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Arquivo : Elfrid Payton

Orlando Magic: um Philadelphia mais adiantado
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Giancarlo Giampietro

30 times, 30 notas sobre a NBA 2014-2015

Orlando Magic espera vencer mais com sua ainda jovem base este ano

Orlando Magic espera vencer mais com sua ainda jovem base este ano

Muito antes de o Sixers despertar asco, revolta e choque na NBA , o Orlando Magic embarcou no mesmo plano de reformulação via Draft. É a reconstrução de um mundo sem Dwight Howard, que chega agora a seu terceiro ano – estando, então, mais avançado que o de seus companheiros de pindaíba em Philly. Perder, perder, perder, coletar jovens jogadores no Draft e tentar dar um salto no futuro. A diferença é que em nenhum momento eles foram tão radicais no projeto, um pouco por força das circunstâncias, mas também para manter um ou outro veterano por perto, mesmo.

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Jameer Nelson, Arron Afflalo, Al Harrington, Jason Maxiell, Solomon Jones, Glen Davis (esse não, vai), JJ Redick. Todos eles estão fora agora, mas, em geral, duraram mais tempo com o gerente geral Rob Hennigan do que qualquer veterano que Sam Hinkie tenha herdado. E quer saber do que mais? Não adiantou de nada para deixar a equipe mais competitiva. As 121 derrotas que sofreram nas últimas duas temporadas contaram como a pior marca da liga.

O que Hennigan e o técnico Jacque Vaughn esperavam era que ao menos a influência de jogadores mais experientes pudesse influenciar os mais jovens, apontando a direção a ser seguida, em termos de profissionalismo. Nesta temporada, chegou a hora de avaliar tudo isso. O Orlando adicionou mais duas escolhas altas de Draft, com os extremamente promissores Aaron Gordon e Elfrid Payton saindo delas, mas não ficou só nisso. Usou seu espaço no teto salarial para ir às compras e se reforçar. Parece que decidiram que chegou a hora de brigar pelos playoffs. De pelo menos tentar.

Ben Gordon ainda vive. Ou quase

Ben Gordon ainda vive. Ou quase

Se contrataram certo, aí já é uma outra questão. Qualquer um poderia estranhar, de início, o valor pago por Channing Frye. São US$ 32 milhões por quatro anos de serviço para o pivô que já tem 31. Mas aí a gente lembra que o mercado de agentes livres sempre funcionou assim. Os preços ficam inflados. Além do mais, Frye é um jogador bastante útil para qualquer equipe, com sua habilidade para converter os chutes de três pontos e defender o garrafão do outro lado. Claro que não se trata de nenhum Dikembe Mutombo, mas é um marcador muito mais atento que um Ryan Anderson, por exemplo. Ao final do acordo, estará no finalzinho da carreira, mas supostamente seu arremesso não será afetado, já que é alto pacas. Sam Perkins provou isso para nós, afinal. E um detalhe: ele foi apenas a segunda opção do time. Antes, foram atrás de Patrick Patterson, oferecendo a vaga de titular ao lado de Nikola Vucevic. Mas o ala-pivô preferiu ficar em Toronto.

Na hora de comentar as demais contratações, vocês me desculpem se tudo ficar muito mal-escrito. É que fechar com Luke Ridnour, Willie Green e Ben Gordon gera um tipo de confusão mental. Especialmente Gordon. O torcedor do Bulls ainda deve guardar um pouco de estima no coração sobre o veterano britânico, o que é compreensível. Agora, nem ouse falar sobre ele com aqueles que tenham apreço por Bulls e Bobcats/Hornets. O que ele mais fez por esses clubes? Reclamar. Dar trabalho aos técnicos. Ver seus índices de acerto nos arremessos despencar. Um horror.

Harris, 22, ainda está em evolução e vai virar agente livre: vale quanto?

Harris, 22, ainda está em evolução e vai virar agente livre: vale quanto? O Orlando lhe ofereceu algo em torno de US$ 8 a 9 milhões por ano. Seus agentes esperavam muito mais

Com tantos jovens atletas no elenco, Hennigan sentiu a necessidade de adicionar arremessadores experientes, para espaçar a quadra, encontrar um equilíbrio. Pena que o diminuto Gordon, seja por ferrugem ou pelo peso do tempo, mesmo, não pareça mais se enquadrar na condição de “especialista”. Seu contrato vale US$ 4,5 milhões, tem curta duração, mas não se justifica.

Ridnour, ao menos, oferece algo a mais: não só é mais produtivo hoje, como dá mais estabilidade na armação, para verdadeiramente contrabalancear o jogo ainda afoito de Payton e Victor Oladipo. Um cara para acalmar a situação quando necessário, errar pouco e ainda matar os chutes de média distância com muita eficiência. Tinha coisa melhor disponível, todavia? Sim, ainda mais se os recursos empregados em Gordon tivessem direcionados para tanto. Em termos de força estabilizadora, Frye já daria sua contribuição valiosa. Sem contar Green, cujos técnicos já encaram como um assistente extraoficial, dentro do vestiário.

De qualquer forma, está claro que para Orlando chegou a hora de subir alguns degraus. Querem se distanciar do fundo do poço. Ao final do campeonato, dependendo dos resultados e se a memória for curta, podem muito bem se achar no direito de criticar o que Philadelphia anda fazendo. Coisa. Feia. Mas faz parte do jogo.

O time: na última temporada, Vaughn coordenou o segundo pior ataque e a 17ª defesa. Quer dizer: tem muita coisa que acertar para que eles possam sonhar com os playoffs. No Oeste, seria impossível. Como a Flórida é um dos pontos mais visitados na Costa Leste, tudo muda de figura. Lá só um café com leite como o Sixers não pode ter aspiração a nada.

Vucevic sustenta números impressionantes, mas tem pouca presença defensiva. É, de qualquer forma, um dos pilares da equipe

Vucevic sustenta números impressionantes, mas tem pouca presença defensiva. É, de qualquer forma, um dos pilares da equipe

Em termos de material humano, o time tem grandes atletas para formar uma defesa asfixiante. Aaron Gordon infelizmente sofreu uma fratura, e o menino de 19 anos, apenas alguns dias mais velho que Bruno Caboclo, se mostrava muito mais pronto que o esperado para contribuir. Pode marcar oponentes de diversos perfis, e com segurança. Oladipo, um tremendo atleta e competidor, está retornando agora de uma lesão no joelho e de uma fratura facial.  Payton é um armador alto, veloz e impertinente. Tobias Harris é uma fortaleza, enquanto Maurice Harkless pode fazer de tudo um pouco. O problema é a inexperiência coletiva deles. O treinador precisa realmente ensinar o caminho das pedras.

Vucevic tem os números de um dos melhores reboteiros da liga, é verdade, mas ainda desperta dúvida na maioria dos scouts, principalmente por suas deficiências na defesa. Sua movimentação lateral fica aquém do desejado para impedir infiltrações de armadores e alas. Zach Lowe dá uma palhinha aqui.

No ataque, porém, o suíço-montenegrino vem evoluindo a cada ano, mesmo que sua carga aumente junto. Isto é: não perdeu eficiência quando foi mais exigido, o que é bom sinal. Ele pode matar seus arremessos de diversos pontos da quadra, tendo um excelente chute de média distância. Como finalizador, Harris também se destaca. Forte-pra-burro, ele tende a castigar defensores menores perto da cesta. Seu chute de longa distância vem sendo refinado, mas sua visão de jogo ainda é bastante limitada. A bola vai dele para a cesta, mas dificilmente encontra um companheiro mais bem posicionado.

Payton e Oladipo vão colecionar highlights o ano todo, mas também vão cometer um caminhão de erros com a bola. São de todo modo os principais criadores da equipe, e Vaughn, um ex-armador pouco brilhante, mas muito regular, vai ter de conviver com seus desperdícios e ensinar algumas manhas. Cabe ao treinador e sua comissão desenvolver essas peças talentosas. Ainda que jovens, vai chegar uma hora em que todos vão querer ser pagos. Harris, por exemplo, já vira um agente livre ao final do campeonato. Orlando precisa saber quem é que merece aumento, e nada melhor que jogar para valer para avaliá-los.

A pedida: a contratação de veteranos indica que, sim, o Orlando já acha que chegou a hora de entrar nos playoffs.

Allez, Fournier: liberdade para o francês em Orlando

Allez, Fournier: liberdade para o francês em Orlando

Olho nele: Evan Fournier. Pouco aproveitado por Brian Shaw em Denver, Fournier veio na troca por Arron Afflalo. Poucos entenderam, acreditando que o experiente ala valia no mínimo uma futura escolha de primeira rodada. Acontece que, para Hennigan, o ala de 22 anos seria tão ou mais valioso que isso, e o início de campanha dá indícios de que esteja certo. Se Payton e Oladipo são os principais condutores do time, o francês pode dar uma ajudinha aqui. Ainda que venha causando impacto mais com suas bombas de três, ele é outro que pode driblar e dar dinamismo ao sistema ofensivo à medida que se sinta mais confortável em quadra.

Abre o jogo: “Vucevic é o melhor jogador que ninguém conhece. Ele é um All-Star”, Doc Rivers, dando moral ao pivô do Orlando, time pelo qual fez sua estreia como treinador em 1999, ganhando de cara o prêmio de Técnico do Ano. Ele ficou na franquia até 2003.

Payton foi brevemente sequestrado pelo Philadelphia na noite do Draft

Payton foi brevemente sequestrado pelo Philadelphia na noite do Draft

Você não perguntou, mas… o Orlando Magic foi sacaneado por Sam Hinkie e o Philadelphia no último Draft. O gerente geral do Sixers deduziu, até com uma ajuda do diário Orlando Sentinental, que o time da Flórida estaria extremamente interessado no armador Elfrid Payton, na 12ª posição, depois de selecionar Aaron Gordon em quarto. Sua equipe tinha a 10ª posição. O que ele fez? Escolheu Payton. Um prospecto interessante, e tal. Mas ele nunca teve a intenção de contar com o armador. A ideia era apenas extorquir o clube da Disney. Deu certo: Rob Hennigan queria tanto Payton, que pagou não só a 12ª escolha, mas também outra futura. Justamente um pick que a gestão anterior havia cedido ao Magic na supertroca de Howard, Bynum e Iguodala em 2012. Cruel, muito cruel, diria o Januário de Oliveira.

Jacque Vaughn, Orlando Magic, point guardUm card do passado: Jacque Vaughn. O atual treinador teve uma breve passagem pela equipe da Flórida, dividindo a armação da equipe em 2002-2003 com Darrell Armstrong, hoje um dos 39 assistentes técnicos de Rick Carlisle em Dallas. Naquele ano, Orlando tinha mais uma jovem estrela, Tracy McGrady, mas que não havia chegado via Draft, mas, sim, como agente livre. A franquia não teve paciência para se solidificar ao redor do ala, nem mesmo depois do trágico negócio envolvendo Grant Hill. Era para os dois formarem a melhor dupla de perímetro da liga, mas a imprudência médica no tratamento de Hill, resultando em constantes graves lesões, acabou com esse sonho. Ainda assim, a cartolagem investiu na contratação de gente como Shawn Kemp, em seu triste fim de carreira, Andrew DeClerq, Pat Burke e Horace Grant. Vaughn era mais um desses veteranos que fazia contrapeso aos mais jovens – e não tão talentosos – do  elenco, como Ryan Humphrey, Jeryl Sasser, Steven Hunter e Olumide Oyedji. Mike Miller era aquele que se salvava, mas acabou trocado ao lado de Hmphrey para Memphis, vindo para o seu lugar Drew Gooden e Gordan Giricek. Era um time indeciso, que nunca chegou a formar uma base forte, para frustração de T-Mac.


Notas sobre Flamengo x Orlando: Machado, torcida e mais
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Giancarlo Giampietro

Flamengo em Orlando

Vamos lá, mais curto dessa vez, algumas notas sobre a derrota do Flamengo sobre o Orlando Magic nesta quarta-feira:

– O Flamengo fez um confronto parelho até quando aguentou. Isto é: os minutos finais do terceiro período. Depois, chega uma hora que o elenco e o volume de jogo de um time de NBA – numa partida mais longa que as da Fiba – começam a fazer a diferença, mesmo em fase de pré-temporada. Por isso, era recomendável desacelerar ao máximo as ações em quadra, ainda que essa postura pudesse contrariar a identidade que a equipe brasileira assumiu nas últimas temporadas.

Tem de aplaudir: jogadores dão um salve para a torcida do Fla em Orlando

Tem de aplaudir: jogadores dão um salve para a torcida do Fla em Orlando

– Ficar falando maravilhas da torcida do Flamengo é redundância. Só foi bem engraçado escutar os coros dos torcedores rubro-negros no suntuoso ginásio, especialmente quando o time reagia no segundo tempo e encurtava a diferença. Não há como confirmar os rumores espalhados por passarinhos mágicos da Disney, mas se disse por aí que mais flamenguistas foram vistos por lá do que numa noite qualquer de um shopping da Barra da Tijuca. (Além do mais, merece um entusiasmado parabéns aquele que teve a iniciativa de transmitir o jogo no telão do Maracanã para aqueles que foram ver o confronto com o América-RN.)

– Em termos individuais, você pode não ser dos maiores fãs dele, era só um amistoso, mas não há como negar que Marcelinho Machado tenha vivido uma pequena revanche nesta quarta, ao anotar 20 pontos em 30 minutos contra os rapazes de Orlando, sendo pelo segundo jogo seguido o cestinha do Fla. Dessa vez, ele converteu seus chutes com muita eficiência, incluindo um 6-12 na linha de três. Quando matou a quinta bola no segundo tempo, até voltou sorrindo para sua quadra, sem se conter. Fica o registro – discutir a carreira do camisa 4 fica para outra hora. É algo bem mais complexo do que um parágrafo possa cuidar.

– O promissor Cristiano Felício foi novamente muito bem contra os gigantões da NBA. Vamos escrever mais sobre ele depois da partida de sexta contra o Memphis Grizzlies. Só dá para adiantar que o desempenho já volta a chamar a atenção dos scouts da liga. Entre eles está um colega meu, a serviço de uma franquia da Conferência Oeste. No duelo desta quarta, pelo menos cinco times estavam presentes em Orlando – claro que para tomar nota de tudo, e, não, especificamente sobre o pivô. Sem contar os que acompanhavam a partida pela TV, como no caso desta fonte. Descrição de conversa com ele. Eu disse: “Se alguém tivesse escolhido Felício no final do segundo round do Draft passado, estaria bem felizagora”. O scout respondeu:”Acabei de dizer isso ao meu chefe”.

O garotão Aaron Gordon dá o toco em Herrmann no perímetro: americano é 16 anos mais jovem que o argentino

O garotão Aaron Gordon dá o toco em Herrmann no perímetro: americano é 16 anos mais jovem que o argentino

– O elenco do clube da Flórida é um dos mais jovens da liga. Veteranos como Ben Gordon e Luke Ridnour (e o lesionado Channing Frye) foram contratados para ajudar um pouco no amadurecimento – e também por serem ótimos arremessadores, que isso ajuda bastante. O exuberante Aaron Gordon, por exemplo, é apenas cinco dias mais velho que Bruno Caboclo. Elfrid Payton, o armador novato, tem 20 anos. Tobias Harris, 22, ainda que esteja entrando em sua quarta temporada de NBA.

– Os jogadores do Orlando não estudaram os do Flamengo. A ideia do técnico Jacque Vaughn ao quebrar esse ritual era que o time testasse, praticasse seus conceitos defensivos independentemente das características dos adversários – e que, qualquer ajuste que precisassem fazer, que descobrissem por conta durante a partida.

– Por falar em Ben Gordon… Relegado ao ostracismo na temporada passada em Charlotte, o chutador tem agora como prioridade em sua cartilha o verbo desenferrujar, antes de entrar em sua cruzada para mostrar que ainda pode cumprir o papel de jogador relevante na liga. Depois, pode alinhar o chassi, verificar óleo e motores e, aí sim, sair da oficina.

– Se o Maccabi Tel Aviv levou dois sacodes em seus amistosos, o mesmo não pode ser dito de um de seus principais concorrentes nacionais em tempos recentes, o Maccabi Haifa, que, também nesta quarta, fez um jogo duríssimo contra o Washington Wizards, na capital norte-americana, perdendo por apenas seis pontos (101 a 95). O clube israelense foi campeão de sua liga em 2013 e vice no ano passado. Ainda assim, se formos dar uma espiada no elenco da equipe, não há nenhum nome de fazer parar o quarteirão.


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