Vinte Um

LeBron volta a reinar, e Cavs vai ao Jogo 7 crendo em virada inédita

Giancarlo Giampietro

lebron-game-6-finals-cavs

O Golden State Warriors fez uma vez. Por que o Cleveland Cavaliers também não pode?

Parece que já passou um século já, mas foi há questão de semanas apenas que os atuais campeões completaram uma virada incrível para cima do Oklahoma City Thunder pela decisão do Oeste, quando estava perdendo por 3 a 1. Pois é. Era a mesma desvantagem que o Cavs enfrentava pelas #NBAFinals, e cá estamos: após mais um massacre jogando em casa, triunfando por 115 a 101 nesta quinta-feira, o a série está empatada, caminhando para um sétimo jogo realmente proibido para cardíacos, como diria o outro, no domingo.

Primeiro foi um quarto arrasador para abrir os trabalhos, vencido por 31 a 11. Depois, teve a cabeça fria para lidar com duas reações dos perigosos visitantes. E aí veio um LeBron James soberano no segundo tempo, para marcar 41 pontos pelo segundo jogo seguido e fazendo de tudo em quadra. Após uma grande partida, sem dúvida, seu time chega a Oakland acreditando ser plenamente plausível sua missão de ser o primeiro time a sair do 3 a 1 contrário para levar o título.

>> Não sai do Facebook? Curta a página do 21 lá
>> Bombardeio no Twitter? Também tou nessa

Além dos 41 pontos, foram 11 assistências, 8 rebotes, 4 roubos de bola e 3 tocos para LBJ, em 43 minutos, com um saldo de 26 pontos. Ele acertou 16 de 27 arremessos, com 3-6 no perímetro. Sozinho, ele conseguiu o mesmo número de passes para cesta, recuperações e bloqueios que os cinco titulares do Warriors somaram. Impressionante. Acho que, a não ser no caso de um dos Splash Brothers marcar 60 pontos na sétima partida, com vitória, não dá para imaginar um cenário em que o troféu de MVP da decisão não vá para o camisa 23. Nos últimos dois jogos, ele tem 82 pontos, 24 rebotes, 18 assistências, 7 roubos e 6 tocos, com 7-14 de longa distância, algo que faz toda a diferença.

A gente pode falar de ''cabeça fria'' para o Cavs, sem problema. Porque não é fácil manter a compostura quando um time como o Warriors vem para cima. Kevin Durant e Russell Westbrook que o digam. Mas o coração dos caras estava a mil, desde o tapinha inicial, com mil batimentos por segundo, mesmo, de tanta energia que levaram para quadra, como num repeteco do Jogo 3. Foram oito pontos seguidos, e não pararam por aí. Cesta após cesta, enquanto, do outro lado, fechavam a porta na cara de todos, permitindo apenas o moribundo Harrison Barnes arremessar.

Steve Kerr parou o jogo e, o pior: não havia nem mesmo um Andrew Bogut para substituir e uma ''Escalação da Morte'' para ativar. Na verdade, sem o pivô australiano, que não volta mais nesta temporada, o técnico já havia começado o duelo com seu melhor quinteto, que havia terminado as finais do ano passado com 42 pontos de saldo. Em seus primeiros minutos, essa escalação saiu perdendo por oito. Em nenhum momento, conseguiram assumir o controle da partida como a unidade que se tornou a mais temida da liga desde a decisão de 2015.

A primeira parcial terminou com placar de 31 a 11. Os 11 pontos do Warriors não eram só a pior marca da equipe nesta temporada em um quarto inicial como foi a pior de toda a história das finais na era de posse de bola cronometrada. Isso aconteceu com a receita básica de defesa + transição. Nos três jogos mais acelerados destas finais, o Cavs saiu vencedor, numa reviravolta muito interessante. O Cavs realmente marcou demais, especialmente na hora de contestar Klay Thompson, que não encontrava espaço nenhum para chutar e, frustrado, passou a se precipitar, e Draymond Green. Sim, ele estava de volta e, por um período que fosse, não fez diferença nenhuma no plano geral.

Green saiu com um saldo negativo de 12 pontos. Curry, com -11. Thompson, com -22. Foi feia a coisa. Eles foram dominados, por mais que tenham em duas ocasiões, nos segundo e terceiro períodos, encurtado seu déficit, para um só dígito, tendo posses de bola extra para encostar de vez. Mas não conseguiram. E não só pelos méritos de LeBron, que anotou 17 pontos no quarto final.

Curry se perdeu em faltas e perdeu a cabeça em sequência. Rara expulsão

Curry se perdeu em faltas e perdeu a cabeça em sequência. Rara expulsão

O Warriors, por conta, também cometeu erros tolos, para além dos chutes bizarros de Thompson. Os mais custosos foram as faltas, novamente, desnecessárias de Stephen Curry. O acúmulo o tirou de quadra cedo e depois o deixou em posição precária para marcar um cara como Kyrie Irving. E que, a 4min22s do fim, o levaram a uma rara exclusão, quando seu time perdia apenas por 12 pontos, algo que não acontecia desde dezembro de 2013. E, sim, 12 pontos entra na conta do ''apenas'' quando é o Warriors que está em quadra. Se a sexta falta foi bastante duvidosa, as outras cinco, não achei – para Kerr, foram três. O problema é maior por ser recorrente e por ter atrapalhado uma noite em que havia chegado a 30 pontos em 20 arremessos e 35 minutos. (Steph, aliás, converteu seis bolas de longa distância e quebrou o recorde de Danny Green numa série final. Como se estivesse valendo algo agora…)

FINAIS DA NBA
>> Jogo 1: Livingston! Os reservas! São as finais da NBA

Mais: Leandrinho voltou a ser um vulto. Na melhor hora
>> Jogo 2: Não é só o Warriors 2 a 0. Mas como aconteceu
Mais: São sete derrotas seguidas, e LeBron está cercado
>> Jogo 3: Enérgico, Cavs responde na série das lavadas
Mais: Love sai do banco, mas como fica o Cavaliers?
>> Jogo 4: Curry desperta, mas não só. GSW perto do bi
Mais: Draymond suspenso. A festa do Warriors também?
>> Jogo 5: LBJ vilão e Kyrie inspirados estendem a série
Mais: Convergência perfeita para o Cavs. É sustentável?

Ao seu lado, Thompson demorou quase 30 minutos para esquentar a mão. Fez estragos no terceiro período em mais uma investida preocupante do Warriors, que tornou a baixar seu déficit para um dígito, mas aí LeBron estancou tudo. O ala terminou com 25 pontos em 21 arremessos, e apenas 30% de acerto em 10 tentativas. Ao menos reencontrou o rumo da cesta para não voltar para casa tão perturbado assim.

O mesmo não pode ser dito sobre Harrison Barnes, que teve mais um jogo de doer, saindo zerado de quadra em oito arremessos. Ainda no quinteto inicial, Draymond Green ficou em oito pontos. Já Andre Iguodala sentiu um desconforto lombar logo no início da partida e se arrastou pela quadra. Recebeu tratamento especial quando era substituído, bateu o pé com a comissão técnica para seguir atuando e simplesmente não conseguiu ser efetivo. Marcou cinco pontos e deu três assistências. Produção muito baixa.

As mazelas dos atuais campeões não se limitaram ao seu poderoso, mas agora irregular ataque. Sua defesa permitiu novamente que o Cavs conseguisse ótimos índices de acerto, com 51,9% nos arremessos. Sofreram tanto nos tiros de longa distância (37%, com 10-27) como no garrafão, levando 42 pontos na zona pintada. Ao menos impediram que Thompson engolisse a tabela ofensiva, com muito suor de Draymond  – ainda assim, foram 15 pontos e 15 rebotes para o pivô canadense. No geral, o Cavs conseguiu oito rebotes na tábua do aversário.

A coisa seria ainda mais feia não fosse mais uma bela apresentação de Leandrinho. Um dos destaques pelo Jogo 1, o ala brasileiro entrou muito bem no segundo período, com firmeza, decidido, e anotou 14 pontos em 18 minutos, com 50% de acerto. O ligeirinho merece mais minutos na sétima partida, ainda mais se Barnes não retornar do Ártico. Anderson Varejão também teve boa participação e, na partilha dos minutos de Bogut,  deveria ter prioridade em relação a Ezeli. Não por serem convocados de Magnano. Mas pela produção recente, mesmo.

Ah, o Jogo 7… Vai demorar um tanto para chegar o domingo. Em sua entrevista, tentando manter a cabeça erguida, Kerr lembrou que foi para isso que eles detonaram na temporada regular: para ter o mando de quadra. Isso é fato. Ninguém vai tirar isso do Warriors, e o retrospecto é todo favorável aos anfitriões. Das 18 séries que acabaram na sétima partida, o time da casa saiu vencedor em 15 delas. Agora, o mesmo Warriors sabia que jogava contra os números ao aprontar para cima de OKC. Naquela ocasião, o Cavs estava descansando, tomando nota. Pelo fato de terem estendido o confronto, já foi uma proeza. Essa é apenas a terceira vez na história em que um time se recupera de uma derrota parcial por 3 a 1. O último havia sido o Lakers de 1966, para termos uma ideia. E nunca esse time chegou a completar a virada. Após duas grandes vitórias, podem ter certeza de que, na cabeça dos LeBrons, esse retrospecto não vai dizer nada.

***Receba notícias de basquete pelo Whatsapp***
Quer receber notícias de basquete no seu celular sem pagar nada? 1) adicione este número à agenda do seu telefone: +55 11 96572-1480 (não esqueça do ''+55''); 2) envie uma mensagem para este número por WhatsApp, escrevendo só: oscar87