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Arquivo : Andrew Bynum

Andrew Bynum, a aposta enigmática de Larry Bird
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Giancarlo Giampietro

Bynum x Bosh: algo para se ver nos playoffs? E aí, Bird?

Bynum x Bosh: algo para se ver nos playoffs? E aí, Bird?

Quando o Indiana Pacers avançou rapidamente com a contratação de Andrew Bynum, não foram poucos os que entenderam o acerto como uma medida preventiva por parte atual líder da Conferência Leste. Prevenção em muitos sentidos, dentre os quais se destacaria sorrateiramente a intenção de tirar o pivô da alçada do Miami Heat. Poxa, os caras já estão se virando com o Greg Oden – qual o motivo, então, de dar a Pat Riley a chance de reabilitar dois gigantes talentosos?

Larry Bird, o Jesus do basquete em Boston e chefão do Pacers, não achou a menor graça nessa lógica. Ao menos foi o que disse: “Não temos dinheiro para jogar fora assim e deixá-lo sentado no banco. Essa talvez seja uma das coisas mais estúpidas que já ouvi”.

Se ele está falando, quem somos nós para discordar, né? Mesmo que a cada jogo entre Indiana e Miami as coisas fiquem mais quentes, na esteira de dois confrontos eletrizantes em duas temporadas seguidas pelos playoffs da liga, com os treinadores e jogadores falando abertamente sobre cada elenco/time está moldado para bater o outro…

Mas tudo bem. É o que está colocado publicamente. E, de qualquer forma, Bird menciona algo indiscutível: a despeito da capacidade que a franquia tem para competir pelo topo no Leste, o Pacers está bem distante da elite em termos de arrecadação. Eles até se viram com boa administração, algumas apostas certeiras no Draft e um programa sólido de desenvolvimento dos atletas. Só não dá para fazer aviãozinho com notas de cem e distribuir em seja lá qual for a praça central de Indianápolis.

Agora, mesmo que a ressalva do legendário ex-jogador seja aceita, diante dessa lógica de economia apertada, a pergunta ainda se faz necessária: se não podem queimar a grana, vale, ao menos, apostar?

Porque Bynum, a essa altura, é, sim, uma aposta. De um milhão de dólares.

* * *

Orgulhoso, Andrew Bynum fez questão de espalhar a informação por toda a NBA: ele não assinaria contrato algum que fosse pelo salário mínimo da liga. Mesmo que estivesse desempregado, dispensado imediatamente pelo Chicago Bulls, depois da troca por Luol Deng. Mesmo que já tivesse embolsado US$ 6 milhões na temporada, para ficar em quadra exatamente por 420 minutos pelo Cavs – fazendo as contas, dá mais de US$ 14,2 mil a cada 60 segundos de jogo.

Podem falar que o cara é um sanguessuga, mercenário, depravado, o que for. Mas, assim como Kobe se recusou a ganhar menos em sua extensão contratual, para teoricamente ‘ajudar’ o Lakers, Bynum simplesmente não aceitou ganhar o piso – que é, por exemplo, o que o Phoenix Suns vai pagar a Leandrinho pelo restante do campeonato.

Típico. De jogador mais jovem da história da liga a pivô dominante, passando por muitas lesões e lições desde que foi selecionado pelo Lakers no Draft de 2005 – o último em que foi permitida a entrada direta dos adolescentes de high school e no qual foi ensanduichado, acreditem, por Ike Diogu e Fran Vázquez! –, o pivô se firmou como um dos personagens mais singulares numa liga CHEIA desses tipos. Até mesmo Phil Jackson se viu encafifado em diversas ocasiões tentando entender o sujeito.

Bynum e um de seus possantes

Bynum e um de seus possantes

Quando Bynum foi afastado pela diretoria do Cleveland Cavaliers nesta temporada, o Mestre Zen, mesmo depois de alguns anos separado do jogador, propenso a reflexões sobre o Cosmo e a Vida, não foi capaz de avaliar com propriedade o que se passa com o cara. “Fico relutante em julgar as intenções dele no basquete. Ele é um homem com muitos interesses e que tem uma vida fora do jogo”, disse. “Mas ele gosta de competir.”

Na época, para tentar limpar a barra de tantas calças enlameadas, diretores e treinadores do Cavs vazaram descaradamente diversas informações (ou “opiniões” travestidas de fatos) sobre como o pivô era uma figura apática no cotidiano da equipe e de como já não parecia ter mais o mínimo desejo de estender sua carreira. Coincidentemente ou não, foi a mesma linha de raciocínio que o seguiu durante sua passagem patética pela Filadélfia, cuja única contribuição para o Sixers só foi a estética capilar diversificada do lado de fora da quadra.

E vale a ênfase no “fora de quadra”, aliás. É o que mais se ouve sobre Bynum, como o próprio Jackson ressaltou.

É bastante curiosa, aliás, a reação generalizada aos “interesses do jogador para além do basquete”, como um viés crítico – obviamente não é o caso do treinador mais vitorioso da liga, que sabe muito bem: nem todos são maníacos feito Kobe Bryant. De qualquer forma, para aqueles de visão mais cerrada, é como se um advogado ou um dentista não pudessem pensar em outra coisa que não a lei, contratos, cáries e resina.

Um perfil da Sports Illustrated (daqueles imperdíveis, clássicos a partir da impressão) já detalhou suas diversas paixões. Como carros e o automobilismo em geral, por exemplo. Suspeita-se que, no mundo da NBA, talvez seja um dos poucos que acompanhe a Fórmula 1 para valer e vá identificar Rubens Barrichello numa pista de esqui em Aspen. Sabemos que ele também gosta bastante de futebol e já chegou a adiar uma importante cirurgia para acompanhar a Copa do Mundo de 2010 de perto – aí, sim, o Mestre Zen ficou fulo da vida.

O quanto essas coisas servem como distração? Ou, por outro lado, o quanto a “mente aberta” de Bynum poderia ajudá-lo a prosperar em sua profissão de verdade?

Kareem Abdul-Jabbar – 1) o maior cestinha da NBA; 2) ex-assistente do Lakers pessoal para Bynum; 3) co-piloto de aviões nas horas vagas – tenta nos ajudar a entender um pouco mais sobre isso. “Quando trabalhei com Andrew, eu o descobri como alguém brilhante e dedicado, mas que se entendiava com a natureza repetitiva do trabalho com os fundamentos do basquete, algo muito importante para que ele fosse bem-sucedido”, disse. “Na minha opinião, Andrew é o tipo de pessoa que tem uma batida diferente, é como se fosse um ‘baterista diferente’. Então não vamos saber os fatos até que Andrew decida nos dizer exatamente qual o problema (em Cleveland) e que compartilhe seus pensamentos a respeito.”

Abdul-Jabbar e o poder da mente com Bynum

Abdul-Jabbar e o poder da mente com Bynum

Quem também pode contar um pouco mais sobre o “homem Andrew Bynum” é Darvin Ham, alguém com um currículo muuuuuito mais modesto que o de Jabbar, mas que sempre foi daqueles jogadores prediletos dos técnicos por onde quer que tenha passado e que trabalhou como seu treinador da mesma forma. “Realmente passei muito tempo com ele em sessões de um contra um e também fiquei em trabalhos de grupo. Ele não é, mesmo, um cara que cria problemas. Ele apenas quer ficar sozinho, na dele, jogando basquete. Simples assim”, disse o hoje integrante da comissão técnica do Atlanta Hawks.

“Ele é um cara inteligente. Tem essas ideias sobre novas maneiras de treinamento. Umas coisas que ele sugeria para mim. Tivemos uma chance de conversar nas últimas férias, e ele simplesmente me deixou embasbacado pelo nível de como ele pensa as coisas”, continuou Ham.

Daí que ele foi questionado sobre quais técnicas novas seriam essas para se trabalhar com jogadores ou pivôs? “É uma atividade de ninja que poucos já viram e que ninguém dominou ainda. Vamos colocar as coisas desta maneira. E ele foi um dos melhores pupilos nisso. Abraçou isso totalmente.”

Técnicas ninja completamente secretas?!

Calma, não se assustem, pede o assistente do Hawks.

“É uma pena que ele tenha passado por tantos problemas físicos, mas agora estou feliz. Fico feliz de ver que alguém se prontificou a seguir em frente e foi atrás dele. No ambiente certo, mas sem querer dizer que outro lugar era o ambiente errado… Quando ele está focado, ele se foca de verdade.”

*  *  *

Larry Bird, seja na versão de jogador, técnico, dirigente, comentarista ou amigo de bar, é daqueles que não alivia em nada. Sai falando “verdades” na fuça de qualquer um. Obviamente, ao negociar com o pivô e seu agente, deve ter exposto quais condições ou tipos de conduta que não serão aceitas em seu quintal. Definitivamente não vai tolerar muito do que se ouviu sobre seus maneirismos em Cleveland.

Segundo consta, Bynum por diversas vezes entrou em conflito com Mike Brown e seus assistentes, sem aceitar bem o que se passava em quadra. Desafiava a comissão ao quebrar jogadas e rotações defensivas nos treinos. Ficava com cara de poucos amigos no banco ou no vestiário. Esse tipo de coisa que irrita no dia a dia.

Bynum gostava, ou não, de treinar com o Cavs? Dava trabalho?

Bynum gostava, ou não, de treinar com o Cavs? Dava trabalho?

Agora, também é preciso dizer que, no Cavs, o grandalhão não era o único resmungão ou forrrgado a atrapalhar a pretensa arrancada do time rumo aos playoffs. Bynum já foi dispensado, Deng chegou para tentar ensinar boas maneiras aos rapazes, e as derrotas não pararam de acontecer. Na mais recente visita desta cambada a Nova York, consta que diversos jogadores caíram na noite ao lado de JR Smith – e de quem mais, oras? – na véspera da partida. Tomaram mais uma sova daquelas (21 pontos).

As coisas estão pegando fogo por lá. O gerente geral Chris Grant foi demitido. Os rumores não cessam. O Akron Beacon Jorunal publicou que, “se não acontecer nenhuma virada significante antes da data final para trocas, este elenco vai passar por uma reformulação”. Para quem tiver um tempinho sobrando e o mínimo de interesse sobre o inferno que ronda Anderson Varejão, também vale a leitura. Dion Waiters, o talentoso e tinhoso ala-armador, já estaria nas últimas, com um temperamento de supercraque e produção extremamente irregular que alienam qualquer um. Mas até mesmo o queridinho Kyrie Irving também não passa despercebido. “Seu comportamento tem irritado companheiros e outros membros da organização”, diz a reportagem. Sim, Luol Deng não poderia estar mais deslocado.

Esperava-se que Irving e Waiters, pelo prestígio com que chegaram na NBA, seriam dois jogadores a liderar uma reação do Cavs, que colocariam fim ao luto pela partida de LeBron James – e seus talentos – para a Flórida. Em vez disso, os corajosos torcedores da combalida franquia são obrigados hoje a ouvir Bynum falando este tipo de coisa: “Não é que não tenha dado certo. Aconteceu apenas que a atmosfera por lá não era daquelas que promovem energia positiva”.

Agora bem distante desse ambiente, num time muito mais sereno e que é sério candidato ao título, o pivô tem a chance de recuperar sua imagem, já arranhada pelo ano sabático que passou em 2012-2013 e por algumas intempéries que deixavam Kobe e Gasol malucos em Los Angeles.

*  *  *

Você pode apelar aos números, pode passar horas e horas diante da TV ou laptop, vendo basquete que não acaba mais. É assim que se entende e se ama o jogo. Mas, para um time prosperar, as ações que se passam longe das câmeras e calculadoras também são igualmente importantes. A famosa química fora de quadra. A cultura de vestiário.

Na construção do atual elenco, Bird, traumatizado pelos assustadores acontecimentos em Auburn Hills há mais de dez anos, enfatizou por anos e anos a contratação de sujeitos de “bom caráter”, “comprometidos com o clube a comunidade” e tudo isso. Mesmo que custasse o desmanche de uma base muito talentosa e que tivessem de passar por um longo processo de reformulação, foi por esse caminho que ele seguiu. Acostumada a jogar os mata-matas desde os tempos de Reggie Miller novato, a equipe chegou a ficar quatro anos fora dos playoffs na década passada. Foi preciso paciência.

Paul George tinha apenas 14 anos quando Artest e Ben Wallace quase fizeram David Stern infartar. Há um distanciamento claro aqui. Mas o progresso que testemunhamos tanto do ala como de Roy Hibbert e Lance Stephenson tem influência direta desse trabalho que Bird desenvolveu a partir de 2005. Assim como a composição de uma das melhores defesas de todos os tempos. Não se trata de mera falácia. Para se armar um paredão desses, é preciso que um atleta cubra o outro, e isso vai além de conceitos táticos, embora Frank Vogel ainda não receba os créditos devidos pelo que armou. Fato é que, todavia, neste plano de longo prazo, a franquia juntou aos poucos as peças que formam o timaço de hoje, tendo sempre em vista uma só diretriz pessoal.

Para os que cobrem regularmente o Pacers 2013-14, a sinergia no discurso dos jogadores e a camaradagem entre eles são grandes marcas e se impõem jogo após jogo, treino após treino. Não que sejam todos santos. Stephenson já aprontou das suas, inclusive como um reservão há dois anos no primeiro grande embate com o Heat, provocando LeBron James. Agora uma figura importantíssima para o time, o ala-armador se acalmou.E muito disso tem a ver com o contato diário com Bird e jogadores bastante sérios como David West e Luis Scola, entre outros, que metem medo ao seu jeito. As costelas dos adversários têm marcas a respeito.

É nesse contexto que a enorme e controversa figura de Bynum será inserida. Nem mesmo nos tempos de títulos com o Lakers o pivô teve contato com um ambiente regrado, controlado desses. Como vai reagir? E, talvez mais importante, como os donos do pedaço encaram sua chegada?

George x Granger: disputa só no game no vestiário do Pacers

George x Granger: disputa só no game no vestiário do Pacers

Paul George foi o mais receptivo, durante a repercussão da negociação, embora colocando uma ou outra vírgula aqui e ali. “Não dá para deixar passar um talento gigante desses, e espero que ele seja capaz de nos ajudar, vindo com uma atitude para aceitar nosso programa”, afirmou o jovem astro. “Ele vai ter de provar muita coisa para si mesmo, se ele quer jogar, ou não. Se ele vier pronto para isso, pronto para trabalhar bastante, realmente acreditando em nosso programa, não temos nenhum problema de tê-lo por aqui. Esperamos que, no segundo em que ele entrar no vestiário, que todos o recebam de braços abertos e que ele sinta a química da equipe. Temos um grupo muito próximo aqui. Vamos saber de cara se ele está comprometido conosco, ou não.”

Não parece, realmente, um discurso de irmandade? Seria Bynum capaz de aprontar tanto a ponto de bagunçar com isso? Seria dispensado de imediato, ao menor sinal de alerta?

David West e George Hill, por exemplo, não quiseram falar de imediato sobre o assunto. “O que o Larry disse? Se você tem alguma questão, vá perguntar para ele, ou Frank”, afirmou o ala-pivô. “Pergunte para o Frank”, reforçou o armador, em contato com o Star, de Indianápolis.

Bem, Frank Vogel, aquele que vai tentar fazer o que Mike Brown fracassou em duas ocasiões – dobrar Bynum –, estava bem mais sorridente que seus atletas. “Ele sabe que aqui é o lugar certo. Acreditamos também que oferecemos o lugar certo para ele. Ele expressou (durante as tratativas) que quer se encaixar no time, e essa foi a palavra que queríamos ouvir, considerando nossa mentalidade de que o que conta primeiro é o time”, afirmou.

Tudo isso é muito bacana, mesmo, mas não impediu que o próprio Vogel ligasse com urgência para Brian Shaw, seu ex-braço direito e outro a trabalhar no Lakers com Bynum, para se informar mais a respeito do grandalhão antes que qualquer cheque fosse assinado. Qual foi a resposta?

“Acho que muito do que se fala sobre ele… Ele é um bom sujeito. Não é má pessoa”, disse.

(Parêntese 1: Reparem que, tal como Darvin Ham, Shaw interrompe seu discurso e redireciona a frase para algo mais direto.)

“Acho que ele passou por algumas situações em qe ele realmente não respeitava o treinador e o programa.”

(Parêntese 2: Essa foi uma baita espetada em Mike Brown, e vale relembrar que muitos esperavam e/ou torciam para que Shaw fosse contratado como o sucessor de Phil Jackson no Lakers… Mas continuemos.)

“Sei que, em sua vida pessoal, ele vem lidando com algumas coisas com sua mãe. Então ele ficou meio que distraído, o que é algo você espera, levando em conta essas coisas.”

*  *  *

No release para anunciar a contratação, a equipe de comunicação do Pacers fez questão de incluir esta frase aqui do bebezão: “Será ótimo ficar na reserva de Roy, e eu farei qualquer coisa para ajudar este time”. Bem conveniente, né? Que gesto bonito. “Não foi uma decisão difícil. Acho que é o lugar certo para mim e, com toda a honestidade, acredito que temos a melhor chance para vencer.”

Ok, vamos dar um voto de confiança, então. Que ele se dedique ao máximo e desencane de jogar boliche com o joelho estourado. Já ajudaria bastante. Mas, pensando em quadra, que tipo de Bynum vai se apresentar em Indiana?

Sonhar com seus números e atuações dos bons tempos de Los Angeles Lakers, quando chegou a ter médias de 18,7 pontos e 11,8 por jogo, parece delírio. Mas será que, num time muito mais bem estruturado, ele consegue render (muito) mais do que fez em pouco tempo de Cleveland? Bird e Vogel esperam que sim. Porque o que ele apresentou nos primeiros meses da temporada não deixa muita gente animada, não. Vejamos, por exemplo, seu aproveitamento ofensivo:

Em uma palavra: desastre. Bynum teve muita dificuldade para converter seus arremessos de perto da cesta, como as manchas vermelhas mostram no gráfico

Em uma palavra: desastre. Bynum teve muita dificuldade para converter seus arremessos de perto da cesta, como as manchas vermelhas (abaixo da média da liga) mostram no gráfico

Agora, segue seu quadro de arremessos na temporada 2011-2012:

Em 2011-2012, sua última temporada inteirona, o vermelho se espalha por todos os lados, mas próximo da cesta, a área mais importante, vemos um aproveitamento muito melhor. Muito melhor

Em seu último campeonato em que estava inteiro, ou algo perto disso, o vermelho se espalha por todos os lados, mas próximo da cesta, a área mais importante de atuação, vemos um aproveitamento muito superior.

Além de ser muito mais eficiente nas finalizações próximo da cesta – quem não se lembra das ponte aéreas de Gasol para o cara? –, é importante comparar a diferença  no volume de chutes de média distância entre os dois gráficos, constando-se um padrão de jogo bem diferente . Sem explosão ou mobilidade, Bynum se viu afastado do garrafão. Mas, mesmo ali perto, não foi nada ameaçador. Na defesa, ele pode ficar ainda mais exposto a jogadas em pick-and-roll, sem conseguir se deslocar adequadamente para o lado, e, de certa forma, precisará ser protegido pelo sistema, sem precisar subir tanto em quadra.

Em termos estatísticos, suas médias despencaram tanto do ponto de vista de índices de eficiência (que podem ser comparados aos de seu segundo ano na liga, quando tinha apenas 19 anos) como nas projeções de produção por minuto. Definitivamente não estamos mais diante de uns dos três ou cinco melhores pivôs da liga. Ainda assim… Seus números são bem mais palatáveis que os do francês Ian Mahinmi, que, silenciosamente, vem fazendo uma campanha horripilante de ruim, nos 16 minutos em média que recebe para dar um descanso a Hibbert. Temos aqui, enfim, algo concretamente positivo a falar sobre o investimento.

E Frank Vogel está muito mais otimista, na verdade, do que qualquer blogueiro pé-rapado e abelhudo. “Ele tem uma mobilidade muito boa e deu a entender que pode ser uma força”, disse o técnico, com base nas análises de seu estafe sobre as atuações do grandalhão neste campeonato. “Ele pareceu bem.”

É de se imaginar que o treinador queira ver seu novo gigante atuando desta maneira:

No dia 30 de novembro, Bynum, mesmo pesadão, conseguiu se impor diante de Joakim Noah (também baleado, diga-se, sem ter feito uma pré-temporada adequada) e do chatíssimo Chicago Bulls, com 20 pontos, 10 rebotes e 5 tocos. Mesmo com tempo limitado, ele ainda emendaria mais três jogos sólidos em seu primeiro momento de brilho desde 2013 – e que durou pouco. Em Indiana, todavia, a carga será muito mais leve.

Mahinmi, prestes a ceder 16 minutos para Bynum

Mahinmi, prestes a ceder 16 minutos para Bynum

Vogel e sua comissão tentarão trabalhar o jogador de uma forma que ele se aproxime ao máximo de um fac-simile de Hibbert, nos minutos que tiver ao seu dispor. Que consiga, de alguma forma, proteger a cesta, sem se expor ao máximo no perímetro. Mas convenhamos que, para o Pacers, pensando no confronto que interessa, a final do Leste, eles realmente esperam que o reforço não tenha tanto tempo de quadra. Quanto mais Hibbert ao centro da defesa, melhor para brecar os LeBrons de Miami.

Sim, o Pacers vai passeando no Leste, a despeito de um ou outro tropeço recente, mas essa excepcional campanha só vai valer para alguma coisa se eles passarem pelo time da Flórida no final do ano. É só nisso que eles pensam, admita ou não Larry Bird.

A abordagem do presidente do clube é de tudo ou nada neste ano. “Não estou preocupado sobre o ano que vem, e nem tenho um ano todo pela frente. Estamos aqui e agora, e vamos fazer de tudo para que posamos avançar o mais longe possível. Sabemos que efrentaremos uma dura competição, mas, se tivermos a chance de melhorar nossa equipe, vamos fazer isso”, afirma.

O Indiana será uma equipe melhor com o enigmático pivô?

Erik Spoelstra, do seu lado, garante que não está  preocupado. “Estamos concentrados apenas em nós neste momento. Estou certo de que (a contratação) chama muitas manchetes e diversas histórias. Ele combina com o estilo deles, de terem um garrafão alto e físico, mas, pensando do nosso ponto de vista, isso não nos afeta em nada”, afirma o técnico do Heat.

Sim, definitivamente Andrew Bynum, hoje, não é um problema ou solução para os atuais bicampeões. Larry Bird não quis saber de permitir isso. Agora, para quem não tem tanto dinheiro para fazer estripulias no mercado, ele só espera que daqui a alguns meses sua aposta se mostre bastante lucrativa.


Cavs faz aposta, contrata Bynum e agora só torce para que médicos não trabalhem tanto
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Giancarlo Giampietro

Playoffs, ou enfermaria lotada.

Ao contratar Andrew Bynum nesta quarta-feira, o Cleveland Cavaliers se coloca entre essas duas rotas alternativas. Esperando, claro, que a primeira seja aquela a ser seguida.

Sobre o pivô? Difícil ir além da seguinte condicional: “Se ele estiver inteiro, se jogar…” aí dá samba. Do contrário? Ao menos o gerente geral Chris Grant foi duro nas negociações e fez o máximo para proteger os cofres de sua franquia. Segundo consta, do montante de US$ 12 milhões acertado, apenas a metade seria garantida – o restante dependeria de algumas metas especificadas no contrato. Provavelmente quantidade de partidas, minutos, pontos, presença no All-Star Game, classificação para os playoffs etc.

Bynum + Varejão

Varejão agora não vai precisar trombar com Bynum (e outros gigantões), se tudo der certo

De modo que, embora para qualquer mortal a quantia de US$ 6 milhões já valha a aposentadoria, sombra e água fresca, para as finanças da NBA, parece uma aposta adequada. Risco meio caro, mas com a possibilidade de ter uma graaaande recompensa.

E bota grande nisso, falando de Bynum. Um dos poucos legítimos seven footers no raio da liga, e não um gigantão qualquer: de costas para a cesta, é provavelmente o jogador mais talentoso em atividade. Quer dizer, “em atividade”.

Porque o pivô não disputou um jogo sequer na última campanha, acelerando o envelhecimento de Doug Collins significativamente. O mais triste é notar que, em sua carreira, passado oito anos desde que entrou no Lakers como um adolescente em 2005, ele só foi escalado em mais de 65 partidas (nas campanhas de 82 jogos) apenas uma vez, em 2006-2007, quando participou de todas as rodadas. No ano pós-lo(u)caute, 2011-2012, teve sua melhor participação: 60 jogos de 66 possíveis, um milagre.

Nesse campeonato, ele atuou sob o comando de Mike Brown, que reencontra agora em Cleveland. Vai saber se é “bla-bla-blá” ou o quê, mas Bynum afirmou que a presença do treinador foi um grande incentivo para fechar negócio com a franquia. Sob sua orientação, teve médias de 18,7 pontos e 11,8 rebotes, matando 55,8% dos arremessos, com 35 minutos de rodagem.

Se ele chegar de alguma forma próximo desses números, o Cavs será um time a ser temido no Leste.

Desde que seus médicos tenham folga. Coisa que não vem acontecendo com frequência. Taí um clube que precisou de reforços de profissionais da medicina estrangeiros.

Na temporada passada, apenas dois atletas disputaram as 82 partidas: Tristan Thompson e Alonzo Gee. Entre suas principais figuras, Kyrie Irving perdeu 23 jogos, Anderson Varejão, outros 77 e Dion Waiters, 21. Escolha número um do Draft deste ano, o ala-pivô Anthony Bennett vem de uma cirurgia no ombro e nem vai participar da liga de verão de Las Vegas. Haja analgésico.

Para Varejão, a presença de Bynum pode ser um alívio neste sentido. Se o grandão jogar, a carga física para o brasileiro pode ser reduzida consideravelmente – ficando a dúvida se, nessa altura da carreira, ele tem a agilidade suficiente para correr com os alas-pivôs mais leves e atléticos e se manter um jogador eficiente. Até se lesionar na temporada passada, não nos esqueçamos que o capixaba vivia sua melhor fase em quadra, jogando mais centralizado, mesmo.

De todo modo, é isso: para Anderson e Cleveland em geral, eles só esperam muita saúde, antes de tudo.

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Para quem duvidava, o Cavs confirma com a contratação de Bynum: o time quer jogar pelos playoffs, sim, em 2014. Nada de acumular trunfos e de apostar no mercado futuro. Grant já havia contratado Jarret Jack como escudeiro de Kyrie Irving, um jogador versátil no ataque que pode fazer uma dupla armação interessante com o jovem astro e Dion Waiters. Bennett, apesar da pouca idade e de ter feito apenas uma temporada entre universitários, tem bagagem e era considerado um dos calouros mais preparados para jogar de cara na grande liga. Assim como o ala russo Sergey Karasev, profissional há anos e medalhista de bronze em Londres 2012. Earl Clark ainda não é um jogador formado, mas já funciona como um grande defensor e vem com a tarimba de ter testemunhado de perto toda a loucura do mundo Laker. O Cleveland quer, mesmo, o sucesso para agora.

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Para balancear melhor seu elenco, o Cavs precisa se esforçar para contratar Karasev e mais chutadores, mesmo, de imediato. A rotação de perímetro ainda é fraco e a artilharia de fora tem de ser abastecida para abrir a quadra para Bynum e Varejão.

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Seu time precisa de um ala-pivô jovem e atlético? Olho em Tristan Thompson. A gente já colocou muito “se” aqui, pensando em todo o histórico médico desse elenco, mas se Bynum e Varejão aguentarem o tranco e Bennett for tudo aquilo que a direção (e Mike Brown, que o acompanhou de perto em UNLV, onde seu filho vai jogar…), o tempo de quadra de TT pode ficar bastante reduzido. Isso depois de ele ter terminado o ano com médias de 11,7 pontos e 9,4 rebotes, evoluindo de maneira expressiva a partir do afastamento do pivô brasileiro.


Quebradiço, Andrew Bogut é jogador-chave no Warriors por trás do show de Curry
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Giancarlo Giampietro

Andrew Bogut, surpresa contra o Nuggets

Andrew Bogut, tentando jogar

Em um final de temporada com tantas lesões, nas suas anotações você começa a se preocupar não só com a técnica dos jogadores da partida a ser estudada, mas também com a saúde deles, usando de zêlo e humanismo. E, em termos de bem-estar, confesso que havia no QG 21 um grande temor pelo quebradiço Andrew Bogut.

Meu Deus, será que ele aguentaria o corre-corre que prometia a série entre seu Golden State Warriors e o Denver Nuggets? Será que ele teria ao menos a compahia de Dick Bavetta para caminhar tranquilamente ao seu lado durante algum jogo da série?

Bogut não deu a mínima para a piada, claro.

Mesmo manquitolando, ainda sentindo um tornozelo que aparentemente nunca mais estará 2100%, deu um jeito de causar o impacto que o Warriors aguardava ansiosamente desde que fechou uma controversa troca no início de 2012. Enquanto isso, Monta Ellis já está de férias, podendo ou andar de mobilete em algum rincão do Mississipi, ou matutando com seus agentes qual decisão tomar a respeito da próxima temporada.

Na hora de pensar no Warriors, é difícil ir além de Stephen Curry e o bombardeio que ele promoveu para cima dos indefesos jogadores do  Nuggets. Com média de 24,3 pontos, 9,3 assistências, 2,2 roubos de bola, 43,4% nos três pontos e 100% nos lances livres, o show foi todo dele. Mas, para que o armador extremamente talentoso possa seguir brilhando nos playoffs da NBA, carregando sua equipe no ataque, é imperativo que o time californiano tenha o pivô australiano minimamente em forma, para balancear as coisas do outro lado da quadra.

Jogando no sacrifício, sim, sem poder saber ao certo o que terá para entregar noite sim, noite não, Bogut teve um desempenho mais do que satisfatório considerando o basquete anêmico que ofereceu durante as 32 partidas (contadinhas) que teve no campeonato 2012-2013. Suas médias foram de 8,2 pontos, 10,3 rebotes e 2,3 tocos em controlados 27,7 minutos. Não é muito – ainda restaram 20 minutos para o emergente Mark Jackson preencher em sua rotação, seja com Carl Landry, com o gigantão Festus Ezeli ou com o calouro-veterano Draymond Greene. São três atletas interessantes, que apresentam habilidades diferentes para o pastor Jackson, mas o melhor, mesmo, é ter Bogut em quadra, né?

“Para ser justo, ele não é 100 por cento agora”, disse o técnico. “Quando ele está com o corpo vivo, ativo, se sentindo bem, nós ficamos confortáveis com o que ele faz em quadra. Algumas noites, ou alguns dias, porém, obviamente, são obviamente um desafio para ele.”

Por mais que a defesa do Warriors tenha melhorado sensivelmente nesta temporada, sendo a 13ª mais eficiente da liga – o que provavelmente não acontece desde os tempos em que Nate Thurmond trombava com Jabbar nos anos 70 –, nos mata-matas o australiano pode dar ao time uma presença muito mais sólida em sua retaguarda. Ainda que esteja com a mobilidade comprometida, o Aussie tem envergadura, tempo de bola, leitura de jogo e é um excelente e inteligente comunicador, podendo orientar alguns de seus companheiros mais inexperientes e cobrir por eles quando necessário.

Além disso, numa comparação com o massa-bruta Ezeli, Bogut também merece muito mais respeito no ataque, ainda que George Karl tenha decidido pagar para ver em muitos momentos, num erro de cálculo. Tá certo que o veterano não fez nada pelo Warriors em míseros 32 jogos, flertando com atuações dignas de Andris Biedrins. Mas não custava ter enfrentado o cara nos primeiros jogos para sentir quem estava do outro lado. Quando foi se mexer o técnico do Nuggets, promovendo JaVale McGee para o quinteto inicial, talvez fosse muito tarde. O adversário teve média de 63,2% nos arremessos, um salto qualitativo considerável, se aproveitando das brechas propiciadas pela atenção desprendida a Curry, Jack e Thompson no perímetro.

Jackson e o Warriors só podem esperar agora que este Bogut esteja em ação nesta segunda rodada. Porque a batalha no garrafão vai ficar significativamente mais complicada, com o tal de Tim Duncan pela frente.

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Mobilidade comprometida, e tal, e de repente baixa o santo no gigante australiano, que aprontou isso aqui jogo 4 contra o Nuggets:

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Bogut, por algum motivo, escapa com frequência da lista das primeiras escolhas infelizes que tivemos na década passada. Vindo da universidade de Utah, sensação nos Mundiais de base em sua categoria, ele convenceu o senador Herb Kohl, dono do Bucks, de que era o cara certo para o pick 1 de 2005 por suas habilidades, digamos, políticas – se apresentou de terno para a entrevista com o milionário e usou sua retórica de modo confiante, passando a imagem de um franchise player. Durante os anos, contudo, o excesso de lesões o privou de qualquer chance de justificar seu status. Ele saiu dois postos na frente de Deron Williams e a três de Chris Paul. Além dos dois geniais armadores, Andrew Bynum (10), Danny Granger (17) e David Lee (30!) já foram selecionados para um All-Star Game nesta classe.


As dez histórias para se acompanhar na reta final da temporada da NBA
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Giancarlo Giampietro

Muito já aconteceu de novembro até aqui, mas isso não quer dizer que não tem muito mais o que se observar na temporada 2012-2013 da NBA. Vale ficar de olho no desenvolvimento das seguintes histórias:

Kobe Bryant x Klay Thompson

Um deslize do Warriors poderia salvar a temporada tortuosa do Lakers de Kobe?

O Lakers, meu Deus, o Lakers!
No que vai dar esse melodrama todo? Um não gosta do outro, que não aprecia o basquete daquele, que ainda não consegue entender as atitudes do fulano, que não para em pé… Depois de tanta troca de farpa, lesões, críticas em público e derrotas humilhantes, será que esse apanhado de estrelas sem a menor coesão vai conseguir ainda uma vaguinha nos playoffs da poderosa Conferência Oeste? Vai ser bem desgastante: o Lakers ocupa hoje a décima colocação, com 25 vitórias e 29 derrotas, precisando passar, no mínimo, o Portland Trail Blazers (nono) e o Houston Rockets (oitavo). O clube texano tem 29 vitórias e 26 derrotas. Nas pouco mais de 25 partidas restantes, então, Kobe Bryant precisaria vencer, no mínimo, cinco jogos a mais do que James Harden para beliscar a oitava colocação. Em sexto e sétimo, aparecem Golden State Warriors (30 vitórias e 22 derrotas) e Utah Jazz (30 e 24), já bem acima. Dificilmente podem ser alcançados, a não ser que…

– O Golden State Warriors vai conseguir se segurar?
Nas semanas que antecederam o All-Star Weekend, o Warriors, até então a Cinderela da temporada, teve a pior campanha, com cinco reveses consecutivos. Quatro dessas derrotas aconteceram fora de casa, é verdade, mas para o técnico Mark Jackson a parada na temporada não poderia ter vindo em melhor hora, á que o time estava se mostrando pouco competitivo, apanhando por alguns placares preocupantes: Oklahoma City Thunder 119 a 98, Dallas Mavericks 116 a 91 e, especialmente Houston Rockets 140 a 109. A defesa do Warriors se apresentou eficiente por boa parte da primeira metade do campeonato, mas perdeu rendimento em janeiro e fevereiro, voltando ao velho padrão de peneira de sempre. Será que Jackson consegue entrosar Andrew Bogut rapidamente com o restante de seus companheiros? Será que o australiano consegue evitar mais uma lesão grave? O progresso do pivô é vital fundamental que o time reencontre seu caminho.

Tim Duncan, de terno não tá legal

O Spurs precisa de Tim Duncan, inteiro, em quadra

– Tim Duncan e a fonte da juventude.
O ex-prospecto de nadador das Ilhas Virgens faz a sua melhor temporada desde 2007, coincidentemente o último ano de título para a turma de Gregg Popovich. (…) Bem, então não é ousadia nenhuma dizer que, para o Spurs ter reais condições nestes playoffs, o veterano vai ter de replicar em quadra o que produziu em seus espetaculares dois primeiros meses de temporada. Coach Pop obviamente sabe administrar o gás de seus jogadores e vai fazer de tudo para preservar Duncan. O problema é que o técnico pode ser o melhor da NBA hoje, mas santo milagreiro não consta em suas especialidades. No sentido de que, aos 36 anos, 15 desses assimilando pancadas de tudo que é lado, o pivô pode estar sujeito a qualquer problema físico quando vai para quadra. Desde 18 janeiro, ele participou de apenas seis jogos em 12 do Spurs. O que não impediu que a equipe vencesse 11 desses embates. Nos mata-matas brutais do Oeste, porém, não há como sobreviver sem esse craque em forma.

As dúvidas em torno dos hoje candidatos a vice-campeão do Leste.
Explicando: talvez seja mais fácil encontrar hoje alguém que aprecie o senso de humor de Dwight Howard do que uma pessoa que acredite na derrota do Miami Heat no Leste, mesmo que eles não estejam defendendo tão bem como fizeram no ano passado. Se for para cogitar, hoje as possibilidades se resumem aparentemente a New York Knicks e Indiana Pacers, segundo e terceiro colocados da conferência. Essas equipes dependem de muitos fatores que devam se alinhar para que possam fazer frente aos atuais campeões. Destacamos dois de cada: a) para o Knicks, a alta dependência nos tiros de três pontos – é o time que mais arrisca do perímetro hoje, com 29 por partida –, e a defesa medíocre: nos playoffs, uma combinação preocupante; b) para o Pacers, como Danny Granger retornará – o quanto isso pode interferir na evolução de Paul George e/ou como pode melhorar o ataque da equipe? – e será que Donnie Walsh e o antes inquieto Kevin Pritchard conseguiriam dar um jeito de melhorar um pouco, nem que seja um tico, seu limitadíssimo banco de reservas?

Boston pride: KG e Pierce

KG e Pierce ainda não estão prontos para se despedir da luta pelo título. Em Boston mesmo

– O Boston Celtics melhor sem Rajon Rondo.
Olha, desde que o armador foi afastado por uma lesão no joelho para ser operado, o Celtics venceu oito de nove partidas, saindo de dois jogos abaixo da marca de 50% para quatro acima, já em condições de evitar um confronto com o Miami Heat e o New York Knicks na primeira rodada dos playoffs. Nem mesmo as baixas de Leandrinho e Jared Sullinger atrapalham o rendimento do time de Doc Rivers, que voltou a ter uma equipe conectada em quadra, marcando muito. Mas o sucesso dos caras de Boston depende muito da mesma questão em torno de Tim Duncan: Garnett e Pierce vão aguentar? Rivers vai ter de dosar o tempo de quadra de seus veteranos e, ao mesmo tempo, manter a dupla inteira. Isso, claro, se Danny Ainge não descolar uma troca maluca despache um dos veteranos.

– Perspectiva de pouca movimentação.
Mas a expectativa em Boston é de que os dois ficarão na cidade. Na verdade, pelo volume baixo de especulações que tivemos no fim de semana em Houston, os setoristas das 30 franquias da liga esperam pouca movimentação nesta semana – lembrando que o prazo para trocas se esgota no dia 21 de fevereiro, quinta-feira, logo mais. Não há muitos clubes por aí dispostos a aumentar sua folha salarial, temendo cair a zona de multas acima do teto salarial. A partir da próxima temporada, as punições e restrições começam a ficar pesadas. O que não é um problema para o senhor…

Fala sério

E aí, Bynum? É isso mesmo?

– Prokhorov, aquele que topa tudo.
Não tem multa ou crise mundial que vá inibir o dono do Brooklyn Nets, um dos homens mais ricos (mesmo) do mundo, de gastar e se divertir. Então cabe ao gerente geral Billy King tentar viabilizar um negócio, qualquer negócio que seja, que o cheque em branco está assinado. O porém: o Nets não tem hoje muitas peças que possam ser consideradas atrativas e que, acumuladas, possam dar ao clube mais um nome de peso – e, de preferência, alguém que produza mais do que o decepcionante par Deron Williams e Joe Johnson. Será possível transformar uma combinação de Kris Humphries, MarShon Brooks, Mirza Teletovic ou os direitos sobre o emergente Bojan Bogdanovic (ala croata do Fenerbahçe) em um, digamos, Josh Smith? A partir do momento em que torraram tanta grana para formar o atual time, é tudo ou nada.

– Derrick Rose e Andrew Bynum.
O destino de Celtics e Nets nos playoffs pode sofrer interferência de outro fator além dos tópicos acima: e se o Derrick Rose o Andrew Bynum resolvem que estão prontos para jogar? No caso do pivô, vai ficando cada vez mais claro que, qualquer chance que o Sixers possa ter de chegar aos playoffs – ocupando hoje o nono lugar no Leste – passa por uma aparição de Bynum em quadra ainda nesta temporada. Se a única atividade esportiva do gigantão nesta temporada se limitar a uma fatídica partidinha de boliche, aí um abraço. Quanto a Rose, por mais nobre que seja a campanha do Bulls neste ano, é difícil imaginar que o time possa prolongar esse sucesso nos playoffs sem seu principal criador de jogadas. Em jogos mais apertados e estudados, não dá para esperar que Luol Deng ou Nate Robinson possam carregar um ataque de um finalista de conferência. Ainda sem conseguir enterrar, sem sentir força plena em seu joelho operado, o armador afirma que aceitaria ficar fora de todo o campeonato. Será que ele aguenta ficar fora mesmo?

Nerlens Noel rompeu o CLA

Lesão do jovem pivô Nerlens Noel enfraquece ainda mais o próximo Draft

Vai entregar por quem?
Agora, não é só de luta pelo topo da tabela que viveu a NBA em suas últimas temporadas, né? Há vários casos de times que, na falta de melhor termo, se matam para ocupar a lanterna do campeonato. Tudo em busca de mais bolinhas no sorteio do próximo recrutamento de novatos. Contudo, talvez não faça muito sentido que esse desgraçado fenômeno se repita agora em 2013, já que, na opinião dos especialistas e dos dirigentes, não há na próxima fornada nenhum supertalento que justifique o entrega-mas-diz-que-não-entrega nas últimas semanas de campanha. Dizem que o Draft vai apresentar um grupo homogêneo, no qual o eventual número um não se diferenciaria tanto de um sexto ou sétimo, e que as escolhas dependeriam muito mais das necessidades de cada equipe do que da distinção do basquete de um ou outro prospecto. Monitoremos: Phoenix Suns, Sacramento Kings, Charlotte Bobcats e outros sacos de pancada. Aquele que time que escalar nos jogos derradeiros um quinteto inteiro importado da D-League é a que vai acusar mais desespero.

March Madness!
Por outro lado, até por essa carência, pode ter certeza de que os olheiros e cartolas vão acompanhar os mata-matas do basquete universitário ajoelhados e fazendo as oferendas mais absurdas aos céus, na esperança de que algum jogador desponte como um salvador da pátria. Quando você usa a primeira escolha do Draft em um Derrick Rose, um Blake Griffin, um Dwight Howard, a sorte de sua franquia muda da noite para o dia. No caso de um Andrea Bargnani, de um Kenyon Martin, de um Andrew Bogut? Nem tanto.


O dilema Pau Gasol: deveria o Lakers tentar trocar o craque espanhol?
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Giancarlo Giampietro

Kobe gosta de Mike D; Gasol... Ainda incerto

Kobe já se encontrou no sistema de D’Antoni; Gasol está longe

Pau Gasol não gostou, Mike D’Antoni também, não.

Depois da derrota do Lakers para o Memphis Grizzlies na última sexta-feira, o quase sempre gentil e ponderado espanhol não se aguentou em seu canto, botou a boca no trombone e disse que se sentia um pouco jogado de canto pelo ataque californiano, que não estava recebendo a bola nos lugares em que preferia, próximo ao garrafão, de costas para o adversário, para colocar em prática sua baita envergadura e seu eficaz e belo jogo de pés.

“Todas as chances que venho ganhando são em arremessos. Gostaria de tentar algo mais perto da cesta, e não apenas em movimento no pick-and-roll, especialmente quando Dwight está lá embaixo. Mas vamos ver. Ainda estamos descobrindo o que fazer”, falou. “Eu costumo render quando entro no garrafão e crio a partir dali. Historicamente é deste jeito que tive sucesso, que fiquei renomado e garanti meus contratos. Mas tomara que eu possa encontrar um caminho ou que possamos encontrar um caminho para me abrir novas oportunidades, para que eu possa render e ser mais efetivo.”

É um baita de um comunicado endereçado ao técnico, não? Bem atípico, mas provavelmente Pau deve ter ficado irritado com alguma provocaçãozinha de seu caçula Marc em Memphis. Mas tambeem deve ter contribuído o fato de ele ter ficado no banco durante o quarto período inteiro. Acho. 😉

Pê da vida pela derrota, dois dias depois de já terem perdido para o Sacramento Kings em um jogo para se esquecer, D’Antoni deu na canela ao rebater: “Eu estava pensando em como eu gostaria de vencer esse jogo, é nisso que eu estava pensando Odeio quando os caras dizem que não receberam a bola. Isso não faz sentido nenhum. Todo mundo recebe a bola. A bola deve girar para todos”. Sok! Pow! Crash!

Depois: “(No garrafão) você já tem um cara como Dwight ali”.

Na noite seguinte, uma vitória arrasadora sobre o Dallas Mavericks por 115 a 89, os dois fizeram as pazes, ou pelo menos tentaram.

D’Antoni consentiu que precisa achar um jeito de descolar umas cestas mais fáceis para Gasol – mas do jeito que ele gosta? “Pau é um cara ótimo, não estava tentando desrespeitá-lo. Ele é e sempre vai ser um grande jogador, então vamos continuar mexendo e remexendo no ataque e trabalhando. Estamos tentando descobrir como envolvê-lo mais. Não apenas ele, mas Dwight tambeem. Não podemos ter nossos grandalhões arremessando quatro, cinco ou seis vezes”, disse o técnico. “Estamos nisso juntos (Tamo junto!). Leva tempo para entender as cosias. É um período de ajustes”, afirmou Gasol.

Nas últimas três partidas, ele teve 25 arremessos, média de 8,3 por jogo, abaixo dos 13,5 a que se habituou em sua carreira – e dos 12,4 da temporada toda, aliás. Em termos de produção geral, o espanhol vem com 13,4 pontos por jogo e apenas 43,4% nos arremessos, as menores médias desde que entrou na liga em 2001, e de longe.

*  *  *

Esse boato corre Los Angeles há mais de um ano, no mínimo, mas creio que agora a pergunta realmente parece pertinente: será que não chegou a hora de o Lakers trocar Pau Gasol?

Usá-lo como uma espécie de Troy Murphy ou Channing Frye, o ala-pivô aberto da linha de três no ataque não faz o menor sentido. O problema: Howard ocupa tanto espaço no garrafão como Bynum fez na última temporada, e ainda é menos talentoso em alguns quesitos que facilitariam a vida do espanhol, já que não passa tão bem como o ex-companheiro e não consegue acertar nada a mais de dois ou quatro passos da cesta quando arremessa.

Numa liga em que os times atléticos, velozes e de jogadores extremamente versáteis, o Lakers ainda aposta numa formação mais tradicional e grande, com seus dois superpivôs lá dentro e um armador puro (que ainda não jogou diga-se) em Steve Nash. Vale esperar o retorno do canadense e sua reunião com o chapa D’Antoni para ver como o jogo coletivo vai se desenvolver? Talvez. Mas Nash e D’Antoni realmente vão ter de quebrar a cabeça para colocar a coisa para funcionar – e de um modo que não fira o orgulho do espanhol e que, mais importante, explore suas diversas habilidades.

A ordem agora é ter paciência com essa nova equipe, deixando os astros se entenderem – sem se esquecer que o Miami Heat perdeu para o Dallas Mavericks em seu primeiro ano e por semanas e semanas tinha um aproveitamento de 50% em sua campanha. Mas a pressão em Los Angeles, como Mike Brown e Phil Jackson podem testemunhar, se faz um pouquinho mais presente, né? Se o Lakers se arrastar com uma campanha medíocre até meados de fevereiro, aguarde para ver o burburinho aumentar.

Antes de fazer planos de troca para o barbudo, saibam de dois detalhe muito importantes:

– Gasol ganha US$ 19 milhões por ano (sim, são RS$ 38 milhões) e ainda em uma cláusula em seu contrato de que seu salário seria elevado em 15% caso seja trocado. Isto é, quem quiser tirar o pivô deverá arcar com um salário de quase US$ 22 milhões  – só Kobe Bryant ganha mais que isso na liga – ou convencê-lo a descartar esse gatilho. Ele toparia abrir mão de algum centavo para jogar no Hawks?

– O Lakers provavelmente vai querer incluir na transação um de seus veteranos armadores reservas: Chris Duhon ou Steve Blake. O que elevaria o valor dos salários para US$ 22 ou 24 milhões. É muito difícil que um time como o Rockets, cheio de bons e jovens jogadores, consiga construir um pacote que chegue a esse valor sem dar um time inteiro. Além disso, o Lakers não pode exceder o limite de 15 atletas em seu elenco, tornando a dinâmica da negociação bem complicada.

De todo modo, se quiser levar o plano adiante, é de se imaginar que o clube californiano vá atrás de um ala-pivô sólido, de bom arremesso de média e longa distância e de múltiplos chutadores e jogadores atléticos para o banco de reservas, algo que combina mais com  sistema de D’Antoni.


Começa a pré-temporada da NBA: veja quem tem mais trabalho pela frente
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Giancarlo Giampietro

Vamos tirar essa gracinha da frente logo de cara: Charlotte Bobcats, Washington Wizards, Sacramento Kings e Golden Sate Warriors, os tradicionais sacos de pancada das últimas temporadas, têm muito trabalho pela frente. Não fosse assim, seria muito estranho.

Mas não são apenas os times habituados a frequentar a imaginária zona de rebaixamento que têm muito o que fazer a partir desta semana, com o início dos valiosos, mas enxutos training camps da NBA.

É o único período livre, limpo para valer que os treinadores têm para aprimorar suas equipes. Durante as férias, alguns jogadores e assistentes se reúnem informalmente para exercitar fundamentos, refinar habilidades.

Mas é só em outubro, mesmo, que eles conseguem se agrupar de modo organizado, oficialmente, para passar o plano de jogo para a temporada, integrando eventuais novos conceitos e reforços.

(Vamos nos concentrar aqui só nos times que aspiram a voos maiores, ok?)

Mike Brown tem trabalho pela frente

Um training camp crucial para Mike Brown, Kobe e Lakers

Pensando em novos jogadores, inevitável mirar o Lakers, mesmo que Dwight Howard ainda esteja se recuperando de uma cirurgia nas costas. Pois o que requer o maior ajuste para a equipe, na verdade, é a presença de Steve Nash. Os angelinos não tinham um armador desse calibre, com sua criatividade, habilidade e eficiência desde… Vocês sabem quem. E, não, não se trata de Nick Van Exel.

Se fosse para Nash assumir um papel de Derek Fisher e Steve Blake – leia-se “cruze o meio da quadra, passe para o Kobe e fique do outro lado esperando, se pá, a bola” –, até poderia dar certo. Afinal, ele é provavelmente o melhor chutador que a liga já teve. Mas não faria sentido, né? Seria um desperdício daqueles. Que Mike Brown e seus astros encontrem a melhor maneira de fazer a máquina andar até acrescentar seu novo superpivô.

Ainda em Los Angeles, com menos apelo (durou pouco o oba-oba, o Lakers não ia deixar mesmo), Vinny Del Negro também tem muito do que cuidar no Clippers com as chegadas de Lamar Odom, Grant Hill e Jamal Crawford e o retorno de Chauncey Billups. Eles não mudam drasticamente as características do clube, mas o fato é que o contestado treinador vai precisar de muita diplomacia para administrar minutos e arremessos entre seus atletas.

No Oeste, porém, quem deve mais testar sua paciência atende pelo nome de Rick Carlisle. O técnico do Mavericks tem de integrar Darren Collison, OJ Mayo, Elton Brand, Chris Kaman e mais três novatos a sua rotação. Do time campeão em 2011, só sobraram Nowitzki, Rodrigue Beaubois e Dominique Jones, sendo que esses últimos dois mal jogavam. Dureza.

Amar'e Stoudemire e Carmelo Anthony

Stoudemire e Melo vão se entender, enfim?

Do outro lado, no Leste, o trabalho começa em Nova York: a) tanto para o Knicks, pelo qual Mike Woodson, com uma ajudinha de Jason Kidd (e Prigioni??), faz seu primeiro training camp como chefe, com a missão de encontrar algum jeito de entrosar Carmelo Anthony e Amar’e Stoudemire, após os baixo e baixo entre os dois nas últimas temporadas; b) como pelo Nets, em que Avery Johnson recebe Joe Johnson, Mirza Teletovic e Brook Lopez de volta e tem como desafio a montagem de uma defesa forte com marcadores suspeitos.

Por fim, o 76ers, daqueles times que se destacou na temporada passada por seu empenho coletivo, sem uma referência, agora se reformula com a chegada de Andrew Bynum, que sonhava há anos em ser alimentado sem parar. A movimentação de bola, o espaçamento dos jogadores, a cobertura defensiva e muitos outros detalhes mudam radicalmente com um jogador desses.


Jogadores para marcar de perto na próxima temporada da NBA: Andrew Bogut
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Giancarlo Giampietro

Andrew Bogut

Bogut fica bem de terno, mas o time quer é vê-lo em quadra

Enquanto Andrew Bynum dava ainda um trabalhão para Phil Jackson, exigindo o máximo das técnicas motivacionais (e provocativas) do Mestre Zen, seu xará australiano, Bogut, trabalhou pela classificação como “o segundo melhor pivô” da NBA, atrás apenas dele, o líder absoluto, disparado, campeão com mais de dez rodadas de antecedência, Dwight Howard.

Mas podemos dizer também que Bogut nem trabalhou tanto assim e ganhou o vice-campeonato dos “cincões” por inércia, mesmo. De tão deslocada que parece a posição hoje em tempos do superatlético Miami Heat.

Só não tente dizer isso a Jerry West, ele mesmo, o Logo, e agora consultor manda-chuva do Warriors. Muito menos a Joe Lacob, o dono do clube, que faz de tudo – até o que não deve – para que a equipe volte a ser competitiva na Conferência Oeste e que para que seja amado por uma das torcidas mais peculiares da liga. Mesmo que, para isso, ele precise arruinar uma homenagem a Chris Mullin e ser vaiado por todo o ginásio:

Esses caras apostaram alto em Bogut como o jogador que revolucionararia a franquia dentro de quadra, como o primeiro pivô a fazer a diferença pelo time desde os tempos de… Felton Spencer? Rony Seikaly? Ou quem sabe… Clifford Rozier? Todd Fuller? Manute Bol? Hm… melhor ficar com Nate Thurmond, aquele monstro defensivo lá nos anos 70.

Nate Thurmond

Nate Thurmond em foto que já diz tudo

(Parêntese: pensar nos grandes pivôs que a NBA já teve no passado funciona na minha cabeça como os grandes pesos pesados que o boxe já teve. Thurmond, Alcindor, Malone, Wilt, Russell… Até os nomes se encaixam. Agora voltando…)

Monta Ellis era um cestinha pouco eficiente, e foi o que custou ao Warriors para ter Bogut. Não seria de fazer ninguém chorar. Mas o ala-armador era adorado por essa gente torturada que aprecia e nunca abandona um clube por mais que suas participações nos playoffs sejam muito mais raras do que anos bissextos.

Aí entra o australiano, que sofreu duas lesões bizarras nas últimas temporadas e disputou apenas 77 jogos de 144 possíveis. A metade, na mosca. Jornalista não sabe fazer conta. Há quem diga que foi só azar – e, realmente, a queda que ele teve depois de uma enterrada que resultou numa fratura absurda em seu braço foi muita falta de sorte (vídeo forte, escondido lá no pé do post). Porém, como explicar o fato de que até hoje o pivô disputou apenas uma temporada completa em sua carreira, justamente a sua de novato? Fora essa, apenas em uma outra campanha ele bateu a casa de 70 jogos: 2007-08. De resto, no mínimo 14 jogos perdidos por ano. É muita coisa.

O Warriors vai abrir a temporada 2012-13 com muitas esperanças, e não dá para dizer que dependa exclusivamente de Bogut para vencer. O armador Stephen Curry é um dos jogadores mais talentosos da nova geração, mas também não consegue parar em pé. Olho no ala Klay Thompson, que pode ser uma das surpresas do ano. O novato Harrison Barnes é outro badalado. David Lee te dá um double-double por jogo no Fantasy. Com Jarret Jack, Richard Jefferson, Andris Biedrins e Carl Landry, o banco nem é tão ruim assim.

Mas não tenha dúvidas: se a equipe está pensando, mesmo, em chegar aos playoffs, com chances de avançar nos mata-matas, tudo gira em torno da saúde, sim, do australiano.

A começar por sua presença defensiva. Não só por seus mais de dois tocos por partida nas últimas três temporadas ou pelo ótimo aproveitamento nos rebotes. Mas muito por sua inteligência no posicionamento, fechando espaços, podendo ser dominante mesmo com pouca impulsão ou velocidade. No ataque, se tudo der certo, a presença de Curry (ótimo passador e um arremessador melhor ainda) e Thompson (gatilhaço), abrindo a quadra, devem contribuir muito também para ele encaixar seus movimentos lentos, mas técnicos.

Assim sonham Lacob, West e hipongas.

Que desencanem disso aqui, então:


Bagunça no elenco do Rockets ainda é empecilho para o sonho de Scott Machado
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Giancarlo Giampietro

Estamos assim, então: é provável que Scott Machado assine seu contrato com o Houston Rockets no decorrer desta quinta-feira, numa pequena grande vitória em sua batalha para se firmar na NBA.

Explicando o contraponto entre pequena e grande: o brasileiro nova-iorquino dá mais um passo para esquecer a frustração de ser ignorado no Draft, cria um vínculo oficial com um clube e vai ter sua chance. O porém é que, por mais que tenha três anos o acordo, ele poderá ser desfeito no momento em que a franquia texana achar melhor. É o famigerado contrato sem garantias, um asterisco importante.

Scott Machado em ação em Las Vegas

Scott, de preto, em ação em Las Vegas

Scott vai para o training camp com Kevin McHale, poderá participar eventualmente da pré-temporada, mas não está necessariamente assegurado no elenco para o início do campeonato.

Aliás, em termos de plantel, o supernerd Daryl Morey tem uma tremenda bagunça para resolver nas próximas semanas. Com Scott, o Rockets terá 20 atletas sob sua alçada – quatro quintetos, um número elevadíssimo. O máximo que um clube pode carregar para a temporada são 15. Fazendo essa complicadíssima conta,  decorre que cinco terão de ser cortados.

E aqui a questão não é nem confiar, ou não, no jogo do armador. O problema é que, dos 20 atletas, 16 já têm contratos garantidos para a próxima campanha. Estes aqui: Jeremy Lin, Toney Douglas, Shaun Livingston (armadores); Kevin Martin, Chandler Parsons, Carlos Delfino, Jeremy Lamb, Marcus Morris, Royce White, Terrence Jones, JaJuan Johnson, Gary Forbes (alas); Patrick Patterson, Omer Asik, Donatas Motiejunas, John Brockman (pivôs).

Além disso, com o mesmo status de Scott estão o armador Courtney Fortson (seu rival por tempo de quadra durante a Summer League de Las Vegas), o ala Diamon Simpson (veterano de D-League e com boa participação na última liga australiana) e o pivô Greg Smith (destaque em seu primeiro ano de D-League e promissor).

É muita gente, e a conta não fecha. Para entender como o Rockets chegou a esse ponto: a ideia era acumular muitos jogadores jovens e contratos pequenos e não-garantidos para tentar emplacar uma troca por Dwight Howard – ou Andrew Bynum como plano B. Ele estava atrás de uma superestrela para liderar o clube desde a aposentadoria de Yao Ming, o gigante gentil. Não conseguiu, e deve ter enchido a cara ao tomar nota da negociação que mandou Howard para o Lakers e Bynum para o Sixers.

Dwight Howard agora posa de Laker

Dwight Howard agora posa de Laker. Cobiça pelo pivô deixou Morey em uma enrascada para montar seu elenco

Morey agora claramente precisa orquestrar alguma troca. Qualquer troca em que pelo menos dois jogadores saiam e um chegue. Para Scott Machado, seria mais interessante ainda que fossem embora quatro ou cinco dos texanos.

Mas como e com quem seria fechada a transação? Boa parte dos times já apresenta elencos fechados, definidos. Além disso, os dirigentes sabem que seu concorrente está em uma enrascada, numa posição desfavorável para barganhar. Na pior das hipóteses, ele vai ter de simplesmente dispensar um jogador de contrato garantido e pagar seu salário na íntegra. Dinheiro jogado fora, isto é.

Desculpem a água no chope, mas, para ver seu sonho de NBA se realizar, o armador brasileiro vai precisar jogar muito nos treinos do Rockets e, ainda assim, esperar, depender que Morey, considerado um dos cartolas mais inventivos da liga, bote a caixola para funcionar.


Em meio ao caos olímpico, Orlando Magic manda Howard para o Lakers
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Giancarlo Giampietro

Dwight Howard agora posa de Laker

Dwight Howard agora posa de Laker

Para ajudar o blogueiro que nem estava atolado assim na vida e forçar que todos os setoristas de NBA cobrindo as Olmpíadas madrugassem em Londres, o Orlando Magic, enfim, aceitou uma proposta e fechou nesta sexta-feira a negociação que e o Mickey Mouse mais esperava. Chega de novela e pesadelos com Dwight Howard para o clube da Flrórida.

Muita gente vai odiar, outros vão se assustar, e é por aí mesmo: o superpivô vai reforçar o Los Angeles Lakersna próxima temporada. Como foi a megatroca, da qual participaram Denver Nuggets e Philadelphia 76ers também? Vamos com o desfecho abaixo e os comentário:

O Lakers recebe Howard, o armador Chris Duhon e Earl Clark.
O quinteto dos caras vai ser este aqui só: Steve Nash, Kobe Bryant, Ron Artest, Pau Gasol e Howard. Não sei, não, mas desconfio que nosso amigo Mike Brown vai ter alguma pressão para fazer o time atacar nesta temporada… Pensando no seu sistema ofensivo, porque a retaguarda acaba de ganhar o atleta eleito o melhor defensor da liga por três anos. Essa é a preocupação – e por acaso algum torcedor angelino vai ficar tenso depois de uma bargaha dessa??? – de curto prazo. A segunda, para daqui a um ano, é seguinte: Howard está na última temporada de contrato, e pode deixar a franquia de mãos abanando. Porém, sabendo que o pivô é carente ao extremo em termos de visibilidade, que está num tremendo mercado e numa cidade de clima agradável, que pode receber US$ 30 milhões a mais do Lakers do que de qualquer outra franquia e que vai jogar em um timaço, quais as chances de isso realmente acontecer? Muita coisa precisa dar errado.

No mais, Duhon é o peso morto do qual o Orlando se livro e vai competir com Steve Blake para ver quem brincará mais com o jovem Darius Morris. Clark é um jogador  que já foi comparado a Lamar Odom, mas nunca teve – ou mereceu? – muitas chances. Seja pelo Phoenix Suns, que o draftou na loteria, e pelo Orlando, onde era elogiado pelo potencial defensivo, mas ficava no banco de Ryan Anderson, Brandon Bass e Big Baby.

O Sixers recebe o pivô Andrew Bynum e o ala Jason Richardson.
Com o salário anistiado de Elton Brand, o time de Philadelphia deu sinais de vida, entrou no negócio e pegou o segundo jogador mais talentoso de todo o pacote, surpreendentemente. Bynum está na mesma situação de Howard: tem apenas mais um ano de vínculo e vai precisar ser convencido de que vale a pena renovar com o clube. A regra dos US$ 30 milhões vale para ele da mesam forma. Com o grandão, a equipe tem seu primeiro pivô decente desde Dikembe Mutombo e vai alterar drasticamente sua forma de atuar, saindo do perímetro para o garrafão.

J-Rich tem mais US$ 18 milhões em três anos de salário, mas pode ser útil ainda, desde que perca uns quilinhos e não se acanhe de revezar com Evan Turner e Nick Young durante a campanha. Se for minimamente produtivo, foi um tremendo negócio.

O Nuggets recebe o ala Andre Iguodala.
O terceiro melhor jogador da complicada transação vai para as Montanhas Rochosas. Uma baita sacada: num sistema que abusa da velocidade, preparo físico e capacidade atlética de seus jogadores, Iggy cai como uma luva. Vai ter muito mais gente com quem correr em quadra e mais liberdade para poder criar ofensivamente (desde que não não seja nos moldes de um JR Smith, claro). Ao lado de McGee, o Manimal Faried, Corey Brewer e Wilson Chandler, Iguodala também aumenta a pegada defensiva da equipe. Vai ser um inferno para os Kobes e Hardens no Oeste. O gerente geral Masai Ujiri vai muito bem no cargo.

O Magic recebe… Arron Afflalo, Al Harrington, Maurice Harkless, Nikola Vucevic, Josh McRoberts, Christian Eyenga e mais três escolhas de primeira rodada (Nuggets, Sixers e Lakers) e duas de segunda rodada do Draft (Nuggets, Lakers).
Se três clubes já haviam se dado bem na troca, alguém teria de ficar com o prejuízo, não? E… Fica até difícil colocar em palavras o quão aturdido essa negociação deixa. Incompreensível a motivação por trás desse pacote.

Vamos lá: Afflalo é um bom soldado, um jogador muito esforçado, prova viva de que, com dedicação e seriedade, um atleta pode evoluir muito, e será um titular por muito tempo. Alguns scouts afirmaram durante todo o processo do Draft que Harkless pode ser um prodígio, mas demorando alguns anos – anos que Eyenga já tem de liga, ainda sem espaço algum. Vucevic tem potencial, mas não de um cara que faça diferença. Harrington tem mais três anos de contrato, então não é que Orlando tenha limpado sua folha salarial.

E o que mais? McRoberts é um ala-pivô: posição que já contava com os calouros Andrew Nicholson e Kyle O’quinn, o segundanista Justin Harper, o gigante Big Baby e o mexicano Gustavo Ayón. Somando Vucevic e Harrington, são sete atletas brigando na mesma. Uma bagunça. O estreante Jacque Vaughn que se vire com uma combinação de Jameer Nelson, Afflalo, Turkoglu/Harkless, Nicholson/Ayón/Vucevic/Glen Davis. De novo: inacreditável. Os donos da franquia demoraram muito para tomar a decisão de se livrar de Howard. Receberam algo muito, mas muito abaixo de seu valor mercado. Vão reconstruir, mas vai demorar um bocado.


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