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Arquivo : Knicks

Mercado da Divisão Nordeste: Boston está chegando lá
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Giancarlo Giampietro

Quem já leu os textos sobre a Divisão Central, a Divisão Pacífico, a Divisão Sudeste e/ou a Divisão Noroeste pode pular os parágrafos abaixo, que estão repetidos, indo direto para os comentários clube a clube. Só vale colar aqui novamente para o marujo de primeira viagem, como contexto ao que se vê de loucura por aí no mercado de agentes livres da NBA

As equipes da NBA já se comprometeram em pagar algo em torno de US$ 3 bilhões em novos contratos com os jogadores, desde o dia 1º de julho, quando o mercado de agentes livres foi aberto. Na real, juntos, os 30 clubes da liga já devem ter passado dessa marca. Cá entre nós: quando os caras chegam a uma cifra dessas, nem carece mais de ser tão preciso aqui. Para se ter uma ideia, na terça-feira passada, quarto dia de contratações, o gasto estava na média de US$ 9 mil por segundo.

É muita grana.

O orçamento da liga cresceu consideravelmente devido ao novo contrato de TV. O teto salarial subiu junto. Se, em 2014, o teto era de US$ 63 milhões, agora pode bater a marca de US$ 94 milhões. Um aumento de 50%. Então é natural que os contratos acertados a partir de 1o de julho sejam fomentados desta maneira.

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Vem daí o acordo acachapante fechado entre Mike Conley Jr. e Memphis Grizzlies, de US$ 152 milhões por cinco anos de duração, o maior já assinado na história. Na média anual, é também o mais caro da liga. O que não quer dizer que o clube o considere mais valioso que Durant e LeBron. É só que Robert Pera concordou em pagar ao armador o máximo que a franquia podia (no seu caso, com nove anos de carreira, 30% do teto salarial), de acordo com as novas regras do jogo.

Então é isto: não adianta ficar comparando o salário assinado em 2012 com os de agora. Se Stephen Curry, com US$ 12 milhões, ganha menos da metade de Conley, é por cruel e bem particular conjuntura. Quando o MVP definiu seu vínculo, estava ameaçado por lesões aparentemente crônicas e num contexto financeiro com limites muito mais apertados. Numa liga com toda a sua economia regulamentada, acontece.

O injusto não é Kent Bazemore e Evan Turner ganharem US$ 17 milhões anuais. O novo cenário oferece isso aos jogadores. O que bagunça a cabeça é o fato de que LeBron e afins não ganham muito mais do que essa dupla, justamente por estarem presos ao salário máximo. Esses caras estão amarrados de um modo que nunca vão ganhar aquilo que verdadeiramente merecem segundo as regras vigentes, embora haja boas sugestões para se driblar isso.

Feito esse registro, não significa que não exista mais o conceito de maus contratos. Claro que não. Alguns contratos absurdos já foram apalavrados. O Lakers está aí para comprovar isso. Durante a tarde de sexta-feira, recebi esta mensagem de um vice-presidente de um dos clubes do Oeste, envolvido ativamente em negociações: “Mozgov…  Turner…  Solomon… Sem palavras”. A nova economia da liga bagunça quem está por dentro também. As escorregadas têm a ver com grana, sim, mas pondo em conta o talento dos atletas, a forma como eles se encaixam no time, além da duração do contrato.

Então o que aconteceu de melhor até aqui?

Para constar: o blog ficou um pouco parado nas últimas semanas por motivo de frila, mas a conta do Twitter esteve bastante ativa (há muita coisa que entra lá que não vai se repetir aqui). De qualquer forma, também é preciso entender que, neste período de Draft e mercado aberto, a não ser que você possa processar informações como um robô de última geração como Kevin Pelton, do ESPN.com,  o recomendável não é sair escrevendo qualquer bobagem a cada anúncio do Wojnarowski no Vertical. Uma transação de um clube específico pode ser apenas o primeiro passo num movimento maior, mais planejado. A contratação de Rajon Rondo pelo Chicago Bulls no final de semana muda de figura quando o clube surpreende ao fechar com Dwyane Wade, por exemplo. No caso, fica ainda pior.

Agora, com mais de 20 dias de mercado, muita coisa aconteceu, tendo sobrado poucos agentes livres que realmente podem fazer a diferença na temporada, deixando o momento mais propício para comentários:

Boston Celtics

Atlanta Hawks v Boston Celtics

Quem chegou: Al Horford e Jaylen Brown.
Quem saiu: Jared Sullinger (Raptors) e Evan Turner (Celtics).

O clube teve sua chance. Kevin Durant, no final das contas, realmente pensou na possibilidade de jogar em Boston. Mesmo que tenha optado pelo Warriors, para choque geral da liga, a mera consideração pelo Celtics deveria deixar o gerente geral Danny Ainge ainda mais encorajado com seu longo plano de reconstrução. Afinal, times como Lakers e Knicks não conseguiram nem mesmo marcar uma reunião com o ala.

E tem outra: não é que Al Horford seja um frustrante prêmio de consolação. Muito pelo contrário. O pivô dominicano se soma a uma base de jogadores competitivos, inteligentes e bem treinados e, sozinho, já vai fazer o produto de Brad Stevens melhorar consideravelmente em quadra, de tantos fundamentos e versatilidade em geral que oferece. Um time que venceu 48 partidas está basicamente trocando Sullinger por um All-Star. Nada mal.

Já a perda de Evan Turner não é algo para se lamentar tanto. A equipe perdeu, sim, seu condutor da segunda unidade, mas acho que dá para acreditar em um salto de qualidade para Marcus Smart e até mesmo para Terry Rozier, compensando. Além disso, a rotação ganha toda a vitalidade e capacidade atlética do número três do Draft, Brown. O jovem ala não está nada pronto como atacante, dependendo basicamente de investidas explosivas rumo ao aro para pontuar, mas já pode ajudar na contenção no perímetro, dando uma força para Jae Crowder contra alas mais altos e fortes.

De todo modo, Ainge não deve parar por aí. O gerente geral ainda busca mais um ou dois negócios, na forma de trocas, tendo ainda uma dúzia de ativos. A franquia obviamente aguarda o que OKC e Russell Westbrook pretendem da vida. Não custa insistir com Vlade Divac sobre DeMarcus Cousins também. Ou quiçá Cleveland já não se importe mais em segurar Kevin Love, precisando de reforços no perímetro devido ao fator Durant. Vai saber. Há sempre um negócio para se fechar por aí, desde que pelo valor certo – esta tem sido a filosofia paciente de Ainge, mesmo depois de um Draft no qual foi obrigado a selecionar seis atletas.

Uma eventual troca vai decidir o futuro de alguns desses jovens jogadores. É certo que Ante Zizic seguirá na Europa. De resto, ninguém sabe ainda o seu destino. O trator francês Guerschon Yabusele impressionou durante as ligas de verão e parece preparado para jogar na liga para já. Por ora, porém, não há espaço no elenco.

Brooklyn Nets

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Quem chegou: Jeremy Lin, Trevor Booker, Luis Scola, Greivis Vasquez, Randy Foye, Anthony Bennett, Justin Hamilton, Joe Harris, Caris LeVert e Isiah Whitehead.
Quem saiu: Thaddeus Young (Nets), Jarrett Jack (Hawks), Willie Reed (Heat), Wayne Ellington (Heat), Sergey Karasev (Rússia), Donald Sloan (China).

Não dá para dizer que Sean Marks esteja recomeçando o projeto do zero, mas é quase perto disso, hein? Considerando o estado em que estava a franquia ao final da temporada passada, é bastante compreensível essa chacoalhada toda. O neozelandês tinha dinheiro para gastar, mas o clube não atrairia grandes nomes. Então optou por apostas em jogadores que ainda teriam potencial para ser explorado, na expectativa de que evoluam com mais tempo de quadra e possam formar um núcleo mais interessante daqui a dois anos, eventualmente. Sim, Jeremy Lin ainda se encaixa nesse perfil, ainda mais agora que ai reencontrar o técnico Kenny Atkinson, uma das principais figuras por trás das semanas de Linsanidade que viveu pelo Knicks há quatro anos.

Outros jogadores nessa linha: Hamilton, um pivô que jogou muita bola pelo Valencia na temporada passada e pode ser considerado um stretch 5, com bom chute da cabeça do garrafão; Bennett, um dos maiores fiascos da história do Draft, mas que ainda é jovem o bastante para não ser descartado de vez; e Harris, que entrou na liga com a reputação de ser um grande chutador de três pontos, mas que não impressionou a serviço do Cavs. Não são nomes que comovem tanto, mas vale a prospecção.

Lembrando também que a ideia inicial de Marks nem era contratar tanta gente assim. Acontece que, quando o Miami Heat e o Portland Trail Blazers decidiram cobrir suas polpudas (e um tanto ousadas) ofertas, respectivamente, por Tyler Johnson e Allen Crabbe, lhe restou dinheiro e poucos alvos no mercado. Aí ele optou pela contratação de veteranos como Scola, Vasquez e Foye, que são caras muito respeitados dentro do vestiário. Pensou em química. Mas será que tantos veteranos assim não podem roubar minutos preciosos dos mais jovens? Caras como Rondae Hollis-Jefferson, Chris McCullough, Sean Kilpatrick e os calouros LeVert e Whitehead deveriam ter a prioridade. Ou Brooklyn acreditaria que um quinteto Lin-Foye-Bogdanovic-Booker-Lopez seria competitivo no Leste?

New York Knicks

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Quem chegou: Derrick Rose, Joakim Noah, Courtney Lee, Willy Hernángómez, Brandon Jennings, Justin Holiday, Mindaugas Kuzminskas, Maurice N’Dour e Marshall Plumlee.
Quem ficou: Lance Thomas e Sasha Vujacic.
Quem saiu: Robin Lopez (Bulls), José Calderón (Bulls/Lakers), Jerian Grant (Bulls), Arron Afflalo (Kings), Derrick Williams (Heat), Langston Galloway (Pelicans) e Tony Wroten (Grizzlies).

É, Phil Jackson também trabalhou bastante nas últimas semanas. Quantas canetas foram necessárias para assinar tanta papelada? Desde a troca surpreendente com o Bulls por Derrick Rose (análise aqui) a contratações de veteranos com histórico de lesão, passando pela busca por talento na Europa, o Mestre Zen fez de tudo um pouco para tentar conduzir o Knicks de volta aos playoffs. Carmelo Anthony não aguentava mais. Agora está empolgadão com os nomes que chegaram. Deveria?

Em tese, Noah e Lee fortalecem bastante a vulnerável defesa da equipe. O Knicks pagou um preço caro por um dos marcadores mais inteligentes e aguerridos do basquete. Ele tem tudo o que Jackson ama em um jogador. Precisa ver apenas se o pivô – um dos meus cinco jogadores prediletos em toda a liga, acreditem – vai ter condições físicas para jogar a temporada toda em alto nível. Do contrário, vai ter de apelar a Hernángómez e Plumlee, que até são mais maduros que a média entre calouros, mas não estão à altura da missão. O espanhol tem força, munheca e movimentos para pontuar, mas não é um grande defensor. Já Plumlee vem com a grife Dukep-Coach K, joga pesado, não vai inventar onda nenhuma, reconhecendo todas as suas limitações com a bola. E bota limitação nisso.

O temor pela enfermaria naturalmente se estende aos armadores. Rose terá a companhia de Jennings, que tentará mostrar que a ruptura no tendão de Aquiles ficou no passado. Registre-se aqui uma curiosidade quase mórbida: vamos ver se os dois vão conseguir passar da marca de 70 jogos e de 40% nos arremessos.

Já Lee acrescenta muito na contenção do perímetro. É um defensor muito mais intenso e capaz que Afflalo, que hoje só tem fama. Também arremessa bem e sabe jogar coletivamente, se movimentando pelo ataque, abrindo espaços, acostumado a jogar em função secundária. Definitivamente não vai brigar com Melo e Rose por arremessos. Baita contratação.

Por fim, completando o elenco, Kuzminskas é um ala que vive de oportunismo no ataque. Não é um cara que cria situações de cesta por conta própria, mas sabe aproveitar muito bem as rebarbas em rebotes ofensivos e cortes para a cesta pelo fundo da quadra. Imagino muitas assistências de Noah e Jennings para ele. Na defesa, é uma negação, e talvez seja superado por Holiday na rotação justamente por isso. N’Dour, o atlético senegalês que mal jogou pelo Real Madrid, deve passar mais tempo com o time da D-League do que com as estrelas.

Se estivéssemos em 2010, as contratações de Phil Jackson seriam bombásticas. Mas o calendário, salvo engano, aponta 2016. Se tirarmos o Warriors da dicsusão, talvez o Knicks seja o time mais interessante para se acompanhar na temporada que vem, pela combinação perigosa de egos, pelo simples fato de Rose e Noah estarem fora de Chicago e pela situação de Carmelo – mais um ano de fracasso, e o ala muito provavelmente vá forçar uma troca.

Philadelphia 76ers

Quem chegou: Ben Simmons, Dario Saric, Sergio Rodríguez, Jerryd Bayless, Gerald Henderson e Timothy Luwawu.
Quem saiu: Ish Smith (Pistons), Isaiah Canaan (Bulls) e Christian Wood (Hornets)
Quem chegou e nem ficou: Sasha Kaun

Pela primeira vez desde 2013, o Sixers vai abrir uma temporada em que o objetivo não são as derrotas. O Processo de Sam Hinkie foi abortado abruptamente na campanha passada, com o Clã Colangelo afanando todos os seus ativos, e agora o metódico, cultuado (por uns) e ridicularizado (por muitos) dirigentes tem de se contentar, de alguma forma, com o fato de que pelo menos a franquia conseguiu uma estrela em torno da qual pode se fortalecer, que é Simmons. Mesmo que ele já não esteja mais por lá para curtir esse desenvolvimento.

O novato australiano já encantou durante as ligas de verão com sua visão de quadra especial, lembrando muito um Jason Kidd de 2,08m de altura. Tal como era o caso do armador, porém, em seus primeiros anos de profissional, Simmons não representa absolutamente nenhuma ameaça como chutador, e isso vai ter um preço em seu ano de novato. Enquanto ele não der um jeito nesse fundamento, não deve entrar na pauta de um All-Star Game, por exemplo.

Com Saric e Rodríguez vindo da Europa, de todo modo, o Sixers certamente será um dos times mais divertidos da liga nas trocas de passe e jogo em transição. Depois de sofrer com armadores abaixo da linha da mediocridade, Brett Brown agora pode chorar de alegria no banco. Ele merece.

Fora isso, Henderson vai contribuir com profissionalismo, defesa e chutes de média distância, jogando em casa, enquanto o francês Luwawu se encorpa e se ajusta a um jogo no qual não será mais a figura mais atlética em quadra, como acontecia na Sérvia.

A missão de Colangelo agora deveria ser encontrar uma nova casa para Jahlil Okafor, cujos talentos ofensivos não se encaixam com o restante do elenco – independentemente, inclusive, do que acontecer com Joel Embiid. A rotação da linha de frente com Robert Covington, Jerami Grant, Simmons, Saric, Nerlens Noel e Richaun Holmes já é interessante o bastante.

Toronto Raptors

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Quem chegou: Jared Sullinger, Jakob Poetl e Pascal Siakam.
Quem ficou: DeMar DeRozan.
Quem saiu: Bismack Biyombo (Magic), Luis Scola (Nets) e James Johnson (Heat).

Masai Ujiri teve a chance de acrescentar Serge Ibaka ao finalista da Conferência Leste, mas não aceitou o preço cobrado por OKC (que era a nona escolha do Draft + Patrick Patterson + Cory Joseph + Norman Powell). Os dois reservas são figuras muito queridas no vestiário e compuseram uma segunda unidade que foi um dos pontos fortes do time canadense na última temporada. Joseph também é adorado em Toronto, um queridinho local. Powell deixou claro seu potencial nas últimas semanas do campeonato. Ainda assim… Por mais salgada que fosse a pedida, se o Raptors pretendia melhorar nessa temporada, talvez valesse a aposta. Ibaka seria um parceiro perfeito para Jonas Valanciunas e ainda supriria a inevitável ausência de Biyombo como protetor de aro.

Outra opção badalada que o clube vislumbrou foi Pau Gasol. Aparentemente, se não fosse a aposentadoria de Tim Duncan em San Antonio, o pivô espanhol estava muito disposto a fechar com Toronto. Taj Gibson também foi cortejado, mas as reviravoltas de mercado em Chicago impediram o negócio. Aí restou ao nigeriano a contratação de Jared Sullinger, por US$ 6 milhões.

Considerando os alvos primários, o ala-pivô não empolga muito. Não é ele que vai aproximar o Raptors do Cavs. Mas foi uma alternativa razoável e barata, para assumir os minutos de Luis Scola. Uma evolução. Sullinger é um reboteiro muito mais eficaz, também sabe passar a bola, embora seja um arremessador no mínimo irregular. Como ele vai se encaixar na equipe depende basicamente de seu condicionamento físico. Em Boston, teve constantes embates com a balança.

Já os calouros Poetl e Siakam entram no programa de desenvolvimento da franquia, que agora está lotado. Para um time que briga para se manter no topo da conferência, são diversos os jovens jogadores que não devem receber muita atenção de Dwane Casey na próxima temporada. Talvez o austríaco possa brigar por posição com Lucas Bebê, valendo a vaga de reserva imediato de Valanciunas.

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Rose, Ibaka e as trocas da semana – incluindo aquela que não aconteceu
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Giancarlo Giampietro

É bom se acostumar. Novo número, novas cores. Mas um novo jogador?

É bom se acostumar. Novo número, novas cores. Mas um novo jogador?

Pois é, conforme avisado, a temporada dos gerentes gerais e scouts da NBA definitivamente não acabou no momento em que LeBron, comovido, desabou na quadra da Oracle Arena para comemorar o terceiro título de sua carreira e o primeiro de Cleveland em mais de 50 anos. Preparando-se para o Draft desta quinta-feira e para o mercado de agentes livres que será aberto a partir do primeiro segundo do dia 1º de julho, os dirigentes já deram uma boa agitada nesta semana, antes mesmo de o recrutamento de calouros começar.

Neste post, vamos nos concentrar mais nos negócios que envolveram veteranos da liga, sem entrar no mérito sobre quem saiu ganhando ou perdendo do Draft ainda:

Derrick Rose agora é um Knickerbocker
Este foi o negócio de maior repercussão da semana, pelas cidades e franquias envolvidas e, principalmente, por selar o fim da era Derrick Rose em Chicago. Os torcedores do Bulls viveram grandes momentos com o armador, xodó da cidade, desde 2008, quando foi selecionado. Foram os melhores anos da franquia desde a saída de Michael Jordan. Devido a suas constantes lesões e cirurgias, porém, hoje podemos dizer que durou pouco. Considerando todos os desencontros dos últimos dois, três anos, desde a desgraçada ruptura de ligamento em 2012, quando ele, Thibs e uma valente equipe achavam que poderiam derrubar os LeBrons de Miami, talvez fosse a hora, mesmo.

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Mas…

Se o Bulls pensava em reformular seu elenco, talvez fosse o caso de esperar mais uma temporada. O mais interessante aqui não seria dar mais uma chance a Rose para ver o que pode sair dali – isso seria um bônus –, mas simplesmente deixar que seu contrato de US$ 20 milhões expirasse. Desta forma, a dupla John Paxson/Gar Forman poderia abrir espaço para investir num mercado muito mais bombado. Talvez fosse possível encontrar gente mais talentosa que Robin Lopez e Jerian Grant, cujos contratos se estendem para além de 2017 – ainda assim, o clube pode ter mais de US$ 40 milhões para distribuir. Ao que parece, porém, a prioridade era virar a página agora, mesmo. Se a ordem da preferência começa pelo temor de perder Rose por nada e ou de se livrar do jogador, pensando em química do elenco, ninguém vai dizer abertamente.

Lopez fez uma grande segunda metade de temporada em NYC, é daqueles que entrega muito mais do que os números mostram, já havia feito boas campanhas por Suns, Pelicans e Blazers, mas simplesmente não consegue se fixar em um lugar. É estranho demais. Vai acontecer em Chicago? Com média de US$ 14 milhões anuais, por mais três anos, seu salário não é dos mais caros, de fato. Agora cabe ao técnico Fred Hoiberg utilizá-lo da melhor forma, pensando neste custo x benefício. Jerian Grant não mostrou muita coisa pelo Knicks, sendo castigado por Derek Fisher nos primeiros meses, mas tem potencial evidente. Se pode ser um titular, veremos.

Com a chegada do pivô, está claro que o clube também se prepara para dizer adeus a Pau Gasol e, especialmente, Joakim Noah. Ao anunciar a negociação, de todo modo, Forman se referiu ao grandalhão como um “titular”.  Considerando a frustração de JoJo por ter ficado no banco durante o campeonato, acho que meia palavra já bastaria. Além disso, Noah vai receber diversas propostas no mercado. Aliás, não ficaria nem pum pouco surpreso se ele não parasse justamente no Knicks.

Rose, Lopez e Calderón: blockbuster

Rose, Lopez e Calderón: blockbuster

Do ponto de vista de Phil Jackson, James Dolan e Jeff Hornacek, o que vale aqui, de primeira, é a aposta em Rose, mesmo. Eles estavam buscando um armador mais experiente para comandar o ataque acelerado de Hornacek, e não havia tantos agentes livres disponíveis para tanto. OK.

A primeira questão é saber se Rose pode realmente voltar a ser um jogador consistente e, depois, minimamente decente em quadra. Pois não dá para tratar tudo com memória seletiva. O MVP de 2011 não consegue jogar há tempos, sem a menor eficiência por trás de seus 16,4 pontos por partida desta última temporada. As consequências de tantas lesões foram graves para seu jogo. Ele não consegue mais forçar faltas e lances livres e, mesmo sem tanta agressividade, segue cometendo turnovers. Mais: por mais que tenha maneirado nos arremessos de três pontos (entre suas tentativas, o volume de longa distância baixou de 32,5% para 14,3%), seu aproveitamento de quadra foi ainda de 42,7%. Sua produção por minuto foi menor, assim como a qualidade de jogo como um todo, dando menos assistências. Seu impacto foi negativo tanto na defesa como no ataque, inclusive.  Enfim, o Knicks só espera que este recomeço faça bem ao jogador. Que a draga que o arrastava em Chicago tinha mais a ver com psicológico, emocional, e que ele tenha muito mais o que render em um novo cenário.

A segunda questão é se Rose e Carmelo vão conviver bem. Supostamente, eles se dão bem fora de quadra, e o armador até mesmo tentou recrutar ala em 2012 – atividade que ele se recusara a fazer no passado.  Conhecendo o histórico dos dois astros, algo que os jornais de Nova York e Chicago escancararam nos últimos anos, é de se imaginar se o convívio mais próximo vai fazer bem para a relação. Em quadra, uma bola será o bastante? A mentalidade de Carmelo vai e volta quando o assunto é acionar os companheiros. Rose só está acostumado a uma abordagem: atacar e atacar, a despeito duas limitações de hoje. Fora de quadra, fica ainda mais intrigante a dinâmica. Melo não está tão acostumado assim a dividir as luzes de Manhattan – Amar’e Stoudemire e Jeremy Lin podem falar a respeito. Para ser justo, Kristaps Porzingis foi bem acolhido pelo veterano, teve suas semanas de coqueluche por lá, mas, aos olhos do capitão do time, nunca representou uma, digamos, ameaça. Rose, por seu lado, já demonstrou que valoriza bastante seu cultivo de imagem. Agora imaginem colocar um Dwight Howard neste caldeirão? Afe.

Serge Ibaka agora é do Orlando

Ibaka por Oladipo, Ilyasova e Saboninhos. Orlando vai tentando

Ibaka por Oladipo, Ilyasova e Saboninhos. Orlando vai tentando

Havia algum zunido a respeito. Aconteceu bem mais rápido do que poderíamos imaginar. Pressionado enquanto Kevin Durant não se decide sobre seu futuro, o gerente geral Sam Presti agiu à revelia do que vai acontecer com o astro ao despachar Serge Ibaka para o mundo mágico da Disney, recebendo em troca Victor Oladipo, Ersan Ilyasova e um Sabonis, o Domantas, que jogou muito por Gonzaga nos últimos dois anos e foi escolhido em 11º neste Draft.

O lado de OKC é o mais interessante aqui. Pode causar espanto a decisão, a princípio. Mas a verdade é que o Ibaka de 2015-16 quase não lembra em nada o de quatro anos atrás, quando Presti optou pelos seus serviços, deixando James Harden ir embora. O congolês teve a pior temporada de sua carreira na NBA, perdendo a precisão nos arremessos de perímetro e contribuindo cada vez menos na defesa. Durante os playoffs, ele foi apenas o quinto jogador mais produtivo da equipe e ficou totalmente alienado no ataque. O quanto que é a causa e o que é o efeito fica difícil de dizer: mas que Ibaka andava um tanto confuso e desmotivado, não há como negar.

Ao se distanciar o pivô, o Thunder também evita a dor-de-cabeça de ter de negociar com ele um novo contrato daqui a um ano. Dependendo do que Durant e Westbrook quiserem, imaginando que eles vão renovar prontamente o contrato de Adams, ficaria praticamente inviável a permanência do veterano. A não ser que o clube encontrasse um novo lar para Enes Kanter.

Para a sua vaga, Ilyasova e Saboninhos podem fazer um pouco de tudo. Inicialmente, acreditava que o experiente turco seria dispensado, valendo uma economia de cerca de US$ 8 milhões na folha salarial. Mas o gerente geral já disse que ele fica, oferecendo chute de longa distância, bom posicionamento defensivo e flexibilidade. Já o calouro lituano tem como principais recursos a capacidade como reboteiro e a garra para brigar muito no garrafão, nas duas tábuas. A expectativa dos scouts também é de que ele possa desenvolver um bom arremesso de média para longa distância também. Com experiência no basquete espanhol e dois torneios da NCAA nas costas, vindo de uma linhagem real do basquete europeu, Domantas estaria mais preparado do que um novato qualquer para chegar e jogar .

A peça principal, todavia, é Oladipo. Sua parceria com Russell Westbrook promete ser um inferno para qualquer oponente. Os duelos com os Splahs Brotheres prometem ser eletrizantes desde já. Para alguém que foi escolhido como o segundo do Draft de 2012, o ala-armador está longe de se transformar em um franchise player. Para OKC, tendo dois atletas deste quilate em seu elenco, não há pressão ou necessidade para que ele evolua tanto assim. Se continuar com sua constante curva ascendente, já será o suficiente. Oladipo vem melhorando gradativamente nos tiros exteriores e diminuindo o número de turnovers, sem perder a intensidade em quadra. Com ele, a diretoria agora fica bem mais confortável em lidar com Dion Waiters, um agente livre restrito. Por melhor que tenha defendido contra Spurs e Warriors e controlado suas loucuras, o conjunto da obra ainda desperta muita rejeição e certamente não vale um contrato acima de US$ 10 milhões.

Em Orlando, fica uma sensação estranha. Suas principais apostas ainda são muito jovens – os alas Aaron Gordon e Mario Hezonja. Mas a família DeVos não está mais tão disposta assim para esperar o desenvolvimento da rapaziada e tem forçado o gerente geral Rob Hennigan, ex-funcionário de Presti, a se mexer. Nesse contexto, a contratação de Ibaka é positiva. Pensemos assim: poderia ser bem pior. Em um novo contexto, o congolês deve resgatar o ímpeto defensivo e a agressividade no ataque e proteção ao aro. Ao contrário de Rose, ele ainda não sofreu nenhuma lesão grave, estrutural. Sob o comando de Vogel, promete. A dúvida que fica aqui: sua chegada vai resultar em menos minutos para Gordon? Ou Vogel estaria disposto a emparelhá-los por mais tempo, numa rotação com Nikola Vucevic? O suíço-montenegrino é quem se beneficia bastante, tendo a companhia de um pivô superatlético que pode limpar muitas das duas falhas na defesa. Sabonis talvez não fizesse tanta diferença nesse sentido, enquanto Elfrid Payton ganha um voto de confiança, com a saída de Oladipo.

Atlanta enfim despacha Teague, e Utah se sai ainda melhor em troca tripla

Hill e Teague, cada um no seu quadrado

Hill e Teague, cada um no seu quadrado

Essa conversa vem desde fevereiro. O Atlanta nunca demonstrou muita confiança no jogo de Jeff Teague, mesmo nos dias em que Danny Ferry dava as cartas por lá. Não custa lembrar que o armador chegou a assinar com o Milwaukee Bucks como agente livre restrito, para ver a oferta coberta. Teague chegou ao All-Star em 2015, atingiu a marca de 40% nos arremessos de longa distância na última temporada e, ainda assim, se viu novamente envolto por rumores. O Hawks estava disposto a negociá-lo pelo preço certo, e, meses mais tarde, a 12ª escolha do Draft deste ano, via Utah Jazz, foi o suficiente.

O ganho, na cabeça de Mike Budenholzer, presidente e técnico da equipe, é o de dois em um: a promoção de Dennis Schröder a titular e a mais de 30 minutos por partida e o experimento com o ala Taurean Prince, de Baylor. O novato tem um quê de DeMarre Carroll, mas não só por causa do cabelão. Ele tem basicamente o mesmo porte físico e é igualmente atlético, para fortalecer a defesa no perímetro. O arremesso de três está se desenvolvendo ainda, mas não é que Carroll tenha entrado na NBA como um grande gatilho. O Coach Bud deve entender que seu estafe está mais do que preparado para fazer o mesmo tipo de trabalho com Prince. Traumatizado pelos choques com LeBron James nos últimos anos, podendo perder Kent Bazemore no mercado, vale a tentativa.

Teague foi para Indiana, sua terra natal. Lá, terá a missão de acelerar o ataque, algo que Larry Bird queria ver já durante a campanha que acabou com uma derrota para Toronto pela primeira rodada dos playoffs, em sete partidas. Para esse tipo de proposta, as qualidades de Teague são bem mais favoráveis que as de George Hill, que foi parar em Utah. É mais criativo com a bola, mais agressivo e, sim, muuuuito mais rápido. Sua parceria com Monta Ellis, no entanto, é bastante questionável do ponto de vista defensivo.

Em Salt Lake City, o encaixe de Hill tem tudo para devolver o Jazz, enfim, aos playoffs, se a saúde de seus atletas mais jovens assim permitir. Com Gordon Hayward, Rodney Hood e, eventualmente, Alec Burks e Dante Exum, o técnico Quin Snyder conta com atletas  versáteis e bastante ofensivos, mas jovens. Em momentos decisivos de sua fracassada campanha, faltou uma liderança em quadra. Hill não é necessariamente este cara. Mas vai ajudar a dar estabilidade ao time, sem dúvida, sem precisar fazer mais do que sabe. Se Pau George era a referência em Indiana, agora ele faz o papel de escudeiro para Hayward. Por outro lado, a defesa, que já conta com uma parede imensa formada por Rudy Gobert e Derrick Favors, fica ainda mais forte no perímetro.

Thaddeus Young também vai correr em Indiana
Dando sequência ao seu movimento de aceleração de partículas (waka-waka-waka), Bird também acertou uma transação com o Brooklyn Nets, por Young. O ala-pivô é uma peça interessante para a linha de frente do Pacers, ao lado de Paul George e Myles Turner. A equipe ganha em transição ofensiva desde já e, em meia quadra, terá uma dinâmica promissora: Turner pode agir tranquilamente na cabeça do garrafão, com seu belíssimo arremesso, liberado o garrafão para os cortes com ou sem a bola de George e Young. Em Brooklyn, o novo gerente geral Sean Marks dá início ao seu processo de minirreforma. Com um elenco todo arrebentado, não havia muito o que fazer, mesmo. Young era das poucas peças que poderia atrair a concorrência, e ele ganhou a 20ª escolha o Draft nessa, aproveitada com o ala Caris LeVert, de Michigan. LeVert é um talento especial, com mil e uma utilidades, mas está vindo de uma fratura no pé. A ver no que dá. Fato é que Rondae Hollis-Jefferson, um defensor implacável, com vigor físico absurdo, e o ala-pivô Chris McCullough também terão mais chances para jogar ao lado de Brook Lopez. Isso se Lopez ficar por lá, mesmo.

Mais: A Troca Que Não Foi
É… o Chicago Bulls ficou muito perto de apertar o botão de implosão, mesmo. Não só deixaram Rose no passado como quase mandaram Jimmy Butler ao (re)encontro de Tom Thibodeau em Minnesota. Com nova gestão, o Wolves ofereceu um pacote de Kris Dunn, o armador selecionado em quinto neste Draft, e Zach LaVine pelo ala, que é um dos jogadores mais completos da liga. Depois de maturarem, Paxson e Forman recusaram, com razão, ao meu ver, por mais talentoso que Dunn receba dos scouts. A não ser que Butler tenha se tornado realmente uma figura asquerosa nos bastidores, não há motivo para se apressar em uma negociação dessas.

Sem Rose e Noah pelas redondezas, talvez o ala assuma de vez o comando do time, mas de uma maneira positiva. Resta saber como ele vai reagir a uma negociação que vazou por todos os lados e não dá mais para ser negada. Veja o esforço de Forman para tratar do assunto: “Nós nunca fez nenhuma ligação sobre Jimmy Butler. Nós já conversamos sobre isso, valorizamos Jimmy Butler, estamos muito felizes de ter Jimmy Butler. Nós temos um jogador fenomenal, que é um All-Star e um defensor All-NBA, ainda jovem. Obviamente nós o temos sob contrato de longo prazo, e esses são todos positivos. Ele, novamente, é o que queremos para o time. Dissemos isso o tempo todo. Nós gostamos Jimmy Butler, não o colocamos à venda. Se vamos atender o telefone? Claro que sim. Esse é o nosso trabalho, ouvir as chamadas. Recebemos ligações sobre muitos dos nossos jogadores, e isso é coisa que acontece durante todo o campeonato”.

Thibs, agora, precisa ser criativo para fazer uso de dois armadores como Rubio e Dunn, que defendem muito, mas não têm arremesso. A função dos dois é deixar o jogo mais fácil para o fantástico Karl-Anthony Towns e para Andrew Wiggins. Com a quadra mais apertada, não é o caso. (E não que Butler seja um grande chutado também. Se o negócio estivesse fechado, o Wolves precisaria correr atrás de novas peças complementares.)

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De Colangelo a Caboclo, quem levou a melhor na loteria do Draft da NBA?
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Giancarlo Giampietro

Dessa vez não teve surpresa. O Minnesota Timberwolves não pôde reunir as últimas três primeiras escolhas do Draft. Chega, né? E dessa vez o Cleveland Cavaliers nem estava por ali para roubar a cena também. Para os dois, chega, né? Tá bom, já deu. Na verdade, sabe o que aconteceu? A ordem do top 3 do Draft da NBA deste ano seguiu precisamente a das piores campanhas da temporada regular, com Philadelphia 76ers em primeiro, Los Angeles Lakers em segundo e Boston Celtics em terceiro, num ato de cortesia do Brooklyn Nets. Foi o resultado mais provável de todos, com uma chance de… 1,9%!

Para quem ficou sem conexão na Sibéria, aqui estão:

nba-draft-lottery-results-2016

Se quiser ver a ordem completa, clique aqui.

O sorteio da loteria da NBA é um dos eventos mais absurdos que você vai encontrar no mundo esportivo. São mais de 14 torcidas envolvidas — pensando em clubes que tenham trocado suas escolhas –, botando fé num sorteio que acaba recompensando, em geral, a incompetência, ou premiando quem sabe se aproveitar dos deslizes dos concorrentes. E, tá certo que, para alguns times, também poderia ser um remédio contra o azar, para indesejadas lesões e tal, como aconteceu com o New Orleans Pelicans. Ao mesmo tempo, é muito divertido. Já que são 1.001 combinações possíveis de sorteio, podendo influenciar realmente o destino de uma franquia.

O clima é tanto de final de campeonato para os clubes ali representados, que é só ver, no vídeo abaixo, o nível de nervosismo de Brett Brown, o técnico-mártir do Philadelphia 76ers, Mitch Kupchak, o quase eterno gerente geral do Lakers, e Isaiah Thomas, a formiguinha atômica do Celtics. Eles mal conseguiram sorrir, mesmo que o pior já tivesse passado para dois deles — Sixers e Lakers. Thomas depois disse que se sentiu tão nervoso quanto no dia em que foi draftado, em 2011:

Neste momento, os três tradicionalíssimos clubes já sabiam que dividiram as três primeiras escolhas do recrutamento. Mas havia um segundo filtro aqui, segundo a opinião da vasta maioria dos olheiros da liga: ficar entre os dois primeiros, para ter a chance de selecionar os alas Ben Simmons e Brandon Ingram, considerados os dois grandes prospectos do ano, alguns degraus acima dos demais candidatos, como apostas, hã, certeiras de “franchise players”.

Mas é claro que ninguém pode trabalhar com certezas absolutas neste ramo. O que se pode constatar apenas é um consenso. Cada dirigente, treinador e olheiro tem sua opinião, mas eles não deixam de ser influenciados pelas opiniões que circulam por aí. E erros de avaliação acontecem aos montes. Há casos de escolhas altíssimas que não dão em nada, por lesões (Greg Oden) ou não (Wesley Johnson, Michael Beasley, entre tantos. E há também diversos jogadores subestimados demais por esse senso comum. Basta lembrar o próprio episódio de Isaiah Thomas. O tampinha, hoje um All-Star, foi selecionado apenas na última posição há cinco anos. Se não é um talento salvador como Anthony Davis ou Karl-Anthony Towns, joga o suficiente para influenciar muito positivamente o nível de um time. E cada equipe tem suas necessidades.

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Neste ano, segundo Jonathan Givony, chapa que chefia o DraftExpress, principal referência no assunto, há uma grande massa cinzenta em torno dos candidatos deste ano. “Há muito pouco de consenso entre os times sobre quais são os melhores jogadores, especialmente quando passamos de um grupo de cerca de 15 atletas pensados para a loteria. O que é especialmente difícil é que vários jogadores são descritos prospectos legítimos por alguns times e o exato oposto por outros. Você pode perguntar para os 30 clubes da liga sobre um mesmo jogador e receber 30 opiniões diferentes, com um alcance que varia demais”, afirmou. Quer dizer: a vida dos especialistas que tentam projetar o recrutamento dos novatos não será nada fácil. Boa sorte a eles.

O que a gente sabe, hoje: dificilmente algum atleta vai desbancar Simmons e Ingram das duas primeiras escolhas. A dúvida fica para quem sairá em primeiro, e acho que não vai ter furo de Marc Stein ou Adrian Wojnarowski que solucione este impasse antes do dia 23 de junho. Se o Sixers ou o Lakers vão aceitar trocar essas escolhas? Duvido muito. A não ser que astros do porte de Blake Griffin e Carmelo Anthony entrem na conversa, não teria por que seus diretores ouvirem muitas propostas. A não ser que não sejam fãs de nenhum desses promissores alas. Improvável.

Mas vamos lá. Ainda em meio a incertezas, quem saiu sorrindo da loteria? Quem saiu frustrado?

POR CIMA

A pose de Brown ao lado do número 2 da NBA, Mark Tatum, é de quem quase teve um treco

A pose de Brown ao lado do número 2 da NBA, Mark Tatum, é de quem quase teve um treco

Brett Brown: dos 321 técnicos de NBA registrados na base de dados do Basketball Reference, o ex-treinador da seleção australiana e ex-assistente de Gregg Popovich tem o pior aproveitamento, excluindo técnicos interinos ou aqueles que tenham trabalhado em apenas uma temporada como head coach, com escabrosos 19,1%. E não dá para julgar sua competência no cargo. Não quando o melhor armador com quem ele pôde trabalhar em Philadelphia até agora tenha sido Ish Smith. Depois de tantas derrotas, de tantas surras, se há alguém que merecia uma boa notícia nesta terça-feira, era Brown, que, segundo consta, é uma das pessoas de convívio mais agradável que você vai encontrar pela liga.

Bryan Colangelo: ele mal chegou e já vai colhendo os frutos do trabalho impopular e radical de Sam Hinkie. Enquanto vai fazendo alterações no departamento de basquete do Sixers, pode se preparar para fazer uma escolha difícil entre Simmons e Ingram. Difícil, mas é aquele tipo de problema que todo gerente geral gostaria de ter no dia 23 de junho.

Sam Hinkie: é, pois é. Pelo menos algum cantinho da alma do cara que foi meio que forçado a pedir demissão deve estar sorrindo. Mas, mesmo que seja para se autoenganar, pode dizer para os mais chegados que, no final, o plano dele seria agraciado pela sorte. Além disso, pode gravar o clipezinho abaixo e entregá-lo para seu agente. Em Philly, ainda há uma forte crença n’O Processo:

Lakers: Mitch Kupchak mal deve ter dormido de segunda para terça-feira. Estava obrigado a dar a cara a tapa na loteria e poderia ser humilhado caso o clube californiano não ficasse entre os três primeiros do Draft (as chances estavam na casa de 45%). Se acontecesse, seria obrigado a conceder sua escolha para o Philadelphia 76ers.  Agora, está numa posição confortável: receber quem quer que sobre entre Simmons e Ingram. A outra certeza que tinha: “Não quero estar aqui no ano que vem”. Sabe por quê? Porque o time será submetido ao mesmo drama, caso não chegue aos playoffs, com Philly à espera. O cartola tem de pensar positivamente, mesmo, mas, para escapar da loteria, o Lakers teria de vencer cerca de 30 jogos a mais na temporada 2016-17. Complicado, mesmo que seu badalado calouro já produza como estrela no primeiro ano, algo também que não se pode cobrar.

Celtics: não, o Boston não conseguiu entrar no top 2. Por outro lado, não foi ultrapassado por ninguém na ordem, e a probabilidade para que isso acontecesse era maior que 50%. Além do mais, para um time que venceu 48 partidas, nem deveria estar aqui. Tudo o que viesse seria lucro, graças à negociação com o Brooklyn Nets envolvendo Paul Pierce e Kevin Garnett.

Bruno Caboclo: para o Toronto Raptors, vale o mesmo raciocínio do Boston Celtics. Na noite em que abriu a disputa das finais do Leste (tomando uma pancada do Cavs, é verdade), o clube canadense também tinha uma pequena chance, de 9,2%, de conseguir o direito de selecionar Ingram ou Simmons. Este foi o legado deixado por Andrea Bargnani em sua troca para o New York Knicks. Não aconteceu, e o caçula brasileiro da NBA agradece. A chegada de Simmons ou Ingram seria um tremendo empecilho para seu aproveitamento e desenvolvimento no Canadá.

POR BAIXO

Simmons e D'Angelo Russell campeões pelo Lakers? Talvez no futuro, assim como pela Montverde Academy

Simmons e D’Angelo Russell campeões pelo Lakers? Talvez no futuro, assim como pela Montverde Academy

– Sam Hinkie: bem… Ele entra aqui também, e, se fosse para evitar a brincadeira, só teria lugar nesta lista. Seu plano de entrega-entrega, enfim, gerou sorte no Draft. Mas são os Colangelos que vão desfrutar.

Ben Simmons:  o cenário ideal para o prodígio australiano era que o Lakers tivesse a primeira escolha. Pois os rumores do momento indicam que o ala de 20 anos e seu agente, Rich Paul (o comparsa de LeBron) têm apenas o clube angelino na mira para este Draft. Entre outros motivos, como a badalação de L.A. e o peso da camisa, o que talvez seja mais importante é que este casamento poderia valer milhões em um contrato com as gigantes dos calçados. Com o Lakers em segundo, isso ainda pode acontecer, claro. Mas Simmons, badalado há muito tempo, perderia o status de número um do Draft. Então já ficam as dúvidas: estariam dispostos, jogador e agente, a boicotar o Sixers e se recusar a fazer entrevista e exames? Teriam coragem para peitar uma figura tão proeminente como Jerry Colangelo? (Talvez não seja necessário, já que Ingram, em tese, combina melhor com o atual elenco de Philly, oferecendo muito mais capacidade como arremessador.)

– A juventude de Boston: sem poder alcançar Simmons ou Ingram, cresce a possibilidade de que Danny Ainge vá tentar trocar sua escolha. Mas é pouco provável que ela, sozinha, renda ao time um jogador veterano que possa fazer a diferença para a equipe de Brad Stevens. Então o que se deduz é que o gerente geral vá tentar montar um pacote em torno desta seleção com alguns outros trunfos de Draft e, sim, alguns jogadores para tentar um superastro. Então é de se esperar que a rapaziada fique inquieta até o final de junho. Se for para manter o terceiro lugar, Ainge afirmou que a ideia é escolher o melhor jogador disponível. Segundo os scouts, as opções seriam o croata Dragan Bender, ala-pivô que enche os olhos, mas é o atleta mais jovem do Draft, os armadores Kris Dunn e Jamal Murray e o ala Buddy Hield. O histórico do Boston não é tão profundo assim com jogadores europeus. Por outro lado, com Marcus Smart, Isaiah Thomas, Avery Bradley, Terry Rozier e RJ Hunter no elenco, haveria espaço para mais um ‘guard’?

– James Dolan: o bilionário dono do Knicks deve ter mentido para todo mundo, dizendo que ia se retirar para seus aposentos para tocar guitarra quando, na real, estava acompanhando o Draft pela TV, só para saber se as trapalhadas que ele autoriza (e muitas vezes força!) renderia algo de positivo a quem estava do outro lado do telefone, tal como nos desastrados tempos de Isiah Thomas. Para lembrar: a escolha do time foi endereçada ao Toronto Raptors em troca por Andreeeea Bargnani. O engraçado disso? É que, quando percebeu que seu clube havia sido surrupiado por Masai Ujiri, ele proibiu que seus dirigentes fechassem uma nova transação com o Raptors no ano seguinte, quando o nigeriano estava pedindo mais uma escolha futura de Draft para poder ceder Kyle Lowry, um legítimo All-Star.

– Sean Marks: quando aceitou o cargo, o novo gerente geral do Brooklyn Nets já sabia que não haveria o que fazer quanto a sua escolha de Draft deste ano. Com o Boston Cetics ficando em terceiro, o neozelandês ao menos não tem de conviver com a ideia de que Simmons e Ingram poderiam ser alicerces na reconstrução do time. Mas, que deve doer, deve. Dragan Bender seria um ótimo projeto de longo prazo para a franquia.

– Wizards e Markieff Morris: caso tivesse saltado para o Top 3, o time da capital poderia manter sua escolha. Era difícil de acontecer, e, ao ficar no número 13, teve de cedê-la ao Phoenix Suns. É bom que o ala-pivô bote a cabeça no lugar e ajude John Wall numa campanha de reação do Wizards. Ou isso, ou ele e o gerente geral Ernie Grunfeld vão ter de secar seja lá qual for o calouro que Ryan McDonough selecionar aqui.

TROLLER GERAL

dikembe-mutombo-tweet-philly-draft

Dikembe Mutombo causou nesta terça. No tweet acima, quatro horas antes do sorteio em Nova York, o ex-pivô do Philadelphia resolveu ir ao Twitter para parabenizar o clube pela vitória na loteria. Imagine a barulheira feita pelos torcedores do Sixers, comemorando — e dos demais envolvidos com o evento, reclamando e acusando a liga de manipular os resultados. Desde que, em 1985, o New York Knicks venceu a primeira loteria promovida pela NBA, ganhando o direito de escolher Patrick Ewing, as teorias da conspiração em torno desse processo. Mutombo só atirou gasolina nas mãos dos chutadores de três pontos do Cavs destes playoffs: virou um fogaréu que só. Quando questionado sobre o significado de seu tweet, o pivô disse que havia se confundido com as regras do Draft, ao ver que seu antigo clube tinha as maiores chances de chegar ao primeiro lugar. Apagou o tweet e garantiu não ter dom premonitório nenhum. A pergunta que fica agora é a seguinte: quem acredita? : )

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Os melhores da (metade) da temporada: Conferência Leste
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Giancarlo Giampietro

Escrever uma artigo sobre prêmios de uma temporada qualquer da NBA pode ser um exercício de futilidade, certo? Por outro lado, dá ao blog, inativo por tanto tempo, a chance de recuperar o tempo perdido e abordar um ou outro protagonista da temporada. Então vamos roubar um pouco e dividir essa avaliação toda em duas listas, para cada conferência. Desta forma, ganhamos espaço para falar mais. E, claro, deixa a vida mais fácil na hora de fazer as escolhas:

Melhor jogador: LeBron James

LeBron não está jogando tudo o que pode. Mas ainda reina no Leste

LeBron não está jogando tudo o que pode. Mas ainda reina no Leste

Os acontecimentos recentes de Cleveland quase sugerem que essa escolha aqui deveria ser invalidada. Mas, em termos de bola, por mais que ele tenha relaxado em diversos jogos, desencanando da defesa, em termos de produtividade, ainda não há ninguém no Leste que possa com o dono do Cavaliers, mesmo que ele não esteja sendo tão efetivo como nos tempos de Miami Heat, claramente o auge de sua carreira. Também não importa ainda que ele tenha amassado o aro em suas tentativas de longa distância em novembro e dezembro – em janeiro, o aproveitamento já subiu para 37,3%, que é o mínimo que ele precisa fazer para pressionar as defesas. Com ele em quadra, o Cavs vence seus adversários por 11,3 pontos a cada 100 posses de bola. Sem ele, a equipe tem saldo negativo de 7,7 pontos. Dá um saldo de 19,0 a seu favor, o que é uma diferença absurda para uma equipe que conta com a folha salarial mais cara, e de longe, da liga.
Outros candidatos? Hã… ninguém. Talvez fosse legal falar aqui sobre Paul Millsap, subestimado a carreira toda até receber uma proposta generosa do Orlando Magic durante as férias e que segue hiperprodutivo, fazendo de tudo um pouco para elevar o Atlanta. Paul George começou a temporada numa arrancada sensacional, mas perdeu rendimento despencar de dezembro para cá, chutando abaixo dos 40% e, hoje, se fosse para votar, ficaria atrás também de Kyle Lowry, para mim.

Melhor técnico: Frank Vogel

Vogel tem Paul George e não muito mais que isso

Vogel tem Paul George e não muito mais que isso

O Leste oferece várias opções. David Blatt vai dirigir a seleção do Leste no All-Star e vem fazendo um bom trabalho, mas com o melhor elenco da conferência, de longe. Acho que chegou a hora de Vogel ser aclamado. Que ele tenha perdido Roy Hibbert e David West e mantido o time entre as defesas mais eficientes da liga, é um feito, e tanto. Estão atrás apenas de San Antonio e  praticamente num empate técnico com o Golden State e Boston em segundo, com a ajuda de Ian Mahinmi e Lavoy Allen, que ainda compõem uma dupla de pivôs contra adversários de garrafão mais pesado, pedindo licença ao conceito de small ball que Larry Bird queria por em prática.

O sistema ofensivo, porém, ainda está, de certo modo, emperrado, sendo o 19º mais eficiente da liga – o que, ainda assim, já é um avanço em relação aos últimos dois campeonatos, em que falhou em ficar até mesmo entre os 20 primeiros. Ajudaria se Monta Ellis pudesse jogar um pouquinho mais. Sua contratação foi um fiasco até o momento. Com médias de 43,1% nos arremessos e 27,1% de três, 2,7 turnovers e apenas 2,5 lances livres por jogo, ele faz sua pior temporada desde o ano de novato. O Pacers precisa de uma evolução nesse sentido para se distanciar da concorrência na briga por uma vaga nos playoffs, com a chance de ter mando de quadra – seu saldo de 3,1 pontos por jogo, o terceiro melhor da conferência, abaixo de Cavs e Raptors, já é promissor.

Basicamente, então: Vogel viu muitas trocas no elenco, está mudando o modo como time joga, passando de 19º para o 5º time que mais corre na NBA (!!!) e não perdeu muito em pegada defensiva. Tem um elenco limitado e está tirando muito dele.

Outros candidatos? Stan Van Gundy (repetindo a fórmula de sucesso em Orlando), Dwane Casey (o Raptors deu mais um salto neste ano, mesmo que DeMarre Carroll ainda não tenha contribuído tanto), Scott Skiles (mais aqui) e Steve Clifford (sabotado pela lesão de três titulares).

Melhor defensor: Hassan Whiteside

Assusta

Assusta

Olha… Para quem não estiver tão por dentro assim do que prega a intelligentsia do NBA Twitter, há uma campanha expansiva contra o pivô-surpresa do Miami Heat, alegando basicamente que ele é uma fraude. Campanha que foi reforçada, de maneira nada sutil, pelo ala Evan Fournier, do Orlando Magic. (Segue um resumo: dia desses, Rudy Gobert basicamente manifestou sua frustração sobre a ideia de que os números dizem tudo sobre um jogador de basquete, que não é bem assim e de que há jogadores que caçam estatísticas em quadra. Aí o Nikola Vucevic o interpelou e pediu para que ele citasse nomes, ué. E aí Fournier, amigo de Gobert desde as competições de base e parceiro de Vucevic na Flórida, se intrometeu e achou que estava sendo sutil ao escrever: “Blancoté? Risos”, que, em francês, se tratava de um diretaço em relação ao pivô do Heat. É o tipo de zum-zum-zum que faz da NBA esse universo incrível.)

O principal argumento dessa turma toda é o de que, por mais tocos e rebotes que Whiteside compute, o Miami seria um time pior com ele em quadra. Será? Friamente, existe um número que mostra que o Miami, com ele em quadra, sofre 3,5 pontos a menos por 100 posses de bola quando o pirulão está no banco.  Agora, o que essa conta não indica é que Whiteside está quase sempre em quadra acompanhado por um certo Dwyane Wade (seu companheiro em oito dos dez quintetos que ele já compôs no ano). O astro ainda carrega o piano ofensivamente – mesmo que alienando Goran Dragic no processo –, mas que está hoje entre os marcadores mais ineficazes da liga. Não estou dizendo que Wade afunda o Miami por conta própria. Só não parece justo que tratem Whiteside, líder em tocos na temporada e com uma bagagem de infantilidade, exatamente desta forma.

O índice de “Real Plus-Minus” do ESPN.com,  o coloca como o jogador de número 375, com saldo de -2,05.  O que diabos é o RPM? É uma ferramenta analítica, desenvolvida por Jeremias Engelmann e Steve Ilardi, que faz uma estimativa sobre o impacto de um jogador no desempenho da equipe e é medido em saldo de pontos por 100 posses, levando em conta quem está em quadra tanto ao seu lado como do outro. Não são números exatos, mas servem como um bom indício. Nomes como Tim Duncan, Draymond Green, Andrew Bogut, Kawhi Leonard e Kevin Garnett aparecem entre os dez primeiros colocados nesta temporada, para constar.

Nesta mesma medição, Whiteside está em em 10º, e creio que seus 4,8 tocos por 36 minutos ajudem para tanto – intimidam e o colocam entre os melhores da liga de quase todas as medições de proteção de aro. Em sua conferência, Ian Mahinmi (5º), Andre Drummond (8º) e Pau Gasol (9º) estão acima. Mahinmi é uma grata surpresa pelo Indiana, mas fica ainda menos minutos em quadra (23,8). Em Miami, Whiteside joga por 28,9. O que, para mim, é um mistério. Estaria Spoelstra, com um cochicho de Riley, procurando controlar a produção do pivô que vai virar agente livre? Talvez seja muita conspiração aqui. Talvez ele seja muito indisciplinado, mesmo, e, ao contrário do que acontece com Stan Van Gundy e Drummond em Detroit, Spoelstra acredita ter alternativas para tornar seu time mais produtivo sem um pivô de números . Só é difícil entender, já que Amar’e Stoudemire, Chris Andersen e Udonis Haslem não são mais solução para nada e Josh McRoberts está quebrado. Com Justise Winslow e Gerald Green, as formações de smallball são bem-vindas. Ao redor de um pivô tão atlético, têm potencial para render ainda mais.
Outros candidatos? O próprio Winslow, Nerlens Noel e Bismack Biyombo, que está jogando muito em Toronto.

Melhor novato: Kristaps Porzingis

Nasce uma estrela

Nasce uma estrela

O letão mais popular em Nova York. O letão mais popular no mundo, na verdade, com todo o respeito a Ernests Gulbis. A quarta camisa mais vendida da NBA. Um rapaz carismático e que não fica só nisso. Proporciona os highlights e também substância ao Knicks, dando um refresco para Carmelo Anthony e oferecendo esperança de verdade a sua torcida. O que mais impressiona no pivô é sua agilidade, coordenação e talento em geral para alguém tão comprido, que contribui dos dois lados da quadra. Por outro lado, é de se admirar a maturidade e graça com as quais vem lidando com tanto burburinho e atenção que vem recebendo. Que história. Qualquer scout que tenha cravado para seu gerente geral que Porzingis seria uma estrela na liga deve estar se sentindo muito bem agora.

O garotinho aqui chorou muito quando ouviu o nome de Porzingis pela primeira vez:

Mas agora esse mesmo pirralho deve saber até este rap de cor:


Outros candidatos? Jahlil Okafor, um jogador de fundamentos ofensivos de fato impressionantes para alguém de sua idade e que, enfim, vem conseguindo evitar as páginas do TMZ, e Winslow, que é a antítese de seu companheiro de Duke: faz muito na defesa, mas ainda tem um longo caminho pela frente para se tornar alguém respeitado no ataque. Não dá tempo de Myles Turner entrar nesse papo.

Jogador que mais evoluiu: esse faz mais sentido esperarmos até o final da temporada, né? Mahinmi (ele de novo!), Kemba Walker, os bockers Derrick Williams e Lance Thomas e Kent Bazemore despontam como candidatos.

Melhor executivo: a mesma coisa. Masai Ujiri, Stan Van Gundy e Phil Jackson poderiam levantar a mão por ora.

All-Star: Kyle Lowry, Jimmy Butler, Paul George, LeBron James e Chris Bosh. Mais… John Wall, Kemba Walker, DeMar DeRozan, Jae Crowder, Carmelo Anthony, Pau Gasol e Andre Drummond.
(Aos fãs de Isaiah Thomas, Brook Lopez, Al Horford, Kevin Love: desculpe)


Revigorado Knicks vence o Bauru no Garden. Notas sobre o amistoso
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Giancarlo Giampietro

Fischer consegue o 1º triple-double da carreira. Logo no Garden

Fischer consegue o 1º triple-double da carreira. Logo no Garden

O Bauru teve o prazer de jogar no Madison Square Garden nesta quarta-feira, segurou as pontas por 12 minutos de jogo, voltou a batalhar no terceiro período, mas não conseguiu fazer frente ao renovado e revigorado New York Knicks. Vitória por 100 a 81 para os donos da casa, que abriram sua pré-temporada.

*   *   *

Fico imaginando o que se passava pela cabeça de Phil Jackson ao ver o bombardeio de Bauru no primeiro quarto, parcial que venceram por 25 a 24. “Até no Brasil estão apelando para isso?”, deveria estar se questionando. Para quem não sabe, o Mestre Zen é um dos últimos focos de resistência à cultura de três pontos que ganha força na grande liga. Mal sabe ele, né? : )

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Pois bem. As cinco primeiras cestas de quadra dos campeões (latino-)americanos foram de longa distância. Nos primeiros 12 minutos, eles mataram 60% de fora. Terminaram com 25,6% em 43 disparos de fora. Isso tem a ver não só com ajustes do Knicks, mas principalmente por outros dois fatores: a capacidade atlética de jogadores da NBA e o cansaço.

Lembremos que a linha perimetral no Garden vai bem além da que está traçada no Panela de Pressão. O grau de dificuldade e esforço é maior. Com o relógio avançando, ficou mais e mais comum que os chutes bauruenses dessem bico. Ficaram bem mais curtos, mesmo – Jefferson William, voltando de uma lesão no tendão de Aquiles, foi o que sentiu mais: seu aproveitamento despencou durante o jogo (2-14). E, mesmo que tenham de cobrir mais terreno, os atletas de primeiro nível do Knicks alcançavam rapidamente os arremessadores para a contestação.

*    *    *

As trocas foram determinantes também. Não que, num jogo de cinco contra cinco, os titulares bauruenses fossem capazes de vencer, até porque teriam de se virar contra Carmelo por mais tempo, mas o volume de jogo do plantel nova-iorquino fez a diferença. Enquanto Guerrinha tinha confiança basicamente em três suplentes (Paulinho, que não foi bem, Mineiro e Meindl), Fisher pôde testar a profundidade de seu novo elenco, usando sete reservas, sendo que seis deles pontuaram. Um ala voluntarioso, mas limitado como Lance Thomas, titular no final de temporada, hoje está relegado ao papel que melhor lhe cabe, mesmo, como 12º homem de rotação. No total, foram 58 pontos para quem saiu do banco pelo time da casa, contra 17 dos brasileiros.

Acho que, por mais que Bauru queira competir nesses amistoso, seria mais interessante fazer uso da molecada no banco de reservas. O espigão Wesley Sena foi para o jogo na metade do segundo período e cometeu dois erros. Primeiro, no ataque, cortou para a cesta pela zona morta quando o passe de Fischer estava endereçado para a média distância. Não havia espaço para ele receber a bola em projeção para o garrafão naquela ocasião. Depois, cochilou na defesa e permitiu uma enterrada fácil de ponte aérea para Derrick Williams, em movimento de backdoor. Pedido de tempo, e foi sacado imediatamente. Valia ter segurado mais um pouco, dando uma experiência muito valiosa para um garoto de 19 anos que vem de um ótimo Campeonato Paulista.

O armador Carioca, que pode muitas vezes parecer um bonde sem freio com a bola, também é outro que merece o teste. É um jogador agressivo e abusado (até demais por vezes…), mas com velocidade para competir contra os americanos. Não é que Paulinho tenha uma abordagem tão diferente assim na hora de carregar a bola para o ataque.

Assimilando as lições desse primeiro jogo, espera-se que ganhem mais minutos contra o Washington Wizards. Até porque o time do quintal de Obama é muito mais forte.

*    *    *

Os relatos que vieram do training camp são de que a química desta versão do Knicks é bem melhor que a da campanha passada, e isso já se pôde notar neste primeiro amistoso. Dá para entender. Se a franquia não conseguiu os grandes nomes com os quais os tabloides sonhavam, Phil Jacson ao menos povoou seu plantel com jogadores inteligentes, de boa leitura de jogo, como Robin Lopez, Kyle O’Quinn, Sasha Vujacic e Jerian Grant. Também é o segundo ano seguido de aplicação dos conceitos do triângulo para aqueles que ficaram. O que vimos então foi uma movimentação de bola mais fluida, com ações bastante eficazes para liberar os arremessadores do lado contrário. E aí chutadores como Melo e o esloveno ganharam espaço para encaçapar. O’Quinn, em específico, tende a fazer sucesso por lá. Seria uma história muito legal para o antigo morador do Queens.

*    *    *

Como se diz em inglês, Ricardo Fischer “belongs”. Pertence. No caso, ao mais alto nível de basquete. E, na boa, não estou nem me referindo ao triple-double (11 pontos, 10 rebotes, 10 assistências), que vai fazer manchetes, vai entrar no currículo com linha destacada.

O jovem armador de Bauru mostrou mais uma vez um controle de bola – e de jogo – muito maduro. Enquanto pôde, porém, passou por Calderón, Galloway e Grant, se esgueirou pela defesa do  Knicks e criou para seus companheiros. A comparação que Paco Garcia fez com Marcelinho Huertas fez ainda mais sentido depois dessa atuação no Garden. Seu volume de jogo foi até demais da conta. É que, como armador isolado no ataque, ficou sobrecarregado. Daí os sete desperdícios de posse de bola.

Sobre o triple-double em si, muito legal e inesperado. Mas percebam também como estatísticas podem ser fabricadas. Uma vez ciente de que se aproximava da marca, o jogador passou a persegui-la, em busca de rebotes defensivos sem contestação etc. Os próprios companheiros o ajudaram nessa. Faz parte do jogo. Mas é por isso que os números nem sempre dizem tudo. Fischer mesmo admitiu isso, pedindo para que eles abrissem a quadra para a coleta de dois rebotes defensivos derradeiros. A curiosidade é que foi o primeiro de sua carreira. Logo lá.


Quem dá mais? O Pelicans! Com um contrato gigantesco para Davis
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Giancarlo Giampietro

O Monocelha janta com a família, o agente, o GM Dell Demps e seu novo técnico Alvin Gentry. Quem será que pagou a conta? Ala-pivô do Pelicans se torna o jogador mais bem pago da NBA, por enquanto

O Monocelha janta com a família, o agente, o GM Dell Demps e seu novo técnico Alvin Gentry. Quem será que pagou a conta? Ala-pivô do Pelicans se torna o jogador mais bem pago da NBA, por enquanto, com R$ 90 mi por ano a partir de 2016

Quando o escritório da NBA ouviu  à meia-noite em  Nova York (23h em Brasília, 19h em Los Angeles), as companhias aéreas e de telefonia vibraram. Assim como os hotéis e aquelas lojinhas de conveniência e presentes de última hora. Sabe aquelas que vendem bugigangas para quem esqueceu de comprar algo para o aniversariante, e tal? OK, no mundo bilionário da liga, esse ramo de negócios não lucra tanto. De resto, os outros três setores da economia americana curtem e muito o 1º de julho. É que os times estão liberados a abrir negociações (oficiais) com os agentes livres da liga. A primeira madrugada de visitas e teleconferências já foi agitada. Vejamos um resumo comentado do que aconteceu até agora:

– A principal notícia foi a extensão que Anthony Davis ganhou do New Orleans Pelicans. O acerto em si já era esperado. A surpresa ficou para quem ainda não havia se dado ao trabalho de calcular o quanto nosso prezado Monocelha poderia ganhar em seu segundo contrato. Saiu por estimados US$ 145 milhões em cinco anos (a partir de 2016), o que fará do ala-pivô o jogador mais bem pago da liga. Por ora, claro, até que LeBron possa assinar seu primeiro vínculo com o Cavs no novo mercado da NBA, a partir do ano que vem, e que Kevin Durant decida o que fazer da vida também em 2016. No câmbio de hoje, dá algo em torno de R$ 450 milhões (sem deduzir os impostos). Algo como R$ 90 milhões por ano. Toda uma dinastia de Monocelinhas já está com a poupança garantida, e o mundo inteiro sorri que é uma beleza. Como se chega a um valor exorbitante desses? É que o Pelicans *concordou* em pagar o máximo de salário possível para o jogador – o que, de acordo com as regras de hoje, se equivale a 30% do teto salarial de um clube, como seu “jogador designado”. Não importando o valor desse teto. Logo, com as projeções de subida da folha de pagamento para o norte de US$ 100 milhões em 2017, Davis vai poder levar uma bolada, e tanto. Em caso de mais uma eleição para o All-Star Game (o que, sabemos, vai acontecer), você chega ao que se tem de maior projeção em dividendos para um atleta. PS: ao final da quarta temporada da extensão, em 2020, o jovem astro poderá virar agente livre.

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– O segundo maior contrato foi firmado entre San Antonio Spurs e Kawhi Leonard. Nenhuma surpresa também. O valor é de US$ 90 milhões por quatro anos, o que atesta a opinião firme de Gregg Popovich de que o ala é o futuro do clube na era pós-Duncan, mesmo que ele não tenha jogado tão bem a série contra o Clippers. Kawhi ainda está no princípio de seu desenvolvimento como estrela. Acontece. Agora o Spurs espera sua vez para cortejar LaMarcus Aldridge. Para contratar o ala-pivô, porém, RC Buford e o Coach Pop terão de fazer algumas manobras complicadas e dolorosas, incluindo pagar ainda menos para Duncan e Ginóbili, talvez renunciar aos direitos sobre Danny Green e realizar uma troca envolvendo Tiago Splitter, Boris Diaw e/ou Patty Mills, sem receber nenhum salário de volta etc. Por falar em Danny Green, o ala já recebeu várias ligações. A primeira foi do Detroit Pistons. O Knicks também já agendou reunião. O Spurs teme perder o ala.

Sobre LaMarcus Aldridge: os dois primeiros times a se reunirem com ele em Los Angles foram Lakers e Rockets. Não significa que eles tenham a prioridade. O Lakers tem espaço em sua folha salarial e pode assinar um contrato na casa de 25% do teto salarial (o que daria US$ 18,8 milhões no próximo campeonato) com o pivô do Blazers. Na sala com Aldridge, estavam Jeannie e Jim Buss, os donos da franquia, Kobe Bryant, Byron Scott, o gerente geral Mitch Kupchak, o ídolo e comentarista dos jogos do clube James Worthy, além dos espíritos de Wilt Chamberlain e George Mikan e bonecos bubblehead de Shaq, Jerry West e Kareem Abdul-Jabbar. A comitiva do Rockets tinha dirigentes e Kevin McHale e James Harden. Para ter o pivô, o clube também precisaria se desfazer de alguns salários. Mavericks, Suns, Raptors e Knicks ainda vão conversar com ele. O Blazers ainda está no páreo, mas não haverá um encontro formal entre as partes. Convenhamos: um já conhece bem o outro. O pivô é hoje a figura mais cobiçada da liga (e seu pacote técnico justifica tamanho frenesi). É uma situação muito confortável: poderá escolher um time entre opções muito diferentes. Difícil de imaginar, no entanto, que não fique entre Lakers, Spurs e Blazers. A saída de Portland parece cada vez mas provável, de todo modo. E aí ficaria um dérbi bastante contrastante entre o glamour de Los Angeles e o ambiente caseiro de San Antonio. Depende do que o jogador quer.

– Quem está à espera de LaMarcus é Greg Monroe, considerado o plano B para muitos. Ele já bateu um papo com Knicks e Bucks em Washington, vai receber metade da delegação do Lakers hoje e ainda tem Blazers e Celtics na fila. A expectativa geral é a de que ele vá fechar um acordo com o New York. Ficar em Detroit está fora de cogitação. O pivô está disposto a assinar um vínculo mais curto, talvez de apenas dois anos, para manter suas opções em aberto, mesmo correndo riscos de que alguma lesão possa atrapalhar os planos de longo prazo. De qualquer forma, ciente de que o mercado vai bombar a partir de 2016, talvez seja uma decisão esperta. Se escolher direito seu próximo clube, Monroe vai seguir acumulando números bonitos para o currículo, ainda que seu jogo não inclua a defesa, e estará pronto para receber um contrato volumoso para a segunda metade de sua carreira. O sistema de triângulos é uma boa para seus recursos técnicos. Assim como faria bem a Patrick Beverley, um agente livre subestimado ao meu ver. Um dos melhores defensores em sua posição, bom chutador e que, em Nova York, não precisaria ser um armaaaaador – daqueles que retém a bola por muito tempo.

– Procurando um homem de garrafão desesperadamente, o Lakers também agendou para esta semana uma reunião com Kevin Love. Nos bastidores, a previsão é de que ele fique em Cleveland, e isso teria sido informado ao time californiano. Mas há quem ainda acredite que o ala-pivô possa deixar o clube. Creio que seja difícil. Pelo menos não para este ano. Em relação ao Cleveland, tudo quieto. Quer dizer, mais ou menos, já que LeBron James, em tese, é agente livre. Foi mais um movimento planejado para estrangular a diretoria do clube, no caso, para se renovar com Tristan Thompson sem sustos e seguir as diretrizes de mercado que o jogador quiser. Entre elas, Tayshaun Prince?! Estava pronto para detonar mais um dos pitacos do GM LeBron, até que… o Spurs apareceu entre os interessados no veterano. (Risos). (E aí não dá para entender mais nada, mesmo.) Enquanto isso, JR Smith se sente desprestigiado pelo Cavs. Alô, JR, terra chamando!

– Outro alvo do Lakers, sabemos, é DeAndre Jordan. Byron Scott e Mitch Kupchak cruzaram o país na madrugada para falar com Greg Monroe na capital americana e voltariam ainda nesta quarta para LA para se reunir com o pivô. Alguém falou em jet lag? Quem primeiro abriu tratativas com Jordan, no entanto, foi o Dallas Mavericks. O ala Chandler Parsons, segundo consta, não desgrudou do grandalhão por nenhum momento nos últimos dias e está tentando todas as artimanhas para que o jogador retorne ao Texas (é natural de Houston, porém). O Knicks também pretende negociar com o gigantesco Jordan, mas Mavs e Clippers são vistos como os favoritos.

– O Dallas também foi atrás do ala Wes Matthews, e as negociações avançaram. Aqui, sim, temos uma surpresa. O Mavs parece operar com a certeza de que o queridinho de Portland vai se recuperar 100% de uma lesão grave como a ruptura do tendão de Aquiles. Não é algo tão simples assim, gente. O clube teria oferecido US$ 12 milhões anuais. Ele quer US$ 15 mi. Não sei bem se é um bom negócio. Com Dirk idoso e as dúvidas sobre a resistência física de Parsons, o time precisava de alguém mais criativo no ataque? Ou estão confiando no trio Felton-Harris-e-eventualmente-Barea ainda?

– Quem se mandou do clube foi o ala Al-Farouq Aminu, que fechou um contrato de US$ 30 milhões por quatro anos com o Blazers. Essa foi um tanto bizarra, a despeito do ganho de investimento que os clubes terão a partir do ano que vem. O jogador que defende a Nigéria no mundo Fiba é um cara de muita vitalidade, versátil, que causa impacto nos rebotes e fez ótima série contra o Rockets.ue Mas q não acerta nem 30% dos arremessos de três em sua carreira e ainda não teve um rendimento consistente para justificar essa grana. Em Portland, vai reencontrar o gerente geral que o Draftou pelo Clippers, Neil Olshey, de todo modo. O lance é que esse valor obrigatoriamente inflaciona o preço de diversos atletas semelhantes, como DeMarre Carroll, Jae Crowder e afins. Imagino que Danny Ainge, que tanto quer Crowder, tenha gelado ao saber da notícia. Carroll, por sua vez, pode muito bem pedir o dobro agora (US$ 15 milhões por ano) ao Hawks. Mesmo Danny Green vai querer uma fortuna depois dessa.

– Mais dois caras ex-Mavs e que estão em negociações curiosas? Rajon Rondo e Monta Ellis. O Sacramento Kings foi para cima de Rondo, liderado pelo recrutamento de Rudy Gay, um dos raros casos de atleta que se dá bem (e muito bem) com o armador. São muito próximos, assim como Josh Smith. Que galera, hein? Rondo estaria disposto a assinar um contrato curto com o Kings na tentativa de regenerar sua reputação na liga depois do papelão que fez em Dallas – e, tão ou mais importante, o baixo nível de produção em quadra. Agora… Ter Rondo, Boogie, Karl e Ranadive sob o mesmo teto? Vira um hospício. Bem distante da Califórnia, o Indiana Pacers vai receber Monta Ellis, outra figura problemática, nesta quarta. Especula-se que vão oferecer um contrato de US$ 32 milhões por três anos. Larry Bird já lidou com Lance Stephenson por alguns anos, então talvez não se preocupe em domar o ego de Ellis, um cestinha obviamente talentoso, mas que marca pouco e acredita ser melhor que Stephen Curry. Ao menos, na retaguarda, Paul George e George Hill poderiam compensar suas deficiências.

– Outros negócios quase certos: o ala Khris Middleton tem um contrato de US$ 70 milhões e cinco anos encaminhado com o Milwaukee Bucks. Pode parecer muito para um jogador pouco badalado. Mas Middleton contribui dos dois lados da quadra, é jovem e se encaixa bem no esquema de Jason Kidd, ao lado de Giannis, Jabari & Cia. Envergadura. O Brooklyn Nets também vai renovar com Brook Lopez (US$ 60 milhões/3 anos) e Thaddeus Young (US$ 50 milhões/4 anos). Valores OK para um clube que está de mãos atadas enquanto não se livrar de Joe Johnson e Deron Williams.


Draft já balançou a NBA antes do mercado de agentes livres
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Giancarlo Giampietro

Pat Riley, Miami, Winslow

Vejam o sorriso plácido de Pat Riley. Ele venceu de novo

No final das contas, foi mais ou menos como Danny Ainge temia. Muita, muita conversa e especulação, mas sem a movimentação que ele esperava. O que não quer dizer que a NBA tenha passado pelo Draft sem se mexer.

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Basta perguntar ao Luke Ridnour que, em 24 horas, foi jogador de quatro times diferentes. Seguir a trajetória do experiente armador nos ajuda a entender as negociações que foram concretizadas durante a semana. Vamos lá, no passo a passo para descobrir Aonde Está o Luke:

– Ridnour acordou na quarta-feira, 24 de junho, como jogador do Orlando Magic. Até ser informado pelo clube, ou por seus agentes, de que estava sendo enviado para o Memphis Grizzlies.  Em troca, o clube da Flórida recebeu os direitos sobre o ala letão Janis Timma.

– Na quinta, pela manhã, ele foi repassado pelo Grizzlies para o Charlotte Hornets, em troca por Matt Barnes.

– Na sequência, o Hornets fechou, então, um acordo com o Oklahoma City Thunder, que despachou ao ala Jeremy “Soneca” Lamb e ainda recebeu uma uma escolha de segunda rodada de Draft.

– Ridnour sabe que não vai ficar em OKC – a franquia que herdou a estrutura do Seattle SuperSonics, sua primeira equipe na liga. Seu contrato para a próxima temporada não tem garantia e será dispensado (ou, quiçá, trocado mais uma vez!), para que o Thunder abra uma vaga em seu elenco para o armador Cameron Payne e poupe alguns caraminguás na tentativa de renovar com Enes Kanter e Kyle Singler.

Atualizado às 23h20: – meia hora depois de sair de casa e entrar no metrô paulistano, o que acontece? O armador foi trocado mais uma vez! Agora, seu ‘passe’ pertence ao Toronto Raptors, que o adquiriu, dando em contrapartida os direitos do ala-pivô croata Tomislav Zubicic. O que o Raptors quer? Tentar aproveitar o contrato de US$ 2,7 milhões em nova negociação – mais uma! Se não conseguir até 11 de julho, vai dispensá-lo, antes que seu salário fique garantido.

Fazendo as contas, temos três negociações distintas já listadas. O Charlotte, como se percebe, é o time mais inquieto do momento, tendo acertado com Nicolas Batum e se livrado de Lance Stephenson, antes. O Milwaukee Bucks e o Portland Trail Blazers aparecem logo atrás na lista de transações, reponsáveis pelos agitos na noite de Draft.

O Bucks, que já havia mandado Ersan Ilyasova para Detroit, pelos dispensáveis contratos de Caron Butler e Shawne Williams, foi atrás de mais um armador de estatura elevada para fazer companhia a Michael Carter-Williams: Greivis Vasquez, intensificando os esforços de Jason Kidd por um time de troca total na defesa. Para tirar o venezuelano do Toronto Raptors, o gerente geral John Hammond concordou em pagar uma escolha de primeira rodada em 2017  e outra de segunda rodada no recrutamento passado (o ala-armador Norman Powell, de UCLA). Um preço salgado para um atleta que vai virar agente livre. Vasquez, que nunca joga mal em lugar nenhum, agora parte para seu quinto time na liga americana. Vai entender. De todo modo, Masai Ujiri se deu bem nessa, ganhando uma moeda de troca valiosa para tentar reformular o plantel canadense.

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Já o Blazers segue numa linha um tanto confusa. Para um clube que havia acabado de abrir mão de um jogador como Batum, é difícil de entender a razão para se escolher um substituto como Rondae Hollis-Jefferson na 22ª posição e, minutos depois, cedê-lo ao Brooklyn Nets. Neste caso, não foi uma seleção pré-combinada. O Nets queria o ala de Arizona de qualquer jeito e insistiu até levá-lo. Está certo que conseguiu um pivô competente, atlético e ágil como Mason Plumlee. Mas o jogador de Duke está prestes a entrar em seu segundo ano de contrato – e vai querer uma boa grana por isso –, enquanto Jefferson teria um salário bem mais baixo e estaria seguro por mais temporadas. Guardar dólares e preservar teto salarial seria o melhor para se fazer num momento em que LaMarcus Aldridge vai se tornar agente livre. Para deixar claro: Plumlee, hoje, ainda é um jogador barato. Sua contratação significa provavelmente que Robin Lopez não será mantido, caso peça muita grana. Em breve, porém, o clube terá de negociar com o reforço.

Se a ideia era seguir competitivo, confiando numa renovação com Aldridge, aí a saída de Batum faz pouco sentido. A não ser que o francês tenha dado muito mais trabalho que se tornou público no campeonato passado – no qual apresentou boa melhora em sua segunda metade. Henderson tem um bom chute de média distância, é competitivo, mas seria um bom reserva para o clube. De Noah Vonleh, muitos esperam grandes coisas. Mas não para agora. A partir da decisão de seu ala-pivô que essas transações todas poderão ser compreendidas da melhor forma.

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Imagino o sorriso sarcástico no rosto de Ainge ao ver tantos negócios assim, e ele de fora da festa. Ainda mais quando tomou nota de tantas trocas que a turma de Michael Jordan fez em Charlotte. Justo o time que teria rejeitado uma oferta supostamente irrecusável de Boston pela nona escolha do Draft. Chegou u a oferecer um pacote com seis picks para ter o direito de selecionar o ala Justise Winslow, que inesperadamente havia passado batido por Orlando, Sacramento, Denver e Detroit. Encantado por Frank Kaminsky, Jordan mandou dizer não. Sem conseguir fechar nenhum negócio, o chefão do Celtics teve de se contentar e se concentrar em seus calouros. E tomou decisões um tanto estranhas, pensando no plano geral.

Então aqui chegamos ao balanço do recrutamento de novatos deste ano. Dar nota para o que foi feito seria um exercício de plena futilidade, uma vez que não dá para julgar apostas para o futuro antes mesmo que elas se manifestem em quadra, né? A maior parte dos atletas inscritos no Draft é qualificada demais. Mas seu desenvolvimento vai depender diversos pontos, que muitas vezes escapam do seu controle: estrutura do clube, sintonia entre diretores e técnicos, bons treinadores, encaixe no time, pressão por resultados, o rendimento dos concorrentes diretos, saúde etc.

O que dá para se avaliar é, de acordo com o que estava na mesa, quem se aproveitou ao máximo? Quais são os clubes que estão mais confiantes em seus projetos? E os que estão com mais dúvidas do que respostas? Quais personagens saem de cabeça erguida? E os cabisbaixos? Todos eles não terão nem muito tempo para respirar, já que, a partir da meia-noite desta quarta-feira, os clubes estão autorizados a negociar com os agentes livre.

NUMA BOA

Calipari e seus garotos. E seus tentátuclos

Calipari e seus garotos. E seus tentátuclos

John Calipari: sua aura de todo poderoso nos Estados Unidos só aumenta. Desta vez, ele emplacou seis jogadores de Kentucky no Draft, sendo quatro deles na primeira rodada, e quatro entre os 13 primeiros (este, um recorde). As consequências? Ele seguirá recrutando os talentos mais promissores do high school para os Wildcats. Quanto mais talentos de ponta, maiores as chances de ele ter jogadores de NBA. Quanto mais caras de NBA, maior sua influência. Quanto mais influência, maior a probabilidade de ele retornar à liga pela porta da frente, com controle total de uma franquia. Parece questão de tempo. Atualizado às 23h20: meio que simultaneamente à notícia de Ridnour, Adrian Wojnarowski, o superfurão do Yahoo!, noticiou que o Sacramento Kings estaria interessado em dar a coroa a Calipari, oferecendo controle total sobre as operações de basquete e o comando do time em quadra. O técnico desmentiu.

– Miami Heat e Justise Winslow: hors concours, gente. Pat Riley foi premiado, na décima posição, com Justise Winslow, um jogador que poderia ter saído até mesmo em quarto, via Knicks. Quer saber o quanto Riley ficou animado com esse ato da sorte – ou divino? Vejam o que ele disse: “Ele acabou caindo para nós de um jeito, creio, muito abençoado”. O rapaz tem, no mínimo, vocação vencedora, direcionada aos pequenos detalhes de uma partida de basquete, sendo, apesar de jovem, um complemento perfeito para um time que pretende reencontrar os playoffs (e muito mais que isso…) na próxima temporada. Resta saber se Dwyane Wade estará lá para ver isso de perto. Na pior das hipóteses, Riley tem um talento para nutrir e, quiçá, transformá-lo em sua própria versão de Kawhi Leonard. Se Wade e Dragic continuarem, melhor ainda. O espaçamento da quadra pode ficar um pouco apertado, mas, por outro lado, ele terá tranquilidade para dar seus primeiros passos em quadra, sem muitas responsabilidades no ataque, setor no qual a NBA pedirá uma série de ajustes.

– Denver Nuggets: outro que conseguiu selecionar um jogador antes cotado para o topo do Draft, Emmanuel Mudiay. Maduro, forte, atlético e cheio de potencial, o armador encontra uma situação ideal: uma equipe em reformulação que está pronta para lhe entregar as chaves de casa e do carro, para que ele os lidere daqui para a frente. No caso, uma equipe que pretende correr a quadra de modo desenfreado, favorecendo suas características. Mais um excepcional recrutamento para o Nuggets, que vai se remontando aos poucos. Num mercado de apelo reduzido, fincado na Conferência Oeste, esse é o melhor jeito, mesmo.

Kevon Looney: mas como assim? O ala-pivô que um dia foi cotado até mesmo como top 15 e acabou saindo apenas na 30ª posição? Venceu como? De fato foi uma queda e tanto para o garoto revelado pela UCLA. Mas pensem assim: devido a exames médicos preocupantes (e a possibilidade de passar por cirurgia no quadril e nas costas), Looney poderia ter passado direto pela primeira rodada. Agora, ao menos tem um contrato garantido por dois anos. Mas o ponto principal é que ele foi escolhido pelo Warriors, um time que é grande dentro e fora de quadra. Com excelente estrutura, digo. Não é acaso que tenha sido o clube que menos perdeu jogadores por lesões na temporada passada, podendo dar todo o melhor amparo possível para que o garoto desabroche.

Juan Pablo Vaulet: no final das contas, parece que o interesse maior era do Brooklyn Nets, que atravessou o Spurs. Obviamente que, para qualquer estrangeiro, San Antonio era um destino mais acolhedor. Ainda mais para um argentino de Bahía Blanca. Por outro lado, qualquer jogador que consiga sair diretamente de uma liga sul-americana para o Draft da NBA conseguiu uma façanha, e tanto. Temos aqui o Bruno Caboclo argentino, que está se salvando em meio ao fraco desempenho de nossos hermanos no Mundial Sub-19 e vai jogar as ligas de verão pela franquia nova-iorquina. Dificilmente terá um contrato para o próximo campeonato, porém.

Los Angeles Lakers: é complicado de cravar, pois não sabemos, em cinco anos, como estarão D’Angelo Russell e Jahlil Okafor. De repente Russell não será a estrela que todos imaginam. De repente, Okafor será um pivô dominante que vá punir o small ball. Podemos projetar, mas simplesmente não sabemos. De qualquer forma, a repercussão da escolha de Russell foi amplamente positiva e injeta na franquia californiana um senso de renovação e esperança. (Que bonito, né?) O encaixe do armador é ainda melhor se formos ver os alvos da franquia californiana no mercado de agentes livres. LaMarcus, DeAndre, Monroe… Os pirulões.

– Minnesota Timberwolves: esse já tinha saído vencedor desde que tirou a sorte grande na loteria. Com Karl Towns e Andrew Wiggins, duas primeiras escolhas em sequência, os caras têm agora duas das maiores promessas da NBA para trabalhar com paciência. Dois caras que se completam em quadra e que têm personalidade semelhante. Low profile, ideal para quem está morando em Minneapolis, mas assessorados por um Big Ticket como Kevin Garnett. Flip Saunders ainda deu um jeito de selecionar Tyus Jones, que é como se fosse um Derrick Rose da região (em termos de apelo público e sucesso na quadra, registre-se), para aumentar o amontoado de jovens jogadores. Se tiver paciência, desenvolvendo a rapaziada e esperando um grande negócio, poderá fazer desta versão do Wolves algo ainda maior que a de um KG no ápice.

CB Sevilla: enfrentando graves problemas financeiros, o clube espanhol viu três de seus jogadores escolhidos no Draft. A metade de Kentucky e a mesma quantia de Duke. Foram eles: Kristaps Porzingis e Willy Hernangómez (Knicks) e Nikola Radicevic, armador escolhido pelo Denver Nuggets. Apenas Porzingis vai fazer a transição imediata para os Estados Unidos agora, mas sua saída já vai render uma boa graninha para ajudar na sobrevivência em mais uma temporada da Liga ACB. Outros dois clubes europeus já haviam colocado um trio de atletas num mesmo recrutamento: o Buducnost, de Montenegro, com Zarko Cabarkapa, Sasha Pavlovic e Slavko Vranes em 2003, e o Mega Vizura, da Sérvia, com Nikola Jokic, Vasilije Micic e Nemanja Dangubic no ano passado.

POKER FACE

Os holofotes de NYC para Porzingis

Os holofotes de NYC para Porzingis

New York Knicks: a escolha de Porzingis soa como uma grande tacada de Phil Jackson. Dos que estavam disponíveis, talvez só Mudiay tenha tanto talento natural para ser explorado e desenvolvido. Que o Mestre Zen tenha pensado em longo prazo, em vez de se limitar a um calouro que talvez esteja mais preparado para produzir em novembro, foi uma grande notícia para o torcedor mais consciente do Knicks. O problema é a pressão em torno do clube. Em anos bons, a cobrança já é grande, com um batalhão de jornalistas visitando diariamente suas instalações. Depois da pior campanha da história do time, porém, os tabloides estão sedentos. Assim como Carmelo Anthony, que já fez questão de passar um recado indireto ao dirigente de que não aprovaria a chegada do letão, tendo em mente o tempo necessário para que ele fique pronto. Jackson gosta de dizer que sua função em Manhattan é presidir. Não pega o telefone para ligar para os demais cartolas e pouco entra em quadra para ajudar Derik Fisher. Seria uma sombra, e tanto, é verdade. No caso de sua grande aposta, porém, o melhor que ele teria a fazer era entrar em cena para valer, para proteger e guiar o rapaz.

Boston Celtics: é, não dá para acusar Danny Ainge que ele não tenha tentado. Mas foi mais um recrutamento em que o dirigente sonhou alto e teve de se contentar com as simples escolhas de Draft que vem acumulando nos últimos anos. Não faz mal adicionar sangue jovem a um time ainda em formação, com um técnico que se mostra especial em tirar o melhor de seus jogadores. Mas não chega uma hora em que se pode ter jovens demais? Principalmente quando eles dividem a mesma posição de alguns de seus atletas mais promissores? Terry Rozier e RJ Hunter não eram unanimidades, mas conquistaram muitos fãs durante o processo de workouts e chegam a Boston para congestionar a rotação de perímetro de Brad Stevens. “Obviamente que temos muitos guards. E nós gostamos de todos eles. E vamos descobrir o que fazer. Vamos ter de tomar algumas decisões difíceis, mas nós realmente gostamos de todos esses caras”, disse o gerente geral. Ao acumular jogadores similares, Ainge só deu mais trabalho, correndo o risco de dispensar um ou outro jogador de contrato garantido devido a um elenco novamente inchado, como foi o caso de Vitor Faverani no ano passado.

BICO FECHADO
– Philadelphia 76ers, Jahlil Okafor e Joel Embiid: para os que não estão por dentro do culto que se tornou “O Processo” em Philly, é o seguinte: o gerente geral Sam Hinkie insiste em dizer a seus torcedores que sua visão só vai se materializar daqui a alguns anos. Quantos? Claro que ele não vai cravar. Enquanto isso, é preciso confiar no processo. Na ideia de que ele sabe exatamente o que está fazendo. A contratação do técnico Brett Brown, a extorsão de diversas escolhas de Draft em negociações oportunistas indicam que o cara é esperto, e não há dúvida disso. O grande problema, ao meu ver: o Sixers depende basicamente da sorte para que esse plano se concretize. A sorte. Que, por enquanto, não sorriu tanto assim para o clube. Se o Wolves tem Wiggins e Towns, Hinkie está com a posição de pivô encavalada com Noel, Joel Embiid (cujos problemas físicos geram enormes questões) e Okafor. O que o time vai conseguir tirar desses atletas? Embiid vai jogar? Se for, há espaço para três jovens que sonham em ser estrelas na liga? E quem vai passar a bola para eles? E quem vai abrir na zona morta para o chute de três? Mais: quando o clube vai atacar o mercado de agentes livres? Haja paciência?

– Atlanta Hawks: a troca de uma escolha de primeira rodada por Tim Hardaway Jr., aliás, deve ter chamado a atenção de Hinkie. Afinal, imagina-se que não seja esse o tipo de retorno a que o dirigente almeja ao acumular tantos picks em seu cofre. Danny Ferry havia fechado uma excepcional negociação ao mandar Joe Johnson para o Brooklyn Nets, se livrando de seu contrato oneroso e, ao mesmo tempo, conseguindo extrair alguns trunfos de um time desesperado para fazer barulho. Acontece que um desses trunfos, a 15ª escolha do Draft deste ano, já foi queimada. Alguns dos calouros disponíveis para Mike Budenholzer selecionar eram projetos de longo prazo. Outros estariam mais prontos para jogar agora. O lance é que o agora técnico-dirigente tinha diversos caminhos a seguir. Optou por um ala que teve um ano pouco produtivo. Talvez esteja esperando que Hardaway Jr. tenha um salto de produção pós-Knicks ainda maior que o de JR Smith em Cleveland.

Ty Lawson: o zum-zum-zum começou por volta do All-Star Weekend. Ao final da temporada, porém, já virou um fato que o Denver Nuggets está doido para repassar o talentoso – e baladeiro – baixinho. Algo que ele mesmo disse em redes sociais, depois da escolha de Mudiay. O duro agora é encontrar um bom negócio por um jogador que está com o filme queimado publicamente.

Aaron Harrison: um dos irmãos gêmeos badalados desde a adolescência mas que, em Kentucky, não conseguiram repetir a trajetória de John Wall, Brandon Knight, Eric Bledsoe ou Devin Booker. Os garotos já foram uma anomalia no sentido de prolongar sua estadia no campus para além da temporada de calouro. Após um segundo ano de pouca evolução, a cotação da dupla era baixa. Andrew ao menos foi escolhido pelo Memphis Grizzlies na segunda rodada. Aaron, um chutador irregular, passou batido e agora tenta impressionar o Hornets nas ligas de verão. É duro individualizar uma questão mais ampla. Mas o caso dos irmãos Harrison serve como alerta para a promoção desmedida de jovens atletas, elevados a estrela muito antes de jogos que realmente valem alguma coisa.

 CAOS TOTAL

"Agora é nóis, Divac", diz Ranadive

“Agora é nóis, Divac”, diz Ranadive

– Sacramento Kings: Vivek Ranadive demitiu o primeiro técnico, desde Rick Adelman, que conseguiu deixar o time praticamente competitivo, numa Conferência Oeste massacrante (Mike Malone). Mesmo que DeMarcus Cousins, seu principal jogador estivesse afastado de quadra por conta de uma meningite. Além disso, o indiano esperava que o Kings jogasse de modo acelerado, na correria, a despeito de seu plantel não ter tantos chutadores e de que Cousins arrebenta defesas em meia quadra. Detalhe: esse técnico havia sido contratado pessoalmente por Ranadive, antes mesmo de um gerente geral, pois o conhecia dos tempos de Warriors. Para o lugar de Malone, ele primeiro tentou coagir o consultor Chris Mullin a ir para o banco. Mullin até estava animado em dirigir o time, mas desde que na temporada 2015-16, para ter um training camp completo e o devido tempo para botar em prática suas ideias. Então, Tyrone Corbin, aquele que tinha tudo para se tornar o sucessor de Jerry Sloan em Utah e acabou demitido, foi promovido. Era melhor tocar o barco e esperar por Mullin, não?

Claro que não. O acúmulo de derrotas deixou o bilionário maluco. E aí que eles foram atrás de George Karl, um renomado treinador, mas que gosta de dar seus pitacos na confecção do elenco e já bateu de frente com muitos dirigentes e jogadores. Em questão de semanas, a relação entre ele e o temperamental Cousins era classificada como irreconciliável. Karl ganhou um contrato de três anos. Ainda durante o campeonato, Ranadive contratou também o ídolo do clube Vlade Divac para ser o chefe do departamento de basquete, passando por cima do gerente geral Pete D’Alessandro. Mullin se mandou para St. John’s para iniciar a carreira de treinador em sua alma mater. D’Alessandro está de volta a Denver. Karl, do seu lado, vazou para quem quisesse ouvir a história de que, com Boogie no time, não daria certo. O jogador e seus agentes então responderam que ele estava pronto para ser trocado. O Lakers abriu conversas, algo que agradava ao pivô. Perdido no fogo cruzado, Divac ao menos resistiu até o momento, tentando se fixar como o cacique do pedaço. A questão agora é o que fazer com o astro e o técnico. Calipari chegaria para tentar controlar o pivô. O problema? Os dois não se deram bem nos tempos de Kentucky. Então… Tudo muito confuso? Pois é, mesmo.

PS: demorou um pouco mais do que o previsto esse texto, devido a dois causos: 1) o resgate complicado de 18 gatos num bairro da zona sul de São Paulo (sim, gatos abandonados, o que pediu uma logística muito mais complicada do que se imagina e, se tiver alguém interessado, favor contatar via Facebook ou Twitter); 2) um contrato de freelancer que começa nesta semana que deixará a atualização do blog um pouco intermitente durante a disputa dos Jogos Pan-Americanos.


Draft da NBA: as 30 escolhas da 1ª rodada comentadas
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Giancarlo Giampietro

Os jogadores mais bem cotados reunidos no palco do Barclays Center, em NYC

Os jogadores mais bem cotados reunidos no palco do Barclays Center, em NYC

Galera, um breve comentário sobre cada um dos 30 calouros escolhidos na primeira rodada do #NBADraft. Com a cabeça fritando, deixo para fazer logo, no sábado, um balanço sobre quem saiu ganhando e quem saiu com mais dúvidas. Abaixo de cada seleção, um panorama histórico do que rolou nos últimos 20 anos nesta posição específica:

1 – Minnesota Timberwolves: Karl Towns (pivô, Kentucky, 19 anos)
Andrew Wiggins chegou primeiro. Agora, ele tem um pivô de igual potencial com quem brincar. Será, Minnesota? Será? A última vez que o clube teve um núcleo jovem tão promissor assim foi há 20 anos, com Garnett e Marbury. KG que provavelmente vai estender sua carreira para ajudar no progresso dessa dupla. O Wolves é o primeiro clube na história a unir três escolhas número de Draft seguidas, contando Anthony Bennett. Mas o ala-pivô, segundo os rumores, já estão de saída.

Ponto de vista histórico: Allen Iverson (1996), Tim Duncan (1997), LeBron James (2003), Dwight Howard (2004), Derrick Rose (2008), Blake Griffin (2009), John Wall (2010), Anthony Davis (2012)… Esses são os tipos que você sonha quando tem uma primeira escolha. Mas, cuidado, também pode dar nisto aqui: Michael Olowokandi (1998), Kwame Brown (2001), Greg Oden (2007), Andrea Bargnani (2006), Anthony Bennett (2011).

Towns é o quarto dos últimos oito jogadores número 1 do Draft a jogar por John Calipari na universidade (Derrick Rose, John Wall e Anthony Davis)

Towns é o quarto dos últimos oito jogadores número 1 do Draft a jogar por John Calipari na universidade (Derrick Rose, John Wall e Anthony Davis)

2 – Los Angeles Lakers: D’Angelo Russell (armador, Ohio state, 19 anos)
Mikan. Chamberlain. Jabbar. Shaq. Gasol… E sabe-se lá quem agora para o bola ao alto do time californiano. Mitch Kupchak surpreendeu a maioria dos especialistas ao escolher o armador que foi comparado por muita gente a James Harden em sua primeira e única temporada de universitário. Canhoto de excelente visão de quadra, criatividade no trato de jogadas e excelente arremesso, Russell é o tipo de jogador que a liga pede hoje. Agora é esperar que Kobe seja um bom mentor para o garoto. Com essa, o Lakers quebrou a banca de Sam Hinkie, o gerente geral do Philadelphia 76ers que esperava realmente contar com Russell para pilotar seu time em experimento.

Ponto de vista histórico: considerando que é a segunda posição, afe. Fujam! O torcedor do Lakers espera que Russell lembre muito mais um LaMarcus Aldridge (2006) ou um Kevin Durant (2007). Pelo menos, vai, um Tyson Chandler (2001). Agora, esse posto já rendeu gente como Stromile Swift (2000), Darko Milicic (2002),Michael Beasley (2008), Hasheem Thabeet (2009), Derrick Williams (2011). E ainda outra série de decepções em outra escala como Marvin Williams, Evan Turner e Jay Williams. Toc-toc-toc.

Magic aprovou:

3 – Philadelphia 76ers: Jahlil Okafor (pivô, Duke, 19 anos)
O Lakers simplesmente deu um enquadro em Philly. Sam Hinkie se viu, então, obrigado a pegar um pivô pelo terceiro ano ano seguido. Okafor vai para o mercado? Ou Embiid? O camaronês ainda lida com problemas de saúde, e o badalado calouro ao menos pode servir como uma apólice de seguro. De qualquer forma, é muito difícil de imaginar um ataque fucional com Okafor e Nerlens Noel em quadra. Nenhum deles tem chute de média para longa distância. O cultuado “Processo” fica em uma situação de constrangimento e ainda mais nebuloso.  

Ponto de vista histórico: Chauncey Billups (1997), Baron Davis (1999), Pau Gasol (2001), Carmelo Anthony (2003), Deron Williams (2006), Al Horford (2007), James Harden (2009)… Alguns dos excelentes nomes que saíram com o bronze. A verdade é que temos aqui uma lista bem sólida. Tirando Adam Morrison (2006), não há nenhum fiaaasco daqueles. Darius Milles foi uma tremenda decepção em 2000, com problemas fora de quadra e lesões, mas o fato é que aquela relação inteira daquele ano é horrorosa. OJ Mayo (2008) aparece aqui pelo simples fato de ter sido trocado por Kevin Love (o quinto) na noite do Draft. Memphis deixou passar essa. Ops.  

Nunca é demais, todavia, postar esta foto aqui, das mãos do “Big Jah”:  

Jahlil Okafor, hands, mãos, Duke

De novo: não é uma bola mirim

 

4 – New York Knicks: Kristaps Porzingis (ala-pivô, Letônia, 19 anos)
O jogador letão é um supertalento, já com duas temporadas de experiência como profissional na Liga ACB, a segunda maior liga nacional do mundo, o que rende maturidade. Mas vai encarar uma pressão enorme no Garden, e a primeira prova foram as pesadas vaias da torcida do Knicks presente no Barclays Center. Porzingis precisa ser visto como um projeto de médio prazo, especialmente do ponto de vista físico, num clube em que a expectativa é de reviravolta imediata. Como Carmelo Anthony vai reagir? E James Dolan? Ao menos o garoto encarou o chiado do público com muita personalidade de cara, dizendo ser um sonho jogar pela franquia, que entende a razão pelo descontentamento e que vai conquistá-los em quadra. Palavra de ordem: paciência.  

Ponto de vista histórico:  as coisas já ficam mais irregulares neste posto, mas ainda temos bons frutos. Chris Bosh (2003), Chris Paul (2005) e Russell Westbrook (2009) foram grandes achados. Lamar Odom (1999) abandonou o Clippers, mas seria uma peça importantíssima em títulos para o, hã, outro Los Angeles no futuro. Stephon Marbury (1996) e Antawn Jamison (1999) viraram All-Stars.

Porzingis, na fogueira. Phil Jackson vai ajudá-lo?

Porzingis, na fogueira. Phil Jackson vai ajudá-lo?

  5 – Orlando Magic: Mario Hezonja (ala, Croácia, 20 anos)
Dois europeus em sequência no Draft, e o encaixe de Hezonja com o clube da Flórida é praticamente perfeito. Aaron Gordon, Elfrid Payton e Victor Oladipo estão cheios de energia e pegada defensiva. O croata, de personalidade. O ala chega para oferecer chute de longa distância, arrojo e explosão no ataque. O vexame, aqui, fica por conta do Barcelona, que agendou um treino para a manhã desta quinta-feira, mesmo depois de a temporada ter se encerrado na quarta, sofrendo uma varrida do Real Madrid, e impediu que o garoto viajasse para Nova York. Adam Silver não teve quem cumprimentar.  

Ponto de vista histórico: mais ou menos o mesmo padrão, com Ray Allen (1996), Vince Carter (1999), Dwyane Wade (2003) e Kevin Love (2008) elevando o padrão, mas muito mais por conta de terem sido selecionados em anos de excelente safra. Nikoloz Tskitshvili (2002) e Shelden Williams (2005) foram grandes bombas.  

Alguns highlights da estadia de Hezonja em Barcelona:

6 – Sacramento Kings: Willie Cauley-Stein (pivô, Kentucky, 21 anos)
A segunda surpresa da noite. Cauley-Stein aparecia como um possível alvo do clube californiano, mas dois jogadores mais jovens e de maior potencial estavam disponíveis (Justise Winslow e Emmanuel Mudiay). Stein é visto pelos scouts como o melhor defensor deste Draft e vai dar cobertura a DeMarcus Cousins no setor. Isso, claro, se Boogie permanecer na capital californiana, numa franquia em desarranjo estarrecedor.  Caso Vlade Divac consiga contornar a crise entre o pivô e George Karl, ainda restará uma dúvida também em torno da parceria dos dois gigantes. O espaço para ação no ataque tende a ficar muito apertado. Por mais que Boogie tenha bom chute de média distância, é perto da cesta que vai fazer mais estragos e desestabilizar uma defesa. Outro ponto para acompanhar: Cauley-Stein, segundo consta, pensa (bem) fora da casinha e fala o que quer. Um jogador muito inteligente, de personalidade marcante. A ver se consegue se aproximar do igualmente veterano revelado por Kentucky.

Ponto de vista histórico: rapaz, que dureza. Wally Szczerbiak (1999), de alguma forma, foi eleito para o All-Star de 2002. Antoine Walker (1996) jogou em três. O brilho de Brandon Roy (2006) durou por quatro temporadas, até que seus joelhos disseram chega. Damian Lillard (2012) ao menos apareceu para o resgate seis anos depois. De resto, boas peças de apoio (Shane Battier, Danilo Gallinari, Chris Kaman) ou diversas bombas (Jonny Flynn, Epke Udoh, Robert Traylor, DeMarr Johnson…).

Está aqui o maluco beleza:  

7 – Denver Nuggets: Emmanuel Mudiay (armador, Guandong/China, 19 anos)
Imagine os pulos de alegria na base do Nuggets. O time deve encarar como uma dádiva essa escolha. Mudiay, há um ano, era cotado como o principal concorrente de Okafor a número um do Draft. Um armador alto, explosivo e agressivo, muito mais maduro do que a idade sugere –  maturidade turbinada pela experiência incomum que ganhou em um ano de profissional na China. Em vez de jogar por Larry Brown na NCAA, o garoto escolheu a rota chinesa para ajudar sua família financeiramente. Há uma forte especulação de que Ty Lawson esteja com os dias contados nas Montanhas Rochosas. Poderiam jogar juntos, mas a presença de Mudiay deixa o tampinha ainda mais disponível no mercado – algo que ele próprio reconheceu, se oferecendo imediatamente para Sacramento, aonde poderia reencontrar George Karl.

Mudiay, refugiado congolês que já jogou na China. Agora, em Denver

Mudiay, refugiado congolês que já jogou na China. Agora, em Denver

Ponto de vista histórico: vamos avançando, e, naturalmente, a quantidade de estrelas, diminuindo. Stephen Curry é a exceção em 2009, graças a David Kahn, que escolheu dois armadores antes dele. Rip Hamilton (1999) também foi longe. Assim como Luol Deng e Nenê, se formos compará-los com Chris Mihm, Charlie Villanueva, Randy Foye, Tim Thomas e, infelizmente, o falecido Eddie Griffin.

8 – Detroit Pistons: Stanley Johnson (ala, Arizona, 19 anos)
Mais uma surpresa. Com Justise Winslow disponível, o Pistons vai de Stanley Johnson. É preciso dizer que, durante boa parte do processo de avaliação para o Draft, havia dúvida para os scouts sobre quem seria o ala mais promissor desta fornada. Winslow conseguiu se distanciar de seus pares com um desfecho sensacional de temporada por Duke, enquanto Johnson teve problemas um tanto alarmantes no ataque para alguém já de corpanzil formado jogando contra amadores Há, de todo modo, uma vaga clara no perímetro do Pistons para ser preenchida. Agora o novato vai trabalhar com um excelente treinador como Stan Van Gundy para tentar preenchê-la.

Ponto de vista histórico: hã… Nenhum jogador deste grupo chegou a um All-Star. Nem mesmo Andre Miller, provavelmente o armador mais esnobado de sua geração. Rudy Gay (2006) e Larry Hughes (1998) foram outros que talvez tenham sonhado um dia. O mesmo não se pode dizer do brasileiro Rafael “Baby” Araújo, que foi colocado numa fria pelo Toronto Raptors em 2004.

9 – Charlotte Hornets: Frank Kaminsky (ala-pivô, Winsconsin, 22 anos)
A escolha pessoal de Michael Jordan. O que, historicamente, em termos de Draft, não quer dizer boa coisa. Kaminsky, por outros motivos, deve ser o calouro observado com maior curiosidade nesta temporada, pelo fato de ser um senior, um formando, algo que equivale a um idoso nos tempos de hoje. O grandalhão se desenvolveu ano após ano no Winsconsin até se tornar o principal jogador da NCAA nesta temporada. Pacote completo no ataque: chute, visão de quadra, mobilidade (para alguém de 2,13m…) e passe. Suas habilidades vão se traduzir para um cenário muito mais competitivo e atlético?

Ponto de vista histórico: se os gerentes gerais não conseguiram encontrar ouro no oitavo lugar, quem escolheu na posição seguinte se esbaldou. Olha que maravilha: Tracy McGrady (1997), Dirk Nowitzki (1998), Shawn Marion (1999), Amar’e Stoudemire (2002) e Andre Iguodala (2003). Isso para não falar de Andre Drummond em 2012 e Gordon Hayward em 2012. O nono lugar do Draft é mágico! Então a gente nem se importa com Ed O’Bannon (1997), Rodney White (2001), Mike Sweetney (2002), Ike Diogu (2005), Patrick O’Bryant (2006).

Frank, the Thank. Ele, mesmo

Frank, the Thank. Ele, mesmo

10 – Miami Heat: Justise Winslow (ala, Duke, 19 anos)
Pat Riley é um vencedor e, também, um cara de sorte. Muuuuita sorte. Um talento como Winslow caiu de modo totalmente inesperado em seu colo. O ala foi o motor por trás da conquista de Duke no Torneio Nacional da NCAA neste ano, jogando com atenção aos pequenos detalhes de um jogo, energia desmedida e um espírito contagiante. Excelente marcador, ainda um projeto em desenvolvimento no ataque, mas com um perfil que, sem dúvida, combina com a cultura interna da franquia da Flórida.

Ponto de vista histórico: Paul Pierce (1999), vocês sabem, vai para o Hall da Fama. Joe Johnson (2001) tinha tudo para seguir os seus passos, ganhou um caminhão de dinheiro, mas duvido que tenha virado pôster preferido de alguém. Aos 17 anos, Andrew Bynum foi uma aposta de risco do Lakers em 2005, de quem o clube tirou tudo o que podia e se livrou na hora certa. Brook Lopez (2008) e Paul George (2010) ainda têm história para escrever.

11 – Indiana Pacers: Myles Turner (pivô, Texas, 19 anos)
Larry Bird vem falando publicamente nas últimas semanas que chegou a hora de reformular o seu time. Dá todos os indícios de que deve abrir mão de Roy Hibbert. Nesta quarta, viu notícias locais dando conta de que David West vai exercer uma cláusula contratual para se tornar agente livre – nada oficial, por ora. Entra em cena Turner, um dos jogadores mais prestigiados de sua geração desde os tempos de colegial? O pivô tem tamanho, agilidade e tino para proteger o aro. No ataque, potencial para o chute de média e longa distância. Mas ainda é cru e precisa de tempo para segurar a bronca na liga.

Principais achados (relativo ao posto): Klay Thompson (2011), e só.

12 – Utah Jazz: Trey Lyles (ala-pivô, Kentucky, 19 anos)
A invasão canadense continua, ainda que Lyles tenha crescido em Indiana. Jogou o último ano inteiro fora de posição por Kentucky, devido ao excesso de pivôs qualificados dos Wildcats. Não é dos atletas mais impressionantes, mas tem muito fundamento, lembrando caras como Juwan Howard e Carlos Boozer. Vai compor uma rotação interessante de pivôs com Gobert e Favors e deixa o núcleo jovem do Utah ainda mais forte. É um jogador que já esteve em ação no Brasil, mais especificamente em São Sebastião do Paraíso, pela Copa América Sub-18 de 2012, ao lado de Andrew Wiggins.

Principais achados: ––

13 – Phoenix Suns: Devin Booker (ala, Kentucky, 18 anos)
O jogador mais jovem do Draft e considerado pelos olheiros como o arremessador de longa distância mais perigoso. Fundamento que é uma carência óbvia no elenco de Jeff Hornacek, especialmente para um ataque que tem o chute de três pontos como ingrediente fundamental. Booker é o quarto atleta de Kentucky selecionado entre os 13 primeiros, deixando a influência de John Calipari no basquete americano ainda mais abrangente. Curiosamente, o plantel do Suns deve contar com outros três atletas que passaram pelas mãos do Coach Cal. Eric Bledsoe, Brandon Kight (agente livre restrito) e Archie Goodwin jogaram lá no ano passado. Na segunda rodada, em 44º, o clube ainda optou por Andrew Harrison, um armador marrento de 1,95 m que não progrediu tanto assim pelos Wildcats, depois de muita badalação nos tempos de colegial. Parecia piada, mas, na verdade, a escolha foi feita a mando do Memphis Grizzlies, em troca do pivô Jon Leuer, que não tem contrato garantido.

Vejam a cara de garoto de Booker:

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Principais achados: Kobe Bryant (1996) (risos), Richard Jefferson (2001).

14 – Oklahoma City Thunder: Cameron Payne (armador, Murray State, 20 anos)
A cada processo de Draft surgem boatos sobre supostas promessas dos clubes a determinado jogador. O clube conta, informalmente, ao atleta que deles não vai passar. Aconteceu este ano com OKC e Payne, e aqui está o acordo confirmado. O jogador foi quem mais elevou sua cotação durante a temporada, mesmo atuando por uma universidade pequena, de pouca exposição. Considerado um armador completo, ainda que inexperiente, que deve brigar por espaço imediatamente com DJ Augustin na rotação de Billy Donovan.

Principais achados: Peja Stojakovic (1996).

15 – Washington Wizards: Kelly Oubre (ala, Kansas, 19 anos)
A primeira troca da noite, envolvendo escolhas do Draft! O Atlanta Hawks estava posicionado aqui, mas recebeu do Wizards o pick 19 e mais dois futuros de segunda rodada. De certa forma, uma escolha surpreendente para o Wizards, que já tem Otto Porter Jr. em seu plantel. Oubre é mais um jogador encarado como projeto de médio prazo (pacote atlético perfeito, o técnico nem tanto), depois de ter decepcionado em sua campanha por Kansas. Durante o período de testes privados pelos clubes, foi a grande estrela das entrevistas. Basicamente disse que faria pagar caro todos os que o criticaram e o ignoraram no Draft. O detalhe é que Oubre parece ser um dos queridinhos de Kevin Durant, aquele com quem o Wizards sonha contar em 2016. Espertinhos. Na cerimônia, de todo modo, o jovem ala calçou isto aqui:

Sem palavras?

Sem palavras?

Principais achados: Steve Nash (1996) (coff! coff!), Al Jefferson (2004), Kawhi Leonard (2011).

 16 – Boston Celtics: Terry Rozier (armador, Louisville, 21 anos)
A seleção que deixou todo mundo confuso tinha de pertencer a Danny Ainge, claro. Brad Stevens já conta com Isaiah Thomas, Marcus Smart e Avery Bradley. Todos baixinhos que não necessariamente armadores puros e gostam de advogar em causa própria no ataque. Dos três, apenas Thomas tem bom chute. Rozier vai para Boston com os mesmos moldesa, sendo um baixinho agressivo com a bola e também agindo feito pitbull na defesa, veloz em transição e duro na queda. Redundante, no final?

Principais achados: Ron Artest (1999), Hedo Turkoglu (2000), Nikola Vucevic (2011).

 17 – Milwaukee Bucks: Rashad Vaughn (ala-armador, UNLV, 18 anos)
Vaughn foi um jogador que fez sucesso durante o circuito de workouts para catapultar sua cotação para a metade da primeira rodada. Talentoso, teve alguns problemas no joelho e também com o restante da equipe em Vegas, acusado de fominha. Seu jogo se assemelha ao de OJ Mayo, como um ala-armador de bom arremesso, que pode criar individualmente. Mais uma promessa de um clube especulada pela mídia americana. O destaque da noite do Bucks, porém, foi a aquisição do venezuelano Greivis Vasquez em troca com o Toronto Raptors, cedendo uma escolha para o Draft de 2017 (com proteção para a loteria), além da 46ª neste recrutamento. Pagaram caro para ter um armador reserva.

Principais achados: Principais achados: Jermaine O’Neal (1996) (mais um!), Danny Granger (2005), Roy Hibbert (2008).

Vasquez vai jogar pelo seu quinto time diferente na NBA

Vasquez vai jogar pelo seu quinto time diferente na NBA

18 – Houston Rockets: Sam Dekker (ala, Winsconsin, 21 anos)
Um dos calouros mais experimentados do Draft, seguindo uma tradição nas seleções do Rockets. Dekker é um ala que chega para compor o banco de reservas, já pronto para entrar na rotação substituindo Ariza e, eventualmente, fazer o papel de ala-pivô aberto ao lado de Dwight Howard e Clint Capela. Muito inteligente no deslocamento fora da bola, forte fisicamente e com arremesso questionável. Se progredir como Chandler Parsons entre os profissionais, o Rockets ganha uma peça bem valiosa.

Principais achados: David West (2003), Ty Lawson (2009), Eric Bledsoe (2010).

19 – New York Knicks: Jerian Grant (armador, Notre Dame, 22 anos)
Então: lembra que o Atlanta Hawks havia descido para esta posição em negociação com o Wizards? Pois bem. O time resolveu sair de vez da primeira rodada ao repassar o pick ao New York Knicks, de Phil Jackson, que, depois do projeto Porzingis, anuncia um calouro mais preparado para entrar em quadra. Grant fez um grande campeonato por Notre Dame e quase ajudou o time a derrubar a poderosa Kentucky nos mata-matas. Filho do ex-jogador Harvey Grant. Para tê-lo, o Mestre Zen cedeu Tim Hardaway Jr. O ala vai disputar posição com Kent Bazemore (e, talvez, Thabo Sefolosha, dependendo da rapidez de sua recuperação) no banco de Mike Budenholzer.

Principais achados: Zach Randolph (2001), Jeff Teague (2009).

Delon Wright vai armar o Raptors de verão para Bruno Caboclo e Lucas Bebê

Delon Wright vai armar o Raptors de verão para Bruno Caboclo e Lucas Bebê

20 – Toronto Raptors: Delon Wright (armador, Utah, 23 anos)
O jogador mais velho selecionado até o momento. Para se ter uma ideia, Wright (irmão de Dorell, ala do Blazers) tem quatro anos a mais que Bruno Caboclo. Armador alto, especialista em combinações de pick-and-roll que vem para ser reserva de Lowry, ainda mais depois da troca de Vasquez para Milwaukee. Mais uma tacada esperta de Masai Ujiri, que enxugou sua folha salarial e conseguiu uma escolha extra de primeira rodada nessa, se municiando para um verão que promete ser movimentado para a franquia canadense.

Principais achados: Zydrunas Ilgauskas (1996) (abarrotado!), Jameer Nelson (2004).

21 – Dallas Mavericks: Justin Anderson (ala, Virginia, 21 anos)
A expectativa era a de que o clube texano escolhesse um armador para o lugar de Rajon Rondo – também levando em conta a iminência da saída de Monta Ellis. Tyus Jones, campeão por Duke, estava disponível, mas passou batido em detrimento de Anderson, um ala que supostamente apresenta um dos perfis mais visados da liga, o do “3 & D” – bom chute de três, pela zona morta, e capacidade para defender. Tipo o que Richard Jefferson tenta fazer hoje. Alternativa para Chandler Parsons no banco.

Principais achados: Boris Diaw (2003), Rajon Rondo (2006), Ryan Anderson (2008).

22 – Chicago Bulls: Bobby Portis (ala-pivô, Arkansas, 20 anos)
Um jogador que esperava ser escolhido pelo menos cinco posições antes e que, agora, deve ter ainda mais motivação para mostrar serviço em Chicago. Como se precisasse: não é dos pirulões que mais salta ou mais velozes, mas joga duro e deixa tudo o que tem em quadra. Tende a virar um dos preferidos da torcida do Bulls, que gosta desse estilo. A questão é: com Gasol, Noah, Gibson e Mirotic, vai jogar como? A não ser que venha troca pela frente.

Principais achados: –

23 – Broolyn: Rondae Hollis-Jefferson (ala, Arizona, 20 anos)
Alerta: troca! Alerta: troca! Hollis-Jefferson fazia todo o sentido para o Portland, que havia perdido Nicolas Batum na véspera e precisava de um ala defensivo para ajudar Lillard e McCollum. Mas o Brooklyn Nets simplesmente estava babando pelo jogador, considerado um dos melhores marcadores do Draft, e particularmente um dos meus prediletos deste recrutamento. Para ter o jogador de Arizona, a equipe nova-iorquina assimilou o contrato de Steve Blake e enviou ao Oregon um pivô do porte de Mason Plumlee, além do ala Pat Connaughton (escolha 41, via Notre Dame). Quer dizer: custou caro. Beeeem caro. Com Plumlee, o Blazers provavelmente não deve renovar com Robin Lopez. O quanto isso pode influenciar no destino do futuro de LaMarcus é difícil de dizer.

Principais achados: Tayshaun Prince (2002).

Mason Plumlee, campeão mundial, vai para Portland

Mason Plumlee, campeão mundial, vai para Portland

24 – Minnesota Timberwolves: Tyus Jones (armador, Duke, 19 anos)
Mais uma troca:  a escolha pertencia ao Cleveland Cavaliers, que vai receber as 31ª (Cedi Osman, ala-armador turco de 20 anos que tem mais dois anos de contrato com o Anadolu Efes) e 36ª (Rakeem Christmas, pivô formado em Syracuse, patrulheiro de garrafão), já pela segunda rodada . Jones impressionou a todos no torneio da NCAA por sua maturidade, coragem e controle de jogo, mas seu perfil (nada!) atlético parece ter desencorajado os dirigentes. Vai ser um ótimo reserva para Ricky Rubio – e um plano B interessante, no caso de o espanhol sofrer mais alguma lesão. Com tanto potencial físico em seu elenco, Flip Saunders poderia “arriscar” nessa.

Principais achados: Andrei Kirilenko (1999), Kyle Lowry (2006), Serge Ibaka (2008).

25 – Memphis Grizzlies: Jarell Martin (ala-pivô, LSU, 21 anos)
Um terceiro caso de promessa que já havia vazado. Um jogador muito atlético, de características diferentes às dos demais pivôs do elenco, com impulsão, velocidade, bom controle de bola para correr em transição, mas que não tem tanta habilidade assim para finalizar. Há quem especule que possa ser deslocado para o perímetro,  mas essa não seria uma mudança tão simples

Principais achados: Tony Allen (2004) (?)

26 – San Antonio Spurs: Nikola Milutinov (pivô, Sérvia, 20 anos)
O batalhão de revelações internacionais do Spurs não tem fim. Milutinov é um espigão de 2,13 m de altura e já de boa rodagem pelo time principal do Partizan Belgrado, com ótima mobilidade e impulsão. O ponto-chave  para o clube texano, contudo, é a possibilidade de deixá-lo em desenvolvimento na Sérvia, preservando desta forma um precioso espaço na folha de pagamento. Cada dólar pode fazer a diferença nos planos de atacar alguns dos principais agentes livres do mercado.

Principais achados: Kevin Martin (2004), George Hill (2008), Taj Gibson (2009) (?).

27 – Los Angeles Lakers: Larry Nance Jr (ala-pivô, Wyoming, 22 anos)
Uma escolha surpreendente do clube angelino. Nance estava cotado para a segunda rodada, mas impressionou os olheiros em sua preparação final para o Draft – o que é meio inusitado, considerando que eles já haviam tido a oportunidade de acompanhar o jogador por quatro anos na NCAA. Ah, sim, seu nome entrega uma obviedade: filho do ala-pivô que fez bela carreira por Phoenix Suns e Cleveland Cavaliers entre os anos 80 e 90, de quem herdou a capacidade atlética, estrelando muitas jogadas de efeito em sua carreira, concluídas com cravadas. A explosão seguiu inabalada mesmo depois de uma cirurgia no joelho sofrida em fevereiro de 2014. Outro problema de saúde: Nance precisa conviver com a chamada Doença de Crohn, que pode resultar, entre tantos efeitos colaterais, a perda de peso, fadiga, ou mesmo artrite. Bom arremessador de média distância com os pés plantados, deve compor a rotação de Byron Scott.

Principais achados:  Kendrick Perkins (2003) (?), Arron Afflalo (2007) (?), Rudy Gobert (2013) (ao que tudo indica).

28 – Boston Celtics: RJ Hunter (ala, Georgia State, 21 anos)
Tido depois de Devin Booker como o segundo melhor chutador do Draft. Curiosamente, a maior parte dos especialistas esperavam que ele saísse entre os 20 principais prospectos, enquanto Rozier supostamente estaria endereçado para esta faixa. Danny Ainge inverteu as coisas, mas consegue um jogador fogoso para seu grupo de perímetro. De qualquer forma, a backcourt de Brad Stevens fica bastante congestionada. Uma dupla estranha para o Celtics.

Principais achados: Leandrinho (2003), Tiago Splitter (2007).

29 – Brooklyn Nets: Chris McCullough (ala-pivô, Syracuse, 20 anos)
A temporada de McCullough por Syracuse prometia bastante até que ser encerrada por conta de uma lesão no ligamento cruzado anterior em janeiro. Antes, no colegial, vagou de um lugar para o outro, frustrando técnicos e olheiros pela falta de consistência em quadra. Ainda assim, seu potencial, com bom chute de média distância, instintos defensivos e muita impulsão, faz o Brooklyn Nets, desesperado por jovens talentos, apostar em sua seleção.

Principais achados: Josh Howard (2003).

Looney: sozinho na green room. Mas salvo pelo Warriors no final

Looney: sozinho na green room. Mas salvo pelo Warriors no final

30 – Golden State Warrors: Kevon Looney (ala, UCLA, 19 anos)
Não por coincidência, mais um prospecto que teve sua cotação prejudicada por questões físicas. Looney pode ter de passar por uma cirurgia nas costas no futuro e também tem problemas no quadril. O mais cruel, neste caso, é que o jovem versátil ala foi convidado para a liga para tomar parte da famosa “sala verde”, a região mais próxima ao palco, que reúne os calouros com maior probabilidade de sair entre os primeiros colocados. Dentre os relacionados este ano, o garoto foi o último, tendo ouvido seu nome quando já estava deixando a área. O consolo foi ser resgatado pelo atual campeão. Looney também se enquadra na categoria de projeto a longo prazo (seu melhor fundamento hoje é o rebote, mas também tem lampejos como condutor de bola e arremessador) e terá liberdade para se desenvolver sem cobrança alguma.

Principais achados: Gilbert Arenas (2001), Anderson Varejão (2004), David Lee (2005), Jimmy Butler (2011).


JR Smith: da confusão ao encaixe para reforçar o Cavs
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Giancarlo Giampietro

E aí? Não é que deu certo?

E aí? Não é que deu certo?

O supertimes tendem a dar muito certo. O Boston Celtics de Pierce, Garnett e Allen precisou de apenas um training camp para se entender perfeitamente e caminhar para o título, o primeiro da franquia desde a era Larry Bird, após 22 anos. Em Miami, levou um pouco mais de tempo para LeBron e Wade se acertarem e terem na quadra o mesmo entrosamento da sala de estar, ou do jatinho privado, no caso. Karl Malone não conseguiu o anel com o Lakres, mas foi até a final ao lado de Shaq, Kobe e Payton, mesmo numa temporada 2003-04 espalhafatosa e acidentada.

Agora, no momento de construir uma equipe, o gerente geral X não vai obrigatoriamente buscar sempre os melhores componentes, o que há de melhor disponível no mercado. Existe, ou deveria existir uma preocupação com o encaixe dessas peças, tanto do ponto de vista esportivo, como na questão do convívio social. Não que todo elenco de NBA requeira uma aura fraternal. Família Kerr, Família McHale… Coisa mais cafona. Se tiver, porém, tanto melhor. Apenas espera-se que os jogadores tenham um mínimo de respeito mútuo para que o projeto possa ser levado adiante.

Tudo isso para chegar ao Jogo 1 da final da Conferência Leste, também já conhecido como O Jogo de JR Smith – assim como a sétima partida entre Clippers e Spurs pertence a Chris Paul. O que o ala ex-Knicks fez na quarta-feira foi para deixar qualquer observador maluco, independentemente de sua ocupação ou filiação. Torcedor, jogador, técnico, olheiro, dirigente, do Cavs ou do Hawks. Todos de queixo caídos, por diversas razões.

Fato 1: JR anotou 28 pontos, seu recorde pessoal nos mata-matas, sendo que 24 deles vieram em arremessos de três pontos. Seu aproveitamento ultrapassou o limite do absurdo, com oito conversões em 12 tentativas de longa distância.

Fato 2: JR converteu, então, 66,7% de seus arremessos de fora. O Cavs, excluindo seus números, ficou em 2-14 (14,3%). O Hawks chutou 4-23 (17,4%).

Fato 3: Dos 28 pontos de JR, 17 aconteceram entre a marca de 3min27s do terceiro período e a de 9min59s do quarto. Foram cinco disparos de três nesse intervalo, vencido por Cleveland por 22 a 4, para que uma vantagem de 85 a 67 fosse aberta no placar. O time da casa reagiria, mas o estrago foi grande demais.

Fato 4: Sabe quantos pontos os demais reservas de David Blatt fizeram? Nenhum. Zero. Nada.

Fato 5: As oito cestas de três do ala representam a segunda melhor marca de um jogador que tenha saído do banco em uma partida de playoff. Jason Terry encaçapou 9 pelo Mavs em 2011.

Foi uma exibição especial de um talento especial, que pode assombrar os adversários se empolgado. Ao mesmo tempo, talento cujo detentor também afugentou muitos dirigentes durante a temporada – e toda a sua carreira, na real. Vale a pena ler uma reportagem de Brian Windhorst no ESPN.com, na qual ele detalha como o Knicks estava desesperado para se livrar de Smith, até o Cleveland topar a empreitada. “Francamente, o Knicks estava tentando limpar seu contrato da folha salarial na próxima temporada, mas também queria afastá-lo do time. Reclamando sobre sua situação e o status decadente do Knicks, Smith não estava apenas falhando em produzir, mas também dando muito trabalho. Na verdde, o Knicks estava tentando encontrar um meio de se livrar deles há meses”, escreve.

Se o seu antigo time o estava tratando dessa forma, que tipo de problema ele poderia causar num vestiário que já andava um tanto turbulento? (Para não falar, claro, de todo o dossiê já público sobre sua prática avançada do lunatismo.) Foi o tipo de reflexão que o gerente geral David Griffin teve de fazer antes de levar o negócio adiante. A preocupação era tamanha que o cartola chegou a pedir autorização para o Knicks para conversar com o jogador antes de assinar qualquer coisa.

Para bater o martelo, teve cobertura. Sondou LeBron e Blatt e ouviu sim de ambos. O astro não só avalizou a troca, como também a incentivou. Disse que tomaria conta do reforço. O treinador também não se mostrou preocupado com a bagagem fora de quadra: se fosse pensar apenas no jogo, as habilidades de JR seriam perfeitas para um time que precisava de mais capacidade atlética no perímetro e mais arremesso. A combinação deu certo, como podemos notar, e nem mesmo a suspensão que sofreu por agressão a Jae Crowder foi recebida de forma negativa pelo clube. Windhorst relata: todos acharam o gancho de dois jogos exagerado, apoiando o ala. Provavelmente nenhum treinador tenha se empenhado tanto como Blatt vem fazendo, na hora de defendê-lo.

Xácomigo: LeBron disse que cuidaria de JR

Xácomigo: LeBron disse que cuidaria de JR

E aí veio essa atuação fantástica para o Cavs roubar o mando de quadra do Hawks na primeira partida para dar razão a todos. Cheio de confiança, Smith fez chover bolas de três em Atlanta, com alguns arremessos num grau de dificuldade altíssimo. Depois, figura que só, diria aos jornalistas presentes: “Prefiro tentarsempre um arremesso contestado a um chute livre. É meio entediante quando você arremessa livre”. E não é que os números comprovam sua preferência? O ala converte 48% nos chutes marcados, comparando com os 40% quando está isolado.

É praticamente impossível que ele consiga repetir esse tipo de desempenho, e nada perto disso pode ser cobrado, mesmo. Mas o fato é que o cestinha se sente respaldado e tem liberdade para atacar, botando pressão na defesa adversária e abrindo a quadra para LeBron fazer das suas, assim como havia acontecido na campanha 2012-13 pelo Knicks, com um sistema aberto de Mike Woodson ao redor de Carmelo. Um grande contraste com o sistema de triângulos, um ataque que propicia liberdade nos movimentos (as jogadas não são rabiscadas), mas pede muito paciência para esperar boas oportunidades de finalização. Esse alto astral, essa lua de mel muito provavelmente não vá durar ad eternum, pois a volatilidade de Smith beira o incontrolável. De qualquer forma, pelos resultados apresentados até aqui, a aposta já valeu.

O chuta-chuta parece até meio desmedido em algumas situações? Sim, tem hora que o Cavs exagera como um tudo. Por outro lado, pensem nos pivôs do time: Timofey Mozgov, Kevin Love (antes) e, principalmente, Tristan Thompson. Os três têm uma presença intimidadora perto da tabela. O canadense devora a tábua ofensiva com voracidade – contra o Hawks, foram cinco; na temporada e nos playoffs, coleta 14% das sobras. No ranking de times, apenas o Dallas Mavericks coleta mais rebotes no ataque nestes playoffs. Faz mais sentido, então, ter um chutador como JR nessa configuração. Você quer que ele acerte tudo, claro. No caso de erro, contudo, há quem esteja lá para tentar compensar. As características de cada atleta se interligam. A partir daí se forma a química em quadra. No vestiário, lideranças como LeBron e Perk entram em cena.

Iguodala num gesto em prol da química da melhor campanha da liga

Iguodala num gesto em prol da química da melhor campanha da liga

Esse tipo de situação se repete em diversos times que ainda estão no páreo, em diferentes níveis. Pegue o Houston Rockets, por exemplo, e sua rotação no perímetro. Patrick Beverley faz uma falta danada, mesmo que não seja exatamente um armador de ponta. Não sei nem mesmo se dá para enquadrá-lo como um “armador”, “armaaaaador”, mesmo. E talvez nem precise. Afinal, James Harden é o condutor do ataque, quem controla a bola, enquanto Beverley oferece chute de três do lado contrário e muita pegada defensiva. Os dois se complementam. Não que um jogador como Goran Dragic ou Kyle Lowry (ex-jogadores do clube, especulados nos últimos meses como possíveis alvos de Daryl Morey) não possa dar certo, mas qualquer um deles exigiria um bom ajuste tático e técnico por parte do segundo colocado na eleição de MVP desta temporada. Beverley, diga-se, foi contratado antes mesmo de Harden, mas se tornou uma companhia perfeita. Agora vai virar agente livre. Em Houston, sua importância é amplificada. Sem um ala-armador como Sr. Barba ao seu lado, será que renderia com a mesma eficiência ou relevância?

Em Oakland, Andre Iguodala foi convencido por Steve Kerr a sair do banco de reservas. Não quer dizer que hoje seja um jogador inferior a Harrison Barnes. Entrando com a segunda unidade, porém, ao lado de Shaun Livingston, pode apertar a defesa e sufocar adversários, em teoria, inferiores, além de partilhar a bola e fazer o ataque fluir. Por outro lado, o envolvimento de Barnes com os titulares elevou sua produção. O jovem dá mais amostras de seu potencial. Agora, como seriam as coisas sem a companhia de chutadores como Curry e Klay ao seu lado? É mais fácil jogar como a terceira, quarta opção em quadra do que como a referência, o foco da segunda unidade, né? Como nos tempos de Mark Jackson.

O Atlanta Hawks como um todo talvez seja o maior exemplo disso, no qual o todo se tornou indiscutivelmente maior que a soma de suas partes – temos um supertime moldado de outra forma, sem superestrelas, mas com um nível acentuado de entrosamento e preparação. Essas são questões que qualquer torcedor deveria fazer antes de cobrar, comentar ou vibrar com qualquer contratação. Nem sempre o talento individual deve prevalecer. No caso de JR Smith, a verdade é que os recursos individuais nunca foram um problema. Difícil era enquadrá-lo. Ou melhor: encaixá-lo.


12 trocas de última hora: quem saiu ganhando na NBA?
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Giancarlo Giampietro

Jovem Enes Kanter chega a OKC para reforçar o banco e oferecer pontos no garrafão

Jovem Enes Kanter chega a OKC para reforçar o banco e oferecer pontos no garrafão

“Meu Deus”.

Depois de 11 12 trocas fechadas, com 36 39 jogadores envolvidos (mais de dois elencos completos, ou três de elencos mínimos de 13!) numa única quinta-feira, essa foi a simples e exausta reação do jornalista Adrian Wojanarowski, do Yahoo! Sports, talvez com a orelha quente e os dedos da mão calejado de tanto que usou o telefone.

Wojnarowksi, vocês sabem, é o jornalista mais quente quando chega a hora de anunciar negociações por toda a NBA. Mas hoje o trabalho foi tanto que nem ele aguentou. As coisas foram muito além do imaginado. Foi uma loucura.

(Atualização nesta sexta de manhã: para vermos o quanto a jornada foi maluca, mesmo: houve ainda uma 12ª troca entre Oklahoma City Thunder e New Orleans Pelicans, com o envio do armador ligeirinho Ish Smith para N’awlins, apenas para abrir espaço no elenco para o que segue abaixo. como disse o jornalista Marc Stein, do ESPN.com, mais uma fera nesse tipo de ocasião: “Talvez tenham sido 12 trocas.Perdi minha habilidade de fazer matemática em algum lugar durante esta tarde”.)

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Em termos de nomes, o destaque fica por conta do retorno de Kevin Garnett a Minnesota, 20 anos depois de ter sido draftado pela franquia. Uma história muito legal, mas cujas repercussões para a liga são reduzidas, é verdade. Thaddeus Young foi para Brooklyn, ocupar sua vaga no quinteto titular do Nets.

Quando KG foi draftado pelo Wolves, Wiggins tinha 4 meses de idade

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Pensando nos times de playoff… Ou melhor: pensando nos times que tentam chegar aos playoffs, Oklahoma City Thunder e Miami Heat foram os times que saíram triunfantes dessa jornada de extrema tensão – três trocas foram fechadas literalmente na última hora permitida.

Foi numa dessas negociações que OKC adquiriu o pivô Enes Kanter e o ala Steve Novak, do Utah Jazz, e o armador DJ Augustin e o ala Kyle Singer, do Detroit Pistons. De uma só vez, o gerente geral Sam Presti reformulou todo o seu banco de reservas e deixou seu time muito mais forte para as batalhas que se aproximam. Kanter oferece o tipo de jogo interior que a equipe jamais teve durante essa gestão, enquanto Augustin e Singler são belos arremessadores e jogadores competitivos que devem se encaixar perfeitamente na cultura, na química do time. Não obstante, Durant e Wess ainda viram o Phoenix Suns (meio que) se despedaçar, dando a entender que não se mete mais na briga pelo oitavo lugar do Oeste. Resta a Anthony Davis e os Monocelhas o papel de oposição ao Thunder.

Para reforçar sua segunda unidade, Presti precisou se desfazer apenas de Reggie Jackson (um enorme talento, mas já sem paciência alguma com o clube, prestes a entrar no mercado de agentes livres), que foi para Detroit para tentar salvar a temporada de SVG, Kendrick Perkins (RIP, provavelmente agora rumo ao Clippers), Grant Jerrett (um prospecto interessante, mas que não teria espaço tão cedo), os direitos sobre  o alemão Tibor Pleiss (um belo jogador) e uma ou outra escolha de Draft que ainda não foi revelada. O Utah apenas limpou o salário de Novak e ganhou alguma compensação futura por Kanter. Melho que nada.

O Miami Heat coneguiu algo aparentemente impensável: levou Goran Dragic (e o irmão Zoran). Está certo que o time da Flórida já aparecia na seleta lista de clubes desejados do armador esloveno, mas o difícil era imaginar que tipo de pacote Pat Riley poderia construir para convencer o Suns a abrir mão de um descontente Dragic, mas que ainda tinha valor de mercado e era seu principal jogador. Acabou fechando a conta ao mandar duas escolhas futuras de Draft (os anos ainda não estão definidos, mas devem ser daqui a um boooom tempo). De última hora, o New Orleans Pelicans também entrou no negócio e obteve o armador Norris Cole e o ala-pivô Shawne Williams. Para o Arizona, também foram o pivô Justin Hamilton e os veteranos John Salmons e Danny Granger. Afe.

Éramos três: sobrou apenas Bledsoe, agora com Knight na jogada

Éramos três: sobrou apenas Bledsoe, agora com Knight na jogada

Se antes Jeff Hornacek tinha armadores em excesso, viu, depois de Dragic, mais dois serem despachados, vindo Brandon Knight em contrapartida. Foi um dia violento para o caderno de jogadas do treinador. Ao menos Knight tem bom arremesso de três e se encaixa bem como segundo armador ao lado de Bledsoe – desde que, claro, não crie caso, como fez Dragic. Mais: o atleta revelado pela universidade de Kentucky vai se tornar agente livre restrito ao final da temporada. Qual será sua pedida? Haverá algum desconto em comparação com o esloveno? A conferir.

Numa troca tripla, o jovem Tyler Ennis foi enviado para Milwaukee Bucks, que também recebeu o pivô Miles Plumlee e Michael Carter-Williams, do Philadelphia 76ers. O Sixers ganha uma escolha de Draft do Lakers, via Suns, que é protegida para o top 5 do próximo recrutamento de calouros – só com muito azar Suns e Lakers perdem essa, de modo que, discretamente, o Sixers mostra que realmente não confiava em MCW como seu armador do futuro. Os números nem sempre contam toda a história… Ainda mais num sistema que infla as estatísticas. Ah, além disso o time ganhou uma escolha de Draft futura, via OKC, para recolher JaVale McGee, de Denver. Um perigo colocar um lunático desses ao lado de Joel Embiid, camaronês que ainda não fez sua estreia e, segundo dizem, já desperta uma certa preocupação por seu comportamento fora de quadra.

Carter-Williams e McDaniels pareciam promissores em Philly. Estão fora: reformulação até quando?

Carter-Williams e McDaniels pareciam promissores em Philly. Estão fora: reformulação até quando?

Depois, o Suns negociou o pequenino Isaiah Thomas com o Boston Celtics, que cedeu Marcus Thornton e uma escolha de draft de primeira rodada para 2016, pertencente ao Cleveland Cavaliers. E o Celtics, do hiperativo Danny Ainge, devolveu Tayshaun Prince ao Detroit Pistons, ganhando a dupla estrangeira Jonas Jerebko e Luigi Datome (acho que SVG foi mal nessa, mas… vale pela nostalgia). No geral, Ainge se envolveu em seis trocas neste campeonato: Rondo para Dallas, Green para Memphis, Wright para Phoenix, Nelson para Denver e as duas desta quinta. Celtics, Suns e, claro, Sixers são os clubes com mais escolhas de Draft para os próximos anos. Resta saber se vão transformar esses trunfos em jogadores de verdade.

Teve mais, com a sempre regular presença do Houston Rockets de Daryl Morey, que agora conta com Pablo Prigioni e com o ala novato KJ McDaniels. Para tê-los, mandou Alexey Shved para o New York Knicks, com mais duas escolhas de segunda rodada, e além de ter repassado o armador Isiah Canaan e uma escolha de 2ª rodada para o Sixers.

Lembrando que tudo começou quando o Portland Trail Blazers acertou com o Denver Nuggets a transação do ala Arron Afflalo, dando Thomas Robinson, Will Barton, Victor Claver e uma escolha de primeira rodada e outra de segunda, e quando Washington Wizards e Sacramento Kings trocaram Andre Miller e Ramon Sessions. Miller vai reencontrar George Karl.

Meu Deus.

Quem ganhou e quem perdeu com tudo isso?

Sam Presti: o cartola-prodígio andava apanhando muito mais que o normal nos últimos meses, num processo de deterioração que começou com a saída de James Harden. Para piorar, graves lesões de Durant e Westbrook acabaram pondo a equipe numa situação delicada em uma Conferência Oeste extremamente dura. A pressão estava evidente, e ele mesmo admitiu isso. A resposta, em teoria, foi demais – os nomes não causam alvoroço, mas foram grandes achados. Depois de flertar, e muito, com Brook Lopez, encontrou em Kanter um ótimo plano B: o turco não vai ser muito exigido em OKC.Precisa apenas pontuar e pegar rebotes com eficiência saindo do banco e pode melhorar na defesa ao se integrar a um sistema mais bem entrosado. O que pagar para o turco ao final da temporada, quando ele vira agente livre restrito? Bem, não é a prioridade no momento. Singler merece minutos na rotação de perímetro, revezando com Roberson e dando um descanso a KD. Augustin já mostrou que sabe ser produtivo vindo do banco e ainda oferece um ritmo de jogo diferente, podendo cadenciar as coisas. Bônus: o armador é bem próximo a Durant, ajudando a compensar a perda de Perk no vestiário.

Quem aí quer partilhar a bola com Chalmers e Birdman, Dragic?

Quem aí quer partilhar a bola com Chalmers e Birdman, Dragic?

Goran Dragic: pelo simples fato de ter exigido uma troca em cima da hora e ainda conseguido uma transferência para um dos três clubes que imaginava defender (Lakers e Knicks eram os outros). Pelo preço que pagou, está implícito também que Riley vai concordar em assinar um contrato de US$ 100 milhões por cinco anos com o esloveno, que, além do mais, troca o sol do Arizona pelo da Flórida, e ainda leva o irmão na bagagem. Se em Phoenix precisava dividir a bola com Eric Bledsoe e Isaiah Thomas, agora vai tomá-la das mãos de Mario Chalmers.

Dwyane Wade: a temporada do Miami Heat parecia destinada ao purgatório até que… Primeiro apareceu o fenômeno Hassan Whiteside. Depois, essa megatroca. Que coisa, hein? Ter Dragic por perto significa menos responsabilidades criativas para o astro da franquia, tanto em transição como nas combinações de pick-and-roll/pop com Chris Bosh e Whiteside. Menos responsabilidades = mais descanso para o ala-armador, que já foi afastado por três períodos diferentes nesta campanha devido a problemas musculares. E é sabido que, assim como nas temporadas anteriores, o Miami só vai aspirar a alguma coisa se Wade estiver em forma nos mata-matas. Com LeBron ou com Dragic. Mais: precisamos ter um Cavs x Heat nos playoffs, não? Precisamos.

Reggie Jackson: mais um que forçou uma negociação e teve seu desejo atendido. Agora vai ter uns 30 jogos pelo Pistons para mostrar ao mercado que pode, sim, ser um armador titular, e de ponta. Stan van Gundy estava fazendo maravilhas por Brandon Jennings e agora tenta dar o seu toque especial a este jogador explosivo, com grande faro para pontuar, mas que foi um tanto inconsistente em Oklahoma City.

Arron Afflalo agora é chapa de Damian Lillard

Arron Afflalo agora é chapa de Damian Lillard

Terry Stotts: agora vai poder olhar para o seu banco de reservas e ver alguém quem confiar para hora que o jogo apertar e Nicolas Batum ainda estiver com a cabeça na lua. É de se questionar se o treinador fez de tudo, mesmo, para assimilar um prospecto interessante como Will Barton. O fato, porém, é que o Blazers não podia esperar uma revisão nas rotações de seu treinador e, assim como Memphis, Dallas, Houston etc., sente que existe uma boa chance este ano e foi de all in para cima de Afflalo, pagando caro num futuro agente livre.

Os experimentos de Jason Kidd: o Milwaukee Bucks perdeu seu cestinha e principal criador em Brandon Knight, mas ganha em Michael Carter-Williams um armador alto, de envergadura. Com ele em quadra, Kidd vai poder simplesmente instaurar um sistema de “troca geral” na defesa, trocando todas as posições, além de fechar para valer seu garrafão e as linhas de passe. Miles Plumlee, atlético e forte, também ajuda pra isso. Vai ser ainda mais chato enfrentar o Bucks.

Jerami Grant: quem? Bem, o filho do Harvey Grant, sobrinho do Horace, e ex-companheiro de Fab Melo em Syracuse. Selecionado na segunda rodada do Draft pelo Sixers, demorou para estrear ao se recuperar de uma lesão no tornozelo. Enquanto esteve fora, KJ McDaniels fez barulho pela equipe, com suas jogadas acrobáticas dos dois lados da quadra. Aos poucos, porém, Grant foi ganhando espaço, com flashes de muito potencial devido a sua envergadura e tamanho. Agora, terá mais minutos para convencer Sam Hinkie de que pode ser uma peça para o dia em que Philly quiser ser novamente competitivo. Talvez demore, todavia…

Pablo Prigioni: o argentino deixa a pior equipe da liga para se juntar a uma que sonha com o título. Nada mal para o veterano que está nas últimas em quadra. Nova York por Nova York, sempre dá para retornar nas férias, né?

Doc Rivers? Ele estava rezando para que ao menos um jogador de seu agrado fosse dispensado, e está a alguns minutos/horas de ver Kendrick Perkins virar um agente livre. O Utah Jazz não vai manter o pivô em seu elenco, abrindo caminho para uma rescisão. O vínculo entre Doc e Perk é óbvio, e o elenco do Clippers é dos raros casos para o qual o campeão pelo Celtics em 2008 ainda seria uma boa notícia em termos de basquete – e não só de liderança. O Cleveland Cavaliers, no entanto, pode atrapalhar seus planos.

Andrew Wiggins, Zach LaVine e Anthony Bennett: desde que saibam escutar os xingamentos de Kevin Garnett e entender o recado. KG vai tocar o terror no vestiário do Wolves e, ao mesmo tempo, servir como um líder, mentor que Kevin Love jamais foi. Ricky Rubio vinha assumindo essa, mas tem de entender a companhia especial que chega também de modo inesperado.