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Arquivo : Seleção

Magnano ignora cansaço de Splitter e se diz “surpreso” por ausência do pivô
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Giancarlo Giampietro

Magnano e Splitter, antes ou depois do churrasco?

Magnano e Splitter em abril: sorrisos

Dá para ler as declarações de Rubén Magnano à Folha de S.Paulo e julgar que houve uma falha de comunicação entre Tiago Splitter e o  argentino. No mundo (des)encantado da CBB, não seria novidade alguma. Considerando os dois personagens envolvidos, contudo, poderíamos seguir o treinador da seleção e nos dizermos “surpresos”: que um assunto que já deveria estar resolvido há semanas tenha agora virado discussão pública.

Primeiro, para quem não clicou no link acima, tem de saber, então, que Magnano afirmou ter sido pego desprevenido com o pedido de dispensa do pivô, principalmente depois da notícia de que ele já ter chegado a um acordo para renovar seu contrato com o Spurs. Se o vínculo for oficializado no dia 10 de julho, haveria tempo de sobra para que se apresentasse para a disputa da Copa América, dia 18, sem burocracia que lhe impedisse.

Ao menos essa era a sensação que o técnico tinha quando voltou dos Estados Unidos, em sua turnê anual atrás dos selecionáveis: uma vez que o papel estivesse assinado, a camisa número 15 da seleção já teria dono garantido. Os dois se encontraram em abril. “Pensava que o único problema do Tiago era somente contratual. Depois, o estafe dele me ligou falando que ele não ia se apresentar. Eu não sabia disso (de cansaço)”, afirmou o treinador. “Pela importância que ele tem na estrutura da seleção, com certeza vai atrapalhar. Agora, eu tenho que fortalecer muito os jogadores que vão jogar o Mundial.”

Na cabeça do argentino, ao menos publicamente, foi uma virada muito drástica. Veja o que ele havia dito, segundo release da CBB, há três meses, depois de se encontrar com o catarinense em San Antonio: “Foi uma conversa muito proveitosa e como sempre Tiago se mostrou pronto para defender a Seleção Brasileira”.

Tiago havia comentado o seguinte: ” Esse tipo de conversa é sempre positiva e a presença dele (Magnano) mostra a seriedade do planejamento da CBB. Depois dos Jogos de Londres, aumenta a nossa responsabilidade e vamos fazer de tudo para classificar o Brasil para o Mundial da Espanha”. Agora, em coletiva durante a semana, o discurso foi bem diferente: “É um ano que permite você ter um descanso. Obviamente se fosse uma Olimpíada ou um Mundial é outra coisa, você faz um esforço. Não quero tirar a importância da Copa América, é importante, mas é um ano de  contrato, estou desgastado física e mentalmente. Tantos anos seguidos de seleção, minha esposa está querendo me matar. Um pouquinho de tudo me fez tomar essa decisão”.

Bem… Contrapondo assim as declarações seria um prato cheio para detonar o jogador, não?

Acontece que, entre esse release e a convocação, o pivô disputou mais 25 partidas, sendo 19 delas pelos playoffs. Encarando uma batalha depois da outra – contra gigantes como os irmãos Gasol, Dwight Howard, Andrew Bogut e Zach Randolph no meio do caminho. Dói, gente, dói – foi disparada a temporada mais desgastante de sua carreira, com tempo de quadra regular estendido até o sétimo sétimo jogo da final, lembrando sempre que ele já havia disputado as Olimpíadas em agosto e que a pré-temporada começa em outubro. Sobrou só o mês de setembro livre.

Então, é natural que, ao conseguir parar para respirar um pouco, nesse regresso ao Brasil, Splitter provavelmente via seu corpo em frangalhos. Para a ESPN Brasil, por exemplo, em entrevista que será veiculada na terça-feira, voltou a apontar dores crônicas no ombro, um problema que o acompanha há anos.  Então, ok. Talvez o catarinense pudesse ter feito a ressalva em abril de que o plano de Gregg Popovich era fazer uma loooonga campanha nos mata-matas de olho no título. E que isso poderia ter um preço custoso.

Por outro lado, Magnano está habituado a lidar com esse tipo de questão há anos – do desgaste e das questões que uma temporada de NBA pode proporcionar. É difícil de imaginar que a recusa do pivô tenha sido uma “surpresa” dessas, mesmo que todos nós tenhamos ficado muito acomodados com os seguidos anos de apresentação à seleção.

Convenhamos, era um problema que estava anunciado há meses e meses, por mais que a breve reunião em San Antonio pudesse indicar o contrário. Acontece com a Argentina há tempos, e eles sempre deram um jeito de garantir sua vaguinha. Agora chegou a hora de o Brasil testar seus recursos sem aquele que sempre foi uma constante – mas que agora merece, enfim, um pouco de descanso. Só esperar que, a despeito de sua conduta rigorosa, um dos alicerces para uma carreira vitoriosa, Magnano possa tirar o pé um pouco em suas declarações. Não me parece justo e, mesmo que politicamente, não faz nada bem questionar um de seus principais jogadores desta forma.


As visitas que valem: Magnano encontra Faverani e outros na Espanha
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Giancarlo Giampietro

 Rubén Magnano

Rubén Magnano viajou nesta sexta-feira para fazer um giro pela Espanha. Mas não você pensar que o nosso argentino está a passeio, arrastando o chinelo – aliás, cá entre nós, mas é impossível imaginar o professor de bermuda, óculos escuro, bebericando um drink, né? O treinador faz, na verdade, mais uma de suas visitas oficiais para se reunir com a legião de jovens jogadores brasileiros no país Ibérico, tentando sentir o pulso da moçada antes de elaborar sua convocação para a Copa América, que será disputada na Venezuela este ano.

A julgar pela situação de nossos representantes na NBA, a visita aos ‘espanhóis’ é fundamental para a composição do elenco que deve brigar pelo título continental e, no mínimo, uma vaga na (agora chamada) Copa do Mundo. Confira aqui uma breve análise sobre os grupos do torneio e de como será difícil contar com a turma da maior liga do mundo.

No release divulgado pela CBB, a informação mais importante é que, em seu giro espanhol, Magnano vai sentar para conversar com Vitor Faverani, pivô do Valencia, neste domingo. Quer dizer, pelo menos a gente espera que isso vá acontecer. Da última vez em que marcaram um encontro, o jogador deixou o técnico esperando, esperando, esperando até ficar possesso e fulo da vida. Daí o cara ter sido ignorado nas listas mais recentes.

A julgar para uma entrevista de Vitor para o site da confederação há algumas semanas, dessa vez parece que a reuniãozinha vai rolar. O pivô afirmou que está mais que disposto a servir à pátria jogar pela equipe nacional. Caso acertem os ponteiros, o rapaz, extremamente versátil e habituado a competir em alto nível, para valer, – já deixou para trás o rótulo de “promessa” há tempos –, tem tudo para ser uma referência da equipe a partir de agosto.

Huertas, Hettsheimeir, Raulzinho, Rafael Luz, Lucas Bebê e Augusto também estão na agenda de Magnano. Tudo em três dias de estadia.

 


Nenê diz ter contemplado aposentadoria e descarta jogar pela seleção na Copa América
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Giancarlo Giampietro

Nenê, na seleção

Bom, imagina-se que, durante sua visita recente a Washington, Rubén Magnano já tenha ouvido de antemão que não poderia contar com Nenê para a disputa da próxima Copa América, a partir de 30 de agosto, em Caracas. Na dúvida, republicamos aqui o que o brasileiro afirmou em entrevista ao Washington Post: “Foi uma honra representar meu pais nas Olimpíadas. Fiz o sacrifício, sabe. Foi minha decisão, mas agora vou ter o verão inteiro para me recuperar e ter meu corpo direito, com força”.

Sem parar durante as últimas ‘férias’, o pivô jogou a temporada toda de 2012-2013, sua 11ª na liga, com uma fascite plantar no pé  esquerdo que se recusou a ir embora, sem contar as dores no joelho direito que se agravaram com o acúmulo de jogos. A situação estava tão crítica, que ele revelou que chegou a contemplar a aposentadoria precoce das quadras.

“O quão duro foi? Duro o bastante para pensar a encerrar minha carreira? Sim, foi duro desse jeito. Foi tão difícil jogar deste jeito. Pensei em encerrar minha carreir porque é muito doloroso, meu corpo não consegue suportar. Estou feliz de ter finalizado a temporada, mas do modo como sofri, espero, nunca mais passar por isso”, disse.

Na hora em que li essa declaração, pensei automaticamente na raiva que Kobe Bryant sentiu ao ver seu campeonato encurtado devido a uma ruptura no tendão de Aquiles. Segundo a grande maioria dos especialistas, a lesão do ala do Lakers foi mero acidente, enquanto Nenê lidou com problemas crônicos durante meses e meses. Realmente não dá para imaginar que tenha sido o ano mais feliz da carreira do paulista de São Carlos, ter de jogar enfrentando uma dor daquelas.

O reflexo desse desgaste físico se viu claramente em seu rendimento: pela primeira vez ele chutou abaixo dos 50% de aproveitamento (sem contar 2007-2008, quando teve de superar o câncer). Para comparar, nas últimas três temporadas, ele teve mira de 53,7%, 50,9% e 60,7%. Suas médias em rebotes e bloqueios também sofreram, assim como na de pontos por partida – apenas 12, a menor desde 2006.

Esses números não serão alterados, já que Nenê decidiu que não vai participar das últimas duas partidas do Wizards, nesta semana. Chega. “Não me importo com o que as pessoas pensam, por que elas não estnao comigo todo os dias. Não sabem o quanto eu sofro, o quanto eu choro, o quanto eu fiz de fisioterapia para poder jogar. Não me importo. Sei pelo que passei. Vou voltar forte e eles vão ver.”

Só não será pela seleção, mesmo.

 *  *  *

Resta saber apenas se o pivô vai estar em forma para disputar o amistoso entre Wizards e Chicago Bulls, pela pré-temporada da NBA, pela primeira vez no Brasil, mais precisamente no Rio de Janeiro.


Time de Rafael Luz completa sequência especial como “mata-gigantes” na Espanha
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Giancarlo Giampietro

Olho nele, Magnano: Rafael Luz

“Rafa Luz, ex-Freire” ataca o Real Madrid em mais uma sólida atuação na Espanha

Falamos há pouco sobre o crescimento do talentoso Rafael Luz na Espanha. Agora dá para destacar sua equipe numa abordagem mais abrangente, geral, depois de o Obradoiro vencer o Real Madrid por 64 a 61 e completou uma sequência especial na Liga ACB, o Campeonato Espanhol de basquete: venceu todos os quatro participantes do país na Euroliga fora de casa. Antes do triunfo em Madri, o Obradoiro havia vencido Barcelona, Caja Laboral e Unicaja Málaga como visitantes.

A abertura do relato do site oficial da liga espanhola para destacar essa “quadra” completa é demais: “Cuando la sorpresa se viste de rutina, deja de ser sorpresa, mas cuando la excelencia se convierte en frecuente, no deja de ser excelencia. Es el caso del Blusens Monbus. Etiqueta de revelación, de sensación, de matagigantes. Etiqueta ganada en pista, ganada con el juego, ganada con el tiempo”, escreveram.

A excelência, no caso, reside no sucesso longe de casa. O último clube que bateu Real, Barça e Baskonia (o atual Caja Laboral, ex-TAU Cerámica) em seus domínios acabou avançando até a final. Difícil imaginar que isso possa acontecer com o aguerrido, mas modesto time de Rafael. De todo modo, é uma façanha, e o brasileiro tem participação direta nisso.

Contra o Real, para celebração de seus 120 torcedores que visitaram a capital espanhola, ele jogou por pouco mais de 26 minutos, vindo do banco, e converteu apenas um arremesso em quatro tentativas. Porém, encontrou outras formas de contribuir, somando cinco pontos, seis assistências e três rebotes. Novamente, o Obradoiro rendeu muito mais com o mais novo representante da “Dinastia Luz”: enquanto ele esteve em quadra, a equipe teve um saldo de cestas de + 12, sua melhor marca no jogo. O quer dizer ainda que, com Rafael no banco, o time perdeu (ou “teria perdido”) por seis pontos de diferença.

*  *  *

Cabe ressaltar que o Real, que enfrenta o Maccabi Tel Aviv pelas quartas de final da Euroliga, maneirou em sua escalação, controlando os minutos dos dois Sergios armadors, Llull e Rodríquez, e de mais dois titulares regulares, o ala Carlos Suárez e o pivô Mirza Begic. O que não quer dizer, claro, que, diante de um elenco fortíssimo, seja fácil batê-los em Madri. Quem se beneficiou dessa opção do técnico Pablo Laso foi Rafael Hettsheimeir, xará de seu compatriota. Se muito tempo para mostrar serviço na Euroliga, ele pôde começar a partida como titular, terminando com seis pontos e cinco rebotes em 28min54s. Essa é uma situação que precisa ser monitorada, pensando em convocação: um dos heróis da classificação olímpica da seleção masculina, o pivô revelado em Ribeirão Preto está um pouco fora de ritmo de jogo. Sua presença seria inquestionável, mas Magnano teria de trabalhar bem com ele nos treinos para a Copa América.

*  *  *

Se Rafael Luz foi revelado pelo Málaga, Hettsheimeir jogou pelo Obradoiro de novembro de 2009 a fevereiro de 2010, numa breve, mas muito importante passagem de sua carreira. Foi no clube de Santiago de Compostela que ele conseguiu mostrar serviço, de verdade, na elite do basquete espanhol, até regressar ao Zaragoza e virar um pivô cobiçado em todo o mercado europeu – chamando a atenção da NBA, ao mesmo tempo.

*  *  *

Com o triunfo, o Obradoiro (ou “Blusens Monbus”) se mantém na oitava colocação da temporada regular da Liga ACB, posto que vale a classificação para os playoffs. O clube tem uma vitória a mais que o Unicaja Málaga, justamente o responsável pela formação de Rafa Luz em seus últimos anos de juvenil na Espanha e que tem um orçamento muito maior e conta com o pivô Augusto Lima em seu elenco.


Garotos do Bauru assumem o comando em vitória sobre o Flamengo
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Giancarlo Giampietro

Bauru campeão

Garotada do Bauru, campeão da LDB 2013, pede passagem

Há um aspecto interessante na vitória do Bauru sobre o Flamengo por 89 a 74 neste sábado pelo NBB 5: o rubro-negro perdeu definitivamente sua aura de imbatível construída durante um primeiro turno memorável. Isso não quer dizer também que não seja um dos favoritos ao título, como sempre foi. Significa apenas que, nos playoffs, um adversário mais confiante poderá acreditar em chance de vitória.

Mas o principal ponto, pensando no basquete brasileiro de um modo geral, além do campeonato, é o modo como se desenvolveu a divisão de tarefas na equipe paulista. Acomodados em demasia durante boa parte da temporada em torno de sua tropa de veteranos americanos, ela dessa vez venceu liderada por dois de seus jovens talentos nacionais, o ala Gui Deodato e o armador Ricardo Fischer, dois campeões da Liga de Desenvolvimento, nosso campeonato de aspirantes como avaliou dia desses o Guilherme Tadeu, do Basketeria.

Vamos abordar em breve com muito mais profundidade essa questão, levantando alguns dados interessantes, mas, de supetão assim, é claro que os times de elite no país não vêm se esforçando muito em integrar jovens talentos em elencos com a necessidade de acumular uma vitória depois da outra – exceção, clara, feita a Franca, ao progresso do menino Lucas Dias no Pinheiros e… Bem, aguardem.

Contra o Fla,  foi a vez de a molecada virar protagonista, ainda que, talvez, de modo involuntário, uma vez que Jeff Agba e o Fischer mais velho foram desfalques. “Foi uma vitória diferenciada por todo potencial do time do Flamengo e pelas nossas dificuldades por não contarmos com alguns jogadores”, disse Guerrinha.

Gui anotou 21 pontos, seguido pelos 20 de Ricardo. Melhor ainda: os dois descansaram pouco mais de 1min30s, numa prova de sua relevância na partida, castigando a defesa adversária do perímetro. Juntos, converteram 9 de 15 disparos de três pontos, sendo responsáveis apenas neste fundamento por 30% da pontuação total de sua equipe.

(Agora pausa para um longo parêntese…

O quanto isso é saudável, entretanto? Vale matutar: Guilherme é um dos jogadores mais explosivos que você vai encontrar no campeonato e não pode ficar tão estacionado assim na linha de três pontos. Em 38min25s de ação, ele arremessou dez vezes de fora e não cobrou sequer UM lance livre, num saldo lamentável. Um jogador atlético feito ele deveria ser – e usado de modo – muito mais agressivo, em vez de se tornar apenas um spot up shooter. Lembrem-se de que estamos falando do bicampeão do torneio de enterradas!

É preciso saber o que acontece: se o plano de jogo não proporciona jogadas de maior eficiência para o garoto, se o ala ainda se sente inibido, desconfortável em usar o drible em direção ao aro, ao garrafão… Uma não necessariamente exclui a outra. Mas é uma situação que pede um reparo urgente. Imaginem se Bauru entrasse em quadra com um Guilherme atuante em infiltrações? O quão difícil seria para os oponentes estabelecer uma defesa equilibrada diante de Larry, Ricardo, Pilar e Gui levando a bola, atacando de todos os lados?

Em entrevista ao Fernando Hawad Lopes, do Bala na Cesta, para constar, Guerrinha disse o seguinte: “Quanto ao Gui, com certeza vai ser um dos grandes jogadores do Brasil. Estamos fazendo um trabalho progressivo com ele e ele está crescendo muito”.

Enfim, chega de digressão. As bolas de três pontos dessa vez caíram de montão, os garotos brilharam, e segue o texto…)

Ricardo, atuando em dupla armação ao lado de Larry, ainda contribuiu em outros aspectos, com seis rebotes e três assistências, sendo o jogador mais eficiente de seu time, com 22 de índice, um a mais que o sempre subestimado Henrique Pilar (13 pontos, 6 rebotes, 4 assistências e 4 roubos de bola).

Legal também ver Andrezão, outro campeão de nossa D-League, herdando alguns minutos de Agba. Com média de apenas 8,4 no campeonato, o jovem pivô dessa vez passou quase 22 minutos em quadra, com sete pontos e seis rebotes, quatro deles preciosamente ofensivos, e acertou três dos quatro arremessos  que lhe delegaram. Ativo na defesa, também tomou a bola duas vezes de seus oponentes.

É claro que, quando voltar, Agba tem de ser explorado – ele causa estragos por aqui. Claro que o principal homem do time ainda é Larry, seu jogador mais completo e qualificado. Mas vencer o Flamengo no Rio de Janeiro com atuações expressivas da trinca do “Expressinho” mostra que o momento de se abrir passagem para os rapazes esteja bem próximo.

*  *  *

Podem ter certeza de que tanto Gui como Ricardo estão nos planos de Rubén Magnano para esta temporada. Resta saber para qual grupo: o da seleção de novos que será formada para a disputa de amistosos na temporada, ou o principal, que vai encarar a Copa América. Tudo vai depender de quem se apresenta da NBA e da Europa, além do grau de confiança do argentino especificamente nesses dois garotos. Gui jogou o Sul-Americano ano passado, enquanto Ricardo foi pinçado para treinar diariamente com os pesos pesados.


Com reeleição de Nunes, basquete brasileiro confirma repulsa a novas ideias
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Giancarlo Giampietro

O basquete brasileiro, ao menos na figura representativa de seus 27 presidentes de federações, está de parabéns.

Numa eleição que contrapôs o atual gestor Carlos Nunes, a criatura, com aquele que administrou a confederação por 12 anos, o presente-de-grego Gerasime Bozikis, o criador, não havia como sair um vencedor, mesmo.

(Ok, oficialmente, Nunes, aquele que destronou de modo shakesperiano o Grego, venceu a fatura por 21 votos a 2, com três abstenções, depois de sua turma anular dramaticamente uma liminar judicial por volta de 15h no horário de Brasília.)

Grego e Nunes, eternamente juntos

Grego e Nunes, eternamente juntos

Mas o ponto mais importante é o seguinte: mesmo com alguns pontos positivos levantados nos últimos anos, seja pelo crescimento do NBB ou pelo avanço da seleção brasileira masculina, a modalidade, devido a sua politicagem, ainda está longe de convencer qualquer pessoa mentalmente saudável a investir tempo de vida, força de vontade e alguns cabelos prestes-a-esbranquiçar para tomar conta da casa.

Por que alguém bem intencionado se disporia a isso?

Nos últimos meses, tenho acompanhado um debate revelador sobre a, agora, passada eleição da CBB, com a disputa infantil entre o reeleito “Carlinhos” – se vocês não sabem, é assim que os íntimos o tratam – e Grego, aquele que comandou a entidade por 12 anos e tinha em Nunes um de seus principais articuladores, se não o principal. Cada um recrutou capangas no mercado para defender-e-atacar o outro. As acusações eram risíveis, quando consideramos que é impossível separar um do outro.

Vamos nos ater as defesas, porque atacar é muito fácil (clique aqui para ler sobre um, e aqui para ler sobre o outro, num esforço hercúleo de reportagem do R7, lembrem-se).

A começar, a oposição: clamaram não sei quantas vezes para que ignorássemos o passado. Mesmo. Foi esse um dos principais argumentos utilizados: que não adianta admirar o leite derramado, que o novo velho candidato apareceu regenerado, pronto para outra, orientado por assessores profissionais, visionários. Tudo o que aconteceu antes deveria ser esquecido. Não importando o simples fato de que a gestão do senhor Bozikis tenha se encerrado logo ali em 2009. Isso: 2009, neste século, não em 1926 ou 1948. Estavam falando de um passado tão distante como 2009. Mesmo nos tempos de reação imediata para tudo, ao vivo e pra agora, gente, quem vai realmente dizer que “quatro anos atrás” significa algo?

(Ok, se você tiver de 20 a 22 anos, tudo é muito compreensível, ninguém se lembra mais de nada, e estamos conversados.)

Da situação, do pouco que disseram (no ar, com gravador ligado), era basicamente algo como “convênio com Ministério do Esporte + quadras novas + classificação e quinto lugar olímpicos = nota 10, reeleição”. E ponto final, porque nunca houve espaço para debate.

Em confissão pública: nunca busquei uma entrevista com Carlos Nunes e descartei a possibilidade de falar com Grego. Francamente? Não valeria de nada, uma vez que, para o colégio eleitoral, “é-assim-que-as-coisas-funcionam”. Grego durou 12 anos no cargo a despeito de toda sua incompetência, oras.

Os eleitos

“O presidente Carlos Nunes e o vice-presidente Reginaldo Senna no momento que foram reeleitos”. Ô alegria

A eleição da CBB está restrita a 27 presidentes de confederações. O bolo fica maior a cada temporada, com aporte público, e apenas 27 cidadãos podem decidir o que será feito das fatias. Já não é o sistema ideal, está longe disso, mas é o que temos. E, nesse ambiente que, desde 1997, elege Grego ou Nunes, quem vai topar entrar para concorrer? Quem tem estômago para conversar com os 27 presidentes de federações que choram (ou não, ou não, ou não) o ano todo pelas amarguras des suas regiões, mas que, na hora do voto, se contentam (divertem? corroboram? sofrem mesmo?) com a pasmaceira?

Entre Grego e Nunes, não há como apontar o “menos pior”.

A coisa já tava preta mesmo. E os senhores supracitados não fazem, nem topariam fazer nada para mudar isso. É o que temos, o que somos.

Um sistema precário de eleição que inibe qualquer tentativa de sopro.

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Houve um certo suspense na eleição desta terça-feira, uma vez que a confederação maranhense  conseguiu uma liminar na Justiça do Rio para inviabilizar o pleito, alegando, coerentemente, que não haveri tempo hábil para avaliar a quantas andava a gestão da CBB. Porque, vocês sabem, Carlos Nunes havia armado todo tipo de armadilha para blindar seus, supostamente, brilhantes resultados. Uma atitude que deu para entender como: se você quisesse avaliar as contas, o balanço, teria de marcar horário; isto é: “Se você quer aprontar uma, que identifique-se como opositor, meu irmão camarada, e arque com as consequências”. Então não deixa de ser irônico que a eleição fosse adiada por algumas horinhas por intervenção  o tapetão: afinal, o processo como um todo já havia começado com censura, com restrições mais do que pontuais. Jornalistas só poderiam ter acesso ao capítulo final, a contagem de votos, e olhe lá. Se ao menos ganharam um copo d’água e biscoitos de maizena, não tenho como confirmar.

*  *  *

Sim, toda a gestão de Carlos Nunes se baseou em um só fato: resultados no esporte de alto padrão. Contratou Magnano, levou o time principal masculino aos Jogos depois de 16 anos, e que se danasse todo o 99% de que se espera de uma plataforma, mesmo a derrocada da seleção feminina. Então, se resultado é ralmente o que vale, os coordenadores André Alves, Vanderlei e Hortência estão, desde já, que se preparem: estão na mira. Mas, mais importante, quando chegarmos aos arredores de 2016 (na verdade, estamos quase lá já, não?), que não se perca de vista outra questão: uma gestão de confederação brasileira deve ser avaliada apenas por aspirações olímpicas imediatas? Ou conta mais um progresso, no termo da moda, sustentável?

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No mesmo dia em que Carlos Nunes foi reeleito, José Carlos Brunoro, chefe da equipe que coordena o marketing da CBB, estava envolvido até as tripas com a crise por que passa o futebol do Palmeiras, depois do episódio de agressão de integrantes de uma facção organizada a jogadores, em Buenos Aires. Nesse ponto, não está certo. Mas como fica a CBB? Sua empresa tem a competência necessária para conduzir, com funcionários e delegados, uma nobre (pelo esporte, claro, e não por quem governa) confederação num ciclo olímpico de Jogos no Brasil?


Grupos da Copa América definidos: ótima oportunidade para avaliar os prospectos da seleção
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Giancarlo Giampietro

Olha o Brasil aí

Olha, aqui no QG 21 tava fazendo falta, sim. Conversar sobre a seleção brasileira.

Nesta quinta-feira, a Fiba Américas divulgou a tabela da Copa América masculina de basquete, que será disputada de 30 de agosto a 11 de setembro na Venezuela. Os quatro primeiros colocados se classificam para a Copa do Mundo da Espanha em 2014.

Na primeira fase, não dá para ter apreensão alguma: num grupo de cinco times, avançam as quatro primeiras. Só não dá para tropeçar muito porque os pontos se acumulam na segunda etapa, que definirá os quatro semifinalistas – e classificados – do torneio. O Brasil encara Porto Rico, Canadá, Uruguai e Jamaica em seus quatro duelos iniciais.

Aqui de longe, ainda sem saber nada das listas, dá para arriscar dizer que o Canadá se projeta como o adversário mais complicado. Sim, mais que Porto Rico – independentemente da presença de José Juan Barea, Carlos Arroyo etc.. Agora com Steve Nash engravatado, cumprindo papel de  dirigente, a confederação canadense tem se esforçado em agrupar seus principais jogadores, tentando formar um programa realmente competitivo. Os primeiros sinais são promissores, e talento não faltará ao time, mesmo que os alas-pivôs Kelly Olynyk e Anthony Bennett, dois dos jogadores mais dominantes do basquete univeristário dos EUA nesta temporada, e o jovem armador Myck Kabongo sejam selecionados no Draft da NBA neste ano e possam, eventualmente, ter suas convocações vetadas.

Rubén Magnano, do seu canto, adota o discurso protocolar de qualquer jogo é pedreira. Conhecendo o técnico, não era de se esperar outra coisa, claro. (Isso, claro, se o argentino ainda for o comandante da seleção até lá, lembrando que a CBB passa por eleições em março. Mesmo que o candidato da oposição, o velho conhecido presente-de-Grego, tenha indicado que não haveria mudança alguma nesse sentindo, não dá para cravar como ficaria a situação, pensando muito mais em Magnano aqui. E, não, esse pequeno comentário não é uma campanha em prol do horrendo Carlos Nunes, que tem na contratação do supertécnico seu grande – e único?! – trunfo para buscar a reeleição.)

“Não será uma competição fácil e não podemos descuidar de nenhum adversário. Enfrentaremos nossos rivais mais difíceis na sequência. A estreia será contra Porto Rico, que pela capacidade e bagagem técnica é um grande candidato à classificação. Precisamos estar bem preparados para jogar e ir atrás do nosso objetivo”, afirmou o treinador. “A seleção do Canadá também é uma grande equipe e tem muito potencial. Mas precisamos saber antes de fazer uma análise mais completa quais os jogadores irão representar seu país, pois eles trocam bastante a cada ciclo os jogadores. O mesmo serve para o Uruguai que dependerá dos jogadores que vão atuar, mas com certeza será um jogo difícil. A Jamaica não é tão difícil quanto os demais, mas não podemos descuidar de nenhum adversário.”

Um pouco de blablabla.

O Uruguai realmente tem jogadores muito interessantes, com o pivô Esteban Batista, os armadores Gustavo Barrera, Jayson Granger e o veterano Martín Osimani etc. A Jamaica também pode até contar com o grandalhão Roy Hibbert, do Indiana Pacers, o pivô Samardo Samuels e Patrick Ewing Jr. Mas não dá para esperar perrengue algum contra esses dois times se o Brasil praticar um basquete minimamente consistente.

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Na outra chave estão: Argentina, República Dominicana, México, Paraguai e Venezuela. México e Paraguai são as babas.

Avaliando as dez equipes participantes, em teoria apenas seis brigam por vaga, em ordem alfabética: Argentina, Brasil, Canadá, Porto Rico, República Dominicana e Venezuela Quem chegará mais forte que o outro? Aí, sim, é impossível dizer. Tudo depende de quem vai dizer sim a seus técnicos.

*  *  *

Para Magnano, as notícias que já vieram dos Estados Unidos não são boas, sabemos:

– O argentino já sabe que não vai poder contar com Leandrinho, que ainda vai estar em recuperação de uma cirurgia no joelho.

– Anderson Varejão hoje é, na melhor das hipóteses, uma incógnita. Ele é outro que não vai terminar a temporada regular da NBA jogando, afastado devido a um coágulo detectado em seu pulmão direito. O pivô já deixou o hospital, visitou os companheiros de Cavs, mas a estimativa inicial era de que ele ainda passaria por tratamento até maio. Se ele vai estar pronto em agosto, física e/ou espiritualmente, é uma dúvida tão grande quanto sua cabeleira – e raça em quadra.

– Ainda em atividade, Nenê jogou as Olimpíadas no sacrifício, algo que implicou em mais uma temporada acidentada na liga norte-americana, agora vestindo a camisa do Washington Wizards. Será que ele topa emendar mais uma vez suas férias?

Tiago Splitter e o San Antonio Spurs esperam sinceramente que ainda estejam em quadra em meados de junho, nas finais da NBA.

– Fabrício Melo consegue jogar na D-League, tem potencial físico, mas ainda está longe de ser um jogador de impacto em partidas decisivas, de peso, como teremos na Copa América. Caso não seja envolvido em alguma troca durante o próximo Draft, em junho, certamente estará em ação pelo Celtics nas próximas ligas de verão em julho.

– Scott Machado ainda não conseguiu retomar o caminho da NBA depois de ser dispensado pelo Houston Rockets. Conseguindo ou não uma nova chance na liga principal, também deve participar dos torneios de verão norte-americanos. Para quando será que Magnano vai marcar sua apresentação?

Mas calma, gente. Nem tudo está perdido.

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Mesmo se não puder contar o sexteto que iniciou a atual temporada da NBA, Magnano ainda teria talento o suficiente para compor uma equipe de respeito, forte, para disputar a Copa América, contando com aqueles que julga os destaques do NBB – embora nem sempre os melhores de fato do campeonato nacional sejam chamados, diga-se – e com os garotos em desenvolvimento na Europa. (Desde que, claro, nenhum deles faça a transição para a liga norte-americana entre as temporadas.)

Rafael Hettsheimeir vai recuperando a melhor forma pelo Real Madrid aos poucos, Vitor Faverani tratou de fazer as pazes e é um pivô de elite na Europa, Rauzlinho ganhou minutos preciosos de Liga ACB nesta temporada, assim como Lucas Bebê, e Augusto Lima e Rafael Luz devem estar doidos para mostrar mais serviço pela seleção.

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Muita gente pode ter se despedido de Manu Ginóbili, Andrés Nocioni e Pablo Prigioni em Londres, mas nenhum dos três anunciou oficialmente a aposentadoria da seleção argentina. Luis Scola, pelo contrário, garantiu que joga. A República Dominicana não vai contar mais com John Calipari. Sem o badalado treinador, Al Horford e Francisco Garcia vão topar o desafio? A Venezuela depende, muito, do cada vez melhor Greivis Vasquez.


Agora vai? Faverani se coloca à disposição de Magnano para defender a seleção
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Giancarlo Giampietro

Faverani agora está na luta

A cada convocação da seleção brasileira nos últimos anos a pauta ficava quase sempre voltada para a turma da NBA. Será que vão se apresentar? Os times liberam? Como estão fisicamente? E os contratos? Blablabla.

Mas há outro mistério que perdura e desafia as diversas listas que já foram anunciadas por Magnano, Moncho e a turma anterior. E o Vitor Faverani? O que acontece?

Sempre visto como um jogador de muito potencial, seu nome entrou para o rol de selecionáveis a partir do momento em que fez a transição da base para o profissional no Unicaja Málaga. Mas nunca deu as caras por aqui. Equipe de base, equipe de Sul-Americano, equipe principal, nada. A ponto de, no fim, ser esquecido, ou algo perto disso.

Na tentativa de reunir os melhores nomes possíveis, o empossado Rubén Magnano viajou por aí até chegar à Espanha para bater um papo com os jovens brasileiros espalhados por lá. Ao que parece, a conversa não foi muito boa, tendo deixado o argentino irado com seu comportamento. Se há algo que realmente vai tirar nosso treinador do sério, é isso. O pivô conseguiu.

Bem, o site da CBB agora resolveu fazer as pazes. Em mais que bem-vinda entrevista à equipe de comunicação da entidade, Faverani afirmou que, “se for interessante para a comissão técnica do Brasil me chamar, vou aceitar porque estou pronto para defender o Brasil”. Depois ele tenta afagar o argentino: “Tenho uma enorme admiração pelo técnico Rubén Magnano e com certeza ele virá à Espanha para conversar com os jogadores que pretende convocar”.

Pois é. Magnano já foi para a Espanha, Vitor bem sabe.

O pivô estava defendendo o Murcia na época. Embora não tenha sido convocado para o grupo pré-olímpico, o rapaz tenta explicar porque se manteve à distância ao menos na última temporada. “No ano passado eu tinha que fazer um tratamento muito delicado para curar um problema no calcanhar do pé direito. Conversei com o pessoal do Valencia, e ficou decidido que tinha que fazer o tratamento nas férias porque a lesão já estava sobrecarregando o joelho. Fiz uma opção de fazer o tratamento nas férias e hoje estou totalmente curado”, disse.

E, sim, esse é um problema recorrente. Não são apenas os clbues da NBA que vão colocar seus interesses acima de qualquer outro na hora de cuidar do desenvolvimento ou de simplesmente preservar, mesmo, seus jogadores. As confederações que se virem politicamente para dobrá-los – e, claro, a vontade do atleta também pode influenciar qualquer decisão.

De todo modo, está feita a ponte. Na hora de definir seus pivôs, cabe a Magnano definir se Faverani é um nome interessante, ou não, para a seleção.

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Até porque, hoje, a seleção brasileira também não fica necessariamente refém do pivô. Num cenário hipotético – e, provavelmente, utópico –, se Magnano tivesse todos os pivôs à disposição para fazer uma convocação, muita gente boa teria de ser cortada. Veja a lista: Varejão, Splitter, Nenê, Augusto, Faverani, Hettsheimeir, Murilo, Giovannoni, Paulão… Além dos projetos Lucas Mariano, David, Lucas Bebê e Fabrício Melo…

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Ao falar sobre NBA, Faverani não se mostra o mais entusiasmado, não.  “Sonho não é. Tenho três anos de contrato com o Valencia, onde estou muito bem. Quero fazer o melhor aqui, ajudar a equipe a ganhar títulos, com grandes campanhas. Depois disso, se aparecer a NBA, não custa conversar, mas tem que ser naturalmente, sem forçar nada. Estou num dos grandes clubes do basquete da Europa. E é aqui que quero ficar.”


Huertas eleva suas apresentações em Barcelona e justifica prêmio de melhor do Brasil
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Giancarlo Giampietro

Marcelinho Huertas, Barcelona

Huertas abre mais uma temporada com perspectiva de títulos pelo Barça

Não é questão de criar picuinha, provocar polêmicas, embora tudo isso possa acontecer inerentemente. Mas é uma opinião, que, depois da divulgação da premiação do COB nesta temporada, pode se passar até como chapa branca.

Mas vocês sabem que não é o caso, né?

Sabem, mesmo, né?!

Ah, bom. Ufa.

Sobre o Marcelinho Huertas ser o melhor jogador brasileiro hoje – e por hoje só não entenda como o momento imediato, mas, sim, algo como “hoje em dia”.

Para falar do armador, os números não contam muito – ou contam pouco da história. Explicando: o armador muitas vezes joga como se estivesse imobilizado, algemado no sistema (f)rígido de Xavi Pascual no Barcelona, sem poder criar como fez nos tempos de Baskonia e Bilbao.

Neste ano, a equipe catalã ainda segue apostando a maior parte de suas fichas no sistema defensivo, mesmo que, individualmente, Ante Tomic e Nathan Jawai não causem o mesmo impacto que os pirulões Boniface N’Dong e Kosta Perkovic tiveram na temporada passada, em termos proteção do aro e do garrafão, como explica aqui o  Rafael Uehara – brasileiro que assina, em inglês mesmo, o The Basketball Post e colaborou com o Vinte Um neste mês de dezembro. Na Euroliga, os adversários continuam sufocados. Na Liga ACB, as coisas também tendem a se acertar a longo prazo, mesmo depois de um início irregular que era impensável para uma superpotência dessas.

Para manter esse padrão defensivo, não esperem, então, uma revolução do outro lado do quadra, no ataque. A abordagem ainda será muito mais metódica do que “cabeça aberta”. Por outro lado, como o Rafael escreveu aqui, aos poucos Huertas vai ganhando um pouco mais de espaço para atacar, aqui e ali, os oponentes em vez de se limitar a alguém que apenas passe de lado, concentrado apenas em alimentar Juan Carlos Navarro ou Erazem Lorbek. Ele faz o que pode.

Contra o Valencia, por exemplo, o Barcelona perdeu para um time desfalcado de Vitor Faverani, mas não olhem para o armador na hora de tentar encontrar um reponsável. Não quando ele fez 21 pontos e seis assistências em apenas 29 minutos. Além disso ele matou todos seus oito lances livres, seus dois chutes de dois pontos e três em quatro disparos de três para totalizar iíndice 33 de eficiência, valendo a nomeação como melhor jogador da rodada. Duas jornadas antes, ele já havia sido impecável com a bola em mãos, anotando 13 pontos sem errar um chute sequer (de qualquer canto) e somado quatro assistências contra apenas um desperdício de posse. Pela  Euroliga, sua melhor atuação aconteceu contra o Partizan, com 24 pontos, nove assistências e cinco rebotes e 38 pontos de eficiência. No geral, vem com aproveitamento altíssimo nos arremessos, incluindo de três pontos.

Não precisa ir muito longe ao avaliar a atual geração da seleção, pensando no time olímpico e demais selecionáveis, e perceber como Huertas é quase uma aberração, numa inversão curiosa de valores, considerando que o Brasil ofereceu, nos últimos anos,  gigantes atléticos aos montes, abastecendo elencos na Europa e nos Estados Unidos sem parar. Agora, pensando nos homens baixos, daqueles que a gente consegue encarar olho no olho, sem cansar o pescoço – jornalista sofre em zona mista de basquete, viu? –, talvez não dê para contar em cinco dedos. E o Scott Machado não vale, tendo sido formado nos EUA.

Mas também não quer dizer que ele mereça a distinção de melhor do ano por ser único em sua característica, e, sim, sua consistência.

Os últimos meses do ano foram todos de Anderson Varejão, com razão. Todos estão testemunhando a quantidade descomunal de rebotes que o cabeleira vem apanhando. Mas nos últimos anos Huertas acabou dando um passo a mais. O ‘baixinho’ se desgarrou dos grandalhões, impressão que só foi reforçada pela experiência de seleção brasileira que tivemos entre julho e agosto. Em Londres, foi possível observá-lo de perto em muitas ocasiões e contra os melhores do mundo. Nesses jogos foi possível onstatar que, na verdade, esse não era um desafio tão grande assim para seu talento. Agora o Barcelona começa a aproveitar melhor essas qualidades.


Varejão agora estabelece recorde de pontos na NBA, mas Cavs perde
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Giancarlo Giampietro

Depois de estabelecer seu recorde pessoal de rebotes logo na estreia, Anderson Varejão dessa vez superou sua marca pessoal de pontos em um jogo da NBA, num início de temporada simplesmente arrasador. O capixaba dessa vez somou 35 pontos e 18 rebotes em 37 minutos de ação. E seu Cleveland Cavaliers ainda perdeu para o Brooklyn Nets por 114 a 101.

Anderson Varejão x Brook Lopez

Varejão ataca o molenga Brook Lopez

A melhor marca do brasileiro na liga norte-americana até então havia sido a de 26 pontos contra o Chicago Bulls em fevereiro de 2009. Os 35 pontos da noite desta terça-feira podem ter sido, aliás, um recorde pessoal do jogador em sua trajetória como profissional. Nos tempos de Barcelona, no final de sua adolescência, é extremamente difícil pensar que tenha atingido uma marca dessas. Alguém aí de Franca por acaso se lembra de algo parecido em seu início pelo clube?

Pela seleção, o máximo que consegui achar foram 27 pontos contra Porto Rico pela Copa Tuto Marchand de 2009, um quadrangular amistoso preparatório para a Copa América em que o Brasil, dirigido por Moncho Monsalve, venceu tanto a Argentina de Luis Scola como os portorriquenhos, novamente, na casa deles. Naquele torneio continental, aliás, ele fez sua melhor campanha com o time nacional, em ótima dupla com Tiago Splitter.

Agora voltando ao campeonato 2012-2013 de Varejão em Cleveland. Afastado de boa parte da temporada passada devido a uma lesão grave no pulso, jogando enferrujado nas Olimpíadas, fica meio claro que ele entrou babando em quadra neste mês. É como se todo o aspecto selvagem de seu jogo – Wild Thing, tá? 🙂 – estivesse represado por um tempo. Abriram a porteira.

O pivô tem agora médias de 15,8 pontos e 13,7 rebotes por partida, em sete jogos (contra 7,4 e 7,2, respectivamente, em sua carreira de oito temporadas). Ele ficou fora apenas do confronto com o Golden State Warriors, devido ao joelho direito inchado após levar uma pancada duas noites antes, contra o Los Angeles Clippers. Apesar dos esforços do brasileiro, o Cavs já perdeu seis de suas oito partidas. Cinco desses duelos, porém, foram realizados fora de casa, resultando em quatro reveses.

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Enquanto o brasileiro esteve em quadra contra o Nets, o Cavs venceu por quatro pontos. Dado inferior apenas ao saldo de seis pontos que o ala Alonzo Gee conseguiu em 38 minutos. A equpe de Byron Scott sofreu, na verdade, com a produção de seus reservas, com míseros seis pontos vindos do banco, em mais de 60 minutos combinados entre seis atletas. Afe.

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Outro recorde de Anderson nesta terça: o cabeleira conseguiu 16 cestas de quadra. Até então, em sua carreira, só havia encaçapado a bola dez vezes num mesmo jogo, em quatro ocasiões diferentes – a última delas contra o Bucks em março deste ano.

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Dos 18 rebotes que Varejão apanhou contra o molenga Brook Lopez, 11 foram ofensivos. Istoé, ele já teria um double-double mesmo se não tivesse coletado nenhuma sobra na tábua defensiva. No total, na temporada ele agora soma 35 rebotes no ataque, média de cinco por partida.