Vinte Um

Arquivo : Benite

Flamengo erra um caminhão de bolas de 3 e perde 1ª final
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Giancarlo Giampietro

Maccabi fecha a porta para Laprovíttola: única saída foi o tiro de fora, então?

Maccabi fecha a porta para Laprovíttola: única saída foi o tiro de fora, então?

Foi apenas por  três pontos: 69 a 66. O Flamengo perdeu para o Maccabi Tel Aviv por um placar reduzido desse, nesta sexta-feira, no Rio de Janeiro, na primeira final da Copa Intercontinental. Quer dizer: a equipe carioca tem totais condições de virar o resultado na segunda partida, domingo, com base no saldo de pontos – numa fórmula de competição esdrúxula, independentemente das limitações do calendário internacional, convenhamos.

Então, tudo bem. Acontece, né?

Hm… Nem tanto: as condições poderiam ser muito mais favoráveis para o time rubro-negro no segundo jogo não fosse uma jornada completamente equivocada, desastrada e inexplicável nos arremessos de longa distância.

Pois, que coisa: se, na defesa, a equipe de José Neto fez o dever de casa, fiscalizando da maneira devida, exemplarmente, os arremessos de três pontos de seu adversário, no ataque ela se entregou desta forma. Para deixar mais claro contra-senso: de um lado, trabalhou seriamente para limitar os chutes de fora; do outro, achou que poderia resolver a partida do mesmo jeito.

Olivinha foi uma raridade nesta sexta: não arremessou nenhuma bola de longa distância e terminou com 13 pontos e 7 rebotes em 24 minutos. Inteligência, preparo e determinação fazem a diferença em qualquer nível

Olivinha foi uma raridade nesta sexta: não arremessou nenhuma bola de longa distância e terminou com 13 pontos e 7 rebotes em 24 minutos. Inteligência, preparo e determinação fazem a diferença em qualquer nível

E não é que o Maccabi tenha repetido a dose de seu rival e contestado as tentativas de longa distância flamenguistas. Em diversas ocasiões, principalmente no primeiro tempo, os donos da casa simplesmente se contentaram em brecar na linha perimetral  para mandar ver. Sem sucesso: o aproveitamento geral na noite foi de apenas 4-31 neste tipo de bola. Apenas 12,9%. Com um rendimento desse, não vamos falar de azar ou detalhes, vamos? Sinceramente.

“A verdade é que o time deles fechou muito o garrafão e não tivemos muita saídas. Agora é assistir ao vídeo e ver no que pode melhorar”, afirmou Marquinhos, ao SporTV, que anotou 11 pontos em 29 minutos, convertendo 4 de 12 arremessos, em 29 minutos. Titular da seleção brasileira na Copa do Mundo, o ala foi um pouco mais comedido em seus disparos: 1-4 de longa distância.

Já o Maccabi terminou também com pífios 24% nos arremessos de três pontos, matando apenas 5-21, algo que não valeria nunca um título de Euroliga. Quer dizer: José Neto conseguiu passar a mensagem aos seus atletas de que esse jogo exterior precisaria ser contido. O que deixa perplexo é o fato de, na outra faceta, seus ateltas se perderem justamente da mesma maneira.

Que o Maccabi tenha forçado o Flamengo para os arremessos de fora não é uma surpresa. É um time que não tem tanta estatura ou envergadura, mas que preenche seu garrafão da maneira apropriada. O problema? O time brasileiro se perdeu em uma avalanche de arremessos sem a menor paciência para trabalhar a bola, nem mesmo quando tinha vantagem no placar.

Neste quesito, um jogador com a experiência de Marcelinho Machado precisaria ser um líder, para acalmar a situação. Acabou tendo uma atuação ainda mais lamentável no Rio, errando todos os seus nove chutes, incluindo todos os oito de três, em 19 minutos. Mas não dá para falar apenas do camisa 4. O armador argentino Nicolás Laprovíttola também se atrapalhou todo com apenas uma cesta de longa distância em nove que tentou (2-12 no geral). Vitor Benite, muito mais jovem, explosivo e habilidoso que seu veterano capitão, ficou com 0-5 (fez 9 pontos em 16 minutos, sendo muito mais eficiente quando partiu para os chutes mais de perto (3-3 nas bolas de dois…).

Aqui, cabe o devido parêntese: ambos os times estão em fase de pré-temporada. Estão desenferrujando, recuperando o melhor ritmo de jogo, buscando um melhor entrosamento. O jogo teve, mesmo, cara de amistoso, algo que pode mudar no domingo, com expectativa de público maior no ginásio da Barra. Mas, se for para falar disso, os próprios flamenguistas admitem que isso seria uma vantagem ao seu favor, uma vez que têm apenas dois atletas para assimilarem – Walter Herrmann e a contratação pontual Derrick Caracter –, enquanto, do outro lado, os europeus mudaram mais da metade de sua rotação e ainda estão assimilando os conceitos de um novo treinador. Uma combinação de fatores que abre incógnitas sobre o desenvolvimento do time israelense, dando mais chances para o Flamengo.

Essas chances ficaram evidentes no jogo desta sexta-feira. O campeão brasileiro e latino-americano vencia ao final do terceiro quarto por cinco pontos. A vantagem chegou à casa de duplos dígitos na etapa inicial, mas as precipitações no ataque permitiram que o Maccabi se mantivesse no jogo. Algo que se mostrou fatal no último quarto, quando a boa e velha combinação de um armador explosivo e matreiro com um pivô atlético fazendo a limpa na tábua ofensiva voltou a funcionar.

Jerome Meyinssie não foi bem no 1º jogo: 2 pontos e 5 rebotes em 18 minutos (1-5). Mas seus companheiros também desistiram facilmente do americano, que viu seu companheiro de universidade, Sylven Landesberg, marcar 10 pontos

Jerome Meyinssie não foi bem no 1º jogo: 2 pontos e 5 rebotes em 18 minutos (1-5). Mas seus companheiros também desistiram facilmente do americano, que viu seu companheiro de universidade, Sylven Landesberg, marcar 10 pontos

Com Tyrese Rice infernizando a defesa de seus adversários e Alex Tyus desequilibrando na rebarba, o time israelense faturou a Euroliga de modo surpreendente em Milão, derrubando o CSKA pela semifinal e o grande favorito Real Madri pela final. Na troca de temporada, com o mercado russo interferindo, Rice se mandou, mas Pargo retornou para assumir sua vaga. Único jogador com experiência de NBA no elenco de Tel Aviv, o armador foi um terror em quadra, com 21 pontos em 30 minutos, matando 8-14 chutes de quadra, castigando a defesa do Fla tanto dentro como fora. Tyus se viu mais limitado, com apenas 23 minutos, mas contribuiu com 9 pontos e 5 rebotes, dois deles ofensivos.

Com o norte-americano ao centro e quatro atletas abertos, o Maccabi lembrou em muito mais o time que levou o título europeu na temporada passada, ao contrário da formação tradicional que usou no início do confronto, com o pesado e nada efetivo Aleks Maric tendo a companhia de Brian Randle no garrafão. No segundo tempo, o australiano Maric ficou grudado no banco de reservas, e os israelenses ganharam em agilidade e mobilidade para fazer uma defesa mais compacta e também pontuarem de modo mais diversificado. Saiu um poste e entrou outro atleta capaz de criar a partir do perímetro, espaçando a retaguarda flamenguista.

Os times foram se estudando, entendendo. Por melhor que seja o scout feito na véspera, nada melhor do que ver o embate empírico de suas peças, ainda mais com a distância geográfica e esportiva que existe entre a Liga das Américas e a Euroliga. Levando este ponto em consideração, o deslize do Flamengo é ainda maior, considerando o cenário propício para desbancar os favoritos.

Também ao SporTV, ao final do jogo, o armador MarQuez Haynes, que anotou 5 pontos em 13 minutos, reconheceu que cada time agora conhece melhor o seu oponente. Se formos pensar assim, o destempero rubro-negro da linha de fora talvez até possa, enfim, jogar ao seu favor. Capaz de o Maccabi não votar mais fé nenhuma neste fundamento. Aí, de repente, a sorte vira de lado. Foram apenas três pontos de vantagem para os israelenses no primeiro jogo. Três pontos não são nada no basquete.

*  *  *

Em sua entrevista pós-jogo, Marquinhos também disse o seguinte: “O Neto tem que colocar em quadra quem ele conhece”. Sem explanar muito, fora de contexto, parece um jab de direita em direção ao americano Caracter, contratado de última hora para a Copa Intercontinental e os amistosos nos Estados Unidos contra a galera da NBA. O pivô jogou por quase 22 minutos e somou 10 pontos e 11 rebotes, sendo, ao lado de Olivinha, um dos atletas mais eficazes do Fla. Talvez não seja uma crítica, então. Mas tem a história do Cruzeiro, no futebol, sempre para ser contada.


Pressionado, Fabrício Melo recomeça em Dallas e tenta cumprir promessa
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Giancarlo Giampietro

“Você simplesmente não acha tantos jogadores grandes que sejam tão talentosos como ele. Está na mesma categoria de Al Jefferson e DeMarcus Cousins em termos de seu nível de habilidades ofensivas. Ainda há algum trabalho a ser feito defensivamente e nos rebotes, mas sua evolução é evidente por conta de seu contínuo aprimoramento no condicionamento físico.”

Foi isso o que escreveu Jerry Meyer, analista do Rivals.com – um site especializado no recrutamento de jogadores colegiais nos Estados Unidos –, lá nos idos de 2009, sobre um jovem pivô Fabrício de Melo, que ainda tentava se acostumar a ser chamado de “Fab Melo” por seu mais novo treinador, Adam Ross, na Weston Sagemont Upper School, na Flórida. O brasileiro iniciava sua jornada em quadras norte-americanas e causava uma baita impressão.

Fabrício, tipo Boogie Cousins

Nos tempos de promessa colegial e comparações

Depois de uma avaliação dessas, você pode até duvidar das credenciais de Meyer, mas saiba que ele não estava sozinho nesta barca. Ao concluir sua formação colegial, foi convocado para as principais partidas festivas nesta categoria. Ao lado de Kyrie Irving, Harrison Barnes, Tristan Thompson e outros, por exemplo, disputou o tradicional McDonald’s All-American de 2010.

Três temporadas depois, porém, as comparações com Jefferson e Cousins soam surreais, enquanto o termo “promissor” aparece cambaleante ao lado de seu nome. Embora ainda jovem, aos 23 anos, abrindo apenas sua segunda temporada na NBA, já não seria um exagero dizer que o atleta vê sua carreira a perigo, em uma corrida contra o tempo que se iniciou, na verdade, desde que decidiu tentar a vida de jogador de basquete, mais tarde que o normal para os padrões americanos. Nesta semana, ele abre a pré-temporada como jogador do Dallas Mavericks, mas sem contrato garantido.

“Melo começou aqui (nos Estados Unidos) aos 18. Ele tinha 20 como um calouro de universidade. Faz uma grande diferença em termos de desenvolvimento. Acreditar que ele possa ser um um jogador de NBA agora é uma expectativa injusta”, afirma Amin Elhassan, analista do ESPN.com e ex-integrante de diretorias do New York Knicks e do Phoenix Suns. Para comparar: com os mesmos 20 anos (completados em agosto), Andre Drummond já vai para sua segunda temporada de Detroit Pistons.

De basquete organizado, num ambiente verdadeiramente estruturado, o pivô tem quantos anos? Cinco? Se você for considerar os treinos e jogos colegiais dos Estados Unidos como competição nesse nível, a conta seria essa. Mas Elhassan questiona até mesmo isso. “Ele jogou em Sagemont, no sul da Flórida. Não é que ele estivesse enfrentando jogadores de alta classe”, diz.

E um agravante: no Brasil, passou a encarar o basquete como algo a ser testado para valer aos 15, depois de um ano em que deu bela espichada, ultrapassando os 2 metros de altura. “Como todo brasileiro, eu jogava futebol. Mas reparei que era sempre o último a ser escolhido nas peladas. Aí comecei a jogar basquete e me apaixonei”, disse, com o bom-humor de sempre, em entrevista ao MegaMinas que juro que estava neste link aqui, até ficar fora do ar.

Leva mais tempo para os pivôs desenvolverem seus jogos. Quando eles começam tarde no esporte, esse processo de aprendizado fica ainda mais lento. No caso de Fabrício, ele acabava compensando essa falta de recurso técnico dominando fisicamente os atletas de sua idade em ligas colegiais inferiores da Flórida. Foi o suficiente para inflar seu status, com a NBA aparecendo precocemente como uma plausível meta. “Sei que Fab tem o objetivo pessoal de jogar na NBA. Muitos garotos têm esse sonho e, para a maioria, não é algo razoável. Com ele, hesito em dizer, mas seu objetivo é atingível. Com o tempo, ele será capaz de desenvolver habilidades do nível de NBA”, disse Ross, seu primeiro técnico nos EUA, em janeiro de 2010.

Bem, hoje sabemos que a própria liga reconheceu essas habilidades do pivô, com Danny Ainge lhe dedicando 22ª escolha do Draft de 2012. Mesmo tendo o rapaz passado dois anos na universidade de Syracuse, na qual o técnico Jim Boeheim investe muito na defesa por zona, algo ainda não muito comum na NBA e ainda limitado em suas regras. Quer dizer: era mais um desafio para Melo, fazer sua presença sentir efeito num jogo com espaçamento bem diferente e contra jogadores muito mais experientes e capacitados. “Ele tem algumas ferramentas físicas intrigantes, mas é difícil assimilar a velocidade e as demandas intelectuais do jogo quando não se tem muita experiência. Tem potencial, mas enfrenta dificuldade com o entendimento do jogo”, diz Elhassan.

Para Ainge, chefão do Celtics, essas dificuldades foram tão alarmantes que ele decidiu abortar o projeto apenas uma temporada depois de sua seleção. Fabrício apareceu em apenas seis partidas pelo Celtics na última campanha, acumulando apenas 36 minutos de ação (o equivalente a três quartos de uma partida). No total, foram apenas sete pontos, a mesma quantidade de faltas que cometeu. Na D-League, teve momentos melhores, como na sequência de partidas em que somou 15 pontos, 16 rebotes e um recorde de 14 tocos contra o Erie Bayhawks e 32 pontos, nove rebotes e nove tocos contra o Idaho Stampede. No total, teve médias de 9,8 pontos, 6,0 rebotes e 3,1 tocos (melhor da liga), em apenas 26,2 minutos.

Fabrício Melo, quase dominante na D-League

Pelo Maine Red Claws, alguns minutos, mas sem convencer Ainge

Não foi o suficiente, porém. Toda a paciência recomendada por analistas foi completamente ignorada pelo cartola e por uma crítica e torcida bastante exigentes. “Ele provou ser pouco mais que um projeto a longo prazo, na melhor das hipóteses”, sentenciou o Boston Globe. Duas semanas depois de adquirir o brasileiro, o Memphis Grizzlies também o dispensou, sem nenhuma intenção de desenvolvê-lo sob a tutela de um Marc Gasol. Nenhum clube o recolheu no período de waiver, como destaquei aqui. Seu status caiu tanto, que uma projeção do ESPN.com o apontou como o segundo pior jogador para a temporada 2013-2014.

Agora, em Dallas, Fabrício tem algumas semanas para tentar mudar essa percepção de “fiasco” em torno de seu jogo. Precisa convencer Mark Cuban, Donnie Nelson, o novo gerente geral Gersson Rosas e – por que não? – Dirk Nowitzki de que vale o investimento. É um tipo de experimento em que a franquia texana tem certa experiência. Que o digam DeSagana Diop, DJ Mbenga e Ian Mahinmi, três casos de pivôs fisicamente impressionantes, mas sem muitos recursos técnicos, que foram contratados como jovens agentes livres na gestão de Nelson.

O jeito é pensar a longo prazo, mesmo. Qualquer contribuição do brasileiro para a próxima temporada seria surpreendente (veja mais abaixo), mesmo que a companhia para o astro alemão não seja das mais inspiradoras no garrafão – temos aqui o temperamental Samuel Dalembert, o magricelo Brandan Wright, o frustrado DeJuan Blair e o sargento Bernard James.

Mbenga jogou por sete anos na NBA. Diop talvez tenha se despedido da liga na temporada passada, 11 anos depois de ser draftado. Mahinmi entra em sua quinta campanha, com mais dois anos, no mínimo, de contrato garantido. Será que Fabrício conseguirá ao menos seguir uma trilha dessas?

Pesquisando artigos sobre o início então promissor do mineiro nos Estados Unidos, surgiu também esta frase de seu primeiro treinador, falando sobre o sonho olímpico de seu jovem atleta. “Assim que (a sede de 2016) foi anunciada, ele me telefonou e estava muito empolgado. ‘Coach, o Rio ganhou. Eu vou. Vou estar lá'”, relembrou.

Esta não chega a impressionar tanto como a comparação feita pelo scout, sobre Cousins e Jefferson. Mas, hoje, também está longe.

Acompanharemos qual o desfecho deste conto.

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O Mavs tem no momento 15 jogadores com contratos garantidos. Isto é, para permanecer no elenco texano, Fabrício vai ter de jogar muito em treinos e amistosos para que Mark Cuban e a comissão técnica decidam dispensar alguns destes salários, mesmo tendo que pagá-los na íntegra durante a temporada. Considerando que dez destes atletas acabaram de ser contratados como agentes livres (numa reformulação daquelas), é bem improvável que aconteça. De modo que o brasileiro teria de se contentar em jogar pela filial da D-League, o Texas Legends, que tem Donnie Nelson como um dos proprietários e Eduardo Nájera como técnico, além de Del Harris, Spud Webb e a pioneira Nancy Lieberman na diretoria.

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Os arquivos online também renderam uma anedota de Fabrício em seleções brasileiras de base. Sul-Americano Sub-17 de 2007, em Guanare, na Venezuela. Fabrício foi convocado, ao lado de Augusto Lima, Vitor Benite, Rafael Luz. Todos nas listas recentes de Rubén Magnano. Menos o mineiro, que não foi chamado nem mesmo na pré-lista do argentino para a Copa América. O técnico era José Henrique Saviani, com o ex-armador Cadum como assistente e Lula Ferreira como supervisor. Neste torneio, o pivô foi o que recebeu menos minutos pela seleção, que terminou numa amarga quarta posição. Perderam para Argentina e Uruguai nos mata-matas.


Seleção volta a vencer o Uruguai. O que dá para tirar do 3º amistoso?
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Giancarlo Giampietro

Huertas no lance livre

Algumas notas sobre a seleção brasileira depois da terceira vitória em jogos preparatórios para a Copa América, que começa no dia 30 de agosto, em Caracas.  Nesta quarta-feira, a equipe voltou a vencer o Uruguai, em São Carlos, a terra do Nenê, por 83 a 69. Vamos lá:

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Do jogo de sábado (triunfo por 92 a 71), mudou o quê?

No selecionado brasileiro, saíram Rafael Mineiro, Raulzinho, Cristiano Felício e Leo Meindl e entraram Lucas Mariano, Scott Machado, Caio Torres e JP Batista. Os vizinhos do Sul vieram reforçados. Esteban Batista, Leandro Garcia Morales e Nicolás Mazzarino, três figuras fundamentais nos planos celestes, aproveitaram a viagem para conhecer o interior paulista e bater uma bolinha. Destes, Mazzarino foi quem menos jogou – é o mais velho também e estava bastante enferrujado nos poucos minutos que teve de ação.

Em termos de padrão estratégico, tático, não houve muita alteração – e nem dá para esperar muita coisa além disso. A seleção marcou muito bem novamente, cobrindo bem as tentativas de jogo de dupla dos uruguaios, desestabilizando um cestinha como Garcia Morales em diversos momentos. Por outro lado, seria necessário checar também o quanto esses atletas que não participaram do Super 4 treinaram com os demais companheiros. Alguns erros cometidos explicitaram uma falta de sintonia entre eles. O quanto disso tem a ver com a disciplina defensiva dos rapazes de Magnano ou o quanto é puro desentrosamento nós só vamos ver mais para a frente.

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A CBB improvisou, mas conseguiu disponibilizar as estatísticas do jogo antes do fechamento deste post.

A princípio, escreveria aqui ter uma impressão sobre um volume altíssimo sobre os chutes de média e longa distância da seleção em situações de meia quadra, com muita eficiência, diga-se. (No fim, o scout mostrou 23 arremessos de três no total, com excepcional aproveitamento de 52%. Em arremessos como um todo, o rendimento foi de 53%, também elevado.)

Mas foram poucos ataques desacelerados que terminaram com uma bandeja ou enterrada.

A ofensiva tem girado muito em torno das ações drive-and-kick, seja numa investida de um-contra-um ou num pick-and-roll em que o pivô cortando para a cesta não é acionado. Algo de certa forma compreensível com armadores de drible fácil como Huertas e Larry, por exemplo. Mas, na hora da competição para valer, será que os brasileiros vão ter tanta liberdade assim para matar esses chutes? No primeiro período, Lucas Mariano acertou três consecutivos, de frente para a tabela (mais sobre isso um pouco abaixo). Num torneio em que todos estudam todos, essa bola obviamente passaria a ser marcada. E aí como faz?

O recomendável seria desde já, nos amistosos, buscar mais variações, rodar de um lado para o outro da quadra, apostando também em maior movimentação fora de bola. Maior concentração de passes para pivôs que não se chamam Rafael Hettsheimeir também valem. Ok, são apenas os primeiros jogos, Magnano vem rodando bastante sua equipe, e tal. Mas tem de se tomar cuidado para não se apoiar demais nesse velho vício dos três pontos e não saber o que fazer lá na frente se a defesa apertar.

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É o pega-pra-capar. Que deixa mesmo um treinador experiente como Magnano “confuso”, como ele disse ao SporTV numa rara entrevista pós-jogo. O momento é de ganhar conjunto, identidade coletiva em quadra e, ao mesmo tempo, fazer a peneira para definir os 12 convocados da Copa América. Do que vimos até aqui e, em alguns casos, do já sabíamos há tempos, Huertas, Larry, Alex, Benite (sim), Marquinhos (*se o joelho permitir), Giovannoni e Hettsheimeir já estão lá. Restariam cinco vagas para serem preenchidas, com oito atletas na briga.

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Com suas surpreendentes – e meio impensáveis – bolas de três pontos, o garoto Lucas Mariano (4/5 nos tiros de longe, segundo minhas contas não-oficiais) se colocou de modo enfático nessa discussão. O treinador obviamente ficou impressionado com o pivô de Franca, de apenas 19 anos. Agora, não é só um jogo que pode definir uma convocação.

Essa propensão ao arremesso de longa distância, na verdade, já vinha sendo sinalizada desde a Universíade, realizada em julho, na Rússia. Com a diferença de que lá os resultados foram calamitosos: no geral, com aproveitamento de apenas uma cesta em 14 tentativas. No NBB, em toda a sua carreira, ele nunca fez sequer uma cesta de fora.

Então… Será que a mão está tão certeira assim nos treinamentos? E de uma hora para outra? Teve a ver com seus treinamentos personalizados em Los Angeles – ao lado de Raul, Bebê e Augusto no período pré-Draft – ou foi alguma ideia da comissão técnica de Magnano. Para o SporTV, Lucas deu a entender que é coisa de Magnano, de fazê-lo jogar mais aberto, assim como ocorreu com Mineiro no Super 4 argentino. “Aqui na seleção estou numa posição diferente”, disse o francano.

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E lá estava o Scott Machado de verde e amarelo. Mais um calouro na seleção principal, o nova-iorquino jogou por 12 minutos e demonstrou uma ansiedade normal. Penúltimo a se apresentar, com menos treinos com os novos companheiros, assimilando as (incessantes) orientações de Magnano, o jogador, que ainda tenta garantir seu espaço na NBA, cometeu quatro desperdícios de bola e anotou dois pontos. Não foi a melhor estreia, claro, mas seria absurdo concluir qualquer coisa tão cedo.

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O Uruguai não é o time com o garrafão mais forte, muito menos atlético que vamos enfrentar em Caracas. De qualquer forma, pudemos ver hoje o estrago que um Esteban Batista (12 rebotes, cinco deles ofensivos, mais da metade do total brasileiro – 23) sem ritmo já pode causar, atacando a tábua quando o Brasil está jogando com um trio como Rafael-Larry-Benite no perímetro. Qualquer quebra defensiva vai gerar um desequilíbrio e uma consequente uma rotação de emergência em quadra. Resulta dessas trocas que um dos “baixinhos” pode sobrar com um grandão lá dentro. E, aí, em muitas ocasiões não vai importar o quanto de fundamento tem esse atleta. Dependendo do adversário, por mais que se mantenha um posicionamento adequado para bloqueio de rebote ou de contestação ao arremesso, a diferença de altura pode ser tamanha que saem, mesmo, os dois pontos,  uma falta, ou uma nova posse de bola para o oponente. É de se monitorar se isso vai se repetir nas próximas partidas amistosas. Para ver como esse tipo de situação vai se desenvolver e se o eventual retorno de Marquinhos – não necessariamente o jogador mais vigoroso do país, mas com altura suficiente para atrapalhar mais – pode ajudar. Em São Carlos, os adversários ganharam a disputa nos rebotes por 25 a 23.

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Ainda sobre os uruguaios, pensando na Copa América, restando pouco mais de 20 dias para a competição, fica a dúvida se poderão contar com os veteranos Martin Osimani e Mauricio Aguiar em sua equipe. Os dois estão afastados por ora, devido a problemas físicos – Osimani, inclusive, nem teria se apresentado, fazendo tratamento em Buenos Aires. Devido a sua experiência, controle de bola e poderio defensivo, o armador em especial faz/faria/pode fazer toda a diferença nesta equipe, pensando numa disputa por vaga no Mundial. Estivesse o barbudo em quadra, a dinâmica dos dois amistosos seria bem diferente para a seleção brasileira. Seria uma boa chance, bem mais interessante para checar o quanto a marcação pressionada exigida por Magnano poderia incomodar um jogador desta categoria.

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Clique aqui para ler o comentário sobre a primeira vitória contra o Uruguai e aqui para o comentário do segundo amistoso, contra o México.


Brasil vence Uruguai em primeiro teste e mostra pegada defensiva em busca de vaga
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Giancarlo Giampietro

Rafael Hettshimeir, dois pontos

Dois pontos para Rafael Hettsheimeir, referência ofensiva brasileira no garrafão

Você não vai querer mostrar tudo tão cedo. Alex não jogou, Marquinhos nem viajou, Huertas saiu do banco, tranquilo. Vai tudo de pouco em pouco. Assim como o Uruguai não contou com com alguns de seus principais (mesmo) jogadores em Osimani, Batista, Aguiar, Garcia Morales e Mazzarino.

De toda forma, a seleção brasileira mostrou suas principais cartas em seu primeiro amistoso na preparação para a Copa América, numa vitória sobre os vizinhos do Sul por 92 a 71, neste sábado, em Salta, na Argentina. O jogo foi válido pelo torneio amistoso tradicionalmente conhecido como Super 4.

E tem problema apresentar essas cartas tão cedo?

No caso do Brasil de Magnano, não.

A essa altura, qualquer procarionte americano sabe qual a proposta de jogo que o time de Magnano vai apresentar em quadra: defesa pressionada para cima da bola, tentativa de interrupção da linha de passe e o rodízio frequente de atletas para não deixar a peteca tocar o solo etc. Grosso modo, é o que o Coach K aplica pelos Estados Unidos ultimamente, e isso não é mera coincidência: com pouco tempo para treinar, desenvolver conceitos mais profundos, você investe no sistema defensivo, sacode seus jogadores e toca esse abafa para cima de adversários menos preparados (ou menos habilidosos).

Aí não importa se Anderson Varejão, Tiago Splitter, Marcelinho Machado, Leandrinho ou fulano se apresentaram. O que importa é a premissa básica de desestabilizar o oponente em busca de cestas mais fáceis para seus jogadores mais atléticos, velozes e explosivos. Eles destroem e saem em velocidade em sequência. Se não sai a bandeja, ao menos um ataque foi desarmado.

É uma receita que virou marca registrada do time de Magnano, e tende a dar certo. Os uruguaios, que se aproximaram no placar no terceiro quarto, foram limitados a 41% nos tiros de quadra, 29% de longa distância e cometeram 16 turnovers.

Mas nem sempre vai ser suficiente, pois depende, sim, de quem está do outro lado. Neste caso, faz uma diferença danada se o adversário vai de Bruno Fitipaldo (um armador talentoso, candidato a NBB para quem estiver de olho, mas jovem e atirado demais) ou Martín Osimani. Na hora de brigar pela vaga, vai ser preciso mais – pegada e diversificação ofensiva.

Mas é isto: o Brasil vai encher o saco dos adversários com esse tipo de postura defensiva. E tentar evoluir no ataque durante as próximas semanas, com os treinos e amistosos pela frente. Alex (nosso maior carrapato na defesa) e Marquinhos (arma do outro lado) ainda vão chegar e o time vai ganhando uma cara melhor desse lado. Esperemos.

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Cnsiderando as peças que tem em mãos – último a se apresentar, Scott Machado nem foi –, é mais que natural que Magnano vá investir numa formação com dois armadores. Huertas, Raulzinho, Larry, Rafael e (?) Benite tiveram juntos mais de 62 minutos de ação, somando 11 assistências das 18 da equipe, além de 40 pontos dos 92.

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Um dos caçulinhas da seleção, o ala francano Leo Meindl vai seguindo a trilha aberta por  Raulzinho nos anos anteriores de “jogador convidado” que força a barra para se meter no grupo principal. Ele converteu 13 pontos em apenas 16 minutos e conseguiu o segundo melhor índice de eficiência da noite, com +13, atrás apenas dos +16 de Larry. O garoto de 20 anos matou 3 de 4 tiros de tiros de três pontos (5-7 nos tiros de quadra no geral) e apanhou dois rebotes. Concorrente, Benite teve 11 pontos, 3 rebotes e 2 assistências em 27 minutos, começando como titular e jogando de modo agressivo durante toda a partida, algo relevante.

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Com 24 chutes de três pontos, o Brasil apresentou um vlto volume de jogo no perímetro (com eficiência, 54% de acerto, diga-se).

Na hora do vamo-vê, porém, esperemos que os pivôs sejam mais alimentados, envolvidos em ações de pick-and-roll, ou de isolamento no lado contrário, com rápida troca de passes. Rafael Hettsheimeir, depois de um ano apagado pelo Real Madrid, está com sede de bola e precisa ser saciado. Assim como o jovem Cristiano Felício é atlético em demasia para ser aproveitado perto da cesta. Aos poucos, imagino, Huertas e Raulzinho devem desenvolver a química em quadra com estes novos parceiros, para entender como e para onde cada grandalhão tende a se deslocar, para que aí as coisas possam fluir de melhor maneira. Seria este o ponto benéfico, aliás, de não se ter medalhões escalados: que a bola rode mais e o time tenha uma identidade de “todos contra um” (adversário).


Gangorra muda de lado, e briga forte na seleção fica para os armadores
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Giancarlo Giampietro

Os eleitos, ou quase

Pivô com experiência de Europa, pivô de NBA, pivô extremamente promissor, pivô superatlético, pivô lento de jogo de costas para a cesta, pivô canhoto, pivô mais baixo. Desde a emergência de Nenê, era pivô isso, pivô aquilo na pauta do basquete nacional. Não que seja fácil desenvolver pivôs. Estes postes de 2,10 m de altura estão espalhados por aí para serem descobertos, mas não é qualquer um que tem coordenação para segurar uma bola de basquete, fazer o drible, elevar e estufar a redinha. Ou que vá saber o posicionamento certinho que seus pés precisam ter para girar em torno do adversário e fazer o bloqueio para o rebote. Entre outros tantos e tantos fundamentos da posição.

De todo modo, o Brasil foi exportando pivôs sem parar nos últimos anos. Hipoteticamente, era possível fazer uma seleção brasileira inteira só de grandalhões. Era sempre a maior intriga na cabeça dos basqueteiros – se viesse todo mundo, quem ficaria fora? Qual a melhor composição de rotação? Todo mundo sonhando com a cabeça do técnico.

Rubén Magnano, vocês sabem, está livre desse problema este ano, já que Splitter, Nenê, Varejão e, agora, Bebê, não vêm. Vitor Faverani? Ninguém viu, ouviu, leu, nem psiquigrafou até o momento. Pelo menos no que se refere aos gigantes.

Na mesma tocada em que se festejou a fartura de pivôs, lamentava-se a carência no outro espectro, entre os baixinhos. Hoje, quem diria? Para formar o grupo que vai disputar a Copa América a partir do dia 30 de agosto na Venezuela, o técnico argentino vai ter sua dor-de-cabeça justamente nessa posição.

Huertas chega com o capitão, escoltado por Raulzinho, Rafael Luz, Larry Taylor e, muito provavelmente, Scott Machado. O brasileiro de Nova York ainda está reunido com o Golden State Warriors de verão em Las Vegas e, assim que a campanha chegar ao fim, tem voo marcado para São Paulo. Deve chegar dia 23. (Nesse grupo ainda há quem possa colocar Vitor Benite, mas não parece o caso para esta temporada. Acho que ele se enquadraria no máximo como um “escolta”.)

Quantos armadores Magnano levaria para Caracas? Nos Jogos de Londres, foram três: Huertas, Larry e Raul. Num elenco de 12 jogadores, um trio da posição seria, mesmo, a “configuração clássica”, e estes naturalmente já largariam na frente, considerando o histórico desenvolvido com o treinador.

Mas o técnico já surpreendeu antes e é exigente o suficiente para que ninguém se sinta acomodado com nada. Até porque Rafael e Scott são atletas jovens em progressão e podem mostrar um truque ou outro durante a fase de preparação para entrar na cabeça do selecionador. Ou o selecionador poderia pensar, de repente, num sistema com dupla armação, abrindo mão de um de seus alas para carregar mais um organizador em seu plantel. Algo que não seria de se descartar.

Será que Magnano confia em Benite como um escolta, alguém que possa ser utilizado como um segundo armador diante de uma defesa mais pressionada, para desafogar Huertas? No Pré-Olímpico de 2011, ele exerceu essa função, assim como no Pan desse mesmo ano. Se a resposta for positiva e/ou caso o argentino opte por uma lista mais de acordo com a “regra” – quem a escreveu é que eu não sei –, aí dois jogadores de muito futuro serão cortados.

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No grupo do perímetro, Alex e Marquinhos são barbadas, enquanto Arthur e Benite são os outros convocados com essa nomenclatura. Dois bons jogadores, bastante diferentes, mas que não são intocáveis – Arthur oferece um excelente chute de três pontos da zona morta (45,3% no último NBB), se move bem pela quadra sem a bola e tem um pouco mais de altura, embora nunca tenha sido conhecido como um reboteiro (apanhou míseros 2,7 por jogo na liga nacional); Benite dá mais velocidade na saída de contra-ataque, ajuda a conduzir a gorducha e também mata de fora (45,6%, mas tem baixo aproveitamento de dois pontos em 48,7%, um número preocupante considerando sua explosão física). O caçulinha Leo Meindl também se junta ao grupo como convidado, e isso já não quer dizer muita coisa, não. Todos os que estiverem treinando em São Paulo vão ter chances.

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Quanto ao garrafão? É provável que Faverani nem venha, então praticamente não há margem para troca. Espere ver doses cavalares de Guilherme Giovannoni jogando como um ala-pivô aberto, mais uma predileção de Magnano demonstrada nos últimos campeonatos – nas quartas de final de Londres 2012 contra a Argentina, ficou um tempão em quadra nessa função, por exemplo, e esse também é um papel que Guilherme cumpre desde a base, inclusive com bons anos na Europa. Caio Torres, vejam só, já é um veterano a essa altura. Rafael Hettsheimeir não teve muitas chances pelo Real Madrid durante a temporada e chega descansado e babando.  Augusto também tem tinha muito o que provar (cortado por conta de uma hérnia de disco, infelizmente), assim como Rafael Mineiro. Por fora vai correr Cristiano Felício, que tem a idade de Augusto, Raul e Luz, mas é muito mais cru e inexperiente. Vem de uma ótima Universíade – foi bem melhor lá do que Lucas Mariano –, é muito forte e tem muito potencial. É de se imaginar que cinco desse grupo estejam na lista final.

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Para constar, por enquanto o técnico argentino tem em mãos o seguinte:

Alex Ribeiro Garcia – Ala – 33 anos – 1,91 m
Arthur Luiz Belchior Silva – Ala – 30 anos – 2,00 m
Augusto Cesar Lima – Ala/Pivô – 21 anos – 2,08 m
Caio Aparecido da Silveira Torres – Pivô – 26 anos – 2,11 m
Guilherme Giovannoni – Ala/Pivô – 33 anos – 2,04 m
Larry James Taylor Jr – Armador – 32 anos – 1,85 m
Marcelo Tieppo Huertas – Armador – 29 anos – 1,91 m
Marcus Vinicius Vieira de Souza – Ala – 29 anos – 2,07 m
Raul Togni Neto – Armador – 20 anos – 1,85 m
Rafael Freire Luz – Armador – 21 anos – 1,88 m
Rafael Ferreira de Souza – Ala-pivô – 25 anos – 2,09 m
Rafael Hettsheimeir – Pivô – 27 anos – 2,08 m
Vitor Alves Benite – Ala-armador – 23 anos – 1,90 m

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Scott Michael Machado – Armador – 23 anos – 1,85 m (Ainda por vir
Vitor Luiz Faverani Tatsch – Ala-pivô – 25 anos – 2,10 m (Vai saber)

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Os convidados Cristiano Felício, Leo Meindl e Lucas Mariano.


Jogos na Argentina sinalizam Marquinhos como ponto de desequilíbrio do Flamengo
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Giancarlo Giampietro

Marquinhos sobe para mais dois pontos

Marquinhos, de visual novo, em seu início de trajetória rubro-negra

Se tem algo que chama bastante a atenção quando você assiste a um jogador como Marquinhos ao vivo, de pertinho, em quadra, é como o jogo vem fácil para ele. Como, com 2,05m de altura, muitas vezes ele se mostra mais criativo e habilidoso do que um armador na hora de bater para a cesta. Como seu arremesso parece sair sem força alguma, acima da cabeça, mesmo que a mecânica não seja a mais bonita disponível no mercado.

Enfim, basquete fica parecendo a coisa mais legal do mundo – na verdade, é a coisa mais legal, não? 😉

Não estava em Mar del Plata para ver o Flamengo e o ala em ação tão de perto assim pela Liga Sul-Americana, mas deu para espiar os três jogos aqui do QG 21, mesmo. E arrisco a dizer: o time rubro-negro vai chegar até aonde o ala ex-Pinheiros puder liderá-lo.

No elenco de prestígio que o clube rubro-negro montou para a temporada, Marquinhos é quem tem os melhores predicados para desequilibrar, com facilidade para chegar ao aro, um tiro de média distância raro de se ver e as bolas de três pontos. Além disso e, talvez mais importante, também é um bom e disposto passador – para quem duvida, pergunte ao Olivinha, que já foi o receptor de várias assistências de seu fiel companheiro dos últimos anos. São capacidades raras de se unir num só atleta, ainda mais nos clubes sul-americanos, e, se bem aproveitadas, podem abrir a quadra para os chutes de Marcelinho e Benite e cestas fáceis dos pivôs no garrafão.

São habilidades também que podem fazer um estrago no contra-ataque.  O Bala, nosso vizinho, já havia relatado que o técnico Neto estava dando muita atenção para as saídas em velocidade, forçando o ritmo. Na Argentina, quando puderam, foi isso o que os flamenguistas tentaram mesmo: sair em disparada com três ou até quatro homens, um cenário em que Benite e Kojo podem render bastante, explosivos que são. Mas faz toda a diferença neste plano alguém como Marquinhos. Quando um ala com sua mobilidade e tamanho recebe o último passe na corrida, é complicado para a defesa parar. Ou sai a bandeja, ou vem a falta. Difícil escapar disso.

Agora… Tudo isso aqui não quer dizer que o ala seja um super-homem ou um jogador irrefutável. Não é sempre que ele entra em quadra com a mentalidade agressiva, usando suas habilidades para ser dominante no ataque. Pudemos ver esta oscilação na cidade argentina.

Marquinhos e os novos companheiros

Marquinhos tende a envolver os companheiros quando controla a bola no ataque

No primeiro jogo contra a Hebraica uruguaia, o ala fez um primeiro tempo arrasador – se não me engano, com 16 ou 18 pontos de cara nos 20 minutos iniciais. Ele atacou a cesta com voracidade, intensidade e foi fundamental para garantir uma boa vantagem. A segunda partida contra o chileno Deportes Castro não conta lá muito, mas Marquinhos fez sua parte. Quando entrou em quadra, por fim, contra o Peñarol argentino, tinha já 43 pontos somados. Acabou fechando a primeira fase com 50, tendo anotado apenas sete no principal confronto, agredindo pouco a defesa adversária, e os argentinos viraram o placar no segundo tempo.

Não é questão de incentivar o individualismo. Especialmente no caso de Marquinhos, que realmente compartilha a bola.  O ponto é que, quando ele decide entrar no jogo e tentar domá-lo, a vida de seus parceiros tende a ficar mais fácil. Tenham isso em mente na hora de acompanhar o Fla durante a temporada.

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Marcelinho Machado mordeu a isca novamente: contra o Peñarol, enquanto Leo Gutiérrez viva uma noite de folião do outro lado, o veterano brasileiro terminou com péssimo aproveitamento de 11% nas bolas de longa distância, com apenas uma conversão em nove tentativas. Na primeira fase em geral, foram apenas 25%. Uma velha história que fica ainda mais complexa de se assimilar quando levamos em conta que ele foi o jogador que mais deu assistências pelo cube carioca (10), quem mais roubou bolas (7, ao lado de Benite) e o quarto reboteiro (ao lado de Marquinhos, com 15, apenas um a menos que Shilton e dois a menos que Olivinha, mesmo jogando muito mais tempo no perímetro).

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Até agora são três confrontos diretos entre brasileiros e argentinos e três vitórias para nossos vizinhos. Um jogo foi em campo neutro (Obras Sanitarias 88 x 81 Pinheiros), um foi na nossa capital federal (Regatas Corrientes 93 x 91 Brasília) e agora o terceiro foi na quadra deles, com o triunfo do Peñarol. O São José, em meio a suas batalhas pelo Campeonato Paulista, tenta quebrar a série na semana que vem, tendo o Libertad Sunchales pela frente, pelo Grupo D.


Com mais 2 cortes, Magnano agora vai com qual pivô?
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Giancarlo Giampietro

Bom, aparentemente, quando Magnano convocou Nezinho e Vitor Benite ao final do Sul-Americano, era apenas para compensar os desfalques que teria em seus primeiros três amistosos preparatórios rumo a Londres e, ao mesmo tempo, recompensar os dois jogadores pelos serviços prestados – isto é, obrigado por nos ajudar com a classificação, mas agora optei por seguir outros rumos.

Caio Torres, seleção brasileira

Caio Torres, opção para Magnano

Com Huertas merecendo um descanso, Leandrinho ainda emperrado com nossa burocracia, eles ajudaram o argentino a preencher a rotação nas partidas em São Carlos e, por certo, ganharam uma última chance para tentar impressionar o chefe. Agora, em uma semana o que o treinador poderia realmente ver de diferente além do que já sabia sobre os dois atletas?

De todo modo, segue a vida e o curso da seleção, agora com 13 jogadores, definidos os cortes dos dois atletas de perímetro. Fica agora a dúvida sobre quem será o último atleta a ser dispensado para que conheçamos os 12 olímpicos.

Tudo leva a crer que os pivôs Augusto Lima e Caio Torres concorrem diretamente pela vaga. Discutir se Raulzinho ou Larry Taylor poderiam dançar seria uma temeridade – levar só dois armadores e improvisar Leandrinho? Não, obrigado.

Entre Augusto e Caio temos uma senhora dúvida. Tentemos explicar o quão complicada pode ser essa decisão: são dois tipos de pivô completamente diferentes. Augusto corre a quadra toda. Caio, que está bem mais fino, em sua melhor forma física, é mais lento. Augusto, por sua mobilidade, finaliza melhor no pick-and-roll e ataca os rebotes ofensivos com voracidade, enquanto Caio funciona melhor de costas para a cesta ou posicionado para chutes de média ou longa distância, podendo ficar assim mais distante da tabela.

Nenê e Magnano

Augusto ou Caio: quem combina mais com Nenê/

Que tipo de jogo Magnano espera encarar nos Jogos britânicos? Batalhas mais lentas e pesadas? Ou um jogo mais atlético, veloz, dinâmico? Cada proposta dessa combina melhor com um dos pivôs. Vendo a formação de elencos por aí afora – a Lituânia tem apenas duas ‘torres’ no Pré-Olímpico, mesmo caso da Grécia e da Rússia, por exemplo –, a aposta é que veremos algo mais parecido com a segunda  alternativa.

No fim, porém, esses podem ser apenas devaneios despropositados, e o técnico nem estaria interessado nesse tipo de discussão, podendo simplesmente optar por levar aquele que considera o melhor jogador entre os dois, sem se importar também se um combina mais com o outro, em termos das combinações que pensa deixar em quadra.

Hoje, Caio é um jogador mais refinado (em termos de habilidades), experiente (já passou um bom tempo na Espanha) e está em melhor fase (Augusto lidou com muitos problemas físicos durante o ano). Também foi incluído diretamente na lista primária, o que faz diferença, por mais que o treinador negue.

Nenhum dos dois vai mudar o rumo da seleção agora em Londres. Mas o debate é divertido e sempre vale.

PS: Veja o que o blogueiro já publicou sobre a seleção brasileira em sua encarnação passada.