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Arquivo : Stephen Curry

Kevin Durant é do Warriors, e a NBA fica atônita
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Giancarlo Giampietro

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E aí? Quem se lembra daquele tempo em que o Cleveland Cavaliers comemorava o título da NBA e o fim de um jejum de 50 anos sem título para a cidade? Tipo, há duas semanas, mais ou menos?

Se a sua cabeça está girando com o anúncio de que Kevin Durant vai ser jogador do Golden State Warriors na próxima temporada da liga, bem-vindo ao clube. Imagine como já não está a cuca de 29 coordenadores defensivos da liga, então? Ou a de Harrison Barnes e Andrew Bogut, já entendendo que não vai mais fazer parte de um dos maiores e mais divertidos times da história?

Pois é. Ao anunciar qual o “próximo capítulo” de sua carreira no site chapa branca The Players’ Tribune, o astro provocou um abalo sísmico na estrutura da liga, deixando a conquista do Cavs já como passado distante e tornando toda e qualquer negociação a ser anunciada nos próximos dias como algo insignificante. Pau Gasol vai assinar com o Spurs ou o Raptors? E interessa? É como se fosse um grande vazio existencial, e a reação dos atletas em tempo real está aí para comprovar.

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O Warriors conquistou o título em 2015. Bateu o recorde de vitórias numa temporada regular em 2016. E ficou a um triunfo do bicampeonato, contando com três All-Stars em sua escalação. Agora, não acertou com um jogador qualquer. Mas com o último MVP da liga que não se chama Stephen Curry. O terceiro maior cestinha da história e o maior em atividade, se formos nos concentrar em médias de pontos por jogo. Evoquemos de novo a imagem dos treinadores dedicados ao sistema defensivo: se já era difícil encontrar uma resposta para um pick-and-roll entre Stephen Curry e Draymond Green, imagine agora fazer planejamento com Kevin Durant posicionado do outro lado da quadra? E se for para fazer o jogo em dupla com Durant e Green, mandando Curry e Thompson para o lado oposto? Talvez nem mesmo cinco LeBrons sejam capazes de brecar isso.

Se o Golden State já era encarado como um supertime, qual a definição agora? E a chamada “Escalação da Morte”, que devastou a concorrência basicamente por dois anos? Você vai trocar Barnes por Durant nessa formação. Impressionante.

Lembram aquele papo de LeBron? De encerrar a carreira jogando ao lado dos compadres CP3, Melo e Wade? Seria a única alternativa de competitividade para a liga hoje? Mas é algo que seria possível apenas em 2017, a não ser que 1) Wade já tope jogar por uma mixaria em Cleveland agora; 2) o Knicks trocasse Melo por Kevin Love; 3) o Cavs trocasse Irving por Chris Paul. Difícil, hein?

Lembram aquele papo de LeBron? De encerrar a carreira jogando ao lado dos compadres CP3, Melo e Wade? Seria a única alternativa de competitividade para a liga hoje? Mas é algo que seria possível apenas em 2017, a não ser que 1) Wade já tope jogar por uma mixaria em Cleveland agora; 2) o Knicks trocasse Melo por Kevin Love; 3) o Cavs trocasse Irving por Chris Paul. Difícil, hein?

Quais são os próximos passos agora?

Antes de anunciar o ala oficialmente, a diretoria do Warriors precisa encontrar um novo clube para Andrew Bogut. Tem de limpar salário para poder acomodar um salário de US$ 27 milhões. Como eles têm o australiano em alta conta, não vão simplesmente despachá-lo para o Philadelphia, sem mais nem menos – embora ter o jovem compatriota Ben Simmons por lá pudesse ser uma boa distração ao veterano que, muito antes de o clube ser badalado, foi a primeira contratação de impacto desse ciclo, ajudando a construir essa reputação.

(E aqui fica uma questão engraçada e absurda: e se os 29 concorrentes fizessem um pacto e simplesmente se recusassem a absorver o contrato de Bogut? Fazendo pirraça, mesmo. Aí o Warriors precisaria dispensar seu contrato e parcelar a conta. Além disso, teriam de abrir mão de Shaun Livingston. Mas este cenário não vai acontecer. Nem todos os times entrarão no próximo campeonato com ambição de título. De modo que Bogut, por mais quebradiço que seja, ainda vai despertar o interesse de muita gente com sua capacidade como reboteiro, protetor de aro, passador e muralha em corta-luzes. O Dallas Mavericks já despontaria como favorito, aliás, depois de ser recusado por Hassan Whiteside.)

Ainda no garrafão, Festus Ezeli é mais um que vai precisar encontrar um novo clube. Segundo Marc J. Spears, do Undefeated, o clube não só não vai renovar com o nigeriano como vai abrir mão dos direitos sobre ele. O grandalhão vai virar agente livre pleno, num mercado em que muitos pivôs já se apalavraram. Situação curiosa agora.

Por fim, Harrison Barnes poderá assinar seu contrato de US$ 95 milhões com o Mavs, por quatro anos. Viu como seu desempenho ridículo nas finais contra o Cavs não atrapalhou em nada suas metas financeiras? O mercado de agentes livres não tinha grandes nomes assim para um ano em que o teto salarial subiu 30%.

Esses caras foram valiosos, garantiram um lugar na história do clube, mas a fila anda apressadamente na NBA. Se o Warriors tivesse conquistado o bicampeonato, será que Durant aceitaria jogar no time? Duvido muito. O fato de o time ter sucumbido perante LeBron acabou abrindo caminho, mesmo, para esse acordo bombástico, já que ao ala poderia caber a imagem de “peça que estava faltando”, em vez de um simples “modinha”, caso estivesse sendo incorporado pelos atuais campeões. (Embora, obviamente, isso seja o que Durant mais vá escutar nos próximos meses e jogos. Só não pode ser chamado de “mercenário”, já que vai perder dinheiro, em termos de salário, ao sair de OKC.)

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Outros fatores especiais que proporcionaram essa bomba: b) a própria derrocada do Thunder contra o Warriors nas finais do Oeste; c) o novo acordo televisivo da liga; d) o fato de o sindicato dos jogadores ter recusado uma subida gradativa no teto salarial; e) nesse cenário todo, o contrato de Steph Curry, apenas o quarto mais valioso do elenco, se tornou a maior barganha da paróquia, tendo sido firmado numa época em que falávamos mais sobre seu tornozelo do que sobre seus chutes da saída do túnel, antes de o jogo começar. Elimine qualquer uma dessas alternativas, e o negócio talvez fosse impossível.

Não obstante toda essa conjuntura, também tem o aspecto de relacionamento humano serenamente destacado por Dwyane Wade, em meio ao caos. Durant foi campeão mundial em 2010 pelo Team USA com Curry e Iguodala ao seu lado. Naquela campanha, os três costumavam se reunir constantemente para rezarem juntos, por exemplo. Já Draymond Green recrutou o ala durante a última temporada inteirinha, e até mesmo depois da épica virada pela final de conferência, sendo habilidoso o bastante para não pisar nos calos e ofender o então rival.

Segundo consta, um telefonema de Jerry West – o logo! De novo! – na calada da noite deste domingo teria sido importantíssima na decisão de Durant. Entre tantas mensagens passadas pelo consultor do Warriors, duas teriam se destacado. Uma teve cunho biográfico, com o ex-jogador lembrando o punhado de vezes em que seu Lakers havia morrido na praia, contra a dinastia Russell-Auerbach em Boston. A segunda, mais impactante, foi para reforçar a ideia de que, com Curry, Klay e Draymond, Durant seria apenas mais um. Não teria essa coisa de estrelismo: jogariam todos juntos, de igual para igual. Além disso, teve a fala do gerente Bob Myers: “Sem você, é possível que vençamos um ou dois títulos mais. Sem nós, provavelmente você também ganhe um ou outro. Juntos? Podemos levar vários”. E quem vai discordar?

Acho que nem mesmo um cabeça-dura, orgulhoso e superatlético Russell Westbrook – não consigo deduzir qual teria sido sua reação ao ser informado da mudança. Para OKC, não há muito o que fazer. O proprietário Clay Bennett e o gerente geral Sam Presti estavam na região dos Hamptons ainda nesta segunda-feira – feriado da independência nos EUA –, aguardando a decisão de seu ex-jogador. Desnecessário dizer que cada rojão estourado neste 4 de julho vai explodir dentro dos tímpanos deles. Ao menos a dupla foi mais classuda que Dan Gilbert no momento de perder uma estrela. Pudera: não custa lembrar que Bennett roubou não só Durant de Seattle como um clube inteiro. O carma chegou para acertar, mais ou menos, as contas.

É isso. Seattle talvez seja mesmo, além de Oakland e San Francisco, a única cidade americana a comemorar nesta data, que não pelos motivos patrióticos. De resto, não importando as coordenadas geográficas, os diretores que ainda estiverem reunidos para buscar agentes livres secundários, os técnicos que estejam trabalhando com a molecada das ligas de verão, os atletas que estejam a caminho das ou voltando das Bahamas devem estar todos em estado catatônico, sem nem conseguir pensar o que será da liga na próxima temporada.

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lakers-2012-super-team-coverSupertimes são garantia de sucesso?

O torcedor do Lakers, que nem mesmo pôde ver o clube fazer uma propostinha por Durant neste ano, vai nos atentar para o que aconteceu com o elenco de 2012, quando Dwight Howard e Steve Nash chegaram a Hollywood para contracenar com Kobe e Gasol. Uma sucessão de lesões e intrigas levou aquele badalado elenco ao oitavo lugar do Oeste e a uma varrida pelo Spurs. Certo. Mas não há como comparar os casos aqui: Nash estava nas últimas, Howard voltava de uma cirurgia e Kobe deu uma de Kobe no pior sentido, ateando fogo nas relações, enquanto Gasol se lamuriava pelo esquema de Mike D’Antoni. Ah, e Jimmy Buss não vive em Oakland.

Em Miami, a conquista não saiu de cara, mas vale lembrar que o time ganhou duas vezes a liga e alcançou quatro finais seguidas. Poderia ter sido mais, mas Dwyane Wade estava em outro estágio de carreira também, lidando com dores e travas no corpo todo. Do quarteto do Warriors, Stephen Curry é o mais velho. Com apenas 28 anos…

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O maior receio do acerto de Durant com Golden State? Um novo lo(u)caute já em 2017. Você pode ter certeza de que mais de 50% dos proprietários dos demais 29 clubes estão espumando neste momento, querendo repaginar o acordo trabalhista. A gastança desenfreada que estamos acompanhando, proporcionada pelo abrupto aumento do teto salarial, já valia como um motivo suspeito para uma nova paralisação das atividades da liga. Agora, o suposto desnível de forças praticamente garante esse racha, na visão dos mais pessimistas. Se fosse apostar grana, iria nessa linha. Vai ser um ba-fa-fá que só.

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Um componente interessante dessa transação é a disputa de marcas esportivas. A “Under Armour” conta com Steph Curry como um de seus principais propulsores no mercado global. Agora a “Nike” espera que Durant possa ofuscá-lo.

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Vocês já se cansaram dessa coisa de Durant agente livre? Calma, que em 2017 pode ter mais. O contrato do ala com o Warriors será de dois anos, valendo US$ 54 milhões, mas com uma cláusula ao seu dispor para encerrá-lo já ao final da próxima temporada. Financeiramente, faz todo o sentido: KD vai completar dez anos de liga e poderia assinar um novo contrato valendo 35% do teto salarial, em vez dos 30% de hoje. O contrato de Curry também vai expirar junto. Assim como os de Westbrook, Blake Griffin e Chris Paul, entre outros. Vai ser interessante, com ou sem lo(u)caute.

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A reação de LeBron, na qual uma imagem vale mais do que mil palavras, foi bastante espirituosa:

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Michael. Corleone. Ponto.

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Virada inédita encerra maldição e ratifica LeBron entre os maiores
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Giancarlo Giampietro

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Todo Jogo 7, valendo título, é especial. Mas a partida deste domingo tinha isso e muito mais. Ao Golden State Warriors, estava sugerida a chance de concluir uma campanha única, depois das 73 vitórias pela temporada regular. Tivessem ganhado o bicampeonato, você só teria o Chicago Bulls de 1996 ao lado dos caras. Mas não aconteceu, porque LeBron James simplesmente não deixou.

O craque do Cavs fez mais um triple-double, deu um dos tocos mais espetaculares e importantes da história da NBA e liderou sua equipe numa vitória dramática por 93 a 89 em Oakland, para fechar levar esse papo de façanhas para o outro lado. Este Cavs se tornou o primeiro time das #NBAFinals a vencer uma série após ter ficado atrás no placar por 3 a 1. E também encerrou a tal da maldição esportiva que pairava pelas cidade, que não comemorava um título pelas grandes ligas americanas desde 1964.

Coube a LeBron por um fim nisso. Melhor desfecho hollywoodiano – e para o marketing da liga – ninguém poderia roteirizar. O veterano foi simplesmente devastador desde o Jogo 5 e terminou o confronto com médias desproporcionais de 29,7 pontos, 11,3 rebotes, 8,9 assistências, 2,3 tocos, 2,6 roubos e 49,4% nos arremesso, em incansáveis 42,0 minutos. No jogo decisivo, foram 27 pontos, 11 rebotes, 11 assistências em 47 minutos (!), mais duas roubadas e três tocos, o terceiro deles valendo provavelmente como a grande jogada da década. Ele foi uma força indestrutível dessa vez, por mais que defensores do nível de Andre Iguodala e Draymond Green se esforçassem em pará-lo. Toda a dificuldade que ele teve contra esses marcadores ficou esquecida em algum quarto ou saguão de embarque nestas idas e vindas pela decisão.

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Aos mesmos saudosistas que adoram menosprezar o que o Warriors fez durante todo o ano, vale também a mesma missiva em relação a LeBron: desistam. Num contexto histórico, esse comportamento tende a ser ridicularizado. Para ser sincero: independentemente do do resultado destas finais, James já, segundo meus botões, já estava ali no primeiríssimo escalão. Mas agora não há mais o que se ponderar aqui. Fato é que ele está entre os maiores.  A gente pode se perder entre posicionamento, naquele exercício fútil de sempre. E só, por mais que, nestes 13 anos de liga, aqui e ali, sua conduta extraquadra não tenha sido sempre das mais inspiradoras.

Aquele torcedor mais apegado ao astro – e que teve a paciência de acompanhar o blog nos últimos anos – sabe de toda as restrições aqui registradas nesse sentido. De como, com toda sua voracidade, ultrapassou alguns limites para o meu gosto. Se nos momentos difíceis coube a crítica, não dá para fugir do registro mais ou menos elogioso agora na festa. Se LBJ forçou a barra na construção desse Cavaliers, ao menos vê sua visão premiada, enfim, com as memórias de David Blatt ficando bem distantes. Com um dos All-Stars escolhidos a dedo por ele Kyrie Irving, fazendo a cesta da vitória – depois de ter jogado apenas uma partida na decisão do ano passado. E o outro, Kevin Love, ao menos se aliviando com seu melhor desempenho pelas finais neste domingo, com 9 pontos e 14 rebotes, ajudando a manter o time no jogo em um primeiro tempo perigoso. Com o ala-pivô em quadra, os visitantes tiveram saldo de 19 pontos.

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Irving marcou 26 pontos em 23 arremessos. Não foi a partida mais eficiente destes playoffs para ele. Também só deu uma assistência no jogo todo – o tipo de estatística que realmente tirou LeBron do sério durante a temporada, não nos esqueçamos. Mas ninguém vai falar nada, e nem deveria. Pois o solitário passe para a cesta tem a ver com a dinâmica adotada pelo Cavs como um todo. Aquela de dar a bola na mão do veterano na esmagadora maioria das posses de bola e de, sim, confiar nas investidas de um contra um de seu ‘armador’ para cima de Stephen Curry ou mesmo de Klay Thompson, que teve uma noite miserável. Se foram 23 arremessos para o jovem nascido em Melbourne, o 23º é aquele que já pode definir sua carreira.

No pedido de tempo de Lue, a gente não sabe qual foi a ordem. Vamos ver se os repórteres in loco vão extrair essa informação, aliás. Mas desconfio que a prioridade fosse realmente atacar quem quer que sobrasse com Curry. Que LeBron tenha permitido, louve-se. Pois lá foi Irving dançar para a frente do bi-MVP e partir para um chute de longa distância daqueles que o mundo todo do basquete poderia considerar “maluco”. Mas que nas mãos de alguém tão talentoso assim parece coisa simples, fácil. A bola caiu, e o Cavs tinha três pontos de vantagem.  O tipo de lance que Curry fez com toda a liga nas últimas duas temporadas, aliás. Na sua cara. Acontece, segue o jogo. Segue a NBA.

No caso, o jogo seguiu por mais duas posses de bola para o Warriors, com Curry levando para o pessoal. Mas dessa vez o armador do Warriors não conseguiu se desvencilhar dos marcadores e também não conseguiu a cesta ‘impossível’. Depois de um lance livre de LeBron, a equipe que teve o ataque mais poderoso da NBA desde 2014 falhou novamente. E aí James pôde desabar imediatamente em quadra, caindo em lágrimas comoventes, que, de novo, nenhum marqueteiro poderia instruir. Sua audaciosa promessa naquela carta publicada pela Sports Illustrated estava cumprida. Há quem especule que o craque possa estudar, em julho, mais uma reviravolta em sua carreira e eventualmente buscar um novo clube. Seria bizarro, mas muito menos cruel, depois de um título desses, derrubando o supostamente invencível Golden State.

O Warriors se despede da temporada com 88 vitórias. Ficou faltando realmente a de número 89, aquela que os livros históricos e seus grandes atletas realmente vão dizer que era a que importava. Depois de uma virada dessas, é de se perguntar se o proprietário Joe Lacob ainda acredita que seu clube está anos-luz distante da concorrência.

Muito do que levou a equipe californiana a sua segunda final consecutiva não funcionou neste domingo. A começar pelos Splash Brothers, novamente sufocados em seus zigue-zagues pelo perímetro. Curry e Thompson anotaram 31 pontos em 36 arremessos. Um horror. De longa distância, foram apenas 6-24 (25%). Não obstante, ainda cometeram sete turnovers. Um final de temporada decepcionante e melancólico, mas que diz muito sobre como o Cavs elevou seu jogo. Se Draymond Green os deixou na mão ao ser suspenso do Jogo 5, dessa vez os chutadores falharam com o ala-pivô, que somou 32 pontos, 15 rebotes e 9 assistências também em 47 minutos.

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Que Kerr tenha mantido Draymond em quadra por tanto tempo nos mostra o quão fundamental é o All-Star para este clube. Desta forma, o torcedor do Warriors poderia até levantar a mão e dizer que, numa realidade alternativa em que ele não tivesse estourado o limite de faltas flagrantes nos playoffs, a série não teria passado da quinta partida. Mas este “se” não existe. O acúmulo de infrações faz parte de todo o pacote de um jogador especial. Assim como, por mais que se possa reclamar de uma ou outra marcação no sexto jogo, Curry também se permitiu se perder com faltas desnecessárias que complicaram a equipe como um todo. Não era só o caso de abalar seu ataque, mas também de bagunçar com as rotações de Steve Kerr.

Por falar nisso, temos aí outros dois pontos que deram errado: o modo como o brilhante treinador manipulou suas peças num Jogo 7, um jogo de exceções, e também a forma como alguns de seus coadjuvantes (não) responderam em quadra. Comecemos por dois titulares inócuos: Festus Ezeli e Harrison Barnes, dupla cuja escalação no retorno ao segundo tempo pode ter custado o título. A equipe da casa tinha sete pontos de vantagem. Em 3min05s de jogo, o placar estava empatado.

Barnes, em determinado momento, antes de ser substituído, estava numa terrível sequência de 3-28 nos arremessos de quadra, metade deles sem contestação nenhuma por parte de Cleveland. Se voltou um pouco mais produtivo mais tarde, isso não apagou mais uma linha estatística paupérrima, de 10 pontos e 2 rebotes, com sete chutes errados em dez tentativas, em 29 minutos. O ala entrou numa espiral terrível, daquelas que pode bagunçar com toda uma carreira. Agente livre restrito a partir de julho, seu nome se torna desde já um dos mais intrigantes para o mercado de transações da liga.

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O nigeriano Ezeli, aliás, está no mesmo barco. Elevado ao posto de titular para fazer as vezes de Bogut, o pivô foi um desastre. Se, nos primeiros minutos, ainda segurou as pontas no centro da garrafão como âncora defensiva, seus sucessivos erros no ataque (0-4) e a inabilidade para dominar rebotes (apenas um em 11 minutos) foram um fardo. No primeiro jogo parelho da série, esse ‘desfalque’ saiu caro demais. Em defesa do pivô, vale lembrar apenas que ele passou por uma cirurgia no joelho neste campeonato.

E aí não deu para entender também as decisões do próprio Kerr. Em pleno quarto período, talvez querendo dar algum respiro a Barnes, o técnico julgou que voltar com o gigantão, uma segunda vez, era a melhor solução. Não deu para entender. Passou da fronteira do absurdo, especialmente quando LeBron passou a puxar o pivô para o perímetro para atacá-lo sem clemência. Quando Ezeli saiu substituído, o placar estava 89 a 89, é verdade. Mas poderia ter saldo positivo para um time que ficou com menos espaço para atacar.

Está certo também que, com Andrew Bogut afastado, Anderson Varejão não ajudou seu comandante. O brasileiro, num dos jogos mais importantes de sua carreira – com todo o conflito de emoções por ver o Cavs do outro lado –, foi muito mal em sua participação. Não há pachequismo que possa amenizar.  Em oito minutos, o capixaba basicamente só fez faltas: foram três, mostrando que a arbitragem estava preparada para lidar com suas artimanhas. Agora fica a pergunta: será que Dan Gilbert vai autorizar a entrega de um anel de campeão ao brasileiro?

Também não é pachequismo questionar Kerr pelos minutos reduzidos de Leandrinho nesta jornada. Quando o Warriors abriu sete pontos de vantagem ao final do primeiro tempo, estava lá, novamente, o ala-armador em quadra. Dessa vez o ligeirinho anotou apenas três pontos, mas porque só teve dois chutes em suas mãos também. Não dá para entender o excesso de confiança em Ezeli e a falta de, quando o assunto foi Leandrinho. O processo de toda uma temporada não pode ser descartado de uma hora para a outra. Mas aqui estamos falando de um Jogo 7. Hora de matar ou morrer, de priorizar o que estava dando certo de imediato.

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De qualquer forma, mesmo que seja inegável que Leandrinho estivesse rendendo muito mais que Barnes e Livingston, por exemplo, talvez o brasileiro não fosse mudar a história. Não quando os Splash Brothers pouco efetivos daquela maneira. Num cenário ideal, os dois astros ficariam o máximo possível em quadra para fazer a diferença. Não aconteceu nem mesmo com os dois recebendo, juntos, 15 minutos de descanso. Outra estratégia duvidosa. Kerr e sua fizeram um ótimo trabalho em controlar os minutos de seus principais jogadores, mesmo numa campanha de 73 vitórias. Se eles foram preservados em partidas em dezembro, janeiro e março, não era justamente para fazer um sacrifício num Jogo 7 destes?

Enfim, agora entrando em férias, há um bom material para os integrantes do clube se torturarem, tamanha a decepção pela derrota, num campeonato desses. É o tipo de dúvidas e reflexões que atormentaram LeBron por anos e anos. Em 2007, ele ainda era muito jovem, e seu Cavs era fraquíssimo. Depois, o Celtics de Pierce e Garnett virou um fantasma para ele, impedindo que ele voltasse à final até que se mudasse para South Beach, para ver diversos torcedores do clube de Ohio atear fogo em suas camisas. Em 2011, tão bem acompanhado por Wade e Bosh, a virada do Dallas foi dolorosa pacas. Em 2014, mais uma pancada. Em 2015, outra!

Entre tantas decepções, parece que os críticos tinham facilidade para esquecer os dois títulos que já havia ganhado. Mesmo quem os tivesse em conta, também era capaz de sair com aquela: “Só dois?”, desdenhando. De novo: boa parte desse sentimento se deve também a atitudes do craque também, como a promessa de uma dinastia em Miami. De qualquer forma, depois do que acabamos de testemunhar agora, esse rolo todo fica para trás, como anedota de um passado distante. Daqui para a frente, LeBron vai ser conhecido pela história da NBA como este do Cavs de 2016, o líder de uma virada inédita, com uma vitória num Jogo 7 fora de casa, sobre um time que parecia destinado ao panteão da liga. Um dos grandes. Ponto.

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O Jogo 7 está aí, para testar quem tem cabeça
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Giancarlo Giampietro

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“Sentimos que era para ter fechado esta série há um tempão, mas aqui estamos. Está empatada em 3 a 3, e vamos voltar para casa para jogar. Vamos jogar com raiva porque sabemos que, com esta emoção – e nós sabemos canalizá-la do jeito certo –, somo um time muito, muito bom”, afirmou Klay Thompson, ainda em Cleveland, logo após a exasperante derrota para o Cavs, levando as #NBAFinals a um incômodo Jogo 7 em Oakland.

“Temos de mostrar alguma fagulha para esta partida. É uma grande oportunidade para nós, em casa, diante de nossos torcedores, para tentar, novamente, vencer um campeonato. Então vamos precisar de um pouco de garra e personalidade. Eu tinha algumas coisas que queria tirar do meu coração, para desabafar, e pelo modo como o jogo desenrolou, aconteceu isso”, disse, por sua vez, Stephen Curry, que teve um ataque de nervos em quadra e agora chega ao confronto deste domingo pressionado.

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Não só Curry, claro, mas o Golden State Warriors, como Thompson sugere. Na cabeça deles, já era para terem entrado em férias, como atuais bicampeões. Mas os LeBrons tinham planos bem diferentes, vencendo dois jogos seguidos

Em meio a uma campanha histórica, de 73 vitórias, foi fácil de detectar como essa equipe tendeu a jogar muito melhor quando se sentem incomodados, irritados: se distanciavam da complacência e arrebentavam com os adversários. Agora estão incomodados com os dois “match points” desperdiçados. Incomodado é pouco, aliás. Estão nervosos, mesmo. Se vão usar esse sentimento para se recompor em quadra, ou se vão se perder nesta ira.

Até porque esse sentimento de nada valeu na quinta-feira, certo? Era o jogo em que supostamente eles iriam vingar a suspensão de Draymond Green, né? Ao perder o primeiro quarto por 31 a 11, claramente não estavam preparados ou empolgados assim. Até reagiram ainda em Cleveland, o tal do James não os deixou concluir mais uma virada histórica. Aí deu Jogo 7. Para o qual eles vão todos irados – mas também feridos:

– Andrew Bogut não joga mais, e nem no #Rio 2016. Até dá para viver sem o australiano, ainda que Festus Ezeli não seja mais o mesmo do início do campeonato, desde que retornou de uma lesão no joelho.

– Andre Iguodala preocupa muito mais. O departamento médico e atlético do Warriors é um dos mais badalados da liga. São 72 horas, ou um pouco menos, para que tenham dado um jeito nas suas costas. Do contrário, a vida para um surtado LeBron James fica ainda mais fácil.

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– Harrison Barnes, Deus o tenha. O ala está inteirinho fisicamente. Mas a cabeça… Depois de errar 20 de 22 arremessos nas últimas duas partidas, como fica? Se o futuro agente livre não se mostrar reabilitado logo de cara, Kerr vai insistir com ele? Ou vai dar mais minutos para Leandrinho, que vive o melhor momento de sua carreira em muito tempo?

Aí são três peças integrais da rotação com problemas. Isso compromete qualquer time. Se Iguodala e Barnes não chegarem nem perto de seu potencial, vai ficar complicado demais para os Splash Brothers, e o Golden State muito provavelmente se tornará o primeiro time na história da liga a perder uma final depois de abrir 3 a 1 e o primeiro a cair num Jogo 7 em casa desde o Seattle em 1978.  Curry e Thompson chutam muito, podem demolir qualquer oponente, mas precisam de ajuda, mesmo naquelas jornadas mais brilhantes. O Warriors não venceu 171 partidas nas últimas duas temporadas só com seus arremessos de três. E vão precisar de mais do que isso para derrotar um majestoso LeBron.

O craque do Cavs chega ao último jogo como o líder em pontos, assistências, rebotes, tocos, roubos de bola e índice de eficiência. Está bom? Sob qualquer argumento, deve ser eleito o MVP das finais, salvo alguma catástrofe neste domingo, independentemente de quem ganhar o título.A essa altura, não caberia a Curry a ambição de superá-lo. Por mais que tenha ‘jurado’ o veterano em quadra, o armador do Warriors não deve transformar uma partida dessa grandeza em algo pessoal. Tem de se concentrar em seu jogo e evitar faltas desnecessárias (não importando os critérios de arbitragem) e os turnovers por displicência.

Curry será atacado desde o início. De preferência, LeBron vai forçar uma troca de defesa que o coloque de frente para o armador. Nessas situações, seu defensor deve tentar evitar ao máximo que a troca seja feita depois do corta-luz. Se ela acontecer, talvez seja o caso de fazer uma dobra imediata no veterano, para tentar tirar a bola de suas mãos o mais rápido possível, assim como têm feito com Kyrie Irving. O perigo é que LeBron é muito mais alto e um passador muito mais capaz também, podendo antever jogadas e encontrar arremessadores  num estalo. O que vai exigir deslocamento e recuperação rápidas dos demais defensores.

Como um todo, o Warriors tem de se reconectar defensivamente, depois de tomar 227 pontos nas últimas duas partidas. Não sei o quanto a “raiva” pode contribuir para isso. Se Curry, Green e Iguodala maneirarem nos passes mais arriscados de um lado, já será uma baita ajuda, para conter o contra-ataque devastador de seu adversário. O Cavs anotou 47 pontos em transição pelos Jogos 5 e 6 – e só tomou 19. Você não quer deixar um time com o trator LBJ correr. A única chance de pará-lo será em meia quadra, mesmo. Embora, se o seu arremesso de longa distância continuar caindo 50% das vezes, talvez não haja muito o que fazer, mesmo.

Essa é uma das questões cruciais para Cleveland, inclusive. A principal delas, na real, acompanhadas de: 2) se Kyrie Irving vai estar em forma, depois de mancar um pouco durante o segundo tempo do Jogo 6, por conta de alguma contusão/dor no pé, limitando sua produção a apenas uma cesta de quadra em seis tentativas; 3) se Kevin Love vai oferecer algo para Tyronn Lue no ataque e se isso seria o suficiente para compensar sua vulnerabilidade defensiva; 4) se a arbitragem vai procurar remediar qualquer desconforto com o time da casa, em resposta aos ‘apelos’ de Kerr, Curry e amigos; 5) por fim, se Dahntay Jones vai marcar mais pontos que Harrison Barnes e Shaun Livingston?! (Risos.)

De resto, poderíamos questionar se Tristan Thompson vai seguir perseguindo Stephen Curry pelo perímetro como se fosse um Scottie Pippen, mas acho que não há mais dúvida de que o canadense pode executar esse tipo de marcação, mesmo. Quando o pivô está na contenção no perímetro, o armador soma apenas 0,78 ponto por posse de bola. Contra Irving, o número sobe para 1,37. Impressionante.

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Mais: LeBron joga a pressão para cima de Curry

Esse tem sido um dos elementos para o excelente desempenho defensivo do Cavs nas últimas partidas. Assim como, vejam só, a concussão de Kevin Love, que abriu mais espaço para Richard Jefferson na rotação, dando maior flexibilidade. O trabalho de Tyronn Lue ficou menos complicado, sem perder muito tempo com as politicagens do cargo – a redução do tempo de quadra de um ala-pivô de US$ 20 milhões anuais. Não é que Jefferson seja melhor que Love. Claro que não. É só que, particularmente contra o Warriors, o astro será explorado em cada instante que estiver na defesa. Contra OKC, provavelmente a situação seria outra. Além do mais, LeBron James foi deslocado para a marcação de Draymond Green, praticamente anulando o All-Star e seus temíveis pick-and-rolls com Curry.

São diversos os detalhes e ajustes que uma série melhor-de-sete com placares tão díspares pede – embora, tenhamos um curioso empate na soma dos pontos dos dois times, com 610 para cada. Coração e determinação têm o seu peso, claro, e o fato de jogar em casa vai empurrar o Warriors nessa direção. Mas é preciso cabeça também, e o jogo mental pendeu para o lado de Cleveland desde que LeBron forçou a suspensão de Green. Depois de induzir o ala-pivô ao erro e dominar os oponentes, o craque chega ao Jogo 7 sem tanto peso nos ombros. Deve ser a primeira vez que se escreve essa frase sem que ela pareça maluca.

Não que não exista pressão. James ainda tenta dar o primeiro título a uma cidade cujos times profissionais não nenhum título desde 1964, mesmo tendo franquias em todas as grandes ligas do país. Também seria o seu terceiro título, com uma virada inédita, o que realmente valeria como um nocaute contra aqueles que o perseguem. Já o Warriors tem mais 48 minutos para confirmar seu lugar entre os maiores times da história.

Se Draymond Green tivesse jogado a quinta partida, talvez a série já pudesse ter acabado, mesmo, como palpitou Klay Thompson. Nunca vamos saber, e não há como o ala-pivô retornar no tempo para corrigir sua bobagem. Ela faz parte da história, e vamos para o sétimo jogo. O que a gente pode pedir, ao menos, é que tenhamos uma partida que chegue competitiva aos seus minutos finais. Com LeBron jogando o que sabe e Steph Curry também. Sem ataques de fúria.

(Que sejam 48 minutos, mesmo, né? Se houver prorrogação, acho que teremos um colapso de 20 mil pessoas no ginásio. Melhor evitar.)

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Bem-vindo ao clube: LeBron joga pressão para Curry
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Giancarlo Giampietro

Curry primeiro rouba a cena. Agora tira a pressão de LBJ

Curry primeiro rouba a cena. Agora tira a pressão de LBJ

Se é para falar de esculhambação em público, LeBron James está mais que escolado. Pode ser escaldado, mesmo.  Cada deslize, cada revés foi ampliado com uma lupa bastante cruel, impiedosa. Desde a saída para Miami, a derrota de virada para o Dallas na final de 2011 e uma nova pancada na cabeça vindo do Texas, de San Antonio, três anos mais tarde. Se era para avacalhar com o LeBron, tudo bem.

Em alguns casos ele não se ajudou, claro. O show para anunciar a mudança para South Beach foi um horror. Mesmo agora no retorno a Cleveland, vimos o astro estrelar alguns episódios dispensáveis, ainda mais para alguém que sabe que está sob constante, incessante escrutínio.

De tanto que ouviu, já é capaz que LBJ tenha chegado, mesmo, ao estágio de que não se importa mais com o que os outros dizem. Daí que, após o Jogo 4 das #NBAFinals, não se incomodou de dizer em coletiva que Draymond Green o havia ofendido, que havia passado do limite e tal. Houve muita gente, especialmente aqueles que torcem pelo Warriors – por que será? –, que ficaram malucos e não perderam tempo em detoná-lo. Que ele era um bebê chorão, que não sei o quê. Em tese, o veterano estava se submetendo ao ridículo, ainda mais depois de uma derrota em casa, ficando perto de mais um vice-campeonato. Acontece que, internamente, os diretores, técnicos e atletas de Golden State já estavam cabreiros por entender o que James estava fazendo. Ele estava preparando, politicamente, o terreno para que Draymond fosse suspenso, enfim. Depois, para completar, o ala se aproveitou da situação e fez as duas melhores partidas da temporada para empatar a série. Pronto! Temos um Jogo 7, 3 a 3.

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Tudo isso para dizer que, cedo ou tarde, a maré pode virar para uma superestrela. De sensação, bajulado, o jogador passar a a alvo, a perseguido. Depois dos episódios desta quinta-feira e do que acontecer no domingo, último dia do campeonato, Stephen Curry pode passar por esse processo. Exagero? Sim, mas claro que é um exagero, e é assim que consumismos esporte hoje. Também existe essa má vontade latente, uma predisposição muito maior do que se imagina para se por em descrédito tudo o que o MVP dos últimos dois anos e sua equipe fizeram durante toda a temporada. Um ponto de vista do qual discordo totalmente, acho que já deu para perceber, mas que está por aí, e não só de forma latente.

Até a bola subir para o Jogo 6, o armador e sua equipe estavam por cima. Estavam vencendo, para variar. Foi algo que o Warriors só fez desde o início da temporada 2014-15, mesmo. Neste ano, já foram 88 vitórias – a de número 89 que está difícil de sair. Fica difícil de implicar com alguém nessas condições. O carisma e as peripécias do astro só reforçavam essa aura especial ao seu redor. Mas aí começou a partida em Cleveland, cujo desfecho foi para ele foi o disparo de um protetor bucal (eca!) na direção de um torcedor.

Ao perder a cabeça neste ato de, hã, fúria, Curry se juntou a Draymond Green  e deixou seus companheiros na mão. Foi um pirado e antecipado fim de partida para o armador, que estava com 30 pontos e, ao lado de Klay Thompson, tentava liderar uma nova reação histórica dos atuais campeões nestes playoffs. LeBron, com 18 pontos no quarto final, fazia de tudo para afastá-los. Mas ainda tinha jogo. Até que sua sexta falta foi marcada, e teve aquele chilique todo. Curry ficou descontrolado de um modo como nunca havia visto. Além da reclamação, de uma falta técnica, de um ato pouco higiênico, ainda ficou no fundo da quadra, encarando árbitros e adversários, mandando recado, inclusive, para LBJ:

Agora imaginem se fosse o próprio LeBron armando uma cena dessas. Ou Chris Paul. Ou Carmelo. A gritaria já seria imensa. No caso de Steph, foi a tal da primeira vez. Acontece que uma reincidência e/ou um jogo fraco no domingo, com o Cleveland acabando seu jejum histórico de títulos expressivos, aí não sei bem o quanto os mais corneteiros vão se segurar. Aí pode ser que a imagem de queridinho da América seja atingida para valer. “Já havia feito isso antes, de jogar o protetor, mas geralmente eu miro na mesa dos estatísticos”, disse Curry. “Eu estava fora do ar. Definitivamente não tinha a intenção de arremessar em um torcedor, mas aconteceu. Fui até ele e pedi desculpas, porque não era nele que eu gostaria de descontar minha frustração.”

Em quadra, como já dito, ele estava se acertando. Havia chegado aos 30 pontos em 35 minutos. Poderia, talvez, bater seu recorde pessoa na série, de 38 pontos, que havia estabelecido na mesma quadra, em Cleveland, para abrir a vantagem de 3 a 1. Seria mais uma grande exibição para ser adicionada ao currículo. Seria. É muito difícil aplaudir um jogador que tenha saído com seis faltas num jogo desses, ainda mais pelo contexto da confusão. Primeiro que Curry não é o principal defensor do Warriors. Há quem o julgue um péssimo marcador, com base na maneira como se comportava no passado. Ele melhorou muito nesse sentido nos últimos dois, três anos. Posto isso, não é que deva ser considerado um perseguidor implacável também. Nem tanto lá, nem cá.

Para alguém tão importante  para o ataque do time, o chutador deveria, então, ter todo o cuidado para não se perder em quadra com faltas desnecessárias, mesmo que ele sobre com LeBron James em uma troca a partir de um corta-luz. No caso desta quinta-feira, a sexta e última infração apontada foi realmente patética. Quando Curry conseguiria desequilibrar alguém como LeBron? Especialmente quando nem foi tão forte assim atrás da bola. Não existe. Agora, em sua contagem, Steve Kerr afirma ter pelo menos três faltas que julgou ridículas. “Fico feliz que ele tenha jogado o protetor. Ele tinha o direito de estar chateado, mesmo”, disse o treinador.

Curry tem sobrado com LeBron em muitas posses. Não está sabendo lidar com a situação

Curry tem sobrado com LeBron em muitas posses. Não está sabendo lidar com a situação

Imagino que nessa lista esteja o lance em que seu atleta desarma Kyrie Irving pela faixa central da quadra. Pelo que entendo, a falta não foi dada no momento em que ele toca na bola. Mas, sim, por um ato contínuo em que o armador do Cavs é segurado, contido, pelas mãos espalmadas do defensor. Um movimento que era permitido até 2004. E que hoje não é mais, para beneficiar justamente talentos como Curry e Irving. Enfim. É uma questão de interpretação. Se o craque do Warriors tivesse se preservado no início da partida – suas duas faltas aconteceram no primeiro período –, não haveria polêmica. É o mesmo raciocínio para as faltas flagrantes de Draymond Green, por sinal.

O que deixa a situação mais crítica é a reincidência, mesmo. Não foi um fato isolado para Steph nestas finais. Em seis jogos, ele já cometeu 21 faltas, ou 3,5 por partida. Para um atleta que não era excluído de quadra desde 2013, parece um disparate. Para termos uma ideia, nos nove jogos que fez contra Portland e OKC, voltando de lesão, ele havia cometido 14 faltas. Esse excesso de apitadas em sua direção não significa exatamente maior combatividade elogiável. É mais uma autossabotagem. É a melhor forma que seus oponentes poderiam achar para atrapalhá-lo do outro lado da quadra.

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Outro ponto negativo que já se tornou recorrente é a sua incapacidade, no momento, de evitar os turnovers. Curry não só está falhando no controle de bola, algo inimaginável em fevereiro, como tem insistido em passes ‘mágicos’ mal concluídos, que podem ter origem ou numa displicência incompreensível para o palco em que estão jogando ou na simples tomada de decisão equivocada. Fato é que ele soma mais desperdícios do que assistências na série (26 x 24). Sua média de turnovers é maior até do que a que teve contra a defesa sufocante do Thunder (4,3 x 4,0).

Segundo o padrão estabelecido pelo craque, seus números como um todo estão aquém do esperado. Caminhando para o Jogo 7, suas médias são de 23,5 pontos, 4,0 assistências, 41,9% de quadra, 42,4% de três e 0,8 roubo de bola. Há jogadores que nem mesmo dopados teriam um rendimento desses. Mas estamos falando do MVP de 2015 e deste ano. Sua temporada regular, comparando, foi fechada com 30,1 pontos, 6,7 assistências, 50,4% nos arremessos e 45,4% de longa distância. Mesmo na complicadíssima final de conferência, produziu mais, com 27,9 pontos, 5,9 assistências, 44,3% de quadra e 2,1 roubos, ficando abaixo só nos tiros de fora (41,6%).

Isso tem a ver com um ótimo plano de jogo do Cavs, mas também já chegou a um ponto que passa pela incapacidade de o astro e seus treinadores encontrarem uma solução, um contra-ataque que possa liberá-lo. Os corta-luzes diversos que Kerr desenha pelo caminho, na trajetória do armador, não têm surtido tão efeito. Isso vem desde o primeiro jogo, com a diferença de que o Cavs conseguiu fazer os ajustes necessários para que os demais atacantes do Warriors não sobrassem livres de frente para a cesta. A prioridade, de todo modo, ainda é de que a bola não fique nas mãos do cestinha. E, se ficar, precisa ser contestado de perto, algo que, mesmo com trocas, vem sendo muito bem feito por Tristan Thompson, por exemplo. Kerr também reclama de faltas. “Temos um ataque que depende de ritmo. Se os árbitros forem deixar Cleveland puxar e segurar nossos caras constantemente em seus cortes e ao mesmo tempo vai marcar essas faltinhas no MVP da liga, para excluí-lo, não vou concordar”, disse.

LeBron está adorando o desenrolar das #NBAFinals

LeBron está adorando o desenrolar das #NBAFinals

Agora, você pode interpelar o treinador, o blogueiro e LeBron e apontar que, sim, Curry tem 31,0 pontos por partida nas últimas três partidas. Acima do que fez no campeonato. O que essa média não diz, de cara, é o quanto tem sido custosa, com 40,9% nos arremessos e o mesmo número de turnovers e assistências (11). Essa queda passa também por suas dificuldades para concluir jogadas perto da cesta. Nas finais, na área restrita, seu aproveitamento é de apenas 45,5%, contra 64,5% da temporada regular. Pode ter certeza de que o armador, um perfeccionista, não se contenta com isso nem um pouco, ainda mais vindo de duas derrotas seguidas, quando ambas as partidas já valiam o título.

O armador tem essa cara de bom moço, aquele ídolo perfeito para um marketing limpinho da silva, como a NBA está curtindo sem parar. Mas, segundo todos os relatos de Oakland, é um cara competitivo pacas. Ninguém atinge seu nível só por puro talento.  Seu rompante está diretamente ligado a essa insatisfação, algo sobre o qual os jogadores falam abertamente. Só não vinha sendo normal ver uma explosão dessas. Quem cobre o time também diz que, no dia a dia, o armador é a força otimista do grupo, alguém que tem plena confiança em suas capacidades, sem se estressar tanto, e que leva os companheiros junto, num equilíbrio interessante em relação ao discurso mais picante de Draymond Green. “Eu me deixei levar pelo momento, mas vou numa boa para o próximo jogo”, afirmou o astro.

Bem-vindo ao clube, deve pensar LeBron. Depois de se doer o ano inteiro pela atenção que o Warriors e Curry estavam recebendo, o craque do Cavs deve estar gostando dessa ideia, ao vê-los agora mais de perto. Ele passou por esse tipo de situação de exame público diversas vezes na carreira, estampando capas de revista já quando adolescente. Agora, pela primeira vez em muito tempo, o veterano entra num jogo decisivo no qual a a pressão bem maior está toda do outro lado, toda voltada para outro atleta que domina outdoors. Afinal, nesta série, ele mesmo já deu sua resposta. Vamos ver no domingo qual será a de Curry.

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LeBron volta a reinar, e Cavs vai ao Jogo 7 crendo em virada inédita
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Giancarlo Giampietro

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O Golden State Warriors fez uma vez. Por que o Cleveland Cavaliers também não pode?

Parece que já passou um século já, mas foi há questão de semanas apenas que os atuais campeões completaram uma virada incrível para cima do Oklahoma City Thunder pela decisão do Oeste, quando estava perdendo por 3 a 1. Pois é. Era a mesma desvantagem que o Cavs enfrentava pelas #NBAFinals, e cá estamos: após mais um massacre jogando em casa, triunfando por 115 a 101 nesta quinta-feira, o a série está empatada, caminhando para um sétimo jogo realmente proibido para cardíacos, como diria o outro, no domingo.

Primeiro foi um quarto arrasador para abrir os trabalhos, vencido por 31 a 11. Depois, teve a cabeça fria para lidar com duas reações dos perigosos visitantes. E aí veio um LeBron James soberano no segundo tempo, para marcar 41 pontos pelo segundo jogo seguido e fazendo de tudo em quadra. Após uma grande partida, sem dúvida, seu time chega a Oakland acreditando ser plenamente plausível sua missão de ser o primeiro time a sair do 3 a 1 contrário para levar o título.

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Além dos 41 pontos, foram 11 assistências, 8 rebotes, 4 roubos de bola e 3 tocos para LBJ, em 43 minutos, com um saldo de 26 pontos. Ele acertou 16 de 27 arremessos, com 3-6 no perímetro. Sozinho, ele conseguiu o mesmo número de passes para cesta, recuperações e bloqueios que os cinco titulares do Warriors somaram. Impressionante. Acho que, a não ser no caso de um dos Splash Brothers marcar 60 pontos na sétima partida, com vitória, não dá para imaginar um cenário em que o troféu de MVP da decisão não vá para o camisa 23. Nos últimos dois jogos, ele tem 82 pontos, 24 rebotes, 18 assistências, 7 roubos e 6 tocos, com 7-14 de longa distância, algo que faz toda a diferença.

A gente pode falar de “cabeça fria” para o Cavs, sem problema. Porque não é fácil manter a compostura quando um time como o Warriors vem para cima. Kevin Durant e Russell Westbrook que o digam. Mas o coração dos caras estava a mil, desde o tapinha inicial, com mil batimentos por segundo, mesmo, de tanta energia que levaram para quadra, como num repeteco do Jogo 3. Foram oito pontos seguidos, e não pararam por aí. Cesta após cesta, enquanto, do outro lado, fechavam a porta na cara de todos, permitindo apenas o moribundo Harrison Barnes arremessar.

Steve Kerr parou o jogo e, o pior: não havia nem mesmo um Andrew Bogut para substituir e uma “Escalação da Morte” para ativar. Na verdade, sem o pivô australiano, que não volta mais nesta temporada, o técnico já havia começado o duelo com seu melhor quinteto, que havia terminado as finais do ano passado com 42 pontos de saldo. Em seus primeiros minutos, essa escalação saiu perdendo por oito. Em nenhum momento, conseguiram assumir o controle da partida como a unidade que se tornou a mais temida da liga desde a decisão de 2015.

A primeira parcial terminou com placar de 31 a 11. Os 11 pontos do Warriors não eram só a pior marca da equipe nesta temporada em um quarto inicial como foi a pior de toda a história das finais na era de posse de bola cronometrada. Isso aconteceu com a receita básica de defesa + transição. Nos três jogos mais acelerados destas finais, o Cavs saiu vencedor, numa reviravolta muito interessante. O Cavs realmente marcou demais, especialmente na hora de contestar Klay Thompson, que não encontrava espaço nenhum para chutar e, frustrado, passou a se precipitar, e Draymond Green. Sim, ele estava de volta e, por um período que fosse, não fez diferença nenhuma no plano geral.

Green saiu com um saldo negativo de 12 pontos. Curry, com -11. Thompson, com -22. Foi feia a coisa. Eles foram dominados, por mais que tenham em duas ocasiões, nos segundo e terceiro períodos, encurtado seu déficit, para um só dígito, tendo posses de bola extra para encostar de vez. Mas não conseguiram. E não só pelos méritos de LeBron, que anotou 17 pontos no quarto final.

Curry se perdeu em faltas e perdeu a cabeça em sequência. Rara expulsão

Curry se perdeu em faltas e perdeu a cabeça em sequência. Rara expulsão

O Warriors, por conta, também cometeu erros tolos, para além dos chutes bizarros de Thompson. Os mais custosos foram as faltas, novamente, desnecessárias de Stephen Curry. O acúmulo o tirou de quadra cedo e depois o deixou em posição precária para marcar um cara como Kyrie Irving. E que, a 4min22s do fim, o levaram a uma rara exclusão, quando seu time perdia apenas por 12 pontos, algo que não acontecia desde dezembro de 2013. E, sim, 12 pontos entra na conta do “apenas” quando é o Warriors que está em quadra. Se a sexta falta foi bastante duvidosa, as outras cinco, não achei – para Kerr, foram três. O problema é maior por ser recorrente e por ter atrapalhado uma noite em que havia chegado a 30 pontos em 20 arremessos e 35 minutos. (Steph, aliás, converteu seis bolas de longa distância e quebrou o recorde de Danny Green numa série final. Como se estivesse valendo algo agora…)

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Ao seu lado, Thompson demorou quase 30 minutos para esquentar a mão. Fez estragos no terceiro período em mais uma investida preocupante do Warriors, que tornou a baixar seu déficit para um dígito, mas aí LeBron estancou tudo. O ala terminou com 25 pontos em 21 arremessos, e apenas 30% de acerto em 10 tentativas. Ao menos reencontrou o rumo da cesta para não voltar para casa tão perturbado assim.

O mesmo não pode ser dito sobre Harrison Barnes, que teve mais um jogo de doer, saindo zerado de quadra em oito arremessos. Ainda no quinteto inicial, Draymond Green ficou em oito pontos. Já Andre Iguodala sentiu um desconforto lombar logo no início da partida e se arrastou pela quadra. Recebeu tratamento especial quando era substituído, bateu o pé com a comissão técnica para seguir atuando e simplesmente não conseguiu ser efetivo. Marcou cinco pontos e deu três assistências. Produção muito baixa.

As mazelas dos atuais campeões não se limitaram ao seu poderoso, mas agora irregular ataque. Sua defesa permitiu novamente que o Cavs conseguisse ótimos índices de acerto, com 51,9% nos arremessos. Sofreram tanto nos tiros de longa distância (37%, com 10-27) como no garrafão, levando 42 pontos na zona pintada. Ao menos impediram que Thompson engolisse a tabela ofensiva, com muito suor de Draymond  – ainda assim, foram 15 pontos e 15 rebotes para o pivô canadense. No geral, o Cavs conseguiu oito rebotes na tábua do aversário.

A coisa seria ainda mais feia não fosse mais uma bela apresentação de Leandrinho. Um dos destaques pelo Jogo 1, o ala brasileiro entrou muito bem no segundo período, com firmeza, decidido, e anotou 14 pontos em 18 minutos, com 50% de acerto. O ligeirinho merece mais minutos na sétima partida, ainda mais se Barnes não retornar do Ártico. Anderson Varejão também teve boa participação e, na partilha dos minutos de Bogut,  deveria ter prioridade em relação a Ezeli. Não por serem convocados de Magnano. Mas pela produção recente, mesmo.

Ah, o Jogo 7… Vai demorar um tanto para chegar o domingo. Em sua entrevista, tentando manter a cabeça erguida, Kerr lembrou que foi para isso que eles detonaram na temporada regular: para ter o mando de quadra. Isso é fato. Ninguém vai tirar isso do Warriors, e o retrospecto é todo favorável aos anfitriões. Das 18 séries que acabaram na sétima partida, o time da casa saiu vencedor em 15 delas. Agora, o mesmo Warriors sabia que jogava contra os números ao aprontar para cima de OKC. Naquela ocasião, o Cavs estava descansando, tomando nota. Pelo fato de terem estendido o confronto, já foi uma proeza. Essa é apenas a terceira vez na história em que um time se recupera de uma derrota parcial por 3 a 1. O último havia sido o Lakers de 1966, para termos uma ideia. E nunca esse time chegou a completar a virada. Após duas grandes vitórias, podem ter certeza de que, na cabeça dos LeBrons, esse retrospecto não vai dizer nada.

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LeBron aceita papel de vilão e vê Kyrie explodir para estender as finais
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Giancarlo Giampietro

lebron-kyrie-game-5-finals

LeBron James fez sua melhor jogada antes mesmo de o Jogo 5 começar. Quando, ainda em Cleveland, atropelou Draymond Green, tirou o oponente do sério e forçou sua suspensão com uma quarta falta flagrante pelos playoffs. Nesta segunda-feira, porém, ele fez questão de estender sua contribuição com uma das melhores atuações de sua carreira. Foi um ato de sobrevivência, e o Cavaliers bateu o Golden State Warriors por 112 a 97 para forçar o sexto jogo na quinta-feira.

Em 42 minutos, sem mal descansar em quadra ate que o “garbage time” fosse instaurado, LeBron anotou 41 pontos, apanhou 16 rebotes, deu 7 assistências e ainda acumulou 3 tocos e 3 roubadas, com 16-30 nos arremessos. Além disso, matou 50% nos tiros de três, em oito tentativas. Espetacular e, a julgar por seu currículo, não surpreende. Para quem ainda lê e ouve por aí tanto sobre uma suposta fama de amarelão, o craque tinha médias de 31,9 pontos, 10,7 rebotes e 6,6 assistências em partidas pelas quais sua equipe lutava contra a eliminação. Agora tem a melhor média de pontos da história dos mata-matas nesse tipo de situação. A diferença é que, a despeito de suas exibições marcantes, o aproveitamento de seus times era de 7 vitórias em 15 jogos.

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Para devolver a série a Cleveland, o veterano não agiu sozinho, obviamente. Assim como no Jogo 3, contou com nova exibição primorosa de Kyrie Irving no ataque. O armador do Cavs voltou a esfomear em quadra, mas dessa vez guardou seus arremessos com uma precisão assustadora, de causar inveja a Curry. Anotou os mesmos 41 pontos, com 17 cestas em 24 tentativas (70,8%). Nem mesmo um marcador como Klay Thompson o incomodou.

“Foi provavelmente uma das melhores atuações que já vi ao vivo”, disse James, seguindo a mesma linha de Jeff Van Gundy, durante a transmissão. E não é exagero. Na história das finais, apenas só teve um jogador além de Irving que conseguiu marcar 40 pontos e acertar mais de 70% em uma partida: Wilt Chamberlain. Glup. Aconteceu em 1970, pelo Lakers, respectivamente, com 45 e 74,1%. Aí vale a gente lembrar que Wilt era a maior aberração atlética do mundo e que, para a época, era como se tivesse 2,58m de altura e estava sempre pertinho da cesta. Irving é um cara de 1,91m que vaga pelo perímetro.

Foi a primeira vez na história das finais que dois companheiros passaram dos 40 pontos na mesma partida. Entre cestas e assistências, os dois estiveram envolvidos em 97 pontos dos 112 dos visitantes. A mesma quantia que todo o elenco do Warriors. Incrível. Vale o abraço:

Era como se James e Irving, de repente, tivessem se tornado os Splash Brothers. Ninguém duvida da capacidade do armador para converter os chutes que arriscou nesta partida. O problemão para Steve Kerr foi ver o ala alcançar um percentual elevado mesmo quando buscava pontuar longe da cesta. Qualquer defesa bem-sucedida contra uma equipe de LBJ espera, conta que ele vá falhar neste tipo de fundamento. Se, por um acaso, ele conseguiu virar a chavinha para valer nestas finais, será uma tremenda dor-de-cabeça para o Golden State, independentemente da presença de Draymond Green em quadra.

O ala-pivô fez muita falta para os atuais campeões, especialmente na defesa. Não só na ajuda para a contenção de LeBron, como para a coesão da equipe, mesmo. A cobertura, a recuperação de posição, a comunicação nas trocas de marcadores, a proteção de cesta…  Faltou um pouco de tudo, abrindo caminho, corredores para os 53% nos arremessos do Cavs e os 41,7% dos três pontos. No momento, o combo de Bogut-Ezeli-Varejão não vem dando conta do recado, com Irving e LeBron explorando sua lentidão sempre quando podem no pick-and-roll. Para piorar, Bogut ainda sofreu uma contusão no joelho no segundo tempo e vai passar por uma ressonância magnética.

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No ataque, a visão de quadra e versatilidade de Draymond também foi sentida, como um assessor extremamente qualificado para seus chutadores, ajudando a organizar o jogo e se aproveitando das oportunidades proporcionadas pelo terror que eles representam no perímetro. No primeiro tempo, Stephen Curry e, principalmente, Klay Thompson mataram algumas bolas malucas de longe, mas se aproveitaram ao mesmo tempo da conivência defensiva dos caras de Cleveland. Sim, alguns daqueles chutes não existem no plano tático de ninguém, mas a marcação em geral foi uma calamidade, muito frouxa, deixando que um empolgado Thompson se desprendesse com facilidade. Antes do intervalo, o ala tinha mais pontos do que LeBron (26 a 25). Terminou com 37 pontos em 20 arremessos, 41 minutos e seis tiros de fora certeiros.

Porque as coisas mudaram. Na segunda etapa, adefesa do Cavs enfim entrou em quadra, para não desperdiçar, anular a soberba combinação de James e Irving. Em vez de seguir no tiroteio com confiança, os cestinhas do Warriors tiveram de lutar muito mais para enxergar a cesta, sem que os corta-luzes lhes dessem respiro. Valeu pela contestação e, muito mais, pelo desgaste gerado. A equipe da casa, como um todo, converteu apenas 12 de 45 (26,6%) de quadra. Foram 36 pontos, contra 39 de LBJ e Kyrie. Em alguns momentos, Curry apareceu livre, mas falhou na pontaria, para fechar sua participação com 25 pontos em 21 arremessos (38%) e 5-14 de três, em 40 minutos. O atual bi-MVP já não tinha pernas. Antes de baixar a energia, é preciso registrar, o armador voltou a ser displicente com a bola, cometendo alguns turnovers dos mais bestas possíveis.

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>> Jogo 3: Enérgico, Cavs responde na série das lavadas
Mais: Love sai do banco, mas como fica o Cavaliers?
>> Jogo 4: Curry desperta, mas não só. GSW perto do bi
Mais: Draymond suspenso. A festa do Warriors também?

De Andre Iguodala, não houve o que se queixar. O veterano fez de tudo para tentar amenizar o impacto da ausência de Green, com 15 pontos, 11 rebotes, 6 assistências em 41 minutos. O que não deu para entender muito bem foi a estratégia de Kerr de colocá-lo para marcar Kevin Love em diversos momentos. Suponho que fosse para preservar o ala, resguardá-lo para os minutos finais, em vez de uma preocupação com o apagado ala-pivô. Acontece que Shaun Livingston e Harrison Barnes não conseguiram fazer nem cócegas contra LeBron James.

Barnes, aliás, foi uma tremenda decepção para o torcedor do Warriors. Quer dizer, nem tanto: durante o ano, fui descobrir que o ala não tem tanto prestígio assim em Oakland. Ainda assim, nem o mais pessimista poderia imaginar uma partida tão inócua assim, com míseros 5 pontos e 5 rebotes em 38 arremessos, acertando apenas 2 de 14 arremessos, muitos deles completamente livres. Considerando o que estava em jogo e o desfalque na linha de frente, esta atuação definitivamente não vai entrar no DVD, na hora de negociar um novo contrato em julho – e vocês desculpem a insistência com essa sub-história, mas é que, logo mais, vai aparecer algum clube para pagar uma bolada para este irregular ala. E aí não vai ter do que reclamar. Do outro lado, a frustração ficou novamente por conta de Kevin Love, que retornou ao time titular, ganhou 33 minutos e não passou de 2 pontos, 3 rebotes, 1 assistência e 3 tocos. Independentemente do desfecho da série, numa análise fria, é provável que a diretoria do clube se sinta inclinada a trocá-lo. Mas isso é papo para depois.

Por ora, o Cavs volta para a casa, com um cenário bem diferente para LeBron, que foi eleito inimigo público número um em Oakland. A julgar por seu rendimento, talvez o torcedor mais esclarecido do Warriors possa se sentir arrependido pelo tanto de vaia que se ouviu no ginásio, desde o aquecimento – historicamente, o ala responde muito em nesse tipo de cenário. Já o torcedor menos fanático e rancoroso do time californiano, a despeito de sua paixão por Draymond, deve ter, secretamente, pelo menos mentalmente, se permitido aplaudir o camisa 23. E Kyrie Irving.

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Pura energia: Cavs responde na série final das lavadas
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Giancarlo Giampietro

(Atualizado às 8h10)

LeBron ainda pode cravar essa bola. Mas ainda precisa de ajuda, que dessa vez veio

LeBron ainda pode cravar essa bola. Mas ainda precisa de ajuda, que dessa vez veio

O Cleveland Cavaliers deu a resposta de que precisava. Depois de sair de Oakland com 48 pontos negativos na conta, o time do Leste venceu o Jogo 3 das finais doa NBA contra o Golden State Warriors por 120 a 90. Agora faltam só 18 pontos para tirar e empatar a série.

Mentira, claro. Basta um triunfo por um pontinho na quarta partida, sexta-feira, que tudo estará zerado no retorno a Oakland. Vocês me desculpem a confusão matemática, mas é que os placares de um jogo para o outro foram tão esdrúxulos até agora, que fica muito complicado de estabelecer uma lógica. Entre os 33 pontos de vantagem do Warriors no domingo e os 30 do Cavs de agora, a liga americana viu a maior reviravolta da história.

Levar de volta a Oakland, na verdade, é a primeira vitória dos caras. Algo que, nesta quarta de manhã, não poderia ser garantido nem mesmo por LeBron James. Não do jeito como o confronto havia iniciado. Mas vejam como todos somos geniais. Depois de um intervalo de 72 horas, ou coisa assim, o Cavs já parecia o melhor time do mundo, enquanto o Warriors fazia as vezes de reles equipe que havia simplesmente passado por uma conferência extremamente frágil. Né? Uma completa inversão de papéis. Aqueles que não marcavam nada limitaram o melhor ataque da liga a 90 pontos, sua menor quantia nestes playoffs.

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Vamos lá: o Cavs fez os primeiros nove pontos do jogo. Nas minhas marcações aleatórias de início da partida, a vantagem chegou a 19 a 4. Depois, 33 a 10. Tudo no primeiro quarto, que terminaria por 33 a 16. No segundo quarto, os visitantes tentaram reagir, conseguiu baixar uma vantagem de mais de 20 pontos para nove, com boa participação novamente de Shaun Livingston, Leandrinho e Andre Iguodala, ao lado de Harrison Barnes e Draymond Green. Foram para o intervalo perdendo por oito pontos. Como se fosse uma reprise do Jogo 2, em que a equipe derrotada parecia ter sorte estar atrás por tão pouco.

Pois é: foi reprise, mesmo. O time da casa atropelou o adversário na volta do intervalo e matou o jogo em 36 minutos. E aí que a parcial final foi mais um extenso “garbage time”, de maneira bizarra para uma decisão de NBA. Bizarro pela quantidade de espancamentos, e, não, pela superioridade dos LeBrons por uma noite. A série decisiva mais parecida que tivemos, historicamente, nesses termos, foi a de 1985, num dos clássicos Lakers x Celtics. Naquela ocasião, o time de Boston venceu o primeiro jogo por 34 pontos e perdeu o terceiro por 25. (Sim, esse tipo de disparidade acontecia mesmo num confronto legendário como esse. Mas nenhuma dessas lavadas vai constar numa transmissão clássica da NBA. A memória é seletiva por diversos motivos.)

Você vai dizer o quê? Foi pura energia.

Nessa bagunça toda, Kyrie Irving, que havia marcado apenas 10 pontos no domingo, converteu 16 apenas no primeiro período – terminou com 30, um a mais que os Splash Brothers combinados. O aproveitamento de 12-25 nos arremessos, que é um tremendo avanço para quem havia acertado apenas 33,3% em Oakland. Ele foi para o ataque mais cedo, usando dos artifícios de sempre, e deu resultado. “Não quero dizer que fui um jogador completamente diferente, mas foi apenas voltar sem ficar pensando em nada a não ser jogar de modo agressivo”, disse.

Ao seu lado, JR Smith havia feito apenas oito pontos nos dois primeiros jogos e agora fez 20, matando cinco bolas de longa distância, como se ainda estivesse jogando na primeira rodada dos playoffs. Tristan Thompson seguiu esse embalo e mandou nas duas tábuas, com 16 pontos (5-6 de quadra, 4-5 nos lances livres) e 13 rebotes, incluindo 7 ofensivos, se aproveitando de quem quer que sobrasse com ele no garrafão. Em 40 minutos, LeBron James teve sustância em seus números. Novamente, cometeu muitos turnovers (cinco), mas conseguiu se impor no momento em que conseguiu ir para a cesta (14-26), para fechar com 32 pontos, 11 rebotes, 6 assistências e 2 tocos.

De normal, mesmo, só a baixa produção ofensiva dos reservas, zerados em três quartos. De Kyrie Irving, é disso que se espera. A questão agora é saber se JR Smith continuará produtivo no restante da série, se Thompson vai ser esse reboteiro voraz. E se Richard Jefferson ainda tem gás para render tão bem assim. O ala assumiu a vaga de Kevin Love no time titular e novamente contribuiu com muita energia, algo chocante para a torcida do Warriors, que se lembra de outra versão do ala, mesmo quando ele era mais jovem.

Love foi realmente afastado da partida por conta dos reflexos de uma concussão, e, ainda assim, os titulares de Cleveland mandaram na partida. Especialmente quando Andrew Bogut estava em quadra. Presença amedrontadora na partida anterior, o australiano dessa vez mal viu a bola. Anotou quatro pontos nas raras ocasiões em que a defesa adversária abriu um corredor, pegou dois rebotes, e só, em 12 minutos, divididos precisamente entre os primeiro e terceiro quartos. Depois de os suplentes remarem bastante no segundo período, foi surpreendente que o técnico Steve Kerr tenha iniciado o segundo tempo novamente com o gigante no garrafão – lembrando, mais uma vez, que do outro lado o Cavs tinha um time muito mais flexível devido ao desfalque de Love. No geral, em 25 minutos na série, a escalação titular do Warriors está com saldo negativo de 22 pontos. Muita coisa.

Em sua coletiva, Kerr defendeu a decisão e disse que se sente confortável com “Bogues” em quadra. Ele foi bastante questionado a respeito. Esse já é um grande dilema para o Jogo 4, de fato, conforme Jeff Van Gundy já disse em transmissão. O quanto você vai se desesperar após um resultado desses e rever rotações e táticas de um time que venceu 73 partidas no ano e ainda está a duas vitórias mais do título. Foi uma aberração? Foi sorte de um, azar do outro? Love vai retornar na próxima partida? Será como titular?

Em casa, o Cavs tem saldo de 22 pontos por jogo nestes playoffs. 100% ainda

Em casa, o Cavs tem saldo de 22 pontos por jogo nestes playoffs. 100% ainda

De qualquer forma, o treinador quase sempre espirituoso resumiu bem o que sua equipe (não) fez nesta quarta-feira: “Sempre digo aos caras. Nós somos bem pagos para isso, para enfrentar as críticas, e não apenas para arremessar algumas bolas. Nós todos merecemos as críticas dessa vez. Todos, eu e os jogadores”.  Acreditem: Harrison Barnes foi o melhor atleta do Warriors dessa vez. Com 18 pontos, igualou sua quantia das duas primeiras partidas. Ainda apanhou 8 rebotes e acertou 7 de 11 chutes. Foi o único do time capaz de competir física e atleticamente. Seu agente deve ter gostado bastante. É o tipo de jogo que cai bem no DVD que será distribuído por aí em julho, em busca de um salário de US$ 20 milhões anuais.

De resto? Não há muito o que se destacar. Pelo menos não com um viés positivo. Muito menos os 19 pontos de Stephen Curry, totalmente inócuos, em 31 minutos e 13 arremessos. Ele só entrou no jogo quando esse já estava decidido, na segunda metade do terceiro período. Em seus primeiros 16 minutos de ação, antes de ser substituído com três faltas – de novo cometendo infrações tolas –, tinha apenas 2 pontos em cinco arremessos. Saiu de quadra ainda com mais turnovers (seis) do que assistências (três), caindo facilmente em armadilhas na quadra, passando sem realmente ver quem vinha pela frente, além de ter viajado na marcação. Foi realmente um jogo horrível por parte do MVP unânime, do melhor jogador da liga dos últimos dois anos. “A culpa foi minha. Eles estavam fazendo uma defesa agressiva e entraram em quadra com muita força. Não fiz nada a respeito, nem joguei meu jogo, e para eu poder ajudar minha equipe, tenho de jogar 100 vezes melhor que isso, especialmente no primeiro quarto, para meio que controlar a partida”, disse.

A paulistinha russa de Mozgov

A paulistinha russa de Mozgov

Klay Thompson também foi mal, com 10 pontos nos mesmos 31 minutos e 13 chutes, mas ganha um desconto por ter tomado uma paulistinha (ou tostão, ou… dependendo da região, ok) de Timofey Mozgov no primeiro tempo.  De novo: uma joelhada de Mozgov na coxa. Deve doer – nas entrevistas, reclamou de deslealdade do russo. Seu irmão de “splash” não tomou nenhuma dessas.

FINAIS DA NBA
>> Jogo 1: Livingston! Os reservas! São as finais da NBA

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Fico imaginando quão insuportável seria a gritaria se LeBron ou Kobe Bryant estivessem em seu lugar dessa vez. Curry ainda não estreou de fato nas finais. Não da forma como o torcedor do Warriors esperava. Foi bem marcado no Jogo 1, mas serviu como álibi para seus companheiros brilharem. No Jogo 2, teve problema com faltas e, para ser justo, quando retornou, a parada já estava bem encaminhada. De todo modo, suas faltas foram um fator crítico independente do bom desempenho do restante do time. Agora, teve realmente uma atuação patética para alguém de sua estatura. Kerr simplesmente admitiu que seu craque não jogou da forma como estava acostumado, mas que “acontece”, que foi uma dessas noites em que nada dava certo. Bem, não foi uma noite fraca apenas nestas finais. Longe dos microfones, mas ainda flagrados pelas câmeras da ABC, o treinador perguntava ao armador, no banco, ainda no primeiro tempo, se estava tudo bem. Depois da surra em quadra, o astro mostrava aquele ar de desolação. Uma diferença enorme para a festinha do Jogo 2.

Juntos, Curry e Thompson somam apenas 84 pontos nesses três primeiros confrontos – e aí fica o mérito para a defesa do Cavs. Mesmo que os caras ainda possam explodir no decorrer da série, já foram 144 minutos de contenção. A diferença é que dessa vez seus atletas se deslocaram com rapidez e lucidez, enfrentaram os corta-luzes e fizeram menos trocas para impedir que os demais “warriors” invadissem o garrafão para pontuar, permitindo 32 pontos na zona pintada, contra 54 que fizeram do outro lado.

LeBron, sozinho, tem 74 pontos na série, apenas 10 a menos que os Splash Brothers, mesmo muito bem vigiado por Andre Iguodala, cometendo uma serie de desperdícios de bola e tendo dificuldade com seu arremesso de média para longa distância. Dessa vez, esse tipo de chute caiu. Quer dizer, pelo menos pareceu que caiu, devido a uma boa sequência pelo terceiro período, justamente quando o Cavs demoliu seu adversário. No geral, porém, este foi seu desempenho:

Sim, ainda é uma boa ideia conferir o que LeBron pode fazer de fora

Sim, ainda é uma boa ideia conferir o que LeBron pode fazer de fora

Dessa vez, porém, LeBron não jogou sozinho. Ele e Irving chegaram aos 30 pontos. A última vez que dois parceiros haviam conseguido isso em um jogo válido pelas finais da NBA? Em 2013, pelo Miami Heat. Um jogador era o mesmo. O outro era Dwyane Wade. Claro.  Tal como o “Rei James” vislumbrava ao trocar South Beach por Ohio, certo? Com um companheiro mais jovem que pudesse brilhar ao seu lado, contra uma defesa forte e inteligente, e tal.

O Cavs segue invicto em seus domínios nestes playoffs, com oito triunfos, enquanto interrompe uma sequência de derrotas para os atuais campeões, que parou em sete. Nesses oito triunfos como mandantes, o saldo é de 176 pontos positivos, para uma média de 22 por jogo. Isto quer dizer que o Warriors precisa, então, abrir pelo menos 23 pontos de vantagem na próxima partida para compensar isso, certo?

Mentira também. Basta que os bicampeões do Oeste cheguem a um ponto de vantagem, mesmo, ao final do jogo para ficar a uma só vitória do título. Nessa série do boi que passa para abrir caminho para a boiada, só está difícil de imaginar um confronto decidido desta maneira.

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Não é apenas o 2 a 0 para o Warriors. Mas como aconteceu
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Giancarlo Giampietro

Draymond, o MVP da série em Oakland

Draymond, o MVP da série em Oakland

Depois de um jogo desses, as finais da NBA se tornam o conto de dois times. O Golden State Warriors exuberante, exultando confiança voltando a justificar todos os seus recordes e seu lugar na história, após triunfar por 110 a 77 pelo Jogo 2, neste domingo, e abrir 2 a 0 na série. Do outro lado, um Cleveland Cavaliers desmoralizado, em frangalhos, tendo que assimilar a surra que tomou e controlar seu vestiário para evitar uma autoimplosão.

LeBron James, Tyronn Lue e Kyrie Irving vão ter que pensar em muita coisa até esta segunda-feira de manhã, quando vão pegar o voo de volta para Ohio. E aí é usar o trajeto de retorno para pensar mais um pouco. Chegando lá, tem mais vídeo para analisar, muitas coisas para acertar nos treinos até quarta-feira. E talvez nem esse tempo todo seja suficiente? É a conclusão mais precipitada que a que poderíamos chegar após um segundo tempo chocante em Oakland, vencido por 58 a 33. Isso com Stephen Curry fora de quadra, devido ao excesso de faltas, quase tendo uma convulsão no banco de reservas de tanto vibrar e curtir cada jogada maravilhosa de seus companheiros.

Os Splash Brothers conseguiram fazer mais do que 20 pontos, juntos, mas não é que tenham chegado ao nível das apresentações que perturbaram o Oklahoma City Thunder na reta final do Oeste. Dessa vez Curry e Klay Thompson acumularam 35 pontos. Uma quantia que seria excelente para qualquer dupla do Philadelphia 76ers, mas que, falando de quem estamos falando, poderia ter sido atingida em um só quarto, se tanto. E a série está 2 a 0.

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O Cavs está contra a parede, precisando lidar com o fato de que, nas últimas 16 decisões da liga em que viu uma equipe com duas vitórias em duas partidas, esta equipe saiu campeã 15 vezes. O último clube a levar um tombo desses foi o Dallas Mavericks em 2006, contra o Miami. Na história, o aproveitamento é de 28 títulos em 31 finais nesse contexto.

Para tentar ser o quarto a buscar a virada, os campeões do Leste não precisam só corrigir uma defesa porosa, que, ao final de 96 minutos de basquete, não é capaz ainda de entender quais as rotações necessárias após se fazer uma dobra contra Curry ou Thompson. Não é apenas isso. Seu ataque também despencou perante uma defesa opressora do Warriors.

Steph se divertiu no banco. Mais uma vitória sem precisar de Curry brilhante

Steph se divertiu no banco. Mais uma vitória sem precisar de Curry brilhante

Os visitantes ficaram abaixo da crítica, ou dos 40% de aproveitamento nos arremessos novamente, com 51 erros em 79 tentativas (35,4%). Também foram mais 17 turnovers, contra 15 assistências. Kyrie Irving anotou apenas 10 pontos e converteu só 35,7%. Na série, está com 33,3%. Kevin Love tinha apenas 5 pontos em 21 minutos, até sair de quadra com sintomas de concussão. JR Smith e Channing Frye, aqueles que colocaram fogo nos playoffs do Leste, não estão produzindo nada também. Mas não é só o elenco de apoio que está em falta, ainda que devendo muito mais. LeBron James acumulou seus números, todos eles – os do bem (19 pontos, 9 assistências, 8 rebotes e 4 roubos de bola) e os do mal (10 arremessos desperdiçados em 17 tentativas e 7 turnovers).

Não vai adiantar LeBron carregar esse time das costas. Ele já fez isso no ano passado, e deu no que deu. Mais: não parece que o craque, hoje, esteja em condição de assumir uma tarefa hercúlea dessas. Andre Iguodala não sai do seu pé quando está em quadra. O Cavs pode forçar a troca defensiva, e Klay Thompson também está fazendo um bom trabalho em mano a mano. É aqui que faz falta o arremesso de longa distância para LBJ. As opções estão limitadas. Ele tem de abaixar a cabeça (metaforicamente ou não) e atacar, tentar ganhar terreno com os músculos. Funciona em uma sequência ou outra, mas, no geral, o Warriors vem fazendo ajustes, sabendo como tirá-lo dos trilhos. Esse parágrafo, nos próximos dias até o Jogo 3, vai ter de ganhar seu próprio espaço como um artigo mais abrangente.

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Mais: Leandrinho voltou a ser um vulto. Na melhor hora

Pelo Warriors, já citamos com os Splash Brothers não passaram dos 40 pontos, e ainda assim a equipe californiana chegou a 110 pontos, com um extenso gargabe time no quarto final. Como? Bem, começa com um Draymond Green impossível, em sua versão cestinha desta feita, com 28 pontos em 34 minutos e 20 arremessos, com cinco chutes de longa distância convertidos. Como o jogador completíssimo que se tornou – é craque, sim –, ainda contribuiu com sete rebotes e cinco assistências. Passados oito quartos de finais, deve ser o favorito ao prêmio de MVP das finais.

Mas teve mais, como 26 assistências. Dos 12 jogadores utilizados por Steve Kerr nesta noite, só Brandon Rush não pontuou. Leandrinho foi mais uma vez fogoso que só e oportunista, para chegar aos 10 pontos, depois de converter seus cinco primeiros arremessos. O ligeirinho estava com 10-10 na série, até então, até errar os últimos dois chutes. Andre Iguodala, Shaun Livingston e até Ian Clark, no garbage time, somaram 7 pontos. Por aí foram, rumo 54,3% de quadra e 45,5% de três, com 15 conversões. Só Varejão não participou.

Talvez nem precisasse de tantos pontos assim. Quer dizer: obviamente não precisava – não quando seu adversário parou em 77. Mesmo que o Cavs tivesse acertado dois ou três chutes a mais, não teria feito diferença nenhuma, assim como seus 20 turnovers.  Aí Steve Kerr está mais do que certo em dizer, a cada entrevista, que o sucesso nessas duas primeiras partidas se deve a sua defesa. Com agressividade, esforço e consciência, de quem precisa ser contestado, de quem pode cortar para um lado e para o outro, não. Seu time seclassificou para a final com uma herança bendita entregue por OKC. Kevin Durant, Russell Westbrook, Steven Adams & Cia. testaram esses caras ao limite. Depois do sufoco que passaram, acuados, espremidos em quadra, tudo parece um pouco mais fácil.

Estaria David Blatt acompanhando tudo? No ano passado, a equipe voltou para Cleveland com um empate de 1 a 1, sendo que sua derrota aconteceu na prorrogação, em mais um daqueles últimos suspiros do Warriors, evitando a derrota certa. Ficaram muito perto de ver esse placar geral de 2 a 0 a seu favor.  Agora, não são apenas duas derrotas, mas 48 pontos de desvantagem em dois jogos, com todos tentando entender o que aconteceu

Em sua coletiva, ao menos, LeBron assumiu sua parte, seus erros. Não teve dedo apontado para Irving, reservas, Blatt, nem nada. É o primeiro passo para o Cleveland tentar uma reação. Em sua jornada pelo Leste, sempre foram seus inimigos mais perigosos. Nas três primeiras rodadas dos playoffs, não foi problema nenhum. Tem de ver se a fogueira de vaidades não vai se acender. É tudo de que não precisam agora, já que estão enfrentando muito mais do que qualquer adversidade interna. Tem um timaço na oposição, se havia dúvida ainda.

Ao final do Jogo 2, em 2015, a Oracle Arena não estava tão festiva assim

Ao final do Jogo 2, em 2015, a Oracle Arena não estava tão festiva assim

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Leandrinho! Livingston! É a final da NBA com reservas ditando o jogo
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Giancarlo Giampietro

(Atualizado às 9h)

Shaun Livingston=Curry e Thompson, por uma noite

Shaun Livingston = Curry e Thompson, por uma noite

Ok, podem falar, sabichões: todo mundo sabia que, com LeBron James, Stephen Curry, Klay Thompson, Kyrie Irving e Kevin Love em quadra, o Jogo 1 das finais da NBA seria decidido por Shaun Livingston e Leandrinho. Estava óbvio isso. Não adianta ficar se gabando por aí na reunião de trabalho ou no balcão da padaria.

(…)

Pois é. Tivemos uma noite de quinta-feira de subversão com o Golden State Warriors vencendo o Cleveland Cavaliers por 104 a 89, em casa. Na qual Shaun Livingston, sozinho, marcou o mesmo número de pontos dos Splash Brothers: 20. Sim, o Warriors venceu um jogo totalmente estranho de #NBAFinals em Curry e Thompson acertaram apenas 8 de 27 arremessos em conjunto. Graças a uma grande atuação defensiva e à contribuição decisiva da segunda unidade de Steve Kerr no quarto período.

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Depois de sofrer contra Dion Waiters (!) pela final do Oeste, Livingston retomou a boa forma da temporada regular e acertou praticamente tudo o que tentou da sua zona preferida de quadra, à meia distância (80%, com 8-10). Leandrinho também botou fogo no jogo ao converter todos os seus cinco arremessos e terminar com 11 pontos em 11min25s, numa média incrível. O brasileiro acertou chutes em flutuação, de média e longa distância e até contestado pelo árbitro Kenny Mauer (abaixo). Foi uma de suas melhores apresentações em muito tempo, na melhor hora. Ruben Magnano tomou nota. Os dois certamente não sentem falta dos braços enormes dos atletas de OKC ao redor na contenção.

No geral, os reservas do Warriors marcaram 45 pontos contra 10 dos suplentes do Cavs, a maior diferença em uma partida pelas finais em 50 anos. Sim, Leandrinho, por conta própria, marcou um ponto a mais que a concorrência. Ainda nessa linha bizarra de estatísticas, Curry e Thompson não constaram nem entre os quatro cestinhas do Golden State nesta noite, com Draymond Green (16 pontos),  Harrison Barnes (13) e Andre Iguodala (12) à frente. Curry anotou 12, empatando com o ligeirinho brasileiro. Klay parou nos 9. Sem os chutadores em quadra, foram 11 minutos de jogo para o Warriors e 12 cestas em 17 chutes, com 12 pontos de saldo.

“Temos falado sobre a profundidade de nosso elenco pelos últimos dois anos. Nós contamos com um monte de pessoas. Usamos um monte de pessoas, e sentimos que temos muito talento no banco que pode entrar e pontuar quando precisamos. Então foi um grande sinal que possamos vencer nas finais sem que nossos dois caras tenham grandes jogos. Mas não é realmente tão surpreendente assim para nós. Esse tem sido o nosso time por dois anos”, afirmou Kerr, que realmente tirou essa lição de suas experiências com Phil Jackson e, principalmente, Gregg Popovich.

Desta forma, os atuais campeões se tornaram a primeira equipe desde o Detroit Pistons de 2005 a ter sete atletas a ter sete atletas com 10 ou mais pontos em uma partida pelas finais. Irônico isso, considerando que o Detroit é reconhecido como a exceção da regra da liga, como um time que se sagrou campeão sem uma superestrela (no ano anterior, diga-se).

Claro que o Warriors não seria grande coisa sem Steph Curry. Mas o time não vive só dos arremessos e jogadas maravilhosas do armador, isso está claro. Que o diga Andre Iguodala, que teve mais uma dessas atuações que tende a ficar em segundo plano na manchete, mas que talvez tenha sido ainda mais importante.

Leandrinho fez um ponto por minuto

Leandrinho fez um ponto por minuto

 Não é por acaso que o ala tenha saído de quadra com o maior saldo de pontos da noite, com +22, um pouco acima se Livingston (+20) e Green (+18), que também fez uma bela exibição. O veterano cuidou de LeBron James do jeito que dá. O craque do Cavs quase acumulou um triple-double (23 pontos, 12 rebotes e 9 assistências em 21 arremessos e quase 41 minutos). Mesmo se tivesse alcançado a marca lindona com mais um passe para a cesta, seria basicamente um ouro de tolo. Na hora em que o jogo desandou, Iggy estava lá para importunar. Ele terminou 22 posses de bola como o marcador de LeBron, e o astro do Cavs tentou apenas dois arremessos nessas ocasiões, acertando um. Do outro lado, ainda deu 6 assistências. Você põe na balança os sete rebotes também, e entende como é possível um reserva ser eleito o MVP das finais.

Em tempo: acho que Matthew Dellavedova enfim descobriu que, com Iguodala, não é para mexer. O australiano, cujo fã-clube conta com minha inscrição, exagerou, digamos, em sua competitividade ao dar um soco nas partes baixas do ala, no terceiro período, iniciando, quase sem querer, uma arrancada dos campeões do Oeste. “Temos alguns caras que têm de jogar um pouco sujo e fisicamente para ganhar a vida com isso e alimentar a família. Então tenho de respeitar isso”, ironizou o ala do Warriors.

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Em que pese a atuação firme de Iguodala, LeBron foi um tanto passivo na noite, é verdade, além de também ter ido mal em duelos com Draymond Green, contra quem só acertou um de sete arremessos. Dava a impressão de que a prioridade de LBJ era inserir Kyrie Irving e Kevin Love se primeira na série, dada a expectativa gerada pela participação de ambos, devido à ausência do ano passado. Compreensível, aliás. Nenhum dos cestinhas foi bem. Irving liderou o jogo com 26 pontos, mas errou 15 de 22 arremessos e teve nove possas de bola em que o time inteiro o viu cruzar a linha de quadra e arremessar, sem efetuar sequer um passe. Compensou tanto aro, tanto bico, em tese, ao matar 11 lances livres. Já Love fez 17 pontos em 17 arremessos, pegou 12 rebotes e não conseguiu punir a defesa do Warriors quando marcado por atletas mais baixos no garrafão. Em suma: dá para visualizar um camisa 23 mais agressivo no domingo.

Do outro lado, não sei bem o que aconteceu. Os Splash Brothers não jogaram absolutamente nada, e, sinceramente, não dá para apontar um grande mérito da defesa do Cavs. Não é que tenham oferecido mais resistência do que OKC apresentou pela final do Oeste. Se foi ressaca, salto alto, distração, só eles vão saber dizer.

O que limpa a barra da dupla é que o Warriors como um todo defendeu muito mais, o que não é novidade. Os visitantes cometeram 17 turnovers e só acertaram 38,1% dos arremessos e 33,3% de fora. As panes que o Cavs têm na hora de marcar são o suficiente para que sejam punidos até mesmo pelos reservas do Warriors. São muitos lapsos em trocas de marcação que deixam os oponentes na cara da cesta. Isso tem a ver com sistema de um e a falta de para o outro. Cleveland vai ter de marcar muito mais se quiser conquistar o primeiro título da história da cidade na liga.

Tudo vermelho (ou quase) para o Cavs na abertura das finais

Tudo vermelho (ou quase) para o Cavs na abertura das finais

Em seu camarote, cercado por milionários do Vale do Silício, o proprietário do Warriors, Joe Lacob, após sua desastrada bravata à revista do New York Times, deve ter sorrido, nervosamente. Não deixa de ser um testemunho sobre a cultura vencedora propagada pelo clube. Mérito aqui também especialmente para Kerr, pela confiança no elenco mesmo nas horas de maior aperto.

O Cavs desperdiçou uma grande chance. Mas foi apenas o Jogo 1, e bizarro. No qual os técnicos foram conservadores em suas escalações, respeitando basicamenteas rotações da temporada regular. No qual os atletas pareciam se testar por muito tempo – por mais que estudem o oponente em detalhes, há muitas teorias que só vão ser comprovadas em quadra, mesmo. No qual o Warriors sempre esteve no controle, com exceção daquele momento em que no terceiro período em que a apatia de seus titulares levou Kerr a um ato de fúria, quebrando prancheta com uma investida que deixaria o mestre Pai Mei orgulhoso. E, por fim, no qual não teve bombardeio de três, com ambos os times chutando abaixo de sua tórrida média dos mata-matas: apenas 16 se 48 tentativas. Pouco para os dois times que lideraram a temporada em cestas de longe.

O que vimos, de todo modo, é a confirmação dos temores quanto à defesa do Cavs e a diferença geral do elenco. Com múltiplos jogadores que atuam com firmeza dos dois lados da quadra, o Warriors está equipado para vencer qualquer tipo de partida. Mesmo aquela em que seus astros não estão bem dispostos assim.

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Bombardeio continua, e Warriors completa virada contra OKC
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Giancarlo Giampietro

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Você se mata na defesa. Faz uma dobra, vem a ajuda, e um terceiro atleta encontra um jeito de se aproximar e pressionar o adversário após mais um passe. Esse ciclo ia se repetindo a cada posse de bola. Se não houvesse interceptação nesse processo, era provável que saísse um chute de três pontos marcado. Mas esse chute caía. Sem parar. Os Splash Brothers e o ataque do Golden State Warriors voltaram a castigar os marcadores do Oklahoma City Thunder nesta segunda-feira, e os atuais campeões completaram uma inesquecível virada, agora com um triunfo por 96 a 88. Avançam à final da NBA para uma revanche contra o Cleveland Cavaliers.

De todos os 47 arremessos no perímetro interno que o time da casa tentou neste Jogo 7, só 20 foram certeiros (42,5%). Tamanha a intensidade, a coordenação, a capacidade atlética e a envergadura de seus oponentes. Quase não houve bandeja ou enterrada inconteste. OKC fez tudo o que a cartilha mandava e protegeu seu garrafão com ferocidade.

Mas Stephen Curry e Klay Thompson subvertem o jogo com seus disparos de longa distância. Para comandar a virada dentro da virada — a reação num jogão em que os oponentes voltaram a abrir diferença de dígitos duplos no placar –, os atiradores acertaram 13 bolas de três. No geral, lutando contra a eliminação, os dois converteram inacreditáveis 30 arremessos de fora. São 90 pontos neste fundamento. Sabe quantos todo o time do Thunder marcou nestes 96 minutos? Três vezes menos: 10. (No total, seu time acertou 17 de 37 tentativas exteriores, para 45,9%, contando só o jogo desta segunda.)

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E não é que tenham sido disparos completamente livres, gente. Tinha um Serge Ibaka pondo a mão na cara. Tinha um Kevin Durant correndo e saltando para tentar dar o toco. Seguidas vezes, e não importava. Trocando a marcação, fazendo o abafa em dupla, mudando estratégias e defensores. Billy Donovan tentou de tudo e não encontrou uma resposta eficaz. Talvez porque não houvesse, mesmo. Você joga com a matemática, mas os cálculos que funcionam para 99,9% das equipes não batem com aqueles propostos pelos astros do Warriors. Poucas foram fáceis com a última bomba, para demolir de vez as pretensões de um adversário que os levou às cordas:

Curry foi o cara do jogo, num desempenho adequado para uma campanha histórica. Foram 36 pontos e 8 assistências para ele em 40 minutos e 24 arremessos. Klay Thompson dessa vez parou nas seis bolas de três, marcando 21 pontos em 19 arremessos. Seu desempenho despencou em relação ao Jogo 6 (pudera…), mas o ala foi novamente muito importante para frear uma das típicas arrancadas do Thunder no segundo período da série, quando esquentou a mão depois de um primeiro quarto nulo.

Agora, para ao menos acalmar os mais tradicionalistas, naturalistas ou conservadores, não vamos aqui dizer que a quarta e derradeira vitória do Warriors se limitou apenas aos chutes de fora. Não foi um tiroteio. Muito pelo contrário. Foi um jogo duro, físico, enroscado, como o placar abaixo da marca centenária não deixa mentir. E os vencedores também se garantiram do outro lado, cuidando dos rebotes e da proteção de sua cesta mesmo que Andrew Bogut não tenha feito uma boa partida. Foi um esforço coletivo que levou os visitantes a apenas 38,2% de acerto nos arremessos como um todo e a 25,9% de três e que equiparou a disputa nas duas tábuas, concedendo vantagem mínima a OKC (47 a 46). Foram cinco jogadores com pelo menos cinco rebotes, liderados pelos nove de Draymond Green, e sete com pelo menos quatro. Para fechar, se o Warriors só marcou 34 pontos no garrafão de um lado, concedeu ainda menos do outro: 32.

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O terceiro período foi mais um grande exemplo de como Golden State pode ser um time opressor na defesa, uma tecla que tem de ser constantemente batida, até os céticos inveterados assimilarem. O Thunder acertiou apenas 5 de 19 arremessos nesta parcial e zerou em sete disparos de longa distância. A parcial foi vencida por 29 a 12, abrindo caminho para a vitória. Foi nos minutos finais desse período, aliás, que a dupla brasileira enfim conseguiu influenciar o confronto de modo bastante positivo o rumo do confronto. Com 2min34s, Anderson Varejão foi chamado para o lugar de Festus Ezeli. Menos de 20 segundos depois, Leandrinho substituiu Andre Iguodala. Os dois participaram ativamente de uma sequência de sete pontos sem resposta que levaram o placar de 6 para 13 pontos de vantagem.

Bogut estava mal, Draymond, pendurado com faltas e Ezeli, fugindo dos lances livres, enquanto Marreese Speights não era garantia nenhuma de rebote e defesa. Então Kerr chamou Varejão novamente, sem desistir do capixaba. O pivô respondeu com lances de seus bons tempos. Cavou uma falta na defesa. Atirou-se em quadra. E, de bônus, fez uma bela bandeja, partindo com a bola da cabeça do garrafão para finalizar sobre Enes Kanter e deu ainda duas assistências, sendo uma delas para Leandrinho. Os dois jogaram dois minutos apenas, mas roubaram a cena neste limitado tempo. Como fator mais importante, ajudou seu técnico a preservar alguns de seus protagonistas para a batalha que ainda viria no quarto período.

Aqueles que se limitaram a taxar a derrota de OKC pelo Jogo 6 como simples e tosca amarelada talvez possam rever o discurso. Como pode um time com nervos em frangalhos eliminar o Spurs e, depois de uma tremenda decepção, pressionar os atuais campeões até o limite menos de 48 horas depois? Durant e seus companheiros não se renderam e até mesmo tentaram uma reação nos três minutos finais que seria mais espetacular que a do Warriors na partida anterior. A defasagem era de 11 pontos de folga no placar, mas Durant, praticamente sozinho, baixou para quatro, forçando pedido de tempo de Kerr e muito nervosismo da torcida de Oakland. A 1min39s do fim, estava 90 a 86. Mesmo depois de receber instruções de seu treinador, os anfitriões se atrapalharam no ataque, e Draymond teve de mergulhar em quadra para evitar um turnover. Chamou mais um tempo, apenas 17 segundos depois. Aí, na reposição, Ibaka salvou os caras. Com a posse de bola por estourar, o pivô congolês fez uma falta de Curry quando o armador elevava para o arremesso de três. O MVP converteu todos eles.

Falta inegável, da pior maneira possível, mas de certa forma compreensível: não só Ibaka estava completamente fora de seu habitat como havia sido torturado por Curry nas últimas duas partidas, quando Golden State forçava a troca defensiva e deixava o grandalhão no mano a mano com um dos esportistas mais habilidosos do mundo. Essa mesma estratégia fez com que Billy Donovan abrisse mão de Steven Adams nos minutos decisivos, comprando a ideia de um duelo de ‘small ball’ (sendo que o Thunder nunca fica tão baixo assim) com a Ressurrecta Escalação da Morte de Kerr. Houve muitas críticas a respeito, como se a equipe visitante estivesse se adaptando e fugindo de suas principais características. Não dá para esquecer, porém, que o quinteto com Ibaka e Durant na linha de frente havia rendido muito bem até o Jogo 6 e que, oras, colaborou para esta mesma reação nos minutos finais. Não completaram a virada, mas assustaram os campeões uma última vez.

Ao final da partida, Russel Westbrook saiu em disparada para o vestiário sem cumprimentar ninguém, nem mesmo seus chapas. Já Durant se movimentou com calma e classe, abraçando Curry e o saudando, para, depois, abraçar seus companheiros, o gerente geral Sam Presti e até mesmo o proprietário do clube, Clay Bennett. Se foi de despedida, nós e todos os outros 29 clubes da NBA, incluindo o próprio Warriors, vamos ter de esperar para saber. Era a sombra que pairava sobre a equipe nesta temporada. Por ora, jura que não pensou no assunto. A diferença de postura de um astro para a do outro traduz bem seus estilos contrastantes, mas que elevaram o Thunder à condição de superpotência numa conferência absurdamente competitiva.

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Juntos, Durant e Wess aterrorizam qualquer defesa. Teria sido a saideira? Se foi, não de uma forma que os fãs do armador esperavam. O ala ficou em quadra por 46 minutos e ainda teve fôlego para apertar o jogo no final, fechando sua jornada com 27 pontos em 19 arremessos, além de sete pontos e três assistências. No primeiro tempo, o cestinha se esforçou admiravelmente em envolver os demais titulares da equipe no ataque, ciente das críticas que recebeu pelas besteiras que fez pelo Jogo 6. Tentou apenas cinco arremessos e anotou nove pontos antes do intervalo. Funcionou muito bem: cinco atletas tinham cinco ou mais pontos, e fazia todo o sentido: era como se estivesse preparando terreno para uma eventual explosão na segunda etapa. Só que a defesa do Warriors estava preparada e ainda decidida a ignorar os demais se fosse para atrapalhar os astros. KD dessa vez contra-atacou bem. O mesmo não pode ser dito de seu parceiro.

Westbrook jogou por 45 minutos e flertou com novo triple-double, com 19 pontos, 13 assistências e 7 rebotes. Foram poucos turnovers na sua conta (três), mas, no geral, o que dá para dizer é que ele voltou a se perder em quadra, com uma seleção de arremessos terrível e aproveitamento baixíssimo (33,3%, via 7-21). Na real, boa parte de seus chutes equivocados poderia ser considerada até mesmo como desperdício de bola, dada a improbabilidade do acerto. O craque falhou em controlar o tempo de jogo e se descontrolou na pior hora, no terceiro período, quando o Warriors ameaçava deslanchar. Com ele em quadra, sua equipe teve saldo negativo de 14 pontos. Seus números gerais na série foram de 26,7 pontos, 11,3 assistências, 7,0 rebotes e 39,5% nos arremessos, com 31,7% nos tiros de fora em 5,9 tentativas. Você põe aí os 8,7 lances livres, as 3,7 roubadas e os 4,4 turnovers, e tem um resumo absolutamente perfeito do que ele entrega e tira em quadra, negando a evolução que havia demonstrado durante a temporada.

Estamos falando de uma força da natureza, de um dos atletas mais incríveis do mundo, mas que ainda não encontrou a saída, um modo de controlar seus instintos, vá lá, mais selvagens em momentos mais críticos. A gana de vencer a qualquer custo aliada a seus atributos atléticos nos proporcionam um jogador de basquete único e dominante. O cara deve se sentir invencível. E se perde em arroubos. Perde também para Stephen Curry, que jamais vai tirar a respiração de ninguém por piques ou decolagens em quadra. O MVP, na verdade, prefere encantar, com seu drible manhoso que lhe tira de enrascadas e com seu arremesso espetacular. No decorrer do confronto, foi constantemente desrespeitado pelo seu oponente, que inclusive riu em coletiva quando jornalistas perguntavam se o ídolo do Warriors seria subestimado como defensor. Obviamente que isso tudo não passou despercebido. Muito pelo contrário…

Pelas entrevistas e sua postura em quadra, Westbrook parece ter certeza de sua superioridade neste hipotético duelo. Que, se fossem dois pistoleiros do Velho Oeste, não daria a menor chance ao desafiante. Pode até ser, embora, nas últimas três partidas, com três vitórias, Curry tenha dado boa resposta, com 32,6 pontos, 7,6 assistências, 7,3 rebotes e 16 chutes de fora. O que ele precisa entender é que os grandes talentos geralmente predominam em quadra, nos playoffs, mas quase nunca vão ganhar nada sozinhos. E, mesmo tendo um Kevin Durant ao seu lado, agora sem que estivesse atrapalhado por nenhuma lesão inoportuna, seu OKC fica pelo caminho, mesmo tendo três chances para fechar a série, enquanto o Warriors busca o bi.

Essa questão de desrespeito a Curry não é uma novidade, aliás, mesmo que escrever isso não pareça ter nenhum sentido. São vários os veteranos aposentados que dão voz a um grupo ainda aparentemente grande de críticos que não digerem bem o que Curry apronta. “Porque ele parece ter 12 anos”, respondeu Steve Kerr, na coletiva pós-jogo, dando de ombros. O descrédito ao genial armador também se estende ao time como um todo, aliás. Doc Rivers disse que eles tiveram sorte no ano passado rumo ao título, devido a lesões e eliminações inesperadas. As 73 vitórias desta temporada, recorde que vai demorar para ser incomodado, seriam fruto de uma liga esvaziada, sem o talento de 20, 30 ou sabe-se lá quantos anos atrás.

Agora que derrotaram Durant e Westbrook em uma virada marcante, pode ser que tenham um pouco de sossego. Para eles, essa percepção incomoda um pouco, mas não é nada que os atrapalhe em quadra. Eles seguem em frente e buscam o bicampeonato agora novamente contra os LeBrons. Cientes de que, se a coisa ficar feia, entre tantos recursos, têm justamente a arma que mais incomoda essa turma do contra — ou dos descrentes de suas habilidades, talvez seja o melhor termo. Que é essa capacidade de bombardeio que, contra o Thunder, fez toda a diferença.

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