Vinte Um

Arquivo : Russell Westbrook

Em Oklahoma City, lá vem a tempestade Westbrook
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Giancarlo Giampietro

Russell Westbrook só quer um abraço. E mais um arremesso, gente

Russell Westbrook só quer um abraço. E mais um arremesso, gente

De um episódio deprimente – cirurgia que vai afastar Kevin Durant por pelo menos um mês e meio –, o desdobramento está carregadíssimo de ironias. Para sobreviver no Oeste sem o atual MVP da NBA, o Oklahoma City Thunder vai precisar de um Russell Westbrook mais agressivo. Como se fosse possível.

O mesmo Westbrook que já foi massacrado em praça pública incontáveis vezes, por sua seleção de arremessos e sua eloquência  com a bola em mãos. Algumas vezes com razão, é verdade, mas também por vezes numa injustiça daquelas – Allen Iverson ou até mesmo seu contemporâneo Derrick Rose já foram celebrados pelos mesmos motivos. Aí entra a parte em que falamos: mas nenhum dos dois tinha um companheiro tão qualificado ao lado. É verdade. A prioridade deveria ser sempre dele.

Acontece que, ao seu modo, o segundo craque do Thunder também se enquadra na categoria de aberrações da liga. O sujeito é tão atlético que qualquer jogada parece fácil. Deve ter a impressão que, não importando o grau de sofisticação ou complicação de um movimento que vá tentar, nenhum defensor na terra vai conseguir pará-lo. É um (?) mal que já acometeu Jordan e Kobe, entre outros do primeiro escalão de homens-borracha. O que não quer dizer que ele tenha carta branca para fazer toda e qualquer besteira possível em quadra. Que ele não precise passar – ou que não passe… – a bola. Ele simplesmente não é um armador aos moldes de Andre Miller ou Scott Machado. E a pressão que ele coloca em uma defesa, mesmo quando não está convertendo suas infiltrações, é imensurável e também contribuiu para a eficiência de Durant.

Ibaka, claro, enterra. Mas seu forte é o chute de média distância, sem jogadas individuais

Ibaka, claro, enterra. Mas seu forte é o chute de média distância, sem jogadas individuais

Mas aí que está. Ou melhor, não está: sem seu grande cestinha e líder, OKC vai depender de Westbrook. Ele contra a rapa. Então se preparem, cada um no seu abrigo: nas primeiras seis semanas da temporada, prepare-se para uma tempestade. De lances mirabolantes, de tirar o fôlego, de fazer a cabeça doer. E as consequentes críticas, positivas ou negativas que virão.

O time: agora realmente não há muito o que fazer, não sobram muitas alternativas a Scotty Brooks, uma vez que seu sistema ofensivo se baseia quase que exclusivamente na capacidade individual de seus dois principais jogadores. Fora a superdupla, o único atleta criativo que resta no elenco é Reggie Jackson, que pode muito bem causar as mesmas aflições de Wess. Quando o titular precisar descansar, restará ao armador revelado por Boston College assumir a direção. E a mentalidade será realmente a mesma. Ambos vão ter a vida dificultada também pela ausência de Anthony Morrow por quatro a seis semanas. Excepcional arremessador, o ala foi a principal contratação para a temporada e sofreu uma torção no joelho.

Serbe Ibaka converte seus chutes de média distância com impressionante eficácia, ajudando a espaçar a quadra – sem ele, as infiltrações de Westbrook ficaram muito mais complicadas contra uma defesa tão bem postada como a do Spurs, por exemplo, nas finais de conferência. Mas o pivô naturalizado espanhol não produz por conta própria. Seu arremesso melhorou consideravelmente, mas, perto da cesta, ele só vai pontuar em rebotes ofensivos ou quando acionado em cortes fora da bola para a cesta.

Melhor aquecer direitinho, gente. O time vai precisar: PJII e Lamb

Melhor aquecer direitinho, gente. O time vai precisar: PJII e Lamb

De resto, Brooks agora se vê forçado usar os jogadores mais jovens, e o programa de desenvolvimento  do clube, tão elogiado, será testado a ferro e fogo. Agora não há mais Caron Butlers e Derek Fishers no caminho, ao passo que a necessidade de se encontrar novas soluções  se faz necessária, enquanto seu cestinha alienígena não volta. Poderá Perry Jones, o Terceiro, dar um salto? Nunca é demais lembrar que o espigão já foi considerado um dos melhores prospectos dos Estados Unidos. Para não falar de Jeremy Lamb, que não abraçou a chance que teve na temporada passada, com sua postura um tanto soneca, mas um talento de se admirar.

Só não dá para esperar muito de Andre Roberson. O ala vem sendo moldado para a condição de marcador implacável, com envergadura e força física, assumindo agora a vaga de Thabo Sefolosha no ataque. Tal como o veterano suíço, não oferece muito no ataque. Mitch McGary, que seria uma boa opção em combinações de pick-and-roll – apontado por muitos como o sucessor de Nick Collison –, é mais um lesionado. De todo modo, sua seleção agora ganha status de suspeita, já que a equipe já conta com dois pivôs jovens na sua rotação. Não teria sido melhor investir em um ala? Acho que sim. Por outro lado, como Presti poderia imaginar que Durant e Morrow estariam fora do páreo por mais de um mês?

No fim, talvez o mais importante para o Thunder seja endurecer sua defesa e tentar equilibrar as coisas a partir daí, ainda que KD também faça falta nesse quesito, com sua envergadura e agilidade absurdas. Posso estar sendo um tanto pessimista? Talvez. Mas, além de Westbrook, as capacidades de Brooks serão testadas para valer. Algo que muitos técnicos certamente dizem em off: coordenar um ataque e um time em geral com um Durant ao seu lado fica muito mais fácil.

Olho nele: Steven Adams. se tudo correr bem, desde que Brooks não se perca em teimosia, o neozelandês encrenqueiro deve derrubar Kendrick Perkins (que ainda pode ser útil em algumas circunstâncias, mas produz muuuuito pouco) e assumir mais minutos na rotação. Em sua jornada de calouro, o tempo de quadra já subiu de 14,8 minutos na temporada regular para 18,4 nos playoffs. Um acréscimo justificado. Aos 20 anos, o garoto surpreendeu muita gente com o impacto que causa na defesa e nos rebotes, com força, energia e, pasme, muita malandragem. Adams irritou uma série de adversários desde os amistosos de pré-temporada. Nos mata-matas, arrumou um jeito de expulsar Zach Randolph de um jogo decisivo. Melhor ainda, ele se apresentou para o training camp deste ano com um bigode felpudão. Mas disse que não era algo definitivo, e, sim, apenas para que aparecesse desta forma nas fotos oficiais da temporada. O kiwi, dizem, é um dos caras mais bem-humorados da paróquia.

Figura

Figura

Abre o jogo: “Mitch McGary? Mitch McGary… (silêncio constrangedor)… McGary?”, de Serge Ibaka, senhoras e senhores, quando questionado sobre seu novo companheiro de garrafão, o pivô revelado por Michigan que já foi estrela do torneio da NCAA de 2013 e também virou manchete neste ano por ter sido suspenso do basquete universitário devido ao uso de maconha. Sem mais. 

Você não perguntou, mas… Westbrook jogou apenas 41 minutos sem Durant ao seu lado na temporada. Neste curto período, somando diversos jogos, ele tentou nada menos que 35 arremessos.  Na última vez que Wess jogou por uma longa sequência sem a companhia do cestinha, em 2010-2011, o armador teve médias de 26,7 pontos e 7 assistências em 22,5 arremessos. Segura.

nick-collison-seattle-cardUm card do passado: Nick Collison. Pela primeira vez na série, escolhemos um jogador ainda em atividade. Collison merece: trata-se um dos pouquíssimos caras que nunca mudou de clube, ainda que, no seu caso, o clube tenha trocado de cidade. É o mais antigo do time, tendo sido draftado em 2004 pelo regime anterior ao de Sam Presti, aliás. Ficou. Afinal, não tem por que descartar um pivô inteligente desses, que é uma constante no ranking de cargas (faltas de ataque cavadas, forçadas) ano após ano, também disposto ao sacrifício – ainda que tenha uma base corporal forte pacas. No ataque, não sai do seu quadrado e pontua com eficiência. Collison já chegou maduro ao basquete profissional, com 24 anos, vindo de boas campanhas com Kirk Hinrich em Kansas. Dos seus companheiros de então, apenas dois estão em atividade na liga no momento: Reggie Evans (Kings) e Luke Ridnour (Magic). A conta pode subir para quatro, dependendo do que Ray Allen decidir da vida e se Rashard Lewis ainda for receber uma oferta.


Em meio a trovões de Westbrook, uma vitória minúscula para Popovich
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Giancarlo Giampietro

Banco Spurs, OKC, Popovich

Até pode não dar em nada, mas é por essas e outras que Gregg Popovich merece o título de maior técnico da NBA desde a aposentadoria de Phil Jackson. O truque já é velho, mas não deixa de ser surpreender e admirar, né? Afinal, quantos têm coragem e pachorra para aplicá-lo? Restando ainda quase 20 minutos de um jogo valendo final de conferência, e quem mais sacaria todos seus titulares de quadra para afundá-los no banco de reservas?

O comandante do San Antonio Spurs não estava nada satisfeito com a cacetada que seus velhacos tomavam do Oklahoma City Thunder, nesta terça-feira, e optou por um de seus ardis. Tirou Parker, Duncan e Manu. Kawhi e Green (que depois voltaria). Sobrou até mesmo para o Splitter. E taca Matt Bonner em quadra! Se tivesse autoridade para tanto, certeza que ele mandaria Austin Daye tirar o blazer e jogar também.

Reserva Baynes que se vire com um Westbrook ligado no turbo: 40 pontos, mas em preocupantes 45 minutos; Durant jogou 41 e Ibaka, 35

Reserva Baynes que se vire com um Westbrook ligado no turbo: 40 pontos, mas em preocupantes 45 minutos; Durant jogou 41 e Ibaka, 35. Eles dão conta do recado

Com esse movimento, ele manda uma série de mensagens.

Para seus principais jogadores: “Estou decepcionado”.

Para Boris Diaw: “Mon Dieu, Boris, arremesse com confiança, s’il vous plaît!!!! Eu suplico.”

Para os demais reservas: “As portas estão sempre abertas”

Para a comunidade do basquete: “Sim, é possível”.

Para os repórteres de TV: “Nem vem de garfo que hoje é dia de sopa”.

E, principalmente, para Scott Brooks: “Se viraê com esse presentinho”.

Porque o Spurs já não tinha nada (mais!!!) a perder. A batalha já estava cedida, então, no mínimo, ele tratou de reduzir suas baixas, pensando na guerra, que tem sequência no Jogo 5, de volta ao Álamo, em menos de 48 horas. O técnico passou um pito em seus principais jogadores e, ao mesmo tempo, os preservou, sabendo que, fisicamente, o outro lado tende a levar sempre a vantagem. E não fica apenas  nisso: se desse certo, ainda forçaria que seu concorrente mantivesse Durant, Westbrook e até mesmo o sacrificado Ibaka em quadra.

Bingo.

Com 3min31s restando no quarto período, Bonner (+12 de saldo!) e cavalaria reduziram a antes bombástica diferença do Thunder para 12 pontos, anotando sete em sequência. Cory Joseph ofereceu muito mais que Patty Mills em termos de deslocamento e pegada e ainda botou Ibaka no YouTube (ver mais abaixo), Boris Diaw aceitou o chamado e passou a atacar com agressividade, Marco Belinelli esteve mais solto, e a bola foi girada de um lado para o outro.

Os titulares simplesmente deixaram de praticar esse tipo de basquete após cinco excelentes minutos no primeiro tempo. Deixaram de fazer aquilo que o Spurs deve executar o tempo todo para combater um time muito mais atlético. A turma do fundão do banco deixou claro, então, que dava para encarar aqueles caras. Desde que do modo correto, com um ataque mais equilibrado, que resulta em melhores situações de arremesso (veja tabela abaixo) e diminui as chances de contragolpes mortais.

Reservas do Spurs contra Thunder no Jogo 4: 9/13 no garrafão, a partir de meados do terceiro período

Reservas do Spurs contra Thunder no Jogo 4: 9/13 no garrafão, a partir de meados do terceiro período

“Não jogos de modo inteligente consistentemente, e, de uma hora para outra estávamos tentando ver se Serge poderia dar um toco, ou não. Pensei em distribuir uma foto para eles no banco. Eles sabem quem é Serge. Mas foi realmente, de uma hora para a outra, um basquete pouco inteligente. Em vez de acertar os jogadores livres, começamos a atacar o aro sem inteligência, e isso resulta em tocos. Tivemos sete turnovers no primeiro tempo, mas na verdade foram 14 por causa dos sete tocos. E aí você precipita a diferença de 20 a 0 nos contra-ataques”, afirmou Popovich, durante a coletiva, numa loooonga resposta ao repórter JA Adande, da ESPN, que ficou até emocionado.

“Então você tem de jogar mais espertamente contra grandes atletas. Eles são talentosos, obviamente, mas a capacidade atlética e a envergadura deles é o que causa uma margem pequena de erro, e contra isso não dá para para se atrapalhar tanto como fizemos. E acho que temos de jogar com mais empenho. Eles jogaram com mais determinação que nós nesses dois jogos”, completou.

Claro, contra os reservas, a defesa adversária, cansada e também mais relaxada, já não tinha mais a mesma energia da etapa inicial e nem estava tão familiarizada assim com aqueles oponentes, mas tudo isso está incluído nas contas que Pop fez antes de tomar sua decisão.

E como Brooks responderia? Era um jogo que ele simplesmente não poderia perder. Seria uma catástrofe. Iria de Fisher-Lamb-Jones-Collison-Thabeet nessa? Baita arapuca: não só o quinteto não tem rodagem, como dificilmente apresentaria qualquer coesão. Então, que ficassem os craques, mesmo, para liquidar a futura. Foram substituídos apenas dois minutos depois, aí, sim, com a vitória garantida.

A vitória é de OKC, série empatada em 2 a 2, mas Pop deu um jeito de tirar alguns pequenos triunfos morais dessa. E ele precisava de um empurrão desses – e, se Reggie Jackson, com uma torção no tornozelo não puder jogar, melhor ainda. Estava aquela barulheira infernal no ginásio, Ibaka voltava a influenciar o jogo defensivamente, os cestinhas eram explosivos, Thabo Sefolosha nem tinha dado as caras… Enfim, o confronto ia pendendo perigosamente a favor de seus adversários, numa virada como a de 2012.

Agora, pode muito bem ocorrer de o efeito dessa cartada ser nulo.

Com o turbo acionado, magnífico, Westbrook atropelou os adversários nesta terça, construindo uma das linhas estatísticas mais brilhantes da temporada: 40 pontos, 10 assistências, 5 roubos de bola, 5 rebotes, 12/24 nos arremessos e 14/14 nos lances livres. Mamãe. Vejam só este lance:

Foi até engraçado ao vivo. O armador do Thunder atropelou Tony Parker e foi para a cesta feito um trovão. Depois de alguns minutos, porém, que a equipe da TNT (a melhor transmissão da NBA, tecnicamente) foi reparar que a roubada de bola veio com os dois pés fora da quadra. Em slow-motion, você percebe isso no ato. Quando o lance aconteceu, de tão rápido, ninguém apontou nada.

Ter de conter um sujeito desses já é um problemão. E aí, de repente, a gente vai lembrar que Brooks também pode atacar com aquele tal de Kevin Durant. O MVP da temporada, cestinha da liga em quatro das últimas cinco temporadas, com média de 27,4 pontos por jogo. Durant somou 31-5-5 dessa vez. Juntos, os dois astros contribuíram com 71 (de 105) pontos, 15 (de 22) assistências , 8 (de 12) roubos de bola e 23 (de 37) chutes de quadra certos e 21 (de 24) lances livres convertidos.

Essa dupla de craques não está nem aí para os minutos jogados por Bonner ou Joseph. Agora, os titulares de Popovich deveriam, sim ter tomado nota. Vamos ver na quinta se haverá qualquer tipo de repercussão diferente da parte deles.

Enquanto isso, San Antonio se prepara, de olho na previsão do tempo:

Possível previsão do tempo tenebrosa para o Spurs

Possível previsão do tempo tenebrosa para o Spurs


Deslize em operação de Westbrook pode acelerar desenvolvimento do Thunder
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Giancarlo Giampietro

Wess, sem palavras

O principal senão da lesão de Westbrook: a chance de vê-lo vestido no banco desta forma

Muitos jogos de basquete já foram decididos por um ponto.

A temporada 2013-2014 do Oklahoma City Thunder nem começou e pode ser definida, mesmo, por “um ponto”, mas de outro tipo.

Lesionado durante os playoffs passados, Russell Westbrook ainda não se sentia pronto para começar a fase de treinos do training camp e foi submetido a uma nova artroscopia para que os médicos pudessem checar como estava seu joelho. Constataram que estava solto um dos pontos feitos após a cirurgia de reparo de um menisco lateral rompido. De modo que o atleta tem de adiar seu retorno. Vai perder agora de quatro a seis semanas do campeonato.

Um mês e meio, aproximadamente, de um gravíssimo desfalque para um time que já havia perdido James Harden no ano passado e, agora, já não conta mais com seu ‘substituto’, Kevin Martin, que assinou com o Minnesota Timberwolves.

Obviamente, o gerente geral Sam Presti e – talvez na marra, por tabela – o técnico Scott Brooks contavam com a evolução de alguns de seus jogadores mais jovens para repartir os 14,0 pontos em média que Martin fez na última temporada, em 27,7 minutos. Agora a verdade é que a nova guarda vai ter de assumir muito mais. São mais 23,2 pontos para incluir na conta.

Lamb, desperto

Jeremy Lamb: cara de sonolento e uma vaga de Kevin Martin/James Harden para assumir

E quer saber? Pode até ser uma boa. Tudo vai depender do otimismo e capacidade de Brooks e sua comissão técnica.

A lesão de Westbrook nos mata-matas expôs limitações táticas do time, muito dependente das investidas no mano-a-mano de seu armador e do supercraque Kevin Durant. Tocar a fase de preparação sem um deles acaba por forçar um plano que trate de envolver os demais atletas. Não só membros regulares da rotação como Thabo Sefolosha, Serge Ibaka e Nick Collison vão ter de produzir mais do que estão habituados. A chave talvez seja o desenvolvimento de Reggie Jackson, Jeremy Lamb e, talvez, Perry Jones.

O estafe do Thunder sempre foi badalado como um dos melhores na hora de trabalhar com seus prospectos, conduzindo seu progresso mesmo durante uma temporada que consome muitos recursos na preparação jogo após jogo. Com talentos de ponta como Durant, Wess e Harden, isso aconteceu naturalmente. Chegou a hora de colocar esse programa de treinamento à prova com outros garotos que foram badalados em sua geração.

De Reggie Jackson, conseguimos ver um pouco do que ele é capaz de produzir nos jogos contra Rockets e Grizzlies. Obrigado a elevar sua média de minutos de 14,2 da temporada regular para 33,5, o armador correspondeu. Em projeções de 36 minutos, conseguiu na fase decisiva até mesmo elevar seu padrão quando comparado ao que vinha fazendo no campeonato, com mais eficiência nos arremessos, sem aumentar sua carga de desperdícios de posse de bola. Agora ele terá mais chance de se entrosar com os titulares, depois de ter dividido a quadra por apenas 19 minutos com eles antes dos playoffs.

Sobre Lamb e Jones é que pairam as maiores dúvidas. Os dois são considerados dois talentos naturais pelos scouts. Os observadores ao mesmo tempo, todavia, questionam a dedicação e a gana da dupla. O primeiro tem fama de soneca. O segundo, além do mais, sofre com problemas no joelho desde cedo.

Na liga de verão de Orlando deste ano, Lamb, 21, mostrou sinal de vida, sendo eleito para o quinteto ideal. O Thunder terminou a semana invicto, com 18,8 pontos do ala – o terceiro cestinha no geral, atrás de Victor Oladipo e… Reggie Jackson, vejam só. Ainda que ele tenha convertido apenas 39,1% de seus arremessos, esse tipo de estatística nem sempre conta toda a história numa competição dessas. Jogando com a equipe principal, o atleta será acionado de forma diferente.

A ele caberá muito provavelmente o papel de Martin no time. O veterano, aliás, em seus bons momentos, serve como um bom modelo ofensivo para o segundanista. Dois jogadores esguios, leves, de boa envergadura. Embora um jogado um tanto anódino em muitos aspectos: é um péssimo defensor e não contribui muito em rebotes ou na criação de lances para os companheiros – ao menos não por conta de seus passes. Por outro lado, sua movimentação fora da bola e os tiros de longa distância ajudavam no espaçamento da quadra (seus 42,6% de três pontos foram lideraram a equipe). Uma característica sua que diminuiu consideravelmente nos últimos dois nos últimos dois anos foi sua habilidade de descolar lances livres. Em 2010-2011, ele batia 8,4 por partida. Em 2012-2013, foram apenas 3,2, bem menos da metade.

Sobre Jones, não há tantos elementos para se investigar. Ainda que tenha disputado mais partidas pelo Thunder do que Lamb em seu ano de novato, seu tempo de quadra foi muito reduzido (7,4), o que inviabiliza até mesmo uma projeção por 36 minutos. Na D-League, suas estatísticas não foram de arromba. Por enquanto, de certo mesmo é que ele já foi um dia um candidato a número um de Draft e que essa cotação despencou devido a sua passividade nos anos de Baylor e também por conta de questões médicas. Aos 22 anos, porém, ainda é mais jovem que Fabrício Melo e não pode ser desprezado, podendo atacar a cesta a partir do drible com rara mobilidade para alguém de sua estatura.

Naturalmente, Kevin Durant se verá sobrecarregado sem a companhia de Westbrook. Mas qualquer progresso que essa trinca possa apresentar já seria valioso para preservar sua principal estrela e manter o time posicionado na briga pelos playoffs no Oeste. Esse é o primeiro ponto. Mas o mais importante para Brooks seria ganhar mais armas em que possa confiar para o que mais conta para os finalistas de 2012:  ganhar o título. De preferência com Westbrook, e nem que seja por um ponto.


EUA reúnem em Las Vegas grupo que deve formar base da seleção no Rio 2016
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Giancarlo Giampietro

Coach K

Palestra (gratuita) do Coach K em Las Vegas: exposição para os jovens selecionáveis

É, Espanha, não tá fácil, não.

Se a geração de Pau Gasol e Juan Carlos Navarro ainda tem alguma ambição de subir ao degrau mais alto de um pódio em qualquer torneio internacional Fiba – se for num Mundial disputado em casa, melhor ainda ; ) –, as notícias que vêm dos Estados Unidos desde o final de semana não são nada animadoras. E, ok, o mesmo vale para Rubén Magnano e qualquer outro técnico de seleção com alguma ambição imediata de título.

Em Las Vegas, o Coach K acaba de reunir 28 jogadores para uma semana de treinamentos, mostrando que o trabalho de Jerry Colangelo na USA Basketball segue sério. Muito sério.

Veja bem: eles não vão disputar nenhuma competição este ano – não precisam jogar a Copa América por já estarem classificados para o Mundial, via Olimpíadas –, mas isso não impediu que o dirigente recrutasse mais de duas dúzias de jovens talentos para alargar as bases de possíveis convocados para as próximas temporadas.

Quem deu as caras por lá? Clique aqui e sinta o drama.

Alguns destaques: John Wall, Kyrie Irving, Ty Lawson, Paul George, DeMarcus Cousins, Anthony Davis, Greg Monroe, entre outros. De todos os jogadores convocados para este período de treinos, o ala-pivô Taj Gibson, do Chicago Bulls, era o mais velho, com 28 anos – mas acabou de ser cortado, devido a uma torção de tornozelo. As outras baixas são o ala Kawhi Leonard, recém-operado, e George Hill. Agora só sobraram jogadores nascidos entre 1987 (Lawson) e 1994 (o armador Marcus Smart, da universidade de Oklahoma State).

Alguns desses jogadores já chegaram ao nível de All-Star na liga norte-americana, outros estão no limiar. E não vai parar por aí. Para jogar o Mundial do ano que vem, a ideia é adicionar alguns “veteranos” da seleção americana, com Russell Westbrook, Kevin Love, James Harden e, claro, Kevin Durant já indicando que pretendem defender seu título. A ideia é essa, então: mesclar sangue novo, pensando adiante, com representantes das campanhas recentes para manter a hegemonia. Tudo sob a orientação precisa e educadora de Mike Krzyzewski, convencido a ficar no cargo.

Com o desgaste acumulado de mais três temporadas de NBA até que sejam realizados os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro 2016, é provável que pouco sobre da base bicampeã em Pequim e Londres para lutar pelo tricampeonato. De modo que muitos desses atletas agrupados em Vegas nesta semana podem dar as caras por cá, daqui a três anos. Hoje, eles ainda podem não ter a grife de seus antecessores, mas vem chumbo grosso de qualquer maneira.

A turma do Coach K

Escolinha do Coach K: passando as mensagens do programa

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Entre os 28 jogadores convocados para esta semana, dois casos reforçam a mentalidade profissional de Colangelo na condução das operações da USA Basketball: o caçula Smart e o ala Doug McDermott, da universidade de Creighton. Smart acabou de ser campeão mundial sub-19 na República Tcheca e McDermott defendeu os EUA na Universíade de Kazan. A presença dos dois entre tantas jovens estrelas da NBA manda uma mensagem: a de que todos teriam chance de fazer parte da seleção norte-americana, bastando cumprir algumas etapas do processo. Quer dizer: se você se “sacrifica” em um verão para, supostamente, jogar competições menores, pode ser premiado no futuro com uma vaga entre a elite.

Smart, por exemplo, é cotado como uma escolha top 5 no próximo Draft da NBA. Jogadores nessas condições já têm uma agenda (em todos os sentidos) cheia e tendem a abrir mão de compromissos com a seleção para acelerar suas classes e, ao mesmo tempo, trabalhar com seus treinadores superprotetores no campus. Na agenda política da NCAA, essas são coisas que pesam bastante. Já McDermott, também considerado um prospecto de NBA, embora em um patamar bem mais baixo, serve como um símbolo para outros atletas do segundo escalão: que mesmo eles podem ser valorizados caso topem jogar em torneios como a Universíade ou o próprio Pan-Americano.

É um modo criativo que Colangelo encontrou para fomentar a competitividade entre as diversas seleções norte-americanas.

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O promissor ala-armador Bradley Beal, do Washington Wizards, é outro que está contundido. Mas Krzyzewski ficou em cima do garoto, ainda adolescente. “O Coach K ainda quer que eu vá. Eles querem que eu compareça mesmo que eu não vá participar dos treinos”, afirmou o jogador, que já foi obrigado a ficar fora da liga de verão de Las Vegas por seu clube.

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A comissão técnica do Coach K para o próximo ciclo olímpico tem duas novidades: Tom Thibodeau, o mestre defensivo do Chicago Bulls, e Monty Williams, o jovem e já badalado técnico do New Orleans Pelicans. O veterano Jim Boeheim, de Syracuse, segue no estafe. Combinando os sistemas de marcação por zona de Boeheim com os conceitos híbridos de This, já dá para imaginar o sofrimento das seleções que tiverem de atacar o Team USA.

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Colangelo fez as pazes com DeMarcus Cousins. O pivô integrou um time de sparrings (o Select Team) no ano passado para ajudar na preparação da seleção olímpica norte-americana e passou a pior impressão possível. Desceu a lenha nos treinamentos, reclamou horrores e deixou os técnicos horrorizados, hehehe. O Boogie de sempre, chamado publicamente de “imaturo” pelo dirigente.  Mas os recursos técnicos do pivô são tão chamativos que… Não há quem aguente estender o castigo, de modo que o jogador do Sacramento Kings ganhou mais uma oportunidade em Las Vegas. “Isso não vai me incomodar de jeito nenhum. Ele me deu mais uma chance para chegar e provar meu valor”, disse o atleta. “É uma grande honra só de ter meu nome aqui.”


Lesão de Westbrook expõe limitações técnicas e táticas do Thunder
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Giancarlo Giampietro

OKC KO

Kevin Durant, Scott Brooks, e a eliminação

LeBron James entende perfeitamente. Chega uma hora que todo grande talento se depara com um limite.

Bem, obviamente o astro que vemos hoje vestindo o uniforme do Miami Heat é ainda superior àquele do Cleveland Cavaliers. Mais concentrado no jogo interior, com movimentos mais elaborados. Seu aproveitamento nos arremessos, de todos os setores da quadra, só cresce. O número de turnovers diminuiu. O de rebotes e assistências seguem volumosos.

Muito dessa evolução se deve ao seu maior comprometimento com o jogo, ou pelo menos com uma abordagem mais inteligente e agressiva em quadra. Mas não para nisso. Seu crescimento também passa pela criatividade de Erik Spoelstra. E o técnico se sente mais confortável em criar ao chegar para o treino e ver o alto nível dos atletas que Pat Riley reuniu em seu elenco.

Nos tempos de Cleveland, LeBron que se virasse com Larry Hughes, Donyell Marshall, Damon Jones, Eric Williams, Ira Newble e quem mais estivesse disponível de momento. Era uma dureza, um cenário que exigia ao máximo de seu protagonista. Uma situação que Kevin Durant, para surpresa geral, teve de enfrentar nos playoffs deste ano.

Surpreendente pois o Oklahoma City Thunder sempre foi considerado uma das equipes mais talentosas da NBA. Por um lado, seu plantel contava com três dos jogadores mais brilhantes da nova geração. O que estava ao redor deles, porém, talvez nunca tenha sido devidamente questionado ou avaliado. Afinal, estavam lá para complementar os jovens astros. Acontece que o clube primeiro se desfez de James Harden antes de a atual temporada começar, num movimento que hoje é um desastre. Para completar o estrago, Russell Westbrook sofreu uma grave lesão na primeira rodada dos mata-matas contra o Houston Rockets. Sobrou só Durant.

Reggie Jackson x Mike Conley

Reggie Jackson teve de fazer as vezes de Westbrook contra o Grizzlies

Só, mesmo.

O armador Reggie Jackson, substituto de Wess, fez o que pôde a essa altura de sua ainda jovem carreira – 13,8 pontos, 6,2 rebotes, 3,8 assistências e 50% de quadra, com lances que ora evidenciaram seu potencial, ora escancaravam sua inexperiência.

Serge Ibaka desapareceu no ataque por loooongos períodos, ressuscitou nos jogos finais contra o Memphis Grizzlies, mas se provou uma aberração atlética que é ainda muito limitada ofensivamente.

E o Kevin Martin, aquele que deveria suprir a pontuação do Sr. Barba no banco? Venerado pela comunidade estatística, foi bem durante a temporada, mas, nos playoffs, quando mais exigido na hora de a onça beber água, jogou feito um peso pena, no sentido literal e figurativo. Um sujeito com um basquete inócuo, com seu badalado aproveitamento de quadra despencando para 38%, sem bater para a cesta ou criar para seus companheiros.

De Resto? Melhor respirar fundo. A partir do momento em que foi marcado, Derek Fisher, 38, bateu o recorde informal de air balls estabelecido por Jerry Stackhouse pelo Brooklyn Nets – o veterano havia acertado seis de seus primeiros oito arremessos de longa distância contra o Grizzlies, em duas partidas, e terminou com 5 em 20 nas últimas três. Thabo Sefolosha ficou extremamente limitado ao perfil de “defensor-e-atirador-da-zona-morta”, para alguém que, quando despontava na Europa, se projetava como um atleta que faria de tudo um pouco em quadra. Jeremy Lamb e Perry Jones nunca foram acionados. E, se Nick Collison não consegue jogar por conta, o que dizer, então, de Kendrick Perkins e Hasheem Thabeet? Argh. (Perk e Fisher, especialmente, já passaram da hora.)

Kevin Durant x Marc Gasol

Chegou uma hora que Durant cansou de chutar diante da forte defesa de Memphis

Sobrou para o Durant, Por quatro jogos contra o Rockets e dois contra o Grizzlies, ele se virou bem, liderando sua equipe a três vitórias. Nos últimos três jogos da semifinal, porém, o gás foi acabando e a cabeça, pesando. Um cestinha completo, que ataca de todos os pontos da quadra com uma categoria e eficiência impressionantes, começou a amassar o aro, com rendimento completamente aquém de sua capacidade e histórico. Dos seus últimos 27 lances livres, acertou 18 – aproveitamento de 66,6%, algo que deixaria Dwight Howard feliz, mas não satisfaz um jogador que mata 88,4% em sua carreira e matou 90,5% na temporada. Nos tiros de quadra, a queda foi ainda pior: acertou apenas 15 arremessos em 48 tentativas (31,25%), comparando com 47,5% desde 2007-2008 e 51% neste ano.

Pior que é quase inevitável que apareça um herói disposto a criticar Durant, atirando ao vento aquela palavra de sempre: “amarelão”. Alguém que possa ignorar suas médias de 30,8 pontos, 9 rebotes, 6,3 assistências, 1,1 toco e 1,3 roubo de bola e que não descansou um minuto sequer nos jogos 4 e 5 e pôde respirar por 11 minutos entre os jogos 1 e 3. Como ele bem disse durante o confronto: “Acho que assumi mais a responsabilidade de pontuar, facilitar as jogadas e ir para o rebote. Claro que, quando você perde seu All-Star, sente falta. Mas não tem desculpa. Ainda temos de fazer o trabalho”.

Chega uma hora, todavia, que a exaustão é o seu maior oponente.

Mas não o único.

*  *  *

Scott Brooks conseguiu intensificar os esforços defensivos de sua equipe, que teve a quarta melhor retaguarda da temporada. Do outro lado, um rendimento ainda superior: tiveram o segundo ataque mais eficiente, perdendo do Miami Heat nesse quesito por um décimo. Dá para se questionar isso?

Curto e grosso? Sim.

Se o empenho e posicionamento defensivo de sua equipe são realmente invejáveis, o ataque deixa muito a desejar por ser tão rudimentar: passe para o Durant, passe para o Westbrook, e deixe que eles resolvam. Não é à toa que  apenas 16,7% de suas posses de bola durante a campanha 2012-2013 terminaram em uma assistência, a nona pior de toda a liga, enquanto o Miami Heat tem a terceira melhor (18,5%) e o San Antonio Spurs, a melhor (19.2%).

O time aposta tanto em sua duplinha que, por incontáveis minutos, acaba representando… A-ham… Pausa para limpar a garganta… A-ham… Acaba representando a epítome do estilo de jogo individualista que supostamente predominaria na liga. Porque é fácil, mesmo, cair na tentação, quando você tem dois craques como esses no mesmo quinteto. Seria apenas limpar um lado da quadra para deixar os dois monstrinhos agirem. Eles têm estilos diferentes: Wess passa feito locomotiva, Durant tem mais classe. Mas o resultado é mortal, invariavelmente.

Westbrook fez falta

Momento de despedida de Westbrook dos playoffs e uma revelação sobre o Thunder

Na maratona de jogos que é a temporada regular, nem sempre os times, especialmente as dragas de sempre, têm condições ou recursos para se preparar detalhadamente para um oponente. De modo que a capacidade individual de Durant e Westbrook pode desequilibrar e arrebentar com a concorrência facilmente. Quando chegam os mata-matas, a marcação fica mais apertada, os oponentes são estudados de modo minucioso. Para complicar, quando Westbrook foi para a mesa de cirurgia, levou em sua trouxinha 50% do ataque de sua equipe, que não passou dos 100 pontos sequer uma vez diante do Grizzlies.

Aí, ok. É a hora em que você fala que o Thunder estava enfrentado uma das defesas mais sufocantes da NBA. Justamente. Não chega a ser novidade nenhuma que um candidato ao título terá de enfrentar, em algum momento de sua campanha, um time que proteja seu garrafão tão bem como fazem os rapazes de Lionel Hollins (e David Joerger, seu coordenador defensivo, pouco falado).

Talvez com Westbrook as coisas tivessem sido diferentes? Pode ser. Mas, nem mesmo com a queda do armador Brooks resolveu mudar seu plano tático, resolvendo simplesmente substitui-lo por Reggie Jackson, na prática um novato para esse tipo de situação. De novo: ele foi bem, considerando o contexto, mas não representa de modo algum a ameaça que era Wess no mano-a-mano, ainda que apronte coisas desse tipo no contra-ataque (situação nem diferente do jogo cinco contra cinco):

Também podem alegar o seguinte: mas, gente, os caras foram vice-campeões do Oeste no ano passado! Sim, foram. Mas quem se lembra da reviravolta no confronto com o Spurs, na última final de conferência? A molecada do Thunder estava se metendo em uma enrascada, encurralados pelas táticas de Popovich, até que, de supetão assim, resolveram passar a bola.

Veja aqui um depoimento de Nick Collison no ano passado, retirado de um texto de nossa prévia encarnação, que detalhava o processo de crescimento pelo qual a equipe passava: “Temos esses caras que são os melhores no planeta em ir para a cesta, mas as equipes tentam tirar isso de nós, então temos de tomar a decisão certa com a bola. É um equilíbrio tênue entre ser agressivo e tentar pontuar, algo de que precisamos a toda hora, mas também fazer as jogadas certas. Estamos fazendo as jogadas certas nos últimos dois jogos”.

Durant se tornou um passador mais frequente,  ainda mais depois das lições que tomou de LeBron James nas finais, em treinos particulares e nas Olimpíadas. Na última temporada, concluiu 15,5% de suas posses de bola em assistências, bem acima dos 11,6% de 2011-2012 ou dos 9,7% de quando era novato. Quer dizer, o astro está fazendo sua parte. Falta, mesmo, uma proposta tática que incentive mais movimentação fora da bola, troca de passes no coletivo e ataques por ângulos diversificados.

Talvez seja o degrau que falte para o Thunder subir, desde que estejam inteiros e saudáveis. O problema é que nem os times conseguem completar a escalada, ainda mais num ambiente extremamente competitivo com o da NBA.  Um ambiente que pode roubar facilmente de Durant aquele sorriso antes constante e que desapareceu neste mês de maio.

“Nós sentimos a falta dele”, disse o ala, sobre Westbrook. Do Larry Hughes que não seria, mesmo.

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Vejam o quadro:

Esses são os percentuais de arremesso de Kevin Durant durante toda a temporada. As cores vermelhas indicam os pontos em que seu rendimento é inferior ao da média da liga, enquanto o setor em amarelo representa algo na média e os verdes, acima.

Agora, no vídeo abaixo, para onde o cestinha caminha – ou é levado – na hora em que tem a bola em mãos, restando pouco menos de dez segundos, e o Grizzlies defendendo uma vantagem de apenas dois pontos?


As melhores atuações, partida, contratações e mais no fechamento da temporada da NBA
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Giancarlo Giampietro

Curry foi o último a brilhar no Garden

Stephen Curry fez chover no Garden em uma atuação marcante nesta temporada

Escrevemos que foi realmente uma temporada excepcional da NBA, né? Pelo menos foi a sensação aqui no QG 21, embora a senhorita 21 não tenha achado muita graça de tudo isso, não, ainda mais quando o fuso horário fica bastante ingrato e o League Pass invade a madrugada. De qualquer jeito, vamos relembrar alguns momentos que possam sublinhar, justificar essa impressão de um belo campeonato fincado em uma era que tem tudo para ser reconhecida no futuro também como de ouro. Vamos neste post um pouco além das tradicionais premiações/palpites na conclusão da jornada da temporada regular. De sexta em diante, viramos a página para falar de playoffs.

As melhores atuações
Stephen Curry anota 54 pontos no Garden (27 de fevereiro)
São tantos os armadores talentosos na liga hoje que é muito fácil de alguém passar despercebido. Pois o filho de Dell Curry fez questão de deixar sua marca da melhor forma possível com uma partida incrível contra o Knicks. A naturalidade e confiança nos movimentos do jovem astro do Golden State Warriors. No vídeo abaixo, repare na marca de 2min20s sua cesta de três pontos em contra-ataque, na qual a bola mal toca na redinha. Embora sua equipe tenha perdido, ninguém pode dizer que Steph não tentou. Foi um bombardeio: 18 arremessos convertidos em 28 tentativas, com O-N-Z-E tiros de longa distância em 13, para chegar ao recorde da temporada. Sem contar os seis rebotes e as sete assistências. Para provar que não foi apenas uma noite acidental, agora há pouco, em Los Angeles, ele anotou 47 pontos, 9 assistências e 6 rebotes contra o Lakers

Kobe Bryant saiu aplaudido do Rosen Garden (10 de abril)
A cidade de Portland, com seu grupo de torcedores que estão entre os mais fiéis da liga, sempre recebeu o astro do Lakers, da forma mais abrasiva possível, em termos de hostilidade – afinal, o cara já aprontou muito em sua vida contra o Blazers, ainda mais em playoffs. Mas seu último desempenho em seu ginásio não abriu nenhuma outra alternativa que não a admiração. Com o Lakers contra a parede, Kobe justificou a frase que usou durante todo o ano – “Vencer a qualquer custo” – ao ficar em quadra por todos os 48 minutos em uma vitória crucial, somando 47 pontos, 8 rebotes, 5 assistências, 4 tocos e 3 roubos de bola, matando todos os seus 18 lances livres. Sim, uma atuação heroica:

Kevin Durant e Westbrook contra a rapa em Dallas (18 de janeiro).
Em um jogo de duas equipes que se detestam, devido ao histórico recente nos mata-matas, o Thunder feriu ainda mais o orgulho de Dirk Nowitzki com essa vitória por 117 a 104 na casa do Mavs, com direito a prorrogação. A duplinha dinâmica visitante arrebentou com o jogo: foram 52 pontos, 9 rebotes e 21/21 lances livres em 50 minutos para Kevin Durant e 31 pontos, 6 rebotes e 6 assistências em 45 minutos para Wess.

– Oi, eu sou o Jamers Harden. Lembram de mim? (20 de fevereiro)
Não foi o primeiro confronto entre o Capitão Barba e seus ex-companheiros de Thunder. Mas foi sua primeira vitória contra eles (122 a 119, em Houston), com a maior partida de sua ainda jovem e promissora carreira. O rapaz foi um assaassino em quadra: 46 pontos, 7 rebotes, 6 assistências e 14/19 nos arremessos e 11/12 nos lances livres, com uma eficiência incrível:

LeBron James, uma noite qualquer.
Escolha: a) 40 pontos, 16 assistências e 8 rebotes em vitória por 141 a 129 sobre o Sacramento Kings no dia 26 de fevereiro; b) 39 pontos, 8 assistências, 7 rebotes e 17/25 nos arremessos em vitória por 99 a 90 sobre o Lakers em Los Angeles; c) 39 pontos, 12 rebotes, 7 assistências em vitória por 110 a 100 sobre o Thunder em Oklahoma City; d) 32 pontos, 10 assistências, 8 rebotes, 11/14 nos arremessos e 10/11 nos lances livres em vitória por 109 a 77 sobre o Charlotte Bobcats… Dava para cumprir o abecário inteiro aqui, de modo que iríamos estourar nossa cota de clipes do YouTube.

O melhor jogo
Aqui não há dúvida alguma: a vitória do Chicago Bulls sobre o Miami Heat, encerrando a sequência histórica do time de LeBron James. Atmosfera de playoff, uma torcida completamente envolvida com o jogo, um time de operários se levantando para fazer frente aos astros visitantes, inesquecível:

A melhor cobertura
Zach Lowe, do site Grantland, foi a revelação da temporada, pelo menos para quem foi conhecer seu trabalho apenas agora. Assistindo sabe-se lá quantas horas de jogos nos últimos meses, fraturando cada posse de bola em busca de pequenos detalhes que ajudam a contar uma grande história, mas sem deixar de ir ao ginásio, conversando com dirigentes, ténicos e jornalistas, o jornalista/analista deu um banho na concorrência, misturando um pouco da velha e da nova cobertura da liga. Leitura obrigatória para os próximos anos, isso se o cara não seguir os passos de John Hollinger como cartola de alguma franquia.

As melhores trocas
Houston Rockets tira James Harden de Oklahoma City: já falamos aqui, mas não custa repetir que as novas regras da liga serviriam, supostamente, para complicar a vida das franquias mais ricas, como o Lakers, e isso até pode se mostrar verdadeiro nos próximos anos. A ironia é que, no meio do caminho, o reformulado acordo trabalhista primeiro abalou um dos clubes de pequeno porte mais competentes, o Thunder, que se sentiu obrigado a negociar Harden agora, antes de perdê-lo por nada no futuro, considerando que não poderiam arcar com as taxas que sua contratação renderia. E o Rockets ganhou essa ave de penugem rara, ou barba rara no caso: uma superestrela.

Orlando Magic de alguma forma se sai bem com a troca de Dwight Howard: quem? Mas quem mesmo poderia imaginar que Nikola Vucevic produziria tanto assim como pivô do Orlando Magic? Ora, a própria diretoria do clube da Flórida! Nem sempre as projeções se confirmam, mas sabe quando o jogador de origem suíça (!) tinha  na temporada passada por 36 minutos? Algo como 12,5 pontos, 10,9 rebotes e 1,5 toco. Este ano? Efetivado como titular, sem as restrições de Doug Collins, os números passaram para 14,2 pontos, 12,9 rebotes e 1,1 toco. Subiram em geral, mas não foi um salto de outro mundo. O cara só precisava de tempo de quadra. Além disso, o Magic conseguiu um diamante bruto em Maurice Harkless, que ganhou, neste ano, a companhia de outro jogador bastante promissor, Tobias Harris, envolvido em um pacote por JJ Redick. De repente, há um núcleo em que se apostar na Disneylandia.

As melhores contratações custo x benefício
– JR Smith pelo New York Knicks, US$ 2,8 milhões
Smith tinha certeza de que valia mais e justificou essa confiança toda em sua melhor temporada na NBA, como um dos melhores reservas da liga. Mais aplicado na defesa e nos rebotes, um pooouco mais consciente no ataque, supriu a ausência de Amar’e como escudeiro de Carmelo. Extremamente improvável que continue nessa faixa salarial, uma vez que pode excercer uma cláusula que o tornaria um agente livre ao final do campeonato.

– Carl Landry pelo Golden State Warriors, US$ 4 milhões
Houve um tempo em que Landry estaria hoje no meio de um contrato de US$ 32 milhões por quatro ou cinco anos, completamente tranquilo a respeito de seu futuro. Em uma NBA mais econômica, teve de se contentar com um contrato de apenas dois anos – sendo que a segunda temporada também depende de sua decisão. Um leão debaixo do aro, ótimo reboteador ofensivo, ótimo pontuador no garrafão e nos chutes de média distância, deu estabilidade a um time que conviveu o ano todo com as incertezas em torno de Andrew Bogut.

Por essa poucos esperavam
Chris Andersen (Miami Heat), Matt Barnes (Los Angeles Clippers), Nate Robinson (Chicago Bulls), Chris Copeland (New York Knicks), Andray Blatche (Brooklyn Nets), Patrick Beverley (Houston Rockets)… Todos eles assinaram pelo salário mínimo – que varia de acordo com a experiência de cada atleta na liga –, ou pouco mais, e se tornaram peças importantes  em equipes de playoffs.


Série constante de graves lesões ameaça ‘Eldorado’ de armadores na NBA
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Giancarlo Giampietro

Derrick Rose abatido

Como Rose vai retornar depois da ruptura do CLA? Torcida do Bulls apreensiva

Se o cara é um armador sensacional, um craque de bola ganhando milhões na NBA, alguma coisa pode estar errada ou algo de errado está prestes a acontecer?

Eu, hein?!

Que toda a galera bata na mesa da escrivaninha agora ou, se estiver com o computador no colo, que se corra até a madeira mais próxima: toc, toc, toc.

(Vocês vão me desculpar o começo de texto absurdo, mas é que, quando se dá conta de um apanhado como este que vem por aqui, é de se ficar meio atônito, mesmo, escrevendo qualquer coisa. Explicando…)

Porque Rajon Rondo é a vítima mais recente de uma profissão mágica, fundamental para deixar nosso passatempo predileto mais divertido: a de bom armador. Uma profissão que, por exemplo, vai deixando cada vez mais conhecida a a famigerada sigla LCA. Significado: ligamento cruzado anterior e sua ruptura. A mesma lesão que tirou Ricky Rubio e Derrick Rose de quadra ao final da temporada passada, sendo que o astro do Bulls ainda nem voltou a jogar e Rubio ainda tem dificuldades para recuperar o basquete que encantou a NBA em sua primeira campanha.

Os problemas físicos de uma talentosa fornada de armadores não param por aí, porém. John Wall perdeu quase meia temporada por conta de uma lesão por estresse na rótula – aliás, não me perguntem nada além disso, por favor, porque taí algo bem estranho de se escrever. Stephen Curry já tem o tornozelo direito castigado por tantas torções. Kyrie Irving, o prodígio do Cavs, mal conseguiu jogar por Duke na NCAA, devido a uma lesão no pé, fazendo apenas 11 partidas. Em seu ano de novato, sofreu com concussões e uma lesão no ombro. Mais velho que essa turma toda, Chris Paul também já teve de lidar com a ruptura de um menisco no joelho em 2010.

Nessa lista estão sete dos talvez dez mais da posição. Vamos evitar a brincadeira de elencar um top 10, mas dá para fazer de outro modo. Veja abaixo.

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Russell Westbrook, aquele dínamo do Oklahoma City Thunder, nunca perdeu um jogo em sua carreira devido a contusão ou lesão.

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Rubio, CP3, Irving

Três armadores brilhantes em diferentes níveis

Em termos de armador (sem pensar exclusivamente em jogadores puramente passadores como Andre Miller), a NBA vive hoje uma espécie de eldorado.

Checando o titular da posição em cada equipe, e a grande maioria vai apresentar um jogador de destaque. Nem todos são incontestáveis, mas tem muita gente no auge e outros de muito potencial, além de Steve Nash e Jason Kidd, no ocaso de suas carreiras históricas. Alguns podem ser considerados apenas regulares, mas é difícil de encontrar alguém que ruim de chorar.

Vamos lá.

Na Divisão do Pacífico, temos Stephen Curry, Steve Nash, Chris Paul (para não falar de Eric Bledsoe), Isiah Thomas e Goran Dragic.

Na região do Noroeste: Russell Westbrook, Damian Lillard, Ricky Rubio, Ty Lawson e Mo Williams.

No Sudoeste: Tony Parker, Mike Conley Jr., Darren Collison, Jeremy Lin e Greivis Vasquez.

Na Divisão Central: Derrick Rose, George Hill, Brandon Jennings, Brandon Knight e Kyrie Irving.

No Sudeste: Mario Chalmers, Jameer Nelson, Jeff Teague, Kemba Walker e John Wall.

Por fim, nos lados do Atlântico: Raymond Felton/Jason Kidd, Deron Williams, Jrue Holiday, Rajon Rondo e José Calderón.

Levando a brincadeira adiante, talvez dê para dividi-los assim:

A elite: Paul, Westbrook, Parker, Rose, Deron Williams, Rondo.
Wess pode não ter o maior fã-clube lá fora, mas é uma força da natureza como Rose, que atacam de uma outra forma na posição, mas com sucesso inegável. Williams ainda se segura por aqui pelo conjunto da obra, mas ainda tem muito o que jogar pelo Nets para justificar seu salário. Os demais? Nem precisa discutir, né?

Chegando lá: Irving, Curry, Holiday, Wall, Lawson.
Irving só não está um degrau acima ainda pela brevidade de sua carreira e por sua defesa pífia. Curry é o melhor arremessador da turma, herdeiro de Nash nesse sentido, Holiday combina bem doses de Wess/Rose com ótima defesa, Lawson perdeu rendimento nesta temporada, mas, quando está em plena forma, com confiança, ninguém segura. Wall: quando os chutes de média distância, ao menos, vão começar a cair?

No meio do caminho: Felton, Conley Jr, Calderón, Hill.
Com Felton, o Knicks é uma coisa. Sem ele, outra. O que não quer dizer também que ele esteja entre os melhores de sua posição: isso apenas reflete o modo como o elenco do Knicks foi construído, e a dupla armação em sintonia com Kidd se tornou vital. Conley começou o ano barbarizando, mas deu uma boa desacelerada depois. Ótimo defensor, veloz, mas ainda longe de ser decisivo. Calderón é um dos poucos puros passadores nesse amontoado todo, um ótimo organizador, mas que sofre muito na hora de parar os adversários. George Hill é o contrário: marcador implacável, bom finalizador próximo da cesta, mas que não está na mesma categoria de Rose e Westbrook e não faz o jogo ficar mais fácil para seus companheiros.

Em franca evolução: Lillard, Walker, Dragic, Teague, Jennings, Bledsoe.
Grupo de potencial, mas que ainda não sabemos exatamente onde vão parar. Ninguém poderia imaginar o impacto que Lillard vem causando em Portland. Mais um ano desse jeito e já vai para o andar superior. Walker enfim parece aquele terror da NCAA. Dragic é vítima das circunstâncias em Phoenix. Teague e Jennings ainda alternam bastante, mas contribuem de modo mais positivo com suas equipes no momento do que complicam seus treinadores. Bledsoe jajá vai ganhar uma bolada de alguém.

Enigmas: Rubio, Lin, Knight, Vasquez.
Ainda está cedo para avaliar o físico do espanhol depois da lesão – a defesa e o arranque para a cesta especialmente –, mas seu arremesso está ainda pior. Lin: ainda não acho que dê para dizer que a Linsanidade foi uma mentira, vide suas principais atuações neste campeonato quando Harden está de molho. Knight é dos mais jovens da lista, com apenas 20 anos, mas, comparando, está beeeeem abaixo de Irving em termos de produção estatística e personalidade em quadra, sendo que o rapaz do Cavs é de sua mesma geração. Mas todos em Detroit dizem que é um cara sério, que trabalha duro e que tem muito a crescer. A ver. Já os números do venezuelano são ótimos neste ano, mas fica a dúvida ainda se ele consegue manter esse rendimento com consistência e se consegue fazer valer seu tamanho na defesa, se tornando mais combativo.

Já deu o que tinha de dar: Nelson, Mo Williams, Darren Collison.
Nelson é o líder emocional do Orlando Magic, corajoso, habilidoso mas… seu tamanho hoje impede que ele compita de um modo justo contra aberrações atléticas que vêm dominando a posição. Williams sempre foi mais moldado como um ótimo sexto homem do que como alguém que vá fazer a diferença para um bom time de titular. Collison ainda é bastante jovem, mas rende mais quando é a estrela da companhia – vide seu ano surpreendente como substituto de Paul no Hornets. E quem vai querer dar a Collison um time para liderar, levando em conta o nível dos outros jogadores aqui listados?

Sobram Mario Chalmers e Isiah Thomas, dois casos bem particulares. Jogando ao lado de Wade e LeBron, Chalmers tem um papel bem reduzido em Miami: abrir a quadra com chutes de três pontos e colocar muita pressão na linha de passe do oponente, duas coisas que faz muito bem. É um jogador que se encaixa perfeitamente num esquema e ainda não foi testado para valer de outra forma. Isaiah Thomas, com 1,75 m, é o jogador mais baixo desta página, enfrentando todas as dúvidas de sempre. Pelo Kings, se mostra um jogador, de qualquer forma, bastante útil, com números sólidos, boa velocidade, mas não chega a ter a eficiência de um Lawson que o torne irresistível no ataque para compensar sua fragilidade na retaguarda.

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'Rio já não ouve mais tantos gritos assim de Wade ou LeBron

É justo comparar Mario Chalmers com os demais armadores quando sua função é tão diferente?

Como o Knicks vem mostrando com Felton e Kidd, finalizadores e facilitadores, o Heat com a obrigação de condução do time dissipada entre seus principais nomes, a ascensão de cestinhas impossíveis como Irving, Rose e Westbrook, é cada vez mais raro pensar no armador da NBA como um Bob Cousy ou John Stockton, e isso não quer dizer que estejamos diante do fim do mundo. O jogo vai mudando, seguindo diversos caminhos, e os técnicos e jogadores mais antenados vão se adaptando junto.

Só esperamos que as lesões gravem não acabem com essa evolução natural da modalidade. Não quer dizer que os astros estejam ou tendam a ficar baleados. Muitas vezes uma cirurgia pode acontecer apenas em decorrência de um lance de azar. Que essas ocorrências fiquem mais raras. Um armador com velocidade e mobilidade avariadas se complica em uma liga que valoriza cada vez mais o jogo atlético espalhado por toda a quadra.

E outra: enfermaria não tem graça nenhuma.


Cartola do Thunder quebra barreira e contrata técnico sérvio para filial
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Giancarlo Giampietro

Criado sob as asas de RC Buford e Gregg Popovich em San Antonio, Sam Presti viu o Spurs se estabelecer como um modelo de gestão da NBA na década passada. A ponto de, a cada ano, seus concorrentes buscarem em seus escritórios as cabeças pensantes que possam renovar suas operações.

Darko Rajakovic, novo técnico do Tulsa 66ers

Da Espanha para a D-League: Rajakovic

Agora ele vai criando a sua própria escola. Nesta quarta, o Yahoo Sports norte-americano divulgou que cartola chegou a um acordo para contratar o sérvio Darko Rajakovic para ser o treinador da filial de D-League do Oklahoma City Thunder, o Tulsa 66ers.

Aguardando apenas a conclusão de seu processo imigratório, Rajakovic está prestes a se tornar, desta forma, o primeiro estrangeiro a assumir o comando de um clube da liga de desenvolvimento – e, desta forma, ligado à NBA.

Não é de se estranhar, considerando a franquia de onde o gerente geral saiu, uma das que mais investiu em estrangeiros na década passada. Foi seu pedigree de Spur, aliás, que motivou sua própria contratação pelo Oklahoma City, então Seattle Supersonics, em 2007. Desde então, Presti virou um símbolo por si só de como um dirigente deveria agir ao reformular sua equipe, considerando que ele levou sua equipe de pior campanha a candidato ao título em três, quatro anos.

Ele pode ter dado a sorte com a preferência do Blazers por Greg Oden, em vez de Kevin Durant, mas suas escolhas seguintes de Russell Westbrook, James Haden e Serge Ibaka são inquestionáveis. Assim como a condução se sua folha salarial, com a paciência para montar o time, ainda que um ou bom aparente bom negócio tenha sido descartado em prol de uma visão a longo prazo.

Todos esses movimentos deram a Presti uma carta branca para agir do modo que quiser, tomar a decisão que bem entender. Como apostar num sérvio para guiar os jogadoers mais jovens ligados ao seu clube e que passarão um tempo em Tulsa. Aos 33, Rajakovic estava no Torrelodones, da Espanha, elogiado justamente por seu trabalho no desenvolvimento de atletas.

Ettore Messina trabalhou na campanha passada como consultor de Mike Brown em Los Angeles e viu de perto uma temporada insana nos bastidores para o Lakers e se mandou para a Rússia. Também sérvio, Igor Kokoskov é assistente do Phoenix Suns e trabalha na liga há 12 temporadas, sendo o primeiro europeu contatado para um cargo integral de comissão técnica na liga.

Mas Rajokovic é quem primeiro cruza fronteiras para ser o chefe, ainda que na liga menor.

Teriam Presti, Bryan Colangelo, Popovich – na hora da saideira – ou outro dirigente a coragem de entregar seus times principais na mão de um estrangeiro, um europeu? Quanto maior o contato e o intercâmbio entre os dois continentes, é provável que um dia aconteça.

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Petrovic e Karl em Madri

George Karl teve o privilégio de dirigir Drazen Petrovic pelo Real Madrid

Também não é muito comoum ver a rota oposta: norte-americanos com selo de NBA dirigindo clubes da Europa. Dois vêm na cabeça agora.

O primeiro seria George Karl, sabiam? Depois de dirigir Cleveland Cavaliers e Golden State Warriors nos anos 80 e não ter muito sucesso, o hoje treinador do Nuggets comandou o Real Madrid em duas temporadas, revezando-se com o Albany Patroons da CBA.

Ídolo de infância de Kobe Bryant na Itália, Mike D’Antoni começou como técnico no basquete de lá, trabalhando no Milano e, depois, no Bennetton Treviso.


Gerente geral do Thunder se divide entre Ibaka, casamento e um homem barbado
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Giancarlo Giampietro

Sabe aquele tipo de trabalho que a gente enche o peito para dizer: queria ser eu ali!

Vai falar para o Sam Presti, vai.

Sam Presti, do Oklahoma City Thunder

Prest resolveu seu compromisso com Ibaka pela manhã

O gerente geral do Oklahoma City Thunder acaba de renovar o contrato do espanhol (coff-coff!) Serge Ibaka por cerca de US$ 48 milhões e mais quatro anos de vínculo, além da próxima temporada, na qual ainda vai receber ‘apenas’ US$ 2,25 milhões.

O contrato foi divulgado no sábado passado, mesmo dia em que o gerente geral do clube, um dos caçulas na profissão, iria… Se casar! Leia novamente: contrato de US$ 48 milhões divulgado no dia em que o gerente geral Sam Presti iria se casar.

“Estou querendo muito sair dessa teleconferência, sem querer ofender, e me voltar para a segunda metade do dia. Acho que dá para dizer que não há nenhuma dúvida sobre o comprometimento aqui deste lado do telefone”, afirmou Presti, ainda com estômago para brincar com os repórteres de Oklahoma City, pela manhã.

Enquanto sua noiva se embonecava!

Ainda quer o trabalho?

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A renovação de Ibaka foi a primeira grande peça que o gerente geral prodigioso do Thunder deveria encaixar quanto ao futuro do Thunder, no projeto de fazer do clube um candidato ao título perene. Agora ele tem de se voltar para o ala-armador James Harden.

Serge Ibaka e James Harden, unidos no Thunder

Ibaka e Harden, unidos para sempre?

Tirando o fato de que Harden tem hoje a barba mais legal do esporte mundial, Daniel Alves que o diga, e que ele não foi nada bem nas finais da NBA contra o Miami Heat, o ala é um tremendo jogador, versátil, com capacidade para matar o jogo tanto de dentro como fora, servindo também aos companheiros, canhoto, alguém muito parecido a Ginóbili. Também deve ter crescido um bocado durante sua experiência com o Team USA campeão olímpico.

No competitivo contexto econômico da liga norte-americana, o insucesso alheio sempre é uma oportunidade, e vai ter muita gente de olho nas negociações entre Harden e o Thunder, incluindo o Phoenix Suns e o Dallas Mavericks nessa, por exemplo.

Os grandalhões geralmente recebem mais que os alas e armadores, mas Harden tem o tipo de talento e números que vêm subindo na liga que devem exigir um contrato bem generoso. Talvez maior que o de Ibaka. Sabendo que a franquia está sediada no menor mercado da liga, não é muito fácil fechar essa conta.

No momento, o Thunder já tem muita grana garantida para Durant, Westbrook, Perkings e, agora, Ibaka. Algo em torno de US$ 55 milhões apenas para os quatro, já acima do teto salarial. Se Clay Bennett, proprietário do clube, estiver disposto a quebrar a banca para investir, sem se preocupar com o retorno financeiro, mas apenas com o esportivo, pode ser que assine um baita cheque para o barbudo.

Ainda há tempo para resolver essa questão, no entanto. Harden tem pelo menos mais um ano em seu contrato, pronto para receber US$ 5,8 milhões nesta temporada.

Não precisa de pressa, então, para abrir as negociações.

A não ser que Presti queira dar um tempo nas núpcias para isso.


Nets garante ter a melhor dupla de perímetro da NBA
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Giancarlo Giampietro

Deron Williams e Joe Johnson – Brooklyn NetsHá certos termos do inglês, seja no basquete ou em qualquer outra área, que têm tradução difícil, né? Por exemplo, frontcourt e backcourt. Para frontcourt, adotei algo como “linha de frente”, incluindo alas e pivôs. Pensando no quanto eles brigam pelos rebotes e saem primeiro em disparada nos contra-ataques, parece adequado. Quem “galera do fronte” também? Mas talvez aí fosse longe demais na informalidade. Bem, para backcourt, “linha de trás” não vai funcionar. Nem “dupla de armadores”, pois, no caso abaixo, um deles não é um armador nato, armador de fato, embora tenha habilidades condizentes aqui e ali com a posição.

Tudo isso para falar que o Nets está todo orgulhoso de sua backcourt para as próximas temporadas: Deron Williams e Joe Johnson, dupla pela qual batalhou bastante. Era grande o temor do Mark Cuban Mutante Russo, o Mikhail Prokhorov, em levar a franquia para o Brooklyn sem ter sequer um jogador de destaque para apresentar aos nova-iorquinos entendidos e desentendidos.

O gerente geral Billy King já entrou de canela em sua coletiva: “Hoje é um ótimo dia, porque foi o dia em que formamos a melhor backcourt da NBA”. A declaração deve ter soado como Mozart nos ouvidos do bilionário playboy russo, que acredita ter montado mais um dos supertimes da liga.

Joe Johnson com sua família, Deron Williams com a esposa em Brooklyn

Veja com os jogadores foram apresentados: ao ar livre, em algum canto do Brooklyn, no tipo de ação que ainda vai render muitos dividendos para o clube e que realmente mexe com a cabeça dos atletas

Aqui, vamos traduzir, então, como a melhor dupla de perímetro, considerando as chamadas posições 1 e 2, PG e SG, armador e ala-armador/arremessador. Deron e Johnson podem ser dominantes, mesmo. São todos mais altos e fortes do que a maioria dos concorrentes de posição, têm bom chute de longa e média distância e passam muito bem. Mas talvez falte um pouco de velocidade e explosão.

Enquanto isso… O Thunder tem Russell Westbrook e James Harden, o Lakers vai de Nash e Kobe, o Clippers, de Chris Paul e Chauncey Billups por uma segunda vez, o Spurs já eternizou Tony Parker e Manu Ginóbili, e por aí vai.

Concordam que a melhor “backcourt” é a do Nets?

Bem, o Joe Johnson fez questão também de abrir outra discussão, afirmando que o time do Brooklyn já é definitivamente o melhor de Nova York.

(Uma vez que os elencos estiverm totalmente definidos, vamos fazer essa brincadeira, então).