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Arquivo : Ricky Adelman

NBA, onde nepotismo também acontece
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Giancarlo Giampietro

Os irmãos Smith, JR e Chris, agitando em Manhattan

Os irmãos Smith, JR e Chris, agitando em Manhattan

Ray Felton está afastando, com uma lesão muscular na coxa. Pablo Prigioni também, depois de sofrer uma fratura no dedão do pé direito. Iman Shumpert não virou o armador que o time esperava – no máximo, ele consegue controlar a bola apenas como uma segunda válvula de escape. Beno Udrih arrasou ontem contra o Bucks e, ao mesmo tempo, foi arrasado por Brandon Knight.

Tudo isso deixa o técnico Mike Woodson numa situação ainda mais delicada. O New York Knicks já é o time mais decepcionante da temporada. E agora só restou um armador para constar história? Justamente numa posição tão crucial?

E, agora, diabos, a quem ele poderia recorrer?

Ao Chris Smith?!

Acho que não.

Sabe o armador Chris Smith, né? Irmão mais jovem do JR, que ganhou um contrato garantido e salário de cerca de US$ 500 mil para ser o 15º homem do Knicks na temporada, ainda que, segundo relato do superrepórter Adrian Wojnarowski, exista integrantes da própria comissão técnica do time que acreditam que o caçulinha não tenha “sequer talento para ser um jogador da Liga de Desenvolvimento da NBA”.

Chris Smith, nem na liga de verão

Chris Smith, nem na liga de verão

Pois, então. Foi esse o atleta convocado às pressas por Woodson para, ao menos, ajudá-lo a formar dois times nos treinamentos. Ao que tudo indica, Chris não está pronto para encarar um Madison Square Garden lotado e irritado. Na mesma reportagem de Wojnarowski, um gerente geral rival o definiu como “talvez o pior jogador da história das ligas de verão”.

Quando a franquia garantiu o contrato do armador, o burburinho foi tamanho que a direção da liga se viu obrigada a abrir uma investigação interna – obviamente a negociação estava vinculada à renovação com JR, ainda que não haja documentos comprovando isso… Mas até que ponto era algo irregular?

No fim, as repostas que tiveram foram de que não seria um absurdo assim considerar Chris Smith como um cara digno de NBA. “Chris tem talento suficiente”, disse um dirigente, sem se identificar, ao  New York Post. “Ele pode se tornar um jogador da NBA um dia. Algumas equipes preferem manter aqueles que são considerados projetos em vez de jogadores que podem ajudar imediatamente, e Chris é um desses projetos.”

Agora… Obviamente é um projeto. Mas que se frise: de 26 anos. Nascido em outubro de 1987, é mais velho que Stephen Curry, Jrue Holiday, Derrick Rose e Ty Lawson, para citar apenas quatro integrantes de uma das posições mais concorridas da liga hoje em dia. Mais velho também que Brandon Jennings, o atrevido reforço do Detroit Pistons que foi a público no Twitter para questionar o que o (nem tão) jovem Smith fazia por ali, citando dois experientes armadores que hoje fazem carreira na Europa, esperando por uma proposta da liga. “Espere, espere, espere. O irmão do JR Smith está na NBA, mas o Pooh Jeter e o Bobby Brown, não? Pode me chamar de hater, mas isso não dá!”, disparou.

(No fim, o crítico deletou seu post, mas não foi rápido o suficiente para evitar que jornalistas e outros seguidores espalhassem sua mensagem. JR tomou as dores da família. “É meu irmãozinho, então eu vou interferir por ele, de um jeito ou de outro. Não apenas contra Brandon, mas contra qualquer um que diga alguma coisa para ele”, declarou.)

Desnecessário dizer que nem Woodson, nem James Dolan e talvez nem mesmo o ala do Knicks esperam que Chris Smith vire um craque ou alguém do nível de Jennings. Desde o início da temporada, ele foi enviado para a liga de desenvolvimento, defendendo a filial do clube de Manhattan, o Eerie BayHawks. E, mesmo num campeonato com números bastante inflados, o jogador não chega a impressionar, com médias de 11,3 pontos, 4,5 rebotes, 2,7 assistências, 2,0 desperdícios de posse de bola, 24,7 minutos, em seis partidas.

Quando o técnico da equipe, Gene Corss, foi questionado pelo New York Times sobre a perspectiva de Smith se encontrar na NBA, sua resposta não foi das mais entusiasmadas.”Acho que ele tem potencial para trabalhar, continuar a crescer e se tornar um bom jogador. E, qualquer que seja a situação em que ele estiver, acho que pode ter sucesso. Mas você nunca sabe qual a situação que vai rondar um atleta”, disse.

Chega a ser um pouco embaraçoso, não?

Como se um Smith já não fosse o bastante de problema...

Como se um Smith já não fosse o bastante de problema…

Mas tem mais. Mike Woodson nem tem como refutar que o laço de sangue com seu talentoso – mas incontrolável – ala pesa nesse contexto. “Tenho um grande respeito por essa família. É o irmão dele. Eu respeito isso”, disse.

Hein?

E como fica Chris Smith nisso tudo?.

“Isso me ajuda? Obviamente. Ele é meu irmão mais velho. As pessoas querem que fiquemos juntos o tempo todo. E ele me ajudou muito”, afirma.

“É claro que eu tenho muito o que provar”, afirmou o armador ao Times. “Mas eu ainda não consegui jogar direito desde que deixei Louisville. Digo, eu sinto que sou um dos jogadores mais subestimados agora. Mas sempre fui subestimado. Ninguém espera nada de mim. Vão sempre me olhar como o irmão mais novo do JR, porque ele é um atleta fenomenal, sexto homem do ano e tudo isso. Mas eu sempre tive minha própria plataforma, meus objetivos próprios.”

Difícil, porém, é que esses objetivos coincidam com os do Knicks, afundados na Conferência Leste.

*  *  *

O caso de Chris e JR Smith com o Knicks pode ser aquele mais vexatório ou espalhafatoso, mas está longe de ser o único vínculo nepotista na liga norte-americana. O mais grave deles, aliás, deve ser aquele descoberto durante o lo(u)caute que escancarou diversos problemas do sindicato dos jogadores. Entre eles, foi descoberto que o diretor executivo, Billy Hunter, empregava dois filhos e uma nora no órgão. Uma apuração da Bloomberg, aliás, revelou que a família Hunter recebeu mais de US$ 4 milhões em salários durante a década.

De qualquer forma, de modo bem menos escandaloso, o emprego de familiares é usual entre as franquias, especialmente entre treinadores e dirigentes.

Não que a prática seja preliminar ou fundamentalmente errada. É compreensível que, num mundo bastante competitivo, em que por vezes a capacidade de guardar segredos é a mais importante, se corra a alguém da maior confiança. O problema é correr o risco (grande) de misturar as coisas. Quando a confiança é colocada muito da competência. Não se trata de uma regra. Mas, que pode acontecer, ô se pode.

Que o diga Michael Jordan e quem quer que trabalhe para o…

Charlotte Bobcats
No que se refere a nepotismo, Jordan também pode ser considerado o melhor na NBA. Ok, podemos atenuar o termo e dizer que, em matéria de cuidar dos chapinhas do passado e compadres, não tem para ninguém. Buzz Peterson, seu rival dos tempos de colegial e ex-companheiro na Universidade da Carolina do Norte, foi um de seus cartolas. Fred Whitfield, presidente do clube, é seu amigo há 30 anos. Ex-parceiros de Chicago Bulls como Rod Higgins (vice-presidente e manda-chuva do departamento de basquete), Sam Vincent e Charles Oakley também foram aproveitados. Conto em mais detalhes nesta reportagem aqui. Depois que o texto foi publicado, MJ ainda promoveu seu irmão Larry a diretor, no cargo anteriormente ocupado por Peterson.

Cory Higgins, o filho do Rod

Cory Higgins, o filho do Rod

Higgins, aliás, aprendeu direitinho e chegou a contratar seu filho, Cory, como terceiro armador do clube – na época, não havia um scout sequer que entendesse a aposta no jovem graduado pela Universidade do Colorado. O atleta ficou uma temporada e meia na equipe. Aí chegou o dia em que teve de ser dispensado, em dezembro de 2012, olho no olho. “Quando você toma uma decisão como essa, de contratar seu filho, sempre sabe que um dia como esse poderia acontecer. O jogador também sabe disso. O aspecto pessoal é o aspecto pessoal. Mas, quando você dá o próximo passo e se dá conta de que isso é um negócio, você sempre sabe que isso poderia acontecer”, disse o pai, com toda a franqueza do mundo. “Ele não deixa de ser meu milho.”

Então tá.

O Higgins filho tinha média de 3,7 pontos em 10,3 minutos pelo Bobcats, tendo disputado 44 jogos, com aproveitamento de 32,4% nos arremessos de quadra em sua carreira, com 20% nos três.

Em meio a esse contexto, como Jordan ou Higgins poderiam punir Paul Silas, ex-treinador da equipe, quando este optou por não dirigir a draga de elenco que tinha na temporada 2011-2012, pós-lo(uc)aute, quando conseguiram terminar com a pior campanha da história da liga, em termos de aproveitamento de vitórias. Na ocasião, o veterano Paul tinha as melhores intenções. Seu filho Stephen era seu principal assistente, e o papai coruja acreditava que chegaria o dia em que sua cria seria um técnico principal na liga. Então por que não começar logo, pegando experiência? O Bobcats não iria para nenhum lugar mesmo…

(Como podemos testemunhar até hoje. E, antes mesmo da família Silas, os Bickerstaffes haviam tomado conta do banco de reservas. O experiente Bernie foi o primeiro treinador da franquia e teve seu filho John-Blair em seu estafe e por três anos – aos 25, ele foi, inclusive, o assistente mais jovem da história da liga. J.B. hoje trabalha com Kevin McHale no Houston Rockets.)

Minnesota Timberwolves e Boston Celtics
Quando Rick Adelman cedeu e aceitou a bucha que é treinar um Minnesota Timberwolves, ao menos garantiu mais alguns trocados para sua família ao incluir seu filho David em sua comissão técnica. Antes da NBA? O herdeiro havia trabalhado, até então, apenas no nível de high school, em Portland. Não era o currículo mais impressionante disponível no mercado, certeza.

Em Boston, Danny Ainge encontrou um lugar na sua equipe de gestão para o filho Austin. Formado na BYU, na qual foi companheiro do ala Jonathan Tavernari, o Ainge filho migrou direto para o banco de reservas, com terno e gravata. Foi assistente na Southern Utah University e treinador do Maine Red Claws (filial do Celtics na D-League) antes de ser contratado pela franquia mais vencedora da história da NBA.

Em sua defesa: sua saída do Red Claws foi bastante sentida. “Eu sinto muito em ver Austin partir para seu novo cargo com o Celtics”, disse o presidente e gerente geral do clube, Jon Jennings, via release. “Todos nós gostamos de trabalhar com ele. Ninguém trabalhou  mais duro e estava mais comprometido com a evolução de nossos jogadores.”

Além de ajudar o pai na condução e formação do elenco, Austin também quebra um galho do brasileiro Vitor Faverani, ajudando na tradução do espanhol para o inglês, sempre que necessário.

Austin Ainge (e) e o geniozinho Brad Stevens

Austin Ainge (e) e o geniozinho Brad Stevens

Sacramento Kings
Na capital californiana, o processo foi inverso. Michael Malone assumiu o comando de um time pela primeira vez e recorreu ao pai Brendan, extremamente experiente, que seria seu principal assistente. Sua missão seria ajudar a guiar o filho em sua temporada de calouro. Em cerca de três meses, porém, o Malone sênior abriu mão do cargo, dizendo que basicamente não tinha mais paciência para esse tipo de atividade.

“Foi um choque completo para mim. Estava na minha sala, e ele entrou e disse: ‘Estou saindo’. Eu respondi: ‘Aonde você vai?’. E ele simplesmente falou que estava saindo para valer. Foi uma surpresa. Acho que era algo com o qual ele estava lutando por um tempo. Foi difícil lidar com isso e algo muito emocional porque não é apenas a relação de um técnico com um assistente. Há uma dinâmica de pai e filho, mas, para ser justo, eu não estaria aqui se não fosse por ele. Ele me deu um empurrão para chegar aqui”, afirmou o Malone júnior, que vinha fazendo ótimo trabalho no estafe de Mark Jackson no Warriors e com Monty Williams no Hornets, hoje Pelicans, diga-se.

Dallas Mavericks
Don Nelson fechou com Mark Cuban para reestruturar uma franquia que foi uma piada durante grande parte da década de 90. Levou junto na bagagem o filho Donnie, que trabalhou como gerente geral, nos bastidores, como o braço direito de Cuban nas negociações com atletas. O Don filho, porém, já tinha mais o que oferecer. Trabalhou como assistente da seleção lituana em diversas competições coordenou a seleção chinesa por dois anos e em ambos os cargos teve sucesso. Também criou os chamados Global Games, em Dallas, um torneio amistoso que reúne algumas das melhores seleções juvenis do mundo. Ele só ficou em uma situação constrangedora no Texas quando a relação do Don pai e do magnata se estremeceu a ponto de envolver os tribunais. No final, Cuban teve de pagar mais de US$ 6 milhões em um acordo.

Los Angeles Lakers
Bem, o falecido Jerry Buss não quis nem saber: seu legado teria de ser sustentado pelos filhos. Quando seus problemas de saúde o afastavam gradativamente da condução diária da célebre franquia, o Sr. Buss transferiu suas responsabilidades para os dois filhos. Jim ficaria com o basquete. Jeannie, com os negócios. Ric Bucher escreve mais a respeito aqui. Jim foi assistente do gerente geral Mitch Kupchak desde 1998. Na visão dos torcedores do Lakers, é uma nulidade, famoso por seu apreço por corridas de cavalo, por não tirar o santo boné da cabeça e por ter demitido mais de uma dezena de empregados do vitorioso departamento esportivo antes do lo(u)caute.

Jeanie e Jim Buss. Uma popular em LA, outra nem tanto

Jeanie e Jim Buss. Uma popular em LA, outra nem tanto

(Esse processo aconteceu também no Denver Nuggets, lembremos, com Josh Kroenke, de 33 anos, assumindo a presidência do time, deixando o pai Stan mais afastado. Josh jogou por Missouri na NCAA e já marcou Carmelo uma vez. Leia seu perfil aqui, do intrépido Wojnarowski.)

Em quadra, depois de muito tempo separados, hoje em dia para onde quer que Mike D’Antoni vá, ele carrega junto o irmão Dan, mais velho. Enquanto Mike conquistava a Itália – e, sobretudo, Kobe – e Milão, como jogador, depois de passagem não muito brilhante na NBA, Dan era treinador na boa e velha West Virginia, em high school. Na verdade, ele se ocupou disso por (!) 30 anos até ser convencido pelo caçula a assumir um cargo de assistente no Phoenix Suns. A parceria se repetiu em Manhattan e, agora, em Hollywood.

Atlanta Hawks e Utah Jazz
Dias depois de fechar a surpreendente contratação de Paul Millsap, Danny Ferry não foi tão criativo assim ao anunciar seu elenco para a liga de verão de Las Vegas em 2013. As atrações principais eram o brasileiro Lucas Bebê e o alemão Dennis Schroeder, mas não deixava de chamar a atenção o número 45 da equipe, John… Millsap. Irmão (três anos) mais velho de Paul, conseguiu a vaguinha na carona do contrato milionário do ex-jogador do Jazz, claro. A generosidade, no entanto, se limitou a uma assinatura de contrato. Em Vegas, John jogou por apenas 17 minutos, em duas partidas, marcando dois pontos no total.

Em Utah, aliás, John já havia ganhado um empurrãozinho ao defender por um bom tempo o Flash, da D-League, que hoje é chamado Delaware 87ers, afiliado ao Philadelphia 76ers.

Para saber mais sobre a saga dos irmãos Millsap – há ainda Elijah, do Los Angeles D-Fenders, e o caçulinha Abraham, é só acessar o site do Paul.

Golden State Warriors

Seth e Stephen, filhos do Dell

Seth e Stephen, filhos do Dell

Com Stephen Curry e Klay Thompson, o Golden State Warriors causa inveja a muita gente. Será que é justo que o mesmo time possa ter dois arremessadores tão acima da média? Que dois gatilhos desses possam fazer dupla? Bem, há outra franquia que ao menos pode replicar esses sobrenomes. Estamos falando – coincidência ou não! – do Santa Cruz Warriors, filial da equipe na D-League. É lá que jogam Seth Curry e Mychel Thompson, irmãos dos cestinhas.

Seth é mais jovem que Stephen. Os dois herdaram do pai, Dell, a mecânica belíssima e a eficiência nos chutes de longa distância. Mychel, mais velho que Klay, já é moldado de um jeito diferente, muito mais voluntarioso do que o refinado caçula. Os dois são filhos de mais ums ólido veterano da NBA, o pivô Mychal Thompson, bicampeão pelo Los Angeles Lakers em 1987-88.

Comparando com John Millsap, há algo que os separa, contudo. Depois de brilhar pelo Erie BayHawks na liga de desenvolvimento, Mychel foi contratado pelo Cleveland Cavaliers – aparentemente sem influência do sobrenome. Jogou cinco partidas pelo Cavs, sendo titular em três ocasiões. Já Seth se formou pela tradicional Universidade de Duke, sob o comando do Coach K, como um jogador importante na NCAA. Uma grave lesão de tornozelo antes do Draft acabou atrapalhando suas pretensões no recrutamento de calouros. Provavelmente teria espaço em uma grande liga da Europa, mas preferiu acompanhar o irmão na Califórnia.

Los Angeles Clippers
Não foi possível confirmar os rumores de que Doc Rivers, com tantos desfalques, estaria interessado na contratação do Little Chris (Paul) para fortalecer seu banco de reservas:

(Brincadeira. Fui!)


Com retorno de Ricky Rubio, Minnesota sonha com arrancada rumo aos playoffs
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Giancarlo Giampietro

Ricky Rubio

Por Rafael Uehara*

Após nove meses de molho devido a uma lesão séria no joelho esquerdo, o armador Ricky Rubio voltou às quadras no sábado passado contra o Dallas Mavericks para o delírio da torcida no Target Center, em Minnesota. Mesmo com Kevin Love se desenvolvendo em um All-Star, Rubio foi o principal responsável pela ressurreição da franquia como um time de interesse na temporada passada. Pela primeira vez desde que Kevin Garnett foi negociado quase meia década atrás, o futuro parecia promissor. Mesmo com um elenco limitado ao seu redor, Rubio estava liderando o time em direção aos playoffs quando colidiu joelhos com Kobe Bryant em Março e teve sua magistral primeira temporada abruptamente terminada. Sem ele, os Timberwolves perderam 17 de seus últimos 20 jogos.

Para essa campanha a diretoria reforçou a ala, setor de maior dor de cabeça ano passado, e a esperança era de que o time ganhasse jogos num número suficiente para não cair fora da briga enquanto Rubio não retornasse. Quando Love quebrou a mão na pré-temporada, as probabilidades estavam contra o time. Mas, mesmo ao cambalear no começo, em um momento perdendo cinco jogos seguidos, o Minnesota encontrou este meio de produzir vitórias, vencendo seis de suas próximas oito partidas, chegando a sábado com 11 vitórias em 20 jogos. E, agora que Rubio está de volta, semanas depois de Love, o time sonha em uma arrancada aos playoffs, algo 1u3 não disputa desde a temporada 2003-2004.

Há dúvidas com relação à capacidade de Rubio voltar a ser o jogador que era no passado, por se tratar de uma lesão tão séria, mas, se sua estréia na temporada serve de modelo, o jovem de 22 anos aparenta estar a caminho de uma recuperação completa. Em 18 minutos contra Dallas, Rubio marcou oito pontos, deu nove assistências e teve três roubos de bola. O time ganhou na prorrogação, 114-106, sem Rubio, pois o técnico Rick Adelman mostrou disciplina ao plano de segurar o garoto a exatamente no máximo que havia estipulado: 18 minutos. Mas, mesmo em tempo limitado, o impacto de Rubio na vitória foi claro.

Os Timberwolves têm tido dificuldade no ataque devido a tantas lesões a jogadores importantes e é atualmente apenas 19° em pontos por posse de bola. Luke Ridnour e JJ Barea são bons armadores, mas Rubio é especial por um motivo: sua visão de jogo o permite criar para o time situações para marcar pontos que outros jogadores não são capazes. E isso ficou evidente sábado. Quando Rubio entrou em quadra pela primeira vez, o time sofria contra a defesa de Rick Carlisle e perdia por dez. Quando Rubio saiu, o time perdia apenas por dois e com um ritmo de produção que resultou em uma vantagem de nove no intervalo.

Já na segunda-feira contra o Magic, em Orlando, Rubio realmente pareceu como alguém fazendo apenas o seu segundo jogo em nove meses. Ele esteve em quadra por 16 minutos, zerou em pontos, deu quatro assistências e teve apenas um roubo de bola. O Orlando tem sido um time de respeito este ano, especialmente em casa, o que tem surpreendido algumas pessoas pois a franquia acaba de perder Dwight Howard, mas esse é exatamente o tipo de jogo que Minnesota tem que vencer fora de casa para que possa chegar aos playoffs. Porém, o time foi muito mal em tiros de quadra e caiu, 93-102, ao permitir 52 pontos no garrafão e 28 no total para Glen Davis.

E, daqui pra frente, o caminho ficará apenas mais difícil. De acordo com Jeff Sagarin do jornal americano USA Today, os Timberwolves enfrentaram a quinta tabela mais fácil até o momento. Tudo se balanceará no próximo mês. Começou com o time visitando Miami nesta terça-feira. Receberá Oklahoma City quinta e, depois, viajará para Nova York. Em seguida, seus próximos adversários serão Houston, Phoenix, Utah, Denver, Portland, Atlanta, Oklahoma City de novo, Nova Orleans, Sacramento, Dallas, os Clippers, Houston de novo, Atlanta de novo, Brooklyn e Washington. Sete desses 15 jogos listados serão fora de casa. E isso nos leva até o fim de janeiro.

Logo, o retorno de Rubio não poderia ter vindo em hora mais oportuna. O jovem ainda não está 100% e talvez ainda não recupere o físico ideal por todo este mês, de modo que Adelman talvez relute em colocá-lo em quadra aos poucos. Isso pode ser muito difícil, porém. Esse é o trecho mais importante da temporada para Minnesota, no qual o time provará se tem ou não condição de chegar aos playoffs, e Rubio não é apenas peça fundamental nessa jornada, ele é única razão para que a jornada seja meramente possível.

*Editor do blog “The Basketball Post” e convidado do Vinte Um para este mês. Você pode encontrá-lo no Twitter aqui: @rafael_uehara.

PS: Durante dezembro, por motivos de ordem profissional (embora a gente goste mesmo é de férias, o Vinte Um vai ser atualizado num ritmo um pouco mais devagar. Voltamos no final do mês com tudo.

 


Um estranho fetiche por Portland
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Giancarlo Giampietro

David Kahn, presidente de operações do basquete do Minnesota Timberwolves, tem uma formação bastante peculiar. Formado em Inglês pela UCLA, começou a trabalhar como jornalista freelancer para o Los Angeles Times, até que voltou a sua cidade natal, Portland, empregado pelo The Oregonian. Foi repórter lá de 1983 a 1989, tendo feito coberturas até do Blazers. Depois que se cansou da vida no periódico, decidiu se formar em direito e advogou por uma empresa bem envolvida com as grandes ligas esportivas do país. Trabalhou por Indiana Pacers, times de beisebol e virou homem de negócios até chegar ao cargo, um pouco mais técnico, que ocupa hoje. Ninguém entendeu muito bem, mas chegou lá.

Brandon Roy - NBA

Brandon Roy está voltando, via Minnesota

Agora, em sua eterna reformulação do Wolves, o cartola parece ter uma nova obsessão: conseguir tudo e qualquer um que já teve qualquer vínculo com Portland.

– o ala-pivô Kevin Love, astro do clube, começou sua carreira como colegial em Portland0;

– o técnico Rick Adelman comandou o Blazers histórico de Clyde Drexler nos anos 80 para os anos 90;

– assistente-técnico Terry Porter era o armador dessa equipe de Adelman;

– o assistente-técnico Bill Bayno foi assistente do Blazers de 2005 a 2008;

Ok. No atual mercado, Kahn elegeu também o ala Nicolas Batum como seu principal alvo, estudando oferecer uma proposta para o agente livre restrito francês, do Blazers, claro. Além disso, o time já chegou a um acordo para contratar o ala-armador Brandon Roy, que voltou de uma aposentadoria tristemente precoce por problemas graves e crônicos no joelho. Em qual clube Roy havia brilhado a gente nem precisa falar.

Desse jeito, não vai espantar se aparecer algum primo hispano-americano de Ricky Rubio no Oregon, não

* * *

Sobre Roy, seria prematuro julgar a contratação e sua decisão de voltar a jogar antes de saber exatamente quais são suas condições. Só dá para constatar como deve ser duro para qualquer esportista abrir mão de sua tão cedo. Ele vai completar 28 anos no dia 23 de julho.


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