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Arquivo : Russell Westbrook

Jukebox NBA 2015-15: OKC e a estrada trovejante dos playoffs
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Giancarlo Giampietro

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Em frente: a temporada da NBA caminha para o fim, e o blog passa da malfadada tentativa de fazer uma série de prévias para uma de panorama sobre as 30 franquias da liga, ainda  apelando a músicas, fingindo que está tudo bem. A gente se esbalda com o YouTube para botar em prática uma ideia pouco original, mas que pode ser divertida: misturar música e esporte, com uma canção servindo de trilha para cada clube. Tem hora em que apenas o título pode dizer algo. Há casos em que os assuntos parecem casar perfeitamente. A ver (e ouvir) no que dá. Não vai ter música de uma banda indie da Letônia, por mais que Kristaps Porzingis já mereça, mas também dificilmente vai rolar algo das paradas de sucesso atuais. Se é que essa parada existe ainda, com o perdão do linguajar e do trocadilho. Para mim, escrever escutando alguma coisa ao fundo costuma render um bocado. É o efeito completamente oposto ao da TV ligada. Então que essas diferentes vozes nos ajudem na empreitada, dando contribuição completamente inesperada ao contexto de uma equipe profissional de basquete:

A trilha: “Thunder Road”, por Bruce Springsteen.

Kevin Durant se preparava para enfrentar o Clippers no início de março. Foi quando, numa entrevista para o Orange County Register, admitiu uma leve surpresa pela forma como conseguiu encaminhar sua temporada, podendo se tornar um agente livre ao final do campeonato. “Não diria que estava tudo quieto, mas foi numa boa. Tem sido diferente. Estava esperando muito mais em todas as cidades que visitaria, que todo mundo ia perguntar sobre isso, mas tem sido bastante tranquilo”, afirmou.

É bom que ele tenha curtido essa calmaria. Pois não deve durar muito: com os playoffs se aproximando, Durant e o Okahoma City Thunder vão entrar numa estrada trovejante (vrum-vrum!).

Pegamos carona, então, ouvindo um dos clássicos de Springsteen, numa letra enorme que fala, entre tantos assuntos, sobre carros, garotas, afirmação e também a redenção. Para falar de NBA vida de atleta, os dois primeiros tópicos sempre valem, né?  Mas, para esta equipe especificamente, fiquemos os outros demais.  Tem muita coisa em jogo para o time, graças a está cláusula contratual que permite ao craque encerrar seu vínculo para entrar no mercado.

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Com a possibilidade de um jogador dessa grandeza entrar no mercado, era de se esperar um ba-fa-fá muito maior.  Muitas teorias malucas, especulações envolvendo até mesmo o Philadelphia 76ers. Esse tipo de loucura. LeBron James não deve ter entendido nada.

Rolou só o papo sobre o Golden State Warriors. Quer dizer, são vários os bate-papos que os atuais campeões instigam, pela campanha maravilhosa, pela ascensão de Curry, a volta de Steve Kerr, e tal. Mas teve também aquela história de um flerte à distância com o cestinha. De qualquer forma, não durou muito a discussão, e nem tinha como, devido ao embasbacamento geral da nação com o ritmo do time californiano. Mas não ficou só nisso. A postura um tanto arredia do ala no início da campanha, disparando sem parar contra o jornalismo em geral (essa entidade diabólica), e também o fato de que estava se recuperando de uma sucessão de cirurgias também abafaram a história.

A dupla vai durar até... a) 2016? b) 2017? c) apoentadoria?

A dupla vai durar até… a) 2016? b) 2017? c) apoentadoria?

Agora: se o Thunder por ventura chegar a um confronto com o Warriors na final do Oeste, será impossível segurar. Se a equipe nem chegar até lá, pior ainda. Aí é sinal de férias antecipadas, e Durant, mesmo que apenas entre seus confidentes e Jay-Z, não poderia mais fugir do assunto.

O mais cruel de tudo isso é que um novo insucesso, neste campeonato em específico, seria totalmente aceitável. Golden State e San Antonio estão em outro patamar. São times que olham apenas para os melhores da história se for para encontrar adversário à altura, segundo os números da temporada regular. Ainda assim, cada um com o seu motivo, Thunder e Cavs precisam vencer ou vencer. E aí como faz?  Não é fácil encontrar a equação aqui.

O Thunder de Billy Donovan parte rumo aos mata-matas com o segundo melhor ataque. Seu sistema ofensivo é realmente aterrorizante, impulsionado por dois dos maiores cestinhas da atualidade, mesmo que não tenha passado por nenhuma transformação após a demissão de Scott Brooks. Em seus últimos 13 jogos, a equipe só não passou dos 110 pontos em uma derrota para o Detroit Pistons por 88 a 82, num milagre operado por Stan Van Gundy. Contra Portland, Boston e Denver, passou dos 120 pontos. Mesmo preservando seus principais atletas numa segunda partida contra o Blazers, anotou 115 pontos.

Agora, se alcançou uma marca dessas e saiu derrotado, é porque sua defesa não incomoda tanto assim. É a mesma peneira que permitiu 117 pontos aos reservas do Clippers, com direito a 64 pontos de Austin Rivers e Jamal Crawford, 55,3% nos arremessos e 16 cestas de fora. No geral, o time tem o 12o. melhor sistema defensivo, o que não costuma ser um bom indício na luta pelo título. Especialmente quando o San Antonio Spurs lidera esse ranking e o Golden State Warriors aparece em quinto. Ambos estão no top 3 ofensivo. Na temporada regular, até fizeram jogo duro. Ganharam duas dos texanos. Fizeram dois jogos memoráveis contra os californianos, com direito a cesta inacreditável de Curry. Nos playoffs, o cenário muda, o bicho pega.

MVP e MVP juntos? OKC tem de superar Golden State em diversas frentes

MVP e MVP juntos? OKC tem de superar Golden State em diversas frentes

Para OKC, além se seus próprios resultados e do aspecto emocional, sua maior esperança talvez seja o aspecto financeiro. Se o astro priorizar seus rendimentos, a decisão que faz mais sentido é a de postergar toda essa discussão, ao menos por um ano. Bastaria dizer que vai até o fim de seu atual contrato,.virando agente live ao mesmo tempo que Westbrook e Serge Ibaka.

A expectativa é que ele receba um salário máximo quando virar agente livre, a não ser que, tal como Wade e LeBron fizeram em Miami, aceite dar um desconto para formar um novo supertime. Se der a lógica, todavia, ele receberia um salário equivalente a 30% do teto. Em 2016, a projeção é que o teto seja de US$ 90 milhões. Em 2017, US$ 108 milhões. Só não precisa calcular ainda a diferença. Pois tem mais um detalhe: se deixar para assinar após seu décimo ano de NBA, o cestinha terá direito a 35% do teto. Seu salário poderia começar na casa de US$ 38 milhões. No total, poderia ganhar algo em torno se US$ 40 milhões a mais.

Praticamente a NBA inteira estará prepararada para fazer uma proposta a Durant, se ele assim desejar. Até mesmo o Warriors, mesmo se bicampeões. O que o astro procuraria? Não há nenhuma reportagem que tenha dado conta disso ainda. Tudo muito silencioso ainda. Prenúncio de tempestade?

A pedida? O título, derrubando em sequência, Spurs, Warriors e Cavs. Imaginem só? Aí quero ver jogador cair na estrada.

A gestão: pela primeira vez desde que chegou ao clube, lembrando que o projeto se iniciou ainda em Seattle, vimos Sam Presti agir sob forte pressão com preocupações mais imediatistas, e os resultados são questionáveis. Quando as preocupações se tornaram mais imediatistas, . Numa primeira etapa,  seu trabalho de reconstrução foi aclamado em toda, servindo como exemplo para muita gente. Muito antes de Sam Hinkie ser apedrejado em Philly, Presti entendeu que, partindo do zero, precisaria de muita paciência para colocar sua equipe nos trilhos. Já faz tanto tempo que OKC se situa no topo da liga, que não podemos nos esquecer de como tudo começou.

Durant foi escolhido em 2007. Russell Westbrook veio em 2008. Por fim, em 2009, James Harden completou uma trinca de futuros All-Stars, Dream-Teamers, candidatos a MVP. Foram, respectivamente, os segundo, quarto e terceiro colocados em seus respectivos Drafts. Para ter direito a uma seleção alta dessas, é claro que o Thunder não poderia render lá muito bem em quadra. Nos dois primeiros anos de Durant, venceram, respectivamente, 20 e 23 partidas apenas.

Presti conseguiu tirar Donovan da Flórida. OKC só não mudou muito assim

Presti conseguiu tirar Donovan da Flórida. OKC só não mudou muito assim em quadra

A diferença é que, na hora de detectar talentos, Presti teve muito mais sorte e competência que Hinkie, que acaba de se demitir de um time que tem apenas dez triunfos a poucos dias do fim do campeonato. A sorte pesou para a escolha de Durant, com o time entrando no top 3 de modo inesperado e vendo o Portland Trail Blazers apontar Greg Oden como o calouro número um. Essa é uma das grandes interrogações para a torcida do Blazers: e se eles tivessem ido de Durant? De qualquer forma, Westbrook e Harden não eram vistos como unanimidades em seus processos seletivos, ao passo que a lista de sucessos de sua gestão também se estende a Serge Ibaka e Reggie Jackson, que foram escolhidos em número 24. Steve Adams cumpre bem seu papel de lenhador atlético, tem evoluído de pingo em pingo e ainda não completou nem 23 anos. Andre Roberson já é um marcador enjoado. Sobre Cameron Payne, Mitch McGary e Josh Huestis, está muito cedo ainda. Dá para dizer que o armador tem muito talento.

Presti foi tão bem na hora de draftar que teve a vida ligeiramente complicada pouco depois, quando chegou a hora de tratar do segundo contrato de muitos desses. Como no caso do Sr. Barba, eleito melhor sexto homem da liga em 2012, e tal. Entre ele e Ibaka, a franquia preferiu o pivô, deixando o ala-armador escapar para poupar alguns caraminguás. Fazendo todas as contas do que guardaram então, comparando com o que estão gastando agora com Kanter, ainda é complicado assimilar essa. Faltou visão ao dirigente. Por menor que seja o mercado de OKC, por mais que os proprietários tenham ordenado a contenção de gastos, o teto salarial da liga viria a subir consideravelmente nos anos seguintes, e seria possível assimilar este contrato sem muito esforço. Multa por multa, estão pagando pelo jovem turco.

O outro lado da questão é que as pessoas mais próximas de Harden garantem que ele não iria aceitar a condição de coadjuvante de Durant e Westbrook por muito tempo. Que cedo ou tarde, forçaria uma troca, mesmo de contrato renovado. Por tudo o que se noticia em Houston hoje sobre seu comportamento, essa tese tem lastro bastante razoável. Ainda assim, numa ressalva final, Presti poderia ao menos ter recebido mais em troca por um jogador desse quilate. Num de seus atos raros precipitados, pode ter deixado pacotes melhores na mesa. Mesmo sem Harden, OKC se manteria como candidato ao título. Seu alcance, porém, foi limitado quando as lesões começaram a aparecer, e Kevin Martin não estava mais por lá, enquanto Jeremy Lamb empacava.

Esse ganchinho de Kanter vai cair sempre. Mas há mais tarefas para administrar

Esse ganchinho de Kanter vai cair sempre. Mas há mais tarefas para ele tocar

Se o retorno por Jackson foi, relativamente, melhor, também foi a um custo financeiro alto, devido a iminentes negociações que deveria ter com Kanter e Singler, a mais de US$ 21 milhões ao ano — valor, que, verdade, será amenizado pela nova realidade financeira da liga. A troca pelo turco foi um ato de semidesespero de Presti. Sem Durant em quadra, no ano passado, enfim o gerente geral se mexer durante um campeonato, tentando de tudo para chegar aos playoffs. O New Orleans Pelicans fechou a porta na última rodada. O jovem pivô virou agente livre restrito e foi um dos raros casos recentes a ter uma proposta nessas condições. Veio de Portland, ao que tudo indica num ato deliberado de Neil Olshey para sacanear um concorrente da Divisão Noroeste.

Kanter tem uma das munhecas mais habilidosas da liga. Quando acionado no garrafão, no mano a mano, a chance de cesta é grande. Westbrook o adora, por lhe render assistências praticamente automáticas. Ele tem uma das munhecas mais habilidosas da liga.  Numa projeção por 36 minutos, tem médias de 22,1 pontos, 14,0 rebotes (5,3 na tábua ofensiva). O tipo de cestinha que poderia dar um alívio aos astros, já que Dion Waiters parece um caso perdido, mesmo. Aos 23 anos, valeria o investimento, mas talvez para um clube com pretensões mais amenas. Pois, se precisamos fazer uma projeção por 36 minutos para valorizar seus números, é porque joga pouco (20,8 por partida). Pode isso? Não só pode, como precisa. Pois a defesa, num jogo de alto nível, vai ser difícil de ser sustentada com ele. Aos poucos, o turco vai evoluindo nesse sentido. Mas não está pronto para lidar com ataques poderosos como o de Warriors e Spurs. A dúvida que fica: quando estiver pronto — se isso acontecer, claro –, Durant ainda estará por lá?

Olho nele: Serge Ibaka

Os playoffs estão chegando, e Ibaka ainda não acertou a mão

Os playoffs estão chegando, e Ibaka ainda não acertou a mão

Se Durant e Westbrook estão fazendo campanhas extraordinárias, o mesmo não pode ser dito sobre o pivô congolês, que, discretamente, ajudado pelo desempenho incrível de seus companheiros estrelados, vive talvez a pior temporada de sua carreira. Ou pelo menos a menos e produtiva. Pior: a queda de rendimento deste superatleta acontece dos dois lados da quadra.

Em tese, sua capacidade como o defensor seria sua contribuição mais relevante para a equipe, como um caso raro de marcador que pode executar tão bem a parede numa situação de pick-and-roll como a cobertura vindo do lado contrário para proteção do aro. Acontece que essas habilidades e sua envergadura intimidadora não estão surtindo tanto efeito assim neste ano. Você pode até não botar muita fé na medição “Real Plus-Minus” do ESPN.com, como medição exata do valor de um jogador, mas quando esse atleta despenca do número 15 para o 113 no ranking de defensores, de um ano para o outro, acho que é algo digno de registro. E OKC precisa de um Ibaka em sua melhor forma, para derrubar eventualmente San Antonio (LaMarcus, Diaw, West) e Golden State (Draymond Green).

Especialmente quando ele não está mais convertendo com regularidade seus arremessos de longa distância. Depois de alcançar a marca de 38,3% nos tiros de fora em 2013-14, Ibaka regrediu para os mesmos 33,3% de quatro anos atrás, com a diferença de que hoje arrisca 2,6 chutes por partida, contra 0,1 daquela época. No ano passado, este número estava na casa de 3,5. Olhando sua tabela de arremessos, percebe-se que o congolês está priorizando os tiros médios agora, com 34,6% de suas tentativas saindo do perímetro interno mais próximo à linha exterior, contra 29,1% em 2014-15. Seria um pedido de Donovan? Difícil de entender. Pensando nos playoffs, contra defesas mais preparadas, é uma boa estratégia, mesmo que ele esteja convertendo 45,1% desses disparos? Para alguém que definitivamente não consegue criar nada para seus companheiros, Ibaka precisa matar essas bolas. Do contrário, será apenas mais um jogador a encurtar a quadra para Durant e Westbrook, ao lado de Andre Roberson, Enes Kanter ou Steven Adams.

jeff-green-okc-trading-cardUm card do passado: Jeff Green. O cara já passou por tantas equipes que talvez hoje seja fácil esquecer que, em seus primeiros anos de liga, foi o primeiro parceiro escolhido por Presti para fazer a escolta de Durant. Com o tempo, a base ganhou muito mais talento… A ponto de o ala, inconsistente desde sempre, virar um item supérfluo no elenco. E a primeira troca de sua carreira teve o Boston Celtics envolvido, com Kendrick Perkins.

Obviamente que a saída de Green não é tão lamentada pelo torcedor de OKC como a de James Harden. Mas o que os dois têm em comum é a constante busca de Presti por uma peça complementar ideal e duradoura para o trio Durant-Westbrook-Ibaka. A lista se estende a Kevin Martin, Jeremy Lamb, Caron Butler e, agora, Dion Waiters. Foram todas tentativas frustradas, por um motivo ou outro, de preencher essa lacuna no perímetro – de um terceiro cestinha de preço médio que possa ajudar seus craques e se contentar com esse status. Mesmo os que deram certo se tornaram problemas, por terem se valorizado demais.

No caso de Green, o ala recebeu um bom segundo contrato em Boston, mesmo depois de ter perdido um campeonato inteiro devido a um problema no coração. Mas ele nunca justificaria o investimento. Estamos falando de um dos atletas mais inconsistentes da liga, parado no tempo, que tem sua dedicação bastante questionada. Os números não contribuem muito para sua defesa. Pode-se fuçar bastante em qualquer métrica disponível por aí: vai ser difícil encontrar algum dado que indique evolução em seu jogo.

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LeBron carrega Cavs em esforço que justifica (e relativiza) estatísticas
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Giancarlo Giampietro

A linha estatística de LeBron James deste domingo é qualquer coisa de anormal, mesmo: 37 pontos mais 18 rebotes maaaaais 13 assistências, em 47 minutos de jogo. E sabe o que mais também? Tentou 37 arremessos de quadra, convertendo 14 (37,8%). O que deveria levar todo mundo automaticamente ao seguinte questionamento: e se fosse o Kobe ou o Westbrook? Estaríamos falando de um ato heroico, que justifique a belíssima foto abaixo, ou seria simplesmente um espancamento público?

LeBron, Game 3, East Finals, Cavs, Hawks, triple-double

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Agora, antes que os defensores de Kobe, Wess e LeBron se inflamem, vamos apelar para aquela máxima do bom senso: que tal a gente relativizar os números, em vez de processá-los friamente, ignorando o que se passou ao redor do protagonista em quadra. De novo aquele conselho de jamais acessar a tabela de estatísticas e tão somente as estatísticas para dizer se um jogador “brilhou”, “deu show” ou “amarelou” e “afundou” o time.

Assim, de cara, dá para dizer que não é saudável que um atleta precise arremessar 37 vezes para levar seu clube ao triunfo, como aconteceu neste domingo, com o Cavs vencendo o Hawks por 114 a 111 para abrir 3 a 0 na série. Isso, aliás, é algo que contraria até mesmo a visão de jogo do craque, um cara que já foi acusado no início de sua carreira de passar até demais a bola em momentos decisivos. Quem se lembra disso? Foi lá em 2008.

Mas o que a gente vê hoje em quadra é justamente um Cleveland que lembra, em muitos aspectos, sua versão de seis, sete anos atrás, mesmo. Sem Kyrie Irving, sem Kevin Love, o que se tem é um conjunto que gira em torno completamente de seu grande astro. Pivôs competentes e combativos, mas que não criam por conta própria (tal como Zydrunas Ilgauskas e Anderson Varejão) e um bando de chutadores e operários no perímetro (com a diferença de que JR, Shumpert e mesmo Dellavedova superam as contribuições de Daniel Gibson, Damon Jones e dos Sasha Pavlovics da vida).

Uma cena que deixou isso mais evidente foi quando sentiu uma torção de tornozelo na reta final da partida e ficou mancando por umas duas ou três posses de bola. Pediu para ser substituído. Quando olhou bem para o banco, porém, pensou duas vezes e disse que ficaria em quadra. Não dava para chamar Mike Miller, Shawn Marion ou James Jones numa situação daquelas. “LeBron sabia que não venceríamos o jogo sem ele. Ele simplesmente não nos deixaria perder. Fantástico”, afirmou David Blatt. Pois é: está na cara que o Cavs só chegou a três vitórias nesta série devido aos talentos do ex-morador de South Beach.

Se LeBron tentou 37 arremessos, é porque foi preciso. Entre seus companheiros, só mesmo JR Smith tem capacidade de criar jogadas por conta própria na hora do aperto, e nem isso é lá muito recomendado. Sobrou uma carga enorme para o craque monitorar, num esforço muito desgastante. Da mesma forma que aconteceu com Russell Westbrook durante o campeonato e como já ocorreu com Kobe Bryant em meados da década passada, quando ele poderia alcançar 81 pontos numa partida. Uma coisa é esfomear com Kevin Durant, James Harden, Kevin Martin, Pau Gasol, Andrew Bynum ou Lamar Odom ao seu lado. Outra, com Andre Roberson, Anthony Morrow, Serge Ibaka, Smush Parker, Ronnie Price e Carlos Boozer. O ideal, antes de julgar, é deixar qualquer preconceito de lado e procurar se ater aos fatos.

“É preciso confiar nos seus companheiros”, vai pregar qualquer treinador. Claro que sim. E LeBron confia em Thompson, Mozgov, Dellavedova, JR e Shumpert. Nota-se isso a cada pedido de tempo ou mesmo a cada erro deles. Acontece que, na atual conjuntura da equipe, a relação entre a estrela e os coadjuvantes é de submissão, mesmo.

Blatt poderia fazer alguma coisa a respeito? O natural é cobrar, mesmo, algo a mais de um técnico desses, algo além do bumba-meu-boi-LeBron-contra-a-rapa, que o deixa todo estourado ao final da partida. Por outro lado, não dá para ignorar as dificuldades que os desfalques de Irving e Love representam. Você pega um elenco novíssimo no início da temporada, desenha, planeja o que precisa ser feito. Demora para entrosar, para que os atletas se entendam, ainda mais com grandes mudanças no elenco no meio do caminho. Quando chega o momento de decisão, duas peças vitais da equipe caem. Não vai ser em uma semana de treinos que tamanho ajuste sistêmico vai ser feito.

Para fechar, segue, então, um apanhado de dados sobre o que a atuação do astro representa para sua equipe neste jogo em específico e também a quantas anda seu contexto histórico estatístico na fase decisiva da NBA:

4.782 – É o seu total de pontos em jogos de playoff, ultrapassando o carteiro Karl Malone para ocupar a sexta posição na lista. Acima dele, estão: Michael Jordan (5.987), Kareem Abdul-Jabbar (5.762), Kobe Bryant (5.640), Shaquille O’Neal (5.250) e Tim Duncan (5.113). Boa companhia, né?

60% – LeBron foi responsável por 60% dos pontos do Cleveland neste domingo, somando 68 pontos entre as cestas que fez e as assistências que deu. Apenas no terceiro período, esteve envolvido com 29 dos 33 pontos do time – dois deles numa belíssima infiltração seguida por cravada sobre dois (vídeo abaixo). Mais sobre a carga que carregou: foram dele 37 dos 97 arremessos. Dos 60 arremessos do restante do elenco, 30 saíram em chutes de três pontos, numa tática clara de espaçamento da quadra para o astro, com o ataque inteiro girando ao seu redor. E o aproveitamento dessa rapaziada foi excelente, matando 13 em 30 (43,3%).

22 – LBJ foi o primeiro jogador em 22 anos a bater a marca de 35 pontos, 15 rebotes e 10 assistências num confronto de playoff, desde Charles Barkley em 1993, pelo Phoenix Suns. Antes disso, apenas James Worthy havia conseguido essa marca, em 1988, pelo Los Angeles Lakers. Agora, se for falar em um mínimo de 37 pontos, 18 rebotes e 13 assistências, isso nunca havia acontecido antes.

18 – Com 18 rebotes, o astro superou, sozinho, os dois pivôs titulares em seis. Timofey Mozgov somou 5, enquanto Tristan Thompson coletou 7.

12 – Podemos computar já uma dúzia de triple-doubles para o camisa 23 do Cavs em playoffs, ocupando o segundo lugar na lista histórica nesse quesito, atrás apenas de um tal de Magic, que soma… 30. Jason Kidd, porém, ficou para trás, com 11.

6 – Foi o sexto jogo da carreira de LeBron em mata-matas com 30 pontos, 10 rebotes e 10 assistências. O líder para jogos deste nível é o legendário Oscar Robertson, com oito. Wilt Chamberlain e Barkley bateram a marca duas vezes. Se for para se ater apenas a jogos com 30 pontos, o craque chegou ao 75º, superando Jerry West e empatando com Abdul-Jabbar na terceira posição, atrás de Jordan (109) e Kobe (88).

3 – Ainda aconteceram três recordes pessoais para James, contando inclusive partidas pela temporada regular: número de arremessos tentados (os famigerados 37), número de arremessos dentro do garrafão (25) e rebotes ofensivos (8, muitos deles decorrentes dos erros iniciais no primeiro quarto).


Loteria da NBA sorri para o torcedor do Lakers (e de Minnesota)
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Giancarlo Giampietro

Roda a roda! Bingo! Quem dá mais?

Parece gincana até, mas a loteria da NBA é coisa séria. Ou melhor, a liga americana conseguiu transformar até mesmo o sorteio da ordem de seu recrutamento de calouros num grande evento para TV. Um trabalho de marketing, de valorização do produto incomparável, fale a verdade. A audiência desta terça teve a maior audiência desde que a ESPN passou a transmitir a cerimônia, com um aumento de 10% em relação ao ano passado. Ajuda, claro, que Los Angeles Lakers e New York Knicks estivessem envolvidos no processo.

Para quem não viu, a ordem dos dez primeiros ficou a seguinte:

NBA Draft order, 2015

Pois é. O Minnesota Timberwolves, a pior campanha da temporada, conseguiu, hã, defender sua posição no topo da tabela, enquanto o Knicks, vice-lanterna, caiu para quarto. O Los Angeles Lakers, numa condição extremamente preocupante, poderia se ver obrigado a ceder sua escolha para o Philadelphia 76ers, caso ficasse fora do Top 5. Acabou, para alívio geral de Byron Scott, pulando para segundo. Enquanto o Philadelphia 76ers, que no final das contas não conseguiu ter nem mesmo o maior número de derrotas em seu questionado projeto, continuou em terceiro.

Alguns comentários, então, a respeito:

– Caso Flip Saunders não tente fazer nenhuma loucura, o Minnesota Timberwolves vai ter em seu elenco o número um dos últimos três Drafts. Isso jamais aconteceu na história da liga. E quem deve ser o primeiro colocado, o escolhido? A esmagadora maioria dos scouts aponta o jovem pivô Karl-Anthony Towns, de Kentucky, como o melhor prospecto. O torcedor brasileiro mais antenado vai lembrar que Towns já enfrentou a seleção brasileira vestindo a camisa da República Dominicana. É um talento formidável, mesmo, com muita versatilidade no ataque e uma presença defensiva respeitável. Tem apenas 19 anos e talvez só não esteja pronto para causar impacto imediato. Mas é visto como uma aposta segura em seu desenvolvimento. Acontece que, segundo as especulações de bastidores, entre todos os principais candidatos ao topo do Draft, o Wolves seria o único na dúvida entre Towns e o imenso Jahlil Okafor, de Duke. Saunders e seu estafe não estariam tão preocupados assim com as supostas deficiências do pivô (a falta de mobilidade ou interesse na defesa e o lance livre deficitário). Lembramos que Okafor começou a temporada por Duke como o candidato mais badalado, mesmo.

– Os dois são os favoritos a primeira e segunda escolhas. O que quer dizer que estariam dividos entre os lagos de Minnesota e os Lakers de Los Angeles.

Minneapolis_lakers_logo(…)

Sacou?

(Tu-tu-tun-tá!)

Para quem não pegou, o trocadilho vem do apelido Lakers. Não existem lagos em Los Angeles, gente. Essa foi apenas uma herança de uma franquia que saiu dos arredores da geralmente gélida Minneapolis para se basear em Hollywood, perto da praia. Uma mudança pouco estratégia, não é verdade? Aliás, a contraposição dessas duas cidades já gerou logo na noite do Draft a especulação de que os agentes dos novatos mais bem cotados possam fazer jogo duro com o Wolves, tentando empurrar seus clientes para o Lakers, que, além de qualquer fator geográfico ou climático, ainda é a segunda franquia mais vitoriosa da liga, a despeito dos fracassos recentes.

E aí? Quem está disposto a ser maltratado por Kobe?

– Só para ficar no clima piadístico ainda, talvez o fato mais comentado  que a própria definição do Wolves como o primeiro colocado – e a do Lakers, como segundo – tenha sido o de que Jahlil Okafor conseguiria segurar até 13 bolas de tênis em uma de suas mãos. Sim, mais de uma dúzia. Ver para crer:

A brincadeira aconteceu em um estúdio de gravação do Bleacher Report

A brincadeira aconteceu em um estúdio de gravação do Bleacher Report

Com a seguinte imagem, fica mais fácil de entender como é bem possível essa quantia:

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 – Sobre o Knicks: Phil Jackson não compareceu ao evento, que, talvez para os padrões vencedores do Mestre Zen, pode parecer humilhante. Os jornalistas mais combativos de Nova York, porém, relembraram o fato de Pat Riley ter subido ao palco no ano em que o Miami Heat teve a pior campanha de sua história. Fato é que, antes de tentar seduzir agentes livres para jogar ao lado de Carmelo Anthony e aceitar o sistema de triângulos, Jackson vai ter de se concentrar no Draft e caprichar na quarta escolha – ou trabalhar com o telefone sem parar para encontrar alguma proposta que lhe agrade. Seria uma bobagem o Knicks trocar o pick. Afinal, vai ter a chance de adicionar um jovem, barato e provavelmente talentoso jogador ao seu elenco. Caso queira fazer uma troca, vai ser obrigado a assimilar um salário muito provavelmente bem maior e que poderia interferir até mesmo nos planos a partir de julho. Sim, o técnico mais vencedor da liga, mas um executivo inexperiente ainda, está sob pressão, depois de uma campanha ridícula em Manhattan.

– A lista dos representantes dos clubes na loteria contou com gente como Larry Bird, Russell Westbrook, Byron Scott, Vlade Divac, Alonzo Mourning e Nerlens Noel. Cabia, então, para o Knicks um Jackson ou um Carmelo, não? Pelo menos alguém mais carismático – e que tenha muito mais responsabilidade sobre os problemas nova-iorquinos – do que o gerente geral Steve Mills. “Acho que estamos abertos a muitas coisas”, disse Mills, após a decepção do quarto lugar. “Sabemos que podemos conseguir um bom jogador nessa escolha, mas estamos abertos a conversas com os outros times e avaliar opções diferentes.”Se o Knicks mantiver seu posto no Draft, deve se dividir entre os armadores D’Angelo Russell (mais técnico, chutador, comparado a James Harden) e Emmanuel Mudiay (atlético, explosivo, no estilo de um Derrick Rose), dependendo de quem sobrar. O ala Justise Winslow, campeão por Duke, também correria por fora. Dia desses, inclusive, foi a um jogo do Yankees com Carmelo.

– Ficar em terceiro talvez tenha evitado mais dor-de-cabeça ao torcedor do Philadelphia 76ers. Sim, estamos cientes que os mais fanáticos abraçaram o projeto de Sam Hinkie com ardor, confiando naquilo que já se chama de O Processo, com caixa alta. O Processo é como se fosse uma pessoa já, sempre presente na tomada de decisão do dirigente. De qualquer forma, voltando ao ponto: a não ser que Wolves e Lakers sobrevivam, não vai passar nenhum pivô por eles, o que empurraria Philly para a seleção de Russell ou Mudiay, que cobririam a lacuna deixada por Michael Carter-Williams. Empilhar Okafor com Joel Embiid e Nerlens Noel não faria o menor sentido, ainda que o discurso seria o de que Hinkie não se importa com o entrosamento do time agora e esteja pensando no futuro.

– No final das contas, não teve nenhum susto. Do tipo: o Utah Jazz saltar da 12ª posição para a terceira. Se fosse o caso, a torcida do blog ficaria para Indiana Pacers e Oklahoma City Thunder, dois clubes que não tinham a menor intenção de participar da loteria, mas se viram forçados a entrar na roda devido a uma sucessão de graves lesões. Um novato de ponta seria uma bela recompensa. Não rolou: continua, respectivamente, em 10º e 14º. Vestido desta maneira, porém, não havia como Wess dar sorte ao seu clube:

Mais uma edição da Russell Fashion Week

Mais uma edição da Russell Fashion Week

– Uma atualização sobre Georginho e Lucas Dias: os dois estão treinando numa academia no Arizona neste momento, se preparando para um giro de treinos/testes individuais com os clubes americanos. A procura está grande, e pelo menos seis convites já foram feitos. Ambos estão listados para participar do adidas Eurocamp em Treviso, entre os dias 6 e 8 de junho. Danilo Fuzaro, que passa a ser discutido com mais frequência e aparecer nas projeções pré-Draft, também aguarda um convite para o evento, que dá exposição boa não só para os times americanos como também para grandes clubes europeus.


Temporada especial: relembre grandes momentos da NBA 2014-15
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Giancarlo Giampietro

“Foi uma temporada e tanto.”

A tendência, ao final de uma jornada de 1.230 jogos, é que sempre falemos isso, né? Pois história não falta para contar. Na hora de separar os principais acontecimentos da campanha 2014-2015 da NBA, porém, dá para perceber que realmente testemunhamos um campeonato especial. Claro que muita coisa chata aconteceu, como as lesões de Durant e Kobe, o empurrão de LeBron em David Blatt, goteira em ginásio, as paralisações constantes no final das partidas, o fundo do poço para Lakers e Knicks e mais alguma coisa. Mas vamos nos apegar a boas lembranças, vai? Então, sem mais delongas, seguem alguns momentos que devem – ou deveriam – ficar guardados na memória dos admiradores em geral da liga americana, ou, pelo menos, das torcidas envolvidas.

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Tem espaço aí no hard drive? ; )

O Retorno
Sim, a temporada já se tornava marcante antes mesmo de seu início, com LeBron James anunciando que o bom filho a casa tornava (sim, surpreendentemente sem crase, mesmo), se desquitando de Dwyane Wade e Pat Riley. Houve romaria em Cleveland, e as lavanderias devem ter lucrado horrores com o tanto de camisa 23 resgatadas do fundo do baú, quiçá até mofadas. Para aqueles que tostaram, rasgaram ou picharam seus antigos uniformes, o jeito era abrir a carteira. Estudos e estudos foram divulgados para mostrar qual seria o impacto para a economia da cidade e de Ohio. A euforia só cresceu quando ficou claro que uma troca por Kevin Love estaria orquestrada. No fim, demorou um pouco para as coisas se acertarem, com o astro fazendo uma primeira metade de campeonato muito aquém do esperado, mas, depois de duas semanas de férias e de duas trocas certeiras, o Cavs decolou. Aqui, vale abrir espaço para dois episódios memoráveis que são consequência direta da mudança de South Beach para Akron. O Rio de Janeiro teve a sorte de sediar um jogo de pré-temporada que colocaria LBJ pela primeira vez contra seus ex-companheiros, enquanto o primeiro jogo oficial acabou reservado, claro, para a tradicional rodada natalina. Orgulhoso que só, Wade jogou demais e conduziu o Miami ao triunfo.

A carta, a volta, o rei

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A estreia de Caboclo e Bebê
A vida é engraçada, né? Dependendo do ponto de vista e do contexto, um jogo aparentemente insignificante entre Toronto Raptors e Milwaukee Bucks, no qual o time canadense trucidou o adversário, pode se tornar especial. Para o público brasileiro, talvez tenha sido a noite de maior algazarra. A história, afinal, era muito legal – desde a seleção do ala do Pinheiros numa surpreendente 20ª posição do Draft. Havia rumores de promessa, mas ninguém imaginava escutar seu nome na primeira rodada. O movimento gerou alta expectativa, tanto dos radicais torcedores do Raptors como no público daqui. E aí que, naquela sexta-feira 21 de novembro, ele foi para a quadra pela primeira vez num jogo oficial (depois de aquecer na Liga de Verão e na pré-temporada). Duas bolas de três pontos, uma ponte aérea maluca para Caboclo, e a loucura instaurada na América-do-Norte-ao-Sul. Lucas Bebê também foi chamado para a festa. A Internet quase quebrou, de tanto frenesi. Um blogueiro varou a madrugada imaginando o diário de um adolescente. Quem viu, viu. No final, porém, essa noite acabou sendo um acontecimento isolado. O gás do Toronto Raptors acabou cedo, as lavadas minguaram, e o ala só teria algum tempo de quadra significativo na D-League, se tanto. Até que a central do zum-zum-zum da liga contou o que estava acontecendo: problemas fora de quadra, com muita imaturidade deixando o caminho para seu desenvolvimento ainda mais intrincado. Bebê ao menos ainda voltaria a jogar também pela D-League, produzindo mais. Mas, ao final da temporada de calouro, o progresso da dupla ainda é um mistério. Mas o YouTube vai ter sempre isto:

Kobe supera Jordan. Literalmente
Foi no dia 14 de dezembro, em Minnesota. Muito melhor teria sido no Staples Center. Mas, enfim. Os deuses do basquete escolheram o ginásio do Timberwolves para esse marco. Com dois lances livres, o já ancião ala-armador do Lakers desbancou Sua Alteza Michael Jordan na lista de cestinhas históricos da NBA,  assumindo o terceiro post, logo abaixo de Kareem Abdul-Jabbar e Karl Malone, com 32.293 pontos. Nada mal, hein? Diga-me com quem andas… Ao menos a torcida e a gerência do Target Center tiveram a grandeza de celebrar o ocorrido, aplaudindo uma lenda viva em quadra. Kobe terminou a partida com 26 pontos, numa vitória por 100 a 94. Foi uma aberração de numa noite em meio a uma temporada deprimente da franquia. (Ah, em mais uma campanha em que as lesões o derrotaram, Kobe também conseguiu um recorde daqueles que já não orgulha tanto: desbancou John Havliceck, o ídolo do Boston dos anos 60 e 70, para se tornar o atleta da NBA que mais desperdiçou arremessos na história. Eram, então, 13.418 chutes errados.)

(Se for para falar de registros históricos, não dá para deixar Dirk Nowitzki de fora, né? De modo bem mais discreto, como de praxe, o alemão também vem subindo a ladeira dos maiores pontuadores que a NBA já viu. Entre 11 de novembro e 5 de janeiro, o genial líder do Mavs deixou passa Hakeem Olajuwon, Elvin Hayes e Moses Malone para trás – curiosamente, três pivôs com passagem pelo Houston Rockets –, para alcançar a sétima posição na lista. Além disso, ao ultrapassar Olajuwon, Dirk se tornou o principal cestinha estrangeiro da liga, em vitória de virada sobre o Sacramento, com um característico chute de média distância. Depois, no dia 24 de março, ao apanhar seu rebote de número 10 mil, o craque inaugurou um clube só seu, tendo também mais de 25 mil ponto. 1.000 tocos e 1.000 cestas de três pontos em sua carreira. Prost!)

Klay Thompson: incendiário
Depois dessa exibição, as mensagens de texto com o seguinte dizer – ALERTA KLAY THOMPSON – ganha um outro sentido. Vai obrigar você a dar pause no Netflix, a abandonar a mesa de jantar, a levantar a coberta, seja o que for, e ligar a TV ou o computador. O que o ala do Warriors fez contra o Sacramento não existe. Ou melhor, não existia até o dia 23 de janeiro. Com as mãos flamejantes e estabelecendo uma série de recordes, deixou toda a liga em estado de choque ao marcar 37 pontos no terceiro período. É difícil de processar isso ainda hoje. Ele finalizou a partida com 52 pontos no geral. Mas um detalhe: apenas 33 minutos. Numa projeção por 48 minutos, teria feito 75. (Para eternizar o apelido de Splash Brothers, Stephen Curry também passou da marca cinquentenária ao fazer 51 contra o Dallas Mavericks menos de duas semanas depois. E os dois se amam, não há rivalidade nenhuma.)

Uncle Drew em quadra
Ou: a noite em que LeBron James teve certeza de que havia tomado a decisão certa. Foi quando Kyrie Irving torturou a defesa do San Antonio Spurs ao marcar 57 pontos naquele que foi um dos melhores jogos do campeonato. Contando o minuto final do tempo regulamentar e a prorrogação, ele marcou 20 pontos – três a mais que toda a equipe texana. O tipo de atuação que também força os jornalistas a fuçar mais uma vez nos livros de recordes e que trouxe o Uncle Drew para uma quadra de verdade. Desta forma, o armador do Cavs terminou com as duas maiores contagens do ano, depois de já ter marcado 55 pontos contra o Portland Trail Blazers, numa partida em que seu companheiro mais famoso estava apenas na plateia.

Aqui, vale gastar mais algumas linhas e segundos para lembrarmos outras atuações magníficas do ano. Entre elas, constam os 50 pontos de James Harden contra o Denver Nuggets no dia 19 de março, dos quais quase a metade vieram em lances livres. O ala-armador do Rockets converteu 22 de 25 lances livres numa partida que é emblemática – não teve fanfarra nenhuma para o Sr. Barba, uma vez que lances livres são, hã, entediantes. Mas muito eficientes, de qualquer maneira. Harden ainda faria 51 pontos em vitória sobre o Kings, com oito bolas de longa distância. Aliás: o Sacramento é uma constante aqui. Também não podemos nos esquecer dos improváveis 52 pontos de Maurice Williams contra o Indiana Pacers.

A tempestade Russell Westbrook
Sem Kevin Durant, o enfezado alienígena de OKC se viu sem amarras nesta temporada, e os críticos tiveram de aturar toda a sua exuberância atlética. Resultado: uma sequência de triple-doubles assustadora. Ao todo, Wess conseguiu 11 jogos dessa natureza, mais que o dobro do segundo colocado na lista, Harden, e mais que o triplo de Michael Carter-Williams, Evan Turner e Rajon Rondo. De 24 de fevereiro a 4 de março, foram quatro em sequência, sendo o primeiro a conseguir essa façanha desde Michael Jordan em 1989. Teve linhas como 49 pontos, 15 rebotes e 10 assistências contra o Sixers e 40 pontos, 13 rebotes e 11 assistências contra o Blazers. Em março, suas médias foram de 30,9 pontos, 10,2 assistências e 8,5 rebotes. Em abril, 32,5 pontos, 8,1 assistências e 8,0 rebotes. Ironicamente, de certo para os mesmos críticos, quando somou 54 pontos (com quase incontáveis 43 arremessos), 9 rebotes e 8 assistências contra o Pacers, o Thunder saiu derrotado, e foi esse o revés que acabou tirando o time dos playoffs.

Mascarado, com marra e muita explosão em quadra

Mascarado, com marra e muita explosão em quadra

Atlanta Hawks, o MVP do mês
Depois de tantas performances individuais destacadas, que tal abrir um espacinho, então, para um esforço coletivo admirável? A NBA teve essa grande ao eleger todo o quinteto titular do Atlanta Hawks para o prêmio de MVP do Leste no mês de janeiro. Most Valuable Players, afinal. Sim, como você vai escolher um atleta num time em que as peças se encaixam perfeitamente? Korver atrai marcadores – e, se eles não comparecem, pune essa mesma defesa na linha de três. Jeff Teague quebra a primeira linha defensiva e passa justamente para Korver. Paul Millsap e Al Horford pontuam por todo o perímetro interno, são confiáveis nos rebotes e solidários. DeMarre Carroll tem de marcar os LeBrons da vida. Com esse conjunto, o Hawks terminou janeiro com 17 vitórias em 17 partidas e se tornou primeiro time da história a concluir um mês invicto.

MVP, MVP, MVP e MVP. Cheio de MVP

MVP, MVP, MVP e MVP. Cheio de MVP

Triplas prorrogações
A terceira semana de dezembro foi a prova máxima da brutalidade do Oeste da NBA, como Gregg Popovich pode confirmar. O Spurs teve dois jogos seguidos com três prorrogações, contra Grizzlies e Blazers. Foram mais de duas horas de basquete, e os atuais são campeões saíram derrotados em ambas. O Grizzlies, na véspera da batalha com o Spurs, havia batido o Golden State Warriors, encerrando uma sequência de 16 triunfos do líder da conferência. Um verdadeiro bangue-bangue.

Cirurgia candelada
LaMarcus Aldridge era para ter aumentado a lista de baixas da temporada. No dia 22 janeiro, o Portland Trail Blazers anunciou que o pivô precisava passar por uma cirurgia na mão esquerda, devido uma ruptura de tendão. A operação o tiraria de quadra por seis a oito semanas. Numa conferência tão competitiva, isso poderia significar uma derrocada para a equipe – sem menosprezar o talento de Damian Lillard, claro. Pois, 48 horas depois, Aldridge surpreenderia a torcida e a liga ao anunciar que ignoraria as recomendações médicas e seguiria em quadra. No mesmo dia, marcou 26 pontos e pegou 9 rebotes em vitória sobre o Washington Wizards. Nos dois jogos seguintes, somou 75 pontos e 22 rebotes. Demais. Wes Matthews, porém, não teve a mesma sorte. Não dá para ignorar uma cirurgia por conta de uma ruptura no tendão de Aquiles. Depois da cirurgia, porém, o aguerrido ala também mostrou como a química em Portland é algo especial: já com alta hospitalar, viu o time vencer o Houston Rockets fardado em casa:

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Vida em trânsito
O último dia para a realização de trocas na temporada foi uma verdadeira loucura, com um recorde de 39 jogadores e 17 times envolvidos, num total de 12 negociações.  Foi, na verdade, uma temporada com muitas mudanças.  Muita gente se antecipou e foi às compras mais cedo. Como o Dallas Mavericks, que acertou uma troca inesperada por Rajon Rondo em dezembro. O Boston Celtics, aliás, agitou geral, despachando sete atletas durante toda a campanha – o que só enaltece o papel do técnico Brad Stevens ao levar essa metamorfose ambulante aos playoffs. A negociação precoce de Rondo gerou um momento bacana também. Apenas duas semanas depois do negócio, Rondo retornou a Boston e recebeu bela homenagem no telão do Garden. Daqueles atletas de coração aparentemente pétreo, Rondo quase chorou. Quaaase:

A serventia da casa
Já Stan Van Gundy não teve paciência para esperar a data final de trocas, numa possível tentativa de encontrar um novo lar para Josh Smith. De forma abrupta, o técnico (e presidente) do Detroit Pistons decidiu demitir o talentoso, mas inconstante ala-pivô. Smith simplesmente não conseguiu se encaixar na rotação com Andre Drummond e Greg Monroe. Chegava a enervar o novo comandante e os torcedores com sua predisposição ao chute de três, sem pontaria alguma, e as diversas partidas com a cabeça nas nuvens. Em vez de procurar interessados, SVG usou sua autonomia total no clube e simplesmente comunicou a Smith que ele estava fora. Na rua, mesmo, causando espanto geral. O ala vai receber o seu salário na íntegra, mesmo prestando serviços para outro clube. De qualquer forma, com o movimento, o Pistons abriu espaço em sua folha salarial na próxima temporada, por ter, digamos, parcelado os vencimentos de Smith. A ver se a moda pega… (O Houston Rockets gostou e o contratou rapidamente. No Texas, tem rendido um pouco mais, sem dar trabalho nenhum dentro e fora de quadra.)

A saideira
Um campeonato desses só poderia terminar com uma noite eletrizante, com muita coisa em aberto. E Anthony Davis enfim conseguiu centralizar as manchetes ao liderar o New Orleans Pelicans a uma grande vitória sobre o San Antonio Spurs para assegurar sua estreia nos playoffs, tirando Westbrook do páreo. Com 31 pontos, 13 rebotes, 3 tocos, 2 assistências e 2 roubos de bola, ainda complicou a vida dos atuais campeões. A comemoração em N’awlins foi como a de um título. Mais que merecida: não só a temporada do jovem ala-pivô pedia mais atenção, como sua diretoria acabou premiada, depois de ver tantas transações questionadas surtirem efeito. Além disso, a classificação do Pelicans deixou a Divisão Sudoeste 100% nos mata-matas. Todos os seus cinco integrantes chegaram lá, sendo apenas a terceira vez na história que isso acontece e a primeira em nove anos. Com uma diferença: foi a primeira vez que todo o quinteto teve aproveitamento superior a 50% na temporada.

Faltou algo? Alguma memória particular?


Toda a indecisão na hora de escolher o MVP da NBA
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Giancarlo Giampietro

James-Harden-Steph-Curry

Para alguns times, restam dez jogos na temporada. A essa altura do campeonato, já era para a discussão ter acabado. Já era para termos a resposta clara. Mas, não: nessa reta final, é bem provável que sua opinião vá mudar a cada rodada. Simplesmente não dá para saber quem vai ser eleito o MVP da temporada 2014-15 da NBA. Todos os principais candidatos têm ótimos argumentos a seu favor. Os ‘senãos’ são poucos. Você pode tentar uma análise mais fria, por números. Você pode apelar ao sentimentalismo. E tudo seguirá embaralhado. As diferentes linhas de raciocínio geralmente giram em torno de tópicos como o melhor jogador no melhor time, aquele jogador que seria mais insubstituível, o melhor nas estatísticas, a melhor narrativa (sim, não deveria ter muito a ver, mas sempre influencia) e uma ou outra fagulha a mais. Pensando nisso, vamos tentar entender o que está na mesa nessa disputa, avaliando os cinco principais candidatos. Quer dizer, aqueles que supostamente formariam esse quinteto:

Stephen Curry
Com seu talento o arremesso e controle de bola, Curry impulsiona o ataque mais poderoso da NBA. Suas bombas de três pontos talvez sejam o lance mais celebrado da liga hoje. Todo mundo ama Curry e o Warriors – e deveriam, mesmo. O que tem para desgostar aqui? Seu  jogo realmente é extremamente vistoso e eficiente. O cara chuta oito bolas de longa distância por partida e converte 42% delas, muitas geradas em jogadas individuais – algo ridículo. A partir do momento em que cruza a metade da quadra, vira uma ameaça que aterroriza as defesas. De um ano para cá, também vem mudando defende bem melhor do que lhe dão crédito. Seus números? Temos: 23,3 pontos e 7,9 assistências, mais 4,3 rebotes e 2,1 roubos de bola. E quer saber do que mais? Ele só joga 32 minutos por partida, o que deveria fortalecer sua candidatura em relação a estatísticas. Porém, esse acaba se tornando o principal ponto para quem quiser optar por outro nome. Curry é o melhor jogador no melhor time da liga – um time tão bom que massacra os oponentes em três períodos e pode poupar seu astro no quarto final. Mas é justo atingir o armador pela força do time? Digo, se ele sai, e Klay Thompson ainda pode fazer 37 pontos num quarto, por que penalizá-lo? Pode-se argumentar tranquilamente que o Golden State seria uma excelente equipe com Kyrie Irving ou John Wall em seu lugar. Mas o pacote único de habilidades do filho do Dell e irmão do Seth é o que leva o clube a outro patamar, certo? Ou errado? Essa é a pergunta-chave. Pela popularidade – mas não só por isso –, parece o favorito.

James Harden
Se formos levar em conta tudo o que Curry tem de excitante em quadra, Harden parece gravitar no outro espectro. Do ponto de vista de eficiência, da “jogada certa” – tanto para os caras da velha escola, como para a turma analítica –, o Sr. Barba é aquele que mais cobra lances livres na NBA. Para conseguir isso sendo um ala-armador de 1,95 m de altura, só dá para dizer que o cara tem um talento especial. Funciona bem demais. Só não faz ninguém levantar da cadeira. Quem é o doido que via gritar no ginásio, ou na frente da TV algo na linha de: “Isso! Harden conseguiu cavar mais uma falta! Vamos aos lances livres!”? Isso depõe contra o astro do Rockets na votação, embora não devesse. Pontos são pontos, não importando se vêm num torpedo de três pontos a dois passos do meio da quadra, ou em uma cravada aparentemente impossível de completar. O que ele tem (muito) ao seu favor, por outro lado, é a lesão de Dwight Howard. O fato de Houston estar na luta pela segunda posição dessa brutal Conferência Oeste mesmo com o pivô se aproximando da marca de 40 jogos de afastamento. Seja quem estiver ao seu lado, Harden não pára, embora apanhe bastante, liderando a liga em minutos e lances livres cobrados. O estilo de jogo praticado pelo time e pelo jogador requer força física e mental. Nesse sistema, Harden o barbudo é insubstituível. Alvo de chacota na temporada passada, ele agora segue adiante.

Anthony Davis
Já mencionei isso aqui e ali, mas não custa reforçar: o estimado Monocelha está cumprindo a temporada com um dos maiores índices de eficiência da história. Acima de qualquer campanha de Jordan. De Lebron. Shaq, Malone, Magic e Bird também. O que não quer dizer que ele seja melhor que esses caras. Mas, mesmo para os mais descrentes em relação aos números, não é possível que esse dado não chame a atenção que seus 31,4 pontos de PER só não superem os 31,8 de Wilt Chamberlain em 1963, numa época em que o legendário pivô era a maior aberração atlética do planeta. São 24,6 pontos, 10,4 rebotes, 2,9 tocos, 2,0 assistências, 1,4 roubo de bola e 54,6% nos arremessos de quadra e 82,8% nos lances livres. Afe. Quer mais números? Tudo dissecado aqui. E a produção do ala-pivô não é inócua. Apesar dos desfalques, o Pelicans ainda segue na briga para ir aos playoffs. Muito por conta do que a jovem estrela anda fazendo no decorrer das partidas, mas especialmente nos momentos decisivos dos jogos, segundo instigante levantamento do analista Tom Haberstroh, do ESPN.com, com base em dados clutch do promissor site Inpredictable.com. Aos 21 anos, o garoto já foi o atleta mais decisivo do campeonato, galera. Então veja bem: não  é apenas um caso de coletar dados. O que pega é que, por mais que seja uma estrela emergente, a impressão que se tem é a de que poucos o admiram como ele merece, pelo fato de seu time aparecer pouco na TV. Fora isso, Davis desfalcou o Pelicans por 14 jogos na temporada, com um acúmulo preocupante de leves contusões ou graves lesões.

Russell Westbrook
Tantos triple-doubles. A sobrevivência sem o atual MVP. A exposição constante na TV – e em todos os clipes de seus lances totalmente amalucados, seus ataques assustadores ao aro no YouTube, nas redes sociais. Todo o som e a a fúria, saca? E, neste ano, sem Durant ao seu lado, Wess não tem nem mesmo de responder ao questionamento habitual – e muitas vezes justo – de que seria um fominha desmiolado, inconsequente e matador de aves raras. Agora, veam só como o mundo dá voltas, como é bonito o ciclo da vida: é melhor que ele esfomeie!  Ou você gostaria que ele passasse para Dion Waiters e Andre Roberson toda hora? Uma bolinha para Enes Kanter no garrafão, outra para Anthony Morrow na zona morta, alguma ponte para Steven Adams, e estão todos quites. As pessoas pontuam, ele consegue assistências e acumula seus recordes. O senão aqui é o fato de ele ter perdido um mês de temporada, devido a uma fratura na mão totalmente estraga-prazer. Além disso, nos poucos jogos que Durant jogou, OKC conseguiu seu melhor rendimento: 66,6% (18-9). Sem ele, o número cai para 51,% (22-21), abaixo de Suns e Pelicans. Teríamos um time ocupando a décima posição do Oeste hoje. E, se Anthony Davis não pode ser o MVP fora dos playoffs, logo, Westbrook…

LeBron James
Aqui, temos o cara que se enquadra na categoria de “Melhor Jogador de Sua Era”. Ainda. Mas é o mesmo cara tirou meses de férias (extraoficiais) até realmente parar por duas semanas para botar a cabeça e o corpo em dia. Desde que voltou, o Cavs decolou na direção da equipe que todos imaginamos que iria se tornar. Um detalhe, porém: também não podemos nos esquecer que a chegada de Timo!!!, JR e Shumpert deu uma bela ajuda nessa arrancada também. De qualquer forma, LeBron realmente retornou rejuvenescido, empolgado e, caraca, até mesmo elogiando seu técnico. Que coisa! Só acho um tanto curioso que ele seja elogiado por isso. Pensando em dois fatores: 1) como se ele não tivesse responsabilidade alguma antes da pausa, ainda mais depois de escrever uma carta em revista nacional sobre o quanto estava amando retornar para a quadra; 2) se estamos elogiando LBJ pelo que ele está fazendo agora, isso quer dizer que o que estava acontecendo antes não era tão bom, né? Tentando não ser tão cruel, dá para ponderar que, após quatro finais seguidas e com toda a emoção de voltar para a casa, que seria mais que natural que o craque abaixasse a guarda por um tempo. OK, é isso, mesmo, é algo que tem de ser levado em conta. Curry e Harden, por outro lado, não têm nada a ver com isso. Em termos de consistência, não parece certo que estivessem abaixo do capitão do Cavs em qualquer lista. Ainda assim, o cara se chama LeBron James, com fama de rei.

Menções honrosas para… LaMarcus Aldridge, que não deveria nem mesmo estar em quadra devido a uma lesão de ligamento na mão esquerda – problema, aliás, agravado no domingo – e lidera a liga em cestas de quadra, é o oitavo em médias de minutos, o sexto em pontos e o oitavo em rebotes pelo Blazers… Chris Paul, que manteve o Clippers vencendo durante o período de ausência de Blake Griffin e lidera a temporada em assistências… E Marc Gasol, que teve seus momentos de brilhantismo na primeira metade da temporada pelo Grizzlies.

PS: Harden seria o meu escolhido hoje, um tico acima de Curry pela carga maior que ele leva. Mas, sério, não dá para ter convicção disso.


Por que você pode (quase) gostar da briga pelos playoffs no Leste?
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Giancarlo Giampietro

Enquanto a NBA mantém divisão Leste-Oeste, Pacers e Celtics têm chances

Enquanto a NBA mantém divisão Leste-Oeste, Pacers e Celtics têm chances

Não, esta não é uma tentativa de autoplágio, tá?

É que, desde o momento em que este polêeeemico (coff! coff!) artigo foi publicado, as coisas mudaram bastante. E a não-corrida pelas últimas vagas dos playoffs da Conferência Leste se tornou quase uma corrida de verdade, com a ascensão de alguns times que já estariam mortinhos da Silva no Oeste, mas que, no lado oriental dos EUA, sempre tiveram chances.

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Um termo recorrente aqui vai ser o “quase”. Sim, quase dá para gostar do que está acontecendo por lá. Só não dá para curtir de verdade quando você se toca que, enquanto equipes que mais perdem do que ganham sonham com os mata-matas, no Oeste vamos ter pelo menos dois desses caras assistindo tudo de fora: Anthony Davis, Russell Westbrook, Kevin Durant, Serge Ibaka, Dirk Nowitzki, Rajon Rondo, Monta Ellis, ou Tyson Chandler. Isso para não falar de Mitch McGary, Perry Jones, o Terceiro, Luke Babbitt, Alex Ajinça, JJ Barea e do sargento Bernard James.

Muita sacanagem, gente.

Especialmente no caso do Monocelha, que ainda sustenta o maior índice de eficiência da história da liga.

De qualquer forma, aqui estamos. Com o Indiana Pacers, agora em sétimo, tendo uma das melhores campanhas do Leste desde o All-Star Game. Com o Boston Celtics curtindo a segunda maior sequência de vitórias em voga – cinco, atrás apenas das seis do Utah Jazz de Rudy Gobert. Esses dois times (quase) emergentes estão empatados com o Miami Heat, restando 16 partidas para ambos. O atual tetracampeão do Leste vive um sufoco danado para manter a oitava posição. Um pouquinho abaixo, em décimo, com apenas um triunfo a menos, o Charlotte Hornets também vai dizer que tem boas chances nessa. Jesus, até mesmo o Brooklyn Nets ainda acredita.

Assumindo desde já um risco aqui de considerar que o Milwaukee Bucks, mesmo sentindo falta dos chutes de fora de Brandon Knight, ‘está’ classificado. Restariam, então, duas vagas, mesmo. Vamos examinar, então, novamente os candidatos? Por que dá para (quase) gostar deles?

INDIANA PACERS (30-36)

Hill e Vogel: reflexos de uma cultura vencedora

Hill e Vogel: reflexos de uma cultura vencedora


– O que deu errado:
o quinteto vice-campeão do Leste do ano passado jamais poderia ser repetido, uma vez que Lance Stephenson se mandou para Charlotte. E aí o Paul George ainda fraturou a perna. Já era motivo para muita tristeza. Mas Frank Vogel mal podia imaginar que, por conta de mais e mais lesões, nem mesmo o trio George Hill-David West-Roy Hibbert ele poderia escalar por 20 jogos. Muita crueldade.

Como se viraram: Palmas para Frank Vogel, por favor. Mais palmas. Pode até levantar da cadeira. Que o que o técnico fez este ano é de fato admirável. O Pacers ainda marca muito. Desde 1º de fevereiro, tem a segunda defesa mais eficiente, atrás apenas de Utah. A coesão defensiva é e também um testamento da cultura estabelecida pelo treinador nos últimos anos, sempre com a orientação dos senadores Larry Bird e Donnie Walsh. Nunca, jamais subestimem a química, que amplifica o talento em quadra. A ironia é que, devido aos desfalques, Vogel se viu obrigado a buscar diversas soluções, ampliando sua rotação e preservando seus atletas (ninguém passa da casa dos 30 minutos em média). No ataque, Hill vem jogando o melhor basquete de sua carreira, enquanto Rodney Stuckey redescobriu o caminho da cesta, para compensar as diversas noites de aro amassado durante a campanha. Luis Scola também ressuscitou e segue aplicando seus truques para cima dos adversários, mantendo o alto nível no garrafão quando West sai. Viver de Solomon Hill e CJ Miles para pontuar seria impossível.

– Campanha na conferência: 22-18.

Últimos 10 jogos: 7-3.

O que vem por aí: 7 jogos em casa, 9 fora, e adversários com aproveitamento de 51,2% e 4 situações de dois jogos em duas noites seguidas.

MIAMI HEAT (30-36)

erderam um tal LeBron James. De modo que a equipe voltaria a ser de Dwyane Wade. Mas as constantes lesões de Wade, mesmo quando ele era apenas o braço direito de LBJ seriam um problema. Foi o que aconteceu. O entra-e-sai do astro, que já perdeu 18 partidas, atrapalha demais, quebrando o ritmo da equipe. Ainda mais depois de Chris Bosh ter sido afastado por conta de uma embolia pulmonar e de Josh McRoberts mal ter feito sua estreia. Contar com jogadores desgastados como Luol Deng, Chris Andersen e Udonis Haslem na rotação também pesa numa reta final de temporada.

Como se viraram: encontraram Hassan Whiteside perdido por aí. E, claro, fecharam uma troca por Goran Dragic. Vai precisar de mais tempo para o esloveno sacar quais as características peculiares de seus companheiros, mas sua visão de jogo, agressividade e categoria compensam demais. Era isso, ou Norris Cole: escolham. Pat Riley deve ganhar todos os elogios devidos por essa negociação, mas também precisa ser louvado pela atenção que tem com sua filial da D-League, recrutando jogadores mais que úteis – e baratos – como Tyler Johnson e Henry (ex-Bill) Walker para encorpar o banco de Erik Spoelstra.

Últimos 10 jogos: 5-5.

– O que vem por aí: 8 jogos em casa, 8 fora, adversários com aproveitamento de 49,6% e só 2 situações de dois jogos em duas noites seguidas.

BOSTON CELTICS (30-36)

Brad Stevens obviamente saberia como usar os talentos de Thomas

Brad Stevens obviamente saberia como usar os talentos de Thomas


– O que deu errado:
se Indiana e Miami sofreram com lesões, em Boston os desfalques foram “forçados” – pelas constantes trocas de Danny Ainge. Rajon Rondo e Jeff Green, enfim, foram negociados. Brandan Wright, Tayshaun Prince e Jameer Nelson mal chegaram e já foram repassados. Dos que estão fora hoje, só Jared Sullinger foi encaminhado para o departamento médico. Ao todo, Brad Stevens teve 22 jogadores em quadra (mais que quatro quintetos) e 11 titulares diferentes.

– Como se viraram: tal como Vogel, Stevens merece a ovação popular, por ter conseguido manter um senso de unidade e competitividade num elenco itinerante, no qual nenhum jogador parecida estar 100% garantido. Não só isso: soube desenvolver ou aproveitar melhor as diversas peças que recebeu, com um quê de Rick Carlisle nessa. Poderia até ser candidato a técnico do ano em um campeonato mais frágil, mas só vai ganhar, mesmo, menções honrosas em listas lideradas por Steve Kerr e Mike Budenholzer – para não falar de Terry Stotts, sempre subestimado. Está certo que as mudanças não foram sempre para o mal. Isaiah Thomas perdeu os últimos jogos, mas se encaixou perfeitamente num time carente por cestinhas, enquanto Tyler Zeller, contratado em julho, vai surpreendendo como referência na tábua ofensiva. Para não falar de Luigi Datome, o Gigi, já um herói popular em Boston e que mal via a quadra em Detroit.

Campanha na conferência: 18-21.

Últimos 10 jogos: 7-3

– O que vem por aí: 7 jogos em casa, 9 fora, adversários com aproveitamento de 49,8% e 4 situações de dois jogos em duas noites seguidas.

CHARLOTTE HORNETS (29-36)

MKG: um dos maiores malas na defesa, né, Wess?

MKG: um dos maiores malas na defesa, né, Wess?

– Os problemas: para um time cheio de carências no ataque, a contratação de Lance Stephenson foi uma tremenda decepção. O ala-armador só contribuiu para uma coisa: deixar o vestiário conturbado. E aí que, para piorar, Al Jefferson perdeu dez partidas e em algumas de suas incursões estava claramente debilitado. Para completar, Kemba Walker passou por uma cirurgia no joelho. Ficava difícil pensar em fazer pontos. Do outro lado, Michael Kidd-Gilchrist fez muita falta por cerca de 20 jogos.

As soluções: Steve Clifford respirou fundo em um início de campanha horroroso e conseguiu colocar as coisas no trilho, contando com uma senhora ajuda da fragilidade de seus adversários. Quando a defesa encaixou – coincidentemente, com o retorno de MKG, um Tony Allen supersize –, Charlotte já não se preocupava mais com a frequência que a bola estava caindo. Até porque essa fase coincidiu com as melhores semanas de Kemba como profissional, até sua lesão acontecer. De qualquer forma, uma troca totalmente subestimada por Maurice Williams acabou se revelando salvadora. O armador veio do Minnesota para cumprir aquilo que faz melhor: esquentar a munheca aqui e ali oupor um curto período de tempo. Tudo de que o Hornets precisava.

Campanha na conferência: 22-17.

– Últimos 10 jogos: 6-4.

O que vem por aí: 7 jogos em casa, 10 fora, adversários com aproveitamento de 50% e 5 situações de dois jogos em duas noites seguidas.

BROOKLYN NETS (27-38)

Um Thaddeus Young não é o bastane para Brooklyn

Um Thaddeus Young não é o bastane para Brooklyn

– O que deu errado: Um russo bilionário que já teve a ousadia de desafiar Vladmir Putin em uma eleição presidencial ordenou que o time vencesse, e vencesse o título logo de cara? Sim. Seu gerente geral, que já havia se atrapalhado todo com movimentos imediatistas em seu emprego anterior, abraçou a causa? Claro que sim. Para isso, ele torrou escolhas de Draft para contratar estrelas que obviamente já haviam passado de seu auge há um bom tempo? Hmm… SIM! O que será que deu errado, então? Nem sei. Sem contar as constantes trocas de técnico, um ginásio lindo, mas que não pode ser chamado de casa, mais lesões de Brook Lopez etc.

– As soluções: fora Thaddeus Young, a primeira vez na história em que o jogador que eles receberam ser a peça mais jovem numa troca (por Kevin Garnett)? Difícil de achar outra. Ok, talvez o fato de não terem se precipitado ao demitir Lionel Hollins. Nem mesmo o fato de estarem no Leste é tão relevante aqui…

– Campanha na conferência: 11-19.

– Últimos 10 jogos: 4-6.

– O que vem por aí: 11 jogos em casa, 6 fora, adversários com aproveitamento de 52,3%, 4 situações de dois jogos em duas noites seguidas.

Se for pensar, Indiana vive o melhor momento, mas pode ser algo frugal, com uma tabela difícil pela frente. Miami simplesmente não pode pensar em perder Wade (e o cabeça-de-vento Whiteside) por dois ou três jogos, enquanto tem o calendário mais fácil entre esses. Boston está no meio do caminho entre eles e é o time que menos depende de um só atleta. Charlotte precisa resolver o que fazer com a dinâmica Kemba/Mo Williams agora, ao passo que vai jogar muito mais como visitante e tem seis jogos back-to-back, no final do campeonato. Já o Brooklyn nem tem um fator casa verdadeiro para se empolgar com as 11 partidas em seu ginásio. Tudo isso para dizer que não tenho ideia do que vai sair dessa disputa.

A única certeza é a de que o Detroit Pistons já está eliminado, podendo Stan Van Gundy se concentrar no que Reggie Jackson não consegue fazer em quadra. De resto, um palpite mais conservador poderia pender para os finalistas da conferência dos últimos dois anos, não? Se os playoffs já começaram para os cinco clubes acima, a experiência do que sobrou de seus núcleos poderia fazer a diferença. Mas eles obviamente estão numa posição tão frágil como a dos demais. De novo: são times que mais perderam do que venceram durante a campanha. Boa sorte apostando em qualquer um deles. Talvez o melhor fosse realmente virar os olhos para o Oeste e aproveitar os últimos jogos do ano para Wess ou Monocelha. Um deles infelizmente vai ficar no quase.


Chegou a tempestade Westbrook junto com a bonança
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Giancarlo Giampietro

Mascarado, com marra e muita explosão em quadra

Mascarado, com marra e muita explosão em quadra

Quando OKC anunciou, antes do início da temporada, que Kevin Durant ficaria afastado por algumas semanas devido a uma fratura no pé, a meteorologia detectou, talvez de maneira preventiva, a iminência de uma Tempestade Westbrook que estaria por vir. Era uma previsão do tempo ambígua, tal como acontece hoje em dia em São Paulo e outros cantos do país: em tempos de seca, uma chuvarada trovejante não se equivale necessariamente a má notícia, embora possa causar sempre os estragos paralelos.

Pensando em Westbrook, com Durant enfrentando uma série de percalços após a cirurgia pela qual passou, era de se esperar muitos, mas muitos arremessos, mesmo, para o bem ou para o mal. O Thunder iria depender demais do explosivo jogador. Só restava saber o resultado disso. Ele se perderia nessa situação, com fome de bola, alienando os companheiros, chutando até antes da linha central da quadra, ou ficaria ainda mais confortável como o dono da bola, carregando o time em pontos e como força criativa.

Ao conseguir seu quarto triple-double consecutivo em suada vitória sobre o Sixers por 123 a 118, com prorrogação, acho que já nem precisa mais cair nessa discussão, né? O armador-ala-craque-não-importa-a-definição vive a melhor fase de sua carreira, na hora que a equipe mais precisa, para proteger a oitava colocação na Conferência Oeste.

Quatro triple-doubles seguidos? Isso não acontece desde 1989, quando Michael Jordan causava geral. Até mesmo Sua Alteza do Ar tem de se impressionar com o que Westbrook produziu nesta quarta-feira: 49 pontos, 10 assistências e 16 rebotes, em 42. Muito provavelmente a melhor atuação da temporada, concorrendo com os 52 pontos em 33 minutos de Klay Thompson. “É, definitivamente, uma bênção. Mas o mais importante é que estamos vencendo”, disse.

O curioso? Na ficha estatística da partida, vemos que, com o camisa #0 em quadra, seu time perdeu por 12 pontos. É o tal do +/-, o saldo de pontos. Um número frio que, isolado, obviamente não diz nem 50% do que foi a partida. Talvez só aponte problemas defensivos, visto que o segundanista Isaiah Canaan, recém-saído de Houston, marcou 31 pontos e deu 6 assistências. Mas problemas defensivos gerais, e, não, só de um jogador. Até porque, numa liga que usa e abusa do jogo com bloqueios, os pivôs e os homens que são obrigados a rodar vindo do lado contrário são tão ou mais importantes que o defensor primário em cima da bola.

Além do mais, para alguém com tamanho volume ofensivo, toda a ajuda possível se faz necessária do outro lado da quadra. Por exemplo: nas campanhas de título do Miami Heat, LeBron assumia responsabilidades para marcar os destaques adversários, sim. Mas só nos minutos mais importantes de jogos parelhos. Até lá, tinha um Shane Battier para quebrar um galho danado. (Obviamente, Westbrook, desatento e arrojado demais, nunca foi um defensor tão qualificado como LeBron.)

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Sam Hinkie, gerente geral do Sixers apegado a diversas contas, certamente teria mais observações para fazer a respeito desse saldo de pontos negativo. Claro que a torcida devota de Oklahoma City não está nem aí para isso. Estão curtindo demais as exibições de um de seus queridinhos. Um momento bacana nesse triunfo foi quando, na linha de lance livre, Wess ouviu gritos de “MVP” estrondosos. Básico. O legal é que, no banco, ainda tentando entender exatamente o que acontece em seu pé direito, lá estava Kevin Durant fazendo gestos com os braços pedindo para que a algazarra fosse maior. Por ele, o prêmio de jogador mais valioso nem precisa sair da cidade.

Aqui do meu canto, ainda fico entre Stephen Curry e James Harden, mais regulares durante a temporada (perderam pouquíssimos jogos tanto em termos de resultado como de lesão) e igualmente exuberantes. Agora, por tudo o que vem fazendo recentemente, o superatleta de OKC ao menos aparece acima de LeBron James, também mais ou menos pelo mesmo critério: jogou seis partidas a menos, mas, quando esteve em quadra, arrebentou, enquanto o astro do Cavs tirou uns bons dois meses de folga antes de entrar em duas semanas sabáticas revigorantes. Quem vota ao seu favor vai alegar que ele tem médias de 27,0 pontos, 8,2 assistências e 7,0 rebotes, números maiores que os dos três concorrentes aqui citados.

Pois é, na coluna de cestinhas da liga, Westbrook superou seu ex-companheiro Harden, assumindo a primeira posição. É coisa de um décimo – 27,0 x 26,9 –, mas superou. Por mais que não fale dessas coisas, ou melhor, por mais que não fale muito sobre quase nada, deve estar feliz da vida. Tendo Durant ao seu lado, dificilmente assumiria o topo dessa lista, mesmo que tivesse potencial absurdo para tanto:

E aí? Você ainda fica embasbacado com esse tipo de lance, ou já está acostumado com as jogadas dessa aberração?

(…)

Sim, ficamos todos boquiabertos. Ainda mais quando lembramos que o fenomenal atleta já passou por três cirurgias no joelho nos últimos dois anos. Não faz o menor sentido que alguém, 100%, possa executar um lance deles com tanta velocidade e força. Quanto mais alguém que passou por uma sala de cirurgia tantas vezes em tempos recentes. Que o diga, infelizmente, Derrick Rose.

westbrook-mask-philly-triple-doubleWestbrook ainda tem um arranque devastador, que lhe propicia, por exemplo, a cobrança de 20 lances livres em 42 minutos – contra 14 de seus companheiros. Dá para ter uma ideia do nível de atividade necessário para, sendo armador, cobrar 20 num jogo? Só um cara feroz desta forma, mesmo. Na temporada, ele bate 9,2 em média, maior marca de sua carreira.Essa produção elevada na linha se mantém numa projeção por minutos. O número alto de lances livres o ajuda a atingir também seu melhor índice de eficiência, e de longe, mesmo que esteja falhando nos arremessos de longa distância. Com 27% de acerto nos tiros de fora, é saudável, então, que tenha dado uma maneirada em suas tentativas, comparando especialmente com o que havia feito nas duas temporadas passadas.

É isso.

A tempestade veio, mesmo. Mas já acompanhada pela bonança.

*    *    *

O triple-double de Westbrook ganhou as manchetes na rodada desta quarta, mas não foi um fato isolado. De vez em quando, o universo parece conspirar por uma noite de anomalias estatísticas que só fazem confundir a cabeça. Vamos lá:

– Na vitória dramática sobre o Utah Jazz, com uma cesta de Tyler Zeller no finalzinho, o Boston Celtics cometeu apenas 3 turnovers. Três! Vale com um recorde da franquia. Antes de matar o jogo, Zeller havia sido um dos vilões da noite. Ele, Avery Bradley e Isaiah Thomas desperdiçaram a bola uma vez cada. Lamentável, não é coisa que se faça.

– Num jogo em que acertou apenas 1 de 13 arremessos de quadra, errando inclusive todos seus chutes de três pontos, Damian Lillard encontrou um jeito diferente para contribuir em vitória do Blazers sobre o Clippers na prorrogação: pegou 18 rebotes (17 defensivos). Ele é o primeiro jogador de 1,90 m, ou menos, a conseguir essa marca desde Fat Lever, um dinâmico ex-armador do Denver Nuggets, em 1990. Em sua carreira, o All-Star de Portland tem média de 3,7 rebotes. Na temporada, vem com 4,6.

– Se o assunto é rebote, não tem como fugir dos 25 que Hassan Whiteside coletou contra o Lakers. Sozinho, a revelação do Miami Heat igualou o desempenho de quatro adversários Carlos Boozer, Robert Sacre, Ed Davis e Jordan Hill nesse fundamento. Foi o terceiro jogo nesta temporada em que o sujeito, que tem Líbano e segunda divisão da China em seu currículo, passou da casa de 20 rebotes no ano. Impressionante. Por outro lado, se for pensar, é algo que vem acontecendo até que bastante vezes neste ano, não? O Data21 foi, então, pesquisar: em 19 jogos a marca de 20 rebotes foi superada, sendo que DeAndre Jordan é o líder aqui, com cinco jogos absurdos desses. Contra o Mavs, no mês passado, ele teve 27 rebotes em 39 minutos.

Agora, não dá para falar de Jordan nesta quinta de manhã sem mencionar seu lapso mental no jogo contra o Blazers. Justamente ao se posicionar bem para aproveitar uma rebarba ofensiva, o pivô teria a chance de efetuar um tapinha para buscar a vitória no tempo regular. Não fez e dominou a bola, causando um surto cômico de Chris Paul:

– O ala Jason Richardson marcou 29 pontos na derrota do Sixers para o Thunder. Nos tempos de cestinha do Golden State Warriors das vacas magras, ou municiado por Steve Nash, pelo Phoenix Suns de 2010, isso até que era normal. Porém, depois de ficar dois anos parados, tendo passado por duas cirurgias graves, tem de comemorar. “Pensei que nem voltaria a jogar basquete mais”, disse Richardson, que não ultrapassava a marca de 25 pontos desde o dia 11 de fevereiro de 2012, pelo Orlando, contra o Milwaukee Bucks.

– O tempo de afastamento de Anthony Davis das quadras foi bem mais curto. Ele perdeu cinco jogos seguidos devido a uma contusão no ombro. Retornou de forma providencial contra o Detroit, da dupla Andre Drummond e Greg Monroe. Caras pesados, né? Que, juntos, acumularam 26 pontos, 33 rebotes e 6 tocos. Bela produção. Acontece que Davis, sozinho, teve 39 pontos, 13 rebotes e 8 tocos. Se ele aguentar fisicamente o tranco, meu amigo, prepare-se: a Era Monocelha só está começando.


Fim de semana das estrelas, com entretenimento: parte final
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Giancarlo Giampietro

As mascotes infláveis. Só mais uma das atrações da noite (e a melhor, para mim)

As mascotes infláveis. Só mais uma das atrações da noite (e a melhor, para mim)

Acho que o basqueteiro mais purista precisa aceitar, de uma vez por todas, que o fim de semana All-Star da NBA tem propósitos de entretenimento. Ou que, pelo menos, o aspecto de diversão do esporte se sobrepõe ao de competitivo. Pelo menos por três dias, gente. Temos 82 partidas da temporada regular para nos preocuparmos com quem está vencendo – ou entregando – jogos para valer.

Neste ano, a convite do Canal Space, fiz minha primeira cobertura do evento ao vivo. Faz diferença. Ainda que o alcance de audiência TV seja infinitamente maior que o dos felizardos ou abnegados que decidiram comprar um dos ingressos para o Barclays Center ou o Madison Square Guarden, que tenhamos HD e atee Ultra HD, televisores enormes, som estéreo etc. etc. etc., não se pode ignorar que algumas coisas têm impacto maior para quem está no ginásio. Ainda mais com os próprios telões enormes ali para complementar o que está sendo visto ao vivo – aliás, o público reagiu sempre muito mais a qualquer brincadeira veiculada no telão do que nos trechos de Jersey Boys, Mamma Mia! e Chicago que vimos.

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Pegue, por exemplo, a partida deste domingo. Entre o aquecimento dos atletas e o apito final, foram três apresentações de números da Broadway e dois shows de popstars. Mais as intervenções das mascotes, que, acreditem, funciona muito mais com a visão geral da quadra. Figuras. Você pode até não gostar de uma coisa ou de outra – como foi o meu caso com a senhorita Ariana Grande, já correndo o risco aqui de irritar seus mais de 20 milhões de seguidores do Twitter. Mas a festa é bem armada e extrapola, e muito, o limite das quatro linhas. Literalmente, para quem viu o palco permanente montado atrás de uma das cestas.

A partida não tem defesa? Tem arremessos de três pontos a mais de dois metros da linha, tem ponte aérea, não tem defesa etc. etc. etc. Mas, num universo em que se contesta muito as lesões dos atletas, em que o clamor por menos jogos na temporada cresce, não vamos querer realmente que LeBron James entre em quadra sedento para fazer Klay Thompson ou Damien Lillard zerarem.

O Oeste venceu por 163 a 158, com um recorde de 321 pontos combinados entre ambas as seleções, os minutos finais tiveram um certo suspense, e tal, mas não dá para analisar o jogo como se fosse uma partida qualquer.

Seguem umas notas, então, do que reparei na plateia:

– Bill Clinton foi a personalidade mais aplaudida no Garden, e de longe, deixando Jay-Z, Beyoncé e Rihanna na saudade. Pega essa, cultura pop. Até Dwyane Wade foi tietá-lo antes do início do segundo tempo, pedindo uma foto. Para o meu gosto, o ator Ethan Hawke era aquele que merecia aplausos de pê pelo combo Boyhood, Dia de Treinamento e a trilogia de Antes do Amanhecer, mas tudo bem.

– Clinton e os milicos estavam no ginásio, mas não se iludam: quem anda naquilo tudo é o Little CP3, que, em determinados momentos, iria até o banco de reservas e se sentava ao lado do pai, empurrando algum companheiro de time para o lado.

Pequeno Chris não perde uma

Pequeno Chris não perde uma

– De novo: não dá para crucificar ninguém, mas parece que Carmelo Anthony decidiu encerrar suas atividades nesta temporada antes mesmo de o Jogo das Estrelas começar. O ala anfitrião teve diversos arremessos livres, mas não acertou a mão, desperdiçando 14 de 20 chutes. Com 14 pontos dele e apenas três de Kevin Durant, tivemos apenas 17 no geral para os dois últimos jogadores a vencer o prêmio de cestinha da liga. Devido a dores crônicas no joelho, essa pode ter sido a despedida melancólica de Melo nesta temporada absolutamente deprimente do Knicks.

– Os jogadores mais empolgantes de se ver foram Stephen Curry e Russell Westbrook. Cada ao seu modo, né? Curry com seu controle de bola fenomenal, por vezes ignorado devido a sua habilidade no arremesso, enquanto o MVP Wess desafia as leis da física em suas arrancadas corriqueiras. Além do mas, houve momento em que baixou o santo de Kyle Korver nele nos tiros de fora. LeBron James, do seu lado, consegue combinar um pouco dos dois astros em seu jogo.

– Por falar em Korver, ele terminou com 21 pontos, todos eles em arremessos de longa distância. Quando a bola não caía, ele ficava realmente nervoso. Não por ter lhe custado algum recorde – mas pelo simples fato de que o ala do Hawks parece, hoje em dia, não acreditar que seja possível que a bola bata no aro e caia fora da cesta.

– Foi por apenas um minutinho que o técnico Mike Budenholzer pôde fazer um exercício hipotético no qual seu Hawks tivesse Jeff Teague, Korver, Paul Millsap e Al Horford acompanhados por… LeBron James na ala, em vez do valente DeMarre Carroll. O Rei só foi escalado para acompanhar o quarteto por um breve momento no terceiro período, até dar o lugar a Jimmy Butler.

– O lance mais engraçado, para mim, aconteceu no primeiro tempo ainda, quando Dirk Nowitzki desafio as recomendações ortopédicas e saltou para completar uma ponte aérea de Stephen Curry com uma enterrada. O astro alemão, depois, fez uma graça em quadra, empolgado que só com aquela que talvez tenha sido sua primeira enterrada desde o título de 2011.  : )

– O Garden é a meca, sim. Mas o retorno ao ginásio do Knicks depois de ter passado duas noites no Barclays Center proporciona um contraste incrível. O clima da torcida em Manhattan, vaiando airball de LeBron, tendo boas sacadas durante a partida, porém, acaba compensando.

– Pelos corredores do ginásio, em um giro pré-jogo, foi possível visualizar os aposentados Kevin Willis e Jason Collins, além do jovem ala-armador Victor  Oladipo, o único que sonhou em desafiar Zach LaVine no torneio de enterradas. O legal é que o rapaz do Orlando Magic, sem crecencial vip nenhuma, foi reconhecido aos poucos pelo público, enquanto batia o maior papo com um amigo. Pelo que vi, depois da primeira, porém, ficou mais de dez minutos tirando fotos com quem se aproximava.

Oladipo, no meio da galera

Oladipo, no meio da galera

Para fechar, segundo números extraoficiais, os cinco primeiros dias em NYC, até a conclusão do ASG, tiveram:

18 viagens de metrô
1 corrida de táxi
2 carona de ônibus
1 princípio de gripe
2 cheesebúrgueres (juro!)
1 pedaço de pizza
6 donuts
11 chocolates quentes


Notas de um fim de semana de estrelas: parte 1
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Giancarlo Giampietro

Já é sábado, mas essas são notas sobre uma looooonga sexta-feira de puro amor basquete em Nova York, longe da Senhora 21 em pleno Valentine’s Day, mas ao lado de um monte de gente enorme, que te faz parecer totalmente insignificante. Sério: se quiserem passar o dia perto de jogadores de basquete, é preciso primeiro sentar no divã na véspera. Ou fazer um semestre de coaching. Cada um na sua.

Existe toda uma dificuldade logística que não permite que um blogueiro brasileiro atualize tudo em cima do lance, como pedem os tempos de 60/24/7/365. Os eventos são bem espaçados, a conexão sem fio nem sempre funciona etc. etc. etc. E as informações vão se acumulando. Coisa que não justifica um post único aqui para este espaço, mas que, juntas, podem valer alguma coisa. Então é hora de soltar algumas notas e impressões sobre o primeiro dia de atividades, hã, oficiais do All-Star Weekend da NBA:

– Num universo paralelo, a liga americana também está organizando, com ajuda da Fiba, mais uma edição do Basketball without Borders, o camp que reúne a garotada do mundo todo. Neste ano, são mais de 40 inscritos, vindo de mais de 20 países, incluindo dois brasileiros: o armador Guilherme Santos e o pivô Yuri Sena, ambos de 17 anos e do Bauru. Eles estão reunidos no ginásio do Baruch College, no Midtown nova-iorquino, cercados de olheiros por todos os lados. Segue abaixo um vídeo que dá um panorama da área de trabalho com treinadores:

Aqui está Guilherme, que chama a atenção por seu porte físico e capacidade atlética – mas ainda é muito cedo para tirar qualquer conclusão:

Guilherme trabalhando com armadores sob orientação de Jama Mahlalela, do Raptors

Guilherme trabalhando com armadores sob orientação de Jama Mahlalela, do Raptors

E aqui está um vídeo curtinho com Yuri, que lembra, e muito, seu irmão Wesley, que já recebe tempo de quadra aqui e ali pelo time principal bauruense. Dá para ver o tipo de exercício que ficam executando, até trabalhar movimentação de bola e se agruparem para coletivos ao final da sessão:

– O principal nome entre as dezenas de inscritos é a sensação croata Dragan Bender, que vai fazer 18 anos apenas em novembro. Então vale sempre a menção atenuante para termos como “principal” e “sensação”. De qualquer forma, o jogador de 2,13 m de altura chama, mesmo, a atenção. O modo como se movimenta com a bola é impressionante, para alguém de sua idade e pouca experiência. Está claro que ainda precisa fortalecer a base, para ganhar mais equilíbrio, mas tem potencial enorme. Já está sob contrato com o Maccabi Tel Aviv há quase um ano, num movimento inovador do gigante israelense, que vinha investindo pouco em jovens talentos. O Maccabi inclusive enviou seu gerente geral para a festa: Nikola Vujcic, compatriota de Bender que se consagrou como jogador da equipe israelense na década passada. Foi um craque, mesmo. Aqui está o reencontro dos dois gigantes croatas, rodeados por uma criançada do Maccabi, que assistia aos exercícios com muita atenção:

Uma lenda croata (d) e uma aposta do país, para se juntar a Saric e Hezonja

Uma lenda croata (d) e uma aposta do país, para se juntar a Saric e Hezonja

– O BwB começou com atraso, o que me impediu de acompanhar os coletivos até o fim. Tive de sair correndo em direção ao hotel que acolheu os protagonistas do fim de semana: os integrantes das seleções do Leste e do Oeste. Quando cheguei ao Sheraton, na Times Square, foi aquele choque pelo volume de profissionais de mídia presentes – como já relatei em texto sobre Tim Duncan. A NBA estima que 600 estiveram presentes para entrevistas nesta sexta. LeBron, Carmelo e Stephen Curry foram os mais concorridos, claro. Mas surpreendeu também o volume de gente em volta dos irmãos Gasol, cada um ao seu tempo (primeiro falou a turma do Oeste, depois veio a do Leste).

– Ah, sobre entrevistas… Foi engraçado notar que, em meio ao caos, a estação de Russell Westbrook até que estava bem tranquila. Na hora, imaginei: é por que ele não está falando nada. E foi isso, mesmo. Wess apelou a sua rotina de sempre, respondendo as perguntas mais pertinentes ou birutas com quatro ou cinco palavras. Isso quando não se limitava a dizer apenas “não”. Então, ao contrário do que aconteceu com Marc Gasol, ao menos era possível vê-lo. Não perdi tempo – e o respeito próprio, aliás – para me aproximar, mas deveria ter filmado a cena. #FailGeral

"Ambos os times executaram muito bem seus planos de jogo"

“Ambos os times executaram muito bem seus planos de jogo”

– Outro que atrai multidões: Rudy Gobert, com diversos franceses em sua cola durante os eventos em torno do jogo das estrelas ascendentes. Tanto em atividade descontraída na quinta, como no pós-jogo desta sexta. São muitos os jornalistas europeus credenciados para a cobertura, com poloneses, croatas e mais. Para os franceses, faz muito sentido, já que são dez seus representantes na liga americana. O Brasil, em compensação, com seis jogadores, tem, que eu tenha visto, apenas quatro jornalistas confirmados, sendo que três vieram a convite do Canal Space, como o caso deste blogueiro. A galera da Espanha, com cinco atletas, causa um alvoroço. Para constar.

C'est un monstre! Gobert encontrou diversos compatriotas na zona mista

C’est un monstre! Gobert encontrou diversos compatriotas na zona mista

– Por falar em Gobert… Mon Dieu! Se em quadra ele consegue intimidar um Mason Plumlee, imagine lado a lado na sala de entrevistas? O mais espigão do dia. Durante o jogo, proporcionou realmente excelentes momentos, com tocos assustadores, mesmo para cima de Mason P, um pivô de 2,11 m, ágil e experiente já. O jovem pivô francês veio para ficar, acostumem-se. Foi prudente da parte do agente de Enes Kanter abrir uma campanha para tirar o turco de lá.

– Imagino só um time de verdade com Exum, Wiggins, Giannis, Mirotic e Gobert, como vimos em alguns momentos nessa sexta. Nas mãos do Jason Kidd. Seria demais. Envergadura é pouco. Potencial para uma defesa sufocante – uma versão turbinadíssima do que o Milwaukee Bucks faz hoje –, além da versatilidade no ataque, com chute, arranque para a cesta, presença física no garrafão e muita velocidade. Afe.

– Zach LaVine é muito mais explosivo que Andrew Wiggins – e, ao que tudo indica, vai deixar sua marca no torneio de enterradas deste sábado. Mas a leveza como o canadense se desloca pela quadra é cativante. Parece que está andando sobre a água, flutuando na verdade.


 -Presenciamos também o momento histórico em que um integrante da família Plumlee dividiu a quadra com um Zeller. Os Plumlee, vocês sabem, são uma dinastia da Universidade de Duke, tendo o Coach K como conselheiro. Miles, Mason e agora o Marshall por lá. No ex-jogo dos novatos, Mason P, que é o filho do meio em seu clã, teve como companheiro o Cody Z, o caçula da outra gangue. Ficaria estranho, mesmo, se a companhia fosse de Tyler Zeller, que teve uma carreira produtiva pela Universidade de North Carolina – o ala-pivô do Hornets jogou em Indiana. Ao menos os deuses do basquete universitário nos pouparam dessa.

– Contagem de consumo até aqui:

11 viagens de metrô
1 corrida de táxi
1 carona de ônibus, com Rick Rox e Brent Barry, emperrado no trânsito
1 cheeseburguer (juro!)
4 donuts
8 chocolates quentes


Maré de azar: Oklahoma City agora perde Westbrook
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Giancarlo Giampietro

westbrook-cp3-pg-nba

Nos últimos três anos, Kevin Durant havia perdido um total de duas partidas de 230 possíveis da temporada regular. Em toda a sua carreira, foram apenas 16, em sete temporadas (558 partidas). Russell Westbrook? Até sofrer sua lesão no joelho nos playoffs de 2013, após disputa com Patrick Beverley, ele não havia perdido sequer uma rodada em suas cinco primeiras temporadas como profissional. Aí tem o Serge Ibaka, que ficou fora de nove jogos em seu campeonato de novato e, depois, perdera apenas três joguinhos entre 2012 e 2014, até sofrer uma lesão na panturrilha que atrapalhou a equipe nos playoffs passados.

Para citar a presidenta Dilma: “no que se refere” a seus principais jogadores, o Oklahoma City Thunder vinha simplesmente desfrutando de muita sorte. Era uma durabilidade para causar espanto e inveja de seus grandes adversários. Tá certo: não era algo meramente fortuito. Tinha a ver também com a idade dos protagonistas e de um bom trabalho de seu estafe de médicos e preparadores físicos também. Mas, no fundo, no fundo, sorte é o principal fator aqui. Algo que podem testemunhar o torcedor do Timberwolves (Ricky Rubio interrompendo um ano mágico devido a uma ruptura de ligamento cruzado anterior) e o do Lakers (que perde um adolescente Julius Randle na primeira noite desta temporada por fratura na perna).

Acontece que para 2014-2015, o universo vem tratando de equilibrar as coisas, e o resultado vem sendo um extermínio de um time que era considerado candidato ao título. Para os que não assistiram ao jogo no Sports+ nesta madrugada, OKC acabou de perder também – e de novo!!! – Russell Westbrook. Agora por conta de uma fratura na mão direita, em derrota para o Los Angeles Clippers. Num lance totalmente banal:

Mais precisamente: a lesão aconteceu no segundo metacarpo. Ainda não há uma previsão de retorno para o explosivo armador, mas é certo que vai passar de um mês de molho. Lembrando que Durant só será reavaliado no final de novembro para saber o quão recuperado já está da chamada “fratura Jones”, no pé direito.

O único lado que poderia ser positivo disso tudo, do nosso ponto de vista egoísta? Bem, quiçá todos avançemos em nossos conhecimentos ortopédicos, né?

Estaleiro para Wess, em vez de arremessos

Estaleiro para Wess, em vez de arremessos

Mas aí lembramos que a NBA vai ficar por semanas e semanas sem dois de seus atletas mais divertidos de se ver, e percebemos que não tem nada de interessante nisso. Além do mais, fomos privados de ver o armador levar ao extremo seu jogo agressivo. No fim, não vai ter nada de tempestade Russell Wesbrook por lá, poxa. Nada de 29 arremessos por jogo.

Agora, para a instituição Thunder, você realmente precisa se esforçar para encontrar um twist otimista. Em contato com o jornalista Sam Amick, do USA today, um dirigente do clube perguntou qual era o posicionamento do Houston Rockets nos mata-matas de 1995, ano em que conquistaram o bicampeonato. A resposta: o sexto melhor da conferência.

Foi o suficiente, numa Conferência Oeste também bastante complicada – Suns, Sonics, Spurs, Jazz com grandes formações, mas… talvez sem taaaantos concorrentes assim – para colocar Hakeem novamente na briga, agora escoltado por mais um cara do Hall da Fama, um integrante do Dream Team, grande cestinha e alvo preferido de Michael Jordan: Clyde Drexler. Duas grandes estrelas, uma bela estrutura de equipe em torno deles, e tal.

Lembra alguma coisa?

Poderia ser o melhor cenário para a equipe de Oklahoma agora, como escreve Amick. E mais: os mais jovens do time teriam de se virar em quadra, aprender na marra, da melhor forma que se tem. Poderiam sair dessa muito mais confiantes.

Mas… será?

De novo: o Oeste em que a equipe está posicionada é completamente brutal. O Phoenix Suns venceu 48 partidas em 2013-2014 e ficou fora dos mata-matas, gente. No Leste, estaria empatado com Toronto e Chicago, lutando pela terceira colocação.

E o problema não se encerra com o afastamento de KD e Wess – como se isso fosse pouco. Anthony Morrow, o principal reforço para esta campanha, torceu o joelho. Não foi nada grave, mas deve perder mais cinco semanas. Mitch McGary, a escolha de primeira rodada, tem uma fratura no pé esquerdo e só deve retornar em meados de novembro. Reggie Jackson torceu o tornozelo e perdeu as duas partidas da equipe até aqui – embora não deva levar muito mais tempo para retornar. Por fim, o segundanista-calouro-na-verdade Grant Jerrett passou por uma cirurgia no tornozelo em julho, não vem treinando e ainda vai precisar de mais algumas semanas para ficar pronto.

Isso é terra arrasada.

PJIII jogou uma barbaridade contra o Clippers: é algo sustentável? OKC adoraria que sim

PJIII jogou uma barbaridade contra o Clippers: é algo sustentável? OKC adoraria que sim

Contra o Clippers, sobraram apenas oito atletas disponíveis, contando Sebastian Telfair, que sofreu uma pancada no dedão e sentia dores. Em determinado momento, Scotty Brooks estava com o seguinte quinteto em quadra: Perry Jones III de armador, acompanhado por Andre Roberson, Lance Thomas, Nick Collison e Kendrick Perkins. Pesado.

Na base de muita defesa e orgulho e com uma atuação esplendorosa de Jones, o Terceiro (32 pontos, 7 rebotes e 3 assistências), esses caras conseguiram se manter no jogo contra outro favorito ao título. Perderam por 93 a 90, brigando até o fim. Você põe Ibaka e Jackson nessa equação, e as coisas melhoram um pouco. Mas o quanto seria suficiente para que a equipe não despenque na classificação? Considerem que, nos primeiros sete dias, o time tem cinco cidades diferentes na escala: Portland e Los Angeles, já riscadas do mapa, e agora Oklahoma City, Brooklyn e Toronto .

Se descerem a ladeira rolando, Durant e Westbrook precisariam retornar rapidamente e sem ferrugem de suas fraturas. Para trabalhar numa campanha de reação. Teriam supostamente 2/3 da temporada para buscar. É tempo o suficiente, mas vai causar um desgaste incomum e uma pressão que os jovens astros não estavam habituados a enfrentar.

Vai pedir também, claro, que esta fase de bruxaria fique para trás.