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Arquivo : Lakers

A constante reformulação do Minnesota Timberwolves
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Giancarlo Giampietro

30 times, 30 notas sobre a NBA 2014-2015 (Tá acabando!!!)

A bola é sua, Wiggins

A bola é sua, Wiggins

Quando foi nomeado pela primeira vez técnico do Minnesota Timberwolves, Flip Saunders tinha no elenco alguns jogadores de bom apelo de mercado, mas nenhum deles era a prioridade do clube: a ele cabia desenvolver um adolescente de 19 anos, extremamente badalado, e montar uma equipe ao seu redor. Parece familiar com algo?

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Pois é. Tal como em 1995-96, o Wolves estava em um processo de reconstrução de elenco, com a intenção de se livrar de Isaiah Rider e Christian Laettner e abrir caminho para a ascensão de um vareta chamado Kevin Garnett. Saunders tinha 40 anos então. Hoje, com 59, combina o cargo de presidente da franquia com o de técnico, substituindo Rick Adelman para guiar o time em sua era pós-Kevin. O Love, no caso.

As coisas se confundem mesmo: é como se a franquia estivesse em constante reformulação, em busca de alguma identidade, de alguma luz, para deixar os porões da Conferência Oeste. Com o brilho atlético do canadense Andrew Wiggins e outras apostas de futuro, a esperança é de que agora – ou, tudo bem, daqui a uns dois, três anos – vão engrenar.

Já faz tempo, gente. KG e os aposentados

Já faz tempo, gente. KG e os aposentados

Playoffs? Eles não disputam uma partida de mata-mata desde 2004, na final da Conferência Oeste contra o frustrado Lakers de Shaq, Kobe, Jackson, Malone e Payton. Garnett estava no auge, acompanhado de Sam Cassell, Latrell Sprewell, entre outros. Todos apoosentados. Aliás, do último confronto daquela série, vencida por4 a 2 pelos angelinos, apenas dois jogadores ainda estão em tividade: Kobe e KG. Glup.

Desde então, Saunders foi demitido em 2005, e dúzias de atletas promissores (ou não) passaram por lá Marko Jaric, Al Jefferson, Rashad McCants, Ricky Davis, Randy Foye, Mike Miller… E Kevin Love. Sem conseguir mudar a sorte da franquia. Os anos com o megaprodutivo ala-pivô foram talvez os mais frustrantes. A base com Ricky Rubio, Nikola Pekovic, Kevin Martin, Andrei Kirilenko sugeria um belo time. Mas as lesões castigaram o elenco, a ponto de Love não aguentar mais e pedir uma troca.

LeBron não quis saber de Bennett em Cleveland. Que Saunders o aproveite agora

LeBron não quis saber de Bennett em Cleveland. Que Saunders o aproveite agora

Entra em cena LeBron James, o novo gerente geral do Cleveland Cavaliers, com um pacote enfim irresistível. Saunders, o cartola, topou, depois de pedir Klay Thompson, David Lee e Harrison Barnes para o Golden State Warriors, sem sucesso. Tivesse realizado sua primeira troca ideal, julgaria ter um time competitivo, para brigar novamente por uma vaguinha nos playoffs. A rota que acabou seguindo, porém, requer mais fôlego e cabeça.

Quando viu Dave Joerger dá um giro de 180º, Saunders respirou fundo, então, e decidiu ele mesmo descer do escritório da presidência para dirigir o time nove anos depois. Depois de uma sequência de dez temporadas inteiras seguidas com mais vitórias do que derrotas, ao menos o técnico se acostumou a perder em sua sofrível passagem pelo Washington Wizards.

Como presidente e, aliás, um dos acionistas do clube, ele não tinha obrigação alguma de ir para a quadra. É de se imaginar, então, que esteja empolgado para trabalhar com Wiggins e os mais jovens promissores, que podem compor um forte núcleo se bem cuidados. Está novamente em suas mãos o futuro do time.

O time: Kevin Martin, Thaddeus Young, Nikola Pekovic, Chasey Budinger e Corey Brewer serão todos mantidos? Para falar sobre a temporada do Wolves, tudo depende dessa resposta. Martin, Young e Pekovic ainda são muito produtivos e poderiam reforçar equipes que sonhem para  hoje com os mata-matas. Em Minnesota, o mais lógico era abrir caminho para Wiggins, Zach Lavine, Anthony Bennett e Gorgui Dieng, que, aos 26 anos, pode ser inexperiente em NBA, mas já não é mais nenhum moleque.

Rubio, mais uma lesão

Rubio, mais uma lesão

Enquanto as negociações não esquentam – já há muita gente interessada em Brewer, por exemplo –, porém, a garotada depende de desfalques para jogar. E eles já vão se acumulando com menos de um mês de temporada. a franquia precisa ou de um estafe médico novo, ou de uma benzedeira. Talvez os dois.

A lesão mais lamentada é a de Rubio, claro. De contrato renovado, confiante em liderar a equipe após a saída de Love – parece que a relação dos dois havia dado uma boa azedada –, o espanhol voltou a ser atropelado pelo azar, com uma lesão grave no tornozelo. Não tem previsão de volta. O armador seria fundamental para deixar os mais jovens em situação mais confortável – e divertida – em quadra.

A pedida: progresso acelerado para Wiggins, Bennett e Lavine e um bom posicionamento no Draft, sem alarde.

Olho nele: Zach Lavine. Wiggins é quem chama as manchetes, mas, para muitos olheiros, Lavine também tem potencial para virar um All-Star. Com as lesões de Rubio e Martin, o ala-armador revelado pela UCLA tem ganhado minutos mais cedo que o esperado. Ainda muito cru, mas extremamente atlético (muita impulsão e velocidade), é capaz de executar alguns lances de efeito. Mais relevante, porém, seria seu desenvolvimento na criação de jogadas, seja para própria finalização ou para os companheiros. Vai levar um tempo.

Abre o jogo: “As duas ofertas eram Andrew Bynum, cujos joelhos me davam medo, e o Big Al, além de algumas escolhas de Draft e outros complementos, coisas do tipo. Gostava de Bynum, mas também gostava do Al, porque ele era um pontuador melhor. E eu realmente tinha muito medo dos joelhos do Bnyum e as complicações que vêm disso. Então, sei o que as pessoas falam sobre mim e Danny (Ainge), mas, se você olhar para o que o Celtics ofereceu, foi a melhor oferta disponível. Eu, na verdade, fiquei surpreso, porque não havia muitos times com quem negociar”, Kevin McHale, ex-gerente geral e técnico do Wolves, nativo de Minnesota e chapinha de Danny Ainge, atual chefão do Celtics e seu ex-companheiro de equipe. Por Garnett, em 2007, ele recebeu Jefferson, Gerald Green, Ryan Gomes, Sebastian Telfair, Theo Ratliff e duas futuras escolhas de Draft (que resultariam em Jonny Flynn e Wayne Ellington). Pacote melhor ou pior do que o que Saunders obteve por Love? Vai depender de Wiggins e Bennett.

Você não perguntou, mas… o Minnesota contratou um técnico especialista em arremessos para tentar ajudar Ricky Rubio (e outros, mas especialmente Rubio): Mike Penberthy. O torcedor do Lakers vai se lembrar dele. Acho. Era um pretenso clone de Steve Kerr que Phil Jackson usou em sua rotação em 2000-2001, temporada do segundo título da equipe sob sua gestão. Em 56 times como profissional, ele acertou 39,6% de seus chutes de longa distância. Segundo consta, Penberthy vinha trabalhando como frila nos últimos anos e teria passado técnicas a Paul George, Andre Iguodala, Reggie Jackson e Jrue Holiday, entre outros.

kevin-garnett-minnesota-card-rookieUm card do passado: Kevin Garnett. Em 1995, o Minnesota apostava alto em um adolescente de 19 anos, em época que isso ainda não era nada normal. Ainda mais com o garoto saindo direto do colegial. KG saiu de ginásios modestos em Chicago para a grande liga, abrindo caminho para a onda que invadiu os anos 2000, até ser encerrada em 2006 por David Stern. Kobe, T-Mac, Jermaine O’Neal e tantos outros viriam em sequência. Muitos tiveram sucesso, outros se perderam pelo caminho. Garnett foi ganhando minutos aos poucos em seu primeiro ano, começando 43 jogos como titular depois que o clube se desfez de Christian Laettner e com Saunders assumindo o time no meio da jornada, com 20 jogos disputados. O ala-pivô Tom Gugliotta e o problemático Isaiah Rider eram seus principais companheiros, enquanto Terry Porter e Sam Mitchell eram as referências veteranas.


Lavada, rusga e lesão: Lakers começa da pior forma possível
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Giancarlo Giampietro

Kobe, Dwight, animosidade e um cotovelo: mas houve coisa pior para o Lakers

Kobe, Dwight, animosidade e um cotovelo: mas houve coisa pior para o Lakers

Sabe o pessimismo que rondava a temporada 2014-15 do Lakers?

Bem, talvez ele tenha sido até otimista. Se é que vocês me entendem.

Transmiti ao lado dos chapas Ricardo Bulgarelli e Marcelo do Ó a estreia da imponente franquia na temporada, em derrota preocupante contra o Houston Rockets, em Los Angeles, por 108 a 90. Estivesse o San Antonio Spurs do outro lado, e o placar teria beirado os 40 pontos – digo isso pela consistência do time de Gregg Popovich.

O Rockets jogou com a terceira marcha engatada. Quando o time angelino sinalizava algum tipo de pressão, aí eles subiam para a quinta e se afastavam no placar, liderados pela barba e os truques de James Harden com a bola. Esta é uma temporada na qual o Lakers vai ter de se acostumar a ser um saco de pancadas. Mas o que eles apresentaram em quadra nesta terça esteve muito abaixo da crítica.

Qualquer empolgação que o público hollywoodiano poderia ter com o retorno de Kobe Bryant se esvaiu rapidamente. Ok, o astro se mostrou em forma, depois de disputar apenas seis partidas desde abril de 2013. Mas é a forma de um Kobe de 36 anos, entrando em sua 19ª temporada, sem muita ajuda ao seu lado. Tem limite para tudo (19 pontos, 6-17 nos arremessos, 2 assistências).

O principal momento envolvendo o jogador foi, no final das contas, a rusga com Dwight Howard. Inevitável. No quarto período, depois de o pivô pegar um rebote na defesa, o ala foi para cima dele. Pressionar, tentar o roubo de bola ou a falta. Exagerou na pressão? Um pouco. Foram uns dois tapões ali. Mas coisa do jogo. Aí que Howard perdeu a linha e acertou o desafeto com uma cotovelada no queixo, que não chegou a pegar de jeito, mas pegou. Tomou uma falta flagrante-1. Também rolou falta técnica dupla.

Até aí, para o Lakers, sinceramente? Era o melhor que poderia ter acontecido. O incidente desviaria toda a atenção de uma atuação completamente desconexa. A equipe de Byron Scott ainda não tem identidade nenhuma: não sabe se corre com a bola ou se ataca de modo metódico. Em meia quadra, a falta de movimentação de bola. Carlos Boozer se apresentou como uma boa opção oportunista no garrafão, é verdade, mas ficou difícil de encontrar outros pontos positivos. Ed Davis foi outro. Mas aí não adianta muito, já que será muito difícil que a equipe consiga ser competitiva com o veterano Boozer e o ainda jovem Davis lado a lado: a defesa sofreria demais.

De qualquer forma, numa jornada tenebrosa, nem isso foi o bastante. Minutos depois da confusão entre as duas celebridades, aconteceu algo muito mais relevante e dramático para a franquia. O ala-pivô Julius Randle sofreu uma fratura na perna direita num lance aparentemente bobo, quando buscava a infiltração, sem ter caído de mal jeito, nem nada. Ele ficou parado no ataque e apenas recolheu seu corpo para se apoiar na base da tabela do Rockets. Sem acreditar.

O garoto, número sete do último Draft, uma das poucas peças que podem ser desenvolvidas a longo prazo no atual elenco, teve de sair de quadra imobilizado. Sua expressão era muito mais de desalento, desconsolo, do que de dor. Uma cena muito triste, mas que acaba reforçando, da pior maneira possível, a tese de que será uma looooonga temproada para Kobe e Scott. Eles são dois embaixadores do orgulho Laker. Vai ser difícil sustentar essa pose e o discurso por muito tempo…

Randle está fora de combate. Justo a maior promessa do time

Randle está fora de combate. Justo a maior promessa do time


O Lakers está preparado para ser um saco de pancada?
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Giancarlo Giampietro

Kobe sob fogo cruzado nos EUA

Kobe sob fogo cruzado nos EUA

Numa liga que vem pregando – e brigando pela – paridade, boa parte dos concorrentes não vê a hora que se confirme a tese: a temporada 2014-2015 pode ser aquela em que o poderoso e invejado Los Angeles Lakers vá de se acostumar a ser um saco de pancadas.

Soa muito errado ler uma frase dessas, eu sei. No vácuo, parece maluquice. Mas é só olhar o elenco ao redor de um Kobe Bryant que não era tão questionado assim desde os lamentáveis meses de investigação e audiências por conta de uma acusação de estupro no Colorado que acabou desqualificada, e 2013.  Depois de romper o tendão de Aquiles no final da temporada 2012-2013, o ala retornou no campeonato passado, mas só disputou seis partidas, até ser afastado novamente por conta de uma fratura no joelho. Depois de ter assinado um contrato polêmico, que lhe  mantém como o atleta mais bem pago da liga, enquanto Duncan e Nowitzki dão desconto a Spurs e Mavericks, respectivamente.

Foi um ano para a franquia esquecer por esses e outros motivos. Dwight Howard disse não ao clube, num ato raríssimo – o normal era que os astros fizessem de tudo para jogar sob as luzes de L.A. Pau Gasol se cansou de discutir publicamente com Mike D’Antoni e, mesmo com a garantia de que o treinador não ficaria no time, decidiu partir para Chicago, magoado com uma diretoria que não o apoiou, como esperava. Alguns operários até jogaram bem, excederam as expectativas, mas nada que se animasse muito Jack Nicholson. Resultado: 27 derrotas e 55 derrotas (aproveitamento de 32,9%), a pior marca da franquia desde que a liga adotou o formato de 82 partidas na temporada regular. Em termos de rendimento, apenas os 26,4% de 1957-58, em 72 jogos, no crepúsculo da carreira do ídolo George Mikan. Sinta o drama.

Kobe e Scott, velhos amigos. E quando as derrotas se acumularem?

Kobe e Scott, velhos amigos. E quando as derrotas se acumularem?

Ah, mas nada como um dia após o outro, né?

No caso do Lakers? “Hmmmmm… não”, diria o Homem-Aranha ataíde.

Para o campeonato que vai começar nesta semana, não há otimismo que se sustente. A contratação de Byron Scott pode ter ressonância com seu passado glorioso,  por ser aprendiz de Pat Riley e chapa de Magic Johnson, mas não diz nada sobre o futuro. Ele já foi duas vezes vice-campeão com o Nets na década passada, é verdade, mas não comanda uma campanha vitoriosa desde 2009, em Nova Orleans. Quando tinha Chris Paul, David West, Tyson Chandler e Peja Stojakovic no time titular. Em Cleveland, como sucessor de Mike Brown, foi um completo fiasco. Se o elenco pós-(e-pré)-LeBron era trágico, o treinador falhou gravemente em desenvolver os jovens talentos, especialmente em aspectos defensivos. E ninguém vai poder dizer que o atual elenco angelino inspire o temor nesse sentido.

A última vez em que o clube ficou fora dos playoffs por dois anos seguidos aconteceu há quase 40 anos, entre 1974 e 1976, com 70 vitórias e 94 derrotas acumuladas (aproveitamento de 42,6%). Era o final de gestão do técnico Bill Sharman, e nem mesmo a chegada do mítico Kareem Abdul-Jabbar impediu o vexame. Poderia um Kobe de 36 anos anos evitar o repeteco?

O time: O Lakers foi praticamente ignorado por LeBron James, que nem permitiu que a negociação avançasse além de conversas preliminares com seu agente. Carmelo até levou adiante o namoro, fez sua visita, mas ficou em Nova York, mesmo. Chris Bosh nem ouvidos deu. O gerente geral Mitch Kupchak, então, optou pelo plano B, modesto que só.  Renovou com Jordan Hill por bizarros US$ 9 milhões anuais e com Nick Young. Recolheu Carlos Boozer depois de o veterano ser dispensado por Chicago. Assinou um acordo camarada com ainda promissor Ed Davis, que tem o mesmo agente de Kobe, Rob Pelinka. Descolou Jeremy Lin e uma escolha de draft numa troca marota com o Houston Rockets, que precisava limpar salário na tentativa de fechar com Bosh. Wesley Johnson, Ryan Kelly, Ronnie Price, Wayne Ellington. Ficou nisso. O elenco não só está muito aquém do padrão com o qual uma exigente e mimada torcida se acostumou como apresenta peças redundantes e, no geral, deficientes na defesa.

A pedida: o Lakers fala em playoff, gente. O melhor seria terminar entre os cinco piores da temporada. Só assim teriam chance de manter sua escolha de draft. Do contrário, ela vai para Phoenix. Até isso.

Olho nele: Jeremy Lin. A lesão de Steve Nash abre todo o espaço na armação do Lakers para o armador que levou Manhattan à loucura em 2012. Se, por infeliz acaso, Kobe tiver mais alguma lesão, o ex-jogador do Houston Rockets teria de assumir ainda mais carga criativa no ataque da equipe angelina. Desde que Nick Young aceitasse. Estariam Hollywood (e Scott) preparados para ver a sequência da Linsanidade? Agora, bem de pertinho? Em breve, no League Pass.

Linsanidade II: mais uma sequência hollywoodiana?

Linsanidade II: mais uma sequência hollywoodiana?

Abre o jogo: “Eu não quero ser o próximo Shaq. Quero ser o próximo Kobe. Estava dizendo isso para minha mãe esses dias. Não quero ser só um jogador de garrafão”, Julius Randle, o ala-pivô selecionado pela equipe na sétima posição do último Draft, vindo de Kentucky.

Ainda que não tenha comovido ninguém por seu desempenho por Kenucky, nos tempos de colegial, Randle era ainda mais bem cotado. Num momento difícil como esse, o desenvolvimento do calouro pode ser importantíssimo para o futuro da franquia. Com essa interessante declaração, o rapaz deixa claro que confia na expansão de seu jogo, em sua versatilidade. Ele tem drible, velocidade e disposição para correr com a bola, se mover pela quadra.  Agora, com Carlos Boozer, Ed Davis e Jordan Hill no elenco, Byron Scott, que costuma ser duro com os novatos, vai lhe dar o tempo de quadra necessário, mesmo que o jovem atleta cometa alguns erros básicos? Seria inteligente que sim.

Você não perguntou, mas… não dá para dizer que Kobe Bryant e a ESPN americana vivam uma lua de mel. O astro primeiro se irritou ao ver que o painel de jornalistas da emissora o elegeu como o 40º melhor jogador da liga a caminho desta temporada, logo atrás de Dwyane Wade, Rajon Rondo, Klay Thompson e Andre Iguodala. Se você for reparar, nesse grupo de atletas, temos três craques que lidaram com graves lesões nos últimos anos… Mas, para o ala do Lakers, essa coincidência não era o suficiente para amansar seu ego. “Já sei há bastante tempo que esses caras são um bando de idiotas”, disparou. Os fãs do jogador se revoltaram e afirmaram que o 40º lugar era um desrespeito. Coordenador do núcleo estatístico do ESPN.com, o jornalista Royce Webb atirou lenha na fogueira ao dizer que, na verdade, o número 40 parecia até mesmo superestimado para o atleta, considerando todos os seus problemas físicos e a produção pífia que teve em seis partidas na campanha anterior.

Para piorar, a revista do conglomerado midiático publicou um artigo bombástico no qual Henry Abbott cita uma dúzia de fontes anônimas que detonam o craque. “Ele é provavelmente o maior jogador da história da franquia. Ele também a está destruindo por dentro”, diz o texto. Ouch. A ideia é a de que o ala teria feito de tudo para sobrar como o único astro da equipe, alienando e/ou assustando possíveis reforços. Obviamente o texto teve enorme repercussão. Muitos atletas e ex-Lakers saíram em defesa de Kobe, além da vice-presidente Jeanie Buss, que disse que investigaria qual seria um dos funcionários do clube que teria falado sem se identificar, para demiti-lo. “Quem não quiser jogar com Kobe é um covarde”, resumiu.

PS: sabe quem não gostou também do ranking da ESPN? Nick Young, claro, o número 150. “Posso garantir que não há 149 pessoas melhores que eu nesta liga”, afirmou. : )

byron-scott-fleer-lakers-cardUm card do passado: Byron Scott. O ala-armador jogou 11 temporadas pelo Lakers, sendo dez delas em sequência, de 1983 a 1993. Depois de passar por Indiana e Vancouver (no primeiro ano da removida franquia canadense), voltou a Los Angeles para se despedir da NBA em 1996-97, ano em que foi um mentor para Kobe, calouro e adolescente. Scott nunca foi eleito para o All-Star Game, mas teve grande participação nos títulos do clube dos anos 80, tendo média de 18 pontos por jogo. O card ao lado é da temporada 1988-89, na qual a equipe tentou o tricampeonato, mas acabou varrida pelos Bad Boys de Detroit na decisão. Bastante atlético, ele decolava rumo ao aro para grandes cravadas, mas também acrescentava ao superataque do showtime o tiro de três pontos, sendo um dos primeiros atletas da liga a ser temido neste fundamento. Hoje, ironicamente, se posiciona de modo contrário ao movimento estatístico que prega o chute de longa distância como instrumento essencial para o sucesso. “Isso só te leva até os playoffs”, afirmou, ignorando o sucesso de Spurs, Heat e Mavs durante a década.

PS: nesta terça-feira, a temporada da NBA já começa com transmissão no canal Sports+, da SKY. Estou nessa transmissão ao lado do Dr. Ricardo Bulgarelli e do chapa Marcelo do Ó. E começamos com quem? O Lakers, mesmo, enfrentando o Houston Rockets.


Vai começar: a Euroliga 2014-2015 em números
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Giancarlo Giampietro

O Barcelona conta com um dos brasileiros da Euroliga. Vocês sabem quem, né? Na foto

O Barcelona conta com um dos brasileiros da Euroliga. Vocês sabem quem, né? Na foto

O basqueteiro sabe: quando chega outubro, o que ele mais ouve é: “Vai começar”.

Pois vai começar nesta quarta-feira a Euroliga de basquete, com um monte de jogadores que nos fizeram companhia durante a Copa do Mundo, dois brasileiros e o MarShon Brooks. Abaixo, alguns dados a respeito da segunda principal liga de clubes do mundo, que será transmitida no Brasil com exclusividade pelo canal Sports+, da SKY, time do qual farei parte novamente.  Jajá voltamos aqui com os times e jogadores para se ficar de olho, um contexto maior sobre os dois brasileiros no páreo – Marcelinho Huertas e JP Batista – e qualquer coisa que dê na telha.

Vamos lá, anotando:

76 – São 76 os jogadores dos Estados Unidos inscritos na competição, disparado o país com maior número de participantes no torneio. Em média, são mais de três por elenco. O atual campeão e vítima do Flamengo Maccabi Tel Aviv foi o que mais importou da fonte: oito! Mas nem todos são registrados como ianques, porém. No clube israelense, por exemplo, são três com cidadania local: o ala Sylven Landesberg e os pivôs Alex Tyus e Jake Cohen. Há americanos croatas, americanos bósnios, americanos belgas, e por aí vai.

Teodosic. Quem se lembra dele?

Teodosic. Quem se lembra dele?

66,6% – Da seleção sérvia que derrotou o Brasil pelas quartas de final da Copa, 8 atletas – ou 66,6% – jogam em clubes da Euroliga. O terror Milos Teodosic segue no CSKA Moscou, enquanto o pivô Nenad Krstic deixou a capital russa para jogar pelo Anadolu Efes, da Turquia. Em Istambul ainda aparecem o prodígio Bogdan Bogdanovic e o classudo Nemanja Bjelica, pelo Fenerbahçe. O pivô Vladmir Stimac saiu do Unicaja Málaga para o Bayern de Munique, mas o clube espanhol, por sua vez, completou sua cota com o armador Stefan Markovic. O Estrela Vermelha, único time do país disputando a competição, conta com os outros dois: o armador reserva Stefan Jovic e o atlético ala Nikola Kalinic. De resto? Miroslav Raduljca levou seus talentos, barba e Harleys para a China; Rasko Katic está em Zaragoza, Stefan Bircevic, em Madri (pelo Estudiantes) e Marko Simonovic, na França (pelo Pau-Orthez). O contingente sérvio, claro, não se limita a eles. Fora do Estrela, há mais nove jogadores espalhados pelo continente.

41 – É o número de atletas com experiência de pelo menos uma temporada regular completa na NBA – descartei os jogadores de contratos temporários, não-garantidos, com uma ou outra partida oficial ou amistosos de pré-temporada. Os dois que têm mais rodagem são Andrés Nocioni, nosso bom e velho e amigo, com  12.654 minutos (contando playoffs) e Krstic, com 11.252 minutos. Da safra nova, vale ficar de olho no que vão aprontar os alas MarShon Brooks (aquele mesmo ex-Nets, Celtics, Warriors, Lakers, seguidor de Nick Young, sem o carisma, mas que julga ser tão bom quanto um jovem Kobe Bryant e agora defende o Olimpia Milano), James Anderson (raro caso de talento mal desenvolvido em San Antonio, ex-Sixers, hoje no Zalgiris Kaunas) e Orlando Johnson (ex-Pacers e Kings, no Baskonia/Laboral Kutxa).

33,3% – Um terço dos clubes desta temporada não disputaram a última edição do campeonato: Dínamo Sassari (Itália), Nizhny Novgorod (Rússia), PGE Turow Zgorzelec (Polônia), Neptunas Klaipeda (Lituânia), todos estreantes, além de Limoges (da França, longe do torneio desde 1998), Valência (Espanha, desde 2011), Cedevita Zagreb (Croácia, desde 2013) e UNICS Kazan (Rússia, desde 2012).

Parla, Ginóbili!

Parla, Ginóbili!

13 – Há 13 anos que um clube da Itália, o país mais vencedor do torneio, não ganha leva o troféu para casa. O último foi o Virtus Bologna de um jovem Manu Ginóbili, em 2001, temporada na qual os times acabaram divididos em duas competições – a segunda com o nome de SuproLeague, ainda sob gestão da Fiba, que não foi adiante.

12 – No mapa da Euroliga, uma dúzia de países estão representados. A Espanha apresenta o maior contingente: cinco times (Barcelona, Baskonia/Laboral Kutxa, Málaga, Real Madrid e Valência). Rússia (CSKA Moscou, Nizhny Novgorod e UNICS Kazan) e Turquia (Anadolu Efes, Fenerbahçe e Galatasaray) têm três cada. Depois temos dois da Itália (Olimpia Milano e Dínamo Sassari), dois da Lituânia (Zalgiris Kaunas e Neptunas Klaipeda), 2 da Alemanha (Alba Berlim e Bayern de Munique), 1 da França (Limoges), 1 de Israel (Maccabi), 1 da Croácia (Cedevita Zagreb), 1 da Polônia (Turów Zgorzelec) e da Sérvia (Estrela Vermelha).

9 – A atual edição conta com nove campeões continentais, listados aqui pela ordem cronológica de seus primeiros títulos: CSKA Moscou (1961), Real Madrid (64), Olimpia Milano (66), Maccabi Tel Aviv (77), Limoges (93), Panathinaikos (96), Olympiakos (97), Zalgiris (99) e Barcelona (2003). Detalhe: o campeonato europeu de clubes só passou a ser disputado com o nome de Euroliga em 2001).

8 – Tal como acontece no futebol, o Real Madrid é o clube com mais títulos europeus, com oito. Da mesma forma que também acontecia nos gramados – até levantarem a taça na temporada passada –, os merengues aguardam há tempos, porém, a nona. Não sobem ao degrau do pódio desde 1995. Maccabi, CSKA e Panathinaikos têm seis títulos cada um.

Sergio Rodríguez, Señhor Barba MVP

Sergio Rodríguez, Señhor Barba MVP

5 – A Euroliga ainda tem um quinteto de MVPs em atividade nesta edição. Dificilmente eles poderiam jogar juntos, porém, já que estamos falando de cinco armadores: Juan Carlos Navarro (2009), Milos Teodosic (2010), Dimitris Diamantidis (2011) Vassilis Spanoulis (2013) e Sérgio Rodríguez (2014). Obs: o destaque de 2012 foi Andrei Kirilenko, ex-CSKA, durante a temporada do lo(u)caute da NBA.

3 – Uma tradição da Euroliga é a eleição dos MVPs de cada mês, assim como a NBA faz. O Barcelona tem uma curiosidade em seu plantel: com três prêmios cada um, Navarro e Ante Tomic são os dois recordistas nesse quesito. A longevidade de La Bomba impressiona: seus três troféus estão espalhados entre janeiro de 2006 e janeiro de 2011. Já o talentosíssimo pivô croata arrebentou na edição passada, faturando dois em sequência em fevereiro e março.

2 – Guerra da Cisplatina! Argentina, Brasil e Uruguai têm a mesma quantia de jogadores na Euroliga 2014-15: um par cada. Por essa você não esperava, né? Marcelinho Huertas (Barça) e João Paulo Batista (Limoges) fazem as vezes dos tupiniquins, enquanto Nocioni e o enjoado Facundo Campazzo representam os argentinos pelo Real Madrid. O espírito charrúa fica por conta do imortal Esteban Batista (Panathinaikos) e do armador Jayson Granger (Málaga). Obs: o jovem ala-pivô brasileiro Daniel Bordignon pertence ao Baskonia, mas foi emprestado para o Navarra, da Liga Adecco Oro, segunda divisão espanhola.

0 – O Cedevita Zagreb é o único time de todo o campeonato que não conta com nenhum jogador dos Estados Unidos em seu plantel. Em meio aos croatas, o único estrangeiro sob a orientação de Jasmin Repesa é o bósnio Nemanja Gordic, se é que isso pode ser considerado um forasteiro.


Nádia: a dificuldade para se reconhecer e trabalhar um talento
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Giancarlo Giampietro

Nádia Colhado e Clarissa: características que se combinam em forte garrafão

Nádia e Clarissa: características que se combinam em forte garrafão. Crédito: Divulgação/Inovafoto/Wagner Carmo

Você navega pelo Painel do Basquete Feminino e outros fóruns, e vê uma penca de comentaristas prontos para destilar qualquer veneno que esteja disponível naquela hora, naquele dia. No conforto do anonimato, estão dispostos a atacar qualquer coisa. Quando a pivô Nádia Colhado foi convidada para participar de um training camp pelo Atlanta Dream, da WNBA, essa turma ficou ouriçada.

Como pode? Não sabe jogar. Etc.

Porque o que essa turma mais sabe fazer é atacar, mesmo, embora não tenham 1,93 m de altura e agilidade fora do comum para alguém desse porte. Qualidades naturalmente raras, e o que o técnico Michael Cooper enxergou de cara, mas que a galerinha do contra jamais poderia ver ou perceber. A oferta do Atlanta Dream e a provação a que se submeteu, vencendo uma série de cortes para oficializar sua passagem pela liga norte-americana só servem para confirmar o potencial ainda a ser explorado.

Sonhando e aprendendo em Atlanta

Sonhando e aprendendo em Atlanta

Aí ficou difícil para os mais raivosos, que parecem não entender que esta é uma história recorrente no basquete brasileiro, ainda mais no feminino, em que os clubes minguam, a gama de talentos e treinadores vai se reduzindo, compondo um cenário não muito favorável ao desenvolvimento de seus prospectos. Tal qual Nádia, que, aos 25 anos, neste cenário, ainda deve se assumir “muito jovem”. Ela sabe que ainda não está plenamente formada. Aliás, quem está? Os grandes não nos cansam de dar exemplos sobre como há sempre algo a ser melhorado. Kobe Bryant que o diga.

De modo que, na temporada regular de 2014, a pivô da seleção participou apenas de 16 jogos de 34 possíveis, com média de 7,9 minutos por jogo. Neste tempo limitado de ação, o próprio Atlanta Dream reconhece sua produtividade ao apontar que, numa projeção por 30 minutos, suas médias seriam de 10,4 pontos e 6,9 rebotes. Para comparar, a estrela Érika terminou o ano com 13,9 e 8,7, respectivamente, em 29,6 minutos.

Na Copa do Mundo, ela ainda vai seguindo em frente em sua curva de aprendizado, novamente como reserva de Érika, num garrafão que merece respeito e poderia ser mais bem aproveitado, com jogadoras que se complementam bastante, com Clarissa e Damiris fechando a rotação. Um grupo de atletas que complementam muito bem uma a outra: a defesa interior e o chute de média distância de Nádia, por exemplo, além dos recursos de Damiris de frente para a cesta, da vitalidade e energia da Clarissa e da força da natureza que atende pelo nome de Érika.

Crédito: Divulgação/Inovafoto

Crédito: Wagner Carmo/Divulgação/Inovafoto

O blog enviou algumas perguntas para a pivô para que ela contasse mais sobre a experiência nos Estados Unidos, trabalhando sob a orientação do técnico Michael Cooper (um marcador implacável nos tempos de jogador e um dos companheiros prediletos de Magic Johnson no mítico Los Angeles Lakers dos anos 80), a expectativa de se manter no elenco do Atlanta Dream e as perspectivas de uma seleção ainda mais jovem que ela no geral. A entrevista foi feita antes do Mundial e viabilizada pelo Bradesco, patrocinador da CBB e das seleções brasileiras:

21: Qual foi o saldo de sua primeira temporada na WNBA? Você participou de 16 jogos de 34 possíveis na temporada regular, com tempo de quadra limitado. Mas imagino que o fato de estar rodeada pelas melhores do mundo, de treinar contra atletas de ponta já faça diferença. Existe a perspectiva de retornar para o próximo campeonato?
Nádia: Eles fizeram uma reunião após o final da temporada e se mostraram interessados, já que haviam gostado bastante do meu trabalho. Realmente tive pouco tempo de quadra, mas cheguei a atuar mais do que 20 min em alguns. Independentemente disso, qualquer minuto de quadra foi proveitoso. Tive um aprendizado muito grande em tão pouco tempo.  Treinei com a Érika, Sancho (Lyttle, pivô espanhola, estrela europeia) e Aneika (Henry, pivô americana) e aproveitei muito esse tempo que estive ao lado delas. Espero ter a oportunidade de voltar e aprender ainda mais.

Como é a rotina de treinos durante uma temporada da WNBA? Há tempo para fazer um trabalho individualizado com os técnicos? Seria mais com as assistentes Teresa Edwards e Karleen Thompson, ou também com o treinador Michael Cooper? Você acha que voltou à Seleção como uma jogadora melhor?
A rotina foi pesada. Os três sempre me puxavam para o treinamento especifico da posição, mas quem mais ficava ao meu lado era a Teresa. Os três são ótimos. Durante o camp, treinei oito horas por dia, e a maioria dos exercícios era especifica para pivô. Fiz um progresso muito grande em todos os fundamentos específicos, mas sou muito jovem e com certeza ainda tenho muita coisa a melhorar.

Foi uma surpresa o convite para participar do training camp ou algo já discutido com a Érika durante a liga nacional? E a satisfação de passar por tantos cortes e ter a WNBA no currículo? Era uma coisa mais de “aproveitar a experiência o máximo que pudesse”, ou estava confiante, determinada mesmo a entrar no time? 
Fiquei muito feliz. Lembro que quando acabou o jogo contra o Maranhão, o Michael Cooper (que estava no Brasil para observar Érika, sua atleta, e outros possíveis prospectos) me chamou para conversar. E foi aí que surgiu o convite para o camp. A Érika já havia me falado que ele estava vindo ao Brasil e da possibilidade de um convite. Mas, quando cheguei lá, me deparei com muitas jogadoras que também estavam participando desse camp, e todos os dias acreditava que  seria meu último dia lá. Mas o tempo foi passando, muitas, saindo, e eu ia ficando. Isso me deu muita força para dar ainda mais de mim e conquistar minha vaga ao lado de mais duas apenas. Uma delas foi a Shoni (Schimmel, armadora de 22 anos), que já havia sido draftada, então era uma vaga certa.

Para o Mundial, o Brasil levou um conjunto de pivôs muito sólido e versátil. Vocês são atletas cujas características combinam muito bem. É um ponto forte a ser explorado insistentemente?  Com um jogo de dentro para fora, mesmo?
Acho que principal ponto forte do Brasil é o jogo coletivo. As alas e armadoras são muito novas e muito rápidas. Claro que o setor das pivôs está muito bem estruturado e com certeza o treinador (Zanon) vai explorar isso muito bem. Algumas jogadas do Brasil são especificas com o trabalho de pivôs.

O Zanon vem conduzindo uma renovação no grupo. Até onde essa jovem seleção pode chegar? É mais realista pensar em um resultado expressivo no Rio 2016?
Estamos nesse momento focadas no Mundial e é aqui vamos buscar um resultado positivo hoje, claro que não será um trabalho fácil, mas é o que queremos. Em 2016, esse grupo deverá estar bem acima do nível atual e é uma situação natural de evolução e crescimento de um grupo que vem sendo muito bem preparado desde que esse processo de renovação iniciou. Vamos dar o máximo para chegarmos o mais longe possível.


Final da NBA tem revanche em 2014; veja números históricos
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Giancarlo Giampietro

Oi, lembra da gente?

Oi, lembra da gente?

Para os que sobreviveram a mais um thriller daqueles nos playoffs da NBA, com o San Antonio Spurs enfim conseguindo uma vitória em Oklahoma City, segue um post mais curto com alguns números históricos envolvendo os dois finalistas deste ano. Que são os mesmos do ano passado. É hora de revanche para o time texano contra os LeBrons, numa rara ocasião, nos tempos recentes, que a decisão é duplicada em anos consecutivos. No decorrer da semana, até quinta-feira, quando a festa começa, vamos abordar outros temas, como o desafio de Tiago Splitter de se impor em quadra contra um time que foge do padrão, a ressurreição de Rashard Lewis (por dois jogos, que seja…) e qualquer outra coisa que dê na telha. Mas, antes, alguns dados históricos para tentar dimensionar este reencontro:

– As temporadas em que a NBA teve sua final repetida em dois anos, em contagem regressiva: 1997 e 98, com Chicago Bulls x Utah Jazz; 1988 e 89, com Detroit Pistons x Los Angeles Lakers; 1984 e 85, com Boston Celtics e Lakers; 1982 e 83, com Lakers e Philadelphia 76ers; 1978 e 79, com Seattle SuperSonics x Washingotn Bullets;1972 e 73, com Lakers x New York Knicks; e aí, claro, nos anos 60, tivemos 479 confrontos entre Lakers e Celtics. Notem que, de 1990 para cá é apenas a segunda vez que isso acontece.

– No Leste, o Miami consegue sua quarta final seguida, algo que apenas três times haviam conseguido na história: o Lakers, de 1982 a 1985, com Magic, Kareem e um certo Riley (duas vitórias e duas derrotas), o Celtics de Bird de 1984 a 1987 (também com dois canecos e dois vices) e o mítico Celtics nos anos 60, que emendaram apenas dez finais, de 1957 a 1966, perdendo apenas o campeonato de 1958 para o St. Louis Hawks.

– Entre os repetecos de decisões, tirando os amigos apelões de Bill Russell, apenas o Chicago Bulls de Michael Jordan conseguiu vencer ambos os duelos, para amargura de John Stockton e Karl Malone. De resto, todo time que perdeu o primeiro ano, saiu vencedor no segundo.

– Times que chegaram por dois anos seguidos a uma decisão e não conseguiram o título: New Jersey Nets em 2002 e 2003, Jazz, os diversos Lakers de Jerry West e Elgin Baylor dos anos 60, o St. Louis Hawks de 1960 e 61, o Fort Wayne Pistons de 1955 e 56 e o glorioso Knicks de 1951 a 53! O Lakers de 1983 e 84 não conta, já que foi campeão 82 e 85.

– Esta é a décima final com adversários que se reencontram. A maior rivalidade? Dãr. Lakers x Celtics, que jogaram 12 vezes pelo título, com 9 triunfos para os verdes.

– É a sexta decisão para o San Antonio desde 1999, sempre com Duncan e Popovich envolvidos. Para o Miami, a quinta desde 2006, sempre com Wade, Haslem e Riley.

– Desde o Pistons em 1988 e 89, o Spurs foi o primeiro time a retornar a uma final depois de ter perdido o Jogo 7 no ano anterior.

– O Chicago Bulls tem o melhor aproveitamento em jogos valendo pelas finais, com 68,6%, ou 24 vitórias e 11 derrotas dividias entre as trilogias lideradas por MJ e o Mestre Zen. O Spurs é o terceiro da lista, com 65,5% (19-10), enquanto o Heat aparece em sexto, com 58,3% (14-10).

– O primeiro troféu da NBA foi chamado Walter A. Brown Trophy, em homenagem ao primeiro proprietário do Boston Celtics, tido como figura fundamental para a criação da liga que hoje conhecemos. A partir de 1984, Larry O’Brien, comissário entre 1975 e 83, assumiu a bronca. Vai levar quanto tempo para David Stern ser relembrado?


Quem sai ganhando e perdendo na loteria da NBA?
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Giancarlo Giampietro

A ordem do Draft 2014 da NBA saiu nesta terça-feira, um pouco antes de Pacers x Heat, 2º round.

Sem enrolação, então:

QUEM SAIU FELIZ DA VIDA

Cleveland Cavaliers: pelo segundo ano consecutivo com a primeira escolha e pela terceira vez em quatro anos, sendo que era para eles ficarem em nono. Absurdo isso. O time já pode ser oficializado como o mais sortudo da liga NBA – até o dia da loteria do Draft, claro, porque depois estrepa tudo. Para quem tiver interesse na Mega-Sena, a combinação de bolinhas que deu mais um suspiro ao Cavs foi: 13-7-9-14.

David Griffin (e), início de sorte

David Griffin (e), início de sorte

David Griffin: o ex-assistente do gerente geral pelo Suns e também pelo Cavs, recentemente promovido, é aclamado pela crítica. Como um cara legal, antenado, com talento para lidar com números, sem perder o tino para o se pede em quadra. Começa sua primeira gestão como manda-chuva controlando o destino de um Draft badalado há tempos. “Vamos tentar melhorar radicalmente, e de maneira muito mais rápida”, afirmou o sortudo.

Anthony Bennett: a não ser que mais um calouro bombe em Cleveland, o canadense pode dar um passo para trás, fugindo dos holofotes e se desenvolvendo de modo mais tranquilo. A ordem do verão é perder peso e trabalhar duro no ginásio para recuperar a confiança em seus movimentos em direção à cesta. O canadense ainda tem muito potencial por explorar. Mas precisa se dedicar, porque a fila anda.

Philadelphia 76ers: que vai ter duas seleções entre os dez melhores, ganhando muito mais maleabilidade – e a chance de adicionar no mínimo dois atletas de rotação, ou até mesmo dois titulares de uma vez. Como aconteceu? Devido ao negócio da China com o New Orleans Pelicans no ano passado, no qual repassaram Jrue Holiday em troca de Nerlens Noel (mais um reforço, aliás) e de um eventual pick este ano. O Pellies precisava se posicionar entre os cinco melhores do Draft deste ano para segurá-lo. Sem chance.

Charlotte Bobcats Hornets: mais um que torcia para algum time da turma da fundão saltar para as três primeiras colocações. Com o atropelo do Cleveland, o Detroit Pistons foi empurrado para nono, e sua escolha acabou entregue automaticamente para o novo, velho Hornets. Que ganha a chance de adicionar um atleta para uma base que voltou aos playoffs este ano, mas que ainda precisa desesperadamente de um cestinha no perímetro. Um dos poucos times que ignorou o entrega-entrega neste ano foi premiado. MJ ainda tem o 24º para contratar.

Conferência Leste: a incompetência é premiada! Quatro primeiras escolhas num Draft bastante elogiado pelos scouts vão para o lado do Atlântico, com Cleveland, Milwaukee, Philadelphia e Orlando. O comissário Adam Silver já disse que seu departamento técnico vai se debruçar sobre o Draft. Mudanças devem vir por aí depois do escândalo que foi a campanha de alguns clubes do ano passado.

QUEM SAIU PRAGUEJANDO

Dion Waiters: o Cavs pode estar em vias de adicionar mais um jovem astro em sua rotação de perímetro, com Andrew Wiggins e Jabari Parker. A não ser que o Griffin opte por Joel Embiid (pivô camaronês constantemente comparado a um jovem Hakeem Olajuwon – sim, isso mesmo, mas que precisa acalmar a moçada quanto a alguns problemas físicos nas costas). Se vier um dos alas, como fica o ex-gordotinho, ainda emburradinho Waiters, que não suportava nem repartir a bola com Kyrie Irving? Troca nele, talvez.

Waiters: além de Irving, mais estrela? Hmpf

Waiters: além de Irving, mais estrela? Hmpf

Stan van Gundy: escapou de suas mãos um pick de loteria, na primeira semana de trabalho. Mas, bem, para quem tem Andre Drummond no elenco, pega mal reclamar em público.

Jrue Holiday: dependendo do estrago que o Sixers fizer no Draft, cada posse de bola que o armador tiver que preparar para Anthony Davis no próximo campeonato será pressionada por esta nota de rodapé: “Não custa lembrar que ele foi trocado por Fulano e Cicrano”.

New York Knicks: mas nem tanto. Imagine a chacota que seria para cima de Phil Jackson se a escolha originalmente dos Bockers caísse entre as três primeiras, mas endereçada ao Denver Nuggets? Por quê? Graças ao negócio por Carmelo Anthony em 2011. Ainda assim, mais uma vez a franquia nova-iorquina fica chupando o dedo graças a transações passadas.

Teóricos da conspiração: porque o Lakers não ganhou o Draft e ficou estacionado em sétimo.

Kobe Bryant: dificilmente algum salvador virá nessa colocação, embora o time possa contratar um bom e jovem jogador para ajudar. O armador Marcus Smart, os alas-pivôs Julius Randle, Noah Vonley, Dario Saric e Aaron Gordon são todas boas opções.

* * *

Sobre projeções? Seria loucura um blogueiro baseado na Vila Bugrina em São Paulo se arriscar. Recomendo que sigam atentamente Jonathan Givony, do DraftExpress, e Chad Ford, do ESPN.com. Para constar: por enquanto nenhum menciona Bruno Caboclo, mas posso atestar que o garoto do Pinheiros causa burburinho entre os scouts da liga.


Andrew Bynum, a aposta enigmática de Larry Bird
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Giancarlo Giampietro

Bynum x Bosh: algo para se ver nos playoffs? E aí, Bird?

Bynum x Bosh: algo para se ver nos playoffs? E aí, Bird?

Quando o Indiana Pacers avançou rapidamente com a contratação de Andrew Bynum, não foram poucos os que entenderam o acerto como uma medida preventiva por parte atual líder da Conferência Leste. Prevenção em muitos sentidos, dentre os quais se destacaria sorrateiramente a intenção de tirar o pivô da alçada do Miami Heat. Poxa, os caras já estão se virando com o Greg Oden – qual o motivo, então, de dar a Pat Riley a chance de reabilitar dois gigantes talentosos?

Larry Bird, o Jesus do basquete em Boston e chefão do Pacers, não achou a menor graça nessa lógica. Ao menos foi o que disse: “Não temos dinheiro para jogar fora assim e deixá-lo sentado no banco. Essa talvez seja uma das coisas mais estúpidas que já ouvi”.

Se ele está falando, quem somos nós para discordar, né? Mesmo que a cada jogo entre Indiana e Miami as coisas fiquem mais quentes, na esteira de dois confrontos eletrizantes em duas temporadas seguidas pelos playoffs da liga, com os treinadores e jogadores falando abertamente sobre cada elenco/time está moldado para bater o outro…

Mas tudo bem. É o que está colocado publicamente. E, de qualquer forma, Bird menciona algo indiscutível: a despeito da capacidade que a franquia tem para competir pelo topo no Leste, o Pacers está bem distante da elite em termos de arrecadação. Eles até se viram com boa administração, algumas apostas certeiras no Draft e um programa sólido de desenvolvimento dos atletas. Só não dá para fazer aviãozinho com notas de cem e distribuir em seja lá qual for a praça central de Indianápolis.

Agora, mesmo que a ressalva do legendário ex-jogador seja aceita, diante dessa lógica de economia apertada, a pergunta ainda se faz necessária: se não podem queimar a grana, vale, ao menos, apostar?

Porque Bynum, a essa altura, é, sim, uma aposta. De um milhão de dólares.

* * *

Orgulhoso, Andrew Bynum fez questão de espalhar a informação por toda a NBA: ele não assinaria contrato algum que fosse pelo salário mínimo da liga. Mesmo que estivesse desempregado, dispensado imediatamente pelo Chicago Bulls, depois da troca por Luol Deng. Mesmo que já tivesse embolsado US$ 6 milhões na temporada, para ficar em quadra exatamente por 420 minutos pelo Cavs – fazendo as contas, dá mais de US$ 14,2 mil a cada 60 segundos de jogo.

Podem falar que o cara é um sanguessuga, mercenário, depravado, o que for. Mas, assim como Kobe se recusou a ganhar menos em sua extensão contratual, para teoricamente ‘ajudar’ o Lakers, Bynum simplesmente não aceitou ganhar o piso – que é, por exemplo, o que o Phoenix Suns vai pagar a Leandrinho pelo restante do campeonato.

Típico. De jogador mais jovem da história da liga a pivô dominante, passando por muitas lesões e lições desde que foi selecionado pelo Lakers no Draft de 2005 – o último em que foi permitida a entrada direta dos adolescentes de high school e no qual foi ensanduichado, acreditem, por Ike Diogu e Fran Vázquez! –, o pivô se firmou como um dos personagens mais singulares numa liga CHEIA desses tipos. Até mesmo Phil Jackson se viu encafifado em diversas ocasiões tentando entender o sujeito.

Bynum e um de seus possantes

Bynum e um de seus possantes

Quando Bynum foi afastado pela diretoria do Cleveland Cavaliers nesta temporada, o Mestre Zen, mesmo depois de alguns anos separado do jogador, propenso a reflexões sobre o Cosmo e a Vida, não foi capaz de avaliar com propriedade o que se passa com o cara. “Fico relutante em julgar as intenções dele no basquete. Ele é um homem com muitos interesses e que tem uma vida fora do jogo”, disse. “Mas ele gosta de competir.”

Na época, para tentar limpar a barra de tantas calças enlameadas, diretores e treinadores do Cavs vazaram descaradamente diversas informações (ou “opiniões” travestidas de fatos) sobre como o pivô era uma figura apática no cotidiano da equipe e de como já não parecia ter mais o mínimo desejo de estender sua carreira. Coincidentemente ou não, foi a mesma linha de raciocínio que o seguiu durante sua passagem patética pela Filadélfia, cuja única contribuição para o Sixers só foi a estética capilar diversificada do lado de fora da quadra.

E vale a ênfase no “fora de quadra”, aliás. É o que mais se ouve sobre Bynum, como o próprio Jackson ressaltou.

É bastante curiosa, aliás, a reação generalizada aos “interesses do jogador para além do basquete”, como um viés crítico – obviamente não é o caso do treinador mais vitorioso da liga, que sabe muito bem: nem todos são maníacos feito Kobe Bryant. De qualquer forma, para aqueles de visão mais cerrada, é como se um advogado ou um dentista não pudessem pensar em outra coisa que não a lei, contratos, cáries e resina.

Um perfil da Sports Illustrated (daqueles imperdíveis, clássicos a partir da impressão) já detalhou suas diversas paixões. Como carros e o automobilismo em geral, por exemplo. Suspeita-se que, no mundo da NBA, talvez seja um dos poucos que acompanhe a Fórmula 1 para valer e vá identificar Rubens Barrichello numa pista de esqui em Aspen. Sabemos que ele também gosta bastante de futebol e já chegou a adiar uma importante cirurgia para acompanhar a Copa do Mundo de 2010 de perto – aí, sim, o Mestre Zen ficou fulo da vida.

O quanto essas coisas servem como distração? Ou, por outro lado, o quanto a “mente aberta” de Bynum poderia ajudá-lo a prosperar em sua profissão de verdade?

Kareem Abdul-Jabbar – 1) o maior cestinha da NBA; 2) ex-assistente do Lakers pessoal para Bynum; 3) co-piloto de aviões nas horas vagas – tenta nos ajudar a entender um pouco mais sobre isso. “Quando trabalhei com Andrew, eu o descobri como alguém brilhante e dedicado, mas que se entendiava com a natureza repetitiva do trabalho com os fundamentos do basquete, algo muito importante para que ele fosse bem-sucedido”, disse. “Na minha opinião, Andrew é o tipo de pessoa que tem uma batida diferente, é como se fosse um ‘baterista diferente’. Então não vamos saber os fatos até que Andrew decida nos dizer exatamente qual o problema (em Cleveland) e que compartilhe seus pensamentos a respeito.”

Abdul-Jabbar e o poder da mente com Bynum

Abdul-Jabbar e o poder da mente com Bynum

Quem também pode contar um pouco mais sobre o “homem Andrew Bynum” é Darvin Ham, alguém com um currículo muuuuuito mais modesto que o de Jabbar, mas que sempre foi daqueles jogadores prediletos dos técnicos por onde quer que tenha passado e que trabalhou como seu treinador da mesma forma. “Realmente passei muito tempo com ele em sessões de um contra um e também fiquei em trabalhos de grupo. Ele não é, mesmo, um cara que cria problemas. Ele apenas quer ficar sozinho, na dele, jogando basquete. Simples assim”, disse o hoje integrante da comissão técnica do Atlanta Hawks.

“Ele é um cara inteligente. Tem essas ideias sobre novas maneiras de treinamento. Umas coisas que ele sugeria para mim. Tivemos uma chance de conversar nas últimas férias, e ele simplesmente me deixou embasbacado pelo nível de como ele pensa as coisas”, continuou Ham.

Daí que ele foi questionado sobre quais técnicas novas seriam essas para se trabalhar com jogadores ou pivôs? “É uma atividade de ninja que poucos já viram e que ninguém dominou ainda. Vamos colocar as coisas desta maneira. E ele foi um dos melhores pupilos nisso. Abraçou isso totalmente.”

Técnicas ninja completamente secretas?!

Calma, não se assustem, pede o assistente do Hawks.

“É uma pena que ele tenha passado por tantos problemas físicos, mas agora estou feliz. Fico feliz de ver que alguém se prontificou a seguir em frente e foi atrás dele. No ambiente certo, mas sem querer dizer que outro lugar era o ambiente errado… Quando ele está focado, ele se foca de verdade.”

*  *  *

Larry Bird, seja na versão de jogador, técnico, dirigente, comentarista ou amigo de bar, é daqueles que não alivia em nada. Sai falando “verdades” na fuça de qualquer um. Obviamente, ao negociar com o pivô e seu agente, deve ter exposto quais condições ou tipos de conduta que não serão aceitas em seu quintal. Definitivamente não vai tolerar muito do que se ouviu sobre seus maneirismos em Cleveland.

Segundo consta, Bynum por diversas vezes entrou em conflito com Mike Brown e seus assistentes, sem aceitar bem o que se passava em quadra. Desafiava a comissão ao quebrar jogadas e rotações defensivas nos treinos. Ficava com cara de poucos amigos no banco ou no vestiário. Esse tipo de coisa que irrita no dia a dia.

Bynum gostava, ou não, de treinar com o Cavs? Dava trabalho?

Bynum gostava, ou não, de treinar com o Cavs? Dava trabalho?

Agora, também é preciso dizer que, no Cavs, o grandalhão não era o único resmungão ou forrrgado a atrapalhar a pretensa arrancada do time rumo aos playoffs. Bynum já foi dispensado, Deng chegou para tentar ensinar boas maneiras aos rapazes, e as derrotas não pararam de acontecer. Na mais recente visita desta cambada a Nova York, consta que diversos jogadores caíram na noite ao lado de JR Smith – e de quem mais, oras? – na véspera da partida. Tomaram mais uma sova daquelas (21 pontos).

As coisas estão pegando fogo por lá. O gerente geral Chris Grant foi demitido. Os rumores não cessam. O Akron Beacon Jorunal publicou que, “se não acontecer nenhuma virada significante antes da data final para trocas, este elenco vai passar por uma reformulação”. Para quem tiver um tempinho sobrando e o mínimo de interesse sobre o inferno que ronda Anderson Varejão, também vale a leitura. Dion Waiters, o talentoso e tinhoso ala-armador, já estaria nas últimas, com um temperamento de supercraque e produção extremamente irregular que alienam qualquer um. Mas até mesmo o queridinho Kyrie Irving também não passa despercebido. “Seu comportamento tem irritado companheiros e outros membros da organização”, diz a reportagem. Sim, Luol Deng não poderia estar mais deslocado.

Esperava-se que Irving e Waiters, pelo prestígio com que chegaram na NBA, seriam dois jogadores a liderar uma reação do Cavs, que colocariam fim ao luto pela partida de LeBron James – e seus talentos – para a Flórida. Em vez disso, os corajosos torcedores da combalida franquia são obrigados hoje a ouvir Bynum falando este tipo de coisa: “Não é que não tenha dado certo. Aconteceu apenas que a atmosfera por lá não era daquelas que promovem energia positiva”.

Agora bem distante desse ambiente, num time muito mais sereno e que é sério candidato ao título, o pivô tem a chance de recuperar sua imagem, já arranhada pelo ano sabático que passou em 2012-2013 e por algumas intempéries que deixavam Kobe e Gasol malucos em Los Angeles.

*  *  *

Você pode apelar aos números, pode passar horas e horas diante da TV ou laptop, vendo basquete que não acaba mais. É assim que se entende e se ama o jogo. Mas, para um time prosperar, as ações que se passam longe das câmeras e calculadoras também são igualmente importantes. A famosa química fora de quadra. A cultura de vestiário.

Na construção do atual elenco, Bird, traumatizado pelos assustadores acontecimentos em Auburn Hills há mais de dez anos, enfatizou por anos e anos a contratação de sujeitos de “bom caráter”, “comprometidos com o clube a comunidade” e tudo isso. Mesmo que custasse o desmanche de uma base muito talentosa e que tivessem de passar por um longo processo de reformulação, foi por esse caminho que ele seguiu. Acostumada a jogar os mata-matas desde os tempos de Reggie Miller novato, a equipe chegou a ficar quatro anos fora dos playoffs na década passada. Foi preciso paciência.

Paul George tinha apenas 14 anos quando Artest e Ben Wallace quase fizeram David Stern infartar. Há um distanciamento claro aqui. Mas o progresso que testemunhamos tanto do ala como de Roy Hibbert e Lance Stephenson tem influência direta desse trabalho que Bird desenvolveu a partir de 2005. Assim como a composição de uma das melhores defesas de todos os tempos. Não se trata de mera falácia. Para se armar um paredão desses, é preciso que um atleta cubra o outro, e isso vai além de conceitos táticos, embora Frank Vogel ainda não receba os créditos devidos pelo que armou. Fato é que, todavia, neste plano de longo prazo, a franquia juntou aos poucos as peças que formam o timaço de hoje, tendo sempre em vista uma só diretriz pessoal.

Para os que cobrem regularmente o Pacers 2013-14, a sinergia no discurso dos jogadores e a camaradagem entre eles são grandes marcas e se impõem jogo após jogo, treino após treino. Não que sejam todos santos. Stephenson já aprontou das suas, inclusive como um reservão há dois anos no primeiro grande embate com o Heat, provocando LeBron James. Agora uma figura importantíssima para o time, o ala-armador se acalmou.E muito disso tem a ver com o contato diário com Bird e jogadores bastante sérios como David West e Luis Scola, entre outros, que metem medo ao seu jeito. As costelas dos adversários têm marcas a respeito.

É nesse contexto que a enorme e controversa figura de Bynum será inserida. Nem mesmo nos tempos de títulos com o Lakers o pivô teve contato com um ambiente regrado, controlado desses. Como vai reagir? E, talvez mais importante, como os donos do pedaço encaram sua chegada?

George x Granger: disputa só no game no vestiário do Pacers

George x Granger: disputa só no game no vestiário do Pacers

Paul George foi o mais receptivo, durante a repercussão da negociação, embora colocando uma ou outra vírgula aqui e ali. “Não dá para deixar passar um talento gigante desses, e espero que ele seja capaz de nos ajudar, vindo com uma atitude para aceitar nosso programa”, afirmou o jovem astro. “Ele vai ter de provar muita coisa para si mesmo, se ele quer jogar, ou não. Se ele vier pronto para isso, pronto para trabalhar bastante, realmente acreditando em nosso programa, não temos nenhum problema de tê-lo por aqui. Esperamos que, no segundo em que ele entrar no vestiário, que todos o recebam de braços abertos e que ele sinta a química da equipe. Temos um grupo muito próximo aqui. Vamos saber de cara se ele está comprometido conosco, ou não.”

Não parece, realmente, um discurso de irmandade? Seria Bynum capaz de aprontar tanto a ponto de bagunçar com isso? Seria dispensado de imediato, ao menor sinal de alerta?

David West e George Hill, por exemplo, não quiseram falar de imediato sobre o assunto. “O que o Larry disse? Se você tem alguma questão, vá perguntar para ele, ou Frank”, afirmou o ala-pivô. “Pergunte para o Frank”, reforçou o armador, em contato com o Star, de Indianápolis.

Bem, Frank Vogel, aquele que vai tentar fazer o que Mike Brown fracassou em duas ocasiões – dobrar Bynum –, estava bem mais sorridente que seus atletas. “Ele sabe que aqui é o lugar certo. Acreditamos também que oferecemos o lugar certo para ele. Ele expressou (durante as tratativas) que quer se encaixar no time, e essa foi a palavra que queríamos ouvir, considerando nossa mentalidade de que o que conta primeiro é o time”, afirmou.

Tudo isso é muito bacana, mesmo, mas não impediu que o próprio Vogel ligasse com urgência para Brian Shaw, seu ex-braço direito e outro a trabalhar no Lakers com Bynum, para se informar mais a respeito do grandalhão antes que qualquer cheque fosse assinado. Qual foi a resposta?

“Acho que muito do que se fala sobre ele… Ele é um bom sujeito. Não é má pessoa”, disse.

(Parêntese 1: Reparem que, tal como Darvin Ham, Shaw interrompe seu discurso e redireciona a frase para algo mais direto.)

“Acho que ele passou por algumas situações em qe ele realmente não respeitava o treinador e o programa.”

(Parêntese 2: Essa foi uma baita espetada em Mike Brown, e vale relembrar que muitos esperavam e/ou torciam para que Shaw fosse contratado como o sucessor de Phil Jackson no Lakers… Mas continuemos.)

“Sei que, em sua vida pessoal, ele vem lidando com algumas coisas com sua mãe. Então ele ficou meio que distraído, o que é algo você espera, levando em conta essas coisas.”

*  *  *

No release para anunciar a contratação, a equipe de comunicação do Pacers fez questão de incluir esta frase aqui do bebezão: “Será ótimo ficar na reserva de Roy, e eu farei qualquer coisa para ajudar este time”. Bem conveniente, né? Que gesto bonito. “Não foi uma decisão difícil. Acho que é o lugar certo para mim e, com toda a honestidade, acredito que temos a melhor chance para vencer.”

Ok, vamos dar um voto de confiança, então. Que ele se dedique ao máximo e desencane de jogar boliche com o joelho estourado. Já ajudaria bastante. Mas, pensando em quadra, que tipo de Bynum vai se apresentar em Indiana?

Sonhar com seus números e atuações dos bons tempos de Los Angeles Lakers, quando chegou a ter médias de 18,7 pontos e 11,8 por jogo, parece delírio. Mas será que, num time muito mais bem estruturado, ele consegue render (muito) mais do que fez em pouco tempo de Cleveland? Bird e Vogel esperam que sim. Porque o que ele apresentou nos primeiros meses da temporada não deixa muita gente animada, não. Vejamos, por exemplo, seu aproveitamento ofensivo:

Em uma palavra: desastre. Bynum teve muita dificuldade para converter seus arremessos de perto da cesta, como as manchas vermelhas mostram no gráfico

Em uma palavra: desastre. Bynum teve muita dificuldade para converter seus arremessos de perto da cesta, como as manchas vermelhas (abaixo da média da liga) mostram no gráfico

Agora, segue seu quadro de arremessos na temporada 2011-2012:

Em 2011-2012, sua última temporada inteirona, o vermelho se espalha por todos os lados, mas próximo da cesta, a área mais importante, vemos um aproveitamento muito melhor. Muito melhor

Em seu último campeonato em que estava inteiro, ou algo perto disso, o vermelho se espalha por todos os lados, mas próximo da cesta, a área mais importante de atuação, vemos um aproveitamento muito superior.

Além de ser muito mais eficiente nas finalizações próximo da cesta – quem não se lembra das ponte aéreas de Gasol para o cara? –, é importante comparar a diferença  no volume de chutes de média distância entre os dois gráficos, constando-se um padrão de jogo bem diferente . Sem explosão ou mobilidade, Bynum se viu afastado do garrafão. Mas, mesmo ali perto, não foi nada ameaçador. Na defesa, ele pode ficar ainda mais exposto a jogadas em pick-and-roll, sem conseguir se deslocar adequadamente para o lado, e, de certa forma, precisará ser protegido pelo sistema, sem precisar subir tanto em quadra.

Em termos estatísticos, suas médias despencaram tanto do ponto de vista de índices de eficiência (que podem ser comparados aos de seu segundo ano na liga, quando tinha apenas 19 anos) como nas projeções de produção por minuto. Definitivamente não estamos mais diante de uns dos três ou cinco melhores pivôs da liga. Ainda assim… Seus números são bem mais palatáveis que os do francês Ian Mahinmi, que, silenciosamente, vem fazendo uma campanha horripilante de ruim, nos 16 minutos em média que recebe para dar um descanso a Hibbert. Temos aqui, enfim, algo concretamente positivo a falar sobre o investimento.

E Frank Vogel está muito mais otimista, na verdade, do que qualquer blogueiro pé-rapado e abelhudo. “Ele tem uma mobilidade muito boa e deu a entender que pode ser uma força”, disse o técnico, com base nas análises de seu estafe sobre as atuações do grandalhão neste campeonato. “Ele pareceu bem.”

É de se imaginar que o treinador queira ver seu novo gigante atuando desta maneira:

No dia 30 de novembro, Bynum, mesmo pesadão, conseguiu se impor diante de Joakim Noah (também baleado, diga-se, sem ter feito uma pré-temporada adequada) e do chatíssimo Chicago Bulls, com 20 pontos, 10 rebotes e 5 tocos. Mesmo com tempo limitado, ele ainda emendaria mais três jogos sólidos em seu primeiro momento de brilho desde 2013 – e que durou pouco. Em Indiana, todavia, a carga será muito mais leve.

Mahinmi, prestes a ceder 16 minutos para Bynum

Mahinmi, prestes a ceder 16 minutos para Bynum

Vogel e sua comissão tentarão trabalhar o jogador de uma forma que ele se aproxime ao máximo de um fac-simile de Hibbert, nos minutos que tiver ao seu dispor. Que consiga, de alguma forma, proteger a cesta, sem se expor ao máximo no perímetro. Mas convenhamos que, para o Pacers, pensando no confronto que interessa, a final do Leste, eles realmente esperam que o reforço não tenha tanto tempo de quadra. Quanto mais Hibbert ao centro da defesa, melhor para brecar os LeBrons de Miami.

Sim, o Pacers vai passeando no Leste, a despeito de um ou outro tropeço recente, mas essa excepcional campanha só vai valer para alguma coisa se eles passarem pelo time da Flórida no final do ano. É só nisso que eles pensam, admita ou não Larry Bird.

A abordagem do presidente do clube é de tudo ou nada neste ano. “Não estou preocupado sobre o ano que vem, e nem tenho um ano todo pela frente. Estamos aqui e agora, e vamos fazer de tudo para que posamos avançar o mais longe possível. Sabemos que efrentaremos uma dura competição, mas, se tivermos a chance de melhorar nossa equipe, vamos fazer isso”, afirma.

O Indiana será uma equipe melhor com o enigmático pivô?

Erik Spoelstra, do seu lado, garante que não está  preocupado. “Estamos concentrados apenas em nós neste momento. Estou certo de que (a contratação) chama muitas manchetes e diversas histórias. Ele combina com o estilo deles, de terem um garrafão alto e físico, mas, pensando do nosso ponto de vista, isso não nos afeta em nada”, afirma o técnico do Heat.

Sim, definitivamente Andrew Bynum, hoje, não é um problema ou solução para os atuais bicampeões. Larry Bird não quis saber de permitir isso. Agora, para quem não tem tanto dinheiro para fazer estripulias no mercado, ele só espera que daqui a alguns meses sua aposta se mostre bastante lucrativa.


Notas sobre a NBA: Boozer, Gasol no mercado e mais
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Giancarlo Giampietro

Durant vai subindo na lista de cestinhas. Gervin sabe disso

Durant vai subindo na lista de cestinhas. Gervin sabe disso

Por vezes, a sucessão de fatos pode ser tão atribulada que o trem passa e você não consegue nem se agarrar na última porta do vagão derradeiro. Então vamos apelar aqui, mais uma vez, para o formato de pequenas notas, para tentar dar conta de alguns episódios interessantes da NBA que aconteceram nos últimos dias, período no qual a prioridade foi a definição do pagamento de mais de R$ 2,6 milhões por uma vaga na Copa do Mundo de basquete. Com um aviso, desde já: sobre Andrew Bynum no Indiana Pacers, o assunto é muito importante para a temporada para ser resumido em dois ou três parágrafos. Estou preparando outro texto a respeito, que espero publicar entre quinta e sexta-feira:

Carlos Boozer quer jogar MAIS pelo Chicago
Quando li o pivô do Bulls reclamando de sua ação cada vez mais reduzida nos quarto períodos, não deu para não rir. Que fique claro: não era bem um deboche de alguém chamado Carlos, nascido em Aschaffenburg, numa base militar americana na Alemanha, e que cresceu no Alaska – aliás, essa combinação sempre foi fascinante para mim. Boozer obviamente já não faz por mercer os US$ 15 milhões que fatura por temporada, se é que um dia valeu toda essa bolada. Frustrada por não conseguir contratar nem LeBron, nem Wade e nem Bosh, acabaram pagando uma fortuna por um jogador cheio de limitações. A desatenção, falta de empenho e lentidão do cara na defesa sempre custaram muito caro aos seus times, ainda mais em fase de playoffs. Além do mais, sua voracidade perto da tabela também foi minguando com o decorrer dos anos. Mas, bem, o riso não tinha a ver diretamente com isso, e, sim, com o fato de que uma das maiores críticas que Tom Thibodeau enfrenta na liga é a maneira como explora ao máximo seus principais jogadores, fazendo-os encarar maratonas brutais durante a temporada. E está aqui um caso de cara que, na verdade, está reclamando por jogar de menos.

Carlos Boozer, orgulho do Alaska

Carlos Boozer, orgulho do Alaska

Boozer falou um monte durante a semana, manifestando seu descontentamento pelo fato de ter ficado duas partidas seguidas sentadinho no banco durante a parcial final. “Acho que eu deveria estar na quadra, mas é a escolha dele”, disse. “Eu jogo. Não dirijo. Então ele decide isso. Mas, honestamente, ele tem feito isso desde que cheguei aqui, de não me colocar no quarto período. Tem vezes que vencemos, mais do que perdemos.  Mas é sua escolha.”

Hã… De fato. O Bulls mais vence com Thibs do que perde. Mesmo sem Derrick Rose. Mesmo sem Luol Deng. Mesmo sem… Bozzer no quarto final. Como ele próprio admite. Então… Qual exatamente o problema?

Taj Gibson não só é 49 vezes um melhor defensor que o titular do time (tá vendo como realmente não interessa nada essa coisa de quem começa, ou não, jogando, como Ginóbili já se cansou de nos ensinar?), como também vem evoluindo gradativamente no ataque, de modo que, na hora em que a coisa aperta, a decisão mais simples para o treinador é emparelhá-lo com o JoJo em quadra e fazer de sua retaguarda um pesadelo para a concorrência.

(Para constar, nesta terça, Boozer teve uma noite produtiva contra o Phoenix Suns e teve o prazer de jogar no quarto período por mais de três minutos! Ele substituiu Gibson com 3min46s no cronômetro e cedeu seu lugar para o reserva aos 34s. Booooa, garoto.)

Plantão médico do Los Angeles Lakers informa.
Olha, já é sabido todo o ódio que Mike D’Antoni pode despertar nas pessoas. Em muitas pessoas. Hoje, na esmagadora maioria das pessoas, especialmente aquela que tenham alguma queda por Kobe e o Lakers. Mas como é possível dirigir um time desses com algum sucesso? Um time que em NENHUMA partida da temporada teve todo o seu elenco disponível para bater uma bola?

Justo na hora em que se preparava para acolher dois Steves de uma vez e um Jordan em sua escalação, o técnico perdeu Pau Gasol novamente. O pivô vinha em sua melhor fase em muito tempo, mas vai ficar afastado por sete partidas devido a uma contusão na virilha.

E quem realmente achava que a coisa ia parar por aí?

Que os enfermeiros se preparem, já temos mais enfermos. Blake mal voltou contra o Minnesota Timberwolves e já sofreu uma… Ruptura no tímpano! O veterano armador ainda seguiu jogando, saindo zerado de quadra depois de 31 minutos e apenas dois arremessos tentados. Inacreditável. Além disso, o ala Jodie Meeks, talvez a figura mais estável do time em meio a mais um ano totalmente dominado pelo caos, sofreu uma séria lesão de tornozelo e saiu de quadra num pé só.

Nash, que vai completar 40 anos na sexta-feira e fez apenas seu sétimo jogo no campeonato, somou sete pontos e nove assistências em 25 minutos, dez a mais do que estava combinado para que ele jogasse.

Ainda bem que só faltam uns 150 dias para o próximo Draft.

Gasol no Phoenix Suns? Será?
O ESPN.com deu a história, e depois os jornais locais foram adiante. Está confirmada a negociação entre as duas equipes. O Lakers tentando se livrar de Gasol, para não pagar as pesadas multas do teto salarial, e, ao mesmo tempo, buscando mais alguma(s?) escolha(s?) de Draft para este ano ou próximo. O Suns, que supostamente apenas conduziria a temporada na maciota, de olho em mais algumas revelações no recrutamento de novato, se viu obrigado a mudar sua abordagem, diante de um sucesso inesperado. Qualquer estrela que fique disponível nas próximas semanas, até o dia 20 – o prazo final para trocas este ano –, tende a despertar o interesse da franquia.

Gasol, um belo reforço para o Suns. Ou não?

Gasol, um belo reforço para o Suns. Ou não?

No momento, eles estão na seguinte parte do processo de barganha: o Lakers quer, além de Emeka Okafor (o famoso “expiring contract”), uma ou mais escolhas de Draft de primeira rodada. Do outro lado, já ciente do valor que Okafor teria para as finanças de seus antigos rivais, o Suns bate o pé e diz que não está muito disposto a dar nada de tanto valor assim pelo espanhol. Será que fechariam o negócio se pudessem ceder apenas o pick do Pacers deste ano (muito provavelmente o último da primeira rodada)? Será que envolveriam apenas os de segunda rodada? Isso não está claro.

A diretoria do Arizona também quer aguardar o retorno de Gasol, ainda que os caras em LA digam que sua contusão não é muito séria. Lembrando que o pivô também está no seu último ano de contrato. O Phoenix o “alugaria” até o final do campeonato, na esperança de brigar para valer nos playoffs do Oeste. Kobe diz amar Gasol, mas a relação do atleta com a diretoria e a comissão técnica já está, vá lá, bem esgarçada.

De todo modo, também vale a pergunta: se o espanhol reclamou tanto do sistema de Mike D’Antoni nos últimos meses, como reagiria ao ritmo de jogo do Suns, que segue a mesma linha? Seria simples birra contra o seu atual treinador? Regitre-se que na tabela dos times que mais correm na temporada, o Lakers está em terceiro e o Suns, em sexto. As habilidades de Gasol, sua idade e problemas físicos… Nada disso indicaria que ele seria uma boa combinação para o estilo de jogo que Jeff Hornacek tem promovido. Por outro lado, a mera possibilidade de adquirir alguém tão talentoso (experiente e vitorioso) é tentadora demais, claro.

Vamos esperar pelo desfecho dessa queda-de-braço.

– Kevin Durant, mais que homem de gelo.
Sabe o George Gervin?

Foi um ala que jogou por San Antonio tanto na extinta ABA como na NBA, entre os anos 70 e 80. Segundo consta, foi um dos maiores cestinhas de sua geração. Entre 1977 e 82, foi cestinha em quatro campeonatos. Juntando as duas ligas, ele aparece na 14ª colocação geral entre os matadores. O talento para fazer cestas lhe rendeu o apelido de Iceman. Tinha a ver com o sangue frio para definir as jogadas. Mas o que repercutia em seu jogo não era apenas o faro para pontuar, mas também o modo como ele fazia, com movimentos atléticos e elegantes próximo da cesta. Nos clipes históricos de promoção, ele é quase companhia obrigatória ao legendário Dr. J. Para quem quiser se esbaldar, seguem 30 minutos de lances de um confronto entre os dois, com direito a Bill Russell na transmissão:

Pois o San Antonio Express teve uma saudável ideia de pauta, mesmo que fosse para falar bem daquele oponente que promete aterrorizar Tim Duncan & Cia nos playoffs: gravar uma entrevista com Gervin para falar sobre o maior cestinha dos dias de hoje, Kevin Durant, alguém que ainda precisa anotar 12.813 pontos na NBA para igualá-lo na tabela histórica. Parece e é muito. Mas, no embalo que o jogador de OKC está, seriam necessárias apenas mais cinco temporadas para que isso acontecesse. KD vai fazer apenas 26 anos em setembro. Afe.

Mas, bem, o Express chamou Gervin e ouviu o que (não?) queria: aos 61 anos, Gervin é um senhor admirador de Durant, e já acha bobagem que qualquer um queira compará-lo ao garoto. Nessa ordem, mesmo. Em sua concepção, o cestinha da temporada já o deixou para trás. “Ele é um fenômeno. Um cara de seu tamanho, que pode colocar a bola no chão, arremessar tão bem como ele faz. Isso o torna imarcável. As pessoas o comparam a mim, ouço muito isso. Mas a única razão para isso é porque ele é magro, sabe driblar e pontuar. Ele faz de um jeito diferente do meu. Arremessa mais de longe. É umas três ou quatro polegadas mais alto. Imarcável. O único cara que pode pará-lo é ele mesmo. Eu não era ruim. Mas foi há muito tempo, você sabe. Minha carreira me deixa realmente confortável. Mas ele é especial. Fico feliz de ainda estar por aí e ainda poder ser comparado a ele.”

Ainda sobre Durant, no decorrer de sua grande sequência de jogos com 30 pontos ou mais – que terminou, de verdade, apenas contra o Washington Wizards, uma vez que contra Nets ele nem participou do quarto período, com o jogo já resolvido –, existe na imprensa americana uma busca incessante para encontrar um apelido para Durant. Durantula já foi ventilado, mas é horrível. Agora vieram com “Slim Reaper”, algo como o Ceifeiro Magro. O craque não gostou. Não quer ser identificado com algo que lembre a morte. Prefere simplesmente KD.

Que continuem tentando. Só não vale Iceman.

– Kirilenko e o sucesso. Tudo a ver.
Quem, por milagre e muita paciência, acompanha o blog desde sua última encarnação, sabe da admiração profunda que se tem pelo russo Andrei Kirilenko nos arredores da Vila Bugrão, aonde está fincada a base do conglomerado 21. Aqui está uma prova. Mas, não, não se confirmam os rumores de que a fachada deste imponente edifício esteja tomada por um painel com todos os diferentes e alegres cortes de cabelo do astro.

Antes de a temporada começar, na hora de projetar os atuais times, para mim, a presença de AK-47 no elenco do Brooklyn era tão decisiva como a de um Paul Pierce ou um Kevin Garnett para um ousado Brooklyn que assumia o espírito de tudo ou nada – ainda que tenham pago uma suspeita pechincha para contratar o compatriota do bilionário Mikhail Prokhorov.

O modo como Kirilenko pode influenciar um jogo está expresso em suas estatísticas históricas. Você não encontra com facilidade por aí alguém capaz de sustentar médias de 12,2 pontos, 5,6 rebotes, 2,8 assistências e, mais importante, 1,8 toco e 1,4 roubo de bola. A versatilidade do ala é impressionante. Esse é um caso em que os números traduzem perfeitamente o que ele faz em quadra, com movimentação muito inteligente, capacidade atlética e envergadura que fazem a diferença.

O segredo russo para tudo no Brooklyn Nets?

O segredo russo para tudo no Brooklyn Nets?

Posto isso, na atual campanha, sua primeira pelo Nets, limitado por muitos problemas físicos, ele vem jogando apenas 18,1 minutos. Ele ainda não converteu sequer um chute de três. O lance livre despencou para 66%. Numa projeção por 36 minutos, seu rendimento é inferior ao que apresentou pelo Timberwolves na temporada passada.

Agora… Quer saber um dado instigante? Com Kirilenko fardado, o time de Jason Kidd tem 12 vitórias e 5 derrotas. Sem ele? 9-20. Em termos de aproveitamento, a variação é de 70,5% para 45%. Ou podemos colocar desta forma: é a diferença entre ser terceiro ou oitavo neste patético Leste. E não é que tenham batido só times fracos durante os 17 jogos com o russo (conte aí duas vitórias contra Miami e Atlanta e triunfos também sobre Oklahoma City, Golden State e Dallas).

É uma estatística e tanto, não?

Mas claro que, para avaliar qualquer dado, é preciso um pouco de calma. Kirilenko ficou um longo tempo fora de quadra, tentando entrar em forma, ainda não está 100% e voltou exatamente no momento em que Kidd conseguia encontrar uma identidade para seu time, mesmo com a – ou por causa da – lesão de Brook Lopez, fazendo a eficiência de sua defesa decolar. Nesse sentido, AK-47, ainda que a 60% de sua capacidade já ajuda bastante na defesa, podendo cobrir diversos tipos de oponentes, dando liga nas coisas.

E acreditem: essa é uma opinião imparcial.


Vida nova: 5 jogadores que tentam salvar a carreira na NBA
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Giancarlo Giampietro

Xavier Henry, decolando pelo Lakers

Xavier Henry, decolando pelo Lakers

O esporte, assim como a vida, está rodeado de surpresas agradáveis, sim. Mas, ao mesmo tempo, decepção é o que não falta.

(Chorei.)

No jogo jogado, são diversos os atletas em quem se pode apostar uma fortuna, fazer planos grandiosos  e ver toda essa grana ir ralo abaixo. Por vezes, é questão de azar: uma lesão grave e precoce, por exemplo. Más influências externas também podem atrapalhar muito. A falta de personalidade para fazer valer o talento. Um técnico cabeça-dura e rancoroso. A simples avaliação errada de um departamento de scouts. E mais e mais fatores podem determinar uma aposta furada.

Mas qual é o momento exato para definir que uma determinada história deu errada? Até quando os dirigentes, treinadores, torcedores e analistas devem esperar para dar uma carreira como “acabada”? No Brasil, somos especialmente bons nisso. A facilidade que temos para julgar alguém como “lixo” é incrível. Muitas vezes sem saber nem quatro linhas sobre a vida ou o contexto em torno de um atleta qualquer.

Agora brecamos o negativismo por aqui, sem se apegar tanto a amarguras da vida, tá? Afinal, é final de ano, hora de erguer a cabeça, estufar o peito. Simbora.

Então, assim bruscamente, vamos virar o disco. Quer dizer, vamos identificar algumas das boas e surpreendentes histórias do início de temporada da NBA. Uma turma que vai usando os primeiros meses do campeonato para tentar prolongar suas carreiras:

Xavier Henry, ala do Lakers
O pai de Xavier jogava na Bégica. A mãe integrou a equipe feminina da universidade de Kansas. Seu irmão mais velho foi escolhido na primeira rodada do Draft de 2005 – na MLB. Quer dizer: o DNA estava ali, pronto para ser explorado. E não teve jeito: o garoto seguiu a trilha de esportista, com destaque desde cedo. Foi um dos destaques de sua geração no colegial, sendo eleito para jogar o McDonald’s All American, o Nike Hoops Summit (do qual foi o cestinha americano) e o Jordan Brand Classic. Badaladíssimo.

Xavier, astro colegial

Xavier, astro colegial

Depois de se inscrever na Universidade de Memphis, voltou atrás e seguiu a trilha da mãe e passou seu primeiro e único ano de NCAA jogando pelos Jayhawks. Na estreia, anotou 27 pontos e estabeleceu um recorde pela tradicional universidade. Tudo seguia de acordo com o plano, até ser selecionado pelo Memphis Grizzlies em 12º no Draft de 2010. Em suas primeiras semanas com Lionel Hollins, agradou o bastante para ser promovido a titular por 11 partidas. Aos poucos, porém, começou a sentir dores crônicas no joelho e, de janeiro em diante, foi escalado em apenas 10 jogos. Na segunda temporada, foi a vez de ele sofrer uma torção e ruptura de tendão no tornozelo.

Jogado de canto num time com aspiração de ir longe nos playoffs,  foi envolvido em uma troca tripla no dia 4 de janeiro por Marreese Speights (que seria um taa-buraco devido a lesões de Zach Randolph e Darrell Arthur), indo parar no New Orleans Hornets. Em sua nova equipe, nunca chegou a empolgar. Não passou dos 17 minutos por jogo em duas campanhas – teve médias no geral de 14,6 minutos e meros 4,3 pontos, acertando apenas 40,1% dos arremessos. Foi dispensado.

Talvez seja justo afirmar que, quando assinou um contrato  sem garantias com o Lakers para a atual temporada, ninguém deu bola. Até que, na pré-temporada, começou a fazer barulho e conseguiu passar pelos cortes para compor o elenco de um time que precisava de ajuda desesperadamente no perímetro, enquanto Kobe não voltava.

Ok, o ala vem com uma produção inconsistente, não é que esteja incendiando a cidade, mas ao menos seus espasmos indicam que talvez seja muito cedo ainda para que seja descartado. Só tem 22 anos.

(PS: Jonathan Abrams contou tudo com mais detalhe no Grantland esta semana).

Jordan Crawford, ala-armador do Boston Celtics
Crawford não era tão cobiçado assim quando adolescente e, para piorar, ainda perdeu todo o seu último ano de colegial devido a uma lesão de tornozelo. Ainda assim, fez o suficiente em Detroit para atrair algumas universidades, optando por se inscrever na tradicional equipe de Indiana, pela jogou por um ano (2007-2008).

Jordan Crawford, o armador

Jordan Crawford, o armador

Depois que o técnico Kelvin Sampson foi afastado, no entanto, transferiu-se para Xavier e teve de ficar uma temporada de molho por violar alguns dos mais diversos códigos que a NCAA impõe. Ainda assim, o cestinha conseguiu aquele que talvez seja o mais comentado lance de sua carreira, em 2009, quando enterrou na cara de LeBron James durante um coletivo em um camp organizado pelo próprio atleta (ou pela Nike em seu nome, digamos).

Quando voltou para as quadras para valer, arrebentou pelos Musketeers, com média de 20,5 pontos por jogo e 39,1% nos três pontos. Bastou para lhe garantir a 27ª colocação no Draft de 2010, o mesmo de Henry, para o Atlanta Hawks. Lá, ele arrumou uma confusão danada para os mais desatentos que fossem conferir as tabelas de estatísticas do time, uma vez que suas credenciais se misturavam com as de Jamal Crawford. Waka-waka-waka.

Mas esse foi basicamente o único destaque de sua passagem por Atlanta, mesmo, uma vez que foi repassado para o Washington Wizards ainda como um novato. Na capital americana, não demorou para deixar seu talento evidente (um pontuador criativo a partir do drible), ao mesmo tempo em que foi devidamente posicionado na turma dos cabeças-de-vento JaVale McGee e Andray Blatche como uma figura que não ajudava em nada na química no vestiário.

Em dois anos e meio pelo Wizards, por vezes substituindo John Wall na armação, ele conseguiu dois triple-doubles e algumas noites incríveis de cestinha, com quando 39 pontos contra o Miami Heat. Mas nunca chegou nem a 42% no aproveitamento de quadra e tirou muitos companheiros (e técnicos e torcedores) do sério com seu “apetite” pela bola. Em fevereiro deste ano, foi chutado fora da cidade e acolhido pelo Boston Celtics, em troca de um lesionado Leandrinho. Para ver a moral que tinha.

Num time em derrocada física, não ajudou muito nos playoffs. Mas eis que, nesta campanha, em meio a um time de renegados ou desprestigiados, Crawford encontrou a Luz. Ou Brad Stevens, no caso, que o transformou num armador competente, enquanto não termina a reabilitação de Rajon Rondo. O técnico novato guia o a talentoso jogador em sua temporada mais eficiente na liga, e de longe, na qual, não por acaso, é a que está mais passando a bola.

Ao Zach Lowe, do Grantland, Stevens jura que não teve uma conversa do tipo “venha-conhecer-jesus” – e foi esta a pergunta de jornalista, de me matar de rir.

“A única coisa que eu queria ter certeza era de que ele sabia do meu ponto de vista: que era um novo começo e que acreditamos nele”, afirmou. “Eu já tinha visto ele ser quase impossível de se parar na faculdade, em um jogo que eu treinei contra ele. Eu sabia que ele era um cestinha implacável. A outra coisa que eu sabia era que ele não está com medo em momento algum. Mesmo no Torneio da NCAA, numa atmosfera tensa daquelas, e isso pede muito colhão.”

E o que saiu daí? Simplesmente que o Miami Heat está interessado em seus serviços.

DeMarre Carroll, ala-pivô do Atlanta Hawks
“Junkyard Dog”.

Algo como “Cachorro de Ferro-Velho”. Bravo, salivando para dar umas boas dentadas em quem ousar escalar e saltar a grade. Se cuida aí, mermão!

(Associo sempre esse tipo de cão ao doberman, que anda sumido de nosso ecossistema. Sem preconceito, ok.)

Bem, era esse o apelido de Carroll em seus tempos de universitário, especialmente quando ele jogava sob a orientação de seu tio, Mike Anderson, em Missouri – depois de duas temporadas por Vanderbilt.

Criado no Alabama, o ala-pivô não despertava tanta atenção assim dos olheiros, mas conseguiu bolsa-atleta  um universidades grandes – embora não necessariamente de ponta, esportivamente falando. Pelos Tigers, teve seu grande momento ao liderar uma campanha rumo às quartas de final do Torneio da NCAA.

Foi quase uma dádiva para um garoto que havia recebido uma notícia para lá de preocupante um ano antes. Incomodado com uma persistente coceira nas pernas, Carroll procurou dermatologistas para saber se tinha alguma espécie de alergia. Depois de muita investigação, acabou constatado algo bem mais grave: uma doença no fígado. Pior: uma doença no fígado que muito provavelmente exigiria um transplante no futuro.

DeMarre ignora doença e arrepia na NBA. Sobra até para Splitter

DeMarre ignora doença e arrepia na NBA. Sobra até para Splitter

A doença foi mantida sob sigilo por um bom tempo – segundo os médicos, era algo que não afetaria sua carreira. Ele poderia jogar o quanto quisesse e cuidar do órgão depois. Acontece que, após sua grande campanha nos mata-matas universitários, durante os treinos privados pré-Draft, o segredo acabou revelado. Por mais que tentasse amenizar a notícia, viu sua cotação cair. Não era o fim do mundo, contudo. Acabou escolhido pelo Memphis Grizzlies em 27º.

Aos 23 anos – mais velho que o calouro regular destes tempos –, estaria pronto para ajudar na rotação de Lionel Hollins, antes da chegada de Xavier Henry. Ou não. Mesmo num elenco jovem, em formação, na lista dos minutos distribuídos pelo técnico, foi apenas o nono mais utilizado.

Na temporada seguinte, foi trocado para o Houston Rockets, que devolveu Shane Battier ao time do Tennessee. Menos de um mês depois, em abril, foi dispensado. Só voltou no campeonato seguinte, defendendo o Denver Nuggets. Ficou no clube de dezembro a fevereiro, quando foi novamente mandado para o olho da rua, tendo participado de apenas quatro partidas.

De qualquer forma, a recuperação estava por vir. Foi contratado prontamente pelo Utah Jazz, encontrando espaço no banco de reservas do time, fazendo aquilo que mais sabe: correr pela quadra toda, enchouriçar a vida de quem estiver driblando nas redondezas, lutar por rebotes. O serviço sujo. Mesmo sem Deron Williams, o time deu um jeito de se intrometer entre os oito classificados aos playoffs do Oeste.

Depois de mais um ano de contrato pelo Utah Jazz, foi recompensado nesta temporada com uma proposta de certa forma surpreendente – mais de US$ 7 milhões por três anos. E, sim, para quem interessar possa, um valente como Carroll já garantiu US$ 12 milhões na carreira, no mínimo.

“Eu sou o junkyard dog e você realmente não pode tirar isso de mim”, orgulha-se.

James Anderson, ex-Popovich

James Anderson, ex-Popovich

James Anderson, ala do Philadelphia 76ers
Quase todo o elenco do Sixers podia estar listado aqui, na verdade. É o time com mais refugos desde a montagem do Charlotte Bobcats em seu draft de expansão. Mas vamos com este, ao menos por enquanto.

(Além do mais, com um nome tão comum como esses, é um caso perfeito para esta lista, não? Numa liga dominada por LeBrons, Kobes, Dwyanes e Carmelos, fica difícil prosperar como “James Anderson”. Para piorar, ele não consegue ser nem mesmo o “J.A.” mais bem ranqueado na pesquisa do Google, perdendo para um jogador de críquete qualquer homônimo.

Mas, então, sobre o ala Anderson: aqui estamos falando de mais um “McDonald’s All-American”, vindo do Arkansas. Em seu primeiro jogo de NCAA, por Oklahoma State, marcou logo 29 pontos. No segundo ano pela equipe, teve média de 18,3 pontos e foi chamado para a Universíade. Ao final da terceira temporada, com 22,3 pontos, foi eleito o jogador do ano da conferência Big 12.

Estava pronto, então, para entrar na NBA, sendo selecionado pelo San Antonio Spurs em 20­º. E aí que ele se tornou um raro caso de jovem jogador que não evoluiu sob a tutela de Gregg Popovich no Texas. Se, por um lado, teve um pouco de azar com lesões na temporada de novato, por outro ousou reclamar do técnico por não receber os minutos que achava justo ter nos campeonatos seguintes. Aiaiai. Vagou pelo Austin Toros, a filial de desenvolvimento do clube, sem causar sensação alguma e simplesmente não teve seu contrato estendido. O Coach Pop simplesmente desistiu do atleta em dois anos. A partir daí, passaria um bom tempo na estrada viajando de um lugar para outro.

Anderson tentou, então, um emprego com Danny Ferry no Atlanta Hawks, mas não foi aprovado. Foi inscrito na D-League novamente, pelo Rio Grande Valley Vipers, a filial do Houston Rockets. Foi chamado novamente pelo Spurs para cobrir um período de lesão de Stephen Jackson. Voltou para o Vipers, mas foi promovido de imediato para o Rockets, pelo qual disputou apenas dez partidas.

Na hora de escolher os chutadores que rodeariam James Harden e Dwight Howard em quadra, porém, Daryl Morey preferiu outras opções e foi mais um a dispensar Anderson. E aí Sam Hinkie, ex-braço direito de Morey, o recolheu de imediato na lista de waiver.  Em Philadelphia ele também reencontraria o técnico Brett Brown, ex-assistente do Spurs. Ufa.

“Esta é definitivamente uma grande oportunidade para mim. Sinto que esta é o melhor chance que tive até agora. Definitivamente quero aproveitá-la”, afirma Anderson, que começou a temporada como titular nas alas. Ok, agora está saindo do banco, mas jogando mais de 20 minutos por partida, com média de 10,9 pontos e aproveitamento de 47,7% nos arremessos neste mês. Aos 24 anos, ele enfim conseguiu um pouco de estabilidade.

“Ele se encaixa com nosso estilo com suas habilidades para correr na quadra”, disse Brown. “Ele tem um temperamento calmo. Sabe, talvez ele apenas esteja em uma fase de sua carreira em que vai aproveitar e seguir adiante. Talvez eu e nosso clube estejamos pegando James Anderson no momento certo de sua carreira.”

Josh McRoberts, ala-pivô do Charlotte Bobcats
Era 2005, numa época em que a NBA ainda permitia que os colegiais entrassem direto na liga, sem precisar passar pela hipocrisia do mundo da NCAA. De sua geração, Monta Ellis, Lou Williams, Martell Webster, Gerald Green, CJ Miles, Amir Johnson e Andrew Bynum, todos McDonald’s All-Americans, aproveitaram a brecha e se declararam para o Draft. McBob, considerado o ala-pivô mais promissor do país na categoria, optou por jogar em Duke antes de ganhar seus milhões.

Daí que… Podemos dizer que ele foi uma das maiores frustrações no reinado do Coach K. O potencial atlético do jogador sempre foi evidente, assim como sua versatilidade, preenchendo a tabela de estatísticas. Mas ainda havia muito o que trabalhar em seu jogo, como o físico, a consistência e fundamentos (rebote nunca foi o seu forte, por exemplo, a despeito de sua altura, impulsão e agilidade).

Os scouts começaram a se cansar do cara, a garotada em Duke também, e McBob resolveu sair ao final da segunda temporada. No fim, não fez uma coisa (entrar cedo, após o colegial, com base na aposta em seu talento natural), nem outra (ir para a faculdade para desenvolver seu jogo e se candidatar como um prospecto refinado). Resultado: despencou até a 37ª posição do Draft de 2007, via Portland Trail Blazers.

Na Rip City, o ala-pivô foi o jogador que menos minutos recebeu de Nate McMillan: apenas 28. No ano todo!  Bem, em 2008 acabou trocado para o Indiana Pacers, voltando para sua cidade natal com a benção de Larry Bird. Demorou dois anos, mas na temporada 2010-11, enfim, ele virou um jogador de NBA de verdade, com 22,2 minutos por partida, dividindo posição com Tyler Hansbrough, enquanto David West não chegava.

Como agente livre em 2011, assinou com o Los Angeles Lakers – a ideia dos Busses era combiná-lo com Troy Murphy para tentar suprir a ausência de Lamar Odom. Não deu tão certo assim, e na temporada seguinte ele acabou envolvido na supertroca que levou um suposto superpivô que marcaria história no time. “Isso não me incomoda. Não é que eles me trocaram por uma máquina qualquer ou algo assim. Eles me trocaram por um dos melhores jogadores da liga”, afirmou.

McBob, com visual e tudo para agradar Michael Jordan

McBob, com visual e tudo para agradar Michael Jordan

Em Orlando, McBob nem bem arrumou as malas  e já teve de se mudar para Charlotte, aos 25 anos.  “Estava em uma situação horrível em Orlando, onde eles só queriam me ver fora dali. Eles queriam jogadores jovens e contratos expirando. Em Los Angeles, também não estava muito bem, mas isso não é culpa de ninguém. Foi apenas o jeito como as coisas evoluíram para os agentes livres depois do locaute”, disse.

E foi pelo Bobcats que se encontrou.  Embora continue mal nos rebotes, vem com o melhor índice defensivo de sua carreira. Mas o que chama mais a atenção, mesmo, é sua média de 4,3 assistências por jogo, tecnicamente empatado com o armador Kemba Walker no fundamento. Além disso, ele é o segundo que mais cestas de três fez na temporada, atrás também de Walker.

“Tem sido ótimo para mim até aqui, em termos de ganhar uma oportunidade de jogar na minha posição. Você não quer nunca se acostumar em quicar de um lado para o outro. Este é meu sexto ano e já vi tanta coisa. Agora só quero ficar em um lugar em que eu tenha a oportunidade de ajudar e, tomara, vencer algumas partidas”, disse o ala-pivô.

No que depender Michael Jordan, de Charlotte ele não sai: “Espero que ele não exerça sua cláusula contratual. Temos de fazer de tudo para manté-lo”, disse o proprietário da franquia.

Menções honrosas: Gerald Green em Phoenix, Michael Beasley em Miami, Andray Blatche no Brooklyn, Wesley Johnson em Los Angeles e Lance Stephenson em Indiana. Quem mais?