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Rumo ao Draft, Georginho e Lucas Dias treinam intensamente nos EUA

Giancarlo Giampietro

Em meio a treinos puxados, ainda pode rolar um mimo ou outro para George e Lucas

Em meio a treinos puxados, ainda pode rolar um mimo ou outro para George e Lucas

Tem hora que você sai de quadra exausto, pregado. Mas sabe que, logo mais, daqui a algumas horinhas, vai começar tudo de novo. Você vai repetindo as sessões diariamente, até que chega uma hora que o corpo acostuma e você passa a notar a diferença. Entende para onde está processo está te conduzindo, num momento muito importante, que pode até definir sua carreira.

Se tudo der certo, deve ser isso que passa pela cabeça de qualquer prospecto candidato ao Draft da NBA. A concorrência, todos sabem, é duríssima. Para encarar essa disputa, então, é preciso dar um duro danado. Tem de abraçar a causa, e foi justamente o que Georginho e Lucas Dias fizeram nos últimos dias nos Estados Unidos, acelerando sua preparação para o recrutamento de calouros da liga norte-americana.

As duas revelações do Pinheiros foram liberadas pelo clube para um período de treinamento específico na badalada academia IMG, localizada na Flórida, para fazer um trabalho completo. Seja no aprimoramento de fundamentos, na desenvoltura atlética e também em aulas intensivas de inglês a qualquer hora que estiverem fora de quadra ou da academia. É o tipo de treinamento que conta muito para o Draft – mas que, se bem executado, tem um efeito duradouro para a carreira também.

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Não se trata de mágica. Não é que obrigatoriamente os atletas se alistem ao programa e saiam de lá evoluídos. A ideia é que eles recebam instruções valiosas, sim, e reflitam e trabalhem em cima de carências. No mínimo, contudo, o que os jovens jogadores aprendem é sobre o quanto seus limites podem expandir, em termos de intensidade e resistência. Essa nova perspectiva foi o que mais chamou a atenção dos garotos brasileiros em treinos aplicados por um estafe experiente, dirigido por Kenny Natt, técnico de vasta experiência na NBA, e outros treinadores, com destaque para Dan Barto, que, segundo fontes muito qualificadas para falar do processo, é reconhecido como um dos melhores do ramo no desenvolvimento de fundamentos.

As sessões começaram no dia 23 de março e vão durar até este sábado. No domingo, então, vão tomar rumos diferentes. George seguirá para Portland, aonde vai disputar o Nike Hoop Summit, rodeado por alguns dos melhores jogadores de sua geração. Já Lucas pegará o voo de volta a São Paulo para se reintegrar ao Pinheiros e se preparar para os playoffs.

(Antes de mais nada, acho normal a liberação do clube paulistano. É um investimento, na verdade: se os jogadores forem draftados, podem render, juntos, mais de US$ 1 milhão em multa contratual, uma bela grana com o câmbio do jeito que anda. Caso declarem seus nomes e retornem, no mínimo voltarão com uma bagagem maior. Além disso, não é que os dois atletas sejam, hoje, peças integrais na rotação de Marcel de Souza. Pelo contrário. A baixa provavelmente influencia mais na rotina de treinos. Fora isso, não vejo no que a equipe sairia perdendo.)

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Em seu site, a IMG conta um pouco sobre a rotina geral pela qual os prospectos passam: duas sessões de treinos por dia, específicas para a posição e também gerais; um treino mais voltado para a performance atlética; um programa nutricional bem monitorado; psicólogos prontos para trabalhar com os atletas em 'detalhes' como concentração e confiança, ajudando-os a encarar a carga pesada de exercícios; análises posteriores de vídeos de suas sessões, para maior didatismo na correção de seus movimentos. Tudo o que você poderia pedir. Sem contar a infraestrutura com duas quadras oficiais de NBA, tanto em termos de medida como em qualidade de piso, divididas em 12 estações para ensino.

Desnecessário dizer que Georginho e Lucas ficaram maravilhados com essa nova realidade, mas sem se deslumbrar. Até porque não dá tempo. A carga é realmente pesada. É intencional, uma vez que, caso precisem passar por sessões privadas com os clubes, os dois jogadores vão ser exigidos realmente ao máximo – no caso, um máximo que desconheciam. Depois de penarem nos primeiros dias, foram respondendo aos poucos, num progresso natural aos aspirantes, mas que nem sempre acontece. Deram duro e colheram os frutos e, ao mesmo tempo surpreenderam os experientes técnicos.

Passar por esse programa, no ano passado, rendeu resultados. Seis 'alunos' da IMG foram draftados em 2014 – o que equivale a 10% das vagas abertas. Destaque para o ala Rodney Hood, do Utah Jazz. Claro que isso não serve como garantia e que pode ser mera coincidência. O Draft é muito volátil. Depende de uma série de fatores. Mas é fato que os brasileiros tiveram do bom e do melhor para cumprir mais essa etapa.

Aqui, só uma graça que a IMG postou. Mais uma palinha, mesmo:

PS: aguarde mais sobre o Hoop Summit e o cenário pré-Draft dos brasileiros nos próximos dias.