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Arquivo : Warriors

Quais presentes os times da NBA mais querem? Lado Oeste
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Giancarlo Giampietro

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Pode espinafrar, tudo bem. O gancho não é nadica original: o que cada equipe da NBA quer de Natal? Mas, poxa, gente, vamos olhar por outro lado: ao menos ele oferece a chance para uma zapeada rápida por cada um dos 30 clubes, além do fato de dar um descanso para essa cuca aqui, que é mais que lerda. Alguns pedidos são praticamente impossíveis, outros mais viáveis. Vamos lá, então:

 DALLAS MAVERICKS

Rondo, agora de azul e branco. Que se acostumem todos

Rondo, agora de azul e branco. Que se acostumem todos

– Rápido entrosamento para Rajon Rondo.

– Que Monta Ellis possa emular 57,6% de um Ray Allen seria pedir muito? Ajudaria no encaixe com Rondo certamente.

– Um pivô reserva para Tyson Chandler. E, se for Jermaine ou Emeka, que eles aguentem o tranco. Greg Smith para defesa não rola.

– Mark Cuban jamais poderá vender a franquia.

DENVER NUGGETS
– Uma supertroca que ajude a equilibrar este elenco disfuncional cheio de jogadores nota 5, um derrubando o outro.

– Chega de lesões nos tornozelos de Ty Lawson.

– Trégua entre Brian Shaw e Kenneth Faried, uma rusga que dura já mais de um ano.

– Se o time não vai para os playoffs, mais minutos para os calouros Harris e Nurkic.

 GOLDEN STATE WARRIORS

O Golden State com Bogut é outra história

O Golden State com Bogut é outra história

 

– Andrew Bogut em boas condições para os playoffs. A defesa do Golden State depende de sua presença física e capacidade de liderança.

– O prêmio de técnico do ano para o sensacional Steve Kerr.

– Um novo endereço para David Lee (vai ser difícil segurar Draymond Green com tantos salários altos).

– A criação da linha de quatro pontos só para Stephen Curry.

HOUSTON ROCKETS
– Que a galera siga aloprando James Harden, para deixar o Sr. Barba incomodado. Seu comprometimento na marcação melhorou bastante, depois de uma temporada cheia de piadas na internet.

– Que o período afastado de Dwight Howard tenha sido mais por excesso de precaução.

– 40% nos arremessos de três pontos para Trevor Ariza.

– Alguma notícia positiva sobre Terrence Jones, afastado por conta de uma misteriosa neuralgia. Ele ainda não tem previsão de retorno.

Assim, Turkoglu já foi

Assim, Turkoglu já foi

LOS ANGELES CLIPPERS
– Melhora significativa para o banco de reservas. Tá explicado por que Jamal Crawford vai ser candidato a sexto homem do ano sempre…

– Doc Rivers mais concentrado no time em quadra, deixando as negociações para outros.

– Mais chances para os mais jovens (Reggie Bullock e CJ Wilcox).

– Menos chutes de média distância, mais cravadas para Blake Griffin, que tem fugido bastante do garrafão.

LOS ANGELES LAKERS
– Aproveitar Kobe Bryant o máximo que der. Mesmo que não seja mais aquele Kobe.

– Sorte no Draft e uma escolha top 5. Do contrário, o pick vai para Phoenix.

– Que Byron Scott perceba o potencial de Ed Davis (tchau, Boozer!).

– Um reality show, ou, no mínimo, um talk show para Nick Young. Ele e os angelinos merecem.

Todos querem Marc Gasol

Todos querem Marc Gasol

MEMPHIS GRIZZLIES
– Fica, Marc Gasol!

– Um ano sem alguma demissão ou mudança traumática na gestão do clube.

–  Vince Carter consistente nos arremessos.

– Um busto para Tony Allen.

MINNESOTA TIMBERWOLVES
– Andrew Wiggins cumprindo a promessa.

– Ricky Rubio retornando confiante.

– Uma solução para o mistério chamado Anthony Bennett.

– Uma boa troca para Nikola Pekovic.

NEW ORLEANS PELICANS
– Que o Monocelha quebre o recorde de Wilt Chamberlain em índice de eficiência (PER).

– Jrue Holiday mais agressivo em quadra.

– Se Eric Gordon não consegue mais ajudar, que ao menos não atrapalhe.

– Que o corte de cabelo de Luke Babbitt vire mania nacional.

OKLAHOMA CITY THUNDER

Kevin Durant quer jogar. Deixem ele jogar

Kevin Durant quer jogar. Deixem ele jogar

 

– Nenhum repórter jamais vai importunar Kevin Durant com uma pergunta sobre sua entrada no mercado de agentes livres em 2016.

– Russell Westbrook não precisa ser o MVP da temporada (afinal, isso significaria muito provavelmente menos Durant em quadra).

– Jeremy Lamb ou Perry Jones III. Pelo menos de um deles tem de sair alguma coisa.

– Um ataque menos previsível para Scott Brooks na hora dos mata-matas.

PHOENIX SUNS

Não dá para separar

Não dá para separar



– Goran Dragic sorrindo.

– Os gêmeos Morris unidos para sempre.

– Alex Len longe da enfermaria, aprendendo em quadra.

– Uma troca que capitalize tantos trunfos coletados por Ryan McDonough nos últimos anos.

PORTLAND TRAIL BLAZERS
– Nenhuma ingrata surpresa na hora de renovar com LaMarcus Aldridge ao final do campeonato.

– Que seja mantida a base (não é só LaMarcus a entrar no mercado de agentes livres).

– Ainda tem tempo para Thomas Robinson progredir tecnicamente?

– Um novo endereço para Victor Claver, o atleta mais deprimido da liga.

Boogie, Boogie, Boogie

Boogie, Boogie, Boogie

SACRAMENTO KINGS
– Caixas e caixas de chá de camomila para Vivek Ranadive.

– Um treinador que dure mais de duas temporadas.

– Qualquer sinal de progresso por parte de Nik Stauskas.

– Boogie All-Star, Boogie nos quintetos dos melhores do ano, Boogie para tudo.

SAN ANTONIO SPURS
– Uma despedida digna para Tim Duncan e Manu Ginóbili.

– Tony Parker saudável (afinal, ele nem jogou a Copa do Mundo…).

– Kawhi Leonard de contrato renovado, também sem sustos.

– Mais e mais entrevistas com o Coach Pop durante os jogos. O tempo todo!

UTAH JAZZ
– Trey Burke precisa melhorar. Do contrário, que se abram as portas para Dante Exum na segunda metade da temporada.

– Uma solução satisfatória para o impasse que deve ser a renovação com Enes Kanter.

– Que Rudy Gobert mantenha sua impressionante curva de aprendizado.

– Que Ante Tomic mude de ideia e tope jogar na NBA.

Aqui, os pedidos da Conferência Leste.

PS: Para quem não viu, uma abordagem bem mais detalhada sobre os clubes está aqui: 30 times, 30 fichas sobre a temporada


NBA vê abismo crescer entre as conferências. Ou: o dia-dia brutal do Oeste
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Giancarlo Giampietro

Desfalcado, Spurs perde duas seguidas. Mais uma semana no Oeste

Desfalcado, Spurs perde duas seguidas. Mais uma semana no Oeste

A discrepância de talento entre o lado do Atlântico e do Pacífico na NBA já vem de longa data. A cada temporada, porém, a distância parece mais acentuada, com a Conferência Oeste se tornando mais brutal mês a mês – o oitavo colocado, no momento, pode estar abaixo dos 50%, algo raro, mas os sete primeiros têm um aproveitamento assustador; além disso, é questão de tempo para OKC estar no azul.

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>> 30 times, 30 fichas sobre a NBA 2014-2015

Vamos fazer aqui, então, um apanhado de episódios e dados para ver como é dolorosa a vida dos bandoleiros do Velho Oeste. As últimas rodadas serviram para evidenciar as dificuldades enfrentadas por seus integrantes. Que nos digam Z-Bo, Marc Gasol e o torcedor do Memphis Grizzlies em geral:

– Qualquer sequência de dois jogos em duas noites já castiga. Agora imagine a cabeça do técnico Dave Joerger e dos preparadores físicos da equipe quando se deram conta de que teriam pela frente o Golden State Warriors na terça-feira e o San Antonio Spurs na quarta? E se dissessem a eles que, na segunda partida, precisariam encarar tripla prorrogação? Eles estariam cansados só de pensar. Pois o Memphis batalhou e conseguiu duas vitórias seguidas impressionantes.

Claro que tudo poderia ser menos sofrido se eles não tivessem cedido o empate ao Spurs depois de aberta uma diferença de 23 pontos. Ao final da partida, o armador Mike Conley ria no vestiário em San Antonio dizendo que tinha dificuldade até mesmo para se vestir. “Estou tão cansado que não consigo nem abotoar minha camisa”, afirmou.

Ao menos ele estava sorrindo, né? Passando por esses testes, o Grizzlies tem hoje a melhor campanha se formos levar em conta apenas os confrontos internos do Oeste, com 14-2, contra 13-3 do Golden State?E o que dizer dos atuais campeões? Na véspera, eles haviam tomado uma surra do Portland Trail Blazers, também numa dobradinha para lá de ingrata – ainda mais considerando a viagem de volta de Portland para casa.

Por essas e outras que, apesar dos reveses nessa ocasião, não há como contestar a estratégia precavida de Gregg Popovich comDuncan, Manu e seja lá mais quem for. Seu time, que preservou os dois veteranos e Splitter em Portland e não contou ainda com Parker e Kawhi na volta, perdeu ambas? Paciência. Ao menos exigiram do Grizzlies – que não tinha Tony Allen, é verdade – ao máximo que puderam, e os adversários já tiveram de disputar seis prorrogações desde sexta-feira..

A corrida é longa demais e desgastante. Ainda mais para quem está no Oeste. Ao conferir a tabela, raríssimos jogos parecem fáceis. Daí a quantidade de cartões de Natal que as diretorias de Wolves e Lakers têm para receber, com carinho, nesse Natal que se aproxima. Só foi mais uma semana no Oeste Selvagem, gente.

– Já não faz mais sentido falar em “topo da Conferência Oeste”. Com as duas derrotas, o Spurs caiu para sétimo. Mas com 17 vitórias e 9 derrotas. Juntos, os sete primeiros colocados têm um recorde de 128 triunfos e 42 reveses. Isso dá absurdos 75,9% de aproveitamento. É uma outra classe de competidores, e com muita gente nessa briga. Ter mando de quadra será importante. Por outro lado, parece já não haver mais diferença entre ficar em sétimo ou oitavo. Vem pedreira de todo jeito. O importante é apenas se classificar para os playoffs.

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Klay x Gasol e Z-Bo: os melhores no Oeste e contra o Oeste

– Seis equipes do Oeste sustentam aproveitamento superior a 70%. Golden State e Memphis estão na casa de 87,5 e 84%. No Leste, são três acima de 70%. O aproveitamento geral dos oito primeiros do Leste é de 120-79, ou apenas 60,3%. Phoenix (9º), Oklahoma City (10º) e Sacramento (11º) estariam hoje na zona de classificação para os mata-matas no Leste. Os dois primeiros teriam o suficiente para ocupar a sétima posição. O Kings seria o oitavo Líder do Leste, o Raptors seria o quarto no Oeste, empatado com o Portland Trail Blazers. Oitavo colocado, fechando a zona de classificação para os playoffs, o Brooklyn Nets seria o 12º do outro lado.

E nem mesmo essas classificações hipotéticas seriam justas, uma vez que não podemos esquecer a composição da tabela da liga. No geral, numa tabela de 82 partidas, 52 delas são intraconferência. Em ascensão, o New Orleans, por exemplo, enfrenta quatro vezes na temporada os quatro rivais duríssimos da Divisão Sudoeste. O Nets só vai jogar duas vezes contra cada um deles – são oito complicadas partidas a menos em sua contagem, no final.

– Por isso, o mais correto é se concentrar nos números interconferências. E aí o que temos? Por ora, 91 vitórias e 48 derrotas para o Oeste.  Um aproveitamento de 65%). Essa é a maior disparidade da história da NBA, superando os 60% a favor do Leste no longínquo 1960, com o qual não se pode comparar nada, na verdade. Desde a fusão com a ABA, a maior diferença nesse embate foi de 56,7% para o Oeste. Adivinhe quando? No ano passado. Nos últimos três campeonatos, aliás, o hiato só cresceu.

– Apenas dois times do Leste têm mais vitórias do que derrotas contra o Oeste, justamente os primeiros colocados Toronto (7-2) e Washington (6-1). Por outro lado, Philadelphia (em 11 jogos), New York (10 jogos) e Charlotte (12 jogos) venceram apenas uma vez. O Warriors está invicto contra o Leste, com oito triunfos, assim como o Rockets, com seis. Só três times ocidentais mais perderam do que ganharam contra os orientais. Um deles é o Sacramento Kings, com 2-3. Seus três tropeços, no entanto, aconteceram sem a presença de DeMarcus Cousins.

Raptors de Valanciunas precisou de prorrogação para vencer o Denver, em casa

Raptors de Valanciunas precisou de prorrogação para vencer o Denver, em casa

– Aliás, o Kings… Ah, o Kings… Que acabou de demitir mais um treinador, mesmo ainda estando no páreo por uma vaguinha nos playoffs, sem contar com Boogie pelas últimas dez partidas. Claro que a queda de Mike Malone teve muito mais a ver com uma insatisfação interna do magnata Vivek Ranadive e seu gerente geral Pete D’Alessandro com o estilo de jogo da equipe. Mesmo assim: se Sacramento fosse digamos, a capital do Maine, e, não, da Califórnia, provavelmente Malone ainda estaria empregado hoje, com resultados bem melhores, independentemente do basquete praticado.

– Até o Lakers, minha gente, ganhou mais do que perdeu nessa história. Em sete partidas contra rivais do Leste, somou quatro vitórias. Nas demais 18? Perdeu 14. Em rendimento, isso dá uma diferença de 57,1% para 22,2%. Byron Scott vai muito bem se apegar a este número para dizer que faz, sim, um bom trabalho.

– A diferença entre Oeste e Leste se acentuou, mesmo, na década passada. Nesse período, o último ano que a turma oriental venceu mais foi em 2009, e no sufoco : 50,5% x 49,5%. Isso está dentro da margem de erro, não?  Piora: desde 1990, o Leste saiu com mais vitórias em apenas seis temporadas (1993, 96, 97, 98, 99 e 2009), com uma bela forcinha do Chicago Bulls de Jordan, Pippen e Mestre Zen.

– Segundo levantamento do bíblico Zach Lowe, do Grantland, pelo menos um time de loteria do Oeste (fora dos playoffs, isto é) teve sempre uma campanha melhor que a do oitavo do Leste em média. Ou: o nono colocado do Oeste terminou com campanha melhor que 2,5 dos times do Leste desde 2003.

É... perder para um time do Leste, em casa, causa esse tipo de dor. Bucks bate Suns no último chute

É… perder para um time do Leste, em casa, causa esse tipo de dor. Bucks bate Suns no último chute

– Por essas e outras que, quando um Phoenix Suns perde para Detroit e Milwaukee em casa, está praticamente dizendo adeus aos mata-matas, ainda que se tenha um extenso caminho pela frente. Para complicar, o time do Arizona também venceu apenas um de seus seis jogos decididos por três ou menos pontos. Hoje, parece que só mesmo uma nova grave lesão vá impedir que o Oeste repita os oito melhores da campanha passada. Desta forma, há um crescente clamor nos Estados Unidos para que a NBA revise seu sistema de emparelhamento nos playoffs. Que saia de cena o sistema de oito-para-cada-lado e entrem os 16 melhores times, independentemente da localização geográfica.

“Isso precisa ser estudado. Estou chegando a um ponto bem próximo de achar que simplesmente precisamos de uma mudança. Já está na tela do radar da liga agora”, afirmou Robert Sarver, proprietário, claro, do Suns. A declaração aparece em uma bela análise de Lowe sobre essa situação. Seu time é aquele que foi eliminado no campeonato passado com 48 vitórias.

Essa ideia de posicionar os 16 melhores seria a mais simples de se efetuar, mesmo, embora não corrija as “injustiças” do calendário, por ora, bem mais fácil de que a rapaziada do Leste desfruta. Mas as mudanças são sempre complicadas de se fazer num sistema que está em operação há mais de duas décadas. Quaisquer que sejam.Isso envolve dinheiro (o faturamento dos playoffs), meus amigos, e aí a gente já sabe… E não só isso: as regras em prática na liga estão todas interligadas, como Lowe sempre faz questão de nos lembrar. “Todo item do ecossistema da NBA está ligado os outros: se você mudar uma parte, estará mudando todas, às vezes por acidente”, escreveu.

Se for para ter mudança, não será com o campeonato em andamento. As regras continuam, o que representa um tremendo desafio para a fração ocidental da liga.  Como já escrevi na ficha de apresentação do Suns para esta temporada: no Oeste, não basta ser bom. Precisa ser excelente. E que os jogadores e treinadores se preparem para mais prorrogações, drama e eventuais decepções. Vai ser difícil de abotoar camisa, mesmo.


Steve Kerr e Golden State Warriors ignoram a pressão
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Giancarlo Giampietro

Kerr de roupa nova: grandes expectativas

Kerr de roupa nova: grandes expectativas

O mais comum, quando um técnico acaba de assumir o cargo, é pregar paciência. Que ele vai conhecer o elenco, estudar e preparar o terreno. Colocar em prática seus conceitos, e que leva tempo para isso. Ainda mais no caso de alguém que nunca exerceu a profissão antes. No caso de Steve Kerr e o Golden State Warriors, no entanto, as expectativas são as mais altas possíveis, e não há nenhum desconforto a respeito disso.

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Por quê? O que acontece aqui de tão especial?

Bem, em primeiro lugar, estamos falando de um clube que não vem fazendo a menor questão de falar baixo, desde que o especulador financeiro Joe Lacob assumiu o controle da franquia em novembro de 2010, em sociedade com Peter Gruber. Lacob, porém, é quem tem a voz mais ativa no dia-a-dia da franquia. No ano seguinte, prometeu, por exemplo, aos torcedores que a equipe voltaria aos playoffs e que teria um all-star. Nenhuma das duas aconteceu. Não tirou o pé do acelerador, no entanto. Tentou tirar DeAndre Jordan do Clippers, apostou em Mark Jackson como treinador, contratou Jerry “O Logo” West como consultor, acertou com o ex-agente Bob Myers para ser seu gerente geral, despachou Monta Ellis para Milwaukee em troca de um Andrew Bogut desacreditado por lesões etc. Deu uma bela sacudida na estrutura do clube, com ambições desmedidas. Hoje, não vai se contentar com derrotas nem mesmo para potências como Spurs e Clippers nos playoffs.

Do outro lado, o currículo de Kerr é impressionante. O cara foi um vencedor inconteste como jogador – não era protagonista, mas foi peça importante e decisiva em diversas conquistas, tendo sido pentacampeão da NBA, pelo Bulls e pelo Spurs. Ele se aposentou em 2003 e logo virou um popular comentarista de TV nos EUA. Retornou ao Phoenix Suns, o clube que o draftou lá em 1988, como gerente geral em 2007 e ajudou a formar um grande elenco. Desgastado em sua relação com o proprietário Robert Sarver, deixou o clube em 2010 e voltou a trabalhar na TV. com grande sucesso, explicando o jogo com facilidade, humor e vasto conhecimento dos meandros dos bastidores da liga.

Com uma trajetória e personalidade dessas, fora o vínculo do passado, virou o alvo primordial de Phil Jackson para o comando do New York Knicks nesta temporada. O namoro foi longo. O Mestre Zen o queria de qualquer maneira e até já dava o acordo como certo, na verdade. Mas os dias antes da assinatura do contrato acabaram sendo longos demais. O Golden State Warriors se apressou em demitir Mark Jackson e foi com tudo em sua direção. Lacob afirma que eles tinham amigos – e o golfe – em comum. Além do mais, o Warriors tem um elenco muito mais promissor e um dono que consegue suas manchetes, mas está bem distante do patamar de James Dolan.

Ao aceitar o cargo, Kerr fez a lição de casa. Já pegou no batente logo em julho ao dirigir a equipe do Warriors na liga de verão de Las Vegas, para quebrar o gelo. Depois, seguiu num périplo ao redor do mundo para encontrar alguns de seus jogadores, com direito a visitinha a Andrew Bogut na Austrália – onde encontraria também o ex-companheiro de Bulls, Luc Longley, primeiro australiano a jogar na NBA. “Ele inclusive trouxe um iPad para o almoço e me mostrou alguns clipes do Longley fazendo a mesma função que espera de mim, como um facilitador no sistema de triângulos e que gostaria que eu fosse um pouco mais agressivo ofensivamente, com mais jogadas passando por mim, então isso é sempre bom de ouvir”, afirmou o pivô, do tipo de atleta contestador, inteligente, que não vai aceitar qualquer coisa dita em sua direção.

Ter um Jerry West ao lado nunca faz mal

Ter um Jerry West ao lado nunca faz mal: mudança nas estruturas da franquia

Ao que tudo indica, o contato de Kerr com os jogadores foi um sucesso, com habilidade no trato com pessoas e a autoridade que seu histórico no basquete inspira. E era uma aproximação essencial para o técnico, ainda mais depois da polêmica saída de Mark Jackson, outro ex-armador que estreou como treinador também pelo Warriors, vindo da TV e que virou uma figura realmente venerada pelo atual elenco – embora não fosse uma unanimidade, com Bogut sendo uma exceção declarada. Jackson, por outro lado, criou muitos problemas internos, ganhando a fama de personalista.

De qualquer forma, não era uma decisão fácil de se ter tomada. Após a derrota para o Clippers pelos playoffs passados, Curry, por exemplo, saiu em defesa do antigo mentor de modo enfático. “Amo o treinador mais do que qualquer um. Ele estar numa situação em que seu trabalho passa por escrutínio e questionamento é totalmente injusto, e seria definitivamente um choque para mim se algo como uma demissão acontecer”, disse o superastro da franquia.

Mark Jackson ficou no passado. Já?

Mark Jackson ficou no passado. Já?

Pois a guilhotina desceu. Para lidar com uma situação dessas, apenas um nome tão badalado como Kerr poderia dar aos diretores a chance de ao menos tentar convencer o armador a rever sua opinião inicial. O contato com Kerr parece já ajudar para isso. “Ele participou de equipes vencedoras. Já jogou para dois técnicos de Hall da Fama e duas grandes organizações. Ele vai trazer um monte dessas lições, sabedoria e QI de basquete para a mesa”, afirmou Curry. De quebra, o craque ainda lembrou que se trata de outro legendário arremessador da liga – e que talvez pudesse ensinar um truque ou outro para ele também. Opa.

Na hora de sugerir Andre Iguodala como um reserva do time, de modo que ele jogue como o segundo armador da rotação da equipe quando Curry estiver descansando, o novo técnico também mostrou destreza. “Não sei se ele vai começar os jogos por nós, mas sei que ele vai estar em quadra no final”, assegurou.

São todos ótimos indícios de tino para a coisa que Kerr vem apresentando. Em quadra, o time fez ótima pré-temporada e iniciou o calendário oficial também com apresentações convincentes. A pressão fica para outro.

O time: para um plantel com Curry, Thompson, David Lee, o mais comum de se presumir é que a defesa fosse um problema e que o ataque, moleza. Certo? Acontece que, para o Warriors 2013-2014, foi quase o inverso. Com Mark Jackson, o time chegou a evoluir a ponto de ter a terceira defesa mais eficiente da liga, atrás apenas de Indiana e Chicago. Algo chocante. Por outro lado, seu sistema ofensivo foi apenas o 12º mais produtivo. Kerr vai tentar encontrar mais equilíbrio ao time. A ideia, no ataque, é trocar muito mais passes e apostar menos em  lances individuais com seus cestinhas, tendo em vista sua experiência com Phil Jackson e Gregg Popovich no passado.

A pedida: sucesso nos playoffs e… título.

Olho nele: Leandrinho. O brasileiro já está em sua 12ª temporada. O tempo passa, de fato. E passa ainda mais rápido quando estamos falando do ala-armador que jogou por tanto tempo no Phoenix Suns, mas agora chega a seu quinto clube nas últimas quatro temporadas. O ligeirinho assinou um contrato sem garantias com o Warriors, no qual reencontra Steve Kerr. Sua presença no elenco, todavia, era praticamente certa. Vindo do banco, ele assume o papel que era de Jordan Crawford no campeonato passado. A função é a de sempre, aquela que o consagrou na década passada: reforçar o ataque da segunda unidade com tiro de três pontos e velocidade, sendo ainda bastante efetivo. Mas com menos responsabilidades, com algo em torno de 16 minutos por partida. Um ótimo complemento para Shaun Livingston e Andre Iguodala entre os reservas.

Leandrinho reencontra ex-chefe do Suns na Califórnia

Leandrinho reencontra ex-chefe do Suns na Califórnia

Abre o jogo: “É um saco sair do banco. Vou ter uma longa conversa com o treinador. Estou cansado disso, e não dá mais para aguentar isso”, Iguodala, sobre seu novo papel de sexto homem do time. Mas, calma: era tudo em tom de brincadeira.

O veterano aceitou numa boa sua nova posição e já disse inclusive que isso lhe permitiria ajudar os companheiros a marcarem mais pontos e ganharem uma graninha maior. “O Draymond está num ano de contrato vencendo, então vou cuidar de dar a ele um pouco mais. Ele vai fazer um pouco mais de cestas jogando ao meu lado”, disse. “Estou chocado”, avaliou Leandrinho. “Não acho que Andre já tenha ficado nesta posição antes em todo esse tempo em que está na NBA.”

Você não perguntou, mas… as medições avançadas de estatísticas que vão tomando conta da NBA encontraram um modo de comprovar que Curry é, sim, o arremessador mais temido destes tempos. É o cara que mais preocupa as defesas fora da bola, segundo aponta o sistema de câmeras que monitoram o comportamento dos atletas em quadra, o SportVU. Os dados avaliados: “pontuação de gravidade”, que quantifica o quanto um defensor fica grudado ao seu adversário, quando ele não tem a bola em mãos, e “pontuação de distração”, que mostra o quanto o marcador se distancia de seu oponente para fazer a dobra em cima do atleta que está com a bola. A partir da distância calculada pelas câmeras, o analista Tom Haberstoth, do ESPN.com, fez uma média dos dois índices, e o resultado foi o gatilho do Warriors na ponta, acima de Kyle Korver, Kevin Martin, Kevin Durant e James Harden, pela ordem. “Sempre ouvimos que você precisa respeitar o arremessador. Agora podemos identificar isso cientificamente”, escreve. “A ideia não é catalogar os melhores chutadores da NBA, mas, sim, ver quais jogadores puxam mais a defesa fora da bola. O que é fascinante é que essa métrica ignora as estatísticas computadas no jogo e depende somente da medição óptica. Assim está a NBA em 2014.”

latrell-sprewell-wariors-card-1997Um card: Latrell Sprewell. O ala foi um grande cestinha, com um dos primeiros passos mais explosivos que a liga já viu, batendo seus defensores mesmo que eles soubessem que a infiltração era seu carro-chefe, enquanto o chute de três nunca assustou muito. Fora de quadra, se tornou, digamos, um dos personagens mais controversos. No Golden State, ele começou num time promissor. Uma série de lesões e de trocas desastradas – de técnicos e jogadores – e o completo desarranjo da direção, porém, levaram o clube ao fundo do poço na gestão do proprietário Chris Cohan, de 1995 a 2010, período no qual só chegaria aos playoffs em duas ocasiões. O episódio mais triste e assustador dessa era aconteceu em 1997, protagonizado por Sprewell, quando o veterano, descontrolado,  decidiu esganar o técnico PJ Carlesimo durante um treinamento. Literalmente. Carlesimo é daqueles treinadores que não aliviam na hora de apontar erros e correções. Agora imaginem o tamanho da frustração de Sprewell com ele. O pior: depois de agredir o técnico e passar cerca de 20 minutos para o vestiário, o atleta tentou novamente atacá-lo. Ele acabou suspenso por 68 jogos, perdendo US$ 6,4 milhões. O que ela achou excessivo. Em entrevista ao tradicional programa 60 minutes, soltou uma de suas célebres e infelizes pérolas. “Não o estava enforcando tão forte assim. Ele estava respirando”, afirmou. Esse era o tipo de história que rondava a franquia. Ainda que o lateral fosse aprontar muito mais.

Sprewell nunca mais jogaria pelo Warriors e seria trocado para o Knicks. Em 1999, foi uma das peças fundamentais do time que venceu a Conferência Leste de modo improvável e perderia para o Spurs na decisão. Depois, seria negociado com o Minnesota Timberwolves, ajudando Kevin Garnett a avançar pela primeira vez nos playoffs em 2004. Quando recebeu uma proposta de renovação contratual por US$ 21 milhões em três temporadas, a recusou e disse que “tinha uma família para alimentar”. Em 2005, acabou se aposentando forçosamente. As ofertas que tinha eram apenas de salário mínimo. Os times ainda se sentiam atraídos por seu talento, mas afugentados pela personalidade. Spurs e Mavericks estavam entre os interessados. Nunca tiveram uma resposta. Em março de 2006, o repórter Chris Sheridan, então do ESPN.com, decidiu ir atrás do ala. O astro o recebeu de cara fechada na porta de sua casa em Milwaukee e simplesmente ameaçou soltar os cachorros para cima do jornalista.


Leandrinho x Jordan Crawford: as trilhas se divergem
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Giancarlo Giampietro

Leandrinho x Jordan Crawford: favor não confundir

Leandrinho x Jordan Crawford: favor não confundir

Eles já foram trocados um pelo outro. Estavam na lista de alvos do Miami Heat neste ano. Agora, uma semana depois de Leandrinho ser anunciado como jogador do Golden State Warriors, o ala-armador Jordan Crawford desembarcou na cidade de Urumqi, capital da região de Xinjiang, que empresta seu nome ao Flying Tigers. Um time da rica, mas ainda varzeana (técnica e taticamente falando) liga chinesa.

Se aceitarmos o mapa mundi em sua visão mais popular, com a Europa convenientemente localizada ao centro, os dois cestinhas estariam cada um em uma extremidade. Se for para ficar com o globo giratório, ‘só’ um Oceano Pacífico os separa. E aí estão Leandro e Crawford, bem distantes, depois de suas trajetórias se cruzarem algumas vezes na central de transferências sempre agitada da NBA.

É uma história curiosa, que ajuda a valorizar o que o ligeirinho brasileiro conquistou nos Estados Unidos. Aos 30, o veterano – um notório boa praça, festejado em todos os vestiários por onde passou – ainda tem cotação para se manter na grande liga, ainda que com preço mais barato e peregrinando de clube em clube. De 2011 para cá, já são cinco times. E aqui só cabe uma observação: assim como aconteceu no campeonato passado, Leandro assina um contrato não-garantido com o Warriors, sobre o qual falaremos mais abaixo. O americano, cinco anos mais jovem, mas com uma trajetória um tanto problemática, se vê obrigado partir para a Ásia.

Leandrinho não teve contrato renovado pelo Suns, mas segue na NBA, dando um jeito

Leandrinho não teve contrato renovado pelo Suns, mas segue na NBA, dando um jeito

Os dois jogadores ocupam basicamente o mesmo nicho de mercado: os chamados combo guards, reconhecidos pelo tino para colocar a bola na cesta, embora nem sempre eficientemente, mas que saem do banco para botar fogo no ataque. Obviamente esse é uma definição bem generalizada. Há muito que se distinguir na abordagem de cada um.

O habilidoso americano é muito mais afeito ao drible, sacudindo o marcador, enquanto seu concorrente depende mais de investidas direta, objetivas, dependendo de sua explosão física. A maneira como jogam é diferente, mas o objetivo final acaba coincidindo.

Um ano e meio atrás, por exemplo, eles foram envolvidos no mesmo negócio, mais precisamente no dia 21 de fevereiro de 2013. Justamente quando estava se fixando na segunda unidade do Boston Celtics, esquentando o motor, Leandrinho sofreu uma grave lesão, com ruptura de ligamento no joelho e tudo, que encerrou sua temporada. Danny Ainge ainda acreditava em algum sucesso nos playoffs naquela que acabou sendo a última campanha de Pierce e Garnett pela franquia e acertou uma negociação por Crawford.

O então jovem ala-armador estava desacreditado na capital norte-americana, visto como um dos personagens principais de todo o caos e o consequente fiasco do Wizards. Ainda assim, tinha esse “fogo” de que o Celtics tanto precisava. Alguém que poderia esquentar a mão em um grande jogo. Ainge confiava que a estrutura comandada por Doc Rivers e a fiscalização de seus veteranos o colocariam na linha. No fim, o time perdeu para o New York Knicks, numa despedida decepcionante para aquele grupo.

Ironicamente, vestido de verde e branco, Crawford praticaria seu melhor basquete, mas só na temporada seguinte, sob o comando de Brad Stevens. Jogando como o dono da bola – os astros haviam se mudado para Brooklyn e Rondo ainda estava lesionado. Restava, logo, ao treinador novato apostar no temperamental ex-reserva, que correspondeu. “Eu me senti em casa por um minuto. Foi a primeira vez que fiquei mais tempo em quadra, tendo a chance de enfrentar os altos e baixo e aprender como se ajustar a isso. Sabe, quando você está jogando mal e pode se recuperar. Foi muito positivo”, afirmou.

Crawford: breve passagem pelo Warriors, agora abrindo vaga para Leandrinho. Ciranda-cirandiha

Crawford: breve passagem pelo Warriors, agora abrindo vaga para Leandrinho. Vamos logo cirandar

Em reconstrução, o Celtics repassou Crawford 363 dias depois numa troca tipla que enviou o cestinha para o Warriors, outro clube que buscava reforços para sua segunda unidade, na esperança de reduzir a carga de Curry e Thompson. Seu impacto, contudo, não foi tão grande assim. Com o seu contrato vencido, foi liberado pelo time californiano para negociar com outros times. Seu nome foi especulado por uma série de franquias – entre elas o Miami Heat, ao lado de Leandrinho, que não renovou com o Suns.

O brasileiro, porém, seguiu outra direção e fechou com o Warriors, justamente para assumir, em teoria, o papel do americano na segunda linha, na rotação com Curry, Thompson e Shaun Livingston, cujas características ele pode complementar tão bem. O espichado armador tem boa visão de jogo, é uma ameaça no ataque de costas para a cesta devido a sua estatura, mas não tem chute (algo que seu novo companheiro oferece). Juntos, os dois também dão muita envergadura para a defesa de Steve Kerr, outro fator que pesa a favor de Barbosa, com quem tem bastante familiaridade, já que foi seu dirigente por muito tempo em Phoenix.

Precisa ver apenas se o paulistano realmente se enquadra nos planos do time a longo prazo. Segundo o jornalista Eric Pinus, do Los Angeles Times e do site Basketball Insider,  apenas US$ 150 mil dos US$ 915 mil de salário de Leandrinho seriam garantidos. A data para que o contrato seja validado em sua totalidade ainda não foi divulgada, mas geralmente não passa de 10 de janeiro. Até esse prazo, o Warriors poderia dispensá-lo, se assim preferir.

Estão no mesmo barco o armador Aaron Craft, um defensor implacável revelado por Ohio State, mas uma negação para arremessar, e os alas Justin Holiday (irmão mais velho do Jrue, do Pelicans) e James Michael McAdoo (calouro de North Carolina, que já foi uma grande promessa, com seleção de base e tudo, mas despencou). Depois de um ano na Hungria, Holiday jogou bem pelo time de verão da franquia, já sob o comando de Kerr. Seria o maior concorrente – mas talvez seja exagero até empregar esse termo.

Na verdade, o Warriors já tem no momento 13 contratos garantidos, o mínimo necessário para carregar numa temporada. Entre esses contratos está o jovem sérvio Nemanja Nedovic, armador que vem falhando em deixar sua marca nos Estados Unidos. Para piorar, ainda sofreu uma lesão durante os treinamentos com sua seleção e foi cortado da Copa do Mundo. Ainda que Nedovic não passe segurança alguma nesse momento, o  gerente geral Bob Myers não precisa efetivar o contrato de nenhum dos atletas do parágrafo acima, diga-se.

Kerr reencontra Leandrinho em Oakland: ótima notícia para o brasileiro

Kerr reencontra Leandrinho em Oakland: ótima notícia para o brasileiro

Mas é extremamente improvável que tenham acertado com um jogador da experiência de Leandrinho apenas para avaliá-lo de perto, e pronto. Presume-se que o aspecto provisório de seu vínculo tem mais a ver com os recentes problemas físicos e lesões do atleta do que por qualquer desconfiança técnica. Durante a Copa, o paulistano comprovou que ainda tem valiosos recursos para oferecer e que está em ótima forma. O ligeirinho se enquadrou no sistema um tanto pétreo desenhado por Magnano e não precisou tentar ser o herói de torneios passados. Num time com Curry e Thompson, certamente não se espera nada nessa linha.

Crawford, por outro lado, é um cara que se sente muito mais confortável para produzir com a bola em mãos. Se a sua criatividade e o seu talento no jogo de um contra um não se discutem, nem sempre se encontra uma boa vaga para acomodá-lo. Não sabemos se ele recebeu alguma oferta concreta na NBA. Aparentemente, o único cheque com um número extenso o bastante para satisfazê-lo veio dos Tigres Voadores de Xinjiang. Fala-se em US$ 2 milhões, mais que o dobro do que vai ganhar o brasileiro. Na China, também vai ter a chance de produzir aquelas estatísticas só vistas em videogame. Obviamente, não seria a primeira escolha dele. Também não dá para dizer se aceitaria um contrato nos moldes do que Leandrinho assinou. Os dois estão realmente em pontos bem diferentes de suas carreiras, e não só geograficamente falando. Que não sejam confundidos, mesmo.


Perguntas para Los Angeles Clippers x Golden State Warriors
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Giancarlo Giampietro

Steph Curry x CP3: dois dos melhores armadores do mundo em uma só série promissora

Steph Curry x CP3: dois dos melhores armadores do mundo em uma só série promissora

– Andrew Bogut volta?
Os deuses basqueteiros têm alguma coisa para resolver com o pivô australiano. Nesta temporada, o cara até que conseguiu segurar as pontas em quadra, passando da marca de 65 partidas, depois de jogar apenas 44 nas duas anteriores. Mas aí chega a reta final do campeonato, e o que acontece? Claro que ele teria de sofrer uma fratura em seu quadril direito. E o Warriors sem seu aussie predileto é outra equipe. Andre Iguodala ajuda, e muito, com sua capacidade atlética e atenção defensiva no perímetro, mas a retaguarda da equipe depende em demasia da proteção de aro e da ocupação de espaços que o pivô oferece. No ataque, seus passes também são um diferencial, é verdade, mas o que preocupa aqui realmente é a consistência defensiva. Jermaine O’Neal curte um mezzo revival, mas definitivamente não tem o mesmo impacto.

– Sem Bogut, quem vai arrumar confusão com o Clippers?
Bogut adora usar seus cotovelos – e o corpanzil em geral – para, digamos, incomodar a concorrência. Blake Griffin era um de seus alvos preferidos, e a tensão entre os dois brutamontes foi primordial para o aquecimento da rivalidade entre esses dois clubes californianos nos últimos anos. Bem, Klay Thompson já se candidatou a assumir a vaga de atleta mais visado/odiado saiu acusando Griffin de ser um fingidor, cheio de cenas, o famoso “flopper”. Em possíveis encrencas em quadra, olho também em Matt Barnes.

 

– O progresso de DeAndre Jordan é sustentável?
Com o pulso firme de Chris Paul e a produção estupenda de Blake Griffin, mais um punhado de bons arremessadores ao redor deles, o ex-primo pobre de Los Angeles se tornou o ataque mais eficiente da liga. Sua defesa também melhorou sob a coordenação de Doc Rivers,  mas ainda não num patamar em que possa ser equiparada aos resultados obtidos por Spurs ou Thunder nos últimos dois anos (sempre no top 5). E muito do sucesso que o Clippers possa ter em frear um ataque poderoso como o do Warriors vai passar por DeAndre Jordan. Ele não virou nenhum Bill Russell, por mais que Doc queira dar aquela moral, mas sua evolução durante o campeonato foi impressionante. Aos 25 anos, o gigantão amadureceu e não só elevou drasticamente sua média de rebotes, como progrediu consideravelmente em seus índices defensivos (e ofensivos). Numa série de mata-matas, porém, as eventuais falhas de posicionamento e cobertura podem ser exploradas com mais facilidade. Sem Bogut, o Warriors vai tentar afastar DJ da cesta sempre que puder, com pick and pops com David Lee, O’Neal e Marreese Speights. Nessas situações, a complexidade dos movimentos aumenta, e o pivô tem de dar a resposta, especialmente considerando o que o time tem de recursos no banco de reservas quando o assunto são os grandalhões. Ainda mais se Stephen Curry estiver envolvido como o driblador buscando o corta-luz.

– O mundo poderá sobreviver ao embate entre Jordan e Jamal Crawford?
Sim, chegou o dia em que dois dos figuraças que já foram mais malhadas pelo espírito avoado e/ou fominha na liga duelam nos playoffs. São dois jogadores com crossover mortal, capacidade para frear o drible em qualquer ponto da quadra e subir de modo ameaçador para o chute. De vez em quando podem exagerar um pouquinho. Só um pouquinho… Ok, está certo que Jamal-C, em seus tempos de Clippers, vem recebendo muito mais elogios, com razão. Botou a cabeça no lugar, disse que enfim se entendeu como ser humano – e jogador de basquete. Mas ainda lembramos de seus tempos de Bulls e Knicks, em que era capaz de bater bola por 20 segundos  até arriscar um chute desvairado a 12 metros da cesta. Comportamento semelhante ao de Jordan-C no Washington Wizards, até que o maninho tomou um chá de semancol servido por Brad Stevens em Boston. Um outro tipo de Tea Party.

– Pode Stephen Curry ter relevância também na defesa?
Que o filho mais velho de Dell Curry é um dos melhores arremessadores, se não o melhor desta era dourada, não há dúvida. Né!?!? Pessoalmente, é um dos meus jogadores prediletos, daquele que vale o ingresso por conta própria. Seu chute é tão bom que sua habilidade para servir aos companheiros acaba ficando em segundo plano. Poderíamos falar até o amanhacer sobre seu talento ofensivo, mas, na hora de encarar um elenco do quilate do Clippers, ninguém passa impune do outro lado da quadra. Steph vai ter de aguentar a bronca.  Mark Jackson pode evitar o confronto direto com Chris Paul e colocá-lo para vigiar Redick ou Matt Barnes. Mas cada um desses representa desafios: inteligente demais, Redick busca muito bem os corta-luzes do lado contrário, algo que exige disciplina para se frear, enquanto Barnes pode cortar agressivamente para o garrafão, com ou sem bola, além de ser mais alto e comprido.


Uma troca que pode influenciar a luta por título na NBA
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Giancarlo Giampietro

Jordan Crawford, quem diria, virou reforço importante para o Warriors

Jordan Crawford, quem diria, virou reforço importante para o Warriors

Ao concluir uma troca, todo gerente geral vai se sentar diante dos microfones, um pouco mais alto no palanque, com o banner de sua equipe logo atrás e sorrir e falar sobre como essa negociação vai muito de acordo com o plano  – todos têm planos mirabolantes, ou pelo menos dizem que têm –, e que a negociação os leva diretamente para esta reunião.

No dia, o discurso pode até soar convincente, e as hordas de setoristas vão apoiá-lo, repassando o “peixe vendido” para os leitores. Alguns meses depois, dependendo do contexto, essa mesma negociação pode virar alvo de chacota e até mesmo resultar numa demissão. O olho da rua, a calçada da amargura.

Bem, nesta quarta, dando continuidade a uma temporada que já vai se desenhando agitado nas movimentações de jogadores, Boston Celtics, Golden State Warriors e Miami Heat fecharam uma troca tripla em que, assim de bate-pronto, acredito que influencia positivamente o rumo de ambos os times envolvidos. Nem precisa que Danny Ainge, Pat Riley ou Bob Myers se esforcem tanto para ganharem um joinha.

O negócio, vamos lá: Celtics manda Jordan Crawford e MarShon Brooks para a Califórnia. O Warriors, em contrapartida, se desfaz de Toney Douglas, que embarcano próximo voo para a Flórida. E o Heat repassa Joel Anthony para a Beantown, com mais duas escolhas de Draft (uma de primeira e outra de segunda, mas tem mais um detalhe aqui que vamos abordar um pouco mais abaixo).

É uma toca que, se a princípio, pelos nomes de coadjuvantes envolvidos, não é de assustar tanto, né? Mas ela pode ter, sim,  um impacto imediato na disputa do título deste ano – e dos próximos, diga-se.

Para entender o que cada um está pensando com o negócio:

Boston Celtics: por mais que Brad Stevens se esforce para fazer um bom prato a cada noite, sem ter muitos ingredientes à disposição, Danny Ainge claramente não quer saber de ver seu time competindo por playoff na Conferência Leste. O negócio é o Celtics se fixar entre os piores times da liga – se for entre os três lanterninhas, melhor ainda. Então o que ele fez? Pegou seu melhor jogador na temporada até aqui – Crawford, creiam – e o enviou para bem longe dali. Além disso, Brooks não estava muito satisfeito com a falta de tempo de quadra e com a passagem pela D-League. Um chorão a menos com que se preocupar.

Quem chega é o veterano Anthony. De positivo o que ele pode oferecer? É um jogador bastante inteligente, dedicado, experiente, que serve como mentor para jovens jogadores. Faz tempo que ele não joga, enterrado no vestiário de Erik Spoelstra, mas não podemos nos esquecer que é um bom defensor, atlético, protetor do aro. Algo que Stevens não tem no momento – ou que, pelo menos, ele não julga Vitor Faverani ser. Além disso, ele tira o fardo de Kelly Olynyk de ser o único atleta canadense no elenco esmeraldino. Tem isso. Por outro lado, o pivô tem uma das munhecas mais duras da liga. Ele é praticamente incapaz de converter uma cesta que não seja em enterrada ou na bandeja – e até na bandeja corre o risco de errar (confiram abaixo). Fica a dúvida, então: Stevens precisa de um cara como esses para fortalecer sua defesa. E talvez Ainge esteja salivando para ver Anthony em quadra, apostando que ele, no fim, vai fazer de seu time algo ainda pior. Rajon Rondo retornando bem, ou não.

Agora, o mais importante, mesmo, para o chefão em Boston é a aquisição de duas escolhas de Draft. Trata-se, hoje, da mercadoria mais valiosa no mercado da NBA. Qualquer novato que entre na liga de imediato após o recrutamento, seguindo as regras salariais impostas aos primeiros anos de contrato será um jogador mal pago, comparando com a média (Tiago Splitter e Ricky Rubio, por exemplo, esperaram algum tempo para deixar a Espanha e poder negociar um contrato mais generoso, e Nikola Mirotic segue pela mesma linha). Considerando todas as restrições do novo teto salarial, a importância desse tipo de jogador na composição de um elenco se tornou gigante. É por isso que ele não se incomodou em receber o salário de US$ 3,8 milhões do pivô como contrapartida. Mesmo que a escolha de primeira rodada que ele recebe possa se transformar em duas de segunda rodada. Explicando: é um pick que vem do Philadelhpia 76ers protegido. O Celtics só terá direito a usá-lo na primeira ronda do Draft caso o Sixers faça os playoffs neste ano ou na próxima temporada. Caso não aconteça, se transformará em mais dois do segundo giro. De qualquer forma, estamos falando aqui de commodities,

Ainge pode ou usar as escolhas para a confecção de seu plantel, mesmo, ou pode juntar tudo isso num megapacote futuro em busca de novas estrelas. Basicamente, a mesma estratégia que seguiu anos atrás para atrair Kevin Garnett e Ray Allen para lá. E não duvidem da capacidade de barganha do cara. Lembrem-se que Jordan Crawford foi adquirido no ano passado em troca por um lesionado Leandrinho e Jason Collins. Hoje, ele conseguiu uma compensação muito maior por ele.

Golden State Warriors: Zach Lowe estava perguntando nesta terça-feira a respeito: por que não o Warriors? Por que não incluí-los entre os times com chance de conquistar a NBA nesta temporada? Bem, Bob Myers afirmou ao jornalista do Grantlandi com toda a confiança de uma Golden Bridge que, sim, acredita que seu time é bom o suficiente para competir no duríssimo Oeste e sonhar com o caneco. Nesta quarta, um dia depois da publicação, ele reforçou a pergunta de Lowe. “Sim, por que diabos não o Wariors!?!?”, é como fica agora o título.

Crawford chega para dar um merecido descanso a Stephen Curry e Klay Thompson, dupla que vem acumulando média acima de 37 minutos por jogo nesta temporada. É muita coisa para dois jogadores leves como esses, ainda mais para alguém com tornozelo tão frágil como Curry. E, sem Steph inteirão nos plaoffs, não há chance alguma de o time pensar grande. Com Crawford – e, talvez, Brooks, que também é um belo cestinha nato, mas talvez ainda mais inconsequente nos arremessos que arrisca –, Mark Jackson enfim vai poder dar um respiro para seus jovens astros, sem se preocupar como conseguiria fazer uma cesta usando sua segunda unidade em quadra. Resta saber apenas se Jackson conseguirá administrar sua dupla da mesma forma que Stevens fez em Boston, especialmente JC. Se tiver sucesso, o Warriors ganha mais uma peça para tentar desafiar Spurs e Thunder. Podem ter certeza de que o Coach Pop e Sam Presti anotaram o recado.

Douglas é um defensor melhor que os dois que chegam, mas vinha todo estrumbicado na temporada com lesões, sem contribuir com quase nada para a ótima campanha da equipe.

Miami Heat: Pat Riley, meus amigos e minhas amigas, não brinca em serviço. Fica o aviso: se vocês não têm muita simpatia por tudo o que representa o Miami Heat, se torcem contra os caras, é melhor parar por aqui. Pulem para a próxima, abandonem o navio. Pois, numa negociação supostamente despretensiosa dessas, o Riles deu um jeito de deixar seu clube em situação ainda mais favorável para se bancar como uma dinastia.

E, não, não é pela chegada de Douglas. O ala-armador pode ser uma terceira opção na formação da backcourt com Dwyane Wade e Ray Allen, dependendo da saúde de Mario Chalmers e Norris Cole. Quando em forma, é um jogador atlético, espevitado, que pode se encaixar no sistema de pressão total do Heat. Se tiver matando as bolas de longa distância – um quesito no qual oscila bastante –, melhor ainda. Mas não estranhe nem um pouco se ele já for dispensado de imediato.

Por que? Bem, porque o principal objetivo de Riley era ganhar a tão alardeada “flexibilidade financeira” para sua gestão. Leia-se: dar um respiro para os cofres do proprietário Micky Arison,  que é daqueles que aparece na lista da Forbes, mas certamente aceita um desconto sempre que possível. Ao se livrar do salário Anthony deste ano e, especialmente, do ano que vem, o time vai poupar mais de US$ 10 milhões em pagamentos e multas. De modo que, neste ano ou no próximo, podem investir parte dessa grana em uma nova contratação de respeito – como as de Battier, Allen, Mike Miller etc. –, sem enforcar o contador. Além disso, caso decidam nem inscrever Douglas, uma vaga no elenco desta temporada será aberta. De modo que poderiam contratar Andrew Bynum ou qualquer outro veterano (que venha a ficar disponível) disponível  sem precisar abortar o projeto Greg Oden. Larry Bird não gostou.


NBA, onde nepotismo também acontece
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Giancarlo Giampietro

Os irmãos Smith, JR e Chris, agitando em Manhattan

Os irmãos Smith, JR e Chris, agitando em Manhattan

Ray Felton está afastando, com uma lesão muscular na coxa. Pablo Prigioni também, depois de sofrer uma fratura no dedão do pé direito. Iman Shumpert não virou o armador que o time esperava – no máximo, ele consegue controlar a bola apenas como uma segunda válvula de escape. Beno Udrih arrasou ontem contra o Bucks e, ao mesmo tempo, foi arrasado por Brandon Knight.

Tudo isso deixa o técnico Mike Woodson numa situação ainda mais delicada. O New York Knicks já é o time mais decepcionante da temporada. E agora só restou um armador para constar história? Justamente numa posição tão crucial?

E, agora, diabos, a quem ele poderia recorrer?

Ao Chris Smith?!

Acho que não.

Sabe o armador Chris Smith, né? Irmão mais jovem do JR, que ganhou um contrato garantido e salário de cerca de US$ 500 mil para ser o 15º homem do Knicks na temporada, ainda que, segundo relato do superrepórter Adrian Wojnarowski, exista integrantes da própria comissão técnica do time que acreditam que o caçulinha não tenha “sequer talento para ser um jogador da Liga de Desenvolvimento da NBA”.

Chris Smith, nem na liga de verão

Chris Smith, nem na liga de verão

Pois, então. Foi esse o atleta convocado às pressas por Woodson para, ao menos, ajudá-lo a formar dois times nos treinamentos. Ao que tudo indica, Chris não está pronto para encarar um Madison Square Garden lotado e irritado. Na mesma reportagem de Wojnarowski, um gerente geral rival o definiu como “talvez o pior jogador da história das ligas de verão”.

Quando a franquia garantiu o contrato do armador, o burburinho foi tamanho que a direção da liga se viu obrigada a abrir uma investigação interna – obviamente a negociação estava vinculada à renovação com JR, ainda que não haja documentos comprovando isso… Mas até que ponto era algo irregular?

No fim, as repostas que tiveram foram de que não seria um absurdo assim considerar Chris Smith como um cara digno de NBA. “Chris tem talento suficiente”, disse um dirigente, sem se identificar, ao  New York Post. “Ele pode se tornar um jogador da NBA um dia. Algumas equipes preferem manter aqueles que são considerados projetos em vez de jogadores que podem ajudar imediatamente, e Chris é um desses projetos.”

Agora… Obviamente é um projeto. Mas que se frise: de 26 anos. Nascido em outubro de 1987, é mais velho que Stephen Curry, Jrue Holiday, Derrick Rose e Ty Lawson, para citar apenas quatro integrantes de uma das posições mais concorridas da liga hoje em dia. Mais velho também que Brandon Jennings, o atrevido reforço do Detroit Pistons que foi a público no Twitter para questionar o que o (nem tão) jovem Smith fazia por ali, citando dois experientes armadores que hoje fazem carreira na Europa, esperando por uma proposta da liga. “Espere, espere, espere. O irmão do JR Smith está na NBA, mas o Pooh Jeter e o Bobby Brown, não? Pode me chamar de hater, mas isso não dá!”, disparou.

(No fim, o crítico deletou seu post, mas não foi rápido o suficiente para evitar que jornalistas e outros seguidores espalhassem sua mensagem. JR tomou as dores da família. “É meu irmãozinho, então eu vou interferir por ele, de um jeito ou de outro. Não apenas contra Brandon, mas contra qualquer um que diga alguma coisa para ele”, declarou.)

Desnecessário dizer que nem Woodson, nem James Dolan e talvez nem mesmo o ala do Knicks esperam que Chris Smith vire um craque ou alguém do nível de Jennings. Desde o início da temporada, ele foi enviado para a liga de desenvolvimento, defendendo a filial do clube de Manhattan, o Eerie BayHawks. E, mesmo num campeonato com números bastante inflados, o jogador não chega a impressionar, com médias de 11,3 pontos, 4,5 rebotes, 2,7 assistências, 2,0 desperdícios de posse de bola, 24,7 minutos, em seis partidas.

Quando o técnico da equipe, Gene Corss, foi questionado pelo New York Times sobre a perspectiva de Smith se encontrar na NBA, sua resposta não foi das mais entusiasmadas.”Acho que ele tem potencial para trabalhar, continuar a crescer e se tornar um bom jogador. E, qualquer que seja a situação em que ele estiver, acho que pode ter sucesso. Mas você nunca sabe qual a situação que vai rondar um atleta”, disse.

Chega a ser um pouco embaraçoso, não?

Como se um Smith já não fosse o bastante de problema...

Como se um Smith já não fosse o bastante de problema…

Mas tem mais. Mike Woodson nem tem como refutar que o laço de sangue com seu talentoso – mas incontrolável – ala pesa nesse contexto. “Tenho um grande respeito por essa família. É o irmão dele. Eu respeito isso”, disse.

Hein?

E como fica Chris Smith nisso tudo?.

“Isso me ajuda? Obviamente. Ele é meu irmão mais velho. As pessoas querem que fiquemos juntos o tempo todo. E ele me ajudou muito”, afirma.

“É claro que eu tenho muito o que provar”, afirmou o armador ao Times. “Mas eu ainda não consegui jogar direito desde que deixei Louisville. Digo, eu sinto que sou um dos jogadores mais subestimados agora. Mas sempre fui subestimado. Ninguém espera nada de mim. Vão sempre me olhar como o irmão mais novo do JR, porque ele é um atleta fenomenal, sexto homem do ano e tudo isso. Mas eu sempre tive minha própria plataforma, meus objetivos próprios.”

Difícil, porém, é que esses objetivos coincidam com os do Knicks, afundados na Conferência Leste.

*  *  *

O caso de Chris e JR Smith com o Knicks pode ser aquele mais vexatório ou espalhafatoso, mas está longe de ser o único vínculo nepotista na liga norte-americana. O mais grave deles, aliás, deve ser aquele descoberto durante o lo(u)caute que escancarou diversos problemas do sindicato dos jogadores. Entre eles, foi descoberto que o diretor executivo, Billy Hunter, empregava dois filhos e uma nora no órgão. Uma apuração da Bloomberg, aliás, revelou que a família Hunter recebeu mais de US$ 4 milhões em salários durante a década.

De qualquer forma, de modo bem menos escandaloso, o emprego de familiares é usual entre as franquias, especialmente entre treinadores e dirigentes.

Não que a prática seja preliminar ou fundamentalmente errada. É compreensível que, num mundo bastante competitivo, em que por vezes a capacidade de guardar segredos é a mais importante, se corra a alguém da maior confiança. O problema é correr o risco (grande) de misturar as coisas. Quando a confiança é colocada muito da competência. Não se trata de uma regra. Mas, que pode acontecer, ô se pode.

Que o diga Michael Jordan e quem quer que trabalhe para o…

Charlotte Bobcats
No que se refere a nepotismo, Jordan também pode ser considerado o melhor na NBA. Ok, podemos atenuar o termo e dizer que, em matéria de cuidar dos chapinhas do passado e compadres, não tem para ninguém. Buzz Peterson, seu rival dos tempos de colegial e ex-companheiro na Universidade da Carolina do Norte, foi um de seus cartolas. Fred Whitfield, presidente do clube, é seu amigo há 30 anos. Ex-parceiros de Chicago Bulls como Rod Higgins (vice-presidente e manda-chuva do departamento de basquete), Sam Vincent e Charles Oakley também foram aproveitados. Conto em mais detalhes nesta reportagem aqui. Depois que o texto foi publicado, MJ ainda promoveu seu irmão Larry a diretor, no cargo anteriormente ocupado por Peterson.

Cory Higgins, o filho do Rod

Cory Higgins, o filho do Rod

Higgins, aliás, aprendeu direitinho e chegou a contratar seu filho, Cory, como terceiro armador do clube – na época, não havia um scout sequer que entendesse a aposta no jovem graduado pela Universidade do Colorado. O atleta ficou uma temporada e meia na equipe. Aí chegou o dia em que teve de ser dispensado, em dezembro de 2012, olho no olho. “Quando você toma uma decisão como essa, de contratar seu filho, sempre sabe que um dia como esse poderia acontecer. O jogador também sabe disso. O aspecto pessoal é o aspecto pessoal. Mas, quando você dá o próximo passo e se dá conta de que isso é um negócio, você sempre sabe que isso poderia acontecer”, disse o pai, com toda a franqueza do mundo. “Ele não deixa de ser meu milho.”

Então tá.

O Higgins filho tinha média de 3,7 pontos em 10,3 minutos pelo Bobcats, tendo disputado 44 jogos, com aproveitamento de 32,4% nos arremessos de quadra em sua carreira, com 20% nos três.

Em meio a esse contexto, como Jordan ou Higgins poderiam punir Paul Silas, ex-treinador da equipe, quando este optou por não dirigir a draga de elenco que tinha na temporada 2011-2012, pós-lo(uc)aute, quando conseguiram terminar com a pior campanha da história da liga, em termos de aproveitamento de vitórias. Na ocasião, o veterano Paul tinha as melhores intenções. Seu filho Stephen era seu principal assistente, e o papai coruja acreditava que chegaria o dia em que sua cria seria um técnico principal na liga. Então por que não começar logo, pegando experiência? O Bobcats não iria para nenhum lugar mesmo…

(Como podemos testemunhar até hoje. E, antes mesmo da família Silas, os Bickerstaffes haviam tomado conta do banco de reservas. O experiente Bernie foi o primeiro treinador da franquia e teve seu filho John-Blair em seu estafe e por três anos – aos 25, ele foi, inclusive, o assistente mais jovem da história da liga. J.B. hoje trabalha com Kevin McHale no Houston Rockets.)

Minnesota Timberwolves e Boston Celtics
Quando Rick Adelman cedeu e aceitou a bucha que é treinar um Minnesota Timberwolves, ao menos garantiu mais alguns trocados para sua família ao incluir seu filho David em sua comissão técnica. Antes da NBA? O herdeiro havia trabalhado, até então, apenas no nível de high school, em Portland. Não era o currículo mais impressionante disponível no mercado, certeza.

Em Boston, Danny Ainge encontrou um lugar na sua equipe de gestão para o filho Austin. Formado na BYU, na qual foi companheiro do ala Jonathan Tavernari, o Ainge filho migrou direto para o banco de reservas, com terno e gravata. Foi assistente na Southern Utah University e treinador do Maine Red Claws (filial do Celtics na D-League) antes de ser contratado pela franquia mais vencedora da história da NBA.

Em sua defesa: sua saída do Red Claws foi bastante sentida. “Eu sinto muito em ver Austin partir para seu novo cargo com o Celtics”, disse o presidente e gerente geral do clube, Jon Jennings, via release. “Todos nós gostamos de trabalhar com ele. Ninguém trabalhou  mais duro e estava mais comprometido com a evolução de nossos jogadores.”

Além de ajudar o pai na condução e formação do elenco, Austin também quebra um galho do brasileiro Vitor Faverani, ajudando na tradução do espanhol para o inglês, sempre que necessário.

Austin Ainge (e) e o geniozinho Brad Stevens

Austin Ainge (e) e o geniozinho Brad Stevens

Sacramento Kings
Na capital californiana, o processo foi inverso. Michael Malone assumiu o comando de um time pela primeira vez e recorreu ao pai Brendan, extremamente experiente, que seria seu principal assistente. Sua missão seria ajudar a guiar o filho em sua temporada de calouro. Em cerca de três meses, porém, o Malone sênior abriu mão do cargo, dizendo que basicamente não tinha mais paciência para esse tipo de atividade.

“Foi um choque completo para mim. Estava na minha sala, e ele entrou e disse: ‘Estou saindo’. Eu respondi: ‘Aonde você vai?’. E ele simplesmente falou que estava saindo para valer. Foi uma surpresa. Acho que era algo com o qual ele estava lutando por um tempo. Foi difícil lidar com isso e algo muito emocional porque não é apenas a relação de um técnico com um assistente. Há uma dinâmica de pai e filho, mas, para ser justo, eu não estaria aqui se não fosse por ele. Ele me deu um empurrão para chegar aqui”, afirmou o Malone júnior, que vinha fazendo ótimo trabalho no estafe de Mark Jackson no Warriors e com Monty Williams no Hornets, hoje Pelicans, diga-se.

Dallas Mavericks
Don Nelson fechou com Mark Cuban para reestruturar uma franquia que foi uma piada durante grande parte da década de 90. Levou junto na bagagem o filho Donnie, que trabalhou como gerente geral, nos bastidores, como o braço direito de Cuban nas negociações com atletas. O Don filho, porém, já tinha mais o que oferecer. Trabalhou como assistente da seleção lituana em diversas competições coordenou a seleção chinesa por dois anos e em ambos os cargos teve sucesso. Também criou os chamados Global Games, em Dallas, um torneio amistoso que reúne algumas das melhores seleções juvenis do mundo. Ele só ficou em uma situação constrangedora no Texas quando a relação do Don pai e do magnata se estremeceu a ponto de envolver os tribunais. No final, Cuban teve de pagar mais de US$ 6 milhões em um acordo.

Los Angeles Lakers
Bem, o falecido Jerry Buss não quis nem saber: seu legado teria de ser sustentado pelos filhos. Quando seus problemas de saúde o afastavam gradativamente da condução diária da célebre franquia, o Sr. Buss transferiu suas responsabilidades para os dois filhos. Jim ficaria com o basquete. Jeannie, com os negócios. Ric Bucher escreve mais a respeito aqui. Jim foi assistente do gerente geral Mitch Kupchak desde 1998. Na visão dos torcedores do Lakers, é uma nulidade, famoso por seu apreço por corridas de cavalo, por não tirar o santo boné da cabeça e por ter demitido mais de uma dezena de empregados do vitorioso departamento esportivo antes do lo(u)caute.

Jeanie e Jim Buss. Uma popular em LA, outra nem tanto

Jeanie e Jim Buss. Uma popular em LA, outra nem tanto

(Esse processo aconteceu também no Denver Nuggets, lembremos, com Josh Kroenke, de 33 anos, assumindo a presidência do time, deixando o pai Stan mais afastado. Josh jogou por Missouri na NCAA e já marcou Carmelo uma vez. Leia seu perfil aqui, do intrépido Wojnarowski.)

Em quadra, depois de muito tempo separados, hoje em dia para onde quer que Mike D’Antoni vá, ele carrega junto o irmão Dan, mais velho. Enquanto Mike conquistava a Itália – e, sobretudo, Kobe – e Milão, como jogador, depois de passagem não muito brilhante na NBA, Dan era treinador na boa e velha West Virginia, em high school. Na verdade, ele se ocupou disso por (!) 30 anos até ser convencido pelo caçula a assumir um cargo de assistente no Phoenix Suns. A parceria se repetiu em Manhattan e, agora, em Hollywood.

Atlanta Hawks e Utah Jazz
Dias depois de fechar a surpreendente contratação de Paul Millsap, Danny Ferry não foi tão criativo assim ao anunciar seu elenco para a liga de verão de Las Vegas em 2013. As atrações principais eram o brasileiro Lucas Bebê e o alemão Dennis Schroeder, mas não deixava de chamar a atenção o número 45 da equipe, John… Millsap. Irmão (três anos) mais velho de Paul, conseguiu a vaguinha na carona do contrato milionário do ex-jogador do Jazz, claro. A generosidade, no entanto, se limitou a uma assinatura de contrato. Em Vegas, John jogou por apenas 17 minutos, em duas partidas, marcando dois pontos no total.

Em Utah, aliás, John já havia ganhado um empurrãozinho ao defender por um bom tempo o Flash, da D-League, que hoje é chamado Delaware 87ers, afiliado ao Philadelphia 76ers.

Para saber mais sobre a saga dos irmãos Millsap – há ainda Elijah, do Los Angeles D-Fenders, e o caçulinha Abraham, é só acessar o site do Paul.

Golden State Warriors

Seth e Stephen, filhos do Dell

Seth e Stephen, filhos do Dell

Com Stephen Curry e Klay Thompson, o Golden State Warriors causa inveja a muita gente. Será que é justo que o mesmo time possa ter dois arremessadores tão acima da média? Que dois gatilhos desses possam fazer dupla? Bem, há outra franquia que ao menos pode replicar esses sobrenomes. Estamos falando – coincidência ou não! – do Santa Cruz Warriors, filial da equipe na D-League. É lá que jogam Seth Curry e Mychel Thompson, irmãos dos cestinhas.

Seth é mais jovem que Stephen. Os dois herdaram do pai, Dell, a mecânica belíssima e a eficiência nos chutes de longa distância. Mychel, mais velho que Klay, já é moldado de um jeito diferente, muito mais voluntarioso do que o refinado caçula. Os dois são filhos de mais ums ólido veterano da NBA, o pivô Mychal Thompson, bicampeão pelo Los Angeles Lakers em 1987-88.

Comparando com John Millsap, há algo que os separa, contudo. Depois de brilhar pelo Erie BayHawks na liga de desenvolvimento, Mychel foi contratado pelo Cleveland Cavaliers – aparentemente sem influência do sobrenome. Jogou cinco partidas pelo Cavs, sendo titular em três ocasiões. Já Seth se formou pela tradicional Universidade de Duke, sob o comando do Coach K, como um jogador importante na NCAA. Uma grave lesão de tornozelo antes do Draft acabou atrapalhando suas pretensões no recrutamento de calouros. Provavelmente teria espaço em uma grande liga da Europa, mas preferiu acompanhar o irmão na Califórnia.

Los Angeles Clippers
Não foi possível confirmar os rumores de que Doc Rivers, com tantos desfalques, estaria interessado na contratação do Little Chris (Paul) para fortalecer seu banco de reservas:

(Brincadeira. Fui!)


15 times, 15 comentários sobre o Oeste da NBA
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Giancarlo Giampietro

Spurs x Blazers

O Blazers cria ainda mais confusão no Oeste Selvagem da NBA

A série começou ontem, com o tenebroso Leste. Agora falamos dos primos ricos.

Antes de passar por cada franquia, em castas, é mandatória a mesma menção de ontem: sobre o quão patética vem sendo a porção oriental da liga norte-americana, com apenas três times acima da marca de 50% de aproveitamento, enquanto, do lado ocidental,  apenas quatro estão no lado negativo. Isso muda tudo na hora de avaliar o quão bem um time está jogando ou não num panorama geral. Ter de enfrentar Sixers, Magic, Bucks e… (!?) Nets e Knicks mais vezes do que Warriors, Wolves, Grizzlies e… (!?) Suns ajuda muito para inflar os números de sua campanha. É como se fosse um imenso ***ASTERISCO***.

Os dois ainda no topo, ainda que em segundo e terceiro
Pela consistência que apresentam nas últimas duas temporadas, ainda me sinto obrigado a separar as duas franquias, mesmo que estejam, na manhã desta quarta-feira, atrás do Portland Trail Blazers na tabela.

San Antonio Spurs: pode muito bem ainda haver resquícios de um trauma psicológico daqueles. É quase inevitável. Mas a fase de ressaca, ressaaaaca, mesmo, das brabas, se encerrou em algum ponto das férias. Porque o Spurs de Gregg Popovich simplesmente não vai parar de vencer, mesmo que Tim Duncan venha devagar desta vez, depois de uma temporada na qual ele desafiou qualquer noção que tenhamos sobre esse processo chamado envelhecimento. Sério: desde 1997, o time não sabe o que é terminar um campeonato com aproveitamento abaixo de 64,6% (!!!). Custa acreditar? Confiram esta lista aqui. Então, se alguém um dia falar em “padrão de excelência” para você, pense no que é o time de Duncan, Pop, Parker e Manu, como a comparação ideal. Neste ano, a turma de Tiago Splitter está no top 4 de melhores defesas (2ª, atrás do Pacers, que não conta mais) e ataques (4º, atrás de Portland, Miami e Houston). E-qui-lí-brio.

Oklahoma City Thunder: Nada mudou muito por aqui, gente. Eles ainda têm dois dos dez melhores jogadores da liga, que podem decidir as coisas no ataque quando bem entendem e um conjunto muito atlético para fechar seu garrafão e sustentar a quinta defesa mais eficiente do campeonato. Esses são dados bons o bastante para colocá-los na briga com qualquer cachorro grande. Mas a má notícia é que… Bem, até quando Scott Brooks vai depender tanto dos talentos individuais de seus dois cestinhas? No geral, o Thunder é apenas o 17º time que mais distribui assistências na liga. Dos favoritos ao título, só o Indiana Pacers está abaixo (em 21º, com uma dependência de Paul George, sim, mas também com jogadas mais tradicionais de costas para a cesta com Roy Hibbert, o que desacelera as coisas). O que isso significa? Enquanto depender das jogadas de isolamento para Durant ou Wess, Brooks está esperando que os dois se desenvolvam e elevem o ataque por conta própria. É possível, claro – ninguém pode julgar Durant como um cara acomodado, e cara já está num nível tão alto que simplesmente não tem muito o que se melhorar. A não ser, claro, que esperemos que ele acerte 75% de seus arremessos de quadra. Fora isso, contata-se  a notável evolução de Reggie Jackson como o terceiro cestinha do time – uma das consequências da lesão de Russell Westbrook. Jeremy Lamb e Perry Jones III também estão caminhando, mas ainda falta muito para que sejam confiáveis sob pressão. Ah, e o Steven Adams, com seu jogo enérgico, físico e atrevido, já está no top 5 de inimigos públicos. Vindo da Nova Zelândia, sendo um novato, é um feito e tanto.

Chumbo grosso
De como a Conferência Oeste é absurdamente competitiva.

Portland Trail Blazers: ok, ok, para os fãs do Blazers – e eu sei que vocês tão por aí, sim –, já pode parecer um ultraje. E pode ser, mesmo. Porque (vai) chega(r) uma hora em que você tem de deixar as dúvidas de lado e abraçar  a equipe da Rip City como uma realidade nesta temporada. São 18 vitórias e quatro derrotas, aproveitamento de 81,8% (o segundo melhor), +6,3 pontos de saldo (quarto), nove vitórias e duas derrotas seja em casa como na estrada (as segunda e melhores marcas, respectivamente). Por mais que possam perder um pouco desse ritmo, o quanto seria? O Blazers sofreu todas as duas quatro derrotas contra adversários da mesma conferência, mas também já somou dez vitórias nessas mesmas condições. Seu rendimento em quadra hoje é praticamente inverso ao do Pacers: tem o ataque mais eficiente e apenas a 22ª defesa. LaMarcus Aldridge nunca pontuou ou reboteou tanto assim em sua carreira. Damian Lillard elevou seu aproveitamento de três pontos, diminuiu seus turnovers e melhorou na defesa – todos passos cruciais para o armador se tornar uma força a ser temida aos 23 anos. Nicolas Batum se tornou uma ponte perfeita entre o armador e o pivô. Wesley Matthews está jogando demais da conta. E, por fim, Robin Lopez, Maurice Williams e Dorrell Wright solidificaram a rotação. Então, quer dizer: talvez seja uma questão de tempo para os caras subirem de andar. Vamos ver.

Houston Rockets: tudo aqui é matemático. O Rockets é dos times que mais bate lances livres e arremessa de três pontos na liga, eliminando aqueles chutes considerados de menor eficiência. Para isso, eles vão correr, correr e correr, com a expectativa de chegar ao ponto desejado em quadra antes que a defesa se estabeleça (uma combinação do legado dos Sete Segundos ou Menos do Phoenix Suns com a onda estatística analítica que vem tomando os escritórios das franquias, veja só). James Harden dá as cartas nesse sentido. E, dentro desse plano de jogo, estão encaixando a presença singular que é Dwight Howard, com tudo aquilo que ele te oferece de bom (rebote, cobertura defensiva, corta-luzes e enterradas) e mau (a choradeira de sempre e a necessidade de se afirmar como um superpivô ofensivamente, coisa que não é). Por mais antipatia que possa ter ganhado desde a última temporada regular, fato é que sua presença acrescenta muito em quadra, mesmo que não seja o mesmo de três anos atrás. Então Omer Asik (um dos nossos preferidos desde a última encarnação) que nos desculpe: pode fazer o bico que for, mas a vida é assim. Jeremy Lin se redescobriu como um sexto homem mais finalizador, Chandler Parsons está preparado para receber um bom aumento e o intrigante Terrence Jones deu uma acalmada nos rumores de troca.

Los Angeles Clippers: elenco é para isso, né? Para usar, para dar segurança. E ainda bem que a epidemia se limitou aos alas (JJ Redick, Matt Barnes e o competente novato Reggie Bullock), pois era o ponto mais forte da rotação de Doc Rivers. Ok, perder três de uma vez quebra qualquer treinador, e é por isso que você já está ouvindo sobre Stephen Jackson, o Capitão Jack Maluco, mas imagine se o pronto-socorro fosse para Blake Griffin ou DeAndre Jordan? Alguém aí estaria preparado para confiar 30 minutos para Ryan Hollins, BJ Mullens ou Antawn Jamison? Pois é, nem eu. Daí que se faz urgente, mas urgente demais a contratação de mais um pivô completo, ou que pelo menos saiba defender e converter lances livres. Não só como apólice de seguro, mas para poder dar um descanso aos titulares, mesmo, ou rendê-los no final de um jogo equilibrado em que Jordan não possa sofrer faltas de jeito algum. Jordan está ganhando mais confiança de Rivers, com a maior média de minutos de sua carreira, mas precisa de ajuda, para bancar ou melhorar a décima defesa mais eficiente da liga. E não dá para saber bem se Lamar Odom seria a resposta aqui.

Denver Nuggets: com todo o tato e delicadeza do mundo, o prestigiado e novato Brian Shaw está tentando mudar o Denver Nuggets. Tanta sutileza tem duas razões: 1) pegar leve com George Karl e o regime anterior, por (?) ética; 2) conduzir uma revolução em quadra também não é das coisas mais fáceis, ainda mais quando se tem de lidar com jogadores que podem ter dificuldade para acompanhar a bola e, ao mesmo tempo, saber em que ponto da quadra está. É complicado. Por outro lado, o time pode compensar a falta de disciplina ou inteligência defensiva com muita energia, rodando diversos jogadores – 12 deles já ganharam mais de 100 minutos –, aproveitando-se da altitude no mando de quadra e se mantendo no páreo. Quando as defesas não estão preocupadas em parar Ty Lawson, vem Nate Robinson do banco, os dois baixinhos com velocidade e alta periculosidade. Timofey Mozgov saiu da hibernação, e jogando bem. Falta uma previsão para o retorno de Danilo Gallinari  e que Wilson Chandler acerte os ponteiros de seu relógio.

Dallas Mavericks: longa vida a Dirk Nowitzki! E bem-vindo seja o novo Monta Ellis! O baixinho topetudo vai tentando provar ao mundo que todas as críticas que recebeu durante sua carreira em Oakland e Milwaukee não passavam de uma tremenda injustiça com um dos maiores cestinhas de todos os tempos um espevitado cestinha.  Ele vem com a terceira melhor marca nos arremessos de quadra de sua carreira e a melhor desde 2008, ano em que jogava, coincidentemente, por um novo contrato. Com 37,3%, ele também nunca havia chutado tão bem assim do perímetro. Selecionando melhor seus arremessos, mas pondo pressão contínua para cima das defesas, o “Monta Ball” vem ajudando a dar um novo fôlego ao craque alemão, que está pegando menos rebotes, mas elevou suas médias nos arremessos, também recuperado de lesões que chacoalharam seus últimos dois anos. Os dois juntos, auxiliados pela mão certeira de José Calderón, comandam o sétimo ataque mais eficiente. O problema é a defesa, a sexta pior da liga, que precisaria de um Shawn Marion um pouco mais novo, além de um Tyson Chandler – e não de um Samuel Dalembert – para fechar espaços.

Golden State Warriors: o time é talentoso, mas a margem de segurança não é das maiores. Digo, o banco é bastante limitado. Então, quando sai um faz-tudo como Andre Iguodala, em quem se aposta muita coisa (o aperto da defesa, mais movimentação de bola no ataque, explosão nos contragolpes, alívio para Stephen Curry), tudo fica um pouco mais difícil. Ser o time de toda a liga que mais partidas fora de casa disputou até agora também interfere na campanha, ainda mais para um grupo que tem tanto respaldo em seu ginásio. Desde que Iguodala volte bem e relativamente rápido de sua lesão na coxa e que os tornozelos de Curry e Bogut aguentem bem, ainda não é hora para se alarmar, mesmo que estejam no momento fora da zona dos playoffs. Se os segundanistas Harrison Barnes e Draymond Green evoluírem, então, melhor ainda.

Memphis Grizzlies: de todos os aspirantes ocidentais a grandes resultados nesta temporada, aqui está o time na maior enrascada. A troca de Lionel Hollins por Dave Joerger, por enquanto, só surtiu efeitos negativos, especialmente em na contenção, sem pegada nenhuma no momento – tinham a segunda melhor retaguarda na temporada passada e agora são apenas a 18ª. Marc Gasol não voltará tão cedo e, por mais que Kostas Koufos se esforce nos rebotes e seja grande igual, não tem a mesma leitura de jogo e voz sobre seus companheiros. Não obstante, no ataque, o time ainda não consegue ameaçar de longa distância (sua mira de 33% é apenas a 23ª entre 30 concorrentes), e a vida de Zach Randolph anda mais sofrida – mais utilizado no ataque, ele presta ainda menos atenção na defesa. As equações de John Hollinger certamente não contavam com a baixa de seu melhor jogador, mas é bom o ex-analista tentar agora outros cálculos para não ser achincalhado na Grindhouse.

Minnesota Timberwolves: por que o Wolves estaria em melhor situação que o Grizzlies se, mesmo com time mais ou menos completo, eles estão atrás na classificação? Bem, alguns indícios: seu saldo de +4,0 pontos é maior que o dos cinco que estão logo acima na tabela. Além disso, seu calendário nos primeiros 22 jogos foi o terceiro mais complicado da temporada. A equipe não está no topo nem ofensivamente, nem defensivamente, mas parte de uma sólida base (está curiosamente em 12º nas duas listas). Kevin Love retornou com tudo, embora com baixo rendimento nos arremessos. O que é pega é que, num time com tão poucos chutadores de média e longa distância, o ala-pivô acaba sendo o responsável por desafogar o próprio jogo, se é que faz sentido isso (sobe a plaqueta para o auditório: “RISOS!”). Mas, sério: Kevin Martin chuta bem que só, mas Corey Brewer não está matando nada, Chase Budinger ainda não estreou e Ricky Rubio é uma negação nesse quesito. O que temos, então, é um time que consegue ser pior que o Grizzlies no fundamento (32,9%), o sétimo pior do campeonato. Ainda assim, com um ataque agressivo, que cobra 27,1 lances livres por jogo (quarto melhor), eles dão um jeito de compensar essa deficiência.

A maior surpresa da liga
Não, ninguém esperava por isso.

Phoenix Suns: nem mesmo o gerente geral Ryan McDonough, Discípulo de Danny Ainge em Boston, o jovem cartola tem uma visão bastante pragmática das coisas. Não se importava em gerenciar um saco de pancadas este ano desde que ganhasse um bom novato no próximo Draft. Mas ele, tal como seu ex-chefe, parece ter acertado em cheio na contratação de seu treinador. Jeff Hornacek é aspirante a treinador do ano desde já, e talvez nem importasse que seu renovado time estivesse ocupando um inacreditável oito lugar no Oeste Selvagem. Ele já teria uma candidatura de respeito ao fazer o Phoenix Suns – de todos os times, o PHOENIX SUNS!!! – defender, além de ter resgatado um pouco de seu poderio ofensivo. Eles estão em 16º agora, mas ficaram por várias semanas no top 10, e essa queda se deve muito ao desfalque de Eric Bledsoe por alguns jogos. Bledsoe, aliás, que vai justificando o investimento, compondo uma dupla de armadores muito promissora com Goran Dragic. Os irmãos gêmeos Morris têm formado uma dupla dinâmica no banco – e entrosamento era o mínimo que a gente esperava deles, né? –, Miles Plumlee surgiu do nada e  PJ Tucker é um dos operários que merecia mais atenção. Agora, será que eles têm fôlego para competir até o fim? Será que isso seria interessante? Será que McDonough vai permitir isso?

No limbo
Nem muito para cima, nem muito para baixo. É difícil fazer qualquer prognóstico…

Los Angeles Lakers: olha, ninguém dava muita bola, mas Mike D’Antoni vinha fazendo seu melhor trabalho desde os tempos de Suns. Vejamos, sem Kobe, Nash, eles mais venceram do que perderam. Com Jordan Farmar, Steve Blake, Wesley Johnson, Xavier Henry, Jodie Meeks Nick Young e Jordan Hill. Agora… Como ele estava conseguindo isso? Bem, aplicando seus sistema. Correndo muito (com o terceiro ritmo mais intenso do campeonato). Agora, com Gasol e Kobe baleados, será que isso funciona? Dificilmente. E ele conseguirá montar um time produtivo de outra forma? Bem, Gasol abertamente já duvidou disso. E, sobre o espanhol, todavia, pairam grandes dúvidas. O que acontece? Ele não é mais o mesmo por que D’Antoni não sabe usá-lo, ou D’Antoni não o explora mais por que o pivô não consegue? Consultando os números, vemos que ele vem sendo envolvido  como nunca antes aconteceu no ataque do Lakers. Mesmo: mais até que na época dos triângulos do Mestre Zen. Com 33 anos, o espanhol tem sido ainda menos eficiente do que na campanha passada, mesmo sem Dwight Howard para congestionar o garrafão. Seu percentual de quadra é disparado o pior da carreira.  Se o time ficar perdido entre acomodar suas estrelas e tentar abastecer um bando de anônimos, a campanha pode não dar em nada.

– New Orleans Pelicans: se eles estivessem no Leste,  estariam em quinto. No brutal Oeste, porém, são antepenúltimos. Com o time inteirão, já seria difícil beliscar uma vaga nos playoffs. Ficar sem o emergente Anthony Davis – melhor em praticamente todas as estatísticas básicas – por muito tempo? Essa disputa sai ainda mais cara – e o Philadelphia 76ers segue tudo isso com muita atenção. A garotada está atacando bem (sexta melhor ofensiva da liga), com muita gente habilidosa e chutadores rodeando no perímetro – especialmente o insano e único Ryan Anderson. Defensivamente, contudo, vão de mal a pior, com a quinta pior marca, e as coisas ficam ainda menos promissoras sem a envergadura e agilidade do Monocelha.

A turma do fundão
Um está confortável aqui. O outro já não aguenta mais.

Sacramento Kings: com novo proprietário, novo gerente geral, novo técnico e uma torcida que, sim, já não atura mais tantas participações no topo do draft. O estafe recém-empossado sabe disso e vai procurando fazer troca atrás de troca para melhorar o talento disponível. Derrick Williams e Rudy Gay até se enquadram nessa teoria, comparando com quem saiu. Mas o que eles têm em comum? São dois jogadores muito mais concentrados em seu próprio arremesso do que numa proposta mais coletiva. Basicamente: sai um, entra outro, e o Kings só continua com fominhas em sua escalação. Que os dois reforços não atrapalhem, contudo, o que DeMarcus Cousins e Isaiah Thomas vêm fazendo – é meio chocante, mas os dois estão entre os dez jogadores mais eficientes nestes primeiros meses. O rendimento da dupla não traduziu em muitas vitórias, é verdade, mas sua tabela foi a segunda mais dura até agora.

Utah Jazz: a única pessoa em Salt Lake que deve estar preocupada com o que vem acontecendo é o técnico Ty Corbin, na berlinda. De resto, vai tudo de acordo com o plano. O gerente geral Dennis Lindsey quis abrir espaço para seus jogadores mais jovens. Chega uma hora em que você precisa ver o que há de concreto naquilo que chamamos de “potencial”. Daí que, dos dez que mais minutos receberam minutos nos primeiros 23 jogos, só dois passaram dos 30 anos e cinco deles não passaram dos 24 ainda. Se, no meio do caminho, eles forem perdendo, não tem muito problema – ainda mais sabendo agora que Jabari Parker é mórmon. O Utah joga, no momento, para perder, e a tabela mais difícil do campeonato contribui para isso. Há uma razão para se contratar  um Andris Biedrins.


NBA: o que curtir ou chiar nos times da Divisão Pacífico
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Giancarlo Giampietro

Cada equipe tem suas particularidades. Um estilo mais ofensivo, uma defesa mais brutal, um elenco de marmanjos cascudos, outro com a meninada babando para entrar em quadra. Depois da Conferência Leste e da Divisão Sudoeste, vamos dar uma passada agora pelo Pacífico, mirando o que pode ser legal de acompanhar e algumas coisas que provavelmente há de se lamentar. São observações nada científicas, estritamente pessoais, sujeitas, então, aos caprichos e prediletos de uma só cabeça (quase) pensante:

GOLDEN STATE WARRIORS
Para curtir:
– Os Splash Brothers, mas claro, né? Stephen Curry e Klay Thompson testando o gogó dos narradores a cada bomba de três pontos nas transmissões. Com esses dois chutando, o tiro no perímetro realmente parece a melhor possibilidade – analítica, tática, técnica, qualquer que seja o ponto de vista.

 – De novo: mais Stephen Curry! Nunca é o bastante. Ele também pode encantar com seus passes com apenas uma mão, servidos de bandeja para Iguodala, Lee ou Barnes cortando ao seu lado.

– A combinação de Andre Iguodala com Curry e Thompson. Não dá para pensar em uma combinação melhor que essa. O ala oferece defesa, visão de quadra e capacidade atlética (velocidade, elasticidade, impulsão, força, tudo basicamente), como uma peça complementar perfeita.

Harrison Barnes como um candidato a sexto homem do ano, podendo dar sequência a seu desenvolvimento sem muita pressão e como um curinga: com ele, o Warriors pode tanto jogar em small-ball ou apelar para uma versão gigante, dependendo das necessidades.

– Os passes de Andrew Bogut a partir do garrafão.

Para chiar:
– Qualquer  disputa de bola que possa resultar em (mais) uma torção de tornozelo de Curry.

Bogut caindo aos pedaços. Ele precisa estar a, no mínimo, 70% nos playoffs para o time ter alguma chance. Já que…

– 1) Jermaine O’Neal tenta tocar a vida adiante longe dos preparadores físicos e fisioterapeutas de Phoenix. E…

–  2) Festus Ezeli é um dos jogadores mais limitados tecnicamente na liga.

LOS ANGELES CLIPPERS
Para curtir:
Chris Paul controlando a bola como se fosse um mestre do io-iô passeando no parque assobiando – quando, na verdade, ele é só um tampinha arrancando em meio a gigantes de 2,00m e envergadura absurda.

Blake Griffin flutuando por aí e jogando duro.

JJ Redick circulando da esquerda para direita, da esquerda para direita, sempre como uma ameaça para receber o passe e matar. Na defesa, posicionamento correto, compensando qualquer desvantagem atlética que possa ter.

DeAndre Jordan (supostamente) concentrado, empenhado em contato com Doc Rivers.

Jared Dudley de volta a um time que brigue por algo. Questão de desenferrujar agora.

Matt Barnes enfim encontrando alguma justa estabilidade para sua carreira.

Para chiar:
– Os lances livres de Griffin.

– Os lances livres de DeAndre Jordan. Argh.

Paul em sua versão reclamão – chega uma hora que o armador também tem de assumir alguma responsabilidade por seus times não irem tão longe nos mata-matas, não?

BJ Mullens chutando de três pontos – e só.

– A composição inacreditável da rotação de pivôs do time. Jamison + Mullens + Hollins? Sério, mesmo?

Jamal Crawford exagerando no um contra um.

LOS ANGELES LAKERS
Para curtir:
– O esforço coletivo e comovente por parte de Legião da Boa Vontade, Médicos sem Fronteiras, Exército da Salvação e Cruz Vermelha em nome de Xavier Henry, Wesley Johnson, Chris Kaman, Nick Young, Jodie Meeks, Jordan Hill e, principalmente, Mike D’Antoni.

Pau Gasol de volta ao hábitat a que pertence, mais próximo da cesta, mas não necessariamente planado ali. Mais liberdade para o espanhol criar, jogar e nos divertir.

Kobe Bryant, lorde das redes sociais. Enquanto não volta.

– O amadurecimento de Jordan Farmar.

– Qualquer truque que o genial Steve Nash ainda tenha para exibir.

Jack Nicholson. Quem vai se cansar de uma peça dessas?

Para chiar:
– A complicada recuperação de Kobe, e toda a ansiedade que daí decorre.

Nash infelizmente parecendo, enfim, um quarentão em quadra.

– Difícil ter boa vontade na salvação de Shawne Williams.

– A falta de zelo de Chris Kaman na hora de operar com a bola no garrafão. Um campeão de turnovers na posição.

-Mais de dez arremessos numa partida para Steve Blake – ele rende em doses homeopáticas.

PHOENIX SUNS
Para curtir:
Eric Bledsoe, o Mini-LeBron, ficando em quadra por muito mais tempo, como um sério candidato a entrar no clubinho particular de Derrick Rose e Russell Westbrook de aberrações atléticas (e diminutas) da natureza que nenhum pivô quer ver pela frente. Ele vai errar, fazer bobagens, mas deixe estar. Está aprendendo.

 – A canhotinha de Goran Dragic.

PJ Tucker, um quebra-galho que faz bem a qualquer time.

Channing Frye de volta, sem problemas.

Miles Plumlee tentando salvar o nome da sua família neste exato momento.

Archie Goodwin, o caçulinha. E não apenas por ele ter esse nome tão legal. Archie Goodwin, senhoras e senhores. Para o futuro, olho nele.

(Tantas curtidas para um time teoricamente porcaria? O coração tem disso.)

Para chiar:
– O sovina Robert Sarver, o dono de franquia que conseguiu sabotar décadas e décadas de elegância na gestão de Jerry Colangelo.

– Na real, não é para chiar. Mas pra fritar a cabeça: não saber realmente quem é Markieff ou Marcus Morris, sem olhar para o número.

Alex Len exigindo o máximo do superestafe do Suns. Já em seus primeiros meses de liga.

– Um veterano como Ish Smith contratado, enquanto Kendall Marshall foi chutado pra escanteio.  Mais uma escolha de loteria desperdiçada.

SACRAMENTO KINGS
Para curtir:
Boogie, o apelido.

DeMarcus Cousins nos seus melhores dias, triturando a concorrência no garrafão, mas não só com força bruta.

– O ligeirinho Isaiah Thomas aprontando todas e invadindo o pedaço dos gigantes sem a menor cerimônia.

Greivis Vasquez conseguiu se transformar num armador de ponta de NBA.

Sacramento segue no mapa.

Para chiar:
Cousins perdendo as estribeiras e limitando seu próprio potencial.

Marcus Thornton tomando minutos e arremessos de Ben McLemore.

John Salmons invariavelmente desperdiçando o tempo de todo mundo. Ele já foi um bom jogador.

Carl Landry no estaleiro.

– Depois do sucesso do movimento Free Darko, chegou a hora de, por favor… Free Jimmer!!!


Revolução africana: Nigéria e Tunísia estão fora da disputa por vaga na Copa do Mundo
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Giancarlo Giampietro

Maleye D'doye e o Senegal vão adiante

Nigéria e Tunísia, dois dos três grandes favoritos africanos a uma vaga na Copa do Mundo da Espanha 2014, estão fora da disputa de vaga. É uma BAITA surpresa isso. As duas seleções estão fora da semifinal do AfroBasket, e apenas os três primeiros colocados se garantem diretamente no Mundial. Na sexta, as semifinais são Costa do Marfim, time da casa, contra Angola e Egito contra Senegal.

Quem caiu primeiro, já na fase de oitavas de final, foi a Tunísia, pelas mãos de seu vizinho Egito, por 77 a 67. “Clássico é clássico”, sorri um egípcio. A eliminação veio a despeito dos esforços do ala-pivô Makram Ben Romdhane, de 24 anos e um dos destaques individuais do torneio e recém-contratado pelo Murcia – ele vai ser companheiro de Augusto Lima na Liga ACB. Os tunisianos eram os atuais campeões e haviam terminado com o terceiro lugar em 2009, na Líbia.

Na quarta, então, pelas quartas, foi a vez de a Nigéria se despedir, perdendo para a rapaziada de Senegal, por 64 a 63, do jeito que o capeta gosta. Imagine o horror – e a tensão também, vá lá – de um quarto período vencido por 14 a 10 pelos nigerianos, que, em termos de elenco, formavam, disparado, o time mais forte da competição.

O ala-pivô Ike Diogu, que não conseguiu emplacar uma carreira decente na NBA apesar de ter sido selecionado pelo Golden State Warriors no Draft de 2005 em nono, se transformou numa espécie de terrorzinho em competições da Fiba. Al-Farouq Aminu, do New Orleans Hornets, com 22 anos, ainda tem um vasto potencial para ser realizado e teve médias de 12,5 pontos, 5,2 rebotes e 5 assistências no torneio, atuando com muito mais liberdade para impor seu jogo hiperatlético. Seu irmão Alade Aminu é mais um ótimo finalizador. O armador Ben Uzoh e o pivô Gani Lawal são outros com experiência na liga americana – do outro lado, os pivôs Saer Sane, ex-Sonics (bons tempos!) e já com 27 anos, e Hamady N’diaye, ex-Wizards.

E, ainda assim, caiu a Nigéria. Sofreram com uma defesa por zona dos senegaleses espertos, que pagaram para ver se Al-Farouq e amigos poderiam matar seus tiros no perímetro. Erraram 12 em 16 disparos – mas não que tenham desfrutado de sucesso no jogo interior, com um aproveitamento pífio de 41%.

Como se não bastasse, Camarões, do príncipe Luc Richard Mbah a Moute, também está fora, depois de perder para os anfitriões da Costa da Marfim nas quartas, por 71 a 56. Os marfinenses anularam por completo o ala do Sacramento Kings – nem na África esse ótimo defensor consegue se soltar ofensivamente.

“Nós sempre fomos um dos favoritos, nos estabelecemos como um potencial vencedor do torneio. Mas o que aconteceu para nós hoje, o que aconteceu com Camarões e Tunísia é o crescimento meteórico do basquete africano. Qualquer um pode ser derrotado, afirmou o técnico nigeriano Ayodele Bakare, que agora não sabe o que vai ser da sua equipe, dada, digamos, a volatilidade administrativa das confederações do continente.

Para eles, Mundial agora só com um eventual convite da Fiba. Lembrando: são quatro que a federação vai distribuir, com a China muito provavelmente já garantida com um – a não ser que os cartolas não estejam tão preocupados assim com audiência quantitativa, né? Pense que outro convite deva ficar para um dos excluídos das Américas e outro, para alguma potência que dance no Eurobasket  – alô, Rússia, tá todo mundo de olho –, e teríamos apenas um quarto e último posto para ser preenchido. Mais um das Américas? Ou uma colher de chá para africanos? Vai saber.

*  *  *

Agora vale gastar só mais alguns minutinhos com nossos irmãos angolanos. Se Portugal só apanha na Europa e o Brasil já não é a potência de outros tempos, ao menos um país da comunidade lusófona segura as pontas no topo em sua região. Dos favoritaços a vaga, só restou Angola nas semifinais, mesmo.

Nas quartas, os caras tiveram um desempenho ofensivo avassalador contra Marrocos, vencendo por 95 a 73. Os 12 jogadores angolanos entraram em quadra e pontuaram, incluindo nosso bom e velho Eduardo Mingas, com cinco. Olimpio Cipriano, aquele, marcou 15, saindo do banco. Carlos Morais, ele mesmo, somou 11. Joaquim Gomes, há quanto tempo!, nem precisou dominar o garrafão. Bastaram nove pontos e seis rebotes em 17 minutos.

Dos últimos 12 campeonatos africanos, Angola venceu dez, ao mesmo tempo em que foi ao pódio nas 15 edições passadas. Para se garantir no Mundial, é o que basta. Mas o time vai ter um páreo duríssimo pela frente contra os donos da casa. E, nesse torneio tresloucado, o peso da camisa ou do currículo não está valendo nada. Força!