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Notas sobre Flamengo x Orlando: Machado, torcida e mais
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Giancarlo Giampietro

Flamengo em Orlando

Vamos lá, mais curto dessa vez, algumas notas sobre a derrota do Flamengo sobre o Orlando Magic nesta quarta-feira:

– O Flamengo fez um confronto parelho até quando aguentou. Isto é: os minutos finais do terceiro período. Depois, chega uma hora que o elenco e o volume de jogo de um time de NBA – numa partida mais longa que as da Fiba – começam a fazer a diferença, mesmo em fase de pré-temporada. Por isso, era recomendável desacelerar ao máximo as ações em quadra, ainda que essa postura pudesse contrariar a identidade que a equipe brasileira assumiu nas últimas temporadas.

Tem de aplaudir: jogadores dão um salve para a torcida do Fla em Orlando

Tem de aplaudir: jogadores dão um salve para a torcida do Fla em Orlando

– Ficar falando maravilhas da torcida do Flamengo é redundância. Só foi bem engraçado escutar os coros dos torcedores rubro-negros no suntuoso ginásio, especialmente quando o time reagia no segundo tempo e encurtava a diferença. Não há como confirmar os rumores espalhados por passarinhos mágicos da Disney, mas se disse por aí que mais flamenguistas foram vistos por lá do que numa noite qualquer de um shopping da Barra da Tijuca. (Além do mais, merece um entusiasmado parabéns aquele que teve a iniciativa de transmitir o jogo no telão do Maracanã para aqueles que foram ver o confronto com o América-RN.)

– Em termos individuais, você pode não ser dos maiores fãs dele, era só um amistoso, mas não há como negar que Marcelinho Machado tenha vivido uma pequena revanche nesta quarta, ao anotar 20 pontos em 30 minutos contra os rapazes de Orlando, sendo pelo segundo jogo seguido o cestinha do Fla. Dessa vez, ele converteu seus chutes com muita eficiência, incluindo um 6-12 na linha de três. Quando matou a quinta bola no segundo tempo, até voltou sorrindo para sua quadra, sem se conter. Fica o registro – discutir a carreira do camisa 4 fica para outra hora. É algo bem mais complexo do que um parágrafo possa cuidar.

– O promissor Cristiano Felício foi novamente muito bem contra os gigantões da NBA. Vamos escrever mais sobre ele depois da partida de sexta contra o Memphis Grizzlies. Só dá para adiantar que o desempenho já volta a chamar a atenção dos scouts da liga. Entre eles está um colega meu, a serviço de uma franquia da Conferência Oeste. No duelo desta quarta, pelo menos cinco times estavam presentes em Orlando – claro que para tomar nota de tudo, e, não, especificamente sobre o pivô. Sem contar os que acompanhavam a partida pela TV, como no caso desta fonte. Descrição de conversa com ele. Eu disse: “Se alguém tivesse escolhido Felício no final do segundo round do Draft passado, estaria bem felizagora”. O scout respondeu:”Acabei de dizer isso ao meu chefe”.

O garotão Aaron Gordon dá o toco em Herrmann no perímetro: americano é 16 anos mais jovem que o argentino

O garotão Aaron Gordon dá o toco em Herrmann no perímetro: americano é 16 anos mais jovem que o argentino

– O elenco do clube da Flórida é um dos mais jovens da liga. Veteranos como Ben Gordon e Luke Ridnour (e o lesionado Channing Frye) foram contratados para ajudar um pouco no amadurecimento – e também por serem ótimos arremessadores, que isso ajuda bastante. O exuberante Aaron Gordon, por exemplo, é apenas cinco dias mais velho que Bruno Caboclo. Elfrid Payton, o armador novato, tem 20 anos. Tobias Harris, 22, ainda que esteja entrando em sua quarta temporada de NBA.

– Os jogadores do Orlando não estudaram os do Flamengo. A ideia do técnico Jacque Vaughn ao quebrar esse ritual era que o time testasse, praticasse seus conceitos defensivos independentemente das características dos adversários – e que, qualquer ajuste que precisassem fazer, que descobrissem por conta durante a partida.

– Por falar em Ben Gordon… Relegado ao ostracismo na temporada passada em Charlotte, o chutador tem agora como prioridade em sua cartilha o verbo desenferrujar, antes de entrar em sua cruzada para mostrar que ainda pode cumprir o papel de jogador relevante na liga. Depois, pode alinhar o chassi, verificar óleo e motores e, aí sim, sair da oficina.

– Se o Maccabi Tel Aviv levou dois sacodes em seus amistosos, o mesmo não pode ser dito de um de seus principais concorrentes nacionais em tempos recentes, o Maccabi Haifa, que, também nesta quarta, fez um jogo duríssimo contra o Washington Wizards, na capital norte-americana, perdendo por apenas seis pontos (101 a 95). O clube israelense foi campeão de sua liga em 2013 e vice no ano passado. Ainda assim, se formos dar uma espiada no elenco da equipe, não há nenhum nome de fazer parar o quarteirão.


Situação difícil: Faverani passa por nova cirurgia
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Giancarlo Giampietro

O Hospital Mesa de Castillo, de Murcia, na Espanha, publicou nesta tarde o seguinte tweet:

Aqui, temos o pivô Vitor Faverani prestes a passar por uma cirurgia no joelho esquerdo, para limpar uma inflamação persistente e avaliar seu menisco, que já havia sido operado em março deste ano. Estes são os fatos declarados. O que é mais difícil de entender e explicar é a situação delicada na qual o futuro do brasileiro em Boston fica em dúvida.

É a segunda cirurgia em sete meses para o jogador. Algo que já seria péssimo para qualquer pessoa, quanto mais para um jogador de basquete. Mas a situação piora bastante quando você é um jogador de basquete que está num clube que tem pouco mais de duas semanas para se livrar de pelo menos um contrato excedente em seu elenco um tanto bagunçado – com talentos que se duplicam e não necessariamente chamam a atenção da liga.

O gerente geral Danny Ainge chegou a este ponto ao fazer troca atrás de trocas na esperança de estocar escolhas de Draft  e formar um pacote que se tornasse irresistível e que lhe pudesse executar mais uma negociação que lhe desse um craque, como já havia que feito por Kevin Garnett e Ray Allen em 2007. As escolhas vieram, mas a tão sonhada transação envolvendo Kevin Love, não.

Smart e Young: duas raras certezas no time de Ainge e Stevens

Smart e Young: duas raras certezas no time de Ainge e Stevens

Agora, ele precisa resolver este impasse: no momento, o Celtics tem 20 jogadores com papelada assinada. No dia 28 de outubro, quando a temporada começar, este número precisa ser reduzido para 15. Obrigatoriamente. Destes, quatro deles podem ser dispensados sem… hã… problema – isso quando você consegue esquecer que está, na verdade, cortando, demitindo quatro pessoas. Os vínculos que podem ser rescindidos sem que o clube precise lhes pagar nada durante a temporada regular são de Christian Watford, Rodney McGruder e Tim Frazier, calouros convidados para o training camp, além do ala-pivô Erik Murphy, ex-Bulls, Jazz e Cavs, que chegou de última hora numa troca tripla.

Então tudo bem: o dirigente chegaria a 16. Ainda está sobrando um. Neste caso, as coisas ficam um pouco mais complicadas para se resolver. Pois os 16 atletas têm seus salários garantidos por todo o campeonato. Isto é, aquele que fosse desligado ganharia um belo cheque sem nem mesmo disputar um jogo sequer pelo time. O que os cartolas podem tentar fazer é acertar uma troca na qual a franquia só receberia uma escolha de Draft, os direitos sobre um jogador… Tudo menos um jogador. Ainge é um negociador quase compulsivo até e certamente já tem cenários em mente para seguir com esse plano – foi algo que conduziu Fabrício Melo, outro pivô brasileiro, para fora de Boston, inclusive, no ano passado.

Se não obtiver sucesso, aí, sim, teria de sacrificar um contrato. Mas qual?

É certo que os armadores Marcus Smart e Avery Bradley, o ala James Young e os os alas-pivôs Jared Sullinger e Kelly Olynyk jamais seriam mandados embora a não ser em uma negociação por uma estrela. Assim como Rajon Rondo, o melhor jogador do time. Ou Jeff Green, o ala que o clube parece dar muito mais valor do que a concorrência – cujo salário pode servir como grande peça para uma aguardada supertroca, da mesma forma que os de Brandon Bass, Marcus Thornton e Gerald Wallace (altíssimos e no último ano de duração). O pivô Tyler Zeller também ainda é jovem, tem grife, tamanho e bons fundamentos.

O que sobra? Se formos pegar pelos de menor valor, temos o ala-pivô Dwight Poweell, novato selecionado pelo Cavs no Draft e repassado para Boston ao lado de Murphy e Marcus Thornton, com salário de US$ 507 mil. O próximo da lista o armador segundanista Phil Pressey, com US$ 816 mil. Pressey, no entanto, é constantemente elogiado por Ainge e pelo técnico Brad Stevens. Faverani tem mais dois anos de contrato, mas só um deles é garantido, por US$ 2,09 milhões neste próximo campeonato. Há também o veterano Joel Anthony, com US$ 3,8 milhões para serem depositados. Matematicamente, Powell seria o corte mais barato. O canadense, revelado pela universidade de Stanford, membro de seleções de base, é três anos mais jovem que Faverani, no entanto, e vem batalhando na pré-temporada para tentar entrar na turma dos intocáveis.

Faverani não conseguiu jogar muito no primeiro ano de adaptação. Jogo exterior tem mais apelo

Faverani não conseguiu jogar muito no primeiro ano de adaptação. Jogo exterior tem mais apelo

E quanto ao brasileiro?

Vitor teve uma temporada de calouro na NBA irregular. Começou jogando muito, com direito ao incrível jogo de 18 rebotes e 6 tocos contra o Milwaukee Bucks no dia 30 de outubro, logo pela segunda rodada, mas viu seu tempo de quadra sendo reduzido gradativamente. Embora veterano de Liga ACB, o pivô passou pelo já tradicional período de adaptação ao basquete norte-americano – algo que Tiago Splitter e Mirza Teletovic, duas estrelas do campeonato espanhol, também encararam em San Antonio e Brooklyn, respectivamente.

Deslocado para a D-League, jogando pela filial Maine Red Claws, o brasileiro começava a ser produtivo (12,8 pontos, 9 rebotes, 2,8 assistências e 1 toco em 25 minutos) até sofrer a grave lesão. No geral, pela liga principal, o atleta disputou 37 partidas, com médias de 4,4 pontos, 3,5 rebotes em 13,2 minutos – numa projeção por 36 minutos, o rendimento é ótimo. Mais do que os números, o brasileiro possui características difíceis de se combinar e que valem muito na NBA moderna: o potencial para converter tiros de longa distância e ao mesmo tempo ajudar na defesa interior, com boa capacidade para tocos.

“Acho que ele provou que é bom. Quando ele estava recebendo minutos de nós e quando estava jogando na D-League, acho que ele provou a todos que é um jogador de NBA”, avaliou Ainge ao final da temporada. “Ele foi o único cara de nosso time que tinha, na verdade, qualquer tipo de presença na frente do aro. Mas uma vez que o (Kris) Humphries estava jogando bem, assim como Brandon, Kelly e Sully, foi duro para ele entrar na rotação. Teve também uma dificuldade com a língua e a cultura, mas, em termos de talento, acreditamos que ele definitivamente é um jogador de NBA. Gostaria de contratar mais um jogador que proteja o aro, mas acho que o Vitor provou que pode ter um papel no nosso time.”

As declarações eram animadoras – ainda que não pudessem ser levadas a ferro e fogo. Faverani pode ter mostrado talento, mas ao mesmo tempo não foi suficiente para ele entrar no time de Stevens, mesmo que o técnico tivesse carências na proteção da cesta e do garrafão. O diretor elogia e aponta alguns problemas. Vai ser político ao falar de seus jogadores. Dessa forma, a pré-temporada seria essencial para que o pivô mostrar serviço, evolução, justificando o investimento nele.

Vitor Faverani, Boston

Boston obviamente precisa de ajuda no garrafão, conforme mostrou contra o Bucks. Faverani entra nessa?

Acontece que seu joelho não ficou bom, nem mesmo com o tempo de descanso nas férias – período no qual precisou responder sobre um acidente de trânsito na Espanha, levantando suspeitas de que estaria embriagado, algo que ele negou de modo veemente. O tipo de incidente que não pega bem nos Estados Unidos e que a franquia não desmentiu, mas sobre o qual também não anunciou nenhuma punição.

O brasileiro se apresentou a Stevens ainda dores e inchaço, que o impediram de treinar direito. Passou por mais algumas baterias de exame de ressonância magnética, mas nada foi constatado. Constantemente questionado a respeito, o técnico já não sabia mais o que dizer aos repórteres. Até que o pivô decidiu viajar para a Espanha para consultar um médico com o qual é mais familiar. Chegou a Murcia e, dias depois, optou pela segunda cirurgia, que lhe deve afastar das quadras por seis a oito semanas. A pior hora possível, considerando o cenário exposto acima.

Quando indagado se havia a possibilidade de Faverani ser dispensado, Stevens afirmou que não havia conversado a respeito com seus superiores. O site Sportando afirma que existe essa hipótese, que ela vem sendo discutida. O jogador vai passar as primeiras duas semanas de recuperação em solo espanhol, adiando o retorno a Boston. Resta saber agora se o seu potencial vai prevalecer em meio as contas que Danny Ainge precisa fazer. A passagem de volta depende muito disso.


Vai começar: a Euroliga 2014-2015 em números
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Giancarlo Giampietro

O Barcelona conta com um dos brasileiros da Euroliga. Vocês sabem quem, né? Na foto

O Barcelona conta com um dos brasileiros da Euroliga. Vocês sabem quem, né? Na foto

O basqueteiro sabe: quando chega outubro, o que ele mais ouve é: “Vai começar”.

Pois vai começar nesta quarta-feira a Euroliga de basquete, com um monte de jogadores que nos fizeram companhia durante a Copa do Mundo, dois brasileiros e o MarShon Brooks. Abaixo, alguns dados a respeito da segunda principal liga de clubes do mundo, que será transmitida no Brasil com exclusividade pelo canal Sports+, da SKY, time do qual farei parte novamente.  Jajá voltamos aqui com os times e jogadores para se ficar de olho, um contexto maior sobre os dois brasileiros no páreo – Marcelinho Huertas e JP Batista – e qualquer coisa que dê na telha.

Vamos lá, anotando:

76 – São 76 os jogadores dos Estados Unidos inscritos na competição, disparado o país com maior número de participantes no torneio. Em média, são mais de três por elenco. O atual campeão e vítima do Flamengo Maccabi Tel Aviv foi o que mais importou da fonte: oito! Mas nem todos são registrados como ianques, porém. No clube israelense, por exemplo, são três com cidadania local: o ala Sylven Landesberg e os pivôs Alex Tyus e Jake Cohen. Há americanos croatas, americanos bósnios, americanos belgas, e por aí vai.

Teodosic. Quem se lembra dele?

Teodosic. Quem se lembra dele?

66,6% – Da seleção sérvia que derrotou o Brasil pelas quartas de final da Copa, 8 atletas – ou 66,6% – jogam em clubes da Euroliga. O terror Milos Teodosic segue no CSKA Moscou, enquanto o pivô Nenad Krstic deixou a capital russa para jogar pelo Anadolu Efes, da Turquia. Em Istambul ainda aparecem o prodígio Bogdan Bogdanovic e o classudo Nemanja Bjelica, pelo Fenerbahçe. O pivô Vladmir Stimac saiu do Unicaja Málaga para o Bayern de Munique, mas o clube espanhol, por sua vez, completou sua cota com o armador Stefan Markovic. O Estrela Vermelha, único time do país disputando a competição, conta com os outros dois: o armador reserva Stefan Jovic e o atlético ala Nikola Kalinic. De resto? Miroslav Raduljca levou seus talentos, barba e Harleys para a China; Rasko Katic está em Zaragoza, Stefan Bircevic, em Madri (pelo Estudiantes) e Marko Simonovic, na França (pelo Pau-Orthez). O contingente sérvio, claro, não se limita a eles. Fora do Estrela, há mais nove jogadores espalhados pelo continente.

41 – É o número de atletas com experiência de pelo menos uma temporada regular completa na NBA – descartei os jogadores de contratos temporários, não-garantidos, com uma ou outra partida oficial ou amistosos de pré-temporada. Os dois que têm mais rodagem são Andrés Nocioni, nosso bom e velho e amigo, com  12.654 minutos (contando playoffs) e Krstic, com 11.252 minutos. Da safra nova, vale ficar de olho no que vão aprontar os alas MarShon Brooks (aquele mesmo ex-Nets, Celtics, Warriors, Lakers, seguidor de Nick Young, sem o carisma, mas que julga ser tão bom quanto um jovem Kobe Bryant e agora defende o Olimpia Milano), James Anderson (raro caso de talento mal desenvolvido em San Antonio, ex-Sixers, hoje no Zalgiris Kaunas) e Orlando Johnson (ex-Pacers e Kings, no Baskonia/Laboral Kutxa).

33,3% – Um terço dos clubes desta temporada não disputaram a última edição do campeonato: Dínamo Sassari (Itália), Nizhny Novgorod (Rússia), PGE Turow Zgorzelec (Polônia), Neptunas Klaipeda (Lituânia), todos estreantes, além de Limoges (da França, longe do torneio desde 1998), Valência (Espanha, desde 2011), Cedevita Zagreb (Croácia, desde 2013) e UNICS Kazan (Rússia, desde 2012).

Parla, Ginóbili!

Parla, Ginóbili!

13 – Há 13 anos que um clube da Itália, o país mais vencedor do torneio, não ganha leva o troféu para casa. O último foi o Virtus Bologna de um jovem Manu Ginóbili, em 2001, temporada na qual os times acabaram divididos em duas competições – a segunda com o nome de SuproLeague, ainda sob gestão da Fiba, que não foi adiante.

12 – No mapa da Euroliga, uma dúzia de países estão representados. A Espanha apresenta o maior contingente: cinco times (Barcelona, Baskonia/Laboral Kutxa, Málaga, Real Madrid e Valência). Rússia (CSKA Moscou, Nizhny Novgorod e UNICS Kazan) e Turquia (Anadolu Efes, Fenerbahçe e Galatasaray) têm três cada. Depois temos dois da Itália (Olimpia Milano e Dínamo Sassari), dois da Lituânia (Zalgiris Kaunas e Neptunas Klaipeda), 2 da Alemanha (Alba Berlim e Bayern de Munique), 1 da França (Limoges), 1 de Israel (Maccabi), 1 da Croácia (Cedevita Zagreb), 1 da Polônia (Turów Zgorzelec) e da Sérvia (Estrela Vermelha).

9 – A atual edição conta com nove campeões continentais, listados aqui pela ordem cronológica de seus primeiros títulos: CSKA Moscou (1961), Real Madrid (64), Olimpia Milano (66), Maccabi Tel Aviv (77), Limoges (93), Panathinaikos (96), Olympiakos (97), Zalgiris (99) e Barcelona (2003). Detalhe: o campeonato europeu de clubes só passou a ser disputado com o nome de Euroliga em 2001).

8 – Tal como acontece no futebol, o Real Madrid é o clube com mais títulos europeus, com oito. Da mesma forma que também acontecia nos gramados – até levantarem a taça na temporada passada –, os merengues aguardam há tempos, porém, a nona. Não sobem ao degrau do pódio desde 1995. Maccabi, CSKA e Panathinaikos têm seis títulos cada um.

Sergio Rodríguez, Señhor Barba MVP

Sergio Rodríguez, Señhor Barba MVP

5 – A Euroliga ainda tem um quinteto de MVPs em atividade nesta edição. Dificilmente eles poderiam jogar juntos, porém, já que estamos falando de cinco armadores: Juan Carlos Navarro (2009), Milos Teodosic (2010), Dimitris Diamantidis (2011) Vassilis Spanoulis (2013) e Sérgio Rodríguez (2014). Obs: o destaque de 2012 foi Andrei Kirilenko, ex-CSKA, durante a temporada do lo(u)caute da NBA.

3 – Uma tradição da Euroliga é a eleição dos MVPs de cada mês, assim como a NBA faz. O Barcelona tem uma curiosidade em seu plantel: com três prêmios cada um, Navarro e Ante Tomic são os dois recordistas nesse quesito. A longevidade de La Bomba impressiona: seus três troféus estão espalhados entre janeiro de 2006 e janeiro de 2011. Já o talentosíssimo pivô croata arrebentou na edição passada, faturando dois em sequência em fevereiro e março.

2 – Guerra da Cisplatina! Argentina, Brasil e Uruguai têm a mesma quantia de jogadores na Euroliga 2014-15: um par cada. Por essa você não esperava, né? Marcelinho Huertas (Barça) e João Paulo Batista (Limoges) fazem as vezes dos tupiniquins, enquanto Nocioni e o enjoado Facundo Campazzo representam os argentinos pelo Real Madrid. O espírito charrúa fica por conta do imortal Esteban Batista (Panathinaikos) e do armador Jayson Granger (Málaga). Obs: o jovem ala-pivô brasileiro Daniel Bordignon pertence ao Baskonia, mas foi emprestado para o Navarra, da Liga Adecco Oro, segunda divisão espanhola.

0 – O Cedevita Zagreb é o único time de todo o campeonato que não conta com nenhum jogador dos Estados Unidos em seu plantel. Em meio aos croatas, o único estrangeiro sob a orientação de Jasmin Repesa é o bósnio Nemanja Gordic, se é que isso pode ser considerado um forasteiro.


Fratura no pé pode afastar Durant por mais de 2 meses
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Giancarlo Giampietro

Kevin Durant, OKC Thunder, scorer

Domingo, faz muito calor em São Paulo, e o que mais você lê por aí são notícias de rescaldo do grande evento que a NBA fez no Rio de Janeiro na véspera. Sabemos que sempre vai ter gente emburrada pacas a detonar tudo, absolutamente tudo que se passou ao redor do amistoso entre Cleveland Cavaliers e Miami Heat, mas o saldo geral é de absoluto sucesso. Céu azul, gente, céu azul.

Até que… chega o alerta no celuar:

“KEVIN DURANT INJURY UPDATE.”

Ué, mas quem sabia que o ala do Oklahoma City Thunder estava lesionado, para começo de conversa?

Você abre o boletim oficial da franquia, divulgado pela própria liga norte-americana, e a cabeça meio que gira. As palavras-chave estão por ali, meio que espalhadas: fratura, possível cirurgia, fora de seis a oito semanas etc. Aquele pacote básico de informação que deprime qualquer um. Quando o sujeito do email, porém, é um Kevin Durant, a depressão chega muito mais forte.

Primeiro, pela razão óbvia, né? Estamos falando do MVP da temporada passada. Um dos dois melhores jogadores do mundo. Um cestinha incrível, que liderou a liga, por média, em quatro das últimas cinco edições. Que, em total de pontos, foi quem mais fez cestas em todos estes cinco anos, nos quais os 27,7 por partida de 2010-11 foram a menor contagem. Um craque.

Acima de tudo, porém, Durant é um junkie do basquete, daqueles que deve dormir com a bola ao lado do travesseiro, que jogou até… Literalmente não poder mais. Quer dizer: que pulou a última Copa do Mundo no meio do caminho e, de resto, estava sempre em quadra, sem parar.

Durant foi associado a Thor, o Deus do Trovão na brincadeira entre Marvel, ESPN e NBA em 2010. Mas ele estava muito mais para Homem de Ferro, mesmo

Durant foi associado a Thor, o Deus do Trovão na brincadeira entre Marvel, ESPN e NBA em 2010. Mas ele estava muito mais para Homem de Ferro, mesmo

Bem, segundo comunicado de OKC, com declaração do gerente geral Sam Presti, o clube e o jogador ainda não decidiram qual procedimento seguir. Durant tem o que se chama de “fratura Jones”, no pé direito. “Kevin nos avisou sobre o desconforto que sentia depois do treino de ontem. Fizemos, então, todos os estudos de imagem necessários”, afirmou. “O tratamento tradicional para esta lesão requer um procedimento cirúrgico, e os casos recentes na NBA têm resultado num retorno ao jogo entre seis a oito semanas. Até que uma decisão seja tomada, não poderemos estabelecer um prazo para o caso específico de Kevin.”

Caso confirmem um período de afastamento das quadras de até dois meses para Durant, ele terá perdido 20 partidas da temporada. No total, em sua carreira, o ala ficou fora de apenas 16 jogos em sete campeonatos. A exuberância do ala não se manifestava apenas em seu talento com a bola e  na evolução que apresentou ano a ano em seu jogo, mas também em sua durabilidade: nas últimas cinco campanhas ele também liderou a liga em total de jogos e minutos. Contando temporada regular e playoffs, ele disputou 461 partidas e ficou em quadra por 18.154 minutos. Somem mais 468 minutos entre Mundial de 2010 e Olimpíadas de 2012, e temos dá mais de 310 horas de basquete.

(Aqui, cabe uma ironia, daquelas bem dolorosa, mas cujo registro se faz obrigatório: considerando o movimento emergente nos bastidores da NBA para afastar os astros da liga das competições Fiba, tendo a fratura de Paul George como principal cartaz, o que vão dizer a respeito da grave lesão sofrida por outro astro, sem ter relação alguma com os torneios de seleção? Um astro que notoriamente se recusou a participar da Copa ao alegar estresse, desgaste, que não conseguiria se dedicar ao máximo – e que estava em meio a uma negociação de centenas de milhões de dólares com patrocinadores? Mark Cuban e todas as fontes anônimas da famigerada matéria de Wojnarowski devem estar confusos.)

Atentem ao termo empregado por Presti em sua declaração: “tratamento tradicional”, implicando que talvez haja outros caminhos para serem seguidos. O mais simples seria fazer a operação o quanto antes e torcer para que sua recuperação ocorra em até um mês e meio. Mas cada caso é um caso, dependendo da gravidade da lesão etc – e os médicos do clube e os representantes do atleta precisam antes chegar a um acordo sobre como proceder com essa fratura que ocorre no osso do dedinho, geralmente na parte média do pé. Ela ganhou esse nome depois de ter sido detectada pelo ortopedista Robert Jones, um renomado médico galês, com título de Sir e tudo, em 1902. Detalhe: o doutor sofreu a fratura ao dançar.

Dos casos mais recentes de jogadores que tenham sofrido esse tipo de lesão,  o mais emblemático é o de Yao Ming, o dócil e gigantesco chinês que abreviou sua carreira na NBA devido ao excesso de lesões. Obviamente essa menção só faz os torcedores de OKC e os fãs de Durant mergulharem ainda mais fundo num mar de aflição, mas talvez não dê para fazer relação alguma entre um jogador de 2,31 m de altura superpesado e um ala de 2,08 m peso pena.

Em entrevista a Royce Young, do ESPN.com, Presti procurou refrear o alarmismo que esse tipo de notícia causa. Especialmente num domingo de manhã. O cartola afirmou que a “fratura Jones” é a lesão mais comum entre jogadores da NBA e que o fato de o craque ter acusado o desconforto o mais cedo possível é positivo, para não dar chance de agravamento. “Diante de uma adversidade, estamos agora procurando por oportunidades. Nesse tipo de situação, você desiste ou avança, e nós vamos avançar”, disse. Agora vamos ter de saber como o clube vai seguir em frente pela primeira vez sem Kevin Durant.


Corra, Flamengo, corra: o desafio do 1º jogo nos EUA
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Giancarlo Giampietro

O pequenino Isaiah Thomas é um dos que vão acelerar contra o Flamengo

O pequenino Isaiah Thomas é um dos que vão acelerar contra o Flamengo

Encarar um time de NBA já é um baita desafio do ponto de vista técnico. Quando o Flamengo entrar em quadra nesta terça, em Phoenix, é melhor que respirem fundo. Não só para controlar a ansiedade, mas guardar o fôlego, mesmo, que o Suns promete correr muito. Correr demais, mesmo, atendendo aos pedidos do técnico Jeff Hornacek.

Quem diria, né?

Para esmagadora parte da audiência brasileira, Hornacek foi apresentado como uma das peças metódicas do ultracontrolado Utah Jazz de Jerry Sloan dos anos 90. Era o principal coadjuvante da dupla Stockton-Malone, num time de abordagem bastante sistemática no ataque. No início de sua carreira na liga, porém, Hornacek era um veloz ala-armador a serviço do Suns, um clube que tem tradição no basquete de correria.

Em seu retorno ao Arizona, num dos melhores trabalhos da temporada passada, o treinador insistiu que seu time fizesse da aceleração seu modos operandi. A equipe acabou liderando a tabela de pontuação no contra-ataque, com 18,7 em média por jogo, subindo da 14ª posição que teve em 2012-13. Um progresso e tanto, mas não o bastante para satisfazer o comandante.

Hornacek, sádico, nem sua

Hornacek, sádico, nem sua. Aí é fácil, professor

De certa forma, Hornacek tem razão. O Suns pode ter apresentado um ataque em transição bastante eficiente, mas, em linhas gerais, não foi o time que mais correu na campanha passada. No cálculo de posses de bola por partida, o ritmo de jogo, seu time terminou em oitavo. Para o traning camp deste ano, então, o treinador levou a rapaziada para a altitude de mais de 2.100 m de Flagstaff, no norte do estado, forçando naturalmente a melhora do condicionamento físico de seus atletas.

“Queremos estar entre os três primeiros. A ideia é realmente repor a bola e partir com ela. Colocar pressão nas outras equipes. Temos um elenco grande, então sentimos que é possível. Então é isto: estamos forçando esses caras a alcançar o nível de forma física necessário para que possam correr”, afirmou. “Quando pegamos a bola depois de uma cesta, somos um pouco lentos ao sair para oa taque.

O Suns treinou por dois períodos ao dia em Flagstaff até a realização de um coletivo aberto para os torcedores no sábado. Deram uma palhinha do que podem fazer, embora Hornacek espere mais. “Não acho que eles foram tão rápidos como eu queria. Mas, para um training camp, foi  muito bom.”

Para o primeiro teste do time de Phoenix na pré-temporada, a ideia do treinador é usar diferentes escalações a cada cinco ou seis minutos, para manter o ritmo desejado. Preservar as pernas de Goran Dragic, Eric Bledsoe e do reforço Isaiah Thomas, todos muito velozes com a bola.

Ele espera usar todos os 17 atletas que estão disponíveis, incluindo os jogadores convidados para a fase de treinamento, como o pivô Earl Barron (já de boa rodagem na NBA) e os calouros Joe Jackson, Casey Prather e Jamil Wils. A conferir. O pivô Alex Len, com mais uma fratura na mão, e o ala-pivô Anthony Tolliver, também com a mão lesionada, são desfalques.

Os flamenguistas estão, então, avisados. O amistoso promete ser intenso em muitos sentidos.

*   *   *

Para contextualizar: desde que foi derrotado pelo Fla no Rio de Janeiro, perdendo a Copa Intercontinental, o Maccabi Tel Aviv já disputou dois amistosos contra adversários da NBA. Perdeu ambos. Nesta terça-feira, enquanto Bruno Caboclo fazia das duas pelo Toronto Raptors, o clube israelense perdia para o Brooklyn Nets: 111 a 94. No primeiro jogo, mais uma surra: 107 a 80 contra o Cleveland Cavaliers de seu ex-treinador, David Blatt.

Em ambos os jogos, o armador Jeremy Pargo, grande destaque individual dos embates no Rio, mostrou que a defesa rubro-negra não precisa se avexar pela dificuldade que passou. Contra o Cavs, o americano somou 18 pontos, 5 assistências e 4 rebotes. Contra o Nets, brilhou com 27 pontos, 7 assistências e 6 rebotes. A Euroliga promete para o jogador.

*    *    *

Três flamenguistas têm experiência de NBA no currículo: Marquinhos, Walter Herrmann e Derrick Caracter. O pivô americano, que só tem mais três jogos previstos pela equipe carioca, foi o último a jogar na grande liga, em 2011, pelo Los Angeles Lakers. Juntos, eles somam 2.326 minutos de experiência (o equivalente a 48 partidas na íntegra). Herrmann foi responsável por 1.939 desses minutos. No elenco do Phoenix Suns, o trio não vai encontrar nenhum de seus ex-companheiros.

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Leandrinho é ponto comum entre Flamengo e Phoenix. Durante o lo(u)caute da NBA, o ala-armador disputou seis partidas do NBB vestido de vermelho e preto. No Arizona, vocês sabem, ele se tornou um atleta bastante popular. Em oito temporadas pelo clube do Arizona, o ligeirinho acumulou 486 minutos, 12.072 minutos (média de 24,8) e 6.024 pontos (12,4).


Dupla Augusto-Raulzinho começa arrebentando na Espanha
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Giancarlo Giampietro

Augusto e Raul, companheiros de Sul-Americano, reunidos. (Foto do Instagram do pivô)

Augusto e Raul, companheiros de Sul-Americano, reunidos. (Foto do Instagram do pivô)

Vamos aguardar ansiosamente as cenas dos próximos capítulos. Porque o primeiro já foi de arrebentar: neste domingo, na abertura da Liga ACB espanhola 2014-15, a dupla Augusto Lima e Raulzinho começou arrebentando a boca do balão – e também um dos times mais fortes da competição, o Valencia, causando a grande surpresa da jornada, numa vitória por 85 a 76.

Em tempo: salvo uma grande zebra, Real Madrid ou Barcelona serão campeões, com elencos estelares que estão entre os três, quatro melhores de toda a Europa na certa, e precisam ser acompanhados por qualquer basqueteiro que queira ver um produto extremamente qualificado além da NBA. Para o basqueteiro brasileiro, porém, o time a ser visto é o modesto, mas decente clube localizado ao sudeste do país, com duas das nossas maiores revelações reunidas por uma temporada toda. Augusto já estava lá, e a ele se juntou o armador, vindo do Gipuzkoa Basket, de San Sebastián.

Segundo diversos relatos – como o do site oficial da equipe –, o pivô e o armador, titulares, já apresentaram uma boa química em quadra neste domingo, e a coisa só vai melhorar com a sequência de treinos e partidas. São dois atletas de primeiro nível para os padrões europeus, explosivos e agressivos, que podem machucar, e muito, qualquer defesa no jogo de pick-and-roll.

Já um dos destaques da temporada passada na Espanha, misteriosamente ignorado por Rubén Magnano na seleção principal, além de subutilizado por José Neto no time do Sul-Americano, Augusto sinaliza estar empenhado para subir mais um degrau.  “Foi uma grande partida do Augusto. Ele demonstrou o compromisso que tem com o clube”, disse o técnico Diego Ocampo, que inicia seu trabalho pelo Murcia. Prestes a completar 38 anos, ele assume um clube adulto pela primeira vez desde 2007, tendo assistido Aito García, pelo Sevilla, nas últimas duas temporadas. Antes, havia sido auxiliar de Joan Plaza. Ótimos professores, registre-se.

“Grande partida” talvez seja até eufemismo, minha gente. Confiram a impressionante linha estatística do brasileiro: 22 pontos, 7 rebotes (3 ofensivos), 4 roubos de bola e 2 tocos em apenas 27 minutos. Mais que isso, acertou 10 de seus 11 arremessos, sem tomar conhecimento do croata Kresimir Loncar, ou do ucraniano Serhiy Lishchuk, dois pivôs experientes e com maior cartaz na Europa. Ainda foi seis vezes para a linha de lance livre, mas aí falhou, convertendo apenas três. No saldo de todos os seus números, atingiu a elevada marca de 31 pontos de valoração, a melhor da rodada até o fechamento deste texto (restavam mais três jogos).

Augusto, em uma de suas quatro enterradas numa estreia de arromba. Alô, Magnano...

Augusto, em uma de suas quatro enterradas numa estreia de arromba. Alô, Magnano…

Em sua estreia, Raulzinho marcou 13 pontos em 26 minutos, matando 5 em 9 tentativas de chute, convertendo seu único disparo de três pontos. Cometeu três turnovers, mas recuperou a bola em duas ocasiões e liderou o time em assistências (6). Com 16 pontos de valoração, teve o terceiro maior índice da sua equipe, atrás também do ala-pivô José Ángel Antelo (20).

Antelo, aliás, é o principal companheiro de Augusto no garrafão. Revelado pela base do Real Madrid, já foi uma grande aposta da Espanha, estreando na primeira divisão com 16 para 17 anos. Sua transição para o profissional, porém, não foi das mais fáceis. Constantemente cedido por empréstimo pelo Real, rodou o país até se firmar em Murcia, ao qual chegou em 2012. Na primeira rodada, o sérvio Nemanja Radovic foi quem complementou a rotação de “grandalhões” – que nem são tão grandes assim, numa combinação de pivôs bastante ágeis, leves. Com 23 anos, ele deixou o Mega Vizura, da Sérvia, em fevereiro e se juntou ao clube espanhol.

Quer dizer: o Murcia vai para a temporada tendo o pivô brasileiro como sua principal referência no jogo interior, mesmo. Uma situação promissora. Hora de ficar (mais) de olho em seu progresso como um protagonista em um clube de Liga ACB. Clube, é verdade, que não vai brigar pelo título, está longe dos maiores orçamentos do país, mas ao menos se mantém na elite do país desde 2011. O clube de futebol da cidade está na Segundona.

Na rotação exterior, Raulzinho teve a companhia no quinteto titular do veteranaço Carlos Cabezas, compondo uma dupla armação. Cabezas deu cinco assistências. Juntos, então, deram 11 passes para cesta, superando toda a equipe adversária, que somou 10. Aqui vale o reforço: do outro lado da quadra estava um Valencia que foi semifinalista no ano passado e vai disputar a Euroliga deste ano.

O Murcia perdeu o primeiro quarto por nove pontos de diferença, permitindo que seu adversário marcasse 27 em 10 minutos. Muito. Reagiu, contudo, nas duas parciais seguintes, levando apenas 31 em 20 minutos, para abrir 11 pontos no placar. “Passamos por um mal momento, mas conseguimos solucionar isso com uma boa defesa. Jogamos como guerreiros. Nos momentos ruins, a torcida continuou com a equipe. Espero que sigamos transmitindo energia”, afirmou o técnico Ocampo.Energia, a gente sabe, é o que não falta no basquete de Augusto e Raulzinho. Agora é ver que tipo de estrago os dois podem aprontar, juntos, em uma longa e instigante temporada pela frente.

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Huertas contra sua ex-equipe

Huertas contra sua ex-equipe

O Barcelona de Marcelinho Huertas, atual campeão, já conseguiu um belo resultado na primeira rodada ao vencer o Baskonia (“Laboral Kutxa”) por 87 a 65, em casa. Foi um confronto de dois clubes de Euroliga. A diferença entre os elencos, porém, é bastante grande, ainda com o agravante de a equipe basca, que já teve o próprio Huertas e Tiago Splitter em seu plantel, ter um novo técnico e diversos jogadores para adaptar.  O Barça fez algumas trocas importantes, mas ainda mantém um núcleo consolidado, do qual faz parte o armador brasileiro, que jogou por quase 30 minutos e contribuiu com 13 pontos, 4 assistências, 3 roubos de bola (mais seis turnovers, registre-se).

Depois de anos de parceria e concorrência com Victor Sada, Huertas agora vai dividir a armação do time catalão com o tcheco Tomas Satoranksy, de 23 anos e anormais 2,01 m de altura para a posição. Satoransky está na Espanha há cinco temporadas já, sendo desenvolvido como prospecto pelo Sevilla. Os bravos torcedores do Washington Wizards já o conhecem, uma vez que o jovem atleta foi draftado pela franquia em 2012. No jogo de abertura, porém, ele não foi para a quadra. Ao contrário de Justin Doellman e Tibor Pleiss, principais reforços de Xavier Pascual.

Grande figura do Valencia na última campanha, sendo eleito inclusive o MVP do campeonato, Doellman subtitui Erazem Lorbek no quinteto inicial do Barcelona, ao lado de Ante Tomic. Desses americanos que passa despercebido pela NBA e se torna uma estrela na Europa, o ala-pivô somou 9 pontos, 7 rebotes e 3 assistências em 25 minutos. Já Pleiss, que veio do Baskonia, anotou 12 pontos e pegou 7 rebotes em apenas 12 minutos de jogo – uma apelação do clube catalão, tendo um pivô talentosos desse como um mero reserva para Tomic.

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O Real Madrid também venceu bem: 70 a 57 contra o Gran Canaria. Depois de uma campanha exuberante, mas de final frustrante na temporada passada, a equipe da capital ao menos já aliviou a barra do técnico Pablo Laso ao conquistar a Supercopa, derrotando o Barça no final de semana passado. Sem a versatilidade e habilidade de Nikola Mirotic, mas com a consistência e eficiência de Gustavo Ayón (10 pontos e 13 rebotes em 27 minutos), o Real vem com um plantel talvez ainda mais poderoso. Andrés Nocioni e Facundo Campazzo, por exemplo, são reservas e tiveram, respectivamente, 13 e 15 minutos, de tempo de quadra. Estreante no basquete europeu neste ano, porém, o enjoado Campazzo já começa a deixar sua marca.


Nádia: a dificuldade para se reconhecer e trabalhar um talento
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Giancarlo Giampietro

Nádia Colhado e Clarissa: características que se combinam em forte garrafão

Nádia e Clarissa: características que se combinam em forte garrafão. Crédito: Divulgação/Inovafoto/Wagner Carmo

Você navega pelo Painel do Basquete Feminino e outros fóruns, e vê uma penca de comentaristas prontos para destilar qualquer veneno que esteja disponível naquela hora, naquele dia. No conforto do anonimato, estão dispostos a atacar qualquer coisa. Quando a pivô Nádia Colhado foi convidada para participar de um training camp pelo Atlanta Dream, da WNBA, essa turma ficou ouriçada.

Como pode? Não sabe jogar. Etc.

Porque o que essa turma mais sabe fazer é atacar, mesmo, embora não tenham 1,93 m de altura e agilidade fora do comum para alguém desse porte. Qualidades naturalmente raras, e o que o técnico Michael Cooper enxergou de cara, mas que a galerinha do contra jamais poderia ver ou perceber. A oferta do Atlanta Dream e a provação a que se submeteu, vencendo uma série de cortes para oficializar sua passagem pela liga norte-americana só servem para confirmar o potencial ainda a ser explorado.

Sonhando e aprendendo em Atlanta

Sonhando e aprendendo em Atlanta

Aí ficou difícil para os mais raivosos, que parecem não entender que esta é uma história recorrente no basquete brasileiro, ainda mais no feminino, em que os clubes minguam, a gama de talentos e treinadores vai se reduzindo, compondo um cenário não muito favorável ao desenvolvimento de seus prospectos. Tal qual Nádia, que, aos 25 anos, neste cenário, ainda deve se assumir “muito jovem”. Ela sabe que ainda não está plenamente formada. Aliás, quem está? Os grandes não nos cansam de dar exemplos sobre como há sempre algo a ser melhorado. Kobe Bryant que o diga.

De modo que, na temporada regular de 2014, a pivô da seleção participou apenas de 16 jogos de 34 possíveis, com média de 7,9 minutos por jogo. Neste tempo limitado de ação, o próprio Atlanta Dream reconhece sua produtividade ao apontar que, numa projeção por 30 minutos, suas médias seriam de 10,4 pontos e 6,9 rebotes. Para comparar, a estrela Érika terminou o ano com 13,9 e 8,7, respectivamente, em 29,6 minutos.

Na Copa do Mundo, ela ainda vai seguindo em frente em sua curva de aprendizado, novamente como reserva de Érika, num garrafão que merece respeito e poderia ser mais bem aproveitado, com jogadoras que se complementam bastante, com Clarissa e Damiris fechando a rotação. Um grupo de atletas que complementam muito bem uma a outra: a defesa interior e o chute de média distância de Nádia, por exemplo, além dos recursos de Damiris de frente para a cesta, da vitalidade e energia da Clarissa e da força da natureza que atende pelo nome de Érika.

Crédito: Divulgação/Inovafoto

Crédito: Wagner Carmo/Divulgação/Inovafoto

O blog enviou algumas perguntas para a pivô para que ela contasse mais sobre a experiência nos Estados Unidos, trabalhando sob a orientação do técnico Michael Cooper (um marcador implacável nos tempos de jogador e um dos companheiros prediletos de Magic Johnson no mítico Los Angeles Lakers dos anos 80), a expectativa de se manter no elenco do Atlanta Dream e as perspectivas de uma seleção ainda mais jovem que ela no geral. A entrevista foi feita antes do Mundial e viabilizada pelo Bradesco, patrocinador da CBB e das seleções brasileiras:

21: Qual foi o saldo de sua primeira temporada na WNBA? Você participou de 16 jogos de 34 possíveis na temporada regular, com tempo de quadra limitado. Mas imagino que o fato de estar rodeada pelas melhores do mundo, de treinar contra atletas de ponta já faça diferença. Existe a perspectiva de retornar para o próximo campeonato?
Nádia: Eles fizeram uma reunião após o final da temporada e se mostraram interessados, já que haviam gostado bastante do meu trabalho. Realmente tive pouco tempo de quadra, mas cheguei a atuar mais do que 20 min em alguns. Independentemente disso, qualquer minuto de quadra foi proveitoso. Tive um aprendizado muito grande em tão pouco tempo.  Treinei com a Érika, Sancho (Lyttle, pivô espanhola, estrela europeia) e Aneika (Henry, pivô americana) e aproveitei muito esse tempo que estive ao lado delas. Espero ter a oportunidade de voltar e aprender ainda mais.

Como é a rotina de treinos durante uma temporada da WNBA? Há tempo para fazer um trabalho individualizado com os técnicos? Seria mais com as assistentes Teresa Edwards e Karleen Thompson, ou também com o treinador Michael Cooper? Você acha que voltou à Seleção como uma jogadora melhor?
A rotina foi pesada. Os três sempre me puxavam para o treinamento especifico da posição, mas quem mais ficava ao meu lado era a Teresa. Os três são ótimos. Durante o camp, treinei oito horas por dia, e a maioria dos exercícios era especifica para pivô. Fiz um progresso muito grande em todos os fundamentos específicos, mas sou muito jovem e com certeza ainda tenho muita coisa a melhorar.

Foi uma surpresa o convite para participar do training camp ou algo já discutido com a Érika durante a liga nacional? E a satisfação de passar por tantos cortes e ter a WNBA no currículo? Era uma coisa mais de “aproveitar a experiência o máximo que pudesse”, ou estava confiante, determinada mesmo a entrar no time? 
Fiquei muito feliz. Lembro que quando acabou o jogo contra o Maranhão, o Michael Cooper (que estava no Brasil para observar Érika, sua atleta, e outros possíveis prospectos) me chamou para conversar. E foi aí que surgiu o convite para o camp. A Érika já havia me falado que ele estava vindo ao Brasil e da possibilidade de um convite. Mas, quando cheguei lá, me deparei com muitas jogadoras que também estavam participando desse camp, e todos os dias acreditava que  seria meu último dia lá. Mas o tempo foi passando, muitas, saindo, e eu ia ficando. Isso me deu muita força para dar ainda mais de mim e conquistar minha vaga ao lado de mais duas apenas. Uma delas foi a Shoni (Schimmel, armadora de 22 anos), que já havia sido draftada, então era uma vaga certa.

Para o Mundial, o Brasil levou um conjunto de pivôs muito sólido e versátil. Vocês são atletas cujas características combinam muito bem. É um ponto forte a ser explorado insistentemente?  Com um jogo de dentro para fora, mesmo?
Acho que principal ponto forte do Brasil é o jogo coletivo. As alas e armadoras são muito novas e muito rápidas. Claro que o setor das pivôs está muito bem estruturado e com certeza o treinador (Zanon) vai explorar isso muito bem. Algumas jogadas do Brasil são especificas com o trabalho de pivôs.

O Zanon vem conduzindo uma renovação no grupo. Até onde essa jovem seleção pode chegar? É mais realista pensar em um resultado expressivo no Rio 2016?
Estamos nesse momento focadas no Mundial e é aqui vamos buscar um resultado positivo hoje, claro que não será um trabalho fácil, mas é o que queremos. Em 2016, esse grupo deverá estar bem acima do nível atual e é uma situação natural de evolução e crescimento de um grupo que vem sendo muito bem preparado desde que esse processo de renovação iniciou. Vamos dar o máximo para chegarmos o mais longe possível.


Patrícia atinge maior pontuação da seleção após 2010
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Giancarlo Giampietro

Patrícia se soltou contra o Japão

Patrícia se soltou contra o Japão

A ala-armadora Patrícia Teixeira atingiu nesta terça-feira não só a melhor pontuação, de longe, na Copa do Mundo feminina de basquete. A jogadora também conseguiu a maior contagem de toda a sua temporada 2014 ao marcar 27 pontos e liderar o ataque brasileiro numa bela vitória contra o Japão, em Ankara, Turquia, que valeu para classificar a equipe para os mata-matas do torneio.

Nas duas primeiras rodadas do Mundial, a jogadora do São José, de 24 anos, havia anotado apenas três pontos. Todos eles contra a Espanha, depois de ter zerado na estreia contra a República Tcheca. Detalhe: os três pontos aconteceram na linha de lance livre. São números que ficavam bem aquém para uma titular de seleção brasileira, mas a verdade é que a jogadora, nada confortável em quadra, havia tentado apenas seis arremessos em 30 minutos no geral, errando todos eles. Até que triplicou sua média.

Os 27 pontos de Patty valem como a maior marca da seleção nesta Copa do Mundo, assim como a maior contagem desde os 32 que Érika anotou curiosamente também contra o Japão, pelo Mundial 2010. Ela igualou a quantia que Iziane somou contra a República Tcheca naquele esmo torneio, contra a República Tcheca, uma rodada depois da jornada excepcional da superpivô.

Contra as nipônicas, um time bastante ágil, mas física e atleticamente inferior, a brasileira se soltou, deslanchando especialmente no segundo tempo. Buscou a cesta em 17 ocasiões, com 11 acertos, para um aproveitamento mais que formidável de 64,7%, atacando tanto em infiltrações, com chutes em flutuação, jumpers ou bandejas (8-11, 72,7%), como convertendo 50% de seus disparos de fora (3-6), em 33 minutos. Sua pontuação se equivale a quase metade do que as asiáticas marcaram (48,2%). É uma das maiores atuações de sua jovem carreira, se não a mais importante.

Enfrentar a República Tcheca definitivamente não é a mesma coisa que uma defesa da LBF

Enfrentar a República Tcheca definitivamente não é a mesma coisa que uma defesa da LBF

Até, então, neste ano, sua melhor marca havia sido de 20 pontos que anotou pelo Ourinhos em vitória sobre o Brasília, no dia 8 de fevereiro, em casa. Embora tenha atingido esta soma ema penas 24 minutos e ela tenha valido por 48,7% da soma das suas adversárias, não há como traçar qualquer paralelo entre uma realidade a outra. Aqui, estamos falando de uma Copa do Mundo, a primeira vez em que a atleta atua em jogos oficiais pela seleção adulta fora das Américas. Sete meses atrás, estava em casa, no Monstrinho, enfrentando o time mais fraco da LBF, a liga nacional.

Em quadras brasileiras, Patrícia, que está de volta ao São José, clube que defendeu entre 2011 e 2013, vem tentando se inserir entre as principais atacantes. Em sua única temporada por Ourinhos – tradicional clube que, alegando falta de grana, congelou suas atividades na modalidade –, sua média foi de 11,06 pontos, em 29 minutos, sendo a 14ª da tabela geral do torneio. Sua segunda melhor marca individual foram os 19 pontos contra Americana, no returno, logo na rodada seguinte aos 20 contra as candangas.

(Aqui, um parêntese: foi uma aventura descobrir sua média e checar seus recordes pessoais, uma vez que o site oficial da LBF não oferece ao público fichas individuais de cada atleta, nem da temporada 2013-14, muito menos de edições passadas. Aí você consulta a lista de de cestinhas do torneio, e encontra duas Patrícias, ambas de Ourinhos, com médias de 11,06 e 10,94 pontos. Acontece que uma delas é a veterana Chuca. A outra, a Patty. E aí? Faz como? Bem, você primeiro consulta o Google para checar se a Patrícia número 7 é mesmo, a mais jovem. Confere. Aí, acessa jogo por jogo do clube no campeonato para tirar a limpo essa história. Em 16 partidas, a camisa 7 anotou 177 pontos. Divide na calculadora e chega aos 11,06. Eureka. Para constar: na temporada regular, em 14 confrontos, ela somou 159, com 11,38.)

Jogando no Vale do Paraíba, vinda do São Caetano, ela teve médias de 12,8 em 2012-13 (10ª), em 27 minutos, e 14,1 pontos em 2011-12 (11ª), em 31 minutos. Foi em 2013 que ela conseguiu seus recordes pessoais pela LBF. No dia 5 de março, foram 31 pontos em 35 minutos contra Araçatuba, numa vitória por 77 a 62, com 3-5 nos três pontos, 7-12 de dois pontos e 8-11 nos lances livres. No dia 18 de fevereiro, em derrota por 64 a 61 no Maranhão, igualou os 27 pontos que fez contra  japonesas, com 4-8 de três, 5-10 de dois e 5-6 nos lances livres. Os adversários eram os dois piores da temporada. Em 2012, ela também anotou 27 pontos contra São Caetano, no dia 28 de janeiro, em vitória por 71  a 55, com 2-4 de três pontos, 7-15 de dois pontos e 7-7 nos lances livres, em 31 minutos.

Patrícia tenta de longa distância, com mecânica estranha

Patrícia tenta de longa distância, com mecânica estranha

De novo: não dá para comparar esses picos em sua trajetória com o ela fez pelo encerramento da primeira fase da Copa do Mundo. Ainda assim, em declaração divulgada pela CBB, Patty não demonstrou tanta empolgação assim, dividindo o brilho da atuação com suas companheiras. “A vitória foi construída com nosso jogo coletivo e todas as jogadoras se ajudaram do início ao fim. Cada detalhe foi importante para conseguirmos esse resultado positivo. Entrei para ajudar o grupo, a defesa encaixou bem e com isso o ataque fluiu normalmente”, afirmou. “Fico feliz por ter contribuído com 27 pontos, mas divido esse momento com toda a equipe. Estamos confiantes e muito concentradas para as próximas partidas, decisivas.”

De fato, a ala-armadora desequilibrou o jogo em seu momento mais crítico, quando as japonesas reduziram uma diferença de 20 pontos para apenas seis na metade do terceiro período, mas o Brasil ganhou o jogo graças ao seu empenho defensivo, mesmo. Para tanto, além de plano de jogo e execução, contou claramente com seu maior vigor físico para oprimir o adversário. A própria Patty era, em geral, de 1,78m, era mais alta e rápida que as atletas com as quais duelou em quadra. Em sua primeira competição desse porte, vai se testando, assim como muitas de suas companheiras. Nas oitavas de final, contra as francesas, vice-líderes do Gruop B, é pedir demais que ela repita uma atuação dessas. Por outro lado, ela agora sabe que pode fazer muito mais do que havia apresentado nas duas primeiras partidas.

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Além de Érika e Iziane, confira as outras atletas brasileiras que chegaram aos 20 pontos seja na edição passada da Copa do Mundo ou nos Jogos Olímpicos de 2012: Clarissa marcou 21 pontos contra o Canadá em Londres;  a ala Karla fez 22 contra a Austrália em Londres; a armadora Helen chegou a 20 contra Mali em 2010; por fim, a pivô Alessandra marcou 21 pontos num segundo confronto com o Japão naquele Mundial. A jovem Damiris tem os 22 pontos contra o Chile como sua partida mais produtiva, mas pelo Sul-Americano.

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Em dados fornecidos pela CBB, confira os números de Patrícia na base:

Mundial Sub-19 Eslováquia 2007: 71pts/8 jogos (8,8).

Copa América Sub-18 Argentina 2008: 73pts/5 jogos (14,6)

Sul-Americano Sub-17 Equador 2007: 66pts/5 jogos (13,2)

Sul-Americano Sub-15 Equador – 2006: 99pts/6 jogos (16,4)


Plantão Fashion Week: os verdadeiros shorts estão de volta
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Giancarlo Giampietro

Vocês dão licença, por favor, para uma edição extraordinária do Plantão 21 na Fashion Week do basquete, tá?

Stockton, um ícone fashionista!?

Stockton, um ícone fashionista!?

É que o Chris Douglas-Roberts, um cestinha competente que acabou de assinar com Los Angeles Clippers, mas de personalidade muito maior que o seu jogo, está determinado a por fim ditadura do bermudão nas quadras, resgatando calções um pouco mais curtos, que foram banidos do convívio social e atlético em meados dos anos 90. Os bons, velhos e legítimos shorts. Ou talvez nem curtos assim, mas vamos lá.

CDR, como gosta de ser chamado, já havia anunciado sua medida estilística preferida no início do mês, mas muita gente achou que era ele fazendo graça novamente. “Disse para o Clippers que vou vestir o número 14 neste ano e que preciso de shorts médios. Eles perguntaram se era isso, mesmo. Aí eu disse que, sim, tipo o (John) Stockton. Vai ser um ano divertido”, afirmou.

Vocês viram, né? Roberts quer chamar a atenção e dar uma zoada geral, mas ficou no meio termo. Citou John Stockton feito uma blasfêmia, uma vez que pediu calção médio, em vez de um modelo legitimamente curto. Quando questionado a respeito de sua decisão, ele simplesmente disse que “nunca curtiu muito os shorts compridos”. “Shorts curtos são o que há, cara. Apenas os tontos jogam com shorts compridos, parecendo unsBone Collectors“, disse o ex-jogador do Charlotte Bobcats-hoje-Hornets e New Jersey Nets, por onde teve passagem turbulenta.

Veja abaixo como ficou, durante a gravação de alguns clipes antes do Media Day e da abertura do training camp em Los Angeles. A temporada está chegando…

Sim, são shorts médios

Sim, são shorts médios

Não sabemos exatamente se CDR, ex-companheiro de Derrick Rose na universidade de Memphis sob o comando de John Calipari, iniciou uma revolução fashionista basqueteira, mas o fato é que, na semana passada, o Zalgiris Kaunas levou as coisas além. Ou melhor, recuou as coisas ainda mais em uma sessão de fotos:

Ao centro, Robertas Javtokas, um pivô velha escola devidamente trajado

Ao centro, Robertas Javtokas, um pivô velha escola devidamente trajado

Ainda não temos certeza se eles vão ser capazes de entrar em uma partida de Euroliga vestidos desta maneira, também com o meião esticado, mas já fica desde já a torcida. E se a moda espalha? No Brasil, acredito que o Helinho deveria ser obrigado a adotar um calção desse, não acham? Está aí a ideia para os francanos. : )

Então ficamos por aqui nesse boletim extraordinário. Muito obrigado, e voltem sempre.


Flamengo coroa ciclo vitorioso com a Copa Intercontinental
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Giancarlo Giampietro

A galera fora de controle, e tudo bem

A galera fora de controle, e tudo bem

Os rubro-negros só têm o que comemorar: neste domingo, o Flamengo venceu o Maccabi Tel Aviv por 90 a 77 no Rio de Janeiro e conquistou uma Copa Intercontinental histórica, coroando um ciclo vitorioso impressionante, como há muito não se via no basquete brasileiro. O Fla se junta ao Sírio como o único campeão do mundo (Fiba) do país.

Com intensidade defensiva impressionante, empurrada por uma torcida extremamente barulhenta e entusiasmada, e um ataque muito mais eficiente e controlado, atacando o garrafão do campeão europeu com propriedade, o time rubro-negro fez uma grande partida, ganhando o título mais importante de sua galeria, que, nos últimos anos, já havia sido abastecida com dois troféus do NBB e um da Liga das Américas.

Depois das declarações do ala Marquinhos ao final da primeira partida, numa derrota por 69 a 66, criticando a atuação dos reforços internacionais da equipe, o time brasileiro não deu qualquer indício de turbulência em quadra, com grandes atuações de outros dois estrangeiros, mas que já estavam em seu núcleo na temporada passada: Nícolas Laprovíttola (24 pontos e 5 assistências) e Jerome Meyinsse (22 pontos e 6 rebotes).

O armador argentino foi instrumental neste confronto. Ele atacou a defesa israelense lá dentro, algo que realmente fez falta no primeiro confronto.  O adversário pode povoar sua zona pintada, mas isso que não quer dizer que você precisa aceitar essa defesa e buscar uma só alternativa (que seria o chute de fora). Laprovíttola envolveu com inteligência os pivôs adversários em jogadas básicas de pick-and-roll e teve muito sucesso a partir daí.

A principal vítima foi Alex Tyus. Embora o americano seja muito mais ágil e atlético que Aleks Maric, ele demonstrou uma dificuldade surpreendente para ler o que se passava ao seu redor quando envolvido diretamente na ação ofensiva. Não sabia se marcava o baixinho ou o grandalhão quando a troca era forçada. Essa hesitação proporcionou muitos espaços para o argentino criar e agredir.

Quebrada a primeira linha defensiva, o pivô Meyinsse pôde entrar no jogo, sendo reintegrado ao ataque flamenguista com suas enterradas vigorosas e um jogo de pés paciente e bonito de se ver: 8-10 nos arremessos de quadra, dominante. As infiltrações de Laprovíttola também proporcionou melhor movimentação de bola e tiros de longa distância equilibrados no primeiro tempo. Nos 20 minutos iniciais, o aproveitamento no perímetro foi bastante inflacionado (com seis conversões em 12 tentativas), bem superior ao da etapa inicial na noite de sexta-feira (pífio 1-14), levando o técnico Guy Goodes à loucura.

Meyinsse foi soberano na batalha interior, assessorado por Laprovíttola

Meyinsse foi soberano na batalha interior, assessorado por Laprovíttola

(E aqui é o momento para fazer mais alguns considerações a respeito do fundamento: não, não é proibido arremessar de três pontos. Sim, por vezes você precisa recorrer a esse chute na tentativa de abrir a defesa. Posto isso, no primeiro jogo, o Fla se perdeu nestes chutes de maneira precipitada principalmente no primeiro tempo, quando conseguiu jogar em transição e não tinha nada de bloqueio, trincheira ou muralha maccabista no garrafão – esse panorama decantado aconteceu muito mais depois do intervalo. Tivessem atacado com mais consciência naquela ocasião, teriam se colocado em posição muito mais favorável. Não é questão de exigir um jogo perfeito por parte de uma equipe. Você está sujeito a erros de fundamento aqui e ali e a oscilações, uma vez que não joga contra o vento: existe um oponente preparado para te complicar.  Mas há coisas que você pode evitar, ainda mais no caso de um time experiente desses. E, aqui, é alarmante que tenhamos de falar de Marcelinho Machado, que voltou a forçar bolas absurdas em flutuação na linha de três.)

Mas o mais importante, mesmo, foi o empenho defensivo flamenguista, protegendo o garrafão de maneira impressionante, com muita atenção e rapidez na cobertura. O time de José Neto já havia marcado muito bem no Jogo 1, com uma contestação exterior exemplar. Neste domingo, apanharam um pouco, é verdade, dos armadores americanos do Maccabi, com MarQuez Haynes fazendo companhia muito mais efetiva ao lado do sensacional Jeremy Pargo.

Em termos de habilidade com a bola, explosão física e poder de decisão, o mais próximo de Pargo que as defesas dos clubes do NBB estão acostumadas a enfrentar seria o veterano Larry Taylor. Mas num nível bem abaixo, né? Individualmente, Laprovíttola, Gegê ou Benite não teriam chance contra ele. O trabalho precisaria ser coletivo, mesmo. E o Fla teve sucesso nisso.

Teria Marquinhos feito sua última partida pelo Fla? Críticas não geraram turbulência

Teria Marquinhos feito sua última partida pelo Fla? Críticas não geraram turbulência

Aí você confere a linha estatística e vê 28 pontos, 7 assistências e 6 rebotes para o americano. Então que sucesso foi esse?

Acontece que 18 dos 28 pontos do armador saíram em bolas de três pontos, ao passo que suas infiltrações foram  bem controladas. O baixinho estava endiabrado nos arremessos de fora Teve liberdade em alguns chutes na volta do intervalo, com seu marcador recuando a partir do corta-luz. Mas em alguns chutes o americano simplesmente “apelou”, todo cheio de confiança, sem se importar com a pressão dos torcedores rubro-negros. No terceiro período, ele anotou sozinho 16 pontos dos 25 de seu time. Em nenhum momento da temporada passada, pelo CSKA, o jogador se mostrou tão à vontade assim.

Três tópicos relevantes ajudam a entender esse momento, para além da capacidade e bom humor de Pargo: a) o Fla quase se deixou levar pelo ímpeto de querer duelar com o americano nos arremessos de três, se perdendo em quatro ou cinco minutos em quadra; b) Haynes assessorou muito bem seu compatriota nessa missão, aliviando um pouco suas responsabilidades, como condutor de bola; c) Marcelinho Machado estava em quadra sem conseguir marcar nenhum deles – com a entrada Gegê e Benite, a defesa melhorou muito, ganhando em agilidade.

Vitor, muito aguerrido e bem mais concentrado do que o normal, foi fundamental no quarto período para frear e desgastar Pargo. Grudou no camisa 4 e deixou as coisas bem mais difíceis para a estrela do Maccabi. Com Pargo praticamente descartado, o time europeu se perdeu ofensivamente. Foi a vez de os israelenses queimarem ataques com arremessos de três equivocados, repetindo as 31 tentativas do Flamengo do primeiro jogo, convertendo 10. Agora se formos descontar os números de seu cestinha, eles ficaram em 4-20, 20%.

O elenco do Maccabi tem bons valores, mas já fica muito clara a dependência em torno do jogo de PArgo. É um time bastante enfraquecido se comparado com o de quatro meses atrás (o desfalque de Sofoklis Schortsanitis pesa muito, com o perdão do trocadilho). A saída de David Blatt também é brutal para suas pretensões na Euroliga, com o técnico Guy Goodes se perdendo em suas rotações e no manejo do placar, tendo três pontos de lambuja ao seu favor.

Mas o Flamengo não tem nada com isso. Fez sua parte em quadra, soube usar a energia da arquibancada de modo positivo – algo que nem sempre é fácil num jogo tensod esses – e conquistou o seu maior troféu. Valeu a festa toda no final, com a galera invadindo a quadra, mas em incidentes. O tipo de descontrole que não faz mal a ninguém.

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Sobre o regulamento da Copa Intercontinental: para futuras edições, ou a organização descola uma brecha de calendário que permita três jogos, ou que fique numa partida única só. Essa coisa de saldo de pontos em dois confrontos é inclassificável. Por exemplo: com 3min08s no cronômetro, o Flamengo vencia por 81 a 70 após dois lances livres de Laprovíttola. Mas, na verdade, não eram 11 pontos de vantagem, já que o Maccabi precisava tirar a diferença pelo menos para 3 para forçar a prorrogação. Isso não pertence ao basquete, como diria o outro.

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Depois de um double-double no primeiro jogo, Derrick Caracter, a contratação pontual e polêmica do time, teve participação muito mais contida neste domingo, com apenas dez minutos de ação. Somou quatro pontos e 2 rebotes. O pivô americano tem agora mais três partidas em sua carreira rubro-negra, com o giro de amistosos em seu país.

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Atualização: E será que Marquinhos fez seu último jogo pelo Fla? Segundo os companheiros Fábio Aleixo e Pedro Ivo Almeida, o ala tem negociações avançadas com o Washington Wizards, que vai abrir seu training camp já nesta terça-feira. Se for para fechar o negócio mesmo com o time da capital, deve acontecer rapidamente. Em entrevista após a final neste domingo, o brasileiro disse que sua oferta é do New Orleans Pelicans, clube que defendeu em sua primeira passagem pela NBA. Mas uma fonte próxima ao clube assegura que só foi feita uma sondagem a respeito do atleta, e uma sondagem preliminar.

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Muito bacana a reação de Walter Herrmann, subindo em um dos aros da Arena HSBC para aplaudir, de pé, seus torcedores e companheiros. Taí um cara que merece qualquer confete. O argentino já está longe do auge, mas é um atleta de muito caráter e fundamentos ainda muito sólidos, que vai contribuir bastante para o Fla em sua luta pelo tricampeonato nacional.