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Draft da NBA: as 30 escolhas da 1ª rodada comentadas
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Giancarlo Giampietro

Os jogadores mais bem cotados reunidos no palco do Barclays Center, em NYC

Os jogadores mais bem cotados reunidos no palco do Barclays Center, em NYC

Galera, um breve comentário sobre cada um dos 30 calouros escolhidos na primeira rodada do #NBADraft. Com a cabeça fritando, deixo para fazer logo, no sábado, um balanço sobre quem saiu ganhando e quem saiu com mais dúvidas. Abaixo de cada seleção, um panorama histórico do que rolou nos últimos 20 anos nesta posição específica:

1 – Minnesota Timberwolves: Karl Towns (pivô, Kentucky, 19 anos)
Andrew Wiggins chegou primeiro. Agora, ele tem um pivô de igual potencial com quem brincar. Será, Minnesota? Será? A última vez que o clube teve um núcleo jovem tão promissor assim foi há 20 anos, com Garnett e Marbury. KG que provavelmente vai estender sua carreira para ajudar no progresso dessa dupla. O Wolves é o primeiro clube na história a unir três escolhas número de Draft seguidas, contando Anthony Bennett. Mas o ala-pivô, segundo os rumores, já estão de saída.

Ponto de vista histórico: Allen Iverson (1996), Tim Duncan (1997), LeBron James (2003), Dwight Howard (2004), Derrick Rose (2008), Blake Griffin (2009), John Wall (2010), Anthony Davis (2012)… Esses são os tipos que você sonha quando tem uma primeira escolha. Mas, cuidado, também pode dar nisto aqui: Michael Olowokandi (1998), Kwame Brown (2001), Greg Oden (2007), Andrea Bargnani (2006), Anthony Bennett (2011).

Towns é o quarto dos últimos oito jogadores número 1 do Draft a jogar por John Calipari na universidade (Derrick Rose, John Wall e Anthony Davis)

Towns é o quarto dos últimos oito jogadores número 1 do Draft a jogar por John Calipari na universidade (Derrick Rose, John Wall e Anthony Davis)

2 – Los Angeles Lakers: D’Angelo Russell (armador, Ohio state, 19 anos)
Mikan. Chamberlain. Jabbar. Shaq. Gasol… E sabe-se lá quem agora para o bola ao alto do time californiano. Mitch Kupchak surpreendeu a maioria dos especialistas ao escolher o armador que foi comparado por muita gente a James Harden em sua primeira e única temporada de universitário. Canhoto de excelente visão de quadra, criatividade no trato de jogadas e excelente arremesso, Russell é o tipo de jogador que a liga pede hoje. Agora é esperar que Kobe seja um bom mentor para o garoto. Com essa, o Lakers quebrou a banca de Sam Hinkie, o gerente geral do Philadelphia 76ers que esperava realmente contar com Russell para pilotar seu time em experimento.

Ponto de vista histórico: considerando que é a segunda posição, afe. Fujam! O torcedor do Lakers espera que Russell lembre muito mais um LaMarcus Aldridge (2006) ou um Kevin Durant (2007). Pelo menos, vai, um Tyson Chandler (2001). Agora, esse posto já rendeu gente como Stromile Swift (2000), Darko Milicic (2002),Michael Beasley (2008), Hasheem Thabeet (2009), Derrick Williams (2011). E ainda outra série de decepções em outra escala como Marvin Williams, Evan Turner e Jay Williams. Toc-toc-toc.

Magic aprovou:

3 – Philadelphia 76ers: Jahlil Okafor (pivô, Duke, 19 anos)
O Lakers simplesmente deu um enquadro em Philly. Sam Hinkie se viu, então, obrigado a pegar um pivô pelo terceiro ano ano seguido. Okafor vai para o mercado? Ou Embiid? O camaronês ainda lida com problemas de saúde, e o badalado calouro ao menos pode servir como uma apólice de seguro. De qualquer forma, é muito difícil de imaginar um ataque fucional com Okafor e Nerlens Noel em quadra. Nenhum deles tem chute de média para longa distância. O cultuado “Processo” fica em uma situação de constrangimento e ainda mais nebuloso.  

Ponto de vista histórico: Chauncey Billups (1997), Baron Davis (1999), Pau Gasol (2001), Carmelo Anthony (2003), Deron Williams (2006), Al Horford (2007), James Harden (2009)… Alguns dos excelentes nomes que saíram com o bronze. A verdade é que temos aqui uma lista bem sólida. Tirando Adam Morrison (2006), não há nenhum fiaaasco daqueles. Darius Milles foi uma tremenda decepção em 2000, com problemas fora de quadra e lesões, mas o fato é que aquela relação inteira daquele ano é horrorosa. OJ Mayo (2008) aparece aqui pelo simples fato de ter sido trocado por Kevin Love (o quinto) na noite do Draft. Memphis deixou passar essa. Ops.  

Nunca é demais, todavia, postar esta foto aqui, das mãos do “Big Jah”:  

Jahlil Okafor, hands, mãos, Duke

De novo: não é uma bola mirim

 

4 – New York Knicks: Kristaps Porzingis (ala-pivô, Letônia, 19 anos)
O jogador letão é um supertalento, já com duas temporadas de experiência como profissional na Liga ACB, a segunda maior liga nacional do mundo, o que rende maturidade. Mas vai encarar uma pressão enorme no Garden, e a primeira prova foram as pesadas vaias da torcida do Knicks presente no Barclays Center. Porzingis precisa ser visto como um projeto de médio prazo, especialmente do ponto de vista físico, num clube em que a expectativa é de reviravolta imediata. Como Carmelo Anthony vai reagir? E James Dolan? Ao menos o garoto encarou o chiado do público com muita personalidade de cara, dizendo ser um sonho jogar pela franquia, que entende a razão pelo descontentamento e que vai conquistá-los em quadra. Palavra de ordem: paciência.  

Ponto de vista histórico:  as coisas já ficam mais irregulares neste posto, mas ainda temos bons frutos. Chris Bosh (2003), Chris Paul (2005) e Russell Westbrook (2009) foram grandes achados. Lamar Odom (1999) abandonou o Clippers, mas seria uma peça importantíssima em títulos para o, hã, outro Los Angeles no futuro. Stephon Marbury (1996) e Antawn Jamison (1999) viraram All-Stars.

Porzingis, na fogueira. Phil Jackson vai ajudá-lo?

Porzingis, na fogueira. Phil Jackson vai ajudá-lo?

  5 – Orlando Magic: Mario Hezonja (ala, Croácia, 20 anos)
Dois europeus em sequência no Draft, e o encaixe de Hezonja com o clube da Flórida é praticamente perfeito. Aaron Gordon, Elfrid Payton e Victor Oladipo estão cheios de energia e pegada defensiva. O croata, de personalidade. O ala chega para oferecer chute de longa distância, arrojo e explosão no ataque. O vexame, aqui, fica por conta do Barcelona, que agendou um treino para a manhã desta quinta-feira, mesmo depois de a temporada ter se encerrado na quarta, sofrendo uma varrida do Real Madrid, e impediu que o garoto viajasse para Nova York. Adam Silver não teve quem cumprimentar.  

Ponto de vista histórico: mais ou menos o mesmo padrão, com Ray Allen (1996), Vince Carter (1999), Dwyane Wade (2003) e Kevin Love (2008) elevando o padrão, mas muito mais por conta de terem sido selecionados em anos de excelente safra. Nikoloz Tskitshvili (2002) e Shelden Williams (2005) foram grandes bombas.  

Alguns highlights da estadia de Hezonja em Barcelona:

6 – Sacramento Kings: Willie Cauley-Stein (pivô, Kentucky, 21 anos)
A segunda surpresa da noite. Cauley-Stein aparecia como um possível alvo do clube californiano, mas dois jogadores mais jovens e de maior potencial estavam disponíveis (Justise Winslow e Emmanuel Mudiay). Stein é visto pelos scouts como o melhor defensor deste Draft e vai dar cobertura a DeMarcus Cousins no setor. Isso, claro, se Boogie permanecer na capital californiana, numa franquia em desarranjo estarrecedor.  Caso Vlade Divac consiga contornar a crise entre o pivô e George Karl, ainda restará uma dúvida também em torno da parceria dos dois gigantes. O espaço para ação no ataque tende a ficar muito apertado. Por mais que Boogie tenha bom chute de média distância, é perto da cesta que vai fazer mais estragos e desestabilizar uma defesa. Outro ponto para acompanhar: Cauley-Stein, segundo consta, pensa (bem) fora da casinha e fala o que quer. Um jogador muito inteligente, de personalidade marcante. A ver se consegue se aproximar do igualmente veterano revelado por Kentucky.

Ponto de vista histórico: rapaz, que dureza. Wally Szczerbiak (1999), de alguma forma, foi eleito para o All-Star de 2002. Antoine Walker (1996) jogou em três. O brilho de Brandon Roy (2006) durou por quatro temporadas, até que seus joelhos disseram chega. Damian Lillard (2012) ao menos apareceu para o resgate seis anos depois. De resto, boas peças de apoio (Shane Battier, Danilo Gallinari, Chris Kaman) ou diversas bombas (Jonny Flynn, Epke Udoh, Robert Traylor, DeMarr Johnson…).

Está aqui o maluco beleza:  

7 – Denver Nuggets: Emmanuel Mudiay (armador, Guandong/China, 19 anos)
Imagine os pulos de alegria na base do Nuggets. O time deve encarar como uma dádiva essa escolha. Mudiay, há um ano, era cotado como o principal concorrente de Okafor a número um do Draft. Um armador alto, explosivo e agressivo, muito mais maduro do que a idade sugere –  maturidade turbinada pela experiência incomum que ganhou em um ano de profissional na China. Em vez de jogar por Larry Brown na NCAA, o garoto escolheu a rota chinesa para ajudar sua família financeiramente. Há uma forte especulação de que Ty Lawson esteja com os dias contados nas Montanhas Rochosas. Poderiam jogar juntos, mas a presença de Mudiay deixa o tampinha ainda mais disponível no mercado – algo que ele próprio reconheceu, se oferecendo imediatamente para Sacramento, aonde poderia reencontrar George Karl.

Mudiay, refugiado congolês que já jogou na China. Agora, em Denver

Mudiay, refugiado congolês que já jogou na China. Agora, em Denver

Ponto de vista histórico: vamos avançando, e, naturalmente, a quantidade de estrelas, diminuindo. Stephen Curry é a exceção em 2009, graças a David Kahn, que escolheu dois armadores antes dele. Rip Hamilton (1999) também foi longe. Assim como Luol Deng e Nenê, se formos compará-los com Chris Mihm, Charlie Villanueva, Randy Foye, Tim Thomas e, infelizmente, o falecido Eddie Griffin.

8 – Detroit Pistons: Stanley Johnson (ala, Arizona, 19 anos)
Mais uma surpresa. Com Justise Winslow disponível, o Pistons vai de Stanley Johnson. É preciso dizer que, durante boa parte do processo de avaliação para o Draft, havia dúvida para os scouts sobre quem seria o ala mais promissor desta fornada. Winslow conseguiu se distanciar de seus pares com um desfecho sensacional de temporada por Duke, enquanto Johnson teve problemas um tanto alarmantes no ataque para alguém já de corpanzil formado jogando contra amadores Há, de todo modo, uma vaga clara no perímetro do Pistons para ser preenchida. Agora o novato vai trabalhar com um excelente treinador como Stan Van Gundy para tentar preenchê-la.

Ponto de vista histórico: hã… Nenhum jogador deste grupo chegou a um All-Star. Nem mesmo Andre Miller, provavelmente o armador mais esnobado de sua geração. Rudy Gay (2006) e Larry Hughes (1998) foram outros que talvez tenham sonhado um dia. O mesmo não se pode dizer do brasileiro Rafael “Baby” Araújo, que foi colocado numa fria pelo Toronto Raptors em 2004.

9 – Charlotte Hornets: Frank Kaminsky (ala-pivô, Winsconsin, 22 anos)
A escolha pessoal de Michael Jordan. O que, historicamente, em termos de Draft, não quer dizer boa coisa. Kaminsky, por outros motivos, deve ser o calouro observado com maior curiosidade nesta temporada, pelo fato de ser um senior, um formando, algo que equivale a um idoso nos tempos de hoje. O grandalhão se desenvolveu ano após ano no Winsconsin até se tornar o principal jogador da NCAA nesta temporada. Pacote completo no ataque: chute, visão de quadra, mobilidade (para alguém de 2,13m…) e passe. Suas habilidades vão se traduzir para um cenário muito mais competitivo e atlético?

Ponto de vista histórico: se os gerentes gerais não conseguiram encontrar ouro no oitavo lugar, quem escolheu na posição seguinte se esbaldou. Olha que maravilha: Tracy McGrady (1997), Dirk Nowitzki (1998), Shawn Marion (1999), Amar’e Stoudemire (2002) e Andre Iguodala (2003). Isso para não falar de Andre Drummond em 2012 e Gordon Hayward em 2012. O nono lugar do Draft é mágico! Então a gente nem se importa com Ed O’Bannon (1997), Rodney White (2001), Mike Sweetney (2002), Ike Diogu (2005), Patrick O’Bryant (2006).

Frank, the Thank. Ele, mesmo

Frank, the Thank. Ele, mesmo

10 – Miami Heat: Justise Winslow (ala, Duke, 19 anos)
Pat Riley é um vencedor e, também, um cara de sorte. Muuuuita sorte. Um talento como Winslow caiu de modo totalmente inesperado em seu colo. O ala foi o motor por trás da conquista de Duke no Torneio Nacional da NCAA neste ano, jogando com atenção aos pequenos detalhes de um jogo, energia desmedida e um espírito contagiante. Excelente marcador, ainda um projeto em desenvolvimento no ataque, mas com um perfil que, sem dúvida, combina com a cultura interna da franquia da Flórida.

Ponto de vista histórico: Paul Pierce (1999), vocês sabem, vai para o Hall da Fama. Joe Johnson (2001) tinha tudo para seguir os seus passos, ganhou um caminhão de dinheiro, mas duvido que tenha virado pôster preferido de alguém. Aos 17 anos, Andrew Bynum foi uma aposta de risco do Lakers em 2005, de quem o clube tirou tudo o que podia e se livrou na hora certa. Brook Lopez (2008) e Paul George (2010) ainda têm história para escrever.

11 – Indiana Pacers: Myles Turner (pivô, Texas, 19 anos)
Larry Bird vem falando publicamente nas últimas semanas que chegou a hora de reformular o seu time. Dá todos os indícios de que deve abrir mão de Roy Hibbert. Nesta quarta, viu notícias locais dando conta de que David West vai exercer uma cláusula contratual para se tornar agente livre – nada oficial, por ora. Entra em cena Turner, um dos jogadores mais prestigiados de sua geração desde os tempos de colegial? O pivô tem tamanho, agilidade e tino para proteger o aro. No ataque, potencial para o chute de média e longa distância. Mas ainda é cru e precisa de tempo para segurar a bronca na liga.

Principais achados (relativo ao posto): Klay Thompson (2011), e só.

12 – Utah Jazz: Trey Lyles (ala-pivô, Kentucky, 19 anos)
A invasão canadense continua, ainda que Lyles tenha crescido em Indiana. Jogou o último ano inteiro fora de posição por Kentucky, devido ao excesso de pivôs qualificados dos Wildcats. Não é dos atletas mais impressionantes, mas tem muito fundamento, lembrando caras como Juwan Howard e Carlos Boozer. Vai compor uma rotação interessante de pivôs com Gobert e Favors e deixa o núcleo jovem do Utah ainda mais forte. É um jogador que já esteve em ação no Brasil, mais especificamente em São Sebastião do Paraíso, pela Copa América Sub-18 de 2012, ao lado de Andrew Wiggins.

Principais achados: ––

13 – Phoenix Suns: Devin Booker (ala, Kentucky, 18 anos)
O jogador mais jovem do Draft e considerado pelos olheiros como o arremessador de longa distância mais perigoso. Fundamento que é uma carência óbvia no elenco de Jeff Hornacek, especialmente para um ataque que tem o chute de três pontos como ingrediente fundamental. Booker é o quarto atleta de Kentucky selecionado entre os 13 primeiros, deixando a influência de John Calipari no basquete americano ainda mais abrangente. Curiosamente, o plantel do Suns deve contar com outros três atletas que passaram pelas mãos do Coach Cal. Eric Bledsoe, Brandon Kight (agente livre restrito) e Archie Goodwin jogaram lá no ano passado. Na segunda rodada, em 44º, o clube ainda optou por Andrew Harrison, um armador marrento de 1,95 m que não progrediu tanto assim pelos Wildcats, depois de muita badalação nos tempos de colegial. Parecia piada, mas, na verdade, a escolha foi feita a mando do Memphis Grizzlies, em troca do pivô Jon Leuer, que não tem contrato garantido.

Vejam a cara de garoto de Booker:

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Principais achados: Kobe Bryant (1996) (risos), Richard Jefferson (2001).

14 – Oklahoma City Thunder: Cameron Payne (armador, Murray State, 20 anos)
A cada processo de Draft surgem boatos sobre supostas promessas dos clubes a determinado jogador. O clube conta, informalmente, ao atleta que deles não vai passar. Aconteceu este ano com OKC e Payne, e aqui está o acordo confirmado. O jogador foi quem mais elevou sua cotação durante a temporada, mesmo atuando por uma universidade pequena, de pouca exposição. Considerado um armador completo, ainda que inexperiente, que deve brigar por espaço imediatamente com DJ Augustin na rotação de Billy Donovan.

Principais achados: Peja Stojakovic (1996).

15 – Washington Wizards: Kelly Oubre (ala, Kansas, 19 anos)
A primeira troca da noite, envolvendo escolhas do Draft! O Atlanta Hawks estava posicionado aqui, mas recebeu do Wizards o pick 19 e mais dois futuros de segunda rodada. De certa forma, uma escolha surpreendente para o Wizards, que já tem Otto Porter Jr. em seu plantel. Oubre é mais um jogador encarado como projeto de médio prazo (pacote atlético perfeito, o técnico nem tanto), depois de ter decepcionado em sua campanha por Kansas. Durante o período de testes privados pelos clubes, foi a grande estrela das entrevistas. Basicamente disse que faria pagar caro todos os que o criticaram e o ignoraram no Draft. O detalhe é que Oubre parece ser um dos queridinhos de Kevin Durant, aquele com quem o Wizards sonha contar em 2016. Espertinhos. Na cerimônia, de todo modo, o jovem ala calçou isto aqui:

Sem palavras?

Sem palavras?

Principais achados: Steve Nash (1996) (coff! coff!), Al Jefferson (2004), Kawhi Leonard (2011).

 16 – Boston Celtics: Terry Rozier (armador, Louisville, 21 anos)
A seleção que deixou todo mundo confuso tinha de pertencer a Danny Ainge, claro. Brad Stevens já conta com Isaiah Thomas, Marcus Smart e Avery Bradley. Todos baixinhos que não necessariamente armadores puros e gostam de advogar em causa própria no ataque. Dos três, apenas Thomas tem bom chute. Rozier vai para Boston com os mesmos moldesa, sendo um baixinho agressivo com a bola e também agindo feito pitbull na defesa, veloz em transição e duro na queda. Redundante, no final?

Principais achados: Ron Artest (1999), Hedo Turkoglu (2000), Nikola Vucevic (2011).

 17 – Milwaukee Bucks: Rashad Vaughn (ala-armador, UNLV, 18 anos)
Vaughn foi um jogador que fez sucesso durante o circuito de workouts para catapultar sua cotação para a metade da primeira rodada. Talentoso, teve alguns problemas no joelho e também com o restante da equipe em Vegas, acusado de fominha. Seu jogo se assemelha ao de OJ Mayo, como um ala-armador de bom arremesso, que pode criar individualmente. Mais uma promessa de um clube especulada pela mídia americana. O destaque da noite do Bucks, porém, foi a aquisição do venezuelano Greivis Vasquez em troca com o Toronto Raptors, cedendo uma escolha para o Draft de 2017 (com proteção para a loteria), além da 46ª neste recrutamento. Pagaram caro para ter um armador reserva.

Principais achados: Principais achados: Jermaine O’Neal (1996) (mais um!), Danny Granger (2005), Roy Hibbert (2008).

Vasquez vai jogar pelo seu quinto time diferente na NBA

Vasquez vai jogar pelo seu quinto time diferente na NBA

18 – Houston Rockets: Sam Dekker (ala, Winsconsin, 21 anos)
Um dos calouros mais experimentados do Draft, seguindo uma tradição nas seleções do Rockets. Dekker é um ala que chega para compor o banco de reservas, já pronto para entrar na rotação substituindo Ariza e, eventualmente, fazer o papel de ala-pivô aberto ao lado de Dwight Howard e Clint Capela. Muito inteligente no deslocamento fora da bola, forte fisicamente e com arremesso questionável. Se progredir como Chandler Parsons entre os profissionais, o Rockets ganha uma peça bem valiosa.

Principais achados: David West (2003), Ty Lawson (2009), Eric Bledsoe (2010).

19 – New York Knicks: Jerian Grant (armador, Notre Dame, 22 anos)
Então: lembra que o Atlanta Hawks havia descido para esta posição em negociação com o Wizards? Pois bem. O time resolveu sair de vez da primeira rodada ao repassar o pick ao New York Knicks, de Phil Jackson, que, depois do projeto Porzingis, anuncia um calouro mais preparado para entrar em quadra. Grant fez um grande campeonato por Notre Dame e quase ajudou o time a derrubar a poderosa Kentucky nos mata-matas. Filho do ex-jogador Harvey Grant. Para tê-lo, o Mestre Zen cedeu Tim Hardaway Jr. O ala vai disputar posição com Kent Bazemore (e, talvez, Thabo Sefolosha, dependendo da rapidez de sua recuperação) no banco de Mike Budenholzer.

Principais achados: Zach Randolph (2001), Jeff Teague (2009).

Delon Wright vai armar o Raptors de verão para Bruno Caboclo e Lucas Bebê

Delon Wright vai armar o Raptors de verão para Bruno Caboclo e Lucas Bebê

20 – Toronto Raptors: Delon Wright (armador, Utah, 23 anos)
O jogador mais velho selecionado até o momento. Para se ter uma ideia, Wright (irmão de Dorell, ala do Blazers) tem quatro anos a mais que Bruno Caboclo. Armador alto, especialista em combinações de pick-and-roll que vem para ser reserva de Lowry, ainda mais depois da troca de Vasquez para Milwaukee. Mais uma tacada esperta de Masai Ujiri, que enxugou sua folha salarial e conseguiu uma escolha extra de primeira rodada nessa, se municiando para um verão que promete ser movimentado para a franquia canadense.

Principais achados: Zydrunas Ilgauskas (1996) (abarrotado!), Jameer Nelson (2004).

21 – Dallas Mavericks: Justin Anderson (ala, Virginia, 21 anos)
A expectativa era a de que o clube texano escolhesse um armador para o lugar de Rajon Rondo – também levando em conta a iminência da saída de Monta Ellis. Tyus Jones, campeão por Duke, estava disponível, mas passou batido em detrimento de Anderson, um ala que supostamente apresenta um dos perfis mais visados da liga, o do “3 & D” – bom chute de três, pela zona morta, e capacidade para defender. Tipo o que Richard Jefferson tenta fazer hoje. Alternativa para Chandler Parsons no banco.

Principais achados: Boris Diaw (2003), Rajon Rondo (2006), Ryan Anderson (2008).

22 – Chicago Bulls: Bobby Portis (ala-pivô, Arkansas, 20 anos)
Um jogador que esperava ser escolhido pelo menos cinco posições antes e que, agora, deve ter ainda mais motivação para mostrar serviço em Chicago. Como se precisasse: não é dos pirulões que mais salta ou mais velozes, mas joga duro e deixa tudo o que tem em quadra. Tende a virar um dos preferidos da torcida do Bulls, que gosta desse estilo. A questão é: com Gasol, Noah, Gibson e Mirotic, vai jogar como? A não ser que venha troca pela frente.

Principais achados: –

23 – Broolyn: Rondae Hollis-Jefferson (ala, Arizona, 20 anos)
Alerta: troca! Alerta: troca! Hollis-Jefferson fazia todo o sentido para o Portland, que havia perdido Nicolas Batum na véspera e precisava de um ala defensivo para ajudar Lillard e McCollum. Mas o Brooklyn Nets simplesmente estava babando pelo jogador, considerado um dos melhores marcadores do Draft, e particularmente um dos meus prediletos deste recrutamento. Para ter o jogador de Arizona, a equipe nova-iorquina assimilou o contrato de Steve Blake e enviou ao Oregon um pivô do porte de Mason Plumlee, além do ala Pat Connaughton (escolha 41, via Notre Dame). Quer dizer: custou caro. Beeeem caro. Com Plumlee, o Blazers provavelmente não deve renovar com Robin Lopez. O quanto isso pode influenciar no destino do futuro de LaMarcus é difícil de dizer.

Principais achados: Tayshaun Prince (2002).

Mason Plumlee, campeão mundial, vai para Portland

Mason Plumlee, campeão mundial, vai para Portland

24 – Minnesota Timberwolves: Tyus Jones (armador, Duke, 19 anos)
Mais uma troca:  a escolha pertencia ao Cleveland Cavaliers, que vai receber as 31ª (Cedi Osman, ala-armador turco de 20 anos que tem mais dois anos de contrato com o Anadolu Efes) e 36ª (Rakeem Christmas, pivô formado em Syracuse, patrulheiro de garrafão), já pela segunda rodada . Jones impressionou a todos no torneio da NCAA por sua maturidade, coragem e controle de jogo, mas seu perfil (nada!) atlético parece ter desencorajado os dirigentes. Vai ser um ótimo reserva para Ricky Rubio – e um plano B interessante, no caso de o espanhol sofrer mais alguma lesão. Com tanto potencial físico em seu elenco, Flip Saunders poderia “arriscar” nessa.

Principais achados: Andrei Kirilenko (1999), Kyle Lowry (2006), Serge Ibaka (2008).

25 – Memphis Grizzlies: Jarell Martin (ala-pivô, LSU, 21 anos)
Um terceiro caso de promessa que já havia vazado. Um jogador muito atlético, de características diferentes às dos demais pivôs do elenco, com impulsão, velocidade, bom controle de bola para correr em transição, mas que não tem tanta habilidade assim para finalizar. Há quem especule que possa ser deslocado para o perímetro,  mas essa não seria uma mudança tão simples

Principais achados: Tony Allen (2004) (?)

26 – San Antonio Spurs: Nikola Milutinov (pivô, Sérvia, 20 anos)
O batalhão de revelações internacionais do Spurs não tem fim. Milutinov é um espigão de 2,13 m de altura e já de boa rodagem pelo time principal do Partizan Belgrado, com ótima mobilidade e impulsão. O ponto-chave  para o clube texano, contudo, é a possibilidade de deixá-lo em desenvolvimento na Sérvia, preservando desta forma um precioso espaço na folha de pagamento. Cada dólar pode fazer a diferença nos planos de atacar alguns dos principais agentes livres do mercado.

Principais achados: Kevin Martin (2004), George Hill (2008), Taj Gibson (2009) (?).

27 – Los Angeles Lakers: Larry Nance Jr (ala-pivô, Wyoming, 22 anos)
Uma escolha surpreendente do clube angelino. Nance estava cotado para a segunda rodada, mas impressionou os olheiros em sua preparação final para o Draft – o que é meio inusitado, considerando que eles já haviam tido a oportunidade de acompanhar o jogador por quatro anos na NCAA. Ah, sim, seu nome entrega uma obviedade: filho do ala-pivô que fez bela carreira por Phoenix Suns e Cleveland Cavaliers entre os anos 80 e 90, de quem herdou a capacidade atlética, estrelando muitas jogadas de efeito em sua carreira, concluídas com cravadas. A explosão seguiu inabalada mesmo depois de uma cirurgia no joelho sofrida em fevereiro de 2014. Outro problema de saúde: Nance precisa conviver com a chamada Doença de Crohn, que pode resultar, entre tantos efeitos colaterais, a perda de peso, fadiga, ou mesmo artrite. Bom arremessador de média distância com os pés plantados, deve compor a rotação de Byron Scott.

Principais achados:  Kendrick Perkins (2003) (?), Arron Afflalo (2007) (?), Rudy Gobert (2013) (ao que tudo indica).

28 – Boston Celtics: RJ Hunter (ala, Georgia State, 21 anos)
Tido depois de Devin Booker como o segundo melhor chutador do Draft. Curiosamente, a maior parte dos especialistas esperavam que ele saísse entre os 20 principais prospectos, enquanto Rozier supostamente estaria endereçado para esta faixa. Danny Ainge inverteu as coisas, mas consegue um jogador fogoso para seu grupo de perímetro. De qualquer forma, a backcourt de Brad Stevens fica bastante congestionada. Uma dupla estranha para o Celtics.

Principais achados: Leandrinho (2003), Tiago Splitter (2007).

29 – Brooklyn Nets: Chris McCullough (ala-pivô, Syracuse, 20 anos)
A temporada de McCullough por Syracuse prometia bastante até que ser encerrada por conta de uma lesão no ligamento cruzado anterior em janeiro. Antes, no colegial, vagou de um lugar para o outro, frustrando técnicos e olheiros pela falta de consistência em quadra. Ainda assim, seu potencial, com bom chute de média distância, instintos defensivos e muita impulsão, faz o Brooklyn Nets, desesperado por jovens talentos, apostar em sua seleção.

Principais achados: Josh Howard (2003).

Looney: sozinho na green room. Mas salvo pelo Warriors no final

Looney: sozinho na green room. Mas salvo pelo Warriors no final

30 – Golden State Warrors: Kevon Looney (ala, UCLA, 19 anos)
Não por coincidência, mais um prospecto que teve sua cotação prejudicada por questões físicas. Looney pode ter de passar por uma cirurgia nas costas no futuro e também tem problemas no quadril. O mais cruel, neste caso, é que o jovem versátil ala foi convidado para a liga para tomar parte da famosa “sala verde”, a região mais próxima ao palco, que reúne os calouros com maior probabilidade de sair entre os primeiros colocados. Dentre os relacionados este ano, o garoto foi o último, tendo ouvido seu nome quando já estava deixando a área. O consolo foi ser resgatado pelo atual campeão. Looney também se enquadra na categoria de projeto a longo prazo (seu melhor fundamento hoje é o rebote, mas também tem lampejos como condutor de bola e arremessador) e terá liberdade para se desenvolver sem cobrança alguma.

Principais achados: Gilbert Arenas (2001), Anderson Varejão (2004), David Lee (2005), Jimmy Butler (2011).


Prepare-se para o Draft da NBA. A loucura continua
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Giancarlo Giampietro

O Draft está marcado para as 20h (horário de Brasília, com transmissão gratuita via League Pass), mas, para quem está chegando só agora, a balada já começou faz tempo, gente. É como se fosse uma rave da NBA, com mais de 24 horas de negociações, rumores, blefes, contra-espionagem e tudo o mais. Nesta quarta-feira, três trocas foram fechadas – ou quase. Admito que me precipitei em escrever sobre Jeremy Lamb ao lado de Kemba Walker em Charlotte, pois restavam detalhes para que a transação fosse concluída, o que não aconteceu. O Memphis entrou na jogada e acabou interceptando Matt Barnes, que agora vai fazer uma dupla assustadora com Tony Allen. Quer dizer: a terceira troca aconteceu, mas foi fechada nesta quinta, com outras peças, o que não é o fim do mundo. Pois a liga toda está na pista, com  Danny Ainge, Sam Hinkie e Daryl Morey numa vibe que só. Imaginem os caras soltando aquele “U-RUUU” característico. Mas de terno e gravata.

A especulação mais instigante do momento envolve Sacramento Kings, Los Angeles Lakers e DeMarcus Cousins. Chegamos àquele ponto bastante instrutivo, aliás, para os torcedores em geral: o de que a palavra oficial de seus dirigentes não vale tanto assim. Vlade Divac e qualquer fonte ligada à diretoria asseguram que não têm a menor intenção de despachar o pivô. Essa é uma meia-verdade. Os caras prefeririam segurar o jovem campeão mundial. O que não os impede de já estarem em conversações adiantadas com o Lakers, discutindo nomes, e tudo o mais, além de manterem contato com qualquer outro clube interessado.

Acompanhe a cobertura do 21 para o NBA Draft:
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Segundo o superfurão Adrian Wojnarowski, o Kings pede a escolha número dois do recrutamento desta quinta, Julius Randle e Jordan Clarkson, solicitando que o rival californiano ainda pegue o contrato de Carl Landry. O Lakers, segundo o mesmo artigo, não está interessado em envolver Randle neste negócio. O que é curioso, considerando que o ala-pivô número 7 do Draft passado fraturou a perna logo na primeira partida da temporada. O rapaz estaria rendendo muito nos treinos em El Segundo. Mas, se Sacramento estiver realmente disposto a aceitar um pacote desses, não há motivo para não entregá-lo. Cousins tem seus problemas de temperamento, mas jogou uma barbaridade nos últimos dois campeonatos e tem apenas 24 anos. É um cara em torno do qual você pode construir uma grande equipe. Mesmo no Oeste.

Por que Divac e seus comparsas aceitariam algo nessa linha? É que a classe deste ano vem sendo bastante elogiada pelos scouts em geral, com ótimas opções para as primeiras seis, sete escolha. Com o segundo pick do Lakers, porém, a esmagadora opinião é a de que você pode contratar um futuro All-Star. De resto, os scouts apostam em um bom volume de jogadores até a faixa de 20 a 25 do Draft. A partir daí, o consenso é de que a qualidade despenca sensivelmente, num nível muito inferior ao de anos anteriores. Então há muitos clubes que pretendem subir na lista, enquanto outros times topam até mesmo abrir mão de suas escolhas, de olho em veteranos ou em ativos para o futuro.

Quais são as possibilidades? Vamos apresentá-los aqui brevemente, oferecendo links mais detalhados (em inglês). Também vale desde já discutir qual o impacto que a geração pode ter como um todo e, depois, apresentar os pontos básicos para se entender como funciona o Draft – percebo que este processo ainda não está muito claro para muita gente. Claro que o leitor  viciado no noticiário do Draft provavelmente já até decorou tudo isso. Mas, simbora.

– Os espigões

Karl Towns pode se juntar a Duncan, LeBron, Monocelha e Olowakandi e Kwame como escolha número um de Draft

Karl Towns pode se juntar a Duncan, LeBron, Monocelha e Olowakandi e Kwame como escolha número um de Draft

A fornada deste ano está cheia de grandalhões promissores. O mais bem cotado é o dominicano Karl Towns, que já enfrentou a seleção brasileira enquanto adolescente. O jogador ficou um ano em Kentucky e progrediu bastante sob a orientação de John Calipari. Quando o vi pela primeira vez em amistosos e competições da Fiba, se mostrava mais como um ala-pivô flutuante, atuando longe da cesta, confiante em seu arremesso de média distância. O porte físico era um fator para isso. Em Lexington, no entanto, foi empurrado para o garrafão e teve seu jogo perimetral praticamente ignorado. Não que não pudesse produzir deste jeito. O objetivo era a expansão de seu arsenal – veja um vídeo de um de seus treinamentos regulares. Deu certo. Hoje não tem problema em encarar o contato perto da cesta e desenvolveu um bom gancho e jogo de pés. É bastante ágil para alguém de seu tamanho e protege o aro com destreza. Faz um pouco de tudo e, por isso, tem um potencial enorme e não deve passar do Minnesota Timberwolves, o primeiro. Leia o scout completo do dominicano feito por Rafael Uehara, que já colaborou aqui para enriquecer o blog.

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Por dividir espaço com uma série de prospectos muito prestigiados, Towns elevou aos poucos sua cotação entre os scouts. Durante boa parte da temporada, o pivô Jahlil Okafor, campeão universitário por Duke, foi considerado como o candidato número um. É um garoto com jogo de velha escola, extremamente talentoso de costas para a cesta, com um conjunto de movimentos talvez precocemente mais criativo que o de Al Jefferson, por exemplo, e mãos gi-gan-tes-cas. Quanto mais o observaram, porém, mais os olheiros se preocupam com sua mobilidade reduzida e o quanto isso pode lhe deixar exposto na defesa, especialmente numa NBA cada vez mais veloz. Também, por isso, questionam o quão motivado o jogador estaria para trabalhar e se tornar uma superestrela. O DraftExpress aborda essas questões. Seu perfil tem toda a identificação com a história do Lakers, clube habituado a jogar com pivôs dominantes. O Knicks, com o sistema de triângulos, também seria uma excelente pedida. Não deve passar daí.

Jahlil Okafor e uma bola que não é mirim

Jahlil Okafor e uma bola que não é mirim

Outros espigões bem cotados: Frank Kaminsky, já com 22 anos (dois anos mais jovem que Boogie Cousins, por exemplo), eleito o melhor jogador da NCAA por Winconsin, de 2,13 m de altura, mas com fundamentos de ala no ataque e um arremesso infalível, despertando interesse do Knicks, do Hornets, do Heat e do Pacers; Trey Lyles, companheiro de Towns e Kentucky, mas que jogou deslocado no perímetro o ano todo, também muito bem fundamentado, com um jogo comparado ao de Juwan Howard e Carlos Boozer,; Myles Turner, da Universidade do Texas, que une chute de longe e habilidade de tocos, uma combinação bastante cobiçada na liga de hoje; e Willie Cauley-Stein, mais um de Kentucky, um pivô de 21 anos e considerado o melhor defensor do Draft, capaz até de brecar armadores no perímetro. Esses atletas não devem sair entre os 4º e 17º lugares.

Se boa parte desses garotos realizarem seu potencial, a tese de que a NBA é hoje uma liga de armadores pode ser revisada.

– Os europeus
Apenas dois jogadores do Velho Continente estão projetados para as dez primeiras escolhas. Um deles também engrossa a categoria acima: o letão Kristaps Porzingis, que, de certa forma, tem a candidatura mais complexa, controversa deste Draft. Muito por se chamar Kristaps Porzingis, claro. Mesmo que tenha jogado duas temproas completas pelo Sevilla na Liga ACB, a liga nacional mais forte do mundo Fiba, e que haja dezenas de vídeos do ala-pivô disponíveis basicamente em qualquer lugar na rede, muitos nos Estados Unidos insistiram em chamá-lo de “homem misterioso”. Suas características de chutador nato, homem ágil e magro também ajudam e não ajudam. Muitos salivam ao assisti-lo, exagerando como sempre ao falar de Dirk Nowitzki e Andrei Kirilenko, enquanto outros fazem questão de lembrar de Andrea Bargnani, Nikoloz Tskitishvili e diversos jovens europeus que fracassaram na liga. Com quase 3.000 palavras, Rafael Uehara nos conta que o melhor, mesmo, é sempre o meio termo.

Porzingis fez um treino individual em Las Vegas, no dia 12, assistido por Phil Jakcson e muitos outros dirigentes. Teve um rendimento espetacular, inflando sua cotação. Mas qualquer dirigente mais dedicado já poderia ter assistido ao letão em diversas partidas em Sevilha

Porzingis fez um treino individual em Las Vegas, no dia 12, assistido por Phil Jakcson e muitos outros dirigentes. Teve um rendimento espetacular, inflando sua cotação. Mas qualquer dirigente mais dedicado já poderia ter assistido ao letão em diversas partidas em Sevilha

O outro? Mario Hezonja, o croata companheiro de Marcelinho Huertas no Barcelona, um gatilho excepcional, atlético, cheio de confiança, mas que não conseguiu mostrar tudo o que podia nos últimos anos, devido a uma concorrência muito forte no elenco do clube catalão – e também por certa implicância do técnico Xavier Pascual e dos dirigentes locais, que esperavam aproveitá-lo no futuro e deram um jeito de boicotar sua candidatura. Uma anedota bastante desagradável neste sentido? Hezonja tinha voo marcado de Barcelona para Nova York na noite de quarta-feira, caso seu time fosse varrido pelo Real Madrid nas finais da ACB. Aconteceu. E o que a diretoria fez? Marcou um treino para esta quinta, mesmo que a temporada tenha acabado. Totalmente bizarro, como se fossem um grupo de juvenis que precisassem de uma lição. Seria melhor ter praticado melhor antes de apanhar do Real, não? Claro que não era esse o caso. O objetivo implícito aqui era impedir que o croata comparecesse à cerimônia. O fato de ele não estar no Brooklyn não altera nada o seu status, diga-se. O garoto só foi privado do prazer de subir ao palco, tirar uma foto com Adam Silver e sorrir como jogador de NBA nesta quinta. Infantilidade é pouco.

Hezonja teve lampejos pelo Barcelona, mas não foi aproveitado da melhor forma

Hezonja teve lampejos pelo Barcelona, mas não foi aproveitado da melhor forma

Se os jogadores estrangeiros foram uma coqueluche no início da década passada, com o sucesso de Dirk, Gasol, Parker, Ginóbili, no momento enfrentam uma dura resistência, até pela falta de resultados. Desde o Draft de Yao Ming em 2002, nenhum atleta de fora dos Estados Unidos escolhido entre os dez primeiros se tornou um All-Star. Desta forma, o preconceito voltou e reforçado. Porzingis e Hezonja têm talento para enfrentar essa questão.

Outros talentos internacionais já estabelecidos em alto nível na Europa e que devem ser selecionados, provavelmente na segunda rodada: Willy Hernangómez, pivô do Sevilla de 21 anos, de jogo forte e maduro no garrafão, superprodutivo, mas com capacidade atlética limitada, Cedi Osman, fogoso ala-armador tratado como príncipe na Turquia, Arturas Gudaitis, trombador do Zalgiris Kaunas, Mouhammadou Jaiteh, mais um paredão francês, e Nikola Milutinov, mais um pivô grande e habilidoso da Sérvia.

De um modo geral, a safra de gringos é considerada bem fraca este ano. O que nos leva a crer que Georginho, caso tivesse mantido seu nome na lista, seria selecionado. Os agentes do armador do Pinheiros, porém, não se contentavam com isso. Queriam o comprometimento de um clube com o jovem brasileiro, com um plano detalhado para seu desenvolvimento. Por isso, optaram por sua retirada, ao lado de Danilo Fuzaro, Humberto Gomes e Lucas Dias.

– No perímetro
Entre os armadores, as opções são bem escassas.

A canhota de D'Angelo tem muitos fãs

A canhota de D’Angelo tem muitos fãs

Toda comparação é natural e inevitável para os scouts. É a forma mais fácil de eles se localizarem. Nesse processo, porém, os paralelos podem soar forçados também. Para D’Angelo Russell, já deu para se acostumar a ler os nomes de gente como James Harden e Stephen Curry. Só. O caso do armador de Ohio State é curioso, pelo fato de ele ter surpreendido os olheiros em sua temporada. O jogador recebia elogios ao entrar no basquete universitário, mas não me recordo de ser cotado como um talento de ponta. Isso mudou rapidamente, quando puderam ver que sua combinação de arremesso, visão de quadra, inteligência e maturidade já o destacavam em meio a uma concorrência muito mais forte do que a dos tempos de universitário. Há quem questione sua defesa e a falta de explosão em seu jogo. Não é o suficiente para lhe tirar do grupo dos quatro primeiros.

Seu principal concorrente é o explosivo Emmanuel Mudiay, que optou por ignorar a NCAA e jogar na China, na última temporada. Os clubes obviamente enviaram olheiros para lá, para avaliá-lo, mas o distanciamento resultou em menor exposição para o jogador que, um ano atrás, era considerado a grande ameaça a Okafor pelo topo do Draft. O potencial atlético é o mesmo de antes, todavia.

Cameron Payne, de Weber State, Tyus Jones, eleito o destaque do torneio nacional da NCAA por Duke, Jerian Grant, de Notre Dame, Delon Wright, de Utah, com perfis e idades diferentes, têm seus admiradores, mas não são vistos como jogadores que cheguem para serem titulares. Payne é o mais bem cotado, chamando atenção de Pacers, Suns e Thunder. Os outros quatro devem sair na segunda metade da primeira rodada.

Winslow, espírito e jogo vencedor

Winslow, espírito e jogo vencedor

A safra de alas é liderada por Justise Winslow, o motor por trás da conquista de Duke. Winslow tem um espírito que contagia e não deve passar do Detroit Pistons, em oitavo. Ele concorre diretamente com Hezonja. Num degrau abaixo estão Sam Dekker, vice-campeão por Winsconsin, Stanley Johnson e Rondae Hollis-Jefferson, de Arizona, e Kelly Oubre Jr., de Kansas. Deste grupo, Hollis-Jefferson é o meu preferido. Um trator aos moldes de Michael Kidd-Gilchrist.

O Utah Jazz recebeu 101 atletas (!!!) para atletas em seus testes pré-Draft. Georginho e Lucas Dias entre eles

O Utah Jazz recebeu 101 atletas (!!!) para atletas em seus testes pré-Draft. Georginho e Lucas Dias entre eles

– Mais links
O básico Mock Draft do DraftExpress, que tem o maior índice de acerto no recrutamento de calouros. Chad Ford, do ESPN.com, oferece outra perspectiva.

O guia do Bball Breakdown é um absurdo, com uma planilha em didática para especificar as qualidades de cada prospecto e as carências de cada clube.

Para perfis detalhados dos jogadores estrangeiros, recomendo, além do DX, o Eurohopes, cuja equipe já revelou até mesmo três scouts para a NBA.

Kevin Pelton, analista do ESPN.com com enfoque estatístico, produziu material bem interessante nas últimas semanas: as projeções numéricas dos candidatosuma defesa a Kristaps Porzingis e a produção positiva do talento internacional (ainda que sem produzir muitas estrelas).

– O Draft
É o recrutamento oficial de calouros da NBA. Hoje, são duas rodadas de seleção, com 60 escolhas no geral. Supostamente, cada clube deveria ter duas cada – mas eles podem envolvê-las em negociações, gerando um desequilíbrio ano após ano. O Philadelphia 76ers, por exemplo, tem seis picks nesta quinta-feira, sendo cinco na segunda rodada. Dificilmente vai aproveitar todas, então podem esperar que Sam Hinkie bagunce tudo mais tarde. Para variar.

Quais jogadores podem ser escolhidos? Apenas atletas de fora dos Estados Unidos que completem de 19 a 22 anos na temporada do Draft. Para aqueles que tenham estudado nos Estados Unidos, as regras mudam. Eles precisam ter pelo menos um ano de rodagem depois do high school, seja na NCAA ou no basquete profissional – em ligas estrangeiras, como Emmanuel Mudiay na China, ou na própria D-League da NBA, como aconteceu com PJ Hairston, Glen Rice Jr. e Latavious Williams no passado. Para os universitários, não há limite de idade. O pivô Bernard James, de Florida State, foi escolhido pelo Dallas Mavericks em 2012 aos 27, depois de ter servido ao Exército americano.

O fato de o jogador ser draftado não é garantia de que vá para a NBA. Os brasileiros Paulão Prestes e Raulzinho, por exemplo, já foram escolhidos por Minnesota Timberwolves e Utah Jazz, respectivamente, em 2010 e 2013, mas só foram aproveitados até agora em jogos de liga de verão, que não são oficiais. Cada caso é um caso. Paulão dificilmente vai jogar pelo Wolves, enquanto Raul ainda toca sua carreira na Europa em um ambiente mais propício ao seu desenvolvimento, seguido de perto pelos cartolas de Salt Lake City. Houve casos de atletas, porém, que simplesmente se recusaram a jogar nos Estados Unidos. Lá atrás, nos anos 80, foram vários, com Oscar Schmidt entre eles. Dejan Bodiroga é outro craque célebre que nunca teve interesse. Mais recentemente, tivemos o espanhol Fran Vázquez, selecionado pelo Orlando Magic na 11ª posição em 2005. Fechou a porta na cara do ex-gerente geral Otis Smith.


Temporada especial: relembre grandes momentos da NBA 2014-15
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Giancarlo Giampietro

“Foi uma temporada e tanto.”

A tendência, ao final de uma jornada de 1.230 jogos, é que sempre falemos isso, né? Pois história não falta para contar. Na hora de separar os principais acontecimentos da campanha 2014-2015 da NBA, porém, dá para perceber que realmente testemunhamos um campeonato especial. Claro que muita coisa chata aconteceu, como as lesões de Durant e Kobe, o empurrão de LeBron em David Blatt, goteira em ginásio, as paralisações constantes no final das partidas, o fundo do poço para Lakers e Knicks e mais alguma coisa. Mas vamos nos apegar a boas lembranças, vai? Então, sem mais delongas, seguem alguns momentos que devem – ou deveriam – ficar guardados na memória dos admiradores em geral da liga americana, ou, pelo menos, das torcidas envolvidas.

nba-season-2014-14-highlights

Tem espaço aí no hard drive? ; )

O Retorno
Sim, a temporada já se tornava marcante antes mesmo de seu início, com LeBron James anunciando que o bom filho a casa tornava (sim, surpreendentemente sem crase, mesmo), se desquitando de Dwyane Wade e Pat Riley. Houve romaria em Cleveland, e as lavanderias devem ter lucrado horrores com o tanto de camisa 23 resgatadas do fundo do baú, quiçá até mofadas. Para aqueles que tostaram, rasgaram ou picharam seus antigos uniformes, o jeito era abrir a carteira. Estudos e estudos foram divulgados para mostrar qual seria o impacto para a economia da cidade e de Ohio. A euforia só cresceu quando ficou claro que uma troca por Kevin Love estaria orquestrada. No fim, demorou um pouco para as coisas se acertarem, com o astro fazendo uma primeira metade de campeonato muito aquém do esperado, mas, depois de duas semanas de férias e de duas trocas certeiras, o Cavs decolou. Aqui, vale abrir espaço para dois episódios memoráveis que são consequência direta da mudança de South Beach para Akron. O Rio de Janeiro teve a sorte de sediar um jogo de pré-temporada que colocaria LBJ pela primeira vez contra seus ex-companheiros, enquanto o primeiro jogo oficial acabou reservado, claro, para a tradicional rodada natalina. Orgulhoso que só, Wade jogou demais e conduziu o Miami ao triunfo.

A carta, a volta, o rei

A carta, a volta, o rei

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A estreia de Caboclo e Bebê
A vida é engraçada, né? Dependendo do ponto de vista e do contexto, um jogo aparentemente insignificante entre Toronto Raptors e Milwaukee Bucks, no qual o time canadense trucidou o adversário, pode se tornar especial. Para o público brasileiro, talvez tenha sido a noite de maior algazarra. A história, afinal, era muito legal – desde a seleção do ala do Pinheiros numa surpreendente 20ª posição do Draft. Havia rumores de promessa, mas ninguém imaginava escutar seu nome na primeira rodada. O movimento gerou alta expectativa, tanto dos radicais torcedores do Raptors como no público daqui. E aí que, naquela sexta-feira 21 de novembro, ele foi para a quadra pela primeira vez num jogo oficial (depois de aquecer na Liga de Verão e na pré-temporada). Duas bolas de três pontos, uma ponte aérea maluca para Caboclo, e a loucura instaurada na América-do-Norte-ao-Sul. Lucas Bebê também foi chamado para a festa. A Internet quase quebrou, de tanto frenesi. Um blogueiro varou a madrugada imaginando o diário de um adolescente. Quem viu, viu. No final, porém, essa noite acabou sendo um acontecimento isolado. O gás do Toronto Raptors acabou cedo, as lavadas minguaram, e o ala só teria algum tempo de quadra significativo na D-League, se tanto. Até que a central do zum-zum-zum da liga contou o que estava acontecendo: problemas fora de quadra, com muita imaturidade deixando o caminho para seu desenvolvimento ainda mais intrincado. Bebê ao menos ainda voltaria a jogar também pela D-League, produzindo mais. Mas, ao final da temporada de calouro, o progresso da dupla ainda é um mistério. Mas o YouTube vai ter sempre isto:

Kobe supera Jordan. Literalmente
Foi no dia 14 de dezembro, em Minnesota. Muito melhor teria sido no Staples Center. Mas, enfim. Os deuses do basquete escolheram o ginásio do Timberwolves para esse marco. Com dois lances livres, o já ancião ala-armador do Lakers desbancou Sua Alteza Michael Jordan na lista de cestinhas históricos da NBA,  assumindo o terceiro post, logo abaixo de Kareem Abdul-Jabbar e Karl Malone, com 32.293 pontos. Nada mal, hein? Diga-me com quem andas… Ao menos a torcida e a gerência do Target Center tiveram a grandeza de celebrar o ocorrido, aplaudindo uma lenda viva em quadra. Kobe terminou a partida com 26 pontos, numa vitória por 100 a 94. Foi uma aberração de numa noite em meio a uma temporada deprimente da franquia. (Ah, em mais uma campanha em que as lesões o derrotaram, Kobe também conseguiu um recorde daqueles que já não orgulha tanto: desbancou John Havliceck, o ídolo do Boston dos anos 60 e 70, para se tornar o atleta da NBA que mais desperdiçou arremessos na história. Eram, então, 13.418 chutes errados.)

(Se for para falar de registros históricos, não dá para deixar Dirk Nowitzki de fora, né? De modo bem mais discreto, como de praxe, o alemão também vem subindo a ladeira dos maiores pontuadores que a NBA já viu. Entre 11 de novembro e 5 de janeiro, o genial líder do Mavs deixou passa Hakeem Olajuwon, Elvin Hayes e Moses Malone para trás – curiosamente, três pivôs com passagem pelo Houston Rockets –, para alcançar a sétima posição na lista. Além disso, ao ultrapassar Olajuwon, Dirk se tornou o principal cestinha estrangeiro da liga, em vitória de virada sobre o Sacramento, com um característico chute de média distância. Depois, no dia 24 de março, ao apanhar seu rebote de número 10 mil, o craque inaugurou um clube só seu, tendo também mais de 25 mil ponto. 1.000 tocos e 1.000 cestas de três pontos em sua carreira. Prost!)

Klay Thompson: incendiário
Depois dessa exibição, as mensagens de texto com o seguinte dizer – ALERTA KLAY THOMPSON – ganha um outro sentido. Vai obrigar você a dar pause no Netflix, a abandonar a mesa de jantar, a levantar a coberta, seja o que for, e ligar a TV ou o computador. O que o ala do Warriors fez contra o Sacramento não existe. Ou melhor, não existia até o dia 23 de janeiro. Com as mãos flamejantes e estabelecendo uma série de recordes, deixou toda a liga em estado de choque ao marcar 37 pontos no terceiro período. É difícil de processar isso ainda hoje. Ele finalizou a partida com 52 pontos no geral. Mas um detalhe: apenas 33 minutos. Numa projeção por 48 minutos, teria feito 75. (Para eternizar o apelido de Splash Brothers, Stephen Curry também passou da marca cinquentenária ao fazer 51 contra o Dallas Mavericks menos de duas semanas depois. E os dois se amam, não há rivalidade nenhuma.)

Uncle Drew em quadra
Ou: a noite em que LeBron James teve certeza de que havia tomado a decisão certa. Foi quando Kyrie Irving torturou a defesa do San Antonio Spurs ao marcar 57 pontos naquele que foi um dos melhores jogos do campeonato. Contando o minuto final do tempo regulamentar e a prorrogação, ele marcou 20 pontos – três a mais que toda a equipe texana. O tipo de atuação que também força os jornalistas a fuçar mais uma vez nos livros de recordes e que trouxe o Uncle Drew para uma quadra de verdade. Desta forma, o armador do Cavs terminou com as duas maiores contagens do ano, depois de já ter marcado 55 pontos contra o Portland Trail Blazers, numa partida em que seu companheiro mais famoso estava apenas na plateia.

Aqui, vale gastar mais algumas linhas e segundos para lembrarmos outras atuações magníficas do ano. Entre elas, constam os 50 pontos de James Harden contra o Denver Nuggets no dia 19 de março, dos quais quase a metade vieram em lances livres. O ala-armador do Rockets converteu 22 de 25 lances livres numa partida que é emblemática – não teve fanfarra nenhuma para o Sr. Barba, uma vez que lances livres são, hã, entediantes. Mas muito eficientes, de qualquer maneira. Harden ainda faria 51 pontos em vitória sobre o Kings, com oito bolas de longa distância. Aliás: o Sacramento é uma constante aqui. Também não podemos nos esquecer dos improváveis 52 pontos de Maurice Williams contra o Indiana Pacers.

A tempestade Russell Westbrook
Sem Kevin Durant, o enfezado alienígena de OKC se viu sem amarras nesta temporada, e os críticos tiveram de aturar toda a sua exuberância atlética. Resultado: uma sequência de triple-doubles assustadora. Ao todo, Wess conseguiu 11 jogos dessa natureza, mais que o dobro do segundo colocado na lista, Harden, e mais que o triplo de Michael Carter-Williams, Evan Turner e Rajon Rondo. De 24 de fevereiro a 4 de março, foram quatro em sequência, sendo o primeiro a conseguir essa façanha desde Michael Jordan em 1989. Teve linhas como 49 pontos, 15 rebotes e 10 assistências contra o Sixers e 40 pontos, 13 rebotes e 11 assistências contra o Blazers. Em março, suas médias foram de 30,9 pontos, 10,2 assistências e 8,5 rebotes. Em abril, 32,5 pontos, 8,1 assistências e 8,0 rebotes. Ironicamente, de certo para os mesmos críticos, quando somou 54 pontos (com quase incontáveis 43 arremessos), 9 rebotes e 8 assistências contra o Pacers, o Thunder saiu derrotado, e foi esse o revés que acabou tirando o time dos playoffs.

Mascarado, com marra e muita explosão em quadra

Mascarado, com marra e muita explosão em quadra

Atlanta Hawks, o MVP do mês
Depois de tantas performances individuais destacadas, que tal abrir um espacinho, então, para um esforço coletivo admirável? A NBA teve essa grande ao eleger todo o quinteto titular do Atlanta Hawks para o prêmio de MVP do Leste no mês de janeiro. Most Valuable Players, afinal. Sim, como você vai escolher um atleta num time em que as peças se encaixam perfeitamente? Korver atrai marcadores – e, se eles não comparecem, pune essa mesma defesa na linha de três. Jeff Teague quebra a primeira linha defensiva e passa justamente para Korver. Paul Millsap e Al Horford pontuam por todo o perímetro interno, são confiáveis nos rebotes e solidários. DeMarre Carroll tem de marcar os LeBrons da vida. Com esse conjunto, o Hawks terminou janeiro com 17 vitórias em 17 partidas e se tornou primeiro time da história a concluir um mês invicto.

MVP, MVP, MVP e MVP. Cheio de MVP

MVP, MVP, MVP e MVP. Cheio de MVP

Triplas prorrogações
A terceira semana de dezembro foi a prova máxima da brutalidade do Oeste da NBA, como Gregg Popovich pode confirmar. O Spurs teve dois jogos seguidos com três prorrogações, contra Grizzlies e Blazers. Foram mais de duas horas de basquete, e os atuais são campeões saíram derrotados em ambas. O Grizzlies, na véspera da batalha com o Spurs, havia batido o Golden State Warriors, encerrando uma sequência de 16 triunfos do líder da conferência. Um verdadeiro bangue-bangue.

Cirurgia candelada
LaMarcus Aldridge era para ter aumentado a lista de baixas da temporada. No dia 22 janeiro, o Portland Trail Blazers anunciou que o pivô precisava passar por uma cirurgia na mão esquerda, devido uma ruptura de tendão. A operação o tiraria de quadra por seis a oito semanas. Numa conferência tão competitiva, isso poderia significar uma derrocada para a equipe – sem menosprezar o talento de Damian Lillard, claro. Pois, 48 horas depois, Aldridge surpreenderia a torcida e a liga ao anunciar que ignoraria as recomendações médicas e seguiria em quadra. No mesmo dia, marcou 26 pontos e pegou 9 rebotes em vitória sobre o Washington Wizards. Nos dois jogos seguintes, somou 75 pontos e 22 rebotes. Demais. Wes Matthews, porém, não teve a mesma sorte. Não dá para ignorar uma cirurgia por conta de uma ruptura no tendão de Aquiles. Depois da cirurgia, porém, o aguerrido ala também mostrou como a química em Portland é algo especial: já com alta hospitalar, viu o time vencer o Houston Rockets fardado em casa:

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Vida em trânsito
O último dia para a realização de trocas na temporada foi uma verdadeira loucura, com um recorde de 39 jogadores e 17 times envolvidos, num total de 12 negociações.  Foi, na verdade, uma temporada com muitas mudanças.  Muita gente se antecipou e foi às compras mais cedo. Como o Dallas Mavericks, que acertou uma troca inesperada por Rajon Rondo em dezembro. O Boston Celtics, aliás, agitou geral, despachando sete atletas durante toda a campanha – o que só enaltece o papel do técnico Brad Stevens ao levar essa metamorfose ambulante aos playoffs. A negociação precoce de Rondo gerou um momento bacana também. Apenas duas semanas depois do negócio, Rondo retornou a Boston e recebeu bela homenagem no telão do Garden. Daqueles atletas de coração aparentemente pétreo, Rondo quase chorou. Quaaase:

A serventia da casa
Já Stan Van Gundy não teve paciência para esperar a data final de trocas, numa possível tentativa de encontrar um novo lar para Josh Smith. De forma abrupta, o técnico (e presidente) do Detroit Pistons decidiu demitir o talentoso, mas inconstante ala-pivô. Smith simplesmente não conseguiu se encaixar na rotação com Andre Drummond e Greg Monroe. Chegava a enervar o novo comandante e os torcedores com sua predisposição ao chute de três, sem pontaria alguma, e as diversas partidas com a cabeça nas nuvens. Em vez de procurar interessados, SVG usou sua autonomia total no clube e simplesmente comunicou a Smith que ele estava fora. Na rua, mesmo, causando espanto geral. O ala vai receber o seu salário na íntegra, mesmo prestando serviços para outro clube. De qualquer forma, com o movimento, o Pistons abriu espaço em sua folha salarial na próxima temporada, por ter, digamos, parcelado os vencimentos de Smith. A ver se a moda pega… (O Houston Rockets gostou e o contratou rapidamente. No Texas, tem rendido um pouco mais, sem dar trabalho nenhum dentro e fora de quadra.)

A saideira
Um campeonato desses só poderia terminar com uma noite eletrizante, com muita coisa em aberto. E Anthony Davis enfim conseguiu centralizar as manchetes ao liderar o New Orleans Pelicans a uma grande vitória sobre o San Antonio Spurs para assegurar sua estreia nos playoffs, tirando Westbrook do páreo. Com 31 pontos, 13 rebotes, 3 tocos, 2 assistências e 2 roubos de bola, ainda complicou a vida dos atuais campeões. A comemoração em N’awlins foi como a de um título. Mais que merecida: não só a temporada do jovem ala-pivô pedia mais atenção, como sua diretoria acabou premiada, depois de ver tantas transações questionadas surtirem efeito. Além disso, a classificação do Pelicans deixou a Divisão Sudoeste 100% nos mata-matas. Todos os seus cinco integrantes chegaram lá, sendo apenas a terceira vez na história que isso acontece e a primeira em nove anos. Com uma diferença: foi a primeira vez que todo o quinteto teve aproveitamento superior a 50% na temporada.

Faltou algo? Alguma memória particular?


O Fantástico Mundo de Ron Artest: Itália!!!
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Giancarlo Giampietro

Antes da criação do Vinte Um, um projeto mais modesto, mas seguramente mais divertido era criar um blog todo voltado ao ala Ron Artest, do Los Angeles Lakers. E bancaria como? A começar pela leitura do site HoopsHype, obrigatória para qualquer fã de basquete, devido ao acúmulo diário absurdo de informações, com tweets e declarações dos jogadores, jornalistas, dirigentes e trechos de reportagem do mundo todo.

A saga de LeBron James na volta a Cleveland, os quilos de especulações em torno de Kevin Love e o racismo de Don Sterling foram certamente as líderes em manchetes nos últimos meses desse site agregador de conteúdo. Afinal, é o tipo de assunto que rende boato, respostas a boato e os boatos que, então, brotam desse processo. Mas há também um personagem que dia sim, dia não vai estar presente por lá, geralmente no pé dos boletins de rumores, puxando a fila dos faits divers. Ron Artest, senhoras e senhores.

Sucessor natural de Dennis Rodman na prática do lunatismo – embora com personalidades e natureza completamente diferentes, num mano-a-mano que deve ser explorado em uma ocasião futura –, Ron-Ron vai ganhar o seu próprio quadro aqui. Nos tempos em que a ordem é racionar na vida em sustentabilidade, o jogador não nos priva de sua condição de fonte de humor inesgotável.

* * *

Um sonho realizado na Itália

Um sonho realizado na Itália

Primeiro saiu no Twitter:

Depois, você acessa o site do clube italiano e dá de cara com a seguinte manchete:

UNA STELLA PER L’ACQUA VITASNELLA: METTA WORLD PEACE ARRIVA A CANTU’.
(Uma Estrela para o Patrocinador do Time: A Paz Mundial Metta chega a Cantu!)

Bomba!

Para quem estiver boiando, ou andando meio desligado, e, por algum acaso, perdeu a notícia da semana, é o seguinte: Ron Artest, vulgo #mettaworldpeace, vulgo #pandasfriend, vai agora jogar na Itália. Ele assinou, como vemos acima, com o Cantù, da primeira divisão do país, até o final da temporada. O acordo foi anunciado com tons messiânicos pelo clube .

É muita empolgação – e totalmente justificado, claro. A ponto de avisarem grupos midiáticos do porte CNN, BBC e ESPN. Senti falta da menção a um certo pontífice que vive somente a pouco mais de 600 km da cidade – se bem que ele já anda muito envolvido com o San Lorenzo na Libertadores. Ah, e me desculpem, mas não tem como disfarçar a mágoa aqui: copiar o @gianblog21 nem pensar?! Quem no mundo dedica toda uma seção de blog a Ronald Williams Artest Jr.? Talvez mais umas 375 pessoas, mas isso não vem ao caso.

De todo modo, acho que só esqueceram do VinteUm quando se deixaram levar pela emoção, pela adrenalina dos fatos. Só pode. Afinal, não é todo dia que você tem a oportunidade de trazer para o seu time alguém que já adotou três nomes diferentes durante sua carreira, protegeu pandas na China e encampou a luta pela paz mundial (anos depois de quase ter levado o Indiana Pacers para o buraco, ao escalar as arquibancadas do Palace of Auburn Hills, esmagando e esmurrando torcedores pelo caminho).  O mesmo cara que onseguiu se posicionar no meio do caminho entre Kobe e Howard em Los Angeles. Fora isso, bem menos importante, mas só para constar: também já foi campeão e o melhor defensor da NBA.

Se você assina com uma figura dessas, como poderia reagir de modo sereno e profissional? Quando você evoca a presença do antigo Ron Artest para o seu mundo, está assinando um compromisso de que, enquanto o vínculo durar, não há mais espaço para a Normalidade em seu cotidiano. Eles querem viver num mundo onírico e mágico. Que mal tem nisso? Em seu comunicado oficial, a agremiação anuncia que esta negociação foi o “golpe do século”.  : )

Agora, em meio a tanta euforia, a presidenta do clube Anna Cremascoli expõe metas mais concretas e imediatas, dizendo que a contratação de Ron Metta Panda’s Artest World Peace Friend pode ser o empurrão final para levar seu time aos playoffs da Lega Basket. O Cantù divide hoje a oitava colocação com Pistoia e Cremona, todos com 10 vitórias. A diferença é que seus dois concorrentes têm uma derrota a mais – a liga italiana não classifica os times por aproveitamento, mas, sim, por pontos conquistados a cada triunfo. A presidenta, porém, também não se aguenta. Para ela, o norte-americano vai proporcionar “|uma onda de entusiasmo no mundo do basquete italiano e não só no canturino”. A Itália não será mais a mesma.

Ron-Ron vai usar o número 37. Por quê? Para homenagear Michael Jackson, dãr. Afinal, este é o número de semanas consecutivas que Thriller, o maior clássico do popstar, ficou no topo das paradas. Na pequena cidade localizada na região da Lombardia, vai ter a companhia de quatro compatriotas: o pivô Eric Williams, que já está na Europa desde 2006, o ala DeQuan Jones, ex-Orlando Magic, o ala-armador James Feldeine (que joga no mundo Fiba pela República Dominicana) e o armador Darius Johnson-Odom, seu ex-companheiro de Lakers. “Estou contente, óbvio”, diz o ex-Laker. “Falei com ele no telefone, e o senti muito empolgado para esta nova aventura. Estou certo de que dará uma grande contribuição. Afinal, falamos de um campeão absoluto.”

O grande astro messiânico vai se apresentar nesta quinta-feira. O que ele disse a Johnson-Odom fica entre eles. Ao público, Artest já se mostra animado com todas as possibilidades de trocadilhos com o nome de sua nova equipe:

Sabemos que Ron-Ron manda ver no Rap. Que é uma estrela com carisma para carregar um filme nas costas, só Hollywood não enxergou ainda. Que ele sabe fazer as coisas melhor, dãr. Agora… Fora todas essas habilidades que não têm preço, talvez o torcedor canturino esteja interessado se o cara dá conta de jogar bola, depois de uma breve passagem pela China, onde ganhou mais de US$ 1,4 milhão na China para defender o Sichuan Blue Wales.

Ele entregou 19,0 pontos, 6,0 rebotes, 1,1 assistência e 2,2 roubadas, em 28,5 minutos. Não dá para se empolgar muito com esses números, não, ok? Saibam que Errick McCollum, irmão de CJ, do Blazers, foi o cestinha da temporada com média de… 39,6 pontos. Andray Blatche, o filipino, foi o principal reboteiro, com 14,6 por partida. Dominique Jones liderou em assistências, com 8,4, tendo também anotado 36,8 pontos. Michael Beasley se despediu do país com 28,6 pontos, 10,4 rebotes e 5,2 assistências. Deu para entender, né? São todas estatísticas de videogame. O dado mais interessante era saber exatamente quantos pandinhas o Ron-Ron ajudou a salvar por lá. Isso, sim, é legado.

Até porque há um problema aqui: mesmo na frágil liga chinesa, Artest não conseguiu pontuar com eficiência, terminando sua temporada com 41,5% nos arremessos e 32% nos chutes de três. O ala simplesmente não tem mais velocidade e estabilidade para partir com a bola do perímetro para a cesta, com problemas já crônicos no joelho esquerdo. Sua aventura com as Baleias Azuis durou apenas 15 partidas, até ser afastado para fazer tratamento. Um desfecho bem diferente para quem imaginava que iria refinar seu jogo, usando muitas posses de bola, com a expectativa de descolar um novo emprego na NBA, antes dos playoffs. Sua vaga acabou ocupada pelo pivô Daniel Orton, aquele ex-Orlando e OKC, que não consegue parar em nenhum lugar. O time terminou na antepenúltima posição da temporada regular, com 8 triunfos e 30 reveses.

A Itália pode não ter mais o campeonato forte dos tempos de Oscar e Marcel, mas seu nível de competitividade nem se compara ao da CBA. De modo que, com toda a empolgação de seu departamento de marketing e diretoria, talvez para o Cantú seja melhor utilizá-lo como um ala-pivô. Artest tem força, boas mãos e experiência para aguentar o tranco num garrafão europeu consistentemente. Mas, ora, isso não é hora para avisos, conselhos, advertências. O Cantú está vivendo um sonho. Que seus torcedores curtam de montão o contato com nosso anti-herói favorito. Ele está chegando:


Steve Nash nunca mais: aposentadoria confirmada
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Giancarlo Giampietro

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Mais um termo gasto à exaustão no jornalismo esportivo? “Genial”. Não dá para banalizar uma palavra dessas, gente. Mas, para Steve Nash, cabe perfeitamente. Ou cabia: uma vez que, neste sábado, o armador confirmou que não vai ser mais um jogador de basquete.

Ele pode não ter ganhado um título, mas conduziu alguns dos times mais ofensivos (ou de “melhor ataque”, ou de “ataque mais eficiente”) da história da NBA. Seu Michael Jordan (aquele que barrou Malote/Stockton, Ewing, Barkley e Payton/Kemp no baile) acabou sendo, principalmente, Tim Duncan/Tony Parker – ainda que tenha perdido para Kobe/Gasol/Bynum/Mestre Zen/Artest (2010) e seu compadre Dirk Nowitzki também. Que mal tem nisso? Aqui, segue a recusa de julgar atletas por “vencedores” ou “perdedores”. Existe um vasto universo entre um e outro.

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Que ele tenha confirmado sua aposentadoria neste sábado sem poder entrar em quadra na temporada talvez seja mais doloroso que isso. Principalmente para alguém que gostava tanto de jogar e se empenhou tanto nos últimos 10 anos para tentar manter a forma, lidando com insistentes problemas nevrálgicos e/ou nas costas. O canadense usou e abusou da mágica equipe médica do Suns para isso. Tudo ruiu quando foi para o Lakers. Mas provavelmente a queda aconteceria de modo inevitável, pelo desgaste acumulado. A tal da idade.

No auge, em quatro temporadas, Nash teve aproveitamento de quadra superior a 50% nos arremessos, 40% de três e 90% nos lances livres. O invejável clube dos 50/40/90. Pensem nesses números e lembrem-se que o canadense estava com a bola – ao contrário de um Steve Kerr, que abria na linha perimetral à espera de um passe de Jordan, Pippen ou Kukoc. Talvez tenha sido o melhor arremessador da história da liga. Larry Bird, Jerry West, Nowitzki e Stephen Curry podem falar algo a respeito. É o tipo de coisa que não dá para cravar, mas Nash certamente está nessa discussão.

Ele viu esse passe: reparem em como está seu corpo. Não há equilíbrio algum, a passada foi encurtada e/ou esticada, mas ele fazia mesmo assim. Isso faz parte da capacidade atlética

Ele viu esse passe: reparem em como está seu corpo. Não há equilíbrio algum, a passada foi encurtada e/ou esticada, mas ele fazia mesmo assim. Isso faz parte da capacidade atlética

A capacidade para o chute andava lado a lado com sua habilidade atlética e visão de quadra e… Pera lá! Atlético?! Um cara que provavelmente nem conseguia enterrar? É, pois é. O nível de coordenação motora que o sujeito tinha vale mais que qualquer sprint. A impressão que sempre passou era a de que que seria o melhor levantador no vôlei,o melhor quarterback, o melhor armador no handebol e, quiçá, um camisa 10. É um talento atlético, sim — belo embora, incrivelmente, não seja dos mais visados, o que explica o fato de ele só ter recebido uma proposta de um College minimamente decente nos EUA: a modesta Santa Clara. Fazia o que queria com a bola, o que lhe propiciava realizar os passes “que ninguém via”.

Outro fator que não deve ser subestimado: o quanto Nash tornou aqueles que estavam ao seu redor melhores, craques ou não. Marion, Stoudemire, Tim Thomas, Raja Bell, James Jones, Dragic, Richardson e, claro, Leandrinho – um dos seus grandes amigos. Entre tantos outros. Inestimável contribuição, que faz qualquer dirigente parecer muito mais inteligente. Bryan Colangelo que o diga.

Essas características davam ao cara plena autonomia. Don Nelson e Mike D’Antoni entenderam e aceitaram isso sem problemas. (O que, aliás, é um baita mérito). Não é que seus times não tivessem jogadas cantadas ou “sistemas”. Claro que davam diretrizes. Mas a execução em quadra era muito mais livre do que em 95% dos casos que vemos por aí. Nash pegou a chave do busão e organizou tremendos passeios.

Era um jogador completo? No ataque, sim. Na defesa, sabia fechar espaços, mas tinha muita dificuldade em jogadas de mano-a-mano. Na hora do vamos ver, precisava ser “escondido”. Contra o Spurs, em vez de enfrentar um Tony Parker, por exemplo, ficava com Bruce Bowen na zona morta. Não acho que isso arranhe seu legado – sim, podemos falar de “legado” também. Seu Phoenix Suns revolucionou a liga, e até o algoz Gregg Popovich fala a respeito. Apontar falhas não serve para desmerecer aquilo que se faz bem. Poderíamos aceitar isso numa boa, não? (Russell Westbrook pensa que sim.) Na balança, Nash deu muito mais do que tirou.

Agora, o ex-armador vai se dedicar mais às filhas, ao cinema e ao cargo de gerente geral da seleção canadense. Tem em Curry um herdeiro quase natural — o armador do Warriors tem o drible e o chute e até marca bem mais hoje. Porém, não chega a ser tão intuitivo assim na hora de botar o time para jogar.

De qualquer forma, também tem um basquete genial. Aproveitem o rapaz, que Steve Nash nunca mais.

A foto que Nash escolheu para ilustrar sua carta de despedida

A foto que Nash escolheu para ilustrar sua carta de despedida

*   *   *

Não é falsa modéstia, mas não esta postagem não faz jus ao jogador que foi Nash. Sua visão de quadra e instinto, a importância do Suns dos anos 00, a derrocada no Lakers eram todos temas que devem ser explorados com mais profundidade. Acontece que não houve tempo para preparar algo melhor – no futuro, dá para falar mais sobre esses tópicos e outros mais. Para esmiuçar a carreira do canadense, a imprensa norte-americana já nos deu grandes textos desde o momento em que ficou claro que ele não jogaria mais. Ao Marc Stein, repórter dos mais próximos ao astro, ele fala como anda sua vida hoje, como aceitou o fato de que não dá mais para jogar e sobre não se importar com qual seria o seu legado. Amin Elhassan conta como era trabalhar no time de um gênio, com detalhes saborosos. Ryan Wolstat, do Toronto Sun, escreve sobrseu impacto no Canadá e coleta números e tweets da NBA sobre ele. Bruce Arthur, do Toronto Star, nos demonstra como a carreira do armador foi uma aberração.

Talvez o melhor, mesmo, seja o próprio Nash contar o que fazia. Em vídeos como este:




O jogo terminou 174 a 169. E sem prorrogação
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Giancarlo Giampietro

Para não dizer que é mentira

Para não dizer que é mentira

Já escrevemos aqui sobre o experimento sociológico, matemático e alucinógeno aplicado pelo Reno Bighorns na D-League da NBA. A proposta de fazer o jogo de basquete mais acelerado do planeta, com arremessos de três sem parar, poucos segundos gastos no cronômetro, substituições de cinco em cinco, sob o comando de David Arseneault Jr. Tudo com a chancela do bilionário indiano Vivek Ranadive, dono do Sacramento Kings, o clube-irmão das Bigornas. Pois neste sábado os caras talvez tenham alcançado o ‘produto’ máximo em uma vitória sobre o Los Angeles D-Fenders, o afiliado do Lakers, em L.A.

O placar foi de 175 a 169.

Sem prorrogação.

(Sim, 344 pontos em 48 minutos. De D-Fenders, o time da casa ficou apenas no nome, mesmo. O-Fenders combina mais agora.)

Geralmente é legal de citar quantos atletas de um time terminaram uma partida com dígito duplo em pontuação, né? Para mostrar um elenco solidário, versátil, imprevisível. Com um placar desses, porém, as coisas se subvertem: o certo é contar quantos atletas terminaram com menos de 10 pontos. E aí vai: apenas seis. Mas tem um detalhe: se formos contar aqueles que jogaram pelo menos 10 minutos, foram apenas três com dígito simples na linha de estatística: Andrew Warren (6 pontos em 16 minutos) e o gigante canadense de 2,28m Sim Bhullar (4 em 19), pelo Bighorns, e Zach Andrews (2 em 15).

Na real, oito atletas fizeram 20 ou mais pontos, sendo que cinco passaram dos 30. Brady Heslip, o Navarro canadense e cestinha da D-League, anotou 35, acima de sua média de 27,7. David Wear, irmão gêmeo do ala Travis Wear, do Knicks, marcou 33 em 26 minutos, acertando 12 de 18 arremessos, sendo 7 de 12 de longa distância. O ala-armador Jordan Clarkson, do Lakers, liderou a ofensiva de Los Angeles, com 35 pontos. Ele ainda somou 11 assistências e cinco rebotes em 43 minutos, com 16-23 nos arremessos. O ala-pivô Roscoe Smith, ex-Connecticut, somou 32 pontos, 15 rebotes e 7 assistências. O ala-armador Vander Blue, que chegou a assinar com Celtics, Spurs e Sixers na temporada passada, teve 31 pontos, 10 assistências e 5 rebotes. Para constar, o pivô Tarik Black, dispensado pelo Rockets e recrutado por Mitch Kupchak, ficou com 23 pontos e 12 rebotes em sua estreia.

No geral, foram 85 assistências para 132 cestas de quadra, sendo 32 de três pontos. Detalhe: o time angelino converteu apenas quatro tiros de fora. A equipe vencedora levou 98 pontos no primeiro tempo. Tudo muito surreal. Nem em video game.

É basquete ainda, você deve perguntar?

Arseneault Jr. e Ranadive vão dizer que é basquete, sim, no estado mais puro. O resto da liga duvida: nenhum atleta do Reno, a despeito de seus números polpudos, foi recrutado até o momento para jogar na temporada 2014-2015 da NBA – cm exceção do ala Eric Moreland, que pertence ao Kings, claro.

Veja o jogo na íntegra, se não tiver labirintite:

Ironicamente, pouca gente viu o ‘espetáculo’ in loco, já que o jogo foi disputado numa quadra de treino do Los Angeles. O tiroteio ao menos foi transmitido na TV fechada local, com direito a comentários de A.C. Green. Além disso, o time de Reno não conseguiu bater o recorde de pontos em um jogo pela D-League: ele ainda pertence ao… D-Fenders, que anotou 175 no dia 20 de dezembro passado

, justamente contra o Bighorns, que terminou com 152 naquela ocasião.


Ano novo, vida nova? As figuras da NBA que pedem uma virada
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Giancarlo Giampietro

Danny Granger, agora feliz do outro lado, em Miami

Danny Granger, agora feliz do outro lado, em Miami

Para muitos, a carreira de Danny Granger já estava encerrada. O ala havia passado por uma cirurgia no joelho esquerdo em abril de 2013, por conta de uma tendinose (sim, existe tendinite e a tendinose) que simplesmente não o deixava em paz. O veterano mal havia participado da campanha 2012-2013, fazendo tratamentos alternativos, separado do restante do elenco do Indiana Pacers, na esperança de se aprontar para ajudar a emergente equipe em batalhas com o Miami Heat. Não deu certo, e acabou indo para a sala de operação.

Depois de uma lenta recuperação, retornou ao Pacers para a campanha 2013-2014, já transformado, na melhor das hipóteses, em sexto homem, perdendo terreno para Paul George e Lance Stephenson. Por 29 partidas, ele simplesmente não conseguiu encontrar seu ritmo ideal. Não passou de 36% no aproveitamento dos arremessos – estatisticamente, na verdade, era o pior rendimento de sua carreira, muito pior até mesmo do que seu ano de novato, beeeem distante da forma que lhe valeu uma única indicação a All-Star em 2009. O desempenho foi tão aquém do esperado que Larry Bird, na ânsia de conseguir mais um trunfo para tentar, enfim, desbancar LeBron e Wade, não viu problema em despachar seu capitão para a Sibéria Filadélfia, em troca do irregular Evan Turner. Quer dizer: Bird desistitiu de Granger.

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O veterano rescindiu seu contrato com o Sixers e fechou com o Los Angeles Clippers, do outro lado do país, ao menos se encaixando em outro time com aspiração ao título. Vindo do banco, conseguiu elevar seu rendimento a um patamar minimamente satisfatório, mas sem lembrar em nada uma força ofensiva que fosse ameaçadora. Daí a surpresa quando Pat Riley, pressionado, talvez num ato de desespero, escolheu o ex-ala do Pacers, seu antigo rival de playoffs, num pacote de reforços de última hora ao lado de Josh McRoberts para tentar convencer LeBron a ficar na Flórida. Claro que não deu certo.

Foram 19 pontos para Granger contra o Memphis, antes dos 21 contra o Orlando Magic

Foram 19 pontos para Granger contra o Memphis, antes dos 21 contra o Orlando Magic

O Miami fechou, então, com Luol Deng para cobrir a lacuna aberta no quinteto titular – mesmo que essa fosse, em teoria, uma posição que Granger pudesse ocupar. A verdade era que Riley e o técnico Erik Spoelstra ainda não sabiam exatamente o que esperar do ala, ainda mais depois de ele ter passado por uma segunda cirurgia no joelho dois meses antes de se apresentar ao clube. Só imaginavam que, dado o histórico do clube para reabilitar quase-aposentados (desde os tempos de Tim Hardaway nos anos 90, até os mais recentes casos de Rashard Lewis e Chris Andersen), valia a aposta. “Não sabíamos o estado dele para valer, mas conhecíamos nossos próprios registros com casos semelhantes, vindo de lesões, por volta dessa idade. Sabíamos que, se eles se comprometessem a trabalhar, que talvez eles precisassem da oportunidade certa, no lugar certo”, diz Spo.

Vendo o que o ala realizou nas últimas partidas, pode ser que tenha sido uma cartada certeira. “Era para ser um processo longo, mas ele já está adiantado. Pensávamos que isso iria acontecer só no Ano Novo”, afirmou. Granger primeiro recebeu minutos nas 11ª e 12ª partidas do Miami. Depois, nas 18ª e 19ª.  Voltou a ser aproveitado entre as 22ª e 24ª. Não animou muito e ficou parado por mais quatro jornadas, até ser inserido de vez na rotação. Então, no jogo mais esperado do calendário, com o retorno de LeBron no dia de Natal e transmissão, ele marcou 9 pontos, cinco dos quais em um momento crucial do quarto período, para esfriar uma reação do Cleveland Cavaliers. Nas duas partidas seguintes, marcou 39 pontos e converteu 70% dos seus arremessos, saindo do banco, com direito a oito cestas de três pontos. “O que ele fez neste último par de jogos foi fenomenal”, afirmou Dwyane Wade.

Claro que está muito cedo para celebrar dessa forma. O desafio do jogador é justamente sustentar uma sequência produtiva, consistente e com durabilidade, algo que não acontece há mais de dois anos. Nesse caso, não bastaria apenas a conversão de seus arremessos feito um James Jones, mas também se pede boa movimentação pela quadra, especialmente na defesa – o Miami precisa de toda a ajuda possível neste momento.

De qualquer forma, sabe da melhor? A crescente de Granger veio justamente nas vésperas de seu reencontro com o Indiana Pacers. Dá para ter melhor timing que esse? E mais: precisava ser justamente nesta quarta-feira, na noite da virada de ano? Não poderia ser mais emblemático, mesmo.

Agora, num universo de mais de 400 jogadores, são diversos os atletas que precisam de, senão de um recomeço, ao menos de um momento de virada em suas carreiras:

Todo o elenco do New York Knicks: Quer dizer, menos Cole Aldrich, Quincy Acy e Travis Wear, para quem a vida anda muito bem, obrigado. De resto, na pior campanha da história da franquia, o povo anda numa penúria que só. Se for para escolher um nome, porém, ficaríamos entre JR Smith e Andrea Bargnani. O ala-armador sempre foi o principal candidato a estranhar e odiar o sistema de triângulos. Esfomeado, de vista que só enxerga bem a cesta e nada mais, está agora convenientemente afastado de quadra devido a uma ruptura na fáscia plantar (algo que, acho, podemos traduzir como “sola do pé” no populacho). Já Bargnani não jogou sequer um minuto na temporada, por conta de uma ruptura de tendão no cotovelo. Sua estreia pode acontecer também nesta quarta, contra o Sixers. Difícil é encontrar alguém que ainda confie nesses caras. Smith só fez seu desempenho cair desde sua participação desastrosa nos playoffs de 2013. Para o italiano, Nova York, na verdade, já representava uma chance de recomeço, ao sair escorraçado de Toronto. Phil Jackson já disse que não topa nenhuma negociação que vá atrapalhar os planos dos Bockers no mercado de agentes livres. Não vai receber nenhum contrato indesejado que dure mais que os atuais.

A triste história de uma escolha de número um de Draft vinda da Itália

A triste história de uma escolha de número um de Draft vinda da Itália

– Bem, Josh Smith já ganhou, de certa forma, sua Mega-Sena da virada particular.

Andrei Kirilenko: pobre AK-47. Sob o comando de Jason Kidd, o ala tinha tudo para brilhar em Brooklyn, considerando a predisposição do jovem treinador para fazer o uso máximo de atletas híbridos, versáteis. Aí as costas não deixaram. Quando alegou estar bem fisicamente, veio Lionel Hollins, um técnico que conseguiu belos resultados em Memphis, mas que tem visão beeeem quadrada sobre o basquete (“Pivô bom? Só se jogar de costas para a cesta” etc.) Aí que o russo foi afastado da rotação, sem muita explicação, até se tornar o mais novo caso de banimento para a Filadélfia.A ironia é que, quando Kirilenko fechou com o Nets em 2013, houve uma choradeira geral na NBA: a de que havia um acordo por fora com o compatriota Mikhail Prokhorov, uma vez que ele havia aceitado um salário bem inferior ao seu valor de mercado.

Funciona assim, a propósito: a) um time precisa se livrar de um contrato, seja para abrir espaço no teto salarial, ou para diminuir as multas por excesso de gastança; b) o gerente geral liga para Sam Hinkie, chefão do Sixers, o time que nem mesmo cumpre a folha salarial mínima da liga e tem espaço para absorver qualquer tranqueira; c) Hinkie vai levantar o inventário do time que está ligando, para, d) rapelar mais algumas escolhas de Draft, até chegar o momento em que Philly vai ter 98% dos picks de todas as segundas rodadas da década; e) contrariado, mas sem ter muito o que fazer (ao menos ele vai economizar uns tostões, o que sempre agrada a qualquer proprietário de franquia), o cartola paga tudo o que o algoz solicita.

Deron e AK47 eram felizes em Salt Lake City e mal sabiam

Deron e AK47 eram felizes em Salt Lake City e mal sabiam

Foi o que aconteceu com Kirilenko. E pior: ao contrário da maioria dos atletas despachados para lá, Hinkie quer que o russo realmente se apresenta para jogar. Não porque conta com o medalhista de bronze olímpico para reforçar sua equipe, mas, sim, por vislumbrar uma nova troca para ele daqui a um mês – se ele jogar bem, vai aparecer algum time que sonhe com o título a pagar ainda mais pelo cara, saca? Mais escolhas de Draft! Obviamente que o russo não quer saber de virar um peão num joguete desses. Ele só quer liberdade. Se for dispensado, imagine se o San Antonio Spurs encontra um meio de contratá-lo (rompendo, vá lá, com Austin Daye)? O mundo precisa disso.

Deron Williams: Por falar em Brooklyn Nets, conheça o astro de US$ 20 milhões (US$ 19,8 mi, para ser mais preciso) que conseguiu uma proeza: virar reserva de Jarret Jack! Nada contra o novo titular, gente. Mas é que o veterano sempre foi conhecido em sua carreira justamente como o principal concorrente de Steve Blake  à condição de “armador reserva dos sonhos de todo e qualquer treinador”. Ao menos por hora, acabou essa história para Jack. Deron perdeu duas partidas devido a uma contusão na panturrilha e, quando voltou, estava no banco. Em entrevista pós-jogo, supôs que era por medida cautelar de Lionel Hollins. Ao que o treinador respondeu: “Não sabia que eu estava controlando os minutos dele”. Ui. Será que Sacramento, então, ainda topa conversar a respeito? Veja bem, Vivek. Já sabemos que vocês querem o Mason P, que está jogando demais, mesmo, e seria ótimo complemento para o Boogie. Mas… repare que o Sacramento está caindo pelas tabelas na conferência! E que isso talvez não tenha a ver com a meningite mardita que tirou o Boogie de ação, ou com a demissão de um técnico que havia colocado o time em boas condições de competir! O que isso significa? Significa que é hora de fazer mais uma troca por um astro renegado! Deu certo com o Rudy Gay, vai dar certo com o Deron também! Tro-ca já.

Lance Stephenson: é, Lance, a essa altura, você tem de agradecer pela lesão que Al Jefferson sofreu na virilha, que vai tirar o pivô de quadra por um mínimo de quatro semanas. Ufa, né? Pois estava ficando feio: foi só o ala-armador sair de cena com uma torção pélvica (!?!?), que o Charlotte Hornets começou a vencer. Eram quatro triunfos consecutivos já, reforçando a tese de que o talentoso e intempestivo jogador era o problema. Segundo o RealGM, porém, tanto a diretoria quanto Stephenson chegaram a um consenso de que ainda está cedo para romper. Da parte do clube, resta saber apenas se isso não foi motivado pelo simples fato de que as ofertas que chegaram não animavam muito. O Indiana Pacers, por exemplo, flertou com a possibilidade de repatriá-lo. Ao que parece, segundo diversas reportagens, seus antigos companheiros não se animaram muito com a ideia, não. Então parece que, se quiser encontrar paz, Stephenson vai ter de se virar em Charlotte, mesmo, ajudando Kemba Walker, em vez de se meter no caminho do armador, especialmente num momento sem Jefferson.

Vai tudo para a conta de Blatt, mesmo?

Vai tudo para a conta de Blatt, mesmo?

David Blatt: cogitar a demissão de um treinador estreante na NBA, com menos de seis meses no cargo? As coisas em Cleveland parecem não mudar nunca, mesmo, com trono ocupado ou vazio. O Cavs ainda deixa a desejar na defesa, é verdade, especialmente a proteção do garrafão, algo que sempre foi uma preocupação, devido a sua dependência de Anderson Varejão. Havia uma carência clara no elenco. Caberia a Blatt encontrar algum sistema para remediar isso, claro, e até agora não rolou. Talvez os jogadores não estejam escutando Blatt? Pois é. Mas essa não foi a mesma história com os últimos dois treinadores que passaram por lá? Irving e Waiters são reincidentes. Além disso, LeBron tem um comportamento no mínimo suspeito desde que voltou. Berra com companheiros em quadra, enquanto ele mesmo demora para voltar na transição defensiva. Diz a repórteres que estava em “modo relaxa-e-goza” contra o Orlando Magic, depois de uma preocupante derrota na véspera, para o Miami. Não importava, então? Ele age como se tivesse conquistado tudo de que precisava e, agora, era hora apenas de curtir o fato de estar perto de caso. No mesmo jogo contra o Heat, Kevin Love perdeu rebotes para Mario Chalmers e Norris Cole, enquanto vagava emburrado pela quadra. Enfim, Blatt, de um jeito ou de outro, vai precisar assumir as rédeas aqui. Segundo diversas fontes que trabalharam com ele na Europa, trata-se de um sujeito sensacional, que merece melhor sorte em sua grande chance nos EUA. A diretoria vai lhe dar apoio? Ou morrem de medo de LeBron para tomar alguma decisão que possa contrariá-lo?

Anthony Bennett: que o canadense fosse perder minutos para Robbie Hummel realmente não era algo que Flip Saunders tinha em mente quando fechou, enfim, a troca de Kevin Love.

Kobe Bryant: ele também é outro que já desfruta de um recomeço, após tantas lesões que lhe roubaram muitos meses preciosos nesta reta final. Mas para o astro do Lakers a temporada 2014-2015 não poderia passar rápido o suficiente. De qualquer forma, sabemos que ele arremessar 30 vezes por jogo não parece a solução num time fraquíssimo, embora os torcedores do Lakers adorem. Não dá para ser herói com esse time. Resta, então, passar a bola e liderar de um jeito bem diferente ao que se acostumou a fazer em uma vitoriosa – e conflituosa – carreira. Que tal?

PS: Desejo aqui um ótimo 2015 a todos – aqueles que estejam em busca de seu próprio recomeço, os que estão na crista da onda e, claro, o pessoal que toca tudo numa boa, sem tantas peripécias assim para contar, mas que não se enganem: como o filmaço Boyhood – a melhor coisa de 2014 – ensina, até a vida vida mais regular já é um grande acontecimento.


Quais presentes os times da NBA mais querem? Lado Oeste
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Giancarlo Giampietro

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Pode espinafrar, tudo bem. O gancho não é nadica original: o que cada equipe da NBA quer de Natal? Mas, poxa, gente, vamos olhar por outro lado: ao menos ele oferece a chance para uma zapeada rápida por cada um dos 30 clubes, além do fato de dar um descanso para essa cuca aqui, que é mais que lerda. Alguns pedidos são praticamente impossíveis, outros mais viáveis. Vamos lá, então:

 DALLAS MAVERICKS

Rondo, agora de azul e branco. Que se acostumem todos

Rondo, agora de azul e branco. Que se acostumem todos

– Rápido entrosamento para Rajon Rondo.

– Que Monta Ellis possa emular 57,6% de um Ray Allen seria pedir muito? Ajudaria no encaixe com Rondo certamente.

– Um pivô reserva para Tyson Chandler. E, se for Jermaine ou Emeka, que eles aguentem o tranco. Greg Smith para defesa não rola.

– Mark Cuban jamais poderá vender a franquia.

DENVER NUGGETS
– Uma supertroca que ajude a equilibrar este elenco disfuncional cheio de jogadores nota 5, um derrubando o outro.

– Chega de lesões nos tornozelos de Ty Lawson.

– Trégua entre Brian Shaw e Kenneth Faried, uma rusga que dura já mais de um ano.

– Se o time não vai para os playoffs, mais minutos para os calouros Harris e Nurkic.

 GOLDEN STATE WARRIORS

O Golden State com Bogut é outra história

O Golden State com Bogut é outra história

 

– Andrew Bogut em boas condições para os playoffs. A defesa do Golden State depende de sua presença física e capacidade de liderança.

– O prêmio de técnico do ano para o sensacional Steve Kerr.

– Um novo endereço para David Lee (vai ser difícil segurar Draymond Green com tantos salários altos).

– A criação da linha de quatro pontos só para Stephen Curry.

HOUSTON ROCKETS
– Que a galera siga aloprando James Harden, para deixar o Sr. Barba incomodado. Seu comprometimento na marcação melhorou bastante, depois de uma temporada cheia de piadas na internet.

– Que o período afastado de Dwight Howard tenha sido mais por excesso de precaução.

– 40% nos arremessos de três pontos para Trevor Ariza.

– Alguma notícia positiva sobre Terrence Jones, afastado por conta de uma misteriosa neuralgia. Ele ainda não tem previsão de retorno.

Assim, Turkoglu já foi

Assim, Turkoglu já foi

LOS ANGELES CLIPPERS
– Melhora significativa para o banco de reservas. Tá explicado por que Jamal Crawford vai ser candidato a sexto homem do ano sempre…

– Doc Rivers mais concentrado no time em quadra, deixando as negociações para outros.

– Mais chances para os mais jovens (Reggie Bullock e CJ Wilcox).

– Menos chutes de média distância, mais cravadas para Blake Griffin, que tem fugido bastante do garrafão.

LOS ANGELES LAKERS
– Aproveitar Kobe Bryant o máximo que der. Mesmo que não seja mais aquele Kobe.

– Sorte no Draft e uma escolha top 5. Do contrário, o pick vai para Phoenix.

– Que Byron Scott perceba o potencial de Ed Davis (tchau, Boozer!).

– Um reality show, ou, no mínimo, um talk show para Nick Young. Ele e os angelinos merecem.

Todos querem Marc Gasol

Todos querem Marc Gasol

MEMPHIS GRIZZLIES
– Fica, Marc Gasol!

– Um ano sem alguma demissão ou mudança traumática na gestão do clube.

–  Vince Carter consistente nos arremessos.

– Um busto para Tony Allen.

MINNESOTA TIMBERWOLVES
– Andrew Wiggins cumprindo a promessa.

– Ricky Rubio retornando confiante.

– Uma solução para o mistério chamado Anthony Bennett.

– Uma boa troca para Nikola Pekovic.

NEW ORLEANS PELICANS
– Que o Monocelha quebre o recorde de Wilt Chamberlain em índice de eficiência (PER).

– Jrue Holiday mais agressivo em quadra.

– Se Eric Gordon não consegue mais ajudar, que ao menos não atrapalhe.

– Que o corte de cabelo de Luke Babbitt vire mania nacional.

OKLAHOMA CITY THUNDER

Kevin Durant quer jogar. Deixem ele jogar

Kevin Durant quer jogar. Deixem ele jogar

 

– Nenhum repórter jamais vai importunar Kevin Durant com uma pergunta sobre sua entrada no mercado de agentes livres em 2016.

– Russell Westbrook não precisa ser o MVP da temporada (afinal, isso significaria muito provavelmente menos Durant em quadra).

– Jeremy Lamb ou Perry Jones III. Pelo menos de um deles tem de sair alguma coisa.

– Um ataque menos previsível para Scott Brooks na hora dos mata-matas.

PHOENIX SUNS

Não dá para separar

Não dá para separar



– Goran Dragic sorrindo.

– Os gêmeos Morris unidos para sempre.

– Alex Len longe da enfermaria, aprendendo em quadra.

– Uma troca que capitalize tantos trunfos coletados por Ryan McDonough nos últimos anos.

PORTLAND TRAIL BLAZERS
– Nenhuma ingrata surpresa na hora de renovar com LaMarcus Aldridge ao final do campeonato.

– Que seja mantida a base (não é só LaMarcus a entrar no mercado de agentes livres).

– Ainda tem tempo para Thomas Robinson progredir tecnicamente?

– Um novo endereço para Victor Claver, o atleta mais deprimido da liga.

Boogie, Boogie, Boogie

Boogie, Boogie, Boogie

SACRAMENTO KINGS
– Caixas e caixas de chá de camomila para Vivek Ranadive.

– Um treinador que dure mais de duas temporadas.

– Qualquer sinal de progresso por parte de Nik Stauskas.

– Boogie All-Star, Boogie nos quintetos dos melhores do ano, Boogie para tudo.

SAN ANTONIO SPURS
– Uma despedida digna para Tim Duncan e Manu Ginóbili.

– Tony Parker saudável (afinal, ele nem jogou a Copa do Mundo…).

– Kawhi Leonard de contrato renovado, também sem sustos.

– Mais e mais entrevistas com o Coach Pop durante os jogos. O tempo todo!

UTAH JAZZ
– Trey Burke precisa melhorar. Do contrário, que se abram as portas para Dante Exum na segunda metade da temporada.

– Uma solução satisfatória para o impasse que deve ser a renovação com Enes Kanter.

– Que Rudy Gobert mantenha sua impressionante curva de aprendizado.

– Que Ante Tomic mude de ideia e tope jogar na NBA.

Aqui, os pedidos da Conferência Leste.

PS: Para quem não viu, uma abordagem bem mais detalhada sobre os clubes está aqui: 30 times, 30 fichas sobre a temporada


NBA vê abismo crescer entre as conferências. Ou: o dia-dia brutal do Oeste
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Giancarlo Giampietro

Desfalcado, Spurs perde duas seguidas. Mais uma semana no Oeste

Desfalcado, Spurs perde duas seguidas. Mais uma semana no Oeste

A discrepância de talento entre o lado do Atlântico e do Pacífico na NBA já vem de longa data. A cada temporada, porém, a distância parece mais acentuada, com a Conferência Oeste se tornando mais brutal mês a mês – o oitavo colocado, no momento, pode estar abaixo dos 50%, algo raro, mas os sete primeiros têm um aproveitamento assustador; além disso, é questão de tempo para OKC estar no azul.

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Vamos fazer aqui, então, um apanhado de episódios e dados para ver como é dolorosa a vida dos bandoleiros do Velho Oeste. As últimas rodadas serviram para evidenciar as dificuldades enfrentadas por seus integrantes. Que nos digam Z-Bo, Marc Gasol e o torcedor do Memphis Grizzlies em geral:

– Qualquer sequência de dois jogos em duas noites já castiga. Agora imagine a cabeça do técnico Dave Joerger e dos preparadores físicos da equipe quando se deram conta de que teriam pela frente o Golden State Warriors na terça-feira e o San Antonio Spurs na quarta? E se dissessem a eles que, na segunda partida, precisariam encarar tripla prorrogação? Eles estariam cansados só de pensar. Pois o Memphis batalhou e conseguiu duas vitórias seguidas impressionantes.

Claro que tudo poderia ser menos sofrido se eles não tivessem cedido o empate ao Spurs depois de aberta uma diferença de 23 pontos. Ao final da partida, o armador Mike Conley ria no vestiário em San Antonio dizendo que tinha dificuldade até mesmo para se vestir. “Estou tão cansado que não consigo nem abotoar minha camisa”, afirmou.

Ao menos ele estava sorrindo, né? Passando por esses testes, o Grizzlies tem hoje a melhor campanha se formos levar em conta apenas os confrontos internos do Oeste, com 14-2, contra 13-3 do Golden State?E o que dizer dos atuais campeões? Na véspera, eles haviam tomado uma surra do Portland Trail Blazers, também numa dobradinha para lá de ingrata – ainda mais considerando a viagem de volta de Portland para casa.

Por essas e outras que, apesar dos reveses nessa ocasião, não há como contestar a estratégia precavida de Gregg Popovich comDuncan, Manu e seja lá mais quem for. Seu time, que preservou os dois veteranos e Splitter em Portland e não contou ainda com Parker e Kawhi na volta, perdeu ambas? Paciência. Ao menos exigiram do Grizzlies – que não tinha Tony Allen, é verdade – ao máximo que puderam, e os adversários já tiveram de disputar seis prorrogações desde sexta-feira..

A corrida é longa demais e desgastante. Ainda mais para quem está no Oeste. Ao conferir a tabela, raríssimos jogos parecem fáceis. Daí a quantidade de cartões de Natal que as diretorias de Wolves e Lakers têm para receber, com carinho, nesse Natal que se aproxima. Só foi mais uma semana no Oeste Selvagem, gente.

– Já não faz mais sentido falar em “topo da Conferência Oeste”. Com as duas derrotas, o Spurs caiu para sétimo. Mas com 17 vitórias e 9 derrotas. Juntos, os sete primeiros colocados têm um recorde de 128 triunfos e 42 reveses. Isso dá absurdos 75,9% de aproveitamento. É uma outra classe de competidores, e com muita gente nessa briga. Ter mando de quadra será importante. Por outro lado, parece já não haver mais diferença entre ficar em sétimo ou oitavo. Vem pedreira de todo jeito. O importante é apenas se classificar para os playoffs.

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Klay x Gasol e Z-Bo: os melhores no Oeste e contra o Oeste

– Seis equipes do Oeste sustentam aproveitamento superior a 70%. Golden State e Memphis estão na casa de 87,5 e 84%. No Leste, são três acima de 70%. O aproveitamento geral dos oito primeiros do Leste é de 120-79, ou apenas 60,3%. Phoenix (9º), Oklahoma City (10º) e Sacramento (11º) estariam hoje na zona de classificação para os mata-matas no Leste. Os dois primeiros teriam o suficiente para ocupar a sétima posição. O Kings seria o oitavo Líder do Leste, o Raptors seria o quarto no Oeste, empatado com o Portland Trail Blazers. Oitavo colocado, fechando a zona de classificação para os playoffs, o Brooklyn Nets seria o 12º do outro lado.

E nem mesmo essas classificações hipotéticas seriam justas, uma vez que não podemos esquecer a composição da tabela da liga. No geral, numa tabela de 82 partidas, 52 delas são intraconferência. Em ascensão, o New Orleans, por exemplo, enfrenta quatro vezes na temporada os quatro rivais duríssimos da Divisão Sudoeste. O Nets só vai jogar duas vezes contra cada um deles – são oito complicadas partidas a menos em sua contagem, no final.

– Por isso, o mais correto é se concentrar nos números interconferências. E aí o que temos? Por ora, 91 vitórias e 48 derrotas para o Oeste.  Um aproveitamento de 65%). Essa é a maior disparidade da história da NBA, superando os 60% a favor do Leste no longínquo 1960, com o qual não se pode comparar nada, na verdade. Desde a fusão com a ABA, a maior diferença nesse embate foi de 56,7% para o Oeste. Adivinhe quando? No ano passado. Nos últimos três campeonatos, aliás, o hiato só cresceu.

– Apenas dois times do Leste têm mais vitórias do que derrotas contra o Oeste, justamente os primeiros colocados Toronto (7-2) e Washington (6-1). Por outro lado, Philadelphia (em 11 jogos), New York (10 jogos) e Charlotte (12 jogos) venceram apenas uma vez. O Warriors está invicto contra o Leste, com oito triunfos, assim como o Rockets, com seis. Só três times ocidentais mais perderam do que ganharam contra os orientais. Um deles é o Sacramento Kings, com 2-3. Seus três tropeços, no entanto, aconteceram sem a presença de DeMarcus Cousins.

Raptors de Valanciunas precisou de prorrogação para vencer o Denver, em casa

Raptors de Valanciunas precisou de prorrogação para vencer o Denver, em casa

– Aliás, o Kings… Ah, o Kings… Que acabou de demitir mais um treinador, mesmo ainda estando no páreo por uma vaguinha nos playoffs, sem contar com Boogie pelas últimas dez partidas. Claro que a queda de Mike Malone teve muito mais a ver com uma insatisfação interna do magnata Vivek Ranadive e seu gerente geral Pete D’Alessandro com o estilo de jogo da equipe. Mesmo assim: se Sacramento fosse digamos, a capital do Maine, e, não, da Califórnia, provavelmente Malone ainda estaria empregado hoje, com resultados bem melhores, independentemente do basquete praticado.

– Até o Lakers, minha gente, ganhou mais do que perdeu nessa história. Em sete partidas contra rivais do Leste, somou quatro vitórias. Nas demais 18? Perdeu 14. Em rendimento, isso dá uma diferença de 57,1% para 22,2%. Byron Scott vai muito bem se apegar a este número para dizer que faz, sim, um bom trabalho.

– A diferença entre Oeste e Leste se acentuou, mesmo, na década passada. Nesse período, o último ano que a turma oriental venceu mais foi em 2009, e no sufoco : 50,5% x 49,5%. Isso está dentro da margem de erro, não?  Piora: desde 1990, o Leste saiu com mais vitórias em apenas seis temporadas (1993, 96, 97, 98, 99 e 2009), com uma bela forcinha do Chicago Bulls de Jordan, Pippen e Mestre Zen.

– Segundo levantamento do bíblico Zach Lowe, do Grantland, pelo menos um time de loteria do Oeste (fora dos playoffs, isto é) teve sempre uma campanha melhor que a do oitavo do Leste em média. Ou: o nono colocado do Oeste terminou com campanha melhor que 2,5 dos times do Leste desde 2003.

É... perder para um time do Leste, em casa, causa esse tipo de dor. Bucks bate Suns no último chute

É… perder para um time do Leste, em casa, causa esse tipo de dor. Bucks bate Suns no último chute

– Por essas e outras que, quando um Phoenix Suns perde para Detroit e Milwaukee em casa, está praticamente dizendo adeus aos mata-matas, ainda que se tenha um extenso caminho pela frente. Para complicar, o time do Arizona também venceu apenas um de seus seis jogos decididos por três ou menos pontos. Hoje, parece que só mesmo uma nova grave lesão vá impedir que o Oeste repita os oito melhores da campanha passada. Desta forma, há um crescente clamor nos Estados Unidos para que a NBA revise seu sistema de emparelhamento nos playoffs. Que saia de cena o sistema de oito-para-cada-lado e entrem os 16 melhores times, independentemente da localização geográfica.

“Isso precisa ser estudado. Estou chegando a um ponto bem próximo de achar que simplesmente precisamos de uma mudança. Já está na tela do radar da liga agora”, afirmou Robert Sarver, proprietário, claro, do Suns. A declaração aparece em uma bela análise de Lowe sobre essa situação. Seu time é aquele que foi eliminado no campeonato passado com 48 vitórias.

Essa ideia de posicionar os 16 melhores seria a mais simples de se efetuar, mesmo, embora não corrija as “injustiças” do calendário, por ora, bem mais fácil de que a rapaziada do Leste desfruta. Mas as mudanças são sempre complicadas de se fazer num sistema que está em operação há mais de duas décadas. Quaisquer que sejam.Isso envolve dinheiro (o faturamento dos playoffs), meus amigos, e aí a gente já sabe… E não só isso: as regras em prática na liga estão todas interligadas, como Lowe sempre faz questão de nos lembrar. “Todo item do ecossistema da NBA está ligado os outros: se você mudar uma parte, estará mudando todas, às vezes por acidente”, escreveu.

Se for para ter mudança, não será com o campeonato em andamento. As regras continuam, o que representa um tremendo desafio para a fração ocidental da liga.  Como já escrevi na ficha de apresentação do Suns para esta temporada: no Oeste, não basta ser bom. Precisa ser excelente. E que os jogadores e treinadores se preparem para mais prorrogações, drama e eventuais decepções. Vai ser difícil de abotoar camisa, mesmo.


O Fantástico Mundo de… Nick Young! Edição especial
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Giancarlo Giampietro

Nick Young, o Swaggy P

Nick Young, o Swaggy P

No desastre anunciado que é a temporada da NBA do Los Angeles Lakers, há pouco para se salvar. Ainda mais em quadra. Os recordes de Kobe Bryant são obviamente o ponto mais interessante. Fora isso, alguém ainda jovem como Ed Davis poderia receber mais minutos, assim como o calouro Jordan Clarkson possa produzir. Até onde Byron Scott vai levar seu affair com Ronnie Price? De resto, o que mais? Estamos abertos a sugestões.

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No dia-a-dia de uma looooooooonga campanha, porém, Kobe conseguiu uma companhia valiosa para que o show continue em Los Angeles: Nick Young. Nas entrevistas, o ala despontou como o porta-voz mais alucinante da liga norte-americana, fazendo a alegria dos jornalistas que cobrem a franquia. Eles, que estavam carentes desde que Ron Artest se mudou primeiro para Nova York e, depois, para a Terra dos Pandas, agora vão gastando o bloquinho de notas. Quando não estão rindo ou , obviamente.

Não é qualquer um que assume o nome de “Swaggy P” gratuitamente. E que raios isso lá quer dizer?

Vamos apelar ao pai de todos nós, mais uma vez, sabendo que swaggy vem de swagger. Segundo o Michaelis, isso pode significar: “1 gabolice, bazófia. 2 andar afetado. vt+vi 1 andar de modo afetado, andar com ares de superior. 2 vangloriar-se, gabar-se. 3 bancar o valentão. adj coll elegante”.

Este é um Swaggy P ilustrado

Este é um Swaggy P ilustrado

Pela forma que Young adotou o verbete e  vem se comportando diante dos microfones, dá para dizer que o significado de seu apelido envolve um pouco de tudo isso. Ele não pára de brincar com os repórteres. Além disso, tem uma atitude toda peculiar ao chegar ao ginásio, extremamente confiante em suas habilidades. “Bazofinho P” também seria legal, né?

Mas é melhor ele mesmo explicar o que se passava em sua cabeça quando decidiu adotar o codinome. São diversas versões.

“Deus, em um sonho, falou comigo e me deu este nome. E eu falei para ele que aquele era realmente um nome engraçado e que talvez fosse adotá-lo mesmo. Desde então, venho me chamando de Swaggy P. É um nome de parar o trânsito”, afirmou em sua conta de Instagram. “Acho que se você se veste bem, você joga bem. Sabe, o ‘swaggy’ começa pelo modo como chego à arena, o modo como me visto, o sapato que eu calço”, disse certa vez ao site da NBA. Para a revista Slam, ele disse que seus antigos companheiros sempre se impressionaram com sua atitude, e que aí ficou fácil falar em “swaggy”. Um sopro divino ou simplesmente a zoeira de amigos. Estamos entre as duas opções.

Agora, será que ele poderia explicar, por favor, o que o P, assim isolado, quer dizer? “Esse é um mistério, não posso falar. Talvez eu escreva um livro algum dia. Não dá para revelar esse segredo ainda. Foi um dos meus primeiros apelidos, então ninguém realmente sabia a respeito, e mantive assim. As pessoas continuam perguntando, mas vai seguir um mistério. Em alguns anos, talvez eu dê umas dicas”, afirmou.

Young, no mesmo patamar de Kobe

Young, no mesmo patamar de Kobe

É uma figura. E isso é muito pouco. Há muitas  manifestações brilhantes para serem compartilhadas. O mais interessante é que seu jeito desbocado também pode fazer bem ao próprio vestiário, uma vez que Young, mesmo que se assuma um dos maiores fãs de Kobe no mundo, não vai se omitir na hora de pedir para o astro maneirar:

 “Tenho essa presença. Sou como Michael Jackson, Prince e todos esses caras. É como se minha atitude tivesse mexido com todos. Foi incrível”, empolgado com sua influência no time quando retornou de uma fratura na mão.

“O Melhor Defensor do Ano está aqui hoje e vai jogar na terça-feira”, pouco antes de estrear na temporada pelo Lakers, um time que sofria (e continua) sofrendo em sua retaguarda. A defesa da equipe segue como a pior da temporada, claro.

Nick Young, o melhor arremessador de três pontos da história da NBA

Nick Young, o melhor arremessador de três pontos da história da NBA

“Estou entre os cinco melhores arremessadores de três pontos da história. A lista? 1 – Eu mesmo. 2 – Ray Allen. 3 – Reggie Miller. 4 – Stephen Curry ou Klay Thompson. 5 – Larry Bird”, e só. Young tem média de 37,9% em sua carreira. Nesta temporada, está matando 42,4% de seus tiros de longa distância. ; )

“Acho que o Kobe tem algum potencial. No meu 20º ano, eu provavelmente terei uns 46 mil pontos, ou algo perto disso”, sobre a iminência de Kobe destronar Michael Jordan como o terceiro maior cestinha da história da NBA. Contando apenas a temporada regular, Kareem Abdul-Jabbar é o maior pontuador, com 38.387.

“Disse a eles que eles estavam chegando para a minha unidade. Não venham aqui e mexam com a minha casa. Está tudo sob meu controle”, sobre a decisão de Byron Scott de colocar Jeremy Lin e Carlos Boozer no banco.

“Kobe vai ser o Kobe, mas de alguma forma nós temos de encontrar um jeito de colocar a bola na cesta com todo mundo, e às vezes acho que nos acomodamos muito com o número 24. Temos de acreditar em nós mesmos”, dessa vez sem bazófia.

“Não dá para dizer que existam jogos vencíveis para nós”, quando questionado se um duelo com o Minnesota Timberwolves representaria uma chance para o Lakers conquistar uma preciosa vitória. O mesmo Wolves que, cheio de desfalques, havia perdido para o Philadelphia 76ersNa atual fase do time, não tem humor que aguente.