Vinte Um

Arquivo : Stephen Curry

Klay Thompson e o Warriors deixam OKC em desespero
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Klay fez mais pontos que Durant e todo o OKC no quarto período

Klay fez mais pontos que Durant e todo o OKC no quarto período

Andrew Bogut saiu exausto de quadra, sem conseguir combater Steven Adams desta vez. Faltam seis minutos, e o Oklahoma City Thunder vencia por seis pontos também. Pouco depois, Draymond Green cometeria sua quinta falta, nesses rompantes dele. Situação delicada para Steve Kerr. Na hora de encerrar ou prolongar sua temporada, o técnico do Golden State Warriors então decidiu ativar sua badalada “Escalação da Morte”, que não vinha sendo efetiva na série. Talvez fizesse todo sentido, mesmo. É a marca registrada do time. Era viver ou morrer com eles, de todo modo.

Eles sobreviveram. O quinteto composto por Steph Curry, Klay Thompson, Andre Iguodala, Harrison Barnes e Draymond Green venceu esta última parcial por 21 a 8 e conseguiu uma virada histórica, por uma vitória por 108 a 101 em OKC, para forçar o Jogo 7 em Oakland, segunda-feira.

>> Não sai do Facebook? Curta a página do 21 lá
>> Bombardeio no Twitter? Também tou nessa

Os Splash Brothers somaram 70 pontos, ou absurdos 64,8% do total da equipe. O show dessa vez ficou por conta de Klay, que teve um desempenho digno de Hall da Fama ao anotar 41 pontos em 30 arremessos e 39 minutos. Nesse processo de fritura, também quebrou o recorde de bolas de três dos playoffs, encaçapando 11 tentativas. Fez mais chutes de fora do que Kevin Durant e Russell Westbrook no geral. Sozinho, o ala também fez mais pontos que o Thunder em todo o quarto período: 19 a 18 (risos). Veja todas as suas cestas de longe:

Ele não fiou satisfeito, claro. “Poderiam ter sido pelo menos 13, já que errei alguns chutes completamente livre”, disse o ala.  Steve Kerr achou tudo isso bobagem: “O que ele fez foi ridículo, uma das melhores atuações arremessando a bola já vistas”, afirmou o técnico, que sabe uma coisa ou outra do fundamento. 

Depois de um primeiro quarto hesitante, nervoso, Curry foi entrando aos poucos no jogo e terminou com 29 pontos – que devem virar 31 pontos, com uma correção dos mesários –, 10 rebotes e 9 assistências, em 41 minutos. Antes da tempestade Thompson, ele manteve o time vivo no duelo com um terceiro período. E o placar de três pontos da noite foi o seguinte: GSW com 47,7% (21-43), OKC com 13% (3-23). Saldo de 54 pontos para os californianos. É viver e vencer com os Splash Brothers.

Mas não foi só de splash que o Warriors viveu. A defesa também apareceu e permitiu ao poderoso sistema ofensivo dos anfitriões apenas quatro pontos nos últimos 4min48s, liderada pelo eternamente subestimado Iguodala. O cara é o atual MVP das finais, mas a gente pode esquecer facilmente o quanto ele joga. O veterano desarmou, sem ajuda nenhuma, Durant e Westbrook em posses de bola nos últimos três minutos. Fez um trabalho fantástico contra KD no geral, ajudando a limitar o cestinha a 29 pontos.

Opa, peraí: o cara fez os mesmos 29 pontos de Curry, e foi pouco? É que o que contou mais aqui foram os 21 arremessos errados por Durant, oito a mais que o armador. Westbrook também teve dificuldade para fazer cestas. Foram 28 pontos em 27 arremessos, com 17 falhas. Ele somou 11 assistências e 9 rebotes, mas também cometeu cinco turnovers em 43 minutos. E quer saber? Quatro desses desperdícios de bola aconteceram nos últimos dois minutos. O pior de Wess voltou a aparecer na pior hora.

Tudo isso configura uma crueldade, na real, já que pode ter sido o último jogo de Durant como atleta do OKC. Por mais que tenha errado na mira e que Barkley e Shaq já o tenham detonado no intervalo, é preciso entender o contexto. O ala talvez nunca tenha se esforçado tanto na defesa também (com muito sucesso, registre-se), e isso vai interferir do outro lado. O mesmo vale para Curry, aliás, que vem fazendo bom papel contra Westbrook na série. Só nesta partida especificamente que não ficou muito tempo como responsável pela contenção do cara.

Um clássico

Um clássico

Não dá para ignorar que esses números todos foram produzidos num jogo tenso demais. Ou eletrizante. Pode escolher seu adjetivo preferido. Os visitantes fizeram um primeiro tempo fraco, no qual a bola parecia estar pegando fogo (no mau sentido, digo). Cometeram nove turnovers, não acertaram 37% se seus arremessos e ainda viam Curry contido, errando até mesmo dois lances livres seguidos (algo que só havia acontecido duas vezes em toda a temporada). Que tenham ido para o intervalo com apenas cinco pontos de desvantagem, foi praticamente uma vitória. Bem diferente do cenário de terra arrasada dos Jogos 3 e 4. A impressão que fica é que OKC deixou sua grande chance escapar aí. Golden State ao menos compensou com defesa e rebote, vencendo essa disputa. Aí, no segundo tempo, os Splash Brothers fizeram mágica.

Foi uma partidaça. Só temos a agradecer a Warriors e Thunder. Quem se lembra daquele jogo de temporada regular, em fevereiro, por acaso?  Com reação de Golden State novamente e bomba do meio da quadra com Curry?  Foi um clássico instantâneo, obviamente. Mas o que dizer deste Jogo 6, então?

Agora que segunda-feira chegue o quanto antes. A dúvida fica toda direcionada para o emocional de OKC. Deve doer demais essa derrota, e eles têm 48 horas para se recompor. O Warriors já deu sua resposta e mostrou do que seu elenco é feito, com uma formação mortal sem pivôs tradicionais, com seus arremessadores incríveis e uma determinação, um senso de urgência impressionantes. Jogaram como campeões. Aquela confiança, aquele status que são tudo o que Durant e Westbrook buscam.

***Receba notícias de basquete pelo Whatsapp***
Quer receber notícias de basquete no seu celular sem pagar nada? 1) adicione este número à agenda do seu telefone: +55 11 99006-9654 (não esqueça do “+55”); 2) envie uma mensagem para este número por WhatsApp, escrevendo só: oscar87


Por que o time de 73 vitórias está a uma derrota da eliminação?
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Durant surge como força defensiva em escalações (nada) pequenas de OKC

Durant, de quase 2,13m, surge como força defensiva em escalações (nada) pequenas de OKC. Enquanto isso, Draymond entra em crise

Nesta terça-feira, pela primeira vez na temporada, o Golden State Warriors perdeu duas partidas seguidas, se vendo em desvantagem de 3 a 1 contra o Oklahoma City Thunder, pela final da Conferência Oeste. O que quer dizer que o  time recordista de 73 vitórias, atual campeão, está a apenas uma derrota da eliminação. Como chegamos até aqui? Após quatro jogos, com desfecho de certa forma surpreendente, dá para fazer uma boa lista. Seguem sete destes fatores:

1) Este não é o mesmo OKC da temporada regular
Acontece. LeBron James sabe muito bem disso, assim como Tim Duncan e Shaquille O’Neal. Todos esses superastros já participaram de grandes equipes que, ao iniciar sua longa jornada em outubro, estavam cientes de que o que valeria, mesmo, seria aquilo que se apresentasse a partir de abril. Nessa linha, as famosas “rodeo trips” do Spurs acabaram se tornando um símbolo deste longevo período vencedor da franquia. Era quando seu ginásio era fechado para as esporas de verdade fazerem uma bagunça, forçando que o time de Gregg Popovich caísse na estrada, já na reta final de temporada, servindo geralmente como um marco na campanha, ligando o turbo.

Nas últimas duas semanas, os rapazes do Thunder estão com seis vitórias e uma derrota, tendo enfrentado nada menos que Golden State Warriors e San Antonio Spurs, os melhores times da temporada. Conseguiram uma vitória em Oakland e duas em San Antonio, cidades que, durante 82 partidas pelo campeonato, viram suas equipes saírem derrotadas de quadra em apenas três ocasiões.Vai dizer que não é uma surpresa?

>> Não sai do Facebook? Curta a página do 21 lá
>> Bombardeio no Twitter? Também tou nessa

Em termos, sim. Ninguém questiona o talento de Kevin Durant e Russell Westbrook. Na maioria dos confrontos, a equipe teria em quadra pelo menos dois dos três melhores jogadores. Com estes dois no elenco, deveriam ser incluídos obviamente em qualquer lista de candidatos ao título. O que pega é que, no início da campanha – ou até mesmo na chegada aos playoffs –, havia dúvidas quanto aos atletas que o cercavam. Além disso, havia a inconsistência, como o próprio Durant reclamava. Estamos falando ainda de um time que perdeu 27 vezes no campeonato, três a mais do que Warriors e Spurs juntos. Que não se colocou nem mesmo entre as 12 melhores defesas da liga. E que agora virou um rolo compressor.

Neste Jogo 3, eles somaram 16 roubos de bola e 8 tocos. Também venceram a disputa de rebotes por 56 a 40 (isso aqui está de acordo com o normal, por terem dominado a estatística durante toda a jornada). Isso joga muita pressão para cima dos oponentes e, assim como aconteceu com o Spurs, em determinados momentos parece que os jogadores do Warriors estão receosos de atacar, de buscar a cesta, intimidados. Podemos falar de um desgaste mental por parte de Golden State, que é dessas coisas muito difíceis de se quantificar. Mas não dá para tirar o papel de seus oponentes nessa equação. Neste vídeo do Coach Nick, do Basketball Breakdown, vemos alguns lances estranhos dos caras:

2) A aclimatação de Billy Donovan
No caso do Thunder, parece claro não estava planejado que isso acontecesse. Digo, não é que eles tenham entrado relaxados nos primeiros meses de campanha, confiantes de que, chegada a hora mais importante, elevariam seu jogo. Os caras nunca haviam ganhado nada para se permitir esse comportamento. Pelo contrário: se as coisas saíssem mal, isso poderia resultar na despedida de Durant – uma sombra que pairou pelo vestiário o tempo todo, aliás, e pode ajudar a explicar seus tropeços. Por melhor que fosse seu elenco, em uma situação de pressão dessas, o técnico Billy Donovan também não poderia se dar ao luxo, em seu ano de estreia na liga, de dosar esforços, poupar atletas e esconder o jogo para os playoffs. (O torcedor dos Gators, porém, pode argumentar que, entre os moleques, o técnico tinha a fama de fazer suas equipes crescerem nos mata-matas. Então vai saber.)

O fato de Donovan ser um, hã, calouro de NBA pode ajudar a entender esta ascensão, de todo modo. Bicampeão universitário, o técnico tem currículo que não pode ser questionado. Sob sua supervisão, o programa do Florida Gators enviou 19 atletas para a grande liga, sendo que dez ainda estão em atividade. Agora, entre o basquete universitário e o profissional, há uma grande diferença. Por isso, em seu estafe estão dois antigos “head coaches” como Maurice Cheeks e Monty Williams. Precisava de ajuda, mesmo, pois essa transição pede um ajuste para qualquer cabeça basqueteira, mesmo a de um vencedor como esse. E aí vale lembrar que, durante a campanha, Cheeks ficou longe por um mês e meio, devido a uma cirurgia no quadril, enquanto Williams se afastou do time depois de perder a mulher em um acidente de carro. Foi um período obviamente muito difícil, no qual um irmão de Dion Waiters e um dos proprietários do clube também morreram, mas no qual o poder de liderança do treinador se manifestou e se fortaleceu.

O treinador vem fazendo agora um trabalho excepcional contra os gigantes da liga e concorrentes formidáveis como Gregg Popovich e Steve Kerr. Peguem a situação de Enes Kanter, por exemplo. O pivô turco foi fundamental no triunfo sobre o Spurs e recebeu 26,3 minutos em média nas últimas três partidas da série, ajudando a equipe a dominar o garrafão. Contra o Warriors, o que Donovan decidiu? Optar por uma formação mais baixa (supostamente) e jogar menos com Kanter, que ficou apenas nove minutos em quadra nesta terça e está com média de 15,0 pela final de conferência. Está dando certo. A rotação também ficou mais enxuta. Nada de Nick Collison, Kyle Singler (inexplicável a queda de rendimento) e do calouro Cameron Payne, que ainda vai dar o que falar, mas não agora.

Donovan, ex-armador do Knicks, assume o controle em OKC

Donovan, ex-armador do Knicks, assume o controle em OKC

3) A “Escalação da Morte” do Warriors não está matando ninguém
Stephen Curry, Klay Thompson, Andre Iguodala, Harrison Barnes e Draymond Green. Vocês sabem, né? Esse quinteto sem pivôs tradicionais se tornou um terror para toda a liga. Nesta temporada, quando o Golden State usou essa formação, conseguiu um incrível saldo de 47,0 pontos por 100 posses de bola. Entre os quintetos que foram utilizados ao menos por 100 minutos, foi disparado o de melhor rendimento, superando, por sinal, outros dois do Warriors. Pois, nos últimos dois jogos em OKC, este time saiu com saldo negativo de 39 pontos em 19 minutos.

É aí que entra a redução no papel de Kanter, ou até mesmo de Steven Adams, que não passou dos 25 minutos pelos Jogos 3 e 4, depois de brilhar na abertura da série em Oakland. Em vez de marretar os campeões com um time mais alto, Donovan vem optando, com muito sucesso, por um quinteto mais flexível (mas que não pode nem a pau ser chamada de “baixa”), com Ibaka e Durant na linha de frente, acompanhados de Andre Roberson, Dion Waiters e Russell Westbrook. Juntos por 14 minutos nesta terça, eles fizeram um saldo de 26 pontos para os anfitriões, com parcial de 46 a 20. Se for para medir também por 100 posses de bola, essa escalação descoberta por Donovan tem vencido por 68,5 pontos (gah!). De novo: sessenta-e-oito-vírgula-cinco-pontos.

4) Draymond Green, caçando borboletas
Se a “Escalação da Morte” não está fazendo efeito, isso tem a ver com a efetividade de seus marcadores, mas também envolve seus próprios integrantes, que não estão produzindo conforme o esperado. Um deles é Draymond Green, que, ao final da partida, deu licença aos jornalistas que cobrem o time a criticá-lo sem dó. Que a coisa foi feia, mesmo. O líder emocional do Warriors até pegou 11 rebotes, mas terminou com o mesmo número de pontos e turnovers: seis. Também errou seis de seus sete arremessos.

Geralmente uma das figuras mais assertivas da NBA, dentro e fora de quadra, daqueles que nunca passa despercebido. Dessa vez ele foi notado desde o início por seus passes desgovernados e a indecisão em geral com a bola, num comportamento bastante estranho, de quem até parecia constrangido pelo fato de não ter sido suspenso após seu entrevero com Steven Adams. Nas duas derrotas em OKC, seu time teve um saldo negativo de 73 pontos nos minutos em que esteve em quadra. Algo totalmente bizarro para o jogador que, na temporada, liderou a liga em plus-minus, com 1.070 pontos de saldo. Pense nesse contraste. “No final das contas, sei que tenho de ir muito melhor no Jogo 5. É tudo ou nada. Trabalhamos muito para sermos eliminado desta forma. Não seria capaz de conviver comigo mesmo durante todo o verão se formos perder assim”, disse. Draymond vai lutar, vai se impor? Ele nos acostumou a isso. No momento, estão todos com dificuldade para entender a apatia da equipe. “Sou a fonte de energia desta equipe, e não tenho feito isso. Acho que nossa energia vai de acordo com a minha, e tenho sido horrível.”

5) Stephen Curry está bem, segundo Kerr. Mas, não
O MVP dos últimos dois campeonatos voltou de uma torção no joelho e deu um show em Portland. Depois, para igualar a série em Oakland, anotou 15 pontos em dois minutos do segundo quarto pelo Jogo 2, numa dessas exibições que não fazem o menor sentido. Então é difícil realmente apontar para sua contusão e dizer que o fraco desempenho nos últimos dois jogos seja resultado daquilo. Afinal, ele já teve seus momentos de brilhantismo nestes playoffs. Segundo Steve Kerr, o armador não está sentindo nada fisicamente. “Ele não está machucado. Está voltando depois do susto, mas não está lesionado. Ele teve apenas uma noite péssima. Acontece, mesmo para os melhores jogadores do mundo”, disse o técnico.

No geral, porém, percebe-se um Curry relativamente fora de sintonia, de acordo com o alto padrão apresentado nos últimos anos. O que mais chama a atenção é o elevado número de turnovers. Desde que retornou ao time, já foram 24 turnovers em seis partidas, ou quatro por jogo. Contra OKC, essa tem sido praticamente a mesma média em assistências (4,5). Depois, é só ver que ele acertou *apenas* 37,1% de seus arremessos de três e que, no geral, seu aproveitamento de quadra é de 41,9%, coisa para Allen Iverson. Nesta terça, ele matou apenas 2-10 de fora, e cinco de seus oito erros foram sem marcação. Não tem sido o melhor Curry contra uma defesa que está fazendo do seu melhor para atrapalhá-lo. Está difícil para agir em meio ao caos que os superatletas do Thunder causam, algo inesperado para um time que adora jogar em alta velocidade. Seus oponentes só são mais rápidos e fortes. O Warriors levou mais de 70 pontos em dois jogos seguidos, e essa hemorragia vem de momentos de descontrole dos atuais campeões, que não conseguiram 1) correr de modo organizado e 2) mudar o ritmo da partida. Isso fica sob responsabilidade de seu armador. “Tenho de melhorar nisso e entender o momento, as situações em que o jogo pode pender de um lado para o outro”, disse. “Nas últimas duas partidas, o jogo fugiu de nós. Muito disso fica sobre meus ombros.”

Pensando nisso, com Curry já pressionado no ataque, é estranha a decisão de Kerr de colocá-lo para marcar uma força da natureza como Westbrook. Por ora, o condutor do Thunder tem sobrado.

6) Andre Roberson não é mais um cone
Steve Kerr fez isso no ano passado com Tony Allen e estava preparadíssimo para repetir a estratégia contra o ala do Thunder: simplesmente ignorá-lo na defesa, para tentar usar cinco defensores contra quatro atacantes. Para quem não se lembra, foi o grande ajuste realizado pelo técnico na série contra o Memphis Grizzlies, colocando Andrew Bogut para ‘marcar’ Allen. Na verdade, o pivô ficava o mais distante possível do ala, ciente de que ele não representava ameaça nenhuma como chutador, ao passo que poderia congestionar o garrafão e oferecer mais resistência a Zach Randolph e Marc Gasol. Para alguém que acertou apenas 31,1% de seus arremessos de três na temporada, Roberson parecia um ótimo candidato a receber o mesmo tratamento. A diferença é que Draymond Green seria o hipotético marcador – na verdade, o ala-pivô ganhou liberdade total para flutuar pelo perímetro interno e tentar se intrometer entre os All-Stars do Thunder e a cesta.

Funcionou apenas no Jogo 2. Desde então, vem sendo uma furada, e a razão não é porque Wess e Durant são muito bons e não se atrapalham com uma dobra, tampouco pelo fato de Roberson ter acertado seis chutes em 11 tentativas na série (54,5% de aproveitamento, mas com volume muito baixo). O maior problema aqui foi a resposta que Donovan deu a essa ousada cartada de Kerr. Em vez de deixar seu titular estacionado na zona morta – como aconteceu contra o San Antonio, em série na qual ele estrangulou o ataque do time –, o técnico agora o envolveu mais no ataque, como verdadeira arma. Sinceramente, foi genial.

O SB Nation publicou um artigo que explica tudo em detalhes, com ótimos vídeos. Mas, basicamente, é o seguinte: o ala tem feito corta-luzes na cabeça do garrafão e mergulhado para ser acionado no pick-and-roll. Quando está do lado contrário, ele corta para a cesta pelo fundo, nas costas da defesa, toda concentrada no que Durant ou Wess vão fazer. O importante é que ele continue se movimentando e que seus companheiros estejam atentos para aproveitar as brechas. Roberson pode não ser um exímio atirador de longa distância, mas é atlético e rápido para ir para a cravada ou uma bandejinha. Fez 17 pontos, seu recorde pessoal, e ainda apanhou 12 rebotes  no Jogo 4, e Donovan se divertiu: “É engraçado. Depois do Jogo 2, as pessoas estavam perguntando se este cara iria até mesmo jogar no restante da série. Mas o Andre é um bom jogador, e acho que por vezes podem ignorar que ele faz jogadas vencedoras”. Aqui está o ala recebendo um passe de beisebol de Adams, sozinho debaixo da tabela:

7) A lobotomia de Dion Waiters
O ala-armador exigiu muita paciência de diretores, técnicos e jogadores em Cleveland. Até que chegou o momento em que ninguém aguentava mais, muito menos LeBron e Kyrie. O gerente geral David Griffin percebeu que precisava chacoalhar as coisas, que David Blatt precisava de reforços, e aí sobrou para o talentoso, mas problemático Waiters, que ainda despertava um pouco de interesse ao redor da liga. Antes tarde, do que nunca, para tirar algum lucro da quarta escolha do Draft de 2012.  O cara é talentoso. A questão sempre foi que ele entendesse quais seus limites em quadra e quem está ao seu redor. Aceitar um papel de coadjuvante sem resmungar pelos cantos, sem perder a intensidade, mantendo uma postura positiva em quadra.

O Thunder já conta com dois cestinhas fantásticos. Ao lado de Durant e Westbrook (como era o caso com o Big 3 de Cleveland…), uma terceira opção ofensiva não precisa carregar muita carga, mas tem de saber o momento certo de atacar e criar. Depois de muito custo, com uma temporada regular nada impressionante, Waiters encontrou seu espaço nestes playoffs. Na defesa, está combatendo quem quer que lhe caiba, depois de pegar gosto pela coisa em sua batalha com Manu Ginóbili. No ataque, parou de forçar a mão, arremessando com eficiência (46,2% de três) e, mais positivo ainda, tem feito a bola girar, dando 3,3 assistências por partida, contra apenas 1,0 turnover.

Essa produção de Waiters, confesso, não estava nas minhas contas. Jamais imaginaria vê-lo render mais que Shaun Livingston na série, por exemplo. Com ele e Roberson desempenhando papéis além da conta, Donovan viu sua rotação se fortalecer para fazer frente a dois timaços. Só KD e Wess não dariam conta.

***Receba notícias de basquete pelo Whatsapp***
Quer receber notícias de basquete no seu celular sem pagar nada? 1) adicione este número à agenda do seu telefone: +55 11 99006-9654 (não esqueça do “+55”); 2) envie uma mensagem para este número por WhatsApp, escrevendo só: oscar87


Quando o prêmio da NBA vem na hora certa. Ou não
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Duas vezes Chef Curry

Duas vezes Chef Curry

Stephen Curry foi aclamado nesta terça-feira como o MVP da NBA 2015-16 de modo unânime. Foi a primeira vez na história que isso aconteceu. Ao receber todos os 131 votos dos jornalistas americanos que participaram da eleição, o astro do Golden State Warriors sobrou mais que o dobro de pontos do segundo colocado, Kawhi Leonard. Michael Jordan, em 1995-96, não por coincidência o ano das 72 vitórias, foi quem mais chegou perto dos 100% de votos: 96,5%.

>> Não sai do Facebook? Curta a página do 21 lá
>> Bombardeio no Twitter? Também tou nessa

Curry também foi o MVP que mais aumentou seu índice de eficiência de uma temporada para a outra, subindo em 3,5 pontos, para alcançar a marca de 31,56 — para comparar, Kevin Durant foi o segundo nesse quesito, com 28,25. Até este ano, o legendário Larry Bird foi quem havia mais crescido, entre 1984 e 85, no auge, quando ganhou 2,3 pontos de eficiência. Quer dizer: não teve título ou fama que fizesse o astro do Warriors se acomodar. Não é tudo o que se espera de um jogador profissional e tal? Nem cabe polêmica aqui, gente. Deixemos de chatice, por mais que aquela célebre frase de Nelson Rodrigues seja engraçada e instigadora.

Dito isso, então não houve melhor data para que Steph tivesse seu prêmio confirmado pela liga americana, já que isso aconteceu apenas algumas horas depois de mais uma exibição incrível do armador. Voltando de uma contusão no joelho e de um baita susto, ele retornou em Portland para livrar o Golden State de um aperto desnecessário antes da final do Oeste. Depois de levar uma bronca de Steve Kerr pelo empenho abaixo do nível pelo Jogo 3, o time surpreendentemente não deu a resposta de imediato na partida seguinte, tomando uma surra do Trail Blazers nos primeiros minutos. E aí que o técnico se viu obrigado a lançar seu principal atleta um pouco mais cedo do que esperava.

Inicialmente, o plano era que Curry ficasse em quadra aproximadamente por 25 minutos. Mas aí aconteceram o péssimo início de partida e, pior, a exclusão de Shaun Livingston (quem diria?!) ao final do primeiro tempo, se o Warriors quisesse fazer frente aos anfitriões e retornar a Oakland em condição confortável, não teria como limitar os minutos d’O Cara assim. Jogou por 37 minutos e, vocês sabem, anotou 40 pontos, 17 dos quais na prorrogação. Foi um soco no estômago dos jovens valentes do Blazers e mais uma atuação mágica do armador nesta temporada. Mais uma na lista encabeçada por aquela exibição inacreditável em OKC.

Acontece que, por alguns minutos, a cerimônia de entrega do prêmio poderia ter ficado um pouco estranha. Não que uma derrota em Portland fosse desmerecer o conjunto da obra. Claro que não. Mas é que o armador estava encontrando dificuldade em seu retorno às quadras, em busca de ritmo de jogo. Ele chegou a errar nove arremessos de três pontos consecutivos, algo impensável neste ano em condições normais, mas muito natural para quem havia parado por tanto tempo. Então imagine se ele não tivesse reencontrado o rumo? Imagine se não houvesse aquela prorrogação incrível? Enfim. Curry ainda seria o MVP unânime, merecidamente. Mas seria chato, ainda assim.

Muito pior, sem dúvida, foi a experiência que Dirk Nowitzki viveu em 2007, quando seu Dallas Mavericks fez a melhor campanha da temporada regular, liderado pelo craque alemão em seu auge técnico-atlético, atingindo invejável marca de 67 vitórias. Só para, durante os playoffs, se tornar um dos casos raros de cabeça-de-chave número um a cair logo na primeira rodada, eliminado pelo Golden State Warriors por 4 a 2. O Mavs foi derrotado por um elenco de atletas explosivos (em todos os sentidos) como Baron Davis, Monta Ellis, Stephen Jackson, Jason Richardson, liderados pelas traquinagens de Don Nelson, seu antigo mentor.

Quando a NBA programou a entrega do troféu para Dirk, o time texano já havia sido eliminado, e a repercussão da época foi humilhante. Lembremos que isso foi quatro anos antes de chegarem ao título. Até 2011, a verdade é que o ala-pivô era visto por muitos como um tremendo de um amarelão (argh!!!), leão de temporada regular que morria sempre na praia. Acho que LeBron James e Dwyane Wade não concordariam com essa versão hoje. De qualquer forma, esta lenda viva do basquete estava simplesmente desmoralizada na hora de dar a coletiva. Foi um episódio deprimente.

*   *   *

O prêmio de MVP é aquele que recebe mais atenção em uma temporada. Muito mais que o de Executivo do Ano, que R.C. Buford recebeu este ano, claro. O gerente geral do San Antonio Spurs, que trabalha em parceria com Gregg Popovich (o presidente do clube) ganhou seu troféu na segunda-feira, um dia antes de Curry e um dia depois da derrota de sua equipe para o Oklahoma City Thunder pelo Jogo 4 das semifinais. A série estava empatada naquele momento. Hoje, depois de mais um jogo muito equilibrado e nervoso, Russell Westbrook e Kevin Durant conseguiram a virada e voltam para casa com a chance de fechar o confronto nesta quinta.

A ameaça da derrota perante OKC não tira o brilho das operações que Buford conseguiu realizar em julho do ano passado, arrumando espaço em sua folha salarial para contratar LaMarcus Aldridge, o principal agente livre no mercado. Ao fechar o negócio, Buford não só deu a Tim Duncan a chance de reeditar essa história de Torres Gêmeas em San Antonio, fazendo do time um candidato ainda mais forte ao título, como também já garantiu ao clube a composição de um núcleo para o futuro, emparelhando o pivô e Kawhi Leonard. A visão de futuro, aliás, é algo que diferencia a celebração do Executivo do Ano das demais votações, que avaliam estritamente a relevância mais urgente dos fatos.

Na temporada regular, em termos imediatistas, o novo San Antonio já foi um sucesso, conseguindo 67 vitórias. Dá para dizer que só não atingiram a marca de 70 triunfos porque, na cabeça de Gregg Popovich, há coisas mais importantes que um números simbólico. Em termos de estatísticas, valoriza-se mais o fato de terem combinado a melhor defesa com o terceiro melhor ataque. Em casa, a equipe sofreu apenas uma derrota em 41 partidas. Tudo redondinho, e não seria o combalido Esquadrão Suicida do Memphis Grizzlies que os incomodaria na primeira rodada dos playoffs. Até que chegou a hora de mais um duelo com o Okalhoma City Thunder…

Negócio surte efeito de curto a longo prazo

Negócio surte efeito de curto a longo prazo

Não tem o que apagar aqui: admito que não imaginava chegar ao dia 11 de maio com o Spurs a uma derrota da eliminação. Um time foi uma máquina e fez uma campanha memorável. O outro tinha dois dos melhores atletas da liga, mas foi bastante inconsistente na temporada, especialmente na hora de proteger sua cesta. Com atletas de alto nível como Serge Ibaka, Steven Adams, Andre Roberson, Kevin Durant, Russell Westbrook e Dion Waiters, Billy Donovan não conseguiu forjar mais do que o 12o. sistema defensivo mais eficiente da liga. O mesmo sistema que deu ao Dallas algumas chances pela primeira rodada.

Acontece que o Thunder apertou os ponteiros. Pensando assim, a vitória arrasadora do Spurs pode ter sido um divisor para este elenco. Basta recuperar as declarações de Durant e Westbrook para ver o impacto. Foi vergonhoso, ainda mais pensando em todo o histórico recente compartilhado por estes núcleos. Excluindo este primeiro resultado, temos um saldo geral de 15 pontos para o Thunder. Está muito parelho, e que OKC tenha vencido três dessas quatro partidas é algo inesperado, mas que nos diz muito sobre a virada de uma equipe, já que, pela primeira fase, esses caras se notabilizaram pela derrocada nos minutos finais. É verdade que a arbitragem cometeu erros absurdos na segunda partida e também nesta terça-feira, ao deixar dr marcar falta de Kawhi Leonard em Russell Westbrook na última posse do adversário. Mas San Antonio teve chances em ambos os casos para triunfar antes e depois dos deslizes e não as aproveitou.

Dos Jogos 2 ao 5, tivemos partidas com dinâmica bastante parecida. O Spurs abrindo alguma vantagem mas primeiras parciais, e o Thunder zerando consistentemente esse prejuízo, e não só por ter dois cestinhas que aterrorizam qualquer marcador. Até o momento, o elenco de apoio a Durant e Wess tem sido determinante. Steven Adams e Enes Kanter têm trucidado seus oponentes na disputa por rebotes. Dion Waiters também está acabando com Manu Ginóbili, a despeito da barbaridade que cometeu no Jogo 2. Randy Foye também pode incomodar quando aberto na zona morta e compete muito mais que Anthony Morrow.

A novidade aqui é o ganho coletivo de OKC. Demorou, precisou que levassem uma sova, mas o time se encaixou. Quando a química funciona, jogadores tendem a se soltar e crescer. Do lado de San Antonio, porém, Buford e Popovich não podem se declarar inteiramente surpreendidos. À parte de LaMarcus, a dupla formou um elenco bastante velho, e o risco de que pudessem penar física e atleticamente, contra o Thunder — ou Warriors, Clippers, Rockets etc. Até o caçula de San Antonio, o ala Kyle Anderson, de apenas 22 anos, fica devendo, por ironia.

Não está fácil a vida de West contra OKC

Não está fácil a vida de West contra OKC

Para diminuir essa possibilidade, Pop administrou mais uma vez muito bem seus minutos. Beirando os 40 anos, Duncan ficou fora de 21 jogos e não poderia passar dos 25 minutos em média, mesmo. LaMarcus tromba mais, mas ficou em 30,6 minutos. Diaw e West receberam 18 minutos. Tony Parker, 27. Danny Green, 26. Eles chegaram descansados, gente. Mas nem isso foi o bastante para que possam equilibrar a disputa com o Thunder. Uma hora a idade poderia pesar, e infelizmente, para Duncan e West, isso parece ter acontecido na pior hora. O resultado: o time tem simplesmente uma enorme defasagem em termos de capacidade atlética, e isso tem interferido diretamente na técnica também. Por vezes parece que Kawhi está lutando sozinho em quadra — que ele, ainda assim, consiga incomodar os caras, só mostra o quanto é excepcional.

Peguem o Jogo 5 novamente. Juntos, Duncan, Diaw e West somaram míseros nove pontos e sete rebotes. Três jogadores para isso. Steven Adams saiu de quadra com 12 pontos e 11 rebotes. Enes Kanter teve 8 pontos e 13 rebotes. Westbrook pegou mais rebotes que Duncan, West e Kawhi juntos, ou mais que LaMarcus e West. Em 19 minutos, Ginóbili só tentou quatro arremessos e anotou três pontos. Waiters anotou o triplo. Por aí vai, saca? Num estalo, tudo o que San Antonio construiu na temporada vai ruindo.  O torcedor e os treinadores da fantástica franquia texana sabem que seu time não vai rejuvenescer em dois dias. Podem sempre jogar mais animados, concentrados, preparados. Mas está complicado.

Se o que vimos até aqui é tudo o que seus veteranos podem oferecer, mesmo, talvez seja a hora de Popovich tentar uma cartada mais ousada nesta quinta-feira. Mesmo que não tenha tantas opções assim. Daí que não dava para entender bem a contratação de Andre Miller durante o campeonato. O que um armador de 39 anos poderia acrescentar a este time de diferente? Kevin Martin ao menos representava uma apólice de seguro para Ginóbili. Miller não teria condições de fazer nada se Tony Parker se lesionasse. Seria improvável que um jogador de D-League pudesse fazer a diferença neste nível. Mas tivemos vários casos recentes de atletas que conseguiram ajudar os times que os valorizaram, nem que tenha sido de modo pontual. Troy Daniels, ex-Rockets, hoje do Hornets, foi um. Tyler Johnson, do Heat, é outro. Mesmo James Michael McAdoo, pelo Golden State, oferece algo de diferente a Steve Kerr.

Quem sabe Boban Marjanovic? Por mais que o gigante tenha ficado mais famoso em seu primeiro ano de NBA como figura cult, ou até uma mascote, não dá para esquecer que ele que ele foi muito produtivo nos poucos minutos que recebeu. Também é um calouro só por nomenclatura. Obviamente que não seria o caso de por o sérvio de titular e para jogar por 40 minutos. Mas vindo do banco no lugar de um dos veteranos?  Por que não? Com 2,22m de altura, pesado, ficará vulnerável em situações de pick-and-roll, e não é que os pivôs utilizados possam impedir infiltrações de Westbrook e Durant, mesmo. Mas Boban pode ao menos bloquear Enes Kanter nos rebotes. Em caso de problema de faltas para Danny Green, talvez valha tentar Jonathon Simmons na vaga de Anderson?  Você abre mão de chute de média distância e passe, mas ganha muito em vigor e explosão.

Seriam as alterações possíveis em relação ao que Pop vem tentando. O fato de todos os últimos quatro jogos terem sido equilibrados talvez pese na cabeça do técnico. De não é momento para chacoalhar a rotação, nem necessário. Pode muito bem ser isso, mesmo. Decisão difícil.

Pelo fato de ter assegurado contrato de LaMarcus para os próximos três anos, perder agora não seria um desastre para o Spurs. Porém, com a possível aposentadoria de Duncan e Ginóbili, o envelhecimento também de Parker e a campanha que fizeram até aqui seria uma dura derrota, maior que qualquer prêmio individual.

***Receba notícias de basquete pelo Whatsapp***
Quer receber notícias de basquete no seu celular sem pagar nada? 1) adicione este número à agenda do seu telefone: +55 11 99006-9654 (não esqueça do “+55”); 2) envie uma mensagem para este número por WhatsApp, escrevendo só: oscar87


Lesão de Curry: não é o pior dos cenários, mas aflige o Warriors
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

curry-warriors-injury-houston

Pegue aí qualquer uma dessas frases prontas, de efeito, que você provavelmente ouviu primeiro de seu avô, do coordenador pedagógico do ginásio ou no balcão da padaria, enquanto o sanduba não sai da chapa: “A vida é injusta”, “nada dura para sempre”, “na vida, você tem de brigar por aquilo que é seu”, e por aí vamos.

Quando um jogador como Stephen Curry se lesiona, talvez seja o caso de se apegar a este tipo de mensagem, mesmo, já que “a vida não pode parar”. Depois de escorregar em quadra em Houston e torcer o joelho, o MVP da temporada 2015-16 da NBA foi submetido a uma ressonância magnética nesta segunda-feira, e o diagnóstico tem efeito, no mínimo, ambíguo. Não foi o pior dos cenários para o Golden State Warriors. Mas foi o suficiente para ameaçar seriamente a campanha rumo ao bicampeonato. O que deu? Uma distensão no ligamento colateral medial do joelho direito, que liga o osso da coxa ao da canela. Como foi de primeiro grau, isso geralmente significa que houve dano mínimo a algumas fibras do ligamento — a de terceiro grau significaria a ruptura total. Você em geral nem sente dor quando se aperta, mas há inchaço e incômodo, uma falta de estabilidade. Haja compressa de gelo, almofada, anti-inflamatório e afins.

De acordo com o anúncio oficial, estima-se que Curry precise de aproximadamente de duas semanas para ser reavaliado. Uma pessoa se recupera em ritmo diferente da outra, mas é preciso cuidado, para que o jogador não volte de modo precoce às quadras, com o risco de sofrer algum dano permanente. Zeloso do jeito que o Golden State Warriors é, difícil que aconteça, mesmo que numa situação de angústia e pressão como essa. Ainda mais quando estamos falando de uma figura transcendental como Steph. A NBA não vai encerrar suas atividades em junho. Por outro lado, existe a vontade do jogador, que não quer virar as costas para seus “irmãos”, que acredita que qualquer lesão é superável e que talvez até mesmo dependa dessa autoconfiança para atingir o nível que atingiu, depois de duas cirurgias de tornozelo. Complicado julgar qualquer coisa, mas a cautela, quando o assunto é saúde, parece sempre o melhor caminho, mesmo que o duelo sorte x azar sempre esteja por aí, não importando o quão competente é o seu departamento de basquete.

>> Não sai do Facebook? Curta a página do 21 lá
>> Bombardeio no Twitter? Também tou nessa

Alheios, de momento, a essas questões, o gerente geral Bob Myers, o técnico Steve Kerr e cada membro do estafe e do elenco obviamente torcem para que sua reabilitação seja rápida. Também há toda uma estrutura e um orgulho dentro da franquia para que isso não vire uma enorme distração ou uma desculpa. Agora, claro, quanto mais demorar a série entre o Los Angeles Clippers e o Portland Trail Blazers, melhor. Embora ninguém vá dizer isso em público, Jogo 7 no confronto é o que há, para Golden State.

Dois All-Stars, pré-convocados para o Team USA, com bom retrospecto como dupla na temporada regular. Mas serão testados

Dois All-Stars, pré-convocados para o Team USA, com bom retrospecto como dupla na temporada regular, quando Curry esteve fora. Mas serão testados para valer nas próximas semanas

De qualquer forma, para muitos dos jogadores do Warriors, esse infeliz deslize de Curry representa mais uma oportunidade para provarem seu valor, de tanto que se sentiram desrespeitados antes de o campeonato começar. Não pensem que Draymond Green não está martelando esse conceito na cabeça de seus companheiros, a cada intervalo de treino ou de análise de análise de vídeo. Eles têm mais dois All-Stars, afinal, para assumir mais responsabilidades, e um elenco de apoio que se alternou em diversos momentos salvadores desde 2014. E muito mais:

– Andre Iguodala não vai poder mais ser um sexto homem de luxo, marcando o principal jogador adversário sabendo que vai respirar no ataque. No domingo, contra Houston, já deu uma espécie de resposta, anotando 22 pontos, 5 rebotes e 4 assistências, convertendo 9 de 11 arremessos. Mas, de novo, era o Rockets do outro lado, com um esforço patético. Em abril, voltando após 13 jogos, anotou, no total,  19 pontos no total, em cinco jogos. Durante a temporada, chegou aos 20 pontos em apenas três rodadas. A questão não é exatamente pontuar, mas também criar para os companheiros. “Play-making” geral.

– Shaun Livingston terá sua eficiência testada, com maior volume de jogo e mais atenção de defensores mais gabaritados que os de segunda unidade que se acostumou a encarar. Nestes playoffs, já vem com média de 9,5 arremessos por confronto, quase o dobro dos 4,9 que teve pela temporada, e segue com aproveitamento altíssimo (52,6% — de novo, contra o Rockets).

– Draymond Green também vai ter de operar muitas vezes com o condutor primário de bola, dessa vez sem a distração que Curry representa. Conseguirá ser um passador tão eficaz assim se as linhas estiverem mais congestionadas, ou se seu drible for atacado mais vezes por marcação dupla? Sem contar a energia que obrigatoriamente gasta do outro lado, algo necessário mesmo diante do Houston, para segurar um cara do porte físico de Dwight Howard.

– Klay Thompson não vai poder se contentar apenas com os chutes de fora. Também vai precisar botar a bola no chão e atacar as defesas. Tentar, no mínimo, sacudi-las, desequilibrá-las, e, para tanto, vai contar com a ajuda de um sistema que flui por conta própria, mesmo, com a bola girando rapidamente e sucessivos corta-luzes.

– Harrison Barnes poderia provar que, no ataque, é mais do que um chutador do lado contrário? Dois anos atrás, sob o comando de Mark Jackson, quando era acionado em diversas situações de isolamento, não deu muito certo. Conseguiu expandir seus movimentos, ou simplesmente curte a vida com a rebarba dos Splash Brothers?

Para os pivôs, não dá para pedir muito mais do que executam hoje. Bogut e Ezeli estão limitados a cestas de rebote ofensivo, mesmo, ou eventuais assistências na cara da cesta. Marreese Speights oferece chute, mas precisa de espaço para encaçapar. Vindo do banco, Leandrinho ainda pode produzir por conta própria em situações específicas, mais do que Ian Clark, mas o americano vem ganhando espaço com Kerr e tem sido ligeiramente mais eficiente.

Há números que apontam que o Warriors se saiu bem — muito bem, na verdade — nos  minutos que teve Draymond e Thompson em quadra, com Curry fora. Mas é muito complicado mergulhar nestes números. É trabalho para um analista muito mais capacitado e experiente no assunto, como Kevin Pelton, do ESPN.com. Foram 6,3 pontos por 100 posses de bola para esse tipo de combinação. Para comparar, isso é mais do que o Cavs conseguiu pela temporada regular e quase se equivale ao rendimento de OKC. O problema: estamos falando de 296 minutos, o que dá coisa de 6 jogos. Antes disso, mais importante é que aconteceu em temporada regular, algo totalmente diferente de um cenário de playoffs, com jogadores, jogadas e sistemas dissecados por cada vasta comissão técnica. Por fim, nem sempre eles estavam enfrentando os melhores quintetos adversários.

Um escorregão

Um escorregão

Também não dá para fazer muito mais drama. Está certo que é difícil encontrar paralelos com o drama que Golden State vive agora, já que estamos tratando do atual bi-MVP, o símbolo da franquia e de uma revolução, que acabou de concluir uma das campanhas mais espetaculares da história da franquia. Sim, Curry é tudo isso, e não há como, racionalmente, ser do contra aqui. Mas esta lesão acaba sendo só mais uma lista muito longa de desfalques na pior hora possível. Aqui está uma relação de dez casos do tipo, passando pela quase trágica ruptura de ligamento que Derrick Rose sofreu em 2012, numa série supostamente fácil, molezinha contra Philly, assim como é a do Warriors contra o Rockets hoje. Não precisa nem recuar tanto no tempo assim. O mesmo Warriors enfrentou um Cavs todo desfalcado no ano passado – ainda que não haja como comparar Curry com Irving e Love… Seria o mesmo que o Cavs ir para a final com estes dois (valendo por Draymond e Klay, em tese), mas sem LeBron.

 Agora, antes de qualquer outra coisa, os atuais campeões precisam eliminar o Rockets nesta quarta-feira. Houve quem sugerisse que o próprio time pudesse prolongar sua série. Praticantes do lunatismo, claro, por diversos motivos, sendo os principais deles a mera possibilidade de se abrir uma porta para James Harden e o desgaste desnecessário de Draymond, Klay e demais titulares. Além do mais, se estiverem na pior, um retorno de Curry, a essa altura, não é garantia de que ele possa salvar a equipe — como bem observou Tim Grover, “trainer” de Jordan, Kobe e Wade –, é possível que o armador volte, mas muito longe de sua forma ideal. “Na recuperação de Curry, o condicionamento físico vai importar porque seu jogo passa muito pela rápida mudança de direção. Uma fraqueza no tornozelo também pode ser um fator”, afirmou.

Não deixa de ser curiosa a espera, para ver como este timaço vai se comportar sem o melhor jogador do campeonato. Por mais cruel que seja escrever isto, também não deixa de ser irônico, depois que o proprietário do clube, Joe Lacob, teve a infeliz ideia de dizer à revista do New York Times que sua gestão estava “anos-luz à frente” da concorrência em termos de estrutura e estilo de jogo. Num perfil bastante elogioso, em que se gaba de muitas coisas, Lacob chegou muito perto de dizer que Curry seria um mero detalhe para o sucesso do time, algo que não pegou bem com o jogador, claro. Arrependido, o magnata se mexeu e, antes mesmo da publicação de grande reportagem, entrou em contato com o superastro para tentar se explicar. Agora, sua tese vai ser testada.

Nessa linha de colocações infelizes e eventualmente irônicas, também lembramos o que Doc Rivers disse no ano passado ao avaliar o título do Warriors. Basicamente, disse que eles haviam tido muita “sorte” não só por terem evitado lesões como por terem visto sua chave de playoff se enfraquecer sensivelmente devido à eliminação precoce dos times que mais os ameaçavam — como se a virada vexatória que o Clippers tomou Rockets fosse um acidente, e, não, incompetência de sua parte. Agora, desde que façam sua parte contra Portland, em uma série que não está nada definida, este núcleo terá uma boa chance para justificar parte da lógica de seu técnico-presidente. Do contrário, com uma hipotética derrota nesse ainda hipotético confronto num hipotético cenário sem Curry, reclamariam, chorariam do quê?

Aqui, a ideia não é censurar a liberdade de expressão e defender aquilo que é de mais extremo e chato dentro do universo politicamente correto. Acontece que, numa liga tão competitiva e exigente como a NBA, há momentos em que você deve medir suas palavras. Quem sabe a melhor saída não é apelar ao ditado popular da vez, do tipo: “A vida é longa. Nunca se sabe o dia de amanhã”?

: )

E vida que segue.

***Receba notícias de basquete pelo Whatsapp***
Quer receber notícias de basquete no seu celular sem pagar nada? 1) adicione este número à agenda do seu telefone: +55 (11) 99006-9654 (não esqueça do “+55”); 2) envie uma mensagem para este número por WhatsApp, escrevendo só: oscar87


A NBA inteira aguarda diagnóstico de Stephen Curry
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

curry-injury-houston-knee

O Golden State Warriors espancou o Houston Rockets, por 121 a 94, bateu o recorde de cestas de três pontos pelos playoffs da NBA, abriu 3 a 1 na série, mas não vai comemorar absolutamente nada em seu retorno a Oakland. Pelo menos não enquanto os médicos do clube não comunicarem a Steve Kerr que Steph Curry não sofreu nenhuma lesão mais grave. Que não passe de um susto besta, depois de ele escorregar em uma área molhada da quadra.

Depois de perder dois jogos devido a uma torção de tornozelo, o MVP da temporada (ninguém vai esperar o resultado oficial, certo?) agora caiu de mal jeito ao tentar um arremesso de três pelo segundo período e virou o joelho. O que preocupa demais, especialmente depois de ver sua reação nos corredores e de se saber, via Draymond Green, que ele chorava na lateral da quadra, quando percebeu que não conseguiria jogar mais naquela noite. Curry tentou acelerar sua passada rumo ao vestiário, talvez para provar a si mesmo que a lesão não era tão grave assim, e…

>> Não sai do Facebook? Curta a página do 21 lá
>> Bombardeio no Twitter? Também tou nessa

Para Kerr e seus jogadores, a esperança é que ele não tenha nenhum dano estrutural, de ligamento, e que alguns dias a mais de repouso sejam o suficiente para ele jogar – ajudaria também que Clippers e Blazers prolongassem ao máximo sua série. Vai fazer uma ressonância magnética na segunda-feira, e ninguém merece um desfecho diferente desse. Gregg Popovich certamente detestaria ouvir o contrário. Seria algo devastador e que colocaria um tremendo asterisco na atual temporada.

Por tanto tempo, desde que estes caras abriram sua campanha arrebentando com tudo e todos, virou senso comum que apenas dois ou três fatores poderiam impedir o bicampeonato:

A) o Spurs

B) o Cavs, quiçá

C) uma desgraçada lesão.

Essa terceira alternativa foi tão repetida que até faz o estômago embrulhar. Cadê a madeira mais próxima? Só não vale questionar a decisão de por o armador em quadra. Ele não escorregou porque estava com o tornozelo dolorido. Acidentes acontecem, mesmo com uma equipe que vem controlando sistematicamente o tempo de quadra de seus principais jogadores.

Sem Curry, o Warriors demonstrou seu caráter, bem como a profundidade e versatilidade de seu elenco. Após o intervalo, Andre Iguodala (defesa contra Harden, canivete suíço), Klay Thompson (bangue-bangue!) e Draymond Green (defesa contra Howard, imposição física e canivete suíço) jogaram uma barbaridade.

Os últimos 24 minutos de jogo foram vencidos por 65 a 34, com um bombardeio inclemente de longa distância, mesmo que o melhor arremessador do planeta não estivesse nem mesmo no banco de reservas. Foram 21 cestas de três, ou 63 pontos gerados desta maneira. Recorde. Ao todo, nove atletas mataram ao menos uma de fora, liderados pelas sete de Thompson.

Quer dizer: houve vida sem Curry, com duas vitórias sem que o armador estivesse disponível. Só não dá para se iludir muito com isso. O que o segundo tempo também nos mostrou foi o quanto o nível de esforço deste Houston Rockets pode ser patético. Não há desculpas para esse desempenho.

Fica pior ainda se você for comparar com o que os estropiados Memphis Grizzlies e Dallas Mavericks fizeram para chegar aos playoffs. Mesmo que não representem um desafio tão grande, respectivamente, para San Antonio – que já completou sua varrida – e OKC – depois do susto, a bonança –, não há como questionar sua dedicação geral. Na verdade, não dá para comparar, mesmo, nem imaginar que J.B. Bickerstaff pudesse se comover com seus atletas desta maneira :

(Dave Joerger, com louvor.)

Sem Curry, Steve Kerr pode esperar dedicação semelhante em seu vestiário, claro, com muito mais talento que o Esquadrão Suicida de Memphis ou que os veteranos de Dallas. Pensar em qualquer coisa nessa linha, porém, seria doloroso demais.

***Receba notícias de basquete pelo Whatsapp***
Quer receber notícias de basquete no seu celular sem pagar nada? 1) adicione este número à agenda do seu telefone: +55 (11) 99006-9654 (não esqueça do “+55”); 2) envie uma mensagem para este número por WhatsApp, escrevendo só: oscar87


Os prêmios de sempre e os alternativos da NBA 2015-16. Warriors na cabeça
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

O que você acha que acontece quando um time vence 72 partidas num campeonato? Sucesso também nas premiações individuais. É só conferir os arquivos históricos da liga. Em 1996, o Chicago Bulls elegeu MVP (você sabe quem), técnico (idem) e sexto homem (Kukoc) e também deveria ter ganhado o de defensor também, seja com Pippen e Rodman, que foram afanados por Gary Payton — não à toa seu apelido era Luva. Que fique de aviso. De resto, o texto está imenso, com mais de 3.400 palavras, então chega de onda:

MVP: Stephen Curry

Número 1

Número 1

Te juro.

(Há quem ainda questione se Curry é o melhor jogador da NBA. Talvez nos playoffs LeBron James mostre quem manda ainda. Kevin Durant, 100% fisicamente, também pode construir boa argumentação. Mas não resta dúvida sobre quem foi o melhor jogador da temporada, e de muito longe. Curry é baixote, magrelo, não é o melhor defensor da paróquia — mas marca muito mais do que seus críticos lhe dão crédito –, faz parte de um esquadrão, mas… Foi o jogador mais influente do campeonato. Um número que não ganha tanta publicidade assim e que mostra o valor de Curry numa equipe de 73 vitórias: com ele no banco, o Warriors faz 13,6 pontos a menos por 100 posses de bola e toma 8,7 pontos a mais. Por melhores que sejam Draymond Green, Klay Thompson e Andre Iguodala, está claro quem faz a diferença aqui, e não exatamente por seu volume de pontos.

>> Não sai do Facebook? Curta a página do 21 lá
>> Bombardeio no Twitter? Também tou nessa

Curry esteve acima da clássica marca de 30 pontos por jogo até este mês, mas agora caiu para a extremamente decepcionante marca de 29,8. Né? Foi o mais eficiente da temporada de ponta a ponta. Seus percentuais de arremesso: 50,2%, 45,2% e 91%, registrando mais uma campanha no belíssimo clube de 50-40-90. Para comparar, Klay Thompson, um grande chutador ao seu modo, terminou com 47%, 42,5% e 87%, respectivamente. Foram cinco conversões de longa distância por partida. Nunca um cestinha com mais de 25 pontos em média foi tão eficiente assim em seus arremessos. Com dois títulos em sequência, Steph se junta a Russell, Wilt, Kareem, Moses, Bird, Magic,  Jordan, Duncan, Nash e LeBron como atletas que conseguiram o repeteco em duas temporadas seguidas.)
Quem mais? Pela ordem, iria de Kawhi Leonard (subiu mais alguns degraus na escada rumo ao estrelato, sendo muito consistente e o melhor defensor dessa lista disparado), LeBron James (a despeito de todas as intempéries, dos diversos jogos em que se recusava a marcar, num papelão compensado por uma reta final avassaladora de temporada), Russell Westbrook-Kevin Durant (difícil separar a dupla, sendo que individualmente eles recuperaram um nível absurdo de dominância; posto isso, a equipe deles terminou com campanha inferior à dos concorrentes aqui citados).

Seleção da NBA 1
Curry, Westbrook, Kawhi, LeBron e Draymond

Seleção da NBA 2
Paul, Lowry, Durant, Millsap, Aldridge

Seleção da NBA 3
Lillard, Harden, Crowder, Paul George, Jordan

Com Kawhi e LeBron, sobrou para Durant

Com Kawhi e LeBron, sobrou para Durant

(Estaticamente, Harden ainda está na elite da liga. Aqui, ele conta como uma espécie de LeBron light: alguém que deu muito trabalho desde a pré-temporada, se apresentando fora de forma, sem fazer questão nenhuma de defender Kevin McHale. Agora, vem jogando muito desde janeiro. Experimente tirá-lo do Houston para ver onde iriam parar.

Boogie Cousins tem praticamente todas as suas métricas a seu favor. Mas chega uma hora que tantas derrotas assim pesam mais. A franquia é uma bagunça gigantesca, claro, mas não dá para dizer que ele não contribua para a confusão. Na hora de escolher apenas 15 nomes, isso pesa. Outro que perde pontos nessa linha é Jimmy Butler, com pesar.

Chris Bosh poderia entrar aqui, mas sua preocupante condição médica o afasta. O Miami fica sem um indicado, apesar da ótima campanha. É que não dá para pinçar Dwyane Wade, apenas para ter um deles. Whiteside jogou muito desde fevereiro. Dragic enfim disse a que veio, Luol Deng também se reencontrou. Os calouros ajudaram demais. Enfim, um conjunto muito forte. Assim como o de Boston, com Crowder ganhando destaque pela sua contribuição dos dois lados. O breve período em que ficou fora de ação provou sua relevância.

De qualquer forma, estamos falando da NBA, né? Talento não falta. Klay Thompson, Kemba Walker, Tim Duncan, Dirk Nowitzki, Kevin Love, Ricky Rubio, Al Horford, Andre Drummond bem sabem.)

Técnico do ano: Steve Kerr

De Luke para Steve, com carinho

De Luke para Steve, com carinho

O principal argumento contra Kerr talvez seja, na real, seu principal trunfo. Que é o fato de ter ficado afastado do banco por 43 partidas oficialmente, ainda que desse as caras no ginásio aqui e ali, para os jogos em casa. Ué, mas se ele nem era o estrategista em mais de meia temporada, como é possível ganhar um prêmio? Justamente por seu time ter assimilado tão bem seus conceitos, podendo, sei lá, jogar sozinho. Ou sob a orientação interina de Luke Walton, que não deve ser menosprezado de modo algum. O Warriors viveu suas melhores semanas na temporada quando arrebentou a concorrência logo no início de campanha, vencendo 24 partidas seguidas. Uma sequência que valorizou demais o passe de Walton no mercado.

Mas o mais relevante neste processo todo não foi justamente foi a cultura estabelecida por Kerr? Desde a temporada passada, essa cultura só ganhou força depois do título, com a confirmação de que seguiam o rumo certo Uma cultura com impacto fora e dentro de quadra. Em vez de se acomodarem, seus principais jogadores evoluíram, enquanto, isolando o estouro de Draymond Green em OKC, nenhuma tensão parece ter florescido nos bastidores. Chegaram a 72 vitórias, podendo garantir a de número 73 nesta quarta, a saideira. O recorde histórico da liga. Como não aclamar isso, ainda mais depois de testemunharmos o quão penosa foi a luta nas últimas semanas?

Não que os ajustes durante uma partida não importem. É que, por muito tempo, o Warriors simplesmente não se envolvia em tantos jogos parelhos assim para o intelecto de Walton ser testado. Na metade final da temporada, à medida que se aproximavam do recorde e que a tabela ficava mais complicada (com longa sequência como visitante e múltiplos duelos com Spurs e Thunder), Kerr estava de volta para ajudar seus jogadores a enfrentar a turbulência.

Aqui, a questão maior, claro, é saber o que pesa mais num voto? A campanha surpreendente, os ajustes em meio ao campeonato, com mudanças forçadas por lesões ou trocas, a reformulação de um sistema, tirar o máximo de cada atleta do elenco… Todos fatores que uns vão considerar mais relevantes que outros.
Quem mais? Gregg Popovich mudou de modo substancioso o estilo de jogo do Spurs, assimilou LaMarcus sem interromper a curva de ascensão de Kawhi Leonard e coordenou a defesa mais eficiente da temporada. Do ponto de vista da cultura, o trabalho de Brad Stevens em Boston é especial, levando seus jogadores ao limite de suas capacidades. Steve Clifford também reformulou seu ataque, indo na direção contrária de San Antonio, migrando para o exterior, e colheu grandes resultados. E aí tem a turma que tirou leite de pedra, com campanhas surpreendentes pensando no material que tinham: Terry Stotts, Rick Carlisle e Dave Joerger. Mais Brad Stevens e Dwane Casey. Que fase.

Defensor do ano: Draymond Green

Braço comprido, né, CP3?

Braço comprido, né, CP3?

É, foi o mesmo voto no ano passado. Mas vamos deixar claro que não embarco em nenhuma campanha contra Kawhi Leonard. Não há como não ficar boquiaberto com a pressão defensiva que o endemoniado ala do Spurs exerce sobre os adversários, com o par de mãos mais rápido do Oeste. No ranking defensivo de “Real Plus-Minus” do ESPN.com, Kawhi é o único jogador de perímetro que aparece entre os 30 primeiros colocados, com um honroso quinto lugar. É provável que ele ganhe de novo, se tornando apenas o segundo jogador de perímetro a levar o troféu por dois anos seguidos — e não dá para dizer que não seja justo. Os dois mereciam.

Então, se for para escolher um só que seja, ainda sustento a opinião de que Draymond é mais importante para o sistema defensivo do Warriors, que ainda é um dos cinco mais eficientes da liga. Kawhi, por sua vez, é o defensor mais assustador, individualmente, da liga. Recuperando o texto de 2015 levemente editado: “Green é quem dá o recado, quem dita a intensidade da equipe na hora de parar o adversário. Ele é daqueles que fala horrores – mas que justifica tudo em quadra. Além disso,  seu pacote de força física, inteligência, determinação e estatura mediana para a posição (2,01m oficialmente, mas não chega a tanto) permitem a Steve Kerr confiar num sistema de trocas na defesa. É curioso isso: o fato de ser considerado baixo ao deixar a Universidade de Michigan State fez com que caísse para a segunda rodada do Draft. Hoje, é algo que joga a seu favor de modo único – com sua envergadura fora de série, o centro de gravidade mais baixo (e forte) e o senso de posicionamento impecável, consegue marcar grandalhões numa boa. Ao mesmo tempo, é flexível o bastante para brecar as infiltrações de alas e armadores. Um canivete suíço defensivo que é a segunda principal ferramenta para o Warriors ser este timaço. Além disso, vale registrar que a defesa da equipe sentiu o desfalque de Iguodala, Bogut e Barnes por mais de 12 partidas cada. Para constar, no ranking acima citado, Green também aparece logo acima de Leonard.
Quem mais? Tim Duncan, que mal consegue correr de uma cesta para a outra, mas sabe preencher espaços como ninguém em meia quadra, Paul Millsap, que, entre os homens de garrafão, é aquele das mãos mais ágeis, Ian Mahinmi, aquele que apagou Hibbert da memória coletiva em Indiana. 

Jogador que mais evoluiu: CJ McCollum

Pode atacar, CJ

Pode atacar, CJ

Deve ser o favorito ao prêmio no mundo real.  Uma coisa é ter seu brilhareco numa série de playoffs que se encerrou em cinco jogos, anotando 17,0 pontos, dando 4,0 assistências e matando 47,8% de seus tiros exteriores. Outra é sustentar esse ritmo durante todo um campeonato, enfrentando defesas muito mais atentas em relação a suas jogadas favoritas, especialmente quando o elenco ao seu redor perdeu alguns nomes expressivos. No caso de McCollum, desde já uma das fontes favoritas de toda a mídia enebeana, por ter se formado em jornalismo. O armador do Blazers, na verdade, superou seu rendimento dos mata-matas do ano passado contra o Grizzlies, tanto em números absolutos como na média por minutos, finalizando sua campanha com 21,6 pontos e 4,4 assistências. Não foi só o caso de elevar os números simplesmente por ter ganhado mais tempo de quadra. Mais minutos traduzem em mais confiança, claro. E, com a moral elevada e a licença de Stotts e Lillard para chutar, o atleta de de 24 anos passou a disparar (17,9 chutes por jogo) e com qualidade (44,8% no geral, 42,1% de três e 82,7% nos lances livres, todos recorde em sua carreira). O próximo passo agora é se esforçar um pouco mais na defesa e procurar a linha de lance livre.
Quem mais? E não é que dava para colocar alguém do Warriors  também aqui? Steph Curry (anotou quase 5,0 pontos a mais por 36 minutos e superou em muito seu aproveitamento nos arremessos de quadra e de três) e Draymond Green (máquina de triple-doubles) evoluíram demais. Demorou, mas Kemba Walker enfim descobriu o que um bom arremesso de longa distância pode fazer para seu jogo e seu time. Giannis Antetokounmpo vai gradativamente realizando todo o seu potencial. Will Barton. Ian Mahinmi jogou tanta bola este ano que pode ter virado um problema para o Pacers: se a liga reparou, vai ganhar um aumento de mais de 200% salarial (ganhou US$ 4 milhões este ano).

Sexto homem: Andre Iguodala

Iguodala faz de tudo um pouco vindo do banco

Iguodala faz de tudo um pouco vindo do banco

Ok, repetindo a brincadeira de fevereiro, quando o timing era mais propício. Mas isso é como se fosse o Oscar, com um filme gigante de bilheteria e aclamado pela crítica fazendo a rapa. O time já igualou um recorde histórico de vitórias que 99% da liga julgavam inatingível. Então é bem por aí, mesmo. O cara foi MVP da última final saindo do banco de reservas, sendo recompensado por todos os sacrifícios que os treinadores esperam na hora de se compor uma rotação. Está certo que seus números não se equiparam aos daquela série decisiva, e nem poderiam ser, mesmo. Mas seu papel continua o mesmo. Assim como Green, Iggy oferece maleabilidade tática a Steve Kerr, por sua capacidade defensiva acima da média, a facilidade para organizar o jogo e fazer a bola rodar e, num bônus que poucos apostariam há dois anos, pela habilidade que desenvolveu para matar o chute de três da zona morta, convertendo 26 de suas 56 tentativas nesta temporada. O principal argumento contrário ao veterano e versátil ala é o de que perdeu 17 jogos até aqui. No geral, porém, ele acumulou mais de 1.700 minutos, superando, por exemplo, Shaun Livingston nessa contagem.
Quem mais? Patrick Patterson está envolvido em quase todas as escalações mais produtivas do Toronto Raptors; Enes Kanter arrebentou com as linha de frente de segunda da liga, mas ainda precisa melhorar a defesa; Will Barton apresentou seu cartão de visitas aos oponentes e foi um cestinha mais eficiente e regular do que Jamal Crawford, que, de todo modo, merece sua menção por seu espírito decisivo e via de desafogo para os titulares; Evan Turner, demos o braço a torcer, não se tornou um jogador que justificasse a segunda escolha do Draft, mas teve a sorte de Brad Stevens cruzar com o seu caminho, podendo explorar seus medianos, mas amplos recursos da melhor maneira que dá. 

Novato do ano: Karl-Anthony Towns

O Wolves tem sua jovem superestrela

O Wolves tem sua jovem superestrela

Além da categoria MVP, este é o único troféu que não exige muito da gente. Já  nem cabe mais comparar o garoto dominicano com os colegas de classe. Daqui para a frente, ele vai entrar na discussão sobre quem são os melhores da liga. Towns tem chute de média distância e logo mais vai matar de fora também. Nos arredores da cesta, tem força, munheca, movimentos e incrível calma para se impor contra gente muito mais experiente. E ele ainda sabe como é quando passar a bola. Na defesa, já se comporta como um alicerce dentro do garrafão. Meses atrás, David Thorpe, analista da ESPN e técnico dedicado ao trabalho individual com diversos atletas da liga, chegou a propor a tese de Towns seria ainda mais promissor que Anthony Davis. Muitos acharam que era conversa de maluco. Hoje, não soa nada absurda.
Quem mais? Jokic é o darling dos estatísticos, com produção por minutos extraordinária e um jogo ofensivo muito vistoso. Seus fundamentos de passe e chute vão deixar qualquer professor sérvio orgulhoso. Suas métricas avançadas são de arrebentar. Kristaps Porzingis, por mais que o Knicks tenha esfriado, ainda é uma das histórias mais legais da temporada. Justise Winslow não tem os números, mas já adquiriu respeito dos veteranos por sua capacidade como defensor. Devin Booker, Myles Turner, Jahlil Okafor e D’Angelo Russell tiveram seus lampejos, mas não a consistência para desafiar nenhum deste top 4.

Seleção dos novatos 1
(Tentando respeitar minimamente a formação)
Russell, Winslow, Porzingis, Towns e Jokic

Seleção dos novatos 2
TJ McConnell, Josh Richardson, Booker, Turner e Okafor

(Foi, de fato, uma classe de calouros bastante produtiva. Emmanuel Mudiay tem tudo para ser uma estrela, desde que aprenda a usar seu corpanzil para concluir jogadas perto da cesta, além, claro, de refinar seu arremesso. Willie Cauley-Stein merece mais do que o desleixo total de George Karl. Assim como o pivô, Rondae Hollins-Jefferson tem tudo para fazer parte de quintetos defensivos por anos e anos. Frank Kaminsky provavelmente vale menos do que quatro escolhas de Draft — se é que Danny Ainge ofereceu tudo isso, mesmo, a Charlotte –, mas se mostrou uma peça valiosa no tabuleiro de Clifford. Bobby Portis já tem um culto em Chicago. Justin Anderson pode muito bem ter salvado a temproada de Nowitzki. Trey Lyles casa muito bem com Rudy Gobert e Derrick Favors. Enfim… looonga a lista.)

Executivo do ano: Gregg Popovich/RC Buford

Gostou do almoço, Pop?

Gostou do almoço, Pop?

oSim, eles conseguiram. Depois de quase duas décadas em torno de Tim Duncan, sem o superastro nem mesmo ter parado ainda, a dupla conseguiu tocar adiante a transição para um novo amanhã (é brega pacas isso, mas você nunca sabe quando vai ter a chance de usar).

Tudo começa com a descoberta de Kawhi Leonard, há um tempinho já, mas a chegada de Aldridge vem para ratificar. E a franquia fechou o negócio sem precisar sacrificar muito de sua base. Ele chegou para a vaga de Splitter, e pronto. Cory Joseph foi outro que saiu, para sorte de Dwane Casey, mas o Spurs sobrevive tranquilamente sem ele. Aí você também põe na conta as pechinchas por David Wesley, Jonathon Simmons e, claro, Boban Marjanovic. A base é tão forte que talvez não importe se Kevin Martin vai entrar no esquema a tempo para os playoffs.

E por que colocar Pop acima? Ele é o presidente do departamento. Na hora em que o Phoenix Suns realmente surgiu como ameaça para levar LaMarcus, quem apareceu para dar umas voltinhas com o pivô?

De qualquer forma, aqui está mais um prêmio complicado de avaliar por apenas um ano. O que o Warriors fez para esta temporada? Selecionou Kevon Looney no Draft, contratou Anderson Varejão de última hora, na vaga de Jason Thompson, que veio no negócio que os livrou do contrato de David Lee. Preferiram Ian Clark a Ben Gordon. Nada muito drástico. Mas precisava?

Quem mais? Neil Olshey não perdeu tempo em lamentar a saída de tanta gente boa, formou uma nova base mais jovem e muito mais barata, descolou mais escolhas de Draft e ainda vê o time seguir nos playoffs. Pat Riley gabaritou no Draft, ainda deu um jeito de escapar da multa da luxúria e ainda arquitetou a contratação de Joe Johnson. Coisa de mestre. Rick Cho, sempre pressionado por Jordan, mas que acertou demais na troca por Batum e Jeremy Lamb, além da subestimada contratação de Jeremy Lin. Masai Ujiri, pelas trocas que não fez em Toronto.

***PRÊMIOS ALTERNATIVOS***

Melhor jogador sub-23: Karl-Anthony Towns, que só vai chegar aos 21 no dia 15 de novembro e terá esse troféu assegurado até o ano que vem. Ponto.

Melhor segundanista: Andrew Wiggins, que cresceu no decorrer do campeonato. Mas estamos de olho em você, Jabari. Força aí.

Melhor estrangeiro: Dirk Nowitzki, com seu esforço heroico para conduzir um elenco bizarro do Mavs rumo aos playoffs. Al Horford acaba desclassificado aqui por ter jogado o universitário americano. As regras a gente inventa assim, na hora.

Melhor brasileiro: olha… difícil, hein? Sabemos que não foi a temporada mais produtiva para a legião de Magnano. Muito difícil separar um do outro. Leandrinho talvez? Por ter mantido seu papel regular no esquadrão do Warriors. De resto… Nenê ainda é o mais eficiente, mas voltou a perder mais de 30 jogos e dessa vez não passou nem dos 20 minutos de quadra. Splitter teve sua campanha sabotada por uma lesão séria no quadril. Anderson Varejão foi despachado por Cleveland e não encontrou espaço no Warriors. Demorou sete meses para Byron Scott perceber que Huertas faria mais bem ao Lakers do que Nick Young. Raulzinho era o titular de ocasião do Utah Jazz, mas foi derrubado por Shelvin Mack justamente quando estava se soltando. Cristiano Felício é uma grata surpresa nos minutos finais do campeonato.

Melhor importação da D-League: Tim Frazier. era para ele estar se preparando para a disputa dos playoffs em Portland, como assessor de Lillard e McCollum. Mas, quando Neil Olshey se envolveu em algumas trocas em fevereiro, para acumular mais escolhas de Draft, acabou sobrando para o armador de 25 anos, um dos salários mais baixos do elenco. Frazier teve de voltar à liga menor, então, mas sem se deixar abater. Depois de algumas semanas com o Maine Red Claws (filial do Boston), foi chamado novamente pela NBA para um serviço voluntário em New Orleans, que precisava da ajuda da Cruz Vermelha. Alvin Gentry ao menos encontrou um motivo para sorrir novamente. O baixinho se encaixou bem no esquema tipo “7-segundos-ou-menos” e vai terminar sua campanha pelo Pelicans com números interessantes (numa projeção por 36 minutos, são 17,0 pontos, 8,7 assistências e 5,6 rebotes, com 44,8% de três e 47,4% de quadra no geral). Se por alguma razão o clube não aproveitá-lo na próxima temporada, certamente aparecerão interessados.

Melhor resultado de troca: num ano de movimentações pouco alardeadas, dois pequenos negócios seriam fortes candidatos aqui. O primeiro foi a aquisição de Mario Chalmers pelo Memphis. De renegado em Miami, o armador estava virando figura salvadora em Memphis, cobrindo a ausência de Mike Conley com muita personalidade, até sofrer uma ruptura no tendão de Aquiles em Boston. A outra opção seria a ida de Ish Smith para Philadelphia (sendo que ele poderia ser o Tim Frazier do Pelicans neste final de temporada, vejam só). O ligeirinho  mudou a rotina do Sixers por pelo menos um mês, injetando ânimo, arrojo e maturidade em um jovem elenco. Mas esse efeito já não era mais sentido depois de um certo tempo. Então… Bem, vamos pensar a longo prazo aqui, e apontar a contratação de Tobias Harris pelo Detroit Pistons. O ala não só ajudou o time a chegar aos playoffs, como será uma figura relevante para os próximos anos sob o comando de SVG. A ver se Channing Frye apronta alguma coisa nos playoffs para entrar na conversa.

Time mais azarado: Memphis Grizzlies.

Maior decepção: Houston Rockets.

PS: obviamente não fui capaz de atualizar o blog diariamente nesta temporada, então talvez nem precisasse avisar, mas a rodada desta quarta-feira é tão especial, que… Tem de ser feito o registro. Nesta quinta, não vou conseguir publicar nada, por motivos de viagem a trabalho, com evento que paga o pão de cada dia logo cedinho pela manhã. Então vamos com algo sobre Kobe ou Warriors na sexta apenas, ok? Enquanto isso, de repente bate alguma inspiração para escrever algo minimamente decente sobre a aposentadoria de um dos atletas mais fantásticos e controversos da história da NBA.

***Receba notícias de basquete pelo Whatsapp***
Quer receber notícias de basquete no seu celular sem pagar nada? 1) adicione este número à agenda do seu telefone: +55 (11) 99006-9654 (não esqueça do “+55”); 2) envie uma mensagem para este número por WhatsApp, escrevendo só: oscar87


As dez vitórias mais marcantes do recordista Golden State
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

curry-green-72-win-san-antonio

Sério, mesmo? Não esperem deste blog nenhum texto mirabolante que vá dizer que o Chicago Bulls de 20 anos atrás era melhor ou pior que este Golden State Warriors de hoje em dia. Ou de hoje em sempre. Saudosistas ou progressistas vão ter de conviver com o fato de que o time de Steph Curry veio para ficar na história, agora oficialmente, depois de bater o San Antonio Spurs pela terceira vez na temporada e alcançar sua vitória de número 72. O que, caceta, todos sabemos, os já os coloca ao lado daquele beatlemaníaco esquadrão de Michael Jordan.

Restando mais um jogo contra o Esquadrão Suicida do Memphis Grizzlies, é bem capaz que eles até mesmo consigam numericamente o desempate e se candidatem seriamente ao posto de MAIOR DA HISTÓRIA: 73 > 72, AFINAL. Sim, não há como negar esse princípio matemático. É a medição mais óbvia, mais fácil para se quantificar qualquer coisa. Então por que não fazer a comparação e provocar, instigar?

Simplesmente, porque não dá.

Esta é uma reposta bastante chata para o jornalismo esportivo. Pode acabar com toda a programação de uma conversa de botequim. Pode ser até mesmo ser encarada como co-var-dia, o “isentão” da vez. Pode lamentar, mas… São épocas totalmente diferentes.

>> Não sai do Facebook? Curta a página do 21 lá
>> Bombardeio no Twitter? Também tou nessa

Aquele Bulls acertou 544 arremessos de fora em sua campanha. O Golden State já matou 1047, restando um jogo ainda no calendário, com 388 só na conta de Curry. Entre defesas ilegais por zona, mãozinha na cintura,  linha do perímetro flutuando, maior influxo de jogadores internacionais, expansão da liga, diluição (ou não) de talento… Muita coisa aconteceu nestas duas décadas de basquete que separam aquele Bulls deste Warriors para se poder traçar algum paralelo honesto racionalmente. A comparação que talvez fosse a mais justa seria apenas a do nível de dominância em relação aos concorrentes. Mas mesmo aí existe um buraco: e se os concorrentes de um forem mais fortes que os do outro? Em relação a uma revisão mais emotiva, aí, rapaziada, a gente sabe no que dá. Cada um tem sua predileção, guiada seja pela estética, ou pela afetividade histórica. Há quem jure que o Boston Celtics de 1986 seria o melhor time de todos os tempos. O torcedor do Lakers obviamente pode construir algum bom argumento para a versão dos playoffs de 2001. Por aí vamos.

golden-state-warriors-72

Feita essa ampla ressalva, por que não abraçar o Golden State? Não como O Maior Time, mas, pelo menos, como Um dos Maiores? Não é bacana que eles tenham conseguido algo antes impensável? Dá para entender aqueles que batam o pé e digam: “Bulls, Bulls, Bulls, Bulls, Bulls…”, como numa seita. Mas a gente só espera que estes mesmos crentes, ou 90% deles, vá lá, também não acreditem realmente que Mahmoud Abdul-Rauf tenha sido melhor/precursor/similar a Curry. Uma coisa não leva à outra, não há razão para extremismos aqui, por mais que um time tenha como cor predominante o vermelho, enquanto o outro se veste de azul e amarelo.

Um ano atrás, mais ou menos, o Warriors venceu o campeonato, e havia muita gente questionando esses caras. Que era sorte. Que as bolinhas caíram. Que a NBA não é a mesma de _____, e tal cousa e lousa e maripousa, como diz o Alberto Helena. Agora, com a vitória 72 assegurada, não há muito o que possa ser dito para atingir esse time. Podem se esforçar. Mas vai ser em vão, de acordo com os registros históricos.

Então, que tal apreciar também o que está sendo construído aqui e agora?

Pesando nisso, segue uma lista de vitórias marcantes do Golden State Warriors,  chefiado por Joe Lacob e Peter Gruber, presidido por Rick Welts, gerenciado por Bob Myers, Travis Schlenk, Kirk Lacob, treinado por Steve Kerr, Luke Walton, Ron Adams Jarron Collins, Bruce Fraser, com Curry, Klay Thompson, Draymond Green, Andre Iguodala, Shaun Livingston, Harrison Barnes, Andrew Bogut, Marreese Speights, Festus Ezeli, Leandro Barbosa, Brandon Rush, James Michael-McAdoo, Ian Clark, Kevon Looney e, no finalzinho, Anderson Varejão.

De novo: são 72 vitórias. Isso mesmo depois de terem perdido para o Lakers e Hollywood em Los Angeles e para o jovem Timberwolves em casa etc. (Antes de mais nada, vale lembrar que aquele Bulls tropeçou contra o Denver Nuggets e o Toronto Raptors-em-expansão há 20 anos…).

Entre tantos triunfos, é meio complicado escolher tão somente 10. Mas simbora:

10 – Golden State 119 x 69 Memphis (02/11)
Foi uma vitória que indicava o que estava por vir, antes mesmo de a temporada completar sua primeira semana. O placar de 50 pontos de diferença foi o maior sofrido pelo Grizzlies em sua história – nem mesmo nos tempos sombrios de Vancouver isso havia acontecido. Vindo de uma atuação de 53 pontos contra o Pelicans (num placar de 134, seu recorde na temporada, ao lado de uma vitória mais tarde sobre o Wizards), Curry largava com tudo em sua campanha de repeteco como MVP, tendo anotado 21 de seus 30 pontos no terceiro quarto. “É surpreendente. Não me lembro a última vez que tenhamos ficado no lado vencedor de um jogo definido por 50 pontos”, disse o armador. E pensar que, muito mais adiante, a vitória 71 viria de modo sofrido, por um pontinho, justamente contra o Grizzlies, mas com um time todo remendado, modificado, sem Marc Gasol e Mike Conley. Foi seu único triunfo por um só ponto em todo o campeonato.

9 – Toronto 109 x 112 Golden State (05/12)
O primeiro grande desafio encarado na temporada. Que tenha sido apenas na 21a. rodada, mostra o quão avassalador foi seu início de campanha. Com a vantagem de três pontos, asseguraram, segundo o Elias Sports Bureau, a melhor arrancada entre todas as grandes ligas esportivas americanas, superando o St. Louis Maroons, do beisebol da Union Association, predecessora da MLB. Dessa vez, o time venceu graças exclusivamente ao seu poderio ofensivo, se envolvendo em um bangue-bangue ao norte da fronteira. Sua defesa teve sérias dificuldades para brecar Kyle Lowry, que conseguiu ‘ralar’ com Curry durante toda a partida, chegando a 41 pontos, seu recorde pessoal até então, com seis chutes de longa distância. “É uma sensação muito boa. Foram 21 desafios até agora, e fomos capazes de encarar um por um, separadamente, e descobrir diferentes maneiras de vencer. Tem sido divertido”, disse Curry, que marcou 44 pontos, com nove arremessos de fora.

8 – Golden State 109 x 105 Atlanta (02/03)
Prorrogação em Oakland, e o Warriors sobrevive para estender uma série de 25 vitórias seguidas em casa na temporada, ou de 43 no geral, se preparando para superar dias depois mais um recorde do Bulls de MJ, Mestre Zen etc., como anfitrião. Mais relevante aqui, de todo modo, é o fato de a vitória ter rolado com Steph vendo tudo do banco, preservado para cuidar de uma contusão no tornozelo (aquele que quase não dá mais trabalho). O Hawks chegou a tirar uma diferença de 14 pontos para forçar o tempo extra, mas Draymond Green não permitiu que o estrago fosse maior, acertando até uma bola quase espírita de três  para dar a seu time uma vantagem confortável nos minutos finais. “Foi um chute no desespero. É uma situação que acontece. Às vezes a bola quica a seu favor, e aquela caiu para mim, ao contrário de muitas outras”, disse Green, que terminou com 15 pontos, 13 rebotes, 9 assistências e 4 roubos. Thompson foi o cestinha, com 26 pontos, mas em 27 arremessos. Eles tiveram mais dificuldade sem Curry, mas sobreviveram, certo?

7 – Utah 96 x 103 Golden State (31/03)
Jogar em Utah em uma dobradinha (o famigerado “back-to-back”), pela altitude e pela energia da equipe da casa, é sempre uma escala complicada na longa jornada da temporada regular. Quando isso acontece no final de março, pior ainda. E o nível de desgaste mental para o Warriors era ainda mais relevante, devido à pressão pela busca do recorde do Bulls. Aqui, a equipe teve de batalhar contra um rival que luta pela classificação aos playoffs e tinha a liderança no quarto período. Em mais uma reação dramática, Klay Thompson matou uma bola de três a 15 segundos do fim para empatar o placar no quarto período e garantir a prorrogação, depois de o próprio ala ter desperdiçado sua primeira tentativa, salvo por um rebote ofensivo de Shaun Livingston. A toada frenética de suas partidas e o bombardeio de três pontos são claramente o principal chamariz deste time, mas esses caras também comprovam, sucessivamente, sua predisposição às pequenas tarefas que o basquete exige, se impondo em momentos críticos graças a sua versatilidade, capacidade atlética e, também, sua perseverança e confiança de que tudo ainda pode dar certo. Coisa de quem ganha o título e pega gosto pela coisa. “Eles são fantásticos. Nada estava realmente dando certo para nós por boa parte da noite. Eles seguira lutando. Nós sempre competimos, e esta é a melhor parte desta equipe”, afirmou Steve Kerr.

6 – Boston 119 x 124 Golden State (11/12)
Haaaaja coração, amiiigo. Sexto jogo seguido fora de casa, longo giro pela Costa Leste, dupla prorrogação, mas o Warriors conseguiu superar o time de Brad Stevens, sempre muito bem preparado e que viria dar o troco mais para a frente, contribuindo para o drama dos últimos dias vividos pelos atuais campeões. Com muito sofrimento, o Warriors chegou a 24 triunfos consecutivos em seu início de campanha. A sequência, porém, pararia por aí. O jogo foi muito custoso para uma equipe que, em menos de 20 horas, teria de enfrentar a molecada do Bucks em Milwaukee. Curry anotou 38 pontos mesmo numa noite em que errou 18 arremessos. Fez como, então? Com seis bolas de três pontos e 14 lances livres. Mas o nome do jogo dou Draymond Green, gigantesco, com 24 pontos, 11 rebotes, 8 assistências, 5 roubos de bola e 5 tocos.

5 – Golden State 89 x 83 Cleveland (25/12)

A revanche — para o Cavs, claro — depois da final do ano passado. Encontro natalino, como o grande presente da tradicional rodada apelona da NBA. Dessa vez, Kyrie Irving e Kevin Love estavam em quadra, sem que a presença da dupla influenciasse muito no ritmo de quadra, bastante arrastado, como pretendia Davis Blatt. Os LeBrons tinham toda a chance de enfatizar a tese de que, se estivessem completos na final de 2015, a história poderia ser outra. Foi um jogo duro, mas não rolou. “Faz bem enfrentar uma dessas de vez em quando. Se nossa defesa funcionar, então ficamos em boa forma para vencer partidas. Apenas mostramos nossa versatilidade e tentamos vencer e diferentes maneiras”, disse Curry. A defesa do Warriors limitou o ataque do campeão do Leste a apenas 32% nos arremessos de quadra. Green, usando o modelo de tênis que leva o nome de LeBron, terminou com 22 pontos e 15 rebotes. “Eles são confortáveis!”, justificou.

4 – Cleveland 98 x 132 Golden State (18/01)
Para afastar qualquer pulga que pudesse ter sobrado atrás da zoreba, o Warriors marchou por sobre o Cavaliers menos de um mês depois. Foi uma das atuações mais assustadoras do campeonato, com 70 pontos anotados só no primeiro tempo e uma vantagem que bateu na casa de 40 pontos. Como bem diz o relato da Associated Press, Curry não sentia o cheiro de champanhe no vestiário da Q. Era sangue, mesmo. O chutador matou sete bolas de três, torturando seus marcadores, ajudando a despedaçar o coração dos LeBrons, que haviam acabado de concluir uma bem-sucedida expedição pela Conferência Oeste. A derrota deu sua contribuição para a queda de Blatt. Desde então, os atuais vice-campeões buscam uma nova identidade. Sua defesa se tornou porosa, ao passo que o ataque pretende ser mais acelerado. Não necessariamente a melhor forma para desafiar o Golden State em um eventual reencontro no mês de junho. “Hoje foi um exemplo do quão longe estamos de vencer o campeonato”, disse LBJ, à época.

3 – Golden State 120 x 90 San Antonio (25/01)
Exatamente uma semana depois, o Warriors causou mais um massacre em quadra, matando seus adversários em apenas três quartos de jogo, dessa vez no primeiro confronto com o temível Spurs, que ainda tinha pique para segui-los bem de pertinho na tabela, fazendo uma campanha magnífica ao seu modo. O primeiro quarto foi relativamente equilibrado, mas já representou a vitória tática dos anfitriões, que se sentiam muito confortáveis contra a melhor defesa da liga, descolando chutes livres de fora, encaixando seu sistema de transição ofensiva. Não deu outra: as próximas parciais foram vencidas por nove e 14 pontos, respectivamente, virando sacolada. “Nenhum momento é grande o bastante, obviamente. Sabemos que este é apenas um jogo na temporada regular, mas havia um hype em torno dele. E, sempre que tivermos a oportunidade de provar para as pessoas quem somos, para dar mais um passo em nossa jornada, vamos estar prontos”, afirmou Curry, que anotou 15 pontos no primeiro quarto e mais 18 no terceiro. Terminou com 37. Tim Duncan não participou da partida, o que prejudica a defesa do Spurs, certamente, mas o placar foi tão absurdo que este asterisco não valeu muito.

2 – San Antonio 86 x 92 Golden State (11/04)
Em termos de efeitos especiais, superprodução e atuações exuberantes, o primeiro capítulo da série (de temporada regular) entre os dois grandes favoritos ao título) não se compara a este quarto episódio. Mas este vale mais pelo roteiro complexo, cheio de narrativas para se costurar: a) foi a vitória 72, garantido um lugar ao lado do Bulls de 1996; b) o Warriors havia perdido suas últimas 33 partidas em San Antonio — desde 1997! –, incluindo um confronto no dia 19 de março, por 87 a 79, no qual Gregg Popovich conseguiu ditar o ritmo da partida, algo fundamental entre times de estilos tão contrastantes; então, c), pois os atuais campeões conseguiram bater seu grande oponente mesmo num jogo de placar mais baixo, e essa é a expectativa para uma final dos sonhos pelo Oeste, daqui a algumas semanas, fortalecendo-se mental e táticamente; d) encerram a invencibilidade dos Esporas como mandantes neste campeonato, impedindo-os de se tornar o primeiro time na história a fechar uma campanha de 41-0 em casa; e) por fim, que a vitória 72 tenha sido contra o Spurs não deixa de ser uma justiça poética, para dar mais brilho ainda mais sua façanha. “Vamos dar o crédito quando ele é merecido. Parabéns a Steve Kerr e seu Warriors pela vitória número 72. Eles conquistaram isso nesta noite”, tuitou Scottie Pippen, um daqueles que, antes, se preocupava em desprezar essa equipe. Pippen ainda elogiou Curry, que voltou a marcar 37 pontos contra o Spurs, a maior quantia individual que a fortíssima defesa de Pop permitiu durante a temporada. Ah, Duncan também não jogou. Interessante.

1 – Oklahoma City 118 x 121 Golden State (27/02)
A despeito de todo o significado histórico do jogo acima, a vitória mais emocionante de toda a temporada 2015-16 foi esta aqui. Só quem viu o jogo para entender. Kevin Durant estava jogando muito, com Russell Westbrook o acompanhando. O Thunder tinha toda a motivação do mundo diante de sua torcida para tentar se afirmar como postulante sério ao título. Eles tinham a liderança no início do quarto período. Mas Steph Curry tinha outros planos para a noite, caminhando para 46 pontos. Apoiado pela escalação mortal do Warriors, o cestinha esquentou a mão e converteu um arremesso impossível depois do outro, para levar o jogo ao tempo extra, com ajuda de dois lances livres de um Andre Iguodala, de puro sangue frio. E aí veio aquela bomba do meio da quadra na última posse de bola, para deixar qualquer ser humano, decente ou não, atônito no ginásio. “Todo mundo neste vestiário já o viu treinar daquela distância diariamente. Ele tem o maior alcance em seu arremesso que eu já tenha visto na história. Ele faz isso parecer muito fácil”, disse Klay Thompson. Essa partida só reforçaria a aura de praticamente imbatível do time. Em valores simbólicos, o resultado também garantiu ao time de Kerr a vaga antecipada nos playoffs, em fevereiro, com dois meses ainda de disputas pela frente. Só o Lakers bicampeão de 1988 havia conseguido algo do tipo. E Curry também quebraria ali o recorde de chutes de três convertidos em uma temporada, que, para constar, já era seu, de 288.

Receba notícias de basquete pelo Whatsapp
Quer receber notícias de basquete no seu celular sem pagar nada? 1) adicione este número à agenda do seu telefone: +55 (11) 99006-9654 (não esqueça do “+55”); 2) envie uma mensagem para este número por WhatsApp, escrevendo só: oscar87


Spurs contém Warriors e dá o troco. A gente se vê na final do Oeste?
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

LaMarcus: 26 pontos e 13 rebotes em 37 minutos, capitaneando o ataque lento do Spurs

LaMarcus: 26 pontos e 13 rebotes em 37 minutos, capitaneando o ataque lento do Spurs

O placar? Foi 87 a 79 para o San Antonio Spurs. Digno da tediosa, arrastada final de 2005 contra o Detroit Pistons.

Mas de modorrento o segundo confronto dos texanos com o Golden State Warriors nesta temporada não teve nada. Quer dizer: os jogadores da casa conseguiram atender ao pedido de Gregg Popovich e desacelerar a partida, investindo em jogadas com os pivôs no garrafão, brecando Stephen Curry em qualquer momento que ele conseguisse sair em transição, se Danny Green assim permitisse. Um cenário bem diferente do que vimos há algumas semana quando os atuais campeões derrubaram OKC de modo inacreditável. Só deste modo mesmo para os caras vencerem.

Ainda assim, foi um jogo emocionante ao seu modo, com intensidade de playoffs e diversas alternativas, em que o Spurs saiu de cabeça erguida, para  compensar, um pouquinho que seja, a surra que haviam tomado no primeiro duelo. Passa a impressão de que aquela surra de 30 pontos de diferença (120 a 90) foi mais uma aberração, um resultado que não condizia com a reduzida distância entre ambos na tabela e no confronto de estatísticas. Por sinal, em termos de saldo ofensivo e defensivo, os estatísticos, sempre eles, vão apontar que os homens de espora são tão ou mais favoritos ao título, mesmo que na tabela ainda tenham três reveses a mais.

>> Não sai do Facebook? Curta a página do 21 lá
>> Bombardeio no Twitter? Também tou nessa

Do outro lado, o Warriors sai frustrado, claro, pelo simples fato de terem perdido talvez a primeira partida im-por-tan-te neste campeonato e também por estar simplesmente desabituado a derrotas: agora são sete em 69 rodadas. Maaaas, dadas as condições – desfalques de Iguodala, Bogut e Ezeli –, fora de casa, na segunda noite de uma dobradinha –, certamente não será o caso de Draymond Green espernear e berrar no vestiário. “Estava tudo voltado contra nós. Dito isso, vendo o que foi feito, foi impressionante”, disse o técnico, que deve ter ficado feliz da vida por ver sua defesa reativada, enérgica, com deslocamento lateral assustador, forçando 17 turnovers e permitindo apenas 41,0% nos arremessos de quadra.

Estivessem os dois pivôs disponíveis para Kerr, e talvez a disputa de rebotes não tivesse sido tão desfavorável, com San Antonio levando a melhor por 53 a 37, com 14 coletas ofensivas bastante preciosas, depois de excelente defesa de Golden State. Por mais que tivessem executado o bloqueio, era difícil para que Shaun Livingston, Harrison Barnes e mesmo Draymond Green afastassem alguém da estatura de LaMarcus Aldridge da tabela.  Pois Anderson Varejão parece estar com a mobilidade bastante comprometida, alguns passos mais lento na defesa, recebendo minutos limitados mesmo numa situação dessas. É… Magnano está monitorando? Mas deixemos a seleção para depois. Leva tempo. Mas não é hora de falar sobre isso. Voltemos ao jogo.

O torcedor de San Antonio, de todo modo, pode tranquilamente contestar essa afirmação sobre as baixas do rival e lembrar que Tim Duncan só ficou em quadra por oito minutinhos. Foi apenas a terceira vez em sua carreira, depois de 1.300 e poucos jogos, em que o pivô, um dos dez melhores jogadores da história da liga, saiu do banco. Deu uma corridinha no primeiro tempo e não voltou mais depois do intervalo.

Para matutar: isso faz parte do jogo de xadrez de Pop? Ou o pivô sentia algum desconforto? Sinceramente, para essa segunda hipótese, acredito que a chance é praticamente zero – se há um clube que não vai assumir risco nenhum em um jogo de temporada regular, não importando qual seja, é o Spurs. Há pelo menos mais duas opções: 1) não importando quem esteja escalado do outro lado e as condições físicas da estrela, talvez não haja espaço para ele num confronto com esse oponente em específico, lembrando que ele já havia sido preservado no primeiro embate, com supostas dores no joelho; ou 2) que, a partir do momento em que viu que Bogut não jogaria, Pop achou que não precisava usar seu craque.

É difícil apostar contra Duncan. Por mais que esteja arrastando sua perna direita ainda mais este ano, com um joelho que parece inexistir, na verdade, com minutos controlados e média de pontos abaixo da casa de 10,0 por partida, o pivô ainda é uma figura muito influente para o sistema defensivo do Spurs, que é o mais eficiente da liga, como pudemos ver tão bem hoje. Por um lado, Diaw, bundudo daquele jeito, deixa o time bem mais flexível, podendo ainda punir Harrison Barnes perto da tabela (14 pontos, 8 rebotes e 6-7 nos arremessos em 35 minutos). Por outro, a proteção de cesta fica muito mais eficaz com Duncan por ali. Houve diversos momentos em que Aldridge, Diaw ou West vinham fazer a dobra pelo centro da defesa, e a aposta aqui é de que o ex-nadador das Ilhas Virgens ainda faria pelo menos esse reduzido, mas importantíssimo papel com muito mais competência.

De qualquer forma, quando você segura o esquadrão do Warriors a apenas 79 pontos – de longe, sua menor contagem na temporada –, não há do que reclamar na defesa. O Spurs marca tão bem, mas tão bem que a única oportunidade de backdoor que foi permitida ao Golden State, com Klay Thompson no primeiro período, suscitou um pedido de tempo furioso por parte de Pop. De resto, qual quebra nos movimentos foi tão clamorosa assim? Mas mesmo Patty Mills e Tony Parker foram muito bem. Sempre com os braços para cima, em alerta. Os grandalhões fizeram o mesmo. Com disciplina, não caíram nas fintas desconcertantes de Curry.

 Foi uma defesa agressiva, mas sem cometer muitas faltas (19). Não queriam forçar turnovers, mas, sim, vigiar o mais de perto possível os chutadores oponentes, deixando sempre algum pivô por perto, sem fazer a dobra imediata, mas marcando território. Eram contestados, perseguidos, mas não dá para dizer que fosse uma abafa, uma pressão frenética. Ajuda, claro, ter dois marcadores excepcionais como Kawhi Leonard e Danny Green para isso, altos, atléticos e ágeis para se manterem por perto como uma ameaça, sem precisar morder. Green, aliás, foi um espetáculo. Se conseguir reproduzir esse tipo de atuação por quatro partidas em eventual final de conferência, nem vai importar que seu tiro de três não esteja caindo.

Popovich gosta de pegadinhas durante a temporada, não vai mostrar tudo o que tem, mas neste confronto testou para valer o quão efetiva pode ser sua defesa contra os Splash Brothers. Era necessário, depois da pancada que haviam tomado e também pelo fato de que os próximos dois jogos podem acontecer em situação bem menos competitiva, dependendo de qual será a campanha de cada um até lá. E o técnico deve ter adorado o que viu.

Os Splash Brothers acertaram apenas duas em 19 tentativas de longa distância. Mas nem mesmo quando colocaram a bola no chão foram muito melhores, terminando com 11-38 no geral, um horror. Especialmente no primeiro tempo, os dois estavam desnorteados em quadra, se precipitando em suas ações secundárias, já que a opção pelo tiro de longa distância era desencorajada por seus marcadores. E, de novo: nos momentos em que Curry escapava na transição ofensiva, era parado com falta. Em nenhum momento entrou em ritmo. O mesmo aconteceu com Thompson, cujos movimentos fora de bola são geralmente tão fluidos, naturais. Em San Antonio, saiu tudo forçado, aos soluços para a dupla. Estavam inseguros, com dúvida sobre o que fazer. É algo que Pop e seus atletas provocam, como poucos. LeBron sabe como é. 

Vamos lembrar, em argumento pró-Warriors, que era a segunda partida em duas noites para eles, enquanto o Spurs, já em casa, descansou. Mas esta derrota não teve nada que ver com o surpreendente tropeço contra o Lakers. Ali, rolou soberba e faltou energia, foi uma ressaca das mais brabas, mesmo. Dessa vez, o aproveitamento horroroso se deve muito mais ao empenho e cérebro de seus adversários.

Numa série de playoffs, com scouts, técnicos e jogadores imersos em nuvem de jogos, diversos detalhes virão à tona, sugerindo os famosos ajustes e as reações a estes. Na final do ano passado, Curry penou contra a marcação física de Matthew Dellavedova. Mas aí o Warriors começou a antecipar seus corta-luzes e liberou a quadra para seu armador jogar e criar. A diferença é que Green não precisa atacar Curry de imediato. É muito mais alto e atlético que o australiano e tem condições de, mesmo se bloqueado, se recuperar e incomodar o armador (como no vídeo acima). Se teria fôlego por toda uma série, aí é outra história.

Seriam, certamente, diversas as possibilidades com elencos tão versáteis e talentosos. Vale assistir de novo ao jogo e ver o quanto Spurs e Warriors defenderam, sem a força bruta da NBA de 11 anos atrás, mas com pés ágeis e trocas constantes de marcadores em coordenação plena. A essa altura, com exceção de Kevin Durant, Russell Westbrook, Chris Paul e Doc Rivers, a NBA inteira está torcendo para uma série melhor-de-sete entre estes times. Quando vamos chegar lá?

*   *   *

A busca pelo recorde? Bom, o Warriors precisa de 11 vitórias em 13 jogos até o fim da temporada, para superar o Bulls de 1996. Com três derrotas, repetira o 72-10 de Jordan, Pippen, Rodman e Randy Brown. 🙂 Segundo o “Basketball Power Index” do ESPN.com, o time californiano tinha 59% de chances de alcançar a marca de 73 vitórias antes de jogar em San Antonio. Agora caiu para 49%. Arredondando, oras, ainda estamos falando de 50/50.

Serão apenas quatro jogos como visitante, mas dois deles numa segunda noite de back-to-back, contra Utah (altitude, sempre um rival chato em Salt Lake City, talvez ainda brigando por colocação no playoff) e… San Antonio.

*    *    *

Por falar em recorde, e daquele Chicago, o Spurs chegou a 44 jogos de invencibilidade jogando em seus domínios, algo que aquela histórica equipe também havia conseguido. O Warriors, porém, já derrubou essa marca, somando 50 triunfos consecutivos em casa.

*   *   *

Por fim, ainda falando de sequências, a única cesta de longa distância que Curry fez na noite deste sábado ao menos serviu para que ele chegue a 160 jogos seguidos com um chute desses convertido.

E o bom desse time do Warriors? Eles seguem perfeitamente um dos pontos essenciais para Gregg Popovich: saber rir das coisas. Depois de seu jogo apático, Curry soltou esta no Twitter: “Não sei quanto a vocês, mas acho que joguei uma das minhas melhores partidas do ano (risos). Viver e aprender. Vamos para a próxima!”


Jogo mais emocionante da temporada termina com bomba de Curry. Claro
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

curry-warriors-thunder

Pobres torcedores de Phoenix, Utah, Brooklyn… Enquanto seus times jogavam partidas praticamente insignificantes, Thunder e Warriors faziam em Oklahoma City o jogo mais emocionante da temporada com grandes lances e erros incríveis até Stephen Curry decidir fechar a conta no último segundo da prorrogação com A Cesta do campeonato, e também uma das maiores cestas da história da liga, por comprovar precisamente o nível que o craque do Golden State alcançou. Ele é jovem ainda e vai viver ainda muitas partidas comoventes, valendo talvez por mais títulos. Mas desconfio que o petardo de, segundo registraram os mesários, 9,75m de distância para definir um triunfo por 121 a 118.

É uma absurda demonstração de habilidade, precisão e confiança. O Warriors tinha direito a pedir um tempo. Dava para ele ter caminhado mais um pouco. Nenhum outro jogador da liga poderia tentar um arremesso desse, nem mesmo Kevin Durant, obrigado a assistir a adaga final do lado de fora, excluído com seis faltas, boquiaberto, como todos os reservas de OKC. Mas Steph Curry, que anotou 46 pontos, está em outro patamar no momento, como arremessador e, chega de polêmica, jogador.  LeBron James tratou de encerrar qualquer discussão a respeito:

 

(Stephen Curry precisa parar com isso, cara!! Ele é ridículo, cara! Nunca vi alguém como ele na história do basquete!)

LeBron postou isso instantes depois do final da partida que envolveu dois candidatos ao título, os quais ele espera que seu Cleveland Cavaliers possa eventualmente superar. Percebem a grandeza e, ao mesmo tempo, o quão atípico é um gesto desses? A declaração pública, espontânea, instantânea veio do sujeito que supostamente deveria clamar o título de melhor do mundo. Mas nem ele consegue mais. O autointitulado “Rei” se curvou. E isso diz muito sobre o estado psicológico de toda a NBA depois de uma exibição destas, gente. Sinceramente, assim como LBJ nunca viu alguém como Curry, não consigo me lembrar de um astro da liga se expressar desta maneira sobre um concorrente. Nem mesmo um Eduardo Nájera falando de Andrés Nocioni, quanto menos de uma figura deste porte.

Mas é isso. Não tem Oscar Robertson, Ron Harper, Isiah Thomas… Não há ninguém mais que possa contestar o que Curry vem fazendo este ano e que, se a NBA se declarar falida neste domingo, 28 de fevereiro, ele já está entre os maiores da história. Nestas duas últimas temporadas, realmente ele fez coisas inéditas. Sabe essa coisa de encestar a nove metros de distância do aro? Pois bem, na temporada o sujeito tem aproveitamento de 50% no campeonato. Sim, 50%, mais do que Andrew Bogut e outros 13 pivôs acertam em lances livres (4,5 metros).

Com 12 cestas de três para cima do Thunder, Curry igualou o recorde em um só jogo, empatando com Kobe Bryant e o inesquecível Donyell Marshall. Considerando que, apenas no mês de fevereiro, essa foi a terceira vez que ele marcou dez ou mais cestas de longa distância na mesma partida, cedo ou tarde, vão cair 13 bombas. Esta é uma marca que precisa ser tão somente dele. O isolamento na tabela histórica ele já conseguiu no que se refere a total de cestas de três numa temporada ele havia conseguido há tempos. De qualquer forma, para alargar sua margem de segurança (risos), ele decidiu já superar desde já seu próprio rendimento, chegando a 267 tiros certeiros. Detalhe: ainda restam 24 partidas para o Warriors.

Antes de dizer que Curry ‘só’ chuta (como se converter 12 de 16 chutes de longa distância fosse algo normal…), precisa lembrar que hoje ele é o jogador mais eficiente da liga e está em vias de quebrar também esse recorde histórico, superando Wilt Chamberlain e Michael Jordan.

Enfim, o cara virou atração obrigatória por onde anda. O preço dos ingressos do Warriors está inflacionado e, a cada ginásio que visita, a arquibancada lota mais cedo, com torcedores ávidos para testemunhar sua rotina de aquecimento. Na qual, inclusive, já arrisca esses arremessos de 9 metros. Quer dizer: não é só talento e confiança. É treino também. E é histórico.

*     *    *

Se já não fosse tormento o bastante a tarefa de tentar conter Curry, a defesa adversária ainda precisa encontrar um jeito de frear Klay Thompson, que marcou 32 pontos, hã, discretos. É impressionante também a velocidade de sua mecânica de arremesso. Se o marcador se concentrar por um milésimo de segundo a mais em Curry, Klay vai fazer você pagar, sendo também muito inteligente em sua movimentação fora da bola, cortando constantemente em backdoor rumo ao garrafão.

*     *     *

Mas basquete não é feito só de cesta, minha gente. E Draymond Green merece o espaço só dele. Neste sábado, o ala-pivô do Warriors teve uma das linhas estatísticas mais estranhas que você pode ver: 2 pontos, 14 rebotes, 14 assistências, 6 roubos de bola e 4 tocos em 44 minutos. Quem na NBA hoje seria capaz de reproduzir números como esses? Ninguém, também. É mais um jogador singular no elenco de Steve Kerr, que não faz nada para atrapalhá-los, o que já é um mérito por si só. Green não fez nenhuma cesta de quadra em oito tentativas e ainda errou três de cinco lances livres. Ainda assim, causou – e causa – tremendo impacto em quadra por sua energia, liderança, vigor e influência tática. Foi – e é – vital para o sucesso de seu time. Seu esforço defensivo no quarto período foi mais uma vez louvável, desafiando na maior uma aberração atlética como Serge Ibaka.

*     *     *

O Warriors concluiu uma sequência de seis jogos em nove dias fora de casa com cinco vitórias, depois de ter tomado uma surra do Portland Trail Blazers na abertura da jornada, de guarda baixa. Atualizando, então as contas: para superar o Chicago Bulls de 1996, precisam de 20 vitórias em suas 24 partidas finais, das quais 17 serão em casa. Se vencerem 19 e perderem 5, igualarão o legendário 72-10. Restam dois confrontos com o Spurs, dois com o Clippers e mais um com o Thunder.

*     *    *

Para constar, antes mesmo de baebater o Thunder, o Warriors já havia assegurado sua classificação para os playoffs, devido a uma derrota do Houston Rockets para o San Antonio Spurs. De novo: restando 27 partidas para eles. Então, se quiser, pode entrar no site oficial do clube e concorrer a ingressos na pré-venda. : )

warriors-playoffs-tickets

*    *    *

Deixamos para o fim as trapalhadas dos momentos decisivos do quarto período. Primeiro foi Andre Iguodala, totalmente pilhado em sua rotação defensiva, que deixou Kevin Durant livre na linha de três pontos para fazer a ajuda em Serge Ibaka. Já seria um tremendo (e raríssimo) equívoco para o veterano defensor, mas foi ainda pior pelo fato de que o senegalês/espanhol importado estava driblando a bola. Situação na qual, longe da cesta, não representava ameaça nenhuma. Bang! Faltavam 14 segundos, e OKC abria quatro pontos.

Daí que, após cesta rápida de Klay, Kerr ordenou um abafa na saída, mas sem que fizessem falta, ainda mais com a bola em cima de Durant. Pois o cestinha entrou em pânico ao se ver encurralado perto da linha de fundo. Em vez de pedir tempo, se precipitou em tentar um passe para o meio da quadra: turnover. Thompson recuperou a bola e passou para Iguodala. Longe de ser um grande chutador, pouco antes do estouro do cronômetro, o ala sofre a falta. E de quem? Durant! Com toda a calma do mundo, o cara de 61,3% na temporada e 71% na carreira, converteu ambos os lances livres e forçou a prorrogação.

No tempo extra, Durant cometeu sua sexta e última falta com 4min13s por jogar ainda. Excluído. Sabe qual foi a última vez que isso havia acontecido? Só em 14 de fevereiro de 2013. Foi apenas a quarta exclusão de sua carreira. Depois de 37 minutos espetaculares em quadra, não dá para dizer que craque do Thunder este inspirado nos últimos dois. Se Iguodala teve a chance de se reabilitar, para Durant não foi o caso. Ele saiu de quadra com  37 pontos, 12 rebotes, 5 assistências, 13-26 nos arremessos e  7-11 de três.

Então fica a pergunta: depois de um jogaço desse, com tantas emoções envolvidas, seria o cestinha capaz, mesmo, de assinar com o Warriors daqui a quatro meses?


Os melhores da (metade) da temporada: Conferência Oeste
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Escrever uma artigo sobre prêmios de uma temporada qualquer da NBA pode ser um exercício de futilidade, certo? Por outro lado, dá ao blog, inativo por tanto tempo, a chance de recuperar o tempo perdido e abordar um ou outro protagonista da temporada. Então vamos roubar um pouco e dividir essa avaliação toda em duas listas, para cada conferência. A do Leste está aqui. Desta forma, ganhamos espaço para falar mais. E, claro, deixa a vida mais fácil na hora de fazer as escolhas:

Melhor jogador: Stephen Curry
Jura!? Afe. (Assim como Anthony Davis fez na primeira metade da temporada passada, Chef Curry no momento vai sustentando por ora o maior índice de eficiência da história da NBA, com PER de 32,94, contra os 31,82 do mítico Wilt Chamberlain em 1962-63. Será que ele vai manter o ritmo? O interessante dessa medição é que ela independe da quantidade de minutos jogados. Então não importa se o Warriors vai acabar com todas as partidas daqui para a frente em apenas três quartos. Não tem muito mais o que ser dito sobre alguém que arremessa mais de 10 bolas de três pontos por partida e converte 45,5% delas, ajudando na construção de uma média de 29,9 pontos em apenas 33,8 minutos. Aqui, porém, sou obrigado a concordar com Mark Jackson, algo raro levando em conta o discurso excessivamente religioso de seu ex-treinador: Curry é tão bom que, de certa forma, pode fazer mal ao basquete, se for visto como exemplo de jogador a ser seguido, imitado. Não é nada normal o que ele faz. Não é algo que se ensina da noite para o dia. Para alcançar este nível, requer-se talento natural, mas também muito treino. Muuuuuuuuuuito treino. E não seria bacana que a molecada de base saísse tentando imitar o ídolo máximo do momento sem ter isso em mente. Curry faz parecer fácil e correto, mas sua seleção de arremessos inclui bolas em um um nível de dificuldade absurdo de conversão. Não quer dizer que eventualmente um garoto de 12 anos hoje não possa superá-lo no futuro. Mas as chances são reduzidas.)Outros candidatos? Vindo de longe, e não por culpa deles, estão Russell Westbrook, Kawhi Leonard e Kevin Durant. Num degrau mais abaixo, mas com anos maravilhosos ainda, vêm Chris Paul, Draymond Green e o Boogie Cousins de janeiro.

Melhor treinador: Luke Walton
Santa mãe, muito difícil essa. Então vou apelar para a mais bonitinha das opções – e não em termos estéticos, que fique claro. 🙂

Mas é que não deixa de ser notável que Steve Kerr tenha ficado semiafastado de metade da temporada e que, quando retornou, tenha encontrado um time com campanha de 39 vitórias e 4 derrotas. Repetindo: 39 triunfos em 43 partidas, aproveitamento de 90,6%. Sendo o interino. O Golden State vem jogando tanta bola há muito tempo que corre-se o risco de subestimar a grandeza destes números todos que os caras apresentam, combinando novamente o melhor ataque com uma das melhores defesas da liga (a terceira mais eficiente, e, se há alguma crítica a ser feita a Walton, é a de que ele deixou a peteca flutuar um pouco para baixo nesse quesito… E blablabla). Mas a NBA nem reconhece a campanha do cara? Problema dela. Isso é só uma formalidade. Pois, se nos registros oficiais, o ex-ala do Lakers não tem currículo como treinador, a expectativa é que, pelo trabalho realizado, vá receber diversas propostas ao final do campeonato. Fora isso, vale a discussão sobre o quanto um técnico é importante para um time que tem um elenco formidável. É tentador dizer que esse conjunto joga sozinho. Até você perceber o que se passou em Cleveland nas últimas semanas e ver que não é bem assim. A gestão de egos na liga sempre exige muito.

Quem?! Eu?!

Quem?! Eu?!

Outros candidatos: que tal uma confissão, então? Optar por Walton era o caminho mais fácil, claro. Afinal, seria complicado de separar Gregg Popovich (de novo ele) e Rick Carlisle (idem!). Há um padrão aqui, que vocês vão reparar: na dúvida, ponto pro Warriors e sua temporada histórica. Merecem. E, se fosse para apontar o pior, era bem mais tranquilo: Byron Scott na cabeça!

Mas falemos sobre os veteranos professores. Enquanto a vasta maioria da liga quer jogar com mais velocidade, Pop, gradativamente, vai desacelerando o Spurs, saindo do 12º ritmo mais rápido em 2013-14 para o 9º mais lento neste ano. Creio que por duas razões: por respeitar o envelhecimento de seu eterno trio de ouro, mas também por entender que, correndo, ele jamais vai ganhar do Golden State. E aí entram em ação LaMarcus Aldridge, David West e o inigualável Boban Marjanovic. Quando o sérvio foi contratado, pensei se era realmente o melhor time para ele. Não haveria espaço algum. Vendo o Spurs jogar, porém, faz muito sentido. A equipe quer ganhar o jogo interior de qualquer jeito e estocou pivôs para isso. Boban é a apólice de seguro mais carismática e luxuosa da liga hoje. Mesmo que o gigantão sérvio pouco fique em jogo em seu ano de adaptação, esperando pelas deixas aqui e ali de Tim Duncan, a equipe é a segunda em percentual de rebotes, coletando 53,3% do que está disponível em quadra, atrás dos 53,9% da envergadura de OKC. Em rebotes ofensivos, estão na ponta. Na defesa, seu time é que o melhor contesta os arremessos nos arredores da cesta. E por aí vamos. Ao mesmo tempo, individualmente, cada jovem jogador adicionado ao sistema apresenta evolução constante. Seu desafio agora é recuperar a confiança e pontaria de Danny Green para os playoffs, enquanto regular os minutos de seus veteranos religiosamente.

Já Carlisle é aquele que mais tira leite de pedra no basquete americano – em, Boston, Brad Stevens desponta como seu sucessor nessa categoria. Quando um de seus alas está voltando de uma cirurgia de microfratura no joelho e o outro, pior, de uma no tendão de Aquiles, quando seu armador tinha, até outro dia, um dos cinco piores contratos da liga, quando é recomendável que seu principal jogador não passe dos 30 minutos por partida, quando seu pivô cabeçudo foi cedido de graça, quando o orgulhoso proprietário da equipe é humilhado por alguém que comemora quando fica em 50% nos lances livres… Bem, quando tudo isso acontece, você não espera que seu time 1) flerte com o top 10 de eficiência ofensiva, 2) tenha uma campanha vitoriosa e 3) esteja bem na luta por uma vaga nos playoffs, mesmo que sua tabela esteja entre as 12 mais duras. Se estivéssemos conversando em dezembro, Carlisle seria a escolha indiscutível, ao meu ver. Aos poucos, porém, com os adversários mais atentos e estudados, o feitiço perde um pouco de seu poder. A segunda metade da temporada promete ser desafiadora, mesmo que Chandler Parsons pareça em plena forma nesses últimos dias.

Para fechar, menção honrosa a Terry Stotts, ex-assistente de Carlisle.

Melhor defensor: Draymond Green
O melhor defensor do Oeste é o melhor defensor de toda a liga, não há dúvida, devendo ficar entre  Draymond, Kawhi Leonard e Rudy Gobert. A campanha do francês foi atrapalhada por sua lesão no joelho, que o tirou de quadra por mais de um mês.

Até Griffin sofre contra Draymond

Até Griffin sofre contra Draymond

Daí que, na minha cabeça, fica quase como se pudéssemos escolher os outros dois finalistas na moedinha. A tentação imensa é de apontar Kawhi, e tudo bem, sem se importar que ele já tenha vencido o prêmio oficial na temporada passada. Afinal, ele seria o símbolo de uma defesas mais sufocantes da história da liga. Todavia, talvez pensando por outro lado, o fato de a defesa do Spurs ser tão boa com ou sem ele, diga-se, possa enfraquecer, um tiquinho que seja, sua candidatura? Se você investiga os números do time de Pop, percebe que a máquina está realmente ajeitada de um modo em que as coisas funcionam independentemente da periculosidade do ala, ou de seus companheiros de quinteto titular. Os reservas entram e mantêm mais ou menos o mesmo padrão. Mas… coff, coff!… Claro que o sujeito é simplesmente um terror ao redor da bola, com mãos e pés muito ágeis, somando 2,1 roubos e 1,0 toco por 36 minutos, sendo uma ameaça constante ao oponente.  No ranking de Real Plus Minus do ESPN.com, ele aparece em sexto entre os marcadores, sendo o único jogador que não é escalado como pivô ou ala-pivô entre os 20 primeiros colocados. Kawhi impõe tanto medo que, em todo o mês de dezembro, ele só foi testado em 14 posses de bola por atacantes em jogadas de mano a mano, em 16 partidas. Menos de uma por jogo, e e ele sofreu a cesta em apenas três dessas tentativas. Ninguém quer encarar a fera.

Ainda assim… Hã… Vou de Draymond, devido seu papel fundamental no sempre subestimado sistema defensivo de Golden State – um sistema que dá sustentabilidade para o time atacar daquela forma avassaladora. O ala-pivô está no centro dessas atividades. Sem ele, a verdade é que provavelmente Steve Kerr teria de adotar outra abordagem (com todo o respeito a Andre Iguodala, Klay Thompson e Harrison Barnes, todos caras hoje combativos e capazes de fazer a troca e, em níveis diferentes de eficiência, incomodar o adversário com quem sobrarem, independentemente de quem).

Mas é Green aquele que dá maior versatilidade a esse tipo de cobertura, podendo fazer sombra tanto a um lateral mais explosivo como, ao mesmo tempo, exercer o papel verdadeiro xerife na proteção do aro. Consulte a seção de arremessos dos oponentes no NBA.com/Stats, filtre a turma toda por pelo menos 20 minutos jogados em média e cinco arremessos tentados por partida, e se surpreenda: o ala-pivô vai aparecer em terceiro na lista, permitindo apenas 42,4%% de aproveitamento a seus adversários quando debaixo da cesta. Acima dele estão apenas Gobert (bingo, com 39,8%) e Serge Ibaka (42,2%). Com a diferença de que Green é listado generosamente com 2,01m de altura. Que tal? Esse é o tipo de fator imensurável para uma equipe. Para se ter uma ideia, quando o ala-pivô vai para o banco, o Warriors leva em média 11,4 pontos a mais por 100 posses de bola. Uma diferença absurda. Vai de 98,8, que valeria como a segunda mais eficiente da liga, com ele em quadra para 110,2 sem, o que seria a pior de todas, pior até mesmo, creiam, que a do Lakers. Ao contrário do que acontece em San Antonio, em que as perdas e ganhos praticamente se sustentam com quer em que esteja em quadra, para o Warriors, só um jogador acompanha Green em termos de impacto defensivo: curiosamente, Stephen Curry. Lembrando que, das quatro derrotas sofridas pela equipe até o momento, Curry não jogou em uma e Green, em outra.

De qualquer forma, perguntem amanhã, e a moeda pode cair do outro lado. Dureza.
Outros candidatos: aqueles aqui já citados e Tim Duncan, invalidado por minutos limitados.

Melhor novato: Karl-Anthony Towns
Ele é tão bom, mas tão bom que, mesmo se tivesse sido draftado pelo Lakers, nem mesmo Scott ou Kobe poderiam atrapalhá-lo. Towns vai ser um All-Star por anos e anos e torna um talento raro como Andrew Wiggins como uma peça secundária até. Só precisa que o Timberwolves acerte na formação do elenco ao seu redor.

Para alguém que não ficava tanto tempo com a bola em mãos no supertime que Calipari montou em Kentucky no ano passado, o jovem pivô se mostra confortável demais em quadra. Com um arsenal daqueles, todavia, fica fácil de entender. Ele tem o chute de média para longa distância. Finaliza com força e categoria perto da cesta. Se os números de 16,1 pontos, 9,8 rebotes e 1,8 toco já impressionam, esperem só até Sam Mitchell permitir que jogue por mais que 29,4 minutos (em de poupar o veterano para os playoffs, né?!?!). Em 36 minutos, subiria para 19,7, 12,0 e 2,2, respectivamente. O quesito em que o garoto tem de ser trabalhado ainda é a hora de saber se livrar da bola. Se não tiver a chance de ir para a cesta, não é o fim do mundo: que tal olhar para os companheiros? Por enquanto, comete mais turnovers do que dá passes para cesta. Mas ele tem apenas 20 anos, com tempo para trabalhar isso nas próximas férias.
Outros candidatos: Nikola Jokic foi um tremendo de um achado dos olheiros internacionais do Denver, via segundo round. Também foi contratado no momento certo, esperando mais um ano na Sérvia para crescer. . Devin Booker vai terminar o ano em alta, com elogios de todas as partes. Demorou um pouco para George Karl lhe dar o devido espaço, mas Willie Cauley-Stein vai ajudar Sacramento na briga pela oitava posição do Oeste. Aqui, porém, é o mesmo caso da disputa pelo prêmio de MVP. Só incluímos essa moçada  por educação.

Melhor reserva: Will Barton
Aliás, fui me dar conta só agora de que faltou este no Leste. O post atualizado vai ser atualizado com… Lance Thomas, acho. Ou Jeremy Lin. Aqui, no Oeste, vamos com o surpreendente ala do Denver Nuggets, que veio de Portland na troca por Arron Afflalo – uma negociação que se mostra ultraproveitosa para o time do Colorado. Barton é o equivalente a Ty Lawson no Denver de tempos atrás, saindo do banco para botar fogo em quadra, correndo feito um presidiário em fuga no alto das Montanhas Rochosas, para marcar 15,1 pontos por jogo, a segunda melhor média entre atletas que tenham saído do banco pelo menos por 20 partidas, empatado com Jrue Holiday. Em pontos por jogo em transição, ele é o 11º da liga. No geral, na verdade, está entre os mais qualificados em qualquer medição ofensiva de contra-ataque. Em meia quadra, se transformou no chutador mais confiável do time em longa distância, sem comprometer na defesa. A combinação de perímetro com Gary Harris é muito promissora.


Outros candidatos: Enes Kanter é, disparado, o reserva com o melhor índice de eficiência da NBA, se intrometendo num grupo de caras como Kyle Lowry, Blake Griffin e Chris Bosh. Agora, como bem escreveu o mestre Marc Stein, do ESPN.com, um dia desses, existe um motivo para que um atleta tão produtivo como esse fique limitado ao banco e a 20 minutos por jogo: com salário de US$ 16 milhões, ele só joga de um lado da quadra. Por mais que a turma em OKC se esforce para dizer que o turco já não é mais um desastre defensivo, os números ainda não jogam a seu favor. Na lista do Real Plus Minus, ela aparece em penúltimo entre todos os pivôs da liga. Injusto? Nem tanto. Com ele em quadra, o Thunder leva 7,9 pontos a mais a cada 100 posses de bola. E não é que ele só jogue com reservas. Das dez escalações em que é mais utilizado, em quatro delas Kanter tem pelo menos a companhia de dois entre Westbrook, Durant e Ibaka. Sobre a questão ataque x defesa, o mesmo raciocínio vale para o unabomber Ryan Anderson, que atira muito e com precisão (39,4% dos três) de um lado e é metralhado do outro. Por coincidência, ou não, Anderson também é o penúltimo aqui. Com mais de 30 minutos em média, além do mais, é como se fosse um titular.

O que mais evoluiu: esse faz mais sentido esperarmos até o final da temporada, né? Steph Curry (glup!), Barton, CJ McCollum e Dwight Powell são algumas das possibilidades.

Melhor executivo: a mesma coisa. Melhor avaliar o conjunto da obra ao final. O combo Gregg Popovich/RC Buford, o gerente geral do Warriors, Bob Myers, do Warriors, e Neil Olshey, do Blazers, parecem os candidatos.

All-Stars: Curry, Westbrook, Kawhi, Durant e Draymond. Mais: Chris Paul, James Harden (a despeito de suas patéticas partidas iniciais), Klay Thompson, Gordon Hayward (sem Gobert, sem Favors, mantendo o time na luta), Dirk Nowitzki (sua regularidade pesa para assumir a vaga do lesionado Blake Griffin), Anthony Davis (não deu mais um salto, é cobrado pelo próprio técnico, mas ainda faz a diferença) e DeMarcus Cousins, o insano.
(Aos fãs de Damian Lillard, JJ Redick, DeAndre Jordan, Danilo Gallinari, Tim Duncan e LaMarcus Aldridge, desculpe.)