Vinte Um

Arquivo : Plumlees

Campanha sem Curry mostra várias razões que tornam o Warriors especial
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Klay Thompson, estrelando "Prenda-me Se for Capaz"

Klay Thompson, estrelando “Prenda-Me Se for Capaz”

Pode tirar o asterisco, vai, depois do que o Golden State Warriors fez nesta madrugada contra o Portland Trail Blazers. Para quem dormiu mais cedo achando que já era, para quem não checou o Twitter, o HoopsHype, o ESPN.com, ou qualquer outra fonte factual, foi o seguinte: os atuais campeões entraram no quarto final com desvantagem de 11 pontos, a maior que encarou por estes playoffs em três parciais — no primeiro tempo, o déficit chegou a 17; daí que venceu o restante da partida por 22 pontos de diferença (34 a 12) para triunfar por 110 a 99. Foi o melhor saldo no quarto período de um jogo do mata-mata desde 1987. Apenas outros dois times haviam entrado no quarto com um déficit de dígitos duplos e terminaram com uma folga sob as mesmas condições. O segundo desses times? O Houston Rockets, contra o Clippers, pelas semis do Oeste no ano passado. Sim, aquela virada incrível, com -12 ao fim de três períodos e saldo de +13 para colocar seu adversário em choque.

Tá. Sensacional, né?

Tudo isso, sem Stephen Curry.

O que não quer dizer, de modo nenhum, que Curry não faça diferença, como tenho certeza que muitos críticos persistentes ao armador gostarão de apontar como argumento para desvalorizar o que o MVP da liga fez pelos últimos dois campeonatos. Curry é parte integral do sucesso do Warriors. Mas o que a gente aprende, ou deveria aprender, com o passar dos jogos e dos dias, é tentar não simplificar tudo. O Warriors não era um timaço só porque tinha Curry, nem Curry é irrelevante só porque o Warriors segue um timaço durante a sua ausência — até porque, por mais que esteja enfrentando um Blazers que é muito mais forte, hoje, que o Rockets, mas não é um candidato ao título. Para além do desfecho tranquilo da primeira fase, nestes dois primeiros jogos pelas semifinais, em especial nestes 12 minutos demolidores, o que a equipe de Steve Kerr nos mostra são as diversas partes que, somadas, a tornam especial.

>> Não sai do Facebook? Curta a página do 21 lá
>> Bombardeio no Twitter? Também tou nessa

Peguem, por exemplo, Klay Thompson. Depois de acertar sete bolas de longa distância em suas últimas três partidas, decepcionou pelo Jogo 2 em Oakland: matou apenas cinco. Ele foi novamente o cestinha, com 27 pontos no total, em 20 arremessos. Não foi a jornada mais eficiente de sua carreira, mas não ouse falar isso para ele ou levantar a questão como algo importante.  Pois é um pouquinho complicado ficar o tempo todo marcando o melhor jogador do adversário (esse tal de Damian Lillard) e, do outro, ter a obrigação de, se não carregar, produzir muito para fomentar um ataque que está carente de seu melhor armador. Sem Curry, as defesas se concentram mais no ala, claro. Ainda assim, ele está se virando muito bem, obrigado. Sua cotação na NBA só sobe, enquanto Kerr e Jerry West se sentem cada vez mais felizes com o veto a uma possível troca por Kevin Love dois anos atrás.

Não dá mais para falar só de sua mecânica extremamente rápida. É preciso valorizar o quanto ele se desloca no ataque, de um lado para o outro da quadra, para a frente e para trás, buscando os corta-luzes ferozes de seus grandalhões, que abrem linhas de passe que, um segundo antes, não estavam apresentadas, nem sugeridas. Incansável, como neste vídeo abaixo. O Coach Nick, do Basketball Breakdow (conta obrigatória para as jornadas de NBA), dá uma cornetada em Maurice Harkless, mas seu clipe em flash não mostra o tanto que o jovem ala do Blazers teve de se movimentar para acompanhá-lo durante o quarto período. Chega uma hora que você se perde, mesmo, ou que quer abreviar a maratona e tentar um bote infeliz:

(E Harkless havia marcado Thompson muito bem no primeiro tempo, sendo um dos grandes responsáveis para que o ala tenha desperdiçado 13 de seus 20 arremessos. Era um belo ajuste de Terry Stotts, que não poderia mais conviver com a ideia de ver o gatilho abusar de Lillard ou CJ McCollum, e que colocou Portland em situação tão favorável ao final de três períodos.)

E quem faz o passe para Klay matar? Draymond Green, claro, com uma de suas sete assistências. E, sim, ele foi o armador do time durante a virada, por mais que, na escalação oficial, Shaun Livingston recebesse tal denominação. O ala-pivô-armador-faz-tudo soma agora, em duas partidas da série, 40 pontos, 27 rebotes e 18 assistências. Nos últimos dez anos, apenas LeBron James e Blake Griffin, justamente pelo último playoff, conseguiram esse tipo de soma.

Green ficou todos os 12 minutos do quarto final em quadra. O cara talvez se sentisse endividado com os companheiros, depois de um primeiro tempo, hã, tímido — se é que esse termo pode ser associado a uma figuraça, que é a mais abusada da NBA hoje e, ainda assim, só não vem para o #Rio2016 se não quiser. Ou talvez Steve Kerr soubesse que não poderia tirá-lo de jeito nenhum, mesmo. Pois o cara se tornou um monstro de jogador, para surpresa geral. “Assisti a VÁRIOS jogos de Draymond na universidade. Achava que haveria um lugar para ele na liga. Mas não pensava que ele iria CRIAR um lugar só dele”, observou o repórter Vincent Goodwill, repórter nativo de Detroit e cobriu o basquete local por muito tempo, incluindo Michigan State, antes de se mudar para Chicago. Ele é um jogador único, mesmo:

Mas não vamos ficar aqui falando de mais individualidades como a dupla de All-Stars do Warriors quando dizemos que o time não é feito só de Steph Curry. Na verdade, é a combinação desses diversos talentos que funciona. Colocando na conta a presença física e inteligente de Andrew Bogut perto da tabela, os ganchinhos hoje aparentemente imarcáveis de Shaun Livingston, a ameaça que Harrison Barnes representa como chutador do lado contrário, o combate e versatilidade de Andre Iguodala etc. E, ainda assim, a soma de todas essas habilidades dá tão certo assim porque Steve Kerr soube criar um sistema para aproveitá-las ao máximo. Num ataque mais estático, apostando em isolamento, Thompson seria tão efetivo? Green teria espaço para infiltrar vindo de trás da linha de três pontos?

Mais: não fosse o controle de minutos mais rígido que o Warriors pratica durante a temporada regular, Thompson, com 33,3 minutos, teria condições para correr tanto no ataque e ao mesmo tempo pressionar um cara como Lillard do outro lado? O mesmo raciocínio vale para Draymond Green, que jogou um pouquinho mais (34,7 minutos, o líder da equipe nesse quesito). Andre Iguodala, que, aos 32 anos, é o mais velho dos jogadores fixos na rotação, se beneficiou ainda mais, limitado a apenas 26,6 minutos por partida. Estão todos descansados, ou relativamente descansados para assimilar mais responsabilidades enquanto Curry não retorna. Para os machões de plantão que acham que o controle de minutos não influencia nada nos mata-matas, é só perguntar a Popovich, Duncan, Ginóbili e Parker o que eles pensam disso. Acho que o Spurs até que foi bem nos últimos anos ao adotar esse tipo de estratégia, né?

Curry, retorno pode esperar

Curry, retorno pode esperar

Com pernas e confiança bem elevada, o Warriors promoveu uma blitz para cima do Blazers no quarto final do Jogo 2, com uma defesa realmente assustadora. No quarto período, os visitantes tiveram o mesmo número de turnovers e cestas de quadra: cinco. “Pensar em buscar uma virada sem Steph é diferente. Tivemos de contar com nossa marcação”, disse Kerr. Isso só mostra mais uma vez que tem muito mais do que um ataque potente. Para virar o placar, na real, eles contaram com sua defesa, que foi a quarta mais eficiente da temporada, empatada com a do Celtics e a do Clippers. Na temporada passada, eles haviam sustentado a melhor defesa da liga também — não custa repetir essa informação aqui, pois ainda há muita gente que pensa que o sucesso do time se deve apenas a sua artilharia exterior. (Aliás, em noite em que acertou apenas 33,3% de seus arremessos de fora, levando 15 pontos de prejuízo na comparação com o Blazers, a equipe venceu o jogo pontuando no garrafão, área em que fez exatamente o dobro do oponente: 56 a 28).

Quem via o jogo poderia até estranhar o que Mason Plumlee estava fazendo tanto com a bola em mãos, desperdiçando a bola sem parar, seja em desarmes em ataques ao garrafão, ou tomando algumas raquetadas na hora de buscar a cesta: foram seis turnovers para ele em toda a partida e três tocos sofridos. Não é que Mason P tenha ficado maluco. (Mason P?! Sim, uma licença poética, tá? Imaginemos todos os irmãos Plumlee como MCs. Miles P. Mason P. E Marshall P, o caçula.) O Plumlee de Portland até pode dar assistências em movimento contra um time desprevenido — tem 5,5 em oito partidas destes playoffs e é o líder da equipe, acreditem. Acontece que dessa vez o Warriors estava preparado pressioná-lo, forçando o adversário a jogar com seu pivô, tirando a bola das mãos de Lillard com sucesso.

No terceiro período, a estrela do Blazers havia anotado 17 pontos, com quatro bolas de três em cinco tentativas. Para tanto, foi fundamental a substituição de Andrew Bogut por Festus Ezeli, em vez de Anderson Varejão, registre-se — o pivô brasileiro ainda não se encontrou no time. O gigante australiano não tem condições de se manter à frente de um armador no perímetro, quando o oponente força a troca da marcação com um corta-luz (algo que Plumlee faz muito bem, registre-se). Ezeli, também imenso ao seu modo, tem mais agilidade no deslocamento lateral e conseguiu impedir ações rápidas de Lillard, até que Klay Thompson também se aproximasse para fazer o abafa. Deu muito certo. Depois de voltar de um breve descanso, o armador não conseguiu mais pontuar. Saiu zerado naquela parcial, tendo tentado apenas três arremessos.

Mason P penou no segundo tempo contra o Warriors

Mason P penou no segundo tempo contra o Warriors

Ezeli, que topou defender a Nigéria no #Rio2016, só foi substituído a 3min16s do final, quando Warriors já havia assumido a liderança (98 a 95). Harrison Barnes veio para o seu lugar e se juntou a Livingston, Thompson, Iguodala e Green. Esse é o Kerr controlando sua rotação perfeitamente, e estava formada, então, uma versão alternativa da “escalação da morte” dos atuais campeões, e aí virou espanco, como diria o chapa Maurício Bonato, aumentando a intensidade defensiva. Foi estonteante até. O Portland, tão bem dirigido por Terry Stotts e guiado em quadra por dois armadores excepcionais, mal conseguia completar suas jogadas.

Ao completar a virada, o Golden State pode, de certa forma, ficar um pouco mais relaxado. Por ter defendido seu mando de quadra e para impedir um ganho de confiança de um time jovem e perigoso. Pensando mais longe, porém, o mais importante é o reflexo que a vitória tem para tirar pressão de Steph Curry e do departamento médico. Não há porque apressar seu retorno. O Jogo 3 será apenas no sábado, mas sua presença não se faz mais tão urgente assim na série. Segunda-feira, para o Jogo 4? De novo: só ele estiver totalmente liberado. Para lesões de ligamento no joelho, cautela e preparação nunca é demais. O retrospecto histórico dos playoffs mostra que o time que tenha vencido os dois primeiros jogos em casa avançou em 94% das vezes. Dependendo do desempenho em Portland, então, sem menosprezar o Blazers, o Warriors poderia até mesmo se dar ao luxo de guardar seu MVP para as finais da conferência. Eles ganharam, em quadra, esse direito.

***Receba notícias de basquete pelo Whatsapp***
Quer receber notícias de basquete no seu celular sem pagar nada? 1) adicione este número à agenda do seu telefone: +55 11 99006-9654 (não esqueça do “+55”); 2) envie uma mensagem para este número por WhatsApp, escrevendo só: oscar87


Jukebox NBA 2015-16: Blazers e quando não é necessário fazer tudo sozinho
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

jukebox-portland-decemberists

Em frente: a temporada da NBA caminha para o fim, e o blog passa da malfadada tentativa de fazer uma série de prévias para uma de panorama sobre as 30 franquias da liga, ainda  apelando a músicas, fingindo que está tudo bem. A gente se esbalda com o YouTube para botar em prática uma ideia pouco original, mas que pode ser divertida: misturar música e esporte, com uma canção servindo de trilha para cada clube. Tem hora em que apenas o título pode dizer algo. Há casos em que os assuntos parecem casar perfeitamente. A ver (e ouvir) no que dá. Não vai ter música de uma banda indie da Letônia, por mais que Kristaps Porzingis já mereça, mas também dificilmente vai rolar algo das paradas de sucesso atuais. Se é que essa parada existe ainda, com o perdão do linguajar e do trocadilho. Para mim, escrever escutando alguma coisa ao fundo costuma render um bocado. É o efeito completamente oposto ao da TV ligada. Então que essas diferentes vozes nos ajudem na empreitada, dando contribuição completamente inesperada ao contexto de uma equipe profissional de basquete:

A trilha: “Don’t Carry It All”, por The Decemberists

Quando Terry Stotts reuniu seu grupo no dia 29 de setembro no Moda Center, para o início do training camp, deve ter achado tudo muito estranho, sem quatro dos cinco titulares da temporada passada. Só havia restado Damian Lillard, depois da partida, de uma só vez, de Robin Lopez, Nicolas Batum, Wesley Matthews e, principalmente, LaMarcus Aldridge.

Com diversos pontos de interrogação rondando a cabeça, sem saber exatamente o que aconteceria em um período de treinos tão importante devido ao acúmulo de peças novas, os torcedores do Blazers talvez imaginassem que a equipe chegaria ao campeonato com um Lillard incumbido de responsabilidade excessiva. Não que o armador não pudesse liderar essa reformulação. Estamos falando de um raro caso de franchise player jovem, com talento e cabeça para encarar a missão. Mas será que não ficaria sobrecarregado?

>> Não sai do Facebook? Curta a página do 21 lá
>> Bombardeio no Twitter? Também tou nessa

Então aperte o “play” e deixe o Decemberists cantar: “Don’t Carry It All” – não carregue tudo isso, algo que Damian de fato não precisou fazer, com um elenco cheio de jovens jogadores que estão se entendendo muito bem e de forma muito mais rápida do que o esperado para estrelar a história mais legal da temporada. Essa ascensão lembra o que aconteceu com Phoenix dois anos atrás. Um time em reconstrução, subestimado, mas que já entrou na luta por uma vaga nos playoffs. Agora a questão é se eles vão conseguir aquilo em que o Suns falhou.

O paralelo com o time do Arizona de 2013-14, aliás, se estende. Se a chave daquele time foi a parceria entre Goran Dragic e Eric Bledsoe, o Blazers também usa uma dupla de armadores para incomodar seus adversários. A diferença é que Dragic e Bledsoe partiam com tudo para a cesta, precisando de chutadores ao seu redor. Hoje, em Portland, o bombardeio é efetuado por Lillard e um ultraconfiante CJ McCollum, cujo salto de produção não se explica somente pela maior carga de minutos. Ele tem sido mais eficiente em sua pontaria, mesmo chamando mais atenção dos marcadores. O cara realmente tem feito cestas como se fosse máquina, de todos os cantos da quadra (veja abaixo). Também é um caso raro de atleta que acerta mais a partir do drible do que com os pés plantados, recepcionando um passe. Um problemaço para qualquer defesa.

Partido verde: acima da média em quase toda a quadra

Partido verde: acima da média em quase toda a quadra

Lillard é menos eficiente (veja abaixo), mas não dá para comparar um com o outro, por diversos fatores. O esnobado All-Star tem muito mais responsabilidades na criação de jogadas, algo que se verifica claramente a cada jogo do Blazers e também pelos números,   como a taxa de uso do time e o percentual de assistências por posses de bola. Lillard agride mais o aro, tem mais fundamentos e, claro, é mais visado pela concorrência. Ainda assim, é capaz de marcar 51 pontos contra uma forte defesa como a do Warriors.

Estranhamente, Lillard está abaixo da liga em finalizações próximas da cesta, para alguém tão explosivo e forte

Estranhamente, Lillard está abaixo da liga em finalizações próximas da cesta, para alguém tão explosivo e forte

Assim como Lillard, McCollum entrou na NBA vindo de uma universidade pouco badalada. Devido a lesões antes mesmo de sua campanha de novato começar, demorou um pouco para deixar sua marca. Dois campeonatos depois, confirma a evolução demonstrada na reta final da temporada passada e, ao seu lado, forma uma das “back courts”, mais explosivas da NBA. Juntos, somam 46,2 pontos por partida – para comparar, Steph Curry e e Klay Thompson produzem 51,8 pontos. Em média, a dupla é responsável por mais de 38 arremessos por partida. A habilidade dos dois armadores empurra o sistema ofensivo do Blazers, o sétimo mais eficiente da liga, atrás de times como Warriors, Thunder, Spurs, Cavs, Raptors e Clippers. Só a elite, num trabalho magistral de Stotts, que merece séria consideração ao prêmio de técnico do ano.

Lillard é um terror para qualquer defesa

Lillard é um terror para qualquer defesa

De volta à canção do Decemberists, para constar, em sua letra o compositor e cantor Colin Meloy fala sobre a aventura de tentar cuidar de seis hortas, em sua casa com a mulher. Seis hortas, imaginem! Pois são essas as experiências típicas que um cidadão comum de Portland, casa da banda (tcha-ram!), pode ter.

A cidade é como se fosse Brooklyn no Noroeste dos Estados Unidos, mas ainda mais hipster/indie/natureba, conforme documentado no seriado Portlandia. Para quem gosta de música ao vivo, cervejas artesanais, ciclovias (dizem que as de lá são exemplares) e/ou correr por aí sem o receio de ser atropelado ou de tropeçar na calçada, este é o seu lugar. Não à toa, a Nike vem de lá.

Se o compositor gasta parte de seu tempo longe do violão para se dedicar ao cultivo, isso tem tudo a ver com as preocupações que possam passar pela cabeça do gerente geral Neil Olshey. O próprio exemplo do Phoenix Suns vem a calhar. No Arizona, o processo de reformulação foi acelerado e se confundiu com uma colheita proveitosa e imediata. Para tentar chegar ao topo, torcida e diretoria vão precisar de calma passa, com a busca por uma nova identidade e o desenvolvimento de seus jovens jogadores. Mais training camps serão realizados, com Stotts recebendo mais caras novas para fazer companhia a Lillard e dividir o peso.

A pedida? Playoffs! Ainda. No início da temporada, com cautela, diretores e técnicos de Portland demonstravam certo otimismo. Mesmo que boa parte da liga esperasse que o clube saísse da cena dos playoffs e fosse até mesmo direcionado para a ingrata luta por uma alta posição no Draft. Não que confiassem em uma classificação. Mas a projeção que faziam era que, em quadra, o time flertasse com o aproveitamento de 50%, mesmo. No Oeste, isso não seria o suficiente. Acontece que estamos falando de um ano um pouco anormal da conferência nesta década. A escorregada de Houston e New Orleans e as muitas lesões em Utah abriram uma brecha.

A gestão: Neil Olshey é o encarregado de cuidar desse cultivo, e isso só deve deixar o torcedor mais encorajado de que a equipe vai se desenvolver com segurança. Cedo ou tarde, é de se esperar que este nome seja cada vez mais comentado tanto nos bastidores e como nas análises da liga, como candidato a executivo do ano. O Trail Blazers está nas mãos de uma figura para lá de competente – e prudente.

Em Portland, sua primeira cesta foi conquistar o bilionário Paul Allen, proprietário da franquia, que por anos interferiu ou deixou que alguns de seus aspones interferissem na condução do departamento de basquete. Algo que é não tão simples assim, por mais que Allen o tenha tirado do Clippers sorrateiramente, em 2012, quando a franquia californiana acreditava estar prestes a renovar o contrato do executivo. Que ele tenha saído de um clube que tinha Chris Paul e Blake Griffin dessas diz muito sobre o temeroso Donald Sterling.

Olshey, melhor atuação da carreira foi como gerente geral do Clippers

Olshey, melhor atuação da carreira foi como gerente geral do Clippers

Ser cobiçado no mercado foi uma grande reviravolta para o dirigente. Quando promovido ao cargo de gerente geral dos antigos primos pobres de L.A., na sucessão de Mike Dunleavy, muitos acharam graça. Pois, ao fazer uma pesquisa sobre o novo chefão, o reportariado descobriu um fato pouco usual em seu currículo: a profissão de ator, dando as caras em muitos comerciais e até de novelas americanas. Era piada pronta para um clube de passado folclórico. Em pouco tempo, porém, poucos estavam rindo. Sob suas instruções e com uma visão de ave de rapina para caça de talentos, o Clippers virou o time que é hoje. Muito antes de Doc Rivers, que tenta ficar com a fama.

Que o cartola deu sorte, não há dúvida. Griffin caiu em seu colo em 2009. Mas uma só estrela não garante nada, e a história da franquia californiana, aliás, está dominada por diversos jovens talentosos que não vingaram, ou que vingariam em outros ares. Via Draft, o gerente geral teve desempenho impressionante por lá: além de Griffin, selecionou Eric Gordon, Al-Farouq Aminu e Eric Bledsoe. Também soube administrar a folha salarial e, desta forma, conseguiu arquitetar a supertroca por Chris Paul, mudando definitivamente o rumo do Clippers. Sua única bola fora talvez tenha sido a negociação que mandou Baron Davis para Cleveland, para se livrar de seu salário. Pagou, por isso, uma escolha de Draft, que resultou em Kyrie Irving. Considerando que CP3 chegou logo depois, não havia muito do que reclamar.

Em Portland, ele já selecionou Lillard (na sexta posição, o que significa que, para os dirigentes da época, não se tratava de um superastro garantido), Meyers Leonard e CJ McCollum na primeira rodada e Will Barton, Allen Crabbe (uma grata surpresa nesta temporada, colocando mais pressão na defesa com sua versatilidade como cestinha) e Jeff Withey na segunda. Apenas Leonard pode ser considerado uma relativa decepção, embora seja muito jovem ainda e tenha potencial inegável. Quer dizer: para encontrar reforços, o cara não precisa de uma escolha top 3 (algo que dificilmente vai acontecer com um time já competitivo). Mesmo que não chegue lá, existe a  confiança de que mais alguns bons calouros devem pintar por aí.

Crabbe é mais uma aposta certeira de Olshey. Não em questão estética, claro

Crabbe é mais uma aposta certeira de Olshey. Não em questão estética, claro

Olshey também tem insistido que uma das marcas de sua diretoria será o trabalho interno de desenvolvimento dos jogadores, atividade na qual San Antonio, Oklahoma City e Golden State são exemplares e aque deveria ser praxe, mas nem sempre acontece por aí. Não basta identificar talentos se você não vai ajudá-los depois. Poucos chegam prontos como Lillard.

E ainda há a oportunidade de chamar agentes livres para o baile, depois de já se dar bem com Aminu e Ed Davis, caras com muito basquete pela frente ainda. Para a temporada que vem, Olshey pode ter espaço salarial para adicionar até dois jogadores com salário máximo, dependendo do que quiser fazer com Leonard e Maurice Harkless. Se Portland vai conseguir atrair algum astro, não há certeza alguma. Mas é inegável que a campanha promissora desta temporada ajuda na hora de recrutar.

Olho nele: Mason Plumlee

Plumlee sabe o que fazer com a bola se for para passá-la

Plumlee sabe o que fazer com a bola se for para passá-la

Pois é. Com a bola na mão em situações de um contra um, Mason P vai fazer Robin Lopez parecer Arvydas Sabonis. Ele nunca vai ser um pivô de referência ofensiva. Do outro lado da quadra, ele não tem a mesma estatura e presença intimidante debaixo do aro. Sim, ele tem suas limitações. Mas o ‘alemão’ compensa essas deficiências de outras maneiras, sendo um dos atletas mais desenvoltos da NBA em sua posição. Ele tem os pés muito ágeis, salta bastante e, por isso, é um defensor valioso, podendo tanto proteger o aro como atuar na cobertura eficaz do pick-and-roll, fechando a porta na cara de armadores ou alas. Também tem os músculos para batalhar. Mas não é só de atributos atléticos que o grandalhão vive. Os quatro anos com o Coach K em Duke certamente foram importantes para seu desenvolvimento como jogador, e o apreço que desperta em seu mentor é inegável, a ponto de ser convocado para a seleção americana. Seu posicionamento defensivo é impecável,  enquanto no ataque ele tem boa visão de quadra e dificilmente vai tentar algo além de suas capacidades. São cravadas, bandejas e nada mais que isso na hora de finalizar. Mas ele é eficiente, produtivo e ainda passa a impressão de que está em pleno desenvolvimento. Se é o titular do futuro? Improvável. Mas é um jogador útil e que terá longa e lucrativa carreira na liga.

geoff-petrie-blazers-1971-trading-cardUm card do passado: Geoff Petrie. Damian Lillard vem de cinco partidas com ao menos 30 pontos anotados. Ele é o primeiro Trail Blazer a conseguir esse feito desde o armador na temporada… 1970-71, quando o clube estreou na liga. Sim, nem mesmo Clyde Drexler conseguiu. E, sim, também: é o mesmo Petrie que foi gerente geral do Sacramento Kings por longa data e montou o time de C-Webb, Peja, Divac e Bibby – e, depois, só se atrapalhou, ajudando o Kings a virar essa bagunça que dura até hoje.

Pois bem. Há mais de 40 anos, era um cestinha com largo alcance em seu arremesso, mesmo que não existisse linha de três pontos. Formado na badalada Princeton, Petrie foi a primeira grande esperança basqueteira em Portland, com média de 24,8 pontos em sua campanha de novato, muito antes da contratação de Bill Walton. Para constar, os dois foram parceiros por dois anos. Todavia,sSofregamente, num tema que é recorrente na franquia do Oregon, Petrie também viu sua estelar carreira ser abreviada muito cedo por conta de uma lesão no joelho, em 1976, um ano antes de um dos times mais inspiradores da liga ganhar o campeonato.

Para saber mais sobre essa história e as idas e vindas de uma equipe de NBA, existe uma leitura obrigatória: o livro “The Breaks of the Game”, de David Hallberstam, um jornalista que marcou época na imprensa americana primeiro na cobertura de guerras e política e, mais tarde, foi para cima do esporte, com um faro único para encontrar histórias e um texto implacável para contá-las.


12 trocas de última hora: quem saiu ganhando na NBA?
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Jovem Enes Kanter chega a OKC para reforçar o banco e oferecer pontos no garrafão

Jovem Enes Kanter chega a OKC para reforçar o banco e oferecer pontos no garrafão

“Meu Deus”.

Depois de 11 12 trocas fechadas, com 36 39 jogadores envolvidos (mais de dois elencos completos, ou três de elencos mínimos de 13!) numa única quinta-feira, essa foi a simples e exausta reação do jornalista Adrian Wojanarowski, do Yahoo! Sports, talvez com a orelha quente e os dedos da mão calejado de tanto que usou o telefone.

Wojnarowksi, vocês sabem, é o jornalista mais quente quando chega a hora de anunciar negociações por toda a NBA. Mas hoje o trabalho foi tanto que nem ele aguentou. As coisas foram muito além do imaginado. Foi uma loucura.

(Atualização nesta sexta de manhã: para vermos o quanto a jornada foi maluca, mesmo: houve ainda uma 12ª troca entre Oklahoma City Thunder e New Orleans Pelicans, com o envio do armador ligeirinho Ish Smith para N’awlins, apenas para abrir espaço no elenco para o que segue abaixo. como disse o jornalista Marc Stein, do ESPN.com, mais uma fera nesse tipo de ocasião: “Talvez tenham sido 12 trocas.Perdi minha habilidade de fazer matemática em algum lugar durante esta tarde”.)

>> Não sai do Facebook? Curta a página do 21 lá
>> Bombardeio no Twitter? Também tou nessa

Em termos de nomes, o destaque fica por conta do retorno de Kevin Garnett a Minnesota, 20 anos depois de ter sido draftado pela franquia. Uma história muito legal, mas cujas repercussões para a liga são reduzidas, é verdade. Thaddeus Young foi para Brooklyn, ocupar sua vaga no quinteto titular do Nets.

Quando KG foi draftado pelo Wolves, Wiggins tinha 4 meses de idade

Quando KG foi draftado pelo Wolves, Wiggins tinha 4 meses de idade

Pensando nos times de playoff… Ou melhor: pensando nos times que tentam chegar aos playoffs, Oklahoma City Thunder e Miami Heat foram os times que saíram triunfantes dessa jornada de extrema tensão – três trocas foram fechadas literalmente na última hora permitida.

Foi numa dessas negociações que OKC adquiriu o pivô Enes Kanter e o ala Steve Novak, do Utah Jazz, e o armador DJ Augustin e o ala Kyle Singer, do Detroit Pistons. De uma só vez, o gerente geral Sam Presti reformulou todo o seu banco de reservas e deixou seu time muito mais forte para as batalhas que se aproximam. Kanter oferece o tipo de jogo interior que a equipe jamais teve durante essa gestão, enquanto Augustin e Singler são belos arremessadores e jogadores competitivos que devem se encaixar perfeitamente na cultura, na química do time. Não obstante, Durant e Wess ainda viram o Phoenix Suns (meio que) se despedaçar, dando a entender que não se mete mais na briga pelo oitavo lugar do Oeste. Resta a Anthony Davis e os Monocelhas o papel de oposição ao Thunder.

Para reforçar sua segunda unidade, Presti precisou se desfazer apenas de Reggie Jackson (um enorme talento, mas já sem paciência alguma com o clube, prestes a entrar no mercado de agentes livres), que foi para Detroit para tentar salvar a temporada de SVG, Kendrick Perkins (RIP, provavelmente agora rumo ao Clippers), Grant Jerrett (um prospecto interessante, mas que não teria espaço tão cedo), os direitos sobre  o alemão Tibor Pleiss (um belo jogador) e uma ou outra escolha de Draft que ainda não foi revelada. O Utah apenas limpou o salário de Novak e ganhou alguma compensação futura por Kanter. Melho que nada.

O Miami Heat coneguiu algo aparentemente impensável: levou Goran Dragic (e o irmão Zoran). Está certo que o time da Flórida já aparecia na seleta lista de clubes desejados do armador esloveno, mas o difícil era imaginar que tipo de pacote Pat Riley poderia construir para convencer o Suns a abrir mão de um descontente Dragic, mas que ainda tinha valor de mercado e era seu principal jogador. Acabou fechando a conta ao mandar duas escolhas futuras de Draft (os anos ainda não estão definidos, mas devem ser daqui a um boooom tempo). De última hora, o New Orleans Pelicans também entrou no negócio e obteve o armador Norris Cole e o ala-pivô Shawne Williams. Para o Arizona, também foram o pivô Justin Hamilton e os veteranos John Salmons e Danny Granger. Afe.

Éramos três: sobrou apenas Bledsoe, agora com Knight na jogada

Éramos três: sobrou apenas Bledsoe, agora com Knight na jogada

Se antes Jeff Hornacek tinha armadores em excesso, viu, depois de Dragic, mais dois serem despachados, vindo Brandon Knight em contrapartida. Foi um dia violento para o caderno de jogadas do treinador. Ao menos Knight tem bom arremesso de três e se encaixa bem como segundo armador ao lado de Bledsoe – desde que, claro, não crie caso, como fez Dragic. Mais: o atleta revelado pela universidade de Kentucky vai se tornar agente livre restrito ao final da temporada. Qual será sua pedida? Haverá algum desconto em comparação com o esloveno? A conferir.

Numa troca tripla, o jovem Tyler Ennis foi enviado para Milwaukee Bucks, que também recebeu o pivô Miles Plumlee e Michael Carter-Williams, do Philadelphia 76ers. O Sixers ganha uma escolha de Draft do Lakers, via Suns, que é protegida para o top 5 do próximo recrutamento de calouros – só com muito azar Suns e Lakers perdem essa, de modo que, discretamente, o Sixers mostra que realmente não confiava em MCW como seu armador do futuro. Os números nem sempre contam toda a história… Ainda mais num sistema que infla as estatísticas. Ah, além disso o time ganhou uma escolha de Draft futura, via OKC, para recolher JaVale McGee, de Denver. Um perigo colocar um lunático desses ao lado de Joel Embiid, camaronês que ainda não fez sua estreia e, segundo dizem, já desperta uma certa preocupação por seu comportamento fora de quadra.

Carter-Williams e McDaniels pareciam promissores em Philly. Estão fora: reformulação até quando?

Carter-Williams e McDaniels pareciam promissores em Philly. Estão fora: reformulação até quando?

Depois, o Suns negociou o pequenino Isaiah Thomas com o Boston Celtics, que cedeu Marcus Thornton e uma escolha de draft de primeira rodada para 2016, pertencente ao Cleveland Cavaliers. E o Celtics, do hiperativo Danny Ainge, devolveu Tayshaun Prince ao Detroit Pistons, ganhando a dupla estrangeira Jonas Jerebko e Luigi Datome (acho que SVG foi mal nessa, mas… vale pela nostalgia). No geral, Ainge se envolveu em seis trocas neste campeonato: Rondo para Dallas, Green para Memphis, Wright para Phoenix, Nelson para Denver e as duas desta quinta. Celtics, Suns e, claro, Sixers são os clubes com mais escolhas de Draft para os próximos anos. Resta saber se vão transformar esses trunfos em jogadores de verdade.

Teve mais, com a sempre regular presença do Houston Rockets de Daryl Morey, que agora conta com Pablo Prigioni e com o ala novato KJ McDaniels. Para tê-los, mandou Alexey Shved para o New York Knicks, com mais duas escolhas de segunda rodada, e além de ter repassado o armador Isiah Canaan e uma escolha de 2ª rodada para o Sixers.

Lembrando que tudo começou quando o Portland Trail Blazers acertou com o Denver Nuggets a transação do ala Arron Afflalo, dando Thomas Robinson, Will Barton, Victor Claver e uma escolha de primeira rodada e outra de segunda, e quando Washington Wizards e Sacramento Kings trocaram Andre Miller e Ramon Sessions. Miller vai reencontrar George Karl.

Meu Deus.

Quem ganhou e quem perdeu com tudo isso?

Sam Presti: o cartola-prodígio andava apanhando muito mais que o normal nos últimos meses, num processo de deterioração que começou com a saída de James Harden. Para piorar, graves lesões de Durant e Westbrook acabaram pondo a equipe numa situação delicada em uma Conferência Oeste extremamente dura. A pressão estava evidente, e ele mesmo admitiu isso. A resposta, em teoria, foi demais – os nomes não causam alvoroço, mas foram grandes achados. Depois de flertar, e muito, com Brook Lopez, encontrou em Kanter um ótimo plano B: o turco não vai ser muito exigido em OKC.Precisa apenas pontuar e pegar rebotes com eficiência saindo do banco e pode melhorar na defesa ao se integrar a um sistema mais bem entrosado. O que pagar para o turco ao final da temporada, quando ele vira agente livre restrito? Bem, não é a prioridade no momento. Singler merece minutos na rotação de perímetro, revezando com Roberson e dando um descanso a KD. Augustin já mostrou que sabe ser produtivo vindo do banco e ainda oferece um ritmo de jogo diferente, podendo cadenciar as coisas. Bônus: o armador é bem próximo a Durant, ajudando a compensar a perda de Perk no vestiário.

Quem aí quer partilhar a bola com Chalmers e Birdman, Dragic?

Quem aí quer partilhar a bola com Chalmers e Birdman, Dragic?

Goran Dragic: pelo simples fato de ter exigido uma troca em cima da hora e ainda conseguido uma transferência para um dos três clubes que imaginava defender (Lakers e Knicks eram os outros). Pelo preço que pagou, está implícito também que Riley vai concordar em assinar um contrato de US$ 100 milhões por cinco anos com o esloveno, que, além do mais, troca o sol do Arizona pelo da Flórida, e ainda leva o irmão na bagagem. Se em Phoenix precisava dividir a bola com Eric Bledsoe e Isaiah Thomas, agora vai tomá-la das mãos de Mario Chalmers.

Dwyane Wade: a temporada do Miami Heat parecia destinada ao purgatório até que… Primeiro apareceu o fenômeno Hassan Whiteside. Depois, essa megatroca. Que coisa, hein? Ter Dragic por perto significa menos responsabilidades criativas para o astro da franquia, tanto em transição como nas combinações de pick-and-roll/pop com Chris Bosh e Whiteside. Menos responsabilidades = mais descanso para o ala-armador, que já foi afastado por três períodos diferentes nesta campanha devido a problemas musculares. E é sabido que, assim como nas temporadas anteriores, o Miami só vai aspirar a alguma coisa se Wade estiver em forma nos mata-matas. Com LeBron ou com Dragic. Mais: precisamos ter um Cavs x Heat nos playoffs, não? Precisamos.

Reggie Jackson: mais um que forçou uma negociação e teve seu desejo atendido. Agora vai ter uns 30 jogos pelo Pistons para mostrar ao mercado que pode, sim, ser um armador titular, e de ponta. Stan van Gundy estava fazendo maravilhas por Brandon Jennings e agora tenta dar o seu toque especial a este jogador explosivo, com grande faro para pontuar, mas que foi um tanto inconsistente em Oklahoma City.

Arron Afflalo agora é chapa de Damian Lillard

Arron Afflalo agora é chapa de Damian Lillard

Terry Stotts: agora vai poder olhar para o seu banco de reservas e ver alguém quem confiar para hora que o jogo apertar e Nicolas Batum ainda estiver com a cabeça na lua. É de se questionar se o treinador fez de tudo, mesmo, para assimilar um prospecto interessante como Will Barton. O fato, porém, é que o Blazers não podia esperar uma revisão nas rotações de seu treinador e, assim como Memphis, Dallas, Houston etc., sente que existe uma boa chance este ano e foi de all in para cima de Afflalo, pagando caro num futuro agente livre.

Os experimentos de Jason Kidd: o Milwaukee Bucks perdeu seu cestinha e principal criador em Brandon Knight, mas ganha em Michael Carter-Williams um armador alto, de envergadura. Com ele em quadra, Kidd vai poder simplesmente instaurar um sistema de “troca geral” na defesa, trocando todas as posições, além de fechar para valer seu garrafão e as linhas de passe. Miles Plumlee, atlético e forte, também ajuda pra isso. Vai ser ainda mais chato enfrentar o Bucks.

Jerami Grant: quem? Bem, o filho do Harvey Grant, sobrinho do Horace, e ex-companheiro de Fab Melo em Syracuse. Selecionado na segunda rodada do Draft pelo Sixers, demorou para estrear ao se recuperar de uma lesão no tornozelo. Enquanto esteve fora, KJ McDaniels fez barulho pela equipe, com suas jogadas acrobáticas dos dois lados da quadra. Aos poucos, porém, Grant foi ganhando espaço, com flashes de muito potencial devido a sua envergadura e tamanho. Agora, terá mais minutos para convencer Sam Hinkie de que pode ser uma peça para o dia em que Philly quiser ser novamente competitivo. Talvez demore, todavia…

Pablo Prigioni: o argentino deixa a pior equipe da liga para se juntar a uma que sonha com o título. Nada mal para o veterano que está nas últimas em quadra. Nova York por Nova York, sempre dá para retornar nas férias, né?

Doc Rivers? Ele estava rezando para que ao menos um jogador de seu agrado fosse dispensado, e está a alguns minutos/horas de ver Kendrick Perkins virar um agente livre. O Utah Jazz não vai manter o pivô em seu elenco, abrindo caminho para uma rescisão. O vínculo entre Doc e Perk é óbvio, e o elenco do Clippers é dos raros casos para o qual o campeão pelo Celtics em 2008 ainda seria uma boa notícia em termos de basquete – e não só de liderança. O Cleveland Cavaliers, no entanto, pode atrapalhar seus planos.

Andrew Wiggins, Zach LaVine e Anthony Bennett: desde que saibam escutar os xingamentos de Kevin Garnett e entender o recado. KG vai tocar o terror no vestiário do Wolves e, ao mesmo tempo, servir como um líder, mentor que Kevin Love jamais foi. Ricky Rubio vinha assumindo essa, mas tem de entender a companhia especial que chega também de modo inesperado.


Notas de um fim de semana de estrelas: parte 1
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Já é sábado, mas essas são notas sobre uma looooonga sexta-feira de puro amor basquete em Nova York, longe da Senhora 21 em pleno Valentine’s Day, mas ao lado de um monte de gente enorme, que te faz parecer totalmente insignificante. Sério: se quiserem passar o dia perto de jogadores de basquete, é preciso primeiro sentar no divã na véspera. Ou fazer um semestre de coaching. Cada um na sua.

Existe toda uma dificuldade logística que não permite que um blogueiro brasileiro atualize tudo em cima do lance, como pedem os tempos de 60/24/7/365. Os eventos são bem espaçados, a conexão sem fio nem sempre funciona etc. etc. etc. E as informações vão se acumulando. Coisa que não justifica um post único aqui para este espaço, mas que, juntas, podem valer alguma coisa. Então é hora de soltar algumas notas e impressões sobre o primeiro dia de atividades, hã, oficiais do All-Star Weekend da NBA:

– Num universo paralelo, a liga americana também está organizando, com ajuda da Fiba, mais uma edição do Basketball without Borders, o camp que reúne a garotada do mundo todo. Neste ano, são mais de 40 inscritos, vindo de mais de 20 países, incluindo dois brasileiros: o armador Guilherme Santos e o pivô Yuri Sena, ambos de 17 anos e do Bauru. Eles estão reunidos no ginásio do Baruch College, no Midtown nova-iorquino, cercados de olheiros por todos os lados. Segue abaixo um vídeo que dá um panorama da área de trabalho com treinadores:

Aqui está Guilherme, que chama a atenção por seu porte físico e capacidade atlética – mas ainda é muito cedo para tirar qualquer conclusão:

Guilherme trabalhando com armadores sob orientação de Jama Mahlalela, do Raptors

Guilherme trabalhando com armadores sob orientação de Jama Mahlalela, do Raptors

E aqui está um vídeo curtinho com Yuri, que lembra, e muito, seu irmão Wesley, que já recebe tempo de quadra aqui e ali pelo time principal bauruense. Dá para ver o tipo de exercício que ficam executando, até trabalhar movimentação de bola e se agruparem para coletivos ao final da sessão:

– O principal nome entre as dezenas de inscritos é a sensação croata Dragan Bender, que vai fazer 18 anos apenas em novembro. Então vale sempre a menção atenuante para termos como “principal” e “sensação”. De qualquer forma, o jogador de 2,13 m de altura chama, mesmo, a atenção. O modo como se movimenta com a bola é impressionante, para alguém de sua idade e pouca experiência. Está claro que ainda precisa fortalecer a base, para ganhar mais equilíbrio, mas tem potencial enorme. Já está sob contrato com o Maccabi Tel Aviv há quase um ano, num movimento inovador do gigante israelense, que vinha investindo pouco em jovens talentos. O Maccabi inclusive enviou seu gerente geral para a festa: Nikola Vujcic, compatriota de Bender que se consagrou como jogador da equipe israelense na década passada. Foi um craque, mesmo. Aqui está o reencontro dos dois gigantes croatas, rodeados por uma criançada do Maccabi, que assistia aos exercícios com muita atenção:

Uma lenda croata (d) e uma aposta do país, para se juntar a Saric e Hezonja

Uma lenda croata (d) e uma aposta do país, para se juntar a Saric e Hezonja

– O BwB começou com atraso, o que me impediu de acompanhar os coletivos até o fim. Tive de sair correndo em direção ao hotel que acolheu os protagonistas do fim de semana: os integrantes das seleções do Leste e do Oeste. Quando cheguei ao Sheraton, na Times Square, foi aquele choque pelo volume de profissionais de mídia presentes – como já relatei em texto sobre Tim Duncan. A NBA estima que 600 estiveram presentes para entrevistas nesta sexta. LeBron, Carmelo e Stephen Curry foram os mais concorridos, claro. Mas surpreendeu também o volume de gente em volta dos irmãos Gasol, cada um ao seu tempo (primeiro falou a turma do Oeste, depois veio a do Leste).

– Ah, sobre entrevistas… Foi engraçado notar que, em meio ao caos, a estação de Russell Westbrook até que estava bem tranquila. Na hora, imaginei: é por que ele não está falando nada. E foi isso, mesmo. Wess apelou a sua rotina de sempre, respondendo as perguntas mais pertinentes ou birutas com quatro ou cinco palavras. Isso quando não se limitava a dizer apenas “não”. Então, ao contrário do que aconteceu com Marc Gasol, ao menos era possível vê-lo. Não perdi tempo – e o respeito próprio, aliás – para me aproximar, mas deveria ter filmado a cena. #FailGeral

"Ambos os times executaram muito bem seus planos de jogo"

“Ambos os times executaram muito bem seus planos de jogo”

– Outro que atrai multidões: Rudy Gobert, com diversos franceses em sua cola durante os eventos em torno do jogo das estrelas ascendentes. Tanto em atividade descontraída na quinta, como no pós-jogo desta sexta. São muitos os jornalistas europeus credenciados para a cobertura, com poloneses, croatas e mais. Para os franceses, faz muito sentido, já que são dez seus representantes na liga americana. O Brasil, em compensação, com seis jogadores, tem, que eu tenha visto, apenas quatro jornalistas confirmados, sendo que três vieram a convite do Canal Space, como o caso deste blogueiro. A galera da Espanha, com cinco atletas, causa um alvoroço. Para constar.

C'est un monstre! Gobert encontrou diversos compatriotas na zona mista

C’est un monstre! Gobert encontrou diversos compatriotas na zona mista

– Por falar em Gobert… Mon Dieu! Se em quadra ele consegue intimidar um Mason Plumlee, imagine lado a lado na sala de entrevistas? O mais espigão do dia. Durante o jogo, proporcionou realmente excelentes momentos, com tocos assustadores, mesmo para cima de Mason P, um pivô de 2,11 m, ágil e experiente já. O jovem pivô francês veio para ficar, acostumem-se. Foi prudente da parte do agente de Enes Kanter abrir uma campanha para tirar o turco de lá.

– Imagino só um time de verdade com Exum, Wiggins, Giannis, Mirotic e Gobert, como vimos em alguns momentos nessa sexta. Nas mãos do Jason Kidd. Seria demais. Envergadura é pouco. Potencial para uma defesa sufocante – uma versão turbinadíssima do que o Milwaukee Bucks faz hoje –, além da versatilidade no ataque, com chute, arranque para a cesta, presença física no garrafão e muita velocidade. Afe.

– Zach LaVine é muito mais explosivo que Andrew Wiggins – e, ao que tudo indica, vai deixar sua marca no torneio de enterradas deste sábado. Mas a leveza como o canadense se desloca pela quadra é cativante. Parece que está andando sobre a água, flutuando na verdade.


 -Presenciamos também o momento histórico em que um integrante da família Plumlee dividiu a quadra com um Zeller. Os Plumlee, vocês sabem, são uma dinastia da Universidade de Duke, tendo o Coach K como conselheiro. Miles, Mason e agora o Marshall por lá. No ex-jogo dos novatos, Mason P, que é o filho do meio em seu clã, teve como companheiro o Cody Z, o caçula da outra gangue. Ficaria estranho, mesmo, se a companhia fosse de Tyler Zeller, que teve uma carreira produtiva pela Universidade de North Carolina – o ala-pivô do Hornets jogou em Indiana. Ao menos os deuses do basquete universitário nos pouparam dessa.

– Contagem de consumo até aqui:

11 viagens de metrô
1 corrida de táxi
1 carona de ônibus, com Rick Rox e Brent Barry, emperrado no trânsito
1 cheeseburguer (juro!)
4 donuts
8 chocolates quentes


All-Star só evidencia a enorme engrenagem do marketing em torno da NBA
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

NBA, marketing, adidas, nyc, all-star

Peça promocional no corredor de entrada do MSG

Todo mundo sabe que, dentre tantas as coisas que a NBA conduz com maestria, o marketing aparece no topo da lista. Até o intelectual mais introvertido ou esnobe, que tem ojeriza ao esporte, seja qual for a modalidade, deve ter tomado nota a respeito disso.

>> Não sai do Facebook? Curta a página do 21 lá
>> Bombardeio no Twitter? Também tou nessa
>> O VinteUm está no All-Star Game

Em Nova York, a liga obviamente botou as manguinhas de fora para promover o espetáculo do All-Star Weekend, seu final de semana das estrelas. Afinal, as atividades oficiais para o evento já começaram nesta quinta-feira. Sem contar que, além de italianos, chineses, gregos, egípcios, paquistaneses, coreanos, porto-riquenhos e, sim, brasileiros, muito brasileiros, a metrópole mais legal do mundo dá abrigo também a Adam Silver e sua turma. Devidamente acomodados na avenida Madison.

(Parêntese: se a nossa Avenida Brasil fez estrondoso sucesso no Plim-Plim, chegou a hora de uma série americana dar conta de Madison Avenue. É um baita nome, convenhamos, rivalizando com Melrose Place. De qualquer forma, pensando bem, talvez nenhuma série vai fazer mais justiça a essa vizinhança do que Mad Men nos ofereceu nos últimos anos. Fim de digressão.)

O próprio fato de termos um Fim de Semana das Estrelas, em vez de um isolado Jogo das Estrelas, é uma das tantas evidências desse tino comercial arrojado e bem sacado. Para que se limitar a duas, três horas de um domingo, se a quinta, a sexta e o sábado estão por aí para fazer companhia?

Na sexta, ocupa-se do antigo jogo dos novatos, hoje jogo das Estrelas Ascendentes, colocando mais gente no pedaço, com o atrativo de separar estrangeiros e americanos – algo que muitos torcedores e jornalistas já sonharam e especularam, mas que, por ora, não dá para fazer na competição principal. Desnível absurdo, mesmo que Tim Duncan e Kyrie Irving fossem para o lado dos gringos. Kevin Durant também poderia dar uma força, se tivesse em sua ficha sua verdadeira origem marciana. A sexta, aliás, será dividida em duas frentes, com a rapaziada mais nova em Brooklyn e as celebridades no Madison Square Garden.

Essa é a novidade, aliás. A liga ocupando dois ginásios sensacionais para fazer sua festa. A casa do Brooklyn também verá as competições de enterradas e arremessos, enquanto o Garden recebe O Jogo, mesmo. Mas não fica nisso: a Long Island University e o Baruch College também cedem quadras para treino. Hotéis são ocupados para eventos e propósitos administrativos. E por aí vai.

Se você for circular pelas ruas de Manhattan e Brooklyn – desde que com muito cuidado, pois é gelo para tudo que é lado –, não terá como ignorar o evento. São cartazes e telões por toda a parte, sempre dando um jeito de incluir Michael Jordan, que não faz mal nenhum.

MJ nasceu no Brooklyn, como nos relembra o cartaz do outro lado da Flatbush avenue, de frente para a entrada principal do Barclays Center. Sua Alteza, porém, cresceu na Carolina do Norte e se formou como jogador por lá, antes de se mudar para Chicago e curtir a vida

MJ nasceu no Brooklyn, como nos relembra o cartaz do outro lado da Flatbush avenue, de frente para a entrada principal do Barclays Center. Sua Alteza, porém, cresceu na Carolina do Norte e se formou como jogador por lá, antes de se mudar para Chicago e curtir a vida

Mas aqui chamo a atenção para algo mais profundo que as piadinhas de sempre: a NBA não está sozinha nessa. Diversas marcas também pegam carona nessa e transformam os veículos de marketing da liga em um grande comboio. E não são necessariamente apenas os parceiros oficiais, gente. Todo mundo quer estar perto disso. Não só por ser a maneira de se envolver como o produto geral que é a liga, mas também para valorizar suas próprias marcas, mesmo que elas não possam comparecer ao evento, seja por corte devido a lesões (é, Blake Griffin e estimado Monocelha, já estão fazendo falta…), seja por exclusão da lista, mesmo (Joe Johnson até hoje circula pelos ônibus, todo deslocado).

Nesse ponto que é bom relembrar que, no discurso dos dirigentes da NBA no momento do anúncio de parceria com a LNB, marketing e setor comercial foram as prioridades. Por outro lado, na hora de avaliar a liga brasileira, é sempre bom tomar cuidado ao fazer paralelos. Nos Estados Unidos, temos toda uma cadeia produtiva construída. É uma engrenagem enorme em movimento. No Brasil, nem mesmo o futebol faz as coisas dessa forma.

Você pode imaginar que, em meio a toda essa divulgação, maior batalha envolve as gigantes de material esportivo. A adidas acompanha o campeonato em tempo integral. A Nike se vê obrigada a comer pelas beiradas, investindo nos jogadores. Mas vocês também veem diariamente como as duas operam, né? Nenhuma vai se dar por vencida facilmente, proporcionando sempre uma boa briga. O swoosh, inclusive, ocupa uma loja em espaço nobre ao lado da entrada principal do Garden que é de fazer cair o queixo. City of Hoops, se chama. A Penn Station e o Atlantic Terminal também estão envelopados pela companhia. Em briga de gente grande, melhor não mexer.

Os jogadores são arrastados para o meio dessa saudável confusão. Lucro na certa. E não estão limitados a pôsteres. Também tem ação ao vivo para eles. Então que tal uma sessão de autógrafos de cards com Trey Burke numa loja gigante no centro de Manhattan, que já está toda tomada por produtos do All-Star Game? E uma aparição de Mason Plumlee e o do Zach LaVine na loja do Barclays Center? E o Klay Thompson? E um bate-bola entre Tobias Harris e Giannis Antetokounmpo em outro canto da cidade?

Sim, os personagens periféricos ganham espaço, divulgados como gente grande – enquanto LeBron James consegue se promover (e fazer boas ações) por conta própria, renovando centros esportivos para a criançada. A comercialização pode ser agressiva demais, mas, na verdade, ganham todos nessa, incluindo os torcedores, que têm a chance de entrar em contato com os jogadores, mesmo que não tenham os valiosos ingressos. Torcedores, mas pode chamar de consumidores.


Phoenix Suns: ser bom já não é o bastante
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

30 times, 30 notas sobre a NBA 2014-2015

De fácil para o Suns no Oeste, só mesmo o Lakers. Afe

De fácil para o Suns no Oeste, só mesmo o Lakers. Afe

O Phoenix Suns 2013-2014 foi uma das histórias mais empolgantes da  NBA. Um time que 99,9% da liga projetava para disputar as primeiras posições do Draft acabou se colocando na briga pelos playoffs. No final, a rapaziada de Jeff Hornacek ficou fora. O que nos leva ao outro lado dessa história, bastante difícil de se assimilar: num Oeste selvagem que só, ser um bom time já não basta mais. Você tem de ser excelente, e esse é o desafio da franquia do Vale do Sol para uma nova jornada.

Quando o Suns conseguiu 48 vitórias e, ainda assim, não conseguiu entrar nos mata-matas, esse acabou virando o dado oficial para mostrar como sua conferência é inóspita. Pensem assim: se essa equipe estivesse no Leste, não só teria se garantido com tranquilidade na fase decisiva, como ainda teria mando de quadra ao lado de Pacers, Heat e Raptors. O Suns virou o pôster do desequilíbrio que há entre o lado do Atlântico e do o Pacífico neste momento.

Os gêmeos Morris: química e uma negociação de contrato singular

Os gêmeos Morris: química e uma negociação de contrato singular

Se o desfecho de dois jogos apertados tivesse resultado favorável a eles, esses caras teriam passado. Neste Oeste, porém, não dá para falar de “se”, de hipóteses. O nível de exigência é altíssimo, e os times têm de executar noite após noite. E noite após noite, mesmo, considerando a ascensão de DeMarcus Cousins e Anthony Davis para transformar Sacramento e New Orleans em escalas também indesejáveis na estrada. Hoje, só sobraram Timberwolves (mas só por causa das diversas lesões)e, gasp!, Lakers como oponentes que não despertem tanta preocupação assim. Até mesmo a jovem equipe de Utah exige respeito, até porque jogar em Salt Lake City nunca foi fácil.

>> Não sai do Facebook? Curta a página do 21 lá
>> Bombardeio no Twitter? Também tou nessa

Para Phoenix, resta saber de onde tirar forças para elevar seu padrão de jogo e atingir a excelência. Um fator óbvio já pesa contra eles: ninguém vai mais ser pego de surpresa pela correria promovida por Hornacek. Toda a liga já teve uma temporada para se acostumar com seu sistema que põe dois armadores em quadra ao mesmo tempo, incentiva a definição individual de jogadas e enfatiza o combo da moda: infiltrações/tiros de três pontos.

Entre os reforços, se for julgar apenas por sua produção numérica, o baixinho Isaiah Thomas foi uma pechincha. Um dos jogadores mais eficientes da temporada passada fechou por menos de US$ 8 milhões anuais? Isso só se explica pela baixa estatura do armador, mesmo. Agora ficou aquela pergunta para todo mundo: e o clube realmente precisava dele?

Está certo que a negociação de Eric Bledsoe se arrastava de modo perigoso. Que Goran Dragic vai virar agente livre ao final da temporada. Então poderia ser um bom plano de precaução?

Acontece que, depois de tantos blefes e cartadas de ambos os lados, a diretoria comandada por Lon Babby e o matador gerente geral Ryan McDonough cedeu em praticamente tudo na hora h para renovar com Bledsoe. Thomas ficaria no banco, uma situação sobre a qual sempre reclamou em Sacramento. Haveria, então, uma disputa intensa por minutos, e Hornacek teria de controlar bem as coisas.

Há uma sensação de desconforto geral para aqueles que acompanham o time mais de perto – Dragic, por exemplo, não lembra em nada o jogador que foi eleito para o terceiro melhor time da liga. Thomas segue extremamente produtivo – é o jogador mais eficiente da equipe e aparece novamente no top 15 da liga. Vem fazendo uma dupla explosiva com Gerald Green e já foram vários os casos em que os dois terminaram a partida jogando, enquanto Bledsoe e Dragic, os xodós do ano passado, só assistiam.

Goran Dragic: sinais de infelicidade? Ou só cansaço mesmo?

Goran Dragic: sinais de infelicidade? Ou só cansaço mesmo?

Ah, mas que jogue quem estiver melhor, não? É o que Hornacek vem dizendo. Mas todo mundo sabe que um vestiário não funciona de modo tão simples. E que o basquete não se explica só por números. Thomas é o atleta que mais dá assistências no time, por exemplo, mas isso se explica também pelo fato de que ele em quadra, a bola tem um dono apenas.

A temporada é longa, lesões vão acontecer eventualmente, e o técnico e diretoria vão ter de realmente monitorar o desenrolar dessa história. Qualquer fragmentação que atrapalhe a incrível química que a equipe desenvolveu na última campanha seria mortal. Afinal, como as 48 vitórias vão sempre lembrar, com o time inteiro já era muito difícil.

O time: o Phoenix Suns é um time que joga duro, corre demais e exige preparo físico de seu adversário. Tudo começa com o ataque constante de Bledsoe, Dragic e Thomas. Esses caras são extremamente velozes com a bola e vão, sempre que possível, agredir as defesas em transição em busca de cestas fáceis. Atrás deles vêm os alas, abrindo para o chute de três pontos. Muitos arremessos de fora, sim.

Thomas: jogando muito, mas com um problema

Thomas: jogando muito, mas com um problema

Em situação de meia quadra, porém, Hornacek ainda insiste muito em jogadas individuais. O Suns progrediu um pouco nesse sentido: depois de terminar a temporada passada em penúltimo em média de assistências por posse de bola, acima apenas do Sacramento de Thomas, hoje é o 20º. De times de ponta, abaixo deles só aparecem Raptors e Rockets, o que não é uma coincidência. São dois times que regem muitos de seus princípios ofensivos com base em planilhas estatísticas, procurando os arremessos mais eficientes em quadra. O clube do Arizona segue o mesmo princípio. É um modelo, ok. E os três seguem entre os dez melhores ataques. Aqui no meu canto, porém, ainda prefiro um time que passe mais a bola, que peça mais movimentação, como Steve Kerr está tentando com o Golden State.

O que o Suns tem de imprevisível é o cestinha da vez. Veja a pontuação em média de seu elenco: são cinco jogadores entre 14,1 pontos e 15,5, algo bem raro. O oponente nunca sabe quem vai comandar o ataque, quem vai estar com a mão quente e isso requer ajustes para o decorrer da partida. A segunda unidade, com Thomas e Gerald Green (insano-para-o-bem-e-para-o-mal), virou um terror.

Gerald Green e suas insanidades

Gerald Green e suas insanidades

Na defesa, o time vai melhor do que a fama sugere. PJ Tucker é um dos marcadores mais chatos e físicos no perímetro, Miles Plumlee protege bem o garrafão ao lado de Markieff Morris – algo que Alex Len também deve fazer –, enquanto Bledsoe e Thomas põem pressão nas linhas de passe.

A pedida: voltar aos playoffs pela primeira vez desde 2010, quando Nash e Amar’e ainda estavam em plena forma e Steve Kerr era o gerente geral. Desde 1975, a franquia nunca havia ficado fora da fase decisiva por quatro anos seguidos.

Olho nele: Alex Len. O jovem pivô, de 21 anos, mal conseguiu ficar em pé em seu primeiro ano como profissional, tendo passado por duas cirurgias nos tornozelos – uma delas, no esquerdo, antes mesmo do Draft e outra, no direito, na pré-temporada. Isso, claro, atrasou o desenvolvimento do ucraniano, que foi limitado a apenas 42 jogos e 8,6 minutos. Para a segunda temporada, a torcida se assustou quando ele sofreu duas fraturas no dedinho da mão direita – uma na liga de verão de Las Vegas e outra no training camp. Dessa vez, porém, não era tão grave, e o garoto foi liberado para acompanhar o time desde o início da campanha. Como reserva de Miles Plumlee, vem tendo seus momentos de brilho que sugerem que pode ganhar mais e mais minutos e até mesmo uma promoção. Fica bem claro o apelo que Len despertava no ano passado: estamos falando de um cara gigante, bastante espichado, mesmo, e com muita mobilidade. Um potencial incrível a ser explorado e que pode ser um diferencial para o Suns em sua batalha. Desde que ele escape da enfermaria.

Alex Len é grande, gente

Alex Len é grande, gente

Abre o jogo: “A vontade de vencer e a intensidade do Zoran se destacam toda vez que ele entra em quadra. Ele tem sido um jogador produtivo na Euroliga, na Liga ACB e em competições Fiba. Ele vai bem defensivamente e em transição, e acho que nossos torcedores vão reconhecer rapidamente sua paixão pelo jogo”, Ryan McDonough, explicando a contratação do caçula esloveno. Obviamente a transação não teve nada a ver com uma tentativa de agrado a Goran, que vai muito provavelmente virar um agente livre ao final da temporada… A negociação por Zoran acabou se estendendo bastante e ele perdeu parte do training camp do time. Até o momento ele só fez uma partida pelo calendário oficial, ganhando dois minutos numa derrota para o Clippers.

Você não perguntou, mas… a renovação de contrato dos gêmeos Morris foi das coisas mais engraçadas e curiosas da pré-temporada. Em vez de cada um negociar seu contrato, Markieff e Marcus trataram de valores sempre lado a lado, com a assessoria do superagente Leon Rose. No final, a diretoria ofereceu um total de US$ 52 milhões para eles, por quatro anos. A divisão? Eles que se acertassem. Markieff ficou com 32 (média de US$ 8 milhões) e Marcus, com 20 (média de US$ 5 mi). Não tem confusão nenhuma, aliás, já que os irmãos garantem operar a mesma conta bancária. “Eles queriam resolver isso e continuar juntos. E sabiam que, se entrassem no mercado, dificilmente conseguiriam. Eles são muito próximos, então foi melhor negociar a quantia total e depois deixar que eles dividissem. Eles queriam desesperadamente ficar juntos. E jogam melhor juntos também. Um motiva o outro, e tem sido divertido assistir ao amadurecimento deles”, disse o presidente do clube, Lon Babby. “Dissemos para eles que não importava”, assegura Markieff. “Se eles simplesmente pudessem colocar US$ 13 milhões por ano para os gêmeos Morris, já seria ótimo. Não precisava nem dizer nossos nomes. Somos jogadores de US$ 52 milhões.”

2581-87FrUm card do passado: Steve Nash. Na temporada 1996-97, o Phoenix também contou com três armadores de ponta em sua rotação: Jason Kidd, Kevin Johnson e o brilhante canadense. Todos eles de carreiras estelares. A diferença é que Nash, na ocasião, era apenas um calouro, vindo da modestíssima Universidade de Santa Clara, ainda sem condições de brigar para valer com tempo de quadra com os demais astros. Kidd havia acabado de chegar de Dallas depois de uma supertroca. Johnson, hoje prefeito de Sacramento, conseguiu se manter saudável por grande parte do campeonato. Os dois começavam o jogo em situação de dupla armação num time que acabou apelando de verdade ao small ball, com Rex Chapman, Wesley Person e Cedric Ceballos se revezando nas posições 3 e 4. Nash disputou 60 partidas em seu ano de novato, com média de 10,5 minutos, 2,3 pontos e 2,1 assistências, acertando já 41,8% de seus chutes de longa distância. Guiado por Danny Ainge, o Suns se recuperou durante o campeonato e conseguiu chegar aos playoffs como o 8º colocado. E aí vinha outra diferença: naquele ano, eles mais perderam (42) do que venceram (40), e ainda assim entraram nos mata-matas.


Flamengo perde, mas mostra que não é café-com-leite
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Laprovíttola x Thomas: argentino nem se importou com rivais mais badalados (e bem mais ricos)

Laprovíttola x Thomas: argentino nem se importou com rivais mais badalados (e bem mais ricos)

Os aspectos que valem mais na turnê rubro-negra pelos Estados Unidos dizem respeito realmente ao que o clube pode ganhar em outras esferas, fora de quadra. Seja do ponto de vista logístico, estratégico e até – por que não? – comercial.

Mas, para quem acabou de conquistar a Copa Intercontinental, vem de um bicampeonato no NBB e tem também o troféu de melhor da América (Latina), o jogo também até que é importante. O Flamengo não pode ser visto como café-com-leite. Foi o que o primeiro time latino-americano a competir no maior palco da modalidade mostrou nesta quarta-feira, ao fazer uma partida dura com o Phoenix Suns, embora perdendo 100 a 88.

Alguma ressalvas, claro, precisam ser colocadas logo de cara: este foi apenas o primeiro jogo do Suns em sua pré-temporada. Eles estavam treinando pesado a mais de 2 mil metros de altitude até o final de semana e em diversos momentos dava para notar seus atletas pareceram um pouco pregados em quadra – os efeitos positivos da correria em Flagstaff devem ser sentidos mais adiante, ou assim espera, ao menos, sua comissão técnica. Além disso, o ginásio nem encheu, e tal. Para eles, esta é apenas uma fase de ajustes e de desenferrujar. Não entra para os registros oficiais.

Meyinsse fez de Miles Plumlee gato e sapato. Pivô do Fla tem bola para jogar em alto nível

JErome Meyinsse fez de Miles Plumlee gato e sapato. Muito forte, atlético e determinado, pivô do Fla tem bola para jogar em alto nível. Grande sacada de mercado dos rubro-negros

Posto tudo isso, ninguém vai jogar para perder – Gregg Popovich não infartou, mas também não ficou só de sorrisos em sua entrevista depois de a máquina chamada Spurs ser derrotada pelo modesto Alba Berlim, um pouco mais cedo, na capital alemã. Para o Suns, ainda contava o orgulho de jogar em casa, mesmo que vazia, contra um time ‘inexpressivo’ para o mercado de lá.

(Antes que os rubro-negros se enfureçam: os caras nem bem sabem o que é Barcelona ou Real Madrid no basquete – o problema é de ignorância norte-americana, e, não, de irrelevância flamenguista, tá?)

“Foi um jogo estranho… Não sabíamos muito sobre o Flamengo. Então foi um pouco difícil”, afirmou Goran Dragic, que, convenhamos, não jogou nada (6 pontos em 25 minutos, 2-9 de quadra, três turnovers e uma assistência). O astro esloveno foi dos que aparentou maior cansaço e falta de sintonia em quadra, errando até mesmo bandeja livre no contra-ataque.

Os treinadores e atletas do Suns podem ter estudado um minutinho ou outro do time brasileiro, mas certamente não conheciam em detalhe, por exemplo, os truques que um Nícolas Laprovíttola pode apresentar. O argentino pode ter forçado muitos chutes de três pontos (1-5, com péssimas escolhas) e algumas infiltrações sem destino, mas mostrou que tem talento para competir no mais alto nível, entrando no garrafão, cavando diversas faltas e tudo o mais, sem se intimidar com um pitbull como Eric Bledsoe (somou 13 pontos, sendo 10 deles em lances livres, e deu 12 assistências).

O armador não estava sozinho nesse sentido. Vários atletas flamenguistas mostraram categoria em diversos momentos da partida, quebrando alguns tabus a respeito de suas qualidades. Pesa para o elenco rubro-negro também seu entrosamento, sua química, sua continuidade são fatores que fazem diferença em qualquer esporte, mas que no basquete são ainda mais importantes. São essenciais.

Do ponto de vista individual, todavia, nada foi mais instigante do que ver o jovem Cristiano Felício causando impacto no garrafão, levando a melhor sobre um desastrado Miles Plumlee e dando um trabalho danado para os irmãos Morris. Fisicamente, no mínimo, está pronto. A técnica (sempre) pode melhorar, mas já está claro, no pouco tempo que recebe, que pode influenciar um jogo para agora – e não apenas num futuro hipotético baseado em seu potencial evidente.

Para constar: em 15 minutos, ele teve o maior saldo de pontos (o plus/minus) do Flamengo, com +13. Foram oito pontos e oito rebotes para o pivô. Ele realmente já pede um voto de confiança maior de Neto e precisa jogar, e mais. O rubro-negro só tem a ganhar com isso, e o basquete brasileiro, em geral, também agradeceria.

Sempre mais admirado fora do país do que por aqui, Marcelinho anotou 16 pontos em sua estreia numa quadra de NBA, contra um Dragic sonolento-quase-parando. Mas cometeu cinco dos 26 turnovers do Fla, fazendo muita firula na hora de passar a bola. No total, o jogo teve 47 desperdícios de posse de bola. Isso é pré-temporada

Sempre mais admirado fora do país do que por aqui, Marcelinho anotou 16 pontos em sua estreia numa quadra de NBA, contra um Dragic sonolento-quase-parando. Mas cometeu cinco dos 26 turnovers do Fla, fazendo muita firula na hora de passar a bola. No total, o jogo teve 47 desperdícios de posse de bola. Isso é pré-temporada, não podemos esquecer

Enquanto isso, o americano Derrick Caracter, contratado de última hora especificamente para a Copa Intercontinental e para o giro de amistosos nos EUA – pelo que vemos, desnecessariamente –, mal conseguiu fazer cócegas em seus compatriotas (cometeu dois turnovers em 9 minutos e mais nada). Ao contrário de Jerome Meyinsse. O pivô titular também fez bela partida, com 15 pontos em 24 minutos, dominando o garrafão ofensivamente no primeiro quarto até se atrapalhar com as faltas.

Foi investindo em Meyinsse, mesmo, que o Flamengo fez um belo início de partida, chegando a abrir vantagens como 6-0, 13-8 e 30-25, até meados do segundo quarto, quando o time da casa assumiu a liderança pela primeira vez no duelo, com 34-33. Se bem observado pelos olheiros internacionais, o pivô não deve durar muito no mercado brasileiro. Assim como Laprovíttola.

A partir do momento em que o Suns passou a rodar seu elenco, bem mais volumoso, o aspecto físico foi fazendo a diferença, ainda mais numa etapa ainda preliminar da preparação física dos caras. As escapadas no placar da equipe norte-americana aconteceram justamente na segunda parcial como na quarta, com o jogo de transição com pernas mais descansadas fez estragos. Vale destacar aqui outro ponto: o fato de o jogo da NBA ser mais longo, com oito minutos a mais do que os brasileiros estão habituados a disputar (20% mais longo). Cansa.

Por outro lado, mesmo que seja só um amistoso, de pré-temporada, também dá para puxar a orelha em termos de execução ofensiva também. Se o Fla tivesse maneirado nos arremessos de três pontos – ou caprichado mais, já que optaram pelas bombas… –, numa linha ainda mais distante que a da Fiba, talvez a história pudesse ter sido diferente. Vai saber. O time da Gávea matou apenas 6-25 de fora (24%). Quando o ataque alimentou os pivôs e usou mais infiltrações, foi muito mais produtivo. Nos primeiro e terceiro períodos, quando conseguiu segurar mais o jogo, a equipe de Neto venceu por 49 a 38. Mesmo.

Está certo: não foi um desastre, muito longe disso. Para se ter em mente: até agora o Maccabi Tel Aviv, aquele mesmo que foi derrotado na Copa Intercontinental pelos rubro-negros, já disputou dois e tomou duas pauladas. Nesta terça, deu Brooklyn Nets: 111 a 94. No primeiro jogo, contra o Cleveland Cavaliers, o placar foi de 107 a 80.

Para quem vem fazendo história em quadra, porém, ambição não pode faltar. Na próxima semana, tem mais: quarta, contra o Orlando Magic (teoricamente o jogo mais ganhável) e na sexta contra o Memphis Grizzlies. Os dirigentes, a comissão técnica e os jogadores vão descobrir mais instalações, mais atletas, mais conexões – e também podem fazer um pouco de turismo, que ninguém é de ferro. Mas, sim, pelo que apresentou em seu primeiro teste contra o Suns, dá para pensar em aprontar algo a mais que uma lista de presentes ou a lição de casa.


EUA definem time com a Espanha na mira
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

A ascensão de Mason Plumlee também empurrou Coach K para decisão surpreendente

A ascensão de Mason Plumlee também empurrou Coach K para decisão surpreendente

LaMarcus Aldridge, Blake Griffin e Kevin Love disseram não, obrigado. LeBron e Carmelo, que também quebram um galho por lá, assim como Kevin Durant, também pularam fora. Mas quem disse que o Coach K não conseguiria montar um Team USA grande – ou gigante – para a Copa do Mundo de basquete na Espanha?

Na calada da noite, madrugada de sexta para sábado já no horário de Brasília (sacanagem!!!), o gerentão Jerry Colangelo e o técnico Mike Krzyzewski anunciaram os cortes finais – Damian Lillard, Kyle Korver, Gordon Hayward e Chandler Parsons – para definir seu elenco de 12 atletas. Com muitas surpresas, sendo o estoque de grandalhões a maior delas.

Da turma meio que exclusiva de garrafão, eles terão: Anthony Davis, Kenneth Faried (titulares), Mason Plumlee, DeMarcus Cousins e Andre Drummond. São cinco pivôs, mais o Rudy Gay que pode fazer o papel de strecht 4 pontualmente, dependendo do time que estiver do outro lado. Uma linha de frente abarrotada, , principalmente quando comparamos esta escalação com a de outras temporada. Vejam só:

– 2010: Tyson Chandler, Odom, Love (+ Gay, Granger e Durant)

-2012: Tyson Chandler, Davis, Love (+ LeBron, Carmelo e Durant)

Temos aí a mesma composição: três pivôs mais três “híbridos”, que seguravam as pontas de quando em quando para marcar lá embaixo – ainda que, no sistema promovido pelo Coach K, esse conceito de posições fosse bastante dissipado. Além do mais, caras como Odom, Love e Davis fazem muito mais em quadra do que simplesmente proteger o aro e rebotear. Você pega esses duas listas e vê um esbanjo de versatilidade. No sexteto de 2014, não é bem assim.

Claro que DeMarcus Cousins tem uma habilidade fora do comum para alguém do seu porte. Kenneth Faried é consideravelmente dinâmico e vem expandindo seu raio de ação. Mason Plumlee, que ganhou sua vaga feito um autêntico azarão nos coletivos dos “aspirantes” contra o time principal, também é um excelente passador. Mas não dá para comparar.

Então o que acontece?

Isso se chama respeito. Pela Espanha, basicamente.

Ninguém da USA Basketball vai admitir em público, até para não soar prepotente e não encher de confiança os donos da casa. Mas os americanos entram na competição com um único objetivo: alcançar a final e levar mais ouro para casa. Creem piamente que os irmãos Gasol e o contratado Serge Ibaka estarão do outro lado. Um trio de arromba, que, num jogo travado, físico (e, quiçá, com arbitragem caseira?), pode te carregar de faltas. Daí a mudança de curso.

Hermanos Gasol, estão de olho em vocês

Hermanos Gasol, estão de olho em vocês

“Não consigo reforçar o quanto foi impressionante a dedicação e o comprometimento de cada um dos finalistas”, disse Colangelo. “Desde que assumi a gerência do programa em 2005, esse foi sem dúvida o processo de seleção mais difícil pelo qual passamos. Gostaria de deixar claro que isso não tem a ver apenas com talento. Cada um desses jogadores é incrivelmente talentoso e cada um oferece habilidades únicas. No fim, o que pesou foi a formação da melhor equipe possível, selecionando os caras que sentimos que se encaixariam da melhor forma com o estilo que temos em mente para esta equipe.”

No programa que restaurou a hegemonia ianque no basquete mundial,  a explosão, a velocidade, a capacidade atlética como um todo foram elementos fundamentais em suas seleções Claro, desde que esses atletas também fossem multifundamentados. Ajuda poder contar com Westbrooks, LeBrons, Georges e tudo o mais, né? Aberrações do ponto de vista físico, mas igualmente fenomenais com a bola.

Sem esses caras do primeiro escalão, o Coach K tinha ao seu dispor a ala, digamos, branca que sobrou – Chandler Parsons e Gordon Hayward, que supostamente poderiam quebrar o galho como jogadores híbridos (simplesmente “forwards”). Após Durant pedir dispensa, não demorou, no entanto, para que a federação recorresse a Rudy Gay, um campeão mundial em 2010, mas que nem havia sido convocado para o novo ciclo olímpico que se inicia. Já era uma pista a respeito dos alas de Dallas Mavericks e Utah Jazz.

Já Kyle Korver era visto como o sniper do elenco. Aquele que seria utilizado para derrubar as defesas por zona mais coordenadas, com seu arremesso perfeito – sim, ele também tem um QI acima da média, se mexe como poucos fora da bola, ajuda na coesão defensiva e tem bom passe, mas seu chamariz, em meio a tamanha concorrência, é o chute de três. Num time que já conta com Stephen Curry, Kyrie Irving, James Harden e Klay Thompson, porém, sua especialidade pôde ser sacrificada.  Os recursos atléticos e técnicos de DeMar DeRozan se tornaram mais atraentes.

Derrick Rose: voto de confiança (em seu físico)

Derrick Rose: voto de confiança (em seu físico)

O corte inesperado, mesmo, pensando na primeira lista divulgada, foi o de Damian Lillard. Não só por ser um senhor (e destemido) arremessador, mas principalmente por todas as dúvidas que ainda vão rondar Derrick Rose por um bom tempo. O armador jogou contra o Brasil no domingo e, segundo consta, sentiu dores no corpo inteiro, e, não, apenas nos joelhos operados. Tantas dores que, na quarta-feira, não foi para a quadra para enfrentar a República Dominicana, pulando também os treinos no meio do caminho. Num Mundial com uma sequência desgastante de jogos, como fica essa equação? Não seria prudente levar Lillard? Talvez o simples fato de que Colangelo e Krzyzewski tenham pensado que não seja a melhor notícia que o torcedor do Bulls poderia receber.

Agora, numa Conferência Oeste que já é brutal, os adversários do Portland Trail Blazers que se cuidem, porque Lillard vai ter ainda mais um bom motivo para incendiar cada ginásio que visitar na próxima temporada. John Wall ganhou companhia.

Mas ainda tem chão para os Irmãos Gasol e Ibaka pensarem no quão enfezado Lillard vai estar em quadra. Antes, eles vão acompanhar com curiosidade como os Estados Unidos vão trabalhar com tantos pivôs.


Diante de armadilha americana, foi Raulzinho quem escapou
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Derrick Rose, de volta a Chicago, retomando a forma: a explosão física ainda está lá

Derrick Rose, de volta a Chicago, retomando a forma: a explosão física ainda está lá

(Obs: post atualizado domingo de manhã, com as estatísticas)

Lembramos o Mundial de 2010, em que o jogo foi decidido na última bola. Teve também o amistoso antes de Londres 2012, também no pau. Então o placar de 95 a 78 para os Estados Unidos, no quinto amistoso do Brasil rumo ao Mundial masculino, não pode ser visto como um bom sinal, algo que Splitter, mesmo, deixou claro em entrevista ao SporTV. Não dá, mesmo, para ser encarado como algo auspicioso, como um “grande teste”, e tal. Tem sempre de se tomar cuidado com a versão oficialesca da coisa.

Mas também não é o fim do mundo. Por 20 ou 25 minutos, a seleção jogou de modo competitivo. Melhor: nesses momentos, tinha em quadra o armador Raulzinho, justamente o personagem mais criticado nesta fase de preparação.

Neste sábado, foi um dos melhores em quadra (6 pontos e 4 assistências em 14 minutos). A diferença básica: o jovem atleta dessa vez usou a velocidade adequada, arrancando nos momentos certos. Teve calma com a bola, em vez de jogar com a quinta engatada o tempo todo. Isso, a despeito do convite da defesa americana para a correria e o caos, quase sempre pressionando muito a bola.

(A lição: não vale julgar um atleta por quatro ou cinco partidas. Posto isso, o corte de Rafael Luz ainda me parece inexplicável, por diversos motivos, que valem um texto particular. Só fica uma pergunta, porém: precisava definir o grupo de 12 atletas de modo tão rápido? Você economiza em passagem e hospedagem, mas talvez tire a chance de um jovem atleta provar ainda mais que merece uma vaga nos amistosos seguintes. Desde que,  claro, Magnano esteja aberto a novos nomes em sua lista e não tivesse o grupo fechado em sua cabeça desde fevereiro. De 2012, no caso…)

Agora, voltando a esse papo de pressão na bola. É um dos pontos centrais de estratégia da defesa norte-americana nesta retomada da hegemonia mundial – e algo que vai ser intensificado nesta equipe atual, visto que o garrafão está ainda mais enfraquecido. O tipo de armadilha com que Huertas, Larry, Alex e Leandrinho não souberam lidar (juntos, Huertas, Garcia e Barbosa cometeram 12 dos 21 turnovers brasileiros).

Raulzinho tenta parar Irving. Brasileiro deu trabalho ao jovem astro do Cavs

Raulzinho tenta parar Irving. Brasileiro deu trabalho ao jovem astro do Cavs

Nesse sentido, foi um desempenho bastante atípico para o armador titular da seleção e do Barcelona, cometendo muitos turnovers, cedendo muitos contra-ataques. Na metade final do primeiro período, em especial, foi um horror, ele teve dificuldade extrema para até mesmo cruzar a linha central. Algo que fugiu bem ao padrão do que havia apresentado contra os Estados Unidos nas exibições anteriores sob a orientação de Magnano, conquistando muitos fãs na imprensa de lá.

Larry, talvez empolgado demais por estar jogando em casa (ou não), não conseguiu ler o que se passava ao seu redor em quadra. Bateu para a cesta e não se cansou de levar tocos (1-4 nos arremessos de quadra, apenas 3 pontos em 12 minutos, nenhuma assistência). Ele já não está mais habituado a jogar contra seus compatriotas, a encarar esse tipo de capacidade atlética que um Anthony Davis ou um Mason Plumlee apresentam. Não há nada errado em “bater para a cesta”, mas, para alguém veterano, que teria de estar pronto, tinindo para encarar a elite mundial, bem que uma finta aqui e ali poderiam ser usadas, né? Digo: Magnano comprou a ideia de sua naturalização, o trata como pesa intocável em seu time desde 2012. Supostamente, então, é um cara para resolver, custando a outros atletas de futuro uma vaga no time. Então a cobrança também fica alta em relação a sua produção, independentemente da nacionalidade. Vamos ver. Também não vai enfrentar americanos em todos os jogos daqui para a frente.

Quem não se intimidou com os caras foi Rafael Hettsheimeir, que teve uma noite praticamente perfeita nos chutes de fora (3-4 nos tiros de três pontos, sendo que o único erro veio numa bola no estouro do cronômetro de posse; terminou o jogo com 13 pontos em 12 minutos e 5-6 no aproveitamento de quadra). Encarnou o “strecht 4” da moda na NBA – para não dizer “strecht 5” e deve ter impressionado os scouts presentes. Lembrando que o pivô, hoje fechado com o Bauru, já chegou a abrir negociações com Dallas Mavericks e outros clubes de lá há alguns anos. Mas também precisamos ter prudência aqui: se não é certo afundar Raulzinho por causa de três ou quatro partidas, não é para jogar o pivô lá para o alto por causa de uma jornada.

Hettsheimeir tem realmente trabalhado neste chute de média para longa distância. Ganhou licença para chutar, por parte de Magnano. Mas notem que em sua carreira, mesmo nas temporadas recentes, os percentuais não são tão elevados assim. Ok, ele matou 40% na última Euroliga, pelo Unicaja Málaga, marca excelente. Mas foram apenas 24 disparos no total, em 17 partidas, uma amostra bastante reduzida. Na Liga ACB, em 45 chutes, o rendimento caiu para 31,1%. No ano anterior pelo Real, 28,1%. Em 2011-2012, pelo Zaragoza, caíram 33,9%. Claro que tudo depende do contexto: quem dividia a quadra com ele, qual tipo de arremesso era gerado (contestado ou não?), os defensores etc. E outra: se os arremessos começarem a cair sem parar, as defesas vão se ajustar. E, para alguém do seu tamanho, não dá para esperar que vá colocar a bola no chão e invadir o garrafão. Enfim: é uma arma interessante para o tabuleiro de Magnano, mas precisamos entender qual o seu devido valor e a devida eficiência para saber quando usá-la na hora-hora-do-vamo-vê.

*  *  *

Marcelinho Machado e Guilherme Giovannoni tiveram tempo de quadra bastante reduzido no amistoso. Giovannoni retorna de lesão no tornozelo, registre-se. Seus minutos estarão vinculados aos de Hettsheimeir, desconfio. Se o pivô estiver convertendo as bolas de longa distância em alta frequência, seu papel no time fica seriamente ameaçado. Contra os EUA, de todo modo, a velocidade da concorrência acaba sendo um fator inibidor para os mais veteranos da equipe. Estiveram juntos no final do primeiro tempo, para executar uma defesa. Não entendi muito bem. Então fica aqui mais um ponto para se checar no giro europeu de amistosos.

*  *  *

Sobre os atletas dos Estados Unidos, nenhuma novidade. Mas não deixa de ser interessante vê-los em ação contra os brasileiros, para reforçar algumas impressões, de ambos os lados. Alguns comentários rápidos sobre mais alguns dos personagens em quadra:

James Harden: nem mesmo um defensor aplicado e enfezado como Alex consegue ler seus movimentos para prever o lado do corte. No um contra o um, driblando a bola de maneira marota, o Sr. Barba tem um ritmo todo dele e cava lances livres sem parar. Candidato a cestinha do Team USA no Mundial.

Anthony Davis: se o público espanhol foi privado de ver Kevin Durant em ação ao vivo, que se deleitem com a capacidade atlética do Monocelha. Anthony Davis tem o corpo perfeito para o basquete. A confiança cada vez mais alta, subindo junto com seus fundamentos. Jogador mais importante do time.

Stephen Curry: queimou a redinha no início do primeiro período, depois foi preservado pelo Coach K. No Mundial, é de se imaginar que vá ser muito mais utilizado. Hoje o show estava reservado para Derrick Rose, reencontrando a ansiosa e apaixonada torcida de Chicago.

– Por falar em Derrick Rose… Em espasmos, você vê que o arranque e a impulsão ainda estão lá. Excelente notícia – para o basquete. Tal como aconteceu com Larry, deu para notar a pilha que o rapaz também estava, sem contar a ferrugem de alguém que disputou apenas dez partidas desde 2012.

Mason Plumlee: atlético e inteligente, uma combinação que te leva longe. Mostrou porque ultrapassou Boogie Cousins e Andre Drummond na rotação do Coach K.

Rudy Gay: no cenário dos sonhos de Krzyzewski, ele teria Durant, LeBron e Melo. No plano B, só Durant. Na falta de tudo isso, teve de apelar a Rudy Gay, que fez 28 anos neste domingo. E aí que o treinador dos Estados Unidos gostaria muito que o ala acertasse ao menos 35% de seus chutes de três pontos.  O jogador do Sacramento Kings teria tudo para se encaixar no time, não fosse sua deficiência nos arremessos. Duro é que isso aconteça. Na defesa, ele acaba compensando com agilidade, impulsão e envergadura. Mas o ataque sofre.

– Por isso, esperem uma boa dose de Kenneth Faried no Team USA. Um homem não é apelidado de Manimal gratuitamente. O motorzinho do Denver Nuggets pode não acertar nenhum chute atrás da linha de lance livre ou fora do garrafão, mas compensa o espaçamento criando e achando buracos com sua movimentação incessante. Energia nunca é demais. Além do mais, o ala-pivô ainda pode pontuar som seus semi-ganchos (tipo os do Splitter) e chutes em flutuação, que evoluíram muito na última temporada.

*  *  *

De resto, ainda parece que o Coach K precisa fuçar um tanto em sua rotação. Klay Thompson e Chandler Parsons deixaram a pegada cair. Damian Lillard nem viu a quadra (vai de dupla e tripla armação o tempo todo, ou não?)’ precisa ver se Cousins vai ter  alguma chance quando o joelho estiver inteiro. Se Korver vai jogar mais em algum teste futuro. E tal. Obviamente não são problemas de arrancar os cabelos. Mas são ajustes necessários para o único objetivo que lhes interessa: o ouro. “Nada além do ouro é aceitável”, como disse o Monocelha na saída de quadra para a repórter Karin Duarte, do SporTV.


Scola reforça ainda mais o banco do Indiana Pacers, seu terceiro clube na NBA
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

David West & Luis Scola

West e Scola agora são amigos em Indiana. O Pacers vem com tudo, sim

Bem, essa já não é tão discreta, né?

Pelo menos não para nós brasileiros, que sabemos bem dos truques e truques de que um Luis Scola é capaz. Agora ele vai oferecer suas habilidades para o técnico Fran Vogel, em Indiana. O banco do Pacers, seu (grande) ponto fraco da equipe nos últimos playoffs, fica ainda mais forte.

Segundo a mídia americana, a diretoria do Pacers estava namorando há um tempão a ideia de contratar Scola. As negociações esquentaram na semana passada, até que Larry Bird concordou em ceder um pouco mais ao Phoenix Suns para fechar o negócio.

O clube do Arizona, em plena reconstrução, recebeu em troca o ala Gerald Green, o pivô Miles Plumlee e uma escolha de primeira rodada no próximo Draft da NBA, considerado por 100 em 100 especialistas como um dos mais fortes desde 2003 (ano de LeBron, Melo, Wade, Bosh e Darko).

O argentino, Bird já anunciou, chega para ser o reserva imediato de David West. Difícil encontrar um time com alas-pivôs tão talentosos assim na rotação – clique aqui para ver uma detalhada comparação estatística entre os novos companheiros –, embora possamos dizer o mesmo sobre “ala-pivôs nada atléticos”.

Acontece que essa ressalva, sinceramente, pouco importa neste caso. West e Scola não vão castigar tanto o aro ou incomodar seus adversários com tocos, mas têm muito fundamento, inteligência, força e coração para batalhar no garrafão. Dificilmente os dois poderão ficar juntos em quadra, mas ter Scola no elenco se torna um grande luxo, dando a Vogel a chance de regular os minutos de seu titular.

No fim, o Indiana está inserindo Scola no papel que coube a Tyler Hansbrough nos últimos anos. Difícil até de quantificar o que representa essa evolução. Tudo de rebote que a equipe estaria perdendo numa troca do Psyco-T por Chris Copeland acaba zerado agora.

A presença do craque sul-americano também reforça, desta maneira,  indiretamente a rotação exterior, já que Copeland pode ser aproveitado como um reserva de Paul George. Caso Danny Granger esteja em forma, os minutos desse cestinha ficariam bem limitados, mas Vogel só teria o que agradecer ao seus dirigentes – tendo um jogador de bom nível como o décimo ou 11º jogador de sua rotação. Dando tudo certo, as coisas ficariam assim:

– George Hill, CJ Watson, Donald Sloan.
– Lance Stephenson, Orlando Johnson.
– Paul George, Danny Granger, Solomon Hill.
– David West, Luis Scola, Chris Copeland.
– Roy Hibbert, Ian Mahinmi.

(Pensem que atletas como G. Hill, Stephenson, George, Granger, S. Hill e Copeland podem fazer múltiplas funções em quadra, aumentando consideravelmente as alternativas para a comissão técnica.)

Se Copeland e CJ Watson não valeram tantas manchetes, com Scola a história fica diferente.

Erik Spoelstra, Tom Thibodeau, Mike Woodson e (?) Jason Kidd certamente já estão avisados.

*  *  *

O que o Phoenix Suns está ganhando nessa?

(Fora o aumento de confiança na capacidade do novo gerente geral Ryan McDonough…)

O mais importante é a escolha condicional do próximo Draft. A escolha ficará com o Pacers caso eles falhem em se classificar para os playoffs. Algo inimaginável. E, ok, se eles forem para os mata-matas, é bem provável que o clube do Vale do Sol vá ganhar nessa um “pick” por volta da 25ª posição. Historicamente, poucos talentos de primeiro nível são aproveitados nessa altura. Mas há bons valores, de todo modo, para serem descobertos, assim como o ala-armador Archie Goodwin, extremamente promissor, apenas o 29º do recrutamento de calouros.

De resto, não é muita coisa. Mas, para um time processo de remodelação, quanto mais jogadores diferentes para se avaliar, melhor.  Com o plantel do campeonato passado é que eles não poderiam ficar.

Gerald Green já tem 27 anos. O tempo passa. McDonough estava no estafe do Boston Celtics que escolheu o atlético ala no Draft de 2005, quando saiu direto do colegial para a grande liga, ainda adolescente.

O jogador era muito cru tecnicamente, pouco maduro fora de quadra também e naufragou, passando ainda por Minnesota Timberwolves, Houston Rockets e Dallas Mavericks até ser forçado a continuar com sua carreira fora dos Estados Unidos. Passou pela China, pela Rússia, voltou para a D-League e, no fim da temporada 2011-2012, era novamente um jogador de NBA, fazendo uma campanha decente pelo New Jersey Nets (18,4 pontos numa projeção por 36 minutos, 48,1% nos arremessos, 39,1% de três, em 31 jogos). Que bela história! Green havia encontrado seu rumo, enfim! E o Pacers pagou para ver, e não deu muito certo: sua pontaria despencou, sua disciplina defensiva também não condizia com o esperado e, nos playoffs, teve apenas 11,7 minutos. O Suns espera que, num sistema ofensivo mais agressivo, ele possa render mais, ainda que sua posição não seja garantida. Há minutos para serem conquistados, mas tudo vai depender de um jogador muito talentoso, mas bastante inconsistente.

Plumlee é o irmão mais velho dos Irmãos Plumlee (conte aí o calouro Mason, recém-escolhido pelo Nets e o caçulinha Marshall, que ainda joga por Coach K em Duke). Não sei se a gente precisa acrescentar algo depois disso, né? Os Irmãos Plumlee!

Mas, ok, não vamos nos contentar com essa futilidade. Miles é mais um jogador extremamente atlético, especialmente para alguém do seu porte (2,11 m e 115,7 kg), com boa impulsão e agilidade, além de forte. Apesar dos quatro anos sob a tutela de Krzyzewski, ainda é visto como um jogador em desenvolvimento. O que, no caso, é um pouco estranho, considerando que, apesar de partir apenas para sua segunda temporada, já tem 24 anos. Vai ter de mostrar serviço nos treinos a Jeff Hornacek se quiser se intrometer numa rotação com Marcin Gortat, os gêmeos Morris e, talvez, o ucraniano Alex Len, quinta escolha do Draft, mas que vem de cirurgias em ambos os pés.


< Anterior | Voltar à página inicial | Próximo>