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Márcio Dornelles: longevidade e consistência em meio a tantas mudanças
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Giancarlo Giampietro

Márcio, 3º jogador mais velho do NBB, ajudando Macaé a subir na tabela

Márcio, 3º jogador mais velho do NBB, ajudando Macaé a subir na tabela

Num extremo, temos os caçulas do NBB, muito pouco aproveitados por suas equipes. Fazendo as contas aqui, chegamos a um número preocupante: apenas 11 jogadores sub-22 que recebam um mínimo de dez minutos por partida na temporada.

Desse dado ínfimo, a lógica nos empurraria para uma conclusão de que o campeonato nacional é dominado por veteranos, e é verdade. Mas existem jogadores experientes e existem aqueles que estão beirando os 40 anos, este um grupo ainda mais raro, que só inclui três personagens.

O Flamengo escala há tempos Marcelinho Machado, que vai inaugurar o clube dos quarentões do NBB 7 no dia 12 de abril – já pode ir comprando as velinhas. Precisamente um mês mais tarde será a vez de Helinho adquirir a carteirinha, no melhor lugar possível para a família: Franca. O terceiro integrante vai demorar um pouco mais, ganhando alguns dias para tirar um sarro de seus companheiros de, digamos, senado: Márcio Dornelles, que vai celebrar apenas no dia 29 de dezembro, quase na virada.

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Que Márcio tenha de esperar um pouco para celebrar não deixa de ser consistente com sua trajetória. Temos aqui um caso bastante peculiar: um jogador de capacidade atlética acima da média no auge, um cestinha muito regular – em que pese uma ou outra lesão e até mesmo a própria inconsistência do basquete nacional, que ele testemunhou de perto –, mas que talvez nunca tenha ganhado a atenção merecida.

marcio-dornelles-nbb-numerosEm termos de seleção brasileira, mesmo, ele não passou dos 20 jogos. Fico escondido ou esquecido numa troca de gerações no perímetro. Viu as convocações de Vanderlei, Rogério, Caio, seu próprio xará Márcio de Azevedo, até que seu contemporâneo Marcelinho assumiu a chave do carro para, depois ser acompanhado pela turma de Ribeirão Preto, o amadurecimento de Marquinhos, chegando a um estágio atual de escassez.

Mas isso não fez o gaúcho de Porto Alegre desanimar. É como se nada estivesse acontecendo. Disputando seu sétimo NBB, o ala começou a temporada 2014-2015 devagar, é verdade, mas vem pontuando bastante nas últimas rodadas, ajudando a colocar o clube fluminense na zona de classificação para os mata-matas.

Em um momento de ascensão, Macaé está na 11ª colocação, depois de vencer o Uberlândia num confronto direto nesta terça-feira, com 18 pontos de Márcio. Foi a terceira vitória nas últimas cinco rodadas para um time que, inclusive, já bateu os dois finalistas do ano passado, Flamengo e Paulistano. Nessa sequência, o veterano teve papel fundamental, com médias de 14,8 pontos e 3,8 rebotes e o aproveitamento de 42,8% nos arremessos de três pontos e 56,6% nos arremessos.

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Esse é o Marcio curtindo sua longevidade, numa competição que pode ter seus problemas estruturais ainda, mas que oferece um cenário muito mais estável do que os tempos pré-LNB, há nove anos, quando o campeonato nacional foi parar na Justiça e a aliança entre os clubes se fraturava. Foi um papo bacana com ele, antes dessa sequência de vitórias do Macaé, o terceiro clube de sua carreira de NBB e o 13º da carreira, cujo elenco tem na rotação o armador Pedrinho, 20 anos mais jovem e um dos poucos adolescentes que encontra espaço na competição. Confira:

21: Quando você estava saindo do juvenil para o profissional, na primeira metade da década de 90, imaginava que estaria jogando hoje, na temporada 2014-2015?
Márcio Dornelles:
Não imaginava, não. Conforme tu vai jogando, vai aprendendo a se cuidar. Acho que isso fica mais forte depois que constrói uma família também. As coisas mudam. A longevidade vem disso, de aprender a se cuidar, de estar bem disposto para treinar.

O Helinho já anunciou que este vai ser seu último NBB. Para você, pelo visto, parar de jogar não é algo que nem passa por sua cabeça, não?
Acho que a gente tem muita coisa que oferecer ainda. Eu ainda não penso em parar de jogar, não. Fisicamente me sinto muito bem, mesmo. Pode perguntar para qualquer um dos atletas mais novos, e vão falar isso. Esse negócio de parar só vai acontecer quando perceber que estou correndo com os moleques e que estão me deixando para trás. Mas hoje corro do mesmo jeito, do lado deles, o que mostra que ainda tenho bastante tempo para jogar.

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Para chegar aqui, você viu muita coisa acontecer no basquete brasileiro. Houve um período bastante conturbado de 2006 para 2007, no qual vimos um racha na modalidade, campeonatos paralelos, inclusive uma competição só entre paulistas, a qual você jogou por Franca. Naqueles tempos, temia que não haveria volta?
Fiquei um ano sem jogar o campeonato nacional, quando estava em Franca e jogamos a Supercopa. Depois de jogar esse torneio, que foi mesmo um Paulista estendido, tínhamos esperança ainda de que poderia mudar, mas, ao mesmo tempo, era difícil acreditar. Falávamos muito com o Hélio (Rubens), que deixava a gente a par das discussões. Os dirigentes de hoje, porém, merecem os cumprimentos e estão fazendo a diferença, botando nosso basquete para cima.

Se for para pegar o basquete no qual você começou e o que viu agora, quais seriam as diferenças mais marcantes?
Está muito melhor, muito mais organizado. A liga deu outra cara para o nosso basquete, com mais organização. Ela cobra os clubes em questão de atraso salarial, de quadra, de estrutura. É um envolvimento maior dos dirigentes da liga pelos atletas. Por exemplo, o fato de soltar tabela antes, de estar fixo na grade da TV, de estar passando na internet também. Ajuda nos planos de todos. Parece pouco, mas faz muita diferença. Antes a gente não sabia nem mesmo quando teríamos jogo. Foi uma grande mudança. Da nossa parte, surgiu a associação de atletas. Mas, sim, tem muito o que crescer ainda.

Nos tempos de Pinheiros, pelo qual jogou o NBB 5

Nos tempos de Pinheiros, pelo qual jogou o NBB 5

Sobre o Macaé especificamente, como está a estrutura do clube, depois de alguns problemas na temporada passada?
Macaé tem melhorado muito. No ano passado, quando chegamos, a estrutura não era a ideal, e isso englobava tudo: fisioterapia, quadra, vestiário etc. Tudo. Para este ano, o clube deu uma guinada, melhorou na parte administrativa, de jogadores e estrutural. Isso também se deve pelo que os atletas necessitam. A gente vai aos poucos falando do que precisamos, e eles vão tentando fazer. Claro que as melhoras são aos poucos. Tem coisa que não sai de imediato, como a reforma do vestiário no ano passado. A tendência é só melhorar, pelo esforço tremendo que estão fazendo para que tenhamos tudo do bom e do melhor. Isso vale para os outros times. A liga está exigindo isso, para que cada vez mais tenhamos condições melhores.

Quando você fala na liga, é mais sobre uma pressão de bastidores ou o simples fato de que a competição em quadra exige o máximo de organização de seus clubes?
Quem não faz, fica para trás. Muito para trás. Tem de fazer. O Brasil está entrando na vitrine do basquete mundial, recebendo jogos da NBA, fechando uma parceria importante, mas temos de melhorar nosso nívelem geral. Seja com a molecada jogando uma LDB, seja reformando ginásios e mudando a estrutura para os adultos. A gente precisa tentar crescer o máximo, aproveitar este momento nosso, que é muito bom.

Como você vê essa parceria entre a LNB e a NBA, aliás? Qual a perspectiva para os jogadores?
Isso é maravilhoso. Essa parceria pode dar muitos frutos para nós. Não para mim, para mim, para o Marcelinho, o Helinho e os mais velhos da liga, mas para a molecada que está vindo agora. Fiquei muito contente pela nossa geração futura. A gente tem muito talento aqui no Brasil.

Quais as metas factíveis para o Macaé neste campeonato? Vemos um campeonato muito equilibrado:
A gente vai tentar o que não conseguimos no ano passado, que é ir para o playoff. Ficamos a uma vitória só, então montamos um time pensando nisso. Primeiramente entrar no playoff, e depois tentar dar sequência. Acho que a gente tem um time com mescla legal, de gente nova com peças importantes e americanos que reforçaram. A tendência é que consigamos a vaga para o playoff, mesmo, e, se tudo der certo, podemos passar pelo primeiro duelo. Você olha a tabela, porém, e não vê descanso. Os times vieram mais fortes. Tenho certeza de que os times olham para Macaé no calendário e pensam isso, que não vai ter jogo fácil, independentemente da colocação da temporada passada. Tem de estar concentrado e jogando no limite.


20 votos para o Jogo das Estrelas do NBB 2015
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Giancarlo Giampietro

Cabem quantos do Bauru no Jogo das Estrelas?

Cabem quantos do Bauru no Jogo das Estrelas?

A assessoria de comunicação da Liga Nacional de Basquete cometeu a loucura de me estender um convite para participar da votação para o Jogo das Estrelas do NBB7, que vai ser disputado entre os dias 6 e 7 de março, com sede ainda para ser anunciada.

Ao menos essa responsabilidade foi divida entre diversos companheiros de imprensa, assim como os técnicos – e seus assistentes –, capitães e (!) árbitros envolvidos com a competição, além de outras “personalidades” da modalidade. Cada um dos eleitores teve a chance de escolher dez nomes para o time brasileiro e outros dez para a equipe estrangeira. Você precisa dividir cada grupo entre titulares e reservas, e os votos dedicados aos titulares ganham peso maior.  Essa é uma novidade no processo que, creio, ajuda a diminuir a chance de injustiças.

Mas, prepare-se, elas podem acontecer. Veja a repercussão, na NBA, para a exclusão de um enfezado Damian Lillard, que não conseguiu nem mesmo a 13ª vaga e foi ao Instagram protestar, lembrando que havia sido ignorado por torcedores, técnicos e até pelo comissário Adam Silver. Ele merecia a vaga de Kevin Durant? Para mim, sim, levando em conta o fato de que o ala de OKC perdeu metade da temporada norte-americana.

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Esse tipo de polêmica certamente vai aparecer aqui neste espaço, agora que abro minhas 20 escolhas. Inevitável. Mas boa parte das discussões depende de quais critérios cada um vai adotar para escolher sua seleção. Pesa mais o sucesso da equipe ou o rendimento individual de cada atleta? Na dúvida, preferi a solução mais fácil: dosar um pouco de cada caminho. Privilegiei os destaques das melhores campanhas, mas também tentei abrir espaço para caras que estejam numa ótima temporada, ainda que seus clubes decepcionem. Só procurei pensar apenas no que acontece neste ano, e, não, ignorando o conjunto da obra – se o cara é o cestinha histórico do NBB, se é medalhista olímpico, se já passou pela NBA etc.

Mais: você vai segmentar, estratificar os jogadores por posição? Na planilha encaminhada pela LNB, era preciso escolher um armador, dois alas e dois pivôs. Esses conceitos são todos meio relativos, não? Pegue um time como Limeira, uma das gratas notícias do campeonato. Nezinho, Ronald Ramon e Deryk estão revezando constantemente, dividindo a quadra, escoltados pelo gatilho de David Jackson, do jeito que o Paulo Murilo pregou sempre em seu Basquete Brasil – e quando dirigiu o Saldanha da Gama. Tentei ir um pouco além da nomenclatura clássica.

Vamos aos votos do VinteUm, então, seguidos por breves explicações. Os quintetos titulares vão ser escolhidos pelos torcedores:

NBB – Brasil
Titulares
Nezinho (Limeira)
Alex Garcia (Bauru)
Marquinhos (Flamengo)
Jefferson William (Bauru)
Rafael Hettsheimeir

Reservas
Coelho (Minas)
Leo Meindl (Franca)
Giovannoni (Brasília)
Gerson (Mogi das Cruzes)
Caio Torres (reservas)

Jefferson merece o posto de titular: influência tática e técnica

Jefferson merece o posto de titular: influência tática e técnica

O desafio aqui foi evitar de escalar todo o elenco do Bauru, né? Tendo apenas 10 vagas em cada seleção, achei o mais correta a distribuição entre mais clubes, impondo um limite de três atletas para cada agremiação. E aí Ricardo Fischer acabou sendo sacrificado, em detrimento de seus companheiros bauruenses escalados entre os titulares (Alex segue influenciando o jogo dos dois lados da quadra, resistindo ao tempo, Jefferson William é fundamental no sistema de Guerrinha por sua mobilidade e poder de execução, além de um bem-vindo nível de atividade na briga por rebotes e na defesa, e Rafael Hettsheimeir, ainda que deveras enamorado pelo chute de fora, vem sendo bastante produtivo em seu retorno ao país). Nezinho assume a vaga de Fischer, sendo um dos líderes do Limeira, pontuando com muito mais eficiência do que na temporada passada, ainda que frequente menos a linha de lance livre. Para completar, Marquinhos, que ainda não recuperou o ritmo de seu sensacional NBB5, mas tem números que igualam ou superam sua última campanha, em menos minutos, e ainda é um pesadelo para qualquer defesa nacional conter. O Flamengo também não tem sido o mesmo, mas, da mesma forma, continua sendo um time de respeito

Marquinhos: os números não são os do auge, mas a ameaça é a mesma

Marquinhos: os números não são os do auge, mas a ameaça é a mesma

No banco, o jovem Coelho merece reconhecimento: ganhou autonomia em Belo Horizonte e respondeu muito bem, obrigado. Em termos de produção, é o jogador mais eficiente de sua posição entre os brasileiros, com 14,59 por jogo, mais que o dobro de sua carreira – e o mais interessante pode melhorar muito ainda como um armador forte, veloz e agressivo. Confesso: foi uma dúvida brutal optar entre ele e Nezinho na vaga de titular, mas pesou a maior propensão ao passe e o recorde da equipe do veterano. Leo Meindl vem numa curva ascendente em sua carreira, ajudando o Franca a se manter entre os seis primeiros, a despeito dos problemas financeiros. Talvez não no ritmo esperado, mas está subindo enquanto se distancia de uma complicada lesão no joelho. Seu arremesso de três pontos o abandonou nesse campeonato, e talvez fosse mais interessante que ele usasse sua habilidade no drible e o jogo de média distância para buscar a cesta. Giovannoni faz uma temporada que o colocaria na discussão para MVP, mas o fato de o Brasília ser a grande decepção da temporada impede que isso aconteça.  Foi cruel deixar Lucas Cipolini fora, mas não havia como eleger dois atletas do time candango, a despeito de seu ótimo rendimento estatístico. No garrafão, temos então o jovem e hiperatlético Gérson, que faz Mogi crescer cada vez que vai para quadra com seu energia e dedicação extrema, e Caio Torres, em boa forma, vai fazendo a melhor temporada de sua carreira nos rebotes e como referência interior do time que menos arremessa de três no campeonato. Entre ele e Rafael, a dúvida também é grande. Seus números são superiores, mas o bauruense divide a bola com mais gente. A campanha abaixo de 50% do São José também não ajuda.

NBB – Mundo
Titulares
Jamaal Smith (Macaé)
David Jackson (Limeira)
Marcos Mata (Franca)
Tyrone Curnell (Mogi das Cruzes)
Jerome Meyinsse (Flamengo)

Reservas
Kenny Dawkins (Paulistano)
Ronald Ramón (Limeira)
Jimmy Baxter (São José)
Shamell (Mogi das Cruzes)
Steven Toyloy (Palmeiras)

Jamaal, decisivo nas poucas vitórias do Macaé

Jamaal, decisivo nas poucas vitórias do Macaé

A posição de armador estrangeiro, gente, é a mais concorrida de todo o campeonato. Não encontrei lugar aqui para Caleb Brown, limitado a apenas oito jogos em Uberlândia devido a dores lombares), para o jogo clássico do baixinho Maxi Stanic, do Palmeiras, e nem para Nícolas Laprovíttola, que anda muito inconstante. David Jackson, creio, é uma unanimidade como um arremessador letal de todos os cantos da quadra. Já Mata e Tyrone servem como influência mais que positiva para os jovens companheiros devido ao tino para cuidar de pequenas coisas e a conduta exemplar em quadra. Curiosamente, de tanto fundamento que tem, o argentino vira uma arma ofensiva em quadras brasileiras, assim como aconteceu com seu compatriota Frederico Kammerichs. Curnell pode não ser o jogaodor mais refinado, mas seu vigor físico e seu empenho contagiam. Quando faz dupla com Gérson, é melhor sair da frente – uma dupla que representa bem a identidade vibrante do Mogi. Meyinsse é hoje o pivô mais completo em atividade no país, dosando força física e agilidade acima da média.

Toyloy, uma fortaleza difícil de se combater no garrafão

Toyloy, uma fortaleza difícil de se combater no garrafão

Ramón ganha uma vaga pela consistência que dá ao trio de armadores de Limeira, clube cujo rendimento pede também três indicados. Seus números caíram em quantidade, mas subiram em qualidade, ocupando uma vaga que, em nome e números poderia ser do jovem Desmond Holloway. O Paulistano, porém, insere o explosivo Dawkins no quinteto reserva, mesmo que não repita a química obtida no campeonato passado. Baxter tem números inferiores aos de Robbie Collum (em menos minutos também), uma figura importante para o Minas, mas se sobressai pela postura defensiva. Shamell tem passado bem menos a bola, mas ainda se sustenta como um cestinha decisivo nas quadras brasileiras, enquanto Steven Toyloy voltou a ser uma rocha no garrafão depois de um ano em que foi subaproveitado pelo Pinheiros, levando um Palmeiras a uma honrosa sétima posição.
Estão aí. Se for para xingar, que seja com educação, tá?


Bauru também sabe vencer um jogo de nervos
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Giancarlo Giampietro

O Bauru de Ricardo Fischer comandou o placar em mais um jogo tenso no Rio

O Bauru de Ricardo Fischer comandou o placar em mais um jogo tenso no Rio

Como parece acontecer em todo anunciado grande jogo do NBB, aquele que gera expectativa por parte de todos os envolvidos com o campeonato – e, não, apenas de duas torcidas –, o duelo entre Flamengo e Bauru desta terça-feira foi nervoso.

Bastante equilibrado, e nervoso, no qual o clube paulista saiu vencedor por 84 a 77, mostrando que pode render nas mais diversas situações, chegando a nove triunfos consecutivos.

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Sim, essa coisa da chiadeira não é a perspectiva mais original para se abordar um confronto tão interessante como esse, com os atuais bicampeões encarando o time que se reforçou tanto, mas tanto, que se tornou obrigatoriamente o principal candidato a derrubá-los. Jajá coloco um pouco mais de colher aqui. Antes, se faz necessário bater na mesma tecla. Muito já se escreveu a respeito disso, mas, enquanto a medição da reclamação dos técnicos e jogadores – principalmente o dos técnicos – se manter em altos decibéis, não tem como não registrá-la. É demais, gente.

Os árbitros cometem erros?!

Esperem um pouco aí, enquanto dou uma pausa para me restabelecer depois de bombástica informação.

(…)

Pronto: água com açúcar tomada. Qualquer coisa, a maracugina já está a postos também.

A arbitragem no Rio de Janeiro deixou passar muitos lances. Teve, por exemplo, um ataque em que Gui (acho) levou o toco de Benite na zona morta, no primeiro tempo, num ação que pareceu limpa, na bola. No segundo tempo, Jerome Meyinsse foi subir para um bloqueio e tocou no aro, impedindo uma bandeja. Interferência clara, e nada foi marcado.

Alex: 17 pontos, 10 lances livres e 8 lances livres batidos... O empenho de sempre em grandes jogos para o veterano

Alex: 17 pontos, 10 lances livres e 8 lances livres batidos… O empenho de sempre em grandes jogos para o veterano

Percebam que nem citei o time dos atletas acima. Porque não importa: os erros acontecem naturalmente, contra e para ambos os lados, de modo que se nivelam ao estouro do cronômetro. Nessa partida em específico, não sei bem se houve uma atrocidade, ou uma conduta tendenciosa que justificasse tanta pirraça. A não ser que a pressão seja algo consciente, para tentar ganhar o benefício da dúvida mais para a frente, num momento de decisão.  Não seria de forma alguma algo aceitável, mas sabemos que faz parte do jogo. A relatada alta temperatura na Arena da Barra também poderia ser um fator para esquentar a cuca, claro. Mas esse costuma ser o padrão de tensão das partidas por aqui, independentemente do funcionamento do ar-condicionado.

Além do mais, cobrar tanto os homens do apito pode ser mero escapismo. Afinal, ninguém aqui, aí ou ali acredita piamente que Bauru e Flamengo tenham feito um jogo perfeito*, né? Não quando temos 29 turnovers somados e um aproveitamento nos arremessos bem abaixo dos 50%. O Fla, por exemplo, fez um ataque para 183 pontos e terminou com 77 (42,1%).

(*PS: Ninguém é perfeito. Jornalista, jogador, torcedor, técnico e juiz. Será impossível conviver com uma realidade dessas?)

Atrás no placar o tempo todo, os rubro-negros, naturalmente, foram aqueles que mais reclamaram – creio, aliás, que muito mais. Obviamente não ajudou em nada o fato de o time de José Neto ter perdido dois dos últimos três jogos, situação com a qual não estão nada habituados. “Não estávamos tão concentrados e isso nos prejudicou. Bauru soube controlar o jogo e é muito difícil você virar uma partida atuando diante de uma equipe tão qualificada. Não estamos em um bom momento na competição, mas temos que botar a cabeça no lugar e tentar consertar os erros para os próximos jogos”, disse Gegê.

Nas entrevistas pós-jogo, ainda mais depois de tanta tensão em quadra, é difícil colher uma declaração tão boa como essa, via site oficial da LNB. O jovem armador flamenguista resumiu objetiva e precisamente o que se passou (ou o que se passa) em quadra com sua equipe. Se a cabeça não está no lugar, as coisas ficam mais complicadas, mesmo, especialmente contra o único rival do NBB que lhe pode fazer frente no número de atletas “selecionáveis” – ao menos levando em conta os nomes constantes nas listas de Rubén Magnano e sua comissão.

E aí, nesse jogo de nervos, o clube paulista encontrou mais uma oportunidade para comprovar sua força. O Limeira de Dedé e seu batalhão de armadores é o líder do NBB no momento, com apenas um revés, e vem de mais uma grande vitória. Mas é muito difícil apontar outro favorito ao título que não Bauru.

A forma como a partida se desenvolveu só reforça essa impressão. No papel e também pela abordagem que resultou nos títulos do Paulista e da Liga Sul-Americana, sabemos que a equipe de Guerrinha está construída para vencer pelo ataque. O potencial ofensivo em seu elenco é absurdo, com oito atletas que podem bater a marca de 20 pontos com tranquilidade. Caras que, colocados num time de menor orçamento, poderiam ser a principal referência.

Contra os rubro-negros, porém, qual era a preocupação? Ricardo Fischer conta: “Era um confronto direto e sabemos o quanto é difícil bater o Flamengo fora de casa. Viemos com uma proposta de baixar a pontuação deles e conseguimos. Empurramos o Flamengo para baixo”. Objetivo alcançado – o que, ironicamente, rendeu ao seu time uma folguinha como melhor ataque do NBB, superando os cariocas em casas decimais.

O Bauru tem em seu perímetro atletas ainda mais ágeis que que os do Fla – ainda mais quando estão juntos Alex, Larry e Gui (num excelente segundo tempo). Velocidade e agilidade: é para isso que o basquete se voltou, e os quatro líderes do campeonato nacional têm esse ponto em comum. A presença de Jefferson William na rotação de pivôs também dá mais leveza ao conjunto paulista. O ala-pivô, aliás, fez uma grande atuação, mexendo bem a bola, correndo para valer, enfrentando um páreo duríssimo contra Herrmann e Olivinha.

Jefferson jogou muito contra sua ex-equipe, dominando Herrmann

Jefferson jogou muito contra sua ex-equipe, dominando Herrmann

No Rio, Jefferson e seus companheiros não promoveram exatamente um abafa, não executaram uma defesa massacrante, mas conseguiram limitar as infiltrações de Nicolás Laprovíttola, algo essencial. Marquinhos, é verdade, conseguiu jogar lá dentro, mas as linhas de passe estavam mais apertadas. E aí temos arremessos de longe bem fiscalizados (7/30, 23,3%).

Do outro lado, o volume nos tiros de fora bauruenses seguiu elevado, com 29 tentativas, contra 30 de dois pontos. Seu aproveitamento foi bem maior (37,9%, rendendo 12 pontos a mais também) neste fundamento. Mas não se pode ignorar a vantagem dos visitantes nos lances livres, com nove pontos a mais (21 a 12), em cestas preciosas conseguidas depois de infiltrações de Fischer, Alex e da busca do jogo interior com Hettsheimeir, consistentemente mais efetivo em seu retorno ao Brasil quando mais perto da cesta.

Não foi um banho de basquete. O Flamengo se aproximou do placar de modo perigoso em diversas ocasiões no segundo tempo, inclusive nos minutos finais. Faltou, no entanto, na hora de concluir a virada, a lucidez e a frieza que Gegê mencionou. É algo obrigatório para enfrentar um time do porte de Bauru: concentração, mais na bola, muito menos no apito.


Lucas Dias: depois da impaciência, o desenvolvimento
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Giancarlo Giampietro

Lucas vibra após grande atuação contra o Uberlândia

Lucas vibra após grande atuação contra o Uberlândia. Crédito: Ricardo Bufolin/ECP

Ao falar sobre atletas jovens, o primeiro mandamento é ter precaução. A tentação, vocês sabem, é anunciar um futuro auspicioso. Depois, encontrar paralelos, para anunciar o “novo fulano de tal”. Se, nessa caminhada, as coisas não forem acontecendo conforme o “esperado”, aí é a hora de, cheios de decepção, martelar e desconstruir a promessa.

Lucas Dias, do Pinheiros, já passou por esse processo. Ele só tem 19 anos.

Aos 16, foi eleito o MVP do jogo internacional do Jordan Brand Classic, com 18 pontos, 12 rebotes e 4 tocos, em Charlotte. Dois meses depois, em São Sebastião do Paraíso, teve médias de 15,6 pontos e 8,4 rebotes na Copa América Sub-18 e ajudou a seleção a se classificar para o Mundial, sendo dois anos mais jovem que a maioria dos concorrentes. Pronto. A partir daí, o garoto entrou no radar, virou tópico obrigatório nos fóruns de discussão. O basqueteiro brasileiro em geral não está acostumado a receber esse tipo de notícia.

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>> 30 times, 30 fichas sobre a NBA 2014-2015

Sua escalação no time principal do Pinheiros era cobrada, cada jogo era seguido de perto. Até que chegou o Mundial Sub-19 em 2013, na qual não só o ala-pivô como toda a equipe nacional teve uma campanha frustrante, com um décimo lugar amargo, depois de algumas derrotas bem feias. Aí, claro, já teve quem se apressasse em dizer que não dava mais para o garoto. Ainda mais que ele não conseguia entrar na rotação da equipe adulta do clube paulista e, no ano passado, viu um tal de Bruno Caboclo passar voando por lá. Caboclo virou a grande aposta, enquanto Lucas ficou, de certa forma, esquecido. Como se não houvesse espaço para dois queridinhos.

Subindo para fazer a cesta numa jornada 100%

Subindo para fazer a cesta numa jornada 100%. Crédito: Ricardo Bufolin/ECP

Mas essa fase de sumiço chegou ao fim. Na terça-feira, Lucas Dias conseguiu uma proeza no atual cenário brasileiro: um adolescente a ser o cestinha de um jogo de NBB. Foi na vitória sobre o Uberlândia por 107 a 86, em casa. Não só ele liderou todos os marcadores, com 23 pontos em 24 minutos, como saiu com 100% nos arremessos, com três bolas de três, cinco de dois e mais dois lances livres. Na sua idade – de novo: apenas 19 anos –, isso dificilmente vai se repetir por estas bandas.

Os 23 pontos se equivalem exatamente à metade do que ele soma na temporada. Quer dizer: foi disparada a sua melhor partida na temporada. Mas isso não quer dizer que tenha sido um acidente ou qualquer coisa do tipo, um evento que tenha surgido ao acaso. Desde o dia 17 de dezembro, na saideira de 2014, o ala vinha recebendo mais tempo de quadra com o técnico Macel, registrando 12 minutos contra o Bauru, 19 minutos contra o Franca e 15 contra o Palmeiras. Dá mais de 18 minutos por jogo nas últimas quatro rodadas do campeonato. Até então, em cinco partidas, ele havia ficado em quadra por 10 minutos em média.

No duelo com o clube alviverde, ele teve uma atuação para se esquecer, saindo zerado, tendo desperdiçado todos os seus oito arremessos. Que tenha sido mantido na rotação por Marcel, contudo, só depõe ao seu favor. Com o treinador mesmo disse ao VinteUm: “Comigo é assim: se você treinar como se joga, você joga. Na hora que aparecer um cara treinando como ele vai jogar… Na hora que for dominar, que mostrar como vai jogar no treino, eu não sou louco de não colocar para jogar”.

A liga D
Nesse ponto, para o garoto ganhar confiança, mais importante vem sendo sua participação na nossa liga de desenvolvimento, a LDB. Na semana passada, ele disputou a terceira etapa da competição sub-22, em Campinas. Após 17 jogos, o ala é o segundo cestinha até o momento, com média de 20,2 pontos, e o quarto reboteiro, com 9,4. “Acho que minhas participações ncontribuíram para o bom desempenho, e estou feliz por ter aproveitado as oportunidades contra o Uberlândia”, disse.

Algumas exibições em particular renderam recordes da LDB para Lucas.  Na segunda etapa, em Joinville, contra o Grêmio Náutico União, ele somou 44 pontos e 55 no índice de eficiência, em 33 minutos, em vitória fácil por 95 a 56 – ao seu lado, o armador Georginho, 18 anos, também somou um triplo-duplo. Na ocasião, errou apenas 4 de 20 arremessos, com baixo volume no perímetro (1-3), além de coletar 16 rebotes e de ter cinco roubos de bola. Em Campinas, mais um jogo memorável: contra o Regatas (triunfo por mais que o dobro de diferença), o time da casa, converteu nove arremessos de longa distância e terminou o confronto com 37 pontos em 24 arremessos e 35 minutos, além de 9 rebotes, 3 assistências e 3 roubos de bola, para um índice de eficiência de 42.

Na LDB, dominante neste ano

Na LDB, dominante neste ano. Crédito: João Neto/LNB

Agora, só vale ressaltar que o volume nos arremessos de fora contra o Regatas (19 tentativas) foi algo simplesmente irreal, que não se traduz para nenhum campeonato de ponta. É preciso sempre fazer a devida contextualização, claro, levando em conta o nível dos adversários. Se for para conferir seu aproveitamento nos arremessos, temos 59,8% nas bolas de dois pontos, 32,2% nas de três e 76,5% nos lances livres. Quer dizer, ainda há o que melhorar em termos de eficiência. De todo modo, no geral, os números impressionam e servem para devolver a confiança ao jovem talento.

De volta ao time dos marmanjos, Lucas entrou em quadra no primeiro quarto,  substituindo o veterano Felipe Ribeiro, quando o placar estava 8 a 7 para sua equipe. Quando saiu, com 11 pontos marcados, restavam apenas 46 segundos na parcial, o time da casa já vencia por 28 a 13. O Uberlândia não esmoreceu, tentou uma reação nas parciais seguintes, até sucumbir no período final. Apenas dois pontos do ala saíram no que poderíamos chamar de “garbage time”, quando o time de Marcel já tinha o resultado praticamente garantido, a 3min50s do fim. Isto é: seu desempenho foi fundamental para o Pinheiros a encerrar uma série de quatro derrotas no NBB.

Amadurecimento
Houve, sim, uma preocupação com o desenvolvimento de Lucas desde aquele malfadado Mundial. Há muitos que questionam a decisão do técnico Demétrius de ter usado o ala-pivô como um sexto homem, alegando que, quando ele entrava em quadra, o jogo já estava praticamente definido, deixando o principal talento daquela seleção numa posição, no mínimo, desconfortável. Era entrar para resolver, então?

Lucas agora joga a LDB desde o início. Crédito: João Neto/LNB

Lucas agora joga a LDB desde o início. Crédito: João Neto/LNB

O problema é que, quando retornou ao Pinheiros, havia um zum-zum-zum sobre uma falta de concentração ou empenho do garoto. Acontece muito mais do que se imagina, ainda mais quando, sem muito esforço, o jovem jogador pode fazer 20 pontos num jogo – hoje consagrado no basquete nacional, o ala Marquinhos já ouviu bastante nesse sentido. Uma coisa é dominar na sua categoria, porém. Outra é competir diariamente com adultos como Shamell, Olivinha, Morro etc.

Nesse contexto, a ascensão meteórica de Caboclo, vindo de Barueri, pode ter sido um ponto de virada para seu ex-companheiro. Pergunte no clube paulista sobre a dedicação do xodó do Toronto Raptors, e a empolgação impressiona. O menino simplesmente não saía do ginásio – padrão de trabalho que vem sendo mantido no Canadá, aliás. Suando bastante, o ala conseguiu ser o primeiro atleta sair direto do basquete brasileiro para a NBA em 11 anos – era algo que não acontecia desde Leandrinho, em 2003. Não tem como acompanhar um processo desse de perto e não ser afetado.

“É, mexeu muito com a turma da base a ida do Caboclo”, diz Marcel. O que todos precisam ter consciência é de que cada um tem sua história. “Cada talento tem o seu tempo para amadurecer. O caso do Bruno é uma exceção pelo físico dele. É um cara de 2,08 m com envergadura de 2,35 m, coisa que você não vai achar facilmente por aí. Se ligassem para mim e falassem que estava com um rapaz desses, eu iria buscar na hora. Mas esses que ficaram provavelmente vão ser adultos no ano que vem. E aí talvez possam sair”, afirma o técnico. Além disso, é preciso lembrar que Caboclo, jogando a LDB de ponta a ponta, participando também do Paulista sub-19, passou muito mais tempo em quadra na temporada passada do que Lucas, que estava em tempo integral com o time adulto.

A caminhada segue
No clube paulista, antes mesmo da elevada produção recente, a percepção em torno Lucas já era altamente positiva. Mas é sempre melhor ver os resultados na prática, não? Resultados de muito treino. A turma do Sub-19, por exemplo, pode trabalhar até em três períodos. “Ele vem muito bem, numa ascensão”, diz Claudio Mortari ao VinteUm. Hoje supervisor, Mortari dirigiu Lucas diariamente em sua transição da base para o adulto, acompanhando de perto os altos e baixos. “Agora, é como digo, depende muito mais daquilo que o cerca fora da quadra, daquilo que ele tem como motivação interna e o que realmente queira. O trabalho necessário nós vamos oferecer. Os recursos técnicos ele já tem. Ele, o (armador) Humberto e o Georginho têm muito potencial. Vão ser? Tomara que sim. Mas não dá para afirmar, já que muito depende da resposta deles.”

A estreia contra Sérvia no Mundial Sub-19. As coisas não foram bem

A estreia contra Sérvia no Mundial Sub-19. As coisas não foram bem

Até por sustentar um programa de base que hoje deveria servir de referência no país, com a influência de gente como o diretor João Fernando Rossi e a coordenadora Thelma Tavernari, os abnegados dirigentes do Pinheiros estão sempre ouvindo cobranças, principalmente externas, sobre a utilização desses garotos em seu elenco principal. Mas essa transposição não é tão simples assim. Com bom patrocínio, tendo se habituado a competir por títulos anualmente, o clube tem de se manter competitivo – mesmo que seu orçamento não seja dos mais vultuosos do país.

Existe, sim, um desejo de aproveitar mais os garotos, ainda mais depois da conquista do título paulista sub-19. Pode acontecer num futuro breve. Para a próxima temporada, quem sabe? Ainda está muito cedo para dizer, tanto do ponto de vista estrutural, com da própria curva de aprendizado dos garotos. Nessa curva, ainda que eles não estejam jogando muitos minutos, isso não quer dizer que não possam evoluir. Agora sob a orientação de Marcel, Lucas e seus companheiros têm mais um ano para o desenvolvimento, num cenário de bem menos pressão.

“Renovação você não faz por decreto. É algo que você conduz com tranquilidade e faz por necessidade e com a competência de quem está chegando – a importância que cada garoto vai dar para essa oportunidade. Não tem uma fórmula mágica. Se tivesse, eu, por exemplo, não lançaria só um Oscar, mas um monte. Teria uns 45 caras como o Oscar na minha mão, o que não foi o caso”, diz Mortari. “O que precisa é ter essa dimensão, essa paciência. Pode acontecer como num vestibular, em que o cara passa o ano inteiro estudando e, chega a hora h, acaba não acontecendo absolutamente nada. É preciso mantê-los nos seus lugares, conversando, mas confiando, com a expectativa sempre altamente positiva, valorizando o que se faz em quadra diariamente.”

Lucas vem reconhecendo as ferramentas excepcionais que estão ao seu dispor e vem tirando proveito delas. Como ele disse ao site da LNB: “O Brenno (Blassioli) ou o Bruno (Mortari) estão sempre me ajudando. Nós fazemos diversos treinos individuais. Isso me dá muita confiança para as partidas e as coisas vem acontecendo naturalmente”.  Depois das naturais turbulências, as perspectivas se mantêm otimistas.

“O Lucas é um talento acima da média, como um lateral de 2,08 m de altura e bom arremesso, além de ser um garoto de coração enorme”, afirma o ala-pivô Felipe Ribeiro, 35, ao VinteUm. Contratado no ano passado pelo Pinheiros, Felipe agora tem a oportunidade de acompanhar o ala de perto e diariamente, estando muitas vezes do outro lado. Para ele, já não há dúvida de que o garoto pode prosperar no perímetro. “É muito complicado julgar um garoto muito cedo, se ele vai ser um 3 ou um 4, mas acho que para trilhar uma carreira gloriosa, a posição 3, para ele, pelo arremesso, seria a melhor”, diz.

Lucas atacando lá dentro, perto da cesta

Lucas atacando lá dentro, perto da cesta. Crédito: Ricardo Bufolin/ECP

“Se fôssemos deixá-lo aqui no mercado doméstico, ele já seria um jogador pronto. Você poderia colocá-lo em qualquer time como um 3, mais até como 4, e ele conseguiria jogar. Mas hoje a gente não tem no Brasil um lateral de 2,08 m, além do Marquinhos. Acho que ele poderia ser um substituto à altura e até fora do país ele poderia se destacar”, completa Felipe.

Isso não significa que o atleta deva estacionar em quadra e apenas arremessar de três, como ainda pode acontecer com frequência, aliás. Pela versatilidade mostrada na base, com ótima presença nas tábuas ofensiva e defensiva, como reboteiro e bloqueador, seria um crime enquadrá-lo. Ter Marcel no comando do time adulto, então, serve como um alento. “Meu sistema de jogo não olha número de posição, mas a capacidade do jogador de exercer várias funções. Por exemplo, o Lucas pode arremessar de três, pode jogar de posição 4 e até de 5, como fez no juvenil. É um jogador que marca o número 2, o 3. Tem agilidade para isso.”

Não dá para esperar que Lucas vá dominar as defesas do NBB a cada rodada, como fez contra o Uberlândia. Não dá para cobrar do ala muito mais do que já lhe é exigido em seu próprio clube, diariamente, nos treinos. Nada é garantido, mas ao menos percebe-se que, agora tranquilamente, segue a curva de desenvolvimento de um jovem talento.


A parceria NBB e NBA: otimismo, mas com os pés no chão
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Giancarlo Giampietro

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Em momentos de anúncio de grandes eventos, grandes notícias, o jornalista nunca se pode esquecer que não está ali como torcedor. Ele é uma testemunha, sim, como todos, mas tem de obrigatoriamente dar um passo para trás sempre, se permitindo a chance de avaliar o que está acontecendo e fazer questionamentos.

O anúncio da parceria entre a LNB e a NBA é um desses acontecimentos que pede um pouco de parcimônia. Neste caso, porém, para qualquer um daqueles que estiveram presentes ao clube Pinheiros para a coletiva que ratificou o acordo, o mais interessante foi reparar que não houve nenhum arroubo ufanista, nenhum acesso a hipérboles, nem nada. O que configura um cenário extremamente positivo.

Não se enganem: não é que os dirigentes que ajudaram a viabilizar o NBB estivessem cabisbaixos ou com uma atitude blasé. Pelo contrário: o presidente Cássio Roque, o vice-presidente João Fernando Rossi e Kouros Monadjemi estavam todos empolgados, sorridentes, relembrando histórias da construção do novo campeonato nacional.  Mas sem se empolgar demais, sem prometer mundos e fundos. Os representantes da NBA tinham a mesma postura. Em comum, de metas anuncias, tivemos apenas a ideia de que o basquete volte a ser o esporte número dois no país.

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(Parêntese: isso foi na véspera de o Banco do Brasil anunciar a interrupção no repasse de verbas para a CBV; independentemente da lamentável crise vivida pelo vôlei nestes dias, é de se perguntar se o basquete já não é o segundo… afinal, segundo dados do ministério do Esporte, ela já é a segunda modalidade mais praticada no país; a questão é traduzir esse interesse em números e negócios concretos.)

Do meu cantinho aqui na Vila Guarani, acho tudo isso muito apropriado. O otimismo se faz até obrigatório, mas sem prenunciar milagres. O projeto é inédito, pode ser revolucionário/histórico para o basquete brasileiro, mas tem longo prazo – não deve e nem tem como ser avaliado agora. Além do mais, a LNB já fez bastante do seu lado para dizer que este seria um “recomeço”. Isso já aconteceu há seis anos, quando a liga nacional foi criada finalmente, depois de “momentos bélicos”, como disse o presidente Cássio Roque. A liga já representa uma bonança após um biênio 2006-2007 para lá de tempestuoso, com campeonato oficial que não terminava e competições paralelas que não decolaram.

Os novos parceiros ainda estão em fase de conversação. As reuniões, admitem, já vinham acontecendo há semanas, antes mesmo da assinatura do contrato. As partes estão se conhecendo. Para a NBA, é preciso um tempo de adaptação, para se conhecer uma nova realidade. Por mais que a marca já tenha estabelecido um escritório no Rio de Janeiro e feito avanços significativos por estas bandas, a gestão de uma competição nacional é um tipo de desafio completamente diferente.

Na hora de avaliar os pontos a serem atacados, a prioridade é o setor comercial. O diretor executivo da liga americana no Brasil, Arnon de Mello, abriu a coletiva tocando precisamente neste ponto. Para depois falar em como sua organização pode colaborar com expertise também em outras áreas. As coisas vão avançando paralelamente, com esses diversos departamentos envolvidos, mas o pontapé inicial, mesmo, é a captação de recursos. De grana, mesmo, seja por conquista de patrocinadores, licenciamento de produtos e ações de marketing. Algo em que são campeões.

A NBA conta hoje com mais duas dezenas de parceiros comerciais em suas operações globais. Algumas dessas corporações já teriam feito sondagens sobre possíveis negócios no Brasil. Pode não sair nada daí, mas a liga americana vai à caça de patrocinadores para o campeonato que já está em andamento. A ideia, todavia, é encontrar marcas dispostas a se envolver com o NBB a longo prazo, para gerar a cobiçadíssima sustentabilidade. Lembrando que o campeonato hoje não conta com nenhum patrocínio master.

Faz sentido. Primeiro é importante estabelecer essa base, os alicerces para o campeonato prosperar. Estabilidade financeira para que os dirigentes nacionais, com ajuda do know-how norte-americano, então, se concentrem em melhorias nas outras áreas administrativas, especialmente em infraestrutura. Uma coisa não exclui a outra também: não é porque o foco é comercial, que um intercâmbio na área técnica não possa acontecer, claro. Mas ainda não há planos declarados. (PS: Para o lado de gestão operacional e de infra, é possível que já haja novidades no fim de semana do Jogo das Estrelas ou mesmo na decisão, que nesta temporada será disputada em série melhor-de-três.)

O que a NBA ganha com isso tudo? Como disse Jason Cahilly, responsável pelo departamento estratégico e financeiro da liga, a ideia é desenvolver um “ecossistema favorável” ao basquete no Brasil, no qual, obviamente, 0 NBB não seria o único a encontrar mais dinheiro e possibilidades. A liga americana, nas palavras de Arnon de Mello, detecta um mercado “maduro” para esse crescimento.

Mas o ideal, mesmo, é expandir esse mercado, e, não, contar apenas com os atuais simpatizantes do bola-ao-cesto. Para tanto, é preciso mais promoção para o jogo e incentivo à prática. Se a CBB colabora pouco, ou quase nada faz para a massificação da modalidade no país, a parceria LNB/NBA assume parte essa empreitada. Cahily, mesmo, citou o termo grassroots em seu discurso de apresentação (todo em português, aliás).

Do ponto de vista mais prático, se as duas siglas conseguirem avançar comercialmente, gerando recursos, é de se esperar que os clubes nacionais tenham mais autonomia para agir. Que refinem suas próprias estrutura de gestão, podendo coordenar as categorias de base com mais zelo, contratarem melhor etc. Este é um cenário ainda muito distante, porém. Antes de tudo, eles precisam cumprir com suas obrigações financeiras. Coisa que até mesmo o supercampeão Flamengo não vem fazendo, enquanto um clube como Franca faz vaquinha virtual, correndo o risco de fechar as portas. “Há muito o que ser feito”: foi uma das frases mais ouvidas no anúncio do acordo na semana passada.

De qualquer forma, a aproximação da NBA já vale como um baita reconhecimento ao trabalho da liga nacional. Serve como um gesto de aprovação ao trabalho feito até aqui, que pegou um esporte no buraco e o transformou num produto que atraiu o interesse estrangeiro, contando antes com aporte do ministério do Esporte e de uma patrocinadora estatal. No que vai resultar esse envolvimento, ninguém sabe ainda. “Ficam me perguntando o que esperar disso? Digo que não sei”, afirma Cássio Roque, o presidente da LNB. “Só sei que estamos ao lado da companhia certa.”

Tags : CBB NBA NBB


Bauru arrasa Mogi e avança com sua missão de títulos
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Giancarlo Giampietro

Campeões sul-americanos, e o projeto não pára

Campeões sul-americanos, e o projeto não pára

Já havia alguns atletas jovens bastante chamativos em seu elenco, escoltados por americanos e um americano bauruense, o Larry, mais o Murilo. Mas isso não era o suficiente ainda. Enquanto a cidade se envolvia com a coisa, aparece um investidor disposto a colocar grana e comprar, turbinar um projeto. E, a partir do momento em que Bauru começou a por dinheiro, muito dinheiro no mercado, não havia como ignorá-los. Alex, Hettsheimeir, Robert Day,  Jefferson. Muitas contratações, a formação de um supertime.

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Tudo muito legal. Agora, como nossos exemplos da NBA demonstram, com Anderson Varejão podendo dizer uma coisa ou outra a respeito do que se passa em Cleveland agora, a montagem de um elenco estrelado, badalado não vai ser garantia de nada. Tem de ir para a quadra e justificar o tal do hype. O frisson, o burburinho. Não adianta só ter a fama, o nome. Esse fator isolado, na verdade, só atrapalha. Precisa ir para a quadra, então, e ratificar. Mostrar na prática que são os bons, os melhores.

Nesta Liga Sul-Americana 2014, Bauru não deixou dúvidas sobre qual seria o melhor clube. Na final inédita continental, os caras derrotaram Mogi das Cruzes por 79 a 53, nesta quinta-feira, para não deixar dúvidas sobre quem é a bola da vez. O primeiro tempo terminou com uma parcial de 45 a 22 já. É muito. É algo para a concorrência estudar e se precaver. Vão ter de se virar com o que vem por aí.

Festa em Bauru. Já está virando recorrente

Festa em Bauru. Já está virando recorrente

Bauru novamente arremessou mais de três pontos do que de dois. Muito mais, na verdade. Dos 62 chutes, foram 38 de longa distância, o que vale por 61,2%. Para quem é mais purista, isso representa realmente um pesadelo. Mas há fatores complicadores, que podem complicar essas noções. No duelo com Mogi, os bauruenses arriscaram 10 tiros de fora a mais que Mogi. Ainda assim, superaram o adversário em pontos na zona pintada (22 a 20). Um empate que se pode considerar técnico, ok. Mas que, diante do volume de três pontos imposto pelo time da casa, acaba ganhando outro peso.

Em termos de lances livres, no entanto, o volume foi baixíssimo para ambos os lados: apenas 12 para Mogi e módicos 9 para Bauru. Sim, somente 21 lances livres chutados em 40 minutos, num reflexo de um jogo que priorizou a batalha externa à interna. Importante ressaltar: na onda internacional que dá bastante atenção ao jogo fora da linha perimetral, não se descarta as bolas de dois pontos. Pelo contrário: bandejas, enterradas e lances livres são muito bem-vindos por sua eficiência.

Na final, Alex mais passou que finalizou e, com 8 assistências, foi eleito MVP

Na final, Alex mais passou que finalizou e, com 8 assistências, foi eleito MVP

Para derrubar a artilharia de Bauru, então, os adversários estão avisados: muito provavelmente não vai adiantar competir com eles em chutinhos de três. É preciso encontrar outras alternativas ofensivas. Além, claro, da obrigação de combatê-los lá fora como prioridade absoluta . A defesa tem de estar adiantada e bem comunicativa, não pode dar brechas. Do outro lado, a agressividade tem de ser mantida, acompanhada de boa movimentação de bola, de criatividade.

Mogi claramente não conseguiu fazer nada disso na final continental e acabou derrotado de modo inconteste – nem mesmo os minutos reduzidos para Paulão e uma promoção para Thoma Gehrke, com a tentativa de ganhar mais velocidade na cobertura defensiva. Seu ataque promoveu míseras 18 cestas. De novo: foram apenas 18 cestas de quadra em 40 minutos para os visitantes, num aproveitamento de quadra de 25%. O mesmo rendimento que tiveram nos arremessos de fora. Contra Bauru, essa conta não vai fechar nunca – e aí não se pode ignorar a atividade defensiva dos adversários também.

Enfim, não houve nada que Mogi tenha tentado para reverter o curso do favoritismo de seu oponente. Pelo contrário, foi Bauru que se mexeu, com Guerrinha escalando Larry de titular, puxando Day, aquele da Bolsa-Atleta, vindo do banco. Dá muito mais pegada na defesa. E ainda há muito mais o que ser feito nesse time: Fischer e Gui têm o que aprender em fundamentos defensivos e desenvolver em movimentos complementares no ataque, para além de uma primeira bola sugerida;  o antes dominante Murilo ainda precisa esquentar o motor e deixar os problemas no joelho para trás; mesmo os mais jovens com Wesley e Carioca têm potencial para serem aproveitados.

Enquanto a turma ainda vai se ajeitando, Bauru segue em frente em sua trilha de conquistas. Depois de dois Paulistas, agora asseguraram um título sul-americano inédito, e todo o alarde causado por suas contratações vai se justificando com resultados.


Clubes brasileiros asseguram domínio inédito nas Américas
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Giancarlo Giampietro

A loucura de Mogi continua. Final inédita para eles

A loucura de Mogi continua. Final inédita para eles

Já contamos aqui como Bauru e Mogi vão disputar nesta quinta-feira o título da Liga Sul-Americana. Um dado relevante, porém, estava escapando: pela primeira vez na história, um país das Américas – o Brasil, no caso – conseguiu dominar por dois anos seguidos as duas principais competições do continente*. Para aqueles que estão antenados só com a NBA, tem #LSB e a Liga das Américas. De 2013 para cá, ambas têm pertencido a clubes brasileiros.

*Asterisco 1: obviamente estamos tratando do continente da Fiba, né? Sem os irmãos ao Norte da fronteira do México. Caímos naquela mesma discussão de Mundial de Clubes x Copa Intercontinental etc.

*Asterisco 2: só entram na conta aqui os torneios organizados pela Fiba desde 1996, de modo consistente. Desde, então, a Liga Sul-Americana só não foi disputada em 2003; em 2009, houve duas edições. A Liga das Américas passou a ser disputada anualmente desde 2007-08.

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De toda forma, os fatos são estes. Quatro títulos brasileiros em sequência. Não faz muito tempo que as mazelas da seleção nacional contra argentinos caminhavam em simbiose com o âmbito clubístico. “Até quando os times daqui vão perder para os de lá?” – era a incômoda indagação que se fazia, e que agora entrou em desuso.

Jay Jay agora já se acostumou com os clubes brasileiros. Todo respeitoso

Jay Jay agora já se acostumou com os clubes brasileiros. Todo respeitoso

O quanto isso tem a ver com uma evolução do basquete brasileiro e/ou a piora do argentino? Pesa mais o que está dentro ou fora de quadra? O quão determinante são os maiores orçamentos dos clubes nacionais para essa virada? O quanto disso é decorrente da estruturação do NBB? Houve alguma guinada/derrocada atlética de um dos lados?

Enfim, o mais fácil é dizer que o cenário econômico é realmente decisivo. Mas há tantos outros tópicos a serem investigados. Tudo isso exige mais parcimônia na ponderação e também mais tempo para ver se esses resultados serão realmente sustentáveis. Afinal, ainda estamos rodeados de problemas, de bastidor ou refinamento técnico.

Nesta terça-feira, enquanto Bauru e Mogi venciam pelas semifinais da Liga Sul-Americana, Flamengo e Pinheiros não conseguiam entrar em quadra para disputar mais uma rodada do NBB7. Quer dizer, eles até entraram em quadra para se aquecer até que veio uma bomba inesperada: o ginásio do Tijuca ainda não estava liberado para receber o duelo. O jogo, que já não contaria nem com público, foi adiado. Não dá para esquecer a situação triste por que passa Franca. Justo Franca.

Orçamento do Bauru de Guerrinha nesta temporada ainda é coisa rara

Orçamento do Bauru de Guerrinha nesta temporada ainda é coisa rara

Um ponto interessante, todavia, vale destaque: são quatro troféus para quatro clubes diferentes nestas duas temporadas, independentemente do desfecho do duelo Bauru x Mogi. Pinheiros e Flamengo ficaram com a Liga das Américas. Brasília faturou a última Liga Sul-Americana. Agora vai ter um campeão continental inédito.

Brasília já viveu seu período de hegemonia por aqui. No momento, o Flamengo é o time a ser batido – não poderia ter conquistado a #LSB2014, aliás, pelo simples fato de não tê-la disputado. Se mantiver o investimento, Bauru tem tudo para assumir a tocha. Citar esses três clubes em sequência já comprova uma alternância de poder bem-vinda e uma independência de uma eventual superpotência.

Como nos mostra Mogi, subindo um degrau depois do outro, partindo de um torneio Novo Milênio em São Paulo até uma decisão continental, com maior aporte financeiro e retorno de público. Mais um exemplo de que dá para fazer, bastando ter paciência e um projeto sólido. Um pouco de sorte no meio da escalada nunca faz mal. Mesmo que o clube não ganhe o título na quinta-feira, trata-se da história mais saudável nessa ascensão brasileira, significando chances maiores de sucesso duradouro.

*  *  *

Para a Argentina, no biênio 2010-11, para completar quatro títulos continentais seguidos, faltou uma Sul-Americana, a de 2010, que ficou com Brasília, em final brasileira contra o Flamengo. Em 2007-08, faltou aos argentinos uma Liga das Américas, a de 2007. Que não existia ainda, na verdade. Nesse período, conquistaram três títulos com três times diferentes: Libertad de Sunchales e Regatas Corrientes com a Sul-Americana e Peñarol de Mar del Plata com a primeira Liga das Américas.

*  *  *

O Brasil vai subir para sete títulos da #LSB nesta quinta. Ainda faltam cinco para alcançar a Argentina. Nenhum outro país foi campeão do torneio. Na Liga das Américas, são três títulos para cada. A Argentina tem um vice-campeão a mais (2 a 1). O México tem um título, com o Pioneros de Quintana Roo em 2012.


Tyrone para todo lado, e Mogi elimina campeão Brasília
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Giancarlo Giampietro

Acelera, Tyrone. Seja no NBB, ou na Sul-Americana. Ou no rahttps://vinteum.blogosfera.uol.com.br/wp-admin/post.php?post=7819&action=edit#chão no parque...

Acelera, Tyrone. Seja no NBB, ou na Sul-Americana. Ou no rachão no parque…

É comum aqui no blog convidar o leitor para respirar um pouco antes de se eleger o destaque de uma partida, já que a tradição nacional é correr sempre em direção ao cestinha. Na vitória do Mogi sobre o Brasília, por 92 a 70, nesta quarta-feira, para definir a classificação da equipe da casa e também do Bauru à fase final da Liga Sul-Americana, porém, isso certamente não foi necessário.

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Para quem viu o jogo, não há como apontar outra figura que não o norte-americano Tyrone Curnell, um ala-pivô que botou fogo na partida, para deixar a torcida mogiana ainda mais empolgada. É aquilo: eles animam os jogadores, mas os atletas também podem fazer sua parte neste ciclo e fazer as coisas pegarem fogo de vez.

Ao ataque, mais uma vez

Ao ataque, mais uma vez

Foi Tyrone para todo lado. Ele fez tudo o que era esportivamente possível para isso, como suas estatísticas comprovam. Mais do que os 19 pontos (mesma quantia de Filipin, quatro abaixo de Shamell), o que impressiona são os sete roubos de bola, os cinco rebotes e as cinco assistências. Foram 33 minutos de pura energia para o nova-iorquino.

Diante de um Brasília sem pernas, com rotação novamente enxuta devido aos problemas físicos, foi quase injusto o quanto o camisa 88, ex-queridinho da torcida do Palmeiras, correu e incomodou demais seus adversários. Nas suas recuperações, chegou a desarmá-los em embate frontal, mano a mano, mesmo, atacando o drible de um Guilherme Giovannoni ou de um Darington Hobson com voracidade, impulsionando o o jogo em transição. Em outras ocasiões, ele saía em disparada para evitar o contragolpe.

Na imprensa americana, eles costumam usar um termo bem legal para definir esse tipo de comportamento: “motor”. Quando o atleta se empenha tanto em quadra, tem o motor potente. Nesta quarta, Tyrone jogou com um V8 bem barulhento, arrancando com tudo mesmo em meia quadra, para apanhar rebotes ofensivos e forçar muitas faltas (nove lances livres no total foram batidos).

Acelera, Tyrone. Seja no NBB, ou na Sul-Americana. Ou no rachão no parque...

No NBB, correria de Tyrone agora é de Mogi

O que não quer dizer também que ele seja o melhor dos carros, um Mustang em quadra. Tanta dedicação serve também para compensar a falta de refinamento em seu jogo. A mão esquerda é praticamente inexistente. O arremesso de longa distância tem mecânica estranha e não é dos mais confiáveis, ainda que ele esteja trabalhando em cima disso. Entre suas primeira e segunda temporadas pelo Palmeiras, subiu de 58,1% nos lances livres para 79,4% e de 27,2% nos arremessos de três para 36,9%. Em duas rodadas pelo Mogi no NBB7, tem respectivamente 80% e 50% – mas é muito cedo ainda para constatar um novo e significativo salto desses. No Paulista, por exemplo, em 14 partidas, teve 73,7% e 37,5%.

Para ficar em números do estadual, porém, o que mais chama a atenção são os 6 rebotes por jogo e as 2,14 roubadas. Que seguem, vá lá, o padrão de sua carreira no NBB: 5 e 1,5, respectivamente. Esses são dados que reforçam o estilo do americano, uma pegada que vai conquistar sua nova torcida claramente.

Essa entrega e sua capacidade atlética propiciam ao técnico Paco García também uma bem-vinda versatilidade. “Gosto muito assim”, disse ao VinteUm, durante a cerimônia de apresentação do campeonato nacional. “No ano passado, já construímos o time desta forma. Com exceção do Gustavinho, que é um armador-armador, e do Paulão, que é um cinco-cinco, o resto são todos jogadores polivalentes. O Filipin, o Tyrone, o Alemão, o Gerson e outros… São jogadores que nos dão muitas opções. Se você quer um time grande e forte, pode jogar com atletas de mais de 2,00 m. Se quer um time pequeno e rápido, dá para jogar com o Tyrone como 4. Pois cada jogo é um jogo, e você tem de se adaptar à situação. Se vai pedir mais pressão, mais posse e acho que o nosso time  pode ser forte desse jeito.”

O interessante é que, com Tyrone em quadra, num time mais baixo ou alto, o espanhol sabe que aceleração não vai faltar.

*   *   *

Shamell: e o joelho não era o que mais doía

Shamell: e o joelho não era o que mais doía

O cestinha do Mogi, de todo modo, também mereceria uma atenção especial pelo que aconteceu em quadra também além de seus 23 pontos. O veterano ex-Pinheiros deu um susto danado na torcida quando caiu em quadra com seu pé esquerdo em cima de um adversário, virando a perna num ângulo preocupante. Ficou estendido sobre o tablado por um tempinho, recebeu atendimento e saiu mancando. A equipe médica detectou uma hiperextensão no joelho, mas nada grave. Quando voltou do vestiário, o ala subiu, então, numa bicicleta, para se manter quente. Voltou a jogar no quarto período.

Já seria o suficiente para render manchetes. Aí que, ao final da partida, em entrevista ao SporTV, Shamell se mostrava bastante emocionado. Mas não tinha nada a ver com a questão médica que havia acabado de superar. Ele revelou que, na noite anterior, havia perdido seu sogro, falecido. “Fiquei com meus filhos chorando a noite toda. Mas nessas horas tem de vir para cá, jogar”, disse. No fim, o jogo era para extravasar. Com a vaga assegurada.

*   *   *

Mais cedo, o Bauru venceu o Comunikt, do Equador, por 110 a 83. Foi uma partida relativamente equilibrada até o início do terceiro período, quando a equipe paulista desgarrou, assim como havia acontecido na véspera, fazendo 27 a 10. A equipe de Guerrinha apostou novamente num volume altíssimo nos arremessos de longa distância, com 37 de 69 tentativas. Novamente mais do que a metade do total (53,6%). O aproveitamento foi de 54% no geral, com 20 cestas.

O pivô Rafael Hettsheimeir marcou 34 pontos em 32 minutos, na sua melhor atuação desde que retornou da Espanha, com 13-19 (68%) nos arremessos de quadra, sendo que, nas bolas de dois pontos foi praticamente impecável, com 10-12. Todos os cinco titulares anotaram um mínimo de 12 pontos. Outro dado: para as 38 cestas de quadra bauruenses, ocorreram 31 assistências – 13 na conta de Ricardo Fischer.


Bolsa Atleta e Bolsa 3 pontos: o dia do Robert
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Giancarlo Giampietro

O dia do Robert

O dia foi do Robert, com muito ou quase nada o que se falar

Brasileiros e brasileiras, vocês vão desculpar o trocadilho infame, mas é inevitável: o dia 11 de novembro de 2014 do basquete nacional pertenceu a Robert Day. Pela manhã, fora de quadra, o ala norte-americano do Bauru foi o protagonista de uma dessas matérias que só nosso país pode te oferecer. Ao final da tarde, em ação, também fez questão de roubar a pauta para ele em vitória sobre o Brasília pelo quadrangular semifinal da Liga Sul-Americana.

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Brasília? Opa, e veio do Distrito Federal, mesmo, a reportagem do intrépido Daniel Brito que abriu a jornada basqueteira deste blogueiro nesta terça-feira: “Bolsa Atleta do governo federal paga jogador de basquete dos Estados Unidos“. É o tipo de manchete que te faz levantar do sofá, ir ao banheiro novamente e jogar água no rosto. Para ver se despertou direito. Era o caso.

Acontece, mesmo, que Day se cadastrou no programa de beneficiários do Ministério do Esporte, foi aprovado e vem sendo agraciado com a quantia de R$ 925 mensais. Dinheiro público embolsado pelo jogador estrangeiro, que não está nos planos da seleção brasileira, nem nada perto disso.

Nascido em Portland, terra do amável Trail Blazers, há quatro anos no Brasil, o jogador teve seu nome publicado no Diário Oficial no último dia 1º de julho. Os demais detalhes você confere no texto do próprio Daniel. Só adiantamos aqui um dado importante: um dos reforços do badalado elenco de Bauru para esta temporada, o jogador está ganhando algo em torno de R$ 30 mil mensais. Ah, vá. O jeitinho brasileiro contagia.

Segundo o Ministério, a concessão para Day “segue a legislação em vigor”. Consta que o atleta tem enviar sua documentação obrigatória, mas também tem de contar com uma forcinha da CBB, a confederação (ir)responsável pelo esportista. Isto é, não se trata de uma operação ilegal – e tampouco algo sorrateiro. Day contou com a anuência da entidade e de sabe-se lá quantos burocratas. Ninguém que pudesse apelar ao bom senso. Impagável, não? Quer dizer: é pagável, sim. A cada 30 dias.

O que o jogador teria a dizer a respeito? “Nada a declarar”.

Horas depois da publicação da notícia, Day falou, sim, todo sorridente com a reportagem do SporTV. Disse qualquer coisa sobre estar feliz de ter ajudado o time numa vitória importante. Nada sobre a graninha extra. O americano havia acabado de marcar 32 pontos em uma vitória de virada, incrível, do Bauru sobre os atuais campeões sul-americanos: 95 a 87.

Day anotou 32 pontos na partida. Até aí, quase normal. O que pega é que foram 30 pontos só em arremessos de longa distância. Sim, ele matou 10 chutes de fora contra Brasília, em 12 tentativas. Sete delas aconteceram apenas no terceiro período, o da reação, em sequência. Foi como se o americano tivesse ganhado também uma Bolsa de 3 pontos.

Robert Day, e sua Bolsa de 3 pontos entregue por Brasília

Robert Day, e sua Bolsa de 3 pontos entregue por Brasília

Uma façanha, é verdade. De ambas as partes: do cestinha da partida e da defesa adversária, em desatino, perdidinha, vendo o adversário fazer uma arruaça que só na linha perimetral.  A equipe de Guerrinha como um todo acertou dez de suas 15 tentativas no período – 30 de seus 40 pontos no geral. No geral, foram 19 em 43, com 44% de rendimento e 57 pontos.

De novo: inacreditável, aproveitando-se da gritante falta de comunicação dos candangos. A defesa era a maior preocupação de José Carlos Vidal antes de o NBB7 começar e vai seguir um problema difícil de se resolver, enquanto seus gringos ainda buscam entrosamento com os novos companheiros e se adaptam ao estilo praticado aqui.

Muitas das cestas de longe aconteceram com os atletas completamente livres, seja em descida em transição ou em jogadas de pura desatenção em que os comandados de Vidal partiam para o jogo de transição quando a bola não havia nem sido recuperada  no rebote. Resultado: um paulista a tomava e encontrava um companheiro sozinho para o disparo.

O time bauruense se aproveitou: no geral, eles tentaram 43 arremessos de três, contra apenas 35 de dois pontos. Uma loucura, mas o torcedor brasileiro que se acostume. Essa é claramente a proposta de jogo da equipe para a temporada. Nas duas primeiras rodadas do NBB, foram 63 arremessos de fora, contra 62 de dois pontos. Detalhe que, na primeira rodada, já havia enfrentado Brasília, mas com números mais modestos. Foram, na ocasião, 34 bolas de três para 32 de dois e aproveitamento de 32,4%. Na Liga Sul-Americana, o placar de quatro jogos soma 130 bolas de três contra 142 de dois, com 36,2% de acerto.

É uma abordagem ofensiva que vai favorecer, e muito, as qualidades de Robert Day. O americano havia chegado a esta quarta partida do torneio continental com 8 cestas de fora em 18 chutes, um ótimo 44%. Agora elevou sua pontaria para 60% no perímetro e chegou a uma média de 17,5 pontos. São números que justificam o Bolsa Atleta, no fim, não?

Nada a declarar.

*  *  *

A CBB se pronunciou a respeito da Bolsa Atleta recebida por Robert Day. Em seu site, publica uma nota a respeito, na qual afirma que não tem poder de veto ou indicação sobre os atletas beneficiados pelo programa, fornecendo apenas a documentação requisitada: “A concessão do benefício segue legislação própria, a que todos estamos submetidos, e não há como a CBB indicar, facilitar, favorecer ou ajudar de qualquer forma nenhum atleta a receber o benefício. São meras, óbvias e inegáveis informações solicitadas pelos atletas, que os enquadrarão ou não nos critérios estabelecidos para solicitação do benefício, que não proíbem a participação de estrangeiros. A solicitação do benefício somente pode ser feita por cada atleta interessado, nunca pelas entidades de administração esportiva. À CBB não cabe vetar ou indicar atletas”.


Fla abre luta pelo tri com números inflados de ataque (e defesa)
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Giancarlo Giampietro

Vigiar o Flamengo lá na linha de três: é necessário

Vigiar o Flamengo lá na linha de três: é necessário

A concorrência do Flamengo que fique atenta no NBB7: os atuais bicampeões vão se garantindo, por ora, com base em seu poderio ofensivo. Uma artilharia. Em duas partidas, os rubro-negros flertaram com a marca centenária, tendo média de 98 pontos por partida para vencer Paulistano e Liga Sorocabana, fora de casa.

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Um detalhe: nesses dois triunfos, a equipe carioca matou 25 bolas de longa distância. Somou, então 75 pontos, ou 38,2% do seu total com bombas a partir do perímetro – para quem arremessou da linha da NBA em três amistosos da pré-temporada, parece que ficou mais fácil o fundamento, né? Quem quiser derrubar os caras, então, vai ter de fiscalizar bem no perímetro.

Agora, será que o Fla consegue manter um ritmo assim? Difícil, bem difícil. O mais razoável, na briga por um terceiro título consecutivo, seria encontrar um equilíbrio, ainda mais priorizando uma evolução considerável em sua defesa, que também cedeu mais de 90 pontos para a dupla paulista. Na temporada passada, para constar, o time carioca teve médias de 84,7 pontos pró e 76 contra.

Olho no campeão olímpico trintão...

Olho no campeão olímpico trintão…

Ao menos na contenção dos chutes de longa distância a equipe de José Neto vem bem. Somados, Paulistano e LSB acertaram apenas 15/54 (6/24 e 9/30, respectivamente), para um aproveitamento de 27,7%. Neste caso, não valeu a premissa do toma lá, dá cá.

O cestinha flamenguista nessas duas primeiras partidas foi Walter Herrmann, com 38 pontos no total, contra 33 de Marquinhos e 32 de  Marcelinho. O veterano argentino, ainda um craque ao seu modo, é quem vem mais fazendo estragos nos arremessos de fora, com 8/13 (61,5%). Sua habilidade para puxar um dos pivôs para fora do garrafão vem sendo um problema, então, para os adversários, que vão precisar estudá-lo com mais atenção.

Um detalhe: da parte dos sorocabanos, o ataque também vai funcionando, com média de 94 pontos, acima dos 75,9 do campeonato passado. Mas tem muita coisa para rolar ainda.

Sem conclusões precipitadas, é só um registro de duas contagens anormais para o basquete brasileiro neste princípio de campeonato.

*   *   *

Idem para o Bauru e Jefferson William

Idem para o Bauru e Jefferson William

Assim como Herrmann, outro strecht four que fez chover* bolas de três na segunda rodada foi Jefferson William, pelo Bauru. O ala-pivô anotou 30 pontos, dos quais 15 foram em tiros de fora (em nove tentativas). Eitalaiá. Os scouts ligados ao movimento de estatísticas avançadas da NBA ficariam malucos por aqui. Não é segredo que Jefferson gosta desse tipo de jogada. Mas também não foi marcado: seu aproveitamento é de 52,9%, com 9/17. Não deve ser algo sustentável, porém. Em sua carreira no NBB, a média é de 36,9%. Vamos monitorar, uma vez que o time de Guerrinha não faz questão nenhuma de esconder sua predisposição pelos chutes de longa distância, com até cinco atletas abertos em quadra. Na vitória sobre o Basquete Cearense, eles tentaram 29 bolas de três pontos e 30 de dois. Um (des)equilíbrio ao qual não chegaria perto nem mesmo um time maluco por esse tipo de jogo como o Houston Rockets. Em média, o time texano vem com 73,5 arremessos por partida nesta temporada 2014-2015, com 31,3 tentativas exteriores.

(*Sim, uma indireta ao problema com goteiras no ginásio Panela de Pressão, que fez a partida ser adiada. Algo que acontece, sabemos, não pode deveria mais, né? Da parte da cidade, clube e liga.)

*   *   *

Na estreia do técnico Marcel em um NBB, seu Pinheiros venceu o Rio Claro, fora de casa, por 84 a 70, num jogo um tanto maluco. Também uma novidade neste campeonato nacional, os rioclarenses chegaram a virar a partida no segundo tempo e abrir nove pontos no placar, só para tomar um 24 a 11 na última parcial. Não vi a partida. De todo modo, chama a atenção o quinteto titular usado por Marcel: Paulinho teve a companhia dos irmãos Smith, formação com três armadores bastante agressivos. Eles eram protegidos, digamos assim, por dois atletas muito físicos na linha de frente Marcus Toledo e Douglas Kurtz. O trio Paulo-Joe-Jason terminou com 52 pontos –61,9% do total do time da capital. Não só: foram mais 11 assistências, de 15, para o trio, e oito roubos de bola (sete por parte dos americanos). Epa.