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Jukebox NBA 2015-16: Sixers, a loteria do Draft e uma tremenda sabotagem
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Giancarlo Giampietro

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Em frente: já estamos nos playoffs e o blog vai tentando fazer uma ficha sobre as 30 franquias da liga, apelando ainda a músicas, fingindo que está tudo bem. A gente se esbalda com o YouTube para botar em prática uma ideia pouco original, mas que pode ser divertida: misturar música e esporte, com uma canção servindo de trilha para cada clube. Tem hora em que apenas o título pode dizer algo. Há casos em que os assuntos parecem casar perfeitamente. A ver (e ouvir) no que dá. Não vai ter música de uma banda indie da Letônia, por mais que Kristaps Porzingis já mereça, mas também dificilmente vai rolar algo das paradas de sucesso atuais. Se é que essa parada existe ainda, com o perdão do linguajar e do trocadilho. Para mim, escrever escutando alguma coisa ao fundo costuma render um bocado. É o efeito completamente oposto ao da TV ligada. Então que essas diferentes vozes nos ajudem na empreitada, dando contribuição completamente inesperada ao contexto de uma equipe profissional de basquete:

A trilha: “Sabotage”, Beastie Boys

Haaaaaja coração amigo! É hoje! É final de campeonato!

(Mas, não, meu amigo torcedor, minha amiga torcedora do Toronto, do Cleveland ou do LeBron. Para vocês, começa a decisão do Leste, é verdade, mas ninguém está ligando muito para quem é campeão de conferência, mesmo que caia todo aquele confete em quadra e que o proprietário do clube vá fazer um discurso empolgado. Não vale nem mesmo para o Oeste Selvagem, com o Thunder já aprontando para cima dos atuais campeões.)

Vamos fazer uma pausa na programação regular dos playoffs e nos dedicar à outra atração da noite de NBA nesta terça-feira. No caso, a loteria do Draft, cientes de que para muitos clubes esse evento pode ser um marco da virada, de um mundo melhor. Dentre os 14 clubes participantes, nenhum está mais interessado do que o Philadelphia 76ers, que venceu um total de 28 partidas nos últimos dois campeonatos (quase um terço do que o Warriors conseguiu só neste ano, contando playoffs). O intuito é ser premiado com um novato que possa mudar o seu curso — de lanterna da liga, a candidato ao título num futuro breve.

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Ok. Essa última frase pode soar meio simplista demais. Quando Sam Hinkie convenceu os proprietários da franquia de seu plano audacioso, ele apostava fortemente na sorte do Draft, mas não só nisso. Havia todo um plano para manter a folha salarial baixa, o que lhe gerou oportunidades no balcão de trocas, e também para tentar garimpar talento jovem bruto, pouco badalado, com a esperança de desenvolvê-los em jogadores baratos e sólidos, para que estivessem prontos para o momento em que o time pudesse lutar por algo significante. De acordo com Hinkie e o acionista majoritário Joshua Harris, era o título e tão somente o título que eles queriam.

Para chegar lá, a história da NBA mostra que são necessárias basicamente as chamadas superestrelas, os jogadores transcendentais, em torno dos quais você vai montar seu elenco. É só ver os finalistas de conferência pata entender: o Toronto de Lowry e DeRozan é uma exceção em meio aos Durants, Westbrooks, LeBrons e Curries. O Detroit Pistons de 2004 foi o último time a quebrar este tabu, e escalava em seu quinteto inicial quatro eventuais All-Stars.

A matemática histórica, pelo qual o supernerd Hinkie tem profundo apreço, também diz que o Draft é a alternativa mais provável para conseguir esse tipo de jogador. Mais do que trocas e agentes livres. E aí a lógica, fria e feia, da liga, indica que é melhor você perder, perder e perder. Quanto mais derrotas, maiores as chances no recrutamento. E Philly (não?) jogou o tempo todo para isso. Está aí a primeira sabotagem — seguinndo as regras, diga-se — à qual os Beastie Boys fazem referência (numa das músicas mais legais e únicas dos anos 90, bem como num dos clipes mais cool da história, dirigido pelo genial Spike Jonze).

É loteria! Quem leva?

É loteria! Quem leva?

Acontece que, nesse processo todo, em meio a tanta racionalidade e paciência, você ainda vai precisar, sim, de sorte. O que não deixa de ser irônico ou até mesmo maluco, já que não passa de um exercício de fé em números e probabilidades. Para esta noite, o time agora comandado por Bryan Colangelo tem 26,9% de chances de obter a primeira escolha. Simultaneamente, torce para que o Lakers saia do Top 3 e seja obrigado a lhe repassar sua seleção. (Sim, para o Lakers também é dia de final, de um tipo beeem diferente ao qual Magic e Kobe estavam acostumados). Agora, nada disso está garantido. Existem cenários em que os argelinos podem assumir o primeiro lugar, com o Sixers caindo para quarto. É uma loteria, diacho.

Basta ver o que ocorreu com o próprio clube nos últimos dois anos. A pior campanha/maior chance de triunfo no Draft se transformou em duas terceiras escolhas seguidas e dois pivôs que são incógnitas. Aí entra o fator competência também. Os primeiros ativos acumulados por Hinkie não foram aproveitados da melhor forma. Pensem o seguinte: mesmo que Philly mão tivesse dado maiores saltos nos últimos três anos, Jahlil Okafor, Joel Embiid, Dario Saric, Nerlens Noel e Michael Carter-Williams ainda poderiam ser, hoje, Kristaps Porzingis, Aaron Gordon, Clint Capela, C.J. McCollum e Giannis Antetokounmpo.

Por mais cedo que seja para avaliar Okafor e, principalmente, Embiid, pelo fato de ele nem ter jogado na NBA ainda, acho que dá para dizer que a versão alternativa de Draft acima não teria resultado na demissão do mentor desse plano todo. Por mais planilhas e recursos que tenha utilizado, as coisas não saíram da melhor forma. De novo: está cedo para julgar tudo isso. Após dois extenuantes e aflitivos anos de reabilitação, rumores, tweets cômicos e viagens para o Catar, pode ser que o camaronês Embiid siga uma trilha diferente, deixe Greg Oden para trás e domine as tábuas. Pode ser que Noel e Okafor encontrem uma forma de dividir a quadra. Que Saric chegue em julho e produza mais até que Mirotic. Que Carter-Williams se transforme na quarta escolha deste ano, via Lakers. Enfim. Tem muito em jogo ainda.

O cruel aqui? Que Hinkie não vai estar por perto para ver nada disso. Aliás, toda a curiosidade para saber onde passará as noites da loteria e do Draft em si. À frente da TV? Tablet ligado? Torcendo para o quê? Pessoalmente, se o chamado “Processo” render dois jovens de talento neste ano e no início da virada para a franquia, ao menos vai ter o prazer de ver algo que planejou vingar. Mesmo que à distância.

Antes: Hinkie, Harris e Jerry

Antes: Hinkie, Harris e Jerry

Depois de se gabarem pela audácia e paciência que tinham com as ideias de Hinkie, os proprietários do Sixers acharam, por bem, contratar um Jerry Colangelo para supervisionar as ações do cartola, em dezembro. A parcimônia havia acabado, com a equipe novamente perigando não só ser a pior da temporada, como de toda a história. Quando foi anunciado como “chairman” do departamento de basquete, Colangelo disse que trabalharia ao lado do gestor, como um consultor, um conselheiro. Ninguém na NBA acreditou: um cara desta estatura não voltaria à liga só para fazer pose e dar alguns pitacos. Exatamente quatro meses depois, Hinkie pediu demissão, ao saber que não só o Colangelo pai ficaria por ali, como estavam contratando seu filho também, Bryan.

Por quê? Bem, ao que tudo indica, o breve convívio entre ambos deixou claro de que suas visões de gestão não poderiam ser mais diferentes. O Colangelo pai era a velha guarda, Hinkie representa um movimento que talvez nem tenha tanto fôlego assim na liga, pelo menos não em seus radicalismos. Um sempre foi dos mais comunicativos, a ponto de ser convocado por David Stern para salvar a USA Basketball. Deu no que deu: sob sua supervisão diplomática e atuante, a seleção americana está invicta desde 2007. O outro valorizava tanto o segredo como um trunfo que chegava a alienar até mesmo seus subalternos, técnicos e jogadores. Para não falar de agentes, concorrentes, e torcedores. A chiadeira era geral.

De modo que, quando Hinkie entregou sua carta de demissão aos proprietários, não poderia realmente acreditar que ficaria naquilo mesmo. Não levou nem mesmo duas horas para que o documento de 13 páginas (!) vazasse, e via ESPN ainda. Essa foi a segunda sabotagem, como consequência da primeira. Que o dirigente tenha ficado mordido com isso é muito revelador sobre sua maneira de enxergar a liga como um universo de Jogos Vorazes, e só. São 30 clubes apenas, a competitividade é enorme, claro. Mas uma pequena comunidade dessas também não se sustenta sem ombros amigos.

Em dois anos, Brett Brown mal pôde trabalhar com Embiid em quadra

Em dois anos, Brett Brown mal pôde trabalhar com Embiid em quadra

A abordagem silenciosa e meticulosa de Hinkie foi até mesmo equivocadamente vangloriada por seus seguidores. Era um modo de controlar o fluxo de informação e lhe colocar em vantagem. Ele realmente acreditava nisso. Quando Colangelo chegou e lhe sugeriu que se expusesse mais, talvez tenha dado mais entrevistas em semanas do que havia feito em dois anos. Mas o estrago de relações públicas já era imenso.

Hinkie não foi o primeiro a adotar a estratégia do quanto pior, melhor. Em 2002, Cleveland e Denver fizeram de *nada* para terem a chance de selecionar LeBron ou Carmelo (e Darko!). Sam Presti conseguiu Kevin Durant em 2007 e não quis saber de acelerar a construção do antigo Seattle SuperSonics. Aí, em OKC, adicionou Westbrook e Harden e mais. Presti também não lá tão afeito assim a entrevistas, por exemplo. Mas o que se viu em Philadelphia foi algo mais drástico, supostamente com o aval dos donos da franquia e que, até o momento, não conseguiram nenhum jogador que desperte tanto interesse assim como acontecia com LBJ e Melo há 14 anos.

Se for para falar do futuro do clube, todavia, é inegável que Bryan Colangelo assume um departamento de basquete em situação muito melhor que a que de seu predecessor. Jrue Holiday, Evan Turner, Thaddeus Young e Spencer Hawes são bons jogadores, bacanas e tal, mas este núcleo não prometia muito mais do que as 34 vitórias que haviam somado em 2013. Ah, eles tinham o fantasma de Andrew Bynum rondando por lá também.

Agora o clube tem três pivôs jovens e promissores, um ala-pivô croata de visão de quadra rara, alguns atletas jovens, interessantes e baratos (como Robert Covington, Jerami Grant, Richaun Holmes e TJ McConnell) mais duas escolhas extra neste Draft (e potencialmente a do Lakers ainda). É verdade, de todo modo, que não está claro se Okafor e Noel podem jogar juntos. Os resultados do primeiro ano da jovem parceria não foram animadores. Embiid perdeu seus dois primeiros anos de desenvolvimento e, como Andrew Wiggins, seu companheiro de Kansas, pode comprovar, leva tempo para entender e encarar os desafios da liga – logo, pode ser que, na melhor das hipóteses físicas e clínicas, o pivô chegue ao final de seu ano de contrato ainda aprendendo em quadra, e aí terão de pensar no que fazer com tantos grandalhões. Existe um núcleo montado aqui, mas que ainda pedirá uma ou outra troca até ficar balanceado.

Em geral, Philly levou a melhor na grande maioria das trocas que realizou de 2013 para cá. Peguem, por exemplo, o roubo cometido contra Sacramento no ano passado, sendo a arma um telefone celular ou um charuto, sei lá, apontada para um inexperiente Vlade Divac. Vamos lá: Philly tem o direito de trocar sua escolha com a do Kings neste recrutamento. Isto é, caso o clube da capital californiana os ultrapasse no sorteio, serão obrigados a lhes conceder a honra. E quer saber mais? O 76ers tem o direito de repetir isso no ano que vem. Além disso, vai ganhar a escolha de 2018.  E ainda pode ver se Nik Stauskas vai se dedicar um pouco mais nos treinos e virar o ala que conquistou os olheiros em Michigan. Danny Ainge e Daryl Morey certamente aprovariam um negócio desses.

Foram muitas negociações fechadas por Hinkie, mas quase sempre pensando adiante. Josh Harris e seus sócios só não tinham a confiança de que ele seria o homem certo para assumir esta segunda fase do plano de reconstrução, como avaliador de talentos e comunicador. Agora, outro cartola vai ter o privilégio de decidir o que fazer com tantos recursos disponíveis. Certamente os demais candidatos ao cargo de gerente geral liga afora acompanharam tudo com muita atenção. S conduta agressiva de alguma forma feriu um código que não está escrito, nem divulgado em lugar nenhum. Seu rebaixamento também mostra que a paciência dos proprietários com o processo de detrimento dos resultados sempre vai ter limite, independentemente do ramo de negócios que venham. Esses caras, bilionários, produtores da própria riqueza, agora se levantam em suas bases – não necessariamente em Philly –, tomam um bom café nutritivo, dão aquela corridinha ou malhada, botam o header, disparam emails e mensagens, mas estão suando frio, ansiosos, como qualquer torcedor comum, esperando que tantas derrotas tenham acontecido por um bom motivo. Eles precisam de sorte.

A pedida? Uma escolha número dois de Draft e que o Lakers saia do Top 3.

Depois: sobraram Bryan e Harris

Depois: sobraram Bryan e Harris

A gestão: não dá para falar muito sobre o que Bryan Colangelo está fazendo em Philly. Afinal, até agora, de concreto, o que sabemos é que ele só contratou um braço direito: Marc Eversley, com quem trabalhou em Toronto e estava em Washington como vice-presidente de scouting. Por enquanto, também decidiu manter Brett Brown, por mais que a presença de Mike D’Antoni, com quem o dirigente se deu tão bem em Phoenix, seja uma ameaça considerável. O resto está por vir.

Jerry tem mais moral, claro, na liga. Seja como técnico, gerente geral ou dono, o Phoenix Suns teve muito sucesso com sob seu controle. Ele foi, na verdade, o primeiro ‘GM’ do clube, em 1968. Ficou por lá até 2004, quando, já como proprietário, vendeu o clube para um grupo de investidores liderado por Robert Sarver. Nestes 36 anos, o clube ‘só’ foi a duas finais, mas foi aos playoffs em 23 ocasiões, incluindo uma sequência de 1988 a 2001.  Foi eleito quatro vezes o Executivo do Ano, um recorde.

Não está claro qual será a sua influência nas próximas semanas. Assim que contratou o filho, abriu mão da nomenclatura de ‘chairman’ do departamento de basquete para ser um consultor especial do sócio controlador, Joshua Harris. Mesmo o fã mais ligado a Hinkie espera que ele não fique tão distante assim.

Não que Bryan seja um simples produto do nepotismo. Ao ser eleito o melhor cartola da NBA em 2005, ainda em Phoenix, e em 2007, já em Toronto, elevou a seis o número de troféus da família. O problema é que a última impressão que deixou na metrópole canadense não foi das melhores.

Com uma base europeia em torno de Chris Bosh, o Raptors foi aos playoffs nos dois primeiros anos de administração. Em 2010, ainda conseguiu 40 vitórias, mas bateu na trave e perdeu Bosh. Em 2011 e 2012,  não passou de 23 vitórias. Em 2013, foi afastado da gerência da equipe e se demitiu. Um desfecho deprimente. A busca por talento de fora (seja jogadores em atividade na Europa como Anthony Parker, José Calderón e Jorge Garbajosa ou de estrangeiros como Rasho Nesterovic e Carlos Defino) foi uma boa sacada para uma cidade que tinha dificuldade para atrair atletas americanos de ponta. Receber Kyle Lowry de Houston em troca de uma escolha de Draft foi excelente também, assim como a escolha de DeMar DeRozan em 2009.

(Aliás, em termos de Draft, teve grandes acertos em Phoenix ao selecionar tanto Amar’e Stoudemire como Shawn Marion em oitavo. Steve Nash ele topou em 15o, mesmo com Jason Kidd e Kevin Johnson no elenco. Leandrinho saiu no final da primeira rodada. Se Casey Jacobsen e Zarko Cbarkapa não deixaram tanta saudade assim, seus achados foram mais relevantes.)

No geral, porém, falhou em montar em Toronto elencos competitivos mesmo numa conferência esvaziada. E o símbolo da derrapada acaba unindo por coincidência o interesse por europeus e o tino para o Draft, quando Andrea Bargnani foi eleito o primeiro europeu número um de Draft, em 2006, logo que chegou.

O italiano foi mais um candidato a próximo Nowitzki que deu errado. Ao contrário de Nikoloz Tskitshvili, porém, saiu do Bennett Treviso como um jovem produtivo, que ia para a quadra. Na NBA, porém, nunca sr tornou um reboteiro minimamente decente para ganhar a confiança de treinadores. O italiano mostrava potencial, mas não conseguiu montar o quebra-cabeça inteiro. Foi mais um a sair vaiado de Toronto, sem encontrar seu lugar ao lado de Bosh (são jogadores similares, no fim), mas também irritando uma torcida passional pela passividade em quadra.

Para quem venerou ou aturou Hinkie por quase três anos, só esperam que, num posto tão alto de Draft, o mesmo tipo de história não aconteça.

(Bônus: o Philadelphia 76ers se tornou nesta segunda-feira o primeiro clube a vender o pequeno espaço para patrocínio em sua camisa. O parceiro foi ligeiramente estranho, devido à grande ameaça de um conflito de interesses: o site StubHub.com, de compra e venda de ingressos para eventos esportivos e culturais. O acordo vale por três temporadas e US$ 15 milhões no total.)

card-allen-iverson-sixers-rookieUm card do passado: Allen Iverson. O Sixers é um dos times mais tradicionais da NBA, podendo pendurar a camisa de diversos craques da liga. Wilt, Dr. J, Moses, Barkley, Greer, Cunningham e muito mais. Mas isso não quer dizer que o período atual de draga. Que tal voltarmos 20 anos no tempo?

No início da década de 90, o próprio Barkley já tinha sacado tudo: se ficasse em Philly, iria se se lascar geral, e, talvez, ao final de sua carreira, não houvesse legado nenhum, Dream Team à parte. Antes de Chuckster forçar troca para Phoenix, o time havia vencido 35 partidas. Nos quatro anos seguintes, entre 1992 e 96, caiu de 26 para 18 triunfos. Claro que, segundo os padrões de hoje, isso poderia ser visto até como um sucesso. Para um clube que ganhou três títulos e chegou a nove finais, é ridículo. Como Hinkie bem sabe, todavia, sucessivas campanhas ruins levam ao acúmulo de altas escolhas de Draft. E aí chegamos a 1995-96, o fundo do poço desta era, com os 18 triunfos que resultariam no pick #1 daquele ano, Allen Iverson, que dispensa apresentações, embora até possa ser irreconhecível sem as trancinhas, a proteção no braço e tantas tatuagens.

Iverson foi a segunda escolha número um da história do clube, depois de Doug Collins, em 1973,  logo depois da final olímpica mais controversa da história. As lesões no joelho abreviaram a carreira de Collins, que foi eleito quatro vezes All-Star, mas parou aos 29 anos. Iverson, baixinho e magrinho que só, foi mais longe. Jogou 13 anos, até os 34, dos quais 11 foram pelo time que o selecionou.

Com cinco anos de franquia, num Leste enfraquecido, Iverson conseguiu levar o Sixers de volta às finais da NBA pela primeira vez desde o título de 1983, quando Barkley ainda nem havia entrado na liga (foi novato em 1984). Se Embiid, Okafor, Noel, ou, quiçá, Ingram/Simmons puderem um dia levar o clube até uma nova decisão, todas essas derrotas terão valido a pena?

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Quem dá menos? Luta pelo topo do Draft promete fortes emoções
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Giancarlo Giampietro

O ultraversátil Ben Simmons. Quem quer?

O ultraversátil Ben Simmons. Quem quer?

É o mundo bizarro da NBA.

Enquanto San Antonio, Cleveland e Oklahoma City fazem contas, quebrando a cabeça para ver o que fazer contra o tal de Golden State, na outra extremidade da tabela só estamos falando de sonhos e fantasias com o australiano Ben Simmons (e mais dois alas muito promissores, Brandon Ingram, de Duke, e Dragan Bender, da Croácia e do Maccabi).

Numa corrida que, no início, parecia de um cavalo só, com Philadelphia isolado e pimpão, a reta final promete fortes emoções até o dia 17 de maio, que é quando a liga vai realizar sua loteria de Draft, valendo prêmios imperdíveis! E quem vai ficar fora dessa?

Daí a estranheza pelos fatos decorrentes de uma noite basqueteira de segunda-feira (a outra, dia 8, no caso).

Daqui do sofá de casa, começou com a observação do jovem Ingram, o mais novo projeto do Coach K, em duelo bacana com Louisville, de Rick Pitino. Foi desses raros jogos da temporada universitária em que o nível técnico era alto, com pelo menos cinco atletas com aspirações plausíveis a grandes carreiras profissionais, nos Estados Unidos ou na Europa. Não demorou muito para entender por que o ala de Duke fez sua cotação crescer rapidamente sua cotação entre os scouts, melhorando a cada semana.  Ingram já tem hoje um talento natural impressionante. O chute elevado, a desenvoltura para driblar e a predisposição passar e encontrar companheiros livres em quadra… É difícil de resistir e de não babar na almofada, ainda mais quando nos damos conta de que se trata de um garoto que chegou aos 18 apenas em setembro, sendo um ano mais jovem que Simmons. Só mesmo seu corpo varetão desperta alguma preocupação, mas é só lembrar com qual forma Kevin Durant ingressou na NBA:

Vareta que só também. Tayshaun Prince é outro que nunca bombou

Vareta que só também. Tayshaun Prince é outro que nunca bombou

(A comparação entre um e outro, diga-se, pode ser feita do ponto de vista só do estilo de jogo por enquanto. Durant era muito mais produtivo em Texas em seu ano de calouro. Quer saber mais sobre Ingram? O DraftExpress, claro, tem vídeos e atualizações contantes. Ainda em inglês, você também pode conferir um scout detalhado elaborado pelo Rafael Uehara, colaborador sazonal aqui do blog.)

Mas voltemos ao a Duke x Louisville. No final, superando um cansaço evidente, o ala encontrou forças para dominar os rebotes defensivos e, em vez de acionar um ou outro armador mambembe do atual elenco dos Blue Devils, dessa vez saía ele com a bola, sem se incomodar com a pressão dos Cardinals, preparado para sofrer a falta e ir para o lance livre definir a parada. Detalhe: na temporada regular, seu aproveitamento ainda está abaixo de 70% na linha (67,9%, depois de ter convertido seis de suas oito tentativas na véspera, sem errar um chute nos minutos derradeiros). Terminou com 18 pontos, 10 rebotes, 4 assistências e 1 toco (mas alterou ou intimidou outros tantos), matando cinco de seus nove arremessos, cometendo três turnovers. Não são números de fazer o queixo despencar, mas não traduzem o modo como ele foi dominante, sem forçar nada em suas ações.

Enquanto o espigão dava mais uma vitória a Krzyzewski, a rodada da NBA começava em clima de motim. Não dava para entender nada. O Sixers chegou a abrir uma vantagem de 19 pontos para cima do Clippers. O Lakers contava com mais um repente milagroso de Kobe para incomodar o Pacers em Indiana, assumindo a liderança a 2min30s do fim. O Nets recebia o ascendente Denver Nuggets e fazia jogo duro. Da mesma forma como o Suns conseguia fazer frente ao Thunder, mostrando que a defesa de OKC ainda deixa muito a desejar em termos de consistência para um time que tenha sérias pretensões ao título.

De todo modo, junte as peças aí e se assuste: era como se, por uma noite que fosse, os lanterinhas da liga não tivessem mais nem aí para o que Ingram fazia por Duke, ou se Simmons estava beirando mais um triple-double absurdo por LSU. (Em tempo: para qualquer torcida em #NBATankMode, podem tranquilamente colocar Dragan Bender nesse bolo. Por mais que ele não esteja sendo tão aproveitado numa temporada de crise para o Maccabi, vale a pena se apegar ao prodígio croata, que também te deixa bobo em quadra. Foi assim que fiquei, pelo menos, quando pude vê-lo no ano passado em Nova York.)

Até que tudo voltou ao normal. O Clippers batalhou uma reação em Philly, forçou a prorrogação e tomou conta da situação. Paul George não quis saber de cortesias com seu ídolo de infância na Califórnia. Durant fez a diferença em Phoenix. E só o Nets saiu vencedor de quadra, com direito a uma cesta maluca de Joe Johnson no estouro do cronômetro, empolgando o chefão russo Prokhorov:

(O torcedor do Brooklyn – se é que ele existe, aliás – deve gelar com um vídeo desses: será que vem mais uma proposta de salário máximo para o veterano aí? Risos.)

Se o desafeto de Putin foi ao delírio, Danny Ainge não gostou nada, já que a escolha de Draft deste ano do Nets pertence a Boston, como vocês sabem. Nessa disputa pelos calouros mais badalados, cada vitória sua e derrota do adversário, pode fazer uma diferença danada. Para o mal, lembrem-se, já que é o mundo bizarro. Em muitos sentidos, isso é uma desgraça para a liga, com diversas equipes, nos últimos anos, fazendo de tudo para perder, ou sem se esforçar tanto para vencer. Enquanto o atual sistema do Draft for mantido, porém, é a regra do jogo, sem nenhuma infração que possa ser punida.

Tendo isso em mente, vamos examinar quais são as chances de cada um para os últimos meses da temporada e o que está em jogo para eles? Os números números foram coletados em 16 de fevereiro de 2016, tanto do Baskeball Power Index (ESPN.com). Folia é isto:

Philadelphia 76ers, o 30º colocado no geral
Previsão de campanha: 15-67
Chances para entrar no top 3: 72,1%
Net rating na temporada: -10,1 pontos por 100 posses de bola
Net rating desde 26/12: -5,3 pontos
Campanha desde 26/12: 7 V, 15 D
Aproveitamento médio dos rivais até o final da temporada: 49,2%
Restante da tabela: 15 em casa, 14 fora

Ish Smith, o baixinho, a lenda

Ish Smith, o baixinho, a lenda

Ainda estamos falando, segundo as estimativas matemáticas, dos grandes favoritos ao topo do Draft. Mas isso só se deve ao caótico Sacramento Kings, que, no momento, contribui ao #TankJob de Sam Hinkie com mais 9,0% de chances de colocar uma escolha no Top 3. Esse já é o primeiro reflexo da desastrosa troca que Vlade Divac fez com Hinkie durante as férias, dando ao Sixers o direito de inverter posições no Draft deste ano, entre outros mimos – tudo para se livrar dos salários de Nik Stauskas, Carl Landry e Jason Thompson. O Sacramento, que não sabe o que fazer com Boogie Cousins, George Karl, Rudy Gay e a vida em geral, vai ter de jogar muito para alcançar e ultrapassar Utah e Portland e tentar escapar da loteria. Não parece provável.

Por conta própria, com a pior campanha da liga, o Sixers já teria 63,1% de probabilidades de ficar com uma das três primeiras escolhas. Acontece que, desde o dia 26 de dezembro, o time subiu de patamar, graças ao improvável presente natalino de Jerry Colangelo em forma de Ishmael Smith. De equipe que flertava com o status de pior da história, passaram apenas à condição de time ruinzinho, como podemos notar pela evolução de seu saldo de ponto desde a contratação. Antes de Ish, Philly perdia por -12,9 pontos a cada 100 posses de bola. Desde então, essa diferença foi reduzida, para -5,3 pontos por 100 posses de bola.  Em outras palavras, ficaram mais competitivos e venceram 33% de seus jogos, contra os atrozes 6,2% de antes. Se mantiverem esse ritmo, poderão subir alguns degraus na classificação geral da liga, diminuindo suas probabilidades.

Por um lado, era de se esperar que Philadelphia mostrasse algum tipo de evolução durante o campeonato, pela juventude de seu elenco – a não ser que Jahlil Okafor terminasse encarcerado, claro. Então o mérito não é todo de Colangelo. Mas é inegável que a troca por Smith tem a sua impressão digital, pelo simples fato de o Sixers, pela primeira vez desde 2013, ter entrado num negócio em que pagou escolhas de Draft, em vez de cobrá-las. Sem contar o fato de que o próprio Hinkie deixou Smith ir embora em julho, sem nem mandar um abraço e sem ouvir o apelo interno de Nerlens Noel. Então talvez a projeção acima seja pessimista, ainda levando em conta, com muito peso, os resultados do plantel dos dois primeiros meses de temporada, que já não é mais o mesmo. A julgar pelas declarações de Colangelo, novos reforços podem chegar esta semana.

De todo modo, pensando no recrutamento de calouros, nada é muito certo. A matemática nem sempre joga a favor, algo que a franquia aprendeu de forma dolorida nos últimos anos. O clube nunca passou do terceiro lugar da lista, perdendo, em tese, Andrew Wiggins e D’Angelo Russell, para ficar com Joel Embiid e Jahlil Okafor. Está muito cedo para julgar quem é melhor que quem: o fato aqui é que, por mais desqualificados que tenham sido os elencos dos últimos anos, Hinkie não foi agraciado com a primeira escolha. Agora que estão vencendo mais jogos, o carma será zerado?

Los Angeles Lakers, o 29º
Previsão de campanha: 18-64
Chances para entrar no top 3: 55,3%
Net rating na temporada: -10,8 pontos
Net rating desde 26/12: -8,2 pontos
Campanha desde 26/12: 6 V, 19 D
Aproveitamento médio dos rivais até o final da temporada: 51,2%
Restante da tabela: 17 em casa, 10 fora

O Lakers vai priorizando Kobe e deixando D'Angelo no banco. Quem sai perdendo?

O Lakers vai priorizando Kobe e deixando D’Angelo no banco. Quem sai perdendo?

Mais do que o desenvolvimento de Russell, Randle, Clarkson e Nance Jr., mais do que a aposentadoria de Kobe Bryant, neste final de temporada, o principal tópico de interesse para o torcedor e a diretoria do Lakers deveria ser a manutenção de sua escolha de Draft, a qualquer custo.

Sobre o progresso dos calouros: o simples fato de estarem entrando em quadra com regularidade tende a fazer deles melhores jogadores, não importando o que Byron Scott faça contra ou a favor. A diretoria talvez tente trocar Brandon Bass, Roy Hibbert, Lou Williams e Swaggy P nas próximas horas, mas não será tão fácil assim. Sobre Kobe? Acho que a liga inteira já deu conta, né? Agora é curtir as últimas semanas, com diversos jogos em casa, e fazer mais uma bela festa na despedida do Staples Center em 13 de abril, contra o Utah. Ainda mais com o craque, de alguma forma, elevando sua produção em fevereiro, mês no qual o time venceu dois de cinco jogos. A ironia é que, se Kobe sustentar um ritmo minimamente aceitável em quadra e se os garotos progredirem até abril, as coisas podem se complicar no front mais importante.

Vocês sabem: caso o Lakers escorregue no sorteio do Draft e saia do top 3, terá de mandá-la para Philly. Seria um desastre para um clube desesperado por mais talento em seu elenco e que não vem tendo sucesso na hora de recrutar agentes livres de primeiro escalão. Desculpe, Nick Young, há verdades que não podemos esconder. Tantos jogos em Los Angeles pode ser uma ameaça a esta ‘causa’, mas o time ainda tem de enfrentar muitos oponentes qualificados, o que talvez ajude a equilibrar a balança.

Brooklyn Nets
Boston Celtics, 28º (a)
Previsão de campanha: 22-60
Chances para entrar no top 3: 44,7%
Net rating na temporada: -7,4 pontos
Net rating desde 26/12: -8,7 pontos
Campanha desde 26/12: 6 V, 19 D
Aproveitamento médio dos rivais até o final da temporada: 47%
Restante da tabela: 10 em casa, 18 fora

Boston Nets, Brooklyn Celtics. Uma torcida, uma só voz

Boston Nets, Brooklyn Celtics. Uma torcida, uma só voz

É, pois é. A troca por Kevin Garnett e Paul Pierce, na época, parecia uma boa ideia para o Brooklyn Nets, já que, na cabeça do russo Mikhail Prokhorov, era para seu time brigar o quanto antes para os playoffs. Se a impaciência era a palavra de ordem, fazia sentido adicionar os dois veteranos a uma base já rodada. O que Billy King poderia ter feito, porém, era lutar por uma proteção ao par de escolhas de Draft que encaminhou para Boston. Danny Ainge o roubou descaradamente.

O chefão do Celtics agora se vê nessa situação raríssima e extremamente favorável: não só a sua equipe briga pelo título da Conferência Leste (sendo azarão, ainda), como ainda pode faturar um calouro talentosíssimo em junho. Isso, claro, se um trunfo desse valor não for envolvido em uma troca que dê a Brad Stevens uma superestrela. Topa, ou não topa trocar? Creio que só se for por um Al Horford, ou mais. Tem de ser um cara que vá fazer a diferença sem dúvida nenhuma, e Horford seria uma evolução imensurável sobre Jared Sullinger ou Amir Johnson. Ainda assim, prestes a virar agente livre, o dominicano só valeria o preço se desse a entender, sem que a liga saiba, que topa renovar com a franquia.

O outro lado da questão a se ponderar é que você está falando, hoje, de 44% de chances de se inserir entre os três primeiros e de 13,8% para a escolha número um. Quer dizer, não estamos falando de certezas, de 100%, e mesmo esses números devem cair um pouco no momento que o Phoenix fique para trás, certo?  A julgar pela derrocada do Suns, sim (veja abaixo). Maaaas… entre tantos números acima, Ainge certamente está de olho na disparidade entre jogos dentro e fora de casa na tabela do Brooklyn. Ainda que, em termos de força dos oponentes, seja o calendário mais fraco entre os cinco citados, o Nets vai jogar várias partidas como visitante. E, até o momento, seu desempenho longe de Nova York é péssimo: foram 23 jogos fora e apenas quatro vitórias, para um aproveitamento de apenas 17,3%. (Mais: ainda existe uma pequena possibilidade de que Thaddeus Young e/ou Brook Lopez sejam trocados.) Epa.

Phoenix Suns, 28º (b)
Previsão de campanha: 24-58
Chances para entrar no top 3: 39,2%
Net rating na temporada: -7,3 pontos
Net rating desde 26/12: -14,3 pontos
Campanha desde 26/12: 2 V, 21 D
Aproveitamento médio dos rivais até o final da temporada: 50%
Restante da tabela: 13 em casa, 15 fora

Jordan McRae não é a esperança de reviravolta do Suns

Jordan McRae não é a esperança de reviravolta do Suns

Ish Smith reestreou pelo Sixers justamente contra o Phoenix Suns, o que não poderia ser mais simbólico. Desde então, a pior campanha da liga pertence ao clube do Arizona, mais um que o deixou escapar, mesmo que não precisasse pagar tanto. (Nessa, porém, o gerente geral Ryan McDonough passa numa boa: ele fez uma proposta para o atleta em julho, mas foi recusado – o armador acreditava piamente que renovaria com Philadelphia).

Então, da mesma forma que o “BPI” da ESPN ainda não dá muito peso aos esforços recentes dos 76ers, o sistema também talvez precise de mais algumas semanas para se dar conta de que o Suns só tem uma direção em sua trajetória neste campeonato: para baixo. A máquina não sabe que as aparições de Jordan McRae (o cestinha da D-League) e de outros caras da liga menor serão cada vez mais frequentes.

É difícil de imaginar de onde sairão mais dez vitórias para a atual equipe, de acordo com a projeção acima, que o deixaria com a quarta maior probabilidade, abaixo do Nets. Eric Bledsoe está fora, Brandon Knight pode se juntar a ele logo mais e nem mesmo Ronnie Price (aquele que assumiu a vaga rejeitada por Smith) tem data para voltar, deixando o interino Earl Watson sem opções naturais para a armação – o talentoso Archie Goodwin vai ser, no máximo, um Jamal Crawford, driblando bem a bola, mas sem visão de quadra. Além disso, existe a perspectiva de trocas para PJ Tucker e, oxalá, Markieff Morris.

Quando assumiu a gestão do clube em 2013, todos esperavam que McDonough guiaria um processo de reformulação imediata. Acontece que seus primeiros movimentos como gerente geral foram tão bons que o Suns se meteu na briga por uma vaga nos playoffs. Leia mais aqui. Agora, com um plantel despedaçado e desacreditado em Phoenix, chegou a hora de buscar um talento de ponta do jeito mais fácil – mas também mais doloroso. Eles vão com tudo (ou muito pouco, com o jovem Devin Booker sendo uma grata revelação): um saldo de 14,3 pontos por 100 posses de bola é muito pior que o do Sixers até dezembro. Uma calamidade.

Minnesota Timberwolves, 26º
Previsão de campanha: 27-55
Chances para entrar no top 3: 30,9%
Net rating na temporada: -3,1 pontos
Net rating desde 26/12: -4,5 pontos
Campanha desde 26/12: 6 V, 19 D
Aproveitamento médio dos rivais até o final da temporada: 54,1%
Restante da tabela: 13 em casa, 15 fora

Imaginem se Towns e Wiggins ganharem mais uma escolha nº 1?

Imaginem se Towns e Wiggins ganharem mais uma escolha nº 1?

Acho que o Minnesota só entra nessa lista por precaução. No papel, tem um elenco muito mais talentoso que o dos quatro acima, e Karl-Anthony Towns exercendo uma dominância precoce no garrafão, com 22,2 pontos, 12,4 rebotes, 2,0 tocos e aproveitamento de 58,9% nos arremessos em cinco partidas em fevereiro.. Dependendo do que o New Orleans Pelicans e Milwaukee Bucks decidirem fazer nesta semana, em relação a trocas, pode ser que “briguem” pela condição de quinta pior campanha da temporada.

Por enquanto, vamos respeitar os cálculos das máquinas da ESPN e manter o Wolves. Dos dados pinçados, só chama a atenção o fato de que Minnesota tem a tabela mais complicada daqui para a frente, em termos de qualidade da oposição. Agora, imaginem se eles dão sorte e vão para o topo? Teriam, de modo incrível, as três primeiras escolhas dos Drafts de 2014 a 2016. Sam Hinkie não suportaria isso.

Curiosidade: os confrontos diretos
Sixers: dois contra o Nets
Lakers: um contra o Nets, dois contra o Suns
Nets: um jogo contra o Wolves, um contra o Lakers e dois contra o Sixers
Suns: dois contra o Lakers
Wolves: um jogo contra o Nets


Orlando Magic: um Philadelphia mais adiantado
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Giancarlo Giampietro

30 times, 30 notas sobre a NBA 2014-2015

Orlando Magic espera vencer mais com sua ainda jovem base este ano

Orlando Magic espera vencer mais com sua ainda jovem base este ano

Muito antes de o Sixers despertar asco, revolta e choque na NBA , o Orlando Magic embarcou no mesmo plano de reformulação via Draft. É a reconstrução de um mundo sem Dwight Howard, que chega agora a seu terceiro ano – estando, então, mais avançado que o de seus companheiros de pindaíba em Philly. Perder, perder, perder, coletar jovens jogadores no Draft e tentar dar um salto no futuro. A diferença é que em nenhum momento eles foram tão radicais no projeto, um pouco por força das circunstâncias, mas também para manter um ou outro veterano por perto, mesmo.

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Jameer Nelson, Arron Afflalo, Al Harrington, Jason Maxiell, Solomon Jones, Glen Davis (esse não, vai), JJ Redick. Todos eles estão fora agora, mas, em geral, duraram mais tempo com o gerente geral Rob Hennigan do que qualquer veterano que Sam Hinkie tenha herdado. E quer saber do que mais? Não adiantou de nada para deixar a equipe mais competitiva. As 121 derrotas que sofreram nas últimas duas temporadas contaram como a pior marca da liga.

O que Hennigan e o técnico Jacque Vaughn esperavam era que ao menos a influência de jogadores mais experientes pudesse influenciar os mais jovens, apontando a direção a ser seguida, em termos de profissionalismo. Nesta temporada, chegou a hora de avaliar tudo isso. O Orlando adicionou mais duas escolhas altas de Draft, com os extremamente promissores Aaron Gordon e Elfrid Payton saindo delas, mas não ficou só nisso. Usou seu espaço no teto salarial para ir às compras e se reforçar. Parece que decidiram que chegou a hora de brigar pelos playoffs. De pelo menos tentar.

Ben Gordon ainda vive. Ou quase

Ben Gordon ainda vive. Ou quase

Se contrataram certo, aí já é uma outra questão. Qualquer um poderia estranhar, de início, o valor pago por Channing Frye. São US$ 32 milhões por quatro anos de serviço para o pivô que já tem 31. Mas aí a gente lembra que o mercado de agentes livres sempre funcionou assim. Os preços ficam inflados. Além do mais, Frye é um jogador bastante útil para qualquer equipe, com sua habilidade para converter os chutes de três pontos e defender o garrafão do outro lado. Claro que não se trata de nenhum Dikembe Mutombo, mas é um marcador muito mais atento que um Ryan Anderson, por exemplo. Ao final do acordo, estará no finalzinho da carreira, mas supostamente seu arremesso não será afetado, já que é alto pacas. Sam Perkins provou isso para nós, afinal. E um detalhe: ele foi apenas a segunda opção do time. Antes, foram atrás de Patrick Patterson, oferecendo a vaga de titular ao lado de Nikola Vucevic. Mas o ala-pivô preferiu ficar em Toronto.

Na hora de comentar as demais contratações, vocês me desculpem se tudo ficar muito mal-escrito. É que fechar com Luke Ridnour, Willie Green e Ben Gordon gera um tipo de confusão mental. Especialmente Gordon. O torcedor do Bulls ainda deve guardar um pouco de estima no coração sobre o veterano britânico, o que é compreensível. Agora, nem ouse falar sobre ele com aqueles que tenham apreço por Bulls e Bobcats/Hornets. O que ele mais fez por esses clubes? Reclamar. Dar trabalho aos técnicos. Ver seus índices de acerto nos arremessos despencar. Um horror.

Harris, 22, ainda está em evolução e vai virar agente livre: vale quanto?

Harris, 22, ainda está em evolução e vai virar agente livre: vale quanto? O Orlando lhe ofereceu algo em torno de US$ 8 a 9 milhões por ano. Seus agentes esperavam muito mais

Com tantos jovens atletas no elenco, Hennigan sentiu a necessidade de adicionar arremessadores experientes, para espaçar a quadra, encontrar um equilíbrio. Pena que o diminuto Gordon, seja por ferrugem ou pelo peso do tempo, mesmo, não pareça mais se enquadrar na condição de “especialista”. Seu contrato vale US$ 4,5 milhões, tem curta duração, mas não se justifica.

Ridnour, ao menos, oferece algo a mais: não só é mais produtivo hoje, como dá mais estabilidade na armação, para verdadeiramente contrabalancear o jogo ainda afoito de Payton e Victor Oladipo. Um cara para acalmar a situação quando necessário, errar pouco e ainda matar os chutes de média distância com muita eficiência. Tinha coisa melhor disponível, todavia? Sim, ainda mais se os recursos empregados em Gordon tivessem direcionados para tanto. Em termos de força estabilizadora, Frye já daria sua contribuição valiosa. Sem contar Green, cujos técnicos já encaram como um assistente extraoficial, dentro do vestiário.

De qualquer forma, está claro que para Orlando chegou a hora de subir alguns degraus. Querem se distanciar do fundo do poço. Ao final do campeonato, dependendo dos resultados e se a memória for curta, podem muito bem se achar no direito de criticar o que Philadelphia anda fazendo. Coisa. Feia. Mas faz parte do jogo.

O time: na última temporada, Vaughn coordenou o segundo pior ataque e a 17ª defesa. Quer dizer: tem muita coisa que acertar para que eles possam sonhar com os playoffs. No Oeste, seria impossível. Como a Flórida é um dos pontos mais visitados na Costa Leste, tudo muda de figura. Lá só um café com leite como o Sixers não pode ter aspiração a nada.

Vucevic sustenta números impressionantes, mas tem pouca presença defensiva. É, de qualquer forma, um dos pilares da equipe

Vucevic sustenta números impressionantes, mas tem pouca presença defensiva. É, de qualquer forma, um dos pilares da equipe

Em termos de material humano, o time tem grandes atletas para formar uma defesa asfixiante. Aaron Gordon infelizmente sofreu uma fratura, e o menino de 19 anos, apenas alguns dias mais velho que Bruno Caboclo, se mostrava muito mais pronto que o esperado para contribuir. Pode marcar oponentes de diversos perfis, e com segurança. Oladipo, um tremendo atleta e competidor, está retornando agora de uma lesão no joelho e de uma fratura facial.  Payton é um armador alto, veloz e impertinente. Tobias Harris é uma fortaleza, enquanto Maurice Harkless pode fazer de tudo um pouco. O problema é a inexperiência coletiva deles. O treinador precisa realmente ensinar o caminho das pedras.

Vucevic tem os números de um dos melhores reboteiros da liga, é verdade, mas ainda desperta dúvida na maioria dos scouts, principalmente por suas deficiências na defesa. Sua movimentação lateral fica aquém do desejado para impedir infiltrações de armadores e alas. Zach Lowe dá uma palhinha aqui.

No ataque, porém, o suíço-montenegrino vem evoluindo a cada ano, mesmo que sua carga aumente junto. Isto é: não perdeu eficiência quando foi mais exigido, o que é bom sinal. Ele pode matar seus arremessos de diversos pontos da quadra, tendo um excelente chute de média distância. Como finalizador, Harris também se destaca. Forte-pra-burro, ele tende a castigar defensores menores perto da cesta. Seu chute de longa distância vem sendo refinado, mas sua visão de jogo ainda é bastante limitada. A bola vai dele para a cesta, mas dificilmente encontra um companheiro mais bem posicionado.

Payton e Oladipo vão colecionar highlights o ano todo, mas também vão cometer um caminhão de erros com a bola. São de todo modo os principais criadores da equipe, e Vaughn, um ex-armador pouco brilhante, mas muito regular, vai ter de conviver com seus desperdícios e ensinar algumas manhas. Cabe ao treinador e sua comissão desenvolver essas peças talentosas. Ainda que jovens, vai chegar uma hora em que todos vão querer ser pagos. Harris, por exemplo, já vira um agente livre ao final do campeonato. Orlando precisa saber quem é que merece aumento, e nada melhor que jogar para valer para avaliá-los.

A pedida: a contratação de veteranos indica que, sim, o Orlando já acha que chegou a hora de entrar nos playoffs.

Allez, Fournier: liberdade para o francês em Orlando

Allez, Fournier: liberdade para o francês em Orlando

Olho nele: Evan Fournier. Pouco aproveitado por Brian Shaw em Denver, Fournier veio na troca por Arron Afflalo. Poucos entenderam, acreditando que o experiente ala valia no mínimo uma futura escolha de primeira rodada. Acontece que, para Hennigan, o ala de 22 anos seria tão ou mais valioso que isso, e o início de campanha dá indícios de que esteja certo. Se Payton e Oladipo são os principais condutores do time, o francês pode dar uma ajudinha aqui. Ainda que venha causando impacto mais com suas bombas de três, ele é outro que pode driblar e dar dinamismo ao sistema ofensivo à medida que se sinta mais confortável em quadra.

Abre o jogo: “Vucevic é o melhor jogador que ninguém conhece. Ele é um All-Star”, Doc Rivers, dando moral ao pivô do Orlando, time pelo qual fez sua estreia como treinador em 1999, ganhando de cara o prêmio de Técnico do Ano. Ele ficou na franquia até 2003.

Payton foi brevemente sequestrado pelo Philadelphia na noite do Draft

Payton foi brevemente sequestrado pelo Philadelphia na noite do Draft

Você não perguntou, mas… o Orlando Magic foi sacaneado por Sam Hinkie e o Philadelphia no último Draft. O gerente geral do Sixers deduziu, até com uma ajuda do diário Orlando Sentinental, que o time da Flórida estaria extremamente interessado no armador Elfrid Payton, na 12ª posição, depois de selecionar Aaron Gordon em quarto. Sua equipe tinha a 10ª posição. O que ele fez? Escolheu Payton. Um prospecto interessante, e tal. Mas ele nunca teve a intenção de contar com o armador. A ideia era apenas extorquir o clube da Disney. Deu certo: Rob Hennigan queria tanto Payton, que pagou não só a 12ª escolha, mas também outra futura. Justamente um pick que a gestão anterior havia cedido ao Magic na supertroca de Howard, Bynum e Iguodala em 2012. Cruel, muito cruel, diria o Januário de Oliveira.

Jacque Vaughn, Orlando Magic, point guardUm card do passado: Jacque Vaughn. O atual treinador teve uma breve passagem pela equipe da Flórida, dividindo a armação da equipe em 2002-2003 com Darrell Armstrong, hoje um dos 39 assistentes técnicos de Rick Carlisle em Dallas. Naquele ano, Orlando tinha mais uma jovem estrela, Tracy McGrady, mas que não havia chegado via Draft, mas, sim, como agente livre. A franquia não teve paciência para se solidificar ao redor do ala, nem mesmo depois do trágico negócio envolvendo Grant Hill. Era para os dois formarem a melhor dupla de perímetro da liga, mas a imprudência médica no tratamento de Hill, resultando em constantes graves lesões, acabou com esse sonho. Ainda assim, a cartolagem investiu na contratação de gente como Shawn Kemp, em seu triste fim de carreira, Andrew DeClerq, Pat Burke e Horace Grant. Vaughn era mais um desses veteranos que fazia contrapeso aos mais jovens – e não tão talentosos – do  elenco, como Ryan Humphrey, Jeryl Sasser, Steven Hunter e Olumide Oyedji. Mike Miller era aquele que se salvava, mas acabou trocado ao lado de Hmphrey para Memphis, vindo para o seu lugar Drew Gooden e Gordan Giricek. Era um time indeciso, que nunca chegou a formar uma base forte, para frustração de T-Mac.


O Philadelphia 76ers vai ser o pior time da história?
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Giancarlo Giampietro

30 times, 30 notas sobre a NBA 2014-2015

OK, sem a ajuda do Google, diga quem são cada um desses da esquerda para a direita

OK, sem a ajuda do Google, diga quem são cada um desses da esquerda para a direita

Michael Carter-Williams havia acabado de retornar de uma cirurgia no ombro. Ao final do primeiro tempo, sentado no vestiário, talvez não acreditasse que pudesse ser recebido de forma tão humilhante em quadra. O Dallas Mavericks destroçava seu Philadelphia 76ers, abrindo uma inacreditável vantagem de 44 pontos após 24 minutos de jogo. Era como se a cada minuto, o time da casa fizesse uma cesta de dois pontos – e o adversário, nada.

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“Tenho certeza de que vou me lembrar disso, e não quero que aconteça de novo. Ninguém nesse vestiário vai se acostumar nunca em perder desta maneira. Nenhum de nós vai se acostumar a perder, e ponto. Ficamos chateados a cada derrota”, afirmou o talentoso e um tanto errático armador, o novato do ano da NBA 2013-2014.

Compreensível a declaração de MCW, e louvável até. Ele e seus companheiros podem muito bem não aceitar uma surra dessas. Agora, entre aceitar e se acostumar, há uma grande diferença. E é bom que o jogador e a equipe mais jovem da temporada entendam isso. Porque a temporada promete ser longa. Beeeem longa, e até inesquecível. Foram nove jogos até esta segunda-feira, e nove derrotas. Não chega a surpreender. Desde que o gerente geral Sam Hinkie montou o atual elenco, o Sixers virou sério candidato a pior da história – com a famigerada campanha da mesma franquia em 1972-73, com 9 vitórias e 73 derrotas, sendo o parâmetro. Com um agravante: o movimento é calculado.

O jogo contra o Sixers foi tão interessante que a torcida do Mavs...

O jogo contra o Sixers foi tão interessante que a torcida do Mavs…

A (já não tão) nova gestão do Philadelphia traçou um plano bem claro: implodir a estrutura então vigente. Chegar aos playoffs e perder não era o bastante, não ia levar a lugar algum. Então o que o cartola fez foi promover um leilão e vender todas as peças minimamente decentes que a equipe tinha para recomeçar do zero. Era hora de reconstrução via Draft. E, para fazer desta forma, já sabemos: quanto mais derrotas, mais chances de conseguir uma boa posição na seleção de novatos e acesso aos melhores talentos.

Veja bem: não há nada ilegítimo nessa linha de raciocínio. Nem ilegal. Está dentro das regras do jogo, e o Sixers não é o primeiro clube a adotá-la. O problema é que Hinkie talvez esteja indo um pouco longe demais em seu descompromisso com o presente, pensando apenas no futuro. Quando o tal do futuro vai chegar? Se chegar.

Hoje, no plantel é o mais jovem da liga, com 23 anos de média. Até aí tudo bem, faz sentido. Agora, na hora de falar em qualidade, a coisa fica mais feia. A turma que vem jogando é a que tem menos escolhas de primeira rodada: Carter-Williams, Tony Wroten e Nerlens Noel. De resto, são sete atletas que nem mesmo foram selecionados no Draft, um recorde. O que não quer dizer que caras como Brandon Davies, Robert Covington, Alexey Shved e Henry Sims não possam evoluir e emplacar. Caras como Ben Wallace, José Juan Barea, Brad Miller e Bruce Bowen também passaram batido no recrutamento e foram figuras importantes em times que tiveram sucesso nos playoffs. Mas, historicamente, é um desenvolvimento bem mais raro. Vejam Jarvis Varnado, Chris Johnson, Casper Ware, Elliott Williams e outros talentos nos quais Hinkie apostou recentemente e já foram dispensados. Haja rotatividade e procura.

Brett Brown vai precisar de toda a diplomacia e lições do mundo

Brett Brown vai precisar de toda a diplomacia e lições do mundo

Aqui é a parte em que podemos perguntar: mas se a ideia é reconstruir usando o Draft, onde estão as escolhas? Bem, o pivô camaronês Joel Embiid está na enfermaria, bastante atuante no Twitter. O ala-pivô croata Dario Saric tem contrato milionário com o Anadolu Efes, da Turquia, e só deve se apresentar daqui a duas temporadas. Essas foram as duas escolhas principais do clube neste ano. Hinkie já sabia  que não poderia contar com eles, mas optou por essa rota ainda assim.

Assim como para os calouros de segunda rodada. No caso do Sixers, ao menos o ala KJ McDaniels vem se mostrando um achado. O jogador revelado por Clemson tinha cotação para as primeiras 30 posições, mas acabou derrapando num ano de forte concorrência. O ala Jerami Grant, filho de Harvey e sobrinho de Horace, lesionado, é outro que pode seguir nessa linha. Mas seria o suficiente para tornar a atual equipe mais competitiva? Dificilmente.

Mais duas observações: 1) McDaniels já vai virar um agente livre ao final do ano (leia mais abaixo); 2) de todas as escolhas do segundo round, o ala Jordan McRae foi aquele que teve o melhor verão com a camisa do Philadelphia. Mas cadê ele no elenco atual? Você não vai achar. McRae foi convencido pela diretoria a jogar na Austrália para ganhar cancha, que foi o mesmo procedimento adotado pelo Miami Heat com James Ennis, e deu certo. Por outro lado, é um prato cheio para aqueles vão acusar Hinkie de estar simplesmente entregando os pontos por ora.

Carter-Williams e Noel: dupla de aposta para o futuro, ou nem isso. Sixers no limbo por enquanto

Carter-Williams e Noel: dupla de aposta para o futuro, ou nem isso. Sixers no limbo por enquanto

Como Stan Van Gundy, que não tem papas na língua. “Não me importo se alguém diga que eles não estão perdendo de propósito. O que Philadelphia está fazendo agora é uma vergonha. Se você está usando botando um time desses em quadra, está fazendo todo o possível para perder”, afirmou o técnico durante a última Sloan Sports Conference, antes de assumir o Detroit Pistons, diga-se.

Esse tipo de revolta, aliás, levou a NBA a votar no encontro anual dos proprietários de cada clube uma possível mudança nas regras do Draft. A proposta era mais complexa, mas pode ser resumida basicamente desta forma: os piores times da liga teriam chances menores de ganhar as primeiras posições no recrutamento. A disputa ficaria mais equilibrada entre todos os participantes da loteria. Muitos esperavam que a reforma fosse aprovada, mas, de última hora, o Sixers ganhou aliados e venceu essa batalha. Não que esses novos aliados estivessem inteiramente ao lado de Sam Hinkie: pesou também toda a incerteza que ronda as franquias com a iminência de um novo contrato bilionário de TV, que vai influenciar drasticamente a condução dos negócios cotidianos.

Mas nem tudo são críticas. O próprio comissário Adam Siler diz entender e avalizar o projeto de Philly. “Não concordo de modo algum com o técnico Van Gundy. Já visitei aquele vestiário, falei com o treinador Brett Brown. É um insulto para toda a liga sugerir que esses caras não estejam fazendo o melhor que podem para vencer”, afirma. “Se você for observar qualquer negócio, vai pensar em resultados a curto e longo prazo. E se te dissessem que, em um rumo específico, que a ideia era operar com base a cada trimestre, você diria que esse não é o caminho certo, que você precisa de uma estratégia e pensando longe. Acho que o que essa organização está fazendo é absolutamente a coisa certa: planejar para o futuro e construindo uma organização do térreo para cima. Pensando no que aconteceu na cidade nos últimos anos, era algo muito necessário.”

Na hora de fazer uma análise sobre cada negociação conduzida por Hinkie, o cartola na verdade sai ganhando, dependendo do quanto se vá valorizar Evan Turner e Thaddeus Young, que ainda eram jovens o suficiente para seguir no time (a que preço, porém?). Os dois alas e o armador Jrue Holiday e o pivô Spencer Hawes foram os atletas negociados. Em troca, o gerente geral conseguiu Nerlens Noel,  os direitos sobre Saric e muitas escolhas de Draft, de primeira ou segunda rodada. A equipe piora para agora, mas ganha uma base para amanhã.

As escolhas de Noel, Saric e Embiid foram todas oportunistas: se não houvesse restrições de lesão ou contratuais, os três não estariam disponíveis para a franquia. Mas é aíque  retomamos a pergunta inicial: o duro é que esse amanhã vai demorar para chegar, e muito. Noel está aparentemente 100% recuperado de sua cirurgia no joelho, mas ainda é bastante cru. Causa impacto na defesa, mas deixa a desejar no ataque. Carter-Williams? Nem eles estão certos se vai dar em algo, tanto que estavam dispostos a trocá-lo ao final da temporada, caso conseguissem mais uma escolha alta de Draft.  Tentaram vendê-lo na alta. Embiid, pelo que todo mundo indica, não vai jogar este ano, recuperando-se de uma operação no pé e também de complicações com as costas. O camaronês encantou a todos os olheiros durante seu ano de parceria com Andrew Wiggins em Kansas, mas também é inexperiente e tem esse histórico médico preocupante.

É um cenário bem diferente daquele que o Oklahoma City conduziu. Eles selecionaram Kevin Durant, Russell Westbrook e James Harden para jogar na hora. Serge Ibaka foi o único pelo qual tiveram de esperar por um ano. Ah, mas muito disso vem do fator chamado sorte? Certamente: o Portland Trail Blazers apostou nas articulações de Greg Oden e se deu mal. Por outro lado, Westbrook e Harden eram bem cotados quando saíram da universidade, mas não eram unanimidade. Poucos imaginavam que poderiam se tornar superestrelas desse nível. Valeu, aí, o faro do gerente geral Sam Presti e de sua equipe, além da competência de todos no trabalho com os garotos. No ano de calouro de KD, o time venceu 20 partidas, ainda em Seattle. Com Wess novato, foram 23 triunfos. Quando Harden chegou, eles já foram par 50 vitórias.

Demorou um pouco para vencer, mas OKC juntou muito mais talento, e de cara

Demorou um pouco para vencer, mas OKC juntou muito mais talento, e de cara

Em Philadelphia? No campeonato passado, foram 19 vitórias. Então, pera lá: qual a diferença? Bem, são muitas. Para começar, a equipe ainda contava com alguns veteranos competentes, que ajudaram num início de campanha surpreendente. Desde fevereiro de 2014, porém, a equipe perdeu 40 de suas 44 partidas. Para a atual campanha, não há sinal de evolução alguma. Muito pelo contrário: o Sixers não só perdeu suas nove primeiras partidas, mas vem com um saldo negativo de 16 pontos por rodada (o Lakers na sua pindaíba, vem com -10,5, e jogando no Oeste). Mesmo se descontarmos os 53 pontos da surra que tomaram naquela do MAvs (placar de 123 a 70, a maior vitória da história do adversário), o saldo ainda seria de -11,3.  Em 1972-73, aquele que viraria o pior time da história tinha perdido por 9,3 pontos nas primeiras nove rodadas. Obviamente as coisas aqui estão bem mais incertas.Mas Hinke tem sinal verde, respaldo total dos acionistas da franquia para seguira diante com seu plano. “Quanto mais eu converso com as pessoas sobre as coisas que vejo, elas me dizem que muito dos pilares já estão aqui: uma cidade com tradição no basquete, um mercado grande e um grupo de proprietários comprometidos com a ideia de vencer no nível mais alto possível e que são inteligentes, pacientes e estão dispostos a fazer os investimentos a longo prazo e tudo o que for necessário para conduzir nosso sucesso”, disse o cartola, que é daqueles que fala pouco. Não há metas declaradas, nem nada disso. Enquanto a liga não sabe o desfecho do plano, é bom que Carter-Williams, seus companheiros e torcedores vão ter de se preparar. Para alcançar o sucesso, será preciso passar por um suplício nesta temporada.

Brown, Embiid, Noel, MCW e Hinkie foram ver Saric jogar a Copa do Mundo. Time do futuro?

Brown, Embiid, Noel, MCW e Hinkie foram ver Saric jogar a Copa do Mundo. Time do futuro?

O time: Brett Brown tem alguns jogadores interessantes em sua equipe. Mas estamos falando da NBA, então essa é basicamente a norma.  No caso do Sixers, três dos seus atletas mais promissores têm uma deficiência grave: não sabem arremessar. Há um “detalhe” desses para ser solucionado, em meio a muitas outras carências.

Até mesmo o espigão Noel, jogando perto da cesta, tem dificuldades para finalizar. Tony Wroten até dá sinais de melhora em seu tiro de três pontos, mas numa amostra pequena de jogos – e sua média na carreira ainda é de 24,2%. Nos lances livres, como prova, tem convertido apenas 61%. O armador, de qualquer forma, vinha fazendo um excelente início de temporada, como substituto de MCW. Agora, com o titular de volta, fica a dúvida sobre o quanto os dois podem ser efetivos juntos. Afinal, possuem muitas das mesmas características, e seu companheiro talvez seja um finalizador ainda pior. Ambos cometem muitos turnovers também. Detalhe: embora esteja em seu terceiro campeonato, Wroten é dois anos mais jovem que o companheiro. KJ McDaniels já estrelou algumas enterradas e jogadas atléticas de tirar o fôlego, embora tenha dificuldade para criar por conta própria, se atrapalhando com a bola. E por aí vai.

Tony Wroten começou bem a temporada, mas ainda tem muito o que refinar em seu jogo

Tony Wroten começou bem a temporada, mas ainda tem muito o que refinar em seu jogo

Como eles podem evoluir, se ao redor deles não há quem lhes alivie a pressão? Tanto em termos de atletas experientes como em pura e simples eficiência, qualidade em quadra.

Se formos pegar o ranking aproveitamento geral nos arremessos,  por exemplo, contando tudo (chutes de quadra, três pontos e lances livres), o Philadephia é o pior da temporada até agora. O mesmo aconteceu na campanha passada. É complicado: o time é bem limitado, mesmo. Ainda assim, Brown quer que sua equipe jogue em velocidade, num dos ritmos mais acelerados da liga. Diz acreditar que essa é a melhor solução. Há quem suspeite que a tática sirva apenas para inflar os números dos atletas que Hinkie usaria em trocas. Vai saber. O consolo para o treinador é que ele não precisa ter pressa nenhuma para colher resultados significativos. Além do trabalho diário com os atletas, ele só espera que o mero fato de a rapaziada ir para quadra e encarar uma competição muito mais qualificada seja o suficiente para acelerar seu desenvolvimento.

A pedida: 10 vitórias, e só, para evitar o vexame e mais escândalo na liga.

Olho nele: Nerlens Noel. Um calouro em seu segundo ano de NBA, é verdade. Mas chegou a hora de ver o que Noel pode oferecer em quadra, lembrando que ele era o jogador mais cotado para ser a primeira escolha do Draft de 2013. Acabou caindo para sexto devido ao receio dos times com sua lesão no joelho. O jovem pivô não parece ter perdido nada de sua capacidade atlética. Vale a pena reparar na velocidade das mãos do jogador, que desarma armadores, em baixo, com facilidade. A expectativa de Brown é que ele cause grande impacto na defesa, mesmo. No ataque, ele ainda precisa de muito refinamento. Vai pontuar mais em lances de pick and roll, no aproveitamento de rebotes ofensivos ou em transição.

(Olho nele 2? Joel Embiid, mesmo que ele não vá jogar. Para os que estão no Twitter, taí uma conta obrigatória para se seguir. Na rede de microblog, ele já sondou LeBron James sobre a possibilidade de jogar pelo Philadelphia, flertou com Kim Kardashian, a ‘célebre’ ex-esposa de Kris Kumprhies e atual Sra. Kanye West, e já arrastou asa para a popstar Rihanna também. O quanto disso era sério ou brincadeira? Ninguém precisa saber, fica melhor assim.)

Abre o jogo: “Sim, tenho um trabalho complicado. Mas acho que as recompensas superam os riscos para mim, nessa altura da minha carreira. Está tudo bem. Ninguém iria aceitar esse cargo se a intenção fosse melhorar seu currículo, se preocupando com o número de vitórias ou derrotas, na hora de avaliar sua carreira no futuro. Já passei dessa fase. Vejo apenas uma oportunidade incrível, que eu abraço para valer. É difícil em muitos níveis, mas a empolgação do que o projeto pode vir a ser pesa mais que as dificuldades. Nem me importo com um primeiro jogo da pré-temporada. E nem me importo com muitas coisas, para falar a verdade. Em vez disso, olho para o futuro. Quero realmente uma abordagem muito dedicada e muito devagar, para que façamos as coisas direito”, Brett Brown, quase num manifesto ao falar ao NBA.com sobre os desafios de seu cargo: pegar um elenco horroroso e tentar extrair daí algo positivo para o futuro, sem se importar com tantas surras que tem tomado.

KJ McDaniels decidiu usar a draga do Sixers a seu favor. Vai dando certo

KJ McDaniels decidiu usar a draga do Sixers a seu favor. Vai dando certo

Você não perguntou, mas...  o ala KJ McDaniels, um dos calouros da equipe, desafiou a lógica vigente ao negociar seu contrato com o Philadelphia. Em geral, para os atletas selecionados na segunda rodada do Draft, o padrão vinha sendo a assinatura de um vínculo de quatro anos, os dois últimos sendo opcionais – com o time podendo exercer a cláusula, claro. McDaniels simplesmente optou por um contrato de apenas um ano, sem garantias. Pode ser dispensado a qualquer momento pelo Sixers. Sua aposta, porém, é que a equipe não vai poder abrir mão de seu talento – imaginem? – e que terá tempo de quadra para vender o peixe. Ao final do ano, vira a gente livre e espera receber uma oferta mais rentável.

Hal Greer,1972-73, Sixers, Trading CardCard do passado: Hal Greer. Nessa preciosidade de 1972-73, vemos que ao menos aquela versão vexatória do Sixers contava com um membro do Hall da Fama em seu elenco. Pena que era justamente em sua última temporada na liga. : ) Greer entrou na NBA em 1958 e jogou toda sua carreira pela mesma franquia – com a diferença de que, até 1963, ela se chamava Syracuse Nationals. Campeão em 1967, foi um dos principais companheiros do legendário Wilt Chamberlain. No ano do título, ele marcou 27,7 pontos por jogo nos playoffs, por exemplo. De 1961 a 70, foi eleito para o All-Star Game. O ala-armador também ficou famoso por cobrar seus lances livres pulando. Sua camisa 15 está aposentada pelo clube.

 


Tudo errado em Philadelphia: Sixers termina a 1ª semana semana invicto
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Giancarlo Giampietro

MCW, fazendo de tudo para estragar os planos de inscuesso do Sixers

MCW, para com isso

Talvez os jogadores do Philadelphia 76ers não tenham entendido direito o recado. Sam Hinkie, o novo gerente geral da equipe, estava fazendo de tudo para sabotar seus prospectos para esta temporada, com o objetivo de se colocar no páreo para as melhores posições do próximo Draft.

Ele foi o último a contratar um treinador. Sua folha salarial não atinge nem mesmo o mínimo requerido pela liga. O elenco parecia mais preparado para competir na D-League do que da liga principal.

E o que a rapaziada me faz em quadra, na primeira semana da temporada? Vencem. Não param de vencer – já são três triunfos em três rodadas. Não contentes em bater o Miami Heat na noite de abertura, eles ainda derrotam o Chicago Bulls.

Aí, não, né? Exageraram. Tudo errado!

“Sabemos o que todos têm dito e escrito sobre nós”, afirma o treinador Brett Brown, ex-assistente de Gregg Popovich e ex-comandante da seleção australiana masculina. “Nossos caras estão se dedicando no dia a dia, algo que sempre foi nossa mensagem. Sou sortudo de ter encontrado um grupo que curte tanto a companhia de cada um que gosta de jogar junto.”

Mas tudo isso pode não passar de apenas um equívoco  por parte do armador Michael Carter-Williams, grande responsável em quadra por esse sucesso inesperado. Sabe como é, né? O cara é novato, ainda não entende direito como devem funcionar a coisas.

A escolha número 11 do Draft tomou a semana inaugural da NBA de assalto, com inacreditáveis médias de 20,7 pontos, 9 assistências e 4,7 rebotes. Sua atuação contra o Heat, aliás, foi uma das maiores estreias da história, beirando um quádruplo duplo absurdo.

“O técnico me dá muita confiança. Posso jogar com liberdade e apenas fazer as coisas acontecerem para minha equipe”, afirma.

Só não pode colocar toda a culpa no calouro, todavia. Um veterano como o pivô Spencer Hawes deveria saber muito bem que seus 19,3 pontos e 11,3 rebotes não ajudam em nada, mas nada mesmo nos grandes objetivos do clube. Além do mais quando ele resolve acertar 50% de seus arremessos de três pontos.

E o que dizer de Evan Turner? Com um rendimento um tanto decepcionante para alguém que foi o número dois do Draft de 2010, o ala me resolve, justo agora, elevar seu padrão de jogo, dividindo bem a bola com Carter-Williams – algo que não consegui nos últimos anos ao lado de Jrue Holiday ou Andre Iguodala.

Enfim, são diversos os detalhes que encaminham esse inesperado início. Com três vitórias, o Sixers só precisa de mais sete para ao menos escapar da pecha de “pior equipe da história”, título que pertence justamente à versão de 1972-73 da franquia (9-73!).

Era algo que muitos julgavam como uma séria ameaça para este elenco. Mas está cedo ainda, de qualquer forma. Sam Hinkie ainda tempo suficiente para mexer em seu time e colocar a equipe no seu devido rumo. De derrotas.


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