um contingente de centenas de hooligans do clube sérvio – estima-se que 400 viajaram até a Turquia. Trata-se, sabidamente, de um time encrenqueiro, com muitas histórias sangrentas para contar. Foram recebidos dentro da arena por cartazes de mal gosto, bandeiras da Armênia e gritos de “Kosovo” por parte dos anfitriões. Obviamente que nada de positivo poderia sair de uma situação dessas.

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Se o episódio já não cumprisse com toda a cota de tragédia e demência que uma semana esportiva pode pedir, o técnico Ergin Ataman, da seleção nacional turca e do tradicional clube, foi no mínimo imprudente ao declarar em entrevista ainda no ginásio que os seguidores adversários eram todos verdadeiros terroristas – sem, no entanto, dirigir nenhuma palavra contra a torcida de seu próprio clube. Ele soltou a frase antes de tomar nota a respeito da morte do turista e se viu obrigado a pedir desculpas públicas horas depois, sem se livrar de um incidente diplomático. As desculpas que não foram aceitas pelo primeiro ministro sérvio Aleksandar Vucic, que declarou que Ataman não seria mais uma figura bem-vinda nas fronteiras de seu país.

Algumas imagens da confusão:

Foi uma grande rodada da Euroliga, que acaba perdendo em repercussão para esse tipo de incidente que teima em acontecer. Barcelona, CSKA Moscou e Olympiakos seguem invictos e já estão garantidos na fase de Top 16. Restam três vagas, então.

O jogo da rodada: Galatasaray 110 x 103 Estrela Vermelha
Pode corrigir aí: foi o jogo da temporada até o momento. E, a partir daqui, vale o esforço para nos concentrar apenas no que aconteceu em quadra, em partida que tive a sorte de transmitir pelo Sports+, ao lado do Marcelo do Ó. Dupla prorrogação, uma cesta de três pontos quase do meio do quadra para forçar o primeiro tempo extra, um time de veteranos pressionados de um lado, uma das equipes mais jovens da competição do outro, disposta a aprontar.

O contexto do time turco era preocupante. Perderam para o Fenerbahçe no clássico pela liga nacional e, durante a semana, ainda tiveram de lidar com uma briga em treinamento envolvendo Carlos Arroyo e o gigantesco Nathan Jawai. Já o Estrela vinha de sua primeira vitória fora de casa, sobre o Laboral Kutxa, e em grande estilo. Na Liga Adriática, o clube, que tem no americano Marcus Williams, de 29 anos, seu atleta mais velho, estava invicto, fazendo grande campanha, com oito vitórias.

Num terceiro período avassalador, com Williams bastante inspirado na condução da equipe, o Estrela Vermelha venceu por 23 a 9 e chegou a abrir uma liderança de 11 pontos. Os donos da casa, porém, tiveram sangue frio para reagir. Foi um desfecho emocionante, no qual o ala-pivô Zoran Erceg, grande nome da partida, acertou a seguinte bola para empatar a partida contra seus compatriotas:

O Estrela Vermelha não se desesperou, manteve a compostura e contou com boas jogadas do ala Nikola Kalinic e lances livres do gigante Boban Marjanovic para se manter com chances. Os visitantes venciam por 96 a 94 com Marjanovic na linha. Arroyo igualou o marcador, na mesma moeda. Williams buscou uma infiltração no último ataque, mas não conseguiu cavar uma falta e nem completar a bandeja, fazendo um turnover.  Na segunda prorrogação, os veteranos do Galatasaray mostraram que ainda têm muita perna para render. O pivô Keren Gonlum, que completa 37 anos neste sábado, foi um guerreiro nos rebotes. Mas quem cresceu foi Arroyo, que adora esse tipo de confusão, como bem sabemos. Ele converteu três bolas de longa distância para levar sua torcida ao delírio e afastar de vez a garotada sérvia da vitória.

Alguns números desse jogo épico: Erceg terminou com 32 pontos em 41 minutos, sete rebotes, duas assistências, dois roubos de bola e 100% nos lances livres com 14 batidos, para alcançar um índice de eficiência de 41, levando o prêmio de MVP da jornada; aos 35 anos, Arroyo jogou todos os 50 minutos da partida, anotando 26 pontos, 18 deles em chutes de fora (mas com um detalhe: ele arriscou nada menos que 17 tiros de três); Williams estabeleceu um recorde de 17 assistências na competição; Marjanovic foi mais uma vez uma força irresistível no garrafão, com 23 pontos e 17 rebotes (oito ofensivos) e índice de eficiência de 39; o talentoso Kalinic marcou 21 pontos  em 25 minutos e surpreendeu com 3/5 nos arremessos de fora; Luka Mitrovic, de apenas 21 anos, alcançou um recorde pessoal: 30 pontos, em 33 minutos, lidando com problemas de faltas durante todo o segundo tempo.

Carlos Arroyo, quem dirai, viron um Ironman aos 35 anos

Carlos Arroyo, quem dirai, viron um Ironman aos 35 anos

Os brasileiros
Marcelinho Huertas fez sua melhor partida na competição até aqui, dando o tom na tranquilíssima vitória do Barcelona sobre o Bayern de Munique na quinta-feira, na Baviera. O clube alemão jogou com uma intensidade deprimente, sem reação, vendo o time catalão abrir larga vantagem já no segundo período e caminhar para um triunfo por 99 a 77. O armador somou 15 pontos, deu 6 assistências, pegou 4 rebotes e matou 6 de seus 7 arremessos, com ótimo aproveitamento dentro do perímetro (5/6 – para alguém que havia acertado apenas 5/25 no primeiro turno). Huertas esteve agressivo desde o princípio, batendo com facilidade os defensores adversários, abrindo uma porteira para a boiada. O Barça acertou 55,3% de dois pontos, 46,2% de dois e bateu 24 lances livres. Um passeio do líder.

JP Batista foi fundamental numa reação do Limoges contra o Maccabi Tel Aviv, mas, no finalzinho, Jeremy Pargo resolveu jogar para dar aos atuais campeões o triunfo fora de casa: 79 a 73. Com o pernambucano em quadra, o time francês tirou no quarto período uma vantagem de até 11 pontos dos israelenses, chegando a assumir a liderança a quatro minutos do fim. João Paulo não pontuou muito nesse quarto, mas teve papel tático relevante com sua presença física no garrafão, atraindo os defensores e limpando quadra para rebotes, chutes e infiltrações de seus companheiros. O pivô marcou 9 pontos, cinco deles em lances livres, e apanhou três rebotes em 19 minutos. Para diminuir seu impacto, o técnico Guy Goodes se viu obrigado a sacar o ágil Alex Tyus para por em quadra o massa bruta Sofo Schortsanitis. Um movimento irônico, já que, em geral, é o pivô grego que força o ajuste por parte dos oponentes.

De Colo, recomeçando na Rússia

De Colo, recomeçando na Rússia

Lembra dele? Nando De Colo (CSKA Moscou)
O ala-armador francês, ex-Spurs e Raptors, mostrou que está recuperado de uma fratura na mão que o tirou de ação da última Copa do Mundo ao liderar o sexto triunfo seguido para o clube russo, agora arrasando o Alba Berlin em casa, por 95 a 68. De Colo teve mais oportunidades com a bola devido ao desfalque de última hora de Milos Teodosic e aproveitou ao máximo, com 22 pontos em 25 minutos, acertando todos os seus 4 chutes de três pontos e 8/12 no geral.

Em números
88 – O saldo de pontos do CSKA Moscou em seis partidas, com média de 14,6 por confronto. Sob comando de Dimtris Itoudis, o clube russo está voando nessa Euroliga, sem sentir a menor carência de Ettore Messina. Esse é o maior saldo da competição até o momento, acima dos 69 do Barcelona e dos 60 do Real Madrid. Lembrando: em chaves diferentes, eles não tiveram a mesma tabela.

31 – Reconhecido no mercado europeu como um armador que mais serve aos outros do que define as coisas por conta própria, Thomas Heurtel liderou o ataque do Laboral Kutxa com 31 pontos, mas sua equipe perdeu para o Neptunas Klaipeda, fora de casa, por apertadíssimo 80 a 79, ficando numa situação difícil pelo Grupo D. Essa foi a terceira vitória do estreante lituano em seu ginásio, o que, por ora, vai lhe garantindo um lugar no Top 16. Heurtel acertou 80% de seus arremessos, e com um número bastante elevado: impressionantes 8/10. Simas Galdikas fez a cesta da vitória a 13 segundos do fim, depois de seu time ter perdido uma vantagem de até 18 pontos no terceiro quarto.

24,17 – É o índice de eficiência de Marjanovic nesta temporada, sendo disparado o jogador com a produção mais qualificada até aqui. Seu concorrente mais próximo é o armador Taylor Rochestie, do Nizhny Novgorod, que foi o cestinha da vitória do time russo, outro estreante, sobre o Dínamo Sassari por 89 a 82, com 29 pontos. De 29 anos, Rochestie é desses americanos que jogam na Europa já há um bom tempo. Formado em Washington State, disputa sua terceira Euroliga, pelo terceiro clube diferente.

13 – O garoto croata Mario Hezonja recebeu tempo de quadra inesperado na partida contra o Bayern: 13 minutos, escalado até mesmo como titular. O ala de 19 anos só havia jogado 18 minutos em toda a temporada, com duas participações no primeiro turno. Coincidência ou não, o movimento do técnico Xavier Pascual aconteceu depois de o superagente Arn Tellem, um dos representantes de Hezonja, ter feito uma visitinha a Barcelona durante a semana. O croata somou 3 pontos, 3 assistências, 3 rebotes, 1 toco, 1 roubada de bola e 1 turnover.

3 – O Grupo D, no momento, é o mais equilibrado. Se o Olympiakos já está classificado para o Top 16, as outras três vagas estão em aberto. No momento, são três clubes empatados com… 3 vitórias e 3 derrotas: Estrela Veremelha, em segundo com o melhor saldo – e de longe –, Galatasaray, em terceiro, e Neptunas, em quarto. O Laboral aparece em quinto, ainda sonhando, com 2 vitórias e 4 derrotas.

Tuitando

Ataman tentando se justificar

É mais provável que os clubes terminem com as segunda e terceira posições do grupo, mas vai que…

Sinan Guler, um dos ídolos do basquete turco e um verdadeiro guerreiro. Mas só na acepção esportiva do termo.

 Problema generalizado, nas palavras de um site atualizado por gregos.

Para melhorar um pouco o astral, as 10 jogadas da semana.


Euroligado: juventude nada transviada na 5ª semana
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Giancarlo Giampietro

Cedi Osman celebra com Dogus Balbay: grande promessa do basquete turco

Cedi Osman celebra com Dogus Balbay: grande promessa do basquete turco

Quando o legendário Dusan Ivkovic decidiu voltar de prolongadas férias para assumir o comando do Anadolu Efes, ele fez questão de dizer que chegava para fazer a garotada do clube jogar. Não foi questão de falácia, não. Num time com investimento pesado para a temporada, os atletas mais jovens ganharam mais espaço com o técnico sérvio, e os frutos já começam a ser colhidos pelo clube turco. Nesta sexta, Cedi Osman, 19, Furkan Korkmaz, 17, e o prestigiado Dario Saric, 20, receberam minutos importantíssimos no quarto final e viram – ou fizeram – sua equipe vencer o poderoso Real Madrid naquele que foi o…

O jogo da rodada: Anadolu Efes 75 x 73 Real Madrid
O ginásio em Istambul já estava bombando antes de a bola subir. A empolgação do público para receber, com vaias e impropérios, o Real, que vinha de 12 vitórias seguidas, contando supercopa e liga espanholas. O tipo de sequência que já fazia o torcedor merengue cogitar a possibilidade de repetir o inesquecível início da temporada 2012-2013., no qual atingiu a incrível marca de 31 jogos sem derrota. Mas eles pararam bem antes disso.

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O Anadolu jogou com muita energia, sem se incomodar em correr a quadra toda contra o veloz time do Real, buscando os desarmes no perímetro para sair em transição. Uma proposta que propiciou uma partida frenética e agradável. A correria, claro, favorecia a molecada, com Osman, que já disputou a Copa do Mundo adulta, sendo o destaque do jogo. O garoto produziu demais no contra-ataque, com aproveitamento perfeito na linha de três, mas também atacando a tábua ofensiva com ferocidade. Ele terminou com 16 pontos, seu recorde pessoal na Euroliga. Foram também sete rebotes para ele – o mais importante deles nos segundos finais do jogo. Dario Saric também foi muito relevante em quadra na segunda etapa, com 13 pontos, 5 rebotes e 2 assistências, fazendo um pouco de tudo.

Na última posse de bola, Milko Bjelica foi barrado em sua tentativa de bandeja. Osman invadiu o garrafão para tentar o tapinha, mantendo a bola viva. Na sequência, o ala Matt Janning deu mais um toque na bola para vencer o cronômetro – e a partida. Um herói inesperado: o ala americano, que nem havia entrado em quadra no segundo tempo, não faz uma boa bem temporada, pecando no seu principal fundamento (o tiro de três pontos). Ele acabou se consagrando num rebote ofensivo ainda mais improvável para fechar um jogo que tive o prazer de transmitir pelo Sports+.

Para constar, o Real, cujos defensores assistiam a toda essa farra em seu garrafão passivamente, jogava sem Rudy Fernández, que operou a mão direita e não tem previsão de retorno, mas o Anadolu também foi para a quadra sem Nenad Krstic, seu principal pivô, afastado devido a uma fratura no braço esquerdo.

Huertas cola no ala Vlantimir Giankovits

Huertas cola no ala Vlantimir Giankovits

Os brasileiros
Marcelinho Huertas tem, no Barcelona, a missão de fazer a bola rodar, de dar estabilidade e ritmo de jogo. É o seu papel na equipe, que ele faz muito bem. Por isso é preciso cuidado na hora de ver sua linha estatística na vitória sobre o Panathinaikos: 8 pontos, 5 assistências e 3 rebotes em 27 minutos. Ah, mas só isso de assistências? Bem, mas lembrem-se que a computação da Euroliga é bem mais rígida que a da NBA. Além disso, uma boa armação não precisa ser medida obrigatoriamente pela quantidade de passes direto para a cesta. Depende de cada time. O Barça tem um ritmo bem cadenciado, com a bola girando bem entre todos em quadra.

JP Batista acabou passando batido no duelo com o fortíssimo e invicto CSKA Moscou, que venceu o Limoges, fora de casa, por 86 a 76. Mas não se enganem com o placar: foi uma vitória suada para o clube russo, com uma virada avassaladora no quarto final, vencido por 27 a 5. Sim, foram 22 pontos de vantagem para os visitantes. O pivô pernambucano jogou por 13 minutos e ficou zerado em pontos e rebotes. Enfrentar um garrafão com Sasha Kaun e Kyle Hines é uma dureza.

Um causo
O Laboral Kutxa tomou um sacode surpreendente do Estrela Vermelha, em casa, perdendo por 86 a 66, ainda no vestiário, o técnico italiano Marco Crespi foi comunicado sobre sua demissão. Foi a chamada demissão sumária, mesmo, para um cara que trabalhava fora de seu país pela primeira vez, tendo sido contratado para este campeonato. Os jogadores só foram saber em contato com a imprensa na zona mista, na saída do vestiário. O clube basco tem duas vitórias e três derrotas na Euroliga. Na liga espanhola, dois triunfos e quatro reveses. Começo ruim de campanha, ok. Mas era pouco mais de um mês de trabalhado… Acontece lá também. O destaque da partida foi o ala Luka Mitrovic, de apenas 20 anos, mais um jovem sérvio que ainda vai dar o que falar. Ele teve 17 pontos, 5 rebotes e 2 assistências, fazendo um pouco. Crespi já foi diretor do departamento de scout internacional de Suns e Celtics.

Arrivederci, Marco

Arrivederci, Marco

Lembra dele? MarShon Brooks (Olimpia Milano). Ele mesmo, o ala que já se comparou a Kobe Bryant ao sair da universidade e iniciar sua carreira como profissional pelo Nets e passou por Boston Celtics, Golden State Warriors e Los Angeles Lakers. Sem mercado na NBA, Brooks teve de seguir sua carreira profissional na Europa, com uma boa oferta do Olimpia Milano, clube italiano que tenta voltar ao patamar dos grandes no Velho Continente. Na vitória sobre o Turow Zgolarec por 90 a 71, essencial para um time que vinha penando na temporada, o ala americano anotou 10 pontos e pegou 4 rebotes. Nada espetacular, mas pelo menos é alguma coisa num momento delicado para o jogador, que corre risco de ser dispensado. A imprensa italiana já especula que o Milano vem vasculhando o mercado para um possível substituto. A diretoria está frustrada com o lateral.

Em números
27 – Olho no Olympiakos: os bicampeões da Euroliga em 2012 e 2013 vai muito bem, obrigado, na primeira fase. Nesta quinta, o time bateu o Galatasaray, em casa, por 93 a 66, com 27 pontos de vantagem. Um resultado impressionante. O pivô Othelo Hunter, que já teve breve passagem pelo Atlanta Hawks, anotou 17 pontos e pegou 10 rebotes. O craque Vassilis Spanoulis somou 16 pontos e 7 assistências. Oito atletas do clube grego marcaram mais de 7 pontos.

16 + 12 – Milos Teodosic conseguiu nesta sexta seu terceiro double-double em apenas cinco jogos pelo CSKA, com 16 pontos e 12 assistências em 32 minutos. De novo: o sérvio vai jogando talvez o melhor basquete de sua carreira, empolgadíssimo depois da ótima participação na Copa do Mundo. Rubén Magnano que o diga.

10 – Assim como Robert Day, Andrew Goudelock matou uma dezena de bolas de longa distância em 12 tentativas, na vitória do Fenerbahçe sobre o Bayern de Munique, fora. Foi o recorde da competição. Apelidado de “Mini Mamba” nos Estados Unidos, depois de ter acompanhado Kobe Bryant em sua temporada de novato pelo Lakers, ele anotou 34 pontos e atingiu um ranking de eficiência de 40 pontos, ganhando o prêmio de MVP da jornada mais uma vez.

6 – O americano Brian Randle fez das suas novamente, dando sete tocos na crucial vitória do Maccabi Tel Aviv sobre o Unicaja Málaga, na Espanha. Os dois clubes estão agora empatados no Grupo C, com 3-2. Os espanhóis levam a melhor apenas no saldo de pontos (10 contra 6). Com a grave lesão de Guy Pnini, mais um a lidar com uma ruptura de tendão de Aquiles, cresce a importantância de Randle, um atleta bastante dinâmico, o para o atual campeão. Ele ainda contribuiu com 12 pontos, 7 rebotes e 2 assistências. De 2,03 m de altura, ele tem agora 2,4 bloqueios em média por partida.

3 – Com a derrota do Real em Istambul, restam três times invictos na temporada: Barcelona, na frente do Grupo B, CSKA liderando o C e o Olympiakos encabeçando o Grupo D.

Tuitando

O ala australiano foi dispensado pelo Clippers, mas descolou uma vaguinha no Utah Jazz para ajudar no progresso de Dante Exum – e também pelo fato de o time de Salt Lake City contar com um técnico que o conhece da Europa, Quin Snyder, que trabalhou com Ettore Messina no CSKA. De longe, segue sua ex-equipe ainda de perto. Devin Smith jogou demais contra o Unicaja, com 24 pontos e 10 rebotes.

Imaginem a bagunça no quarto 313, com tanta gente grande dentro, ainda mais depois de uma grande vitória do Estrela Vermelha sobre o Laboral Kutxa. O ala Nikola Kalinic, vice-campeão mundial, veio bem do banco de reservas, influenciando a partida com sua energia e capacidade atlética. Ele ainda tem muito o que evoluir em leitura de jogo e arremesso, mas segue um prospecto interessante, como pudemos testemunhar na Copa.

As 10 melhores jogadas da semana, galera. Aproveitem.


Euroligado: 1ª rodada confirma Grupo da Morte
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Giancarlo Giampietro

Já escrevi durante a Copa do Mundo sobre como essa coisa de Grupo da Morte pode ser meramente um recurso (leia-se “truque) jornalístico fácil para ganhar manchetes, driblar a falta de informação, ou qualquer coisa do tipo. No caso da Euroliga 2014-2015, porém, é impossível escapar deste clichê ao avaliar as equipes emparelhadas no Grupo C. C de morte, mesmo. Na rodada que abriu a temporada, com jogos espalhados entre quarta e sexta-feira, dois dos melhores confrontos aconteceram justamente por esta chave: Fenerbahçe x Olimpia Milano e Barcelona x Bayern de Munique. A eles se juntam o Panathinaikos e o estreante polonês Turów Zgorzelec, este correndo por fora, mas bem por fora, mesmo. De resto, o que temos é o seguinte: um grande time de basquete vai ficar fora do torneio logo na primeira etapa. A julgar pelos elencos e pelos primeiros 4o minutos de ação para o sexteto, os alviverdes gregos, com toda a tradição de seis títulos continentais, que se cuidem. Ao menos, venceram o Turow por sete pontos na estreia. A conferir o desenrolar desta sangria.

O jogo da rodada: Fenerbahçe 77 x 74 Olimpia Milano

Fenerbahçe comemora o triunfo como se fosse até um título

Fenerbahçe comemora o triunfo como se fosse até um título

Dá para advogar a favor do triunfo do Nizhny Novgorod, da Rússia, sobre o Dínamo Sassari, da Itália, por 88 a 86? Claro que dá. Fora de casa, o clube italiano teve uma largada fulminante ao abrir uma vantagem de até 19 pontos no primeiro tempo (26 a 7), mas viu todo esse montante ser derrubado rapidamente. Daí que os anfitriões conseguiram a virada no segundo tempo e pularam eles com dez pontos na frente no princípio do quarto período. Havia tempo, porém, para uma reação dos italianos, que chegaram a ter a última bola em mãos para o empate ou virada. Não rolou.

De qualquer forma, considerando o nível dos times que se enfrentaram em Istambul – dois clubes com pretensões de título na temporada –, comparando com dois estreantes em solo russo, fica-se confortável em seguir este caminho. Depois de o Fener vencer o primeiro quarto com facilidade (26 a 15), o Milano reagiu pelas mãos improváveis do pivô Niccolo Melli (grandalhão que protege o aro na defesa e, no ataque, é basicamente um chutador em evolução de média para longa distância), as equipes travaram uma batalha duríssima. O segundo tempo foi realmente como uma luta franca de boxe, sem que nenhum oponente abrisse uma larga vantagem. Foram incontáveis trocas de liderança entre ambos. Como no finalzinho da terceira parcial em que uma cesta de três do Fener foi respondida por jogada de fal-e-cesta para cima do jamaicano Samardo Samuels, deixando o time visitante na frente por 58 a 57.

O confronto seguiu nesse ritmo até o último minuto quando o armador cestinha americano Andrew Goudelock matou uma bomba de três pontos – daquelas em que você se consagra ou ouve “anta” em turco vindo da arquibancada –, para levar o placar a 76 a 71 para o Fener, com menos de 50 segundos no cronômetro. Falaremos mais a respeito de Goudelock abaixo. Foi, em suma, uma partida já em alto nível, com grandes personagens em quadra (entre draftados e atletas com experiência de NBA em quadra, eram 10), com muita intensidade logo de cara.

JP teve de se virar contra Schortsanitis em seu retorno a um palco de Euroliga

JP teve de se virar contra Schortsanitis em seu retorno a um palco de Euroliga

Os brasileiros
Marcelinho Huertas: em uma vitória bastante dura sobre o Bayern, por 83 a 81, não teve a jornada mais feliz na conclusão de seus tiros em direção ao garrafão (1-6 em chutes de dois pontos), mas conduziu bem o ataque do Barça nos 25 minutos em que esteve em quadra. Foram computadas apenas duas assistências, mas o armador  deu estabilidade ao ataque, alimentando bem o jogo interior para Ante Tomic (15 pontos, 6-7 nos arremessos). Com o tcheco Tomas Satoransky de fora, Juan Carlos Navarro fez as vezes de armador reserva, terminando com oito passes para cesta e 2-10 em bolas de longa distância. Figura.

JP Batista: foi uma estreia bastante produtiva para o pivô com a camisa do Limoges, campeão francês, em jogos de Euroliga, contra o Maccabi Tel Aviv tão bem quisto pelos flamenguistas. O pernambucano marcou 15 pontos em apenas 19 minutos, convertendo 7-16 arremessos, porém. Esta é a terceira edição da competição para João Paulo, que não a disputava desde 2009. O time israelense venceu por 92 a 76, em casa, com um show de sua torcida.

Lembra dele?
Andrew Goudelock (Fenerbahçe)
O torcedor do Los Angeles Lakers mais nerd certamente guarda um espaço em seu coração para este chutador de mão cheia. Revelado pela universidade de Charleston, ele estreou pela franquia angelina na temporada do lo(u)caute, 2011-2012, já sob o comando de Mike Brown. No campeonato seguinte, depois de incendiar a D-League, foi novamente contratado pelo Lakers na reta final. Depois da lamentável lesão de Kobe, acabou recebendo minutos de playoff inesperadamente contra o Spurs, sendo um dos poucos atletas do time capaz de criar alguma coisa por conta própria no perímetro. Com 1,90 m, se tanto, porém, é considerado muito baixo para a posição, a despeito de seu talento ofensivo. Na Europa, isso não foi problema. Jogou demais pelo UNICS Kazan na campanha passada e acabou contratado a peso de ouro pelo Fener. Em seu primeiro jogo de Euroliga, marcou 19 pontos, quatro rebotes e quatro assistências, com 8-16 nos arremessos em 36min53s – o sargentão Zeljko Obradovic simplesmente não conseguia tirá-lo de quadra.

Um vídeo: Berrante
Agora, se Goudelock está com moral com o piradaço e octocampeão da Euroliga sérvio, o mesmo não se pode dizer de Ricky Hickman. Depois de lidar com David Blatt em Tel Aviv, o americano agora vai precisar de protetor auricular. Vejam o esculacho que ele tomou do treinador antes de um pedido de tempo nos minutos finais contra o Milano:

(Outro vídeo: insanidade em Belgrado
A torcida do Estrela Vermelha está que não se aguenta: seu clube disputa a Euroliga, enquanto o arquirrival Partizan, o time hegemônico da Sérvia e da Liga Adriática na última década, vê tudo de fora. Na estreia contra o Galatasaray, os caras sacudiram a Kombank Arena desde 30 minutos antes de a bola subir. Durante o aquecimento, o ginásio estava assim. Imagine quando eles venceram por 29 a 10 no segundo período, para assegurar a primeira vitória? Transmiti o jogo no Sports+ ao lado do chapa Maurício Bonato, e foi de arrepiar.

)

Em números

78,5%– Foi o aproveitamento de quadra do gigante Boban Marjanovic, de 2,21 m, para demolir a defesa do Galatasaray. O sérvio anotou 22 pontos, acertando 11 de seus 14 arremessos, em 27 minutos. Também pegou 10 rebotes. É impressionante a evolução do pivô nos últimos anos. Inicialmente, a tendência era tirá-lo apenas como um herói cult do basquete, por razões óbvias de estatura (aquela coisa de enterrar e dar toco sem saltar etc.). Mas Marjanovic trabalhou duro para se tornar uma arma extremamente perigosa no garrafão.

Boban Marjanovic foi companheiro de Lucas Bebê no time de verão do Atlanta do ano passado e ficou fora da seleção sérvia da Copa do Mundo

Boban Marjanovic foi companheiro de Lucas Bebê no time de verão do Atlanta do ano passado e ficou fora da seleção sérvia da Copa do Mundo

29 – Mardy Collins, ala-armador ex-New York Knicks e Los Angeles Clippers, atingiu este índice de eficiência pelo Turow em duelo com o Panathinaikos. O norte-americano nunca deixou tão feliz o torcedor do Olympiakos, seu clube no campeonato passado, como nesta sexta, ao somar 23 pontos, 9 rebotes e 5 assistências em 29 minutos contra o arquirrival dos Vermelhos.

22 – Dario Saric foi titular e recebeu 21min59s – 22 minutos, vai? – de tempo de quadra do técnico Dusko Ivkovic, pelo Anadolu Efes, na primeira rodada. Por que isso é relevante? É que, durante a semana, o pai do promissor ala-pivô croata, havia esperneado publicamente para reclamar das poucas chances que o garoto vinha recebendo no princípio de temporada. Foi simplesmente bizarro: o clube estava disputando apenas amistosos e uma rodada pelo campeonato turco, e o sujeito já estava sem paciência alguma, ameaçando inclusive tirar Saric de lá. O detalhe: antes do Draft da NBA, o Papai Saric havia comprado uma briga com os antigos agentes do atleta, dizendo que seria a maior burrada da história se o atleta deixasse o Cibona Zagreb direto para a liga norte-americana. Que o melhor era ele primeiro trabalhar em um grande clube europeu, primeiro, para ganhar cancha, se desenvolver.

10 – Muito confiante depois da conquista da medalha de bronze na Copa do Mundo, substituindo Tony Parker, o armador Thomas Heurtel teve uma exibição magnífica na primeira partida do campeonato, quarta-feira, em vitória contra o Neptunas. Foram dez passes para cesta, além de 13 pontos e quatro roubos de bola. Em seu último ano de contrato, Heurtel recebeu proposta do Anadolu Efes, mas optou por ficar no País Basco.

4 x 4 – A primeira partida de Euroliga para Gustavo Ayón deixou claro, mais uma vez, seu talento, sua versatilidade. O Real Madrid adorou. Em um jogo muito mais apertado do que o esperado contra o jovem elenco do Zalgiris, em Kaunas, o mexicano teve um mínimo de quatro tentos em quatro estatísticas diferentes: 10 pontos, 6 rebotes, 4 assistências e 4 roubos de bola, em 24 minutos.

Tuitando

Este é o armador Tyrese Rice, MVP do Final Four da temporada passada pelo Maccabi, elogiando o ala Lucca Staiger, do Bayern de Munique. Nesta sexta, com o apoio de seu ex-companheiro de clube, o alemão matou quatro em oito tiros de três contra o Barça. Staiger, que tem de fato uma bela mecânica, acertou 44,2% na temporada passada – mas apenas 28,8% em três campanhas de Eurocup (a Liga Europa do basquete) pelo Alba Berlim.

Aqui temos o encontro do legendário Sarunas Jasikevicius, hoje assistente do Zalgiris, talvez o melhor armador europeu de sua geração, com o atual melhor armador do continente, Sérgio Rodríguez, o Señor Barba. Tudo de acordo com a nada modesta opinião de um blogueiro, ok.

Recuperado de um glaucoma, que o tirou da Copa Intercontinental contra o Fla, Sofoklis Schortsanitis está de volta. E o pivô grego, um dos nobres protagonistas da Dinastia Baby Shaq, já fez toda a diferença pelo Maccabi, anotando 11 pontos em 11 minutos de jogo, usando óculos – impossível não olhar para ele.

Pesic foi campeão europeu pelo Barcelona em 2003, e os catalães não vão esquecê-lo. A nota bacana para o basquete brasileiro é a presença de Anderson Varejão naquele plantel.


Vai começar: a Euroliga 2014-2015 em números
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Giancarlo Giampietro

O Barcelona conta com um dos brasileiros da Euroliga. Vocês sabem quem, né? Na foto

O Barcelona conta com um dos brasileiros da Euroliga. Vocês sabem quem, né? Na foto

O basqueteiro sabe: quando chega outubro, o que ele mais ouve é: “Vai começar”.

Pois vai começar nesta quarta-feira a Euroliga de basquete, com um monte de jogadores que nos fizeram companhia durante a Copa do Mundo, dois brasileiros e o MarShon Brooks. Abaixo, alguns dados a respeito da segunda principal liga de clubes do mundo, que será transmitida no Brasil com exclusividade pelo canal Sports+, da SKY, time do qual farei parte novamente.  Jajá voltamos aqui com os times e jogadores para se ficar de olho, um contexto maior sobre os dois brasileiros no páreo – Marcelinho Huertas e JP Batista – e qualquer coisa que dê na telha.

Vamos lá, anotando:

76 – São 76 os jogadores dos Estados Unidos inscritos na competição, disparado o país com maior número de participantes no torneio. Em média, são mais de três por elenco. O atual campeão e vítima do Flamengo Maccabi Tel Aviv foi o que mais importou da fonte: oito! Mas nem todos são registrados como ianques, porém. No clube israelense, por exemplo, são três com cidadania local: o ala Sylven Landesberg e os pivôs Alex Tyus e Jake Cohen. Há americanos croatas, americanos bósnios, americanos belgas, e por aí vai.

Teodosic. Quem se lembra dele?

Teodosic. Quem se lembra dele?

66,6% – Da seleção sérvia que derrotou o Brasil pelas quartas de final da Copa, 8 atletas – ou 66,6% – jogam em clubes da Euroliga. O terror Milos Teodosic segue no CSKA Moscou, enquanto o pivô Nenad Krstic deixou a capital russa para jogar pelo Anadolu Efes, da Turquia. Em Istambul ainda aparecem o prodígio Bogdan Bogdanovic e o classudo Nemanja Bjelica, pelo Fenerbahçe. O pivô Vladmir Stimac saiu do Unicaja Málaga para o Bayern de Munique, mas o clube espanhol, por sua vez, completou sua cota com o armador Stefan Markovic. O Estrela Vermelha, único time do país disputando a competição, conta com os outros dois: o armador reserva Stefan Jovic e o atlético ala Nikola Kalinic. De resto? Miroslav Raduljca levou seus talentos, barba e Harleys para a China; Rasko Katic está em Zaragoza, Stefan Bircevic, em Madri (pelo Estudiantes) e Marko Simonovic, na França (pelo Pau-Orthez). O contingente sérvio, claro, não se limita a eles. Fora do Estrela, há mais nove jogadores espalhados pelo continente.

41 – É o número de atletas com experiência de pelo menos uma temporada regular completa na NBA – descartei os jogadores de contratos temporários, não-garantidos, com uma ou outra partida oficial ou amistosos de pré-temporada. Os dois que têm mais rodagem são Andrés Nocioni, nosso bom e velho e amigo, com  12.654 minutos (contando playoffs) e Krstic, com 11.252 minutos. Da safra nova, vale ficar de olho no que vão aprontar os alas MarShon Brooks (aquele mesmo ex-Nets, Celtics, Warriors, Lakers, seguidor de Nick Young, sem o carisma, mas que julga ser tão bom quanto um jovem Kobe Bryant e agora defende o Olimpia Milano), James Anderson (raro caso de talento mal desenvolvido em San Antonio, ex-Sixers, hoje no Zalgiris Kaunas) e Orlando Johnson (ex-Pacers e Kings, no Baskonia/Laboral Kutxa).

33,3% – Um terço dos clubes desta temporada não disputaram a última edição do campeonato: Dínamo Sassari (Itália), Nizhny Novgorod (Rússia), PGE Turow Zgorzelec (Polônia), Neptunas Klaipeda (Lituânia), todos estreantes, além de Limoges (da França, longe do torneio desde 1998), Valência (Espanha, desde 2011), Cedevita Zagreb (Croácia, desde 2013) e UNICS Kazan (Rússia, desde 2012).

Parla, Ginóbili!

Parla, Ginóbili!

13 – Há 13 anos que um clube da Itália, o país mais vencedor do torneio, não ganha leva o troféu para casa. O último foi o Virtus Bologna de um jovem Manu Ginóbili, em 2001, temporada na qual os times acabaram divididos em duas competições – a segunda com o nome de SuproLeague, ainda sob gestão da Fiba, que não foi adiante.

12 – No mapa da Euroliga, uma dúzia de países estão representados. A Espanha apresenta o maior contingente: cinco times (Barcelona, Baskonia/Laboral Kutxa, Málaga, Real Madrid e Valência). Rússia (CSKA Moscou, Nizhny Novgorod e UNICS Kazan) e Turquia (Anadolu Efes, Fenerbahçe e Galatasaray) têm três cada. Depois temos dois da Itália (Olimpia Milano e Dínamo Sassari), dois da Lituânia (Zalgiris Kaunas e Neptunas Klaipeda), 2 da Alemanha (Alba Berlim e Bayern de Munique), 1 da França (Limoges), 1 de Israel (Maccabi), 1 da Croácia (Cedevita Zagreb), 1 da Polônia (Turów Zgorzelec) e da Sérvia (Estrela Vermelha).

9 – A atual edição conta com nove campeões continentais, listados aqui pela ordem cronológica de seus primeiros títulos: CSKA Moscou (1961), Real Madrid (64), Olimpia Milano (66), Maccabi Tel Aviv (77), Limoges (93), Panathinaikos (96), Olympiakos (97), Zalgiris (99) e Barcelona (2003). Detalhe: o campeonato europeu de clubes só passou a ser disputado com o nome de Euroliga em 2001).

8 – Tal como acontece no futebol, o Real Madrid é o clube com mais títulos europeus, com oito. Da mesma forma que também acontecia nos gramados – até levantarem a taça na temporada passada –, os merengues aguardam há tempos, porém, a nona. Não sobem ao degrau do pódio desde 1995. Maccabi, CSKA e Panathinaikos têm seis títulos cada um.

Sergio Rodríguez, Señhor Barba MVP

Sergio Rodríguez, Señhor Barba MVP

5 – A Euroliga ainda tem um quinteto de MVPs em atividade nesta edição. Dificilmente eles poderiam jogar juntos, porém, já que estamos falando de cinco armadores: Juan Carlos Navarro (2009), Milos Teodosic (2010), Dimitris Diamantidis (2011) Vassilis Spanoulis (2013) e Sérgio Rodríguez (2014). Obs: o destaque de 2012 foi Andrei Kirilenko, ex-CSKA, durante a temporada do lo(u)caute da NBA.

3 – Uma tradição da Euroliga é a eleição dos MVPs de cada mês, assim como a NBA faz. O Barcelona tem uma curiosidade em seu plantel: com três prêmios cada um, Navarro e Ante Tomic são os dois recordistas nesse quesito. A longevidade de La Bomba impressiona: seus três troféus estão espalhados entre janeiro de 2006 e janeiro de 2011. Já o talentosíssimo pivô croata arrebentou na edição passada, faturando dois em sequência em fevereiro e março.

2 – Guerra da Cisplatina! Argentina, Brasil e Uruguai têm a mesma quantia de jogadores na Euroliga 2014-15: um par cada. Por essa você não esperava, né? Marcelinho Huertas (Barça) e João Paulo Batista (Limoges) fazem as vezes dos tupiniquins, enquanto Nocioni e o enjoado Facundo Campazzo representam os argentinos pelo Real Madrid. O espírito charrúa fica por conta do imortal Esteban Batista (Panathinaikos) e do armador Jayson Granger (Málaga). Obs: o jovem ala-pivô brasileiro Daniel Bordignon pertence ao Baskonia, mas foi emprestado para o Navarra, da Liga Adecco Oro, segunda divisão espanhola.

0 – O Cedevita Zagreb é o único time de todo o campeonato que não conta com nenhum jogador dos Estados Unidos em seu plantel. Em meio aos croatas, o único estrangeiro sob a orientação de Jasmin Repesa é o bósnio Nemanja Gordic, se é que isso pode ser considerado um forasteiro.


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