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Arquivo : LeBron

Os playoffs começaram! Panorama da Conferência Leste
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Giancarlo Giampietro

Por algumas semanas ou meses, a Conferência Leste prometia mais. Toronto e Washington estavam lá em cima na classificação geral, enquanto o Cleveland enfrentava dificuldades. A ideia era a de que o Cavs se recuperaria, o que eventualmente aconteceu. Mas os dois clubes que despontavam caíram: desde o All-Star Game, estão com aproveitamento abaixo de 50%, inferior ao do Boston Celtics e a do Brooklyn Nets. Seus técnicos procuraram mexer nas rotações, sem conseguir arrumar a casa. Curiosamente, se enfrentam agora para ver quem tem a fase menos pior. E aí que ficamos com os LeBrons em franca ascensão, preparados para derrubar o Atlanta Hawks, soberano no topo da conferência desde janeiro. O Chicago Bulls, irregular, sem conseguir desenvolver a melhor química devido a lesões, corre por fora.

Não deixa de ser irônico que LeBron volte aos playoffs pelo Cleveland justamente contra o Boston Celtics, o time que os eliminou em 2010: um revés de impacto, que levou o astro a repensar os rumos da carreira, "levando seus talentos para South Beach". Agora volta mais maduro e consagrado. Mas a pressão na cidade é a mesma

Não deixa de ser irônico que LeBron volte aos playoffs pelo Cleveland justamente contra o Boston Celtics, o time que os eliminou em 2010: um revés de impacto, que levou o astro a repensar os rumos da carreira, “levando seus talentos para South Beach”. Agora volta mais maduro e consagrado. Mas a pressão na cidade é a mesma

Palpites, que é o que vocês mais gostam
Atlanta em 4 – especialmente se Jarret Jack estiver jogando mais que Deron Williams. Jeff Teague e Dennis Schröder podem dar volta nos veteranos.
Cleveland em 5 – Stevens promete dar trabalho a Blatt num playoff, mas o desnível de talento é muito acentuado.
Chicago em 6 – Milwaukee defende bem e vai tentar cortar a linha de passe para Gasol. Mirotic pode ser importante aqui para espaçar a quadra.
Washington em 7 (juro, antes do 1º jogo) – Pierce jura estar em ótima forma, e John Wall precisa de sua ajuda. Toronto precisa de Lowry a 80%, no mínimo.

Números
77, 3% –
O aproveitamento do Cleveland Cavaliers desde o dia 13 de janeiro, quando LeBron James retornou de suas duas semanas de férias. Foram 34 vitórias e 10 derrotas, a melhor campanha do Leste, com saldo de pontos de 8,5 – também o melhor da conferência. O rendimento de três pontos também foi elevado, o melhor, com 38,2%. Nesse mesmo período, tiveram o ataque mais eficiente e a décima melhor defesa. Sim, você pode dividir a temporada do Cavs em antes e depois das férias (e das trocas também, claro, realizadas nesta mesma época).

Horford foi para o All-Star com mais três companheiros. Quando voltaram, o time não funcionou da mesma forma

Horford foi para o All-Star com mais três companheiros. Quando voltaram, o time não funcionou da mesma forma

60,7% – O aproveitamento do Atlanta Hawks depois do All-Star, abaixo até do Boston Celtics (64,5%). Na temporada, o rendimento foi de 73,2%, o segundo melhor no geral. Mero relaxamento, ou produção de fato mais baixa?

46 – Juntos, Bruno Caboclo e Lucas Bebê somaram apenas 46 minutos em sua primeira campanha de NBA. Foram 23 minutos para cada.

22 – O total de jogadores escalados por Brad Stevens durante a temporada do Boston Celtics. Dá mais de quatro times completos. Fruto das constantes negociações do irrequieto Danny Ainge. De outubro a fevereiro, o dirigente fechou oito trocas diferentes. Houve gente que chegou no meio do campeonato e já foi repassada, como Brandan Wright, Austin Rivers e Jameer Nelson.

12 – Jason Kidd quebrou os padrões de rotação da NBA. Oito, nove homens recebendo tempo de quadra regular? Nada: em Milwaukee,  12 jogadores ativos no elenco do Bucks chegaram ao fim da temporada com mais de 10 minutos em média. Se formos arredondar, pode aumentar esse número para 13, já que Miles Plumlee teve 9,9 minutos desde que foi trocado pelo Phoenix Suns. Giannis Antetokounmpo é quem mais joga, com 31,4, seguido por Michael Carter-Williams (30,3) e Khris Middleton (30,1).

1,6 – É o saldo de Derrick Rose se  pegarmos o número de arremessos de três pontos que ele tentou em média na temporada (5,3) e subtrairmos os lances livres (3,7). Pela primeira vez em sua carreira, o armador do Bulls tentou mais chutes de longa distância do que na linha – excluindo, claro, as dez partidas que disputou na campanha 2013-14. Um claro sinal de como seu jogo se alterou devido ao excesso de cirurgias. O problema é que seu aproveitamento nesses arremessos vem sendo apenas de 28%. O armador obviamente pode ajudar Chicago em seu retorno aos playoffs pela primeira vez em três anos, mas Thibs obviamente enfrenta um dilema aqui: até que ponto precisa envolver o astro no ataque, sem atrapalhar o que Pau Gasol e Jimmy Butler vêm fazendo?

A lesão contra Philly em 2012, que suscitou uma série de cirurgias para Rose; armador volta aos mata-matas, ainda como a grande esperança da torcida de Chicago. Mas o time tem talento o suficiente para não depender exclusivamente de atuações milagrosas do seu xodó

A lesão contra Philly em 2012, que suscitou uma série de cirurgias para Rose; armador volta aos mata-matas, ainda como a grande esperança da torcida de Chicago. Mas o time tem talento o suficiente para não depender exclusivamente de atuações milagrosas do seu xodó

Panorama brasileiro
Nenê é fundamental no plano de jogo do Washingon, especialmente por sua capacidade para marcar. A questão é saber como ele estará fisicamente, depois de ter perdido cinco dos últimos sete jogos do Wizards pela temporada regular, sendo os dois últimos por uma contusão no tornozelo. (PS: a julgar pelo primeiro jogo está muito bem, obrigado). Para os talentosos garotos de Toronto, a expectativa é que ver de perto a atmosfera de um jogo de playoff os motive a treinar duro, duro e duuuuro nas férias para entrar na rotação na próxima temporada. Por ora, o mata-mata serve apenas para tirar os ternos estilosos do armário. Em Cleveland, Anderson Varejão pode quebrar um galho como assistente. Em Murcia, na Espanha, Faverani vai tocando sua reabilitação após uma cirurgia no joelho. Um retorno ao Celtics ainda é possível, em julho.

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Alguns duelos promissores
Kyrie Irving x Isaiah Thomas: Thomas é, de certa forma, uma versão em miniatura de Irving, sendo muito veloz, sempre um perigo com a bola, ainda que um tanto fominha. Mesmo que Kyrie tenha se mostrado mais atento durante essa campanha, por vezes sendo realmente agressivo na pressão, ainda não pode ser considerado um defensor capaz. Vai ter de se esforçar muito para frear o rival. Então é de se imaginar um tiroteio aqui, já que, do outro lado, não há como o tampinha contestar o belíssimo chute da jovem estrela.

O Cleveland tem de tirar o baixinho Thomas do garrafão

O Cleveland tem de tirar o baixinho Thomas do garrafão

John Wall x Kyle Lowry: Wall é pura velocidade, um dos integrantes da impressionante geração de armadores superatléticos a conquistar a liga. Com o tempo, aprendeu a usar suas habilidades fenomenais do modo correto, sendo dominante em transição, mas sabendo ditar o ritmo de jogo e explodir na hora certa em situações de meia quadra. Enxerga seus companheiros como poucos. Já Lowry é um tratorzinho com a bola, usando sua força e uma ou outra artimanha com a bola para ganhar espaço, olhando mais para a cesta. O problema é que ele sofreu bastante nas últimas semanas com dores fortes nas costas. Estilos bem diferentes.

Al Horford x Brook Lopez: por falar em contrastes… Horford é dos pivôs mais ágeis e versáteis que se tem por aí, pontuando com eficiência por todo o perímetro interno, desde a faixa de média distância ao semicírculo. Excelente passador e driblador também, ágil, faz um pouco de tudo em quadra, dando ao Hawks flexibilidade tanto na defesa como no ataque. Um cara especial e subestimado demais. Do outro lado, Lopez recuperou sua boa forma na reta final da temporada. Também estamos falando um cara que pode flutuar por todo o ataque, ainda que seja bem mais eficiente próximo ao garrafão. A diferença: é lento toda a vida e pouco passa a bola, mesmo que não se complique diante de marcação dupla. Na defesa, é muito vulnerável quando  deslocado para longe da zona pintada.

Jimmy Butler x Khris Middleton: Jimmy Butler deu um salto impressionante nessa temporada. Poucos imaginavam que ele poderia funcionar como arma primária no ataque, e em vários jogos do Bulls isso aconteceu, com sucesso. O maior volume de jogo no ataque resultou em queda na defesa – algo que o adversário do Bucks já faz muito bem. Ambos têm uma trajetória parecida como profissionais. Eram destaques universitários que entraram na liga com projeções modestas, mas, quietinhos, foram construindo uma reputação sólida. Mais jovem, Middleton pode usar uma boa atuação nos playoffs para inflar ainda mais sua cotação, sendo já considerado uma opção interessante no mercado de agentes livres que se aproxima.

Ranking de torcidas
1 – Toronto. A torcida mais radical da NBA, que perturba cada jornalista que coloque um mero senão na hora de falar sobre o clube. Lotam a praça Maple Leaf, do lado de fora do ginásio, com hordas e hordas de “nortistas” para assistirem ao jogo num telão. Não existia isso no mundo da liga americana. Os caras já estavam exaltados, e aí veio o gerente geral Masai Ujiri novamente com um clamor incendiário. Um ano depois de mandar Brooklyn se f*#@, subiu ao tablado neste sábado para dizer que não dá a mínima para Paul Pierce, de uma forma menos amorosa, claro. (Mais abaixo.)

2 A – Chicago. Na semana passada, gravamos eu e o chapa Marcelo do Ó, no Sports+, uma série de transmissões com jogos clássicos da liga. E como fazia barulho a galera dessa metrópole blue collar. Há que se entender uma coisa: por maior que seja a cidade, sempre se colocaram numa situação de inferioridade em relação a Nova York, por exemplo. O clima do povo de lá, em geral, ainda é de cidade pequena, tentando mostrar seu valor. Nesse contexto, adotam as franquias locais de um modo especial. Se Rose aprontar, o ginásio explode. Afinal, é o garoto da casa. Teve a maior média de público na temporada.

#OsLoucosDoNorte

#OsLoucosDoNorte

2 B – Boston. Se é para falar em tradição… Bem, esses caras aqui já comemoraram 17 vezes. Imagino a festa que farão neste retorno aos mata-matas após um ano sabático. Só ficam um degrau abaixo, ou meio degrau abaixo pelo  fato de que a equipe não ter lá muita chance. O estilo de jogo é divertido, há jovens valores para se adotar, mas ainda estamos muito distantes dos tempos de Pierce, Garnett e Rondo, caras venerados.

4 – Cleveland. Um público agraciado pelo retorno de LeBron, ainda vivendo uma segunda lua de mel, com a segunda maior média do campeonato. Fora dos playoffs desde 2010, vão muito provavelmente botar para quebrar. Só não vão ter as trombadas de Anderson Varejão para aplaudir. Outros pontos a favor: a belíssima apresentação de seus atletas com projeção 3D na quadra e um DJ dos mais antenados.

5 – Washington. Um grupo um tanto traumatizado por seguidos fracassos na construção de times promissores que acabam não chegando a lugar algum. Agora, têm um legítimo jovem astro por quem torcer, John Wall, e outra aposta em Bradley Beal, além de uma série de veteranos.

6 – Milwaukee. É a segunda pior média do campeonato, mesmo com um time jovem, cheio de potencial, e já fazendo boa campanha. Mas há um fator importante para se ponderar aqui: a ameaça de que a equipe deixe a cidade, devido ao lenga-lenga na aprovação/construção de uma nova arena. Os proprietários pressionam, divulgando na semana passada como seria o projeto. Só não há muito entusiasmo na população local para o investimento de dinheiro público na empreitada. Tendo isso em vista, talvez queiram ao menos conferir os garotos nos playoffs, com a sensação de que “foi bom enquanto durou”. De qualquer forma, a Squad 6 sozinha para superar as duas abaixo.

A possível nova arena de Milwaukee ficaria assim

A possível nova arena de Milwaukee ficaria assim

7 – Atlanta. A despeito da temporada maravilhosa que a equipe fez, sua torcida foi apenas a 17ª torcida no ranking de público.  O tipo de ginásio que precisa da intervenção do DJ para emular o barulho de torcida, na hora de se pedir coisa básica: como “defesa”. Por essas e outras, também a despeito da tradição da franquia, se fosse para escolher arbitrariamente um time para ser realocado para Seattle, apontaria na direção do Hawks. A pasmaceira já vem de longa data.

(…)

15 – Brooklyn. Mas não tem público mais desanimado e desconectado que esse. O que é um contrasenso, se a gente for pensar da relevância do bairro nova-iorquino para a história do jogo. A marca ainda não colou por lá, e esse tipo de coisa demora, mesmo. Não havia Jay-Z que pudesse acelerar o processo.

Meu malvado favorito: Paul Pierce. O ala do Wizards não está mais nem aí. A cada entrevista, solta um comentário cada vez mais raro de se escutar num mundo excessivamente controlado pelas relações públicas. Em bate-papo recente e imperdível com a veterana repórter Jackie MacMullan, falou algumas verdades sobre Deron Williams e Joe Johnson, questionou a paparicação em torno das jovens estrelas da liga. Também disse que não botava fé no Raptors, seu adversário. Depois, disse que não era bem assim. Como se realmente se importasse com a repercussão – deve estar se divertindo com o papel de antagonista a seita #WeTheNorth. Amir Johnson mordeu a isca e retrucou: “É um cara velho, sabe? Ele precisa de algo para se motivar, e acho que é para isso que esses comentários servem. É como quando você usa viagra, para dar uma animada”. A torcida também prestou suas homenagens.

Para não deixar passar batido
Gerente geral do Nets, Billy King vai ter de se concentrar muito no que se passa em quadra agora. Se for pensar no futuro, vai doer a cabeça. Afinal, ao mesmo tempo em que seu time deve se esforçar para não tomar quatro surras do Hawks, sabe que a escolha de Draft deste ano vai ser endereçada ao adversário, mesmo que o time de Mike Budenholzer tenha sido o melhor da conferência. Ainda é um reflexo da famigerada troca por Joe Johnson, na qual o mais correto fosse que Atlanta pagasse a Brooklyn algumas considerações de Draft, já que o time nova-iorquino estaria fazendo um favor ao assimilar o salário mastodôntico do ala, que ainda mata uma ou outra bola decisiva, mas está longe de justificar o salário de mais de US$ 20 milhões. Ao menos, com a classificação aos playoffs, o Nets evitou a cessão de uma escolha de loteria. Imagine o Hawks saltando para as três primeiras posições nesse cenário? Desastre.


Do MVP à maior decepção. Uma lista de prêmios da NBA 2014-15
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Giancarlo Giampietro

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O começo dos playoffs também coincide com as diversas coletivas de imprensa que a NBA vai marcar para anunciar os vencedores dos prêmios individuais da temporada. Ao divulgar a sede – Oakland, Atlanta, Houston etc. –, a liga já indicará o escolhido. Como leva um tempo para organizar cada anúncio, há anos em que a cerimônia pode até ser meio indigesta, creiam. Corre-se o risco de entregar o troféu para um jogador que acabou de ser despachado nos mata-matas, como aconteceu em 2007 com Dirk Nowitzki. Seu Dallas Mavericks havia voado na temporada regular, aparentemente se recuperando bem da derrota para o Miami Heat nas finais da temporada anterior. Mas aí eles deram de frente com o Golden State Warriors de Don Nelson, seu ex-mentor, e acabaram entrando na história como mais um cabeça-de-chave número um a ser  eliminado pelo oitavo colocado. Se formos pensar no equilíbrio da atual Conferência Oeste, corre-se um sério risco.

Mas não há o que fazer: os mata-matas começam quase que imediatamente após o final da temporada regular. Técnicos e scouts se apressam em preparar o estudo sobre seu adversário, para dirimir tudo e passar aos atletas. E a raça que atende pela alcunha de jornalistas também está apressada, tentando colocar no papel uma série de artigos que se replicam, mas parecem inevitáveis. Como o tradicional para revelar suas escolhas para a votação (aqui, no caso, imaginária) dos melhores da temporada.

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(Um parêntese, apenas: neste ano vamos ter um interessante contraponto entre as escolhas dos jornalistas e a dos jogadores. A associação dos atletas decidiu promover uma votação própria. “Os torcedores e os técnicos escolhem os all-stars. A mídia vota nos prêmios da liga. Nossos membros querem reconhecer as performances sensacionais de seus companheiros também. Os jogadores não têm votado para os prêmios desde 1980”, afirmou a advogada e diretora-executiva da entidade, Michele Roberts, em comunicado oficial divulgado na quinta-feira. Serão 10 categorias nessa seleção paralela, definidas pelos jogadores durante o intervalo do All-Star. “A nomenclatura exata para cada prêmio e o programa ainda estão sendo definidos”, diz. O estranho é que os votos foram dados antes do final da temporada. Como os atletas votaram para algo cujo nome ainda nem foi definido? Houve caras que se recusaram a participar do processo. Como John Wall, que levantou um ponto necessário: “Como jogadores, sabemos quem é quem, mas pode ser que nosso orgulho e nosso ego interfira. Pode ser que você não queira ver determinada pessoa ganhar um prêmio. Vai haver gente dizendo que é o MVP, ou o melhor jogador, então nunca vai ter uma disputa justa, na minha opinião.”)

Posto isso, vamos nessa, mas sem poder se estender muito sobre cada eleito. Cada um merecia um post próprio, mas há ainda muito o que ser digitado. Xô, tendinite..

MVP: James Harden
A disputa com Stephen Curry é muito torturante. Você tem muitos argumentos a favor dos dois, expostos aqui já, além de outros candidatos. Mas parece claro que, a essa altura, o troféu vai para Harden ou Curry. Steph é o melhor jogador no melhor time da liga. Faz coisas incríveis com a bola, seja arremessando, a ponto de comemorar uma cesta quando ela não cai, ou driblando, para descadeirar um CP3. Supera Harden em termos de índice de eficiência. Se quiser brincar com mais números, tudo bem. Em geral vai dar o líder do Warriors (e aqui que a gente precisa tomar cuidado com as estatísticas avançadas: de modo geral, os dados de Curry serão fora de série. E ele é brilhante, não temos dúvida. Mas, em termos de avaliação numérica, é muito difícil separar o que cada jogador faz do conjunto da obra de sua equipe. E o Golden State detonou a concorrência). Ainda assim, vou com Sr. Barba, pela carga pesada que carregou durante o campeonato para manter o Houston Rockets bem posicionado na Conferência Oeste – sem o seu astro, seria difícil até imaginar uma classificação aos playoffs. Foi aquele que ficou mais minutos em quadra e que mais cobrou lances livres. E melhorou consideravelmente sua defesa, marcando até mesmo gente como Z-Bo e Blake Griffin. Mais de uma bíblia já foi escrita a respeito da disputa dos dois, e geralmente os artigos todos têm terminado da seguinte maneira: “Veja bem, ambos merecem o prêmio, e a distância entre eles é mínima”. Não me parece que exista realmente uma “escolha errada” aqui. Mas deve dar Curry. Gostaria de ver Anthony Davis logo abaixo dos dois, e talvez a briga do Pelicans até o fim pelo oitavo lugar do Oeste o ajude. Os outros dois votos ficariam entre Wesbrook, LeBron e Chris Paul.

Melhor defensor: Draymond Green
Andrew Bogut é quem protege a cesta e vai ter um papel essencial nos playoffs para que seu time controle as batalhas mais importantes: aquelas da zona pintada. Qualquer torção de tornozelo ou lesão de ombro dele pode causar danos sérios ao favoritismo do Warriors, é verdade. Mas quem dá o recado, quem dita a intensidade da equipe na hora de parar o adversário. Ele é daqueles que fala horrores – mas que justifica tudo em quadra. Além disso, devido ao seu pacote de força física, inteligência, determinação e estatura mediana para a posição (2,01 m) permite a Steve Kerr confiar num sistema de trocas na defesa. É curioso isso: o fato de ser considerado baixo ao deixar a Universidade de Michigan State fez com que caísse para a segunda rodada do Draft. Hoje, é algo que joga a seu favor de modo único – com sua envergadura e senso de posicionamento, consegue marcar grandalhões. Ao mesmo tempo, é flexível o bastante para brecar as infiltrações de alas e armadores. Sua consistência durante todo o ano acaba valendo mais que os esforços impressionantes de Kawhi Leonard na reta final da temporada. Tivesse o jovem astro do Spurs disputado toda a temporada neste ritmo, acho que não haveria dúvida em apontá-lo aqui. Rudy Gobert seria outra escolha tranquila.

>> Os prêmios do 21 no meio da temporada: Oeste
>> Os prêmios do 21 no meio da temporada: Leste

Melhor 6º homem: Lou Williams
Nos momentos de crise, com DeMar DeRozan ou Kyle Lowry afastados, foi Williams quem carregou o Toronto Raptors. Sua habilidade para gerar oportunidades de pontuar por conta própria é vital num ataque que contradiz o ‘modelo Spur’: ao mesmo tempo que o clube canadense teve o terceiro sistema ofensivo mais eficiente do campeonato, ele foi apenas o antepenúltimo em cestas assistidas. Seus percentuais de arremesso são baixos, mas mudam de figura quando você vê o tipo de chute que lhe cabe em quadra, batendo adversários no mano a mano com velocidade e agilidade. Geralmente marcado no perímetro, tentando desafogar a vida de Dwane Casey. Basta conferir seu gráfico de tentativas de cesta e perceber que ele é ma ameaça constante, por toda o perímetro, interno e externo. É um perfil parecido com o de Isaiah Thomas, no fim. Agora, se o baixinho ajudou a devolver o Celtics aos playoffs, o simples fato de ele ter finalizado sua campanha em Boston já serve como um ponto contrário a sua candidatura – houve uma razão para o Phoenix Suns o liberar no mesmo dia em que havia trocado Goran Dragic, e ao que tudo indica ele dá trabalho no dia a dia. Dennis Schröder, Rodney Stuckey e o eterno Jamal Crawford também merecem consideração.

Jogador que mais evoluiu: Hassan Whiteside
Na temporada passada, ele estava no Líbano e na segunda divisão chinesa. Hoje, está posicionado entre os dez jogadores mais eficientes da liga. Em termos de custo-benefício, foi a melhor contratação da temporada. Acho que não precisa ir muito além disso – embora o próprio fato de ele nem ter jogado a temporada passada levante uma questão técnica sobre o prêmio: é possível comparar o desempenho atual com o de um passado um tanto distante? Caso o Utah Jazz tivesse se livrado de Enes Kanter mais cedo, Rudy Gobert poderia desbancá-lo aqui. Seu crescimento também foi impressionante, com o jogo desacelerando  para permitir que ele usasse seus atributos físicos de modo intimidador. Com o francês titular, sua equipe teve a defesa mais eficiente depois do All-Star Game, e foi de longe. Outros caras que vão ganhar votos justos estão no topo e participaram da festa em Nova York: Jimmy Butler e Klay Thompson, que trabalharam sério na virada de um campeonato para o outro e se tornaram cestinhas de elite.

Melhor novato: Andrew Wiggins
Nikola Mirotic arrebentou nos últimos meses da temporada, especialmente quando Rose e Gibson estavam fora de ação. Tem os números avançados mais qualificados. Teve um papel importante em uma equipe que disputou jogos relevantes o campeonato todo, com ambição de título. Mas há dois pontos contra o montenegrino naturalizado sérvio, a meu ver: 1) não podemos nos esquecer que foi apenas a partir de março que ele ganhou minutos significativos, devido aos desfalques na rotação de Thibs – em fevereiro, por exemplo, jogou apenas 14,3; 2) não me sinto confortável em tratar o talentoso ala-pivô como “novato” – não quando ele já ganhou o prêmio de MVP do campeonato espanhol e vários troféus pelo Real Madrid. Tecnicamente ele é um calouro, sim. Na realidade, já é um “jovem veterano”. Então vamos de Andrew Wiggins, que teve o ano mais consistente entre todos os estreantes. Aliás, deu para perceber um padrão aqui, né? A preocupação de não se deixar levar apenas pelo que aconteceu nas semanas finais de campanha. Pode não ter tido o ano mais eficiente, mas conseguiu produzir em um nível elevado para um garoto só completou 20 anos em fevereiro e que mal teve a assistência de Ricky Rubio, ou de qualquer outro veterano para facilitar sua transição. É difícil ter uma exuberância estatística quando seu time tem um elenco inexperiente e estropiado. De qualquer forma, mostrou uma evolução regular mês a mês e dá toda a pinta de que vai se tornar a estrela cantada por olheiros há dois, três anos. Por isso, nas minhas contas, fica acima de Nerlens Noel, Jordan Clarkson e Elfrid Payton, calouros que jogaram muito, mas apenas depois do All-Star.

Melhor técnico: Steve Kerr
Tá, aqui vamos apelar sensivelmente aos números. O Golden State se despediu da temporada regular com o segundo melhor ataque;  a melhor defesa, embora jogue com o ritmo mais acelerado da liga; o melhor saldo de pontos, disparado, e essa é uma estatística notoriamente influente no resultado dos playoffs; melhor em percentual de arremessos, sem importar qual a medição usada; o segundo melhor rendimento em jogos apertados – nas raras ocasiões em que não conseguia atropelar os adversários; o segundo em cestas assistidas… Você precisa vasculhar bastante toda a magnífica seção de estatísticas do NBA.com para encontrar um ou outro ranking em que eles apareçam mal posicionados. Então tudo bem: em aproveitamento de rebotes, ocupam apenas o 12º lugar, sendo que, naqueles mais importantes, os defensivos, estão em 19º. Está certo que Kerr já assumiu uma base sólida, um grupo que havia disputado as últimas duas edições dos playoffs e que cresceu muito na defesa sob a orientação de Mark Jackson. Mas o fato é que o clube deu um salto de 16 vitórias na classificação geral, e desconfio que isso não se deve à chegada de Shaun Livingston, Leandrinho, Justin Holiday e James Michael McAdoo. Não obstante, o final de temporada um tanto morno do Atlanta Hawks acaba facilitando a escolha entre ele e Mike Budenholzer. O que não quer dizer que o treinador dos campeões do Leste não mereça um robusto pergaminho de elogios, ao por também ter elevado seu mesmo grupo a outro patamar. Terry Stotts, sempre subestimado em Portland, Kevin McHale, que revolucionou a defesa do Rockets mesmo com Dwight Howard no estaleiro, Brad Stevens, um mago ao ter endireitado um Boston Celtics em cosntante mutação,  e Jason Kidd, com uma rotação única por sua extensão e uma retaguarda sufocante com o jovem Bucks, são outros nomes que merecem atenção.

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David Griffin terminou a temporada sorrindo

Melhor executivo: David Griffin
Os mais chegados a LeBron James garantem que, se fosse para deixar Miami, apenas um retorno para Cleveland seria possível. Não se sabe até hoje o quanto a franquia de Ohio estava informada a respeito disso. E não importa. Quando a possibilidade de acertar a contratação de James se apresentou, o dirigente já havia tomado todos os passos necessários para acolhê-lo, num trabalho nada fácil: saber usar as escolhas de Draft acumuladas durante meses e meses para abrir espaço no teto salarial, tomando cuidado para não sabotar completamente o futuro da franquia se algo desse errado. Está certo que o segundo movimento – a troca por Kevin Love, cedendo uma promessa como Andrew Wiggins – não teve a repercussão (esportiva) esperada, mas não dá para ignorar o fato de que LBJ praticamente exigiu que a transação fosse feita. De qualquer forma, em meio a uma alarmante crise com menos de 50% da temporada disputada, Griffin foi nobre e valente o bastante para chamar uma coletiva e dar um basta aos rumores sobre uma possível demissão de David Blatt. Depois, voltou ao mercado para buscar reforços que salvassem seu treinador e, ao mesmo tempo, satisfizesse os anseios do astro. Agindo sempre sob uma pressão imensurável, tendo um dos proprietários de clube mais impacientes e ativos na sala ao lado. Bravo. O combo Bob Myers-Jerry West-Travis Schlenk-Kirk Lacob também merece aplausos por um entrosamento único na gestão do Warriors, assim como John Paxson e Gar Forman, que estão desgastadíssimos com Tom Thibodeau, mas deram ao técnico um elenco capaz de relevar as constantes lesões de Derrick Rose.

Por fim, alguns itens alternativos:

Melhor jogador sub-23: Anthony Davis, com 22 anos completos em março.  Steph Curry tem 27. Durant e Wess, 26. Harden, 25. Tim Duncan? 38. LeBron? 30. Assimilem isso.

Melhor segundanista: Rudy Gobert. Desculpe, Giannis. : (

Melhor estrangeiro: Pau Gasol, redivivo em Chicago e líder em double-doubles na temporada. Fica acima de seu irmão, que teve dois meses fantásticos na abertura do campeonato, mas depois caiu um tico.

Melhor brasileiro: Leandrinho? A despeito de seu entra-e-sai na rotação do Warriors. Mas convenhamos que não foi uma temporada das mais produtivas para os selecionáveis, com diversas lesões atrapalhando a trinca Splitter-Nenê-Varejão, da mesma forma que Vitor Faverani acabou dispensado por Boston sem poder mostrar serviço. Em Toronto, os caçulas mal jogaram.

Melhor importação da D-League: Whiteside, surrupiado pelo Miami Heat da toca do Memphis Grizzlies, o Iowa Energy. Aliás, Pat Riley foi o executivo que melhor usou a liga de desenvolvimento este ano. Basta ver como Tyler Johnson chegou ‘pronto’ quando foi promovido. Menção honrosa aqui para Robert Covington, um ala de muito potencial por sua habilidade atlética na defesa e o chute de fora no ataque. Veja aqui todos os jogadores que conseguiram elevar consideravelmente sua renda mensal ao serem chamados pela liga maior.

De Tyler Johnson para Whiteside. Dois D-Leaguers

De Tyler Johnson para Whiteside. Dois D-Leaguers

Melhor resultado de troca: se for pensar no curtíssimo prazo, a chegada de Timofey Mozgov ao Cleveland, por propósitos defensivos e também para animar LeBron, que, segundo consta, quase chorou de alegria ao ver o quão gigante o russo é de perto. Vale mencionar também a contratação de Isaiah Thomas pelo Boston. Sim, teve mais impacto que nomes como Rondo, Jeff Green e Goran Dragic. Ou mesmo Quincy Pondexter, que ajudou o Pelicans a estabilizar sua defesa e ainda recuperou seu arremesso de três pontos. Pensando longe, tudo vai depender de renovações de contrato. Dragic vai ficar em Miami, presumimos. Será que Rondo vai se encontrar em Dallas durante os playoffs? Como o Phoenix vai aproveitar tantas escolhas futuras de Draft? Será que Philly vai descolar o pick do Lakers já neste ano? Enfim, tudo em aberto.

Time mais azarado: Oklahoma City e Indiana Pacers têm uma alta conta hospitalar para competir aqui.

Maior decepção: New York Knicks. Phil Jackson prometeu os playoffs em setembro e terminou o ano falando que enfim tinha um plano para reerguer a franquia. O Los Angeles Lakers não fica muito atrás.

O jogador mais desmiolado: Nick Young, com seus devaneios de grandeza. Você quer acreditar que tudo não passa de uma grande piada, mas, quando percebe o conjunto da obra, começa a duvidar disso. Byron Scott não quer reencontrá-lo de modo algum na próxima temporada.

O dirigente mais intempestivo: Vivek Ranadive, dono do Kings, que demitiu Michael Malone depois o melhor início de campanha da equipe em muito tempo, efetivo Tyrone Corbin (um desastre), depois pressionou Chris Mullin a assumir o cargo durante a temporada para depois frustrar seu “consultor” ao contratar George Karl. Se não fosse o bastante, ainda trouxe Vlade Divac de volta para ser o novo chefão das operações de basquete. Com tudo isso, conseguiu sabotar DeMarcus Cousins de uma forma inacreditável, justamente no primeiro ano que o pivô se comportou do início ao fim. Aliás, Boogie também precisa ser incluído na lista de jogadores que mais evoluíram – e talvez seja hoje o jogador mais subestimado, por isso. Loucura geral.

A notícia que pode ter maior impacto a longo prazo: a NBA, depois de sua última reunião com os proprietários das franquias, indicando que o teto salarial pode passar dos US$ 100 milhões em 2017-18.


Temporada especial: relembre grandes momentos da NBA 2014-15
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Giancarlo Giampietro

“Foi uma temporada e tanto.”

A tendência, ao final de uma jornada de 1.230 jogos, é que sempre falemos isso, né? Pois história não falta para contar. Na hora de separar os principais acontecimentos da campanha 2014-2015 da NBA, porém, dá para perceber que realmente testemunhamos um campeonato especial. Claro que muita coisa chata aconteceu, como as lesões de Durant e Kobe, o empurrão de LeBron em David Blatt, goteira em ginásio, as paralisações constantes no final das partidas, o fundo do poço para Lakers e Knicks e mais alguma coisa. Mas vamos nos apegar a boas lembranças, vai? Então, sem mais delongas, seguem alguns momentos que devem – ou deveriam – ficar guardados na memória dos admiradores em geral da liga americana, ou, pelo menos, das torcidas envolvidas.

nba-season-2014-14-highlights

Tem espaço aí no hard drive? ; )

O Retorno
Sim, a temporada já se tornava marcante antes mesmo de seu início, com LeBron James anunciando que o bom filho a casa tornava (sim, surpreendentemente sem crase, mesmo), se desquitando de Dwyane Wade e Pat Riley. Houve romaria em Cleveland, e as lavanderias devem ter lucrado horrores com o tanto de camisa 23 resgatadas do fundo do baú, quiçá até mofadas. Para aqueles que tostaram, rasgaram ou picharam seus antigos uniformes, o jeito era abrir a carteira. Estudos e estudos foram divulgados para mostrar qual seria o impacto para a economia da cidade e de Ohio. A euforia só cresceu quando ficou claro que uma troca por Kevin Love estaria orquestrada. No fim, demorou um pouco para as coisas se acertarem, com o astro fazendo uma primeira metade de campeonato muito aquém do esperado, mas, depois de duas semanas de férias e de duas trocas certeiras, o Cavs decolou. Aqui, vale abrir espaço para dois episódios memoráveis que são consequência direta da mudança de South Beach para Akron. O Rio de Janeiro teve a sorte de sediar um jogo de pré-temporada que colocaria LBJ pela primeira vez contra seus ex-companheiros, enquanto o primeiro jogo oficial acabou reservado, claro, para a tradicional rodada natalina. Orgulhoso que só, Wade jogou demais e conduziu o Miami ao triunfo.

A carta, a volta, o rei

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A estreia de Caboclo e Bebê
A vida é engraçada, né? Dependendo do ponto de vista e do contexto, um jogo aparentemente insignificante entre Toronto Raptors e Milwaukee Bucks, no qual o time canadense trucidou o adversário, pode se tornar especial. Para o público brasileiro, talvez tenha sido a noite de maior algazarra. A história, afinal, era muito legal – desde a seleção do ala do Pinheiros numa surpreendente 20ª posição do Draft. Havia rumores de promessa, mas ninguém imaginava escutar seu nome na primeira rodada. O movimento gerou alta expectativa, tanto dos radicais torcedores do Raptors como no público daqui. E aí que, naquela sexta-feira 21 de novembro, ele foi para a quadra pela primeira vez num jogo oficial (depois de aquecer na Liga de Verão e na pré-temporada). Duas bolas de três pontos, uma ponte aérea maluca para Caboclo, e a loucura instaurada na América-do-Norte-ao-Sul. Lucas Bebê também foi chamado para a festa. A Internet quase quebrou, de tanto frenesi. Um blogueiro varou a madrugada imaginando o diário de um adolescente. Quem viu, viu. No final, porém, essa noite acabou sendo um acontecimento isolado. O gás do Toronto Raptors acabou cedo, as lavadas minguaram, e o ala só teria algum tempo de quadra significativo na D-League, se tanto. Até que a central do zum-zum-zum da liga contou o que estava acontecendo: problemas fora de quadra, com muita imaturidade deixando o caminho para seu desenvolvimento ainda mais intrincado. Bebê ao menos ainda voltaria a jogar também pela D-League, produzindo mais. Mas, ao final da temporada de calouro, o progresso da dupla ainda é um mistério. Mas o YouTube vai ter sempre isto:

Kobe supera Jordan. Literalmente
Foi no dia 14 de dezembro, em Minnesota. Muito melhor teria sido no Staples Center. Mas, enfim. Os deuses do basquete escolheram o ginásio do Timberwolves para esse marco. Com dois lances livres, o já ancião ala-armador do Lakers desbancou Sua Alteza Michael Jordan na lista de cestinhas históricos da NBA,  assumindo o terceiro post, logo abaixo de Kareem Abdul-Jabbar e Karl Malone, com 32.293 pontos. Nada mal, hein? Diga-me com quem andas… Ao menos a torcida e a gerência do Target Center tiveram a grandeza de celebrar o ocorrido, aplaudindo uma lenda viva em quadra. Kobe terminou a partida com 26 pontos, numa vitória por 100 a 94. Foi uma aberração de numa noite em meio a uma temporada deprimente da franquia. (Ah, em mais uma campanha em que as lesões o derrotaram, Kobe também conseguiu um recorde daqueles que já não orgulha tanto: desbancou John Havliceck, o ídolo do Boston dos anos 60 e 70, para se tornar o atleta da NBA que mais desperdiçou arremessos na história. Eram, então, 13.418 chutes errados.)

(Se for para falar de registros históricos, não dá para deixar Dirk Nowitzki de fora, né? De modo bem mais discreto, como de praxe, o alemão também vem subindo a ladeira dos maiores pontuadores que a NBA já viu. Entre 11 de novembro e 5 de janeiro, o genial líder do Mavs deixou passa Hakeem Olajuwon, Elvin Hayes e Moses Malone para trás – curiosamente, três pivôs com passagem pelo Houston Rockets –, para alcançar a sétima posição na lista. Além disso, ao ultrapassar Olajuwon, Dirk se tornou o principal cestinha estrangeiro da liga, em vitória de virada sobre o Sacramento, com um característico chute de média distância. Depois, no dia 24 de março, ao apanhar seu rebote de número 10 mil, o craque inaugurou um clube só seu, tendo também mais de 25 mil ponto. 1.000 tocos e 1.000 cestas de três pontos em sua carreira. Prost!)

Klay Thompson: incendiário
Depois dessa exibição, as mensagens de texto com o seguinte dizer – ALERTA KLAY THOMPSON – ganha um outro sentido. Vai obrigar você a dar pause no Netflix, a abandonar a mesa de jantar, a levantar a coberta, seja o que for, e ligar a TV ou o computador. O que o ala do Warriors fez contra o Sacramento não existe. Ou melhor, não existia até o dia 23 de janeiro. Com as mãos flamejantes e estabelecendo uma série de recordes, deixou toda a liga em estado de choque ao marcar 37 pontos no terceiro período. É difícil de processar isso ainda hoje. Ele finalizou a partida com 52 pontos no geral. Mas um detalhe: apenas 33 minutos. Numa projeção por 48 minutos, teria feito 75. (Para eternizar o apelido de Splash Brothers, Stephen Curry também passou da marca cinquentenária ao fazer 51 contra o Dallas Mavericks menos de duas semanas depois. E os dois se amam, não há rivalidade nenhuma.)

Uncle Drew em quadra
Ou: a noite em que LeBron James teve certeza de que havia tomado a decisão certa. Foi quando Kyrie Irving torturou a defesa do San Antonio Spurs ao marcar 57 pontos naquele que foi um dos melhores jogos do campeonato. Contando o minuto final do tempo regulamentar e a prorrogação, ele marcou 20 pontos – três a mais que toda a equipe texana. O tipo de atuação que também força os jornalistas a fuçar mais uma vez nos livros de recordes e que trouxe o Uncle Drew para uma quadra de verdade. Desta forma, o armador do Cavs terminou com as duas maiores contagens do ano, depois de já ter marcado 55 pontos contra o Portland Trail Blazers, numa partida em que seu companheiro mais famoso estava apenas na plateia.

Aqui, vale gastar mais algumas linhas e segundos para lembrarmos outras atuações magníficas do ano. Entre elas, constam os 50 pontos de James Harden contra o Denver Nuggets no dia 19 de março, dos quais quase a metade vieram em lances livres. O ala-armador do Rockets converteu 22 de 25 lances livres numa partida que é emblemática – não teve fanfarra nenhuma para o Sr. Barba, uma vez que lances livres são, hã, entediantes. Mas muito eficientes, de qualquer maneira. Harden ainda faria 51 pontos em vitória sobre o Kings, com oito bolas de longa distância. Aliás: o Sacramento é uma constante aqui. Também não podemos nos esquecer dos improváveis 52 pontos de Maurice Williams contra o Indiana Pacers.

A tempestade Russell Westbrook
Sem Kevin Durant, o enfezado alienígena de OKC se viu sem amarras nesta temporada, e os críticos tiveram de aturar toda a sua exuberância atlética. Resultado: uma sequência de triple-doubles assustadora. Ao todo, Wess conseguiu 11 jogos dessa natureza, mais que o dobro do segundo colocado na lista, Harden, e mais que o triplo de Michael Carter-Williams, Evan Turner e Rajon Rondo. De 24 de fevereiro a 4 de março, foram quatro em sequência, sendo o primeiro a conseguir essa façanha desde Michael Jordan em 1989. Teve linhas como 49 pontos, 15 rebotes e 10 assistências contra o Sixers e 40 pontos, 13 rebotes e 11 assistências contra o Blazers. Em março, suas médias foram de 30,9 pontos, 10,2 assistências e 8,5 rebotes. Em abril, 32,5 pontos, 8,1 assistências e 8,0 rebotes. Ironicamente, de certo para os mesmos críticos, quando somou 54 pontos (com quase incontáveis 43 arremessos), 9 rebotes e 8 assistências contra o Pacers, o Thunder saiu derrotado, e foi esse o revés que acabou tirando o time dos playoffs.

Mascarado, com marra e muita explosão em quadra

Mascarado, com marra e muita explosão em quadra

Atlanta Hawks, o MVP do mês
Depois de tantas performances individuais destacadas, que tal abrir um espacinho, então, para um esforço coletivo admirável? A NBA teve essa grande ao eleger todo o quinteto titular do Atlanta Hawks para o prêmio de MVP do Leste no mês de janeiro. Most Valuable Players, afinal. Sim, como você vai escolher um atleta num time em que as peças se encaixam perfeitamente? Korver atrai marcadores – e, se eles não comparecem, pune essa mesma defesa na linha de três. Jeff Teague quebra a primeira linha defensiva e passa justamente para Korver. Paul Millsap e Al Horford pontuam por todo o perímetro interno, são confiáveis nos rebotes e solidários. DeMarre Carroll tem de marcar os LeBrons da vida. Com esse conjunto, o Hawks terminou janeiro com 17 vitórias em 17 partidas e se tornou primeiro time da história a concluir um mês invicto.

MVP, MVP, MVP e MVP. Cheio de MVP

MVP, MVP, MVP e MVP. Cheio de MVP

Triplas prorrogações
A terceira semana de dezembro foi a prova máxima da brutalidade do Oeste da NBA, como Gregg Popovich pode confirmar. O Spurs teve dois jogos seguidos com três prorrogações, contra Grizzlies e Blazers. Foram mais de duas horas de basquete, e os atuais são campeões saíram derrotados em ambas. O Grizzlies, na véspera da batalha com o Spurs, havia batido o Golden State Warriors, encerrando uma sequência de 16 triunfos do líder da conferência. Um verdadeiro bangue-bangue.

Cirurgia candelada
LaMarcus Aldridge era para ter aumentado a lista de baixas da temporada. No dia 22 janeiro, o Portland Trail Blazers anunciou que o pivô precisava passar por uma cirurgia na mão esquerda, devido uma ruptura de tendão. A operação o tiraria de quadra por seis a oito semanas. Numa conferência tão competitiva, isso poderia significar uma derrocada para a equipe – sem menosprezar o talento de Damian Lillard, claro. Pois, 48 horas depois, Aldridge surpreenderia a torcida e a liga ao anunciar que ignoraria as recomendações médicas e seguiria em quadra. No mesmo dia, marcou 26 pontos e pegou 9 rebotes em vitória sobre o Washington Wizards. Nos dois jogos seguintes, somou 75 pontos e 22 rebotes. Demais. Wes Matthews, porém, não teve a mesma sorte. Não dá para ignorar uma cirurgia por conta de uma ruptura no tendão de Aquiles. Depois da cirurgia, porém, o aguerrido ala também mostrou como a química em Portland é algo especial: já com alta hospitalar, viu o time vencer o Houston Rockets fardado em casa:

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Vida em trânsito
O último dia para a realização de trocas na temporada foi uma verdadeira loucura, com um recorde de 39 jogadores e 17 times envolvidos, num total de 12 negociações.  Foi, na verdade, uma temporada com muitas mudanças.  Muita gente se antecipou e foi às compras mais cedo. Como o Dallas Mavericks, que acertou uma troca inesperada por Rajon Rondo em dezembro. O Boston Celtics, aliás, agitou geral, despachando sete atletas durante toda a campanha – o que só enaltece o papel do técnico Brad Stevens ao levar essa metamorfose ambulante aos playoffs. A negociação precoce de Rondo gerou um momento bacana também. Apenas duas semanas depois do negócio, Rondo retornou a Boston e recebeu bela homenagem no telão do Garden. Daqueles atletas de coração aparentemente pétreo, Rondo quase chorou. Quaaase:

A serventia da casa
Já Stan Van Gundy não teve paciência para esperar a data final de trocas, numa possível tentativa de encontrar um novo lar para Josh Smith. De forma abrupta, o técnico (e presidente) do Detroit Pistons decidiu demitir o talentoso, mas inconstante ala-pivô. Smith simplesmente não conseguiu se encaixar na rotação com Andre Drummond e Greg Monroe. Chegava a enervar o novo comandante e os torcedores com sua predisposição ao chute de três, sem pontaria alguma, e as diversas partidas com a cabeça nas nuvens. Em vez de procurar interessados, SVG usou sua autonomia total no clube e simplesmente comunicou a Smith que ele estava fora. Na rua, mesmo, causando espanto geral. O ala vai receber o seu salário na íntegra, mesmo prestando serviços para outro clube. De qualquer forma, com o movimento, o Pistons abriu espaço em sua folha salarial na próxima temporada, por ter, digamos, parcelado os vencimentos de Smith. A ver se a moda pega… (O Houston Rockets gostou e o contratou rapidamente. No Texas, tem rendido um pouco mais, sem dar trabalho nenhum dentro e fora de quadra.)

A saideira
Um campeonato desses só poderia terminar com uma noite eletrizante, com muita coisa em aberto. E Anthony Davis enfim conseguiu centralizar as manchetes ao liderar o New Orleans Pelicans a uma grande vitória sobre o San Antonio Spurs para assegurar sua estreia nos playoffs, tirando Westbrook do páreo. Com 31 pontos, 13 rebotes, 3 tocos, 2 assistências e 2 roubos de bola, ainda complicou a vida dos atuais campeões. A comemoração em N’awlins foi como a de um título. Mais que merecida: não só a temporada do jovem ala-pivô pedia mais atenção, como sua diretoria acabou premiada, depois de ver tantas transações questionadas surtirem efeito. Além disso, a classificação do Pelicans deixou a Divisão Sudoeste 100% nos mata-matas. Todos os seus cinco integrantes chegaram lá, sendo apenas a terceira vez na história que isso acontece e a primeira em nove anos. Com uma diferença: foi a primeira vez que todo o quinteto teve aproveitamento superior a 50% na temporada.

Faltou algo? Alguma memória particular?


Toda a indecisão na hora de escolher o MVP da NBA
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Giancarlo Giampietro

James-Harden-Steph-Curry

Para alguns times, restam dez jogos na temporada. A essa altura do campeonato, já era para a discussão ter acabado. Já era para termos a resposta clara. Mas, não: nessa reta final, é bem provável que sua opinião vá mudar a cada rodada. Simplesmente não dá para saber quem vai ser eleito o MVP da temporada 2014-15 da NBA. Todos os principais candidatos têm ótimos argumentos a seu favor. Os ‘senãos’ são poucos. Você pode tentar uma análise mais fria, por números. Você pode apelar ao sentimentalismo. E tudo seguirá embaralhado. As diferentes linhas de raciocínio geralmente giram em torno de tópicos como o melhor jogador no melhor time, aquele jogador que seria mais insubstituível, o melhor nas estatísticas, a melhor narrativa (sim, não deveria ter muito a ver, mas sempre influencia) e uma ou outra fagulha a mais. Pensando nisso, vamos tentar entender o que está na mesa nessa disputa, avaliando os cinco principais candidatos. Quer dizer, aqueles que supostamente formariam esse quinteto:

Stephen Curry
Com seu talento o arremesso e controle de bola, Curry impulsiona o ataque mais poderoso da NBA. Suas bombas de três pontos talvez sejam o lance mais celebrado da liga hoje. Todo mundo ama Curry e o Warriors – e deveriam, mesmo. O que tem para desgostar aqui? Seu  jogo realmente é extremamente vistoso e eficiente. O cara chuta oito bolas de longa distância por partida e converte 42% delas, muitas geradas em jogadas individuais – algo ridículo. A partir do momento em que cruza a metade da quadra, vira uma ameaça que aterroriza as defesas. De um ano para cá, também vem mudando defende bem melhor do que lhe dão crédito. Seus números? Temos: 23,3 pontos e 7,9 assistências, mais 4,3 rebotes e 2,1 roubos de bola. E quer saber do que mais? Ele só joga 32 minutos por partida, o que deveria fortalecer sua candidatura em relação a estatísticas. Porém, esse acaba se tornando o principal ponto para quem quiser optar por outro nome. Curry é o melhor jogador no melhor time da liga – um time tão bom que massacra os oponentes em três períodos e pode poupar seu astro no quarto final. Mas é justo atingir o armador pela força do time? Digo, se ele sai, e Klay Thompson ainda pode fazer 37 pontos num quarto, por que penalizá-lo? Pode-se argumentar tranquilamente que o Golden State seria uma excelente equipe com Kyrie Irving ou John Wall em seu lugar. Mas o pacote único de habilidades do filho do Dell e irmão do Seth é o que leva o clube a outro patamar, certo? Ou errado? Essa é a pergunta-chave. Pela popularidade – mas não só por isso –, parece o favorito.

James Harden
Se formos levar em conta tudo o que Curry tem de excitante em quadra, Harden parece gravitar no outro espectro. Do ponto de vista de eficiência, da “jogada certa” – tanto para os caras da velha escola, como para a turma analítica –, o Sr. Barba é aquele que mais cobra lances livres na NBA. Para conseguir isso sendo um ala-armador de 1,95 m de altura, só dá para dizer que o cara tem um talento especial. Funciona bem demais. Só não faz ninguém levantar da cadeira. Quem é o doido que via gritar no ginásio, ou na frente da TV algo na linha de: “Isso! Harden conseguiu cavar mais uma falta! Vamos aos lances livres!”? Isso depõe contra o astro do Rockets na votação, embora não devesse. Pontos são pontos, não importando se vêm num torpedo de três pontos a dois passos do meio da quadra, ou em uma cravada aparentemente impossível de completar. O que ele tem (muito) ao seu favor, por outro lado, é a lesão de Dwight Howard. O fato de Houston estar na luta pela segunda posição dessa brutal Conferência Oeste mesmo com o pivô se aproximando da marca de 40 jogos de afastamento. Seja quem estiver ao seu lado, Harden não pára, embora apanhe bastante, liderando a liga em minutos e lances livres cobrados. O estilo de jogo praticado pelo time e pelo jogador requer força física e mental. Nesse sistema, Harden o barbudo é insubstituível. Alvo de chacota na temporada passada, ele agora segue adiante.

Anthony Davis
Já mencionei isso aqui e ali, mas não custa reforçar: o estimado Monocelha está cumprindo a temporada com um dos maiores índices de eficiência da história. Acima de qualquer campanha de Jordan. De Lebron. Shaq, Malone, Magic e Bird também. O que não quer dizer que ele seja melhor que esses caras. Mas, mesmo para os mais descrentes em relação aos números, não é possível que esse dado não chame a atenção que seus 31,4 pontos de PER só não superem os 31,8 de Wilt Chamberlain em 1963, numa época em que o legendário pivô era a maior aberração atlética do planeta. São 24,6 pontos, 10,4 rebotes, 2,9 tocos, 2,0 assistências, 1,4 roubo de bola e 54,6% nos arremessos de quadra e 82,8% nos lances livres. Afe. Quer mais números? Tudo dissecado aqui. E a produção do ala-pivô não é inócua. Apesar dos desfalques, o Pelicans ainda segue na briga para ir aos playoffs. Muito por conta do que a jovem estrela anda fazendo no decorrer das partidas, mas especialmente nos momentos decisivos dos jogos, segundo instigante levantamento do analista Tom Haberstroh, do ESPN.com, com base em dados clutch do promissor site Inpredictable.com. Aos 21 anos, o garoto já foi o atleta mais decisivo do campeonato, galera. Então veja bem: não  é apenas um caso de coletar dados. O que pega é que, por mais que seja uma estrela emergente, a impressão que se tem é a de que poucos o admiram como ele merece, pelo fato de seu time aparecer pouco na TV. Fora isso, Davis desfalcou o Pelicans por 14 jogos na temporada, com um acúmulo preocupante de leves contusões ou graves lesões.

Russell Westbrook
Tantos triple-doubles. A sobrevivência sem o atual MVP. A exposição constante na TV – e em todos os clipes de seus lances totalmente amalucados, seus ataques assustadores ao aro no YouTube, nas redes sociais. Todo o som e a a fúria, saca? E, neste ano, sem Durant ao seu lado, Wess não tem nem mesmo de responder ao questionamento habitual – e muitas vezes justo – de que seria um fominha desmiolado, inconsequente e matador de aves raras. Agora, veam só como o mundo dá voltas, como é bonito o ciclo da vida: é melhor que ele esfomeie!  Ou você gostaria que ele passasse para Dion Waiters e Andre Roberson toda hora? Uma bolinha para Enes Kanter no garrafão, outra para Anthony Morrow na zona morta, alguma ponte para Steven Adams, e estão todos quites. As pessoas pontuam, ele consegue assistências e acumula seus recordes. O senão aqui é o fato de ele ter perdido um mês de temporada, devido a uma fratura na mão totalmente estraga-prazer. Além disso, nos poucos jogos que Durant jogou, OKC conseguiu seu melhor rendimento: 66,6% (18-9). Sem ele, o número cai para 51,% (22-21), abaixo de Suns e Pelicans. Teríamos um time ocupando a décima posição do Oeste hoje. E, se Anthony Davis não pode ser o MVP fora dos playoffs, logo, Westbrook…

LeBron James
Aqui, temos o cara que se enquadra na categoria de “Melhor Jogador de Sua Era”. Ainda. Mas é o mesmo cara tirou meses de férias (extraoficiais) até realmente parar por duas semanas para botar a cabeça e o corpo em dia. Desde que voltou, o Cavs decolou na direção da equipe que todos imaginamos que iria se tornar. Um detalhe, porém: também não podemos nos esquecer que a chegada de Timo!!!, JR e Shumpert deu uma bela ajuda nessa arrancada também. De qualquer forma, LeBron realmente retornou rejuvenescido, empolgado e, caraca, até mesmo elogiando seu técnico. Que coisa! Só acho um tanto curioso que ele seja elogiado por isso. Pensando em dois fatores: 1) como se ele não tivesse responsabilidade alguma antes da pausa, ainda mais depois de escrever uma carta em revista nacional sobre o quanto estava amando retornar para a quadra; 2) se estamos elogiando LBJ pelo que ele está fazendo agora, isso quer dizer que o que estava acontecendo antes não era tão bom, né? Tentando não ser tão cruel, dá para ponderar que, após quatro finais seguidas e com toda a emoção de voltar para a casa, que seria mais que natural que o craque abaixasse a guarda por um tempo. OK, é isso, mesmo, é algo que tem de ser levado em conta. Curry e Harden, por outro lado, não têm nada a ver com isso. Em termos de consistência, não parece certo que estivessem abaixo do capitão do Cavs em qualquer lista. Ainda assim, o cara se chama LeBron James, com fama de rei.

Menções honrosas para… LaMarcus Aldridge, que não deveria nem mesmo estar em quadra devido a uma lesão de ligamento na mão esquerda – problema, aliás, agravado no domingo – e lidera a liga em cestas de quadra, é o oitavo em médias de minutos, o sexto em pontos e o oitavo em rebotes pelo Blazers… Chris Paul, que manteve o Clippers vencendo durante o período de ausência de Blake Griffin e lidera a temporada em assistências… E Marc Gasol, que teve seus momentos de brilhantismo na primeira metade da temporada pelo Grizzlies.

PS: Harden seria o meu escolhido hoje, um tico acima de Curry pela carga maior que ele leva. Mas, sério, não dá para ter convicção disso.


Os 57 pontos de Irving. Ou: “Que jogo!”, estrelando Uncle Drew
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Giancarlo Giampietro

LeBron curtindo o novo 'parça'

LeBron curtindo o novo ‘parça’

Não tenho certeza, mas pode ser que a frase “What a game!” tenha virado um dos tópicos mais comentados na noite desta quinta-feira, madrugada de sexta aqui no Brasil. Um palpite, depois de abrir o Twitter agora de manhã e ver muita gente da NBA embasbacada com os 57 pontos de Kyrie Irving numa vitória incrível de seu Cleveland Cavaliers contra o Spurs, em San Antonio, com direito a prorrogação forçada no estouro do cronômetro, prorrogação e virada.

Foi, sim, daquelas partidas que podem ser consideradas, vá lá, “épicas”. Taí um termo que, ao lado de “mito”, se fosse extirpado do dicionário, causaria sérios problemas ao jornalismo esportivo brasileiro. De tão banal ficou seu uso, acaba perdendo o significado, né? Entre as acepções, temos: “Qualificativo das grandes composições em que o poeta canta uma ação heroica”.

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Irving pode até ter cantarolado alguma coisa no vestiário, enquanto se banhava, mas a gente definitivamente não precisa se apegar ao pé da letra nesse caso. O armador/cestinha do Cavs realizou uma grande composição, mesmo, no Texas. E, sim, foi também uma ação heroica, estabelecendo o recorde de pontos da temporada. Detalhe: a marca anterior também havia sido dele, com 55 contra Portland Trail Blazers, em Cleveland, no dia 28 de janeiro. Naquela noite, porém, LeBron não estava em quadra. Os dois vão se entendendo mais e mais.

A exibição do jogador nascido em Melbourne, Austrália, tem tudo a ver com o desfecho eletrizante do confronto, com o armador anotando 27 pontos no quarto período. O que levou a rapaziada da liga a uma reação em cadeia:

Perceberam o elemento em comum, né? Que jogo!   O CJ Miles, que mal havia acabado de celebrar a vitória do Indiana Pacers também na prorrogação contra o Milwaukee Bucks, foi quem saiu da linha:  

Uncle Drew. O basqueteiro mais ligadão já sabe do que estamos falando. Para aqueles que ficaram boiando, porém, é a personagem que a Pepsi inventou em torno de Irving para… Vender refrigerantes, claro . Não sei bem o que leva uma coisa à outra, mas a ideia foi disfarçar o jogador de velhinho e levá-lo a uma quadra de rua em algum lugar dos confins da América. A galera nem dá bola para o grisalho na hora de formar os times, ele começa a partida enferrujada, até que, de supetão, passa a dominar a parada. Era o Tio Drew mandando ver. Quantas latinhas eles venderam nessa, não tem a conta para checar. Mas o marqueteiro foi bem, não há como negar, e teve até mesmo sequência para a propaganda, com a participação de Kevin Love, vejam só.

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Dito tudo isso, assim como fizemos com Klay Thompson e seus 37 pontos em apenas um quarto, vamos examinar a atuação (na vida real) de Irving em números:

57 – OK, os 57 pontos são um novo recorde pessoal para Kyrie Irving, a franquia e a temporada. Os 55 que ele havia feito contra o Blazers era o máximo que tinha até o momento. Para os Cavs, os 56 pontos de LeBron contra o Toronto Raptors, em 2005, ficaram para trás. Além disso, foi o máximo de pontos que alguém conseguiu numa quadra de NBA desde os 63 de LeBron, pelo Miami, contra o Charlotte Bobcats em março de 2014. E não pára por aí: uma defesa comandada por Gregg Popovich jamais havia permitido tal contagem. Ainda igualou o recorde de pontos feito contra o Spurs (Purvis Short, pelo Warriors, em 1983-84).

55 – Desde a década de 90,  somente outros dois jogadores conseguiram superar a marca de 55 pontos em ao menos duas ocasiões na mesma temporada: Michael Jordan (1993) e Kobe Bryant (2006 e 2007). Essa estatística é um cortesia de Ben Golliver, da Sports Illustrated. Desde a temporada 2009-10, só Irving e Kevin Durant passaram dos 50 pontos em dois jogos

Chute contestado? Pfff...

Chute contestado? Pfff…

30 – Segundo dado levantado pelo veteraníssimo jornalista Mike Monroe, setorista do Spurs há décadas, 30 dos 32 arremessos que Irving tentou em San Antonio foram contestados por ao menos um defensor. (PS: como se chega a esse número? Graças ao sistema SportVU, aquele que está instalado em todas as arenas da liga e grava para, depois, digamos, digitalizar e aglomerar todas as ações que se passam em uma partida.)

22 – A idade do garoto. Ele vai completar 23 no dia 22 de março. Só LeBron e o legendário Ricky Barry conseguiram múltiplos jogos de 50 pontos com antes de soprar 23 velinhas.

13 – Os Cavs agora venceram 13 dos últimos 14 jogos contra equipes da Conferência Oeste, vindo de duas vitórias seguidas no Texas, o que não é mole para ninguém. A única derrota? Aconteceu justamente no mesmo estado, contra o Houston Rockets, na prorrogação. Kyrie Irving não jogou aquela.

10 – Numa noite como essa, ninguém nem liga para o fato de que Irving converteu 10 de seus 10 lances livres. É natural se concentrar nas 7 de 7 na linha de três pontos.

9 – O armador marcou nove pontos apenas no minuto final do tempo regulamentar, para garantir a prorrogação. Em cinco minutos, então, ele fez mais 11 – batendo o Spurs, sozinho, por 20 a 17 durante essa sequência. Sua média na temporada é de 22 pontos. A da carreira, 21.

2 – Esta foi apenas a segunda vez na história em que o Spurs acertou pelo menos 56% de seus arremessos de quadra na era Tim Duncan/Gregg Popovich e o jogo não terminou com um triunfo para a dupla. Irving derrubou então um… Mito. “Se vai precisar de uma atuação dessas para nos derrotar, então estamos em um ótimo lugar. Foi uma performance grandiosa”, disse Tony Parker.

*    *    *

De todas as aspas que saíram após o jogo, a que mais me chamou a atenção foi esta aqui de Irving: “Se meu cotovelo estiver apontado para o aro, sinto que o arremesso tem uma grande chance de entrar. Aprendi isso com o Kobe”. Ele estava se referindo ao seu chute milagroso para prorrogar o jogo. Demais, né? Resta saber se houve algum dia em que o Tio Kobe puxou o moleque de canto para passar esse macete, ou se isso vem de estudo de vídeo. Provavelmente é a primeira opção, o que ajuda a desmistificar a imagem de arrogante/pária em torno do astro do Lakers e, ao mesmo tempo, mostra a moral que Irving já tinha na liga, para que ele seja um dos Escolhidos do craque, recebendo conselhos. Aposto que Dwight Howard nunca ouviu algo parecido.

*   *   *

Mike Miller saiu do vestiário dos Cavs balançando o par de tênis calçado por Irving em quadra. Estavam autografados. Sabe o nome disso? Química.

*    *    *

O que impressiona mais? O grau de dificuldade de alguns de seus arremessos. Ele sobe desequilibrado, pressionado, e não importa: a bola produz um som lindo quando estoura a redinha:

*    *    *

Enquanto isso, em Miami…


Fim de semana das estrelas, com entretenimento: parte final
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Giancarlo Giampietro

As mascotes infláveis. Só mais uma das atrações da noite (e a melhor, para mim)

As mascotes infláveis. Só mais uma das atrações da noite (e a melhor, para mim)

Acho que o basqueteiro mais purista precisa aceitar, de uma vez por todas, que o fim de semana All-Star da NBA tem propósitos de entretenimento. Ou que, pelo menos, o aspecto de diversão do esporte se sobrepõe ao de competitivo. Pelo menos por três dias, gente. Temos 82 partidas da temporada regular para nos preocuparmos com quem está vencendo – ou entregando – jogos para valer.

Neste ano, a convite do Canal Space, fiz minha primeira cobertura do evento ao vivo. Faz diferença. Ainda que o alcance de audiência TV seja infinitamente maior que o dos felizardos ou abnegados que decidiram comprar um dos ingressos para o Barclays Center ou o Madison Square Guarden, que tenhamos HD e atee Ultra HD, televisores enormes, som estéreo etc. etc. etc., não se pode ignorar que algumas coisas têm impacto maior para quem está no ginásio. Ainda mais com os próprios telões enormes ali para complementar o que está sendo visto ao vivo – aliás, o público reagiu sempre muito mais a qualquer brincadeira veiculada no telão do que nos trechos de Jersey Boys, Mamma Mia! e Chicago que vimos.

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Pegue, por exemplo, a partida deste domingo. Entre o aquecimento dos atletas e o apito final, foram três apresentações de números da Broadway e dois shows de popstars. Mais as intervenções das mascotes, que, acreditem, funciona muito mais com a visão geral da quadra. Figuras. Você pode até não gostar de uma coisa ou de outra – como foi o meu caso com a senhorita Ariana Grande, já correndo o risco aqui de irritar seus mais de 20 milhões de seguidores do Twitter. Mas a festa é bem armada e extrapola, e muito, o limite das quatro linhas. Literalmente, para quem viu o palco permanente montado atrás de uma das cestas.

A partida não tem defesa? Tem arremessos de três pontos a mais de dois metros da linha, tem ponte aérea, não tem defesa etc. etc. etc. Mas, num universo em que se contesta muito as lesões dos atletas, em que o clamor por menos jogos na temporada cresce, não vamos querer realmente que LeBron James entre em quadra sedento para fazer Klay Thompson ou Damien Lillard zerarem.

O Oeste venceu por 163 a 158, com um recorde de 321 pontos combinados entre ambas as seleções, os minutos finais tiveram um certo suspense, e tal, mas não dá para analisar o jogo como se fosse uma partida qualquer.

Seguem umas notas, então, do que reparei na plateia:

– Bill Clinton foi a personalidade mais aplaudida no Garden, e de longe, deixando Jay-Z, Beyoncé e Rihanna na saudade. Pega essa, cultura pop. Até Dwyane Wade foi tietá-lo antes do início do segundo tempo, pedindo uma foto. Para o meu gosto, o ator Ethan Hawke era aquele que merecia aplausos de pê pelo combo Boyhood, Dia de Treinamento e a trilogia de Antes do Amanhecer, mas tudo bem.

– Clinton e os milicos estavam no ginásio, mas não se iludam: quem anda naquilo tudo é o Little CP3, que, em determinados momentos, iria até o banco de reservas e se sentava ao lado do pai, empurrando algum companheiro de time para o lado.

Pequeno Chris não perde uma

Pequeno Chris não perde uma

– De novo: não dá para crucificar ninguém, mas parece que Carmelo Anthony decidiu encerrar suas atividades nesta temporada antes mesmo de o Jogo das Estrelas começar. O ala anfitrião teve diversos arremessos livres, mas não acertou a mão, desperdiçando 14 de 20 chutes. Com 14 pontos dele e apenas três de Kevin Durant, tivemos apenas 17 no geral para os dois últimos jogadores a vencer o prêmio de cestinha da liga. Devido a dores crônicas no joelho, essa pode ter sido a despedida melancólica de Melo nesta temporada absolutamente deprimente do Knicks.

– Os jogadores mais empolgantes de se ver foram Stephen Curry e Russell Westbrook. Cada ao seu modo, né? Curry com seu controle de bola fenomenal, por vezes ignorado devido a sua habilidade no arremesso, enquanto o MVP Wess desafia as leis da física em suas arrancadas corriqueiras. Além do mas, houve momento em que baixou o santo de Kyle Korver nele nos tiros de fora. LeBron James, do seu lado, consegue combinar um pouco dos dois astros em seu jogo.

– Por falar em Korver, ele terminou com 21 pontos, todos eles em arremessos de longa distância. Quando a bola não caía, ele ficava realmente nervoso. Não por ter lhe custado algum recorde – mas pelo simples fato de que o ala do Hawks parece, hoje em dia, não acreditar que seja possível que a bola bata no aro e caia fora da cesta.

– Foi por apenas um minutinho que o técnico Mike Budenholzer pôde fazer um exercício hipotético no qual seu Hawks tivesse Jeff Teague, Korver, Paul Millsap e Al Horford acompanhados por… LeBron James na ala, em vez do valente DeMarre Carroll. O Rei só foi escalado para acompanhar o quarteto por um breve momento no terceiro período, até dar o lugar a Jimmy Butler.

– O lance mais engraçado, para mim, aconteceu no primeiro tempo ainda, quando Dirk Nowitzki desafio as recomendações ortopédicas e saltou para completar uma ponte aérea de Stephen Curry com uma enterrada. O astro alemão, depois, fez uma graça em quadra, empolgado que só com aquela que talvez tenha sido sua primeira enterrada desde o título de 2011.  : )

– O Garden é a meca, sim. Mas o retorno ao ginásio do Knicks depois de ter passado duas noites no Barclays Center proporciona um contraste incrível. O clima da torcida em Manhattan, vaiando airball de LeBron, tendo boas sacadas durante a partida, porém, acaba compensando.

– Pelos corredores do ginásio, em um giro pré-jogo, foi possível visualizar os aposentados Kevin Willis e Jason Collins, além do jovem ala-armador Victor  Oladipo, o único que sonhou em desafiar Zach LaVine no torneio de enterradas. O legal é que o rapaz do Orlando Magic, sem crecencial vip nenhuma, foi reconhecido aos poucos pelo público, enquanto batia o maior papo com um amigo. Pelo que vi, depois da primeira, porém, ficou mais de dez minutos tirando fotos com quem se aproximava.

Oladipo, no meio da galera

Oladipo, no meio da galera

Para fechar, segundo números extraoficiais, os cinco primeiros dias em NYC, até a conclusão do ASG, tiveram:

18 viagens de metrô
1 corrida de táxi
2 carona de ônibus
1 princípio de gripe
2 cheesebúrgueres (juro!)
1 pedaço de pizza
6 donuts
11 chocolates quentes


Notas de um fim de semana de estrelas: parte 1
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Giancarlo Giampietro

Já é sábado, mas essas são notas sobre uma looooonga sexta-feira de puro amor basquete em Nova York, longe da Senhora 21 em pleno Valentine’s Day, mas ao lado de um monte de gente enorme, que te faz parecer totalmente insignificante. Sério: se quiserem passar o dia perto de jogadores de basquete, é preciso primeiro sentar no divã na véspera. Ou fazer um semestre de coaching. Cada um na sua.

Existe toda uma dificuldade logística que não permite que um blogueiro brasileiro atualize tudo em cima do lance, como pedem os tempos de 60/24/7/365. Os eventos são bem espaçados, a conexão sem fio nem sempre funciona etc. etc. etc. E as informações vão se acumulando. Coisa que não justifica um post único aqui para este espaço, mas que, juntas, podem valer alguma coisa. Então é hora de soltar algumas notas e impressões sobre o primeiro dia de atividades, hã, oficiais do All-Star Weekend da NBA:

– Num universo paralelo, a liga americana também está organizando, com ajuda da Fiba, mais uma edição do Basketball without Borders, o camp que reúne a garotada do mundo todo. Neste ano, são mais de 40 inscritos, vindo de mais de 20 países, incluindo dois brasileiros: o armador Guilherme Santos e o pivô Yuri Sena, ambos de 17 anos e do Bauru. Eles estão reunidos no ginásio do Baruch College, no Midtown nova-iorquino, cercados de olheiros por todos os lados. Segue abaixo um vídeo que dá um panorama da área de trabalho com treinadores:

Aqui está Guilherme, que chama a atenção por seu porte físico e capacidade atlética – mas ainda é muito cedo para tirar qualquer conclusão:

Guilherme trabalhando com armadores sob orientação de Jama Mahlalela, do Raptors

Guilherme trabalhando com armadores sob orientação de Jama Mahlalela, do Raptors

E aqui está um vídeo curtinho com Yuri, que lembra, e muito, seu irmão Wesley, que já recebe tempo de quadra aqui e ali pelo time principal bauruense. Dá para ver o tipo de exercício que ficam executando, até trabalhar movimentação de bola e se agruparem para coletivos ao final da sessão:

– O principal nome entre as dezenas de inscritos é a sensação croata Dragan Bender, que vai fazer 18 anos apenas em novembro. Então vale sempre a menção atenuante para termos como “principal” e “sensação”. De qualquer forma, o jogador de 2,13 m de altura chama, mesmo, a atenção. O modo como se movimenta com a bola é impressionante, para alguém de sua idade e pouca experiência. Está claro que ainda precisa fortalecer a base, para ganhar mais equilíbrio, mas tem potencial enorme. Já está sob contrato com o Maccabi Tel Aviv há quase um ano, num movimento inovador do gigante israelense, que vinha investindo pouco em jovens talentos. O Maccabi inclusive enviou seu gerente geral para a festa: Nikola Vujcic, compatriota de Bender que se consagrou como jogador da equipe israelense na década passada. Foi um craque, mesmo. Aqui está o reencontro dos dois gigantes croatas, rodeados por uma criançada do Maccabi, que assistia aos exercícios com muita atenção:

Uma lenda croata (d) e uma aposta do país, para se juntar a Saric e Hezonja

Uma lenda croata (d) e uma aposta do país, para se juntar a Saric e Hezonja

– O BwB começou com atraso, o que me impediu de acompanhar os coletivos até o fim. Tive de sair correndo em direção ao hotel que acolheu os protagonistas do fim de semana: os integrantes das seleções do Leste e do Oeste. Quando cheguei ao Sheraton, na Times Square, foi aquele choque pelo volume de profissionais de mídia presentes – como já relatei em texto sobre Tim Duncan. A NBA estima que 600 estiveram presentes para entrevistas nesta sexta. LeBron, Carmelo e Stephen Curry foram os mais concorridos, claro. Mas surpreendeu também o volume de gente em volta dos irmãos Gasol, cada um ao seu tempo (primeiro falou a turma do Oeste, depois veio a do Leste).

– Ah, sobre entrevistas… Foi engraçado notar que, em meio ao caos, a estação de Russell Westbrook até que estava bem tranquila. Na hora, imaginei: é por que ele não está falando nada. E foi isso, mesmo. Wess apelou a sua rotina de sempre, respondendo as perguntas mais pertinentes ou birutas com quatro ou cinco palavras. Isso quando não se limitava a dizer apenas “não”. Então, ao contrário do que aconteceu com Marc Gasol, ao menos era possível vê-lo. Não perdi tempo – e o respeito próprio, aliás – para me aproximar, mas deveria ter filmado a cena. #FailGeral

"Ambos os times executaram muito bem seus planos de jogo"

“Ambos os times executaram muito bem seus planos de jogo”

– Outro que atrai multidões: Rudy Gobert, com diversos franceses em sua cola durante os eventos em torno do jogo das estrelas ascendentes. Tanto em atividade descontraída na quinta, como no pós-jogo desta sexta. São muitos os jornalistas europeus credenciados para a cobertura, com poloneses, croatas e mais. Para os franceses, faz muito sentido, já que são dez seus representantes na liga americana. O Brasil, em compensação, com seis jogadores, tem, que eu tenha visto, apenas quatro jornalistas confirmados, sendo que três vieram a convite do Canal Space, como o caso deste blogueiro. A galera da Espanha, com cinco atletas, causa um alvoroço. Para constar.

C'est un monstre! Gobert encontrou diversos compatriotas na zona mista

C’est un monstre! Gobert encontrou diversos compatriotas na zona mista

– Por falar em Gobert… Mon Dieu! Se em quadra ele consegue intimidar um Mason Plumlee, imagine lado a lado na sala de entrevistas? O mais espigão do dia. Durante o jogo, proporcionou realmente excelentes momentos, com tocos assustadores, mesmo para cima de Mason P, um pivô de 2,11 m, ágil e experiente já. O jovem pivô francês veio para ficar, acostumem-se. Foi prudente da parte do agente de Enes Kanter abrir uma campanha para tirar o turco de lá.

– Imagino só um time de verdade com Exum, Wiggins, Giannis, Mirotic e Gobert, como vimos em alguns momentos nessa sexta. Nas mãos do Jason Kidd. Seria demais. Envergadura é pouco. Potencial para uma defesa sufocante – uma versão turbinadíssima do que o Milwaukee Bucks faz hoje –, além da versatilidade no ataque, com chute, arranque para a cesta, presença física no garrafão e muita velocidade. Afe.

– Zach LaVine é muito mais explosivo que Andrew Wiggins – e, ao que tudo indica, vai deixar sua marca no torneio de enterradas deste sábado. Mas a leveza como o canadense se desloca pela quadra é cativante. Parece que está andando sobre a água, flutuando na verdade.


 -Presenciamos também o momento histórico em que um integrante da família Plumlee dividiu a quadra com um Zeller. Os Plumlee, vocês sabem, são uma dinastia da Universidade de Duke, tendo o Coach K como conselheiro. Miles, Mason e agora o Marshall por lá. No ex-jogo dos novatos, Mason P, que é o filho do meio em seu clã, teve como companheiro o Cody Z, o caçula da outra gangue. Ficaria estranho, mesmo, se a companhia fosse de Tyler Zeller, que teve uma carreira produtiva pela Universidade de North Carolina – o ala-pivô do Hornets jogou em Indiana. Ao menos os deuses do basquete universitário nos pouparam dessa.

– Contagem de consumo até aqui:

11 viagens de metrô
1 corrida de táxi
1 carona de ônibus, com Rick Rox e Brent Barry, emperrado no trânsito
1 cheeseburguer (juro!)
4 donuts
8 chocolates quentes


All-Star só evidencia a enorme engrenagem do marketing em torno da NBA
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Giancarlo Giampietro

NBA, marketing, adidas, nyc, all-star

Peça promocional no corredor de entrada do MSG

Todo mundo sabe que, dentre tantas as coisas que a NBA conduz com maestria, o marketing aparece no topo da lista. Até o intelectual mais introvertido ou esnobe, que tem ojeriza ao esporte, seja qual for a modalidade, deve ter tomado nota a respeito disso.

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Em Nova York, a liga obviamente botou as manguinhas de fora para promover o espetáculo do All-Star Weekend, seu final de semana das estrelas. Afinal, as atividades oficiais para o evento já começaram nesta quinta-feira. Sem contar que, além de italianos, chineses, gregos, egípcios, paquistaneses, coreanos, porto-riquenhos e, sim, brasileiros, muito brasileiros, a metrópole mais legal do mundo dá abrigo também a Adam Silver e sua turma. Devidamente acomodados na avenida Madison.

(Parêntese: se a nossa Avenida Brasil fez estrondoso sucesso no Plim-Plim, chegou a hora de uma série americana dar conta de Madison Avenue. É um baita nome, convenhamos, rivalizando com Melrose Place. De qualquer forma, pensando bem, talvez nenhuma série vai fazer mais justiça a essa vizinhança do que Mad Men nos ofereceu nos últimos anos. Fim de digressão.)

O próprio fato de termos um Fim de Semana das Estrelas, em vez de um isolado Jogo das Estrelas, é uma das tantas evidências desse tino comercial arrojado e bem sacado. Para que se limitar a duas, três horas de um domingo, se a quinta, a sexta e o sábado estão por aí para fazer companhia?

Na sexta, ocupa-se do antigo jogo dos novatos, hoje jogo das Estrelas Ascendentes, colocando mais gente no pedaço, com o atrativo de separar estrangeiros e americanos – algo que muitos torcedores e jornalistas já sonharam e especularam, mas que, por ora, não dá para fazer na competição principal. Desnível absurdo, mesmo que Tim Duncan e Kyrie Irving fossem para o lado dos gringos. Kevin Durant também poderia dar uma força, se tivesse em sua ficha sua verdadeira origem marciana. A sexta, aliás, será dividida em duas frentes, com a rapaziada mais nova em Brooklyn e as celebridades no Madison Square Garden.

Essa é a novidade, aliás. A liga ocupando dois ginásios sensacionais para fazer sua festa. A casa do Brooklyn também verá as competições de enterradas e arremessos, enquanto o Garden recebe O Jogo, mesmo. Mas não fica nisso: a Long Island University e o Baruch College também cedem quadras para treino. Hotéis são ocupados para eventos e propósitos administrativos. E por aí vai.

Se você for circular pelas ruas de Manhattan e Brooklyn – desde que com muito cuidado, pois é gelo para tudo que é lado –, não terá como ignorar o evento. São cartazes e telões por toda a parte, sempre dando um jeito de incluir Michael Jordan, que não faz mal nenhum.

MJ nasceu no Brooklyn, como nos relembra o cartaz do outro lado da Flatbush avenue, de frente para a entrada principal do Barclays Center. Sua Alteza, porém, cresceu na Carolina do Norte e se formou como jogador por lá, antes de se mudar para Chicago e curtir a vida

MJ nasceu no Brooklyn, como nos relembra o cartaz do outro lado da Flatbush avenue, de frente para a entrada principal do Barclays Center. Sua Alteza, porém, cresceu na Carolina do Norte e se formou como jogador por lá, antes de se mudar para Chicago e curtir a vida

Mas aqui chamo a atenção para algo mais profundo que as piadinhas de sempre: a NBA não está sozinha nessa. Diversas marcas também pegam carona nessa e transformam os veículos de marketing da liga em um grande comboio. E não são necessariamente apenas os parceiros oficiais, gente. Todo mundo quer estar perto disso. Não só por ser a maneira de se envolver como o produto geral que é a liga, mas também para valorizar suas próprias marcas, mesmo que elas não possam comparecer ao evento, seja por corte devido a lesões (é, Blake Griffin e estimado Monocelha, já estão fazendo falta…), seja por exclusão da lista, mesmo (Joe Johnson até hoje circula pelos ônibus, todo deslocado).

Nesse ponto que é bom relembrar que, no discurso dos dirigentes da NBA no momento do anúncio de parceria com a LNB, marketing e setor comercial foram as prioridades. Por outro lado, na hora de avaliar a liga brasileira, é sempre bom tomar cuidado ao fazer paralelos. Nos Estados Unidos, temos toda uma cadeia produtiva construída. É uma engrenagem enorme em movimento. No Brasil, nem mesmo o futebol faz as coisas dessa forma.

Você pode imaginar que, em meio a toda essa divulgação, maior batalha envolve as gigantes de material esportivo. A adidas acompanha o campeonato em tempo integral. A Nike se vê obrigada a comer pelas beiradas, investindo nos jogadores. Mas vocês também veem diariamente como as duas operam, né? Nenhuma vai se dar por vencida facilmente, proporcionando sempre uma boa briga. O swoosh, inclusive, ocupa uma loja em espaço nobre ao lado da entrada principal do Garden que é de fazer cair o queixo. City of Hoops, se chama. A Penn Station e o Atlantic Terminal também estão envelopados pela companhia. Em briga de gente grande, melhor não mexer.

Os jogadores são arrastados para o meio dessa saudável confusão. Lucro na certa. E não estão limitados a pôsteres. Também tem ação ao vivo para eles. Então que tal uma sessão de autógrafos de cards com Trey Burke numa loja gigante no centro de Manhattan, que já está toda tomada por produtos do All-Star Game? E uma aparição de Mason Plumlee e o do Zach LaVine na loja do Barclays Center? E o Klay Thompson? E um bate-bola entre Tobias Harris e Giannis Antetokounmpo em outro canto da cidade?

Sim, os personagens periféricos ganham espaço, divulgados como gente grande – enquanto LeBron James consegue se promover (e fazer boas ações) por conta própria, renovando centros esportivos para a criançada. A comercialização pode ser agressiva demais, mas, na verdade, ganham todos nessa, incluindo os torcedores, que têm a chance de entrar em contato com os jogadores, mesmo que não tenham os valiosos ingressos. Torcedores, mas pode chamar de consumidores.


Prêmios! Prêmios! Os melhores do Leste antes do All-Star
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Giancarlo Giampietro

Estamos na fase de premiação, né? Logo mais o Boyhood deve, precisa, merece ganhar os prêmios mais importantes na cerimônia do Oscar. Bem longe do glamour de Hollywood, aqui na base do conglomerado 21, sediado na Vila Bugrão paulistana, é hora de olhar para o que aconteceu em mais de metade da temporada da NBA e distribuir elogios. Claro que elogios totalmente irrelevantes para os astros da NBA, mas tudo bem.

De primeira, saímos com a Conferência Leste, que é uma tristeza que só, com exceção desta galera aqui:

MVP, MVP, MVP e MVP. Cheio de MVP

MVP, MVP, MVP e MVP. Cheio de MVP

MVP: O quinteto do Atlanta Hawks. Se a NBA pode escolher, oficialmente, os cinco para “Jogador do Mês de Janeiro”, por que um blog raé do Brasil não poderia? Al Horford, com suas múltiplas habilidades, é o principal jogado do líder da conferência, mas não dá para pinçar um, e só, no jogo bonito de Atlanta. A influência de Korver é muito difícil de ser medida em estatísticas, mas obviamente que as defesas entram em pânico diante da possibilidade de ele ficar livre por dois centímetros na linha de três pontos. Paul Millsap, com seu arsenal ofensivo impressionante, dá a Mike Budenholzer muita flexibilidade. Jeff Teague vai resolver as coisas na hora do aperto, entrando no garrafão com facilidade. DeMarre Carroll faz o serviço sujo e ainda desenvolveu seu tiro exterior. Esse time é uma verdadeira máquina.

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>> 30 times, 30 fichas sobre a NBA 2014-2015

Lowry mereceria o prêmio em novembro, dezembro talvez, mas deu uma esfriada. John Wall já o superaria, para mim, devido a sua consistência e imposição física em quadra. Pelo andar da carruagem, porém, um certo Rei de Cleveland deve aparecer aqui ao final da temporada, como o MVP do Leste – mas que dificilmente vai recuperar o terreno perdido, nas minhas contas, para Monocelha, Curry e Harden no geral. LeBron vem jogando muito desde que retornou de sua licença premiada, mas isso significa que, por ora, são apenas algumas semanas de alto nível (para os seus padrões). Antes de sua parada, para botar o corpo e a cuca em dia, o astro reclamou demais e deu contribuição significativa para os tropeços do Cavs. Ah, e Pau Gasol, rejuvenescido longe da sombra de Mike D’Antoni, lidera a liga em double-doubles, com 33 até esta segunda-feira.

Melhor treinador: Mike Budenholzer. Por causa disto tudo aqui. É muito difícil instaurar o tipo de química que vemos em quadra em Atlanta, gente, e o Coach Bud aprendeu direitinho depois de anos e anos como assistente de Gregg Popovich. Jason Kidd, guiando um elenco jovem, valente e extremamente versátil em Milwaukee, seria minha segunda opção. Acho que muitos subestimaram a qualidade do plantel do Bucks. Mas não esperava que fosse encontrá-los com aproveitamento superior a 50% no início de fevereiro. Kidd começou muito mal como chefe do Brooklyn Nets na temporada passada, mas se ajustou no decorrer da campanha e se revela um treinador do tipo que adoro: aquele que sabe aproveitar o que tem em mãos, em vez de forçar os jogadores a se entregarem completamente ao ‘seu’ sistema. Dwane Casey também precisa ser mencionado, pelo excelente trabalho que faz em Toronto há um tempinho já. Outro elenco que rende muito mais por conta de química do que pelo talento individual de suas peças.

Sobra até Derrick Favors para Middleton na defesa

Sobra até Derrick Favors para Middleton na defesa

Melhor defensor: Khris Middleton. Quem? James Khristian Middleton, nascido em Charleston, no dia 12 de agosto de 1991. Ele, mesmo, o ala titular do Milwaukee Bucks que está envolvido diretamente no esquema agressivo orquestrado por Jason Kidd. O técnico quer ver seus atletas trocando a marcação constantemente. Isso requer muita atenção aos detalhes e, ao mesmo tempo, perna firme e resistente. Middleton, aos 2,01 m, é forte e ágil para dar conta de marcar um ala-armador ou um ala-pivô (isso, claro, se não for um brutamontes como David West ou um gigante que nem Pau Gasol… Vai depender de quem estar do outro lado). Na melhor defesa da conferência, ele causa o maior impacto: o Bucks toma 8,9 pontos a mais, a cada 100 posses de bola, quando ele está descansando no banco.

DeMarre Carroll e Al Horford oferecem a mesma versatilidade ao Hawks. John Wall pressiona demais o drible do adversário com agilidade e tamanho, e ainda protege o aro em transição e vindo do lado contrário e comanda a forte defesa do Wizards, com uma boa ajuda de Nenê na cobertura. Quando Michael Kidd-Gilchrist está em forma, o Charlotte Hornets se posiciona entre as dez melhores retaguardas.  É muito estranho escrever este parágrafo sem mencionar Joakim Noah e Taj Gibson, mas, ao que parece, os anos de trabalho puxado com Thibs cobram, invariavelmente, um preço. Os dois não têm conseguido repetir as performances sensacionais do campeonato passado, e acredito que isso tem muito mais a ver com um desgaste físico e mental do que a chegada de Pau Gasol, que lhes rouba minutos e toques.

Melhor sexto homem: Lou Williams. Um Jamal Crawford mais baixinho, mas muuuuito mais eficiente, . A missão de Lou é criar arremessos por conta própria.  Rasual Butler – virge! – já resolveu uma porção de jogos para o Wizards saindo do banco 98,5% das vezes com a mão já pegando fogo. Aaron Brooks se encaixou perfeitamente no módulo de “Armador Tampinha Reserva do Chicago Bulls”, mas ninguém mais parece notar sua existência. Dennis Schröder causa o mesmo impacto pelo Hawks. Em Milwaukee, são diversos reservas qualificados, mas nenhum que desponte.

Em Toronto, é "Loooooooouuuu" sempre que ele pega na bola

Em Toronto, é “Loooooooouuuu” sempre que ele pega na bola

Jogador que mais evoluiu: Hassan Whiteside. Ele jogou o ano passado no Líbano. Hoje, representa uma dor-de-cabeça para 29 equipes que não lhe ofereceram nem mesmo um contrato não-garantido antes de a bola subir. Mais detalhes aqui. O engraçado é que Jimmy Butler, até outro dia desses, parecia a maior barbada de toda a liga nessa categoria, independentemente da conferência. O que o ala do Bulls ralou para elevar seu jogo ao patamar de All-Star vale como exemplo para qualquer jogador subestimado na liga. Talvez seja precipitado indicar Whiteside, pelo fato de ele ter jogado pouco até agora. Vamos ver se dura até o final da temporada. Jeff Teague também deu um belo salto, passando de jogador “ok, muito bom” para “putz grila, excelente”, algo nem sempre fácil de se fazer.

Melhor novato: Nikola Mirotic. O que é uma injustiça, né? De calouro, o montenegrino naturalizado espanhol não tem nada. Muito menos a barba. De qualquer forma, poder qualificar Mirotic “tecnicamente” como novato nos livra a cara aqui, pois seria difícil seguir em outra rota. As lesões não deixaram Jabari Parker, Marcus Smart e Aaron Gordon competir adequadamente aqui. Elfrid Payton é o estreante que joga mais pressionado, com máxima responsabilidade devido a sua posição, e faz um trabalho competente em diversas esferas menos aquela que pede cestas – o mesmo problema para Nerlens Noel.

Primeiro time
Jowh Wall
Kyle Lowry
Jimmy Butler
LeBron James
Al Horford

Segundo time
Jeff Teague
Dwyane Wade
Kyle Korver
Paul Millsap
Pau Gasol

Terceiro time
Kyrie Irving
Brandon Knight
Khris Middleton
Chris Bosh
Greg Monroe

Observações: fiquei entre Kemba Walker e Brandon Knight na terceira formação, e aí preferi decidir pela melhor campanha do Bucks, ainda que Walker tenha levado o Hornets nas costas enquanto Al Jefferson estava lesionado e Lance Stephenson curtia sua piração, até ser afastado por causa de uma cirurgia no joelho. Middleton ganha a vaga que seria de Carmelo Anthony, mas não dá para botar um time com aproveitamento abaixo de 20%. Por números, pode parecer um crime excluir Nikola Vucevic. Se for assim, desde que Josh Smith foi mandado para um breve exílio, Monroe vem abafando – inclusive seu companheiro Andre Drummond. Wade jogou pouco, mas o suficiente para entrar aqui – sem ele, o Miami Heat estaria completamente atolado.

Nesta quarta, sai a lista do Oeste.


Que rei sou eu? Cavs aguarda LeBron exemplar na 2ª metade da temporada
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Giancarlo Giampietro

lebron-cavs-2014-2015

“Grandes poderes trazem grandes responsabilidades”. É uma frase para a qual, obviamente, não se pode atribuir autoria, mas acabou eternizada na cultura pop por Stan Lee, quando este fez o edificante Tio Ben proferi-la para um jovem Peter Parker. Saca, né? O futuro Homem-Aranha, que ainda precisava entender exatamente o que mudava em sua vida a partir do momento em que foi picado por um mardito aracnídeo radioativo. Acontece.

Desde a adolescência, com seus jogos transmitidos em rede nacional nos EUA e o rosto estampado em capas de revista, mais jovem ainda que Peter, LeBron James certamente já se deu conta desse lema. Isso não o impediu de assumir o título de Rei. De jeito nenhum. Então, se é para tratar desta forma, com todos os caprichos envolvidos, espera-se uma contrapartida – que ele reine com dignidade, algo que, na primeira metade da temporada 2014-2015, esteve longe de acontecer. Mas que, a julgar por sua mudança de comportamento nas últimas três partidas, pode estar mudando. Já não era sem tempo.

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Depois de enfrentar situações dificílimas em sua trajetória e vencer em Miami e retornar consagrado, o Rei James decidiu retornar a Cleveland, para abraçar o seu povo. Vocês perdoem se o tom do texto parece grandioso, mas  é que o próprio atleta levou a discussão para esse lado quando decidiu anunciar seu novo contrato com Cavaliers com uma carta pomposa publicada na Sports Illustrated.

Estava tudo muito perfeito. Ele decidia reatar os laços com muita gente para lá de magoada com sua saída, a começar por Dan Gilbert, o proprietário da franquia. “Estou voltando para casa”, disse. Uma vez de volta, estava por todos os lados em Ohio, como uma figura de fato onipresente. Muito bonito, mesmo. Chega uma hora, porém, em que a euforia passa, e os resultados começam a ditar o rumo das coisas.

LeBron: presente em ações comunitárias em Ohio

LeBron: presente em ações comunitárias em Ohio

Em termos práticos, pensando apenas no jogo, a primeira coisa que vinha na cabeça era que o cara já está realizado em sua carreira, finalmente* aclamado dentro e fora de quadra, e que esse parecia um movimento natural. (*PS: Essa noção, aliás, de que só os campeões podem se inserir no grupo dos grandes jogadores, como se Robert Horry superasse Charles Barkley, é bastante absurda, considerando tudo o que já havia feito em sua carreira, liderando alguns times capengas a um patamar elevado nos playoffs. De qualquer forma, LBJ oficialmente se livrava dessas amarras. Ganhou dois anéis, com um basquete exuberante, limitando qualquer polêmica ao seu redor apenas àquelas querelas de sempre, que não levam a lugar nenhum: “Fulano é muito melhor que sicrano” etc. Não esperem que eu vá perder meu tempo nessa.)

LeBron, todavia, tinha uma estrutura consolidada em Miami. Parceiros testados e aprovados e toda a credibilidade de Pat Riley nos escritórios. Virar as costas para isso não era uma, hã, decisão tão simples. Precisava, sim, de uma certa dose de coragem, para reassumir a missão de quebrar a maldição esportiva que paira pelos clubes profissionais de Ohio. Era tudo uma questão de prioridades, além do mais: o que pesava mais? O simples prazer de estar em casa, ou a chance de buscar mais um título para ele e o primeiro para seus súditos?

Retomando seu ensaio para a SI, nota-se que ele discorre muito mais mais sobre o significado de retomar o convívio em sua vizinhança. Apenas no sétimo parágrafo que ele menciona “Cleveland” como time e não como localidade, ao dizer que só sairia do Heat se fosse para fechar com o Cavaliers, mesmo – mas sem citar o nome do clube, curiosamente. Em nenhuma parte de sua carta isso acontece. Sério. Reparem que o apelido só aparece em intervenções editoriais.

A carta, a volta, o rei

A carta, a volta, o rei

Depois, LeBron repassa brevemente as cicatrizes que precisariam ser revisadas antes de selar um acordo. A principal era uma conversa franca e cara a cara com o intempestivo Gilbert. “Estava com as emoções confusas. Era fácil dizer que, ok, nunca mais gostaria de lidar com essas pessoas novamente. Mas aí você sobre o outro lado. E se eu fosse uma criança que acompanhava um atleta, que esse atleta me fez querer algo melhor para minha vida, e aí ele deixasse a cidade?”, indaga, retoricamente. Aqui, num documento de circulação nacional, o astro se assume com uma referência mais ampla e que seus gestos têm influência para muito além das quadras. Grandes poderes, né? Para assumir responsabilidades ainda maiores.

É tranquilo escrever que, por ora, a atitude do craque não condiz com o que fala.

O problema, desde já, é tentar encontrar uma unidade em seu discurso. Mesmo que não conceda tantas entrevistas exclusivas, como na conversa com Lee Jenkins, da SI, o jogador da NBA está muito mais sujeito ao contato com a mídia do que o boleiro regular brasileiro, por exemplo. O jogador de NBA fala bastante.

A paciência de LeBron não abrangia a evolução de Wiggins

A paciência de LeBron não abrangia a evolução de Wiggins

Com tantas declarações por aí, basta fazer uma boa pesquisa para ver que, como líder de um time que ajudou a construir, LeBron ainda, no mínimo. São diversas oscilações de jogo para jogo, dependendo do resultado. “Não estamos juntos pelo tempo necessário. As pessoas querem sucesso imediato no nosso esporte, e acho que é muito complicado de pedir isso”, afirma um dia. OK, isso condiz com o que está escrito no nono parágrafo de sua carta nacional, no qual o veterano deixava bem claro que não estava prometendo títulos. Que seria difícil conseguir, mais difícil até que 2010, quando se uniu a Wade e Bosh. “Não estamos prontos. De jeito nenhum”, escreveu. “Minha paciência vai ser testada. Sei disso. Vou para uma situação com um jovem time e um técnico novo. Vou ser o tiozão. Mas me empolga a chance de formar um grupo e ajudá-los a alcançar um lugar ao qual eles não sabiam que poderiam chegar. Eu me vejo agora como um mentor”, disse.

Parecia a coisa correta a ser dita. Na prática, porém… A parcimônia era menor do o volume de uma caixa d’água paulistana em janeiro de 2015. Tem vezes em que ele está espumando diante dos jornalistas:”Tentei me manter paciente. Tentei não deixar minha linguagem corporal tão ruim como aconteceu algumas vezes”, para depois falar sobre os “maus hábitos” desenvolvidos por alguns jogadores e reclamar sobre a pouca movimentação de bola. “Minha paciência não é infinita. Tenho um nível baixo de tolerância para coisas dessa natureza. Então é algo em que estou trabalhando também, algo que sabia desde o princípio que seria o maior teste que enfrentaria: ver o quanto tenho de paciência nesse processo.”

Primeiro ponto: qualquer observador sagaz percebeu de cara a omissão de Andrew Wiggins e Anthony Bennett em seu ensaio. Ali estava uma senhora dica para as duas escolhas número 1 do Draft: já poderiam preparar as malas, de preferência grandes, para caber muitos casacos felpudos. Estava na clara que seriam negociados por Kevin Love. O mesmo ala-pivô que nunca havia disputado os playoffs, é verdade, mas que, supostamente, era um produto muito mais bem acabado do que o par de adolescentes canadenses. E aí LBJ começou a se impor como dirigente. Quer dizer: é no que todo mundo acredita, a não ser que David Griffin estivesse realmente encantado com o potencial de Mike Miller, James Jones e Shawn Marion, todos acima da faixa de 34 anos.

Quando os jogos começaram, não demorou muito para começar o zum-zum-zum sem fim. De que LeBron não dava a mínima para David Blatt. Que mal escutava o que se falava durante pedidos de tempo, mantinha conversas paralelas e saía antes do final das instruções. Que preferia que o assistente principal Tyronn Lue fosse o comandante. Em quadra, começou o “jogo do aponta”. Qualquer pane defensiva do Cavs resultava em um jogador encarando o outro, com o camisa 23 ditando o ritmo. A julgar pelo turbilhão que tomou conta da equipe, é como se a sua carta tivesse sido ditada na época do Antigo Testamento, não?

O Cavs já disputou 42 partidas desde O Retorno, entrando oficialmente na segunda metade da temporada. Se LeBron se apresentou como um mentor, líder e figura anciã, elucidativa, foi só com as portas fechadas, não? Talvez no primeiro dia do training camp.

David Blatt tem o respaldo de seu xará, Griffin

David Blatt tem o respaldo de seu xará, Griffin

Quem não se lembra do confronto natalino com os velhos companheiros de Miami? No segundo tempo, Love falhou feio e permitiu em duas posses de bola seguidas rebotes ofensivos para o adversário. Um deles foi coletado por Mario Chalmers ou Norris Cole. O ala-pivô ouviu um monte de seu capitão: um “BOX OUT” daqueles em leitura labial que não precisava da ajuda do especialista do Fantástico. Para constar: foram dois lances realmente constrangedores.

Love tem feito disso: sua concentração oscila de acordo com o número de arremessos que recebe. Fica emburrado e joga tudo para o alto. LeBron tinha todo o direito, então, de chamar a atenção, de cobrar mais empenho do co-astro, ainda mais num fundamento que ele se gaba de ser dos melhores na liga. O problema é quando o próprio ala não faz o básico. Seu hábito de caminhar chutando pedrinhas e cantarolando na transição defensiva só se agravou da temporada passada para essa. Luol Deng fez o que quis em quadra, gente. Menciono esse jogo apenas devido ao apelo que teve, ao simbolismo presente em quadra. Não foi um caso isolado, definitivamente. Falhas generalizadas, mas um atleta em especial berrando em quadra. Comparem sua competitividade com a de Kawhi Leonard no início da temporada:

LeBron tem de se esforçar muito mais no ataque do Cavs do que Kawhi, no do Spurs, claro. Mas isso não é desculpa para vagar pela quadra. Ao mesmo tempo, nas entrevistas, o Rei pedia para os torcedores não esquentarem, a despeito da campanha irregular do time. Contra o Orlando Magic, no dia 26 de novembro, ele foi provocado por Tobias Harris e arrebentou no quarto final. Ao final da partida, soltou a seguinte pérola: “Na verdade, estava num modo de relaxamento hoje, mas este modo foi desativado depois do que ele disse”. LeBron voltou para relaxar, então?

Para ser justo, é aqui que se faz obrigatória a menção de que o ala jogava com dores no joelho e nas costas. “O joelho está doendo o ano todo. Vai e volta”, afirmou. A franquia em nenhum momento divulgou precisamente a origem desses problemas, mas ele ficou afastado de oito partidas, das quais seu time perdeu sete. Mesmo jogando de modo esculachado/avariado, suas habilidades são tamanhas que causam um impacto significativo. Seus números continuam espetaculares, com 26,0 pontos, 7,4 assistências e 5,5 rebotes. Mas o padrão de jogo está abaixo do que vimos há dois anos, no auge, em Miami.

Agora, esquece: não é decente fazer essa comparação direta, exigir esse tipo de produção, até por estar numa equipe de configuração diferentes. Fora isso, jogadores envelhecem. Até mesmo alguém de aparência super-humana como LeBron. Enfrentando uma crise, o Cavs não o tiraria de ação durante um trecho tão complicado da tabela, com jogos contra Hawks, Bucks, Mavericks e uma viagem pelo Oeste, se seus médicos realmente não recomendassem o período de descanso pensando a longo prazo.

LeBron, assistindo: relaxamento ou lesões?

LeBron, assistindo: relaxamento ou lesões?

Lesões e dores só não explicam o modo como vem se comportando em relação a David Blatt – que cometeu falhas de um treinador novato, mas sobre o qual escreveremos depois. LeBron já disse com todas as letras que chegou a um ponto na carreira em que não precisa de nenhum técnico para lhe dizer o que fazer em quadra. Quando questionado sobre um possível voto de confiança para o (?)comandante, se ele merecia ficar no cargo, soltou esta: “Que outro técnico nós temos? Ele é o nosso técnico”. Uma resposta conciliadora e atenciosa, né? Um verdadeiro diplomata.

O curioso é que o “Rei” passou pelas mesmas coisas em 2010, agindo com desdém em relação a Erik Spoelstra, por exemplo. Agir dessa forma novamente, conhecendo o desenrolar da história em Miami, chega a ser infantil. Embora, valha dizer, não seja o único. Atletas reclamam e entram em conflito com técnicos. E as superestrelas da NBA estão sempre demandando Têm muito poder. No caso específico de James e do Cavs, sua influência se torna incomparável. Nem mesmo Kobe apitaria tanto no Lakers. O fato é que não contribui para nada.

De todo modo, Griffin, com ou sem o aval de Gilbert, comprou a briga quando, antes de um jogo contra o Mavs, convocou uma coletiva na qual defendeu Blatt de modo enfático. O ala já estava afastado. A previsão era de muitas derrotas, e, ainda assim, o cartola arriscou seu pescoço para oferecer uma blindagem ao treinador. Ele só não poderia ir para a quadra, na estrada, para evitar esta cena:

Aconteceu em Phoenix, na primeira partida de LeBron após duas semanas de descanso – e sete derrotas em oito partidas. O astro disse que não fez nada demais e que estava apenas tentando salvar Blatt de levar uma falta técnica. O treinador ratificou a história. Mas dava para fazer de outro jeito, né? Ainda mais com o tanto de especulação em torno da relação entre os dois. Essa imagem tem tudo para ser a mais emblemática possível.

Ou, talvez, tivesse. Pois bastou uma bem-sucedida passagem por Los Angeles para concluir a viagem pelo Oeste para que as coisas mudassem.  Pelo menos assim quer entender a diretoria e a mídia em Cleveland. Especialmente depois de um triunfo contra os Clippers, um adversário de respeito, na qual a defesa foi mais uma vez uma peneira, mas o ataque funcionou de acordo com seu potencial: 126 a 121. Um triunfo mais que bem-vindo, é verdade. Mas o que mais se comemorou foi um jesto de James ao final do confronto. Depois de um pedido de tempo e de uma jogada bem-sucedida, que terminou com fal-e-cesta em cima de Tristan Thompson, o Rei se curvou diante da comissão técnica (em sentido figurado).

Veja a descrição do portal Cleveland.com sobre esse instante: “A jogada era para encontrar Irving na cabeça do garrafão, mas os Clippers estavam concentrados nele. James, então, fez um passe rápido para Tristan Thompson, que estava cortando para a cesta e finalizou a bandeja, sofrendo a falta. James imediatamente olhou para a comissão técnica e apontou na direção deles, como se os estivesse aplaudindo por desenhar uma jogada tão bonita e efetiva. Foi a primeira vez que James escancarou qualquer nível de satisfação ou gratidão a Blatt”.

O Akron Beacon Journal, jornal que vem relatando com intensidade o distanciamento entre os dois personagens, conta assim: “James estava engajado, particularmente na vitória contra o Clippers. Ele fez contato visual com Blatt. Conversou com ele na quadra. Esses são momentos que ele vinha tipicamente compartilhando apenas com Lue”.

Duas vitórias, uma boa jogada, e qualquer crise estaria resolvida? Sabemos que não é assim que acontece. Ainda mais quando um mero gesto de LBJ ganha tamanha proporção. Imagine como estava o clima na cobertura e no dia a dia para que dessem tanta importância para essa passagem. De qualquer forma, para quem vê o time de perto, foi um baita sinal. Então fica aqui registrado.

A segunda vitória em Los Angeles. Hora da virada?

A segunda vitória em Los Angeles. Hora da virada?

Dias depois, o Cavs pegou outro suposto favorito da Conferência Leste que encara péssima fase, o Chicago Bulls, e venceu por 108 a 94. A terceira vitória seguida, algo que não acontecia há quase um mês, e um respiro. “O período fora foi a coisa mais difícil por que já passei. Odiei o fato de que estávamos jogando um basquete bem decente quando saí e perdemos um monte de jogos. Espero que, quando voltar, possamos recuperar nosso caminho vitorioso”, havia dito o astro em Phoenix, antes do empurrão e antes dos triunfos.

Desde que retornou, LeBron vem com médias de 31,7 pontos, 5,2 assistências, 7,0 rebotes, 1,5 roubo de bola e acertou 52,3% nos aremessos de quadra. Excelente. Mas também cometeu um caminhão de turnovers (5,2), acertou apenas 61% nos lances livres e deu o papelão de sempre na defesa. Neste momento, no League Pass, durante as paradas de jogo, a NBA tem veiculado um clipe com as 17 assistências que Kobe deu contra o Cavs, seu recorde pessoal. Muitos desses passes resultaram em cestas com uma grande contribuição de seu amigo. Não consegui gravar as imagens aqui, mas LeBron foi batido em diversas situações constrangedoras. Segue uma delas abaixo, na qual ele nem mesmo tenta se aproximar de Wesley Johnson:

Quer dizer: umas coisas podem mudar. Outras, porém, requerem um pouco de… paciência. Um dado curioso levantado pelo site Nylon Calculus nos mostra como o Cavs pode ser considerado o time mais inconsistente da NBA: quando eles vencem, vão muito bem; quando perdem, perdem mal de verdade. Se você for confrontar o saldo do índice de eficiência obtido em triunfos (13,3) e o dos reveses (-14,1), vai ter um hiato de 27,4 pontos, o maior da liga. Esse padrão se mantém mesmo quando os três astros estão juntos em quadra. O que isso nos mostra? Que a equipe tem muito o que render mesmo e decola quando as coisas se encaixam. Mas as derrotas são feias na mesma medida, numa prova de seu desacerto. Esse tipo de resultado só evidencia os problemas de química.

Claro que não estamos falando exclusivamente de vestiário. Faltava um pivô como Mozgov, faltava mais gente atlética e comprometida com a defesa (a ver se Shumpert resolve…) e de alas, no geral, mais capazes que os anciões Miller e Jones (J.R. começa bem, mas não dá para comemorar muito, vocês sabem). Mas não dá para subestimar de modo algum o quanto o vestiário é importante para o sucesso de um time. Veja o que aconteceu com o Indiana Pacers na temporada passada, depois das adições de Evan Turner e Andrew Bynum. São diversos os casos semelhantes.

Em Cleveland, Akron e arredores, o ambiente em geral é bom – no que se refere a ruas e torcida, ainda tomadas pela euforia, pelo menos. A galera está contente demais em ter o prodígio local por perto. Para eles, porém, mais que o LeBron cidadão presente em consertos de música clássica, parques e projetos sociais, o que preferem ver é o LeBron craque em ação, alguém que faça o Cavs melhorar e competir em alto nível. Um LeBron totalmente comprometido com o seu reino, assumindo de fato suas responsabilidades.